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Projeto gráfico
www.leevro.com.br
Jonathas Scott (Leevro’ Design)
Diagramação
Nicholas Ruoff (Leevro’ Design)
Capa
Jaime Vieira (EAD/ENSP)
Adaptação de capa
Jonathas Scott (Leevro’ Design)
Catalogação na fonte
Fundação Oswaldo Cruz
Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde
Biblioteca de Saúde Pública
ISBN : 978-85-8432-040-0
Esta obra é um dos resultados de termo de cooperação técnica firmado entre o Ministério da Saúde, por
intermédio da Secretaria da Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde e a Escola Nacional de Saúde
Pública Sergio Arouca, da Fundação Oswaldo Cruz, para realização de um curso de Especialização em
Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (TC 97/2010).
Sumário
Prefácio
Diretor da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca da Fundação Oswaldo Cruz
Hermano Albuquerque de Castro Campus
pg 06
Apresentação
Coordenadora nacional dos Cursos de Especialização em Gestão do Trabalho e da Educação do ProgeSUS na
Saúde
Neuza Maria Nogueira Moysés
pg 08
Introdução
Estado de Pernambuco, Trabalhos de Conclusão de Curso – títulos dos artigos
pg 14
Prefácio
Ao ser convidado para prefaciar este livro me senti muito implicado com
a temática objeto dessa iniciativa, considerando a sua relevância no contexto
do Sistema Único de Saúde.
Hermano Castro
Diretor da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca
APRESENTAÇÃO
O componente trabalho e seus respectivos trabalhadores de saúde são
estratégicos à implantação e avanço do Sistema Único de Saúde – SUS,
enquanto política pública.
RESUMO
O artigo analisa os instrumentos de avaliação de desempenho adota-
dos pela Secretaria de Saúde do Recife como ferramenta de gestão para a
efetivação dos profissionais da rede. Foi realizada uma pesquisa descritiva
que recorreu à bibliografia e documentos institucionais. Concluiu-se que a
Secretaria de Saúde do Recife tem buscado atender às recomendações da
Portaria nº 1.318/2007 do Ministério da Saúde, que atrela o crescimento
da carreira à avaliação de desempenho profissional. Nessa perspectiva, o
município já evoluiu para a segunda geração de avaliação.
ABSTRACT
The article analyzes the instruments of Performance Assessment
adopted by the Health Department of Recife as a management tool for the
realization of professionals in the grid. There was a descriptive bibliography
research, who appealed to institutional documents. It was revealed that the
Department of Health of Recife, has sought to meet the recommendations
of the decree 1318/2007 of the Ministry of Health, which links the career
growth of the professional to performance evaluation. In this perspective
the city has evolved into a second generation evaluation.
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1. INTRODUÇÃO
As transformações sociais, econômicas, políticas e culturais da sociedade
exigem que as organizações conduzam processos de mudanças em busca
de novos instrumentos de gestão que lhes tragam vantagens competitivas
(BRANDÃO &GUIMARÃES, 2001). Logo, as instituições precisam de instru-
mentos de gestão do desempenho humano a fim de oferecer de forma mais
eficiente novas alternativas de administração. Entre as principais ideias
subjacentes à avaliação de desempenho está o fato de as pessoas serem
consideradas fator importante na obtenção de vantagem competitiva para
a administração da organização.
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2. METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa descritiva com abordagem qualitativa (GIL ,
2002), em que se recorreu à bibliografia e documentos institucionais.
3. CONTEÚDO DO ESTUDO
Os programas de avaliação de desempenho tiveram início antes da Fun-
dação da Companhia de Jesus, quando se utilizava um sistema combinado
de relatórios e notas das atividades e, principalmente, do potencial de cada
um de seus jesuítas. Pontes afirma que os sistemas tradicionais de avaliação
de desempenho começaram a ser mais difundidos e aplicados nas organi-
zações a partir da Segunda Grande Guerra Mundial (PONTES,2010 apud
CHIAVENATO, 2004).
21
participativo de definição de objetivos. Neste estudo, ele será mais bem
detalhado (PONTES, 2010).
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O novo instrumento se difere de seu antecessor. A principal mudança
refere-se a quem avalia o desempenho. A SSR entendeu que essa avaliação
deve ser realizada nas instâncias das chefias imediatas das unidades de
saúde, dos distritos sanitários e das diretorias-gerais, bem como, por último,
pela Comissão Especial de Avaliação. A maioria das organizações, em que
cabe ao gerente a responsabilidade pelo desempenho de seus subordinados,
assim como a constante apuração e comunicação dos resultados (feedba-
ck),se vale dessa forma de avaliação. Para Chiavenato (2004), uma vez que
os gerentes de área não têm conhecimentos especializados para projetar,
manter e desenvolver um plano sistemático de avaliação das pessoas, com-
pete ao órgão de recursos humano sefetuar esse acompanhamento. Dessa
forma, cada gerente mantém sua autoridade com liberdade e flexibilidade
e avalia o trabalho dos subordinados, exercendo, de fato, o papel de gestor
de sua equipe.
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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A AD não supera problemas sistêmicos ou culturais típicos da gestão
pública; trata-se, sim, de um importante instrumento para sobrepujar
alguns desses obstáculos. O grande desafio é construir e aplicar um processo
de avaliação de desempenho que motive, estimule o servidor, e não gere
um sistema arbitrário, injusto, não desmoralize os funcionários, tampouco
alimente o espírito imediatista, aniquile o trabalho em equipe, dissemine o
medo e a mobilidade administrativa.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRANDÃO, H. P.; GUIMARAES, T. de A. A Gestão de competências e gestão de desempenho: tecnologia
distinta ou instrumentos de um mesmo construto? Revista de Administração de Empresas, São
Paulo, v.41, n.1, p.8-15, jan./mar, 2001.
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº1.318, de 5 de julho de 2007. Estabelece Diretrizes Nacionais
para a Instituição ou Reformulação de Planos de Carreiras, Cargos e Salários a título de subsídios
técnicos para instituição de regime jurídico de pessoal no âmbito do Sistema Único de Saúde, que se
recomendam a seus gestores, respeitada a legislação de cada ente da Federação. Disponível em: http://
conselho.saude.gov.br/legislacao/index.htm Acesso em abr. 2011.
TOHÁ, C.; SOLARI, R. A modernização do Estado e a gerência pública. Revista do serviço público.
Brasília, V.48, Nº. 3, p.128-144, 1997.
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POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO PERMANENTE EM
SAÚDE: A EXPERIÊNCIA DE PERNAMBUCO
RESUMO
A discussão do trabalho na saúde consiste em um processo político com-
plexo que iniciou antes mesmo da criação do Sistema Único de Saúde (SUS)
brasileiro. Esse movimento pouco avançou até a instituição da Pneps e a
definição de diretrizes voltadas a uma construção participativa e regionali-
zada. Em Pernambuco, de 2004 a 2010, partiu-se de ações desarticuladas,
que vêm avançando gradualmente, desvinculadas da própria Pneps e quase
sem registros públicos. Aos poucos, é possível identificar uma organização
conduzida e centralizada pelo Estado, que contribuiu para o desenvolvi-
mento da temática em todas as suas regiões, arquitetadas principalmente
sobre o pilar da regionalização, o apoio institucional e tendo como norte a
integralidade da atenção à saúde em Pernambuco.
ABSTRACT
The discussion of work in Health consists of a complex political process
that began even before the creation of the Unified Health System and little
progress until the institution of PNEPS and definition of guidelines aimed
at a building participatory and regionalized. In Pernambuco, 2004-2010,
we started with disjointed actions, unrelated to PNEPS own and almost no
public records, and has been gradually advancing. Gradually, it is possible
to identify an organization led and centralized state, which contributed
to the development of the theme in all its regions, architected, mainly
on the pillar of regionalization, institutional support and having a north
comprehensiveness of health care in Pernambuco.
Keywords: Health education. management of health work. Health Policy. Unified Health
System.
3 Nutricionista. Especialista em Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde pelo CP qAM /Fiocruz. Coordenador estratégico
do Centro Formador de Recursos Humanos da Paraíba (CFOR /PB).
4 Doutora em Odontologia pela FOP/UPE , especialista em Gestão da clínica nas Redes do SUS pelo Instituto de Ensino e
Pesquisa do Hospital Sírio Libanês, diretora-geral de Educação na Saúde, da Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco.
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1. INTRODUÇÃO
Desde a promulgação da Lei 8.080 e Lei 8.142, de 19 de setembro de 1990
e de 28 de dezembro de 1990, respectivamente, existem quatro questões
centrais para implementação e gestão do Sistema Único de Saúde que, com
frequência, são retomadas na busca por sua consolidação: a descentralização,
o financiamento, a participação social e os recursos humanos (PAIM, 1994).
2. METODOLOGIA
Este artigo constitui-se em estudo descritivo, realizado por meio da
revisão bibliográfica em livros e artigos científicos disponíveis em bases
27
de dados públicas on-line e de uma pesquisa documental em relatórios e
registros oficiais, públicos, cedidos pela Diretoria-Geral de Educação em
Saúde da Secretaria de Estado de Saúde, relativos ao desenvolvimento e
implementação da Política Nacional de Educação Permanente em Saúde no
Estado. O período de estudo considerado foi de fevereiro de 2004, data de
publicação da Portaria nº 198, que institui a Política Nacional de Educação
Permanente em Saúde, até dezembro de 2010.
3. CONTEÚDO DO ESTUDO
A experiência em Pernambuco
Mediante a Portaria nº 198 MS/SGETS, de 13 de fevereiro, foi instituída a
Política Nacional de Educação Permanente em Saúde (Pneps), com o obje-
tivo de organizar, para o SUS, uma estratégia de formação e desenvolvimento
para seus trabalhadores (BRASIL , 2004).
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As ações de EPS são priorizadas, e sua meta é dar autonomia às regionais
de saúde na elaboração de ações e na gestão do recurso. Para tanto, o Peeps
elenca duas ações prioritárias, desenvolvidas de forma contínua e paralelas
às ações programáticas, até a sua efetivação: a constituição e funcionamento
dos 11 Centros de Integração de Educação e Saúde (Cies) – 1 por Gerência
Regional de Saúde (Geres) – e dos seus respectivos Planos Regionais de Edu-
cação Permanente em Saúde (Pareps). Para esse propósito, como estratégia,
foram realizadas oficinas a fim de apresentar a Pneps aos 11 Colegiados de
Gestão Regional (CGR), o que permitiu identificar a dificuldade no entendi-
mento dos gestores municipais sobre os conceitos e objetivos da EPS, além
de seminários regionais com o envolvimento de gestores, trabalhadores, IE ’s
e conselhos para discutir a política e o papel do CGR e da Cies, e, ao mesmo
tempo, construir os Pareps a partir de cinco grandes eixos norteadores: 1)
Linha do Cuidado; 2) Gestão; 3) Formação e Integração Ensino, Serviço
e Pesquisa; 4) Formação Profissional e 5) Mobilização e Controle Social
(PERNAMBUCO, 2008).
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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Um dos maiores avanços para a Política Estadual de Educação Permanente
em Saúde talvez tenha sido a construção de todos os planos, desde a Portaria
GM /MS nº 1.996, de agosto de 2007, quando o primeiro Peeps alinhou as
iniciativas de PE às diretrizes nacionais, o que favoreceu o desenvolvimento
da Pneps em todo o estado, inclusive garantindo recurso, de maneira que
todas as regiões foram envolvidas e minimamente estruturadas. Tal inicia-
tiva potencializou os efeitos da política em Pernambuco e assegurou que
os municípios adquirissem um acúmulo técnico mínimo sobre a proposta
e conduzissem as ações de forma regionalizada, voltada à população e às
suas necessidades.
31
Embora tal fato já venha sendo enfrentado desde a década de 1960,
por meio de diversos programas de capacitação e formação, ele permanece
atual, uma vez que as tecnologias de cuidado, tratamento e atenção à saúde
avançam diariamente e satisfazem a diversos interesses – do estado, da
gestão, da indústria farmacêutica, das categorias profissionais e, ás vezes,
da população. Ao considerar essa necessidade, a formação técnica vem
constituindo-se na execução de ações formadoras ainda fundamentadas
na educação continuada, porém com a introdução da discussão de meto-
dologias ativas e assimilação da integração ensino-serviço como prática
pedagógica estruturante dos processos de formação de trabalhadores da
Rede SUS, com escolaridades definidas como nível médio e/ou técnico.
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5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARROS, S. C.M.; DIMENSTEIN, M. O apoio institucional como dispositivo dereordenação dos processos
de trabalho na atenção básica. Estudos em psicologia, v.10, n.1, p.48-67, 2010. Disponível em:
http://www.revispsi.uerj.br/v10n1/artigos/pdf/v10n1a05.pdf Acesso em dez. 2010.
CECCIM, R.B. Educação Permanente em Saúde: desafio ambicioso e necessário. Interface (Botucatu)
[on-line] vol.9, n.16, pp. 161-168, 2005. Disponível em: http://www.interface.org.br/revista16/debate1.
pdf Acesso em dez. 2010.
33
Educação Permanente em Saúde no Estado do Rio de Janeiro. [Dissertação de Mestrado]. Rio
de Janeiro: Escola Nacional de Saúde Pública/FIOCRUZ, 2008. Disponível em: http://bvssp.icict.fiocruz.
br/lildbi/docsonline/get.php?id=1399 Acesso em dez. 2010.
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RESUMO
Este estudo tem por foco a análise do fluxo de trabalho da Diretoria-Ge-
ral de Gestão do Trabalho (DGGT) da Secretaria Estadual de Saúde/PE , no
tocante à análise das solicitações de afastamento pelo servidor, no período
de um ano. Como marco teórico, foi utilizado conteúdos que dizem respeito
à modernização da gestão pública, evolução da gestão do trabalho em saúde
e fluxos de trabalho. O estudo se pautou na análise de Pareto para definir
os tipos de afastamentos analisados: concessão e gozo de licença-prêmio.
A pesquisa teve como base de dados a análise de documentos e de sistemas
internos de informação, além de observação participativa. Em seguida, foi
realizado o mapeamento dos fluxos de trabalho dos processos já citados,
o que permitiu a visualização estratégica dos processos. Por meio deste
estudo, foi possível descrever os fluxos de trabalho, medir os prazos de
tramitação dos processos e identificar os fatores que contribuem para a
demora do processamento das solicitações de afastamento. Os resultados
demonstraram que as médias de tempo que as solicitações de concessão e
gozo de licença-prêmio permanecem na DGGT é acima de 90 dias. Conclui-se,
assim, que existe a necessidade de investir no controle da gestão do traba-
lho, em tecnologia de gestão e em equipamentos, e essas medidas podem
impactar sensivelmente a redução dos prazos.
5 Graduada em Comunicação Social, Mestre em Gestão Pública pela UFPE ; especialista em Planejamento e Gestão nas
Organizações, Gestão da Qualidade em Serviços e Administração de Marketing pela UPE ; Gestão do Trabalho e Educação em
Saúde CP qAM / Fiocruz.
E-mail: chussely@yahoo.com.br
6 Doutora em Saúde Pública-Departamento de Nutrição/Universidade Federal de Pernambuco, professora adjunta do
Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva/Departamento de Medicina Social/Universidade Federal de Pernambuco.
Coordenadora do Grupo de Pesquisa em Economia Política da Saúde – GPEPS /CNP q. E-mail: afalangola@uol.com.br
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ABSTRACT
This course work chapter regards a study analyzing the workflow of the
Directory of Labor Management of Pernambuco’s State Health Department
concerning the analysis of requests for removal by the state servers within
a year period. The relevance of the study arises from the long lead times to
finalize the requests for serversremovals. To sustain the work was used an
theoretical framework of public administration modernization, the evolution
of work management in health and workflows. The study was based on Pare-
to’s analysis to define the types of removals that were analyzed and granting
leave of absence prize. The research followed the analysis of documents and
internal information systems as well as observation by the researcher. Then
we performed the mapping of processes workflow that permitted a visuali-
zation of strategic processes. Through this study it was possible to describe
workflows, measure the time required for processing cases and identify factors
that contribute to the delay in processing requests for removal by the Direc-
tory of Labor Management. The results showed that the average time that
the requests and granting leave of absence remain in the Directory of Labor
Managements over 90 days, permitting to conclude that there is a need to
investing in labor control management, technology management and equi-
pments and that these can impact significantly on reducing those deadlines.
1. INTRODUÇÃO
Este trabalho tem como campo de estudo a Diretoria-Geral de Gestão
do Trabalho da Secretaria Estadual de Saúde do Estado de Pernambuco. A
metodologia traz os dados encontrados durante a pesquisa, assim como
os caminhos percorridos para sua consolidação. O estudo foi inicialmente
dividido em duas etapas: primeiro, houve a escolha dos tipos de solicitações
de afastamentos dos servidores, para, em seguida, aprofundar os estudos
sobre eles. Na parte a respeito do conteúdo do estudo, consta a descrição dos
fluxos seguida das análises acerca dos prazos de tramitação dos processos
de solicitações de afastamentos dos servidores. A análise desses dados e
as observações para a construção dos fluxos subsidiaram as informações
seguintes que relatam os fatores determinantes.
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Para atingir esse objetivo, foram averiguados os prazos de tramitação dos pro-
cessos de trabalho, identificados os fatores que contribuem para a demora do
processamento das solicitações de afastamento e avaliado o fluxo de trabalho
da DGGT referente às solicitações de afastamento do servidor da SES/PE.
2. METODOLOGIA
Esse estudo foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa do Centro de
Pesquisas Aggeu Magalhães e executado após receber a devida aprovação.
Com o projeto, foi apresentada a carta de anuência da Secretaria de Saúde
para a execução da pesquisa e coleta de dados.
7 Lei 13.495, de 2 de julho de 2008, que dispõe sobre a criação e alterações no Quadro de Cargos em Comissão e Funções
Gratificadas do Poder Executivo; a Lei 13.556, de 19 de setembro de 2008, que dispõe sobre a criação de Cargos em
Comissão e Gratificação por Supervisão em Saúde; o Decreto nº 25.800, de 29 de agosto de 2003, que contempla o Manual
de Serviço; o Decreto nº 28.009, de 8 de junho de 2005, com as alterações do Manual de Serviço e finalmente o Decreto nº
32.823, de 9 de dezembro de 2008, alterado pelo Decreto nº 33., de 13 de fevereiro de 2009,que regulamenta a estrutura
da SES em vigor.
37
Para a amostra, foram consideradas as solicitações concluídas, ou seja,
processadas, a fim de subsidiar a análise do fluxo percorrido. Durante a
pesquisa, houve a identificação de que os registros são incluídos no SG.NET,
em grupos distintos, sendo eles: afastamento, solicitação, licença pessoal e
licenças. Para identificar as solicitações de afastamentos que seriam objetos
de estudo, foi construída, inicialmente, uma tabela com os dados coletados,
incluindo os tipos de afastamentos, o total do volume de ocorrências de
cada tipo durante o mês de setembro de 2009, seguido do total acumulado
e a participação percentual de cada tipo de afastamento. Na sequência, foi
elaborada outra tabela e aplicada a ela a mesma metodologia, considerando
o mês de referência maio de 2010. Nas duas tabelas, foi possível ordenar
a frequência dos tipos de afastamentos, da maior para a menor, o que per-
mitiu visualizar com facilidade os volumes dos processos que aparecem em
maior quantidade.
8 Regra de Pareto, princípio sugere que 80% dos problemas ocorrem em razão de 20% das causas, “é um método que
ajuda a classificar e priorizar problemas (...) para separar os problemas em duas classes: os pouco vitais e os muito vitais. (...)
Permite dividir um problema grande num número de problemas menores e que são mais fáceis de serem resolvidos (CAMPOS,
2004b, p. 227).
9 Software de tecnologia BPM (Business Process Management) utilizado para o gerenciamento e modelagem de processos
de trabalho. “É uma ferramenta para criação de fluxogramas, mapas mentais e diagramas em geral. Permite aos usuários
organizar graficamente vários processos e as relações existentes em cada etapa. Essa estruturação é uma maneira eficiente
de visualizar um processo como um todo, identificando problemas e apontando a solução para eles”. Disponível em: http://
www.qualidadebrasil.com.br/pagina/bizagi_process_modeler_1.5.1/372.
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3. CONTEÚDO DO ESTUDO
Na primeira etapa da pesquisa, foram classificados os tipos de solicita-
ções de afastamento dos servidores no mês de setembro de 2009, de forma
a identificá-los com maior incidência e, assim, ter condições de definir os
afastamentos que seriam objeto de estudo.
10 Art. 121 da Lei 6.123/68: Serão concedidos ao funcionário, após cada decênio de serviço prestado ao Estado, seis meses
de licença-prêmio, com todos os direitos e vantagens do cargo efetivo.
Parágrafo único: A pedido do funcionário, a licença-prêmio poderá ser gozada em parcelas não inferiores a um mês.
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Gráfico 1: Distribuição percentual de tipos Gráfico 2: Distribuição percentual de tipos
de afastamento. Agosto / 2009 de afastamento. Maio / 2010
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Gráfico 5: Prazos (dia) total de permanência dos processos de concessão e gozo de licença-
prêmio no período de jun/09 a jun/10.
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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A conclusão deste trabalho é resultado do processo de aprendizagem
e orientação durante a vivência no curso de especialização em Gestão do
Trabalho e Educação em Saúde do Programa de Qualificação e Estruturação
da Gestão do Trabalho e da Educação no SUS. De fato, a junção desses ele-
mentos, além do aprofundamento analítico dos processos de trabalho na
DGGT, possibilitou uma visão ampliada da Gestão do Trabalho em Saúde,
assim como a capacidade de identificar situações críticas e oportunidades
de melhoria nos processos de forma global.
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5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BIZAGI PROCESS MODELER. Disponível em: <http://www.qualidadebrasil.com.br/pagina/bizagi_
process_modeler_1.5.1/372.> Acesso em fevereiro de 2011.
CAMPOS, V. F. Gerenciamento da Rotina do Trabalho do Dia a Dia. 8. ed. Belo Horizonte: INDG
Tecnologia e Serviços Ltda., 2004a.
CAMPOS, V. F. TQC – controle da qualidade total (no estilo japonês). Belo Horizonte: INDG, 2.ed.
Nova Lima: INDG Tecnologia e Serviços Ltda., 2004b.
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O PROCESSO DE TRABALHO DO ENFERMEIRO NO
PROGRAMA SAÚDE DA FAMÍLIA: UMA REVISÃO DA
LITERATURA
RESUMO
Este estudo é uma pesquisa bibliográfica com abordagem descritiva, que
tem por objetivo sistematizar as referências publicadas no período de 2007
a 2010, que refletem o processo de trabalho dos enfermeiros na Estratégia
de Saúde da Família. Definiram-se como descritores Enfermagem e PSF, e a
base de dados pesquisada foi Scielo. Do total de 63 artigos, foram selecio-
nados 13. A pesquisa identificou o enfermeiro como elemento principal e
norteador no processo de trabalho, a dimensão do trabalho em equipe ainda
em construção e o planejamento das ações ainda não realizado em equipe.
O estudo também elucidou que se tem buscado melhoras nas condições de
trabalho e estratégias de educação de forma permanente.
ABSTRACT
This study deals with a literature descriptive approach that aims to
systematize the references published between 2007-2010 that reflect the
work processes of nurses in the Family Health Strategy. Definedasdescrip-
tors: “Nursing” and”PSF ” and thedatabase searchedSciELO. A total of63,
13articleswere selected. The research identified: the nurseas the main
elementandguidingthework process, thedimensionof teamworkstill under
construction, the planning of actionsnot yetperformedin teams. The survey
alsoclarifiedthat ithas soughtimprovementsin working conditionsandedu-
cation strategiespermanently.
11 Enfermeira. Especialista em Gestão do Trabalho e Educação em Saúde - CP qAM /Fiocruz. Enfermeira da Estratégia Saúde
da Família do município de Igarassu.
12 Assistente Social. Sanitarista, analista de Gestão em Saúde, doutora em Saúde Pública - CP qAM /Fiocruz.
13 Fonoaudióloga. Sanitarista, mestre em Saúde Pública - CP qAM /Fiocruz.
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1. INTRODUÇÃO
No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS), cujos princípios de universa-
lidade, integralidade e equidade, estabelecidos na Constituição Federal de
1988, possibilitaram a garantia de acesso universal para todos os cidadãos
em todos os níveis de assistência, independente de classe social, raça,
renda, promoveu atenção à saúde nos meios curativos e preventivos,
individuais ou coletivos, além de garantir a igualdade de oportunidade
ao sistema de saúde de acordo com a necessidade. Sob a diretriz de des-
centralização dos serviços, atribuiu-se responsabilidades aos três níveis
de governo, o que favoreceu o acesso da sociedade às ações na área da
saúde(MACHADO, 2009).
Com base nesses aspectos, esta pesquisa teve por objetivo central siste-
matizar as referências bibliográficas de estudos publicados no período de
2007 a 2010, que refletem sobre o processo de trabalho dos enfermeiros
no PSF.
45
2. METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa bibliográfica com abordagem descritiva, em
que foram selecionados 13 artigos, do total de 63, a partir da base de dados
Scielo. Os artigos foram oriundos dos descritores Enfermagem e PSF. Esses,
por sua vez, são os núcleos temáticos desta pesquisa. Foram analisados
artigos produzidos entre os anos de 2007 a 2010. Após a exploração dos
artigos, elaborou-se um quadro contendo variáveis, sendo elas: autores,
revista, título, tipo de estudo e ano no qual foi realizada a pesquisa. Pos-
teriormente, realizou-se a análise descritiva da amostra bibliográfica e a
discussão sobre os principais núcleos temáticos que deram origem a três
categorias: Inserção do PSF como estratégia de reorientação do modelo de
atenção básica; A inserção do enfermeiro no Programa Saúde da Família
e sua evolução histórica; e O processo de trabalho do enfermeiro no PSF.
3. CONTEÚDO DO ESTUDO
Identificados, durante o período de estudo, 63 artigos e selecionados
13. A frequência de artigos em função do tempo segue descrita no Quadro
1, que também apresenta os artigos considerando-se os tipos de pesquisa.
Como poderá ser observado, em 2007, 2008 e 2009, foram, respectiva-
mente, investigados oito, um e quatro artigos, sendo a maior predominância
de pesquisas de caráter qualitativo, 54%, o que representa o total de sete
artigos. Três deles foram de revisão de literatura (23%), dois descritivos
(15%), um avaliativo (8%) e um transversal (8%).
46
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Moura (2007) e Batista (2010), em seu artigo, mostram que o PSF esta-
belece, por meio dos princípios básicos do SUS, a garantia ao cidadão de
universalização, descentralização, integralidade e participação da comuni-
dade — em que a família, o território, a responsabilização, a interação e o
trabalho em equipe se entrelaçam.
Quadro 1: Caracterização dos artigos selecionados segundo tema, tipo de estudo e ano de
publicação, fevereiro de 2011.
Efetividade da atenção
PICCINI, Roberto Xavier et
pré-natal e de puericultura em
al. Rev. Bras. Saude Delineamento transversal 2007
unidades básicas de saúde do
Mater. Infant. [on-line].
Sul e do Nordeste do Brasil
47
AUTORES/PERIÓDICOS TÍTULO TIPO DE ESTUDO ANO
SLOMP, Fátima
Martinez; MELLO, Débora
Assistência ao recém-nascido
Falleiros de; SCOCHI, Carmem
em um Programa de Saúde Descritivo 2007
Gracinda Silvan e LEITE,
da Família
Adriana Moraes. Rev. esc.
enferm. USP [on-line].
SANTOS, Viviane
Camargo; SOARES, Cássia A relação trabalho-saúde
Baldini e CAMPOS, Célia de enfermeiros do PSF no Qualitativo e quantitativo 2007
Maria Sivalli. Rev. esc. município de São Paulo
enferm. USP [on-line].
VASCONCELOS, Eliane
Nóbrega; SILVEIRA,
A normatização do cuidar
Maria de Fátima Araújo
da criança menor de um
da; EULALIO, Maria do
ano: estudo dos significados
Carmo e MEDEIROS, Paula Qualitativo e quantitativo 2009
atribuídos pelos profissionais
Frassinetti Vasconcelos. do Programa Saúde da Família
(PSF)
Ciênc. saúde
coletiva [on-line].
48
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Dessa forma, Sampaio et al. (2009) mostra que a enfermagem foi uma das
primeiras profissões a ser institucionalizada assumindo práticas voltadas
para assistência, organização, higiene e conforto. Com o passar do tempo,
muitas mudanças ocorreram, com a adoção de novas rotinas e protocolos
de organização, além de assumida uma nova concepção e gerenciamento
do trabalho.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Concluiu-se que:
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BATISTA, C. J. Gestão estratégica da saúde da família e a importância do trabalho em
equipe. 2010. Disponível em: http://administradores.com.br/informe-se/artigos/gestao-estrategica-da-
saude-da-familia-e-a-importancia-do-trabalho-em-equipe/49390/print/ Acesso em fev. 2011.
BENITO, G.A.V.; FINATO, P.C. Competências gerenciais na formação do enfermeiro: análise documental
de um projeto pedagógico de curso. Revista Eletrônica de Enfermagem, v.12, n. 1, p.140-9, 2010.
Disponível em: http://www.fen.ufg.br/revista/v12/n1/pdf/v12n1a17.pdf Acesso em fev. 2011.
50
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51
TERCEIRIZAÇÃO DO TRABALHO NOS SERVIÇOS DE
SAÚDE: ASPECTOS CONCEITUAIS, LEGAIS E PRAGMÁTICOS
RESUMO
Por meio do presente trabalho, fez-se um estudo acerca do fenômeno da
terceirização de serviços utilizada pela Administração Pública, com destaque
para seu surgimento, o que levou à sua utilização usual, bem como suas
implicações nas relações trabalhistas e profissionais, o tratamento jurídico
dado à matéria em nosso país, conforme aspectos legais, doutrinários e
jurisprudenciais vigentes. No Brasil, o setor público possui uma longa tra-
dição de reformas administrativas, desencadeadas geralmente no começo
de um novo governo, com rótulos diversificados e modeladas a partir das
teorias clássicas da administração. A terceirização continua a ser um fenô-
meno atual e irreversível no mercado de trabalho nacional, e sua utilização
pela Administração Pública, apesar de não haver uma legislação específica
para o tema, vem sendo incentivada desde o tempo do Decreto-Lei 200/67.
Indaga-se: de que critérios a Administração Pública pode se valer para deci-
dir pela aplicação da terceirização? Em virtude da relevância que tal questão
adquiriu para o SUS, o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass)
dedicou atenção especial à discussão da precarização do trabalho e à busca
de caminhos para reverter a situação instalada.
ABSTRACT
Through this work, it is a study of the phenomenon of outsourcing of
services used by the public authorities as appeared, which led to the typical
usage, as well as the implications for labor relations professionals and the
legal treatment of the subject in our country as legal, doctrinal and jurispru-
dential force. In Brazil, the public sector has a long tradition of administrative
reforms unleashed, usually at the beginning of a new government with diverse
52
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1. INTRODUÇÃO
A década de 1990, no Brasil, se caracterizou por um processo de reversão
das conquistas sociais consagradas na Constituição Federal de 1988. Os
debates introduzidos pelas concepções de modelos gerenciais inovadores,
que consubstanciaram as reformas setoriais propostas, realocaram a dimen-
são recursos humanos entre as questões centrais para a gestão do sistema
de saúde (PIERANTONI , 2001).
53
Conhecer o fenômeno da terceirização de serviços na Administração
Pública torna-se uma questão relevante, pois é sabido que, em setores
como a saúde, o processo de flexibilização das relações de trabalho desde
a década de 1990, ou seja, desde a promulgação da Lei Orgânica da Saúde
(Leis nº 8.080 e nº 8.142/90), tem sido apontado como um dos seus nós
críticos, sem com isso merecer o devido tratamento no que diz respeito à
sua organização e gestão.
2. METODOLOGIA
Fez-se uma revisão da literatura mediante pesquisa bibliográfica, que,
do ponto de vista dos procedimentos técnicos, segundo Gil (1991), é ela-
borada a partir de material já publicado, constituído principalmente de
livros, revistas, publicações avulsas, artigos de periódicos, imprensa escrita
e, atualmente, com material disponibilizado na internet.
3. CONTEÚDO DO ESTUDO
Identificou-se que o processo de introdução da terceirização deveu-se, de
um lado, à crise do Estado Social de Direito e, de outro, à internacionalização
do processo produtivo.
54
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55
a multiplicação desses ajustes acabou por envolver atividades que, mesmo
acessórias, perdem o caráter próprio de especialização, lançando dúvidas
sobre a legalidade na contratação (NOGUEIRA ,1996; CHERCHGLIA ,1999;
PEREIRA , 2004; CAMPOS , 2006)
De acordo com Silva (2001), corroborado por Pierantoni (2001), nas duas
últimas décadas (1980 e 1990), não existiram políticas públicas consistentes
para disponibilizar e regular a oferta de profissionais para o SUS. Observou-
-se a total ausência de planejamento, o que ocasionou graves problemas na
estrutura da oferta de profissionais e serviços. Não houve, por exemplo,
intervenções efetivas para readequar e regular a oferta pública. A gestão do
trabalho foi bastante “negligenciada”.
56
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57
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A terceirização, no setor público de saúde, tem sido aplicada como
alternativa para a flexibilização da gestão do trabalho, apesar de ser uma
opção administrativa polêmica e, na maioria das vezes, prejudicial aos
trabalhadores.
58
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5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AYALA, A. L. M.; OLIVEIRA, W. F. A Divisão do Trabalho no Setor de Saúde e a Relação Social de Tensão
entre Trabalhadores e Gestores.Trabalho, educação e saúde, v. 5 n. 2, p. 217-241, 2007.
BRASIL. Ministério da Saúde. Situação sobre vínculo empregatício e incentivos no âmbito das
SES: Informações consolidadas. Brasília: 1997, junho. 2. ed.
NOGUEIRA, R. P. Estabilidade e flexibilidade: tensão de base nas novas políticas de recursos humanos
em saúde. Divulgação em saúde para debate, n. 14, p. 18-22, 1996.
PEREIRA, L. D. A gestão da força de trabalho em saúde na década de 90.Physis [online] v.14, n.2, p.
363-382, 2004.
59
PESSOA, L. R. Terceirização nos hospitais públicos: mais um problema ou uma possível solução.
[Dissertação de Mestrado] Rio de Janeiro: ENSP/FIOCRUZ, 1996.
SILVA, S. F. Municipalização da Saúde e Poder Local: sujeito, atores e políticas. São Paulo:
Hucitec, 2001.
60
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RESUMO
O trabalho aborda o papel da Gerência de Território (GT) no contexto
do modelo de saúde Recife em Defesa da Vida, cujo pilar é a promoção
da saúde e a produção de subjetividade, por meio de processos coletivos,
no processo de consolidação do Sistema Único de Saúde mais humano
e resolutivo. A metodologia adotada foi o estudo de caso único, que se
justifica em fenômenos complexos, recentes e pouco estudados, tal como
o papel da GT no modelo em análise. Como marco teórico-conceitual do
estudo, adotou-se os conceitos implícitos no modelo Recife em Defesa da
Vida. O estudo considerou não só que os dispositivos de matriciamento e
apoio institucional potencializaram a ação da GT, como também, por outro
lado, apontou a necessidade de ampliar sua função de articulação territorial
a partir da adequação do processo de trabalho da gestão, valorizando os
diversos espaços e dispositivos ofertados pelo modelo, o que vem a garantir
espaço na agenda e metodologia adequada para cada um desses espaços
mediante a observação dos atores envolvidos e de seus objetivos.
ABSTRACT
This paper addresses the role of Territory Management in the context
of health model ‘Recife em Defesa da Vida’, whose pillar is the promotion
of health and the production of subjectivity through collective processes
in the consolidation process of the Unified Health System more human
and decisive. The methodology adopted was the single case study which
is justified in complex phenomena, and some recent studies, such as the
role of Territory Management in the model analysis. As theoretical and
conceptual study, we adopted the concepts implicit in the model ‘Recife em
Defesa da Vida’. The study found that the devices matrix and institutional
support potentiated the action of Territory Management and, moreover,
61
pointed out the need to expand its function from territorial articulation and
the appropriateness of the work process management valuing the various
spaces and devices offered by the model ensuring space on the agenda and
appropriate methodology for each of these spaces from the observation of
the actors involved and their goals.
1. INTRODUÇÃO
No Brasil, há um amplo debate sobre qual seria o modelo de atenção
capaz de reorganizar a atenção primária, de tal forma que essa seja uma
articuladora de toda a rede de saúde, com vista a ampliar a qualidade e
a resolutividade do cuidado ao usuário consolidando o Sistema Único
de Saúde(CAMPOS , 1998; CAMPOS , 2000; CAMPOS , 2005; BR ASIL , 2011;
PAIM , 2008).
62
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19 O termo Gerência de Território, aqui utilizado, refere-se à função gerencial estratégica adotada pela Secretaria de Saúde
do Recife, que se caracteriza como aquele gestor que participa do cotidiano das ações locais de saúde e está diretamente
ligado à Gerência-Geral do Distrito Sanitário.
² Aqui, tomamos como modelo de atenção à saúde o conceito de Merhy (1997), que o considera como o modo de gerir a
produção dos atos ou cuidar dos indivíduos, do coletivo e do social, bem como dos meios, das coisas e dos lugares em que o
cuidado ocorre.
63
2. METODOLOGIA
A metodologia adotada foi o estudo de caso único, que se justifica,
segundo Yin (2001), em fenômenos complexos, recentes e pouco estudados,
tal como o papel da gerência de território no atual modelo Recife em Defesa
da Vida.
3. CONTEÚDO DO ESTUDO
3.1 A experiência da Gerência de Território no Distrito IV a partir
do Modelo de Atenção em Defesa da Vida
A Gerência de Território (GT) foi instituída em Recife em 2005, por meio
da Lei 21.210, como parte do processo de territorialização das ações de
saúde, tendo até então assumido mais um perfil de gerenciamento das
unidades muitas vezes com caráter fiscalizador. (CÔELHO E COUTO, 2009;
RECIFE , 2004; SALGUEIRO, 2010).
64
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Média da frequência
Espaços Articuladores Nº de Intervenções semanal de cada Percentual na agenda
intervenção
Fóruns/Colegiados - Nível
08 3 7,8
Central
65
Média da frequência
Espaços Articuladores Nº de Intervenções semanal de cada Percentual na agenda
intervenção
Reunião da Atenção Básica
05 4,8 4,8
por Microrregião
Reuniões/articulações com
parceiros: OP, educação,
11 2,2 10,7
assistência social, Emlurb
e outros
Fonte: SES/PE
66
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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Identificou-se, ao longo do trabalho, uma série de controvérsias sobre
o papel e funções da GT, desde a sua implantação até o momento atual,
sempre na perspectiva de potencializar o papel da gestão territorial do
sistema de saúde.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Ministério da Saúde. O Humaniza SUS na atenção básica. Brasília, DF, 2009. Disponível em:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/humaniza_sus_atencao_basica.pdf Acesso em fev. 2011.
COÊLHO, B. P.; COUTO, G. A. O Modelo de atenção e gestão em Recife: a dupla tarefa da produção da
saúde e da produção dos sujeitos no Sistema Único de Saúde. Divulgação em saúde para Debate.
Rio de Janeiro, n.44, p.113-122, 2009.
67
MERHY, E. E. Em busca do tempo perdido: a micropolítica do trabalho vivo em saúde.
In: Merhy, E. E.; Onocko, R. Agir em saúde. Um desafio para o público. São Paulo: Hucitec, 1997. p.
71 – 112.
PAIM, J. S. Modelos de Atenção à Saúde no Brasil. In: Giovanella L, (org.) Políticas e Sistema de
Saúde no Brasil. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2008. p. 547-573.
RECIFE. Secretaria de Saúde. Gerência de Atenção Básica. Atenção Básica à Saúde: Recife em
Defesa da Vida. Recife, 2010.
68
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RESUMO
Este trabalho objetivou realizar uma revisão da literatura sobre o tema.
Foram examinadas publicações nacionais em bases de dados científicas
para os anos de 2009 e 2010. Utilizaram-se os descritores: adoecimento
e gestão do trabalho; assistência psicossocial e saúde do trabalhador. Ao
todo, 479 resumos de artigos foram pesquisados, sendo aproveitados para
esta revisão apenas 34 artigos. A literatura revela que mudanças, de modo
geral e em particular, no ambiente de trabalho têm impacto na vida das
pessoas, em seu estado de saúde e em seu trabalho. Elas ocorrem em função
de transformações na dinâmica social e acabam por ocasionar alterações
na saúde física e psíquica do trabalhador. Vários artigos revelaram que os
fatores psicossociais são determinantes do modo de viver e adoecer dos
trabalhadores, sendo considerados os que mais causam sofrimento à saúde
em seus mais variados aspectos. Por isso tudo, conclui-se que é relevante
conhecer as implicações dessas mudanças a fim de evitá-las nos ambientes
de trabalho, além de promover medidas que possam assegurar o bem-estar
relacionado a elas.
ABSTRACT
This study aimed to conduct a literature review on the topic. Were visited
national publications in scientific databases for the years 2009 and 2010.
We used the descriptors: illness and work management; psychosocial assis-
tance and worker health. Altogether been visited 479 abstracts of articles,
being availed for this review only 34 articles. The literature has revealed
that changes, in general and in particular, in the work environment have an
impact on people’s lives, in their state of health and their work. These occur
69
due to changes in social dynamics and end up causing changes in physical
and mental health worker. Several papers have shown that psychosocial
factors are crucial in order to live and ill workers, being considered the
factors that cause suffering health in its various aspects. For all that, it is
concluded that it is important to know the implications of these changes
in order to avoid them in the workplace, and to promote measures that can
ensure the well-being related to these.
1. INTRODUÇÃO
Muitas são as situações que geram o adoecimento psíquico nos locais de
prática do trabalhador da saúde. Entre elas, encontram-se: a baixa remune-
ração salarial, os conflitos interpessoais e a precarização de vínculos, sem
perder de vista o campo de subjetividade em que cada sujeito se apresenta.
70
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2. METODOLOGIA
Realizou-se uma pesquisa de eixo epistemológico qualitativa do tipo
bibliográfica. As seguintes categorias foram utilizadas como descritores para
a busca de referências: gestão e doença para o descritor “Adoecimento e gestão
do Trabalho”; trabalhador e Saúde para “Saúde do trabalhador em Saúde”
e assistência e psicossocial para a “Assistência Psicossocial e seu histórico”.
2009 2010
DESCRITORES Total
SCIELO
SCIELO
LILACS
LILACS
total de
100 52 166 82 400
SAUDE DO resumos
TRABALHADOR
excluídos 92 42 156 77 367
total de
1 20 - 13 34
ASSISTÊNCIA resumos
PSICOSSOCIAL
excluídos - 12 - 11 23
71
2009 2010
DESCRITORES Total
SCIELO
SCIELO
LILACS
LILACS
total de
16 11 9 9 45
resumos
ADOECIMENTO
E GESTÃO DO
excluídos 13 11 8 9 41
TRABALHO
AMOSTRA FINAL 12 18 11 7 48
3. CONTEÚDO DO ESTUDO
“Saúde mental do Trabalhador de Saúde”, tema proposto para esta revisão
é relativamente novo, como é possível comprovar pela quantidade de artigos
selecionados para este trabalho. Foi observado, durante este estudo, que
os poucos artigos que traziam algo diretamente relacionado ao assunto se
referiam à saúde do trabalhador, mencionando de forma ampla os adoeci-
mentos que acometem o trabalhador de modo geral.
Para Gibert & Cury (2009: 47), “nas organizações, muitos trabalhadores
vivenciam algum tipo de sofrimento físico ou psíquico decorrentes das
atividades de trabalho. Sentimentos e emoções permeiam as relações de
trabalho, pois são componentes intrínsecos à experiência humana”. Tal
72
G E S TÃ O D O T R A B A L H O E D A E D U C A Ç Ã O N A S A Ú D E – u m a a b o r d a g e m d o s g e s t o r e s d a á r e a
73
altamente estressantes, e nele o profissional experimenta variados graus
de controle sobre as atividades que executa. Portanto, o estresse laboral
provoca o desequilíbrio entre as demandas que o exercício profissional exige
e a capacidade de enfrentamento do trabalhador, podendo resultar em sin-
tomas de Burnout, tais como: fortes dores de cabeça, tonturas, tremores,
muita falta de ar, oscilações de humor, distúrbios do sono, dificuldade de
concentração e problemas digestivos.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A revisão temática proporcionou observar que os fatores psicossociais
são determinantes no modo de viver e adoecer dos trabalhadores, sendo
considerado um dos fatores que mais causam sofrimento à saúde em seus
mais variados aspectos. Os trabalhadores de saúde que atuam em ambiente
hospitalar são os mais acometidos com problemas psíquicos diante do
estresse cotidiano em ter de lidar com o sofrimento dos pacientes e o cum-
primento de cargas horárias de trabalho excessivas.
74
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5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Ministério da Saúde. Doenças relacionadas ao trabalho:manual de procedimentos para os
serviços de saúde. Brasília, DF, 2001.
PITTA, A. Hospital: dor e morte como ofício. São Paulo: Hucitec, 1996.
TRINDADE, L. L. et al.Síndrome de Burnout entre os trabalhadores da Estratégia de Saúde da Família.
Revista Escola de Enfermagem da USP. São Paulo, v. 44, n. 2, p. 274-9. 2010.
75
COMPORTAMENTO DAS ESCALAS DE PLANTÃO
MÉDICO DOS SERVIÇOS DE PRONTO ATENDIMENTO EM
PEDIATRIA E CLÍNICA MÉDICA DA REDE DE SAÚDE DE
RECIFE
RESUMO
Os diferentes modelos de organização do Sistema de Saúde do Brasil
impactam diretamente a organização, as contratações e a distribuição da
força de trabalho no setor saúde. A intensa municipalização dos serviços,
ocorrida nas últimas décadas, contribuiu de forma significativa para o
aumento de empregos no âmbito dos municípios. Porém, a descentralização
não veio acompanhada do crescimento e autonomia financeira dos muni-
cípios, que sofriam com a dependência econômica do governo federal, fato
que produziu um sistema de contratação precário e sem política consolidada
de recursos humanos para o SUS. Este trabalho pretendeu investigar as difi-
culdades de contratação e manutenção dos profissionais de clínica médica e
pediátrica nas unidades de pronto atendimento do Recife a partir da análise
do comportamento das escalas de plantão desses serviços no período de 12
meses, compreendido entre agosto de 2009 e julho de 2010. Tratou-se de
um estudo descritivo transversal, com análise de dados secundários obtidos
a partir do CNES, registros das escalas de plantão de unidades de pronto
atendimento e banco de dados dos profissionais contratados pela Secreta-
ria de Saúde para esses serviços. Os resultados evidenciaram uma média
de atendimento por profissional que supera a recomendação do Cremepe
(2005); alta taxa de absenteísmo por licença médica tanto dos pediatras
como dos clínicos; e plantões com número insuficiente de profissionais.
22 Enfermeira, Orientanda. Especialista em Gestão do Trabalho e Educação na Saúde CP qAM /Fiocruz, Técnica da Secretaria
de Saúde de Pernambuco. E-mail: gerusagvs@gmail.com
23 Psicóloga, Mestre em Saúde Coletiva IMS /Uerj, Técnica da Secretaria da Criança e Juventude de Pernambuco. E-mail:
anapmelo@ibest.com.br
76
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ABSTRACT
The different organization models of the Brazilian Health System directly
impact the employment rate, the organization of jobs and the distribution
of the workforce in the health sector. The extensive decentralization of
public health in recent decades has contributed significantly to increase the
number of jobs at the municipal level, but the decentralization of health
services did not result in a gain of financial autonomy for the municipalities,
which have suffered from economic dependence on the Federal Gover-
nment, producing a poor recruitment system without any solid human
resources policy for the Unified Health System (SUS). This research aims to
investigate the difficulties involved in recruiting and maintaining professio-
nals for medical and pediatric clinics of the health care units of Recife. It is
cross-sectional study, analyzing secondary data obtained from the National
Database of Health Facilities (CNES), documents and records from the shift
schedules of the health care units in 2010 and a database of professionals
hired by the Health Secretariat last year. The results showed an average
attendance by professional overcomes the recommendation of CREMEPE
(2005), a high rate of absenteeism due to sick leave of both pediatricians
and clinical shifts with insufficient professional.
1. INTRODUÇÃO
Na última década, houve um incremento bastante significativo na rede
de serviços da Secretaria de Saúde do Recife, que, ao buscar a reorientação
no modelo de atenção à saúde do município, priorizou a consolidação da
Atenção Básica por meio da ampliação da Estratégia Saúde da Família, o que
possibilitou o aumento da cobertura da assistência à saúde e o acesso da
população aos serviços de atenção primária. No que se refere aos serviços de
média complexidade, é possível perceber que houve crescimento da oferta
mediante a implantação de novos serviços, a municipalização de unidades
de saúde, antes geridas pela gestão estadual, e a reestruturação dos serviços
existentes (RECIFE , 2010).
77
médicos para suprir as necessidades de serviços da rede. Essa dificuldade se
torna ainda mais perceptível quando a carência desses profissionais atinge
os serviços de urgência e emergência com funcionamento 24 horas que
demandam uma resposta imediata para a população.
Assim, este estudo teve como objetivo realizar uma análise da organiza-
ção das escalas de plantão das especialidades de clínica médica e pediátrica
em três Serviços de Pronto Atendimento da rede de saúde pública do muni-
cípio do Recife. Espera-se que os resultados possibilitem obter ferramentas
para conhecer a dinâmica das escalas de plantão dos médicos atuantes em
78
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2. METODOLOGIA
Estudo descritivo transversal, realizado com base nos dados relacionados
às escalas de plantão de três Serviços de Pronto Atendimento da rede muni-
cipal do Recife, que ofertam atendimento de urgência 24 horas tanto para
a especialidade de clínica médica como para pediatria. O período analisado
foi de agosto de 2009 a julho de 2010, para o qual tomou-se como fonte
de coleta de informações os seguintes instrumentos: banco de dados com
informações de cadastro e de exoneração dos servidores – construindo-se
o perfil dos profissionais a partir das variáveis sexo, tempo de vínculo,
idade, lotação e especialidade; planilhas com dados de monitoramento das
produções dos atendimentos desses serviços – que permitiram identificar
o número de atendimentos realizados por dia, mês e no período de um ano,
com a identificação também sobre os turnos, ou seja, quando se concentra
o maior número de atendimentos; escalas de plantão das clínicas médica e
pediátrica; e, ainda, formulários de registro de frequência dos servidores –
de onde foram coletadas as informações relativas ao número de faltas por
profissional e as respectivas justificativas. Além desses instrumentos, foram
feitas consultas ao Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde (CNES)
para caracterizar as unidades estudadas.
79
3. CONTEÚDO DO ESTUDO
Os três serviços de pronto atendimento estudados têm gestão municipal
com administração direta da Secretaria de Saúde de Recife. Eles prestam
atendimento à população por meio de demanda espontânea e referenciada.
Em comum, as três unidades possuem em suas instalações físicas setores de
urgência equipados de forma adequada, dispondo também de ambulâncias
próprias e de serviços de apoio diagnóstico e terapêutico.
24 Com relação à presença feminina no setor saúde, veja, por exemplo, o trabalho de MACHADO, M. H. A participação da
mulher no setor saúde no Brasil - 1970/80. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro , v. 2, n. 4, Dec. 1986 . e WERMELINGER , M.
et al. A Feminilização do Mercado de Trabalho em Saúde no Brasil. Divulgação em Saúde para debate. Rio de Janeiro, n. 1, p.
54-70, maio 2010.
80
G E S TÃ O D O T R A B A L H O E D A E D U C A Ç Ã O N A S A Ú D E – u m a a b o r d a g e m d o s g e s t o r e s d a á r e a
cada serviço, constatou-se que, nos plantões diurnos dos três serviços, os
médicos da especialidade clínica médica ultrapassaram o quantitativo de
atendimento por profissional recomendado pelo CREMEPE (2005).
81
Das 90 servidoras mulheres que atuam nos três serviços estudados,
67 delas estão em idade reprodutiva; dessas, 49 compõem o quadro de
profissionais da Clínica Pediátrica. Embora apresente um número elevado
de mulheres em idade fértil entre as pediatras, o afastamento por licen-
ça-maternidade comprometeu as escalas em 183 dias de afastamento no
período estudado. A taxa de absenteísmo por licença gestação foi de 1%,
enquanto a taxa de absenteísmo por licença médica foi de 5,03% entre
todos os pediatras.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apesar dos diversos processos seletivos realizados – concurso público
para clínicos (em 2003, 2007 e 2010) e pediatras (em 2007 e 2008) –, não
foi possível reverter o déficit de profissionais existentes nos plantões dos
SPA estudados. O quantitativo de profissionais aprovados e nomeados ao
longo desse período não foi suficiente para suprir a necessidade por razões
diversas, entre elas, desistências, pedidos de exoneração e número de vagas
ofertadas. Tal contexto, muitas vezes, favorece estratégias questionáveis,
como o estabelecimento de vínculos precários e o fisiologismo, numa ten-
tativa de manter completas as escalas de plantão.
82
G E S TÃ O D O T R A B A L H O E D A E D U C A Ç Ã O N A S A Ú D E – u m a a b o r d a g e m d o s g e s t o r e s d a á r e a
São desafios que precisam ser superados por todos aqueles comprome-
tidos com a consolidação do Sistema Único de Saúde, com os profissionais
e sua satisfação no trabalho que realizam e, em especial, com os usuários
que precisam ter seus direitos garantidos em relação a uma assistência
acolhedora, de qualidade, equânime e humanizada.
25 Sobre a questão da remuneração do trabalho médico, veja, por exemplo: CHERCHIGLIA , M. L. Remuneração do Trabalho
Médico: Um Estudo sobre seus sistemas e formas em Hospitais Gerais de Belo Horizonte. Caderno de Saúde Pública. Rio de
Janeiro, v. 10, n.1, p. 67-79, jan./mar. 1994.
83
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
COELHO JÚNIOR, C.; MAEDA, S. T. Parâmetros para o Planejamento e Dimensionamento da
Força de Trabalho em Hospitais Gerais. São Paulo: Secretaria de Estado da Saúde, 2006.
RECIFE. Secretaria de Saúde. Plano Municipal de Saúde 2010 – 2013. Recife, 2010.
84
G E S TÃ O D O T R A B A L H O E D A E D U C A Ç Ã O N A S A Ú D E – u m a a b o r d a g e m d o s g e s t o r e s d a á r e a
RESUMO
O estudo investigou o assédio moral no serviço público e suas implicações
na saúde dos trabalhadores. Caracteriza-se como pesquisa descritiva, para
a qual, durante a investigação, houve a reunião do acesso ao aporte norma-
tivo sobre o tema com a bibliografia brasileira disponível. Evidenciou-se:
existência do assédio moral no serviço público, com expressiva presença na
atualidade e cotidiano do serviço; falta de conhecimento dos gestores e pro-
fissionais de saúde sobre o assunto, além do aspecto discriminatório, com
suas respectivas implicações para a plena satisfação física e emocional dos
servidores. Tais aspectos influenciam a vida e o bem-estar do trabalhador.
Por ser um tipo de violência frequentemente utilizada nas organizações,
concluiu-se que é preciso divulgar e esclarecer os trabalhadores sobre o
assunto objetivando evitar a permanência de tais práticas, ou seja, as prá-
ticas de gestão e intervenções preventivas são importantes.
ABSTRACT
In this work, the theme was developed Psychological Harassment in
Public Service: A Review of the Implications for Workers’ Health and Regu-
latory Contribution Dollars. Thus was established the objective of the study
to investigate, from the Brazilian literature available on the subject. For both
the methodology used was characterized by descriptive research, combining
with the literature search. It might show a lack of knowledge of managers
and health professionals about this topic, but also the existence of bullying
in public service, which presents with an index very handsome today. Rose
85
even the occurrence of bullying in the relations between workers and their
bosses in public offices. As the source also of this study, we observed the
appearance discrimination and the implications for the physical well-being
and emotional servers. In the current context in which the work is placed,
we highlight issues that affect the lives of workers. We conclude that it is
a type of violence that is widely practiced within organizations and what
needs to be disclosed to be avoided through management practices and
preventive interventions.
1. INTRODUÇÃO
O serviço público é um dos ambientes de trabalho em que o assédio moral
se apresenta de forma muito visível e marcante, especialmente pela falta de
instituições que fiscalizem e multem quando identificada tal irregularidade.
86
G E S TÃ O D O T R A B A L H O E D A E D U C A Ç Ã O N A S A Ú D E – u m a a b o r d a g e m d o s g e s t o r e s d a á r e a
3. CONTEÚDO DO ESTUDO
3.1 Conceito e Características do Assédio Moral
O assédio moral consiste na exposição dos trabalhadores a situações
humilhantes e constrangedoras, geralmente repetitivas e prolongadas,
durante o horário de trabalho e no exercício de suas funções, situações
essas que ofendem sua dignidade ou integridade física. Em alguns casos, um
único ato, pela sua gravidade, pode também caracterizá-lo. (SOBOLL , 2006).
Para Hirigoyen (2001), o assédio moral pode ser definido como qual-
quer conduta imprópria que se manifeste especialmente por meio de
comportamentos, palavras, atos, gestos, escritos capazes de causar ofensa
à personalidade, à dignidade ou à integridade física ou psíquica de uma
pessoa, que coloque seu emprego em perigo ou degrade o clima de traba-
lho. Também é compreendido como prática persistente de danos, ofensas,
intimidações ou insultos, abusos de poder ou sanções disciplinares injustas.
Tais práticas induzem sentimentos de raiva, ameaça, humilhação, vulnera-
bilidade no indivíduo assediado e minam a confiança em si mesmo.
88
G E S TÃ O D O T R A B A L H O E D A E D U C A Ç Ã O N A S A Ú D E – u m a a b o r d a g e m d o s g e s t o r e s d a á r e a
89
Entre as marcas prejudiciais do assédio moral na saúde do trabalhador,
são citadas as seguintes: depressão; angústia; estresse; crises de competên-
cia; crises de choro; mal-estar físico e mental; cansaço exagerado, falta de
interesse pelo trabalho; irritação constante; insônia, alterações no sono,
pesadelos; diminuição da capacidade de concentração e memorização;
isolamento, tristeza, redução da capacidade de se relacionar com outras
pessoas e fazer amizades; sensação negativa em relação ao futuro; mudança
de personalidade, reproduzindo as condutas de violência moral; aumento
de peso ou emagrecimento exagerado, aumento da pressão arterial, proble-
mas digestivos, tremores e palpitações; redução da libido; sentimento de
culpa e pensamentos suicidas; uso de álcool e drogas; e tentativa de suicídio
(ASSÉDIO MORAL , 2008).
90
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trabalhadores celetistas), a luta é para fazer com que o assédio moral seja
reconhecido como doença relacionada ao trabalho (ASSÉDIO MORAL , 2008).
Embora a Lei nº. 8.112, de 1990, Regime Jurídico Único dos Servidores
Públicos da União, Autarquias e Fundações Públicas Federais (RJU) não
aborde claramente a questão do assédio moral, é possível enquadrar a con-
duta do assediador no RJU, porque afronta o dever de moralidade, podendo
constituir-se em incontinência de conduta (MELLO, 2002).
91
a ampla defesa do servidor acusado de assediador. Em casos de menor gra-
vidade, podem ser aplicadas as penas de advertência ou suspensão (ASSÉDIO
MORAL , 2008).
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diferentemente do que ocorre com os riscos físicos e químicos de deter-
minados ambientes de trabalho, a pressão psicológica não é materializável. É
impossível medi-la, a não ser a partir de suas consequências sobre a mente e
o corpo. Assim, o assédio moral consiste em uma conduta grave, com reflexo
no indivíduo e profundos transtornos nas relações e condições de trabalho.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ASSÉDIO MORAL. Você Pode ser Vítima e não Saber. Cartilha do Sindupe. Sindicato Nacional dos
Docentes das Instituições de Ensino superior. Pernambuco, 2008.
ASSÉDIO MORAL. Cartilha do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino
Superior – ANDES. Brasília, DF. Sindupe, 2009.
BARRETO, M. Assédio Moral. Uma Jornada de Humilhações. São Paulo: FAPESP/PUC, 2000.
FIORELLI, J. O. ; FIORELLI, M. R.; MALHADAS, J. O. Assédio Moral: Uma Visão Multidisciplinar.
São Paulo: LTr, 2007.
92
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MELLO, C. A. B. Curso de direito administrativo. 15 Ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2002.
SILVEIRA, M. A. Assédio Moral: Uma Jornada Invisível, Formando Identidades Precárias nas
Relações de Trabalho. Trabalho Apresentado na X Jornada de Psicanálise da SRP, 2004.
93
EDUCAÇÃO PERMANENTE NA FORMAÇÃO DE
TRABALHADORES DO SUS: UMA ANÁLISE DAS ATIVIDADES
EDUCATIVAS DESENVOLVIDAS NO DISTRITO SANITÁRIO V,
MUNICÍPIO DO RECIFE – PE
RESUMO
A Política de Educação Permanente, publicada pelo Ministério da Saúde
do Brasil em 2004, propõe mudanças na concepção e nas práticas de for-
mação dos trabalhadores, incorporando o ensino e o aprendizado de forma
permanente à vida cotidiana das organizações e às práticas sociais e laborais.
Nesta pesquisa, foi realizado um estudo de caso de caráter exploratório e
descritivo, com o objetivo de identificar e caracterizar as ações educativas
voltadas para a formação das Equipes de Saúde da Família. Realizou-se um
estudo de caso com dados de documentos oficiais analisados qualitativa-
mente por meio da técnica análise de conteúdo. Os resultados revelaram
que a estruturação das atividades atendia a diversas propostas pedagógi-
cas. Várias atividades tinham características pontuais, eram estruturadas
mediante técnicas pedagógicas com baixa capacidade de produzir diálogo
e reflexão sobre as práticas cotidianas dos trabalhadores; outras tinham
caráter permanente, utilizavam metodologias problematizadoras e partiam
da análise de casos clínicos e problemas coletivos vivenciados no cotidiano
do trabalho. Aponta-se para a necessidade de ampliar e consolidar a imple-
mentação das atividades de caráter permanente, com a adequação dos
conteúdos e proposta pedagógica, a fim de propor mudanças na concepção
e nas práticas dos trabalhadores, incorporando a prática como fonte de
conhecimento e de problemas.
ABSTRACT
The Politics of Permanent Education published by the Ministry of Health
of Brazil, in 2004, proposed changes in the design and practice of employee
29 Biólogo, especialista em Gestão do Trabalho e Educação na Saúde - CP qAM /Fiocruz. Agente administrativo da Secretaria
de Saúde da Prefeitura da Cidade do Recife. E-mail: hbruno10@hotmail.com
30 Fisioterapia, mestre em Saúde Coletiva pela UFPE , sanitarista da Secretaria de Saúde da Prefeitura da Cidade do Recife.
E-mail: marcia_andrea_o@yahoo.com.br.
94
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1. INTRODUÇÃO
O trabalho desenvolvido no setor saúde, ao se destinar à promoção,
prevenção, cura e reabilitação da saúde individual e coletiva, possui espe-
cificidades que o distingue dos demais serviços, tendo em vista que não se
realiza sobre coisas, e sim sobre pessoas (NOGUEIRA , 1994), e seus trabalha-
dores gozam de um importante grau de autonomia no processo de trabalho.
95
da atenção à saúde, consolidando a Atenção Básica como ordenadora do
sistema, por meio da Estratégia Saúde da Família (MACHADO, 2005). Essas
mudanças resultaram na necessidade de profissionais mais qualificados,
criativos, polivalentes, capazes de interagir em situações novas, receptivos às
constantes mudanças e que utilizassem as novas tecnologias da informação.
96
G E S TÃ O D O T R A B A L H O E D A E D U C A Ç Ã O N A S A Ú D E – u m a a b o r d a g e m d o s g e s t o r e s d a á r e a
2. METODOLOGIA
Foi desenvolvido um estudo de caso com 31 ESF do DS V, região sudoeste
da cidade do Recife que possui uma população de 263.778 mil habitantes
e representa 17% da população do município (IBGE , 2010). Referente à
Atenção Básica em Saúde, dispõe de apenas 44% da sua população coberta
pela ESF.
97
práticas e processos de trabalho cotidianos, a contribuição dos profissio-
nais na definição de prioridades para formação, a adequação ao trabalho
transdisciplinar desenvolvido em equipe. Por último, os resultados foram
tratados de maneira a serem significativos, propondo-se inferências e inter-
pretações à luz dos objetivos previstos e do referencial teórico adotado.
3. CONTEUDO DO ESTUDO
Realizou-se um levantamento das atividades educativas ofertadas
às ESF do DSV no período de 2009 e 2010, com a identificação de suas
características pedagógicas e contribuição para a formação dessas equipes
e desenvolvimento dos processos de trabalho. Ao analisar os conteúdos e
organizar os elementos textuais em categorias - a continuidade das ativi-
dades, a correlação com as práticas e processos de trabalho cotidianos, a
contribuição dos profissionais na definição de prioridades para formação,
a adequação ao trabalho transdisciplinar desenvolvido em equipe –, foi
possível elaborar as hipóteses iniciais e constatações do estudo.
98
G E S TÃ O D O T R A B A L H O E D A E D U C A Ç Ã O N A S A Ú D E – u m a a b o r d a g e m d o s g e s t o r e s d a á r e a
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Na análise das características pedagógicas das atividades educativas
ofertadas às ESF, observa-se a concorrência entre dois projetos de formação
– fundamentados nos pressupostos da Educação Continuada e da Educação
Permanente. As atividades analisadas atendiam às diversas propostas peda-
gógicas, e as temáticas ofertadas foram condizentes com as necessidades
de formação técnica dos trabalhadores.
99
atividades permanentes que valorizam o conhecimento transdisciplinar,
pois utilizam metodologias problematizadoras e consolidam-se como um
espaço de deliberação acerca da organização dos fluxos e processos de traba-
lho, o que favorece mudanças na concepção e nas práticas dos trabalhadores,
além de valorizar os conhecimentos produzidos e avaliados a partir das
intervenções práticas, com aplicações pedagógicas que buscam dirimir a
distância entre a prática e o saber e, ainda, conectar o saber com a solução
dos problemas.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 2006.
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria n.º 198/GM/MS, de 13 de fevereiro de 2004. Institui
a Política Nacional de Educação Permanente em Saúde como estratégia do Sistema Único de Saúde
para a formação e o desenvolvimento de trabalhadores para o setor e dá outras providências. Brasília,
2004a. Disponível em: http://www2.prefeitura.sp.gov.br/secretarias/saude/ legislacao/ 0137Acesso
em jan. 2011.
100
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101
A EDUCAÇÃO PERMANENTE NO COTIDIANO DO SERVIÇO
DE ATENDIMENTO MÓVEL DE URGÊNCIA: REVISÃO
BIBLIOGRÁFICA
RESUMO
Este estudo é uma revisão de literatura sobre a Educação Permanente
dos profissionais de saúde que trabalham em serviços de urgência móvel
(Samu). Ao todo, foram publicados 11 artigos no período de 2007 a 2010.
Desses, 64% usam metodologia qualitativa, 36% são do Nordeste e 36% da
região Sul. Na análise de conteúdo desses artigos, identificaram-se quatro
núcleos temáticos relacionados ao Samu: a importância da Educação Per-
manente; as diretrizes da Educação Permanente em Saúde; resultados da
Educação Permanente em Saúde, desafios para a Educação Permanente
dos trabalhadores. Após a Portaria 2.048, em 2002, houve crescimento nos
estudos de atendimento pré-hospitalar, mas, apesar desse fato, ainda existe
carência de estudos nessa temática.
ABSTRACT
This study is a literature review on the continuing education of health
professionals working in mobile emergency services (SAMU). 11 (leven)
papers were published in the period from 2007 to 2010.,64% of them were
applied the qualitative methodology, 36% are from the Northeast and 36%
from the South. In the content analysis of these articles were identified
four themes related to SAMU: the real importance of continuing education,
the guidelines of continuing education in health professions, the results of
continuing education in health professions, and the challenges for conti-
nuing education of health professionals. The Permanent Health Education
is understood as an important strategy to consolidate the quality of care
and management, however there are few studies on the development of
actions in EPS SAMU (Permanent education In Health Professions SAMU),
and the evaluation of its results.
102
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1. INTRODUÇÃO
O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) é a forma pela
qual o Ministério da Saúde implementou o atendimento pré-hospitalar
(APH) no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) (BRASIL , 2002). Trata-se
do principal componente da Política Nacional de Atenção às Urgências,
criada em 2003, que tem como finalidade proteger a vida das pessoas e
garantir a qualidade de atendimento no SUS (BRASIL , 2006). Por considerar
sua complexidade de atuação e relevância para o sistema de saúde, o Minis-
tério da Saúde propôs, em 2006, que cada Samu implantasse um Núcleo
de Educação Permanente (NEP), cujo objetivo é ampliar a qualificação dos
trabalhadores do componente pré-hospitalar móvel (CICONET; MARQUES;
LIMA , 2008).
2. METODOLOGIA
Trata-se de um estudo de revisão bibliográfica para o qual foi realizado
uma busca em dois indexadores: Literatura Latino-Americana e do Caribe
em Ciências da Saúde (Lilacs), em http://www.bireme.br/bvs); e Scientific
Electronic Library Online (SciELO), em http://www.scielo.org, no período
de outubro de 2011 a janeiro de 2012, com os descritores “Educação Per-
manente em Saúde” e “Samu”.
103
Após a primeira consulta aos textos identificados, foram incluídos na revi-
são apenas os artigos publicados no período de 2002 a 2011, que abordam o
papel da Educação Permanente na qualidade da formação dos profissionais
de saúde que trabalham em serviços de urgência móvel. Em seguida, realizou-
-se análise descritiva da amostra bibliográfica e discussão sobre os principais
núcleos temáticos abordados e os resultados de cada trabalho.
3. CONTEÚDO DO ESTUDO
Ao todo, foram publicados 11 artigos, sendo 2 em 2007 e 3 por ano, no
período de 2008 a 2010.
Qualitativo, descritivo e
11 - Medeiros, A. C. et al. 2010 Rio Grande do Sul
exploratório
104
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Vieira & Mussi (2008) afirmam que, para ampliar a eficiência e eficácia
do Samu, é importante avaliar as habilidades e competências dos profis-
sionais e desenvolver programas educacionais permanentes, “com cenários
simulados para melhorar a retenção de habilidades”.
105
estratégias para promover a autonomia, a valorização, a competência técnica
e a construção do trabalho em equipe durante o processo de aprendizagem.
106
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107
por profissionais capacitados e qualificados de maneira correta (DIVINO;
PEREIRA ; SIQUEIRA , 2009).
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os artigos analisados reiteram que a atuação dos profissionais do
Samu está permanentemente cercada de desafios que exigem prontidão
e qualificação na assistência prestada. A Educação Permanente em Saúde
é compreendida como estratégia importante na consolidação da quali-
dade da assistência e do gerenciamento. Mas há poucos trabalhos sobre
o desenvolvimento das ações de EPS no Samu, bem como da avaliação dos
seus resultados.
108
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5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro. Portaria n.º 2048/GM/MS, de 5 de novembro de
2002, normatiza o serviço de atendimento pré-hospitalar móvel. Brasília, DF, 05 nov. 2002.
BRASIL. Ministério da Saúde. Política nacional de atenção às urgências. 3 ed. Brasília: Ministério
da Saúde, 2006.
CICONET, M. R.; MARQUES, Q. G.; LIMA, M. A. D. S. Educação em serviço para profissionais de saúde
do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU): relato da experiência de Porto Alegre-RS
Interface (Botucatu) v.12 n.26 jul-set. 2008.
DIVINO, E. A.; PEREIRA, Q. L. C.; SIQUEIRA, H. C. H. A capacitação da equipe que atua no atendimento
pré-hospitalar móvel: necessidade e importância da educação permanente na perspectiva dos
trabalhadores, REME rev. min. enferm, v.13, n.3, p. 365-371, jul.-set., 2009.
LIMA, S. G., et al. Educação Permanente em SBV e SAVC: impacto no conhecimento dos profissionais de
enfermagem, Arq. Bras. Cardiol. v.93, n.6, São Paulo, Dec. 2009.
109
CONHECIMENTO DOS ALUNOS DO CURSO NACIONAL DE
QUALIFICAÇÃO DE GESTORES DO SUS EM PERNAMBUCO
ACERCA DO SUS
RESUMO
O trabalho analisou os conhecimentos prévios dos alunos participantes
do I Curso Nacional de Qualificação de Gestores do SUS, realizado na modali-
dade a distância, sobreo SUS. Trata-se de um estudo descritivo e exploratório
com abordagem quantitativa para coleta de dados, em que foi utilizado
um instrumento estruturado com questões relacionadas ao perfil e função
dos participantes, aspectos gerais do SUS e as atividades de gestão. Foram
entrevistados 396 alunos que ocupavam funções de gestão. Quanto ao perfil
dos alunos, a maioria tinha entre 30 e 49 anos, com predominância de
formação na área de saúde, e 62,1% com grau superior completo. Notou-se
que a maior parte dos alunos, ao iniciar o curso, desconhecia conceitos e
aspectos gerais do SUS, apesar de já atuar em funções de gestão em saúde
em seus respectivos municípios. Concluiu-se que há a necessidade de mais
estudos e instrumentos que permitam conhecer os trabalhadores da gestão
do SUS, bem como o investimento em sua qualificação.
ABSTRACT
The study examined prior knowledge of the students participating in the
1th National Qualification Course of SUS (National Public Health System)
Managers conducted in the distance mode. This is a descriptive , explora-
tory study with quantitative data collection approach in which a structured
profile-related issues and role of participants , general aspects and activities
of SUS management instrument was used . 396 students who held manage-
ment roles were interviewed . Regarding the profile of the students , most
were between 30 and 49 years with a predominance of training in health ,
33 Historiador. Especialista em Gestão do Trabalho e Educação em Saúde – CP qAM /Fiocruz, mestrando em Economia da
Saúde/ UFPE , técnico da Secretaria de Saúde do Município do Ipojuca. E-mail: itamarhenri@gmail.com
34 Enfermeira. Doutora em Saúde Pública pela Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz), pesquisadora
do CP qAM /Fiocruz.
110
G E S TÃ O D O T R A B A L H O E D A E D U C A Ç Ã O N A S A Ú D E – u m a a b o r d a g e m d o s g e s t o r e s d a á r e a
and 62.1 % with a college degree . It was noted that most of the students
at the beginning of the course , unaware of concepts and general aspects of
SUS , despite already acting roles in health management in their respective
municipalities. It was noted that most of the students at the beginning of
the course, unaware of concepts and general aspects of SUS.
1. INTRODUÇÃO
No Sistema Único de Saúde (SUS), têm sido elaboradas várias estratégias
de qualificação profissional por meio de políticas e programas. Dentre eles,
foram criados o Programa Nacional de Qualificação de Gestores e Gerentes
do SUS (PNQGG) e o Programa de Qualificação e Estruturação da Gestão
do Trabalho e da Educação no SUS. Ambos com o objetivo de formar pro-
fissionais ligados às atividades estratégicas de gestão no SUS, visto que a
qualificação da gestão é basilar para o desenvolvimento do sistema.
111
Na perspectiva de avaliar o CNQGS em Pernambuco, foi construído um
instrumento com vistas a determinar os conhecimentos prévios que os
alunos do CNQGS tinham acerca do SUS.
2. METODOLOGIA
Foi realizado um estudo descritivo com abordagem quantitativa con-
templando as seguintes variáveis: idade, escolaridade, formação, função e
conhecimento sobre o SUS.
3. CONTEÚDO DO ESTUDO
Entre os 396 alunos que iniciaram o curso, 362(91,4%) responderam ao
questionário de conhecimento prévio. Desses, 65,7% tinham entre 30 e 49
anos. As médias de idade ficaram entre 37 e 39,8 anos em todos os níveis
de escolaridade. A exceção é estabelecida na média de 29,7 anos dos alunos
com mestrado, sendo registrados quatro alunos. Trinta e oito alunos (11%)
tinham o nível médio/técnico e não estavam cursando o terceiro grau.
112
G E S TÃ O D O T R A B A L H O E D A E D U C A Ç Ã O N A S A Ú D E – u m a a b o r d a g e m d o s g e s t o r e s d a á r e a
113
plenamente”, com maiores percentuais de resposta, e “não conheço”, com
menores percentuais, quando comparamos as funções de nível superior e
de nível médio.
A função que teve o percentual mais baixo para a categoria “conheço plena-
mente”,1,5%, foi a de agente/auxiliar administrativo, em que todos os alunos
são de nível médio/técnico. Ela registrou também o maior percentual para
as categorias “não conheço”, 30,9%, e “não sei avaliar”,10,3% (Quadro 1).
Quadro 1: Distribuição percentual das respostas dos alunos do CNQGS-PE por função
exercida – Recife – 2010
114
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4. DISCUSSÃO
A maioria dos alunos era do sexo feminino. Esse aspecto é considerado
uma das características mais marcantes do setor saúde, que tem sua força
de trabalho composta de 70% de profissionais do sexo feminino (MACHADO,
2005).O elevado número de alunos enfermeiros que atuam em funções de
gestão (30,1% do total de alunos do curso) pode ser justificado com base no
perfil profissional dessa categoria. Melo &Santos (2007) relacionam em um
estudo que os profissionais de enfermagem atribuem suas indicações para
ocupação de funções gestoras às suas competências técnicas.
115
Tais respostas apontam para o que autores como Sousa, Bezerra e Mar-
ques (2003) sinalizam ao chamarem a atenção para o fato de que os cursos
de formação e desenvolvimento dos profissionais em saúde estão restritos
às questões técnicas. Há pouco estímulo para que os profissionais discutam
a base conceitual e filosófica do SUS, ou seja, o sistema de saúde no qual
eles atuam.
Eles são os atores que produzem a realidade social das instituições, e suas
escolhas, a partir das normas e dos desenhos institucionais, convertem o
direito à saúde em algo concreto. Contudo, os resultados dessas escolhas/
ações não podem ser antecipados com exatidão, pois articulam-se com os
demais processos que compõem a realidade (GUIZARDI , CAVALCANTI, 2010).
Para tanto, é necessário que esses profissionais estejam preparados para
atuar e efetuar suas escolhas no dia a dia.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O instrumento utilizado para coleta dos dados permitiu a produção de
informações importantes. Sobre a qualificação dos profissionais, foi sina-
lizada a necessidade de investimento na Educação Permanente e a revisão
116
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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, M.E.B. Educação a distância na internet: abordagens e contribuições dos ambientes digitais
de aprendizagem. Educação e Pesquisa, v.29, n.2, p.327-340, 2003.
BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos, Decreto Nº 5.622,
de 19 de dezembro de 2005.
MACHADO, M.H. Trabalhadores de Saúde e sua trajetória na reforma sanitária. In: LIMA, N.T. (org).
Saúde e democracia: história e perspectivas do SUS. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2005, p. 257-284.
MELO, C.M.M.; SANTOS, T.A. A participação política de enfermeiras na gestão do SUS municipal. Texto
Contexto Enferm, v.16, n.3, p.426-32, 2007.
NASCIMENTO, T.P.C. Educação a Distância: se nós fizermos, eles virão? Revista Ideias em Gestão,
julho, p.48-51, 2010.
SOUSA, I.M.C.; BEZERRA, A.F.B.; MARQUES, A.P.O. Trabalho em Saúde: quem implementa o Sistema
Único de Saúde no hospital universitário conhece sua filosofia? Saúde em Debate, v.27, n.65,
p.302-309, 2003.
ZERBINI, T.; ABBAD, G. Impacto de treinamento no trabalho via internet. Rev Adm Empresas
RAE-eletrônica, v.4, n.2, art.16, 2005. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/raeel/v4n2/v4n2a01.
pdf Acesso em: abr. 2011.
117
ANÁLISE DO PROCESSO DE IMPLEMENTAÇÃO DA MESA
DE NEGOCIAÇÃO SETORIAL DA SECRETARIA DE SAÚDE
DO RECIFE NO PERÍODO DE 2008 A 2010
RESUMO
Principalmente após a redemocratização do Brasil, as instituições
públicas passam a ter de desenvolver mecanismos de gestão pautados pela
participação social. Nesse contexto, surge a negociação coletiva na gestão
pública, que, apesar de ainda ser pouco utilizada, tem se destacado nas duas
últimas décadas. Na área da saúde, após a criação da Secretaria de Gestão
do Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES), em 2003, e a reinstalação da
Mesa Nacional de Negociação Permanente do SUS (MNNP -SUS), a utilização
desse instrumento ganhou incentivo. Em Recife, esse processo vem sendo
implementado oficialmente desde 2008 por meio da Mesa de Negociação
Setorial da Secretaria Municipal de Saúde (MNS -SMS). O presente trabalho
objetiva apresentar uma análise do processo de implementação da Mesa em
Recife, no período de 2008 a 2010. É resultado de uma pesquisa documental
exploratória tomando como padrões de análise documentos oficiais que
regulam o funcionamento da MNS -SMS, documentos normativos federais
que servem de orientação para a instalação de Mesas de Negociações Estadu-
ais e Municipais, atas de reuniões ordinárias e extraordinárias da MNS -SMS
e ofícios das entidades participantes do processo. Mediante essa análise,
foi possível identificar que o processo de negociação em Recife encontra-se
instituído, porém ainda precisa de maior estruturação.
ABSTRACT
Especially after the Brazilian re-democratization, public institutions
had to develop management mechanisms focusing social participation. In
this context took place the collective bargaining in public administration
which, although still not widely used, has gained importance in the last two
decades. In the health sector, after the creation of the Department of Labor
35 Orientanda. Assistente Social, CPqAM /Fiocruz. Técnica da Secretaria de Saúde do Recife. E-mail: marciagon77@gmail.com
36 Orientadora. Terapeuta Ocupacional, Doutoranda em Saúde Pública pelo Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães/Funda-
ção Oswaldo Cruz. Vinculo Profissional: Secretaria de Saúde de Pernambuco. E-mail: cinthiakalyne@yahoo.com.br
118
G E S TÃ O D O T R A B A L H O E D A E D U C A Ç Ã O N A S A Ú D E – u m a a b o r d a g e m d o s g e s t o r e s d a á r e a
1. INTRODUÇÃO
A administração de pessoal no Brasil vem passando por transformações
desde o século passado, principalmente a partir do fim da década de 1970,
decorrentes de vários fatores. Dentre eles está o desenvolvimento do sindi-
calismo, que emerge com grande força após anos sob a tutela do Estado, e
também do próprio crescimento das organizações, resultado dos altos índices
de produtividade do setor econômico do país à época. Se anteriormente o
setor responsável pela administração de pessoal ficava restrito a pequenas
unidades operacionais, surge, desse ponto em diante, a necessidade de imple-
mentação de uma política de pessoal que se preocupe em cuidar também
das relações humanas. Do contrário, os trabalhadores organizados por meio
dos sindicatos passam a reivindicar melhores condições de trabalho, o que
culmina, muitas vezes, em longos períodos de greve (BRAGA , 1998).
119
No município do Recife, a instituição de processo de negociação coletiva
teve início ainda em 2001, inserido no contexto de uma gestão democrá-
tica que inaugurou uma nova relação entre gestores e representantes de
servidores e empregados públicos municipais, caracterizada pelo respeito
mútuo, diálogo e negociação permanente, como forma de garantir a valo-
rização do servidor/empregado na construção de um serviço público de
qualidade (DIRETÓRIO NACIONAL DO PT, 2001). Dessa forma, estabeleceu-se
um Sistema Permanente de Negociação Coletiva, com a instalação da Mesa
Municipal de Negociação, coordenada pela Secretaria de Administração.
120
G E S TÃ O D O T R A B A L H O E D A E D U C A Ç Ã O N A S A Ú D E – u m a a b o r d a g e m d o s g e s t o r e s d a á r e a
2. METODOLOGIA
Para a obtenção dos dados necessários à elaboração deste estudo, rea-
lizou-se uma pesquisa documental avaliativa tomando como padrão de
análise documentos oficiais que regulam o funcionamento da Mesa de
Negociação Setorial da Secretaria Municipal de Saúde do Recife (Portarias
e Regimento Interno), bem como de documentos normativos federais que
servem de orientação para a instalação de Mesas de Negociações Estadu-
ais e Municipais. Tornaram-se, também, fonte de evidências as atas de
reuniões ordinárias e extraordinárias da MNS -SMS e ofícios das entidades
participantes do processo. Dessa forma, o presente trabalho é resultado
de pesquisa documental do tipo avaliativa, com abordagem qualitativa em
que se realizou um estudo exploratório sobre o processo de implementação
da negociação coletiva na saúde do Recife, fazendo um paralelo com o que
orientam as diretrizes nacionais para essa área.
3. CONTEÚDO DO ESTUDO
A instalação da negociação coletiva na Secretaria de Saúde do Recife deu-
se, inicialmente, por meio da realização de reuniões de forma assistemática,
com a participação de poucas categorias representantes de trabalhadores.
Após esse primeiro momento de discussão e apropriação sobre o processo
de negociação coletiva, a MNS -SMS foi instituída pela Portaria GAB/SS/PCR nº
193, de 29 de dezembro de 2007, passando a ser implementada oficialmente
a partir de 2008, quando sua composição foi designada pela Portaria nº
033/08-GAB/SS, de 11 de março de 2008 (RECIFE , 2007, 2008b).
121
De acordo com os resultados obtidos, observou-se que, no município do
Recife, a gestão da saúde tem buscado se alinhar ao modelo de gestão do
trabalho preconizado pelo Ministério da Saúde, por intermédio da SGTES.
122
G E S TÃ O D O T R A B A L H O E D A E D U C A Ç Ã O N A S A Ú D E – u m a a b o r d a g e m d o s g e s t o r e s d a á r e a
123
Dentre as pautas prioritárias que a mesa vem discutindo, encontram-se:
revisão ou implementação do Plano de Cargos, revisão na Lei do Adicional
por Desempenho de Equipe (Produtividade-SUS), necessidade de pessoal,
melhoria nas condições de trabalho e implementação de Política de Educa-
ção Permanente. Por meio das atas das reuniões da MNS -SMS, identificou-se
a criação de dois grupos de trabalho para discutir os seguintes temas: Adicio-
nal por Desempenho de Equipe e Plano de Cargo (Produtividade), Carreira
e Vencimentos (PCCV). A criação dos grupos surgiu a partir das pautas de
reivindicações das categorias.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A negociação coletiva no âmbito da gestão do trabalho na saúde, no
município do Recife, ainda é uma experiência recente e inovadora. Apesar
de se ter identificado questões que precisam de atenção, o dispositivo
vem demonstrando ser de grande importância para a tomada de decisão
no âmbito da gestão do trabalho, considerando a complexa realidade que
envolve o setor saúde.
124
G E S TÃ O D O T R A B A L H O E D A E D U C A Ç Ã O N A S A Ú D E – u m a a b o r d a g e m d o s g e s t o r e s d a á r e a
Por fim, pode se concluir que, apesar de a MNS-SMS do Recife ainda não
ter conseguido tornar-se um dispositivo em pleno funcionamento, no que se
refere às normas estabelecidas por meio dos instrumentos legais, não há como
negar que seu grande destaque vem sendo tornar a prática da negociação
coletiva uma cultura instituída na gestão do trabalho em saúde no Recife.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRAGA, D. G. Conflito, Eficiência e Democracia na Gestão Pública. Rio de Janeiro: Ed. Fiocruz, 1998.
CONTANDRIOPOULOS, A. P et al. A avaliação na área da saúde: conceitos e métodos. In: HARTZ, Z. M.
A. (Org.). Avaliação em saúde. Rio de Janeiro: Ed. Fiocruz, 1997. p. 29-48.
BRASIL. Ministério da Saúde. Protocolo 002/2003: Protocolo para Instalação das Mesas
Estaduais e Municipais de Negociação Permanente do SUS. Brasília, DF, 2003b.
125
DESAFIOS PARA A GESTÃO DO TRABALHO E DA
EDUCAÇÃO EM SAÚDE NA IMPLANTAÇÃO DE UMA
UNIDADE SENTINELA DE SAÚDE DO TRABALHADOR NO
DISTRITO ESTADUAL DE FERNANDO DE NORONHA
RESUMO
O estudo identifica os principais desafios à gestão do trabalho e da
educação em saúde na implantação de uma Unidade Sentinela de Saúde
do Trabalhador, no Distrito Estadual de Fernando de Noronha. São eles:
a distância e as dificuldades de acesso ao continente; a comunicação como
ferramenta de difusão do conhecimento em saúde do trabalhador; a preca-
rização do trabalho; o vínculo profissional-usuário; o registro de agravos de
notificação compulsória; a qualificação profissional; as ações de Educação
Permanente; e o financiamento da Unidade Sentinela para desenvolver
as Ações de Saúde do Trabalhador. O fortalecimento das ações no âmbito
da implantação de um serviço de saúde do trabalhador está relacionado
ao estabelecimento de investimentos na qualificação profissional e na
formação de articulações com os trabalhadores, superando o isolamento
imposto pela localização geográfica e as dificuldades de manutenção de
um fluxo de informações.
ABSTRACT
The study identifies the main challenges to the Health Care Work and
Education Management in the Implementation of a Workers’ Health
Sentinel Unit in Fernando de Noronha State District as: the distance and
the difficulties of access to the mainland, communication as a tool for
126
G E S TÃ O D O T R A B A L H O E D A E D U C A Ç Ã O N A S A Ú D E – u m a a b o r d a g e m d o s g e s t o r e s d a á r e a
1. INTRODUÇÃO
No Brasil, até 1988, a saúde era um benefício previdenciário, um serviço
comprado na forma de assistência médica ou uma ação de misericórdia ofe-
recida à parcela da população que não tinha acesso à previdência ou recursos
para pagar assistência privada. Em meados de 1970, surge o Movimento
de Reforma Sanitária, que propôs uma nova concepção de saúde pública
para o conjunto da sociedade brasileira, incluindo a saúde do trabalhador
(FERNANDES, 2009).
127
A regulamentação dos dispositivos constitucionais sobre a saúde do
trabalhador se deu mediante a Lei Orgânica da Saúde (Lei Federal n.
8.080/1990), que definiu o campo como um conjunto de atividades que
se destinam, por meio das ações de vigilância epidemiológica e vigilância
sanitária, à promoção e proteção da saúde dos trabalhadores, assim como
visam à recuperação e reabilitação da saúde dos trabalhadores submetidos
aos riscos e agravos advindos das condições de trabalho.
128
G E S TÃ O D O T R A B A L H O E D A E D U C A Ç Ã O N A S A Ú D E – u m a a b o r d a g e m d o s g e s t o r e s d a á r e a
2. METODOLOGIA
Realizou-se uma análise documental considerando o processo de implan-
tação da Unidade Sentinela de Saúde do Trabalhador do Hospital São Lucas,
no Distrito Estadual de Fernando de Noronha (DEFN), no período de dezem-
bro de 2009 até dezembro de 2010.
129
Para a análise, fez-se a leitura cuidadosa dos documentos que propicias-
sem a caracterização do processo de implantação da unidade sentinela, a
organização da Atenção à Saúde do Trabalhador no DEFN e, ainda, possibi-
litassem apontar os principais desafios à gestão do trabalho e da educação
nesse processo.
3. CONTEÚDO DO ESTUDO
3.1 Implantação da Unidade Sentinela no Distrito Estadual de
Fernando de Noronha
A Resolução n. 1.236, de 5 de maio de 2008, aprova o Processo de Regio-
nalização e Implantação de Unidades Sentinela em Saúde do Trabalhador
no Estado de Pernambuco. O DEFN foi contemplado com uma Unidade
Sentinela instalada em dezembro de 2009 no Hospital São Lucas, que
integra a atenção hospitalar de média complexidade.
130
G E S TÃ O D O T R A B A L H O E D A E D U C A Ç Ã O N A S A Ú D E – u m a a b o r d a g e m d o s g e s t o r e s d a á r e a
131
com ingresso na unidade de profissionais oriundos de todos os estados do
Brasil, com contratos de curta duração (um mês ou quinze dias).
e) Notificações: Existe um baixo registro de notificações de doenças e
acidentes de trabalho de notificação compulsória por conta da baixa qua-
lificação dos profissionais em relação à saúde do trabalhador. A Unidade
Sentinela de Saúde do Trabalhador tem como um de seus objetivos registrar
os casos de acidentes, doenças e agravos à saúde do trabalhador, especial-
mente aqueles considerados de notificação compulsória.
f) Qualificação profissional: Em razão do baixo nível de conhecimento
dos profissionais no campo da saúde do trabalhador, torna-se imprescindível
sua qualificação e a estruturação da vigilância em saúde do trabalhador.
g) Educação Permanente: Apesar dos investimentos em capacitações
em saúde do trabalhador, é necessário instituir um processo de Educação
Permanente que possibilite instaurar a atenção integral aos trabalhadores,
com ações de promoção, precaução, prevenção e reabilitação.
h) Financiamento: As Unidades Sentinela não têm financiamento espe-
cífico, e como a gestão não é plena, não há verba que permita demandar esses
custos, uma vez que se depende dos repasses oriundos da Secretária Esta-
dual. É importante considerar que a Resolução n. 1.236/2008 estruturou
cada Unidade Sentinela no estado por meio de fornecimento de mobiliário,
material permanente e material didático, bem como definiu um processo
de educação continuada que previa a formação de 560 profissionais como
ação estruturante da Saúde do Trabalhador em Pernambuco. Apesar de ter
havido a estruturação física das Unidades Sentinela, o processo de educação
continuada nunca foi estabelecido, o que pode estar relacionado ao baixo
grau de implantação da Saúde do Trabalhador no Distrito Estadual.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A implantação da Unidade Sentinela no Distrito Estadual de Fernando de
Noronha favorece o desenvolvimento de ações visando à atenção à saúde dos
trabalhadores dessa ilha ao mesmo tempo em que fortalece a organização da
vigilância em saúde no âmbito da Renast. A identificação de situações ou de
fatores de risco para a saúde relacionados ao trabalho permite o encaminha-
mento dos expostos e doentes à atenção e cuidado adequados.
132
G E S TÃ O D O T R A B A L H O E D A E D U C A Ç Ã O N A S A Ú D E – u m a a b o r d a g e m d o s g e s t o r e s d a á r e a
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições sobre a promoção,
proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspnodentes, e dá
outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 20 set. 1990. Disponível em: http://portal.
saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/lei8080.pdf. Acesso em: jan. 2012.
BRASIL. Rede Nacional de Atenção à Saúde do Trabalhador. Manual de Gestão e Gerenciamento.
1a Ed, São Paulo, 2006. Disponível em: http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/ManualRenast07.
pdf Acesso em: dez. 2011.
MENDES, R.; DIAS, E. C. Da medicina do trabalho à saúde do trabalhador. Rev. saúde púb., São Paulo,
v. 25, n.5, 1991.
133
ESTUDO DO PERFIL DAS DEMANDAS DE
APOSENTADORIAS DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE DA
SECRETARIA DE SAÚDE DO ESTADO DE PERNAMBUCO
RESUMO
Aposentadoria é o desligamento das atividades profissionais por parte
do servidor, com direitos e vantagens assegurados àqueles que atendam aos
requisitos para a concessão do benefício. Os gestores de recursos humanos
necessitam dessas informações para o planejamento da substituição da
força de trabalho. A pesquisa analisa o perfil das demandas de aposenta-
dorias dos profissionais servidores da Secretaria de Saúde do Estado de
Pernambuco (SES/PE) no período de 2006 a 2010. Trata-se de um estudo
descritivo e documental, estruturado a partir do acompanhamento e coleta
das publicações de aposentadorias dos servidores da saúde no Diário Oficial
do Estado e no site da Fundação de Aposentadoria e Pensões do Estado
de Pernambuco. Os resultados apontaram que houve predominância de
aposentadorias de servidoras do sexo feminino, 79%, elevada frequência
de aposentadorias de servidores das zonas urbanas, 52%, remetendo para
a necessidade de avaliar a distribuição desses profissionais. A pesquisa
mostrou, ainda, que, em aproximadamente dez anos, está prevista uma
demanda expressiva de aposentadorias, o que impõe a necessidade imediata
de programação do ingresso de novos profissionais para compor o quadro
de pessoal efetivo da SES/PE .
ABSTRACT
Retirement is the shutdown of professional activities by the server with
the rights and benefits, assured those who meet the requirements for gran-
ting the benefit. The human resource managers need such information for
planning the replacement of the workforce. The research aimed to analyze
the demands of retiring from professional servers of Health Department
41 Psicóloga, especialista em Gestão do Trabalho e Educação na Saúde - CP qAM /Fiocruz. E-mail: arielsantana@ig.com.br
42 Assistente Social, analista de Gestão em Saúde - CP qAM /Fiocruz. Doutora em Saúde Pública CP qAM /Fiocruz.
43 Odontóloga. Sanitarista, mestre em Saúde Pública - CP qAM /Fiocruz.
134
G E S TÃ O D O T R A B A L H O E D A E D U C A Ç Ã O N A S A Ú D E – u m a a b o r d a g e m d o s g e s t o r e s d a á r e a
1. INTRODUÇÃO
O conceito e o sentido do trabalho, bem como a necessidade que ele
impõe ao ser humano, estão tão enraizados na consciência coletiva da socie-
dade que o ato de trabalhar, por si só, molda comportamentos, atitudes,
desde a programação de horários à rotina do trabalhador. Afinal, “o trabalho
é o principal organizador da vida humana. Horários, atividades, relaciona-
mentos são determinados conforme exigências do trabalho” (ROMANINI ,
2005: 82).
135
Netto e Netto (2011) afirmam ser um marco se aposentar, tanto na
dinâmica familiar como na dinâmica social do indivíduo, que traz como
consequência a mudança dos hábitos de quem se aposenta e daqueles que
com ele convivem.
136
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2. METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa descritiva, visto que prioriza a descrição das
características de determinada população ou fenômeno (GIL , 2002). Em
razão dos procedimentos técnicos utilizados, constitui-se também como
uma pesquisa documental.
3. CONTEÚDO DO ESTUDO
A partir da análise das frequências de aposentadorias dos servidores da
SES de Pernambuco, pode-se notar uma tendência de aumento no período,
conforme o Gráfico 1. As publicações das aposentadorias entre 2006 e 2010
tiveram aumento de 163%.
137
Uma vez que o último concurso público para todas as funções ocor-
reu em 1990, deduz-se que, em aproximadamente dez anos, está prevista
uma demanda expressiva de aposentadorias de servidores, ou melhor,
de servidoras, pois a maioria dos profissionais da Secretaria de Saúde é
composta de mulheres, como demonstrado no Gráfico 2.
138
G E S TÃ O D O T R A B A L H O E D A E D U C A Ç Ã O N A S A Ú D E – u m a a b o r d a g e m d o s g e s t o r e s d a á r e a
139
No referente às frequências de aposentadorias dos servidores públicos da
SES/PE por Gerência Regional de Saúde (Geres), apresentadas no Gráfico 5,
observou-se que mais da metade delas ocorreram na I Geres, um percentual
de 52%, o que confirma o grande quantitativo de servidor público na região
metropolitana de Recife, onde também se concentram os grandes hospitais
regionais e do ex-Inamps.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo do perfil das demandas de aposentadorias dos servidores
da SES/PE no período de janeiro de 2006 a dezembro de 2010 possibilitou
identificar e confirmar alguns pontos importantes, tais como:
140
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5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Constituição (1988). Da Previdência Social. In: ______. Constituição daRepública
Federativa do Brasil. Brasília. Senado, 1988. Seção 3.
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002.
MACHADO, M. H. Tendências do mercado de trabalho em saúde no Brasil.Relatório. Rio de
Janeiro. 2000.
MARTINS, S. P. Direito da seguridade social. 23. ed. São Paulo: Atlas, 2006.
NETTO, F. S.; NETTO, J. P. P. Programas de Preparação para a Aposentadoria – PPA:
responsabilidade social das organizações. Disponível em: <http://www.aedb.br /seget/
artigos08/254_254_seget_-_ppa_e_rs_-_final.pdf> Acesso em: jun. 2011.
Relatório Mundial da Saúde 2008 – Cuidados Primários de Saúde: agora mais do que nunca. 2008.
Cap. 2
141
POLÍTICA DE EDUCAÇÃO PERMANENTE: ANÁLISE DA
IMPLEMENTAÇÃO NO DISTRITO SANITÁRIO III, RECIFE/PE
RESUMO
O objetivo do estudo foi analisar a implementação da Política de Educação
Permanente em Saúde no Distrito Sanitário (DS) III, da Secretaria Municipal
de Saúde do Recife/PE . Trata-se de um estudo de caso com abordagem qua-
litativa, realizado por meio da análise de documentos institucionais como
planos municipais de saúde, relatórios de gestão, programação e ementas de
projetos, relatórios finais de cursos e oficinas. Verificou-se que o DS III teve
efetiva participação na discussão e implementação da Política de Educação
Permanente no município e desenvolveu ações voltadas para integração
ensino-serviço, demonstrando assim coerência com os princípios da Edu-
cação Permanente e o modelo assistencial do Recife. Esse tipo de estudo é
relevante para aprofundar o debate e produzir mudanças que fortaleçam a
consolidação do Sistema Único de Saúde.
ABSTRACT
Theaim of the studywas to analyze theimplementation of the Poli-
cyfor Continuing Educationin Health in the III Sanitary District (DS) of
theHealth Departmentof the City ofRecife-PE . This isa case studywith a
qualitative approach, performedthrough the analysis ofinstitutional docu-
mentsasmunicipal plans in health, management reports, scheduling and
projectsummaries and the final reportsof courses andworkshops. It was
foundthat theDSIIItookactive participationin the discussion andimplemen-
tation of the Policyof Continuing Educationin the cityand developedactions
forteaching-service integration, demonstratingconsistency withthe princi-
ples ofContinuing Educationand thewelfare state modelof the City of Recife.
This type of studyisimportantto deepenthe debateand producechanges that
would strengthenthe consolidation of theUnified Health System.
44 Graduada em Licenciatura Plena em Estudos Sociais, especialista em Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde
CP qAM /Fiocruz.
45 Fisioterapeuta, sanitarista, doutoranda em Saúde Pública pelo CP qAM /Fiocruz.
142
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Keywords: Health Education. Public Health Policies. Health Human Resources. Unified
Health System
1. INTRODUÇÃO
A Educação Permanente em Saúde constitui estratégia fundamental
às transformações do trabalho no setor, com o propósito de que venha
a ser um lugar de atuação crítica reflexiva, propositiva, compromissada
e tecnicamente competente (BRASIL , 2007). Há necessidade, entretanto,
de descentralizar e disseminar a capacidade pedagógica por dentro desse
ambiente, isto é, entre seus trabalhadores, entre gestores de ações, serviços
e sistemas de saúde, entre trabalhadores e gestores com os formadores e,
ainda, entre trabalhadores, gestores e formadores com o controle social em
saúde. Essa ação nos permitiria compor o Sistema Único de Saúde verda-
deiramente como uma rede-escola (CECCIM , 2005).
2. METODOLOGIA
Trata-se de um estudo de caso com abordagem qualitativa, realizado
no Distrito Sanitário (DS) III da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), do
município do Recife.
143
A coleta de dados ocorreu no período de novembro de 2010 a fevereiro
de 2011, a partir da análise documental dos seguintes textos institucionais:
Plano Municipal de Saúde 2006-2009 e 2010-2013; Relatórios de Gestão
2006, 2007, 2008 e 2010; Programação e ementas de projetos e ações de
Educação Permanente implementados no DS III; relatórios finais de cursos,
oficinas e capacitações realizados no DS III .
3. CONTEÚDO DO ESTUDO
Os aspectos relacionados à gestão dos trabalhadores da SMS da Prefei-
tura da Cidade do Recife (PCR) eram administrados, até o ano 2001, pela
Diretoria de Recursos Humanos (DRH). Nesse mesmo ano, a SMS iniciou
um processo de reformulação do organograma da DRH , que, atualmente, é
a Diretoria-Geral de Gestão do Trabalho (DGGT).
144
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145
gratificações, instrumentalizando e consolidando o Modelo de
Atenção à Saúde (RECIFE , 2010a).
146
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Enfermagem 29
Pediatria 23
Nutrição 7
Serviço Social 6
Residência em Psicologia 2
Fisioterapia 1
Terapia Ocupacional 1
Psicologia 1
Materno Infantil 21
TOTAL 343
147
de suas comunidades, tendo como finalidade combater as endemias junto
à equipe de Educação e Saúde dos Distritos Sanitários.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os dados analisados demonstram que o DS III tem observado os prin-
cípios que norteiam a Política de Educação Permanente Municipal, com a
realização de ações em que o conceito de Educação Permanente é bastante
presente, num processo contínuo e focado no trabalho, construído dentro
de uma perspectiva pedagógica transformadora. Portanto, comprova-se
assim a importância de descentralizar e disseminar a capacidade pedagógica
entre todos os integrantes do processo de trabalho.
148
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5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARDIN, L. Análise de Conteúdo. Lisboa: Edições 70, 2004.
BRASIL. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro. Portaria GM/MS nº 1.996, de 20 de agosto de
2007.Dispõe sobre as diretrizes para a implementação da Política Nacional de Educação Permanente
em Saúde. Brasília, DF, 20 ago. 2007. Disponível em: http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/
Portaria_1996-de_20_de_agosto-de-2007.pdf Acesso em: jan. 2011.
CECCIM, R. B. Educação Permanente em Saúde: descentralização e disseminação de capacidade pedagógica
na saúde. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, V. 10, n. 4, p. 975-986, out.- dez. 2005.
LOPES, S.R.S.; et al. Potencialidades da Educação Permanente para a Transformação das Práticas de
Saúde. Revista Ciências Saúde -FS/UnB, p.147-155, 2007.
RECIFE, Secretaria Municipal de Saúde. Plano Municipal de Saúde do Recife 2006-2009. Recife,
2005.
RECIFE, Prefeitura Municipal. Relatório de Gestão 2006. Secretaria de Saúde do Recife. PCR, 2007a.
RECIFE. Prefeitura Municipal. Relatório Final do Grupo de Trabalho: Normatização Integração
Ensino-Serviço, Curso Medicina. PCR, 2007b.
RECIFE. Secretaria Municipal de Saúde. Relatório de Gestão 2007. Secretaria Municipal de Saúde.
Recife, 2008a.
RECIFE. Prefeitura Municipal. Relatório de Gestão 2008. Secretaria de Saúde do Recife. PCR, 2009.
RECIFE. Prefeitura Municipal. Plano Municipal de Saúde do Recife 2010-2013. Secretaria
Municipal de Saúde. PCR, 2010a.
RECIFE. Prefeitura Municipal. Relatório de Gestão 2009. Secretaria de Saúde do Recife. PCR, 2010b.
RECIFE. Prefeitura Municipal. Integração Ensino Serviço. Recife, 2011.
149
O DESAFIO DAFIXAÇÃO DO PROFISSIONAL MÉDICO:
O CASO DA SECRETARIA DE SAÚDE DO ESTADO DE
PERNAMBUCO
RESUMO
O estudo investigou o problema da fixação de médicos na rede estadual
de serviços de saúde de Pernambuco mediante análise das demandas de
exoneração entre 2004 a 2010. Trata-se de pesquisa descritiva e explica-
tiva, de abordagem quantitativa baseada em dados coletados do Sistema de
Informações Internas da Diretoria-Geral de Gestão do Trabalho da Secre-
tária de Saúde de Pernambuco (SES/PE), além da análise de documentos.
Observou-se grande demanda de exonerações de médicos na SES/PE , e as
maiores frequências identificadas são registradas em 2006 e 2010. Houve
proporcionalidade de exonerações entre os sexos; nas zonas urbanas as
demandas de exoneração foram superiores às das zonas rurais, sugerindo
atenção na distribuição desses médicos. Concluiu-se que é preciso atentar
para a reposição de novos profissionais médicos naquelas especialidades
e regiões onde as demandas de exoneração têm implicado o comprometi-
mento da oferta de serviços de saúde à população.
ABSTRACT
We investigated theproblem ofretention of doctorsin the state-
ofPernambucohealth servicesthroughanalysisof the demandsfor
removalbetween2004-2010. It isdescriptive andexplanatory, quantitative
approachbased on data collectedfrom the Information Systemof theDi-
rectorate General ofInternalLabor ManagementSecretary ofHealthof
Pernambuco(SES /PE) and document analysis. It was observed that: there
wasa great demand formedicalexemptions fromtheSES/PE , with the
highestfrequencies identifiedin 2006and 2010. It was notedproportionali-
tyofexonerationsbetween genders,in urbandemandsfor removalwere higher
than thoseof rural areassuggestingthedistribution ofmedicalattention.
150
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1. INTRODUÇÃO
Os recursos humanos em saúde constituem, reconhecidamente, um dos
principais desafios ao processo de implementação do Sistema Único de
Saúde (SUS). Nesse quadro, a gestão do trabalho, em um contexto amplo,
tem buscado equacionar dificuldades relativas à implementação do SUS, as
quais segundo Maciel:
151
É possível que o motivo dessa evasão seja causado pelo estresse coti-
diano, baixo poder de resolução dos problemas, salários defasados, falta de
equipamentos, superlotação dos serviços, sobrecarga de trabalho, acúmulo
de emprego e atividades para manter o padrão médico estabelecido pela
sociedade brasileira (CAPOZOLO, 2003).
2. METODOLOGIA
Trata-se de pesquisa descritiva e explicativa, de abordagem quantitativa
(TOBAR , 2001).
152
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3. CONTEÚDO DO ESTUDO
No período analisado, ocorreram 487 exonerações de médicos. As maio-
res frequências foram identificadas nos anos de 2006 e 2010, com 88 e 132
exonerações respectivamente. No ano de 2010, houve grande demanda de
pedidos de exoneração dos médicos da SES, o que pode ser explicado pela
obrigatoriedade de permanência no local de exercício para qual os médicos
prestaram o concurso pelo período mínimo de três anos, ou seja, só após o
cumprimento do estágio probatório.
153
provenientes das especialidades: clínica geral, cirurgia geral, pediatria e
anestesia, superando as demais. Um forte elemento que contribuiu para tal
situação foi decorrente da opção dos médicos que fizeram o concurso para
essas especialidades e, posteriormente, queriam assumir outra. Apesar de
muitos tentarem, não obtiveram êxito, visto que a Constituição Federal/88 e
o Estatuto do Servidor Público Estadual (Lei n. 6.123/68) proíbem o desvio
de função.
Especialidades GERES
Anatomopatologista 05 05
Anestesista 34 01 02 02 01 40
Cardiologista 19 19
Cirurgião Geral 48 01 01 02 01 01 02 02 01 59
154
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Especialidades GERES
Cirurgião Pediátrico 01 01
Cirurgião Torácico 01 01
Cirurgião Vascular 08 01 09
Dermatologista 01 01
Do Trabalho 01 01
Endoscopista 01 01
Geral 02 01 01 02 06
Ginecologista 01 01
Infectologista 04 04
Médico 16 01 10 27
Nefrologista 03 03
Neonatologista 10 03 01 14
Neurocirurgião 08 08
Neurologista 11 11
Neuropediatra 02 02
Obstetra 02 01 03
Oftalmologista 01 01 02
Oncologista 01 01
Ortopedista 01 01
Otorrinolaringologista 01 01
Pediatra 42 07 01 03 01 09 63
Pneumologista 01 01 02
Psiquiatra 03 03 06
Radiologista 02 02
Sanitarista 01 01 02
Tisiologista 01 01
Tocoginecologista 17 02 01 07 01 02 30
Traumatologista 22 01 04 02 01 01 31
Ultrassonografista 01 01 01 03
Urologista 01 01
UTI Adulto 14 01 15
UTI Infantil 05 03 08
155
Embora exista a possibilidade de obter bons salários nos pequenos cen-
tros ou áreas rurais, há desinteresse dos profissionais em serem lotados em
tais localidades, o que denota a complexidade e variabilidade de causas para
o problema da dificuldade de fixação (SILVA , 2008).
Maciel Filho & Branco (2008) adverte que sempre foi um desafio,
no passado e se mantém no presente, conciliar necessidades, serviços e
recursos, pois, ao considerarmos o envelhecimento da população, a busca
por serviços de saúde se torna crescente e contribuiu para a carência de
profissionais de saúde não só em nosso país, como também em todo o
mundo. No Brasil, as significativas desigualdades regionais na distribuição
de médicos ocorrem especialmente no Sudeste e Sul, tornando-se um
quadro agravante e um desafio para a consolidação do Sistema Único de
Saúde (SUS).
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A pesquisa evidenciou que, no período de 2004 a 2010, houve grande
demanda de exonerações de médicos na Secretaria de Saúde do Estado
de Pernambuco.
156
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5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BENNING, E. L.; GUARDA, F. R. B. Análise da Estratégia de Saúde da Família em Pernambuco,
com base no tempo médio de permanência dos profissionais médicos e de enfermagem,
no período de 2001 a 2006. [Monografia de Especialização] Recife: Centro de Pesquisas Aggeu
Magalhães/FIOCRUZ, 2006.
CAPOZZOLO, A. A. No olho do furacão: Trabalho médico e o Programa de Saúde da Família.
[Tese de Doutorado] Campinas: Faculdade de Ciências Médicas/Universidade Estadual de Campinas, 2003.
MACIEL FILHO, R.; BRANCO, M. A. F. Rumo ao interior: Médicos, saúde da família e mercado
de trabalho. Rio de Janeiro: FIOCRUZ, 2008.
PERNAMBUCO. Lei nº 6.123 de 20 de Julho de 1968. Estatuto dos Funcionários Públicos do Estado
de Pernambuco. Disponível em: http://www.alepe.pe.gov.br /downloads /legislativo/EstatutoServidor.
pdf Acesso em: dez. 2010.
SCHRAIBER, L.B.; MACHADO, M.H. Trabalhadores da saúde: uma nova agenda de estudos sobre
recursos humanos em saúde no Brasil. In: FLEURY, S. (Org.) Saúde e democracia: a luta do CEBES.
São Paulo: Lemos, 1997. p. 281-297.
SILVA, E.M; SILVA, S. F. As implicações da gestão do trabalho no SUS: um olhar do gestor local.
Caderno RH em Saúde, Brasília, v.2, n.3, p. 49-58, 2008.
TOBAR, F. et al. Como fazer teses em saúde pública: conselhos e ideias para formular
projetos e redigir teses e informes de pesquisa. Rio de Janeiro: FIOCRUZ, 2001.
157
AS RELAÇÕES INTERPESSOAIS ENTRE OS PROFISSIONAIS
DE UMA UNIDADE DE SAÚDE DA FAMÍLIA, NO DISTRITO
SANITÁRIO IV, MUNICÍPIO DO RECIFE
RESUMO
Análise e reflexão sobre os diversos entraves e dificuldades apresenta-
dos nas relações interpessoais entre as equipes de uma Unidade de Saúde
da Família (USF) no Distrito Sanitário IV, município do Recife. Ressalta
a importância dessas relações, bem como os fatores que influenciam a
interação não apenas entre os profissionais, mas também entre a equipe
e a comunidade para subsidiar um plano diagnóstico de intervenção base-
ado na perspectiva da integralidade das ações, considerando a concepção
do papel de cada profissional como membro integrante da equipe. Este
estudo possui uma abordagem qualitativa de caráter descritivo-analítico,
cujos participantes foram os profissionais de saúde inseridos nas equi-
pes avaliadas. Resultados: Embora os profissionais tenham ressaltado a
importância do caráter interdisciplinar, suas representações indicam que
eles desenvolvem basicamente trabalhos isolados e ações fragmentadas e
valorizam a participação de diferentes profissões/profissionais no interior
da equipe. No entanto, suas representações não são reveladoras da interação
entre seus saberes. Foi constatado que em nenhum momento foram feitas
referências ao saber da comunidade, o que demonstra a falta de integração
no sentido de planejar ações em conjunto, excluindo-se os usuários como
sujeitos ativos e participantes do seu próprio processo de saúde-doença.
Foi mais destacado e valorizado o conhecimento formal/acadêmico. Com
base nesse pressuposto, as discussões acerca da interdisciplinaridade no
contexto do Programa de Saúde da Família são de fundamental importância
para provocar mudanças no perfil dos diversos profissionais envolvidos no
processo, uma vez que o trabalho em equipe implica atividade coletiva, em
que cada membro coloca seus conhecimentos, sentimentos e expectativas
em função de um objetivo comum.
158
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ABSTRACT
Analysis and reflection on the various obstacles and difficulties presented
in interpersonal relationships among the teams of the Family Health Unit
(USF) in the IV Health District, city of Recife. Emphasizes the importance
of these relationships and the factors that influence the interaction not
only among professionals but also between the team and the community
to support a diagnosis intervention plan based on the perspective of inte-
grated care, considering the conception of the role of each professional as a
member of the team. This study has a qualitative approach to descriptive and
analytical character, whose participants were health professionals inserted
in the evaluated teams. Results: Although professionals have emphasized
the importance of interdisciplinary character, its representations indicate
that they basically develop work isolated and fragmented actions and value
the participation of different professions / professionals within the team.
However, its representations are not revealing the interaction between their
knowledge. It has been found that at no time references were made to
know the community, demonstrating the lack of integration in order to plan
actions together, excluding the users as active subjects and participants of
their own process of health and illness. It was most prominent and valued
the formal / academic knowledge. On that basis, the discussions of interdis-
ciplinarity in the context of the Family Health Program are of fundamental
importance to bring about change in the profile of the various professionals
involved in the process, since teamwork implies collective activity, where
each member puts their knowledge, feelings and expectations due to a
common goal.
1. INTRODUÇÃO
Enfoca-se aqui a importância de um projeto coletivo, em que a atenção
da equipe deve estar centrada na produção de cuidados, de uma assistência
preventiva, e não só de procedimentos clínicos, baseada numa política de
assistência à saúde que vise ao bem-estar físico, mental e social da população.
159
o trabalho focar no objetivo comum do grupo, a inter-relação dos saberes e
as boas relações interpessoais.
2. METODOLOGIA
Pesquisa qualitativa, baseada em dados secundários de caráter descriti-
vo-analítico, com análise por categorias.
3. CONTEÚDO DO ESTUDO
Dentre os profissionais envolvidos neste estudo, a maioria era do sexo
feminino, jovens com nível de escolaridade médio/técnico.
160
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161
da assistência, facilitando as ações multiprofissionais, e que busquem sua
eficácia pela importância da franqueza, autenticidade, respeito mútuo e
confiança que ela proporciona nas relações interpessoais.
162
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[...] A estrutura deixa a desejar, afinal somos duas equipes bem distribuídas
nas salas, mas também comportamos os residentes, médicos e estudantes, o
que deixa a estrutura e o atendimento comprometidos [...] (T E2).
[...] A falta de material, entre eles, fardamento, bolsa e protetor solar, equi-
pamento para a época das chuvas prejudicando nosso trabalho [...] (ACS7).
[...] O principal problema a respeito dos usuários não é dos usuários, e sim
dos profissionais. A falta do olhar de compreensão da realidade do outro que
chega com um problema é que gera os conflitos com os usuários [...] (M2).
[...] Pela própria natureza do nosso trabalho, muito próximo dos usuários,
podem ocorrer alguns confrontos, mas são contornados. O que chama a aten-
ção é a pouca participação da comunidade nas reuniões com a equipe [...] (D).
163
A relação entre os profissionais de saúde e o Distrito Sanitário IV foi
reconhecida pela maioria dos profissionais como um tanto prejudicada no
que se refere às respostas às solicitações, tais como demora e a falta de
resolutividade por parte da gestão aos problemas e necessidades da unidade.
[...] Certa lentidão nas resoluções, falta de autoridade para com algumas
solicitações [...] (TE2).
[...] Gosto do que faço, foi minha escolha profissional. Meu trabalho traz
retorno não apenas financeiro, mas afetivo e ideológico [...] (M2).
[...] Gosto das minhas atividades, porém poderia ficar mais satisfeita
se as equipes chegassem mais juntas e se envolvessem mais com a saúde
bucal [...] (TSB).
[...] Amo o que faço, porque lido com pessoas, entrego-me ao máximo
para orientá-las em como prevenir em relação à sua saúde. Procuro ajudar
o próximo [...] (ACS11).
164
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[...] Estou desenvolvendo a Síndrome do túnel de carpo por ter que fazer
rolinhos de algodão [...] (TSB).
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O trabalho em equipe, no contexto do PSF, ganha uma nova dimensão no
sentido da divisão de responsabilidades do cuidado entre os membros da
equipe, pois todos participam com suas especificidades, contribuindo para
a qualidade dos serviços de saúde prestados à comunidade.
165
participação de diferentes profissões/profissionais no interior da equipe.
No entanto, suas representações não são reveladoras da interação entre
seus saberes. Apesar de a formação de profissionais do PSF estar voltada
para a atuação coletiva, considerando o usuário em sua integralidade, em
seu contexto familiar, com suas condições de saneamento, com sua história
de vida etc., os profissionais que atuam no cotidiano dos PSF investigados
trabalham dentro de uma concepção, na qual se prioriza a abordagem
individual e curativa, sem serem enfatizadas as atividades de promoção e
prevenção como preconizadas pelo programa.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
ARAÚJO, M. F. S. et al. A Atuação do Enfermeiro na Equipe de Saúde da Família e a Satisfação
Profissional. CAOS: Revista Eletrônica de Ciências Sociais, João Pessoa, n. 14, p. 3 – 14, set.
2009. Disponível em: <www.cchla.ufpb.br/caos>. Acesso em mar. 2011.
BRASIL. Secretaria de Atenção à Saúde. Acolhimento nas Práticas de produção da saúde. 2. ed.
Brasília, DF, ed. Ministério da Saúde, 2009.
166
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RESUMO
As mudanças no campo do trabalho e as imposições da reforma admi-
nistrativa do Estado nos anos de 1990 estabeleceram a necessidade de
modernizar os processos de gestão dos serviços públicos de saúde. As orga-
nizações públicas e privadas de quaisquer tipos ou naturezas utilizam-se
do processo decisório para alcançar os resultados desejados pela sociedade
e garantir suas missões. O sistema de informação é uma ferramenta que
proporciona ao gestor um caminho mais seguro para suprir algumas das
necessidades colocadas desde então. Este trabalho analisa os programas
de informação de recursos humanos da Secretaria de Saúde do Estado de
Pernambuco. Trata-se de um estudo descritivo realizado por meio de aná-
lise documental. Identificou-se que: a Diretoria de Gestão do Trabalho/SES
utiliza vários programas de informação para obter relatório a respeito de
sua força de trabalho, o que aponta para a necessidade de um sistema de
informação que facilite a administração e gerenciamento na área de Gestão
de Recursos Humanos.
ABSTRACT
The changes in the field of work and taxes of the State administrative
reform in the ‘90s raised the need to modernize the management processes
of public health. The public and private organizations of any kind or nature
are used in decision making to achieve the results desired by society and
to ensure their missions. The information system is a tool that gives the
manager a safer way to meet some of the requirements placed since. The
167
present work aims to make an approach to the issue of information as a stra-
tegic resource for Work Management in Health and Education For that, we
analyze the information programs of Human Resources Secretary of Health
of the State of Pernambuco. The results point to the fact that the Board of
Management of Work / SES uses several programs to obtain information
report of its work force, which affects the need for an information system
that facilitates the administration and management in the area of Human
Resources Management.
1. INTRODUÇÃO
A implantação de novos modelos assistenciais baseados na universali-
dade, equidade, integralidade e participação popular vêm exigindo maior
capacidade institucional das Secretarias de Saúde nas diferentes esferas.
168
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2. METODOLOGIA
Trata-se de um estudo descritivo, com abordagem qualitativa, realizado
por meio de análise documental (GIL , 2010; TOBAR , 2001). Nele descreve-
ram-se os programas de informação utilizados pela SEGTES da SES/PE .
169
3. CONTEÚDO DO ESTUDO
A Secretaria Executiva de Gestão do Trabalho e Educação em Saúde
(SEGTES), criada em dezembro de 2008, é composta da Diretoria-Geral de
Gestão do Trabalho –subdividida em três gerências: Gerência de Políticas
e Regulação do Trabalho, Gerência de Relações do Trabalho e Gestão de
Inquéritos; Gerência de Administração de Pessoas (GAP) – e da Diretoria-
-Geral de Educação em Saúde.
170
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171
3.4 Sistema do Concurso (Siscon)
Criado em 2004 para facilitar a gestão de concursos, o Siscon é utili-
zado também para a emissão de laudos médicos, contratos e memorandos
de apresentação.
4. DISCUSSÃO
Os resultados obtidos no presente estudo vão ao encontro de outros já
realizados sobre a informação como recurso estratégico na gestão.
172
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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo se deteve aos programas de informação utilizados pela
SEGTES para obter dados referentes aos servidores da Secretaria de Saúde
do Estado de Pernambuco.
173
O problema das divergências de informações é discutido desde o início
da implantação do SADRH , uma vez que o programa não era utilizado em
sua totalidade, sendo necessário criar outros programas para dar suporte
à emissão de relatórios solicitados à SEGETS. Os programas de informação
de forma geral apresentam: falta de diálogo entre si, informação de forma
fragmentada e lacunas na alimentação.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, M. F. Descentralização de sistema de informações e o uso das informações a nível municipal.
Informe Epidemiológico do SUS, Brasília, DF, v.7, n.3, p.27-33, jul.- set.1998.
BRANCO, M.A.F. Sistemas de informação em saúde local. Cadernos de Saúde Pública, Rio de
Janeiro, v. 12, n. 2, p. 267-270, abr./jun.1996.
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 5. Ed. São Paulo: Atlas, 2010. p. 25-69.
GUIMARÃES, E. M. P. Sistema de informação: instrumento para tomada de decisão no exercício da
gerência. Ciência da informação, Brasília, v.33, n. 1, p. 72-80, jan-abr. 2004.
LIMA, C. R. A. Revisão das dimensões de qualidade dos dados e métodos aplicados na avaliação dos
sistemas de informação em saúde. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 25, n. 10, p.
2095-2109, out. 2009.
PIERANTONI, C. R. et al. Recursos Humanos e gestão do trabalho em saúde: da teoria para a prática.
In: OPAS - ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DE SAÚDE. Observatório de recursos humanos em
saúde no Brasil: estudos e análises. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2004. p. 51-80.
TOBAR, F. et al. Como fazer teses em saúde pública: conselhos e idéias para formular
projetos e redigir teses e informes de pesquisa. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2001, p. 21-81.
174
G E S TÃ O D O T R A B A L H O E D A E D U C A Ç Ã O N A S A Ú D E – u m a a b o r d a g e m d o s g e s t o r e s d a á r e a
RESUMO
O trabalho apresenta uma proposta de Implantação da Sala de Situação
e Matriz de Monitoramento da Diretoria-Geral de Gestão do Trabalho da
Secretaria de Saúde do Recife. Parte-se do pressuposto que o planejamento
estratégico garante ao gestor maior possibilidade de acerto na tomada de
decisão, com o intuito de garantir ao cidadão mais qualidade nos serviços
ofertados e ao profissional melhor condição de trabalho. A Sala de Situação,
a ser implantada nessa diretoria, tem o propósito de elencar os problemas,
avaliar situações passadas e presentes e, ainda, propor soluções calculando
impactos/situações futuras. A partir desse mapa de informações e visões,
o gestor terá subsídios para antever situações por meio do planejamento
futuro, evitando surpresas e crises insolúveis.
ABSTRACT
The present work is an Intervention Plan, in view of the Situation Room
of the Implementation and Monitoring Matrix of the General Directorate
of Labor Management Health Department of Recife. Assuming that the
strategic planning manager to ensure a greater chance of success in decision
making in order to assure citizens a greater quality of services offered and
the professional a better working condition. (Moraes, 1994) Therefore it is
proposed the creation of the Working Group to examine the basis of the
Monitoring Matrix, suggested this plan, defining the responsible for the
information / sources and time required to supply data / information. For
DGGT Monitoring Matrix will serve as a collection of information, indicators
periodically fed by a specific Working Group, and analyzed to support the
manager in decision making. The new tools of information systems in health
53 Graduada em História, Especialista em Gestão do Trabalho e Educação na Saúde pelo CP qAM /Fiocruz.
54 Terapeuta Ocupacional, Doutoranda em Saúde Pública pelo Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães/Fundação Oswaldo
Cruz. E-mail: cinthiakalyne@yahoo.com.br
175
aligned to the new participatory management model manager to drive the
new models of government, within this new proposal is the Situation Room,
which will have the Matrix as an important monitoring tool. The Situation
Room, to be deployed in this Board has the intention to list the problems,
evaluate past situations also assess the present situation and also to list
proposed solutions calculating impacts / future situations. From this map of
information and views, the grants manager will have to anticipate situations,
planning ahead, avoiding surprises and insoluble crises.
1. INTRODUÇÃO
O processo histórico de implantação do Sistema Único de Saúde foi
acompanhado pela chamada revolução tecnológica, responsável pela
informatização mundial. Esse fato implicou inovações na tecnologia da
informação e na construção de sistemas de informação importantes para o
setor público e de saúde, o que tornou potencial o apoio ao gestor na tomada
de decisões e na implementação das políticas (MORAES, 1994).
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3. CONTEÚDO DO ESTUDO
A área de Política, Planejamento e Gestão em Saúde é aquela que, no
âmbito da saúde coletiva, expressa com mais clareza a dupla dimensão
(saber e práticas) do campo, ou seja, o conhecimento produzido responde
a problemas e desafios colocados pelos sujeitos em sua ação política em
determinados contextos históricos.
177
detectadas, na intenção de fomentar a melhoria dos sistemas de informa-
ções em saúde. Permitir a observância dos resultados concretos da aplicação
das políticas públicas de saúde é parte dos alcances que as diversas experi-
ências em Sala de Situação em Saúde vêm mostrando em vários locais do
país. (OPAS, 2010).
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oficial de dados sobre RH que a DGGT dispõe é o CONSISTRH, mas ele não
é exclusivo da saúde, sendo sua gestão de responsabilidade da Secretaria
de Administração. Esse sistema congrega dados relativos a todos os traba-
lhadores municipais que dispõem de matrícula e contém informações que
agregam dados profissionais, pessoais, funcionais e administrativos dos
trabalhadores. O sistema possibilita acessar informações relacionadas à:
Gestão de Pessoas (cadastro, promoções/transferências, frequência, férias,
reajuste salarial, afastamento, rescisão de contrato, tempo de serviço,
licença-prêmio, gratificação de função, estabilidade); Gestão da Folha de
Pagamento (pagamento de empregado, lançamentos, reajuste de verbas
fixas); Gestão dos Benefícios (convênios, benefícios, vale-transporte).
Algumas informações, como Gestão de Recursos Humanos, Gestão dos
Sistemas, Gestão de Tabelas, Gestão de Informação, Gestão de Funções
Legais, Gestão de Segurança e Medicina do Trabalho, são de acesso restrito
e só podem ser acessadas mediante autorização do órgão responsável.
179
Reuniões do CIES. Observou-se também o processo de trabalho, dados
produzidos e informações necessárias para as atividades cotidianas; além
das demandas oriundas das outras secretarias e do Gabinete da SMS/Recife.
180
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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Plano de Intervenção aqui proposto tem como objetivo específico a
Implantação da Sala de Situação e Proposta de Matriz de Monitoramento,
tendo em vista a qualificação da gestão com o propósito de atender aos
anseios da população recifense.
181
Mesa de Negociação Setorial da Secretaria Municipal de Saúde (MNS -SMS),
bem como poderão contribuir, ainda, com a implementação do Plano de
Cargos e Carreiras e Vencimentos dessa diretoria.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL, Ministério da Saúde, SGTES. Gestão do Trabalho e da Regulação Profissional em Saúde.
PROGESUS (encarte). Brasília – DF, 2010.
182
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RESUMO
Trata-se de um estudo qualitativo, descritivo, longitudinal, que teve por
objetivo analisar a implementação da Política de Gestão do Trabalho do
município do Recife, de 2002 a 2009. Seu referencial foi a Política Nacional
de Gestão do Trabalho. O estudo ocorreu na Secretaria de Saúde do muni-
cípio de Recife, na Diretoria-Geral de Gestão do Trabalho (DGGT). Os dados
foram coletados dos Planos Municipais e Relatórios Anuais de Gestão, nos
tópicos referentes à Gestão do Trabalho, e analisados comparando suas prio-
ridades em relação às diretrizes para a Gestão do Trabalho no SUS, contidas
no Pacto Pela Saúde: promoção e desenvolvimento de políticas de gestão do
trabalho; adoção de vínculos de trabalho que garantam os direitos sociais
e previdenciários dos trabalhadores da saúde; estabelecimento sempre que
possível de espaços de negociação permanente entre trabalhadores e ges-
tores; implementação e/ou reformulação dos Planos de Carreiras, Cargos e
Salários para o SUS. Os resultados demonstram que conhecer o desempenho
das políticas e ações de recursos humanos é fundamental para identificação
dos problemas, planejamento e acompanhamento da Gestão do Trabalho.
ABSTRACT
This is a qualitative study, descriptive, longitudinal study that aimed
to examine the implementation of the Labor Management Policy of the
municipality of Recife from 2002 to 2009, having as reference the National
55 Odontóloga. Mestranda em Saúde Pública – CP qAM /Fiocruz. Secretaria Estadual de Saúde - PE.
E-mail: vgds@hotmail.com
56 Médico. Doutor em Saúde Pública, Pesquisador do CP qAM /Fiocruz. E-mail: pedromiguel@cpqam.fiocruz.br
57 Fonoaudióloga, Doutoranda em Saúde Pública. CP qAM /Fiocruz. E-mail: cynthiabarboza@hotmail.com
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Labor Management. The study took place in the Department of Health of
the city of Recife, in the Office of Labor Management - DGGT, data were
collected from the Municipal Plans and Annual Reports Management on
topics related to the management of work and analyzed by comparing its
priorities in relation to the guidelines for the management of the work
contained in the SUS Pact for health: promotion and policy development
work management; adoption of work contracts that guarantee social rights
and welfare of health workers; establishment whenever possible spaces of
continuous negotiation between workers and managers; implementation
and / or reformulation of Plans Careers, Jobs and Salaries for SUS. The
results show that knowing the performance of the policies and actions of
human resources is critical to identifying problems, planning and monito-
ring of the Labor Management.
1. INTRODUÇÃO
O SUS, a partir do processo de descentralização e controle social, rumou
no caminho certo para uma reforma de estado que garantisse o direito
constitucional de saúde como um direito de todos e dever do Estado. Em
mais de uma década de implantação, diversas questões têm sido debatidas
em busca de soluções para avançar na implantação do sistema. A questão da
gestão de recursos humanos apresenta-se como um dos maiores nós críticos
desse processo. A cartilha – elaborada pelo Conselho Nacional de Saúde em
2005 – apresenta os Princípios e Diretrizes para a Gestão do Trabalho no
SUS (NOB/RH –SUS) e, em sua introdução, faz um diagnóstico dessa situa-
ção. Desde a institucionalização do Sistema Único de Saúde (SUS), a partir
da Constituição Federal de 1988, quatro pontos sobre a gestão têm sido
frequentemente realçados como fundamentais para sua implementação: a
descentralização, o financiamento, o controle social e a gestão do trabalho
(CONSELHO NACIONAL DE SAÚDE , 2005).
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2. METODOLOGIA
Trata-se de um estudo qualitativo, descritivo, longitudinal, realizado a
partir da análise documental dos Planos Municipais de Saúde e Relatórios
Anuais de Gestão no período de 2002 a 2009, nos aspectos referentes à
gestão do trabalho. O estudo ocorreu na Secretaria de Saúde do município
de Recife, na Diretoria-Geral de Gestão do Trabalho (DGGT). Para a coleta
dos dados, houve o levantamento de documentos do governo federal, que
representam a Política Nacional de Gestão do Trabalho em vigor, além do
levantamento dos Planos Municipais de Saúde 2002-2005, PMS 2006-2009
e dos Relatórios Anuais de Gestão de 2002 a 2009 do município do Recife,
nos tópicos referentes à gestão do trabalho. A análise da Política de Gestão
do Trabalho do município de Recife foi realizada comparando suas priori-
dades em relação às diretrizes para a Gestão do Trabalho no SUS, contidas
no Pacto Pela Saúde: promoção e desenvolvimento de políticas de gestão do
trabalho; adoção de vínculos de trabalho que garantam os direitos sociais
e previdenciários dos trabalhadores da saúde; estabelecimento sempre que
possível de espaços de negociação permanente entre trabalhadores e ges-
tores; implementação e/ou reformulação dos Planos de Carreiras, Cargos
e Salários para o SUS.
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3. CONTEÚDO DO ESTUDO
Os resultados apresentados a seguir têm por base quatro eixos da gestão
do trabalho. São eles:
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3 - Estabelecimento sempre que possível de Espaços de
Negociação Permanente entre Trabalhadores e Gestores
Vale destacar que, no município do Recife, o processo de negociação
coletiva teve início em 2001, a partir da instalação da Mesa Municipal de
Negociação, coordenada pela Secretaria de Administração. Na Secretaria
de Saúde, esse processo só passou a ser implementado oficialmente a
partir de 2008, após a instituição da Mesa de Negociação Setorial da
Saúde do Recife pela Portaria GAB/SS/PCR n. 193, de 29 de dezembro de
2007, com sua composição designada pela Portaria n. 033/08-GAB/SS, de
11 de março de 2008. Pela referida portaria, oito categorias profissionais
estavam representadas na Mesa de Negociação Setorial da Saúde, e, em
2010, participaram desse processo 19 entidades representativas das
categorias profissionais.
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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com base no estudo, pode-se concluir que, a respeito dos Planos Muni-
cipais de Saúde, nem sempre tudo o que está previsto nesses planos é de
fato realizado ou apontado como tal nos Relatórios Anuais de Gestão. Em
relação ao Plano de Cargos, Carreiras e Salários, houve um avanço quando
de sua implantação. A Mesa Setorial de Negociação foi uma conquista da
Secretaria de Saúde, pois, a partir de 2004, possibilitou o uso de espaços
de negociação. Destaca-se que o momento atual é de realização de estra-
tégias envolvendo gestores, empregadores e trabalhadores em um fórum
privilegiado de discussão das questões relativas ao SUS. Tais questões
impactam na qualidade dos serviços prestados e valorização dos traba-
lhadores, sendo a Secretaria de Saúde indutora de mudanças no campo da
Gestão do Trabalho, a partir das negociações realizadas. Um ganho impor-
tante em relação aos vínculos de trabalho foi a regularização/efetivação
dos vínculos dos Agentes Comunitários de Saúde e Agentes de Saúde
Ambiental, apontando-se assim para a valorização desses trabalhadores.
Observa-se o encaminhamento de uma política de desprecarização dos
vínculos empregatícios a partir da realização de três concursos públicos
no período estudado. Nesse cenário, conhecer o desempenho das políticas
e ações de recursos humanos é, portanto, fundamental para identificação
dos problemas, planejamento e acompanhamento da Gestão do Trabalho,
assim como a continuidade de estudos que ofereçam instrumentos de
reflexão e atuação para os interessados no tema. Isso porque a gestão do
trabalho ainda é pouco discutida na literatura disponível ao considerar os
assuntos tratados nesta análise.
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5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRAGA, D. G. Conflitos, eficiência e democracia na gestão pública. Rio de Janeiro: Fiocruz, 1998.
BRASIL. Ministério da Saúde. Gestão do Trabalho em Saúde.Brasília, DF, 2010a. Disponível em:
http://portal.saude.gov.br/portal/saude/profissional/area.cfm?id_area=1013 Acesso em: out. 2010.
CONSELHO NACIONAL DE SAÚDE.Resolução nº 52, de 6 maio de 1993. Institui uma mesa nacional de
negociação com o objetivo de estabelecer um fórum permanente de negociação entre empregadores
e trabalhadores do Sistema Único de Saúde sobre todos os pontos pertinentes à força de trabalho em
saúde. Diário Oficial [da República Federativa do Brasil], Poder Executivo, Brasília, DF, p. 7.041,
26 maio 1993.
RECIFE. Lei 16.959, de 4 de fevereiro de 2004. Institui o Grupo Ocupacional Saúde da Administração
Direta do Município do Recife e cria o respectivo Plano de Cargos, Carreiras e Vencimentos do quadro
efetivo de pessoal. Diário Oficial do Município, Recife, 5 fev. 2004.
RECIFE. Secretaria Municipal de Saúde. Plano Municipal de Saúde 2006-2009. Recife Saudável:
Inclusão Social e Qualidade no SUS. Recife, 2005.
190
COLOFON DO LIVRO