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Agremiação Página
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G.R.E.S.
UNIDOS DO
PORTO DA PEDRA
PRESIDENTE
Fabrício Montibelo
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“Lunário Perpétuo: A
Profética do Saber Popular”
Carnavalesco
Mauro Quintaes
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Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos do Porto da Pedra – Carnaval 2024
FICHA TÉCNICA
Enredo
Enredo
Lunário Perpétuo: A Profética do Saber Popular
Carnavalesco
Mauro Quintaes
Autor(es) do Enredo
Diego Araújo e Mauro Quintaes
Autor(es) da Sinopse do Enredo
Diego Araújo
Elaborador(es) do Roteiro do Desfile
Diego Araújo e Mauro Quintaes
Ano da Páginas
Livro Autor Editora
Edição Consultadas
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Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos do Porto da Pedra – Carnaval 2024
FICHA TÉCNICA
Enredo
Ano da Páginas
Livro Autor Editora
Edição Consultadas
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FICHA TÉCNICA
Enredo
Ano da Páginas
Livro Autor Editora
Edição Consultadas
Mauro Quintaes, carnavalesco. Iniciou sua carreira no Carnaval no ano de 1984 sendo assistente
de carnavalescos como Max Lopes e Joãozinho Trinta. Em 1995 estreia na função pelo G.R.E.S.
Caprichosos de Pilares no Grupo Especial e pelo G.R.E.S. Unidos do Porto da Pedra no Grupo de
Acesso A onde levou a escola ao principal grupo de desfiles no ano seguinte, e em 1997, com um
grande desfile sobre a loucura consagra a vermelho e branco de São Gonçalo entre as cinco
melhores daquele carnaval, e após mais de duas décadas, o artista retorna ao posto de carnavalesco
do G.R.E.S. Unidos do Porto da Pedra quando repete o feito de 1995, e outra vez, leva a escola a o
Grupo Especial com o enredo “A Invenção da Amazônia”, consagrando-se grande campeão da Série
Ouro 2023. Para o Carnaval de 2024 está responsável pela criação e coordenação da equipe que
trabalha a criação do enredo “Lunário Perpétuo: A Profética do Saber Popular”.
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Enredo
Diego Araújo, enredista. Iniciou sua carreira no carnaval na harmonia do G.R.E.S. União de
Jacarepaguá em 2010, no Carnaval 2011 foi um dos integrantes do Departamento Jovem e Cultural
comandado por Elisa Fernandes. Foi também em 2011, na cidade de Três Rios/RJ, através do G.R.E.S.
Bom das Bocas, que inicia sua trajetória como enredista assinando pesquisa, argumentação e texto, livro
abre-alas e sagrando-se campeão. Nos carnavais de 2013 e 2014 assina pesquisa, texto e o livro abre-
alas de “Negra, Pérola Mulher” e “Batuk” pelo G.R.E.S.E. Império da Tijuca.
Em 2023 chega ao G.R.E.S. Unidos do Porto da Pedra como integrante da equipe de criação do
Carnavalesco Mauro Quintaes sendo responsável pela pesquisa, texto e composição do livro abre-alas
do enredo “A Invenção da Amazônia” que rendeu o título para a agremiação e o prêmio SRZD de
Melhor Enredo da Série Ouro 2023. Para o Carnaval de 2024 continua responsável pelas mesmas
funções dentro da equipe de criação do enredo “Lunário Perpétuo: A Profética do Saber Popular”.
Em sua carreira acumula passagens por escolas como Em Cima da Hora, Unidos de Bangu, Alegria da
Zona Sul e Acadêmicos do Sossego. Em São Paulo pelas escolas Império de Casa Verde, Nenê de Vila
Matilde e Dom Bosco de Itaquera. Também tem passagens pelas escolas Imperatriz Dona Leopoldina e
Imperatriz Leopoldense em Porto Alegre/RS; Mocidade Independente da Nova Corumbá em
Corumbá/MS; Brasil, Sangue Jovem, Mocidade Dependente do Samba, Real Mocidade Santista e
Mocidade Amazonense em Santos/SP.
O G.R.E.S. Unidos do Porto da Pedra, através do carnavalesco Mauro Quintaes e do enredista Diego
Araújo, agradecem a inestimável contribuição de Antônio Nóbrega para a construção deste enredo.
Saudamos também Bráulio Tavares, Ariano Suassuna, Lourival Oliveira, Pixinguinha, Antônio
Sapateiro, Antônio José Madureira, Levino Gerreira e Wilson freire que dividem os créditos das
composições que formam o espetáculo/CD “Lunário Perpétuo” que é parte da inspiração deste carnaval
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Enredo
3. Referências Musicais
A folia no mundo – Um carnaval dos carnavais (Billy Boy, Cesar Reis e Elio Sabino)
No reino da folia, cada louco com sua mania (Vadinho, Carlinhos e Pinto)
O rei e o palhaço - (Bráulio Tavares, Antônio Nóbrega)
Ponteio acutilado - (Antônio Nóbrega)
Romance da filha do imperador do Brasil - (Ariano Suassuna, Antônio Nóbrega)
Carrossel do destino - (Bráulio Tavares, Antônio Nóbrega)
Romance da Nau Catarineta - (Toadas populares, Romance tradicional recriado por Ariano
Suassuna)
Canjiquinha - (Lourival Oliveira)
A morte do Touro Mão de Pau - (Ariano Suassuna, Antônio Nóbrega)
Pagão - (Pixinguinha)
Excelência - (Toadas populares, Recriação literária de Ariano Suassuna)
Meu foguete brasileiro - (Bráulio Tavares, Antônio Nóbrega)
Luzia no frevo - (Antonio Sapateiro)
Delírio - (Antonio José Madureira)
Lágrimas de um folião - (Levino Ferreira)
Romance de Riobaldo e Diadorim - (Wilson Freire, Antônio Nóbrega)
Lunário Perpétuo - (Bráulio Tavares, Wilson Freire, Antônio Nóbrega)
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Enredo
Outras informações julgadas necessárias
4. Prelúdio ao Enredo
O G.R.E.S. Unidos do Porto da Pedra saúda a todos desejando um excelente carnaval. Para
o desfile no ano de 2024 apresentaremos o enredo “Lunário Perpétuo: A Profética do Saber
Popular” que foi desenvolvido pelo carnavalesco Mauro Quintaes e o enredista Diego Araújo.
Nas próximas linhas vocês serão presenteados com textos que, de forma singular,
demonstram o poder da sabedoria popular e do Lunário Perpétuo. Todos eles são parte das
pesquisas, encontros, trocas e vivências que nos permitiram criar o enredo deste Carnaval.
Acreditamos que, antes de nós – artistas do carnaval carioca – nos posicionarmos como vozes do
“saber-fazer” artístico dos desfile de escola de samba, este também deve ser um espaço para estreitar
pontes com quem perpetua os saberes populares e estuda a sua continuidade.
Nos entendemos como parte desse processo enquanto escola de samba que tem a missão de
levar conhecimento a todos, e por isso, buscamos nos unir a outras vozes para amplificar a
potencialidade da nossa missão e do trabalho pensado, escrito e executado por inúmeras pessoas
que sonham esse sonho especial junto ao pavilhão vermelho e branco.
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Enredo
Outras informações julgadas necessárias
Uma mulher. Um desejo. Um boi. Morte e Ressurreição. Sim, estamos falando da conhecida
história dos bumbás, onde Mãe Catirina, grávida, deseja a língua do boi preferido da fazenda, e
pede ao seu marido, Pai Francisco, que o consiga. Em meio a tensões, Pai Francisco mata o boi e
corta a sua língua. O casal foge, e começa aí uma incessante busca dos vaqueiros pelos escravizados,
ao mesmo tempo que acontece as tentativas do patrão em ressuscitar o boi preferido de sua filha, a
graciosa Sinhazinha. Capturados, Pai Francisco e Mãe Catirina esperam um castigo, mas são
perdoados, graças a euforia diante do ressurgimento do boi, que chega alegre e altaneiro, dominando
a atenção e transformando em festa, a velha fazenda.
Toda a sorte de informações sobre a mítica dos bumbás, nasce do mais elementar saber
popular que conhecemos: o desejo de uma mulher grávida por uma coisa inusitada, no caso, a língua
do mais bonito boi da fazenda, e o medo do Pai Francisco em ver o filho nascer com cara de língua
de boi, caso não saciasse o desejo de sua amada.
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Enredo
E assim nasce o Boi Caprichoso, de Parintins. Cada toada, cada voz, cada história contada, cada
traço do artista, embebido em cores e formas, faz despertar e renascer a estrela reluzente do boi do
povo, o boi da revolução, o boi de Parintins, o touro negro da América: o Boi Caprichoso. A
ancestralidade dos saberes de sua gênese, como os muitos saberes e fazeres de sua construção, são
forjados nos ensinamentos milenares de pescadores, costureiras, tacacazeiras, quilombolas, juteiros,
indígenas e ribeirinhos, artistas detentores do “lunário perpétuo” das tradições populares
amazônicas, gente das barrancas, das águas e da floresta. Povo.
E agora, unimos nosso brado guerreiro ao “Lunário Perpétuo” do tigre de São Gonçalo, nessa
exaltação aos saberes populares das gentes brasileiras. Se o Boi Caprichoso é povo e tradição, com
a Porto da Pedra formamos um só corpo e um só espírito, um corpo-multidão, boi e tigre, arena e
avenida, teatro e procissão. Uma revolução ancestral...
No momento em que escrevo esse texto, ainda estou sob o impacto do Balaio de Oxum, ocorrido
dia 8 de dezembro, data em que o Amazonas celebra sua padroeira, Nossa Senhora da Conceição.
O povo negro, por aqui tantas vezes invisibilizado, utilizou-se de sua sabedoria comum para
subverter a colonização e o racismo. Não louvou a Mãe original do Cristo, pelo contrário,
deparando-se com rios amazônicos que em muito calungavam África, empreteceram
inteligentemente a “ordem católica”: aquilombaram a fé à Senhora dos Rios, das Águas Doces,
Mamãe Oxum. Ela, a “doce mãe das águas doces”, como um dia escrevi em canção louvando a
senhora da beleza, mais especificamente Oxum Opara, a qual alquimiza meu ori em amor.
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Enredo
Participar do Balaio me fez sentir a terra e sinestesiar as águas, enquanto levava flores nas
mãos. Como alguém do povo que sou, entre o louvor e a observação, algumas questões me
inquietaram: após séculos de escravidão, como aqueles tambores ainda rufavam? Em séculos de
colonização vigente, como aquela procissão de esperançosos rodantes não havia perdido a conexão
com a natureza? Depois de tantos anos de ideologia capitalista, como negros, brancos
empobrecidos, LGBTQIAPN+ e mulheres formaram aquele rio humano para pedir e agradecer?
É preciso olhar no abebé de Oxum. Sua dança atravessou o mar e nos reconectou com a
natureza: devemos refletir (sobre) o que vemos lá. Além da nossa imagem, o abebé inunda brilho.
Brilho também de Orun, o céu, que a Porto da Pedra veio trazer para este ano enquanto enredo,
ensinando o mesmo que Oxum, também festeira: o sagrado do chão que, no Carnaval, torna-se o
solo da Marquês de Sapucaí. A “deusa perfeita e infindável” anunciada por Krenak se torna fonte
de alegria e ressoa os mesmos instrumentos sagrados africanos que vi no Balaio, agora no pulsar
da Bateria.
Voltando ao Orun, a Porto da Pedra nos guia até a lua. Mamãe Oxum sussurra em forma de
intuição para mim: “essa escola pede que olhemos mais para o céu, porque de lá o povo fez
sabedoria comungada”. E assim o foi e vem sendo. Non plus ultra significa literalmente o ápice, o
apogeu. Tudo isso no contexto do almanaque, com os dias e meses do ano, e o lunário, que registra
esse mesmo tempo tendo a lua como marco. O Lunário Perpétuo mostra a força do saber da gente,
uma vez que era, à época de sua criação, talvez o único contato com a leitura que as camadas
populares tiveram acesso...
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FICHA TÉCNICA
Enredo
Outras informações julgadas necessárias
Adan Renê Pereira da Silva. Amazônida, doutor em Educação pela Universidade Federal
do Amazonas, compositor e Professor Adjunto da Universidade Federal do Amazonas. Do povo e
da sabedoria popular!
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FICHA TÉCNICA
Enredo
Outras informações julgadas necessárias
Segundo Câmara Cascudo, o Lunário Perpétuo, primeiro dos almanaques que antigamente se
usavam no Brasil, foi o livro mais lido nos sertões do Nordeste durante os séculos XVIII e XIX. Inscrito
na memória popular, mesmo para os que não sabiam ler, mas conheciam seus ensinamentos pela
transmissão oral, o Lunário seria o responsável, segundo Cascudo, “por muita frase curiosa, dita pelo
sertanejo, e que provém de clássicos dos séculos XVI, ou XVIII”. O autor do primeiro Lunário Perpétuo
foi Jerônimo Cortez, natural de Valença na Espanha que, como tantos outros seus contemporâneos, se
beneficiava da recente invenção de Gutemberg para publicar sua obra. Ela aparece em 1594, sob o longo
título de: Lunario perpetuo el qual contiene los llenos y coniunciones perpetuas de la Luna, declarando
si seran de tarde o de mañana. Con la prognosticacion natural, y general de los tiempos; y de los
effectos e inclinaciones naturales que causan los Signos y Planetas en los que nacen debaxo de sus
dominios. Finalmente contiene algunas electiones de medicina, navegacion y agricultura, sin otras
cosas de consideracion y provecho; con un regimiento de sanidad a la postre. Seguiram-se várias outras
edições espanholas até a publicação portuguesa lançada em 1703 pela tipografia de Miguel Menescal,
em tradução e adaptação de Antônio da Silva de Brito. Foi essa versão a que mais circulou no Brasil,
sofrendo ao longo do tempo várias modificações, como era de praxe na reedição anual dos almanaques.
O Lunário era uma espécie de bíblia que não podia faltar nas casas de famílias do interior e
trazia de um tudo em suas páginas: astrologia, calendários, vidas de santos, biografia de papas,
conhecimentos agrícolas, conselhos de veterinária, etc. Almanaques em geral, são publicações
populares anuais, que reúnem informações cientificas e astrológicas; receitas de remédios caseiros;
rezas-forte para espantar mau-olhado, orientações sobre plantio e colheita, conselhos para a vida prática
em geral, tudo junto e misturado. O Lunário, por exemplo, oferecia uma “Memória de Remédios
Universais para as Enfermidades Ordinárias”, além de conselhos sobre que “socorro a dar às pessoas
afogadas e asfixiadas”; sobre “os modos de descobrir as águas, ensinando como achar fontes desse
líquido precioso em diversos terrenos”; ou ainda o “processo para construir um relógio de sol” e como
“conhecer a hora pela posição das estrelas”.
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FICHA TÉCNICA
Enredo
Outras informações julgadas necessárias
Naturalmente que havia também algumas rezas que eram imbatíveis como a que se devia
dizer em latim a Santo Antônio de Lisboa. Era reza tão forte que quem a repetisse tinha meios de
não só achar “cousas perdidas” como também para se livrar de misérias, calamidades, da lepra e da
morte. Por meio dessa simples oração os enfermos recobravam a saúde e os necessitados
encontravam amparo. A reza era tão forte que a ela obedeciam: “o mar, os ventos e as tempestades”.
Nestes tempos de internet, de informação em tempo real; de facilidade de consulta aos livros
e receitas as mais difíceis; de serviços de meteorologia razoavelmente confiáveis em que, até mesmo
para os que ainda apostam na astrologia, tornou-se possível obter o mapa astral online, não haveria
lugar para o Lunário Perpétuo. Por isso a escolha desse livro como tema que a Porto da Pedra vai
levar para a Avenida em 2024 é uma escolha que remete a um tempo em que havia mais pensamento
mágico e mais esperança no futuro. Não sei se essa informação consta na internet, mas certamente
está lá no Lunário Perpétuo do valenciano Jerônimo Cortez que previu tudo sobre o assunto até o
futuro mais distante...
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HISTÓRICO DO ENREDO
“Lunário Perpétuo: A Profética do Saber Popular”
Sinopse do Enredo
Nascida da primazia da mística humana, elevação do espírito na plena harmonia do ser. Feito
toque de conhecimento: Alquimia! Pedra que incendeia! Encandeia! Aura sagrada e mistério de luz.
Para abrir as portas do futuro: Sabedoria. Elo da razão e do misticismo. Segredo dos segredos.
Do obscuro à claridade, um santo e alquimistas reunidos. Coisas dos homens, seus laboratórios,
invenções e rituais abençoados pelo divino.
Que em tantas-folhas transmuta: Lunário! Aos reinos e províncias um perpétuo guia. Forjado
para encerrar as trevas da consciência humana, foi perseguido e proibido. Renascido! À luz da ciência,
com um toque de ocultismo e feitiçaria. Conhecimento ou bruxaria? Na mítica popular, um pouco de
tudo, do tangível e do sobrenatural. Mistério do sopro da vida. “Quintessência” celestial supralunar.
Que atravessa o tempo, imortal...
Ao navegar por esses mares, espelho cristalino, mistérios que serpenteiam o mundo, infinito
como o próprio saber. E nesse vai e vem, no sobe e desce das marés, o lunário é testemunha da história,
clandestino, entre lusitanos esfarrapados ou nobres de fino trato.
Páginas que se misturaram à memória dos saberes indígenas e dos africanos acorrentados
trazidos para esta terra nem sempre gentil. Bugiganga. Quinquilharia. Tesouro achado, trocado,
herdado ou vendido pelos caixeiros viajantes. Artefato da gênese do saber popular brasileiro. Viu a
secura castigar o sertão e o sol arder feito chama de candeeiro. Viu gente que não acaba mais batendo
perna e levantando poeira. Fugindo da fome, da sede e da miséria.
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Vendo o homem simples olhar para o céu foi possível entender que nele existem outros
ensinamentos. Tá na boca do povo: Procure por Manoel! É o “Caboclo” afortunado que decifrou as
estrelas. Sabedoria matuta aprimorada com a velha literatura formando um novo arcabouço do
conhecimento.
Foi aí que o céu de Juazeiro do Norte traçou destinos e o “juízo do ano” foi apregoado em
folhetos. Devaneios astrológicos fundindo oralidade e escrita. Sortilégio na raiz da palavra, previsão
geral:
Marcado em tinta, a matriz do saber. Nos tacos riscados com buril estão os personagens destas
e de outras bandas do interior. Tá nas praças, feiras e enfeitam o varal de cordel: Magias da boa sorte,
bons auspícios, amores e o bem viver. Tudo isso abençoado pelo Padim Ciço e os arcanos astrais.
Imagine só...
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CABOCLO E SILVA. Manoel. O Juízo do Ano. 1970. Acróstico da previsão geral para o Nordeste.
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Que ao se enraizar com outro tanto de gente vai ensinar a cuidar do corpo e da alma!
Misturando as coisas do tempo dos antigos e a sabedoria do fundo do quintal. Tome nota, não perca a
receita!
Combatendo a pestilência trazida pelas pragas quem sufocam, onde demora a chegar a
academia, quem acode é o saber popular. Coisa boa para fazer o bem, bálsamo contra os malefícios.
Descarrega tudo que há de ruim! Auxílio para quem precisa! Caridade dos pobres de dinheiro, mas,
ricos em candura! Tem benzedor, erveira, parteira. Tem jeito para tudo!
Crença de cada um, acalanto compartilhado com todos. Tem erva de muitos nomes, santo de
casa e altar de oração. Semente que germina para virar banho, garrafada e defumação. Raiz forte e
folha verde para curar onde dói. É ensinança do velho livreto, é a simplicidade do viver. É infalível.
Abraço generoso, basta ter um bocado de fé. É bonito de se ver...
Recriar a arte de um país vivo para o povo se manifestar com ares de fidalguia. Onde bailam
os folguedos, porta-estandarte da cultura, vossas majestades são artistas da mais alta nobreza. Reis e
rainhas guardados pelos bons vaqueiros. Chapéu de couro, gibão e o alazão de companhia.
Flâmulas e brasões. A pintura, a música e a literatura. Reinará nos corações o “rei degolado
nas caatingas do sertão” e na “Pedra do Reino” estará o trono da sua volta e ascensão.
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Domínios de caetana, o próprio sol inclemente. Onde se escreve com ferro quente, Caetana é onça
brava, visão alada do porvir. Contações do inesquecível menestrel que vão...
Misturando outras histórias para se contar, cantar e dançar com um brincante que cria o seu
próprio lunário a partir das vivências e o saberes nordestinos. É o saber transpassando o tempo!
Ao palco do velho Marquês, onde desfilam os sonhos do povo, virão os versadores, cordelistas
e repentistas herdeiros de Louro do Pajeú. Junta toda essa gente, de São Gonçalo e do nordeste, no
coração festivo do Rio de Janeiro para celebrar os devaneios de Antônio Nóbrega!
Com as bênçãos da mãe de Deus! Ave-maria, estrela brilhante, guia do peregrino e honesta flor. Que
viaja em delírio e aventurança! A bordo da nau “catarineta” com a sua marujada navegante ou
voando com Tonheta e seu “foguete brasileiro”. Tem romance desse Brasil de misturas e
questionamentos, tem lanceiros do maracatu rural com suas lantejoulas coloridas e lanças a duelar.
Fascínio, odisseia e sentimento nas grandes veredas do sertão.
É o povo artista, é da rua, é do mundo. De tudo um pouco onde estão os versos que o poeta
escreveu, as cantigas que cantou, cinco ou seis coisas que sabe e outras tantas que ele esqueceu.
Ciranda da vida que vai girando em gerações sem ter fim. Vai tangendo a boiada das suas ideias que
se eternizam nas “lágrimas de um folião” que escreve o futuro desse país ainda mais genial e plural!
Vem, Antônio! E mostra que no esperançar de um novo tempo é assim que o lunário perpetua
sua missão. Feito livreto ou almanaque transformando pessoas. Curando e se manifestando em forma
de arte. Ultrapassando séculos e agora predestinando ao povo mais saber em forma de Carnaval. E
então...
Já fazem muitos séculos que a humanidade se envolve com a mística que desenvolveu saberes
primorosos. Alquimia! Que encontrou nos elementos da natureza a chave para a cura e salvação. Virou
filosofia, modo de viver. Transmutou valores e realizou a elevação espiritual do ser em harmonia.
É pedra que incendeia. Encandeia! Aura sagrada e mistério de luz. Alma em elevação, toque
de conhecimento. Foi assim que o intelecto humano se expandiu compreendendo as coisas desse
mundo e de outros criando uma ciência poderosa que legou à humanidade a chave que abriu as portas
do futuro.
Sabedoria! Para os alquimistas este sempre foi o elo que ligava razão e misticismo. Então
criou-se o segredo dos segredos, a linguagem oculta. Desde os tempos imemoriais quando o velho
sábio foi imortalizado em seu trono com os símbolos do saber eterno. Do obscuro à claridade,
conduzidos por São Tomás de Aquino. Coisa dos homens abençoada pelo divino com seus
laboratórios, invenções e rituais.
Neste cenário em que os homens ansiavam por saber surgiu o “Lunário Perpétuo”. Seu
delirante prognostico surgiu em 1594 pelas mãos de Jerónimo Cortés e aos habitantes dos reinos e
províncias do velho mundo legou conselhos, receitas e previsões. Os saberes, inicialmente ditados
pelas estrelas e a energia do cosmos, passavam a guiar o corpo e o espírito no caminho do cuidado e
do bem viver. Assim se deu o surgimento de um pequeno livreto mágico que foi compilado para
libertar das trevas a consciência humana, sendo perseguido e proibido. E renasceu! À luz da sabedoria,
com um toque de ocultismo e feitiçaria.
Conhecimento ou bruxaria? Loucura ou fascínio? Talvez um pouco de tudo isso! O que fez o
seu conteúdo atravessar séculos abarcando mais conhecimentos presentes na oralidade e vivências de
tantos homens e mulheres. Eis aqui o início da nossa profecia do saber! Com aquilo que se vê e toca
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Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos do Porto da Pedra – Carnaval 2024
ou manifesta o sobrenatural. Mistério que traz aos viventes o sopro da vida, “quintessência” do mundo
celestial supralunar. Que atravessa o próprio tempo, imortal...
Que outra vez refaz a sua importância ao navegar por um sem fim de mares que arrodeiam o
mundo, e nas lunações diversas, guarda em suas páginas os saberes das marés. Mistérios do espelho
cristalino ou que serpenteiam as profundezas. E nesse vai-e-vem vão se águas, a nossa história e
muita gente para o Brasil
Este país ainda menino recebeu e ouviu o que muitos tinham para contar entre os séculos para
começar a contar a sua própria história. O fluxo da imigração aumentava de forma considerável, entre
os esfarrapados da região do Minho que fugiam da pobreza e da fome, e depois, uma grande parcela
da elite portuguesa. Então o Lunário feito artefato de bagagem cruza o oceano com quem veio d’outros
cantos.
Deu-se cara a um Brasil onde de tudo um pouco se tinha ou sabia, mas, para as pinturas ou
páginas de livros só o europeu importava. Nessa trama de contrastes que de tudo um pouco misturava
se fez a gênese do saber popular brasileiro. Do encontro com os saberes, crenças, costumes e línguas
de indígenas que foram dizimados ou expulsos do seu lugar de origem, ou do tráfico de africanos, que
trouxe outros tantos saberes, crenças, costumes e línguas para cá. É o saber ganhando forma nesse
chão, entendendo as tantas memórias que a literatura esqueceu, mas, a oralidade sustentou viva,
costurando na transversal do tempo linear e histórico dessa pátria o ser e o saber brasileiro.
Tudo que aqui chegava, e tudo que aqui já estava, circulava com os caixeiros viajantes. Tudo
era passado a frente! Então, o pequeno livreto entraria em cena para mudar outra vez os rumos dessa
história. Virou artigo de venda e troca. Herança! Bugiganga, as vezes visto como um qualquer, e para
outros, virou tesouro. Seguiu por ai de encontro com um tanto de gente!
Espie só! Um dia aconteceu de uma grande seca castigar o sertão. A tormenta foi tamanha que
o sol fazia arder o cariri sem dó. Foi custoso, e então, o povo dessa terra enfadado de esperar amarrou
suas trouxas e foi-se embora fugindo da tormenta da miséria. Foram mais de 80 mil que se espalharam
por todos os cantos fugindo da fome e da sede pra tentar dar fim ao desespero!
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Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos do Porto da Pedra – Carnaval 2024
Para tentar a salvação muitos foram buscar nos múltiplos saberes uma forma de amenizar
aquele grande castigo.
Foi então que o Lunário Perpétuo embebedou homens e mulheres de novos saberes,
transformando uma gente simples em figuras místicas do sertão que viajavam longa distâncias. De
encontro ao povo mais simples, lendo a terra e os sinais de todos os elementos da natureza, os saberes
do lunário se fundem ao saber popular e surgem os “Profetas da Chuva”.
Eram coisas simples do dia a dia que formulavam os saberes. Veja bem! Se a florada da jurema
estivesse pra chegar era sinal que a chuva estava por chegar. Se tem bota pra fora no formigueiro,
haverá chuva, se o cupinzeiro estiver cheio, também é bom sinal. E no dia de São José, quando o verão
tá dando o lugar ao outono, se tem chuva haverá água no sertão, se não vier, a seca vai castigar.
Profética do sertão...
Que ensinou sobre as coisas da terra e seus saberes, e apontou que haveria no céu outros
ensinamentos. Eis o presságio dos astros! Que fez um homem simples decifrar a influência dos
diferentes corpos celestes sobre os seres terrestres.
O grande afortunado foi Manoel Caboclo e Silva que encontrou nas estrelas a previsão certa
para quem o procurava. A sabedoria matuta se alinhou aos conceitos literários do lunário e de outras
obras esotéricas formando um arcabouço de saber em que os devaneios astrológicos fundiam oralidade
e escrita, ciência e magia. Passado, presente e futuro rodando em folhetos que previam o “Juízo do
Ano”. É então que surgem os “almanaques de cordel”, que de forma singular, passam a exercer o
papel de divulgar práticas culturais, crenças tradicionais e os estudos astrais.
Foi então que, dia sim e no outro também, os céus de Juazeiro do Norte traçaram o sortilégio
de inúmeras pessoas. Caboclo também pensava na realidade dos seus semelhantes, os irmãos
sertanejos, e todo ano através de um pequeno acróstico com a palavra nordeste ele fazia previsões
gerais pra todo o sertão.
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Na “Casa dos Horóscopos” a boa sorte, os bons auspícios, amores e bem viver ganhavam
forma para tomar as praças e feiras em varais de cordel. Os tacos de xilogravura selavam nas folhas
“ditos e costumes populares” feito matriz de saber que se refazia nas mãos de um homem simples.
Personagens de Juazeiro e outras bandas do sertão se eternizavam na arte de Manoel Caboclo que
traçava nas linhas do seu almanaque tantos destinos, e veja só, abençoado por Padre Cícero Romão e
iluminado pelos arcanos celestes...
Imagine só! Essa profecia de saber traçada por um pequeno livreto já ensinou a ler os sinais
da natureza e o que tá lá na imensidão do céu. Se embolou com o povo, e se isso tudo não bastasse,
também ensinou a curar aflição do corpo e da alma. É de tudo um pouco, saber que não acaba.
É histórico que este país cresceu de forma desordenada aprofundando cada vez mais as
diferenças sociais onde o acesso a saúde e saneamento básico ficou cada vez mais precário, e em
muitos casos, não chegando a atingir a parcela da população que residia nos grandes interiores ou
zonas de pobreza.
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Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos do Porto da Pedra – Carnaval 2024
As pestilências da miséria trouxeram doenças para o corpo e para a alma, e para ser “doutor
da medicina” era preciso frequentar o banco da escola, coisa que era sabida, mas, não era para todos.
A medicina acadêmica avançou ao longo dos séculos aliada das múltiplas ciências, já os
cuidados da medicina popular encontraram no lunário perpétuo e nas vivências uma fonte de saberes
inestimável. Coisa boa pra fazer o bem, pra dar aos males uma cura.
Então a mistura de saberes, crendices e benfeitorias se agigantaram pelo agreste onde a vida
sempre foi severina. Se era precioso um auxílio, sem demora, tem por perto um benzedor, erveira ou
parteira e jeito pra quase tudo. Pra curar mordedura de bicho, fraqueza no corpo, dor nas costas e um
bocado mais de coisa. E não se esqueça de tomar nota da receita! Do preparo que tem que tem que
fazer é pelos quintais, nas bancadas ou nos mercados populares que você encontra essa porção de fé.
Tem de tudo um pouco, pra crença de cada um e pro saber de todos nós. Tem erva de nome
que nunca se ouviu, outras que guardam mistérios e aquelas que brotam atrás da sua casa. Semente
que germina na terra, vira banho, garrafada e defumação. Tem outro quê de magia e encantamento.
Tá escrito no velho livreto, tá vivo na boca do povo. Tem raiz forte, folha verde e flor de inúmeras
cores. Nessa receita de sabedoria popular você junta tudo isso com um bocado de fé e a receita é
infalível! É um abraço verdadeiro repleto de generosidade e caridade que aproxima a ciência e os
aconselhamentos de uma gente simples. É a cura do corpo e da alma pra fazer cumprir a profecia...
Êta lunário danado! As andanças seculares dos seus saberes se uniram com a nossa gente de
muitas formas. E essa busca por saber traz essa profecia para o campo da inspiração, e então, as raízes
medievais do pequeno livro inspiram Ariano Suassuna a criar o manifesto que dá vida ao “Movimento
Armorial” na década de 1970.
Era a vez dos folguedos populares do Nordeste serem reconhecidos como arte erudita
produzida pelas mãos da nossa gente.
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Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos do Porto da Pedra – Carnaval 2024
Essa riqueza poética e artística se interliga ao espírito mágico dos folhetins e livretos ibérios –
como o Lunário Perpétuo – e assim, forma, segundo Ventura (2007, p.32) “as mais puras e legítimas
manifestações culturais populares” com seus brasões, estandartes, e obviamente, o cortejo de vossas
majestades populares, homens anônimos e mulheres anônimas possuidores de uma nobreza única.
Para ilustrar visualmente a beleza da simbologia deste movimento popular, Gilvan Samico e
J. Borges criaram gravuras de lendas e animais fantásticos em forma de xilogravura que ilustraram
flâmulas e quadros. Já Ariano desenvolveu o abecedário do cariri a partir dos ferros sertanejos de
marcar bois, que em suas múltiplas formas estudadas, revelaram conexões com à astrologia, ao
zodíaco e alquimia. Esses ferros formavam tipografias familiares a partir de uma base imutável que
sofria acréscimos a partir do momento em que os herdeiros passavam a criar seus próprios bois. A
profecia em forma de movimento e manifesto...
Tantos séculos e saberes reunidos por um pequeno livreto que se tornaram uma imensidão de
tantas histórias entrecruzadas para se contar, e também, se cantar e dançar! Acredite só!
Essa profética do saber popular encontra um brincante que foi capaz de inventar o seu próprio
lunário perpétuo.
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Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos do Porto da Pedra – Carnaval 2024
Pouco mais de quatro séculos depois que o espanhol Jerónimo Cortés compila saberes
populares em seu livreto, no ano de 2002, o pernambucano Antônio Nóbrega formula um espetáculo
homônimo ao livro criado em 1594. É desta forma que o Lunário Perpétuo renasce nos tempos
contemporâneos pelas mãos de um artista que desde pequeno se deixou envolver pela beleza, poética
e verdade dos saberes populares.
Eis que a Marquês de Sapucaí, este palco popular, se ilumina para receber as fontes de
inspiração de Antônio! Chegam os cantadores do sertão! Versadores, cordelistas, repentistas herdeiros
de Mestre Louro do Pajeú, lá das bandas de São José do Egito. Eles chegam para o verso de improviso,
tomar as ruas e praças anunciando nesse coração festivo do Rio de Janeiro que o Nordeste, feito de
suor e lida, tem muito para mostrar ao mundo!
Nos devaneios do brincante Antônio as histórias fascinantes vão enfeitando essa avenida.
Primeiro! Eis a “Excelência” da mãe de Deus. O fervor da bênção, ave maria! Estrela brilhante, guia
do povo e honesta flor. Maria daqueles que a ti devotam fé, zelai o mundo! Depois anuncia a nau
“Catarineta” e sua marujada navegante. É o enfrentamento das tentações do “cabrunco”, salvos por
um anjo que lhes estendeu a mão.
Tem história de amor! Pra falar do “Romance de Riobaldo e Diadorim” nas grandes veredas
deste sertão do cangaço, a busca humana para entender e controlar os sentimentos. Retratos da
formação de um país de muitas misturas e questionamentos. E também o “Romance da filha do
imperador do Brasil” que se deixou encantar pelo valente vaqueiro. Trama do destino a paixão pelo
homem simples contra o orgulho excessivo ao renegar os “barões de capa e espada”.
A crítica social dança aos ventos no agitar dos canaviais. Em “O Rei e o Palhaço” o brincante
resgata as loas e toadas do maracatu rural contra o autoritarismo e opressão da vida dos canavieiros
que no Carnaval se enfeitam com seus bordados de lantejoulas coloridas, a lança e a dança bruta
enfrentando o coronel do engenho e seus desmandos.
Eis então o “Lunário Perpétuo de um Brincante”. Licença que vamos armar a lona! Onde estão
os versos que o poeta escreveu, as cantigas que cantou, cinco ou seis coisas que sabe e outras tantas
que ele esqueceu. É feito um rito de passagem, ciranda da vida. Ontem e hoje.
Amanhã e depois. É o tempo além do tempo. Presente e passado tangendo a boiadas das suas
ideias que vão se eternizar nesta noite de folia com os saberes do povo.
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Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos do Porto da Pedra – Carnaval 2024
É desta forma que o saber popular ultrapassa séculos: Ele nasce na fala, nas vivências e nas
memórias de homens e mulheres. Vira livreto, almanaque, transforma pessoas, cura o corpo, se
manifesta em forma de arte! E tudo isto renasce nos olhos, sorrisos e afetos da nossa gente!
O cumprir desta profecia se faz no esperançar de um novo tempo! De mais saber e folia “na
magia das cores, no rufar dos tambores”. É assim que “outra vez o tigre mostra as garras na
avenida” de volta ao seu lugar tão especial. Hoje a voz do povo gonçalense é voz do povo brasileiro!
Mauro Quintaes
Carnavalesco
Diego Araújo
Enredista
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JUSTIFICATIVA DO ENREDO
Saber! Filosoficamente é o verbo que reúne diversos conhecimentos para pensar, discutir,
refletir e ensinar sobre algo. Existem saberes que emergem do povo e este “saber popular” se
manifesta em práticas que marcam a identidade de uma comunidade, de parte ou do todo de uma
sociedade.
Alguns desses saberes populares foram transcritos para um pequeno livreto, e em 1594,
formaram o “Lunário Perpétuo” do astrônomo e naturalista espanhol Jerónimo Cortés. Este artefato
único, que surge em um cenário onde a alquimia tinha grande valor, ganhou notoriedade no velho
mundo servindo como conselheiro e orientador de homens e mulheres de forma esotérica, cultural e
social.
Com os anos o lunário compilou outros saberes, viajou o mundo, foi proibido e se refez. Aqui
no Brasil desembarcou no século XVIII com tradução de Antônio da Silva de Brito, e tempos depois,
lá pelas bandas do sertão, se tornou objeto precioso. Câmara Cascudo (2001. p. 534) bem disse que
ele “foi durante dois séculos o livro mais lido nos sertões do Nordeste, informador de ciências
complicadas [...]. Não existia autoridade maior [...]”.
O “prognóstico geral e particular para todos os reinos e províncias” do lunário se fundiu aos
saberes populares nordestinos fazendo surgir uma profética singular em busca da chuva. Também foi
base para o almanaque de um matuto que admirava as estrelas, ensinou a cuidar do corpo, inspirou
um movimento artístico e foi recriado por um eterno brincante. É o poder do saber!
Por entender a Avenida Marquês de Sapucaí como um grande palco onde o povo é soberano,
o Grêmio Recreativo Escola de Samba Unidos do Porto da Pedra, com distinta sapiência, celebra o
saber popular utilizando o “Lunário Perpétuo”, seus ensinamentos e desdobramentos, como guia
precioso do enredo do Carnaval 2024.
Encontramos esta história guardada feito tesouro nas faces, nas vozes e na singularidade de
nosso país. É a nossa profética para o “esperançar” de um Brasil mais brasileiro. É alquimia, sertão,
sol e lua, viola e rabeca. É o nosso...
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Mauro Quintaes
Carnavalesco
Diego Araújo
Enredista
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ROTEIRO DO DESFILE
ABERTURA – ALQUIMIA DOS SABERES
Comissão de Frente
A BUSCA INCESSANTE DO SABER
ELEMENTO CÊNICO
EM ALGUM LUGAR DO PASSADO
Pede-Passagem
“SIMBOLOGIA DO PODER”
Ala 02 - Baianas
ELEMENTAIS DA VIDA
Destaque de Chão
Giovana Cordeiro
PEDRA FILOSOFAL
Alegoria 01
“ALQUIMIA DOS SABERES”
Ala 03 - Comunidade
MAR DE MISTÉRIOS
Ala 04 - Comunidade
CONSELHEIRO DE QUEM VEIO
D’OUTROS CANTOS
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Ala 05 - Comunidade
SABERES INDÍGENAS
Ala 07 - Comunidade
CAIXEIROS VIAJANTES
Ala 08 - Comunidade
RETIRANTES
DESTAQUE DE CHÃO
Erika Schneider
ABELHA RAINHA
Alegoria 02
“PROFÉTICA DA CHUVA”
Ala 09 - Comunidade
CÉU ESTRELADO
Ala 10 - Comunidade
PREDIÇÕES DOS SIGNOS
DESTAQUES DE CHÃO
Gil Pinheiro e Vanessa Moretti
OS ENAMORADOS
Ala 11 - Passistas
AMORES DO CARIRI
RAINHA DE BATERIA
Tati Minerato
MAJESTADE LUNAR
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Ala 12 - Bateria
O ASSOMBRO DO SERTÃO
Ala 13 - Comunidade
ARCANOS DO SOL E DA LUA
Ala 14 - Comunidade
PRESCIENTE MANOEL CABOCLO
Alegoria 03
“A CASA DOS HORÓSCOPOS”
Ala 15 - Comunidade
AGOURO ESPIRITUAL - PESTILÊNCIA
Ala 16 - Comunidade
BENZEDEIROS E PARTEIRAS
Ala 17 - Comunidade
PROTEÇÃO DOS SANTOS
Ala 18 - Comunidade
SEMENTES E RAÍZES
Ala 19 - Comunidade
FOLHAS E FLORES
Ala 20 - Comunidade
MERCADORES DE ERVAS
DESTAQUE DE CHÃO
Isadora Marinho
SABEDORIA DAS ERVAS
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Alegoria 04
“RELICÁRIO DA CURA”
Ala 21 - Comunidade
GUARDA DOS VAQUEIROS
Ala 22 - Comunidade
CAVALHADA
Ala 23 - Comunidade
CAVALO-MARINHO
Ala 24 - Comunidade
BUMBA-MEU-BOI
Ala 25 - Comunidade
PASTORIL
Grupos Cênicos
CORTEJO DO MARACATU
Alegoria 05
“ARMORIAL DA ARTE POPULAR”
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Ala 26 - Compositores
CANTADORES DO SERTÃO
Ala 27 - Comunidade
EXCELÊNCIA DA MÃE DE DEUS
Ala 28 - Comunidade
MARUJOS DA NAU CATARINETA
Ala 29 - Comunidade
TONHETA E O FOGUETE BRASILEIRO
DESTAQUE DE CHÃO
Gabi Ceballas
ETERNO ROMANÇAL BRASILEIRO
Ala 31 - Comunidade
LANCEIROS RURAIS
DESTAQUE DE CHÃO
Valesca Popozuda
COLORIDO DA ARTE SEM FIM
Alegoria 06
“O LUNÁRIO PERPÉTUO DE UM BRINCANTE”
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FICHA TÉCNICA
Alegorias
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FICHA TÉCNICA
Alegorias
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FICHA TÉCNICA
Alegorias
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FICHA TÉCNICA
Alegorias
Composições/Laboratórios:
Alquimistas
Este é apenas um esboço que serve
como referencial artístico para a criação
da alegoria e auxilia a apresentação da
mesma neste documento. Sua forma
final - em desfile - pode conter variações
estéticas de cores, formas e volumes.
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FICHA TÉCNICA
Alegorias
Este é apenas um esboço que serve E o que fez aquela gente? Se embebedou de saber!
como referencial artístico para a criação E foi então que os antigos registros foram
da alegoria e auxilia a apresentação da adaptados para o cenário do sertão fazendo surgir
mesma neste documento. Sua forma os chamados “Profetas da Chuva” que cortavam o
final - em desfile - pode conter variações agreste fazendo previsão do tempo.
estéticas de cores, formas e volumes. Eram sinais bem claros! Observar o voo das
abelhas, se o cupinzeiro estiver grande e cheio, se
houver bota-fora no formigueiro, ou então, se a
jurema florir o cariri, é certo que vem chuva aí! Em
cada dia específico do mês, formula-se uma nova
leitura. É verídico! É o saber popular com uma
dose porreta de fé pra vencer o aperreio da seca.
Por isso, quem vale o sertanejo é São José! No seu
dia, 19 de março, se as nuvens chuva, a água vira
benção e a seca naquele ano não vai castigar o
sertão!
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FICHA TÉCNICA
Alegorias
Semi-Destaque:
Laterais: Sinais dos Insetos
Alto: Profeta da Chuva
Grupo Cênico/Alto: Florada da Jurema
Composições / Meio: Abelhas (Feminino)
Grupo Cênico / Baixo: Cupins (Masculino)
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FICHA TÉCNICA
Alegorias
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FICHA TÉCNICA
Alegorias
Criador das Alegorias (Cenógrafo)
Mauro Quintaes
Nº Nome da Alegoria O que Representa
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FICHA TÉCNICA
Alegorias
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FICHA TÉCNICA
Alegorias
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FICHA TÉCNICA
Alegorias
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FICHA TÉCNICA
Alegorias
05 ARMORIAL DA ARTE POPULAR “Tanta gente esperou por esse dia...” o pincel, a
cantoria, a arte popular! Que se manifesta na nos
saberes que se eternizam no cantar, no dançar,
representar, escrever, pintar, e acima de tudo,
vivenciar! Foi compreendendo essa grandeza que
está nas mãos do povo que na década de 70 o
inesquecível Ariano Suassuna formulou o
“Movimento Armorial” buscando fundir o erudito
e o popular para criar uma arte brasileira autêntica
com raízes nos folguedos nordestinos.
Nas páginas deste enredo, rimamos rapidamente,
Este é apenas um esboço que serve “e lá do ‘auto’ como a vida é um repente...”, o
como referencial artístico para a criação Lunário também alegrou nossa gente. E como foi
da alegoria e auxilia a apresentação da isso? O movimento de Suassuna bebeu dos saberes
mesma neste documento. Sua forma de várias referências de livretos e folhetins
final - em desfile - pode conter variações ibéricos. Lá estava ele, perpétuo entre gerações e
estéticas de cores, formas e volumes. como referência!
Foi assim que Suassuna transformou em arte a
busca por essa nova identidade cultural que
valorizasse a brasilidade da nossa gente. Então o
sertão se tornou palco de um grande reinado onde o
povo é realeza! A musicalidade ficou por conta dos
folguedos populares. Brasões, xilogravuras,
pinturas, livros e peças teatrais nasceram
misturando elementos medievais com elementos do
nosso sertão. Ariano Suassuna escreveu, Gilvan
Samico coloriu, Antônio Madureira compôs. E a
“Caetana” visão sertaneja da morte, guarda um
infinito de causos, escritos a ferro em brasa, tão
quentes quanto o sol que alumia o cariri.
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FICHA TÉCNICA
Alegorias
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FICHA TÉCNICA
Alegorias
Criador das Alegorias (Cenógrafo)
Mauro Quintaes
Nº Nome da Alegoria O que Representa
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FICHA TÉCNICA
Alegorias
Criador das Alegorias (Cenógrafo)
Mauro Quintaes
Nº Nome da Alegoria O que Representa
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FICHA TÉCNICA
Alegorias
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FICHA TÉCNICA
Alegorias
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FICHA TÉCNICA
Alegorias
Local do Barracão
Rua Rivadávia Corrêa, nº60 – Gamboa, Rio de Janeiro/RJ – Cidade do Samba
Diretor Responsável pelo Barracão
Aluízio Mendonça
Ferreiro Chefe de Equipe Carpinteiro Chefe de Equipe
Nildo Costa Futica
Escultor(a) Chefe de Equipe Pintor Chefe de Equipe
Bonan Gilberto
Eletricista Chefe de Equipe Mecânico Chefe de Equipe
Alan Carvalho Marquinho
Outros Profissionais e Respectivas Funções
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FICHA TÉCNICA
Fantasias
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FICHA TÉCNICA
Fantasias
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FICHA TÉCNICA
Fantasias
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FICHA TÉCNICA
Fantasias
Criador(es) das Fantasias (Figurinistas)
Mauro Quintaes
DADOS SOBRE AS FANTASIAS DE ALAS
Nome da O que Nome da Responsável
Nº
Fantasia Representa Ala pela Ala
07 Caixeiros Viajantes A ala representa os caixeiros Comunidade Departamento
viajantes. Depois de cruzar de Harmonia
um oceano na bagagem de
lusitanos, encontrar os saberes
indígenas e africanos nestas
terras, o Lunário Perpétuo
virou artigo de venda e troca.
Artefato, bugiganga, livreto
que rodou todos os cantos nas
malas dos caixeiros indo de
encontro com outros rostos e
saberes.
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FICHA TÉCNICA
Fantasias
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FICHA TÉCNICA
Fantasias
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FICHA TÉCNICA
Fantasias
Criador(es) das Fantasias (Figurinistas)
Mauro Quintaes
DADOS SOBRE AS FANTASIAS DE ALAS
Nome da O que Nome da Responsável
Nº
Fantasia Representa Ala pela Ala
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FICHA TÉCNICA
Fantasias
Criador(es) das Fantasias (Figurinistas)
Mauro Quintaes
DADOS SOBRE AS FANTASIAS DE ALAS
Nome da O que Nome da Responsável
Nº
Fantasia Representa Ala pela Ala
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FICHA TÉCNICA
Fantasias
Criador(es) das Fantasias (Figurinistas)
Mauro Quintaes
DADOS SOBRE AS FANTASIAS DE ALAS
Nome da O que Nome da Responsável
Nº
Fantasia Representa Ala pela Ala
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FICHA TÉCNICA
Fantasias
Criador(es) das Fantasias (Figurinistas)
Mauro Quintaes
DADOS SOBRE AS FANTASIAS DE ALAS
Nome da O que Nome da Responsável
Nº
Fantasia Representa Ala pela Ala
19 Folhas e Flores A ala representa as folhas e Comunidade Departamento
flores. Artefatos naturais de Harmonia
utilizados pelos benzedeiros,
rezadeiras e parteiras, elas
carregam fortes poderes
místicos e herbário que
auxiliam nas práticas da
medicina popular. No Lunário
Perpétuo elas fazem parte de
um extenso capítulo que
ensina banhos, infusões,
defumações e outras práticas
de cura do corpo e da alma
com auxílio desses elementos.
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FICHA TÉCNICA
Fantasias
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FICHA TÉCNICA
Fantasias
Criador(es) das Fantasias (Figurinistas)
Mauro Quintaes
DADOS SOBRE AS FANTASIAS DE ALAS
Nome da O que Nome da Responsável
Nº
Fantasia Representa Ala pela Ala
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FICHA TÉCNICA
Fantasias
Criador(es) das Fantasias (Figurinistas)
Mauro Quintaes
DADOS SOBRE AS FANTASIAS DE ALAS
Nome da O que Nome da Responsável
Nº
Fantasia Representa Ala pela Ala
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FICHA TÉCNICA
Fantasias
Criador(es) das Fantasias (Figurinistas)
Mauro Quintaes
DADOS SOBRE AS FANTASIAS DE ALAS
Nome da O que Nome da Responsável
Nº
Fantasia Representa Ala pela Ala
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FICHA TÉCNICA
Fantasias
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FICHA TÉCNICA
Fantasias
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FICHA TÉCNICA
Fantasias
Local do Atelier
Rua Rivadávia Corrêa, nº 60, Gamboa – Rio de Janeiro / RJ – Cidade do Samba
Diretor Responsável pelo Atelier
Evelyn de Oliveira e Luiz Henrique
Costureiro(a) Chefe de Equipe Chapeleiro(a) Chefe de Equipe
Vera Lúcia João Victor Lacerda
Aderecista Chefe de Equipe Sapateiro(a) Chefe de Equipe
David de Oliveira, Whillhans Canuto e x
Leonardo Vitoriano
Outros Profissionais e Respectivas Funções
Observação: As fotos utilizadas neste material das fantasias são referenciais artísticos criados
durante a execução dos protótipos em Julho de 2023. Durante o processo de execução das
indumentárias para o desfile em Fevereiro de 2024 algumas formas podem ser alteradas, materiais
podem substituídos, tudo por questões que envolvem desde a disponibilidade específica de
materiais no mercado até mesmo adaptações julgadas como necessárias para finalização do figurino
e também o conforto do componente.
Ala 22 – Cavalhada
No dia oficial do desfile a ala se apresenta em duas cores: O azul representando os cristãos e o
vermelho representando os Mouros como é tradicionalmente feito no folguedo.
A estampa da indumentária foi elaborada pelo carnavalesco Jorge Silveira, campeão do Carnaval
de São Paulo em 2023 pelo G.R.C.E.S. Mocidade Alegre. No dia do desfile os compositores trarão
consigo um violão representando a musicalidade nordestina.
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FICHA TÉCNICA
Fantasias
Três grupos cênicos representam os personagens dos três maracatus nação mais antigos do Brasil
indicados pelos estandartes: Maracatu Nação Elefante (1800), Maracatu Nação Estrela Brilhante
(1824) e Maracatu Nação Leão Coroado (1863).
Observação: As referências visuais que estão servindo de base para o estudo e criação dos figurinos
dos personagens do Maracatu Nação fazem parte do Dossiê “INRC Maracatu Nação – Inventário
Nacional de Referências Culturais” produzido pelo IPHAN em 2013.
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FICHA TÉCNICA
Samba-Enredo
Autor(es) do Samba-Enredo Guga Martins, Gustavo Clarão, Passos Júnior, Cristiano Teles,
Ailson Picanço, Leandro Gaúcho, Abílio Jr., Marquinho Paloma,
Orlando Ambrósio, Lucas Macedo, Gigi da Estiva e Clairton
Fonseca
Presidente da Ala dos Compositores
Fernando Nogueira Domingos (Fernando Macaco)
Total de Componentes da Compositor mais Idoso Compositor mais Jovem
Ala dos Compositores (Nome e Idade) (Nome e Idade)
39 Componentes Oswaldino Nunes (Vadinho) Passos Júnior e Ariane
(88 anos) Carvalho (34 Anos)
Outras informações julgadas necessárias
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FICHA TÉCNICA
Samba-Enredo
Outras informações julgadas necessárias
Existe uma pré-disposição do Lunário em ser uma folha em branco. Sua essência primordial é
acumular saberes e desde 1594, data de sua primeira publicação, a principal virtude desse livreto é
o poder de constar, existir, repassar, vivenciar e escrever os saberes de gente.
O samba do GRES Unidos do Porto da Pedra é uma obra interpretativa, em primeira pessoa, com o
próprio Lunário Perpétuo escrevendo a história, com foco central no saber popular e no
enriquecimento do livro original com os elementos da cultura nordestina brasileira, por isso,
melodicamente traz nuances que remetem à musicalidade nordestina, como o xote e o baião.
Marcado por constantes transições harmônicas, o samba apresenta 8 (oito) momentos melódicos,
com o objetivo de fomentar o canto e manter a dinâmica e a empolgação dos desfilantes.
O desconhecido das folhas não escritas! Início de uma nova caminhada a quem tanto já trilhou...
(Re)aprender momentos não vividos! Dar luz a sabedoria popular que desfila durante o cortejo da
escola.
Inspirado no trecho da música de Luiz Gonzaga “Olha pro céu meu amor/Vê como ele está lindo
[...]”, por meio de uma prosopopeia que destaca a lua que vaga e as estrelas, que representam os
desfilantes da escola, que brilham neste momento na Marquês de Sapucaí. No Lunário, o céu e a
lua são explicações para os sentimentos humanos. É o mistério supralunar, a pedra filosofal, que
neste momento se confunde com o Porto da Pedra, dos corações.
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Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos do Porto da Pedra – Carnaval 2024
FICHA TÉCNICA
Samba-Enredo
A página em branco começa a ser escrita, a história será contada! O Lunário Perpétuo se apresenta,
como grande conselheiro de homens e mulheres, a própria alquimia dos saberes e guardião do
conhecimento. O pequeno livro guarda as inquietações humanas, os mistérios de cada ponto cardeal
e a força dos toques ancestrais dos atabaques. A anáfora de “sou eu, sou eu” tem por objetivo
marcar o Lunário em multifaces do conhecimento popular, que vai dos fundamentos dos atabaques
à alquimia medieval.
O livreto chega ao sertão e é enriquecido com as facetas populares. As estrelas são lamparinas que
iluminam a criatividade do nosso povo, que se converte em arte, em poesia... A luta dos retirantes
e as histórias dos caixeiros viajantes fazem do povo os verdadeiros astros descritos no livreto.
Acostumado a olhar pra cima em busca de conhecimento, percebe saber e finca raiz nos trejeitos
simples dos retirantes sertanejos.
Encontra, desencontra, vira abrigo. Influenciado, influencia! Descobre a cor avermelhada, a terra
seca, no detalhe sertanejo. Conhece o cariri e observa a sensibilidade de um povo que vê na flor,
ciência. E esta ciência, não pode ser guardada a sete chaves por intelectuais em suas loas
parnasianas. Não! O saber é do povo e para o povo, e é por isso que se tornou o livro mais popular
do Brasil colonial. Ele guarda as orações das rezadeiras e as receitas das ervas secas maceradas no
pilão, é a arte que cura e ensina.
Revela em versos a magia do guia ancestral, que desvenda mistérios, em receitas e crendices. Para
as mazelas que no sertão ousam desembarcar, eis a sabedoria popular, um farol que ilumina. Com
rezas, ervas e mãos que o nascimento auxilia, encontra no almanaque, o bálsamo que acalma.
Benzedeiros, rezadeiras, parteiras, mercadores em harmonia, cura e fé, na ciência do dia-a-dia. Em
cada página um remédio, cada linha um ritual... Na lida sertaneja, um compêndio espiritual. Onde
a ciência se entrelaça com o divino, E o saber do livreto torna-se destino.
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Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos do Porto da Pedra – Carnaval 2024
FICHA TÉCNICA
Samba-Enredo
Conhecendo a fé, encontra respostas nas escritas de outrora! Da viola dos retirantes sertanejos,
relembra do diálogo com um santo. Antigas memórias que cruzaram o oceano e se eternizaram no
cotidiano do povo nordestino. Quem é o “santo do lugar”? Da viola, a resposta: "O santo dos
violeiros! São Gonçalo!". Que dá nome à cidade berço da Unidos do Porto da Pedra. A devoção
permanece viva entre as pessoas.
Trata-se de uma simbiose, um encontro, entre a exaltação do povo, da comunidade do Tigre de São
Gonçalo, com a sua arte! Ensinamentos do almanaque se misturando ao sentimento humano de
pertencimento.
Suas escritas serviram de inspiração, o saber popular sempre foi motivo de fomentação e
inquietação humana, tal qual motivação para Ariano Suassuna e o seu Movimento Armorial. A
dança, a arte, o canto, escrita... Recorda a festança da recriação da arte de um país em movimento.
O saber é porta-estandarte da cultura e de sua perpetuação enquanto manifestação viva.
Ao mesmo tempo, o Lunário redige aquilo que vive! A página em branco reconhece a alegria dessa
gente e seu retorno ao grupo de elite do carnaval carioca. Curiosamente percebe os mesmos autores
de sua primeira passagem. O pincel (o carnavalesco Mauro Quintaes), a cantoria (o intérprete
Wantuir de Oliveira), que embalaram o “Carnaval dos Carnavais”, enredo da escola de 1996 e o
cortejo dos “loucos”, enredo de 1997, regressam neste momento tão especial de resgate da
comunidade gonçalense. Nunca foi ponto final!
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Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos do Porto da Pedra – Carnaval 2024
FICHA TÉCNICA
Samba-Enredo
Um dos expoentes máximos do Movimento Armorial e seu legado, o artista Antônio Nóbrega, por
meio do espetáculo “Lunário Perpétuo”, revitalizou o interesse pela leitura da obra. É imortalizado
no papel que mais o distingue – o de um alegre brincante. Um chamado a disseminar a sabedoria
contida no almanaque.
Dito isso, através das páginas do Lunário, aprende-se sobre a lua e suas fases, de como estas
mudanças interfere na tábua da maré dos oceanos. Assim, a lua quarto minguante resguarda o
período de seca no interior nordestino. Quando há sua mudança de fase ('a lua vira'), a maré sobe
('maré virou') e traz o período de fartura ao sertanejo. Mudança! O agradecimento ao caboclo... A
chegada de bons tempos!
Qualidades que podemos usar nos dias atuais quando falamos da vermelha e branca de São
Gonçalo... Foram mais de 10 (dez) anos no Grupo de Acesso do carnaval, tanta gente esperou por
esse dia e viveu um período de angústia, com a escola longe do grupo principal! Período de moringa
seca, à espera da mudança das águas! Coincidentemente, em 1995 (primeiro campeonato, no Grupo
de Acesso) e, em 2023 (terceiro campeonato, na Série Ouro), a escola desfilou sob o olhar de Mauro
Quintaes e da lua quarto minguante. Esta era a fase lunar nos dois desfiles da escola, em 'seu período
de moringa quase seca', nos grupos de acesso da folia do Rio de Janeiro.
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Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos do Porto da Pedra – Carnaval 2024
FICHA TÉCNICA
Samba-Enredo
Eis o presságio dos astros! Maré virou, virou luar! Povo em festa! E, assim como ocorrido no
primeiro campeonato, em seu segundo título, a quadra de ensaios da escola lotou, o povo sorriu, a
velha guarda dançou, a criança brincou, o alambique encheu... Não foi uma simples quarta-feira!
Com a virada da maré, enfim vem luar que alumia os caminhos da escola. É hora do tempo bom!
Chegou o dia da presença na elite do carnaval!
O GRES Unidos do Porto da Pedra se veste de Lunário, perpétuo como o amor de seus
componentes. Folha tem de sobra, conhecimento, sabedoria... Depois de tudo, o livreto saiu de
apenas um escritor e se colocou como parte, entendeu a relevância de tudo, conheceu sentimento,
virou componente, terceira pessoa e uma conclusão:
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Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos do Porto da Pedra – Carnaval 2024
FICHA TÉCNICA
Bateria
A bateria do G.R.E.S. Unidos do Porto da Pedra representa o cordel mais famoso impresso na
folhetaria de Manoel Caboclo. Além das previsões consultando as estrelas e outros arcanos celestes,
Manoel Caboclo também imprimia cordéis e seu pequeno almanaque de saberes. Entre as
impressões mais famosas está “O Cobra-Choca na Pega do Lobisomem” que narrava o
enfrentamento entre um valente sertanejo e o lobisomem que assombrava o sertão.
Rainha da Bateria
Tati Minerato
A Rainha de Bateria do G.R.E.S Unidos do Porto da Pedra representa o brilho lunar. A Lua é um
dos arcanos maiores que figuravam nos estudos de Manoel Caboclo, representando o poder
feminino, a fertilidade, sendo considerada a rainha celeste. É ela que com seu brilho prateado
desperta as coisas “malasombradas” para vagar pelo sertão no cordel mais famoso de Manoel
Caboclo impresso na Casa dos Horóscopos chamado “O Valente Cabra-Choca na Pega do
Lobisomem”.
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Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos do Porto da Pedra – Carnaval 2024
FICHA TÉCNICA
Harmonia
Intérpretes de Apoio:
Eduardo (Duda SG), Bruno Vieira, Thiago Santos, Wilton (Nem) e Dani Myller
Amauri de Oliveira completará 30 anos de desfiles no ano de 2024, assumiu pela 1ª vez o
Departamento de Harmonia em 2007 na Porto da Pedra, em 2008 integrou a comissão de carnaval
da Unidos do Viradouro, em 2010 integrou a Comissão de Carnaval da Unidos de Vila Isabel,
retorna a Unidos do Porto da Pedra na função de Diretor de Carnaval para o carnaval de 2011. Para
o próximo carnaval reassume a função de Diretor Geral de Harmonia neste retorno ao Tigre de São
Gonçalo com a missão de buscar as notas máximas para o quesito, com vasta experiência na função,
tem se reunido com o seguimento semanalmente, mostrando vídeos de desfiles anteriores para
dividir a experiência com seus comentados, realizado workshops para capacitar os mais novos no
seguimento.
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Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos do Porto da Pedra – Carnaval 2024
FICHA TÉCNICA
Evolução
Gil Pinheiro é passista desde 2003 na unidos do Porto da pedra e em 2009, numa votação unânime,
é eleito coordenador da ala que dirige até os dias atuais. Seu trabalho é focado em apresentar um
conjunto de passistas leve, alegre e elegante para os apreciadores do desfile do G.R.E.S. Unidos do
Porto da Pedra. Um trabalho realizado de forma séria e com excelência, reconhecido por diversos
prêmios do carnaval, sendo valido salientar que, atualmente, a ala de passistas da agremiação é
considerada a maior em quantidade de componentes em todo carnaval do Rio de Janeiro, o que é
motivo de orgulho para ala e para toda agremiação.
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Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos do Porto da Pedra – Carnaval 2024
FICHA TÉCNICA
Informações Complementares
Vice-Presidente de Carnaval
X
Diretor Geral de Carnaval
Aluízio Mendonça
Outros Diretores de Carnaval
X
Responsável pela Ala das Crianças
X
Total de Componentes da Quantidade de Meninas Quantidade de Meninos
Ala das Crianças
X X X
Responsável pela Ala das Baianas
Lindalva Rozendo de Mendonça
Total de Componentes da Baiana mais Idosa Baiana mais Jovem
Ala das Baianas (Nome e Idade) (Nome e Idade)
70 Componentes Maria Luiza de Carvalho (88 Lilian Alves Romanel (41
Anos) Anos)
Responsável pela Velha-Guarda
Maria Adalia de Mesquita
Total de Componentes da Componente mais Idoso Componente mais Jovem
Velha-Guarda (Nome e Idade) (Nome e Idade)
13 Componentes Nilce Pinto Silva (83 Anos) Eubert Vinícius Dionísio
Marins (58 Anos)
Pessoas Notáveis que desfilam na Agremiação (Artistas, Esportistas, Políticos, etc.)
Valesca Popozuda – Cantora e dançarina brasileira, foi vocalista da “Gaiola das Popozudas” e
desde 2012 segue carreira solo. Considerada a “Rainha do Funk Carioca”, Valesca foi Rainha de
Bateria do G.R.E.S. Unidos do Porto da Pedra nos anos de 2009 e 2010, e agora, retorna como musa
da agremiação.
FICHA TÉCNICA
Informações Complementares
Na alegoria 06 estarão presentes os filhos de Antônio Nóbrega, e também, convidados que fizeram
parte da sua trajetória de vida artística desde o Movimento Armorial.
Aluízio Mendonça, 68 anos, iniciou suas atividades na Agremiação como componente de ala no
ano de 1995. Em 2000 foi convidado para fazer parte do corpo de harmonias da Escola, no ano de
2007 tornou se chefe de setor. Mais adiante em 2009 passou a ser Diretor de Alegorias. No ano de
2012 foi convidado para o cargo de diretor geral de harmonia e em 2013 deixou a função, porém
continuou a integrar o quadro de harmonia da Porto da Pedra. Ainda compondo o grupo de harmonia
passa a ser o responsável pelas curvas realizadas pelos carros da Agremiação no ano de 2015.
Em 2018 é convidado pela presidência a ser Diretor de Carnaval. No de 2019 participa da Comissão
de Harmonia. E no ano de 2022, volta exercer a função de Diretor de Carnaval, agregando a função
de Diretor de Barracão.
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Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos do Porto da Pedra – Carnaval 2024
FICHA TÉCNICA
Comissão de Frente
Chegam nesta passarela trazendo a visão de um mundo antigo onde a ciência e a imaginação se
moldaram através da busca de novos saberes! Neste “lugar do passado” encontram o direcionamento
para o futuro. É o saber que nos molda, nos empodera e faz o mundo caber na palma da mão! Eu,
você, nós somos como eles: Seres pensantes a reinventar as coisas! Consultando o Lunário Perpétuo,
guardião do conhecimento, conselheiro imortal. Traçando destinos, encontrando novos saberes,
manifestando o saber do povo para o povo.
E aconselha o Lunário aos alquimistas e quem mais quiser saber: No dia 11 de Fevereiro de 2024
passado e presente se conectam, é o momento auspicioso onde tudo é possível. O prognóstico em
noite de lua crescente é de um tempo bom que vem para ficar! E para quem acredita nesta busca
incessante: O saber liberta!
Esta imagem serve como referencial Artístico do Elemento Cênico da Comissão de Frente
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Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos do Porto da Pedra – Carnaval 2024
FICHA TÉCNICA
Comissão de Frente
O elemento cênico da Comissão de Frente é intitulado “Em Algum Lugar do Passado”. Este
elemento ilustra alegoricamente o cenário onde é desenvolvida parte da coreografia de avanço, e
também, onde será apresentada a coreografia principal ao corpo de jurados para avaliação do
quesito.
Diretora de Criação, designer, cenógrafa. Mestranda em Artes Visuais, Imagem e Cultura pela
UFRJ, Veronica Valle possui pós-graduação em Design de Interiores e graduação em Desenho
Industrial pela UFRJ.
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Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos do Porto da Pedra – Carnaval 2024
FICHA TÉCNICA
Mestre-Sala e Porta-Bandeira
1º Mestre-Sala Idade
Rodrigo França 30 Anos
1ª Porta-Bandeira Idade
Denadir Garcia 42 Anos
2º Mestre-Sala Idade
Johny Matos 33 Anos
2ª Porta-Bandeira Idade
Pietra Brum 15 Anos
3º Mestre-Sala Idade
Pedro Figueiredo 30 Anos
3ª Porta-Bandeira Idade
Joyce Santos 22 Anos
Outras informações julgadas necessárias
“Olhe pro céu onde a lua vagueia...” lá estão mistérios que poucos conhecem. Segundo registros
dos estudos realizados por alquimistas a influência da Lua sobre os seres vivos guarda saberes
ocultos. Para além das dimensões visíveis do satélite natural, exististe um reino celeste onde seria
guardado o 5º elemento – além de terra, água, fogo e ar – chamado “sopro da vida” ou
“quintessência” que seria a composição final para se atingir a vida eterna.
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Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos do Porto da Pedra – Carnaval 2024
FICHA TÉCNICA
Mestre-Sala e Porta-Bandeira
Rodrigo França
Iniciou como mestre-sala no G.R.E.S. Unidos do Porto da Pedra no ano de 2002 no projeto de
mestre-sala e porta-bandeira. Em 2006 é empossado como 3º mestre-sala da agremiação, sendo
elevado de posto de segundo mestre-sala do G.R.E.S. Unidos do Porto da Pedra. Entre os anos de
2012 e 2017 foi o segundo mestre-sala da União da Ilha do Governador.
No Carnaval de 2018 passa a ser o primeiro mestre-sala do G.R.E.S. Unidos do Porto da Pedra,
cargo que, com elegância e maestria, exerceu ao lado das porta-bandeiras Cynthia Santos e Laryssa
Victória atingindo as notas máximas, e para o Carnaval 2024, realiza a sua estreia como primeiro
mestre-sala do Grupo Especial ao lado da experiente e elegante porta-bandeira Denadir Garcia.
Denadir Garcia
Após sua saída da Renascer, retorna a Caprichosos para ser primeira porta-bandeira. Em 2011 faz
sua estreia no Grupo Especial sendo a primeira porta-bandeira do G.R.E.S. Unidos do Porto da
Pedra ao lado do mestre-sala Diego Falcão. Em 2012 inicia um período de 6 anos como primeira-
porta bandeira da São Clemente, logo após passa 3 anos como primeira porta-bandeira da Unidos
de Vila Isabel.
Nos anos de 2022 e 2023 defendeu o primeiro pavilhão da Unidos da Tijuca, e para o Carnaval
2024, a experiente porta-bandeira completa 33 anos de bailado magistral na Marquês de Sapucaí
com a alegria de retornar a ostentar o pavilhão oficial do G.R.E.S. Unidos do Porto da Pedra agora
ao lado do mestre-sala Rodrigo França.
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Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos do Porto da Pedra – Carnaval 2024
FICHA TÉCNICA
Mestre-Sala e Porta-Bandeira
No carnaval destaca-se o trabalho como bailarina na Comissão de Frente do G.R.E.S Grande Rio
2000, Imperatriz Leopoldinense 2010 e São Clemente 2014. Além de Assistente Coreográfico do
casal Mestre Sala e Porta Bandeira do G.R.E.S Acadêmicos do Grande Rio 2016, do G.R.E.S
Unidos de Vila Isabel em 2018, coreógrafa G.R.E.S Paraíso do Tuiuti 2016, G.R.E.S Renascer de
Jacarepaguá 2020 e G.R.E.S São Clemente 2022. No carnaval do município de Niterói coreografou
a comissão de frente G.R.E.S Magnólia Brasil nos anos 2020, 2022 e 2023, sendo neste último ano
contemplado como melhor comissão de frente pelo Prêmio Radar Niterói.
É bailarina na Cia Nós da Dança desde 2000, com ela esteve em inúmeros eventos como o V, VII,
XIII e XXIV Festival Internacional de Dança de Miami, Rock in Rio 2017 e dançou “Cirandas
Cirandinhas”; “Místico”; “Violência e paixão; “Telas”; “Bossa Nossa”; “Tempo”; “Autorretrato”,
“Maria”, “Diários de uma pandemia”, “Miltons do Brasil”, “Nós da Dança – 40 anos em
movimento” e “Tempo de nós”. Em 2019 funda o Cinesia Grupo de Dança, em que os artistas que
o integram dançam juntos há mais de 15 anos, com inúmeras coreografias compartilhadas em cena
no município de Niterói e em festivais de dança neste município e em outras localidades.
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Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos do Porto da Pedra – Carnaval 2024
FICHA TÉCNICA
Mestre-Sala e Porta-Bandeira
O que representa:
Foi Ariano Suassuna, na década de 1970, o responsável pela formulação do “Movimento Armorial”,
que, em seu manifesto, criava uma nova arte erudita brasileira a partir de elementos visuais e
musicais que envolviam os folguedos populares nordestinos. Era uma verdadeira revolução nas
artes, e na literatura, muitas obras tomaram como inspiração as figuras celebres de monarquias
ibéricas para criarem romances e outras histórias que nasceram do Armorial e se consagraram na
literatura brasileira.
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Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos do Porto da Pedra – Carnaval 2024
FICHA TÉCNICA
Mestre-Sala e Porta-Bandeira
Johny Matos
Começou no projeto da Independente da Praça da Bandeira em 2006, depois foi convidado a fazer
parte da ala de casais de mestre sala e porta bandeira da Acadêmicos do Grande Rio em 2009. Na
Unidos da Ponte ocupou o cargo de primeiro mestre-sala e chega na Porto da Pedra em 2017 onde
permanece por três carnavais. Após esse período recebe o convite da Em Cima da Hora para ocupar
o cargo de primeiro mestre onde permanece por dois carnavais. Em 2023 retorna para Unidos do
Porto da Pedra para ser o segundo mestre-sala no Carnaval 2024.
Pietra Brum
Iniciou sua carreira aos 4 anos de idade dançando em casa com ensinamentos básicos que foram
passados para ela. Aos 5 anos iniciou no projeto Manoel Dionísio após passar em um teste seletivo.
Daí em diante eu nunca mais parou de dançar. Em 2014 (ainda com 6 anos) teve a oportunidade de
desfilar na Porto da Pedra. Passou por escolas de São Gonçalo, Niterói e escolas Mirins. Em 2019
assumiu o posto de 3ª porta bandeira na Porto da Pedra. No ano seguinte (2020) teve a honra de ser
elevada ao posto de 2ª porta bandeira, cargo que permaneceu durante 3 anos. Em 2023 assumiu o
cargo de 1ª porta bandeira no Jardim Bangu, e retorno agora, com 15 anos, para o Carnaval de 2024
como 2ª porta-bandeira do G.R.E.S. Unidos do Porto da Pedra.
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Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos do Porto da Pedra – Carnaval 2024
FICHA TÉCNICA
Mestre-Sala e Porta-Bandeira
Outras informações julgadas necessárias
O que representa:
Em 2002 o multiartista Antônio Nóbrega lança o espetáculo que toma como base a mesma ideia
que fez surgir livreto Lunário Perpétuo: compilar saberes. Por sua vez, Antônio, ao produzir o seu
espetáculo, busca nas diversas manifestações artísticas brasileiras a inspiração para a criação ao
lado de seus parceiros. Da obra de Guimarães Rosa, “Grande Sertão: Veredas”, é que surge a
inspiração para a criação da canção “O Romance de Riobaldo e Diadorim” que narra a relação dos
dois personagens que vivem um amor reprimido que só se revela diante da morte de Diadorim.
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Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos do Porto da Pedra – Carnaval 2024
FICHA TÉCNICA
Mestre-Sala e Porta-Bandeira
Outras informações julgadas necessárias
Pedro Figueiredo
Iniciou sua carreira como mestre-sala mirim do G.R.E.S. Arranco do Engenho de Dentro. Defendeu
os pavilhões de diversas escolas do Rio de Janeiro, entre eles: Império Serrano, Em Cima da Hora
e União de Jacarepaguá. É fundador do Grupo Nobres Casais e instrutor de mestres-salas no projeto
Bailado dos Guerreiros. Em 2021, passou a integrar o quadro de casais do Tigre de São Gonçalo.
Em 2024, vai para seu 3º desfile pela Unidos do Porto da Pedra.
Joyce Santos
Começou a dançar com 3 anos no ano de 2004, e sempre sonhou em defender o pavilhão da escola
de sua cidade. Tem passagem pelas coirmãs Cubango como segunda porta-bandeira em 2018, como
terceira porta-bandeira em 2022 e pela Viradouro de 2019 a 2022 como instrutora do projeto da
escola. Seguindo uma trajetória em diversas escolas no carnaval de Niterói, em 2023 tem a honra
de defender pavilhões renomados como o da Lins Imperial sendo segunda porta-bandeira e União
do Parque Curicica como primeira porta-bandeira. Também tem passagem por outras escolas dentro
e fora do carnaval do Rio de Janeiro, e no Carnaval de 2024, será a terceira porta-bandeira da Unidos
do Porto da Pedra.
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G.R.E.S.
BEIJA-FLOR
DE NILÓPOLIS
PRESIDENTE
Almir Reis
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Um delírio de Carnaval na
Maceió de Rás Gonguila
CARNAVALESCO
João Vitor Araújo
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Abre-Alas – G.R.E.S. Beija-Flor de Nilópolis – Carnaval 2024
FICHA TÉCNICA
Enredo
Enredo
Um delírio de Carnaval na Maceió de Rás Gonguila
Carnavalesco
João Vitor Araújo
Autor(es) do Enredo
João Vitor Araújo
Autor(es) da Sinopse do Enredo
Rodrigo Hilário
Elaborador(es) do Roteiro do Desfile
João Vitor Araújo e Rodrigo Hilário
Ano da Páginas
Livro Autor Editora
Edição Consultadas
01 Alagoas Popular – Cármen Lúcia Instituto Arnon 2012 Todas
Folguedos e Dantas e Douglas de Mello
danças da nossa Apratto Tenório (Maceió)
gente
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Abre-Alas – G.R.E.S. Beija-Flor de Nilópolis – Carnaval 2024
A perseverança e o silêncio: Ensaio sobre a disjunção nas narrativas sobre religiões afro-
brasileiras em Maceió. Autor: Paulo Victor de Oliveira. Dissertação de
Mestrado/Sociologia/UFAL. Maceió, 2019. Disponível em: https://tinyurl.com/4kntpp39
Tem, mas tá faltando: gestos interpretativos sobre turismo e carnaval de rua na cidade de
Maceió. Autor: Ernani Viana da Silva Neto. Dissertação de Mestrado/Turismo/UCS. Caxias do
Sul, 2014. Disponível em: https://tinyurl.com/3bfhah3b
Sites consultados:
Dezenove horas de comemoração por dia cansam diplomatas, não Haile Selassie (tradução
livre). The New York Times (07/11/1930). Original em inglês disponível em:
https://tinyurl.com/vzeuhza5
Os antigos Carnavais de Maceió. Autor: Edberto Ticianeli. História de Alagoas, 2017. Disponível
em: https://tinyurl.com/y2dptsrb
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Abre-Alas – G.R.E.S. Beija-Flor de Nilópolis – Carnaval 2024
Rás Gonguila, o príncipe etíope dos carnavais alagoanos. Autor: Edberto Ticianeli. História de
Alagoas, 2020. Disponível em: https://tinyurl.com/muyk3h8c
História de Alagoas. https://www.historiadealagoas.com.br/
Arquivo confidencial #41: Haile Selassie. Canal História e Tu/Youtube. Disponível em:
https://tinyurl.com/ycxz4uf3
Coroação da Majestade Haile Selassie e Menen Asfaw. Canal Ethiopian South America/Youtube.
Disponível em: https://tinyurl.com/5e6zd9st
Orí. Documentário com roteiro de Maria Beatriz Nascimento e direção de Raquel Gerber (1989).
Disponível em: https://tinyurl.com/e8wmd7ud
Entrevistas:
102
Abre-Alas – G.R.E.S. Beija-Flor de Nilópolis – Carnaval 2024
Perfil do Carnavalesco:
João Vitor Araújo nem tinha completado 14 anos quando viu um desfile de escola de samba ao vivo
pela primeira vez. Em sua estreia na Marquês de Sapucaí, no Carnaval de 1999, foi arrebatado por
uma certa agremiação azul e branca de Nilópolis, que trouxe para a avenida o aclamado desfile
sobre a cidade mineira de Araxá, com um samba antológico. Encantado com o luxo e o rodopio
frenético da ala das Baianinhas, aquele garoto mal sabia que, 25 anos mais tarde, seria ele o artista
responsável pelo desfile da Beija-Flor.
No final do ano 2000, começou a trabalhar como aderecista na Portela, nos preparativos para o
Carnaval de 2001, sob o comando de Alexandre Louzada. Depois, João Vitor passou cinco anos na
Estação Primeira de Mangueira como aderecista e depois chefe de adereços com Max Lopes (1949-
2023). Em 2006, trabalhou na Unidos do Viradouro com Paulo Barros. Também trabalhou como
figurinista e assistente dos carnavalescos Fábio Ricardo, Luis Carlos Bruno e Edson Pereira.
Em 2014, no seu primeiro trabalho solo como carnavalesco, foi campeão da Série A, levando a
Unidos do Viradouro de volta ao Grupo Especial. Em 2015, permaneceu na vermelho e branca de
Niterói e estreou na principal divisão do Carnaval do Rio. Foi também neste ano que teve sua
primeira (e única) experiência fora do carnaval carioca, na escola Novo Império, de Vitória/Espírito
Santo.
Único carnavalesco negro a assinar um desfile no Grupo Especial em 2020, João Vitor desenvolveu
no Paraíso do Tuiuti um enredo sobre dois Sebastiões, o santo e o rei de Portugal. Após a pandemia,
assinou em 2022 o carnaval da Acadêmicos do Cubango, com uma homenagem à atriz Chica Xavier
(1932-2020).
De volta ao Grupo Especial, João Vitor dividiu o barracão em 2023 com a multicampeã Rosa
Magalhães, que assinou seu primeiro carnaval em 1974, na Beija-Flor. Após um desfile aclamado
pela crítica, que conquistou vários prêmios, incluindo quatro Estandartes de Ouro, considerado o
principal do Carnaval carioca, João Vitor Araújo assinou com a Beija-Flor de Nilópolis para o
Carnaval de 2024.
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Abre-Alas – G.R.E.S. Beija-Flor de Nilópolis – Carnaval 2024
Perfil do Pesquisador:
Formado em jornalismo pela Universidade Católica de Pernambuco, Rodrigo Hilário possui pós-
graduação em Cenografia e Figurino pelo Centro Universitário Belas Artes de São Paulo e
especialização em roteiro e documentário pela Academia Internacional de Cinema. Atua desde 1999
na área de comunicação, como consultor, repórter, editor e produtor.
Nasceu em Sobradinho, Sertão da Bahia, em 13 de janeiro de 1978. Aos 2 anos, foi morar com a
família em Caruaru, no Agreste de Pernambuco. Filho de mãe carioca da Penha, herdou a paixão
pelo Carnaval do avô materno, um sapateiro que migrou para o Rio de Janeiro no início dos anos
1950, se apaixonou pelas escolas em 1954 e passou a frequentar os sambas em Madureira e no
Morro da Mangueira.
Seu trabalho "Processo criativo nas escolas de samba: a relação entre carnavalescos e artesãos",
elaborado para a conclusão da pós-graduação, foi selecionado para o 1º Congresso Nacional e
Internacional Vozes do Carnaval, realizado pela Universidade Nacional da Colômbia em 2017.
No Carnaval do Rio, integrou o corpo de jurados da Série A em 2016 e foi pesquisador dos enredos
do Império da Tijuca em 2017 (sobre São João Batista) e 2024 (sobre a cantora pernambucana Lia
de Itamaracá). Em 2023, foi convidado pela Beija-Flor de Nilópolis para desenvolver a pesquisa do
enredo da escola para o Carnaval 2024.
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HISTÓRICO DO ENREDO
Uma epopeia delirante
Para contar como surgiu o enredo da Beija-Flor de Nilópolis para o Carnaval 2024, é preciso voltar
um pouco no tempo. Após a pandemia de covid-19, que tirou a vida de muitos sambistas e
trabalhadores de diversas escolas de samba, riscou um Carnaval do calendário (2021) e adiou outro
(2022), a Beija-Flor trouxe para a Marquês de Sapucaí dois enredos contundentes, que tinham como
proposta provocar uma reflexão profunda no componente e no público.
Em 2022, naquele que ficou conhecido como o Carnaval de Abril, a escola cantou "Empretecer o
pensamento é ouvir a voz da Beija-Flor", exaltando a intelectualidade preta como antídoto contra o
racismo. O resultado foi um vice-campeonato marcado na memória nilopolitana pela ousadia plástica
e versos como "Nada menos que respeito, não me venha sufocar / Quantas dores, quantas vidas nós
teremos que pagar?".
Em 2023, com "Brava Gente! O grito dos excluídos no bicentenário da Independência", a Beija-Flor
recontou, a partir dos 200 anos da Independência da Bahia, as lutas contra a opressão, o descaso e a
desigualdade. Pujante, o samba dizia: "A revolução começa agora / Pela Mátria soberana, eis o povo
no poder". O desfile ficou em quarto lugar e rendeu o Estandarte de Ouro de Melhor Escola, algo que
não acontecia desde 2007.
Para 2024, a Deusa da Passarela tinha um desejo: trazer para a avenida um enredo que fosse ao mesmo
festivo e culturalmente denso, mantendo a tradição da escola de contar histórias relevantes da cultura
popular brasileira. Um mergulho em livros e textos variados (reportagens, ensaios e artigos
acadêmicos) indicou algumas possibilidades de enredos sobre Maceió – a cidade de cenários naturais
deslumbrantes e repleta de tradições populares que sintetizam a riqueza e a diversidade cultural de
Alagoas.
A descoberta do personagem que inspirou o enredo, com suas características de epopeia delirante, foi
como a faísca que acende o rastilho. A jornada de Benedito dos Santos, menino pobre e engraxate,
conhecido pelo apelido de Gonguila e folião inveterado, era por si só algo extraordinário e fascinante.
Que figura incrível este homem que inventou um parentesco com o imperador da Etiópia, acrescentou
o Rás ao apelido de infância e brilhou nos carnavais de rua da Maceió dos anos 1920-1930. Se fosse
vivo, Gonguila seria influencer, tamanha a importância dele para a cultura e a sociedade local da
época, a ponto de ser paparicado pela elite política em tempos de eleição.
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Para isso, foram essenciais as entrevistas realizadas entre março e abril de 2023 com estudiosos da
história e da cultura popular de Alagoas, que não se furtaram em compartilhar seus conhecimentos na
primeira etapa do trabalho de pesquisa: a museóloga Cármen Lúcia Dantas, o professor Edson
Moreira, o jornalista e pesquisador Edberto Ticianeli, a professora e pesquisadora Josefina Medeiros
Novaes e o jornalista João Victor Lemos Viana.
Faltava, ainda, conhecer o lugar onde viveu Gonguila, criador de uma saga incrível e inusitada,
fantasiosa e divertida, mas desconhecida para a maior parte dos maceioenses. Em abril, a equipe de
pesquisa foi até Maceió para esmiuçar os folguedos e a história do Rás Alagoano. A escola contou
com o apoio e a generosidade da Federação das Organizações da Cultura Popular e do Artesanato
Alagoano (Focuarte), organização não-governamental dedicada a mapear, resgatar e proteger a
identidade cultural do estado.
Por uma semana, o grupo liderado pelo carnavalesco João Vitor Araújo andou pelas ruas da bela
capital alagoana, sofreu com o calor e se encantou com o mar; conversou com pesquisadores,
jornalistas, antropólogos, museólogos e gestores públicos; assistiu a diversas apresentações folclóricas
realizadas em Maceió e cidades vizinhas; e se encontrou com dezenas de artesãos, mestres e brincantes
de folguedos populares.
Em uma noite, durante reunião organizada pelo Focuarte com mais de 20 artesãos e brincantes de
folguedos, a fotógrafa Ducy Lima, saudosa dos desfiles do bloco de carnaval favorito de sua infância,
que há muitos anos não saía mais pelas ruas, trouxe algo que a equipe buscava, mas ainda não havia
encontrado: a possibilidade de conhecer parentes de Gonguila. O depoimento inesperado da brincante
era o elo que faltava entre a pesquisa no papel e o personagem de carne e osso.
No dia seguinte, numa tarde de calor, a Beija-Flor bateu à porta de Dona Lienete, 78 anos, sobrinha
de Gonguila, na mesma casa onde ele morava quando faleceu, em 1968. Desconfiadas no começo –
"Como assim, a Beija-Flor? A escola de samba?" –, ela e a filha, Silviany Domingues, aos poucos
foram se abrindo. Contaram histórias da família e do Rás. Por elas, descobrimos que Gonguila tem
dois filhos vivos: um se chama Osvaldo e o outro, Benedito, como o pai.
Dona Lienete e Silviany, sentadas nas cadeiras na calçada em frente à casa da família, materializaram
o folião delirante que seria a inspiração do nosso enredo. Tudo estava completo. Não demorou muito
para que João Vitor, com a sensibilidade de quem vive os bastidores das escolas de samba há mais de
20 anos, criasse todo arco narrativo do enredo, com suas características de epopeia delirante, e
começasse o processo de desenhar fantasias e alegorias, concluído entre julho e agosto.
Olhando pelo retrovisor, percebe-se que o enredo da Beija-Flor para 2024 está interligado com os dois
anteriores: no Empretecer, o letramento racial como arma contra o racismo; no Brava Gente, o povo
como real libertador do país; e no Rás Gonguila, a epopeia de um homem preto, pobre e analfabeto
que decide mudar o próprio destino ao criar uma história delirante, mas cheia de verdade, a verdade
dele. Gonguila sonha (descendente de Zumbi, Dandara e Selassie), acredita e se torna referência do
Carnaval de Maceió.
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É exatamente o que a escola desejava: enaltecer a cultura brasileira, desta vez contando a história de
um desconhecido com uma mensagem relevante e absolutamente conectada com a Beija-Flor e sua
realidade. O sentimento de pertencimento que a escola cultiva em sua comunidade, majoritariamente
preta e pobre como Benedito, faz com que a Beija-Flor seja sinônimo de casa e família para seus
componentes. Gonguila é o nilopolitano no espelho.
Neste Domingo de Carnaval, nossa escola, nossa vida, nosso amor, subverte o tempo e o espaço na
Marquês de Sapucaí para contar uma história que mistura realidade e delírio. Eis a Beija-Flor, tão
linda!, derramando na avenida os devaneios de Rás Gonguila – o menino-folião, o nobre-engraxate, o
festeiro-da-ralé, que não cansa de nos encantar e inspirar.
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JUSTIFICATIVA DO ENREDO
Quase nada é literal, mas tudo é carnaval
O enredo da Beija-Flor para 2024 é um delírio baseado na realidade, um desafio ao tempo e ao espaço.
Quase nada nele é literal ou linear, mas tudo é fantasia e carnaval. Uma festa mágica, sob a luz dos
encantados, com as cores, os ritmos e os pisados dos folguedos de Alagoas. Um encontro entre
personagens reais, alguns dos quais viveram na mesma época, mas que nunca se viram.
O principal deles é Benedito dos Santos, figura central desta história. Um homem simples, que nasceu
em 1905, em Maceió, foi engraxate e viveu na pobreza; que amava a boêmia, virou folião e encantou
a capital alagoana; que respeitou seus ancestrais, acreditou na própria nobreza e passou a se chamar
Rás Gonguila, a dizer que era descendente do último imperador da Etiópia; e que tocou o seu clarim
pela última vez em 1968.
São os aquilombados de Palmares, ancestrais de Gonguila e dos alagoanos, com suas raízes fincadas
nos cultos africanos e saberes indígenas. Marca de fé e resistência no maior dos quilombos, que não
era lugar só de guerra, mas também de festa.
São os antigos carnavais de Maceió, com personagens como o passista de frevo Moleque Namorador
e major folião Bonifácio Silveira, contemporâneos de Gonguila e figuras centrais da folia nas
primeiras décadas do século XX, quando os corsos e uma infinidade de blocos arrastavam multidões.
É Haile Selassie (1892-1975), o Rás Tafari, que nasceu na riqueza e virou imperador da Etiópia por
acaso. Vamos mergulhar nos devaneios de Gonguila para contar como ele viu a corte de Selassie partir
numa viagem encantada para uma terra de folguedos vibrantes, cores intensas, brisa mansa e mares
quentes.
É a Beija-Flor de Nilópolis, escola mãe do samba na Baixada Fluminense, a escola dos enredos
delirantes. Viajaremos na mente do Príncipe Etíope dos Carnavais Alagoanos para mostrar o encontro
dele com a Deusa da Passarela e seus soberanos.
São os mestres e mestras dos folguedos de Maceió das Alagoas – coco de roda e reisado, chegança e
pastoril, caboclinho e guerreiro; uma gente que pisa forte e canta alto para defender a soberania da
cultura popular.
São os bravos foliões de sangue alagoano, etíope e nilopolitano, que batem cabeça para os mestres do
passado e repetem o gesto de Gonguila, ao vestir a fantasia da liberdade e da imaginação para se
tornarem reis e rainhas.
Isso, minhas amigas e meus amigos, é algo que só é possível no Carnaval, uma festa na qual o tempo
não corre em linha reta; e o espaço se adapta aos desejos e delírios de cada folião. É na folia que o
nilopolitano – e por que não o etíope e o alagoano? – pode ser o que quiser. E se Gonguila já tinha o
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sangue de Zumbi e Dandara, por que não poderia também ser descendente de Selassie, Salomão e
Sabá?
Tem algo de grandioso, heroico e mítico na história de vida do Rás Alagoano. As memórias de família
do menino Benedito, a infância como engraxate, o apelido de Gonguila, a vida boêmia, o
encantamento com o Carnaval e, enfim, a construção da figura do Rás – que é, a rigor, criação de uma
personagem de si mesmo; toda essa sequência de acontecimentos materializa uma figura
absolutamente instigante, mágica e carnavalesca.
E quando este homem, de maneira deliberada, decide cruzar a própria vida (ou seja, sua própria
verdade) com a de uma figura histórica contemporânea, de trajetória construída a léguas de distância
das ruas de Maceió, semeia o solo fértil para a brotar a imaginação da cultura popular, materializada
no enredo da Beija-Flor de Nilópolis.
Pois o carnaval não busca, necessariamente, a verdade factual, histórica, inconteste. Busca, antes de
tudo, a verdade das ruas, das pessoas que fazem a festa. Embora não seja proibido pretender ou
acreditar que o carnaval pode ditar certezas, também é preciso, no entender da Beija-Flor, resgatar a
capacidade que o carnaval tem de procurar o lúdico, o incrível, o mágico – e de jogar luz sobre figuras
fantásticas e anônimas.
Gonguila existiu. Selassie está nos livros de História. A Beija-Flor é real. A cultura popular de Alagoas
e Maceió também. Pois então a história que a Beija-Flor contará na avenida – esta mistura de realidade
e fantasia – se transforma em uma verdadeira e extraordinária viagem na mente de Benedito.
Ele, o nobre das ruas e dos Carnavais de Maceió; ele, que nunca foi propriamente coroado; agora será.
Então, vamos combinar uma coisa: hoje a Marquês de Sapucaí é Maceió, no ritmo dos apitos dos
mestres, com a soberania popular pronta para coroar Rás Gonguila em um grande banho de mar à
fantasia
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SINOPSE DO ENREDO
Um delírio de Carnaval na Maceió de Rás Gonguila
Nasceu em Maceió, no ano de 1905, um menino chamado Benedito, sobrenome dos Santos. Veio ao
mundo numa rua que não existe mais, numa parte da cidade com cheiro de magia e maresia, entre as
Igrejas de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos e de São Benedito. Pouco se sabe sobre seu pai e sua
mãe. Seus nomes e suas memórias viraram cinzas. A única certeza que se tem sobre eles é que
sofreram na alma o horror da escravidão. Libertos e analfabetos, ganhavam o pão vendendo frutas nas
ruas da velha cidade ou limpando os palacetes dos barões do açúcar.
Abaixa teu escudo, guerreiro quilombola. Repousa tua flecha, bravo caeté de linhagem tupi; que hoje
dançaremos com os espíritos dos nossos ancestrais em pajelanças caboclas, crenças do catolicismo
popular e rituais da Mãe África! É dia de fazer nossos cantos e tambores ressoarem pela eternidade!
Assim, sob a proteção de gameleiras e juremas, aqueles que resistiram ao açoite e não dobraram os
joelhos deram origem a um povo que brinca sem perder a fé nas suas raízes.
Antes mesmo de Benedito nascer, a Abissínia – nome antigo da Etiópia – já inspirava festas e cortejos
no centro de Maceió, região que os jornais da época chamavam de Maceyobissínia. Era um pedaço de
África na capital das Alagoas, onde os moleques passavam o tempo pelas ruas ensolaradas. Entre as
brincadeiras favoritas estava o jogo de pião. Quando não rodavam direito o pião, e ele tombava no
chão, diziam que era uma “gonga”. A falta de traquejo de Benedito com o brinquedo de madeira e o
barbante de algodão deu a ele o apelido de Gonguila.
Aprendeu o ofício de engraxate e sua lida era na ponta da flanela. Gastava prosa nas calçadas, a lustrar
sapatos de políticos, artistas e intelectuais na porta dos cafés e tabacarias. Mas era entre bêbados,
meretrizes e desocupados que mais gostava de estar, entre goles e cigarros, carteados e sinucas. Pois
foi na boêmia e nas encruzilhadas, junto ao povo de rua, que Gonguila achou o seu caminho e lapidou
seu maior talento: ser folião. Um devotado súdito de Momo, líder do Cavaleiro dos Montes, bloco que
fez história nos carnavais da capital, com nome inspirado nas dunas de areia da Praia do Jaraguá.
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Naquele tempo, Maceió fervia entre o Sábado de Zé Pereira e as cinzas da Quarta-feira. Debaixo de
um sol de brasa, a única nuvem era de confete e serpentina. Em seus conversíveis, almofadinhas e
madames se divertiam nos corsos, enquanto a massa trançava as pernas no passo do frevo, importado
do vizinho Pernambuco.
Nas batalhas de orquestras que arrastavam multidões, vencia a que soprasse mais alto seus metais. E
tome cerveja gelada para esfriar a goela e lapada de cachaça para incendiar o povo de novo!
Gonguila descia do Farol ao cais do porto e seguia até a Ponta Grossa – onde até hoje moram seus
descendentes. Alto e forte, tocava clarim pelo trajeto, sempre ao lado do estandarte do bloco, com a
imagem de um ginete montado em um cavalo. Aqui e acolá, espetavam algum dinheiro com alfinete
no pano do estandarte, ou botavam algum vintém entre as costuras, que era para pagar os músicos.
Depois do desfile, virava porteiro da Fênix Alagoana, o clube dos ricos, que se embriagavam de lança-
perfume nos luxuosos salões.
Um dia, faltava pouco para o Carnaval, Gonguila ouviu a notícia: bem longe dali, Rás Tafari –
"príncipe respeitado" em amárico, uma das línguas faladas na Etiópia – era coroado imperador.
Fechou os olhos e puxou na gaveta da memória as histórias dos nobres etíopes de Palmares. Entre o
real e a fantasia, assumiu o parentesco com o monarca, botou um Rás na frente do apelido de infância
e virou Rás Gonguila. Em seu delírio, viu a coroação do imperador e profetizou: um dia, ainda haveria
de ver o encontro das realezas de Maceió, da Etiópia e de uma corte azul e branca, maravilhosa e
soberana.
Em sua profecia, Rás Gonguila descobriu que sua herança africana começou há mais de 700 anos,
quando um primo distante, descendente direto da Rainha de Sabá e do Rei Salomão, fundou o Império
Etíope. Séculos depois, o destino fez um de seus truques. A imperatriz do momento estava lá tranquila,
governando a Etiópia, quando adoeceu e foi desta para uma melhor. Foi quando o filho de um
conselheiro do palácio, que não nasceu para reinar, viu o trono cair no seu colo, entregue de bandeja.
Seu nome: Rás Tafari – que significa “Príncipe Respeitado”.
Festa de coroação igual nunca se viu. Aquele que seria o último imperador da Etiópia escolheu o nome
de Haile Selassie – que significa “O Poder da Divina Trindade”. Etnias de várias partes do país vieram
saudar Sua Majestade Imperial, com seus trajes e adornos festivos: flores na cabeça, barro nos cabelos,
pintura no corpo, joias de madeira, miçangas e panos de estamparia. Vieram também os cristãos de
Lalibela, cidade onde Jesus tem a pele preta como seus irmãos.
Depois de sete dias e sete noites de música, dança e banquetes, estava coroado o novo Leão de Judá.
Rás Gonguila viu com seus próprios olhos quando ele saiu do palácio, acompanhado da imperatriz
Menen, em uma carruagem puxada por zebras e antílopes. À frente deles, um cortejo alucinante de
brincantes etíopes. Gonguila achou até que parecia um grande bloco de rua, com destino a Maceió.
Gonguila mergulhou ainda mais fundo nos seus devaneios e convidou para a festa o povo da
Mirandela, que exalta a própria nobreza com samba no pé. Tem sido assim desde os tempos dos blocos
Centenário e Irineu Perna de Pau, que pavimentaram o caminho vitorioso da Beija-Flor, razão do
cantar feliz daquela gente.
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Em seu sonho, o Rás alagoano viu a corte nilopolitana chegar flutuando ao cais do porto de sua querida
cidade. Batuqueiro estica o couro do tambor, velha guarda alinha o traje, passista diz no pé e baiana
ajeita a saia antes de girar na imensidão do asfalto. Acerta o passo, nobre mestre-sala, e desfralda o
pavilhão, guardiã do nosso maior tesouro. Olha a Beija-Flor aí, gente, mostrando que essa escola
nasceu para vencer e, cá entre nós, sempre foi chegada a viajar na imaginação.
Dos olhos dos nossos ancestrais caiu uma lágrima de saudade, lembrando o velho tempo que passou.
Brincando com a imaginação, hoje seremos fantasia. Um lindo beija-flor anunciando uma delirante
viagem carnavalesca rumo às Alagoas. Tirem do passado a nobreza, joguem fora a roupa do dia a dia
e vistam-se de reis e rainhas, como Gonguila e Selassie, que é o que vocês são!
Sobe todo mundo nesta carruagem de beija-flores encantados, pois os bons ventos vão nos guiar pelos
ares rumo àquele pedacinho de Brasil.
Lá vem a corte da Etiópia e a nobreza de Nilópolis, singrando o mar e cortando o vento. No cais
enfeitado de cor, Gonguila os espera acompanhado da nobreza da cultura popular de Maceió, ao som
do frevo e balé de estandartes. E o povo nas ruas regendo o apito dos mestres, que brincam folguedos
em todos os cantos de Alagoas e abrem a sede* desta grande festa da ancestralidade.
Tem chegança de marujo e coco de roda da beira da praia. Bumba-meu-boi e samba de matuto dos
canaviais. Caboclinho dos indígenas e pastoril dos autos natalinos. Tem folia de reis e tem guerreiro
– com suas igrejas na cabeça, o mais querido dos folguedos, que sintetiza a alma dos alagoanos: povo
de olhar e palavras doces como o mel da cana, abraço quente como o sol e gingado manso como o
balançar da palha do coqueiro. Gente que celebra de noite e de dia, na proteção de Nossa Senhora dos
Prazeres, padroeira de Maceió, e de todos os santos, encantados e orixás.
Está cumprida a profecia do encontro de realezas, que coroam Benedito: o imperador do Carnaval de
Maceió. É o triunfo da cultura popular, em um esfuziante banho à fantasia no azul piscina do mar de
Pajuçara. Neste congraçamento, todo mundo tem sangue nobre. Basta se deixar levar por um delírio
de Carnaval. Hoje tem escola de respeito batendo cabeça para Rás Gonguila.
* Abrir a sede (lê-se “séde”) é como os alagoanos chamam o início das apresentações de seus
folguedos, sempre com um canto puxado pelo mestre dos brincantes. É o mesmo que abrir a gira,
começar os trabalhos.
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ROTEIRO DO DESFILE
ABERTURA
Comissão de Frente
Gira, mundo, feito o pião do menino!
Ala 02 – Comunidade
Guerreiros Jagas-Ingambalas
Grupo – Comunidade
Encantaria aos pés da gameleira e da jurema
Alegoria 01
Palmares de luta, Palmares de festa
Ala 04 – Comunidade
Fênix Alagoana: brincadeira de grã-fino
Ala 05 – Comunidade
Borboletas, o primeiro amor de Benedito
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Ala 07 – Comunidade
Real Cavaleiro dos Montes
Ala 08 – Comunidade
Dois frevos para Gonguila
Alegoria 02
Olha o Carnaval de Maceió aí, gente!
Ala 10 – Comunidade
Herdeiro de Sabá
Ala 11 – Comunidade
Cristãos de Lalibela
Destaques de chão
Aieny Mendes e Flávia Custódio
Princesas da Etnia Suri
Ala 12 – Passistas
Etnia Suri
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Rainha de Bateria
Lorena Raissa
A mais bela guerreira da etnia Omí
Destaque da Bateria
Neide Tamborim
A grande matriarca da etnia Omí
Ala 13 – Bateria
Etnia Omí
Ala 14 – Comunidade
Etnia Hamer
Ala 15 – Comunidade
Etnia Mursi
Ala 16 – Comunidade
Etnia Karo
Alegoria 03
O último Leão de Judá
Grupo – Comunidade
Cortejo de um pássaro real
Ala 18 – Comunidade
Nobreza nilopolitana
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3º Casal:
Muskito e Emanuelle Martins
Ogum e Iemanjá
4º Casal:
Hugo Almeida e Naninha Fidélis
Xangô e Oxum
Destaque de chão
Tia Lúcia
Rancho Beija-Flor
Ala 19 – Baianas
Um beija-flor do quintal de Tia Eulália
Ala 20 – Comunidade
O esplendor da corte egipciana
Ala 21 – Comunidade
Coração de serpente não se engana
Ala 22 – Comunidade
Brasil das maravilhas
Grupo de Pandeiristas
É o sorriso alegre do sambista
Destaque de chão
Raíssa Oliveira
Paraíso da Loucura
Alegoria 04
Razão do meu cantar feliz
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Ala 24 – Comunidade
Cordão Azul-Encarnado (Pastoril)
Ala 25 – Comunidade
Sagrado e profano (Reisado Alagoano)
Ala 26 – Karisma/Cabulosos
Encantaria de lanceiro (Caboclinhos)
Destaque de chão
Brunna Gonçalves
A joia do folclore alagoano
Alegoria 05
O relicário da cultura alagoana
Ala 28 – Comunidade
Bom marujo também brinca (Cheganças e
Fandangos)
Ala 29 – Comunidade
Brincantes do Pontal da Barra
Ala 30 – Comunidade
Frenesi da Jatiúca
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Ala 31 – Comunidade
Banhistas do Jaraguá
Destaque de chão
Carla Cachoeira
Devaneio subaquático
Alegoria 06
À beira-mar, nasce um rei
Ala 32 – Compositores
Menestréis Nilopolitanos
Ala 33 – Convidados
Discípulos de Gonguila
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FICHA TÉCNICA
Alegorias
ALEGORIA 01 – ABREALAS
01 a) QUADRIPÉ Principais elementos e signos:
Beija-flor:
O primeiro módulo do abre-alas tem como elemento
central o símbolo máximo da escola, o majestoso beija-
flor do Quilombo dos Palmares – que tem em sua base
de sustentação a figura de Exu. É a escola pedindo
licença ao senhor dos caminhos, ao mensageiro entre a
vida na terra (Ayê) e o plano espiritual (Orun),
conectando a escola às ancestralidades homenageadas
em seu desfile, a começar por Palmares, o mais firme
chão de Benedito. Também há beija-flores nos dois
b) PRIMEIRO MÓDULO quadripés, circundando as coroas, que representam a
nobreza africana presente nas terras alagoanas – desde
os altos da Serra da Barriga até as praias de Maceió; dos
Sertões à foz do Rio São Francisco.
1º módulo:
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2º módulo:
c) SEGUNDO MÓDULO
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Estandarte e músicos:
Na parte traseira da alegoria, o enorme estandarte remete
aos tempos em que os foliões de Maceió espetavam
notas de mil réis ou depositavam vinténs e tostões entre
as costuras dos brocados. Não era muito dinheiro, mas
dava para comprar alguma bebida e pagar os músicos,
aqui representados pelas figuras dos músicos que tocam
bumbo e metais.
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Leão de Judá
03 A imponente escultura de um leão coroado sobressai no
alto da alegoria – que, dentro da linha narrativa do
enredo, marca o início do grande delírio, da "alucinação
consciente" de Gonguila, que criou uma história
fantasiosa e passou a crer nela plenamente. A escultura
representa o Leão de Judá, título hereditário do trono
* A imagem acima é do croqui etíope desde Menelik (filho de Salomão e Sabá) até
original e serve apenas como Haile Selassie. A figura do Leão de Judá está na Insígnia
referência. Algumas modificações Real do Império Etíope e ficou estampada na bandeira
cromáticas, estéticas e de do país por quase 80 anos, até a extinção da monarquia
iluminação podem ter sido
em 1974. De tão marcante na heráldica do reinado de
realizadas na execução da
alegoria. Selassie, o Leão também está presente nos pés das
colunas laterais do palácio imperial.
Carruagem imperial
A realidade nos conta uma história saborosa e
engraçada: a carruagem usada na coroação de Haile
Selassie foi, na verdade, comprada de segunda mão da
família real da Alemanha. No desfile da Beija-Flor, a
representação é mais pomposa, pois o imperador
merece. Puxada por zebras ricamente enfeitadas para a
festa, a carruagem imperial tem a cabine aberta, no
formato de antílope. Nas laterais, a efígie de Selassie
estampada nas moedas do tempo em que ele reinava. Nas
rodas, a Estrela de Davi, símbolo máximo do judaísmo,
lembrando a origem salomônica do trono etíope.
Vitrais
Nas laterais da alegoria, as colunas do Palácio Imperial
são decoradas por vitrais coloridos que remetem aos
templos da Igreja Ortodoxa Etíope. Seus fiéis seguem
algumas tradições que guardam semelhanças com o
judaísmo, herança da dinastia do Rei Salomão e da
Rainha de Sabá. Os vitrais mostram cenas típicas do
cristianismo etíope, com representações de santos,
sacerdotes e, principalmente, do Jesus de pele preta. Eles
são retratados nos Evangelhos de Garima, considerados
um dos manuscritos cristãos mais antigos do mundo e
que hoje estão guardados em mosteiro no extremo norte
do país.
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A padroeira
À frente da alegoria, resplandece a imagem de Nossa
Senhora dos Prazeres, padroeira de Maceió, rodeada de
anjos e sustentada por bonecas encontradas nos
mercados de artesanato locais. Na escultura, o
resplendor da santa remete às tramas e às cores do
bordado filé produzido por artesãs e artesãos do Pontal
da Barra.
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Abre-Alas – G.R.E.S. Beija-Flor de Nilópolis – Carnaval 2024
Boi-de-carnaval
Nas laterais, o boi-de-carnaval, derivação do tradicional
bumba-meu-boi que, ao longo dos anos, absorveu
referências de outros folguedos alagoanos e se tornou
* A imagem acima é do croqui popular nos carnavais de Maceió, com seus temas
original e serve apenas como específicos e seus ricos adereços.
referência. Algumas modificações
cromáticas, estéticas e de
iluminação podem ter sido
Estrela espelhada
realizadas na execução da Na parte traseira, destaque para a estrela espelhada, que
alegoria. tem dois significados dentro da narrativa do enredo: 1) o
elemento simboliza a estrela que guiou os Reis Magos
até o local do nascimento de Jesus, cena que é a base da
representação do reisado, que por sua vez é a origem do
guerreiro; 2) no mais genuíno folguedo alagoano, o
espelho no chapéu tem significado espiritual: é ele que
protege a nação de brincantes, repelindo a inveja, o mau
olhado, o mau agouro. Sendo assim, que a estrela
espelhada proteja a Beija-Flor, seus componentes e
todos os brincantes de folguedos populares.
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Abre-Alas – G.R.E.S. Beija-Flor de Nilópolis – Carnaval 2024
05 ALEGORIA 05:
* Composições:
Brincantes de guerreiro
Convidados: Osvaldo dos Santos; Marcos Evangelista
de Morais/Cafu e Mariah Morais.
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Abre-Alas – G.R.E.S. Beija-Flor de Nilópolis – Carnaval 2024
* Composições:
Banhistas da folia marinha
Nos peixes das laterais, no carrossel de peixes e nos
tentáculos na parte traseira
Algas marinhas
Dentro das bolhas na parte frontal
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FICHA TÉCNICA
Alegorias
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Abre-Alas – G.R.E.S. Beija-Flor de Nilópolis – Carnaval 2024
Local do Barracão
Rua Rivadávia Corrêa, nº. 60 – Unidade 11 – Cidade do Samba – Gamboa – Zona Portuária
Diretor Responsável pelo Barracão
Alexandre Esposito “Jiló”
Ferreiro Chefe de Equipe Carpinteiro Chefe de Equipe
Alan Duque João Paulo
Escultor(a) Chefe de Equipe Pintor Chefe de Equipe
Kennedy Prata Leandro Assis
Eletricista Chefe de Equipe Mecânico Chefe de Equipe
Dedé Cléber Loiola
Outros Profissionais e Respectivas Funções
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Tamires Enfermeira
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FICHA TÉCNICA
Fantasias
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04 Fênix Alagoana: Eu virei rei nas ruas. Nasci com alma Comunidade Diretoria de
brincadeira de de brincante, pois sempre gostei (1948) Carnaval e
grã-fino mais do calor das ladeiras, calçadas Harmonia
e encruzilhadas do que do conforto
dos salões. Mas foi na porta de um
clube de luxo, como recepcionista de
foliões endinheirados, que eu ganhei
a simpatia e o respeito da elite local.
Esse clube era o Fênix Alagoana.
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08 Dois frevos para Não existe Carnaval em Maceió sem Comunidade Diretoria de
Gonguila frevo. O ritmo embriagante que (1948) Carnaval e
chegou do nosso vizinho Pernambuco Harmonia
sempre foi a marca musical da folia
na cidade. Como se já não fosse
orgulho suficiente vir na frente do
Cavaleiro dos Montes e o povo me
chamar de Rei do Carnaval, fizeram
dois frevos pra mim. Fico todo besta
com esta homenagem tão linda.
Gonguila foi imortalizado em duas
obras, que honram sua memória de
folião e estão representadas nesta ala.
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Abre-Alas – G.R.E.S. Beija-Flor de Nilópolis – Carnaval 2024
* Povos da Etiópia Agora o negócio vai ficar mais Destaques de Aieny Mendes
na festa da animado! Vai começar a festa do Rás Chão e Flávia
coroação – Tafári. De longe eu vejo chegando os Custódio
Princesas da povos da Etiópia, que vieram para a
Etnia Suri coroação do imperador. Porque não
existe festa sem povo! Os primeiros
que eu vejo são os Suri. A turma é
bonita, toda enfeitada. Parece até
que estão num desfile de blocos no
Carnaval de Maceió.
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17 Quando ainda Tudo que existe na cultura popular Ala das Néia e Tia
não tinha Beija- um dia teve começo. O melhor que a Borboletas / Débora
Flor gente faz é bater cabeça para os Ala Signos
ancestrais, os antepassados, aqueles
que tanto nos ensinaram. Eu não
existiria se não fosse meus sonhos, o
jogo de pião na rua, a folia que
aprendi com Major Bonifácio. Assim
como não existiria Beija-Flor se não
fossem esses blocos.
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Abre-Alas – G.R.E.S. Beija-Flor de Nilópolis – Carnaval 2024
19 Um beija-flor no Olha que história bonita: era Natal de Ala das Tia Lúcia
quintal de Tia 1948 e um grupo de foliões se reuniu Baianas /
Eulália na casa de Tia Eulália. Queriam Comunidade
fundar um bloco novo, que ainda não (1948)
tinha nome. Ela lembrou do tempo de
menina, quando desfilava no Rancho
Beija-Flor, em Valença. Foi quando
um beija-flor cruzou o seu quintal,
parou no ar por uns instantes e sumiu
no céu azul de nuvens brancas.
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22 Brasil das Pensam que acabou? Tem mais: uma Comunidade Diretoria de
Maravilhas menina destemida segue um (1948) Carnaval e
misterioso coelho, cai num buraco e Harmonia
desce até um mundo desconhecido,
onde tudo é fantástico e quase nada
faz sentido. É, Beija-Flor... a gente
acabou de se conhecer, mas a nossa
história tem mais em comum do que
a gente pensa!
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27 Trupé ligeiro e Tá enganado quem pensa que coco Ala Alledance / Diretoria de
rodado de roda sempre foi dança de gente Comunidade Carnaval e
(Coco de roda) pobre, viu? E folguedo de praia que (1948) Harmonia
ganhou a rua, todo mundo na
embolada, tirando verso de
improviso, os homens de chapéu
para aparar o sol e as mulheres com
a beira da saia rodada segurada na
ponta da mão. Coco de roda é
alagoano raiz, com resposta
marcada na palma da mão,
lembrando o canto do preto e do
indígena que batia na quenga até ela
quebrar. Dizem os sabidos que isso
vem desde os tempos de Palmares. É
a ancestralidade que corre nas
nossas veias.
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Os Guardiões da Pajuçara
representam a praia das piscinas
naturais, dos arrecifes e do caminho
de areia que flutua sobre as águas; a
praia que foi parar no Mar da
Mirandela, em plena Nilópolis. Meio
homens, meio peixes, formam a
guarda real de Netuno, senhor dos
mares, e trazem o corpo enfeitado de
pérolas para a grande festa.
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FICHA TÉCNICA
Fantasias
Local do Atelier
Rua Rivadávia Corrêa, 60 – Unidade 11 – Cidade do Samba – Gamboa – Rio de Janeiro – RJ
Diretores Responsáveis pelo Atelier
João Vitor Araújo, Fabynho Santos, Rodrigo Pacheco, Lenile Pessoa e Dudu Azevedo
Costureiro(a) Chefe de Equipe Chapeleiro(a) Chefe de Equipe
Ademilde Silvinho/Nequinha e Tatiane Almeida –
Aderecista Chefe de Equipe Sapateiro(a) Chefe de Equipe
Rodrigo Pacheco e Fabynho Santos José Francisco “Zé Sapateiro”
Outros Profissionais e Respectivas Funções
Ateliês de fantasias
Todas as fantasias da Beija-Flor são confeccionadas no barracão da Cidade do Samba e em dois
ateliês administrados pela própria escola, que ficam em Nilópolis. Nesses dois locais, são
produzidas, todos os anos, mais de 2.500 fantasias para os componentes, com profissionais
formados pela escola, sob supervisão constante da equipe de criação. Além de gerar pertencimento
para a comunidade, que participa ativamente da elaboração do carnaval, os dois ateliês contribuem
para propiciar emprego e renda e movimentar a economia do município.
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Abre-Alas – G.R.E.S. Beija-Flor de Nilópolis – Carnaval 2024
FICHA TÉCNICA
Samba-Enredo
Autor(es) do Samba-Enredo
Kirraizinho, Lucas Gringo, Wilsinho Paz, Venir Vieira, Marquinhos Beija-Flor e Dr. Rogério
Letra do Samba-Enredo:
Em Maceió
O paraíso deu à luz a um menino
À beira-mar, nasci um rei
E o senhor das ruas deu o meu caminho
Eu acreditei!
Herdeiro da dinastia e das lutas de Zumbi
De Palmares às palmeiras e marés
Da cultura e bravura dos tupis e caetés
De nobre engraxate ao novo horizonte:
Real Cavaleiro dos Montes
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EM MACEIÓ
O PARAÍSO DEU À LUZ A UM MENINO
À BEIRA-MAR, NASCI UM REI
E O SENHOR DAS RUAS DEU O MEU CAMINHO
EU ACREDITEI!
Os primeiros versos da estrofe inicial apresentam o lugar onde o personagem principal do enredo
veio ao mundo: Maceió, cidade iluminada pelo sol que brilha forte o ano todo, paraíso de águas
claras e quentes, de múltiplos tons de azul e verde. Este recanto formoso empresta sua luz a
Benedito, guiado na infância e na juventude pelo senhor das ruas – o mensageiro, o andarilho, o
dono das encruzilhadas. Era na rua que o menino jogava pião, era na rua que o rapaz se entregava
à boêmia, era na rua que ele reinava como folião. Nos caminhos abertos por Exu, Benedito conhece
o seu destino: nasceu um rei e acreditou em sua majestade!
O que corre nas veias de Benedito é nobreza de quilombo: Palmares, o maior de todos, erguido por
guerreiros africanos, que acolheram bravos tupis e caetés. Descendente de Zumbi e Dandara, que
espalharam a ancestralidade africana do alto da Serra da Barriga a todos os cantos de Alagoas. Da
infância como engraxate nas ruas do Centro da capital, o moleque cresceu e encontrou sua maior
vocação. Nasceu para ser brincante, folião soberano do Cavaleiro dos Montes, bloco da mais alta
realeza do Carnaval de Maceió.
Mironga é feitiço e encantamento, macumba de preto e pajelança de caboclo. Tudo isso tem nas
festas de gente simples, malandragem da ralé, que risca o chão com seus passos de frevo nos
carnavais de Maceió. É a devoção à padroeira que passa no andor, a fé no rosário pendente na mão.
É o axé dos tambores batidos em cada folguedo.
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Abre-Alas – G.R.E.S. Beija-Flor de Nilópolis – Carnaval 2024
Brincadeira de moleque era jogar pião: barbante enrolado na peça de madeira e golpe certeiro para
fazer o brinquedo girar. Na Maceió de Benedito, quando o pião não rodava direito e caía no chão,
os moleques diziam que era uma gonga. E cada um apontava o dedo: "Aquele cabra ali gonguila!"
Estava batizado nosso rei: Gonguila, o bendito dos plebeus. Que um dia pegou a corda do pião, deu
um giro na própria história e virou Rás, como o imperador da distante Etiópia.
Entre o real e a imaginação, trouxe a corte africana para encontrar a nobreza alagoana e realizar seu
grande sonho: botar uma coroa na cabeça.
VOA, BEIJA-FLOR
A SOBERANIA POPULAR ME TRAZ
NUM BATUQUE DE RÁS
UM COCO, UM POUCO DE SAMBA DE RODA
E O POVO ANUNCIA: É ELA!
DELIRA, TEM PAJUÇARA NO MAR DA MIRANDELA!
E segue o devaneio de Rás Gonguila. No encontro com a Deusa da Passarela, o príncipe etíope dos
carnavais alagoanos conhece o povo de sangue azul nilopolitano. É a Beija-Flor, Soberana da
Baixada, misturando um pouco de samba e coco-de-roda, um dos ritmos mais marcantes e populares
das Alagoas. Para delírio do povo, que anuncia: se Pajuçara é praia em Maceió, Mirandela é praia
em Nilópolis – com seu mar de gente a pisar forte na defesa do carnaval e de sua ancestralidade.
Não levem a mal. Não é por desprezo que a gente diz: aqui é Beija-Flor, doa a quem doer. É por
orgulho! Orgulho de cantar os nossos ancestrais, o nosso chão, a nossa história -- recheada de
enredos e desfiles alucinantes, criados por tantos gênios sonhadores. Assim como Rás Gonguila,
que criou sua própria história. O que move a gente é a vontade de vencer, de soltar o grito preso no
peito. Escola de comunidade, que impõe respeito, e está pronta para mais esta missão: coroar
Benedito na Marquês de Sapucaí!
A Beija-Flor destaca dois versos de seu samba que podem levantar discussões sobre erros
gramaticais que teriam sido cometidos pelos compositores.
O primeiro está no refrão principal: Aqui é Beija-Flor, doa a quem doer. Há gramáticos que
defendem a expressão "doa em quem doer" como certa, enquanto outros dizem que é perfeitamente
possível usar a versão que está no samba nilopolitano. Antonio Houaiss, em sua gramática da língua
portuguesa, diz que que o verbo "doer" aceita a partícula "lhe" seguida de um verbo no infinitivo.
Celso Pedro Luft, no "Dicionário Prático de Regência Verbal", vai na mesma linha, admitindo
também a preposição "a" – exatamente como está no verso do nosso samba.
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Abre-Alas – G.R.E.S. Beija-Flor de Nilópolis – Carnaval 2024
O segundo caso está na abertura da primeira estrofe: Em Maceió, o paraíso deu à luz a um menino.
Diz a norma culta: a expressão dar à luz, que significa parir, exige o acento grave. Ou seja: quando
alguém nasce, a mãe dá o filho à luz (vida, no sentido figurado) – não o contrário. Portanto, ao se
falar de um parto, a expressão correta é "dar à luz".
Alguns estudiosos admitem que a expressão “dar à luz” pode ser sucedida pela preposição “a”. Um
dos exemplos vem da Bíblia. Há edições do livro sagrado dos cristãos que registram a frase: "E
aconteceu que, como Raquel deu à luz a José, disse Jacó a Labão" (Gênesis 30:25). Observem:
tem "a" com e "a" sem acento grave.
A Beija-Flor não tem a pretensão de escrever uma nova gramática na avenida. Apenas gostaria de
lembrar que: a) o idioma é um organismo vivo e mutante; b) a língua tem suas regras, mas nem
todas são consenso entre os experts; c) o português castiço dos livros quase nunca é o mesmo falado
e entendido pelas ruas; d) não é pecado falar de um jeito simples, que todos entendam – como
ensina a tradição oral popular, que está na alma do nosso enredo; e) Carnaval é uma festa menos de
literalidade e mais de sentidos figurados, interpretações, liberdades e possibilidades criativas.
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Abre-Alas – G.R.E.S. Beija-Flor de Nilópolis – Carnaval 2024
FICHA TÉCNICA
Bateria
Frigideira: 06 componentes.
São mais de 200 músicos que fazem um espetáculo único e preciso, alcançando excelência e
coordenação por meio de muita prática, ensaios e dedicação. Sendo os primeiros a chegar e os
últimos a sair nos eventos, os ritmistas são artistas que prestam devoção às suas escolas, para que o
show possa acontecer.
No universo das baterias das escolas de samba do carnaval carioca, é fundamental falar da
importância e do impacto da orquestra da Beija-Flor de Nilópolis. Na era Sambódromo, das 149
notas computadas no quesito Bateria desde o ano de 1984, a Beija-Flor obteve pontuação máxima
122 vezes. O apelido de Soberana, em homenagem à alcunha da própria escola, dá dimensão da
entrega e da dedicação de seus ritmistas, diretores e mestres ao longo do tempo.
Esses elementos foram fundamentais para a bateria alcançar o patamar de excelência que atualmente
ocupa, não só em termos de notas, mas também de premiações pelos mais diversos veículos que
cobrem o carnaval, incluindo o Estandarte de Ouro no ano de 2016. Além disso, vale destacar o
impacto de seus ritmistas por todo o mundo do samba.
Há 14 anos a bateria da Beija-Flor é comandada pelos mestres Plínio e Rodney. Plínio de Morais é
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Abre-Alas – G.R.E.S. Beija-Flor de Nilópolis – Carnaval 2024
mais um dos símbolos encarnados do que é pertencer, ser e construir a família nilopolitana.
Advindo do bloco Mocidade do São Mateus, de São João de Meriti, começou sua trajetória como
ritmista desde muito cedo, aos 13 anos, tocando surdo de terceira – ou, como se chamava à época,
surdo de contratempo. Em uma competição de blocos, a Mocidade foi campeã e o desempenho de
cinco ritmistas chamou a atenção do então presidente Anísio, que convidou os percussionistas para
integrar a bateria da Beija-Flor. Entre os selecionados estava Plínio.
Desde então, mestre Plínio compõe a escola de Nilópolis, tendo desfilado em algumas
oportunidades no G.R.E.S. Em Cima da Hora. Diretor desde 1993, com o Mestre Odilon, tornou-se
mestre em 1997, dividindo o cargo com Paulinho Botelho de 1998 a 2009, e com Rodney desde
então. Plínio se orgulha de ter participado de todos os 14 títulos da Beija-Flor – em nove deles como
mestre de Bateria – e é hoje, junto com Neguinho da Beija-Flor, o maior vencedor vivo do carnaval
carioca. Símbolo das baterias, do carnaval e, principalmente, da Família Beija-Flor, Plínio é figura
indispensável para compreender os rumos do carnaval brasileiro.
Rodney José Ferreira, que tem nome de sambista e bamba, começou muito cedo a se envolver com
o mundo do ritmo. Ainda que não seja flamenguista, começou sua trajetória numa torcida do
Flamengo, a Fla Méier. À época, os projetos de oficinas não eram consolidados, e foi a forma que
ele encontrou para, aos 8 anos, começar a aprender a tocar. Depois começou a tocar no bloco
carnavalesco Labareda do Méier, lar de diversos nomes do carnaval, como por exemplo o intérprete
Luizito (1954-2015). De lá, conseguiu sua primeira experiência numa escola de samba, na S.R.E.S.
Lins Imperial, aos 15 anos. Da verde e rosa do Lins, seguiu para a Caprichosos de Pilares, onde
também integrou o grupo show da escola, o CapriShow.
A partir daí, sua trajetória começou a tomar contornos de ainda maior liderança, ao se tornar braço
direito do mestre Paulinho Botelho, com quem trabalhou na Unidos do Viradouro e na Portela, antes
de rumarem para Nilópolis. Mestre Rodney esteve presente em todos os títulos da escola desde
1998, trabalhando ao lado dos mestres Plínio e Paulinho, antes de assumir o comando da Soberana
junto a Plínio, no ano de 2010.
Juntos, implementaram um ritmo inconfundível, com a marca registrada das frigideiras e do repique
mor, características que se destacam na bateria da agremiação, além do swing dos surdos de terceira
e das caixas muito bem executadas. Primeiro a chegar na avenida para os desfiles e último da bateria
a sair, mestre Rodney é marca registrada de dedicação e serviço à Beija-Flor de Nilópolis, e um dos
grandes mestres da história do Carnaval.
Um dos grandes orgulhos dos mestres Plínio e Rodney está na coordenação conjunta que fazem do
projeto de formação de ritmistas, que ocorre aos sábados. Na verdadeira dinâmica de família, veem
nisso não só a necessidade, mas a responsabilidade de comandar a renovação da escola, plantando
frutos que servirão à Beija-Flor e a todo o carnaval. Confiantes no trabalho de seus diretores, jovens
que também os ajudam a consolidar a marca da Soberana no carnaval, os mestres Plínio e Rodney
comandam a bateria com a certeza de bons trabalhos no presente e com uma preocupação
incondicional com o futuro da agremiação.
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Abre-Alas – G.R.E.S. Beija-Flor de Nilópolis – Carnaval 2024
Em seu segundo ano à frente da bateria Soberana, Lorena Raissa é mais uma estrela da grande
constelação Beija-Flor de Nilópolis. Herdeira de uma longa linhagem de rainhas da comunidade
alimentada pela escola, Lorena conquistou seu lugar em um disputado concurso promovido para
valorizar as pratas da casa e dar continuidade ao legado de Sônia Capeta, Neide Tamborim e Raissa
de Oliveira.
Esbanjando carisma, talento e simpatia, a nossa majestade arrebatou corações e foi aclamada pela
diretoria, pelos segmentos e pela apaixonada torcida nilopolitana. Cria da comunidade, Lorena
nasceu enquanto a mãe, Aline Souza, voltava de um ensaio técnico na Sapucaí em 2007, ano do
histórico “Áfricas: Do Berço Real à Corte Brasileira”.
O ônibus que voltaria a Nilópolis precisou mudar de trajeto até a maternidade, onde veio ao mundo
nossa futura rainha. Nascida e criada em berço nilopolitano, filha de passista e neta de compositor,
Lorena representa o trabalho social realizado pela escola por meio do Instituto Beija-Flor e participa
ativamente da nossa Comissão Jovem Antirracista.
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Abre-Alas – G.R.E.S. Beija-Flor de Nilópolis – Carnaval 2024
FICHA TÉCNICA
Harmonia
A Beija-Flor de Nilópolis construiu uma sólida tradição no segmento por meio de apresentações
memoráveis na avenida, sobretudo pela força do canto e da evolução dos seus componentes. O chão
da escola é conhecido pela sua vibração e entrega. A manutenção e o fortalecimento desta
característica são resultado de um trabalho amplo, conduzido de forma primorosa pela Harmonia
dirigida por Simone Santana e Valber Frutuoso.
A história da vida de Simone está intimamente ligada à Beija-Flor de Nilópolis. Foi na escola que
a diretora construiu sua família e se desenvolveu como liderança.
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Abre-Alas – G.R.E.S. Beija-Flor de Nilópolis – Carnaval 2024
Na agremiação desde 1995, foi desfilante, líder de comunidade, aderecista e chegou a se apresentar
como Porta-Bandeira em algumas apresentações externas. No segmento Harmonia, sua caminhada
teve início com um convite de Laíla (1943-2021). O convívio fez o mestre perceber a qualidade do
trabalho de Simone que foi acumulando responsabilidades e se destacando.
A dedicação, a capacidade, a liderança e o empenho foram reconhecidos no ano de 2019, quando
recebeu o convite para ser Diretora Geral da Harmonia, em parceria com Valber Frutuoso. Única
mulher a exercer o cargo no Grupo Especial em 2024, Simone é querida e respeitada na escola por
sua história e pela maneira correta e objetiva com que conduz o trabalho.
Valber Frutuoso é de uma família de sambistas. Filho de um dos fundadores do Cacique de Ramos,
iniciou sua trajetória como passista. Ainda jovem, na Acadêmicos do Grande Rio, ingressa no
segmento Harmonia, tendo Laíla como diretor. Assim como Simone, chegou à Beija-Flor no ano
de 1995. Convidado pelo mestre, Valber acumula mais de 20 anos de experiência na agremiação,
sendo figura importante do período mais vitorioso da história da escola. Em sua trajetória
carnavalesca, teve uma breve passagem pela Unidos da Ponte e uma exitosa jornada pela União da
Ilha, como Diretor Geral, levando a escola de volta ao Sábado das Campeãs no carnaval de 2014,
até assumir, em 2018, o cargo na Soberana. Exímio conhecedor do carnaval carioca, domina os
saberes e práticas necessários para o exercício do ofício e constitui com Simone uma dupla afinada
no objetivo de levar a escola à vitória.
Luiz Antônio Feliciano Marcondes acrescentou ao seu nome de batismo o nome artístico que o
consagrou: Neguinho da Beija-Flor. O cantor e compositor é um grande expoente desta agremiação,
que teve no seu talento um dos pilares de sua consolidação. Neguinho é patrimônio da Beija-Flor
de Nilópolis e do carnaval carioca. Sua voz inconfundível é uma marca indelével que ajudou a
construir a história gloriosa da azul e branco.
Filho de músico, a arte se fez presente desde a infância. Sua estreia como puxador de samba se deu
no então bloco Leão de Iguaçu. Foi o compositor Cabana, a pedido do patrono Anísio Abraão David,
quem fez o convite para que ele assumisse o posto no qual faria história na cultura brasileira, tanto
pelo sucesso quanto pela longevidade. Hoje, quase cinquenta anos depois, o cantor é a voz mais
conhecida e um dos principais artistas – senão o principal – do maior espetáculo da terra.
Vencedor de cinco Estandartes de Ouro do jornal O Globo, também foi agraciado com um Prêmio
SRZD e duas Estrelas do Carnaval, concedidas pelo site Carnavalesco. Além disso, é um dos
maiores vencedores do prêmio Tamborim de Ouro, do jornal O Dia, tendo conquistado por seis
vezes a distinção de A Voz da Avenida, uma vez como Personalidade e a justa deferência como
Intérprete da Década, recebida em 2007.
Para além do carnaval, construiu uma sólida e bem-sucedida carreira como cantor, com 36 discos
gravados ao longo de uma trajetória que coleciona sucessos e o fez excursionar o mundo para exibir
sua arte, arregimentando uma legião de fãs. No ano de 1991, conquistou o Prêmio Sharp de melhor
cantor de samba, reconhecido pelo público e pela crítica.
A Beija-Flor se orgulha de ter um dos maiores nomes do samba e da música popular brasileira como
seu intérprete. Neguinho é a nossa voz, nossa imagem e a nossa história viva, honra e glória desta
agremiação.
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FICHA TÉCNICA
Evolução
Pinah Ayoub
Mineira de nascimento, carioca de coração, Maria da Penha estudou para ser contadora, mas acabou
virando modelo. Trabalhou com o lendário Jésus Henrique, que por anos foi um dos principais
destaques de luxo da escola. Ficou mundialmente famosa ao sambar com o então príncipe Charles,
hoje rei da Inglaterra. E atingiu o apogeu em 1983, no quinto título da Beija-Flor, como uma das
personagens do enredo A grande constelação das estrelas negras, de Joãosinho Trinta. Há muitos
anos vivem em São Paulo, mas nunca ter abandonado três dos seus grandes amores: o Rio, Nilópolis
e a Beija-Flor.
Raíssa Oliveira
Raissa Oliveira tem 33 anos e foi uma das mais longevas Rainhas de Bateria do Carnaval do Rio de
Janeiro. Ela já fazia parte da ala de passistas mirins da Beija-Flor quando, em 2003, aos 12 anos,
ganhou o concurso da comunidade nilopolitana para ser a nova soberana dos ritmistas da escola,
substituindo a lendária Sonia Capeta. Raíssa reinou por quase duas décadas, até entregar o posto a
Lorena Raíssa, no Carnaval 2023.
Carla Cachoeira
Profissional da área de recursos humanos, o primeiro contato de Carla com a Beija-Flor foi ainda
na infância, quando sua avó, Vilma, confeccionava fantasias. Desfilou pela primeira em 2004, como
baianinha. Depois, foi passista durante anos. Atualmente é diretora da Ala de Passistas.
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Abre-Alas – G.R.E.S. Beija-Flor de Nilópolis – Carnaval 2024
Brunna Gonçalves
Dançarina e influenciadora digital, Brunna participou do Big Brother Brasil 2022. É casada com a
funkeira Ludmilla, que em 2023 integrou o carro de som da Beija-Flor de Nilópolis.
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Abre-Alas – G.R.E.S. Beija-Flor de Nilópolis – Carnaval 2024
FICHA TÉCNICA
Informações Complementares
Vice-Presidente de Carnaval
–
Diretor Geral de Carnaval
Dudu Azevedo
Outros Diretores de Carnaval
–
Responsáveis pela Ala das Crianças
Andrea e Anderson
Total de Componentes da Quantidade de Meninas Quantidade de Meninos
Ala das Crianças
60 50 10
Responsável pela Ala das Baianas
Lúcia Alves Boiça
Total de Componentes da Baiana mais idosa Baiana mais jovem
Ala das Baianas (Nome e Idade) (Nome e Idade)
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Abre-Alas – G.R.E.S. Beija-Flor de Nilópolis – Carnaval 2024
Presente no samba desde a infância, Dudu teve seus maiores exemplos em casa.
Os pais se conheceram no carnaval, como lideranças de diferentes blocos e a folia sempre esteve
presente na rotina da família Azevedo. Seu pai, José Luiz Azevedo, foi, entre outros cargos e
funções, Diretor da RIOTUR e Diretor de Carnaval da Acadêmicos de Santa Cruz e da Mocidade
Independente de Padre Miguel.
Em sua trajetória, Dudu integrou, inicialmente como ritmista e depois como coordenador, o Grupo
Rio Samba Show, com participações em várias cidades do país e no exterior, com destaque para um
longo período no Japão, passando por Kobe, Shiga, Osaka e Tokyo. Também participou de diversos
eventos no Terreirão do Samba, como Concursos de Rei Momo e Rainha do Carnaval.
Nas escolas de samba, teve longa jornada como diretor de Harmonia, fazendo parte do corpo de
diretores da Unidos do Viradouro, mas, sem sombra de dúvidas, sua carreira é marcada pelo
trabalho desenvolvido no Acadêmicos do Grande Rio, escola na qual foi promovido a Diretor Geral
do segmento em 2004. O bom trabalho desenvolvido na tricolor despertou a atenção do Acadêmicos
do Salgueiro, que formalizou o convite para que ele assumisse o cargo de Diretor de Carnaval.
Desde então, Dudu vem se destacando como uma liderança que preza pelo diálogo, o respeito aos
profissionais e a integração da comunidade. Competitivo e dedicado, empenha-se em construir, no
dia a dia, um ambiente de respeito e cooperação que propicie o fortalecimento coletivo das
agremiações onde trabalha. A energia que emprega em seu trabalho serve de exemplo e combustível
para sua equipe.
Na Beija-Flor desde 2020, seu trabalho é uma aposta na organização, planejamento, estratégia e
ensaios frequentes na busca para que os movimentos sejam desenvolvidos cada vez mais de modo
contínuo e regular, possibilitando um ciclo harmonioso em que os passos de dança dos integrantes,
bem como a sua progressão na Avenida durante o desfile, estejam dentro do ritmo e sendo efetuados
na mesma cadência da Bateria e da harmonia de cordas, mas sem perder a espontaneidade genuína
do sambista, de modo que a Escola desfile evoluindo com tranquilidade, leveza, garra e alegria.
Para este carnaval, visando atingir esses objetivos e manter o padrão de excelência, foram realizadas
reuniões e ensaios na quadra da Escola semanalmente, reforçando os aspectos positivos alcançados
e lapidando aquilo que ainda poderia ser aprimorado para o desfile. Além disso, também foram
realizados ensaios mensais nas ruas de Nilópolis, além de encontros com escolas coirmãs, como os
ocorridos em dezembro de 2023 e janeiro de 2024, intitulados “Encontro de Quilombos”, em
conjunto com as agremiações coirmãs Unidos de Vila Isabel, Acadêmicos do Grande Rio,
Mocidade Independente de Padre Miguel e Imperatriz Leopoldinense.
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Abre-Alas – G.R.E.S. Beija-Flor de Nilópolis – Carnaval 2024
FICHA TÉCNICA
Comissão de Frente
A Comissão de Frente da Beija Flor de Nilópolis para o Carnaval de 2024 costura os retalhos da
memória mais remota de Benedito e refaz, na Marquês de Sapucaí, os caminhos percorridos pelo
do engraxate que se encantou pelos Carnavais de Maceió.
Guiado pelas histórias dos nobres que reinavam com bravura no alto da Serra da Barriga, o
menino recebe o axé da ancestralidade africana no templo sagrado do samba. Nesta brincadeira,
em que volteiam os sonhos e os delírios do moleque pobre, uma simples cadeira pode ser a
carruagem do monarca folião, que ganhava a vida a lustrar sapatos na ponta da flanela.
O gênio do menino sonhador, que teimava em girar pião das ruas da velha capital alagoana, será
finalmente coroado. Nesta noite, pião é coroa. Nesta noite, Benedito é rei. Viva o menino banhado
de luz, descendente de Palmares, que acreditou na história criada por ele mesmo. Viva Benedito e
Gonguila! Viva a Beija-Flor e o Carnaval!
Sobre os Coreógrafos:
Jorge Teixeira
Formado em Educação Artística (Faculdade de Formação Profissional Integrada) e em Música
(Escola de Música Villa-Lobos), Jorge Teixeira começou na dança em 1987, na Escola Hortência
Mollo. Diretor Artístico da Cia. Brasileira de Ballet e fundador do Conservatório Brasileiro de
Dança e da ONG Ciranda Carioca, destaca-se pela metodologia própria de ensino, que lhe deu
prêmios como: “Moção de Congratulações” (Câmara Municipal do Rio de Janeiro); “Melhor
Espetáculo” e “Menção Honrosa” (Prefeitura de Cabo Frio/RJ); “Moção Aplauso” (Prefeitura de
Carmo/RJ); “Prêmio Cultura Nota 10” (Secretaria de Cultura da Cidade do Rio de Janeiro); “Prêmio
Dedicación” (XIII Certamen Internacional de Danzas – Danzamérica 2007/Argentina); “Prêmio de
Melhor Maitre” (V Fest Dance 3); Prêmio “Especial de Melhor Grupo” (Festival de Dança de
Joinville/SC).
Foi professor convidado de companhias profissionais, como: Studio de Ballet Tatiana Leskova, Cia.
de Ballet da Cidade de Niterói (RJ), Deborah Colker Cia. de Dança, Ballet do Teatro Municipal do
Rio de Janeiro e Ballet Nacional Dell Sódre (Montevidéu/Uruguai). Foi consultor e supervisor de
cursos de ballet clássico nas escolas: Ballet da Ilha de Vila Velha (ES);
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Abre-Alas – G.R.E.S. Beija-Flor de Nilópolis – Carnaval 2024
Escola de Dança da Fundação Clóvis Salgado, Belo Horizonte (MG); Escola Municipal de Bailados
de Ourinhos (SP).
Hoje atua como Diretor Artístico e Pedagógico da Escola Municipal de Bailados de Ourinhos e é
professor/ensaiador convidado do Ballet Nacional de Sodré (Montevidéu), sob a direção de Julio
Bocca. Tem sido premiado com seus alunos nos principais festivais de dança do mundo, tais como:
Youth América Grand Prix, New York (EUA); Prix de Lausanne (Suíça); International Ballet
Competition, Beijing (China); New York Ballet Competition (EUA); Mônaco Danse Fórum,
Mônaco; USA/IBC International Ballet Competition, Jackson. Orgulha-se de ter formado bailarinos
que atuam em grandes companhias, pelas Américas e Europa.
Desde 2007, assina como coreógrafo a Comissão de Frente de Escolas de Samba do Grupo Especial
do Carnaval do Rio de Janeiro. No ano de 2011, recebeu o Prêmio Plumas e Paetês, pela Melhor
Comissão de Frente do Grupo B do Carnaval Carioca.
Saulo Finelon
Iniciou seus estudos de balé em 1994, na Escola de Danças Maria Olenewa. Ingressou no Grupo
Thalhe, em 1995, passando a ter aulas com o professor Jorge Texeira. Em 1996, foi aprovado para
a Cia. de Ballet da Cidade de Niterói (RJ), onde atuou como solista do ballet “Caminhada”, do
coreógrafo Rodrigo Moreira. Em 1997, foi aprovado em audição pública para o Corpo de Baile do
Teatro Municipal do Rio de Janeiro, atuando como solista em vários espetáculos, tais como “Suíte
em Blanc”, de Lifar; “Divertssments No 5”, de Ballanchine; “Les Pressages”, de Massine;
“Daphinis e Cloé” de Fokine; “Amigos de Copélia”, de Henrique Martinez. Ensaiou sob a
orientação de Jean Yves Lourmaux (etóile da Ópera de Paris), então diretor do TMRJ, o primeiro
papel de Príncipe Desirée, do ballet “A Bela Adormecida”, de Marius Petipa.
Em 2001, atuou como solista em: “As Quatro Estações”, com música de Verdi e coreografia de
Gustavo Malojoli; “A Megera Domada”, de John Cankro, no papel de Inocêncio; “O Quebra-
Nozes”, de Dallal Achcar. Integra o elenco da Cia. Brasileira de Ballet como bailarino convidado,
desde a sua reestreia, em 2001. Em 2002, foi aprovado como Bailarino Estatutário do TMRJ.
A partir de 2003, passou a atuar como assistente/ensaiador de Jorge Texeira, nas companhias de
Ballet da Escola Petite Danse e na Cia Brasileira de Ballet. Atuou como assessor artístico do
Conservatório Brasileiro de Dança de 2007 a 2011. Desde 2004, é modelo exclusivo das grifes
internacionais de artigos de dança e fitness “Só Dança”, “Kerche&Kerche” e “Trinys”, atuando
como bailarino/modelo em desfiles do evento “Fashion Rio”. No filme “A Dona da História”, de
Daniel Filho, dançou com as atrizes Débora Falabella e Fernanda Lima. De 2008 a 2010, participou,
como bailarino convidado da Cia. Brasileira de Ballet, de diversas turnês internacionais, pelas
cidades de Miami e Nova York (EUA), Mônaco, Beijing (China) e Córdoba (Argentina).
Desde 2007, é assistente do coreógrafo Jorge Teixeira, nas coreografias da Comissão de Frente de
Escolas de Samba do Grupo Especial do Rio de Janeiro, como Portela, Grande Rio e Mocidade
Independente de Padre Miguel. Em 2011, recebeu o Prêmio Plumas e Paetês, pela Melhor Comissão
de Frente do Grupo B do Carnaval Carioca.
OBS.: a dupla Jorge Teixeira e Saulo Finelon criou, em 2017, o voo mágico do Aladin sobre a
Sapucaí, no último campeonato conquistado pela Mocidade Independente de Padre Miguel.
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Abre-Alas – G.R.E.S. Beija-Flor de Nilópolis – Carnaval 2024
FICHA TÉCNICA
Mestre-Sala e Porta-Bandeira
1º Mestre-Sala Idade
Claudinho Souza 51
1ª Porta-Bandeira Idade
Selminha Sorriso 53
2º Mestre-Sala Idade
David Sabiá 37
2ª Porta-Bandeira Idade
Fernanda Love 35
3º Mestre-Sala Idade
Muskito 42
3ª Porta-Bandeira Idade
Emanuelle Martins 26
4º Mestre-Sala Idade
Hugo Martins 24
4ª Porta-Bandeira Idade
Naninha Fidélis 43
Outras informações julgadas necessárias
Sangue de nobreza africana corria nas veias dos palmarinos. Por muito tempo, reinou no grande
quilombo a dinastia de Zumbi e Dandara, representados no 1º casal de Mestre-Sala e Porta-
Bandeira. Nascido livre e capturado ainda menino, Zumbi não se curvou ao cativeiro e fugiu. No
horizonte, bem no alto da serra, encontrou morada e liberdade. E também seu grande amor,
Dandara. Realidade e mito em forma de mulher, era a destemida soberana que comandava
guerrilhas e emboscadas. Juntos, foram os mais respeitados líderes de Palmares. Contra a
escravidão, resistência. E quando não foi mais possível lutar, preferiram a morte. Era mais digno
que se ajoelhar perante o açoite e a chibata. No desfile da Beija-Flor, as duas personagens recebem
o tratamento digno em suas indumentárias
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Abre-Alas – G.R.E.S. Beija-Flor de Nilópolis – Carnaval 2024
Nas palavras do carnavalesco João Vitor Araújo: "Não podemos mais retratar realeza preta com
farrapos. Se esses nobres vestiam roupas rotas, foi por conta da maior covardia, da maior barbárie
que se pode perpetrar contra uma pessoa, que é escravizá-la. Se usavam trapos, foi contra a vontade
deles. Por isso que no Quilombo Beija-Flor, no Mocambo Nilopolitano, Zumbi e Dandara são
representados da forma que merecem: como rei e rainha de fato". É este o espírito retratado na
indumentária de Claudinho e Selminha: ancestralidade, nobreza e bravura a pulsar no coração de
cada alagoano.
O casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira tem papel de destaque no cortejo ritualístico que é o desfile
de escola de samba. Responsáveis por conduzir, proteger e apresentar o principal símbolo da
agremiação, os consortes se apresentam com graça, leveza e majestade fazendo brilhar o pavilhão.
Seu bailado se destaca na avenida pela elegância e é composto por meneios, mesuras, giros, meias-
voltas e torneados, em uma dança com passos e características próprias que encanta o público. O
pavilhão desfraldado é objeto de devoção dos fiéis apaixonados pela agremiação, valorizado pela
exuberância da arte de Mestre-Sala e Porta-Bandeira.
Com mais de 30 anos de uma parceria vitoriosa e premiada, Claudinho Souza e Selminha Sorriso
colecionam, como primeiro casal, nada menos que dez títulos no carnaval carioca. O primeiro, em
1992, foi justamente na estreia como dupla, no Estácio de Sá. Na Beija-Flor de Nilópolis desde
1996, participaram ativamente do ciclo vitorioso que acumulou nove conquistas entre 1998 e 2018.
Defendendo a arte de Mestre-Sala e Porta-Bandeira como uma dança popular, destacam-se pela
garra, o vigor e a beleza de cada uma das suas apresentações. Formam um par respeitado, esperado
e reconhecido pela excelência que gerou.
Claudinho iniciou sua trajetória carnavalesca na ala das crianças do Unidos de São Carlos, através
dos pais que eram integrantes da escola. Aos dezesseis anos de idade, venceu um concurso para
terceiro Mestre-Sala da escola que havia trocado de nome para Estácio de Sá. Teve sua primeira
oportunidade como primeiro Mestre-Sala em 1990, dançando com Adriane. Mas seria justamente a
partir do par com Selminha que se consolidaria como um dos maiores da história do ofício, vencedor
por seis vezes do prêmio Estandarte de Ouro. Além da dança, Claudinho é músico, compositor e
professor de Educação Física.
Selminha começou como passista no Império Serrano, fazendo sua estreia como Porta-Bandeira no
ano de 1991. Pé quente, foi campeã do carnaval ao debutar no Estácio de Sá, no ato inaugural da
parceria histórica com Claudinho. Além dos muitos predicados de sua dança, notabiliza-se pelo
carisma que cativa o olhar de quem, admirado, observa sua exibição. Seis vezes premiada com o
prêmio Estandarte de Ouro, é amplamente reconhecida como uma das maiores da história.
Formada em Direito, Selminha é militar do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro. Desde o fim de
2022, é apresentadora do programa “Samba Coração” na TV Bandeirantes, dedicado ao samba e ao
carnaval carioca. Além disso, conduz o Departamento Cultural da escola e desenvolve um
importante trabalho social, aos sábados, na quadra da agremiação, oportunizando jovens através da
cultura do samba.
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Abre-Alas – G.R.E.S. Beija-Flor de Nilópolis – Carnaval 2024
O mosaico de vidros coloridos, típico da Igreja Cristã Ortodoxa da Etiópia, está representado na
fantasia do 2º casal da Beija-Flor. Os vitrais presentes na saia da Porta-Bandeira e na capa do
Mestre-Sala são inspirados nos afrescos das 11 igrejas esculpidas em rocha de Lalibela, cidade-
berço do cristianismo etíope. Uma dessas igrejas é a de São Jorge, repleta de imagens sacras e cenas
litúrgicas pintadas nas paredes e no teto, que estão retratadas na indumentária.
Esses dois casais retratam a religiosidade de matriz africana em uma perspectiva cultural diaspórica,
inseridos no setor em alusão à Beija-Flor, que tradicionalmente reverencia a ancestralidade preta.
Nesse contexto, os casais representam quatro orixás: Ogum e Iemanjá, Xangô e Oxum.
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Abre-Alas – G.R.E.S. Beija-Flor de Nilópolis – Carnaval 2024
Na fantasia do 3º casal, predominam as cores azul, branco e prata, usadas para representar Ogum e
Iemanjá. O mestre-sala personifica o orixá guerreiro e senhor da forja dos metais. Veste armadura
prateada com a cruz vermelha de São Jorge nas costas, e na capa, a imagem clássica do santo
católico: a cavalo, acertando o dragão com a lança. Na religiosidade popular de matriz africana,
Ogum é sincretizado com São Jorge – protetor da Beija-Flor, que guarda a quadra em Nilópolis e o
barracão na Cidade do Samba. A porta-bandeira é Iemanjá, rainha dos mares, da fertilidade e da
maternidade, representando os mares de Maceió. Na fantasia dela, destaque para as conchas,
escamas e rabos de peixe na saia, com as imagens de Iemanjá alternadas com a de Nossa Senhora
de Glória, uma das santas católicas com a qual Iemanjá é sincretizada.
O 4º casal representa Xangô e Oxum. Na época em que Gonguila nasceu, Xangô era cultuado
livremente em Maceió. Até que, em 1912, a cidade assistiu a uma das mais violentas ondas de
intolerância religiosa da história do país, que ficou conhecido como Quebra de Xangô. Por décadas,
os atabaques foram silenciados nos terreiros. Era a época do Xangô Rezado Baixo. Foi só
recentemente que a justiça do grande Obá desceu sobre a cidade para dar fim à intolerância. É o
Xangô Rezado Alto, para que nunca mais exista gira em silêncio. Essa história está representada na
fantasia do mestre-sala, que traz em uma das mãos o oxê, o machado de duas lâminas de Xangô; e
veste branco e dourado em respeito a Oxum, o grande amor do Alafin de Oyó. Sincretizada com
Nossa Senhora dos Prazeres, padroeira de Maceió, Oxum está retratada na fantasia da porta-
bandeira, com a saia vazada na qual sobressaem os abebés, os espelhos da senhora das águas doces.
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G.R.E.S.
Acadêmicos do
Salgueiro
PRESIDENTE
André Vaz
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“Hutukara”
Carnavalesco
Edson Pereira
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Abre-Alas – G.R.E.S. Acadêmicos do Salgueiro – Carnaval 2024
FICHA TÉCNICA
Enredo
Enredo
“Hutukara”
Carnavalesco
Edson Pereira
Autor(es) do Enredo
Edson Pereira e Igor Ricardo
Autor(es) da Sinopse do Enredo
Edson Pereira e Igor Ricardo
Elaborador(es) do Roteiro do Desfile
Edson Pereira e Igor Ricardo
Ano da Páginas
Livro Autor Editora
Edição Consultadas
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Abre-Alas – G.R.E.S. Acadêmicos do Salgueiro – Carnaval 2024
Org: FERREIRA,
11 As línguas Helder; Instituto 2019 Todas
Yanomami no MACHADO, Ana Socioambiental e
Brasil Maria; e SENRA, Hutukara
Estêvão Associação
Yanomami
RICARDO, Fany
12 Povos indígenas no Pantaleoni; Instituto 2023 Todas
Brasil 2017/2022 KLEIN, Tatiane; Socioambiental
SANTOS, Tiago
Moreira dos
O espírito da KOPENAWA,
15 floresta Davi; ALBERT, Companhia das 2023 Todas
Bruce Letras
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Abre-Alas – G.R.E.S. Acadêmicos do Salgueiro – Carnaval 2024
Perfil do Carnavalesco
EDSON PEREIRA
Edson Pereira iniciou a carreira artística no departamento de arte/cenografia da TV Globo, onde
exerceu a função de assistente de Chico Spinoza, à época carnavalesco da União da Ilha do
Governador. Foi sob as orientações dele que deu os primeiros passos no Carnaval. Em pouco tempo,
assumiu as funções de desenhista e pintor de arte em diversas escolas de samba. Formado em
figurino pela Iona College (EUA), alcançou a primeira oportunidade como carnavalesco em 2005,
na Unidos de Padre Miguel, onde permaneceu até 2008. Em 2010, recebe o primeiro desafio no
Grupo Especial do Rio de Janeiro, como carnavalesco da Unidos do Viradouro, ao lado de Júnior
Schall.
Passou pela União de Jacarepaguá e Renascer de Jacarepaguá, escola em que conquistou o título do
Grupo de Acesso em 2012. Com o sucesso e a identidade artística bem definidos, foi convidado
para dividir com Alexandre Louzada os carnavais da Mocidade Independente de Padre Miguel,
incluindo o projeto campeão do Grupo Especial em 2017. No mesmo ano, à frente da Unidos de
Padre Miguel, realizou um desfile histórico na agremiação. Para 2018, acertou o retorno à
Viradouro, onde garantiu mais um título na Série A do Carnaval. Entre 2019 e 2022, foi o
responsável pelos desfiles da Unidos de Vila Isabel, inclusive pela homenagem a Martinho da Vila,
presidente de honra e ídolo maior da agremiação do bairro de Noel. No mesmo ano, dividiu os
esforços entre mais uma passagem pela Unidos de Padre Miguel e uma homenagem a Clementina
de Jesus na Mocidade Alegre, escola do Grupo Especial de São Paulo. O reconhecimento de seu
trabalho o leva, então, ao Salgueiro. Pelo segundo ano consecutivo, o artista, dono de dezenas de
prêmios carnavalescos, é o responsável pela plástica da vermelho e branco e prepara um dos maiores
projetos da carreira.
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Abre-Alas – G.R.E.S. Acadêmicos do Salgueiro – Carnaval 2024
Perfil do Pesquisador
IGOR RICARDO
Igor Ricardo é formado em Jornalismo pela PUC-Rio (Pontifícia Universidade Católica do Rio de
Janeiro) e graduando em Turismo na UNIRIO (Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro).
Trabalha na cobertura carnavalesca desde 2013. Neste período, o jornalista se notabilizou à frente
da Editoria de Carnaval do Jornal O Globo e do Jornal Extra, os jornais de maior renome da mídia
carioca e do país. Também foi convidado para a produção de reportagens internacionais durante os
desfiles carnavalescos da província de San Luís, na Argentina. Além disso, foi jurado no Carnaval
de Santos e Córdoba (Argentina). Por dois anos consecutivos, fez parte do corpo de jurados para a
escolha da Corte Real do Carnaval do Rio.
Em 2018, foi convidado a desenvolver a pesquisa de enredo da Unidos da Tijuca no desfile sobre
Miguel Falabella. No ano seguinte, ainda seguiu na escola, por onde conquistou todas as notas 10
dos jurados no enredo sobre a história do pão. Com elogiada atuação, Igor foi convidado pela
Unidos do Viradouro para auxiliar na defesa do enredo de 2020 e, juntamente com Marcus Ferreira
e Tarcísio Zanon, levou para casa os principais prêmios carnavalescos pelo tema “Ganhadeiras de
Itapuã”. Mais uma vez, conseguiu agradar todo o júri técnico da Avenida no quesito enredo,
colaborando com o título da vermelho e branco de Niterói. Em 2022, ainda na Viradouro,
conquistou pelo terceiro ano consecutivo todas as notas máximas do júri na defesa do enredo. No
Carnaval do ano passado, ajudou Rosa Magalhães e João Vitor Araújo na elaboração do livro Abre-
Alas do Paraíso do Tuiuti. Para 2024, Igor estreia na escola do coração, assinando o
desenvolvimento do enredo sobre o povo Yanomami.
Sites consultados:
- https://periodicos.ufpa.br/index.php/moara/article/viewFile/11746/8137
- https://pib.socioambiental.org/pt/Povo:Yanomami
- https://www.ufmg.br/revistaufmg/downloads/22/11-Artigo-11-p142-159.pdf
- https://survivalbrasil.org/povos/yanomami
- https://acervo.socioambiental.org/sites/default/files/publications/YAL00052_1.pdf
- https://www.laymert.com.br/wp-content/uploads/2015/02/Relato-da-visita-%C3%A0-
Aldeia-Watoriki-%E2%80%93-festa-da-pupunha.pdf
- https://terrasindigenas.org.br/pt-br/noticia/140632
- https://www.scielo.br/j/rbcs/a/zqp8KtwLwfLGHpxyRR9bSBj/?lang=pt
- https://wheretheleavesfall.com/explore/article-index/ya-nomaimi-ya-nomaimi-ya-
nomaimi/
- https://amazoniareal.com.br/ouro-do-sangue-yanomami/
- https://globoplay.globo.com/v/10636933/
- https://www.socioambiental.org/noticias-socioambientais/anfitrioes-yanomami-comecam-
receber-turistas-no-yaripo-o-pico-da-neblina
- https://acervo.socioambiental.org/sites/default/files/publications/YAL00024.pdf
- https://www1.folha.uol.com.br/colunas/desigualdades/2023/02/precisamos-falar-sobre-a-
beleza-dos-yanomamis.shtml
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Abre-Alas – G.R.E.S. Acadêmicos do Salgueiro – Carnaval 2024
Vídeos consultados:
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Abre-Alas – G.R.E.S. Acadêmicos do Salgueiro – Carnaval 2024
HISTÓRICO DO ENREDO
Sinopse do enredo
Amazonas, divisa com Roraima, entre as bacias do Rio Negro e do Rio Branco. Há mais de mil anos,
os Yanomami vivem na maior Terra Indígena (TI) do país, em um território ao norte do Brasil e ao
sul da Venezuela. Quinhentos anos antes dessas duas nações existirem, eles já estavam lá. Viver na
floresta é um ofício que requer uma sabedoria ancestral, não fabricada em laboratório, nem encontrada
nas páginas dos livros do “povo da mercadoria”. Viver na floresta tem o seu próprio conto e encanto.
“Omama recriou a floresta, pois a que havia antes era frágil. Virava outra sem parar, até que, o
céu
desabou sobre ela. Por isso, Omama criou uma nova floresta, mais sólida, cujo nome é Hutukara”
Davi Kopenawa - A queda do céu
Sob o luar de um anoitecer, todos se deitam, em redes, e iluminam o breu, numa aldeia sem luz elétrica,
com lanterninhas e pequenas fogueiras que vão ajudar a amenizar o ar gélido da madrugada
amazônica. A nossa noite, porém, é o seu dia. Sob o efeito da yãkõana, pó alucinógeno feito das raspas
de árvores que dá acesso aos espíritos, os xamãs da aldeia convocam os xapiris. Eles vêm com seus
corpos translúcidos, sempre belamente adornados e brilhantes. Só quem os conhece pode vê-los
porque são muito pequenos e brilham como a luz. Há muitos, muitos, milhares deles. Xapiri é luz que
dança e canta.
Os cantos dos xapiris são tão numerosos que suas palavras são inesgotáveis. Eles aprendem tais
melodias a partir das árvores de cantos. São árvores imensas, com troncos cobertos de lábios que se
movem sem parar, uns em cima dos outros. Dessas bocas saem cantos belíssimos, tão abundantes
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Abre-Alas – G.R.E.S. Acadêmicos do Salgueiro – Carnaval 2024
quanto as estrelas do peito do céu. Todos os cantos dos espíritos provêm dessas árvores muito antigas.
Esses espíritos ancestrais foram criados por Omama para que os Yanomami pudessem se vingar das
doenças e se proteger da morte. Os xapiris são os protetores dos humanos e seus filhos,
independentemente de quantos sejam, e da floresta. Eles garantem a todos nós, indígenas e não
indígenas, a certeza de que o sol nascerá no dia de amanhã e que o céu não desabará sobre a nossa
cabeça.
Vislumbramos o sol do alvorecer. Céu azul, corpos pintados de vermelho. Coberta de palha e folhas,
com uma praça de terra batida ao ar livre, o povo da aldeia parte para a caça e a coleta da pupunha,
ingrediente principal do seu “mingau”. Eles usam arcos e flechas. Elas pegam seus cestos, seus facões,
seus bebês e seguem para a roça. Aventuram-se mata adentro, com corpos imitando animais,
procurando alimentos, seguindo seus rastros. Abelhas comem no jatobá-roxo, jacarés passeiam pelas
águas, a sumaúma impõe majestade, e os perfumes exalam do fundo da selva. Flecham os animais,
pescam os peixes. Mais tarde, chegarão com tatus, mutuns, jabutis, antas, e até onças. Convidam uns
aos outros, de casas diferentes, para dançar durante suas grandes festas reahu.
Mas ouvem-se roncos. Estrondos. Militares estão raspando a pele da terra-mãe. A floresta é cortada
em pedaços, feito retalho. Os garimpeiros, “comedores de terra”, chegaram. Para os Yanomami, as
coisas que se extraem das profundezas da terra, como ouro e petróleo, são artifícios maléficos,
perigosos, impregnados de tosse e febre. Omama escondeu o minério embaixo da terra para que seu
irmão Yoasi, o criador da morte, não fizesse mal uso dele. Apesar da prudência de Omama, Yoasi fez
com que os não indígenas soubessem desses metais, despertando a cobiça dos invasores.
O que fazem os brancos com todo esse ouro? Por acaso, eles o comem?
Enquanto reviram a terra para tirar de lá as lascas do céu, da lua, do sol, e das estrelas que caíram no
primeiro tempo, a fumaça xawara da doença se espalha: a água fica barrenta; rios são destruídos;
animais desaparecem… A terra é demarcada, mas nem por isso protegida. Nada será forte o suficiente
para restituir o valor da floresta doente. Nenhum dinheiro poderá devolver aos espíritos o valor de
seus pais mortos.
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Abre-Alas – G.R.E.S. Acadêmicos do Salgueiro – Carnaval 2024
O ronco dos motores para ao anoitecer. É aí que se ouve um ruído muito pior: o das crianças chorando
de fome!
Em meio à essa tragédia, precisamos admirar a beleza e a força Yanomami. Para os inimigos dos
povos indígenas, o extermínio dos Yanomami passa pela destruição dessa beleza, passa pelo
esquecimento de quem são. Porque é reconhecendo a beleza, a cultura, a memória, a sua própria
língua, que os Yanomami afirmam a sua humanidade no mundo. Apaixone-mos por esse povo, por
sua maneira particular de contar histórias. O respeito só pode nascer da admiração, não da pena.
Afinal, o genocídio visto hoje mostra mais quem são os napë (não indígenas) do que sobre os
Yanomami.
Assim como os sonhos Yanomami que surgem quando as flores da árvore dos sonhos desabrocham,
sonhemos com um Brasil indígena. Os Yanomami não apenas pensam sobre seus sonhos, eles sonham
aquilo que pensam, ampliando e moldando sua forma de conhecer e imaginar o mundo. De Norte a
Sul, do Nordeste ao Sudeste, por toda a terra-floresta até os limites da Hutukara, os sonhos dos
diversos povos originários continuarão desabrochando em nós e seguiremos sendo resistência. Antes
do verde e amarelo, existia o Brasil do jenipapo e do vermelho. Antes da Coroa, existia (e ainda existe)
o Brasil do cocar. Não conheceremos o Brasil antes de vislumbrar e respeitar a história indígena.
Precisamos sonhar verdadeiramente a nossa terra.
E, aos inimigos dos povos indígenas, responderemos (em Yanomami): Ya nomaimi! Ya temi xoa!
(Eu não morro! Ainda estou vivo!).
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Abre-Alas – G.R.E.S. Acadêmicos do Salgueiro – Carnaval 2024
JUSTIFICATIVA DO ENREDO
O Grêmio Recreativo Escola de Samba Acadêmicos do Salgueiro traz a inédita narrativa sobre
a história do povo Yanomami para o Carnaval 2024. A proposta fundamental do enredo Hutukara é
abordar um tema atual, realizando um trabalho à altura da tradição pioneira salgueirense. A
agremiação tijucana faz assim jus à própria trajetória na história dos desfiles das escolas de samba,
quando introduziu enredos exaltando a cultura afro-brasileira e a defesa do meio ambiente. Em 1979,
a vermelho e branco foi a primeira nesta última temática com o desfile “O reino encantado da mãe
natureza contra o reino do mal”, de Ivan Jorge.
Os Yanomami atingiram um grau de exposição de grande intensidade, a partir do fim dos anos
1960, tanto nos países em que vivem (Brasil e Venezuela) quanto na mídia internacional, em função
de estudos antropológicos e notícias sobre a tragédia sanitária vivida por esses indígenas. Essa imagem
pública, entretanto, acabou desviando a atenção de aspectos fundamentais de seu modo de viver. Uma
dessas características negligenciadas está no profundo conhecimento que os Yanomami têm da
floresta tropical em que vivem, das espécies vegetais nela existentes e das formas como podem ser
aproveitadas.
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Abre-Alas – G.R.E.S. Acadêmicos do Salgueiro – Carnaval 2024
Negro (norte do estado do Amazonas). Esse território é considerado pela comunidade científica como
prioritário para a proteção da biodiversidade da Amazônia brasileira.
Apesar disso, com os diversos projetos geopolíticos amazônicos dos governos militares, esses
povos foram submetidos a formas de contato mais intensas, e destrutivas. Em 1973, um trecho de 235
quilômetros da estrada Perimetral Norte (BR-210) começou a ser aberto, no sudeste do território
Yanomami, dentro do Plano de Integração Nacional lançado pelo governo do general Médici (1969-
1974). A abertura dos canteiros de obra da estrada foi responsável pelo primeiro grande choque
epidemiológico entre os Yanomami, que resultou em severas perdas. A Perimetral Norte foi
abandonada, mas deixou atrás de si um rastro de degradação sanitária e de desestruturação social
perceptível até os dias de hoje.
Em meio à tragédia, é urgente não perder de vista a beleza desse povo. As palavras de Davi
Kopenawa, a principal liderança Yanomami, são para que nos apaixonamos por eles, pela própria
maneira como veem (e criam) mundos. Davi acredita que o respeito pelo seu povo vai nascer apenas
com a admiração, não dá pena. Ou seja, é preciso reconhecer a essência, a humanidade, Yanomami.
O desfile do Salgueiro se coloca como meio para essa identificação. Para isso, diferentemente
de outras narrativas indígenas que já passaram pela Marquês de Sapucaí, a apresentação da vermelho
e branco é subsidiada pelo próprio olhar Yanomami. A forma particular de suas pinturas corporais, o
formato do cocar, até a musicalização de expressões da língua Yanomami estão sendo cuidadosamente
utilizadas. Em linhas gerais, a agremiação abandona a corriqueira visão eurocêntrica sobre o “índio”,
visto genericamente sempre com os mesmos trajes, utensílios e adornos.
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Abre-Alas – G.R.E.S. Acadêmicos do Salgueiro – Carnaval 2024
Ao pensar e estruturar o desfile desta forma, o Salgueiro passa a mensagem de que é preciso
reconhecer e respeitar a população originária como eles são devidamente. Só assim o Brasil
valorizará a própria história. Como esse mundo ideal ainda está longe de ocorrer, projeta-se um
país utópico, já que os Yanomami fazem política através dos seus sonhos. O Salgueiro faz política
como e com os Yanomami. Isso implica em identificar que tudo o que existe merece consideração e
demonstra não “sonhar” consigo mesmo. Para fazer política, o outro é preciso e é preciso ter cuidado,
no sentido de cuidar, de pensar no outro.
Davi Kopenawa diz repetidamente que os brancos não sabem sonhar, por isso não conseguem
ver as coisas como elas realmente são. O xamã Yanomami, entretanto, compreende que entre os
brancos há aqueles que sabem sonhar, como Bruno Pereira e Dom Phillips - os dois foram assassinados
em junho de 2022, enquanto faziam pesquisas para um livro sobre a importância da Amazônia. A
vermelho e branco tijucana, assim como o indigenista e o jornalista, vai mais longe para sonhar
verdadeiramente a floresta.
“Acho que vocês deveriam sonhar a terra, pois ela tem coração e respira”
Davi Kopenawa, em entrevista a F. Watson, jul. 1992.
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SETORES DO DESFILE
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ROTEIRO DO DESFILE
1º SETOR – “É HUTUKARA! O CHÃO DE OMAMA”
Comissão de frente
“YA NOMAIMI! YA TEMI XOA!” (EU NÃO
MORRO! AINDA ESTOU VIVO!)
Destaque de chão
Mc Rebecca
YARORIYOMA PË
Alegoria 01 - Abre-alas
HUTUKARA: A NOVA TERRA-FLORESTA
Destaque de chão
Tia Glorinha
EM TEU SOLO SAGRADO
Destaque de chão
Tati Barbieri
YARIPORARI, ESPÍRITO DA ARARA-
VERMELHA
Alegoria 02
AMOA HI: A ÁRVORE DOS CANTOS
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Destaque de chão
Tia Caboquinha
“NOSSA PATAYOMA”
Ala 08 - Velha-Guarda
“NOSSOS MAIORES”
Destaque de chão
Fernanda Figueiredo
FLOR DE MEL (PUU HANIKI)
Alegoria 03
A ALDEIA WATORIKI
200
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Rainha de Bateria
Viviane Araújo
FOLHAS OKO XI
Ala 12 - Bateria
DIAMANTE BRUTO
CARRO DE SOM
Ala 13 - Guerreiros
ORU A WAKIXI, O GARIMPO DO OURO
Destaque de chão
Ana Flávia Barcelos
DESTRUIÇÃO DA FLORESTA
Tripé
COMEDOR DE TERRA
Alegoria 04
A TRAGÉDIA YANOMAMI
201
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Ala 17 - Domadoras
#ELASQUELUTAM! O TRABALHO DE
EHUANA YANOMAMI
Ala 19 - Odisséia
O OSCAR YANOMAMI
Ala 20 - Diversidade
PROJETO YARIPO - EM DEFESA DO
PICO DA NEBLINA
Destaque de chão
Bianca Salgueiro
“A NOSSA ÁGUA É VIDA”
Alegoria 05
A BELEZA YANOMAMI
202
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Ala 21 - Zé Carioca
MATIS (VALE DO JAVARI)
Ala 23 - Mariposa
KAYAPÓ-MEBÊNGÔKRE
Destaque de chão
Cacau Protásio
SONHE A FLORESTA
Alegoria 06
POR UM BRASIL COCAR
203
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FICHA TÉCNICA
Alegorias
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AMOA HI: A ÁRVORE DOS A segunda alegoria ainda está dentro da visão
02
CANTOS cosmológica Yanomami. Davi Kopenawa conta que,
durante o transe xamânico, os xapiris se comunicam
através de cantos, e cantos infinitos. Esses espíritos vão
buscar tais versos na árvore dos cantos (em yanomami,
amoa hi). Foi Omama quem a criou para que os xapiris
possam ir até lá buscar sua palavra. Param ali para
coletar o coração de suas melodias.
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Composições: Përɨsɨ
Composições: Ritual reahu
Velha-Guarda: Ancestrais da terra
Semi Destaque (Lateral): Mamoruna
Semi Destaque (Central Alto): Mamoruna Puu
Destaque (Central Baixo): Maurício Pina - Tihinama
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* COMEDOR DE TERRA O tripé que vem à frente da quarta alegoria traz uma
retroescavadeira estilizada como um animal e uma
grande boca.
04
A TRAGÉDIA YANOMAMI A exploração do garimpo ilegal, iniciada durante os
governos militares, trouxe malefícios para o povo
Yanomami. Na ganância de acumular riquezas, o homem
branco, feito abutres, transforma a floresta em
mercadorias para venda. Por isso, são também chamados
de “povo da mercadoria” pelos indígenas. Entretanto, isso
vem custando mais caro para os habitantes originários. O
desmatamento, a contaminação do solo, a poluição, levam
à desnutrição, doenças e mortes para os Yanomami. Neste
*Essa imagem é do croqui
período, como não conheciam a língua Yanomami, nem
original e serve apenas como
referência, pois foram realizadas mesmo pronunciar e escrever seus nomes, os indígenas
modificações de estética e de cor eram tratados e reconhecidos por números pendurados no
na execução da Alegoria. corpo.
208
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06 POR UM BRASIL COCAR O Salgueiro é “uma raiz que nasce forte e cresce em
qualquer lugar”. A última alegoria do desfile é um grito
de exaltação ao Brasil originário, através da arte indígena.
Tal ferramenta virou uma política de enfrentamento frente
ao colonizador. O branco comum compreende melhor
códigos que está mais acostumado, como a arte, do que
um enfrentamento, algo visto como “selvagem”, contra os
invasores.
*Essa imagem é do croqui
Mas sonhe.
original e serve apenas como
referência, pois foram realizadas
modificações de estética e de cor Davi Kopenawa reafirma várias vezes que os napës não
na execução da Alegoria. sabem sonhar, por isso não conseguem vê-los como
realmente são. Ao sonhar com um país que reconhece e
respeita as particularidades de cada um dos povos
originários, encerramos o desfile fazendo um ato político
feito Yanomami. O sonhar desse povo tem uma força vital
e fundamental de sua própria concepção de mundo. Eles
sonham em prol do coletivo, não por um desejo de
satisfação pessoal.
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FICHA TÉCNICA
Alegorias
Alegoria 02
Simara Sukarno - Central Alto Empresária
Solenmira Munford - Central Baixo Secretária
Alegoria 03
Maurício Pina - Central Baixo Cabeleireiro e artista plástico
Tripé
João Helder - Central Cirurgião Plástico
Alegoria 04
Ednaldo Cavalcanti - Central Alto Porteiro
Carlinhos do Salgueiro - Central Médio Coreógrafo
Alegoria 05
Rafael Eboli - Central Alto Cabeleireiro e aderecista
Alegoria 06
Itamar Almeida - Central Baixo Administrador
Elton Oliveira - Central Alto Bancário
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Local do Barracão
Rua Rivadávia Correa, 60 – Barracão 08 – Gamboa, Rio de Janeiro – RJ – CEP 20.220-290
Diretor Responsável pelo Barracão
Luan Teles
Ferreiro Chefe de Equipe Carpinteiro Chefe de Equipe
João da Costa Lopes Edson de Lima Miguel (Futica)
Escultor(a) Chefe de Equipe Pintor Chefe de Equipe
Marcel, Jô e Alex Leandro Assis
Eletricista Chefe de Equipe Mecânico Chefe de Equipe
Rogério Kennedy e Sérgio Santos Jadir Barbosa Correa
Outros Profissionais e Respectivas Funções
DIRETOR DE BARRACÃO
Luan Teles
Luan Teles, filho de uma das mais tradicionais escolas de samba do Rio, Império da Tijuca,
começou como ritmista em 1999, ainda criança. Em 2004, quando seu pai assumiu a presidência do
Império passou a dividir seu tempo entre os estudos na parte da manhã e o barracão na parte da
tarde, onde ajudava na decoração, limpeza e outros serviços.
Em 2009, deixa a bateria definitivamente e passa a fazer o controle de material da escola. Em 2014,
é um ano marcante porque a verde branco da Tijuca desfila no Grupo Especial em um carnaval
muito elogiado. Neste ano, Luan começou a atuar como integrante da comissão de carnaval. Sempre
muito disciplinado e competente, assume a Direção de Carnaval e como o responsável pela temida
curva de entrada da escola na Avenida. Luan também assumiu esse cargo vital no Carnaval de 2023
na Estação Primeira de Mangueira. Sua competência, organização e desempenho o fizeram ser
convidado pelo Salgueiro para assumir a Direção de Barracão para a atual temporada.
Alegoria 01 (Abre-Alas)
Sandra Farias - Central Alto (Chassi 1)
Nome da fantasia: Kumirãyõma
O que representa: Espírito ancestral que leva beleza, saúde e alegria para os Yanomami. Transmite
os conhecimentos tradicionais das ervas/folhas para os indígenas lidarem com as doenças.
Kumirãyõma é tão respeitada e valorizada que dá nome à primeira associação das mulheres
Yanomami.
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Abre-Alas – G.R.E.S. Acadêmicos do Salgueiro – Carnaval 2024
Alegoria 02
Simara Sukarno - Central Alto
Nome da fantasia: Japó (pássaro amazônico)
O que representa: Um dos mais belos pássaros da floresta. Costuma fazer seus ninhos nas copas
das árvores. A destaque está na segunda alegoria que representa a árvore dos cantos - na lenda
indígena, é a árvore que ensina os cantos aos espíritos animais e xapiris.
Alegoria 03
Maurício Pina - Central Baixo
Nome da fantasia: Tihinama
O que representa: Contam os mais velhos que Tihinama viveu há muito tempo e nasceu com o
dom de tecer os cestos xotehe (mais baixo) e wii (mais alto). Após a sua morte, deixou seus
ensinamentos sobre a técnica de cestaria para as mulheres. Mais do que ensinamentos, Tihinama
teria deixado sua própria energia presente até hoje no trabalho de cada mulher Yanomami.
Tripé
João Helder - Central
Nome da fantasia: Në Waripë
O que representa: Nas profundezas emaranhadas da urihi (terra), nas suas colinas e nos seus rios,
escondem-se inúmeros seres maléficos (në waripë), que ferem ou matam os Yanomami como se
fossem caça, provocando doenças e mortes. João Helder sintetiza esses seres maléficos.
Alegoria 04
Ednaldo Cavalcanti - Central Alto
Nome da fantasia: A maldição de Yoasi
O que representa: Na mitologia Yanomami, Yoasi é o irmão do deus Omama, porém é o
responsável pela origem da morte e dos males do mundo. É o criador da escuridão (noite) e do fogo.
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Alegoria 05
Rafael Eboli - Central Alto
Nome da fantasia: Tëpërësiki (ser aquático)
O que representa: Os Yanomami têm profunda ligação e respeito com as águas. Além de exímios
nadadores, eles acreditam que vieram de lá. Tudo porque se consideram filhos de Omama com a
deusa-mãe, que é filha do senhor das águas, Tëpërësiki. O destaque representa esse ser da mitologia
Yanomami, retratado no filme “A última floresta”, com roteiro de Luiz Bolognesi e Davi
Kopenawa.
Alegoria 06
Itamar Almeida - Central Baixo
Nome da fantasia: Kopenawa (marimbondo)
O que representa: O nome Yanomami tem ligação direta com a personalidade de cada um.
Kopenawa, que significa marimbondo, resume a trajetória do atual líder desse povo. Davi
Kopenawa costuma dizer que “marimbondo quando está quieto não se pode mexer nele”. Ou seja,
melhor não mexer com o marimbondo!
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FICHA TÉCNICA
Fantasias
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Astros caídos do À frente da ala dos passistas, Patricia Rei e Rainha Carlinhos do
* céu Miranda e Danilo Vieira são os astros dos Passistas Salgueiro
caídos do céu no primeiro tempo.
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Diamante bruto Os maiores (os mais velhos) da aldeia Bateria Guilherme dos
12 contam que, antigamente, coletavam Santos Oliveira
metais com pontinhos brilhantes para e Gustavo dos
fabricar uma substância de feitiçaria. Santos Oliveira
Com o brilho, usavam para cegar as
pessoas com quem estavam bravos.
Hoje, os mais novos não sabem mais
para que serve. Os descendentes de
Yoasi queriam esse metal, que
julgavam ser diamantes, para ganhar
dinheiro. Vender como mercadoria. Os
ritmistas da bateria Furiosa marcam,
portanto, o pensamento dos napës: a
cobiça pela busca do diamante bruto.
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Xokleng Centro da discussão sobre o Marco Charme Direção de
Temporal que se desenrola em Salgueirense Harmonia
Brasília, o povo Xokleng vem
enfrentando um longo histórico de
perseguições empreendidas pelo
Estado brasileiro. Eles vivem na
Terra Indígena Ibirama em Santa
Catarina e são sobreviventes de um
processo brutal de colonização do sul
do Brasil. A partir da segunda metade
do século XIX, esse povo passou a
ser visto como uma ameaça — e um
obstáculo — aos
interesses do governo imperial. Na
época, colonos europeus começaram
a se estabelecer na região. Pelas
décadas seguintes, os Xokleng
começaram a ser mortos. Conforme a
população era dizimada, diminuía
também o território ocupado por esse
povo, que quase desapareceu em sua
totalidade. É a extensão dessa terra
que está no centro da discussão sobre
o Marco Temporal.
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Xokleng Sendo resistentes até hoje, os Charme Direção de
componentes destacam, Salgueirense Harmonia
artisticamente, a arte Xokleng. Uma
das características singulares deles é
a confecção do manto de urtiga. As
mulheres faziam e buscavam o
material no mato, faziam o manto
para se cobrir quando dormiam e era
usado como vestuário, no dia a dia e
em rituais. Esse tipo de vestuário é
muito importante para esse povo por
ter uma fibra muito resistente para
confecção e para cobrir o corpo,
como cobertor e se proteger do frio.
Atualmente, essa prática vem se
perdendo. Além do cocar e grafismo
particular, a fantasia traz o desenho
da araucária, árvore típica do sul do
Brasil, e considerada sagrada pelos
Xoklend.
*
Sonhe a floresta À frente da última alegoria, a atriz Destaque de Cacau Protásio
Cacau Protásio simboliza um convite Chão
para que todos sonhem a floresta. Davi
Kopenawa diz que só assim todos os
não-indígenas compreenderão de fato
o ser vivo que a natureza é.
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FICHA TÉCNICA
Fantasias
Local do Atelier
Rua Rivadávia Correa, 60 – Barracão 08 – Gamboa, Rio de Janeiro – RJ – CEP 20.220-290
Diretor Responsável pelo Atelier
Rita de Cássia e Gilmar Salles
Costureiro(a) Chefe de Equipe Chapeleiro(a) Chefe de Equipe
Luciene Ferreira Denis Linhares
Aderecista Chefe de Equipe Sapateiro(a) Chefe de Equipe
Glauber, Márcio Almeida, Daniel, Paulo,, Seu José
Márcio Magé, Wal, Wilber, Márcio Santiago,
Rose, Rafael Gomes, Raoni e Gil.
Outros Profissionais e Respectivas Funções
Victor - Vime
Junior - Arame
As imagens dos croquis e das fantasias são originais e servem apenas como referência, uma
vez que podem ter sido feitas modificações na execução/reprodução, de acordo com materiais
disponíveis no mercado.
235
Abre-Alas – G.R.E.S. Acadêmicos do Salgueiro – Carnaval 2024
FICHA TÉCNICA
Samba-Enredo
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Abre-Alas – G.R.E.S. Acadêmicos do Salgueiro – Carnaval 2024
entre aspas e negrito, o meu choro, o meu grito, nem a pau, Brasil!
É um Brasil cocar!
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Abre-Alas – G.R.E.S. Acadêmicos do Salgueiro – Carnaval 2024
O samba
O samba do Salgueiro, composto por Pedrinho da Flor, Marcelo Motta, Arlindinho Cruz, Renato
Galante, Dudu Nobre, Leonardo Gallo, Ramon Via13 e Ralfe Ribeiro, percorre todo o enredo da
agremiação para o Carnaval 2024, sendo construído em primeira pessoa. Davi Kopenawa,
importante liderança Yanomami e que foi inspiração para o desenvolvimento do desfile, é o eu
lírico da poesia cantada pelos componentes salgueirenses.
Tal fato fica evidente ao longo da obra, mas, em específico, no trecho abaixo que trata do momento
em que Kopenawa relata ter aprendido a língua oficial do Brasil para poder denunciar o sofrimento
do seu povo.
O trecho destacado acima marca a abertura do desfile com o universo cosmológico Yanomami.
Nele, Omama, o Deus da criação, é responsável pelo surgimento da nova terra-floresta (Hutukara).
Para ajudar na proteção desse espaço, o demiurgo também cria os xapiris, espíritos protetores. Esses
seres, porém, só aparecem para os xamãs após um ritual feito a partir do pó de uma árvore, a
yãkoana (fala-se também yakoana). Ou seja, ao mesmo tempo em que cria, Omama já sabe dos
desafios para se preservar a Hutukara (“sonho e insônia”). No verso “Grita a Amazônia, antes que
desabe”, há uma referência clara ao episódio narrado no livro “A queda do céu”, de Davi Kopenawa
e Bruce Albert, em que o céu antigo desabou, além de já aparecer a mensagem do enredo: a
preservação da Amazônia.
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Na sequência, o samba permeia o segundo setor, quando as atividades diárias dos Yanomami são
evidenciadas nas alas e alegoria. Esse povo pratica a caça, as mulheres colhem frutos na roça e
realizam grandes festas/rituais. São ações dos filhos verdadeiros da terra, posteriormente chamada
“Brasil” pelo colonizador.
Nesses versos, compreende-se o terceiro setor que condensa a tragédia Yanomami com elementos
místicos de suas narrativas. A flecha, verdadeiro símbolo da luta indígena, aparece em uma
comparação com aqueles que se utilizam apenas de palavras bonitas para se dizer defensor da causa.
Enquanto a floresta está caindo, falar apenas não é o suficiente. É preciso agir!
A perspicácia do samba salgueirense combina palavras associadas ao garimpo ilegal (“bateia”) com
o período da Ditadura Militar. Foi nos anos de chumbo (“tirania”) que os Yanomami passaram a ter
maior contato com os brancos e contrair doenças, levando à morte de muitos. Foram entregues à
própria sorte.
Cabe salientar que a personificação do mal para os Yanomami passa, necessariamente, ao ser
chamado Yoasi. Ele é o irmão de Omama, porém sendo o responsável pela criação da morte e da
escuridão. Utilizando uma expressão atual (“família de bem”), os poetas mais uma vez estabelecem
uma relação extra contemporânea: Yoasi revelou aos humanos os metais preciosos escondidos
debaixo da terra. Em nome do progresso, eles acabam destruindo a natureza que Omama criou.
entre aspas e negrito, o meu choro, o meu grito, nem a pau, Brasil!”
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Abre-Alas – G.R.E.S. Acadêmicos do Salgueiro – Carnaval 2024
A parte acima, considerada como “dedo na ferida”, versa justamente sobre o quarto setor, chamado
de “Pra postar no seu perfil”. Utilizando termos da geração TikToker, os compositores fazem uma
crítica pertinente sobre o universo Yanomami. Ninguém os conhecia de fato e de direito. As notícias
na mídia sobre eles estão ligadas à tragédia produzida pelo homem branco. Por isso, as fantasias e
a alegoria dessa parte do desfile salgueirense propõem um conhecimento sobre fatos relevantes,
culturais e artísticos de quem realmente são os Yanomami. Você sabia que o único caso de
condenação por genocídio no Brasil aconteceu na terra Yanomami? (“e sorriu da minha fome,
quando o medo me partiu”).
A resposta para aqueles que preferem tirar proveito da tragédia é categórica: “o meu choro, o meu
grito, nem a pau, Brasil!”. Os Yanomami não querem ser reconhecidos por algo que não é produzido
por eles. É preciso que reconheçamos a beleza e o universo particular do seu povo.
Assim como os Yanomami, há diversos outros povos originários pelo país que não são reconhecidos
pelo que verdadeiramente são, e sim vistos pela ótica da tragédia do homem branco. O último setor
do desfile traz outras etnias do Brasil original, mas pelo viés do que apresentam de particular (“antes
da sua bandeira, meu vermelho deu o tom”). Esse é o pensamento-chave do enredo.
O indigenista Bruno Pereira e o jornalista Dom Phillips, assassinados enquanto produziam material
em defesa da floresta, ganham citação na obra salgueirense por terem sido “brancos” que
entenderam verdadeiramente os povos indígenas. Mesmo que seus corpos não estejam mais aqui,
seus pensamentos permanecem em cada indígena – e até não indígenas. A luta incessante deles se
espalhou pela terra, feito marimbondos (significado de Kopenawa). Ou seja, é melhor não mexer
com eles. Porque irão lutar para vencer, sobreviver!
É um Brasil cocar!”
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O refrão principal do Salgueiro é um aguerrido grito de resistência em defesa dos povos originários.
Em “Ya Temi Xoa” que, em português, significa “ainda estou vivo”, a agremiação ressoa uma
expressão muito utilizada por eles nos últimos anos. Mesmo com tudo que vem ocorrendo,
permanecem vivos. A vermelho e branco da Tijuca sim é uma flecha nessa luta indígena, cuja vitória
será apenas quando todos respeitarem verdadeiramente os donos da nossa terra.
Harmonia do canto
A importância dos ensaios está na necessidade de ajustar o entrosamento e o canto dos componentes
– Alas de Comunidade, Composições de alegoria, Destaques, Semi Destaques e Destaques de Chão
–, com o ritmo do samba-enredo da escola. Para que cada componente compreendesse sua função
no desfile, foram feitas reuniões com a Diretoria Cultural nas quais os figurinos foram apresentados,
com as devidas explicações sobre o significado de cada um e o que representam dentro da história
que será contada. Assim, cada um dos componentes estará na Avenida Marquês de Sapucaí
consciente de seu papel, com conhecimento do enredo, da letra do samba-enredo e do roteiro de
desfile da escola. Bastante tradicional, a Harmonia do Salgueiro prima pelo cantar a plenos pulmões
de uma comunidade apaixonada que é muito disciplinada, buscando o máximo de cada componente.
Direção Musical
Pelo segundo ano consecutivo, o carro de som vem comandado pelo maestro, arranjador e diretor
musical, Alexandre Panzoldo, o Alemão do Cavaco, como é conhecido no meio musical e
carnavalesco. Alemão tem um vasto currículo na música e principalmente no carnaval carioca e
brasileiro. O profissional já passou por algumas outras escolas, com destaque para a Estação
Primeira de Mangueira, em que alcançou o campeonato duas vezes na função de diretor musical e,
também, de compositor. Formado pela Faculdade de Música Carlos Gomes, em São Paulo, se
orgulha das variadas participações como músico e arranjador em álbuns e shows de diversos artistas
brasileiros. Acumula, ainda, a função de comentarista da TV Globo no carnaval paulistano.
O carro de som
No ano passado, Alemão do Cavaco estreou na agremiação e, com este grupo do carro de som, foi
o único a conquistar 40 pontos do quesito na Marquês de Sapucaí. Para 2024, o desafio continua.
Sempre buscando a excelência no trabalho de canto e cordas, a equipe do carro de som, vem muito
ensaiada e preparada para o desfile, buscando a máxima sincronia entre bateria, cantos dos
intérpretes e o canto da escola em alas e lugares de destaque.
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Abre-Alas – G.R.E.S. Acadêmicos do Salgueiro – Carnaval 2024
Como priorizamos absolutamente a clareza do canto de nossos intérpretes e, para que isso seja feito
de forma leve, alegre e contagiante, atingindo nossos componentes e à todo o público presente na
Sapucaí, criamos um arranjo com uma “assinatura” salgueirense, porém com a preocupação da
funcionalidade do desfile.
Para este ano, temos um samba aclamado totalmente pela mídia especializada e também pelo
público, o que facilita a aceitação e a clareza da melodia e do canto.
O samba se inicia em tom menor, Bm (Si menor), fazendo uma alusão teatral ao sofrimento do povo
Yanomami, seguimos uma cadência de baixos, sétima menor e menor aumentada. Em alguns
momentos, lembrando passos e figuras rítmicas indígenas, dando uma intenção bem clara de um
caminhar pela floresta com essa trilha sugerida.
Alguns efeitos de solos de cavaquinhos e violões, ora dobradas, ora um sustentando a base de outro,
também colaboram com a proposta. Tudo exaustivamente ensaiado e “sincados” com a dinâmica
de canto e com a bateria Furiosa.
O andamento proposto pelo carro de som e acompanhado pela bateria é o de variação entre 145 e
146 bpm, buscando a cadência do samba, do canto e da liberdade da dança.
É fundamental que o conjunto, cordas, vozes e ritmo, estejam coesos e harmonicamente brilhando
para obtermos a melhor sonoridade e a melhor sustentação, do início ao fim de nosso desfile.
Há também uma proposta de algumas inversões de acordes para sairmos do lugar comum, mas
respeitando a tradição do samba enredo, e de nossa escola. Tudo isso sempre em harmonia com a
melodia do samba. Alguns elementos rítmicos em forma de caminhada também aparecerão nas
cordas, tudo acompanhando o samba e seu andamento.
O samba, que foi uma das obras mais divulgadas e aceitas no pré carnaval, facilitou demais nosso
trabalho, no sentido de adequarmos uma roupagem harmônica. Não precisamos alterar nada do
original em termos de canto, somente alinharmos as respirações, e a força do canto dos intérpretes.
Em trechos que a bateria faz as suas bossas, optamos por seguirmos fazendo nossa base de ritmo
harmônico. Em determinados momentos, silenciamos as cordas para o brilho somente da bateria,
principalmente, quando estamos em movimento, para não corrermos riscos de desencontros
sonoros, devido à distância. Em outros momentos, fizemos as figuras rítmicas que foram muito
ensaiadas com nossa bateria.
Em algumas bossas específicas, também fazemos um efeito nas cordas de “dança da chuva” ou
pode ser chamado de lembranças de figuras indígenas. Cavaquinhos e violões simulam essa rítmica.
Algumas terças e oitavas colocadas em pontos estratégicos feitas pela Lissandra Oliveira, dão um
brilho de harmonia sem perdermos o peso do coral, que vem sustentado por vozes mais médio
graves como Digão Audaz e Wagner do Vale.
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Abre-Alas – G.R.E.S. Acadêmicos do Salgueiro – Carnaval 2024
Além de dois cantores extremamente técnicos que são Psé Diminuta e Charles Silva, temos a estreia
do garoto Luan Lima, oriundo dos Aprendizes do Salgueiro.
Outro ponto de destaque é a divisão de sílabas nos cantores. Apesar do intérprete oficial Emerson
Dias ter a liberdade de sua interpretação, passando a "emoção", e a comunicação com o público, e
a própria divisão de canto peculiar, todos que estão cantando com ele, estão fazendo a mesma
divisão rítmica. As notas do canto também foram extremamente ensaiadas de forma separadas de
outros setores da escola, em estúdio de música, e, posteriormente em conjunto, com a bateria, o
canto da comunidade e alas, com o intuito da homogeneidade do canto, transformando a Academia
em um grande coral a céu aberto.
Outro ponto a destacar em relação ao nosso intérprete oficial, Emerson, é que além da intensa
comunicação com o público em momentos específicos, somente faz os chamados cacos, quando
necessários, sem poluição sonora na melodia, ou no canto da escola. Literalmente puxando e
conduzindo o canto da escola com limpeza e determinação.
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Abre-Alas – G.R.E.S. Acadêmicos do Salgueiro – Carnaval 2024
FICHA TÉCNICA
Bateria
A Bateria do Salgueiro – A Furiosa, como é conhecida a Bateria do Salgueiro, é uma das grandes
orquestras do Carnaval e uma das mais premiadas na história da folia carioca. É ela que acelera a
batida dos corações e arrepia os salgueirenses a cada vez que se posiciona na Avenida para abrir os
caminhos do cortejo da Academia. Comandada em sua trajetória por grandes Mestres, como
Dorinho, Tião da Alda, Bira, Branco Ernesto, Almir Guineto, Arengueiro, Mané Perigoso, Louro e
Marcão, a Furiosa, recebeu incontáveis notas dez e diversas premiações. Entre elas, nove
Estandartes de Ouro, maior prêmio do Carnaval carioca.
Mestre Guilherme e Mestre Gustavo - “Craque se faz em casa”. O lema utilizado nos clubes de
futebol que revelam grandes atletas é perfeito para apresentar os Mestres de Bateria da Furiosa: os
irmãos Guilherme dos Santos Oliveira e Gustavo dos Santos Oliveira. Crias dos Aprendizes do
Salgueiro e filhos de ritmista (seu pai, Tuninho, foi diretor da bateria da escola), Guilherme e
Gustavo deram os primeiros passos no ritmo na Furiosinha, apelido da bateria da escola de samba
mirim da vermelho e branco tijucana. Aos 18 anos, Guilherme começou a tocar na bateria da escola
mãe, incentivado por Mestre Louro, ícone do Salgueiro, que sempre que podia, deixava os mais
novos participarem dos ensaios para revelar talentos. Durante muitos anos, Guilherme desfilou na
bateria do Salgueiro, tocando diversos instrumentos. Até que, em 2011, já sob a batuta de Mestre
Marcão, foi convidado para ser um dos diretores auxiliares da Furiosa. A exemplo do irmão mais
velho, Gustavo também cresceu nos Aprendizes do Salgueiro. Em 1999, aos sete anos, já era
ritmista da escola mirim, onde também foi diretor, compositor e Mestre da Bateria. Aos 12 anos,
influenciado pelo pai, por Guilherme e por amigos, passou a tocar tarol na Furiosa, sem deixar a
função de Mestre de Bateria mirim. Em 2010, foi convidado para ser diretor da ala. Desde o
Carnaval de 2019, os dois comandam os ritmistas da Academia do Samba, garantindo, neste
período, todas as notas máximas do júri.
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Abre-Alas – G.R.E.S. Acadêmicos do Salgueiro – Carnaval 2024
Formados em Música pela escola Villa Lobos, os irmãos têm diversos projetos juntos fora do
Carnaval. Craques da percussão, já fizeram parte do time de músicos de cantores e grupos famosos
como Fundo de Quintal, Clareou, Dudu Nobre e Ludmilla. Com a experiência adquirida, há três
anos, foram convidados a desenvolver um projeto na escola de música Frederic Douglas, no Harlem,
centro cultural afro-americano nos Estados Unidos.
No comando de 270 ritmistas, Guilherme e Gustavo contam com o auxílio de seus diretores –
Denise Oliveira, Pablo Barreto, Antônio Miranda (Tuninho), George Ferreira, Darlan Nascimento
Hiago Souza, João Baluardo, Kleber Basílio, Clair Basílio, Marcelo Vieira, Eduardo José, Luiz
Carlos Irineu (Orelha), e Emilson Matos (Shoua) - para mostrar ao público o ritmo firme do samba
do Morro do Salgueiro. Neste ano, eles também se debruçaram em estudos musicais do povo
Yanomami para buscar a excelência e as notas 10 em mais um desfile.
Fantasia da Bateria:
Diamante Bruto
Os maiores (os mais velhos) da aldeia contam que, antigamente, coletavam metais com pontinhos
brilhantes para fabricar uma substância de feitiçaria. Com o brilho, usavam para cegar as pessoas
com quem estavam bravos. Hoje, os mais novos não sabem mais para que serve. Os descendentes
de Yoasi queriam esse metal, que julgavam ser diamantes, para ganhar dinheiro. Vender como
mercadoria. Os ritmistas da bateria Furiosa marcam, portanto, o pensamento dos napës: a cobiça
pela busca do diamante bruto.
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Abre-Alas – G.R.E.S. Acadêmicos do Salgueiro – Carnaval 2024
“Forasteiros”
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Abre-Alas – G.R.E.S. Acadêmicos do Salgueiro – Carnaval 2024
Verdadeiro fenômeno do carnaval, Viviane Araújo é uma das maiores rainhas da história das escolas
de samba. Após sua estreia, em 1995, no Império da Tijuca, Viviane passou pela Mocidade
Independente, União de Jacarepaguá e pela paulistana Mancha Verde, até chegar ao Salgueiro, após
o carnaval de 2007. Desde então, reina absoluta à frente da Furiosa.
Referência quando o assunto é rainha ou madrinha de bateria, Viviane reúne todos os atributos
necessários para o posto: a beleza, o carisma, o gingado de sobra e a habilidade de tocar tamborim,
predicados mais que suficientes para enfeitiçar e hipnotizar o público que vai ao delírio a cada
passagem pela Avenida. Em seu 16º carnaval à frente da Furiosa do Salgueiro, Viviane Araújo virá
vestida como as folhas oko xi. É uma planta temida pelos Yanomami que, na concepção desse povo,
quando queimadas no fogo, produzem uma fumaça amarelada de epidemia faminta de carne
humana. Apesar de fazer parte dos contos Yanomami, de sabedoria ancestral, eles associam essas
folhas à atividade do garimpo na floresta. Quando esses forasteiros queimam a floresta em busca
dos metais preciosos, estão espalhando a fumaça dessa planta que traz a morte para os indígenas.
** As imagens dos croquis e das fantasias são originais e servem apenas como referência, uma
vez que podem ter sido feitas modificações na execução/reprodução, de acordo com materiais
disponíveis no mercado.
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Abre-Alas – G.R.E.S. Acadêmicos do Salgueiro – Carnaval 2024
FICHA TÉCNICA
Harmonia
Para o Carnaval de 2024, o Salgueiro formou uma Comissão de Harmonia, integrada por “pratas da
casa”: Diego Pedroso, Paulo Cesar Evangelista e Paulo Dimitri. Em conjunto, os três integrantes da
Comissão prepararam todos os componentes das alas da vermelho e branco (Passistas, Baianas,
Velha Guarda, Compositores, composições de carros alegóricos, entre outros) em ensaios técnicos
realizados às quintas-feiras e domingos, nas ruas Maxwell e Conde de Bonfim, na Tijuca, Zona
Norte do Rio, e ensaio individuais de cada ala na Cidade do Samba. Foram um total de 36 ensaios.
Em janeiro, o Salgueiro realizou ainda seu ensaio técnico na Marquês de Sapucaí para simulações
de apresentação de Comissão de Frente, Mestre-Sala e Porta-Bandeira e Bateria para cabine de
julgadores, além da entrada e saída da Bateria dos boxes. Nesses ensaios, os diretores de harmonia,
junto com diretores de outros departamentos da escola, ajustaram o entrosamento do canto dos
componentes com o ritmo do samba-enredo, contribuindo para o melhor trabalho de harmonia da
agremiação.
DIREÇÃO DE HARMONIA
Diego Pedroso
Diego Pedroso exerce o cargo de diretor de harmonia há oito anos, tendo começado na Unidos de
Vila Isabel. Nos dois últimos carnavais, atuou também pela Estácio de Sá e Império Serrano (onde
foi campeão). Estreia esse ano na Direção Geral de Harmonia do Salgueiro: “se sentindo muito
honrado pela oportunidade e confiança depositada”.
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Abre-Alas – G.R.E.S. Acadêmicos do Salgueiro – Carnaval 2024
Conhecido como Paulinho do Salgueiro, é neto de um dos fundadores da Azul e Branco, uma das
escolas que deu origem ao Acadêmicos do Salgueiro. Integrante da Ala de Comunidade desde 2007,
é chamado para fazer parte da Harmonia do Salgueiro em 2010. Sua competência o fez assumir
cargos de diretoria de setores da harmonia até ser chamado este ano para fazer parte do trio que
comandará nosso desfile.
Paulo Dimitri
Chamado de menino prodígio pelos segmentos de harmonia, fez sua estreia em 2019 na Acadêmicos
do Sossego, de Niteroi. No mesmo ano atuou em diversas escolas que desfilavam na Intendente
Magalhães. Em 2020, recebe o convite para fazer parte da Comissão da União de Jacarepaguá, onde
atua até hoje. Paulo recebeu o convite para fazer parte da equipe de Harmonia do Império Serrano
em 2021, e, por causa do seu empenho e desempenho, foi convidado para fazer parte da Comissão
de Harmonia do Império. Após o carnaval de 2023, é convidado para fazer parte da Direção de
Harmonia do Salgueiro em que mescla sua metodologia de trabalho com as características da escola.
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Abre-Alas – G.R.E.S. Acadêmicos do Salgueiro – Carnaval 2024
FICHA TÉCNICA
Evolução
O quesito Evolução sempre recebeu atenção especial do Salgueiro. Para o carnaval de 2024, não
foi diferente. A Direção de Carnaval junto com a Direção de Harmonia trabalharam
incansavelmente nos ensaios técnicos, na quadra da escola e em ruas próximas à agremiação. Para
esse ano, foram feitos trabalhos individuais com cada ala com o objetivo de observar cada detalhe
específico e lapidar o canto dos componentes. O objetivo foi resgatar a espontaneidade e deixar os
componentes livres para “brincarem” o carnaval com vibração, empolgação e a alegria dos antigos
desfiles das escolas de samba, e para desfilarem mais “soltos”, sem amarras que pudessem
prejudicar ou inibir a espontaneidade dos componentes.
O Salgueiro foi responsável pela mudança da maneira de evoluir das escolas de samba, com um
desfile mais solto e animado e nossa intenção é manter essas características. Palestras foram
ministradas pela Diretoria Cultural para que cada componente saiba que está desempenhando um
papel relevante no desfile, defendendo as notas dos seus quesitos através do canto forte e
apresentação solta e leve. Vale acrescentar que, este ano, cada brincante recebeu um vídeo
explicativo sobre como vestir sua fantasia corretamente e o que ela representa dentro do enredo.
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Abre-Alas – G.R.E.S. Acadêmicos do Salgueiro – Carnaval 2024
2 - O termo Passista surgiu por causa dos passos miudinhos de Paula do Salgueiro. A partir dela,
aqueles que "diziam no pé" passaram a ser chamados de passistas. Além de Paula, o Salgueiro teve
Narcisa, Roxinha, Vitamina, Damásio, Gargalhada, Carlinhos e tantos outros que brilharam na
Sapucaí, mobilizando o público com seus passos durante os desfiles do Salgueiro e mostrando toda
a ginga do Morro do Salgueiro. A Ala de Passistas – Vencedora do prêmio Estandarte de Ouro em
oito oportunidades, é detentora de diversos prêmios no carnaval. A Ala de Passistas é coordenada
por Carlos Borges, o Carlinhos do Salgueiro, dono de alguns prêmios de melhor passista no carnaval
carioca.
3 - O Salgueiro é uma das únicas escolas em que todas as fantasias de composições são dadas, sendo
assim obrigatória a presença dos componentes que desfilam nas alegorias em seus ensaios. A
intenção é que até nas alegorias seja mantido o nível de canto e animação do restante da escola.
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Abre-Alas – G.R.E.S. Acadêmicos do Salgueiro – Carnaval 2024
FICHA TÉCNICA
Informações Complementares
Vice-Presidente de Carnaval
Joaquim Cruz
Diretor Geral de Carnaval
Wilsinho Alves
Outros Diretores de Carnaval
-
Responsável pela Ala das Crianças
Mara Rosa
Total de Componentes da Quantidade de Meninas Quantidade de Meninos
Ala das Crianças
70 46 24
(setenta) (quarenta e seis) (vinte e quatro)
Responsável pela Ala das Baianas
Maria da Glória Lopes de Carvalho (Tia Glorinha)
Total de Componentes da Baiana mais Idosa Baiana mais Jovem
Ala das Baianas (Nome e Idade) (Nome e Idade)
80 Marilena Rufino Isabela Lopes
(oitenta) 80 anos 43 anos
Responsável pela Velha-Guarda
Maria Aliano (Caboquinha)
Total de Componentes da Componente mais Idoso Componente mais Jovem
Velha-Guarda (Nome e Idade) (Nome e Idade)
88 Abigail Leontina Oliveira Jamile Patrícia de Oliveira
(oitenta e oito) 91 anos 54 anos
Pessoas Notáveis que desfilam na Agremiação (Artistas, Esportistas, Políticos, etc.)
Mc Rebecca (cantora), Tati Barbieri (influenciadora digital), Cacau Protásio (atriz), Viviane Araújo
(atriz), Davi Kopenawa (liderança indígena), Dário Kopenawa (liderança indígena), Ehuana Yanomami
(liderança indígena), Ênio Yanomami (liderança indígena), Julio Ye'kwana (liderança indígena), Carla
Yanomami (liderança indígena), Julião Yanomami (liderança indígena), João Figueiredo (liderança
indígena), Sônia Guajajara (ministra dos Povos Originários), Joênia Wapichana (presidente da Funai),
Sonia Bridi (jornalista), Hannah Limulja (escritora), Alessandra Sampaio (viúva do jornalista Dom
Phillips).
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Abre-Alas – G.R.E.S. Acadêmicos do Salgueiro – Carnaval 2024
DIREÇÃO DE CARNAVAL
Wilsinho Alves
Wilsinho Alves possui grande experiência no Carnaval em diversas funções do espetáculo,
começando em 2002 no GRES Unidos do Viradouro. Na função de Diretor de Carnaval, debutou
em 2007 no GRES Unidos de Vila Isabel, permanecendo na função até o carnaval de 2014.
Para 2016, retornou ao GRES Unidos do Viradouro para assumir a Direção de Carnaval. Possui
diversos prêmios individuais e coletivos no Carnaval, notadamente os títulos de 2004 (Grupo de
Acesso), 2006 (Grupo Especial, na função de Superintendente de Carnaval), 2013 (Grupo Especial,
nas funções de Presidente e Diretor de Carnaval do GRES Unidos de Vila Isabel); prêmio Tamborim
de Ouro de Melhor Escola em 2009 e 2012; e Estandarte de Ouro de Melhor Escola em 2012. Após
uma passagem pelo GRES União da Ilha do Governador nos carnavais de 2017 e 2018, Wilsinho
Alves retornou em 2019 para comandar a Direção de Carnaval da Unidos de Vila Isabel, lá
permanecendo até o carnaval de 2021. Em 2022, estreou à frente do Império Serrano, onde mais
uma vez se sagrou campeão do carnaval, além de conquistar o Estandarte de Ouro de melhor escola.
Estreia nesta temporada no Acadêmicos do Salgueiro na função de Diretor Geral de Carnaval.
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Abre-Alas – G.R.E.S. Acadêmicos do Salgueiro – Carnaval 2024
FICHA TÉCNICA
Comissão de Frente
Nome da comissão de frente: “Ya nomaimi! Ya temi xoa!” (Eu não morro! Ainda estou vivo!)
Com o pó yãkoana, os xamãs conseguem contemplar a imagem dos seres no mundo dos sonhos.
Nele, as raízes são vivas. Thuëyoma, a deusa-mãe dos Yanomami, se aproxima, envolta na
luminosidade dos espíritos xapiri pë, os protetores da terra-floresta. Além de curar os doentes, esses
seres tentam convencer os inimigos, aqueles que fuçam a terra feito tatus, a deixar os Yanomami
em paz.
Os vivos têm muito menos domínio sobre suas vidas do que gostariam, e os Yanomami sabem que
tudo que se refere à própria morte passa por uma vontade que lhes é alheia, mas diante da qual se
recusam terminantemente a se curvar.
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Abre-Alas – G.R.E.S. Acadêmicos do Salgueiro – Carnaval 2024
Árvores nunca caem à toa; se caem perto de casa, é sinal de ataque. Os espíritos auxiliares das
florestas, os xapiris vêm em defesa. Os filhos de Thuëyoma sofrem, esmorecem, resistem aos apelos
incessantes dos inimigos, e é porque resistem que eles podem continuar existindo como Yanomami.
Assim, embora a morte seja sempre um desejo que vem de fora, os vivos se negam a sucumbir a
ela.
A floresta está tão doente quanto os humanos. O ar que respiram já não é mais o mesmo. Falta o ar.
Presos na devastação dos napës, “meus filhos clamam pela vida”.
Em apelo para aqueles que sonham, Thuëyoma não desiste: “Ya nomaimi! Ya temi xoa!”. (Eu não
morro! Ainda estou viva!).
Sobre o Coreógrafo
Patrick Carvalho: O carioca Patrick Carvalho vivencia o carnaval desde sua infância. Foi na escola
mirim Golfinhos da Guanabara, quase quintal de sua casa, que ele fez parte do projeto de formação
de artes em geral com foco no carnaval. Em 2009 e 2010, foi um dos componentes da Comissão de
Frente da Unidos de Vila Isabel. No mesmo 2010, deu início à carreira de coreógrafo no carnaval,
na Alegria da Zona Sul. Nos anos seguintes, ainda no grupo de acesso, trabalhou durante três anos
nos Inocentes de Belford Roxo. Sua estreia no Grupo Especial aconteceu em 2015, na União da Ilha
do Governador, onde ficou até 2017. Neste ano, já sendo reconhecido pela excelência de seu
trabalho, fez jornada dupla, uma vez que foi o responsável também pela coreografia da Comissão
de Frente da Unidos do Porto da Pedra, escola que estava no Grupo de Acesso. O trabalho nos dois
grupos do carnaval se tornou recorrente nos anos seguintes, quando se dividiu entre escolas do
grupo de acesso e do Especial: Unidos de Vila Isabel e Inocentes de Belford Roxo; Paraíso do Tuiuti
e Inocentes de Belford Roxo; e Unidos de Vila Isabel e Acadêmicos do Cubango.
Premiado como melhor coreógrafo pelo Tamborim de Ouro, Plumas e Paetês, Estrelas do Carnaval,
entre outros. Patrick se tornou uma das grandes referências do carnaval, principalmente após o
carnaval de 2018, quando ganhou seu primeiro Estandarte de Ouro de Melhor Comissão de Frente,
além de outros 20 prêmios por seu trabalho à frente do Paraíso do Tuiuti. Sua coreografia, bastante
técnica, causou impacto, arrebatou a todos na Avenida, e contribuiu de forma decisiva para que a
escola do Morro do Tuiuti conquistasse um inédito vice-campeonato.
Como profissional da dança, levou sua arte para outros países com o espetáculo “Brasil Brasileiro”
e o projeto “Internacional Samba Congress”, além de ter sido o responsável por coreografias nas
cerimônias de abertura e encerramento das Paraolimpíadas do Rio de Janeiro, em 2016. Idealizador
e responsável pelo evento Brasil Samba Congress e pelo projeto social Filhos do Samba, Patrick
Carvalho também é bastante conhecido por ter sido, por três temporadas, professor e coreógrafo
das atrizes Paloma Bernardi, Françoise Fourton e Claudia Ohana no quadro “Dança dos Famosos”,
do programa Domingão do Faustão, na Rede Globo de Televisão. Em 2022, o premiado coreógrafo
chega ao Salgueiro como o responsável pelo cartão de visitas da escola. Com talento e
profissionalismo, o sucesso do seu trabalho refletiu na continuidade à frente do projeto da escola
para o carnaval de 2024, quando novamente terá a responsabilidade e o desafio de abrilhantar a
abertura do desfile da Academia do Samba.
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Abre-Alas – G.R.E.S. Acadêmicos do Salgueiro – Carnaval 2024
Destacamos:
Cleia Santos - Natural de Manaus, a bailarina atualmente integra o Corpo de Dança do Amazonas
- CDA. É bacharela em dança pela Universidade do Estado do Amazonas e já integrou companhias
como: Companhia de Dança Ballet da Barra, Balé Experimental do Corpo de Dança Do Amazonas
e Gandhicats Project. Possui formação artística em ballet clássico, jazz, técnicas circenses, dança
moderna, contemporânea, street jazz, funk, entre outros. Já atuou em apresentações dos festivais de
Parintins (AM) e em escolas de samba do Carnaval de Manaus. Em 2024, faz sua estreia na
Passarela do Samba.
Outros profissionais:
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Abre-Alas – G.R.E.S. Acadêmicos do Salgueiro – Carnaval 2024
FICHA TÉCNICA
Mestre-Sala e Porta-Bandeira
1º Mestre-Sala Idade
Sidclei Santos 48 anos
1ª Porta-Bandeira Idade
Marcella Alves 40 anos
2º Mestre-Sala Idade
Leonardo Moreira 22 anos
2ª Porta-Bandeira Idade
Barbara Mylena 20 anos
Outras informações julgadas necessárias
Em primeiro lugar, a dança em formato circular nas duas tradições cria uma sensação de
comunidade e pertencimento. Tanto o mestre-sala e a porta-bandeira quanto os Yanomami
incorporam movimentos circulares em suas performances, simbolizando a união e a interconexão
entre os participantes. Esse aspecto ritualístico e coletivo é uma característica marcante que
transcende as barreiras culturais.
Além disso, ambas as danças possuem uma forte carga simbólica. Enquanto o mestre-sala e a porta-
bandeira representam a elegância, a graça e a história de uma escola de samba, os Yanomami
frequentemente incorporam elementos simbólicos relacionados à natureza, aos rituais
xamânicos e às narrativas mitológicas em suas danças. Ambas as formas de expressão têm o poder
de transmitir significados profundos sobre a identidade, os valores e a espiritualidade de suas
comunidades.
Apesar das diferenças na estética e nos contextos sociais, a dança do mestre-sala e da porta-bandeira
e as danças dos Yanomami compartilham a capacidade de unir as pessoas, transmitir tradições e
celebrar a riqueza cultural. Essas semelhanças destacam a universalidade da expressão artística e a
maneira como diferentes comunidades encontram meios únicos de se conectar com suas raízes e
expressar sua identidade por meio da dança.
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Abre-Alas – G.R.E.S. Acadêmicos do Salgueiro – Carnaval 2024
Seu talento chamou atenção das grandes escolas e, em 2000, aos 17 anos, assumiu o posto de
primeira Porta-Bandeira do Salgueiro. Já em sua estreia na escola, ganhou seu primeiro Estandarte
de Ouro. Após o carnaval de 2005, deixou a agremiação e foi convidada pela Mocidade
Independente de Padre Miguel. Defendeu, ainda, a bandeira da Mangueira por quatro carnavais,
onde recebeu mais um Estandarte de Ouro. Retornou ao Salgueiro para o Carnaval de 2014. Em
2016, Marcella brilhou na Avenida e, além das quatro notas dez ao lado do parceiro Sidclei, foi
premiada novamente com o Estandarte de Ouro, o terceiro de sua carreira. O reconhecimento pelo
trabalho veio novamente em 2020, quando recebeu mais um Estandarte, o quarto, desta vez ao lado
do seu parceiro, Sidclei Santos.
Desde 2016, Sidclei e Marcella vêm garantindo a nota máxima de todos os julgadores. Os dois
atingiram um alto nível técnico de apresentação, aliando a dança clássica e tradicional do casal de
mestre-sala e porta-bandeira com performances impecáveis. A dupla vai defender o pavilhão
salgueirense pelo décimo primeiro ano consecutivo. Essa incrível jornada de dedicação e maestria
é uma prova do comprometimento com a arte do samba e com o legado do Salgueiro.
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Abre-Alas – G.R.E.S. Acadêmicos do Salgueiro – Carnaval 2024
A Fantasia
** A imagem do croqui é original e serve apenas como referência, uma vez que podem ter sido
feitas modificações na execução/reprodução, de acordo com materiais disponíveis no
mercado.
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Abre-Alas – G.R.E.S. Acadêmicos do Salgueiro – Carnaval 2024
O que representa: Desde os tempos mais antigos, os ancestrais dos Yanomami comiam
cogumelos, principalmente, quando não encontravam caça. O segundo casal do Salgueiro
representa, simbolicamente, o livro “Ana Amopö: Cogumelos Yanomami", que foi o primeiro do
gênero sobre cogumelos comestíveis publicado no Brasil. Além de ajudar a manter viva a língua
Yanomami, este trabalho promove um diálogo entre os conhecimentos indígenas sobre alimentos e
os conhecimentos científicos, além de reforçar a contribuição para a preservação da floresta e da
biodiversidade. A obra é um marco e ganhou o prêmio Jabuti, em 2017, na categoria gastronomia.
A premiação é a mais tradicional de literatura do Brasil, concedida pela Câmara Brasileira do Livro
(CBL).
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Abre-Alas – G.R.E.S. Acadêmicos do Salgueiro – Carnaval 2024
** A imagem do croqui é original e serve apenas como referência, uma vez que podem ter sido
feitas modificações na execução/reprodução, de acordo com materiais disponíveis no
mercado.
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G.R.E.S.
ACADÊMICOS DO
GRANDE RIO
PRESIDENTE
MILTON ABREU DO NASCIMENTO “PERÁCIO”
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264
“Nosso destino é ser Onça”
Carnavalescos
Gabriel Haddad e Leonardo Bora
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Abre-Alas – G.R.E.S. Acadêmicos do Grande Rio – Carnaval 2024
FICHA TÉCNICA
Enredo
Enredo
“Nosso destino é ser Onça”
Carnavalescos
Gabriel Haddad e Leonardo Bora
Autor(es) do Enredo
Gabriel Haddad e Leonardo Bora
Autor(es) da Sinopse do Enredo
Gabriel Haddad e Leonardo Bora
Elaborador(es) do Roteiro do Desfile
Gabriel Haddad e Leonardo Bora
Ano da Páginas
Livro Autor Editora
Edição Consultadas
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FICHA TÉCNICA
Enredo
Ano da Páginas
Livro Autor Editora
Edição Consultadas
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FICHA TÉCNICA
Enredo
Ano da Páginas
Livro Autor Editora
Edição Consultadas
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FICHA TÉCNICA
Enredo
BANIWA, Denilson. Pajé-Onça: hackeando a 33ª Bienal de Artes de São Paulo. In:
https://www.behance.net/gallery/77978367/Paj-Onca-Hackeando-a-33-Bienal-de-Artes-de-Sao-
Paulo?locale=pt_BR. Acesso em 09/03/2023.
CORNILS, Patricia e LACERDA, Mariana. Ocupação Dos Artistas Premiados Do Pipa 2023:
Glicéria Tupinambá. Premio Pipa 2023. In: https://www.premiopipa.com/2023/10/ocupacao-dos-
artistas-premiados-do-pipa-2023-gliceria-tupinamba/ Acesso em 13/10/2023
Mostras e Exposições
- Exposição “Xamanismo – Visões fora do tempo” – Museo Chuileno de Arte Precolombino –
Curadoria de Constantino Manuel Torres
- Exposição “Tesouros Ancestrais do Peru” – Centro Cultural Banco do Brasil – CCBB RJ –
Curadoria de Patricia Arana e Rodolfo de Athayde / Acervo: Museu Ouro do Peru e Armas do
Mundo
- Mostra “Movimento Armorial 50 anos” – Centro Cultural Banco do Brasil – CCBB RJ - Curadoria
de Denise Mattar
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FICHA TÉCNICA
Enredo
GABRIEL HADDAD
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FICHA TÉCNICA
Enredo
Além disso, realizou os projetos artísticos e técnicos do carnavalesco Edson Pereira para a
Unidos de Padre Miguel (2ª colocada na Série A), e de Alexandre Louzada para a Unidos de Vila
Maria (5ª colocada no Grupo Especial de São Paulo). Para o carnaval de 2017, Gabriel trabalhou
como assistente e projetista na Mocidade Independente de Padre Miguel (uma das campeãs do
Grupo Especial, ao lado da Portela) e na Unidos de Padre Miguel (Série A), além de ter sido
convidado pelo carnavalesco Leandro Vieira para realizar projetos de alegorias da Mocidade
Alegre, do Grupo Especial de São Paulo. Em 2018 e 2019, ao lado de Leonardo Bora, assinou os
desfiles do GRES Acadêmicos do Cubango, pela Série A – ganhadores, ambos, do Estandarte de
Ouro de Melhor Escola e Melhor Samba – um feito inédito na história da premiação. A apresentação
de 2018, em homenagem a Arthur Bispo do Rosário, ganhou mais de 15 prêmios, gerou exposições
e desdobramentos diversos. O desfile de 2019, “Igbá Cubango – a alma das coisas e a arte dos
milagres”, ganhou mais de 40 prêmios e gerou o documentário “A Alma das Coisas”, de Douglas
Soares e Felipe Herzog. Além do carnaval, o artista já efetuou outros trabalhos, como os desenhos
cenográficos do concurso Miss Angola (2015 e 2016) e projetos cenográficos de inúmeros shows e
eventos. No carnaval de 2020, ao lado de Leonardo Bora, apresentou “Tata Londirá – O Canto do
Caboclo no Quilombo de Caxias”, enredo que levou a Grande Rio ao vice-campeonato do Grupo
Especial, além da conquista de cinco Estandartes de Ouro, incluindo o de Melhor Escola, Melhor
Ala de Baianas e a Categoria Especial Fernando Pamplona, prêmio este que valorizou o trabalho
realizado no carro abre-alas, em conjunto com as oficinas de criação da Escola de Belas Artes da
UFRJ, da PUC-RJ e do IFRJ-Belford Roxo. Além disso, a escola foi aclamada e premiada por
diversas outras instituições, demonstrando a potência do enredo proposto. No atípico carnaval de
2022, junto de Bora, assinou o desfile campeão do GRES Acadêmicos do Grande Rio, considerado,
na opinião de jornalistas, pesquisadores e formadores de opinião, um dos maiores desfiles do século.
“Fala, Majeté! Sete Chaves de Exu” conquistou centenas de premiações do meio carnavalesco,
incluindo os Estandartes de Ouro de melhor escola, melhor enredo e Categoria Especial Fernando
Pamplona, graças ao trabalho de reaproveitamento de materiais apresentado na última alegoria do
cortejo (cujas esculturas foram posteriormente expostas no SESC-Pinheiros, na cidade de São
Paulo). Em 2023, Haddad e Bora assinaram a concepção visual do desfile da Grande Rio que
homenageou o cantor e compositor Zeca Pagodinho, conquistando o sexto lugar. Em outros
cenários artísticos, assinaram as fantasias da terceira e da quarta temporadas do programa televisivo
“The Masked Singer – Brasil”, veiculado pela Rede Globo de Televisão. Em 2023, realizaram
trabalhos para Beatriz Milhazes e participaram de 7 exposições nacionais, incluindo uma instalação
na rotunda do CCBB-RJ. A exposição “Laroyê, Grande Rio”, aberta em dezembro de 2023, levou
ao interior do Museu de Arte do Rio (MAR) criações para o desfile em homanegam a Exu – prova
de que essa narrativa continua a circular e a ocupar espaços.
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FICHA TÉCNICA
Enredo
LEONARDO BORA
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FICHA TÉCNICA
Enredo
O desfile terminou campeão e levou a escola para a Série A. No carnaval de 2018, assinou o
desfile do GRES Acadêmicos do Cubango, juntamente com Gabriel Haddad. A homenagem a
Arthur Bispo do Rosário, ganhadora de dezenas de prêmios (entre eles, os Estandartes de Ouro de
melhor escola e melhor samba de enredo), gerou exposições, apresentações de trabalhos acadêmicos
e parcerias com instituições de ensino. O desfile de 2019, “Igbá Cubango – a alma das coisas e a
arte dos milagres”, novamente ganhou os principais prêmios da Série A do Rio de Janeiro, incluindo
os Estandartes de Melhor Escola e Melhor Samba, um feito inédito. Enquanto prestador de serviços,
Leonardo Bora já efetuou trabalhos de criação visual para diversas agremiações carnavalescas do
Brasil, entre elas: Império da Tijuca, Boi da Ilha do Governador, Imperatriz Leopoldinense, Tupy
de Brás de Pina, Vai-Vai (São Paulo) e Piratas da Batucada (Macapá). No carnaval de 2020, ao lado
de Gabriel Haddad, apresentou “Tata Londirá – O Canto do Caboclo no Quilombo de Caxias”,
enredo que levou a Grande Rio ao vice-campeonato do Grupo Especial, além da conquista de cinco
Estandartes de Ouro, incluindo o de Melhor Escola, Melhor Ala de Baianas e a Categoria Especial
Fernando Pamplona, prêmio este que valorizou o trabalho realizado no carro abre-alas em conjunto
com as oficinas de criação da Escola de Belas Artes-UFRJ, PUC-RJ e IFRJ-Belford Roxo. Além
disso, a escola foi aclamada e premiada por diversas outras instituições, demonstrando a potência
do enredo proposto. No atípico carnaval de 2022, junto de Haddad, assinou o desfile campeão do
GRES Acadêmicos do Grande Rio, considerado, na opinião de jornalistas, pesquisadores e
formadores de opinião, um dos maiores desfiles do século. “Fala, Majeté! Sete Chaves de Exu”
conquistou centenas de premiações do meio carnavalesco, incluindo os Estandartes de Ouro de
melhor escola, melhor enredo e Categoria Especial Fernando Pamplona, graças ao trabalho de
reaproveitamento de materiais apresentado na última alegoria do cortejo (cujas esculturas foram
posteriormente expostas no SESC-Pinheiros, na cidade de São Paulo). Em 2023, Haddad e Bora
assinaram a concepção visual do desfile da Grande Rio que homenageou o cantor e compositor
Zeca Pagodinho, conquistando o sexto lugar. Em outros cenários artísticos, assinaram as fantasias
da terceira e da quarta temporadas do programa televisivo “The Masked Singer – Brasil”, veiculado
pela Rede Globo de Televisão. Em 2023, realizaram trabalhos para Beatriz Milhazes e participaram
de 7 exposições nacionais, incluindo uma instalação na rotunda do CCBB-RJ. A exposição “Laroyê,
Grande Rio”, aberta em dezembro de 2023, levou ao interior do Museu de Arte do Rio (MAR)
criações para o desfile em homanegam a Exu – prova de que essa narrativa continua a circular e a
ocupar espaços. Tem artigos acadêmicos publicados no Brasil e no exterior e desenvolve pesquisas
sobre narrativas carnavalescas, literaturas e linguagens artísticas diversas.
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HISTÓRICO DO ENREDO
NOSSO DESTINO É SER ONÇA
Antes de tudo:
Incontáveis são as histórias que narram a origem do mundo. Criação, destruição, recriação –
eterno retorno. Aqui, falaremos do “eterno devir”. Imortalidade e futuro! Nos rastros, pelas trilhas de
Alberto Mussa, o mito Tupinambá restaurado é um mosaico de cosmovisões de nações indígenas que
habitavam (e habitam) o Brasil há milhares de anos. O próprio autor afirma, no início de “Meu destino
é ser Onça”, que somos brasileiros há milhares de anos (ele menciona datas entre 10 e 15 mil anos,
havendo pesquisas arqueológicas recentes que vão além, superando a datação de 50 mil anos atrás):
“Há pelo menos 11 mil anos – data bem antiga para a América do Sul – a Amazônia brasileira
passou a ter ocupação humana. (...) Há muitos indícios de que os povos da floresta influenciaram
profundamente a vida de outras populações ameríndias, estendendo sua penetração intelectual até os
Andes, antes que surgissem as ‘evoluídas’ civilizações andinas. Numa época ainda muito difícil de
identificar, por razões ainda também ignoradas, um desses povos abandonou sua região nativa para
iniciar um dos maiores processos migratórios das Américas. Falo dos tupi-guarani. (...) Não é difícil
imaginar que tomaram o sentido norte-sul, em direção às bacias do Paraguai e do Paraná, alcançando
mais tarde o litoral sul do Brasil, para voltar a se expandir no sentido sul-norte, até o Ceará – sempre
fugindo do cerrado e preferindo as matas mais fechadas.”
Ocupando posição central nas narrativas míticas dos povos tão complexos que desenharam os
contornos do litoral do Brasil e se conectavam tanto ao coração da Amazônia quanto às demais
sociedades ameríndias do que hoje se entende por latinoamérica, eis o signo deste enredo: a onça.
Metáfora viva dos rituais antropofágicos, é a onça uma chave para que sejam pensadas as disputas
identitárias brasileiras e a nossa eterna capacidade de devorar para recriar – e renascer, rebrotar,
revidar, deglutir. Insurgência e potência! Mais do que o animal em si, o bicho, a ideia de “devoração”
- jaguara. O ser divino, sagrado, que ergueu reinos, em nosso imaginário. Bordou de força e bravura
as narrativas de matriz oral dos povos originários, as lendas costuradas em folguedos e canções, os
cordéis do motor Armorial, o próprio carnaval do Rio de Janeiro, em algumas de suas melhores
apresentações. Hoje, expressa as lutas de muitas gentes – e, com os dentes e as garras à mostra, há de
expressar, também, a vitória da Grande Rio!
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2. A terceira humanidade
Mas não há criação sem conflito e toda saga tem sua disputa: o avesso de Maíra, Sumé, detinha
muitos poderes – entre eles, o de se transformar em onça. Um não existia sem o outro. Os filhos de
ambos correram matas, enfrentando assombrações! Poxi, parente de Maíra, foi morar no céu e virou
Cuaraci, senhor do cocar de fogo – a origem do Sol, que iluminou as trevas. Jaci, um dos filhos do
enigmático Andejo, virou a Lua, depois de derrotar uma aldeia de jaguares, parentes de Sumé. Maíra
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e Sumé, opostos complementares, são os pais do trabalho e da guerra. Um novo dilúvio consumiu o
mundo, postas as desavenças. Brotou, então, a terceira humanidade! Maíra, transmutado em curumim,
reensinou o homem a cultivar o solo – da luta diária pela comida. Sumé, destemido caraíba, saltou
oceanos e sangrou o firmamento, misturando-se ao Sete-Estrelo. Ruge, voraz, no céu, perseguindo
eternamente a Lua, a fim de vingar seus parentes. Por isso é preciso comer o inimigo: devorar é tornar-
se outro. Vingonça. Vingar é sobreviver. Incisões no couro terrestre. Devorar é seguir adiante.
Fumaça e cuias sagradas, xuatês e maracás. Visões trançadas em palhas ou incrustadas de jade.
Os rios, veias deste imenso corpo, levam e tragam memórias. Tudo, enfim, religado - bocas de onças-
carrancas, navegando... gargantas! Nas brasas do xamanismo, o jaguar era cultuado em altares e
cachimbos. Incas, Maias e Astecas ergueram templos ao seu louvor, coração-caverna, girar celeste.
Pelos vales espoliados, os povos originários perpetuavam narrativas de onças e homens em transe: a
ganância e a ignorância do invasor não conseguiam traduzir o que ensinavam os pajés. Tentativa em
vão, o apagar das pegadas. Os ritos permanecem vivos nos cantos e mitos dos povos Araweté, Asurini,
Kamayurá, Parakanã, Wari’, Guajajara, Juruna, Xipaia, Mawé, Bororo, Apinajé, Kayapó, Ofayé,
Pankararu, Baniwa, Apalai, Yawalapiti, Pataxó, Arara, Bacaeri, Tukano, Guarani Kaiowá, entre
outros, tantos, bravos!, cada um com a sua cosmovisão e os seus pensamentos mágicos. Urucum e
jenipapo. “Onça sabe quem mecê é”: no Brasil, terra indígena, bulha é pintura e máscara. Onça Grande
é mãe e pai.
O tempo que pinta as pedras retorce os mitos em causos, tramas a pé celebradas, vivas feito
cachoeiras. Onças se fazem memórias e viram histórias sortidas, cordelista e pescador, atravessando
tudo, na gira, no cruzo, palavra (en)cantada: ponto de caboclo, ponta de flecha, ponta de dente, ponteio
caipira. Encantarias! Tudo se funde e confunde nas troças do versador. Vem onça-maneta, onça-
cabocla, onça-da-mão-torta, onça-pé-de-boi, onça-de-bode, onça-borges, onça-mijadeira. Onceiro
vira onça e se apaixona, na sanha rosiana do sertão. O escudo do manto do Rapaz-do-Cavalo-Branco!
Caetana, Castanha, Onça-Loba que amamentou o herdeiro do trono do Sol, o Quinto Império da Pedra
do Reino. Onças aladas, colares de cobra coral. Não as onças sacrificadas dos romances de cavaleiros,
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mas onças que rasgam o peito dos ditos assinalados. O Circo da Onça Malhada, na rua: onça que
ensina e cura, transfigura, onças que somos nós!
Quem não brincou de onça-pintada, ao som e ao sabor das toadas? Quem não foi
tupinicopolitano, naquele amanhecer rugindo? E quem não se deixou morder pela prosa dentada,
indócil, duma Rosa antropofágica? A folia é antena e recado e fareja o que está na trilha. Os
destemores, as alegrias. Reantropofagias. Bafio de fera! Hoje, artistas recriam a Terra e fazem da onça
o estandarte. Lambe, demarcação: símbolo do que virá, para devorar as ignorâncias. Vencendo
demandas! Recontando a história, bafejando saberes. Onças-entidades que arranham as lisuras do
presente. Contra a colonialidade que aprisiona, na jugular do atraso. Em defesa dum futuro ancestral,
múltiplo e diverso. Pajé-Onça que hackeia, brabo, a história da arte: denuncia o roubo e celebra a
liberdade! Para que a floresta brote do asfalto e do vidro e aço e ferro e fuligem – as novas incisões,
Felinas. Para que o “ser selvagem” seja redesenhado, no samba que acende a alma. Onças travestis
guerreiras, panteronas, onças que redefinem os mantos Tupinambás, onças que devoram a morte e
fulguram feito estrelas. Onças da diferonça! Nos seixos da eternidade.
Eclipse!
Batemos os cajados no solo para adiar o fim do mundo. (R)Evolução.
Enquanto ela, a Onça, não comer a Lua.
Abrindo os caminhos
sem medo do tombo.
Nasci do encontro de luta
entre a aldeia e o quilombo.
Referências bibliográficas:
ALBERT, Bruce; KOPENAWA, Davi. A queda do céu. Palavras de um xamã yanomami. São Paulo:
Companhias das Letras, 2022.
ALMEIDA, Maria Cândida Ferreira de. Tornar-se outro. O topos canibal na literatura brasileira. São
Paulo: Annablume, 2002.
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JUSTIFICATIVA DO ENREDO
1. Apresentação geral, pertinência e relevância
Ainda nas páginas iniciais de “Meu destino é ser Onça”, o escritor Alberto Mussa afirma o
seguinte: “Não sei o que ainda é necessário fazer para que as pessoas compreendam isso – que não
estamos aqui faz apenas cinco séculos, mas há uns 15 mil anos. Há 15 mil anos somos brasileiros; e
não sabemos nada do Brasil.” Pois bem: o enredo do GRES Acadêmicos do Grande Rio para o
carnaval de 2024 é um convite a um mergulho no tempo e um retorno às narrativas de teor lendário,
mítico, mistura de rito e delírio. Revolvemos o solo sagrado da história e buscamos raízes muito,
muito profundas. As pegadas de heróis cujas sagas não estudamos no colégio: Maíra, Sumé,
Tamanduaré, Guaricuité. Uma história de criação, destruição e recriação do mundo, que passeia por
diversos cenários e momentos da nossa vida artística e cultural. Uma viagem guiada pelos rastros das
onças! Cantamos para o mundo inteiro que existe um mito de criação no qual a onça é o símbolo
central, divindade e constelação. Este mito, o mito Tupinambá, guarda lições preciosas e pode ser
entendido como síntese de um “ser brasileiro” fincado na ideia de devoção e devoração eternas.
Vamos por partes!
A semente do enredo começou a brotar em 2017 – trata-se, portanto, de uma pesquisa que foi
amadurecendo ao longo dos últimos anos, encontrando na Tricolor de Caxias o solo e o momento
ideais para o seu florescer carnavalesco. A Grande Rio, apesar de muito jovem, é uma agremiação
sambista com marcas identitárias bem definidas, tendo se consolidado, nas décadas de 1990 e 2000,
como uma escola afeita aos enredos de temáticas afro-indígenas, que saúdam um Brasil caboclo e as
brasilidades que cantam e dançam em aldeias e terreiros – caso de “Os santos que a África não viu”,
de 1994; “Madeira Mamoré: a volta dos que não foram, lá no Guaporé”, de 1997; “Amazonas, o
Eldorado é aqui”, de 2006; entre outros. “Nosso destino é ser Onça”, portanto, é um enredo inserido
em uma conjuntura maior, o que, com relação à memória da escola e ao afeto da comunidade, justifica
a escolha temática. Mais especificamente, a exposição “No tempo das conchas e da jacutinga”,
realizada no Museu Vivo do São Bento, em 2019, com curadoria de Marlucia Santos de Souza, nos
ensina que havia mais de 35 aldeias Tupinambá no Recôncavo Guanabarino, no século XVI. Foram
encontrados registros da presença da Aldeia Jacutinga e da Aldeia Sarapuí no território da atual cidade
de Duque de Caxias. Caxias, portanto, é terra indígena e terra Tupinambá!
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Trata-se, ainda, de um enredo de inspiração literária, o que o insere em uma bela tradição
carnavalesca da folia do Rio de Janeiro. Já vimos obras como “Macunaíma – o herói sem nenhum
caráter”, “Martim Cererê”, “Os Sertões”, “Memórias de um Sargento de Milícias”, “O Guarani”,
“Iracema” e “O Engenhoso Fidalgo Dom Quixote de La Mancha” transformados em enredos. Obras
de Jorge Amado, Dias Gomes, Carolina Maria de Jesus, Ariano Suassuna, Carlos Drummond de
Andrade, Manoel de Barros, Chico Buarque, Nelson Rodrigues e Maria Clara Machado, entre outros,
também já se metamorfosearam em fantasias e carros alegóricos. A tradução de “Meu destino é ser
Onça” em narrativa de enredo escola de samba, no carnaval de 2024, direciona as lentes para a
importância da leitura literária e pode despertar o interesse de milhares de leitores Brasil e mundo
afora – algo registrado em matéria do jornal O Globo de janeiro de 2024.
Contribui, ainda, para a desconstrução de estereótipos relacionados às culturas indígenas e para
o enfrentamento de certas ideias bastante apregoadas nas mídias sociais da atualidade de que
determinadas linhas de enredos são “difíceis” ou “incompreensíveis pelo público” – visões que, no
mais das vezes, expressam preconceitos para com o universo sambista (considerando os públicos
espectador e desfilante incapazes de compreenderem tramas aprofundadas) ou mesmo, o que é
igualmente grave, o desconhecimento da nossa própria história. Todos estudamos, nos ensinos
fundamental e médio, as sagas de Aquiles, Heitor e Ulisses, personagens das epopeias de Homero;
são histórias povoadas de personagens com nomes “difíceis” ou “estranhos” (Polifemo, Laodamante,
Leucoteia, Caríbdis...) e episódios mirabolantes (o mesmo pode valer, por exemplo, para os textos
bíblicos do Antigo Testamento – e também, expandindo a visão, para boa parte dos best-sellers de
fantasia e para o cinema hollywoodiano); no entanto, tais histórias não nos parecem incompreensíveis,
uma vez que estão cristalizadas no imaginário ocidental. Crescemos ouvindo-as e lendo-as.
Felizmente, o mesmo universo das escolas de samba contribuiu para a popularização de termos em
línguas africanas, ligados às religiões afro-brasileiras. Os cantos dos povos originários brasileiros, que
sempre estiveram aqui, também são abraçados pelo samba e são raiz e tronco de nossa festa. O que há
de complicado, então, se não as lentes pré-concebidas?
Ora, o que mostraremos, na Avenida, é que todo brasileiro tem uma onça por perto, rondando,
em proteção. Cada um de nós tem uma roupa/pele de onça. Pisamos em terra indígena. Os nomes
Tupinambá estão em todos os lugares. As supostas “palavras difíceis” presentes na sinopse e no samba
são nomes de nações que vivem dentro dessa imensa e múltipla nação chamada Brasil – conhecer tais
nomes é pressuposto e fundamento. A nação Tupinambá não foi exterminada pelos séculos de matança
colonial: permanece viva, forte, resistente. Nossos heróis míticos são mais fortes e valentes que os
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Abre-Alas – G.R.E.S. Acadêmicos do Grande Rio – Carnaval 2024
guerreiros da antiga Grécia. Fizeram grandiosas maravilhas! E que uma escola de samba da Baixada
Fluminense, associação de matrizes negro-populares gestada entre a rua e o terreiro, cante e reverbere
isso... é algo a ser celebrado. Há muito a ser aprendido e desdobrado com a leitura do livro em questão.
Não se trata de um livro qualquer...
“Meu destino é ser Onça”, do escritor carioca Alberto Mussa, propõe a “restauração” (termo
utilizado pelo autor) do mito Tupinambá. O livro é dividido em diferentes partes, sendo que a narração
do mito ocupa cerca de 40 páginas. Uma leitura relativamente curta que guarda imensa densidade. As
demais partes que compõem o livro apresentam os processos de estudo, pesquisa e tradução de fontes
históricas que estruturaram a construção da obra, ou seja, é uma obra de teor metalinguístico (que
também fala da sua própria construção). Tal característica aparece em outras produções do autor, cujo
universo temático passeia por narrativas indígenas, árabes e africanas. Já havíamos dialogado com
Mussa no enredo de 2022, “Fala, Majeté! Sete Chaves de Exu”, quando o segundo setor, “Exu-
Palmares”, foi concebido a partir da leitura do conto “A Cabeça de Zumbi”, presente na coletânea
“Elegbara” (um dos títulos de Exu, aliás). Agora, em 2024, a conversa é expandida.
O “mito restaurado” de Mussa é, na verdade, uma colagem de fragmentos estudados e
traduzidos pelo autor a partir da leitura de crônicas quinhentistas. Não há registros escritos dos antigos
Tupinambá que habitavam o Brasil, nos idos de 1500; o que Mussa fez (e apresenta os processos disso,
o que é muito interessante) foi cotejar textos de viajantes, estudar o tupi antigo e redesenhar uma
história que nos leva há pelo menos 15 mil anos. Segundo as palavras dele: “Apesar de sua forma oral
me ser incógnita, logo me dei conta de estar diante de uma autêntica epopeia mítica, que tinha a mesma
complexidade, a mesma importância, a mesma grandeza de seus congêneres – como a Teogonia, o
Livro dos Reis, o Enuma Elish, o Gênesis, o Popol Vuh, o Kalevala, o Kojiki, os Esse Ifa, o Rig Veda.
(...) Senti, assim, um impulso irresistível de incorporar a epopeia Tupinambá à nossa cultura literária.”
O trecho de Mussa explicita a grandiosidade de seu intento literário e a importância do
conhecimento do mito Tupinambá, cuja divindade criadora, o Velho, também é detentor dos poderes
de destruição e transformação – ele, onipotente, é o Velho Onça. As disputas entre Maíra e Sumé,
narradas no mito, explicam as origens dos e justificam os rituais antropofágicos, conjunto de práticas
sociais, simbólicas e religiosas que tem a onça como grande símbolo. A onça, presente no título dessa
“epopeia”, é um símbolo de força, destemor, proteção, devoração, transformação, incorporação do
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Abre-Alas – G.R.E.S. Acadêmicos do Grande Rio – Carnaval 2024
outro, poder, imortalidade. Tornar-se onça, para os antigos Tupinambá, é poder acessar a Terra-sem-
mal (espécie de “paraíso”), reencontrar os antepassados, tocar a perfeição. A onça, sob esse olhar, é o
ser mais perfeito e completo que existe, uma vez que está no topo da cadeia alimentar e tudo e todos
devora – não sendo devorada pelos homens. O ser humano, portanto, não é a mais perfeita criação
divina. Tornar-se onça é tornar-se imortal e acessar o que há de mais belo e poderoso no universo. A
boca da onça é o centro de tudo o que imaginamos enquanto Brasil.
A leitura cuidadosa de “Meu destino é ser Onça” mostrou que as trilhas abertas por Mussa
poderiam ser expandidas, conectando o mito Tupinambá a outras leituras e, mais especificamente, a
uma série de reflexões urgentes, antenadas aos debates contemporâneos. O que o enredo propõe é que
a cosmovisão Tupinambá presente no mito e centrada na simbologia da onça atravessa a história do
Brasil, está impregnada em nosso chão e é algo definidor de nossas identidades. A partir do mito,
portanto, é possível pensar uma saga maior – daí o porquê de falarmos em “devoração e
desdobramento”. Se em 1993 o GRES Estácio de Sá cantou as simbologias da Lua a partir da
cosmogonia Karajá e em 1996 o GRES Mocidade Independente de Padre Miguel, com o seu “Criador
e Criatura”, desdobrou o Gênesis bíblico para propor uma crítica ao uso desenfreado das tecnologias
(o que pode causar o apocalipse), agora, em 2024, tomamos o mito Tupinambá como propulsor de
reflexões centradas na onça – uma constelação de brasilidades para, parafraseando Ailton Krenak,
adiar o fim do mundo. O enredo não fica “preso” (nem poderia, uma vez que tudo o que não desejamos
é “enjaular” a fera) à narrativa mítica do livro, mas a expande, percorrendo outros e fantásticos
territórios – tudo isso, diga-se, a partir de amplo debate com o autor e demais artistas e pesquisadores.
Contribuiu bastante para tal entendimento a leitura do artigo “A constelação da onça”, escrito
por Leandro Muniz e Paula Alzugaray e publicado na revista de arte Select, em junho de 2021. Os
autores mapeiam a presença recorrente de onças na produção artístico-cultural brasileira, informando,
com bastante clareza, que “a onça-pintada, também conhecida por jaguar, pantera-onça,
jaguarapinima, jaguaretê ou canguçu, é o maior felino das Américas. Por estar no topo da cadeia
alimentar e precisar de grandes áreas preservadas para sobreviver, esse animal sempre foi importante
nas ações de conservação ambiental. Para os cientistas, sua presença indicava que uma região oferecia
boas condições para a sobrevivência.” O fato de estar no topo da cadeia alimentar, segundo Alberto
Mussa, é fundamental para o dimensionamento mitológico do animal, uma vez que essa característica
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Abre-Alas – G.R.E.S. Acadêmicos do Grande Rio – Carnaval 2024
o tornava a um só tempo temido e venerado; o bicho mais forte e astuto, a boca que tudo come -
curiosamente, um dos atributos de Exu.
No decorrer da pesquisa, em diferentes momentos, pudemos traçar paralelos entre as
simbologias da onça e as simbologias de Exu, o tema central do enredo campeão de 2022. Assim
como o complexo de divindades afro-brasileiras unificado sob o nome “Exu”, a onça, durante o
período de colonização do Brasil, era comparada a demônios por frades jesuítas que procuravam
converter os indígenas ao cristianismo, associando a antropofagia e a “vida selvagem” (da qual a onça
e a cobra eram os principais representantes) a seres infernais. Isso nos ajuda a compreender o porquê
de a onça, hoje, ser considerada um poderoso emblema contra-colonial – da mesma forma que Exu se
tornou uma bandeira contra o racismo religioso e os séculos de violência.
O artigo da revista Select informa, ainda, o seguinte: “quando um arquétipo de destemor tem
de se submeter às regras exploratórias para não ser extinto, mudando hábitos para se adaptar ao
impacto humano e sobreviver em terras arrasadas, cabe lembrar as cosmogonias, os mitos de criação
dos povos e do mundo, que narram a destruição da terra original por cataclismos em forma de
incêndios ou dilúvios, decorrentes de crimes, traições ou vinganças. E pensar na capacidade de
transmutação atribuída a esse felino nos mitos e em como essa transformação tem sido uma chave da
resistência indígena. (...) A integração entre animal e humano é um traço saliente das cosmogonias
indígenas e, em muitos mitos de criação, há homens com a capacidade de se transformar em onça. No
mito Tupinambá, restaurado pelo escritor Alberto Mussa em ‘Meu destino é ser Onça’, o apocalipse
aconteceria quando Sumé, um indígena ancestral transformado em grande onça, devorasse a Lua,
apagando a luz da noite, extinguindo a humanidade.”
O trecho acima mostra que, segundo a cosmovisão dos antigos Tupinambá, a onça possui tanto
a capacidade criadora quanto o poder de destruição – está, portanto, acima das ideias maniqueístas
ocidentais de “bem” e “mal” (outro ponto de contato com as cosmovisões que enredam Exu). Com o
passar dos séculos, tal visão ancestral foi sendo incorporada por manifestações culturais diversas,
espraiando-se por todo o território brasileiro. É verdadeiramente impressionante o volume de
manifestações artísticas e culturais (textos literários, obras de artes visuais, canções, folguedos,
desfiles carnavalescos...) em que onças se fazem presentes, de modo que nos surpreende a constatação
de que nunca tivemos, no Grupo Especial carioca, um enredo centrado em mitos, histórias e
simbologias de onças. Já tivemos enredos ancorados nos conceitos de antropofagia (União da Ilha
1995, Imperatriz Leopoldinense 2002, Paraíso do Tuiuti 2015), mas o protagonismo antropofágico da
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Abre-Alas – G.R.E.S. Acadêmicos do Grande Rio – Carnaval 2024
onça nunca foi cantado de maneira inteira. A observação cuidadosa dos diferentes momentos do
desfile nos ajuda a compreender as dimensões da história contada e a sua notável diversidade.
4. Setorização
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Abre-Alas – G.R.E.S. Acadêmicos do Grande Rio – Carnaval 2024
céu) e Jaci, a Lua (descendente de Maíra, que derrotou uma aldeia de jaguares, descendentes de Sumé,
e por isso seria eternamente perseguida pelo caraíba associado à guerra, no plano celeste). Após um
segundo dilúvio, tem início a terceira humanidade – que perdura até hoje, em permanente ameaça: o
mundo pode acabar e é preciso impedir isso. Para retornar à Terra-sem-mal, é preciso se transformar
em onça: a antropofagia.
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Abre-Alas – G.R.E.S. Acadêmicos do Grande Rio – Carnaval 2024
império sertanejo do Brasil foi amamentado por uma onça, numa cena de notável dramaticidade.
Caetana seduz e mete medo. Onças são esfinges e brasões armoriais, adornando um país que tem
garras e dentes à mostra.
SETOR 8 - REANTROPOFAGIAS
Hoje, a onça é um poderoso símbolo de lutas. Os direitos das populações lgbtqiapn+, a
demarcação de terras indígenas, o adiamento do fim do mundo, como propõe o filósofo Ailton Krenak.
O conceito de “Reantropofagia”, de Denilson Baniwa, é um poderoso antídoto contra os venenos da
colonialidade. Pajés-Onças miram o futuro, que é ancestral. O primeiro manto Tupinambá, sagrada
vestimenta utilizada nos rituais antropofágicos, está prestes a voltar ao Brasil, sendo “devolvido” pela
Dinamarca – é a libertação de um grito enlutado e lutador, rugido coletivo, o nosso destino. Como
declara a artista Glicéria Tupinambá, somos poeira de estrelas e parentes de onças. Os antigos
Tupinambá batiam os cajados no chão para impedir que Jaguar (Sumé, transformado em estrela)
devore a Lua (Jaci). A Aldeia Grande Rio, mais feroz do que nunca, ganha a rua e avisa que o mundo
será recriado ao ressoar dos tambores sambistas!
O primeiro ponto a ser destacado, aqui, diz respeito ao projeto luminotécnico. O estudo de
iluminação do desfile do GRES Acadêmicos do Grande Rio não envolve apenas uma dimensão
estética (a utilização de recursos de luz devido à beleza e à disponibilidade deles), mas, o que é mais
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Abre-Alas – G.R.E.S. Acadêmicos do Grande Rio – Carnaval 2024
importante, uma dimensão narrativa – ou seja, a luz ajuda a contar a história, seus episódios e suas
variações. A luz, nesse caso, é parte do enredo, o que justifica as escolhas realizadas.
A concepção plástica do desfile foi desenvolvida a partir de extensa pesquisa teórica e
iconográfica, destacando-se as variações cromáticas, o uso alternativo de materiais e o cuidado para
com a não repetição de formas representativas no que diz respeito às onças, em fantasias e carros
alegóricos. Cada leitura de onça presente no desfile é diferente da outra, de modo que são poucas
aquelas que seguem uma linguagem mais “realista” ou figurativa. Essa preocupação foi imensa e
permanente. O mesmo é válido para o trabalho de estamparia: mais de 200 padrões de estampas foram
produzidos exclusivamente para o desfile, ilustrando a diversidade temática defendida em fantasias e
carros alegóricos. Outro cuidado inegociável, presente desde as etapas iniciais do trabalho, foi aquele
para com as representações de pessoas, adornos e demais signos indígenas em fantasias e carros
alegóricos. Sublinhamos a necessidade de refutar qualquer estereótipo historicamente construído pela
ótica colonial – branca e eurocentrada. A leitura do artigo redigido por Daiara Tukano para a coletânea
“Tecendo redes antirracistas” foi fundamental. Reforçamos aqui, ainda, o papel importante
desempenhado por Alberto Mussa, autor de “Meu destino é ser Onça”, com quem dialogamos ao
longo de todo o processo criativo. Mussa contribuiu com ideias e informações adicionais, de modo
que os “cadernos de campo” estão nas linhas e nas entrelinhas deste trabalho.
Com relação à visualidade, alguns pontos merecem ser iluminados. A predominância da cor
preta, na abertura, evoca experimentações plásticas de Jaider Esbell. No carro abre-alas, o uso de
peças em fibra cristal dialoga com as criações em vidro de Dale Chihuly – trabalho que exigiu meses
de estudo por parte dos trabalhadores do barracão da Grande Rio. No segundo setor, privilegiaram-se
formas abstratas e fluidas, evocações de um mundo original e deslocado do tempo. No terceiro setor,
as formas pontiagudas, agressivas, dão o tom: o ritual antropofágico e as demandas da Terra-sem-mal
exigiram uma plástica contundente e forte. O quarto setor do desfile encara o desafio de expressar a
diversidade, a riqueza e a sofisticação dos povos indígenas americanos – daí a opção por diferentes
materiais em cada fantasia de ala, tudo culminando em uma alegoria que propõe a transformação. No
quinto setor, o imaginário caboclo, com destaque para os diálogos com a plástica de J. Cunha. A
pesquisa iconográfica do sexto setor rendeu páginas e mais páginas de referências estéticas: o
movimento armorial é muito vasto e conversa com o imaginário medieval; procuramos, sobretudo,
respeitar o colorido observável em criações de nomes como Samico e Ariano Suassuna. No sétimo
setor, o carnaval devora a si mesmo: homenageamos as linguagens carnavalescas de nomes como
Fernando Pinto e Rosa Magalhães, optando pelos acordes “retrô” – mosaicos de pastilhas e espelhos,
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Abre-Alas – G.R.E.S. Acadêmicos do Grande Rio – Carnaval 2024
profusão de lamês, pompons, boás de penas, paetês. O final dialoga com a produção de artistas
indígenas da contemporaneidade, como Tamikuã Txihi, Olinda Tupinambá, Denilson Baniwa e
Glicéria Tupinambá. A arte de rua explode em tons pop, como nos painéis de Igor Izy, “guardião das
onças”; o manto sagrado é reconstruído.
Deve-se destacar, aqui, a importância e a representatividade do manto Tupinambá para a
construção visual de todo o desfile. Em diferentes momentos da narrativa, observam-se vestes e
elementos decorativos que, por meio da utilização de materiais variados (penas, folhas, tecidos,
borracha eva, acetato etc.), insinuam capas e mantos rituais. Tal destaque é justificável, uma vez que,
além de ser um objeto ritual fundamental para a compreensão das práticas antropofágicas (o tornar-se
onça, o que desejamos que simbolicamente ocorra com todos os desfilantes da escola – incorporação
coletiva), o primeiro dos mantos roubados pelos colonizadores europeus irá retornar ao Brasil, em
2024. A nova edição de “Meu destino é ser Onça”, publicada em 2023, destaca a importância do
manto: “O manto Tupinambá – levado há 300 anos para a Dinamarca – é um exemplar raríssimo,
ainda preservado, dessa cultura indígena. Usado originalmente em rituais, o manto é feito de penas
vermelhas de guará costuradas em uma malha por meio de uma técnica similar à da tapeçaria”.
Diversas matérias jornalísticas de repercussão nacional noticiam o retorno do primeiro dos
mantos roubados ao Brasil, em 2024. Elisangela Roxo escreveu para a revista Piauí, em junho de
2023: “Um dos mais bem preservados entre os onze mantos Tupinambá remanescentes do século
XVII voltará definitivamente da Europa para o Brasil. Até o fim de 2023, o tesouro confeccionado
com as penas vermelhas do guará deixará para trás a coleção etnográfica do Nationalmuseet, o museu
nacional da Dinamarca, e integrará o acervo do Museu Nacional no Rio de Janeiro. (...) A peça, que
os indígenas consideram sagrada, está em Copenhague desde 1689, segundo registros oficiais.” Na
sequência da matéria, a jornalista menciona a ação de Glicéria Tupinambá, artista e pesquisadora
contemporânea que se autodeclara “parente de onça” e que está acompanhando o processo de retorno
do manto ao Brasil – uma interlocutora importantíssima durante o processo de concepção do enredo.
A imensa repercussão dos debates envolvendo o manto é apenas mais um ponto que mostra a
atualidade do enredo proposto e a importância de se conhecer o mito Tupinambá e a cosmovisão
restaurada por Mussa, sistema simbólico no qual a onça é caminho e chave.
Destaca-se, por fim, que o desenvolvimento do enredo continua a ser elaborado nas
“justificativas” de fantasias e carros alegóricos – textos que mais pretendem desdobrar os processos
artísticos do que encerrar ideias, fechando janelas. Entendemos que todo enredo de escola de samba
não se encerra na Quarta-feira de Cinzas: permanece vivo, pulsante, estimulando reflexões críticas,
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Abre-Alas – G.R.E.S. Acadêmicos do Grande Rio – Carnaval 2024
debatendo a sociedade brasileira, ocupando outros espaços e gestando outras narrativas. Que este
“Nosso destino é ser Onça”, mítico e épico, profético, continue rugindo por muito tempo!
Apresentamos abaixo um trecho do posfácio redigido por Gabriel Haddad e Leonardo Bora
para a edição de 2023 de “Meu destino é ser Onça”, de Alberto Mussa, publicada pela editora
Civilização Brasileira, com capa de Aislan Pankararu:
“No Brasil, terra indígena, continuamos a ritualizar as nossas múltiplas identidades, rebrotando
nas frestas, fazendo festa. O enredo do GRES Acadêmicos do Grande Rio, agremiação da cidade de
Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, para o desfile de carnaval do Grupo Especial do Rio de
Janeiro de 2024, deglute e desdobra o mito – tinta de jenipapo, pena da encantaria.
‘Nosso destino é ser Onça’ traduz a construção literária de Mussa em fantasias e alegorias.
Assim, ao som do samba de enredo, canto ancestral e comunitário, mostra ao mundo inteiro um Brasil
de brasilidades historicamente deturpadas ou mesmo retiradas dos livros didáticos e das prateleiras
literárias – moenda de violências. Caldo cultural que entorna, manto que se transforma: os corpos e
as corpas que sambam na Avenida reinventam a existência, rasuram a ‘História’ mofada e agarram
novas perspectivas e saberes. Não mais o exótico e não mais os ranços da colonialidade; nas
encruzilhadas festivas, a busca do eterno e a voz trovejante. Poeira de estrelas, transe. Sob o brilho da
Onça celeste!”
O Brasil e Duque de Caxias são terra indígena. O Quilombo Grande Rio se faz aldeia. O nosso
destino é ser Onça – brilhemos!
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Abre-Alas – G.R.E.S. Acadêmicos do Grande Rio – Carnaval 2024
ROTEIRO DO DESFILE
Comissão de Frente
CÉU DE PEDRA: CRIAÇÃO E
CONSTELAÇÃO
Grupo Performático
ESTRELAS
Alegoria 01
“MUNDO INAUGURAL, MISTERIOSO E
OBSCURO”
CHASSI 1: CAOS CELESTIAL
CHASSI 2: A CRIAÇÃO DOS HOMENS
Ala 02 – Comunidade
FOGO DEVASTADOR
Ala 03 – Comunidade
TUPÃ E O AGUACEIRO
Ala 04 – Comunidade
ESPÍRITOS ANHANGA
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Tripé 01
TERRA-SEM-MAL
Ala 06 – Comunidade
TAMANDUARÉ E GUARICUITÉ,
HERDEIROS DOS GUERREIROS
Destaques Performáticos
JACI E CUARACI
Grupo Performático
O DILÚVIO UNIVERSAL E A SALVAÇÃO
DO FOGO
Ala 07 – Baianas
AÇOIABA (MANTO TUPINAMBÁ)
Alegoria 02
“JAU WARE SCHE” (“EU SOU JAGUAR”)
Ala 08 – Comunidade
ASTECAS: EMPLUMADOS
GUERREIROS DO DEUS JAGUAR
293
Abre-Alas – G.R.E.S. Acadêmicos do Grande Rio – Carnaval 2024
Ala 09 – Comunidade
MAIAS: JAGUARES DE JADE NOS
TEMPLOS DE TIKAL
Ala 10 – Passistas
INCAS: ONÇAS DE OURO NOS VALES
SAGRADOS
Guardiões do
2º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira
MÁSCARAS E MISTÉRIOS
Rainha da Bateria
Paolla Oliveira
TRANSFORMAÇÃO: “NOSSO DESTINO É
SER ONÇA”
Ala 11 - Bateria
“O SOM DO RUGIDO DAS ONÇAS”
Ala 12 – Comunidade
ALTARES-COCARES
Alegoria 03
TEMPLO SAGRADO: “ONÇA GRANDE É MÃE
E PAI”
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Ala 13 – Compositores
PONTEIO CAIPIRA E CAUSOS
CANTADOS
Ala 15 – Comunidade
CRUZOS CABOCLOS – “CHAMA A
FORÇA ENCANTADA”
Tripé 02
ENCANTARIA
Ala 16 – Comunidade
“MEU TIO O IAUARETÊ”
Ala 17 – Comunidade
BRASÕES ARMORIAIS
Ala 18 – Velha-guarda
NOBREZA DA PEDRA DO REINO
Alegoria 04
REINADO CASTANHO - SERTÃO DE
CAETANA
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Ala 19 – Comunidade
ONÇA BUMBÁ OU BUMBA-MINHA-
ONÇA?
Ala 20 – Comunidade
TROPIFAGIA TUPINICOPOLITANA
Tripé 03
ONÇAS FOLIÔNICAS
SETOR 8 – REANTROPOFAGIAS
Ala 23 – Comunidade
ONÇA HACKER
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Ala 25 – Comunidade
“EICOBÉ XERAMÓI! EICOBÉ XERAMÓI
GÜÉ!” – “VIVA, MEU AVÔ!”
Alegoria 05
“ENQUANTO A ONÇA NÃO COMER A LUA”
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FICHA TÉCNICA
Alegorias
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FICHA TÉCNICA
Alegorias
Destaques e Composições
299
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FICHA TÉCNICA
Alegorias
Destaques
300
Abre-Alas – G.R.E.S. Acadêmicos do Grande Rio – Carnaval 2024
FICHA TÉCNICA
Alegorias
02 “JAU WARE SCHE” (“EU “Eu sou jaguar!” Eis a livre tradução para a
SOU JAGUAR”) expressão “Jau ware sche”, em tupi antigo, que dá título
à segunda alegoria do desfile – uma interpretação
fantástica (e dramática) para os rituais antropofágicos
(que, segundo as palavras de Alberto Mussa, são, por
excelência, rituais de transformação e de veneração das
onças). Devoção e devoração. O carro apresenta
ossadas humanas (crânios, costelas, colunas vertebrais)
enredadas por uma profusão de cipós e raízes,
expressão da ideia de que essa terra, o Brasil, guarda a
memória profunda da antropofagia, tendo a onça por
símbolo maior – daí a presença de uma enorme cabeça
de onça, na parte frontal, compondo um conjunto
* Os projetos apresentados são escultórico executado por Alex Salvador e equipe.
utilizados enquanto conceitos- Trata-se de uma onça em tons terrosos, simulando
chave para a confecção das pedra pintada, rupestre, mistura de garganta e caverna
alegorias, não havendo o adorada pelas mãos dos nossos antepassados. Tal onça
compromisso com a execução representa, ainda, o domínio de Guaricuité e do seu pai,
literal de todos os detalhes Sumé, o grande caraíba que se comunicava diretamente
apresentados no papel. com o Velho e detinha o poder de se transformar em
jaguar. Na parte traseira da alegoria, o gigantesco
tamanduá representa a herança indígena de Maíra e
Tamanduaré, heróis míticos que dão origem à nação
Tupinambá. Nas palavras de Mussa: “De Tamanduaré
descendem os Tupinambá; de Guaricuité, todos os
Tobajara: Temiminó, Maracajá, Tupiniquim.
Tupinambá e Tobajara são inimigos irreconciliáveis e
por isso se matam e se devoram até hoje.” Ainda nas
palavras do autor, “Tupinambá e Tobajara começaram
a se multiplicar, dando origem à terceira humanidade”.
O carro, portanto, também é uma interpretação para
este mundo afastado da Terra-sem-mal, quando as
sagas míticas anteriormente traduzidas em fantasias são
poeira do tempo e pegadas da memória.
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FICHA TÉCNICA
Alegorias
02 “JAU WARE SCHE” (“EU É preciso destacar que não se objetiva, com o
SOU JAGUAR”) desenho cênico do carro, o reforçar de estereótipos
associados aos rituais antropofágicos, que foram tão
difundidos no “Velho Mundo” devido aos relatos de
cronistas como Hans Staden, André Thevet, Jean de
Léry, entre outros. Por isso, partimos de uma
iconografia rupestre, observando fósseis, sambaquis,
grafismos e adornos em penas e palhas. Há a presença
de lanças e tacapes (Ibirapema era a ferramenta ritual
utilizada para quebrar o crânio do inimigo sacrificado),
além de cordas (Muçurana era a corda que aprisionava
o inimigo, nome originário de uma cobra muito temida)
* Os projetos apresentados são e rosáceas de penas (Enduape, o adoro emplumado que
utilizados enquanto conceitos- simulava rabos de aves admiradas). Os crânios de
chave para a confecção das jacarés exibem uma profusão de dentes: tudo é
alegorias, não havendo o pontiagudo e reforça a ideia de perfuração, mordida,
compromisso com a execução dentada. No alto de tudo, o imenso canitar (ou cocar)
literal de todos os detalhes de fogo, o presente que o filho Guapicara ofereceu ao
apresentados no papel. seu pai, Poxi, então transformado em Cuaraci, o Sol,
astro que ilumina a saga de tantas gentes. Mantendo as
dualidades, o fogo escorre em água – elemento
primordial para o beneficiamento da mandioca
(conjunto de saberes de mais de 4 mil anos) e o preparo
do cauim, base alimentar dos valentes e bebida que leva
ao transe. Tudo ferve, tudo é força! Os tons alaranjados
também evocam as raízes do tupinambo – raízes que
nos enredam, nutrem, devoram! É válido destacar que
o trabalho em cipós e raízes é um exemplo da
reciclagem que ocorre no interior dos barracões: todas
as peças foram confeccionadas por Alex Soares e
equipe com a mesma espuma utilizada para a feitura das
raízes do abre-alas de 2020, material este que foi
armazenado em um galpão e agora ganha novos
contornos, na alegoria de 2024.
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FICHA TÉCNICA
Alegorias
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FICHA TÉCNICA
Alegorias
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FICHA TÉCNICA
Alegorias
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FICHA TÉCNICA
Alegorias
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FICHA TÉCNICA
Alegorias
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FICHA TÉCNICA
Alegorias
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FICHA TÉCNICA
Alegorias
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FICHA TÉCNICA
Alegorias
Destaques
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FICHA TÉCNICA
Alegorias
5 “ENQUANTO A ONÇA NÃO “Mas nós, que somos fortes, não tememos. Por
COMER A LUA” isso continuamos matando e comendo inimigos.
Enquanto a onça não comer a Lua.” O final de “Meu
destino é ser Onça” orienta a construção cênica da
última alegoria do desfile, assumidamente
experimental, vazada, em (re)construção. A onça é um
símbolo de força, destemor, proteção, devoração,
transformação, incorporação do outro, poder,
imortalidade. O ser mais antigo e perfeito, segundo a
cosmovisão Tupinambá; o ser que orienta e ilustra
tantas discussões e lutas do Brasil contemporâneo.
Tornar-se onça é alcançar a Terra-sem-mal e
* Os projetos apresentados são reencontrar os antepassados. Tornar-se onça, o nosso
utilizados enquanto conceitos- destino, é ir à luta. A matéria “A constelação da onça”,
chave para a confecção das escrita por Leandro Muniz e Paula Alzugaray e
alegorias, não havendo o publicada na revista de arte Select, explica o seguinte:
compromisso com a execução “se a presença de grandes carnívoros implica um
literal de todos os detalhes ecossistema rico e saudável, para os indígenas, esse
apresentados no papel. animal é um dos mais antigos do mundo, em um estado
avançado de compreensão do tempo. (...) Mais que um
animal, a onça é uma entidade que empresta ao mundo
e aos outros seres a sua força destruidora. Para o bem
ou para o mal.” Senhora de todos os tempos, a onça, no
final do nosso enredo é o símbolo de um mundo que
pode ser reconstruído a partir dos ensinamentos e da
luta dos povos originários. Por isso desenhamos uma
apoteose cósmica: a visão de uma onça abstrata,
livremente inspirada na arte desenvolvida por Aislan
Pankararu para o pôster de divulgação do enredo,
prestes a devorar uma Lua também desconstruída.
Enquanto o duelo celeste se desenrola, guerreiros
indígenas (homens e mulheres-onças) empunham os
seus facões e entoam cantos de luta, convocando toda
a população para um mesmo ritual festivo – peças
escultóricas confeccionadas por William Mansour e
equipe.
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FICHA TÉCNICA
Alegorias
Destaques e Composições
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FICHA TÉCNICA
Alegorias
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FICHA TÉCNICA
Alegorias
Alegoria 2
Enoque (Destaque Central Alto) Servidor Público
Alegoria 3
Danyllo Gayer (Destaque Central Baixo) Diretor Financeiro
Alegoria 4
Sonia Soares (Destaque Central Baixo) Empresária
Alegoria 5
Thábata Oliveira (Destaque Central Baixo) Empresária
Uýra Sodoma (Destaque Central Alto) Artista Visual Indígena, Educadora e Mestra
em Ecologia da Amazônia
Tripé 1
Xamã Cantor e Ator
Tripé 2
Ana Beatriz Genuncio Estilista
Demerson D’Alvaro Ator
Tripé 3
Regina Casé Atriz e Apresentadora
Marcelo Rubens Artista plástico
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FICHA TÉCNICA
Alegorias
Local do Barracão
Rua Rivadávia Corrêa, nº. 60 – Barracão nº. 04 – Gamboa – Rio de Janeiro – Cidade do Samba
Diretor Responsável pelo Barracão
Sylvio Batista
Ferreiro Chefe de Equipe Carpinteiro Chefe de Equipe
João Lopes Edgar Barcellos
Escultor(a) Chefe de Equipe Pintor Chefe de Equipe
Andrea Vieira, Alex Salvador, Levi Morais, Gilmar Moreira e Rafael Vieira
Marina Vergara e William Mansour
Eletricista Chefe de Equipe Mecânico Chefe de Equipe
Tom Pereira e Reinaldo Maurício
Outros Profissionais e Respectivas Funções
Patryck Thomaz, Rafael Gonçalves, Renato Esteves, - Equipe de criação artística e assistentes dos
Sophia Chueke e Theo Neves carnavalescos
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FICHA TÉCNICA
Fantasias
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FICHA TÉCNICA
Fantasias
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FICHA TÉCNICA
Fantasias
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FICHA TÉCNICA
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FICHA TÉCNICA
Fantasias
07 Açoiaba (Manto A ala das Baianas do GRES Ala das Marilene dos
Tupinambá) Acadêmicos do Grande Rio Baianas (1988) Anjos e Regina
apresenta uma fantasia
extremamente simbólica e poderosa
para a compreensão do enredo.
Nossas mães e tias, vozes da
ancestralidade e da sabedoria da
agremiação, narradoras de tantas
histórias e guardiãs de tantos
segredos, vestem açoiabas (mantos)
que reinterpretam as dimensões
sagradas do manto Tupinambá
utilizado em rituais desde os tempos
que a memória não alcança. Trata-se
de uma leitura desenvolvida com
muito respeito, uma vez que
compreendemos as dimensões
sagradas do manto e as dimensões
sagradas do girar das Baianas. O
trabalho em arte plumária dialoga
com a iconografia Tupinambá e
propõe um contraste cromático: o
rodopiar das mães da escola faz com
que o manto tinja a avenida com o
vermelho do guará, ave cujas penas
eram utilizadas para a confecção das
vestes cerimoniais. A pesquisa para a
concepção do figurino contou com o
olhar afetuoso de Glicéria
Tupinambá, artista e pesquisadora
brasileira que recria mantos, na
contemporaneidade.
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FICHA TÉCNICA
Fantasias
07 Açoiaba (Manto Glicéria (ou Célia, como Ala das Marilene dos
Tupinambá) também é chamada) acompanha o Baianas (1988) Anjos e Regina
processo de negociação e retorno de
mantos roubados do Brasil por
viajantes europeus – peças que, hoje,
jazem insones nos museus da
Europa. “O manto fala comigo”,
explica a artista, que, em diálogo
com os carnavalescos, revelou que
sonhou com muitas mulheres
sentadas, em silêncio, à espera de um
ritual. Quando a música começava,
elas se levantavam, todas vestindo
mantos, e ritualizavam algo muito
potente. O compartilhar dessa visão
nos deu a certeza de que as Baianas
da Grande Rio precisavam expressar
tamanha magnitude, contribuindo,
inclusive, para a denúncia do roubo
de peças fundamentais para a
compreensão da nossa história e para
a propagação da ideia, tão defendida
por Célia, de que as mulheres
assumiam posições de protagonismo
na sociedade Tupinambá, também
vestindo os mantos. Os abanos são
máscaras de onças, o símbolo maior,
a divindade mais venerada – o nosso
destino, enfim. Este momento não
deixa de ser, ainda, uma celebração
do retorno do primeiro dos mantos
roubados ao Brasil, que irá ocorrer
em maio de 2024, quando o Museu
Nacional da Dinamarca enviará a
peça ao Museu Nacional – UFRJ.
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FICHA TÉCNICA
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* “É o Bafo da Quem nunca ouviu falar em um dos mais Pandeiristas e Marisa Furacão
Onça que tradicionais blocos do carnaval de rua do Passistas e Avelino
Acabou de Rio de Janeiro? O Bafo da Onça, Especiais Ribeiro
Chegar!” fundado em 12 de dezembro de 1956, no (2022)
bairro do Catumbi, fez fama sobre o
asfalto da cidade, duelando, anualmente,
com o rival Cacique de Ramos. No
carnaval de 1985, o samba da Beija-Flor
cantou que “Ramos tem Cacique; Bafo
tem também; um devora o outro e
ninguém sabe quem é quem!” A
devoração permanece, enquanto o couro
come. O nosso já tradicional grupo de
pandeiristas e passistas especiais,
vestindo fantasias de desenhos “retrô”,
diz no pé que o carnaval carioca é uma
festa que assimila o melhor de todas as
outras, convidando a Avenida inteira a
virar onça e a cair no mais afiado de
todos os sambas!
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21 Damas Da Corte, diálogo que a artista estabeleceu com Ala das Damas Direção de
In A South “O Guarani”, de José de Alencar, no / Comunidade Carnaval
American Way interior da narrativa intitulada (1988)
“Goitacazes: Tupi or not Tupi, in a
South American Way!”, sobre a
antropofagia cultural. Também há
um capítulo dedicado às onças no
enredo campeão de 1994, “Catarina
de Médicis na Corte dos Tupinambôs
e Tabajeres”, quando a escola de
Ramos falou da presença de
indígenas Tupinambá em uma
entrada régia realizada na cidade de
Ruão, na França, em 1550. A ala das
damas da Grande Rio homenageia
essa artista e o seu fascínio pelas
onças, apresentando uma roupa de
colorido, talhe, adereços e texturas
que evocam o imaginário artístico
observado. É evidente a inspiração
na indumentária da Porta-Bandeira
Maria Helena de 2002, com acentos
de Cartier. É a primeira vez, em mais
de 35 anos consecutivos, que os
desfiles do Rio de Janeiro não veem
Rosa assinando um enredo, fantasias
e alegorias. No desfile da Grande
Rio, a folia a reverencia!
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Fantasias
Local do Atelier
Rua Rivadávia Corrêa, nº. 60 – Barracão nº. 04 – Gamboa – Rio de Janeiro – Cidade do Samba
Diretor Responsável pelo Atelier
Gabriel Haddad e Leonardo Bora
Costureiro(a) Chefe de Equipe Chapeleiro(a) Chefe de Equipe
Bruno César, Carla Vanessa e Nete Cândido. Bruno César, Nete, Camila, Paulo César, Rafael,
(Protótipos das Fantasias – Rogério Santini) Jorginho, Wellington, Márcio, Denis, Ingrid,
Samuel Abrantes, Marcio Paulino, Andréia,
Sonia, Julio, Ágatha, Thuane, Alessandra,
Oficina Grande Rio.
Aderecista Chefe de Equipe Sapateiro(a) Chefe de Equipe
Bruno César, Nete, Camila, Paulo César, Rafael, José Francisco
Jorginho, Wellington, Márcio, Denis, Glauber,
Andréia, Sonia, Julio, Ágatha, Thuane,
Alessandra, Oficina Grande Rio (Desirée,
André, Flávio, Gamba)
Outros Profissionais e Respectivas Funções
Patryck Thomaz, Rafael Gonçalves, Renato - Equipe de criação artística e assistentes dos
Esteves, Sophia Chueke e Theo Neves carnavalescos
Almir - Arames
Outros aderecistas que merecem destaque na criação do Carnaval da Grande Rio: Edemilson
Rodrigues, Leandra Belmiro, Lucas Corassa, Alan Nóbrega, Yasmin, Anahi, Marina, Éverton e
Joana D’Arc.
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FICHA TÉCNICA
Samba-Enredo
Autor(es) do Samba-Enredo Derê, Marcelinho Júnior, Robson Moratelli, Rafael Ribeiro, Tony
Vietnã e Eduardo Queiroz
Presidente da Ala dos Compositores
Licinho Junior
Total de Componentes da Compositor mais idoso Compositor mais jovem
Ala dos Compositores (Nome e Idade) (Nome e Idade)
70 (setenta) Isabel Fonseca (75 anos) Arlindinho Cruz (32 anos)
Outras informações julgadas necessárias
Trovejou, escureceu!
O Velho Onça, senhor da criação
É homem-fera, é brilho celeste
Devora e se veste de constelação
Tudo acaba em fogaréu
E depois transborda em mar
A terceira humanidade Cuaraci vem clarear
Ê, Sumé, nas garras da sua ira
Enfrentou Maíra, tanto perseguiu!
Seus herdeiros vivem essa guerra
Povoando a Terra
A voz Tupinambá rugiu:
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FICHA TÉCNICA
Samba-Enredo
DEFESA DO SAMBA-ENREDO
O samba de 2024 do GRES Acadêmicos do Grande Rio apresenta letra e melodias valentes,
como o enredo “Nosso destino é ser Onça” pediu desde o primeiro momento em que a sinopse foi
lida na quadra da Tricolor de Caxias. Todo enredo de escola de samba possui o seu espírito, a sua
aura. Nesse caso, trata-se de uma narrativa mítica, de acordes épicos e lendários; uma saga que fala
de transformação, devoração, eternidade e poder. Força, garra, grito. Queixo alto, dentes à mostra.
Tudo isso é perceptível na proposição poética dos compositores, um samba interpretativo e sinuoso,
que percorre trilhas de inusitadas criatividade e potência - conforme se depreende das explicações
abaixo:
Trovejou, escureceu!
O Velho Onça, senhor da criação
É homem-fera, é brilho celeste
Devora e se veste de constelação
O trecho nos convida a viajar para o início do mito Tupinambá restaurado pelo escritor
Alberto Mussa, centro do livro “Meu destino é ser Onça”. Conta a narrativa mítica que o mundo e
os seres humanos foram criados pelo Velho, divindade ancestral que se transforma na primeira
constelação, Túibae. Não havia sol: a escuridão imperava e envolvia o Velho em mistério. Por deter
os poderes da criação e da destruição, o Velho se confunde com a Onça, o ser mais perfeito e
poderoso que existe, o topo da cadeia alimentar, aquele que tudo e todos devora.
Este fragmento descreve a destruição do mundo por obra do próprio criador, que, desiludido
com os homens, aniquilou a vida terrena em um incêndio gigantesco. Para apagar o fogo, criou
Tupã e fez cair um enorme aguaceiro – a origem dos oceanos. Estamos falando de um tempo mítico,
época em que seres humanos e criaturas fantásticas conviviam e podiam acessar a Terra-sem-mal.
O surgimento do Sol, Cuaraci (guerreiro outrora chamado Poxi, que vai morar no céu e ganha de
presente do filho, Guapicara, um enorme cocar de fogo), ilumina o mundo e abre caminhos para a
terceira humanidade, depois de disputas e batalhas épicas: a origem dos rituais antropofágicos.
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FICHA TÉCNICA
Samba-Enredo
O mito Tupinambá, cuja voz ruge em nosso samba, descreve as disputas travadas entre
Maíra, herói civilizador ligado ao trabalho e ao cultivo do solo, e Sumé, guerreiro e feiticeiro que
detinha o poder de se transformar em onça e expressava os valores da guerra (daí a opção pela
palavra “ira” e a referência às “garras”). Os herdeiros de Maíra e Sumé (respectivamente,
Tamanduaré e Guaricuité) deram seguimento aos conflitos, cujas raízes são a origem dos rituais
antropofágicos. Passado o tempo mítico dos grandes caraíbas (pajés muito poderosos, que detinham
os segredos das transformações), a humanidade se viu distante da Terra-sem-mal. Para acessar tal
lugar desejado e se comunicar com os antepassados, era preciso ritualizar – a antropofagia, ritual
de transformação em onça.
O refrão de meio do samba começa a desdobrar o mito Tupinambá narrado em “Meu destino
é ser Onça”, mostrando que, no Brasil, todos temos uma onça como guia e vigia, seja ela do tipo
que for. Diferentes povos indígenas americanos cultuaram a onça (também chamada de jaguar), ao
longo dos séculos, enquanto símbolo de poder, transformação, força, perfeição. Esculpiram e
pintaram feras, ergueram templos em seu louvor. Os rituais xamânicos dos povos originários
brasileiros e de outros territórios ameríndios conectam homens e deuses e promovem a
transformação em onça, que, na visão poética do enredo e dos compositores, é mãe e pai dessa terra
tão vasta e tão resistente. O trecho apresenta a diversidade da ideia de onça (uma vez que o enredo
não se restringe à onça-pintada) e já antecipa os passeios pelo mítico sertão (o “vem e vai”).
A diversidade dos povos indígenas brasileiros expressa a riqueza da nossa terra, sendo que
a onça é personagem central de lendas e narrativas míticas de todas as nações originárias. O
fragmento saúda alguns dos povos elencados na sinopse (cujas histórias envolvendo onças foram
consultadas para a pesquisa do enredo e diluídas no desenvolvimento dele), merecendo destaque a
menção ao ritual Araweté, também poetizado no samba de enredo da Grande Rio de 2008 (o que
não deixa de expressar um diálogo com a memória afetiva da própria escola).
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FICHA TÉCNICA
Samba-Enredo
O trecho sintetiza dois momentos do desfile, quais sejam: aquele que destaca a forte presença
de onças e de suas simbologias em rituais religiosos afro-indígenas, como pajelanças e encantarias
(onças que baixam e dançam em terreiros, onças encantadas e cantadas por versadores); e aquele
que narra a construção de um império sertanejo, no “Romance d’A Pedra do Reino”, de Ariano
Suassuna, pedra angular do Movimento Armorial – Império este que foi amamentado por uma onça,
numa evidente ressignificação da mítica história da fundação de Roma, quando os gêmeos Rômulo
e Remo foram amamentados por uma loba. A onça vira emblema real, nessa corte sertaneja: entre
brasões e coroas, o rugido da nobreza mestiça.
Como em demais fragmentos do samba, a poética dos compositores propõe um “vem e vai”,
costurando de maneira rica e não-óbvia elementos presentes na sequência do enredo.
Antropofagicamente, a letra de um samba de enredo devora e incorpora os pontos cantados para
caboclos, nas giras de Umbanda e Candomblé: daí o porquê de “Kiô! Kiô, kiô, kiô kiera...”,
momento extremamente poderoso da composição. O trecho menciona onças lendárias do
imaginário folclórico brasileiro, como a onça cabocla, a onça da mão-torta e a onça pé-de-boi,
inseridas no “chão recortado” dos sertões do Brasil profundo. Por fim, antecipa o final e poetiza o
“tornar-se outro” e “tornar-se onça” da luta de pessoas lgbtqiapn+, panteras que se insurgem e
rasgam os preconceitos.
Novamente exaltando o nosso Brasil caboclo, terra indígena em cujas veias corre sangue de
onça, o fragmento faz referência à incorporação de onças pelas folias brasileiras – manifestações
festivas, como o próprio carnaval, onde é possível devorar outras identidades, transformando-se em
fera. Ainda, direciona os nossos olhares para o final da narrativa do enredo, quando a ação de artistas
indígenas contemporâneos coloca a onça em posição de centralidade, valendo-se desse símbolo
enquanto mensagem de luta em defesa da demarcação de terras e da construção de um futuro
ancestral. A transformação sugerida no início, quando o “homem-fera” (o Velho) é exaltado, se
completa: cada componente da Grande Rio brada que virou onça, guerreiro cujo samba (no pé e na
garganta) é capaz de mudar o mundo.
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FICHA TÉCNICA
Samba-Enredo
O início do “refrão de cabeça” do samba poeticamente dialoga com variantes do tupi antigo
e conclama os componentes da escola para um canto de luta! Em livre tradução, a expressão “Werá
werá auê, nauru werá auê!” pode ser entendida como “guerreiro e guardião com asas”, uma
saudação ao espírito dos antigos guerreiros da nação Tupinambá, guardiões indígenas que vestiam
mantos de penas durante os rituais. Estes mantos simbolicamente elevavam os guerreiros ao céu,
durante os rituais de transformação em onça. O imaginário celeste aparece tanto no início quanto
no final do desfile, tamanha a sua importância (além da ideia de circularidade). O trecho saúda a
Grande Rio enquanto “aldeia”, corpo coletivo que ganha a rua e celebra as nossas raízes.
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Abre-Alas – G.R.E.S. Acadêmicos do Grande Rio – Carnaval 2024
FICHA TÉCNICA
Bateria
OBS: Para que haja uma integração entre parte do enredo de 2024 e nossa bateria, Mestre Fafá
desenvolveu uma paradinha em que são utilizados 8 (oito) triângulos e 2 (dois) timbais.
Mesmo sendo a escola mais nova do Grupo Especial, a Grande Rio possui uma das baterias mais
expressivas do carnaval carioca. E foi com menos de 10 anos, em 1996, que recebeu seu primeiro
Estandarte de Ouro, sob a batuta de Mestre Mauricio. Mas foi com a cadência e a famosa “conversa de
instrumentos”, características em suas bossas, que o Mestre Odilon fez com que a nossa bateria figurasse
de vez entre as melhores do carnaval. Dos 12 desfiles sob sua regência, a bateria obteve nota máxima
em 9 carnavais, além de conquistar mais dois Estandartes de Ouro, nos anos de 1999 e 2005.Com a
saída de Mestre Odilon, a bateria da Grande Rio passou a ser comandada por outro grande nome do
carnaval: Mestre Ciça. E foi o ritmo aguerrido e a ousadia de Ciça que fizeram com que a bateria tricolor
passasse a ser conhecida como “Bateria Invocada”. Com a saída do mestre Ciça, o comando dos
ritmistas ficou a cargo do Mestre Thiago Diogo, que com sua técnica e musicalidade alcançou alguns
resultados positivos para a escola. Estreando em 2019, o jovem mestre Fabricio Machado, o Fafá,
comandou um resgate das características da bateria da Grande Rio dos tempos de Odilon, baseando seu
trabalho em um ritmo mais cadenciado, permitindo uma melhor execução no toque de cada instrumento
e suas respectivas acentuações.
Como resultado, a bateria obteve a nota 40 e alguns importantes prêmios do carnaval, dentre eles,
o Estandarte de Ouro, o quarto da escola para este quesito. No carnaval de 2020, mestre Fafá deu
continuidade ao Projeto de Percussão, que no ano anterior dera grandes frutos, além de ter valorizado
na avenida a manutenção do ritmo e o trabalho específico em cada naipe, o que lhe rendera a nota
máxima no desfile. Em 2022, ano em que a escola alcançou o tão esperado título do Grupo Especial, a
bateria obteve a nota máxima de todos os jurados, além do Estandarte de Ouro de Melhor Bateria do
Grupo Especial. No carnaval de 2023, mais uma vez a excelência pairou sobre a cadência da bateria
comandada por Mestre Fafá, resultando em nota máxima no julgamento.
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Abre-Alas – G.R.E.S. Acadêmicos do Grande Rio – Carnaval 2024
FICHA TÉCNICA
Bateria
Mestre Fafá
Em quatro anos à frente da bateria, Mestre Fafá garantiu, junto aos seus ritmistas, as notas
máximas no quesito que defendem. Além de um resgate rítmico da bateria da Grande Rio, Mestre
Fafá criou um estilo próprio de apresentação aos julgadores, explicando tudo que será executado
pela bateria. Na sua estreia, em 2019, além da nota máxima de todos os jurados, a bateria da Grande
Rio conseguiu diversos prêmios dados pela imprensa especializada, dentre eles o Estandarte de
Ouro de Melhor Bateria. No ano seguinte, em sua segunda passagem como mestre pela avenida,
conquistou mais uma vez a nota máxima, ajudando a escola a conquistar o vice-campeonato do
Grupo Especial. Após um ano sem desfiles, os ensaios se intensificaram, focando principalmente
na manutenção rítmica, com a realização de ensaios específicos com cada naipe, além do trabalho
em conjunto com toda a bateria de equalização e manutenção de andamento.
Mestre Fafá tem como características principais um ritmo cadenciado e equalizado, assim a
bateria da Grande Rio consegue uma melhor execução no toque de cada instrumento, e na
finalização das Bossas, além de alcançar suas respectivas acentuações. Em 2022, alcançou,
novamente, a nota máxima - e contribuiu para a vitória inédita da escola no Grupo Especial do
carnaval carioca.
Para o Carnaval de 2024, mais uma vez, a bateria da Grande Rio trará bossas que têm como
principais características o respeito à melodia e à métrica do samba, sem deixar de valorizar o
diálogo entre todos os instrumentos.
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Abre-Alas – G.R.E.S. Acadêmicos do Grande Rio – Carnaval 2024
FICHA TÉCNICA
Harmonia
Cantores: Chalana Cristina Saleiro, Ruan Paiva, Carlos Antônio Figueira, Thiago Alberto de
Oliveira, Amilton Abreu do Nascimento, Ricardo Augusto S. Guimarães e Diego Nascimento
Outras informações julgadas necessárias
Direção de Harmonia
Para que o desfile de 2024 da Grande Rio seja realizado de maneira harmônica, integrando a
tríade “ritmo, canto e dança”, o Departamento de Harmonia, formado pelos diretores Andrezinho,
Cacá Santos, Clayton Bola e Jefferson Guimarães, supervisionado pelo Diretor de Carnaval Thiago
Monteiro, irá valorizar e reforçar ainda mais a participação da comunidade da cidade de Duque de
Caxias no desfile. Com a escolha de um enredo festejado pelos componentes da escola, foi preciso
intensificar o trabalho, destinando vagas em todas as alas para a participação dos distritos e bairros
do município e fazendo com que os quatro macros distritos existentes na região estivessem
presentes, unidos, defendendo o samba da escola. Ensaios nessas comunidades também foram
realizados semanalmente, desde agosto de 2023, objetivando a maior integração da escola com a
sua cidade. A Grande Rio ainda conta com um grupo de 60 diretores de harmonia auxiliares e 60
diretores do Departamento de Carnaval que têm a orientação para fazer com que cada componente
saiba que está desempenhando um papel relevante no desfile, defendendo as notas dos seus quesitos
através do canto forte e apresentação solta e leve.
O cuidado musical é um dos pilares do trabalho da Harmonia. Aliar as variações melódicas
do samba de 2024 com o andamento da bateria, a interpretação dos cantores e o arranjo musical é
essencial para permitir que o componente evolua de maneira confortável. E isso só foi possível
através de inúmeras reuniões entre os integrantes do carro de som e bateria, ensaios semanais
iniciados em agosto e intensificados em dezembro com os ensaios técnicos realizados na rua. A
escola foi exaustivamente preparada para o desfile.
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FICHA TÉCNICA
Harmonia
Evandro Malandro
Evandro dos Santos (44 anos) nasceu em Nova Friburgo e teve sua iniciação musical aos 9
anos de idade. Tornou-se instrumentista, dominando instrumentos como saxofone, flauta-
transversal, bateria, entre outros. Começou sua trajetória musical em escolas de samba da cidade de
Nova Friburgo em 2002, nas quais desempenhou distintas funções, desde cavaquinista a intérprete
oficial, ao longo de 10 anos de trajetória. Tendo sua capacidade reconhecida, cruzou fronteiras e
estreou no Carnaval carioca como cantor de apoio de Luizinho Andanças, na Porto da Pedra, no
ano de 2009. Neste ano, também fez parte do carro de som da Renascer de Jacarepaguá. Em 2010,
cantou com Dominguinhos do Estácio, na Imperatriz Leopoldinense, e, em 2011, voltou a compor
o quadro de cantores da Porto da Pedra. Como cantor principal, defendeu a Imperador do Ipiranga,
escola do grupo de acesso Paulista, no ano de 2012 e 2013.
Nos mesmos anos, foi o responsável pelo microfone principal da Apoteose do Samba em
Uruguaiana-RS, cidade onde ficou conhecido por sua passagem como cantor Oficial na escola
Bambas da Alegria nos anos de 2011 e 2012 , no decorrer dos anos e trabalhos em passagens pelas
escolas foi campeão na Escola de Samba Deu Chucha na Zebra (Uruguaiana - RS) sagrando-se
Melhor Intérprete do carnaval Uruguaianense em 2023 . No ano de 2013, assumiu como intérprete
oficial, juntamente com Diego Nicolau, na Renascer de Jacarepaguá. Em sua passagem por essa
agremiação, ganhou um Estandarte de Ouro. Ficaram juntos até 2017. Em 2018, seguiu para o
Acadêmicos do Cubango para ser o cantor principal onde também foi estandarte de Ouro.
No Acadêmicos do Grande Rio, foi cantor de apoio de Emerson Dias de 2014 a 2018. Pelo
seu talento e dedicação à escola, alcançou o microfone principal em 2019. Fez preparação intensa
para ocupar este posto e aperfeiçoar seu dom inato, com sessões de fonoaudiologia e preparação
vocal musical, tudo para que o seu desempenho na Avenida como intérprete oficial da Grande Rio
fosse o momento mais brilhante de sua carreira. No carnaval de 2020 conquistou diversos prêmios,
incluindo o Estandarte de Ouro de Melhor Intérprete do ano, o que ajudou a escola conquistar
também outros dois Estandartes de Ouro, o de Melhor Escola e Melhor Samba-Enredo, além de ter
comandado o canto e o carro de som na avenida de maneira segura e vibrante, o que auxiliou na
nota máxima em harmonia e no vice-campeonato na disputa oficial. No carnaval de 2022 foi um
dos responsáveis pela brilhante apresentação da escola, conduzindo de maneira arrebatadora o carro
de som no primeiro campeonato da Grande Rio. Em 2023, foi diretor musical da exposição “Laroyê,
Grande Rio”, aberta no Museu de Arte do Rio – MAR.
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Abre-Alas – G.R.E.S. Acadêmicos do Grande Rio – Carnaval 2024
FICHA TÉCNICA
Evolução
Ala de Passistas
Coordenadores da Ala de Passistas – Marisa Furacão e Avelino Ribeiro
Na Grande Rio, escola que guarda de forma cara a tradição do samba na sua maior essência,
a premiada ala de passistas, detentora de seis prêmios Estandarte de Ouro, requer atenção especial.
Com ensaios iniciados em maio, a exigência principal para que um homem ou mulher se torne
membro do seleto grupo de passistas da Grande Rio é deter a arte do samba no pé com garbo e
elegância. Sob essa perspectiva, a pessoa, para ser passista, precisa “dizer no pé”, como as
cabrochas e os malandros de outrora tão bem ensinaram às gerações futuras!
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Abre-Alas – G.R.E.S. Acadêmicos do Grande Rio – Carnaval 2024
FICHA TÉCNICA
Informações Complementares
Vice-Presidente de Carnaval
-
Diretor Geral de Carnaval
Thiago Monteiro
Outros Diretores de Carnaval
-
Responsável pela Ala das Crianças
Daniela, Roberta e Gesmar
Total de Componentes da Quantidade de Meninas Quantidade de Meninos
Ala das Crianças
70 (setenta) 35 (trinta e cinco) 35 (trinta e cinco)
Responsável pela Ala das Baianas
Marilene dos Anjos
Total de Componentes da Baiana mais Idosa Baiana mais Jovem
Ala das Baianas (Nome e Idade) (Nome e Idade)
70 (setenta) Dalva Ignácia das Dores (84 Fabiana de Paula da Silva
anos) Ferreira (42 anos)
Responsável pela Velha-Guarda
Pedrinho Naval
Total de Componentes da Componente mais Idoso Componente mais Jovem
Velha-Guarda (Nome e Idade) (Nome e Idade)
85 (oitenta e cinco) na ala e 16 Amaury Silva Dos Santos (89 Claudia Maria Bertolino De
(dezesseis) na Alegoria 4 anos) Souza (53 anos)
Pessoas Notáveis que desfilam na Agremiação (Artistas, Esportistas, Políticos, etc.)
Paolla Oliveira, Xamã, Uhura Bqueer, David Brazil, Mileide Mihaile, Adriana Bombom, Samile
Cunha, Deolane Bezerra, Uýra Sodoma, Celia Tupinambá, Mell Muzillo e Demerson D’Álvaro.
Outras informações julgadas necessárias
Thiago Monteiro
Trazendo em suas bagagens os títulos e as passagens vitoriosas por escolas como Unidos da
Tijuca, Império da Tijuca, Paraíso do Tuiuti e outras, acumula inúmeros resultados positivos ao
longo de sua carreira. Amante do Carnaval desde seus 5 anos de idade, iniciou sua trajetória na
Unidos da Tijuca como diretor de Harmonia, participou ativamente dos títulos da escola do Borel
em 2010 e 2012. No Império da Tijuca exerceu a função de Diretor de Carnaval em 2013, sagrando-
se Campeão da Série A. Thiago Monteiro, está em sua segunda passagem na Grande Rio, em sua
primeira passagem pela escola exerceu a função de Diretor Geral de Harmonia (2014, 2015 e 2016),
sempre alcançando as notas máximas nos quesitos de chão. Exerceu a função de Diretor de Carnaval
da LIERJ (Liga das Escolas de Samba do Rio de Janeiro) em 2017 e 2018, responsável pela
organização e realização do Carnaval da Série A. Também em 2018, na função de Diretor de
Carnaval do Paraíso do Tuiuti, alcançou o feito de levar a escola ao segundo lugar do Grupo
Especial, contrariando expectativas de público e crítica e consolidando seu nome na história do
Carnaval.
367
Abre-Alas – G.R.E.S. Acadêmicos do Grande Rio – Carnaval 2024
FICHA TÉCNICA
Informações Complementares
Dessa forma, foi convidado a retornar à Grande Rio, em 2019, escola de samba que tão bem
conhece e onde é querido por todos, atuando na função de Diretor de Carnaval, onde em 2020 foi
vice-campeão do Carnaval. Além disso, recebeu diversos prêmios conferidos pela imprensa
especializada e foi reconhecido como um dos maiores responsáveis pelas recentes mudanças
ocorridas na forma de desfilar da tricolor de Caxias e da escola de São Cristóvão (Paraíso do Tuiuti),
nos últimos anos. Também é coautor do livro “Harmonia de Escola de Samba – Teoria e Prática”
da editora Litieris. Administrador de formação, pós-graduado em Auditoria, Thiago, em sua
metodologia de trabalho, procura aliar técnica, concentração e organização à forma leve e dinâmica
com a qual uma escola de samba deve se preparar para seu desfile. Foi campeão na direção de
carnaval pelo carnaval de 2022, no qual recebeu inúmeros prêmios, dentre os quais está o Estandarte
de Ouro de Melhor Escola (também recebido em 2013 e 2020). Para o Carnaval de 2024, o Diretor
possui um fluxo de trabalho incessante, minucioso e incansável de preparação para o desfile em
cada detalhe da maneira como a Grande Rio se apresentará na Avenida.
368
Abre-Alas – G.R.E.S. Acadêmicos do Grande Rio – Carnaval 2024
FICHA TÉCNICA
Comissão de Frente
Hélio Bejani
Iniciou carreira artística como músico profissional tocando trompete, em Piracicaba (SP),
cidade onde nasceu. Ingressou para o ballet na cidade de Campinas (SP), cursando o Método da
ROYAL ACADEMY OF DANCING, onde trabalhou no Corpo de Baile Lina Penteado sob a
Direção Artística de Addy Addor e Cleusa Fernandes. Através de concurso oficial, ingressou para
o Corpo de Baile do Theatro Municipal do Rio de Janeiro em 1985, onde atuou como solista e
bailarino principal nas suas principais montagens. Ganhou o Prêmio Tadeu Morozowicz como
melhor Bailarino Clássico no VIII Concurso de Ballet e Coreografia realizado pelo Conselho
Brasileiro da Dança. Foi partner da bailarina Ana Botafogo, para quem atualmente realiza trabalhos
coreográficos.
369
Abre-Alas – G.R.E.S. Acadêmicos do Grande Rio – Carnaval 2024
FICHA TÉCNICA
Comissão de Frente
Dançou e coreografou também para os mais renomados grupos e escolas do Rio de Janeiro:
Escola de Danças Maria Olenewa, Associação de Ballet do Rio de Janeiro, Stúdio 88, Escola de
Dança Alice Arja, Escola de Danças Spinelli, Stúdio Bertha Rosanova, Cia Versátil de Dança, Rio
Ballet, Ballet Dalal Achcar, Centro de Danças Johnny Franklin, Cia Brasileira de Danças e Ballet
da Cidade de Niterói. Foi premiado nos principais concursos e mostras de dança no Brasil.Com sua
própria remontagem, realizou os espetáculos “A Bela Adormecida” e “Coppélia”, no Teatro Sesi
Rio. Coreografou e dirigiu o espetáculo “MADE IN CORAÇÃO”, realizado no Espaço Cultural
FINEP e no Teatro Cacilda Becker, com participação dos bailarinos do Theatro Municipal do Rio
de Janeiro, que lhe valeu o Prêmio de melhor Diretor de Grupo de 1999, outorgado pela revista
“Você e a Dança” (SP). Dirigiu e coreografou o espetáculo “Descobrimento do Brasil”,
comemorativo aos 500 anos, na cidade de Fortaleza - CE, no Teatro José de Alencar. (2000). Como
docente, foi professor convidado da Cia de Ballet da Cidade de Niterói. (2001/2002), professor de
nível técnico no Centro de Danças Johnny Franklin e professor convidado da Cia. Deborah Colker.
No Theatro Municipal do Rio de Janeiro, foi Assistente de Direção e Ensaiador do Corpo de Baile
na Direção de Dalal Achcar (2000/2001), coordenador do Corpo Artístico na Orquestra Sinfônica
(2003 a 2006), coordenador do Corpo Artístico no Corpo de Baile (2007 a 2008), Diretor Artístico
do Corpo de Baile (2009 a 2013) e Chefe da Divisão de Dança (2014 a 2015). Atualmente é Diretor
da Escola de Dança Maria Olenewa do mesmo TMRJ, Diretor do Ballet do TMRJ e Diretor Geral
do Ballet Escola Maria Olenewa, local onde, em seu primeiro ano, já realizou o ballet completo
“Giselle”, em temporada no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, e o Ballet “O Lago Dos Cisnes”,
para a abertura do Festival de Joinville, em 2018. No Carnaval, foi coreógrafo da Comissão de
Frente do Acadêmicos do Salgueiro entre os anos de 2008 e 2018, no Grupo Especial, e, no ano de
2019, assumiu a comissão de frente da Acadêmicos do Grande Rio. Já foi premiado com 3
Estandartes de Ouro, sendo 2 de melhor comissão de frente e 1 de inovação. No carnaval de 2020,
apresentou, ao lado de Beth Bejani, uma das comissões mais aclamadas do ano, conquistando
pontuação máxima e alcançando o vicecampeonato com a escola. Alcançando novamente a
pontuação máxima dos jurados, auxiliou a Grande Rio a buscar o seu primeiro campeonato, no
carnaval de 2022.
Beth Bejani
Iniciou seus estudos de dança clássica no Centro de Danças Johnny Franklin, em 1985, tendo
o próprio Franklin como mestre. Logo depois, passou por mestres renomados como Tatiana
Leskova, Eugenia Feodorova, Dennis Gray, entre muitos outros. Aos 17 anos passou a integrar o
Rio Ballet, dançando vários ballets de repertório e sendo premiada em diversos concursos, inclusive
CBDD. É profissional de dança, reconhecida pelo Sindicato dos Profissionais de Dança - RJ desde
1998.
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Abre-Alas – G.R.E.S. Acadêmicos do Grande Rio – Carnaval 2024
FICHA TÉCNICA
Comissão de Frente
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Abre-Alas – G.R.E.S. Acadêmicos do Grande Rio – Carnaval 2024
FICHA TÉCNICA
Mestre-Sala e Porta-Bandeira
1º Mestre-Sala Idade
Daniel Werneck 35 anos
1ª Porta-Bandeira Idade
Taciana Couto 23 anos
2º Mestre-Sala Idade
Andrey Ricardo 29 anos
2ª Porta-Bandeira Idade
Thauany Xavier 17 anos
Outras informações julgadas necessárias
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Abre-Alas – G.R.E.S. Acadêmicos do Grande Rio – Carnaval 2024
FICHA TÉCNICA
Mestre-Sala e Porta-Bandeira
Uma história de vida totalmente ligada ao universo das escolas de samba e à arte de dançar.
Esse é o perfil de Daniel, que teve seu primeiro contato com o samba aos nove anos de idade,
quando pisou pela primeira vez numa quadra, a da coirmã Acadêmicos do Salgueiro. Imediatamente
se juntou ao grupo de crianças que estava ali sambando e, a partir daquele momento, nunca mais
parou. Desfilou como componente na escola mirim Aprendizes do Salgueiro em 1998 e 1999. Seus
primeiros movimentos como mestre-sala aconteceram de forma inusitada: no ano de 1999, logo
após a cerimônia de sua primeira comunhão, foi direto para o ensaio da referida escola mirim.
Quando o avistaram com calça e sapatos brancos, logo o colocaram para dançar como mestre-sala
acompanhando a terceira porta-bandeira. Arriscou ali seus primeiros passos na arte deste bailado e
não tardou para mostrar seu talento. Tanto é assim que já no ano seguinte desfilou como terceiro
mestre-sala do Aprendizes do Salgueiro, onde ficou até o ano de 2007. Mas já em 2006 havia se
tornado terceiro mestre-sala do Acadêmicos do Salgueiro. Em 2009, passou a ser o segundo mestre-
sala do Salgueiro, posição que ocupou até 2011 – nessa passagem, ganhou o prêmio Estandarte de
Ouro de Mestre-Sala Revelação em 2010. Em 2012 estreou como primeiro mestre-sala da Estácio
de Sá, escola da Série A do Carnaval Carioca, onde se manteve até 2014. Alcançou o posto de
primeiro mestre-sala do Acadêmicos do Grande Rio em 2015, onde se encontra até o momento,
tendo alcançado em 2018 o prêmio Estandarte de Ouro de melhor mestre-sala do Grupo Especial.
Nos carnavais de 2020, 2022 e 2023, ao lado de Taciana Couto, alcançou a nota máxima dos
jurados, contribuindo para brilhantes desfiles, que incluem o vicecampeonato de 20 e o primeiro
título da Grande Rio, em 22.
Taciana Couto
Pode-se dizer que Taciana já era Grande Rio antes mesmo de nascer: seu primeiro desfile
pela tricolor de Caxias foi dentro da barriga de sua mãe, que desfilou, no ano de 2000, grávida. Para
ela, a agremiação é nada menos do que a extensão de sua família. Sua mãe foi porta-bandeira do
primeiro quadro de casais mirins da agremiação, seu pai foi compositor da escola e vários
integrantes de sua família participam ativamente do cotidiano da escola nos mais distintos
segmentos. Teve sua primeira experiência de foliã na escola mirim Pimpolhos da Grande Rio aos
cinco anos de idade, onde desfilou até os sete anos. Tendo se encantado pela arte do bailado,
começou a desfilar no quadro de casais mirins da escola mãe, ocasião em que deu seus primeiros
passos como porta-bandeira. Logo depois, passou a defender o pavilhão da Pimpolhos da Grande
Rio, primeiramente, como segunda porta-bandeira, entre os anos de 2013 e 2014 e, posteriormente,
como primeira, entre 2015 e 2017. Buscando aperfeiçoamento, foi ter aulas na reconhecida escola
de mestre-sala e porta-bandeira do Mestre Dionísio, até que foi convidada, em 2016, para ocupar o
posto de segunda porta-bandeira do Acadêmicos da Rocinha, escola da Série A do Carnaval carioca.
373
Abre-Alas – G.R.E.S. Acadêmicos do Grande Rio – Carnaval 2024
FICHA TÉCNICA
Mestre-Sala e Porta-Bandeira
E, como jamais perdeu seu vínculo com a Grande Rio, na preparação para o Carnaval de 2017,
numa reunião, na quadra, foi anunciada como terceira porta-bandeira da agremiação. Retomando
as palavras do samba-exaltação da escola, “o sonho se tornou realidade” – frase, aliás, que carrega
consigo na essência de sua dança, pois fez questão de gravá-la na ponteira de sua bandeira. Seria o
momento de encerrar um ciclo de 13 carnavais na escola mirim, lugar onde recebeu oportunidades
como ganhar uma bolsa numa renomada escola de balé clássico, fundamental em sua formação.
Como primeira porta-bandeira da Grande Rio, levou todo o seu talento inato, aperfeiçoado ao longo
dos anos com muito trabalho e dedicação, para a Avenida, demonstrando um desempenho seguro e
uma dança encantadora. Nos carnavais de 2020, 2022 e 2023, ao lado de Daniel Werneck, alcançou
a nota máxima dos jurados, contribuindo para brilhantes desfiles, que incluem o vicecampeonato
de 20 e o primeiro título da Grande Rio, em 22.
Iniciou seus estudos de dança clássica no Centro de Danças Johnny Franklin em 1985,
tendo o próprio como mestre. Logo depois passou por mestres renomados como Tatiana Leskova,
Eugenia Feodorova, Dennis Gray, entre muitos outros. Aos 17 anos passou a integrar o Rio Ballet,
dançando vários ballets de repertório e sendo premiada em diversos concursos, inclusive CBDD.
É profissional de dança, reconhecida pelo Sindicato dos Profissionais de Dança - RJ desde
1998.Já atuou como bailarina da Rede Globo de Televisão, coreógrafa, professora de ballet
clássico, ensaiadora, assessora de direção (na montagem de espetáculos de dança) e possui curso
de atores para teatro e televisão. Na área de dança, já fez parte de novelas, seriados, especiais e
programas da Rede Globo de Televisão, como Criança Esperança, Uga Uga, Daniela Mercury,
Ivete Sangalo, Quarteto em Si, Gilberto Gil, Sandy e Júnior, Os Normais, Você Decide, dentre
muitos outros.
Como coreógrafa do Rio Ballet, recebeu diversas premiações em concursos brasileiros e
latino-americanos. Foi assessora na direção de espetáculos profissionais no Rio de Janeiro como
Made in Coração (este com a participação de bailarinos do Theatro Municipal do RJ), espetáculos
no SESI, no teatro Cacilda Becker e outros.
No Carnaval, coreografa e faz direção artística de casais de Mestre-Sala e Porta-Bandeira
desde o ano de 2005. Foi coreógrafa do casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira da Mangueira (2005,
2006, 2007, 2008, 2009 e 2010) e do casal do Salgueiro de 2012 a 2018. De 2008 a 2018 foi
assistente na Comissão de Frente do Salgueiro e, em 2013, também assumiu a Comissão de Frente
da Caprichosos de Pilares. Desde o Carnaval de 2019, defende com brilhantismo o quesito no
Acadêmicos do Grande Rio.
374
Abre-Alas – G.R.E.S. Acadêmicos do Grande Rio – Carnaval 2024
FICHA TÉCNICA
Mestre-Sala e Porta-Bandeira
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G.R.E.S.
Unidos da Tijuca
PRESIDENTE
FERNANDO HORTA
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“O Conto de Fados”
Carnavalesco
ALEXANDRE LOUZADA
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Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos da Tijuca – Carnaval 2024
FICHA TÉCNICA
Enredo
Enredo
“O Conto de Fados”
Carnavalesco
Alexandre Louzada
Autor(es) do Enredo
Alexandre Louzada
Autor(es) da Sinopse do Enredo
Alexandre Louzada e André Luis da Silva Junior
Elaborador(es) do Roteiro do Desfile
Alexandre Louzada e André Luis da Silva Junior
Ano da Páginas
Livro Autor Editora
Edição Consultadas
381
Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos da Tijuca – Carnaval 2024
Rio de Janeiro,
07 Algumas reflexões Ernst Cassirer, José Olympio 1964 Todas
sobre poética de Cassiano Ricardo
vanguarda
Lisboa, Arcádia
08 Luís de Camões Hernâni Cidade 1961 Todas
Porto: Sextante
09 A cidade de Teolinda Gersão 2011 Todas
Ulísses
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Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos da Tijuca – Carnaval 2024
“Lendas
Portuguesas: José Geraldo
23 Narrativas Ferreira Coimbra: 2018 Todas
Populares” Almedina
“Lendas e
Mistérios de António Pereira
24 Portugal: Uma Lisboa: Esfera 2017 Todas
Viagem pelo dos Livros
Sobrenatural”
“Contos e Lendas
de Portugal: Alberto Pereira
25 Narrativas Martins Coimbra: 2019 Todas
Tradicionais” Imprensa da
Universidade de
Coimbra
383
Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos da Tijuca – Carnaval 2024
JUSTIFICATIVA DO ENREDO
“A verdade histórica não existe. A História não é mais do que uma ficção. Quer dizer, uma ficção com mais dados concretos, reais,
mas também com muita imaginação”
José Saramago
A maior lição da história é ser e saber-se apenas uma versão de si própria, é ser
uma narrativa entre tantas outras possíveis, um enredo, ainda que cheio de som e de
fúria, ora repleto de verossimilhança ora repleto de fantasia. Uma história, por vezes,
oficial, por vezes, oficiosa, rica por poder percorrer vários caminhos, narrada por
vencedores, reivindicada pelos vencidos.
Linda Hutcheon, em sua Metaficção Historiográfica, aponta para a tendência
pós-moderna das narrativas de unirem a história consagrada à ficção: “A junção entre
o histórico e o ficcional cria outros olhares, outros ângulos e encerra, assim, o embate
das afirmações de poder da História oficial, vista como única e imutável, quando, na
verdade, ela é apenas uma “história das histórias”.
Walter Benjamim descreve “o reino narrativo”, descrevendo a liberdade do ato
de narrar e a junção da tradição oral e de todas as narrativas possíveis a diferentes pontos
de vista.
Tal qual as narrativas descritas pelos teóricos, nosso enredo é uma entre tantas
histórias possíveis e combina mitologia, versões da história oficial, lendas pagãs e
católicas.
Todas essas versões criam um enredo, uma lenda, um conto “fadado” a entreter
e a ensinar que lendas portuguesas, “com certeza”, também fazem parte da nossa
história.
“O Conto de Fados” - título do enredo da Unidos da Tijuca para o carnaval de
2024 - é literalmente uma viagem a uma Portugal mítica e mística. Um enredo que
contará, em clima de encantamento, fatos e lendas populares do país.
Em um jogo de palavras, o “Conto de Fadas” se torna “O Conto de Fados”. O
lúdico passa a interagir com as histórias narradas, inventadas e, sobretudo,
repaginadas. Tem histórias dos antigos reinos, da Terra das Serpentes, das Minas do
Rei Salomão, dos Druidas. Entre conquistas e reconquistas, o enredo cria
um mosaico de riquezas, de tradições e de romarias.
O termo Fado do título do enredo, para além do significado musical, em sua
origem, significa DESTINO, fabulação. Nosso enredo conta como herdarmos uma
língua, algumas crenças e muitos SEGREDOS que perpassam nossa história e mostram
que esse DESTINO também é nosso.... “esse fado vira samba, e o samba vira fado”.
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Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos da Tijuca – Carnaval 2024
Por enquanto, é isso! O resto é o “segredo” que Fátima não contou a ninguém!
Sou Tijuca vou além”… além-mar!
____________________
1
Nota: o enredo não é sobre o Fado, o estilo musical típico português. A partir da etimologia do termo Fado - destino - fabulação, amplia-se seu
significado para contar as lendas relativas à história de Portugal.
Etimologia (origem da palavra fado). Do latim fatum.i, "profecia", destino. Em Camões, o termo fado surge, sobretudo, com o sentido de destino,
fatalidade; fatum.ii, é a mesma palavra que deu origem às palavras fada, fadário. Do latim fatum (entidade correspondente à moira grega), origem aos
termos fado, fada, fatal, fatídico.
Música-canção popular portuguesa, dolente e triste; música e dança que acompanham essa canção.
O fado, estilo musical, se faz presente, no enredo, no setor Alma Portuguesa
385
Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos da Tijuca – Carnaval 2024
HISTÓRICO DO ENREDO
Os mitos constituem-se de um repertório de narrativas que são transmitidas,
de geração em geração, como parte da infância da Literatura. Em sua etimologia,
mythós se traduz como mensagem, discurso, uma forma de comunicação, de
caráter simbólico, que nos auxilia a entender, de forma figurativa, o nascimento das
civilizações.
Nessas narrativas, deuses rivalizavam com heróis e com humanos,
influenciando diretamente na vida das pessoas. A partir desses mitos, criam-se
narrativas para fundação de cidades, de reinos, de heróis.
Obras como Ilíada e Odisseia, de Homero, exerceram grande influência em Os
Lusíadas, obra capital da saga portuguesa, escrita mais de vinte séculos depois.
Deuses, heróis e histórias, citados nas três obras, mostram o diálogo entre elas,
ainda que com tantos anos de distância e com diferentes propósitos. Dessa forma,
essas obras mantêm vivo o mito que, no dizer de Fernando Pessoa, é o “nada que é
tudo”.
Dentre os mitos fundadores presentes nessas obras, Orfeu, filho de Apolo e
Calíope, se destaca. Ele que, com sua lira, encantava as pessoas, parava o vento,
silenciava os animais, por amor a Eurídice, desce ao “abismo da saudade” e convence
Hades a resgatar sua amada do lugar que ninguém jamais voltou. Ele não poderia
olhar “para trás” sob risco de perder novamente seu amor. Os gregos pareciam dizer
que, na vida, se olha para frente, que o passado é jornada concluída e não volta mais.
Orfeu olha para trás e perde para sempre Eurídice.
Em Os Lusíadas, Orfeu cantava o “fado", palavra usada como sinônimo de
destino. Tal qual as “Moiras”gregas2, ele aprendeu, à duras penas, os segredos da vida
e da morte. Se em Portugal, ele é citado em Os Lusíadas e se torna nome do período
literário que inaugura o modernismo português3, no Brasil, Orfeu da Conceição4 é o
poeta negro, compositor de samba, que desceu ao submundo carioca e conheceu os
segredos da vida e do carnaval na obra de Vinícius de Moraes.
No nosso enredo, o Orfeu sambista se torna narrador, “aedo”5, condutor,
compositor, mito grego-luso-brasileiro que desafia as ordens e olha para trás, para o
passado, porque sabe que assim o fazendo, repensa o presente, cria um futuro
diverso. Ao desafiar o tempo e o espaço, nosso Orfeu conta uma história repleta de fé,
de conquistas e de reconquistas.
_____________________
2
Nota: As moiras, na mitologia grega, eram as três irmãs que determinavam o destino, tanto dos deuses, quanto dos seres humanos. Eram três
mulheres lúgubres, responsáveis por fabricar, tecer e cortar aquilo que seria o fio da vida de todos os indivíduos.
3
Nota: O Orfismo, nomeado a partir de Orfeu, foi o movimento literário que inaugurou o modernismo em Portugal. Entre seus fundadores, estão os
poetas Fernando Pessoa, Mário de Sá-Carneiro.
4
Nota: Orfeu da Conceição é uma peça teatral escrita por Vinicius de Moraes, em 1954, baseada no drama da mitologia grega de Orfeu e Eurídice. A
trilha sonora da peça foi lançada em vinil, no ano de 1956, pela Odeon, com música escrita por Antônio Carlos Jobim e letra de Vinicius.
5
Nota: Aedo - na Grécia antiga, cantor que apresentava suas composições religiosas ou épicas, acompanhando-se ao som da cítara - Orfeu,
considerado um músico sublime, é o mais conhecido dos aedos - poeta divino, grandioso; bardo, vate.
386
Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos da Tijuca – Carnaval 2024
387
Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos da Tijuca – Carnaval 2024
_____________________
8
Nota: Offir é uma praia situada na freguesia de Fão, Esposende, Portugal. O nome Offir aparece, no Antigo Testamento, várias vezes, entre as quais
para designar uma terra distante de Israel de onde se recolhia ouro.
As lendas fenícias relacionadas ao Rei Salomão, da mesma forma, também são difíceis de serem datadas com precisão.
Quanto à data provável, o reinado de Salomão é tradicionalmente situado entre os sécs. IX a.c e X a.c. No entanto, a própria existência de Salomão é
motivo de debate entre os estudiosos. Alguns consideram Salomão como um personagem histórico, enquanto outros acreditam que ele possa ser um
personagem lendário ou simbólico.
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Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos da Tijuca – Carnaval 2024
Conta nosso Orfeu as lendas e as crenças mágicas dos povos pré-romanos que
habitavam a Península Ibérica durante a idade do Bronze.
Considerada pelos antigos como Finisterra, o fim da terra, o lugar onde tudo
acabava, a Península Ibérica, mais especificamente o território que viria a ser Portugal,
era conhecida por sua aura de mistérios e de magia. Se os gregos e os fenícios relataram
diversas lendas sobre o local, muitas tribos celtas, que habitaram a região, ampliaram o
repertório de histórias. Dentre essas tribos, uma das mais famosas eram os Celtiberos9,
um povo politeísta e animista que acreditava em múltiplas divindades associadas a
fenômenos da natureza e a eventos sobrenaturais, dentre os quais cerimônias e cultos
de veneração à terra, ao tempo, às águas.
Os druidas eram os sacerdotes locais responsáveis por manter a tradição oral e o
conhecimento mágico desses povos. Além de curandeiros, usavam suas habilidades
mágicas para conectar o mundo espiritual ao terreno. Para eles, o carvalho, a árvore
sagrada - símbolo do conhecimento - funcionava como portal para invocar deuses como
Nabia, Téginas, Sucellus e Cariocecus. Essas entidades, amplamente adoradas por esses
povos, agiam como guardiões da natureza, do conhecimento, da fertilidade ou como
protetores de conflitos bélicos.
Nabia, por exemplo, deusa da fertilidade e da renovação, reinava sobre os rios,
as águas e o barro. Já as deusas Téginas eram as guardiãs da sabedoria, do lar - as
senhoras do tempo. Cariocecus, deus da guerra e da caça, associado à coragem, era
venerado em batalhas como protetor dos guerreiros. Sucellus, deus da agricultura, das
florestas e das bebidas, era adorado pelas tribos locais por ser um deus bonachão e
generoso, era frequentemente invocado em cerimônias de fertilidade e de colheitas,
principalmente da uva. Sua história, tal qual o Deus Romano Baco, é ligada a festivais
regados a vinho.
_____________________
9
Nota: Os Celtas foram povos que habitaram regiões que se estendiam da Península Ibérica e Ilhas Britânicas até a Ásia Menor. As tribos que
ocuparam a região da Península Ibérica são conhecidas como Celtiberos (celta- iberos).
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Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos da Tijuca – Carnaval 2024
Desde os primórdios de sua história, reflete Orfeu, as terras que virariam Portugal
já tinham uma aura de magia e de encantamentos.10
Orfeu vai resgatando essas histórias para compor seu samba... “olhar para trás” é
sempre um ótimo exercício para seguir em frente.
_____________________
10
Nota: A origem exata da civilização Celtibera é difícil de determinar. Não existe um consenso sobre a chegada dos Celtiberos na península Ibérica.
Seguimos o pensamento de "Los Celtiberos y Otros Enigmas de la Historia", de Juan Antonio Cebrián que aponta que esses povos habitaram a região,
provavelmente, desde o século II a.c. até o século I d.C. Os estudiosos mencionam a presença dos gregos e dos fenícios antes da chegada dos Celtas e
mencionam a chegada dos romanos e dos mouros na sequência.
390
Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos da Tijuca – Carnaval 2024
Canta nosso Orfeu, aquele que sabe do passado, do presente e do futuro, a história
das invasões, de como diferentes grupos, ao longo dos séculos, invadiram as terras que
se tornariam Portugal e deixaram um legado que, ainda hoje, exerce influência em
diversos setores da vida.
A chegada dos Romanos, e posteriormente dos Mouros, à Península Ibérica11, é
uma história cheia de histórias, quase um conto fadado a nos fazer entender que aquele
relato de lá também faz parte do nosso destino de cá!
A Península ibérica até então, habitada por diversas tribos celtas, resistiu
bravamente, durante muitos anos, à invasão romana, mas foram gradualmente
subjugadas. Os romanos, há séculos, tentavam invadir a região, motivados pelo desejo
de expandir seu território e de estabelecer uma base sólida de poder econômico e
político por lá.
A influência dessa ocupação, que durou mais de 600 anos, pode ser sentida, até
hoje, em aspectos como língua, arquitetura e cultura. O latim, levado às regiões
conquistadas, foi sendo modificado até se consolidar nas línguas românicas como
Português, Francês, Espanhol, Italiano.
A herança deixada pelos romanos inclui, além de construções como aquedutos,
pontes, estradas, teatros, a influência no direito, na religião e na mitologia.
Com a romanização, os deuses celtas, a princípio, sincretizados, foram sendo
absorvido com a ascensão do Cristianismo, assim a velha religião celta pagã foi sendo
gradualmente abandonada.
Lembra nosso aedo Orfeu que nem tudo foi “Pax” para os romanos. Viriato, líder
guerreiro que se destacou por sua resistência contra a invasão romana à Península
Ibérica, era considerado pelas legiões invasoras como o “terror romanorum”, o terror
de Roma.
As lendas sobre ele apontam que o guerreiro talvez pertencesse às tribos lusas,
ou talvez fosse descendente dos celtiberos; há quem afirme que era seguidor dos
druidas, pastor de ovelhas e caçador; ora chamado de príncipe, ora elevado à linhagem
de semideus, descendente de Hércules. São tantas lendas que pairam sobre ele, que
virou mito cujo único consenso é o de ser considerado o líder que venceu diversos
exércitos romanos com sua espada mágica e com seu escudo sagrado.
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11
Nota: Durante as invasões romanas, Portugal ainda não existia como país. A Península Ibérica, na época, era chamada de Hispânia Ulterior, área que
correspondia a parte do território atual de Portugal e Hispânia Citerior, corresponde à parte do atual território da Espanha. Usaremos o termo Península
Ibérica, ainda que, no momento do relato, ela não se denominasse assim, para facilitar a compreensão.
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Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos da Tijuca – Carnaval 2024
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12
Nota: Estima-se que a invasão moura tenha deixado um legado, na Língua Portuguesa, de mais de 1.000 palavras, como "azeitona", "açúcar",
"alface", “azeite" entre muitas outras começadas por “al” como "alfândega", "almoxarife”.
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Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos da Tijuca – Carnaval 2024
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13
Nota: O termo “Mil e uma noites” se refere ao famoso livro árabe em que Sherazade, por meio de artifícios narrativos, consegue salvar a própria
vida, contando histórias intermináveis.
No caso, o termo, além de mencionar a obra capital dos mouros, se refere ao legado infinito, de “mil e uma noites”, deixado por esses povos, herança
que ainda hoje molda a sociedade portuguesa.
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Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos da Tijuca – Carnaval 2024
nativos, apagando sua história e seu propósito. Ele afirma que os europeus falharam em
entender e em respeitar as complexas e diversas sociedades que encontraram, optando
por impor seus próprios valores e crenças às pessoas que colonizaram, o que, na maioria
das vezes, resultou em sofrimento e em devastação das populações locais.
O inferno, desculpe Sartre, não eram os outros, os outros não eram os monstros,
as criaturas abomináveis eram eles próprios, que escravizaram e dizimaram, por meio
de violência incomensurável, populações inteiras. Eram esses, sim, os verdadeiros
monstros marítimos colonizadores.
Segundo nosso Orfeu, era isso que dizia, o tempo todo, o velho do Restelo, o
ranzinza personagem de Os Lusíadas, de Camões, que vivia sentado no cais de Lisboa,
observando as caravelas partirem para “conquistar um mundo novo”. Ele lembrava a
todos sobre a cobiça vã e desmedida, sobre massacre para com os povos conquistados,
sobre a aculturação e o aniquilamento que esses povos sofreriam.
O velho do Restelo era o alerta e a consciência diante da cegueira de uma
sociedade que buscava explorar, lucrar e converter a todos, a qualquer custo.
Em meio a monstros e a brumas, as caravelas, segundo as lendas camonianas
resgatadas por Orfeu, chegam à Ilha dos Amores conduzidas por Tétis, a deusa do mar.
Lá se refestelam e, enquanto a tripulação que sobreviveu às intempéries descansa,
Vasco da Gama é levado para o alto de uma montanha.
Como em um conto de fado, relata Orfeu, quis o destino que Vasco pudesse
contemplar a “máquina do mundo”, a configuração do inconfigurável, a alegoria do
conhecimento divino, a compreensão do passado, do presente e do futuro. Ali, o
navegador português contempla a ordem do cosmos, a música das esferas, a geografia
da Terra, a história de Portugal. Imagens se sobrepunham, símbolos, pessoas, rituais.
De tudo que viu, uma certeza: toda aquela riqueza, conseguida através da colonização,
não duraria.
A verdadeira riqueza da nação, ainda que Vasco da Gama não conseguisse
entender, não viria dessa forma.
Atento, Orfeu resume tantas lições...
“SONHO DE SAGRES... FOI A MATAMBA, HERDOU O SAMBA, IFA, DENDÊ
PORTUGAL, DAS GLÓRIAS QUE REVELAM O PASSADO,
AO MONSTRO QUE SANGROU ESCRAVIZADOS
E VEIO APORTAR NO MAR QUE BRILHA SOB O CÉU DE
VERA CRUZ...”
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14
Nota: em 1488, os portugueses dobram o Cabo das Tormentas (atual Cabo da Boa Esperança). Em 1498, Vasco da Gama chega à Calicute, na Índia.
Em 1500, Pedro Álvares Cabral aporta, em terras que, mais tarde, se chamariam Brasil. Em 1511, os portugueses chegaram à ilha que receberia o
nome de Nova Guiné; nos séculos seguintes, eles perderiam o controle da região para ingleses, holandeses e alemães. O nome atual do país é Papua
Nova Guiné. Já Macau, na China, esteve sob o domínio português de 1557 até 1999.
Fonte SILVA, Alberto da Costa. A Epopeia das Descobertas: dos antigos navegadores às rotas da informação. Rio de Janeiro: Ed. Moderna, 1999.
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15
Nota: o setor trata de histórias e lendas recontadas pelo imaginário popular; logo, é difícil datar, com precisão, a origem das narrativas. O foco do
setor não é uma abordagem cronológica, mas apontar como a arte, os saberes e os ofícios se tornaram, ao longo do tempo, “a alma portuguesa”.
Historiadores, inclusive, divergem, sobremaneira, a respeito das datas e lendas apresentadas no setor o que reitera a abordagem no “tempo das lendas”
e não no tempo convencional.
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Uma das mais famosas histórias afirma que um nobre português se apaixonou
por uma freira e, para conquistar o seu coração, ofereceu ao convento as receitas
secretas de doces de sua família. A lenda não nos fala sobre o desfecho amoroso;
sabemos, no entanto, que os doces conventuais caíram nas graças do povo.
A música é outro patrimônio cultural de valor inestimável, expressão de grupos
e de indivíduos, tradição passada de geração para geração. O Fado - estilo musical
tradicional português - é considerado tão importante para a cultura portuguesa que foi
declarado Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO.
Ainda que a origem seja controversa16, as lendas sugerem que o Fado tenha se
originado nas ruas de Lisboa. Segundo uma lenda local, um jovem marinheiro e uma
bela jovem do Alfama, o bairro mais antigo de Lisboa, iniciam um romance secreto,
sem o conhecimento do pai da jovem. Com raiva, o pai trancou a filha, em casa, para
que não pudesse mais ver o marinheiro. O jovem, desesperado, decidiu cantar do lado
de fora da casa da amada para expressar todo seu amor e saudade. Os moradores do
bairro se juntaram para ouvi-lo e ficaram emocionados com a beleza da música e a
profundidade da emoção que ela transmitia.
O fato é que essa tradição foi passada, para gerações futuras, como uma música
que retrata a saudade, a paixão e as emoções intensas do povo português. Vozes como
a de Amália Rodrigues, a "rainha do Fado" que elevou o gênero a nível
internacional, popularizando-o, ao mesmo tempo em que preserva suas tradições.
Vozes como Carlos do Carmo, Mariza, Ana Moura, entre tantas outras, fizeram e
ainda fazem do “fado” parte essencial da identidade portuguesa, alma musical e poética
de uma nação.
A atividade pesqueira, além de fonte de renda de inúmeras comunidades
portuguesas, também faz parte da tradição passada de geração em geração. Esse ofício
envolve técnicas, histórias, lendas que também dizem muito da identidade nacional.
Dizem que é história de pescador, mas muitos lembram até hoje de uma lenda do
século XIX de um pescador chamado Manuel, que pescou um bacalhau gigante e o usou
como dote para se casar com uma das moças mais bonitas e desejadas de Aveiro. A
partir daí, os moradores da cidade começaram a enxergar o bacalhau como um símbolo
de amor e de sorte. Até hoje, essa lenda é contada, em algumas regiões de Portugal,
como uma bela história sobre a importância da pesca na cultura local.
Diversos festivais e eventos culturais celebram a cultura pesqueira todos os anos.
A literatura, por sua vez, reconhecida como uma das grandes riquezas das
nações, é o retrato da identidade cultural e histórica de um país. A Literatura
Portuguesa, mundialmente famosa por autores como Camões, Eça de Queiroz,
Fernando Pessoa entre tantos outros, alcança, pela primeira vez, o prêmio Nobel, em
1998, com Saramago por sua reflexão e busca por uma sociedade mais justa e
igualitária, capaz de se livrar da cegueira do cotidiano.
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16
Nota: O estilo musical conhecido como Fado, de origem controversa, alimenta narrativas que ora remontam ao período Mouro, ora apontam as ruas
de Lisboa ou influências de várias partes do mundo como a Modinha e o Lundum do Brasil com origens africanas e portuguesas.
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17
Nota: A motivação do setor é apontar que a riqueza de um país advém de sua arte, das tradições passadas de geração em geração; jamais trazer uma
abordagem cronológica a qual mostre que um tipo de atividade precedeu a outra. Até porque baseamos nossas pesquisas em lendas, em narrativas
populares, em tradições orais, sem qualquer intenção de localizar essas lendas com precisão no tempo. Aqui temos o tempo da fabulação!
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Conta o destino, o fado dos antigos poetas, que os povos invasores legaram a
Portugal histórias, conhecimentos, mitos fundadores de cidades, narrativas das
navegações, das artes, dos saberes e dos ofícios. Para além das narrativas, esses povos
deixaram ainda, na Península Ibérica, línguas, crenças, religiões.
As lendas relativas à fé formam um capítulo à parte no imaginário português. As
muitas histórias dos santos católicos cultuados em Portugal se somam a um grande
mistério, uma aparição que traz consigo um segredo que, há mais de um século, desafia
a religião, a ciência, a psicologia.
Entre a devoção e a lenda existe um limite tênue. Mais uma vez, quem conta as
“contas desse rosário”, aumenta muitos pontos.
Ao abrir os livros sagrados, Orfeu, aquele que por amor desceu ao inferno e
conheceu o céu, se surpreende com as muitas narrativas que rondam o culto a alguns
santos católicos.
Ele nos narra as lendas do apóstolo Tiago que, no momento após a morte de
Jesus, vai à Península Ibérica pregar sua mensagem divina. Após a morte dele, os anjos
transportaram o corpo do apóstolo, agora Santiago, por um caminho que passava por
Lisboa, Porto, Braga, Coimbra e Tomar. A devoção a ele se fortaleceu de tal forma que
muitas igrejas foram construídas em sua homenagem ao longo do caminho. O destino
final dos restos mortais do Santo foi a Cidade de Santiago de Compostela, na fronteira
entre Portugal e Espanha. Reza a lenda que assim foi criada a famosa rota de
peregrinação à cidade.
Uma outra lenda, muito popular em Portugal, conta que São Gonçalo do
Amarante se disfarçava de violeiro e saía, pelas ruas da cidade, se aproximando dos
mais necessitados. Além de lhes prestar ajuda, o futuro santo oferecia aos povos de rua
a possibilidade de conversão ao Cristianismo. Ao passar em frente a uma igreja, ele
teria sido expulso pelos padres que não reconheceram sua identidade. Gonçalo teria
então ido até uma taberna próxima e lá, novamente, ao tocar sua viola, teria
transformado a água em vinho. Os presentes na taberna ficaram surpresos e, ao
descobrirem sua verdadeira identidade, passaram a reverenciá-lo como um santo.
Talvez um dos Santos mais populares de Portugal seja Santo Antônio de Lisboa.
Uma das lendas mais famosas associadas a ele conta que uma mulher que desejava
muito ter um filho pede ao santo sua intercessão. Ela foi aconselhada a sempre segurar
a imagem do menino Jesus e enfeitar a casa com lírios. Ela fez tudo o que foi pedido, e
prontamente teve a criança.
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Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos da Tijuca – Carnaval 2024
Depois disso, muitas mulheres acabaram pedindo ajuda ao santo para ter filhos
ou se casar, dando a ele a fama de santo dos milagres ou santo casamenteiro.18
Além dos santos, das festas e das devoções aos anjos, também são comuns, em
Portugal, momentos celebrados em romarias, em procissões e em missas.
A Festa dos tabuleiros - ou Festa do Divino Espírito Santo - ocorre na cidade de
Tomar, no centro de Portugal. Segundo consta, uma certa rainha portuguesa estava
viajando pela região de Tomar e, ao passar por uma aldeia, ouviu um menino chorando
de fome. Ela pediu ao menino para mostrar o que ele tinha nas mãos, e ele respondeu
que era apenas pão. A rainha então abriu o pão e encontrou rosas dentro dele. Por conta
desse milagre, tabuleiros, em forma de torre, decorados com pães e com rosas, são
transportados, pelas ruas da cidade, em procissões. Os pães são distribuídos aos pobres
e aos participantes da festa como uma forma de partilha e de comunhão.
A devoção aos Anjos do Sagrado Coração de Maria é também uma manifestação
religiosa muito presente no país, celebrada em diversas igrejas e santuários através de
missas, de festas e de procissões. Segundo a lenda, os jovens pastores viram Nossa
Senhora com um coração na mão cercado de espinhos. As três crianças compreenderam
que aquele era o Coração Imaculado da Santíssima Virgem, ofendido pelos pecados da
humanidade, que necessitavam de reparação. Daquele momento em diante, a devoção
se fortaleceu.
No imaginário português, permanece um grande segredo, diriam alguns um
mistério ou uma lenda, talvez um surto coletivo de jovens camponeses em período de
guerra e de privação, quem sabe um fenômeno atípico causado por nuvens e um intenso
raio de sol na primavera portuguesa, não se sabe. Mas, a aparição da Virgem Maria, na
cidade de Fátima, Portugal, para as três crianças - Lúcia, Francisco e Jacinta -
é considerada um dos grandes fenômenos religiosos de Portugal. Os segredos revelados
pela Santa aos jovens se tornaram lendários: visão do inferno, mensagem para Rússia,
atentados.
Muito foi dito sobre as mensagens, o que reascende eternamente o imaginário
das fábulas. Orfeu vem nos comunicar o segredo de Fátima, imaginado, sonhado e,
sobretudo, carnavalizado: “Teremos paz quando houver respeito a todas as religiões,
quando entendermos que toda mãe é sagrada em oração e todas as crenças se unem em
perdão! Amém e Axé...
Assim, Orfeu une em seu samba...
“O SANTO ROSÁRIO E O POVO DE FÉ
PRA CANTAR O FADO TIJUCANO MACUMBADO DE AMÉM E AXÉ
GIRA BAIANA PERFUMADA DE ALECRIM
QUE A UNIDOS DA TIJUCA DEFUMA NO BENJOIM”
_____________________
18
Nota: Não existe um consenso a respeito da data exata do nascimento de Santos como Santiago, Santo Antônio, São Gonçalo de Amarantes. São
muitas as lendas em torno dessas figuras históricas que viveram, há muitos séculos, sem registros precisos da data de seu nascimento.
Já a festa dos Tabuleiros de Tomar e adoração dos santos anjos, ainda que sejam celebrações mais recentes, também são difíceis de localizar com
precisão no tempo. A ordem das alas logo não tem intenção com a cronologia, a ênfase é recontar as lendas presentes no imaginário popular.
Nota: rezam as lendas internas da Unidos da Tijuca que o presidente Fernando Horta ouvia atentamente a explicação do enredo. Interrompeu apenas
quando ouviu que a história da aparição de Fátima seria uma das lendas abordadas no enredo. “Lenda não, isso é verdade”. Teria dito ele... “inclusive
teve três testemunhas… complementou!
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FADO DERRADEIRO
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19
Nota: Quando usamos, em nosso samba enredo, palavras como balaio, axé, dendê, batuque, ifá, benjoim e a própria palavra “samba” sabemos que
essa história é ancestral, e que nossa língua portuguesa é bem brasileira, repleta de influências africanas, tanto que foi denominada, por Lélia
Gonzalez, como “pretuguês”
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Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos da Tijuca – Carnaval 2024
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Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos da Tijuca – Carnaval 2024
ROTEIRO DO DESFILE
PRIMEIRO SETOR:
FADOS MITOLÓGICOS
Comissão de Frente
“OFFIUSA”
Velha-Guarda: OS DESCENDENTES DE
ORFEU
Ala 01 – Comunidade
CAVALOS DE FÃO; “OS GUARDIÕES
QUE EMERGIAM DAS MARÉS”
Alegoria 01
Abre-Alas
A ARCA DE UMA NOVA ALIANÇA: GUARDIÃ
DAS LENDAS DOS SEGREDOS DE OFFIR
SEGUNDO SETOR:
FADOS DE MAGIA
Ala 02 – Comunidade
OS DRUIDAS: A CONEXÃO ENTRE O
MUNDO ESPIRITUAL E O TERRENO
Ala 03 – Comunidade
NÁBIA: A DEUSA DOS RIOS E DO
BARRO
405
Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos da Tijuca – Carnaval 2024
Ala 05 – Comunidade
CARIOCECUS: DEUS DA GUERRA E DA
CAÇA
Ala 06 – Comunidade
SUCELLUS: O DEUS DA
AGRICULTURA E DAS FESTIVIDADES
“DO CACHO FAÇO VINHO PRA
COLHEITA FESTEJAR”
DESTAQUE DE CHÃO
MUSA – O VINHO NO BALAIO DE
MAGIA
Lorena Fafá
Alegoria 02
OS SEGREDOS DOS POVOS PRÉ-ROMANOS: UM
BALAIO DE MAGIA – A CONEXÃO MÍSTICA
ENTRE A NATUREZA E O HOMEM
TERCEIRO SETOR:
FADOS INVASORES
Ala 07 – Comunidade
OS LEGIONÁRIOS E OS
GUERRILHEIROS: UMA DISPUTA
LENDÁRIA
DESTAQUE PERFORMÁTICO -
“VIRIATO”
THIAGO AVANCCI
406
Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos da Tijuca – Carnaval 2024
Ala 07 – Comunidade
OS LEGIONÁRIOS E OS
GUERRILHEIROS: UMA DISPUTA
LENDÁRIA
Ala 08 – Passistas
ALQUIMIA: OS PASSISTAS VALEM
OURO!
Rainha de Bateria
Lexa
A ÚLTIMA RAINHA MOURA: MATRIARCA
DA DIVERSIDADE
Ala 09 – Bateria
BATERIA: HISTÓRIAS EM CERÂMICA
Ala 10 – Comunidade
ARQUITETURA MOURISCA: UM
PATRIMÔNIO HISTÓRICO
Ala 11 – Comunidade
ASTRONOMIA: LEGADO ESTELAR DOS
MOUROS
DESTAQUE DE CHÃO
MUSA – Os Astros do Oriente
Mariah Dantas
Tripé
HERANÇAS MOURAS: “DOCES SABORES,
VELHO SABER”
407
Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos da Tijuca – Carnaval 2024
QUARTO SETOR:
FADOS MARÍTIMOS
Ala 12 – Comunidade
ADAMASTOR: O MOSTRO DAS
TORMENTAS
Ala 13 – Comunidade
VARUNA: O DEUS CROCODILO DOS
MARES DA ÍNDIA
DESTAQUE DE CHÃO
MUSA – BRUMA DA BRANCA ESPUMA
Larissa Neto
Ala 14 – Comunidade
O MONSTRO DA BRUMA: TERROR E
CEGUEIRA NO ATLÂNTICO
Ala 15 – Comunidade
TANGAROA: O MONSTRO DA COSTA
DA NOVA DA GUINÉ
Ala 16 – Comunidade
O DRAGÃO DE QUATRO CABEÇAS: O
TERROR DOS MARINHEIROS NO MAR
DA CHINA
DESTAQUE DE CHÃO
MUSA – POR MARES NUNCA DANTES
NAVEGADOS
Patricia Chélida
Alegoria 03
OS SEGREDOS DA MÁQUINA DO MUNDO: O
ALERTA À MONSTRUOSIDADE NA
COLONIZAÇÃO
408
Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos da Tijuca – Carnaval 2024
QUINTO SETOR:
FADO D’ALMA PORTUGUESA COM CERTEZA
Ala 17 – Comunidade
ALFAZEMA E O CRAVO: ENTRE A
CURA E A DEMOCRACIA
Ala 18 – Comunidade
TAPETES E LENÇOS: A CRIATIVIDADE
E A TRADIÇÃO ARTESANAL
DESTAQUE DE CHÃO
MUSA - ÍCONE PORTUGUÊS
Ana Filipa
Ala 19 – Comunidade
GALO DE BARCELOS: SÍMBOLO DE
SORTE E DE JUSTIÇA
Ala 20 – Comunidade
PESCADOR DE HISTÓRIAS: A ARTE
DA PESCA EM PORTUGAL
Ala 21 – Comunidade
A FREIRA DOCEIRA: TRADIÇÃO DOS
CONVENTOS
Ala 22 – Comunidade
FADO: ALMA MUSICAL PORTUGUESA
Ala 23 – Comunidade
PASSAROLA
DESTAQUE DE CHÃO
MUSA – ALMA PORTUGUESA
Bete Floris
409
Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos da Tijuca – Carnaval 2024
Alegoria 04
PASSAROLA: OS SEGREDOS DA VERDADEIRA
ALMA PORTUGUESA
SEXTO SETOR:
FADOS DAS LENDAS EM ROMARIA
Ala 24 – Comunidade
OS PEREGRINOS DE SANTIAGO: AS
LENDAS PELO CAMINHO
Ala 25 – Comunidade
OS DEVOTOS DE SANTO ANTÔNIO DE
LISBOA: O LENDÁRIO SANTO
CASAMENTEIRO
Ala 26 – Comunidade
OS DEVOTOS DE SÃO GONÇALO: AS
CRÔNICAS DE UM SANTO VIOLEIRO
DESTAQUE DE CHÃO
MUSA - FÉ
Geisa Eloy
Ala 27 – Comunidade
FESTA DOS TABULEIROS: A ROMARIA
DOS PÃES E ROSAS
Ala 28 – Comunidade
ANJOS DE MARIA: A CONSAGRAÇÃO
DE TODAS AS MÃES
Alegoria 05
SEGREDOS EM ROMARIA: A UNIÃO DO
AMÉM COM AXÉ
ALA DE COMPOSITORES
410
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FICHA TÉCNICA
Alegorias
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Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos da Tijuca – Carnaval 2024
412
Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos da Tijuca – Carnaval 2024
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Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos da Tijuca – Carnaval 2024
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Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos da Tijuca – Carnaval 2024
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Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos da Tijuca – Carnaval 2024
SEGREDOS EM ROMARIA:
A UNIÃO DO AMÉM COM
05 AXÉ Orfeu, nosso narrador, vem nos comunicar o segredo de
Fátima, imaginado, sonhado e, sobretudo,
carnavalizado: só alcançaremos a paz quando houver
respeito irrestrito a todas as pessoas, a todas as
orientações, a todas as religiões, quando entendermos
que toda mãe é sagrada, que todas as crenças precisam
se unir em perdão, que nenhuma luta por território vale
a vida de um irmão.
A alegoria vem ladeada por Yabás, as mães rainhas,
*Imagem meramente ilustrativa as baianas que defumam o desfile com benjoim em
busca de purificação e de paz.
A alegoria traz ainda rosas, anjos e alecrim, planta
sagrada que Nossa Senhora encontrou ao lado da
manjedoura do menino Jesus.
A alegoria é, sobretudo, uma mensagem de
esperança, de união, de perdão e da comunhão do Santo
Rosário com o Povo de Fé, do AMÉM com o AXÉ!
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FICHA TÉCNICA
Alegorias
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Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos da Tijuca – Carnaval 2024
Local do Barracão
Rua Rivadávia Corrêa, nº. 60 – Barracão nº. 12 – Gamboa – Rio de Janeiro – Cidade do Samba
Diretor Responsável pelo Barracão
Fernando Leal
Ferreiro Chefe de Equipe Carpinteiro Chefe de Equipe
Alan Duque Futica
Escultor(a) Chefe de Equipe Pintor Chefe de Equipe
Alex Salvador Magrão (Tuninho Fita)
Eletricista Chefe de Equipe Mecânico Chefe de Equipe
Gilmar Antônio
Outros Profissionais e Respectivas Funções
Alexandre Louzada Carnavalesco
Airton Filho Projetista
Leandro Santos Decorador
Nino Fibra
Tom (Know How) Iluminação
419
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FICHA TÉCNICA
Fantasias
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Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos da Tijuca – Carnaval 2024
*Imagem
meramente
ilustrativa
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422
Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos da Tijuca – Carnaval 2024
*Imagem
meramente
ilustrativa
*Imagens
meramente
ilustrativas
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425
Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos da Tijuca – Carnaval 2024
*Imagem
meramente
ilustrativa
*Imagem
meramente
ilustrativa
*Imagem
meramente
ilustrativa
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*Imagem
meramente
ilustrativa
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Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos da Tijuca – Carnaval 2024
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Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos da Tijuca – Carnaval 2024
*Imagem
meramente
ilustrativa
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*Imagem
meramente
ilustrativa
*Imagem
meramente
ilustrativa
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*Imagem
meramente
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*Imagem
meramente
ilustrativa
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*Imagem
meramente
ilustrativa
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FICHA TÉCNICA
Fantasias
Local do Atelier
Rua Rivadávia Corrêa, 60 – Barracão 12, Gamboa/Rio de Janeiro – RJ
Diretor Responsável pelo Atelier
Alexandre Louzada
Costureiro(a) Chefe de Equipe Chapeleiro(a) Chefe de Equipe
Miriam Pires Alexandre Louzada
Aderecista Chefe de Equipe Sapateiro(a) Chefe de Equipe
Alexandre Louzada José Francisco (Zé Sapateiro)
Outros Profissionais e Respectivas Funções
Alexandre Louzada Carnavalesco
Airton Filho Figurinista
Almir Ferragens
Agatha, Roberto, Chefes de Ateliês
Taylor. Marcelo,
Lázaro, Drielly,
Charlene, Alex, Denise e
Júnior
Magrão (Tuninho Fita) Pintura de Arte
Ateliê SubliMagia Arte Plumária
Sr. Luís Cortador
Outras informações julgadas necessárias
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FICHA TÉCNICA
Samba-Enredo
Autor(es) do Samba-Enredo Júlio Alves, Claudio Russo, Jorge Arthur, Chico Alves, Silas
Augusto e De Sousa.
LETRA DO SAMBA-ENREDO:
Um samba fadado
Ao mar do outro lado
A pescar histórias, memória ancestral
Viaja na bruma da branca espuma
Pra encantar no carnaval
UM SAMBA FADADO
AO MAR DO OUTRO LADO
A PESCAR HISTÓRIAS, MEMÓRIA ANCESTRAL
VIAJA NA BRUMA DA BRANCA ESPUMA
PRA ENCANTAR NO CARNAVAL
Um samba que vai “pescando histórias”, “do mar do outro lado”, lendas, contos de uma grande
viagem de muitos encontros: exorcizando os monstros do passado e resgatando nossa
ancestralidade.
Contam as lendas de Homero, que Ulisses, em grego Odisseu, ao atravessar o mar Egeu, chega
em Offiusa, a terra das Serpentes, o local que, segundo as lendas, viria a ser Portugal.
A rainha Serpes, “tão só e carente”, “mulher ou serpente?”, se apaixona pelo herói grego e lhe
promete uma cidade com seu nome “Ulissabon/Lisboa. Assim, “À BEIRA DO TEJO, NASCIA
LISBOA”, a cidade cantada por tantos poetas, “musa das Loas dos seus menestréis”
O samba relembra a lenda dos fenícios que extraíam ouro, da lendária praia de Offir, da
freguesia do Fão, Portugal. Esse ouro abastecia os vastos tesouros do Rei Salomão. O rei, em
gratidão, envia uma embarcação repleta de corcéis que naufraga no local. Esses “cavalos de Fão”,
“os guardiões que emergiam das marés, à propósito, nomeiam o famoso ponto turístico local.
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Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos da Tijuca – Carnaval 2024
Nesse balaio de histórias com um punhado de magia, o samba resgata as narrativas dos
celtiberos, os povos pré-romanos que habitaram a região, conhecidos pela ligação estreita com a
natureza.
Politeístas e animistas, esses povos acreditam em múltiplas divindades associadas a fenômenos
da natureza e a eventos sobrenaturais, dentre os quais cerimônias da colheita e dos cultos de
veneração à terra, ao tempo, ao vinho.
Depois dos celtiberos, o samba nos conta como os Romanos e os Mouros invadiram a região que
seria a Península Ibérica. Esses povos deixaram uma herança que perpassa a língua, a arquitetura,
a matemática, a gastronomia, a astronomia.
O legado deixado pelos povos invasores, patrimônio “de mil e uma noites”, molda, ainda hoje,
a identidade cultural de Portugal – uma rica mistura de tradições, saberes e de sabores.
Navegaram por mares nunca dantes navegados, aportando, desde o Reino de Matamba, atual
Angola, passando por Macau, na China, até Nova Guiné.
Os marinheiros portugueses relatavam, em muitas crônicas, o medo dos monstros marinhos que
encontrariam pelo caminho. Hoje sabemos que os “monstros que sangraram os escravizados”,
eram eles mesmos. As atitudes dos colonizadores em aniquilar culturas e vidas, eram, de fato,
monstruosas.
Os escravos que aportaram, “no mar que brilha sob o céu de Vera Cruz”, trouxeram mais do
que azeite de dendê, os orixás, o samba, trouxeram a força da resistência contra os monstros da
colonização.
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Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos da Tijuca – Carnaval 2024
A grande riqueza de Portugal não viria do ouro do além-mar. A verdadeira riqueza de uma nação
advém do povo: símbolos, flores, gastronomia, música/fado, literatura – saberes transmitidos de
geração em geração.
Nosso samba, uma celebração de fé, desvenda, sob as bençãos de Fátima, um dos maiores
mistérios portugueses: só alçaremos a paz quando houver a comunhão do Santo Rosário com o
Povo de Fé, do benjoim com Alfazema e Alecrim, mistura do AMÉM com o AXÉ.
Nota: a flor do Alecrim foi encontrada na manjedoura do menino Jesus, ao lado de Maria, logo
se tornou um símbolo de purificação do catolicismo. O benjoin, por sua vez, usado nas religiões de
matrizes africanas, também é usado para defumar e purificar os ambientes. A alfazema, uma das
flores, símbolo de Portugal, é cultuada na região por seu poder curador e por trazer paz!
O refrão do meio em tom maior (G) {PÕE NO BALAIO UM PUNHADO DE MAGIA (...) a
QUE DO CACHO EU FAÇO VINHO PRA COLHEITA FESTEJAR} tem um desenho melódico
que privilegia o canto e a alegria, a repetição da frase que inicia o refrão possibilita o envolvimento
do componente e remete aos festejos que celebram a boa colheita.
O início da segunda parte do samba carrega um lirismo melodioso característico dos fados e em
tom menor (Gm) {N’ALMA DO FADO, MIL E UMA NOITES, DOCES SABORES, VELHO SABER
(...) até SONHO DE SAGRES...FOI A MATAMBA, HERDOU O SAMBA, IFÁ, DENDÊ} possui na
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Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos da Tijuca – Carnaval 2024
melodia uma crescente, além de ter uma nota Sol diminuta tão específica e peculiar em: {HERDOU
O SAMBA}
A passagem para o tom maior (G) {PORTUGAL, DAS GLÓRIAS QUE REVELAM O PASSADO
(...) até E VEIO APORTAR} faz a melodia se abrir para o canto e ganhar força para elucidar um
setor tão importante do enredo. Falamos das glórias portuguesas, como falamos também, da
atrocidade que foi a escravidão e a diáspora africana. Definitivamente, não passamos pano!
A melodia retoma o tom menor (Gm) e dança harmonicamente como as ondas do mar {NO MAR
(...) até MACUMBADO DE AMÉM E AXÉ} é o momento que o caldo cultural do nosso enredo se
prepara para desaguar numa explosão de felicidade com a chegada do refrão. Esta preparação
tem um desenho melódico crescente, equilibrado e vigoroso que dialoga com toda a construção do
samba.
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FICHA TÉCNICA
Bateria
Repique Mor - 4
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FICHA TÉCNICA
Harmonia
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FICHA TÉCNICA
Evolução
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FICHA TÉCNICA
Informações Complementares
Vice-Presidente de Carnaval
João Paredes
Diretor Geral de Carnaval
Marquinho Marino
Outros Diretores de Carnaval
-
Responsável pela Ala das Crianças
-
Total de Componentes da Quantidade de Meninas Quantidade de Meninos
Ala das Crianças
- - -
Responsável pela Ala das Baianas
Ivone Gomes
Total de Componentes da Baiana mais Idosa Baiana mais Jovem
Ala das Baianas (Nome e Idade) (Nome e Idade)
65 Maria da Conceição Jéssica Marcolino
83 anos 29 anos
Responsável pela Velha-Guarda
Ricardo Luís da Silva
Total de Componentes da Componente mais Idoso Componente mais Jovem
Velha-Guarda (Nome e Idade) (Nome e Idade)
48 Dona Lenir Lilian Estevan
78 anos 52 anos
Pessoas Notáveis que desfilam na Agremiação (Artistas, Esportistas, Políticos, etc.)
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Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos da Tijuca – Carnaval 2024
FICHA TÉCNICA
Comissão de Frente
OFFIUSA
Os mitos da fundação fazem parte de diversas populações ao redor do mundo. A busca das
origens faz parte de um imaginário coletivo em que o passado nos serve como mirada para nosso
presente, justificando ações, escolhas e limites da História. A antropóloga Maria Laura
Cavalcanti, no texto “Origem: Para que as quero?”, e mesmo o antropólogo Levi Strauss, em seu
clássico “Sobre o mito e o significado”, apontam para a ânsia humana de buscar o “início de tudo”
e que tal ação faz parte do fluxo da vida social humana.
Dito isso, nossa comissão de frente tem o objetivo de mostrar, de maneira carnavalizada,
uma, dentre tantas outras versões, história a respeito de um mito da origem da criação de Lisboa e,
por conseguinte, de Portugal.
Inspirado no mito grego, Orfeu da Conceição, conhecido pelo seu amor impossível, é o
narrador de nossa história. É ele que, junto às Moiras – originalmente eram três, mas, aqui
ampliadas ao número de doze – deusas da mitologia grega que tecem o destino em fios e nós,
narram, contam, tecem e desfiam uma linda e conturbada história de amor.
Quando Offiusa ainda era uma terra quase que inabitada morava, ali, a Rainha das Serpentes.
Ora humana, ora em formato de animal, a Rainha reinava e comandava o território até que
Ulisses, o conquistador, chega às suas terras, encantando-a.
Ao viverem uma história de amor, a Rainha permite que Ulisses funde, ali, uma cidade.
Entretanto, ao finalizar o feito, o homem desaparece, deixando a mulher furiosa e despertando
nela o seu pior lado: o de se transformar em serpente e destruir tudo e todos à sua volta. A ira da
rainha das serpentes estremeceu todo o entorno, formando o território que hoje conhecemos como
Portugal.
Ao terminar de narrar a história, Orfeu festeja, pois, contou e cantou mais uma história de
amor tecida pelos fios do destino. Ao falar sobre um dos muitos mitos da criação de Portugal –
aqui, baseado na mitologia grega – demonstra como tal mito da fundação, até hoje, se faz presente
no imaginário popular e o amor, por fim, constrói os belos e trágicos destinos da humanidade.
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Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos da Tijuca – Carnaval 2024
Observação:
O Orfeu grego se transmuta em Orfeu da Conceição, nosso narrador, para nos envolver nas tramas
desse destino que começou a ser tecido quando Portugal era conhecido como OFFIUSA, a Terra
das Serpentes. Em nosso enredo, o cavaquinho toma o lugar da lira, momento mágico de
transformação do mito grego em fábula brasileira, conversão do Orfeu grego em Orfeu da
Conceição.
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Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos da Tijuca – Carnaval 2024
FICHA TÉCNICA
Mestre-Sala e Porta-Bandeira
1º Mestre-Sala Idade
Matheus André 26 anos
1ª Porta-Bandeira Idade
Lucinha Nobre 48 anos
2º Mestre-Sala Idade
Rafael Gomes 34 anos
2ª Porta-Bandeira Idade
Thainá Teixeira 27 anos
Outras informações julgadas necessárias
*DADOS SOBRE O PRIMEIRO CASAL DE MESTRE-SALA E PORTA-
BANDEIRA
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Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos da Tijuca – Carnaval 2024
Lucinha Nobre: Deu início a sua carreira como primeira porta-bandeira em 1992,
conquistando a atenção da crítica e do público. Construiu uma linda trajetória no samba
com bastante solidez e leveza, conquistando muitos prêmios como: 06 (seis) estandartes
de ouro e 03 (três) tamborins de ouro. Sendo o último, em 2022, pela Portela.
Se destaca, também, como apresentadora e comentarista de carnaval na TV Globo.
Defendeu escolas como Mocidade, Unidos da Tijuca e Portela. No ano de 2024,
finalmente retorna à Unidos da Tijuca, escola onde mais recebeu notas máximas e,
também, frequentemente premiada.
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G.R.E.S.
IMPERATRIZ
LEOPOLDINENSE
PRESIDENTE
CÁTIA DRUMOND
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Nome Do Enredo
Carnavalesco
Leandro Vieira
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FICHA TÉCNICA
Enredo
Enredo
Com a sorte virada para a lua segundo o testamento da cigana Esmeralda.
Carnavalesco
Leandro Vieira.
Autor(es) do Enredo
Leandro Vieira.
Autor(es) da Sinopse do Enredo
Leandro Vieira.
Elaborador(es) do Roteiro do Desfile
Leandro Vieira.
Ano da Páginas
Livro Autor Editora
Edição Consultadas
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Abre-Alas – G.R.E.S. Imperatriz Leopoldinense – Carnaval 2024
HISTÓRICO DO ENREDO
Escrito há mais de cem anos pelo paraibano Leandro Gomes de Barros, a obra (batizada de O
testamento da cigana Esmeralda) é um clássico literário do escritor nordestino conhecido como o rei
da poesia do sertão. Na narrativa fictícia do folheto, após a morte da cigana no continente europeu, o
testamento da personagem foi descoberto e trazido para o Brasil por um grupo de ciganos. Com o
avanço da leitura da obra, nos deparamos com uma reunião de imaginários místicos atribuídos ao
universo cigano reinterpretado pelos delírios da literatura nordestina de caráter popular. Desse modo,
o que encontramos na obra que inspira o enredo é uma série de ensinamentos advindos de conceitos
coletivos sobre a interpretação dos sonhos; uma tabela para a consulta prévia de datas consideradas
felizes ou aziagas; um guia para a leitura da sorte através do estudo da palma da mão; a influência dos
astros junto à sina dos indivíduos e, ainda, uma série de abordagens zodiacais que flertam com o tão
enigmático quanto popular universo do horóscopo.
O fato é que o enredo Leopoldinense é formatado a partir de parte do conhecimento desse conteúdo
de caráter popular expresso pela mencionada obra. Longe de querer ser fiel a tudo que ele aborda, o
fantasioso testamento é vertido em um lúdico manual momesco traduzido em canto, dança e imagens
poéticas a partir de nossas intenções. Com o libreto nas mãos e o delírio como premissa, vislumbramos
uma narrativa que festeja o desejo de bem viver e se alimenta da ânsia pela boa sorte enquanto flerta
com o rico imaginário atribuído à cultura cigana. Dessa maneira, o enredo que desfila é uma ficção
carnavalesca em cima de uma ficção literária popular.
Na sequência, o texto anexado ao material que expõe o histórico do enredo, revela não apenas a livre
interpretação da obra que nos inspira, como também, pode ser compreendido como uma sinopse das
intenções narrativas e conceituais da proposta apresentada.
Conto, em meio ao carnaval, que uma cigana chamada Esmeralda deixou escrito um testamento cheio
de ensinamentos. Esse testamento foi trazido para o Brasil por um grupo de ciganos que, em caravana
e ao redor de fogueiras, espalhou festa, música, circo, dança e a crença popular naquilo que o
testamento guardava. O fato é que esse testamento parou nas minhas mãos e ao lê-lo, desde então,
quero a festa de adormecer nos braços de Morfeu pra colher um sonho bom pra sonhar acordado.
Sonhar com cisne pra esperar candura. Com rosa encarnada pra ser feliz sem demora. De olhos
fechados, sonhar com urso, macaco ou vaca gorda, para que, de olhos abertos, eu possa botar fé no
jogo certo, ganhar na dezena e na centena. Quebrar a banca quando der doze no milhar e, na véspera,
com um elefante eu sonhar. Ciente do que diz o testamento, peço apenas que com pressa me acordem
caso, em sonho, um sultão vier me visitar.
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Abre-Alas – G.R.E.S. Imperatriz Leopoldinense – Carnaval 2024
Sei de cor e salteado (e foi lendo o testamento da cigana que eu aprendi) que há dias nos quais o azar
se põe a espreitar. Por isso, malandro que sou, piso manso pra não vacilar. Espero aquilo que não se
antecipa nem se atrasa. O que é meu - a cigana me contou - tem data e hora marcada pra chegar. Tá
escrito na palma da mão que a linha da fortuna vai fazer valer o meu corre-corre pra não deixar a
peteca cair. Que a linha da vida é forte e que a linha do amor é fino traço, quase corda bamba, onde é
bom se equilibrar com a expectativa de não cair, enquanto espero que pinte aquele sorriso de pele
preta que vai pintar a vida que eu quero (e que todo mundo quer) de rosa.
Sei que tá na palma da mão o que se ganha e se perde. Que tá no céu o tempo bom e o tempo mau.
Nos astros que se movem. Nos planetas que mudam de lugar. Conto-lhes o segredo que habita o céu
desde o tempo dos faraós: quem erra também pode passar a acertar. A vida embolada pode embalar.
Quem chora pode então gargalhar. O de cima descer. O de baixo subir. O zodíaco prever ou anunciar
aquilo que virá, o sol entrar em peixes, o brilho lunar em aquário, o balanço das marés fazer as coisas
mudarem, o calendário marcar fevereiro, quem é bamba bombar e a Escola decolar. E é aí que (foi a
cigana quem me antecipou) ninguém segura, amarra ou prende quem nasceu com a sorte virada pra
lua.
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Abre-Alas – G.R.E.S. Imperatriz Leopoldinense – Carnaval 2024
JUSTIFICATIVA DO ENREDO
Para o pleno entendimento da narrativa expressa pelo enredo “COM A SORTE VIRADA PRA LUA
SEGUNDO O TESTAMENTO DA CIGANA ESMERALDA” é preciso compreender duas intenções
artísticas como premissa pré-determinada para a sua realização. A primeira, como já foi dito, é que o
enredo se debruça numa obra literária que possui o imaginário cigano como mote para flertar com
ideias populares que falam sobre a leitura dos sonhos dos que dormem; guias e calendários para
obtenção de boa sorte; adivinhações possíveis através da leitura das mãos; da ideia de destino; da
influência dos astros sobre os indivíduos e da interpretação zodiacal.
A segunda premissa, como a sinopse inclusa nesse material sugere, é que aquilo que apresentamos
como narrativa carnavalesca não é - e nem quer ser – a tradução literal do folheto. O enredo que desfila
é uma ficção carnavalesca sobre um testamento já fantasioso (ou seja, ficção) que gira em torno de
uma cigana (igualmente inventada) que é a personagem central da obra de um gênio da literatura
nordestina que fez de sua imaginação febril o motor para a criação do conteúdo literário que nos serve
de material carnavalesco.
Livre da ideia de querer ser um fac-símile (ou seja, não queremos fazer de nosso desfile uma
reprodução exata de tudo que consta na obra original) o enredo apresentado pinça do testamento que
se configura como uma espécie de compilação dos saberes atribuído à cigana Esmeralda, aquilo que
nos convém para a construção de uma narrativa que recebe acréscimos de ficção intencionais na busca
da criação de um ambiente carnavalesco permissivo e afinado com o universo cultural da escola.
Sem deixar de ser ancorado pelo que sugere o testamento, é importante frisar que realizar ficção é
altamente afinado com o universo carnavalesco, sobretudo com a produção dos enredos e das
visualidades produzidas para os desfiles das escolas de samba enquanto narrativa artística. Embora
em desuso, a ficção aplicada ao carnaval, ou seja, a possibilidade de criar mundos e realidades
alternativas a partir de obras ou situações reais que podem receber camadas de imaginação é o que
justifica o enredo apresentado.
Debruçados sobre a literatura popular e mergulhados em imaginários lúdicos vislumbrados pelo povo
brasileiro em seus anseios mais plenos de humanidade, reavemos a partir de “COM A SORTE
VIRADA PRA LUA SEGUNDO O TESTAMENTO DA CIGANA ESMERALDA” a ideia de que
um enredo pode (também) reivindicar a fuga da realidade como uma possibilidade de realizar carnaval
de alto nível narrativo e pleno exercício de fartura criativa.
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Abre-Alas – G.R.E.S. Imperatriz Leopoldinense – Carnaval 2024
O setor introduz o tema: o testamento de uma cigana chamada Esmeralda é encontrado por um grupo
de ciganos que se encarrega de trazer o artigo para terras brasileiras. É sobre esse material literário
que a Imperatriz Leopoldinense está debruçada. Em linhas gerais, os componentes do setor vestem-se
à moda cigana. Uma caravana festiva abre caminho para que as baianas personifiquem a própria
cigana Esmeralda. Aquela que tudo sabe. Aquela que tudo vê de forma antecipada.
Em suma, o conjunto de fantasias que desfila flerta com uma atmosfera lírica enquanto menciona
algumas das imagens apontadas pelo libreto como o prenúncio de um fato antecipado pelo sonho
daqueles que dormem. No conjunto visual das alas, o branco predomina quase que como uma névoa
acrescida de artigos brilhantes que vão ganhando pequenos toques de cor. Em sequência, há sonhos
que antecipam o anúncio de felicidade plena; sonhos compreendidos como maus presságios; sonhos
que antecipam candura e, ainda, sonhos que podem ser entendidos como bons para pôr fé no jogo.
De início, nos debruçamos sobre a existência de uma tabela disponibilizada pelo testamento da cigana
onde é possível consultar datas apresentadas como dias de sorte ou azar. Na sequência, a partir do
elemento cenográfico, mergulhamos no universo da leitura da mão (quiromancia) partindo do
princípio de que nela está escrito (seja pelo formato dos dedos, pelas linhas que cruzam a palma, ou
pelos “montes”) o destino de cada indivíduo, tal qual sugerem os versos do libreto que lança luz sobre
o testamento fictício.
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Abre-Alas – G.R.E.S. Imperatriz Leopoldinense – Carnaval 2024
Conceitualmente, as fantasias se debruçam num conceito estético que faz uso da tradição de associar
os dias da semana a astros celestes ou a deuses pagãos. Visualmente, o setor investe em múltiplas
linguagens para a exploração do tema. Além dos figurinos destinados às alas, há elementos aéreos, a
inserção de uma dupla de musas e um conjunto alegórico que lança luz no conhecimento astrológico
advindo do Egito a partir da informação contida no testamento de que Esmeralda era filha de egípcios,
sabedora “do segredo da esfinge” e da “ciência do Faraó, cujos os livros se perderam.”
Tirando partido do horóscopo, da posição dos planetas e dos signos do zodíaco em relação à terra no
exato momento de seu “nascimento” (para nós, a data de sua fundação) lançamos um olhar esotérico
sobre a própria Imperatriz Leopoldinense.
Fundada em seis de março de 1959 e analisada astrologicamente sob à luz da poesia carnavalesca, o
Grêmio que desfila é regido por Netuno, seu signo é o décimo segundo signo astrológico do zodíaco
(peixes) e sua lua é em aquário. É sobre esses aspetos conceituais e estéticos que encerramos nossa
apresentação nos derramando na visualidade de signos que possuem a água como elemento. O planeta
azul (Netuno) impõe suas cores. O deus dos mares e das marés se funde à constelação de “piscis”. Na
última alegoria, reluz a lua em aquário (para quem viramos a nossa sorte) enquanto o dia clareia.
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Abre-Alas – G.R.E.S. Imperatriz Leopoldinense – Carnaval 2024
ROTEIRO DO DESFILE
PRIMEIRO SETOR:
A CARAVANA, A FESTA E UM MANUAL
DELIRANTE
Comissão de Frente
A CIGANA E A FOGUEIRA
Elemento Cenográfico
A CARAVANA
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Abre-Alas – G.R.E.S. Imperatriz Leopoldinense – Carnaval 2024
Alegoria 01 – Abre-Alas
IMAGENS POÉTICAS PARA UM
TESTAMENTO VERTIDO EM MANUAL
SEGUNDO SETOR:
SONHANDO A VIDA FEITO CARNAVAL
Destaque de Chão
ASAS PARA SONHAR
Alegoria 02:
SE SONHAR COM BICHO, RISCA A FÉ NO
TALÃO
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TERCEIRO SETOR:
DESTINO TRAÇADO: UM CALENDÁRIO E A
LEITURA DA MÃO
Destaque de Chão
Azar
Elemento Cenográfico
O DESTINO TRAÇADO NA MÃO
Rainha da Bateria
Maria Mariá
UM TREVO-DE-QUATRO-FOLHAS PARA
GUARDAR NA MÃO
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Alegoria 03
A VIDA EM CADA LINHA
QUARTO SETOR:
OS ASTROS NA IMENSIDÃO
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Dupla de Musas
A REGÊNCIA DE SATURNO E O BRILHO DO SOL
Alegoria 04
A CIÊNCIA DO FARAÓ E OS ASTROS NA
IMENSIDÃO
QUINTO SETOR:
O ZODÍACO E O PRENÚNCIO DA SINA DA
MINHA ESCOLA
Alegoria 05
UMA PISCIANA COM A SORTE VIRADA PRA
LUA
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FICHA TÉCNICA
Alegorias
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Abre-Alas
01 IMAGENS POÉTICAS PARA UM O Abre-alas se utiliza de uma estética lúdica que
TESTAMENTO VERTIDO EM aponta para uma narrativa carnavalesca
MANUAL mergulhada em uma atmosfera mística. Nele, os
diferentes conteúdos abordados ao longo do
desfile que virá se apresentam envolvidos por
um contorno visual poético. O devaneio guia
uma seleção de elementos que une a
representação de signos zodiacais, ambiente
astrológico, desconexão com a realidade e o
universo da quiromancia (a prática da leitura das
mãos) como mote para o ornamento geral
distribuído pelos dois módulos que compõem a
cenografia da alegoria.
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Abre-Alas – G.R.E.S. Imperatriz Leopoldinense – Carnaval 2024
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02
SE SONHAR COM BICHO, RISCA A Para personificar o mito em versão luxuosa, o
FÉ NO TALÃO destaque Kevin faz da iconografia clássica do
personagem o motivo para a realização da
indumentária que veste: o Deus alado (como a
maioria das divindades associadas ao sono) que
ostenta sobre a cabeça um olho dotado de asas
que tudo pode enxergar enquanto dormimos.
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FICHA TÉCNICA
Alegorias
Chiquinho Mestre-Sala
Luizinho 28 Estilista
Local do Barracão
Rua Rivadávia Correa 60 – Barracão 02.
Diretor Responsável pelo Barracão
Roni Jorge
Ferreiro Chefe de Equipe Carpinteiro Chefe de Equipe
João Lopes Fabricio de Lima
Escultor(a) Chefe de Equipe Pintor Chefe de Equipe
José Teixeira e Max Muller Leandro Assis
Eletricista Chefe de Equipe Mecânico Chefe de Equipe
Allan Carvalho Robson Saturnino
Outros Profissionais e Respectivas Funções:
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Abre-Alas – G.R.E.S. Imperatriz Leopoldinense – Carnaval 2024
FICHA TÉCNICA
Fantasias
Assim, estreando o
conjunto de fantasias de
ala numa espécie de
caravana que une música,
canto e dança, os
responsáveis por terem
trazido o valioso artigo
para o Brasil inauguram a
atmosfera mágica de nossa
apresentação.
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Abre-Alas – G.R.E.S. Imperatriz Leopoldinense – Carnaval 2024
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Abre-Alas – G.R.E.S. Imperatriz Leopoldinense – Carnaval 2024
02 A Cigana Que Tudo Pode As baianas leopoldinenses Ala das Baianas Comissão de
Enxergar vestem-se à moda cigana (1959) Carnaval
para dar contorno
carnavalesco a cigana que
tudo sabe e tudo pode
enxergar. Para tal, a mais
tradicional ala da folia
carioca mescla elementos
característicos do icônico
traje de baiana com
aspectos da típica
indumentária cigana.
No pescoço, os colares
dourados remetem ao
gosto cigano pela
extravagância do ouro.
Como se observa, a saia é
preenchida por uma
variedade de cortes de
lenços em godê, enquanto
o pano da costa – marca do
traje das baianas
tradicionais - é
transformado em uma
espécie de adorno
enfeitado que ostenta um
olho rodeado de artigos
dourados que reproduzem
símbolos afinados com a
cultura cigana.
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Abre-Alas – G.R.E.S. Imperatriz Leopoldinense – Carnaval 2024
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Para apresentá-lo em
contornos carnavalescos, o
figurino da ala se inspira
na iconografia clássica do
mito: O Deus grego alado
(como a maioria das
divindades associadas ao
sono) que veste túnica
branca e ostenta sobre a
cabeça um olho dotado de
um par de asas que tudo
pode enxergar enquanto
sonhamos.
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07 Sonhar com a Dama do Dentre as ilusões dos que Ala Bonecas Comissão de
Baralho dormem mencionadas pela Deslumbradas Carnaval
obra que nos inspira, (1959)
sonhar com a dama do
baralho é apontado como
um sonho de grande valia
para jogadores
interessados em obter
vantagens financeiras.
Materializada em jocosa
versão carnavalesca, é a
estampa feminina presente
no baralho como a figura
de uma rainha quem
norteia a realização do
figurino que veste a ala.
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Deslizando sobre as
brumas dos nossos sonhos,
segundo o testamento da
cigana Esmeralda, a
presença de um cisne no
mundo inconsciente dos
que dormem antecipa
mensagens de candura.
Quem sabe, um amor
inocente. Ou ainda, uma
relação sem más intenções.
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No adereço, a presença de
uma mão como estampa
anuncia que temos a
quiromancia como mote
principal.
Predominantemente verde
(cor associada ao dinheiro)
e finalizada com
acabamentos dourados e
brilhantes (atributos
associados à riqueza) o
figurino ostenta sob a
cabeça um baú entreaberto
que revela artigos áureos
como símbolo da fortuna
individual daqueles que
possuem a vantagem de ter
este traço físico
proeminente cruzando a
palma da mão.
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Segundo a semana
astrológica apontada pela
cigana, o sábado é regido
pelo segundo maior
planeta do sistema solar
(Saturno), enquanto o
domingo, por sua vez, está
regido sob os domínios do
astro rei: o sol.
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Ao longo do testamento
atribuído à cigana
Esmeralda, várias
menções aos signos astrais
são cruzadas com fatores
de sorte alinhados à
influência dos corpos
celestes junto à sina dos
indivíduos. Em linhas
gerais, o zodíaco é baseado
em uma análise do céu a
partir da posição dos
planetas no momento
exato do nascimento de um
ser. É dessa análise que as
características básicas
ligadas à personalidade de
um indivíduo e as suas
predisposições no campo
comportamental são
percebidas como algo que
pode ser anunciado de
forma antecipada em
função do alinhamento dos
corpos celestes juntos às
casas zodiacais.
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Predominantemente
tingida pela cor azul, a
fantasia faz de sua
coloração um atributo
estético à serviço do
conceito: com uma
atmosfera formada por
gases como o hélio e o
metano, o corpo celeste
possui como famosa
característica visual a
coloração azulada que
brilha na imensidão do
universo em função de sua
combinação gasosa.
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FICHA TÉCNICA
Fantasias
Local do Atelier
Rua Rivadávia Correa 60 – Barracão 02.
Diretor Responsável pelo Atelier
Leandro Vieira
Costureiro(a) Chefe de Equipe Chapeleiro(a) Chefe de Equipe
Crys Machado e Sirley dos Santos. Rivelino.
Aderecista Chefe de Equipe Sapateiro(a) Chefe de Equipe
Vera Galvão, Lili de Niterói, Thiago Borges e José.
Wagner
Outros Profissionais e Respectivas Funções
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FICHA TÉCNICA
Samba-Enredo
Autor(es) do Samba-Enredo
Jeferson Lima, Antonio Crescente, Bello, Carlinhos
Niterói, Gabriel Coelho, Jorge Goulart, Luiz Brinquinho,
Miguel da Imperatriz, Renne Barbosa, Rômulo Meirelles,
Sílvio Mesquita e Me leva.
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Ô Imperatriz!
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FICHA TÉCNICA
Bateria
Desde que assumiu o comando da bateria do GRES Imperatriz Leopoldinense, Mestre Lolo
coleciona elogios e notas máximas. Luiz Alberto – seu nome de batismo – está há nove anos no
comando da Swing da Leopoldina e, ao longo desse período, construiu uma das mais bem sucedidas
histórias de regência frente aos ritmistas. Talentoso e disciplinado, o trabalho de Mestre Lolo
desfruta de reconhecimento junto à crítica, além de acumular um número sem fim de premiações e
troféus.
Primando pela perfeita conversa rítmica entre as diferentes sonoridades de cada naipe que formam
a bateria, o mestre se destaca pela preservação das características essenciais do samba buscando
unir versatilidade, qualidade de execução rítmica e a mais perfeita cadência. Figura de destaque
para a conquista do campeonato da escola (o mesmo que encerrou o jejum de 22 anos longe do
primeiro lugar do pódio carnavalesco) Mestre Lolo segue na busca da excelência como poderá ser
visto no desfile de 2024.
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FICHA TÉCNICA
Harmonia
CANTORES DE APOIO: Jonathan Fragoso, Maderson Carvalho, Lucas Macedo, Chicão, Jefão e
Thati Carvalho.
O intérprete Pitty de Menezes começou sua carreira no final da década de 2000, como cantor da
escola mirim da GRES Unidos do Viradouro. No mesmo ano - em 2007 - estreou como cantor de
apoio da agremiação de Niterói, através do convite do então intérprete do Grêmio, Dominguinhos
do Estácio. Seguiu como cantor de apoio da Viradouro até o ano de 2016, quando finalmente estreou
como intérprete oficial, no Grupo de Acesso C, na Sereno de Campo Grande.
De 2016 a 2019, foi presença no canto de apoio de grandes agremiações do carnaval carioca, entre
elas, a Unidos da Tijuca, a Vila Isabel e a Renascer de Jacarepaguá.
Destacando-se no cenário musical carnavalesco, assume como cantor oficial da Porto da Pedra -
dividindo o microfone com Luizinho Andanças – no ano de 2019. Por fim, em 2020, assume sozinho
o microfone da agremiação de São Gonçalo garantindo, junto dos demais segmentos, a nota máxima
no quesito samba-enredo e harmonia. Com atuação elogiada pela mídia especializada, ganhou
reconhecimento como a voz revelação dos últimos anos.
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O trabalho desenvolvido pela direção de harmonia do GRESIL teve como objetivo proporcionar o
perfeito entrosamento entre o ritmo e o canto. Dessa maneira, tão logo o samba que nos impulsiona
em desfile foi escolhido, demos início aos ensaios de canto. Dessa forma, o intérprete, os cantores
de apoio, o time de cordas, os componentes de nossa comunidade e a nossa bateria começaram um
processo coletivo de interpretação da obra que apresentamos.
Paralelamente aos ensaios realizados com alternância entre a quadra e as ruas de nosso bairro, o
time que compõe o carro de som Leopoldinense trabalhou de forma a desenvolver um arranjo
musical capaz de contemplar uma harmonia pertinente ao fortalecimento da interpretação do samba.
Ao longo do processo de preparo para o desfile, buscamos desenvolver um trabalho interessado em
atingir a excelência. Cremos que é a soma das qualidades dos envolvidos que mostra na Avenida
de desfiles os frutos de meses de ensaio e dedicação coletiva.
Thiago Santos assina pelo segundo ano a direção geral de harmonia do GRES Imperatriz
Leopoldinense. É importante destacá-lo como uma “cria” do pavilhão de Ramos e, portanto, uma
aposta “da casa” que comprovadamente deu certo. O ano de 2010 marca sua estreia como Harmonia
de ala no Grêmio que guarda a sua paixão pelo território onde nasceu e se criou: a Imperatriz. Três
anos depois de assumir responsabilidades junto aos componentes de ala, assume o cargo de Diretor
de Harmonia. Em paralelo ao trabalho desenvolvido no GRESIL, seu talento organizacional e sua
capacidade de estimular os ânimos dos componentes esteve à serviço de escolas populares como o
GRES Tradição, o GRES União do Parque Curicica, o GRES Caprichosos de Pilares, o GRES
Império Serrano, o GRES Acadêmicos da Rocinha e o GRES Unidos do Viradouro.
Após a estreia com rendimento acima da média em função da aplicação de suas ideias de
organização associadas à espontaneidade característica dos festejos populares, Thiago segue sendo
a liderança naturalmente forjada junto ao chão Leopoldinense ao unir a técnica e a alegria que hoje
são as marcas de seu trabalho transpostas para o corpo coletivo que personifica a Harmonia
Leopoldinense na pista de desfile.
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FICHA TÉCNICA
Evolução
Assim, empenhados, estimulamos de forma participativa que cada um dos envolvidos com a
exibição da Imperatriz Leopoldinense possa estar integrado de forma coletiva em busca de um só
objetivo: A perfeita evolução das pessoas que pisam nessa Avenida carnavalesca para defender a
nossa bandeira. Após o último desfile, não temos dúvidas que é desta comunhão que nasce a
possibilidade do pleno rendimento.
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FICHA TÉCNICA
Informações Complementares
Vice-Presidente de Carnaval
-
Diretor Geral de Carnaval
Mauro Amorim e André Bonatte
Outros Diretores de Carnaval
-
Responsável pela Ala das Crianças
-
Total de Componentes da Quantidade de Meninas Quantidade de Meninos
Ala das Crianças - -
-
Responsável pela Ala das Baianas
Raul Cuquejo
Total de Componentes da Baiana mais Idosa Baiana mais Jovem
Ala das Baianas (Nome e Idade) (Nome e Idade)
80 Neuza Nogueira Carla Galvão
(oitenta) 86 anos 48 anos
Responsável pela Velha-Guarda
Solange Costa
Total de Componentes da Componente mais Idoso Componente mais Jovem
Velha-Guarda (Nome e Idade) (Nome e Idade)
70 Isa Teixeira Mello Ana Claudia Muniz de Lima
(setenta) 93 anos 52 anos
Pessoas Notáveis que desfilam na Agremiação (Artistas, Esportistas, Políticos, etc.)
Preto Jóia,
Outras informações julgadas necessárias
Mauro Amorim estreia na direção de carnaval no ano de 2023 de forma vitoriosa por participar de
forma atuante do desfile que marca o fim do jejum de títulos leopoldinenses. Responsável pela
eficiente comunicação entre os segmentos e os processos encaminhados ao longo da construção do
carnaval, Mauro se estabelece como um atuante parceiro na transposição dos anseios artísticos do
carnavalesco para a realidade do desfile. Dividindo a função de carnaval com André Bonatte, o
carioca possui notória experiência junto a realização dos desfiles em função de sua proximidade
com as tradições do samba e dos sambistas.
Cria da Imperatriz, André Bonatte começou a desfilar na ala infantil da escola no ano de 1989. Foi
ritmista - responsável pela coordenação do naipe de tamborins - entre os anos de 1991 e 2006. Atuou
como diretor de harmonia entre os anos de 2007 e 2009 sendo convidado a integrar a direção de
carnaval em 2010, como assistente. No ano de 2020 assumiu a direção geral de Harmonia no desfile
campeão da Imperatriz, no grupo de acesso, recebendo além das notas máximas, inúmeras
premiações no quesito. André Bonatte integra em dupla a Direção de Carnaval do GRESIL desde
2022.
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FICHA TÉCNICA
Comissão de Frente
A CIGANA E A FOGUEIRA
O fogo é elemento central para o povo cigano. Fundamental em todos os rituais, ele é essência e
alquimia. Encerra e renova. Aquele que cria e exorciza. A partir dessa informação, a comissão de
frente inaugura o desfile Leopoldinense tendo como ponto de partida um elemento muito simbólico
para a cultura cigano: a fogueira.
Criação coreográfica: Marcelo Misailidis / Assistentes: Dani Uhebe, Aloani Bastos, Eliomar
Bonavita / Figurinos: Leandro Vieira / Cenografia: Leandro Vieira e Marcelo Misailidis /
Confecção de figurino: Regina Fonseca e Christina Gall / Maquiagem: Christina Gall / Efeitos:
Fernando Soares / Cenotécnico: Tárcio Carivardo / Pintura de arte: Leandro Assis
Antônio Ornelas / Atila Soares / Braulio Gomes / Cristian Aguiar / Eduardo Gama / Glauci Vieira
/ Luiz Otávio / Marcelo de Souza / Moisés Ferreira / Yago Gonsalves / Marcelle Gomes / Rafaella
Ferreira / Karen Lino / Priscila dos Santos / Paula Tinoco / Fernanda Lima / Jéssica Lessa / Gyselle
Christiny.
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Abre-Alas – G.R.E.S. Imperatriz Leopoldinense – Carnaval 2024
Marcelo Misailidis é um dos nomes mais importantes da dança brasileira, premiado idealizador e
diretor cultural, que atua na concepção de espetáculos. Em suas criações, utiliza como base as
experiências acumuladas em mais de 35 anos de carreira atuando em projetos que integram dança,
canto e teatro, além de ser uma celebrada figura no universo das escolas de samba do Rio, sobretudo,
por sua atuação como coreógrafo de comissão de frente e das inúmeras contribuições artísticas para
o quesito.
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Abre-Alas – G.R.E.S. Imperatriz Leopoldinense – Carnaval 2024
FICHA TÉCNICA
Mestre-Sala e Porta-Bandeira
1º Mestre-Sala Idade
Phelipe Lemos 34 anos
1ª Porta-Bandeira Idade
Rafaela Theodoro 31 anos
2º Mestre-Sala Idade
Marcos Ferreira 33 anos
2ª Porta-Bandeira Idade
Alcione Carvalho 40 anos
Outras informações julgadas necessárias
Ao verde é acrescentado o ouro tão apreciado pelo povo cigano. O mesmo ouro que prevalece sobre
o figurino do mestre-sala que a corteja. Coroado, ele é o príncipe da França. O nobre europeu com
quem, segundo a narrativa fantasiosa da obra que nos inspira, a personagem foi casada.
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Abre-Alas – G.R.E.S. Imperatriz Leopoldinense – Carnaval 2024
Phelipe Lemos ingressou no carnaval das Escolas de Samba ainda criança como mestre-sala mirim
na Acadêmicos do Cubango. Tornou-se primeiro mestre-sala aos 21 anos, na Imperatriz
Leopoldinense e já sendo premiado como revelação. Durante 5 anos consecutivos defendeu o
pavilhão leopoldinense até assumir o cargo de primeiro mestre-sala do GRES Vila Isabel em 2016.
De 2017 até 2020, defendeu o pavilhão da Ilha do Governador e, em 2022, o pavilhão da Unidos
da Tijuca. Premiado quatro vezes pelo Estandarte de Ouro do jornal O Globo, Phelipe acumula
experiencia como professor da Escola de mestre-sala e porta-bandeira Manoel Dionisio e hoje atua
como instrutor do projeto social de mestre-sala e porta-bandeira da Imperatriz leopoldinense.
Philipe é conhecido pelo seu talento nato e sua técnica apurada na arte da dança do mestre-sala.
Rafaela Theodoro chegou ao carnaval das Escolas de Samba pelas mãos de sua avó, Luiza
Theodoro, também Porta Bandeira. Aprendeu seus primeiros passos de dança na Escola de mestre-
sala e porta-bandeira Manoel Dionísio. Pouco meses após entrar no curso foi escolhida para assumir
o posto de segunda porta bandeira do GRES Vila Isabel. Dois anos depois, com apenas 18 anos, é
convidada a defender o pavilhão da Imperatriz Leopoldinense, onde permanece até hoje.
Celebrando seus 16 anos de avenida, a premiada porta-bandeira também se dedica a ensinar sua
arte aos jovens do Projeto Social de mestre-sala e porta-bandeira da escola. Rafaela é uma porta-
bandeira de grande afinação técnica no que compreende o bailado de uma porta-bandeira, se
apresenta sempre de maneira elegante e defendendo o pavilhão da GRESIL há 14 anos ininterruptos.
Phelipe Lemos e Rafaela Theodoro são parceiros de dança desde suas primeiras aulas na Escola de
Bailado. Estiveram juntos na Vila Isabel e durante 2011 até 2015 defenderam o Pavilhão da Verde
e Branco, formando uma das duplas mais elogiadas durante todo o tempo que estiveram juntos.
Após 7 anos afastados, em 2023 essa dupla se reencontrou e novamente passaram a defender o
Pavilhão da Imperatriz Leopoldinense. Esta retomada trouxe, além da contribuição para o
campeonato da Imperatriz no carnaval que passou, grande alegria para os componentes da Escola,
torcedores, admiradores e amantes do quesito. Juntos, a dupla traz o verdadeiro bailado (elegante e
virtuoso) enquanto apresenta de maneira clássica, a tradicional dança do mestre-sala e da porta-
bandeira.
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Abre-Alas – G.R.E.S. Imperatriz Leopoldinense – Carnaval 2024
Ana Botafogo, é Primeira Bailarina do Ballet do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Iniciou sua
carreira profissional na França, integrando o Ballet de Marseille, de Roland Petit. Em 1981
ingressou, já como primeira bailarina, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, cargo que lhe deu
notoriedade no universo da dança. De 2015 até 2018, foi diretora artística do Ballet do Theatro
Municipal carioca. Como artista convidada, dançou com importantes companhias, entre elas:
Saddler's Wells Royal Ballet; Ballet Nacional de Cuba, Ballet da Ópera de Roma, Ballet de
Santiago, Ballet Municipal de Assúncion. Ao longo da carreira, apresentou-se em mais de 100
cidades brasileiras. No exterior, exibiu-se nos palcos da Europa, Ásia e Américas do Norte, Central
e do Sul.
Por sua brilhante atuação e notoriedade, Ana Botafogo, é considerada pelo público e pela crítica
uma das mais importantes bailarinas brasileiras de todos os tempos.
PEIXES COM A REGÊNCIA DE NETUNO: Inseridos no contexto de desfile que lança luz em
aspectos zodiacais da própria Imperatriz Leopoldinense, o figurino que veste nosso segundo casal
de mestre-sala e porta bandeira menciona o fato da escola de Ramos ser pisciana e, portanto, regida
por Netuno.
Para tal, o azul predomina no figurino da dupla enquanto a reprodução de peixes dourados adorna
a saia da porta-bandeira. Dançando, Alcione Carvalho é cortejada por seu mestre-sala Marcos
Ferreira. Ele é o próprio Netuno, o deus romano dos oceanos que dá nome ao oitavo planeta do
sistema solar. Sobre a cabeça carnavalesca que lhe serve de fantasia está o contorno estético mais
popular do corpo celeste que seu traje menciona de forma lúdica: a esfera brilhante e azulada que
rege a constelação de “piscis.”
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