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Organização
Chrissie Carvalho – chrissieca@gmail.com
Sandra Hacon – shacon@gmail.com
Elaboração de texto
Ana Claudia Vasconcellos
Chrissie Carvalho
Cassio Lima
Marivania Mota
Neander Abreu
Equipe técnica
Ana Paula de Melo Rodrigues
Bruno Selleri Bezerra
Maura Cherles Aparecida Romão da Silva
Pâmela de Oliveira Rabelo Cardoso Zolin
Sandra Manoel das Dores
Projeto
A construção de uma ferramenta para a gestão socioambiental de
projetos de desenvolvimento na Amazônia – INOVA ENSP 2016.
Catalogação na fonte
Fundação Oswaldo Cruz
Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica
Biblioteca de Saúde Pública
Referências............................................................................................................................................................. 31
E
ssa apostila foi feita a partir de um conjunto de referências que contribuem para a com-
preensão dos processos de aprendizagem e sobre os estágios de desenvolvimento cogni-
tivo. A equipe de psicólogos executores do projeto buscou utilizar uma linguagem aces-
sível ao público não acadêmico, de modo a dialogar sobre a importância da cognição para os
aspectos relacionados à aprendizagem.
1
O tópico como aprendemos foi retirado da referência Shayer et al. (2015).
Avaliação Cognitiva
Nome: XXX Idade: XXX
Responsável: XXX
Escola: XXX Ano escolar: XX
Período de Avaliação: XXX Data de entrega do resultado: XXX
Quando pensamos em uma habilidade cognitiva, ou uma tarefa para ser respondida,
esperamos que o desempenho atingido pela maioria das crianças de um grupo de referência
sirva como uma medida comparativa para sabermos o desempenho de uma criança avaliada.
Dessa forma, nos testes psicológicos, o desempenho dentro do esperado é aquele referente
ao desempenho situado entre 25% e 75% (verde no laudo-normal) da população de referên-
cia e o desempenho superior ou acima da média seria um desempenho maior que 75% (azul
no laudo), o que totalizaria o desempenho de 75% do grupo de referência como desempenho
médio ou superior (acima da média). Dessa forma o desempenho abaixo do esperado diz res-
peito a 24% do grupo de referências com as menores pontuações (muito baixo e baixo). Um
desempenho baixo seria um desempenho que estaria entre 5% e 24%, enquanto que um de-
sempenho muito baixo diz respeito a um desempenho que é menor que 5% do desempenho
do grupo de referência. Um exemplo, se “Maria” teve um desempenho muito baixo, quer dizer
que, comparada com um grupo de crianças com desenvolvimento dentro do esperado, ela
teve um desempenho que se situa dentro dos 5% dessas crianças que serviram de referência
que obtiveram as pontuações mais baixas. Quanto mais distante e baixo o desempenho de
uma criança em relação ao seu grupo de referência, maior sua dificuldade e comprometimen-
to da função avaliada. Logo, uma criança com muitas classificações “muito baixo” em diferen-
tes funções avaliadas indica maior dificuldade para desempenhar suas habilidades cognitivas,
enquanto que uma outra criança que apresenta o desempenho dentro da média (normal) na
A inteligência pode manifestar-se de muitas formas, não como uma capacidade especí-
fica, mas como uma capacidade global, ou seja, “capacidade do indivíduo de agir com propó-
sito, pensar racionalmente e lidar efetivamente com o seu meio ambiente” (Wechsler, 1991).
Deficiência intelectual ou atraso cognitivo é um conceito usado para caracterizar difi-
culdades relacionadas as dificuldades e limitações do funcionamento global do indivíduo. Tais
limitações trazem consequências na capacidade individual para desempenhar tarefas cotidia-
nas como resolver problemas, habilidades comunicativas, cuidado pessoal e de relacionamento
social. Estas limitações provocam uma maior lentidão na aprendizagem e no desenvolvimento
dessas pessoas e ocasionam limitações na execução das tarefas diárias e acadêmicas.
As crianças com atraso cognitivo geralmente se desenvolvem de forma mais lenta e
com capacidades cognitivas limitadas. Frequentemente, o quadro de deficiência intelectual
exige a adaptação do conteúdo escolar e maior repetição e estimulação adequada para o
desenvolvimento de um novo aprendizado, sendo comum muita dificuldade escolar. Dessa
forma, as crianças podem demorar mais para aprender a falar, caminhar, assim como apren-
der as capacidades básicas de autocuidado e o desenvolvimento da autonomia. O tempo
de aprendizagem e capacidade de indivíduos com deficiência intelectual são diferenciados,
podem não desenvolver todos as habilidades como um criança com desenvolvimento típico,
mas tem capacidade de aprender e se devolverem dentro de suas possibilidades.
Pessoas com deficiência intelectual ou cognitiva podem apresentar dificuldades para
resolver problemas, estabelecer relações sociais, compreender e obedecer às regras, e realizar
atividades cotidianas. Apresentam também dificuldades para compreender ideias abstratas,
compreender o uso de metáforas, noção temporal e manipulação financeira e monetária.
AVALIAÇÃO DA INTELIGÊNCIA
Utilizamos a Escala Wechsler Abreviada
de Inteligência – Wasi com subtestes de Vocabulários, Cubos,
Semelhanças e Raciocínio Matricial.
QI Total
Inteligência é a capacidade do indivíduo de agir com
propósito, pensar racionalmente e lidar efetivamente
com o seu meio ambiente.
QI verbal QI de Execução
• Conhecimento adquirido • raciocínio lógico ,
• raciocínio verbal • processamento espacial
• atenção à informação. • atenção aos detalhes
• integração visual e motora
2
Fonte: Tópico retirado do Heróis da Mente: programa de estimulação das funções executivas da autoria de Chris-
sie Carvalho e Neander Abreu (em preparação). Um resumo do programa está disponibilizado na referência (Car-
valho e Abreu, 2014).
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Memória de trabalho
Definição: Habilidade de manter e manipular informações recentes na mente e por um
período curto.
Exemplos:
• Guardar um número de telefone até anotar para não ser esquecido ou até ser discado.
• Lembrar-se de uma informação momentânea para usá-la em seguida, como “Para chegar
ao shopping dobre na primeira à direita e logo depois na primeira à esquerda”.
• Lembrar que colocou sal na comida.
• Poder conectar a informação de um parágrafo com o outro.
• Fazer uma problema aritmético e lembrar das etapas.
• Seguir instruções com várias etapas sem lembretes (pegue o livro de matemática e o
lápis, abra na página 18).
• Nas brincadeiras lembrar das regras preestabelecidas e de que papel está fazendo na
brincadeira.
Controle Inibitório
Definição: Capacidade de inibir um comportamento preponderante em detrimento
de outro. Habilidade para filtrar nossas ações e pensamentos, controlar os impulsos e
resistir às tentações, distrações e hábitos, além de ter a capacidade de parar e pensar
antes de agir.
Exemplos:
11
Exemplos:
Fonte: Adaptado do Centro de Desenvolvimento da Criança da Universidade de Harvard (Center on the Developing Child at Harvard
University, 2011).
12
Controle
Memória de Inibitório
Trabalho
Autorregulação
Flexibilidade
Cognitiva
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14
Explícita Implícita
3
Fonte: trecho adaptado de Carvalho (2013) do capítulo Funções Cognitivas.
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16
Atenção
Teste de atenção visual (TAVIS-3)
Usamos a tenção para selecionar
Avalia a capacidade de focar a
informação do ambiente. Precisamos atenção por um período prolongado.
nos concentrar para prestar atenção em
sala de aula, para dirigir e até para
escutar uma conversa.
Tipos:
– Atenção Seletiva: capacidade selecionar um foco para manter a atenção dentre uma
gama de informação.
– Atenção Sustentada: capacidade de manter a atenção por um período de tempo mais
longo, como por exemplo prestar atenção ao longo da aula.
– Atenção Dividida (uma das atividades é geralmente automatizada automática): man-
tem a atenção dividida entre duas atividades, como por exemplo dirigir e conversar
com o carona.
– Atenção Alternada (uma e outra, uma e outra) capacidade de alternar a atenção entre
dois estímulos ou atividades.
4
Fonte: trecho retirado de Carvalho (2013) do capítulo Funções Cognitivas.
17
Linguagem6
5
Fonte: trecho retirado da Cartilha da Associação Brasileira do Déficit de Atenção
6
Fonte: tópico composto por textos retirados de Mousinho et al. (2008) e de Carvalho (2013) do capítulo Funções
Cognitivas.
18
19
7
Fonte: trecho retirado de Carvalho (2013) no capítulo Funções Cognitivas.
20
(Meltzer, 2010)
8
Fonte: texto traduzido e adaptado da referência Meltzer (2010) – Promovendo Funções Executivas em Sala de Aula.
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– Estações de Atividades:
Os professores usam algumas estratégias para uma melhor assimilação dos estu-
dantes no que tange a matemática e raciocínio lógico. Criando rimas, frases loucas e fazer
associações ajudam os estudantes para lembrar e evocar os assuntos melhorando seu
desempenho.
Rimas e músicas
9
Fonte: texto traduzido e adaptado da referência Meltzer (2010) – Promovendo Funções Executivas em Sala de Aula.
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Representações visuais
Representações visuais são outra forma de ajudar a sanar a dificuldade para recordação
automática. Para alguns estudantes, figuras, imagens ajudam a recordar mais fácil o assunto
do que descrições apenas verbais. Obs: imagens concretas são mais fáceis de lembrar do que
imagens abstratas. Ela também pode ser usada com a rima, ou pode ser usada de forma isolada.
Exemplo:
Um oitavo, quer
dizer 1 pedaço
dentre 8
Um pedaço 1
de pizza 8
7
8
Ex: Linha de números humanos, você observa saindo dos números negativos até os
positivos mostrando um movimento e sequência lógica.
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Identificar qual estratégia a criança está usando para guiar sua leitura. Uma vez que eles
estão cientes das estratégias que eles estão usando para ler, eles podem selecionar e aplicar
essas estratégias de forma mais flexível.
10
Fonte: texto traduzido e adaptado da referência Meltzer (2010) – Promovendo Funções Executivas em Sala de Aula.
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(Meltzer, 2010)
DESCRIÇÃO DE QUALIDADES
Usando adjetivos/palavras
adjetivas
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Fonte dos mapas pensantes: Hyerle (2000). Thinkings Maps, Training of Trainers Guide.
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UNIVERSO DE CLASSIFICAÇÃO
SUBCATEGORIAS
ELEMENTOS DE
CADA
CATEGORIA
OBJETO A SER
ANALISADO
SUB-PARTES
PARTES
PRINCIPAIS/
MAIORES
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Utilize atividades e jogos lúdicos que exigem controle inibitório. Como, por exemplo,
vivo-morto de forma invertida (quando dizer vivo deve abaixar, quando dizer morto deve
levantar), pode variar entre brincadeiras que envolvam controle, como estátua, esperar a vez.
Seja criativo e proponha tarefas de flexibilidade cognitiva que exige trocar entre uma
regra e outra, ou flexibilizar uma resposta, pensar em mais de uma forma de responder o
mesmo problema.
• Automonitoramento
• Autorregulação Emocional
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Fonte: Tópico retirado do Heróis da Mente: programa de estimulação das funções executivas da autoria de
Chrissie Carvalho e Neander Abreu (em preparação/no prelo).
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Painel de Metas
AGRESSIVIDADE APRENDENDO A TER EQUILÍBRIO
Como lidar: Sabia que você tem o poder de se
controlar? Não deixe a raiva controlar você! Tente
Definição: É gerada por situações desagradáveis fazer como o Luquinhas:
que te descontrola. Você pode ter vontade de 1) PARAR: respirar fundo e contar até 10.
chutar, bater e quebrar algo. A agressividade 2) PENSAR: tempo para pensar melhor.
está ligada à sentimentos negativos que não 3) AGIR: escolha o que fazer pra resolver o problema.
soubemos como lidar, e por isso agimos de Com calma e educação, podemos falar o que está
forma descontrolada. incomodando e assim pensar no que fazer. Se não
conseguir resolver o conflito conversando com seu
colega ou amigo, pode chamar um adulto pra ajudar.”
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Painel de Metas
RAIVA APRENDENDO O AUTO-CONTROLE
Definição: “sentimento de protesto, Como lidar: “Abrace a si mesmo ou algo
quando nos sentimos ofendidos ou macio e respire fundo três vezes contando
contrariados por alguém ou alguma coisa, as respirações. Tente dizer o que está
e que nos leva a fazer coisas por impulso, acontecendo, qual o problema para a
ou seja sem pensar. Muitas vezes nos outra pessoa, tire um tempo para escutá-
arrependendo mais tarde ou até mesmo la também. Conversem sobre o assunto e
ficamos presos nesse sentimento sem encontrem uma maneira de jogar limpo.”
conseguir sair”.
A bola furou, mas foi sem querer.
Meu pai vai nos ajudar a conseguir Vamos sim,
outra bola. Então vamos brincar Nanda!
Que raiva, de esconde-esconde?
furaram minha
bola! Não
quero mais
brincar!
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Essa apostila foi elaborada para dar suporte à formação dos professores das escolas
que participaram no presente projeto AVALIAÇÃO DE IMPACTO À SAÚDE – A CONSTRUÇÃO
DE UMA FERRAMENTA PARA A GESTÃO SOCIOAMBIENTAL. O conhecimento sobre os proces-
sos cognitivos básicos da aprendizagem é essencial para a formação de um professor. Além
disso, foram identificados comprometimentos em uma parcela dos estudantes das escolas
participantes, o que nos levou a fazer uma lista de intervenções indicadas para dificuldades
de aprendizado.
Aos Professores
Reconheça que o seu empenho pode fazer uma grande diferença na vida de um aluno
com deficiência ou sem deficiência. Procure saber quais são as potencialidades e interesses
do aluno e concentre todos os seus esforços no seu desenvolvimento. Proporcione oportuni-
dades de sucesso. Participe ativamente na elaboração do Plano Individual de Ensino do aluno
e Plano Educativo. Seja tão concreto quanto possível para tornar a aprendizagem vivenciada.
Demonstre o que pretende dizer. Não se limite a dar instruções verbais. Algumas instruções
verbais devem ser acompanhadas de uma imagem de suporte, desenhos, cartazes. Mas tam-
bém não se limite a apoiar as mensagens verbais com imagens. Sempre que necessário e pos-
sível, proporcione ao aluno materiais e experiências práticas e oportunidade de experimentar
as coisas. Divida as tarefas novas em passos pequenos. Demonstre como se realiza cada um
desses passos. Proporcione ajuda, na justa medida da necessidade do aluno. Não deixe que o
aluno abandone a tarefa numa situação de insucesso. Se for necessário, solicite ao aluno que
seja ele a ajudar o professor a resolver o problema. Partilhe com o aluno o prazer de encontrar
uma solução.13
Agradecimentos
Essa apostila reuniu um compêndio de textos cujas referências originais estão listadas
a seguir. Agradecemos aos autores por possibilitar um conhecimento palpável e esclarecedor
sobre o universo que são as funções cognitivas e sua relação com o aprendizado. Agrade-
cemos a todos os professores, famílias e equipe desta pesquisa que permitiram a realização
deste curso de formação.
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Fonte: texto retirado de http://www.psicopedagogavaleria.com.br/site/.
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