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H I S T Ó R I A S D E FA M Í L I A S

DE PEABIRU –PR

VO LUME I

1
Copyright @ 2012 by autores

Direitos reservados desta edição


Aos autores

Diagramação e Capa
Diogo Souza

Projeto Gráfico e Design


Diogo Souza

Revisão Textual e Gramatical


Arléto Rocha, João Carlos Klein

Foto da Capa
Painel “Caminhos de Peabiru”, criado e pintado por Arléto Rocha
na Biblioteca Cidadã Prof.º Antonio Bassi de Peabiru-PR.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação

Histórias de famílias de Peabiru-PR / Arléto Rocha, João Carlos Klein, Luiz Bassi, Wanderley
Mafra -Peabiru: Editora Kromoset, 2012.

104 páginas
Vários autores

1. História de famílias. 2 . Peabiru-PR.

Obra sem fins lucrativos. Proibida a venda.

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ÍNDICE
01 - FAMÍLIA ÁLVARES 08

02 - FAMÍLIA ALVES 11

03 - FAMÍLIA BARDINI 14

04 - FAMÍLIA BARROS 16

05 - FAMÍLIA BASSI 20

06 - FAMÍLIA BITENCOURT 23

07 - FAMÍLIA CAMPANELLI 26

08 - FAMÍLIA CHAGAS 29

09 – FAMÍLIA CONCEIÇÃO CALDEIRA 32

10 - FAMÍLIA DURÃES DE SOUZA 34

11 – FAMÍLIA FIGUEIREDO 38

12 - FAMÍLIA FREITAG 41

13- FAMÍLIA KLEIN 44

14 - FAMÍLIA MATTHES 46

15 - FAMÍLIA PEREIRA ROCHA 49

16 – FAMÍLIA ROGGE 52

17 - FAMÍLIA RUIS ALVES 55

18 - FAMÍLIA RIBAS 58

19- FAMÍLIA TORRES 60

20 – FAMÍLIA VONSOWSKY 63

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PRIMEIRAS PALAVRAS: DA ADVERTÊNCIA AO CARINHO

A advertência vem no sentido de que este não é um livro final.


Muito pelo contrário, marca o começo do trabalho de reavivamento
histórico, de concretização da história oral restrita às prosas de varanda.
Por isso, Volume I. Às famílias que aqui não estão, advertimos: tentar-se-á
contemplar a justiça por meio da inserção delas nos volumes seguintes,
isso da melhor maneira possível.
O carinho se dá pela beleza da história. A velha frase sempre nova
diz que “a família é a célula da sociedade”: eis aqui as células que
construíram Peabiru. Casas, casamentos, filhos, trabalho, vida. À história
destas famílias, todo o carinho é pouco.
Feita a advertência, expressado o carinho, observa-se que dois
critérios nortearam a escolha das famílias para comporem este volume: o
primeiro, as famílias que aqui chegaram nas décadas de 1940 e 1950; o
segundo, famílias as quais tínhamos uma acessibilidade mais ágil, fluída.
Todavia, adverte-se que nos volumes seguintes (possivelmente as
décadas de 1960 e 1970) poder-se-á voltar às duas décadas iniciais deste
trabalho. A fórmula não é rígida. As famílias, felizmente, são muitas.
Há de se ressaltar que este trabalho surge como uma
“indenização a história de Peabiru”, haja vista que pouco se escreveu
sobre ela. Salvos, a Revista de 1979, publicada pelo então Prefeito Jorge
da Silva Pinto e o livro (verde) do Projeto Vale do Saber, dos alunos e
professores do Colégio Estadual 14 de Dezembro, em 2002.
Salvavam até então os alunos e acadêmicos ávidos pela pesquisa
sobre Peabiru, as valiosas gotas desta história “silenciosa” extraídas de
obras primorosas como “Poeira Vermelha”, de Eolina de Paula Xavier,
“Chove Sobre Minha Infância”, do Miguel Sanches Neto e o “O Mataonça e
Outras Histórias”, do Milton Couto Costa.
Agora os horizontes se expandem.
Cabe aqui outra ressalva importante: a ausência da história dos
“homens comuns”, não pertencentes aos nomes e sobrenomes
tradicionais. Há certo tempo estes serão contemplados.
Mas, a ressalva maior se dá às primeiras famílias que há séculos
bebiam da água límpida na baixada próxima de onde hoje é o Terminal

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Rodoviário ou caçavam catetos em meio às taquaras, cedros e perobas de
onde hoje está a praça central de Peabiru: aos índios Guaranis, Kaigangs,
Xetás, pioneiros de fato, nossas honras.
Desta última reflexão cabe aqui incitar o nobre leitor ao estudo
pessoal da relação entre os dois Peabirus: o Caminho e a Cidade. Em uma
ponta, em fórum íntimo, este livro busca trazer o conhecimento da cidade,
das famílias próximas a nós. Noutra, em sentido global, suscitar neste
mesmo leitor o desejo pela busca dos significados do Caminho, gerador
de tantas controvérsias entre tantos pesquisadores: quem de fato criou o
Caminho? Tupi-Guaranis? Macro Jês? Quais eram seus ramais? O “Iwy
Marã'Y”, a “Terra sem Mal” é uma terra concreta ou espiritual? A história
mostra que para os espanhóis chegarem e criarem a Vila Rica do Espírito
Santo, na vizinha Fênix-PR, 60 Km da cidade de Peabiru, no século XVI,
eles aproveitaram um caminho já aberto: o Caminho de Peabiru.
Por aqui, basta o leitor observar o mapa do sítio urbano de
Peabiru e constatar que ao final da Rua Afonso Dias Bastos quando esta
cruza com a Rua Idimão Simão, na antiga estrada que ligava Peabiru-
Campo Mourão, a rua “entorta” á direita. Esta é a única rua da primeira
demarcação que não segue o traçado perfeito das quadras urbanas.
Subindo para a cidade, esta rua chega a Av. 14 de Dezembro que lá
adiante, depois de “pular” duas quadras (entre elas, a praça central)
continua da mesma forma na Av. Cândido Mendes: únicas duas ruas que
cortam as quadras em sentido diagonal. Aí vem a pergunta: por que
somente estas ruas têm estes traçados tão incomuns? Como resposta
pode-se sugerir que destas ruas originaram todas outras, pois na
demarcação do quadro urbano, seguiu-se um traçado dos colonizadores,
que seguiram um traçado mais antigo: o Caminho de Peabiru.
Por fim Tolstói, o qual disse: “canta tua aldeia e serás universal”.
Canta-se hoje Peabiru, para que cada um de nós seja o peabiruense
individual, local, e por fim, total.

João Carlos Klein Arléto Rocha


Idealizador e Produtor da Obra Geógrafo e Historiador

Prof.Luizinho Bassi Wanderley Mafra


Colaborador de Pesquisa Colaborador de Pesquisa

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PARA ENTRAR NA HISTÓRIA

Peabiru já foi mar, gelo e deserto. Isso há milhões de anos. Por


meio de sucessivos terremotos, este deserto foi coberto por camadas
empilhadas de lava vulcânica, que endureceram e se transformaram em
rocha (basalto), a qual com vento, chuva e sol, erodiram, formando nossa
terra vermelha. Nesta terra os indígenas transitaram, formando o lendário
Caminho de Peabiru: Tupi-Guaranis, Kaigangs, Xetás, Paiaguas e até os
Incas. Deixaram trilhas e nestas trilhas, espanhóis, portugueses, jesuítas
e bandeirantes (cruéis) se infiltraram por aqui.
Mas só no início de 1900, a região de Peabiru recebia o “homem
branco” para morada definitiva. Entre eles, Joaquim Viana que veio para
cá em 1905 na Colônia Mourão, e Francisco Lázaro Emídio de Morais
(Lazinho Emídio) que chegou à região em 1911 com os irmãos Sebastião
Inácio e José Maria e o cunhado Bernardino Dutra Pereira. Em 1934
Joaquim Viana, João Muller e Eduardo Galesky entre outros, mudaram-
se para um núcleo de povoamento, chamado “Sertãozinho”, uma vez que
a área entre o Ribeirão Dezenove e Rio Ivaí era assim conhecida. O ponto
capital deste Sertãozinho hoje se localiza ao lado da rodovia pavimentada,
antes de chegar ao viaduto de entrada da cidade de Campo Mourão. À
direita, entra-se pela antiga estrada de chão que ligava as duas futuras
cidades, caminha-se uns 500 metros. No alto, lá está a área onde se
construiu cartório, escola e igreja, antes de se chegar ao Haras Peabiru.
Em pontos outros do município já havia famílias morando, como Dona
Candinha entre tantos, espalhados pela região do “Mato do Eurico”, Rio
do Campo e Venda Branca. Mangueiras de troncos grossos (que não é
uma arvore da região) indicavam que ali já estavam há muito tempo, com
pequenas lavouras e criação de suínos.
Em 1943, o presidente Getúlio Vargas criou o Território do
Iguaçu, que abocanhava parte de Santa Catarina, Mato Grosso do Sul e
Paraná. O objetivo era ocupar diretamente regiões fronteiriças de reduzida
densidade demográfica, com poucas cidades e baixa presença do poder
público. Mas no fundo, sendo área de fronteira, era ponto estratégico aos
Aliados na Segunda Guerra, além de que havia paraguaios, argentinos,
ingleses, franceses, todos morando por aqui. Hora ou outra alguém

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poderia requerer a região. A área estava ameaçada. Assim o Território do
Iguaçu (que durou apenas 3 anos) desmembrou parte da região de
Guarapuava, que do Estado do Paraná abrangia as proximidades do Rio
Ivaí, Piquiri e Paraná com a futura Peabiru no meio.
Um pouco antes, entre 1940 e 1941, o Interventor Federal Manoel
Ribas já havia distribuído “posses” de terras por meio do Departamento
de Geografia, Terras e Colonização do Estado do Paraná. Assim o Doutor
Sady Silva, Chefe da 5ª Inspetoria de terras, do Departamento de
Geografia, Terras e Colonização do Estado do Paraná iniciou perto da
Colônia Mourão, esta pequena vila. Olhando a trilha dos índios, que serviu
a espanhóis, portugueses, jesuítas, bandeirantes e outros homens
brancos como caminho, batizou a nova área com o verbete Tupi-Guarani,
Peabeyu, que entre vários significados, quer dizer “caminho gramado
amassado, caminho de ida e volta do sertão”. Peabiru acabava de nascer
Logo após a segunda guerra mundial, espremida entre a
Colonização da Companhia Melhoramentos Norte do Paraná, ao norte;
pela Madeireira Colonizadora Rio Paraná-MARIPÀ a oeste; e pela
colonização da Sociedade Imobiliária Noroeste do Paraná – SINOP, ao sul
e noroeste, esta região levou o governo a intensificar o mecanismo estatal
para povoar Peabiru. Era preciso atrair os povos, para a área que outrora
pelo Tratado de Tordesilhas, fora da Espanha e pelo ímpeto de Solano
Lopez seria outrora, do Paraguai.
Em 1946, eis as nomeações estatais para a organização da cidade:
Ernesto e João Matheus coordenados por Júlio Regis na abertura do sítio
urbano; Sezinando Ribas, Guarda-Forestal e Administrador da Colônia,
auxiliado por Júlio e Osvaldo Carneiro; Silvino Lopes de Oliveira, como
Sargento radiotelegrafista da Força Pública do Estado e o Dr. Daniel
Portella, médico.
O sucesso da iniciativa foi tamanho que sem ser distrito da
Colônia Mourão, em 1951 passou à categoria de município e a Comarca
em 1953. Fomos até as barrancas do Rio Paraná. As pendengas judiciais
de todo o noroeste do Paraná eram resolvidas por aqui. Contava nos anos
sessenta com cerca de 30 mil habitantes. Porém a grande pergunta que
ecoa é por quê Peabiru não cresceu como o início indicava? Deixo a
resposta ao leitor, ao chegar à última página deste livro.

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FAMÍLIA ÁLVARES
Texto produzido pela entrevista a
ARMANDO ÁLVARES

N
ascido no ano de 1930, em Santo Anastácio, Estado de São Paulo,
Armando Álvares foi uma das primeiríssimas pessoas a chegarem a
Peabiru em sua era de vila a município. Ele montou a primeira oficina
mecânica da cidade. Seus pais, Antonio Álvares e Maravilha Fernandes, vieram
para Peabiru em 1948, trazendo consigo os filhos Armando e Osvaldo, que
ganhariam os irmãos Dalva e Humberto no segundo casamento de Antonio.
Armando Álvares casou-se em 1952 com Walma Bressan Álvares, tendo três
filhos: Gilmar, Rosana e Armandinho.

Por que vocês escolheram Peabiru para morar?


Eu nasci em Santo Anastácio, Estado de São Paulo, dia 14 de maio de
1930. Vim para Assis-SP e fiquei três meses em Assis e de lá meu pai foi para
Ibiporã-PR. Minha mãe morreu, eu tinha 4 anos de idade apenas. Está enterrada
aqui. Chegamos a Ibiporã-PR em 1942. Tinha 12 anos de idade e arrumei serviço
na oficina de um alemão, que ficava bem na frente de casa. Trabalhei até sair de lá,
em 1948, quando cheguei a Peabiru. Meu pai que me trouxe para cá. Ele comprou
um caminhão do José Maria de Barros, um Ford 1946, e tinha muito cedro por
aqui. Então nós vínhamos buscar cedro e ele também, e resolvemos morar aqui.
Era para pagar o caminhão e voltar em um ano, mas ficamos. Foi o primeiro
caminhão de quem morava em Peabiru, a primeira oficina mecânica foi a minha.
Nem sítios tinham aqui, tinha uma serraria ali embaixo, mas cidade mesmo não
tinha nada. Sitiante por aqui não tinha nenhum carro, era tudo mata, mato virgem,
mata fechada. Viam-se os veados andando pela estrada, mas onça nunca vi,
mesmo com muito mato. Não tinha estrada naquele tempo aqui, depois foi
abrindo. Devia ter onça.
Quando cheguei aqui em 1948, tinha mais gente, no centro, os
Conceição Caldeiras estavam aí, moravam no sítio: o João Caldeira, a Alice, a
Dona Chiquinha que era esposa do Nivando Simionatto, que tinha um barzinho
ali, um quiosque que vendia secos e molhados. Tinha bastante gente dos
Caldeiras por aí. Então viemos de Ibiporã em caminhão de mudança. Chegando a
Maringá, quebrou a carcaça. Era o Maringá Velho, o Maringá Novo em 1948 já

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tinha umas casinhas. Ali ficamos quase uma semana, chovendo, chovia muito.
Daqui a São Paulo era só chão, não tinha asfalto em lugar nenhum. No Rio Ivaí era
uma balsa e quando chovia se ficava preso por lá. Quando o José Maria de Barros
abriu o posto aqui, trazia-se o caminhão com os tambores de gasolina na balsa, e
os traziam para cá. Ás vezes ficava uma semana esperando para passar de balsa,
quando o rio enchia.
Minha oficina era perto do José Maria de Barros (esquina da Rua João
Pereira dos Santos com Av. Raposo Tavares). Depois que o José Maria de Barros
veio para cá, abriu um posto de gasolina lá embaixo, perto da oficina e fez um
barracão para ele. Era um barracão na esquina e a oficina era de madeira. Vendia
caminhão Ford e estava resolvendo fazer um barracão para a agência Ford e não
fez. Daí eu ia tomar conta da oficina da Ford, mas foi colocada no lugar uma venda
de móveis, a Vesbalar, do empresário Veco Sbardelati, italiano que depois foi
embora. A oficina se chamava Oficina Mecânica São José. Depois, em 1953 eu
abri uma auto-peças na esquina, em uma casa de madeira, onde eu morava. Em
1958 meu pai vendeu um caminhão, entrou com mais 100 mil cruzeiros, e então
eu fiz aquele salão lá, onde funciona a Auto Peças Peabiru hoje (esquina da Rua
José Dias Aranha com Av. Raposo Tavares). Nesse tempo, o Sergio Liza era
freguês meu, tinha um monte de caminhões. Queimada a serraria dele, o prefeito
não quis ceder um quarteirão e ele foi para Campo Mourão. Ele tinha 15, 20
caminhões que puxavam madeira. A mecânica dos caminhões era toda minha.
Aqui fui vereador por quatro anos. Foi de 1960 a 1964, quando o Sílvio
de Barros foi prefeito. Lá em Ibiporã ele foi meu colega de infância e por isso
colocou meu nome. Ganhei, mas não pedi voto para ninguém. Depois não quis
mais mexer com política. Puseram meu nome de novo, e eu não quis. Cassaram o
mandato do Silvio de Barros e só eu e o Dr. Alceu Venâncio votamos contra. O
motivo era político. Mas depois foi a juízo e a cassação foi revogada. Nesse tempo
de vereador eu tinha uma Rural nova, ano 1961. A prefeitura não tinha carro, só
um jipe1957 caindo aos pedaços. Então eu ia com a Rural em comitiva de
vereadores para Maringá, Londrina, São Paulo e ia só a troco da gasolina, não
ganhava nada. O vereador naquela época não tinha remuneração, era voluntário.
O IBC (Instituto Brasileiro do Café) foi na gestão nossa que fizemos. Eu fui a São
Paulo várias vezes atrás disso. Peabiru era terra do progresso na época. Aqui
tinha coletoria estadual, federal. Foi o maior município do Paraná. Ia até Guaíra.
Até o Rio Paraná era de Peabiru. A comarca era grande. Nesse começo, o Alcides
Pinheiro foi candidato a prefeito. O Jorge Laos de Andrade também foi candidato,
morava na esquina ali embaixo, tinha uma cerealista, uma máquina. Silvino Lopes
morava aqui na esquina da Prefeitura, tomava conta daqui pelo estado, tomava

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conta do radioamador, radiotelegrafista. Era aqui uma casinha de madeira, pois
tudo aqui era de madeira.
Eu estava na hora que mataram o advogado, Dr. Chede. Foi o irmão do
Silvino Lopes. Eu estava encostado há dois metros. O Chede era meu freguês da
oficina, tinha um carro Oldsmobile de 12 cilindros. Não sei por que o Silvio o
matou, chegou por trás e atirou. Eu ouvi o barulho, bem em frente do cinema
velho. Era mais ou menos sete e meia, oito horas da noite, tinha um comício, o
povo estava lá. Antes da política, uns dias antes, arrancaram todos os cabos de
vela do automóvel Oldsmobile 12 cilindros em linha dele. Era um motor
importado, mas era um serviço fácil, só trocar as velas. E ele levou na minha
oficina, antes de morrer. Naquele tempo o cara pegava o Jipe da oposição política
e colocava açúcar no tanque, trancava o motor, do carro de política. Grudava o
motor, e tinha que arrancar, desmontar e lavar o motor. Naquela época tinha o
Hotel do Norte aqui, depois, o Hotel do Manelão, que era motorista de táxi e
comprou o hotel. Depois o Hotel Coimbra que era de um cara que veio de Ibiporã.
Aqui tinha o Joaquim Bueno que morava aqui embaixo, no Sertãozinho, depois
mudou para Peabiru. Teve um desastre e só salvou ele. Morreram seis, sete, perto
de Engenheiro Beltrão. Morreram o prefeito de Campo Mourão (Roberto
Brzezinsky), o candidato da vez a prefeito de Campo Mourão (Harrison José
Borges) e outros. Só sobreviveu o prefeito de Engenheiro Beltrão (Joaquim
Bueno de Godoy). Até eu estava indo para São Paulo naquela hora e passei por lá.
Foi em 21 de setembro de 1959 e eles iam para Maringá, ver um político que vinha
em Maringá. Dia de árvore. O Santiago tinha um carrão importado, um Cadillac
Victória que fazia um 'poeirão' na estrada e o cara que vinha dirigindo um
caminhão abriu lá e bateu. Morreu uns seis. Só sobrou o seu Joaquim Bueno. O
Aldevino Santiago era freguês meu, tinha uma serraria ali. Descendo, tinha o
Maripá, ali era uma cidadezinha, lá embaixo na curva. Depois o chefe do Beltrão
brigou, tomou lá e puseram fogo em tudo, com gente, com crianças dentro das
casas, isso no tempo do Lupion. Maripá sumiu. Daí nasceu o Engenheiro Beltrão.
Eram umas casinhas lá embaixo, queimaram gente viva. Foi a polícia do governo.
Morreu um monte de gente queimada. Maripá era assim, você chega a Beltrão e
vai descendo, hora que ela faz uma curva assim, depois faz aquela curva para cá,
ali era o Santiago, pra lá era o Maripá, naquela curva que você desce em baixo, lá
hoje tem uma casinha dos defuntos que morreram lá.
Lembrando assim, da turma que mora aqui hoje, só a esposa do
Nivando Simionatto, Dona Chiquinha, é mais velha que eu, de Peabiru.

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FAMÍLIA ALVES
DONA CANDINHA ALVES
Texto produzido da entrevista a
PEDRO ALVES

P
edro Alves de Oliveira nasceu em Peabiru em 11 de agosto de 1942, na
zona rural, no Rio do Campo, chamado de Colônia Mineira. Neto de Dona
Candinha e filho de Olímpio Alves de Oliveira e Maria Cândida de
Conceição, Pedro tem seis irmãos: Joaquim, João, Ana, Miguel e Manoel, todos
nascidos em Peabiru. Casou-se com Geni Paraguaio de Oliveira e tiveram duas
filhas, Emília e Iraci. Maria Cândida do Nascimento, Dona Candinha, veio para
Peabiru em 1919 com 25 anos de idade, após seu marido Evaristo Alves, ser
assassinado em Pitanga-PR. Fazendo o papel de pai e mãe, criou os filhos
pequenos. Em 1924 formou lavouras por aqui, falecendo em Peabiru, aos 87 anos
de idade. Seu filho Eugênio Alves casou-se com Ocalina Cassimiro e tiveram os
filhos Aparecido, João, Ana, Maria de Lourdes e Tereza. Sua filha, Maria Cândida
casou-se com Joaquim Viana Pereira. Sua filha Aparecida casou-se com Luiz
Correa.

Conte-nos sua história com esta terra de Peabiru que te viu nascer.
Eu nasci aqui em 1942, 11 do agosto de 1942, na zona rural, no Rio do
Campo, chamado de Colônia Mineira. Na época não tinha a Colônia Mineira,
depois que veio: antes era Colônia Mourão. Descendo a Colônia Mineira, era o
último lote. Mas nesta época morávamos mais para baixo, para baixo do salto, do
lado de lá do rio. Depois meu pai trocou com os Carreros ali e comprou lá, onde
nós moramos hoje. O tio Eugenio Alves ficou lá onde morava e nós viemos pra cá,
onde compramos um sítio. Fizemos uma picada para passarmos. Era uns quatro
quilômetros de picada dentro do mato e vínhamos a cavalo, ás vezes sozinho, e a
onça ficava beirando nós. Vez em quando ouvíamos o barulho dela, mas nunca
aconteceu nada. Lá nós plantávamos milho, arroz, feijão arroz, criávamos porco,
não lidamos com café não. Depois de muito tempo que veio o negócio da soja, do
algodão, mas antes era só feijão, arroz, milho. Tinha bastante gado no nosso sítio.
De 21 alqueires, uns 10 eram cercados para pasto. Então foi fechado pasto para
vaca e para porco.
A avó Dona Candinha veio de Pitanga. Ela veio para Peabiru em 1919
com 25 anos de idade porque mataram o marido dela lá numa emboscada de terra

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e daí ela desgostou. Juntou com os filhos e veio para cá. Cuidou da família:
trabalhava de cedo à noite na roça. Formou roça de café, comprou o sítio, os
filhos casaram e aí depois fizeram uma casa para ela. Ela separou e ficou
sozinha. Ela tinha quatro filhos, o Olímpio, que era meu pai, Eugênio, Maria e
Dorvalina. A Maria casou lá com o Viana e a Dorvalina, mais nova, ficou com ela e
depois se casou. Mas tudo falecido já.
Naquele tempo Peabiru não tinha nada, era feito documento para Campo
Mourão e eu trazia leite aqui, com doze, treze anos. Tinha umas casas pingadas,
um ponto de ônibus e um campo de futebol ali na praça. Trazia leite para uma
sorveteria que tinha na esquina do turco, e vendia uns leites picados por aí.
Depois na esquina do Bar do Gordo tinha a sorveteria do Zé Couto (esquina da Av.
Vila Rica com Av. Raposo Tavares), onde levei leite por muito tempo. Nós
acabávamos brigando por causa dos meninos dele, que gostavam de andar no
meu cavalo. Eu apeava para entregar o leite e eles montavam no meu cavalo
(risos), o Mauro, o Milton, o Aldo. Eles gostavam de andar no meu cavalo.
Não é do meu tempo, mas a mãe falava que meu pai e Tio Eugênio
levavam “porco tocado” para ser vendido lá em Guarapuava. Saía de Peabiru com
os porcos e se ficasse algum perdido, não precisava ir atrás, daqui a pouco ele
acompanhava, pois não tinha pra onde ir, batia de atrás do vestígio do outros.
Chegavam ao meio do mato, dormiam, e os porcos dormiam atrás. Saía daqui
para vender os porcos e comprar açúcar e sal, que era o que eles mais
compravam. A cidade maior mais perto era Guarapuava, que era o lugar de
comércio.
Nós éramos pequenos e a piazada do sítio quase não vinha pra cidade.
Eu vinha trazer o leite e voltava para trabalhar. Depois não pude estudar, veja bem:
meu irmão estudou no Sertãozinho, a família do Viana morava lá e meu irmão
mais velho foi morar lá. O outro mais velho que eu foi para a casa do Tio Eugênio e
lá tinha uma escola que dava aula de noite. Onde eu morava não tinha aula. Depois
que meu pai morreu é que apareceu escola na Colônia Mineira, mas eu já era
grande, precisava trabalhar. Aí meus irmãos, os três mais novos estudaram lá na
Colônia Mineira. E os dois mais velhos estudaram fora e eu e minha irmã não
estudamos, porque não surgiu uma oportunidade.
Nas picadas quando encontrávamos um rio era assim: para ir não tinha
rio, mas para ir pra onde nós compramos, passava pelo Rio do Campo e eu me
lembro de que às vezes nós íamos passar lá e ele estava cheio. Meu pai me
colocava nas costas para passar dentro da água, senão nós rodávamos na
correnteza. Os cavalos, carroças passavam tranquilo. No Rio da Várzea eu rodei
uma vez na carroça. Eu trabalhava para o Zé Luciano, um safrista que tinha lá para

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baixo de nós e ele disse que eu tinha que buscar milho em tal lugar que ele havia
comprado.
-Mas o rio tá cheio!
-Não quero saber, vão você e meu filho!
Chegamos lá o rio tava cheio mesmo. Entramos com a burrada e o rio
tocou, tocou umas dez braças lá para baixo. Daí beiramos o rio, subimos, fomos
lá e enchemos a carroça, voltamos e a carroça não rodou porque estava pesada
com o milho. Mas para ir rodou para baixo, no “saidor”. Era uma vida dura. Tudo
era na lamparina, muito tempo depois veio o lampião a gás, que instalava no bico.
Às vezes não tinha outra coisa para a lamparina e então se colocava gordura de
porco: queimava a mesma coisa, mas fazia uma fumaça preta. Carne era
charqueada. Matava um porco, charqueava, colocava para secar. Carne era de
porco, de frango e de bicho que tinha muito no mato. Nunca viemos comprar
carne aqui na cidade.
As casas da cidade de Peabiru eram cobertas de tabuinhas, cercadas de
ripão, tirada do mato mesmo. O chão era chão mesmo, daí pegava estrume de
vaca e passava e ficava durinho o piso. Nossa casa era deste jeito: fogão a lenha,
no rumo da porta onde colocava um pau de 5 ou 6 metros e daí ia empurrando,
pois era um fogão feito de terra e com dois buracos para por a panela.
Quando meu pai morreu, nos não comprávamos açúcar. Fazíamos
rapadura para o ano inteiro e naquele tempo geava bastante e matava a cana. De
primeiro dava muita geada por aqui, agora não. No meio do ano vinha a geada,
matava a cana e tudo, e olha que cana é difícil matar. Por isso que naquela época
não mexíamos com café, pois nessa beira de rio geava bastante. Em 1975 teve
uma geada negra que matou até o mato.
Lembro-me também que na Colônia Mineira tinha um campo, cresci
jogando bola. Ia cedo e jogava entre nós mesmos até a hora do almoço. No
sábado ia para o jogo de verdade contra o time da Venda do Carlinhos no Rio do
Campo, depois lá no Abel, no Seu Eugênio Alves, pois cada lugar tinha um time e
seu campo. Ganhamos muitos torneios.
Depois de 35 anos que morei no sítio, vim para cidade e estou aqui estou
até hoje. Depois entrei na prefeitura, no meio do mandato do “Gago” (Nelson
Proença, prefeito entre 1983-1988) e ai fiquei 22 anos na prefeitura de Peabiru e
me aposentei. Hoje trabalho de carpinteiro por aí.

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FAMÍLIA BARDINI
JOSÉ BARDINI
Texto produzido por
JOSÉ BARDINI NETO

D
e origem italiana, morava em Marília-SP, onde exercia a profissão de
agricultor e Pecuarista. José Bardini (avô) casou-se com Santina
Sestaroli, também de origem italiana. Desta união nasceram nove filhos:
1º Rosa, casada com Antonio Aristides, que lhes deram netos; 2º Antonio, casado
com Aparecida, que lhes deram netos, 3º Cláudio, casado com Maria Munerato
que lhes deram dois netos, José e Dolivar; 4º Genoveva, casada com Alcides que
lhes deram dois netos, Fernando e Antonio; 5º Domingos, casado com Rosa
Sechinel, que lhes deram três netos; 6º Maria, casada com Antonio Zapata que
lhes deram três netos; 7º Luiz, casado com Agda que lhes deram três netos; 8º
Aurora, casada com Arlindo Aristides que lhes deram netos; e, 9º Aparecida, que
lhes deram uma neta, Magda.

Quando e por que veio a Peabiru-PR?


Veio a Peabiru na década de 1950, para conhecer um pouco esta região
do Paraná. Voltando ao Estado de São Paulo, resolveu vender sua propriedade e
transferir-se com toda a família para Peabiru, onde comprou uma fazenda com 46
alqueires, metade mato, metade com café e o restante pastagem.
A chegada da família a Peabiru aconteceu no ano de 1954, ano da
criação do município e eleição do primeiro prefeito, Silvino Lopes de Oliveira. A
possibilidade de produzir café foi o grande atrativo para a mudança. A história da
região quase sempre relacionada à cafeicultura foi pautada por predomínio de
pequenos e grandes estabelecimentos agropecuários e uso intensivo de mão de
obra (suprida pela família e agregados).
No início, derrubaram-se as matas e se plantou cerca de 70 mil pés de
café. Nesta época, Peabiru possuía suas ruas centrais movimentadas, muitas
construções e uma diversidade de estabelecimentos comerciais. A cidade tinha
cerca de 30 mil habitantes.
Nas décadas de 1950, 60 e 70, ápice da produção de café no estado, foi
quando o município teve uma economia das mais pujantes, sendo cotado para ser
um dos pólos de desenvolvimento da região. Produtores de café trouxeram a
riqueza à cidade e a transformaram em agitado centro urbano. Tão rápido quanto

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a sua formação e ritmo inicial de crescimento foi o processo de transformação
ocorrido na região.
Fatores conjunturais que já vinham se apresentando em relação à
cafeicultura associaram-se a fatores circunstanciais (necessidade de renovação
dos cafezais e principalmente as geadas), que promoveram a erradicação desta
cultura. Assim, devido à falta de oportunidades para donos de pequenos
estabelecimentos agropecuários e para trabalhadores agrícolas de forma geral,
ocorreu um grande êxodo não só apenas no campo, mas regional. Desanimado
com a situação dos cafezais de sua fazenda, José Bardini resolveu vender sua
propriedade e tomar outros rumos. Da família Bardini permaneceram em Peabiru
seus netos, Dolívar e José Bardini, o Professor Bardini, casado com a professora
Neuza Antonia Bassi Bardini. Desta união nasceram dois filhos: 1º Cesar, casado
com Simoni que lhes deram um neto, Tiago; 2º Sandra, casada com Claudemir
que lhe deram uma neta, Yasmin.
Daquela época duas coisas marcaram Peabiru. Uma foi o futebol.
Tínhamos dois grandes times de futebol, a ACERP (Associação Cultural,
Esportiva, Recreativa Peabiruense) e o Operário, atração principal nos domingos,
principalmente quando jogavam os dois, pois a torcida era acirrada e
normalmente acabava o jogo com algumas agressões leves. Outra partida
disputada com garra era quando jogava Peabiru (ACERP) x Campo Mourão. Este
jogo quase sempre terminava em briga. O campo ficava praticamente lotado de
torcedores. A segunda era o Cinema. Havia dois cinemas: o Cine Vera e o Cine São
Jorge (Cine Vera, cujo proprietário era Idimão Simão; e, Cine São Jorge, cujos
1ºs proprietários: Família Capuano e Marcon, posteriormente vendido para
Idimão Simão). Ambos os cinemas recebiam grandes plateias em busca de
diversão. Aos domingos eram três sessões, sempre com a casa cheia. Na Sexta
Feira Santa a “Paixão de Cristo” era um dos maiores sucessos de público da
época. Depois da geada, o café entrou em declínio e muita gente saiu da cidade.
Caiu o público e as pessoas perderam o costume de ir ao cinema. Um dos
cinemas foi vendido e outro com o passar do tempo encerrou suas atividades.
José Bardini Neto participa ativamente da Loja Maçônica Rui Barbosa,
fundada a 19 de junho de 1958, uma quinta feira. No começo, por não ter o local
adequado, os trabalhos transcorriam com certa dificuldade. Hoje conta com sede
moderna, na Rua Dr. Didio B. Belo.
Entre os fundadores estão Arnaldo Molinari de Carvalho, João
Rodrigues Dantas, Simão Nicolak, Petrônio Ferreira Sarmento, Euzébio Augusto
Valença, Domingos Camargo Ribas, Leônidas C. Nicolak, Olivaldo Gomes de
Lima, Idimão Simão, Ângelo Ramos Rodrigues e Oliveira Gonçalves Maciel.

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FAMÍLIA BARROS
JOSÉ MARIA DE BARROS
Texto produzido da entrevista a
AIDÊ DE BARROS

A
idê de Barros é a filha caçula de José Maria de Barros e Tercilia Imanca
Giuseppinna. Ele português da Província de Sião e ela filha de italianos,
tiveram os filhos, Aidê, Gilda, Armando, Nelson e Sílvio de Barros, o qual
foi prefeito de Peabiru de 1964 a 1968 e se casou com Delcia de Barros tendo os
filhos Delcimar e Sildemar. José Maria de Barros chegou a Peabiru na década de
1940, e por aqui montou o primeiro posto de gasolina da cidade. Aidê de Barros,
professora, casou-se com o também professor, saudoso Antonio Bassi, mais
conhecido como Professor Toniquinho.

Qual é a história da chegada dos Barros a Peabiru?


José Maria de Barros, meu pai, veio para cá no Brasil em 1913, com 13
anos de idade. Minha mãe chamava Tercilia Imanca Giuseppinna, e casaram-se
aqui no Brasil em 1925, dia 06 de junho. Eu sou a última dos filhos vivos. Tinha a
Gilda, 17 anos mais velha que eu, depois o Sílvio de Barros, 2 anos mais velho,
Armando 2 anos abaixo, um que faleceu com crupe, depois o Nelson. Depois do
intervalo de 7 anos, veio eu em 1943. A Gilda, o Sílvio, o Armando nasceram
dentro da cidade de São Paulo, dois no Belenzinho e um na Penha, depois o
Nelson perto de Picurubi-SP, para cá de Santo Anastácio, e eu nasci em Ibiporã-
PR. Sou a única paranaense dos filhos.
Meu pai saiu de dentro de São Paulo e houve aquele problema da guerra
de 1932, do Getúlio Vargas, daquela confusão. Então ele falou “vamos embora”.
Fomos para onde estava a família de minha mãe, em Santo Anastácio-SP, próximo
a Presidente Prudente. Santo Anastácio era uma cidade muito pequena e o Paraná
estava abrindo, tinha boas perspectivas. Ele disse “vou tentar no Paraná”.
Em Ibiporã ele foi para uma família de outro português que acudiu ele lá,
pois trabalhava dentro da água do joelho para baixo, o que o fez adquirir um
grande reumatismo. O patrão português ficou com dó: ele doente com 5 filhos
vivos ali, mais a mulher e então adiantou um bom capital para meu pai, que
comprou um caminhão. Ele comprava a mata virgem ali em Jataizinho e colocou o
Silvio de Barros para dirigir que já estava maiorzinho, contratou outro motorista e
começou a sobreviver disso. Comprava a mata em pé e ia lá com os funcionários,

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puxavam as toras, trazia até Ibiporã e jogava no pátio do trem que passava por lá.
No pátio do trem minha irmã mais velha cubicava a madeira, as toras, e quando
formava uma carga de trem meu pai ia junto levar esta carga até o Estado de São
Paulo para serragem, enfim, já tinha a Matarazzo, tinha tudo lá. Ele vendia
diretamente as toras. Ele foi progredindo, comprando um caminhão, dois, três,
quatro, até sete caminhões,
E nesse tempo que estava com esta frota, a minha irmã casada ficou
viúva. O meu cunhado, Osvaldo Duarte Leal, se acidentou de caminhão. Ele
morreu e o Armando se feriu. Por isso meu pai perdeu um tanto do rumo e
mudou-se para Peabiru. Eu tinha uns cinco anos de idade, de repente saímos de
Ibiporã. Pensei que estava saindo a passeio, pois, não vi nada, criança só dorme.
Chegamos a Peabiru. Descobri então que o pai em 1946 veio para o Sertãozinho.
Do Rio Ivaí até o Rio Dezenove era o Sertãozinho. Veio para esta região
procurando onde morar. Mudamos para em cá em 1950. Ele esteve por aqui em
1946. Aí ele ficou em dúvida se escolhia Peabiru ou Campo Mourão. Ele não
gostou de Campo Mourão que era só descampado com pés de Gabirovas, um
deserto, um cerrado só. Eu não fiquei sabendo de nada. Sei que cheguei a um
lugar que não era bonito, de noite, com fome, sede. Aquelas casas parecia mais
terra do que casa e meu pai já tinha arrumado tudo. Mandou os três filhos na
frente. O Nelson era rapaz de 14 anos, já para trabalhar no posto de combustível,
pois o posto já estava aqui desde 1949, parecia de Faroeste, onde hoje é frente do
prédio do Seconello (esquina da Raposo Tavares com Rua João Pereira dos
Santos) e depois destruiu o postinho e construiu outro posto, o qual é o prédio
que foi a Vesbalar.
Mudamos para o prédio no centro em outubro de 1959. Lá no posto ele
vendeu para o Vecco Sbardelatti, eles vieram da Itália e ficaram ali para pegarem o
jeito da região. O pai já estava fazendo o prédio (de dois pavimentos, entre a Av.
São João e Raposo Tavares, onde funciona hoje a Maromil Malhas). Nossa firma
teve sempre o mesmo nome: J.M. Barros & Filhos. Primeiro no prédio que o pai
construiu lá embaixo era só um postinho. Depois aqui para o prédio do centro ele
transferiu tudo, até a bomba. Lá onde estava a Maromil era um postinho. Era Auto
Peças, vendia trator, caminhão Internacional, Jipe Willis. Ficava um caminhão
Internacional em exposição dentro da loja, vermelho era menos, geralmente era
de cor branca o caminhão.
Quando cheguei de Ibiporã estudei na escola e a professora era Dona
Irene Nalim Duarte. Os oito anos iniciais de estudo meu foi na Escola Rui
Barbosa, que para mim era Escola Pública de Peabiru, onde fica hoje a Casa da
Cultura Nely Pinheiro. Tinha um pátio entre a prefeitura e a escola e outro do outro

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lado, para o lado. Eram duas salas de aula na frente, de madeira. Hoje tem que se
pensar assim, eram todos prédios pertencentes ao governo, pintados iguais: Loja
Rafha onde era o Hotel Peabiru; Marina do Foto Estrela onde era o Dr.Didio B.
Bello; Farmácia do Rogi e irmãos e depois um pátio, a escola, outro pátio e a
prefeitura, quer dizer uma casinha, que funcionava a prefeitura (o prédio de
alvenaria atual da Prefeitura Municipal foi inaugurado em 1960). Todas estas
casas citadas eram pintadas de terra com marrom (risos). Os frisos das portas
era um marrom, e os outros deveriam ser em amarelo. Na esquina surgiu a
prefeitura. Encostado na prefeitura separaram nosso pátio da escola, construíram
um prédio comprido que era o Fórum. Depois funcionou a inspetoria regional.
Tudo eram casas do Estado.
Depois de estudar os dois secundários, veio o terceiro grau, onde minha
vida com o Toniquinho começa. Eu comprava muitos gibis e ele foi lá trocar gibis.
Daí eu fui embora, perdemos contato, três anos em Londrina, voltei e fui ser
professora. Até que fizemos vestibular juntos. Resumindo a história, no dia que
recebemos a notícia que passamos no vestibular, na Tv Tibagi, assistimos na casa
de nosso irmão, porque ninguém mais tinha televisão, aí começamos a namorar.
E queríamos nos casar em 1969, quando conseguimos fazer alguma coisa,
começamos uma casa, não achávamos data para casar. Terminamos a faculdade
de letras juntos, eu e o meu marido, Toniquinho, em Jandaia do Sul (FAFIJAN), em
1971.
De Peabiru daquela época lembro-me do Bar Prudentina que era ao lado
do Banco Itaú, do Emilio Bueno, ao lado da farmácia do Artur Kuriki. Do outro lado
da avenida, só tinha a Casa Oriente, do Tamezawa que estava antes do Bazar
Juvenil. O Nelson Ferrone morou aqui e tinha comércio, onde era Dona Lídia
Notoya (hoje um consultório dentista) mais ou menos. A Casa Aliança do Nivando
Simionato era para cima da Casa Rosa, onde hoje é o Seminário dos Padres.
Estava de um lado depois passou para o outro, do lado do seminário. Nós
comprávamos gibis no Bazar do Bernardo Hubner, compadre do Darcy Klein, ali
onde está a Casa Guri, na esquina perto do Posto, onde era a Farmácia do
Paulinho Toste uma época. O Zé Mascate da Adelite tinha um comércio ali onde
era o José Costa Couto (Bar São José), pai do Milton, do Mauro, do Valter Couto.
Tinha as duas Adelites, a mãe e a filha. Na época do Eleutério, tinha o Raimundo do
Bazar Popular onde esta hoje a Rainha dos Calçados. Tinha o primeiro alfaiate de
Peabiru, o Noé Gomes Ramalho, que era pai da minha cunhada, que era casada
com meu irmão Armando de Barros. O Abílho Postali alfaiate veio na década de
1950 e era pai da Claudete. Arlindo Zagato, o Mané Pelota, tudo alfaiate. O Hotel
Cacique do Manelão, não era hotel, era dormitório e para baixo, o primeiro hotel

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mesmo de Peabiru foi dos Konstanski, que era particular e ficava abaixo da minha
casa, do ginásio, que depois virou hotel Coimbra (na esquina entre Av. Raposo
Tavares e Rua João Pereira dos Santos). O Euclides Teixeira era da Casa Guaíra,
nós comprava todos os tecidos, onde esta hoje a Máster Pão. Ele queria sair
candidato a prefeito.
O meu irmão Sílvio de Barros foi vereador da primeira e da segunda
legislatura e foi o terceiro prefeito de Peabiru (1960 a 1964). Foi o Sílvio de Barros
que trouxe o IBC, a Maria Fumaça para fazer asfalto (hoje em exposição no trevo
de entrada de Peabiru). A chegada da Maria Fumaça em Peabiru foi um evento
grandioso, a molecada adorava vê-la, corria atrás. A primeira rua a ser asfaltada
foi a do Bazar Juvenil, na Avenida Raposo Tavares.
Lembro-me também que aqui tinha uma espécie de “diligência de
faroeste” que depois serviu para desfile de carnaval. Era um carroção. Quanto ao
campo de aviação, foi alguém que tinha avião, com interesse, não foi assim
planejado. Estava desocupado e limparam a área (onde hoje está o Aterro
Sanitário, na estrada para as Laranjeiras). Foi na terceira ou quarta legislatura que
abriram.
Recordando aqui, a Dona Diva Portela foi diretora do secundário, da
Contabilidade. O Seu Juvenal Portella saiu candidato na primeira campanha e ele
morava ali onde funciona a Câmara Municipal, encostada no clube, na sede social
da ACERP. O Dr. Daniel Portella não abria a boca, só abria quando precisava falar.
Boa pessoa ele. Quando eu vim para Peabiru, o Dr. Didio Boscardim Bello já estava
aqui, morava na casa de madeira que existe até hoje no fundo do Foto Estrela do
Seu Nelson e Dona Marina Ito. Para construir o Foto, foi retirada parte da frente
da casa, onde era o consultório do Dr. Didio. Eu frequentava a casa do Dr. Daniel
Portella para brincar com seus filhos, pois Dona Julinda não deixava as crianças
saírem por nada. Nós não podíamos sair de casa, nem pensar uma sozinha, para ir
a escola.
Quando estudávamos faculdade fora, a estrada para Maringá era chão,
terra. Em 1968 e 1969 quantas vezes pararmos o ônibus devido a chuva e o
motorista mandar a gente descer. Estavam querendo fazer o asfalto e tinham
aqueles desvios. Eu tinha comprado um sapato novinho para ir para faculdade, fui
sozinha naquele dia e na volta, o ônibus parou na subida do Mamão. Tivemos que
subir a pé um barranco. Cheguei em Peabiru 4 horas da manhã e nem subi a
escada de casa com o sapato, ele ficou lá embaixo, na varanda, puro barro.

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FAMÍLIA BASSI
Texto produzido da entrevista ao
PROF. LUIZINHO BASSI

P
rofessor Luizinho, como é chamado, nasceu em Coroados-SP e chegou a
Peabiru aos 9 anos de idade, em 1951. Neto de Rosa Zanelatti e
Benevenuto Bassi e filho de Orlando Bassi e Assunta Frare, Luiz casou-se
com Carmem Bassi e tiveram três filhos: Luiz, Marcos e Carmem. Lecionou
como professor de 1965 a 1995. Foi secretário geral de 3 prefeitos: Lary C.
Razzollini (1968), Jorge da Silva Pinto (1980) e João de Bitencourt (1997). É
figura e voz marcante de Peabiru.

Como é a história da família Bassi com Peabiru?


Nasci na zona rural de Coroados, perto de Birigui, em São Paulo. Minha
avó tinha uma fazendinha de 60 alqueires de terra, onde vivia toda nossa família.
Cada um tomava conta de um pedaço de terra. As terras lá estavam cansadas e a
cafeicultura era o grande mote do momento, a produção que sustentava o país na
época. Então eles sonhavam por terras melhores, que produzissem mais, menos
cansadas. Minha avó acabou vendendo lá e já com a perspectiva de procurar o
Paraná que era como falavam “uma terra que produzia terra roxa, própria para a
cafeicultura”.
A minha avó se chamava Rosa Zanelatti Bassi e meu avô Benevenuto
Bassi, que veio da Itália. Ela era de família italiana, mas nasceu aqui no Brasil.
Grande matriarca, pois meu avô morreu cedo e deixou 16 filhos. Ela decidiu
vender a fazenda, vir para o Paraná, dividiu direitinho a venda e meu pai comprou
aqui um sítio perto do Rio Claro. Paulo, Henrique e o Guilherme formaram uma
empresa comercial que se chamavam no começo de “Três Irmãos”, mas na
verdade eles começaram com secos e molhados e depois separaram: o
Guilherme ficou com este prédio da esquina que era Casa de Calçados e o
Henrique foi cuidar de loja de material de construção. Do Tio Paulo acabei ficando
sócio dele na segunda fase da Rainha dos Calçados, fundada pelo Luiz Pozzobom
e Arlindo Pozzobom. Meu tio comprou deles e depois meu pai entrou como sócio
no comércio onde hoje é a Loja da Fran.
O mais velho dos meus tios chamavam de Tio José, mas o nome dele era
Paschoal, não sei por que o chamavam de José. O tio Nico era o Reinaldo. Tem a

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Diolinda que mora aqui e é filha dela a Mercedes. O Horácio que morou muito
tempo aqui; o Benevenuto; Tio Júlio, pai do Jonas, do Antonio e do Nelson Bassi
e tinha o Tio Francisco. A tia Maria seria a segunda na escala. O Ricieri Bassi, que
é pai do Edio, do Bento, da Vilma, que mora aqui ainda, a Laura Bassi, mais o
Antonio que mora em Curitiba. São os filhos do Ricieri. Depois tinha a Dozolina
Bassi, que era a mãe do Antonio Élio Zagato, irmã de meu pai e tinha a alfaiataria
ali, o Arlindo Zagato. Meu pai se chamava Orlando Bassi e minha mãe, Assunta
Frare Bassi. Meu avô era Frare, Luiz Frare, minha avó materna, era Anelina
Campanelutti Frare. Somos três irmãos: eu, a Santina Bassi e o Nininho, que
militou muito no esporte aqui, que é o Antonio Bassi.
Cheguei aqui com 9 para 10 anos de idade em 1950 para 1951, mais
para 51 que 52. Aquele tempo, a estradas eram todas de terra. Viajamos uns dois
dias, pousamos em Apucarana. A mudança veio de caminhão. Inicialmente eu
vim morar na zona rural. Aqui meu pai Orlando Bassi foi funcionário público
municipal, no jardim aqui da praça. Ele é que ligava a TV que ficava instalada na
praça. Trabalhou na prefeitura até se aposentar.
Eu vim para a cidade para estudar a 4º série e me lembro de que o grupo
escolar era aqui onde esta hoje mais ou menos a Casa da Cultura. E era um prédio
alto em madeira. Depois foi criado o ginásio municipal de Peabiru e aí eu fui meio
pioneiro deste ginásio, fui da primeira turma: Aurea e Dalva e depois eu, Osvaldo
Evangelista de Macedo, que foi Deputado Federal, o Martins Hanst Koch, o Pedro
e Zezinho Sartorelli e o Nelson José de Barros.
Geralmente as pessoas acham que fui eu que comecei com o serviço de
som em Peabiru. Mas foi o Albino Zinni. Ele funcionava o alto falante e falava num
programa chamado o “Paraná em Marcha”. Alto falante começou onde era o
Supermercados Pratas. Ele que me chamou para trabalhar com som, para
divulgar os filmes. Quando o cinema começou a decair eu me transferi para o som
da igreja.
No salão de baile da ACERP trouxemos na época aqui o Rui Rei e
Orquestra, que trabalhou em vários filmes das chanchadas do Oscarito e Grande
Otelo, a Orquestra Panamericana, Jorge Goulart e Nora Ney, parte de escolas de
samba, o Francisco Egydio, o Cassino de Sevilha e a vedete Virginia Lane. Aqui na
quadrinha de fora do Ginásio de Esportes vieram jogar times como o Corinthians,
o São Paulo e a Seleção do Paraguai. Lotavam as arquibancadas.
Quanto ao acidente entre Peabiru e Campo Mourão, o único que não
faleceu foi o João Rodrigues Dantas, o qual contou que o Cassemiro Radominsky
teve um mal súbito, tirou a cabeça para fora da Kombi, puxou o volante e foi para
pista contrária depois de ultrapassar o ônibus que bateria nele. Uma batida

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inusitada. Morreram o Modesto Saldanha, Luchtenberg, Cassemiro e o filho Cajo,
de 18 anos.
Um fato curioso foi na campanha para prefeito de 1964, que o
Augustinho Vecchi perdeu para o Eleutério. Eu estava conversando no banco da
praça, bem na esquina, e o Bar Vera aceso com luz, pois a luz apagava às 11 horas,
era luz a motor, e o Bar Vera tinha um motor próprio. Era o único lugar que se
mantinha iluminado, parecia mariposa, todo mundo ia para o bar, beber,
conversar, se encontrar, e eu conversando com um velhinho que era palmeirense
doente. Ai o Eleutério passou com a camionete. Eu disse:
-Nossa, tomara que ele não pare!
E tinha acabado um comício e a estavam todos reunidos ali. O
Augustinho, o Silvino Lopes que era Deputado e apoiava o Augustinho estavam
no bar. E o Eleutério passou.
-Graças a Deus, ele virou e foi embora!-Pensei.
Dois minutos depois ele vira a Av. Vila Rica e encosta a camioneta.
Desceu, entrou no bar e os seus dois seguranças ficaram, um em cada porta.
-Agora vai morrer todo mundo!-Pensei eu, do banco da praça, olhando.
Um silêncio no bar. O Eleutério desceu, tomou um copo de refresco da
Fonte Luminosa, daquele refresco que fica borbulhando no balcão. Andou um
pouco e ficou em frente do Silvino Lopes, tudo e todos em silêncio. Limpou os
pés, pois aquele tempo era só terra aí. Os dois lados sabiam que bastava uma
faísca para a coisa ferver. Saiu e foi embora. Foi uma tensão aquilo.
Recordando aqui, a história do cinema começou com a família Simão,
um cineminha de madeira, pequeno, era uma casinha, mais ou menos ali, onde
era o Cine Vera e a esquina. Capuano e Marcon eram donos do outro cinema, o
Cine São Jorge. Depois o Idimão Simão comprou o Cine São Jorge e foi aí que
entrei de vez no serviço de som, pois eu brincava com um negócio de futebol,
fazendo propaganda dos jogos na rua, naqueles alto falantes de corneta limitada.
Eu gostava daquilo, nunca joguei futebol, mas participava. Sempre no meio,
acompanhava as caravanas, era “molecão” ainda. Então o Idimão comprou o Cine
São Jorge e me falou:
-Ô Luiz, preciso de alguém para divulgar os filmes! Pega o alto falante,
arruma umas firmas aí que rendera um troco! Você e a namorada não vão pagar
para assistirem os filmes!
Assim foi com o Idimão. Convivi muitos anos com ele. Depois do Cine
São Jorge ele construiu o novo cinema em 1966, o Cine Vera. Aqui na época o
cinema era melhor que o de Campo Mourão. Depois Campo Mourão fez um cine
teatro grande por lá.

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FAMÍLIA BITENCOURT
Texto produzido da entrevista a
ARISTIDES e MARIA BITENCOURT

A
ristides Bitencourt nasceu da cidade de Tubarão, Santa Catarina em 1925.
Filho de Acácio Izidorio de Bitencourt (1888-1964) e Albina Maria
Bitencourt (1893-1984) chegou a Peabiru em 1952. Casado com Maria
Bitencourt teve seis filhos: José (Zeca), Marli, Mário, Irema (in memoriam), João
e Severino, e estabeleceu-se trabalhando no ramo da serraria de madeiras.

Como é sua história com Peabiru?


Eu vim da cidade de Tubarão, Santa Catarina em1953. Em outubro de
1952 cheguei aqui e fiquei até o fim do ano e no começo do ano novo de 1953 fui
para Santa Catarina buscar a mudança. Vim, conheci Peabiru e voltei para buscar
a mudança. Tinha um irmão, o José Acácio, que já trabalhava aqui no Vasco.
Estavam montando, aumentando a serraria e fiquei trabalhando com meu irmão
por três meses. De outubro de 1952 a janeiro de 1953. Nós chegamos aqui
morando na casa do José. Nós com duas crianças e eles com duas menininhas já.
Depois com ajuda do José construímos uma casinha para a gente entrar, aqui
embaixo, onde era a Serraria do Vasco. Quando viemos para Peabiru tínhamos
um filho homem e uma filha mulher com 4 meses. Cheguei a Peabiru e daí nasceu
os outros filhos. Todos nasceram aqui. O João Bitencourt, o primeiro, que nasceu
quando ia fazer um ano que estávamos aqui. Depois veio o Mário, e depois uma
menina que chamava Irema, mas ela faleceu com 1 mês e 27 dias, pois naquela
época nem tinha médico. Foi o Dr. Didio Boscardin Belo que atendeu ela, deu
aquela doença de garganta, o Crupe, e até sair da grota da serraria e ir até lá, ela
chegou muito mal.
Para vir para cá, em Peabiru, naquele tempo não tinha asfalto, não tinha
nada, era estrada de chão. Levamos 5 dias e 4 noites. Os três motoristas
revezavam, enquanto um dormia, outro dirigia. Parávamos somente para beber
água, comer alguma coisa, e era assim. Nós chegamos ao Rio Ivaí e
atravessamos na balsa. Foi quando eu fui buscar a mudança que estavam fazendo
uma pontezinha de madeira no Ivaí. Fizeram um metro só longe da água, a
primeira enchente que deu a carregou embora (risos). Quando eu passei a minha
mudança na pontezinha eles estavam acabando de roçar a beira, a saída para cá

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para fazer a outra estrada. O primeiro que passou na pontezinha fui eu. Nós,
quando viemos com a mudança, saímos nove horas da manhã de Maringá e
chegamos aqui em Peabiru às sete horas da noite.
Quando cheguei a Peabiru comecei a trabalhar na Serraria da Água, e
depois com o tempo a Serraria mudou para a beira da estrada, fiquei mais um
tempão lá. Aqui tinha muita madeira, era um perobal, palmital, e tudo no
machado, não tinha motosserra. Tinha muito pinheiro, era o que mais se cortava,
pinheiro e peroba. Eu trabalhava para o Vasco na serraria de baixo, na Serraria da
Água. Foi por 30 anos e depois ela foi para beira da estrada. Eu comprei a parte
dele, e foi onde eu montei aqui, onde está a Serraria do Norte hoje.
Tinha muito bicho por aqui. Aquele Zé Polaco que morava aqui e foi
embora para Santa Catarina atirou em uma onça bem no pátio da Serraria. Ela saiu
do mato para o limpo, e ele acostumado a caçar, já estava tudo preparado com
espingarda e tudo. Tinha que cuidar na hora que saía no trecho. Daí, da serraria
até Peabiru, era tudo mato.
Quando chegamos aqui, tinha dois irmãos que vendiam para nós, os
Paredes, e também o Venício Vecchi da Casa Catarinense. Não tinha esta igreja,
era uma igrejinha de madeira que tinha lá do lado. Era assoalho de tábua e quem
cuidava era o Padre Aloízio Jacoby (pároco em Peabiru de 1953 a 1963), que tinha
construído esta igrejinha de madeira, e já estava construindo a catedral de Campo
Mourão, começando a construir a igreja de Peabiru de hoje, de tijolo. Tinha a
turma dos Bassi também, seu Ricieri estava começando a construir a sorveteria.
Seu Henrique, Seu Guilherme, Orlando. O Ricieri tinha uma sorveteria, e aqui ele
veio serrar madeiras, comprou umas pranchas para armar as coisas dele.
Naquela época seu Eugênio Alves já morava por aqui, ali na fazenda Santa Clara. A
família dele veio bem antes, em 1940 mais ou menos. Eram antigos aí, foi um dos
primeiros sitiantes que conhecemos. Aqui tinha a família do Chico Mangueira,
que morava ali na Vila Rica, as filhas dele eram nossas vizinhas, um era padrinho
do Mário e foram tudo embora. Da turma do Chico Mangueira, hoje, só tem a
mulher do finado Tito Baio por aqui. Também conheci o Urbano Carrero, tinha um
alambique aqui perto da serraria, aqui embaixo no Rio do Campo. Quando
chegamos aqui o João Torres já mexia com açougue, só com porco. Carne,
linguiça, a gente só comprava dele, era bucho cheio que ele fazia, tão gostoso, ele
era muito caprichoso nas coisas, limpinho. A Vila Rica era só barro, quando
chovia era complicado. A estrada da serraria daqui dava direto, continuava na Av.
Vila Rica. Lembro-me do Nilo Juchem, que veio cedo para Peabiru também,
tinha a serraria ali na ponta do Trevo, o Nilo e o Hildebrando eram os chefes, o Nilo
cuidava e o Hildebrando era sócio. Nesta época de 1950 tinha oito a dez serrarias

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aqui em Peabiru. Tinha a Serraria dos Portugueses, dos Alemães do Rio Claro,
que depois vieram para a cidade, e compraram ali do Dario Munin. Primeiro era o
Dario Munin, que era o dono. Os Bananas eram mais antigos ainda, os Arambul
Maldonado.
Quando eu cheguei, era a eleição do Silvino Lopes. Fui ao primeiro
comício aqui em Peabiru, e fui lá assistir. Peabiru ainda não era município. Eu
estava sozinho aqui na época da eleição. Naquela época a coisa era braba, tudo
era no tiro. Era na bala. Estava na beira da rua quando aconteceu a morte do Dr.
Chede, que era um advogado catarinense, de Florianópolis. Ele não pedia segredo
não, falava o que tinha que falar. Estava encostado, com um pé levantado no poste
e o cara atirou nele por trás na nuca. Ele só abaixou e caiu. A cidade tava indo bem
e a política começou a desandar ali. O barulho mesmo, maior desta cidade, que eu
conheci, foi na eleição para prefeito entre o Venicio Vechhi e o Silvio de Barros,
que ganhou a política. Eram dois candidatos. Fizeram um barulhão danado (em
1964).
Lembro-me da Serraria do Sergio Liza, que queimou. Era um domingo,
eu fui junto com os amigos para ver. A Serraria estava toda queimada. Daí ele foi
embora para Campo Mourão e lá ele fez um “movimentão” grande lá. Aí começou
a entrar a política de incentivo. Se uma cidade não queria, a outra puxava. Então o
município de Peabiru foi castigado.
Aqui não tinha luz nem nada. Precisava ver quantas carreiras dávamos
para ir lá arrumar a luz, lá, da turbina na beira da água. A luz que presta veio aqui
somente quando montou a serraria, em 1982. Acabava a luz e então descíamos de
madrugada para ir lá à turbina e ajeitá-la com a luz do lampião. Eu levava os
meninos juntos para ajudar. Lembro-me também do Hotel do Norte, ali na Vila
Rica, que era da irmã do Vasco, a Leocádia. Os pais deles eram a Dona Verônica e
o Seu José. Quantas vezes o Seu José, quando nós morávamos lá embaixo na
Serraria, ele ia lá jogar baralho e a Maria fritava bolinhos. Ficávamos até meia
noite, no baralho, com o lampião para “alumiar” a casa. A Maria acendendo o fogo
no fogão de lenha, fazendo café, os homens tomando vinho e as crianças
brincando no claro da lua lá fora.

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FAMÍLIA CAMPANELLI
Texto produzido da entrevista a
WALTER CAMPANELLI

W
alter Campanelli, hoje com 79 anos, chegou a Peabiru em 1952. Filho
de João Campanelli (1902-1979) e Eliza C. Campanelli (1902-1986).
Sua Irmã Caccilda Tezeli veio para cá em 1951. Eram 5 mulheres e
somente um homem nos filhos. Ao todo a família era de 12 pessoas, mas 6
morreram crianças. Walter casou-se em 1956 com Rachel Ferraz e tiveram os
filhos Emília Cristina e Walter Campanelli Jr.

Como você chegou a Peabiru?


Eu trabalhava de viajante em Mirandópolis, noroeste do Estado de São
Paulo e fui servir o exército. Quando voltei fui trabalhar de viajante. Meu pai, João
Campanelli tinha uma chácara. Mas minha irmã veio para cá em 1951, Caccilda
Tezelli e meu pai veio visitá-la, e insistiu muito para meu pai mudar para cá. Eram
cinco mulheres e somente eu de homem nos filhos, pois nossa família eram em
doze pessoas, mas seis morreram novo. Quando meu pai voltou lá em
Mirandópolis, vindo daqui de Peabiru, contou a história de Peabiru, que estava
em grande progresso. Naquela época, Peabiru tinha 35 mil habitantes, era a
época do café, e meu pai se entusiasmou com isso, com aquele grande
movimento. Meu cunhado foi o primeiro pastor aqui em Peabiru, Américo. Tinha
tanta gente, tínhamos aqui seis hotéis. Tinha o Hotel São Luiz, o Restaurante do
Verdadeiro, que era freguês de nosso açougue. Hotel do Manelão. Do Seu Luiz
Coimbra, lá embaixo, o Hotel Coimbra, que tinha as filhas todas professoras.
Tinha o Hotel Central na esquina, que era do Seu Arlindo. Hotel do Norte da Dona
Leocádia. Dormitório Peabiru, do Afonso Dias Bastos. Dormitório Monte Azul do
Cirilo Macedo (pai do futuro Deputado Federal, Osvaldo Macedo). Então o
movimento que Peabiru tinha entusiasmou tanto meu pai, que ele insistiu:
-Vamos para lá, filho?
-Não pai, não vou não.
Como eu era muito apegado a minha mãe! Vou te contar uma coisa, eu
trabalhava de empregado, mas nunca trabalhei um domingo sem almoçar com
minha mãe, era sagrado isso. E minha mãe insistiu e me convenceu. Vim para cá
em 05 de maio de 1952. Demorei três dias para chegar aqui. Pegava o ônibus em

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Valparaíso-SP, ia até Presidente Prudente na divisa com o Paraná. Daí pegava
outro ônibus para chegar a Maringá. Dormia em Maringá e noutro dia chegava a
Peabiru, tudo chão, sem asfalto. Hoje com 5 horas você faz todo este trajeto.
Chovia você tinha que empurrar o ônibus. Cheguei a Peabiru. Conheci o
Augustinho Vecchi, foi o primeiro amigo que tive aqui. Ele trabalhava com o tio
dele, o Venicio Vecchi, da Casa Catarinense. Gostei de Peabiru.
Com açougue foi assim: meu cunhado quis sociedade e meu finado pai
entrou como sócio e eu também. Trabalhamos quatro anos em sociedade com
ele. Fizemos uma cadeia de açougue, em Peabiru, Campo Mourão, Terra Boa e
Cianorte. Esparramamos a família toda. Eu fui para Campo Mourão, o irmão do
Américo foi para Terra Boa, outro irmão foi para Cianorte. Então em 1956 eu me
casei e vi que não dava certo mais aquela sociedade, tomei um prejuízo danado,
fiquei a zero e não tenho vergonha de falar isso. Comprei um açougue aqui, eu e o
pai, e trabalhávamos muito. Trabalhamos e vencemos na vida. O Açougue era na
esquina da Raposo Tavares com a Rua Cassemiro Radominsky. Para comprar
porco e boi para o açougue, já que aqui não existia para comprar, íamos ao Estado
de São Paulo comprar, em Presidente Prudente. Gastávamos 16 dias de viagem a
cavalo para trazer este gado, passávamos em três, quatro lugares e trazíamos
200, 300 bois em cada viagem. Para ir tínhamos uma tropa pronta.
Atravessávamos três balsas com o gado.
Naquele tempo aqui tinha o Banco Bamerindus e do outro lado, Rainha
dos Calçados, do lado, as Lojas Pernambucanas. A Rainha dos Calçados era do
Luiz Pozzobom, dele e do Arlindo Pozzobom. O Luiz Bassi comprou deles. Do
outro lado do açougue, na Raposo Tavares, tinha o Notoya do Bazar Juvenil. A
farmácia do João Dantas era do lado do nosso açougue. Tinha o Geraldo Farias e
o Pedro Coletor, ambos da Coletoria Federal. Era para ser tudo aqui em Peabiru,
pois aquele tempo tinha um progresso. Tínhamos 30 mil habitantes, era muita
gente. Tinha tudo aqui e foi esparramando. Peabiru podia ter crescido e
deslanchado, foi uma época que faltou base política. Eu mesmo nunca pensei em
política, mas o finado Dr. Alderico e o tenente Valdir, que eram meus vizinhos
disseram:
-Campanelli, você vai entrar como vereador!
-Alderico, não faz isso comigo não...
-Sim, eu vou por o nome do senhor sim!
-Não, não mexe com isso não...
Mas no fim fui e por um azar eu ganhei a eleição (em 1968).
Voltando, aqui tinha também a Casa Rosa na esquina e tinha a
Pernambucanas, no meio da quadra, ao lado da Loja Renascença, dos Irmãos

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Pequitos, onde hoje está o Moveis Peabiru. Bancos, tínhamos o Comercial, Caixa
Econômica e Bamerindus. Por coincidência, Banco do Brasil está aqui hoje,
porque eu e o finado Prefeito Jorge da Silva Pinto (mandato de 1978-1982)
fizemos uma luta sem trégua. Fomos a Brasília, ao Rio de Janeiro. Onde o
Presidente da República João Baptista Figueiredo estava, estávamos atrás.
Nosso campo de futebol era onde é a praça central hoje. Nós tínhamos
dois times aqui, o Operário do Dario Munin, lá da Serraria e a ACERP. A família do
Dário Munin morava em Campo Mourão. Tinha o clube da ACERP, 25 de Julho dos
alemães. Naquele tempo a ACERP tinha um grande time de futebol. Fomos
convidados para jogar contra um time do Rio de Janeiro, em Londrina. Tomamos
de 14 a 0 (risos). Londrina naquela época não tinha time, e a ACERP tinha um
timaço. Chamaram o Olaria do Rio de Janeiro, tomaram 14 gols. O Dr. Alceu era
goleiro, tomou 8 gols e saiu. Neste tempo eu fui 12 anos presidente da ACERP.
Nosso clube era lá embaixo, onde o Professor Walter mora, ao lado da Câmara de
Vereadores hoje. Trouxemos atrações como o Rui Rei, Cassino de Sevilha, cada
orquestra que a turma ficava boba. Cinema tinha dois, Cine Vera e Cine São João.
Tinha duas fábricas de refrigerante aqui, bem na Rua Juvenal Portela: São João,
do Bergamaschi e do finado Bonjorno e a do Mathias. Uma em frente da outra.
Na segurança, tínhamos o Genésio Marino como delegado. Manelão do
Hotel foi delegado também e a cadeia era no hotel dele. Tínhamos o Cabo
Cordeiro, Sargento Moura e Tenente Valdir, o Cabo Piaçava que mataram, fora os
soldados. Uma época morou o Major Garret aqui, que morava onde era a Rainha
dos Calçados, e ele foi a Curitiba cuidar da segurança do governador. De Serraria
tinha do Sergio Liza, do Dario Munin, dos alemães, os Hubner perto do São
Roque, a dos Portugueses, do Nilo Juchem e Hildebrando na ponta do Trevinho.
Os alemães compraram a serraria do Dario Munin, onde hoje é a escola 14 de
Dezembro. Silviolândia existia e era chamado de Furabucho, um lugar bom, com
bastante gente. Peabiru era longe e o comércio lá era bom. Hoje acabou tudo.
O primeiro juiz de Peabiru foi Dr. Jorge Andriguetto. Naquele tempo
vinham os júris até de Cruzeiro do Oeste, de Umuarama.

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FAMÍLIA CHAGAS
Texto produzido da entrevista a
CUSTÓDIO E GENÉSIA CHAGAS

ustódio Francisco Chagas nasceu no Sítio Água do Engenho de Ferro, em

C Ibiporã-PR no ano de 1945. Filho de Anésio Francisco Chagas e Júlia


Francisco Chagas, casou-se com Genésia Chagas e tiveram três filhas:
Simone, casada com César, que gerou o neto Tiago; Silvana, que deu dois netos
ao casal, Pedro e Gabriel; e a filha Sibele, casada com Nelson, que gerou o neto
Raul. Com o pai de Custódio vieram para Peabiru também os tios, Francisco
Chagas e Elvira. Custódio teve os irmãos, Cipriano, Ceputi, Joel e Irene, todos
morando em Peabiru. Os saudosos primos, filhos do Lausino e Elvira, cujo mais
velho chamavam de “Lalai”, trabalhou como protético com o Dr.Yoshio; e o
Quinho, o qual por ser um bom jogador de futebol, foi convidado a trabalhar em
Japurá-PR, no Banco Banestado.

Custódio, o que levou seus pais escolherem Peabiru para morarem?


Meus pais aportaram aqui em 31 de julho de 1951, eu tinha 6 anos de
idade. Um frio, chovendo pra rebentar, não tinha asfalto. De Maringá pra cá era
mato e terra, balsa no Rio Ivaí. Enfim chegamos aqui e fomos onde mora o seu
Elias Torquato, em um bar do meu tio, onde moramos no fundo. Depois
construímos uma casa na Rua. Maria Helena Bassi, próximo ao Mercado do João
Batista, onde moramos muitos anos. Adiante, meu pai se estabeleceu como
barbeiro, para em 1960 comprar uma chácara. O pai e meu tio eram barbeiros,
nesta esquina onde está hoje, o seu Manoel Pelota. Ele trabalhou ali quase 40
anos de barbeiro, sempre ali.
Já eu comecei a trabalhar com 11 anos, num sítio ali no Saltinho
(estrada para Silviolândia, km 2), plantando arroz no brejo igual japonês e chinês,
pois meu pai de origem capixaba gostava de trabalhar em brejo. Fui para o
exército, fiquei lá por quase um ano, bem na época da Revolução de 1964.
Vindo do exército, fui trabalhar com meu pai no sítio e fiz datilografia,
com o professor Neli (Pinheiro, nome da Casa da Cultura), e depois passei a dar
aulas nesta escolinha também. Cuidei da escola por uns três, quatro anos,
inclusive o João Carlos Klein estudou lá, era meu aluno,
Quanto a minha história no Sindicato dos Trabalhadores Rurais, fui

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convidado para fundá-lo. Os amigos me procuraram através do padre, pois este
movimento iniciou-se na igreja. Procuravam uma pessoa jovem, com um pouco
de estudo, para iniciar a frente agrária, criação de sindicato, que na época era
coisa de comunista, coisa perigosa.
Assumi em 1971 e 1974/75, o sindicato criou muita força, reivindicando
muito do governo e ele não tinha recursos. Foi onde se criou o FUNRURAL, pois
tinha muita gente na zona rural. Tínhamos laboratório, dentista e consultório
médico. Na época, em 1972/73, atendíamos mais que o INSS, eram filas de gente.
Tínhamos então um tanto para consulta, para laboratório, para dentista e
conseguíamos profissionais para trabalhar não em troca de dinheiro, mas por
amor, como o Dr. Mauro (Foristieri) Dr. José, Dr. Omar, Dr. Ioshio e Dr. Hitler. Logo
fomos pressionados a construir, pois tínhamos uma construção em madeira, e
queriam tudo em alvenaria. Mas conseguimos construir, com ajuda do povo e dos
amigos. Participei do sindicato de maio de 1971 até 1992, quando eu fui trabalhar
na prefeitura com o João Carlos Klein.

Genésia de Souza Chagas (Genésia, em homenagem a avó paterna)


nasceu em 15 de Agosto de 1951, às 7 horas da manhã em Peabiru. Filha de Isaias
Ferreira de Souza e Isabel Calixto da Silva vieram de São Paulo com três filhos
mais velhos, Ivete, Sirlei e Wesley. Foram morar em Floresta-PR, depois em
Floriano-PR, quando residiram até o nascimento de Jurandir, o irmão mais velho.

Qual a história de seus pais com Peabiru?


Vieram para Peabiru, em 1949, morar na antiga Olaria do Calixto (no
córrego abaixo do Conjunto 66). Depois da olaria, meu pai comprou uma
Chácara, aqui onde é a Coamo, antiga IBC, inclusive meu pai ajudou a fazer a bate-
estaca, a fazer toda aquela construção, do antigo IBC, na época era muito cafezal.
O pai comprou uma chácara que era do Osvaldo Kuhl, e nesta época eu já estava
fazendo o ginásio. Quando eu terminei, na segunda gestão do Prefeito Eleutério
Galdino de Andrade, o meu pai sendo muito amigo do seu Eleutério, perguntou se
eu não queria ser professora porque a professora da escolinha do sítio tinha se
casado, e a escola estava sem professora. Eu disse que não, que meu sonho era
ser enfermeira.
A escola era na terra do seu Orílio Teles, já falecido, pai da Judite e da
Mariona. Era lá no alto do morro, no meio do pasto. Tinha 45 alunos, e quando eu
me formei a minha aluna ficou dando aula, a Regina Marangoni. Eu comecei em
1965, lá para 1966, 1967, Luizinho Bassi, que era secretário do prefeito, foi até
minha casa com o fusquinha, pegar os meus documentos pra me nomear, mas

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quando ele viu meus documentos, ele não pode me nomear, porque eu não tinha
idade. A nossa secretaria da escola era a Dona Mirian Basso, mulher do Valter
Basso.
Em 1968 eu conheci o Custódio. Veio uma prima minha do Rio de
Janeiro, ficar uns dias aqui na minha casa, e naquela época não existia telefone,
televisão, era correspondência por carta, e ela perguntou onde havia um lugar
para escrever no envelope letras datilografadas. Levei-a para a escola dele, em
frente ao Olavo Bilac. Chegando lá eu o apresentei. Feito o serviço, eles saíram, eu
bati o olho nele e já gostei, e quando eu saí, olhei para trás e lá estava ele na porta
me olhando. Namoramos dois anos, de 1968 a 1970 e nos casamos em 1971.
Nas festas, no pátio da igreja de madeira, tinha uma casinha para fazer
leilões e quem gritava o preço do frango, do bolo, do refrigerante, da quermesse
era Sr. Venício Vecchi. A praça ali era um campo de futebol. A rodoviária era onde
hoje é o restaurante Detalhe (esquina da Av. São João com Juvenal Portela). Era
muita gente, na época de festas ali no jardim, não dava pra andar, vinham aqueles
caminhões de fazenda, e você ficava perdido, e depois de 1972 e 1973 era
intransitável até 11 h da noite.
A primeira televisão foi no Bar Vera. Depois logo em seguida o Prefeito
colocou uma no Jardim, no Obelisco. A primeira novela foi “Os irmãos
Coragem”. A gente saía da escola e ficava ali vendo o Tarcísio Meira. Aquilo fervia
de gente em volta. Fizeram um suporte de madeira, uma caixa e cobriram. Um dos
Bassis, Seu Orlando Bassi, que cuidava do jardim, era responsável por ligar a
televisão. A televisão ficava virada para lado da igreja e funcionava somente à
noite. Ligava e o povo ficava lá no meio da praça. Lembro-me uma vez que veio
um rapaz andar de bicicleta, ele, um mexicano, ficou três dias e três noites
andando em volta do obelisco. Estas são as lembranças que a gente tem.
Recordo-me que quando jovem a gente brincava muito. Juntavam os
mais velhos, os moços, as moças e a luz ía só até às 10 horas da noite, então
aproveitávamos a lua cheia. Brincávamos de passar anel, contar piadas, contar
histórias.
Quando os mais velhos contavam histórias, passava um mosquito e a gente
escutava. Na prosa, ficavam minha família, eu, meu pai, minha mãe, mais três ou
quatros irmãos, meus primos, o Sr. Sezinando Ribas, a família do Daniel, do Zé
Teófilo, entre outros.

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FAMÍLIA CONCEIÇÃO
CALDEIRA
CONCEIÇÃO ANTONIO DA SILVA

onceição Antonio da Silva era mais conhecido como Conceição Caldeira.

C Nasceu em 05 de junho de 1882 e faleceu em 27 de agosto de 1996. Casou-


se com Izabel Rita de Jesus e desta união nasceram os filhos João,
Francisco, Sara, Benedita, Alice, Terezinha, Francisca e Ruth.

A história de Conceição Caldeira em Peabiru.

Participou da colonização e abertura da cidade de Peabiru. Foi um dos


primeiros comerciantes por aqui.
Candidatou-se a vereador na primeira Legislatura, de 1952 a 1956. Foi
eleito e exerceu o mandato de fevereiro de 1953 a dezembro de 1956, tendo como
prefeito o rádio telegrafista do exército, Silvino Lopes de Oliveira.
Conceição Caldeira fez parte da comissão de pró-construção do templo
de madeira da primeira Igreja Católica, isso em 1948, juntamente com Deamiro
Portela, Vadico Barbosa, Braz Rodrigues Costa, Juvenal Portela, Valdemar
Portela e Narciso Simão.
O “Cruzeiro”, marco inicial de um povoado naquela época, foi instalado
em 06 de janeiro de 1948 por Cláudio Silveira Pinto, em local indicado por
Sezinando Ribas.
Assim sendo, foi rezada a primeira missa em 24 de junho de 1.948, pelo
primeiro padre da paróquia Padre Aluízio Jacoby.
Conceição Caldeira casou-se com Izabel Rita de Jesus e desta união
nasceram os filhos João, Francisco, Sara, Benedita, Alice, Terezinha, Francisca e
Ruth.
Sua filha, Franscica Caldeira, Dona Chiquinha como é conhecida, casou-
se com Nivando Antonio Simionatto, o qual nasceu em Santa Rosa–SP e era filho
de Primo Simionato e Elide Testa.
Nivando Simionato foi vereador em Marília-SP e Vice Prefeito em
Ocauçu-SP. Posteriormente foi vereador em Peabiru por três mandatos e Vice
Prefeito de Peabiru na gestão 1977-1982, quando o Prefeito Municipal era Jorge
da Silva Pinto.

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Do casamento entre Dona Chiquinha e Nivando, nasceram os filhos:
Ademir, José Carlos, Renato, João Carlos e Francisco de Assis.
Conceição Caldeira recebeu como homenagem póstuma, o nome dado ao
Conjunto Habitacional na saída para a cidade de Araruna-PR, no qual se situa a
Escola Municipal Princesa Isabel.

Na foto clássica, a Família Conceição Caldeira, com Conceição Antonio da Silva, sentado,
de gravata, ao centro.

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FAMÍLIA DURÃES
PEDRO LUIZ DE SOUZA
Texto produzido da entrevista a
JOSÉ DURÃES DE SOUZA

P
edro Luiz foi filho de José Luiz de Souza e Ana Maria de Jesus e irmão de
Antonio, João, Francisco, Orozimbo, Rita, Ana e Maria Cândida. Pedro
Luiz de Souza casou-se com Inocência, a qual era filha de João Durães e
Martinha Carneiro, irmã de José e Maria. Do casamento de Pedro e Inocência
nasceram José Durães, Maria Izabel, Antonio Durães e Ana Rita. Outros quatro
filhos nasceram gêmeos e não sobreviveram. Inocência faleceu aos 25 anos e
Pedro Luiz, casou-se com Josefa Soares dos Santos em 1963 e desta união
nasceram quatro filhos: Guilherme, Aparecido, Hélio e Rosemira. José Durães
casou-se com Maria Aparecida Rodrigues da Silva com a qual teve três filhos:
Alexandre, Maria Lúcia e Luzia. O patriarca e avô de José Durães, José Luiz de
Souza é o ícone da localidade rural denominada “Colônia Mineira” devido a
colonização ter sido feita por sua família de Mineiros nas décadas de 1940 e 1950.

Como é a história da Família Durães de Souza com Peabiru-PR?


A minha família em Peabiru teve sua origem do casal vindo da região de
Tuneiras do Oeste e Cruzeiro D'oeste, Sr. João Durães e Martinha Carneiro os
quais tiveram três filhos: José Carneiro Durães, Maria Carneiro Durães e
Inocência Carneiro Durães. Minha mãe Inocência tinha apenas 15 anos quando
conheceu meu pai, Pedro Luiz de Souza, o qual já tinha 25 anos de idade. Ele veio
ainda solteiro de Minas Gerais e a jovem Inocência trabalhava em um restaurante
aqui em Peabiru. Pedro Luiz fornecia frangos e ovos para o restaurante e sempre
acontecia de trocarem olhares um ao outro até que um dia alguém preparou o
encontro dos dois e começaram a namorar e com pouco tempo marcou-se o
casamento. Ela era filha de João Durães e Martinha Carneiro que vieram do
Estado da Bahia e se instalaram na região de Tuneiras D'Oeste e depois vieram
para Peabiru por volta do ano 1948. Pedro Luiz de Souza era filho de José Luiz de
Souza e Ana Maria de Jesus. Do casamento entre Pedro Luiz e Inocência Carneiro,
vieram oito filhos: José Durães de Souza, Maria Izabel de Souza, Antonio Durães
de Souza e Ana Rita de Souza. Os outros quatro nasceram gêmeos e não
sobreviveram. Inocência faleceu aos 25 anos de idade no parto no dia
13/02/1961. José Durães casou-se com Maria Aparecida Rodrigues da Silva com

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a qual teve três filhos: Alexandre Durães de Souza, Maria Lúcia de Souza e Luzia
Durães de Souza.
A história de meu pai com Peabiru é a seguinte: Ele, Pedro Luiz de Souza
nasceu na cidade de Ilicina-MG e veio de trem de ferro para o Paraná da cidade de
Campo Belo e primeiramente instalou–se residência no Município de Apucarana,
na localidade denominada de Califórnia ficando ali durante alguns anos nas terras
do primo Dico, o qual havia vindo antes de Minas. Ali trabalhava de empreitas na
formação de café. Vendeu a empreita e veio para o Município de Peabiru. Adquiriu
uma propriedade as beiras do Rio Lagoa, da Família do José Silvério. Era uma
propriedade de 42 alqueires, sendo 21 em nome do Patriarca José Luiz de Souza e
os outros 21 alqueires ficaram para o filho mais velho Orozimbo Luiz de Souza.
Esta localidade mais tarde foi denominada de “Colônia Mineira” devido a sua
colonização ter sido feita por esta Família de Mineiros que foram chegando aos
poucos e se instalando nesta localidade. Primeiro vieram Pedro Luiz de Souza e
seu irmão Orozimbo Luiz de Souza com a Família. O Pedro Luiz era solteiro e
construiu uma casa com paredes de barros e coberta com tabuinhas de Timburí
extraídas por eles, e o piso feito com barro branco liguento. Ali novamente morou
sozinho até o seu casamento. Depois de adquiridas as terras foram buscar os
seus pais que ficaram na localidade denominada Cristais-MG. Aos poucos foram
chegando e fazendo a derrubada para plantios de cereais. O desmatamento era
feito a foices e machados. Depois de alguns dias, depois de seco, faziam-se as
queimadas. Ali cultivavam feijão, milho, arroz, fumo, cana de açúcar, mandioca
sendo que muitos alimentos eram beneficiados por eles na localidade. Havia um
monjolo na propriedade de Francisco Luiz onde limpavam arroz, preparavam o
milho para se fazer o fubá, a farinha de beiju, canjicas, descascava-se o café. Cada
família tinha o seu engenho onde se extraiam a garapa para fazer o melado e as
rapaduras. O João Paraguaio tinha um ralo para ralar mandioca e fazer o polvilho e
farinha. Era movido por uma grande roda de tração braçal com polia. Fabricavam
o fumo, criavam porcos e galinhas. Havia muitas caças e pescas e muita fartura de
águas. Os que tinham algumas coisas de sobras trocavam com por outros
produtos dos vizinhos. Compravam-se poucas coisas na cidade. Na cidade eu
vinha pouco, só para vender com minha mãe, no Mercado Otani, principalmente
agrião. A diversão de todos era eventualmente os bailes e aos domingos o jogo de
futebol. E lembro-me que nadávamos no Rio Lagoa aos fundos do campo de bola
e que às vezes ficávamos cheio de pó de serra vindo da Serraria do Vasco, na beira
da estrada do Saltinho.
Quando alguém se apurava, seja por doença ou outro problema, os
vizinhos se reuniam em mutirão para executar o serviço, assim como realizavam

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os serviços da Comunidade, como abertura e conserto de estradas, construção
de pinguelas e travessias no rio, limpeza do campo de bola, etc. As crianças
nasciam sob os cuidados das parteiras: a Dona Maria das Dores Claudino, a Tia
Augusta, a Tia Leonézia, que às vezes viajavam longe no lombo de animais para
atender as parturientes. Eu nasci em 05/06/1952 pelas mãos de uma parteira
famosa D. Maria Bastos, esposa do Sr. Afonso Dias Bastos que hoje leva o nome
de uma Rua aqui em Peabiru. Como estas, outras pessoas se destacavam pelas
coisas diferentes que faziam: o José Sebastião da Silva era famoso pelos
trabalhos com couro e crinas de animais; o Antonio Luiz de Souza especialista em
trabalhos com madeiras e fabricação de esteiras; a tia Leonézia, especialista no
tear, além de ser parteira; os benzedores, João Borba e Tia Rita. Ao passar dos
tempos foi nomeado o Sr. Edmundo Máximo que morava na localidade onde é
hoje a Fazenda Nova Lima como Inspetor de Quarteirão. Era chamado para
atender os eventuais conflitos. Pedro Luiz era uma espécie de líder Comunitário e
representava a Comunidade quando solicitado em assuntos referentes à Escola, a
Igreja, o time e outros assuntos. Tio Moisés era contador de Estórias e destacado
pela coragem.
Vieram outros parentes de Minas Gerais, como o Manoel Claudino e o
José Sebastião, João da Silva, o qual era sogro do Manoel Claudino (“Mané
Colodino” como o chamavam). Aqui já existiam algumas Famílias morando,
como a do João Borba, do Olímpio Alves de Oliveira, do Eugênio Alves de Oliveira,
da D. Candinha, do Sr. Urbano Carrero. Este último tinha um alambique onde se
fabricava pingas no local hoje denominado de Salto dos Carreros na propriedade
do Sr. Miguel da Silva (Miguelzinho). Meu avô, Sr. José Luiz de Souza, patriarca da
família, com sua esposa Ana Maria de Jesus, ao chegar a localidade mandou
lavrar uma cruz de cedro de mais ou menos 2,50 metros de altura e fincou no
terreiro de Pedro Luiz onde por muitos anos sob a sua responsabilidade manteve
a tradição de se rezar os terços com as famílias que foram se instalando, tendo
como puxadores dos terços o Sr. João Luiz de Souza e posteriormente João
Paraguaio e Francisco Luiz.
Quando faltava chuva havia uma tradição de se fazer uma procissão em
meio ao sol quente rezando o terço até uma localidade determinada para buscar
água em vasilhas (litros, garrafas etc.) e ao chegar lavava-se a cruz. Mais tarde
com o esforço da família através de Festas, leilões e doações e a pedido do então
Pe. Aloízio Jacoby conseguiram construir uma pequena Capela. Posteriormente,
por sugestão dos Missionários dos Capuchinhos no ano de 1970, uniu-se então a
Capela Nossa Senhora Aparecida da Água do Mandaguari com a Capela de São
Sebastião da Colônia Mineira nesta última. Foi então que houve a necessidade de

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se construir uma capela maior, a qual existe até hoje. Nesta união houve um
consenso em quase tudo. Menos no nome do Padroeiro da Comunidade. Depois
de muitos desentendimentos, pois não se conseguia o consenso, resolveu-se que
ficariam os dois Padroeiros, como assim até hoje está. Assim, no dia 20 de janeiro
celebra-se o Padroeiro São Sebastião e no dia 12 de outubro celebra-se o dia da
Padroeira Nossa Senhora Aparecida. Já a história da primeira “Escola da Colônia
Mineira” deu-se quando o Prefeito Eleutério Galdino de Andrade pediu
autorização para construir a escola na localidade, recebendo apoio do Sr. Pedro
Luiz de Souza. Teve como primeiro Professor o Sr. Arnaldo Ferreira Neves que
tinha apenas a 4º série do antigo primário. Da sua maneira alfabetizou muitos
alunos inclusive o futuro Vereador José Durães de Souza. Era muito severo e
usava métodos antigos para castigos, réguas para palmatórias, revistas de
unhas, ouvidos e cabelos, grão de milho para ajoelhar e vara de marmelo quando
alguém não obedecia. Depois ele veio para a cidade e trabalhou como inspetor de
alunos, ficando aqui conhecido como “o Joínha”.
Formei-me Professor do Ensino Primário na Escola Normal Colegial
Olavo Bilac de Peabiru em 1973 e doze anos após em Administração de Empresas
pela Fecilcam (Faculdade Estadual de Ciências e Letras de Campo Mourão) e além
de Vereador por dois mandatos, de 2001 a 2008, fui professor do Ensino Primário
(inclusive da própria escola que estudei na Colônia Mineira, que em seu
fechamento chamava-se Escola Rural Fernão Dias Paes Lemes), Supervisor do
Mobral (Movimento Brasileiro de Alfabetização), Supervisor da Merenda Escolar,
Delegado das APMs, Funcionário do INSS em Campo Mourão e encarregado da
Assistência Social de Peabiru. Na Igreja Católica de Peabiru fui Catequista,
Ministro da Eucaristia e Coordenador dos Grupos de Reflexões, Membro da
sociedade São Vicente de Paulo, pertencente ao grupo de palestrantes da
Preparação para os Batismos.

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FAMÍLIA FIGUEIREDO
Texto produzido da entrevista a
MANOEL FIGUEIREDO

eu Manézinho nasceu Manoel da Purificação Figueiredo a 15 de agosto de

S 1926, na cidade mineira de Dom Joaquim. Filho de José Ferreira de


Figueiredo e Maria Rita de Jesus chegou a Peabiru em 1954, já casado com
Maria Menezes Figueiredo, filha de Zeferino Leitão e Ocília Menezes. Do
casamento de Seu Manézinho em Minas Gerais nasceram quatro filhos: Carlos,
Marcos, Clóvis e Rubens. Em Peabiru nasceram Dídimo, Sérgio e Débora. Seu
Manézinho trabalha como alfaiate e nas horas vagas leciona música instrumental
para alunos da comunidade.

Como se deu sua vinda a Peabiru-PR?


Em 1947 eu me casei lá em Governador Valadares-MG e neste intervalo
meu sogro, Zeferino Leitão já tinha vindo a Peabiru. Por aqui ele trabalhava na
lavoura de café. Quando ele veio eu estava noivo de sua filha, não estava casado,
então fiquei por lá, com minha mãe e irmãs. Depois que me casei, meu sogro
mandou buscar a família. Eu fiquei em Minas ainda.
Passou uns tempos e a esposa longe dos pais, então me compadeci dela
e disse:
-Uma hora nós vamos visitar seus pais em Peabiru!
Quando foi em 1954, a coisa deu uma melhorada e viemos para cá, para
Peabiru.
Cheguei em 1954. Quando cheguei morei na casa de meu sogro Seu
Zeferino Leitão. Ele veio para Peabiru em 1943 e tocava por empreitada as
lavouras de café, não tocava uma terra dele. Naquele tempo as ruas de Peabiru
não tinham asfalto. Quando chovia era um barro. Era difícil atravessar uma rua
para outra. Aquele barro grosso vermelho na sola do calçado.
Em Minas eu já era alfaiate e quando mudei para cá tinha o Abílho Postali
que já trabalhava como alfaiate. Fui lá e ele me arrumou serviço e trabalhei com ele
bastante tempo. Era a Alfaiataria Aurora, ali onde mais ou menos ficam os
Correios hoje. O Miro Freitag trabalhava com ele, aprendeu alfaiataria com ele. O
Duca trabalhou com o Arlindo, e ele tinha um tio chamado Renato e aprendeu com
ele o ofício. Posteriormente foi trabalhar com o Arlindo Zagato, pai do Antonio

38
Élio. Quando cheguei tinha o Abilho, o Renato e o Arlindo. Mas na verdade o
primeiro alfaiate de Peabiru chamava-se Noé Ramalho, da Alfaiataria Londrina.
Quando eu cheguei, no tempo do prefeito Silvino Lopes ele não estava mais
trabalhando como alfaiate, mas sim como funcionário público da prefeitura.
Então quando arrumei minhas coisas, estabeleci minha alfaiataria ali onde eu
moro (à Av. Candido Mendes, próximo ao Supermercado Freitag).
Peabiru naquela época tinha um movimento grande, a população era
maior, muito café, e quando o café estava bom, corria dinheiro e o movimento
aumentava.
Meu pai chamava José Ferreira de Figueiredo e minha mãe Maria Rita de
Jesus e nasci em Dom Joaquim em 15 de agosto de 1926. Tinha mais irmãos e
aqui só mora eu. Lá em Minas tem minha irmã, Maria de Jesus. Em Minas Gerais
nasceram quatro filhos: o Carlos, Marcos, Clóvis e Rubens. Em Peabiru nasceu o
Dídimo, o Sérgio e a Débora.
Já com a música comecei a mexer em 1940 em Minas Gerais. Tocava
Tuba. Lá nós formamos uma banda de música, naquele tempo não tinha diversão
nenhuma e a diversão que tinha era a banda de música. Formamos e fizemos
sucesso na cidade de Dom Joaquim. Um fato muito interessante foi que um dia
fomos fazer uma retreta, subimos no coreto e estamos lá tocando. Daqui a pouco
aquele coreto desmorona e todo mundo vai ao chão (risos). Mas ainda bem que
ninguém se machucou.
Aqui em Peabiru teve uma época que tinha uma Banda Municipal
formada pelo Silvio de Barros. Nela tocavam o Duca, o Tidico, mas eu não
participei.
Quando eu cheguei aqui, em 1954, não era crente. Em 1956 eu me
converti na Igreja Assembleia de Deus. Em 1956 tinha as Igrejas Assembleia de
Deus, Igreja Batista, Adventista, Luterana e Católica. O Pastor da época era um
presbítero chamado Leovegildo Candido da Silveira o qual foi pastor de 1945 a
1958. Ele dirigia a Igreja Assembleia na região de Peabiru, pois naquele tempo era
difícil o acesso aqui. Quando chovia era só de jipe e olhe lá.
O culto, a igreja, segundo meus parentes contaram, era perto da atual
Farmácia Globo, na Av. Curitiba hoje. Segundo meus parentes informaram ali
funcionou a Igreja Evangélica Assembleia de Deus. Depois funcionou onde era a
Igreja Batista. Posteriormente venderam para ser a Igreja Batista e depois
estabeleceu onde é até hoje.
Aqui era tudo estranho para mim, pois vinha de um estado para outro.
Ficava em casa e trabalhava. A última partida de futebol que joguei foi na cidade de
Morro do Pilar-MG. Antes nós jogamos em Carmésia, onde o Clóvis meu filho

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nasceu. Fiz o único gol da partida. Veio a revanche, fomos lá a Morro do Pilar e lá
fiz a última partida. Nunca mais joguei futebol.
Na política fui vereador na segunda legislatura do Prefeito Eleutério
Galdino, entre 1964 e 1968. Candidatei-me e fiz 56 votos. Fiquei na suplência de
vereador. O vereador titular se afastou, não me lembro do nome dele. Depois me
candidatei com o Nelson Proença, fiquei como 1º suplente e logo assumi. Naquela
época o pessoal comparecia as reuniões da câmara e o vereador não tinha salário.
Lembro-me dos vereadores como o Jonas Bassi, Henrique Bassi, Walter
Campanelli, o que tinha um bar ali, o Osvaldo Pinto e o Artur Kuriki. As reuniões da
câmara eram tranquilas, eram aqui em cima da Prefeitura, no andar de cima.
Entrava pela porta interna. Não tinha esta escada externa.
Em Peabiru tinha a Loja Renner, onde hoje funciona a Mel Cosméticos
hoje, na esquina da Av. Vila Rica com Av. Raposo Tavares. Quem cuidava da Loja
era o Darcy Francischini. Era muito famoso o ato de tirar a medida aqui na loja de
Peabiru, mandá-las para Porto Alegre e a roupa, o terno vinha pronto uns dias
depois. Ali só trabalhava com roupa pronta. Camarada chegava lá querendo um
terno e em poucos dias chegava o terno.
Quando vim para cá o Jonas e o Nelson Bassi já moravam por aqui.
Tinha uma casa de comércio ali na esquina. Por ali tinha mais casa de comércio.
Ali naquele tempo era só o Nelson que vendia. Depois veio seu Nico que abriu em
frente na esquina. Em frente a Seu Nico tinha um senhor que comerciava, o Paulo
Basaglia. Conheci aqui também o Genésio Marino que foi expedicionário do Brasil
na 2º Guerra Mundial.
Quando cheguei aqui não funcionava a Serraria dos Bananas lá embaixo.
Ela veio depois. Conheci eles, os Arambul Maldonado, eram todos meus amigos.
Quando chegam por aí e se encontram comigo, eles relembram o passado. O
Osvaldo, o João, o Toninho, o Raul, Maria, Gurina e o caçula, José, que morreu.
Banana era apelido, Vicente Arambul Maldonado era nome do pai. O apelido
“Banana” veio num jogo de futebol, que não sei qual foi o primeiro deles a ser
apelidado. Aí ficou. O Toni, o João e Osvaldo jogavam no time da cidade. O
Osvaldo era goleiro, o Toni e o João eram no meio campo, bom de bola eles.
Naquela época não tinha diversão: era futebol, cinema e algum baile no
sábado. Não tinha televisão. Rádio nem todo mundo tinha. Poucos tinham.
Quando cheguei aqui era rádio daquelas pilhas grandes, enorme, de 90 volts.
Ninguém tinha, pois o rádio custava muito caro. A luz era a motor, apagava ás 10
horas.

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FAMÍLIA FREITAG
OSCAR EDMUNDO FREITAG
Texto produzido da entrevista a
WALTER HUGO FREITAG (FILHO)

scar Edmundo Freitag nasceu em Maratá, então pertencente ao Município

O de Montenegro-RS, em 21/08/1897, filho de Jorge Fernando Freitag e


Bertha Margareth Schmidt Freitag, casou-se na Vila Rio do Peixe (futuro
município de Piratuba-SC) em 28/05/1923, com Camila Luiza Freitag, filha de
Henrique Pedro e Guilhermina Freitag. Dessa união nasceram seis filhos: 1º
Sady, casado com Osvaldina Muller, que lhes deram duas netas, Gladis e Lorita; 2º
Ledy, casada com Lauro Valdemar Rogge, que lhes deram quatro netos:
Armando, Maria Luiza, Eliana e Sérgio; 3º Ilga, casada com Darcy Klein, que lhes
deram dois netos: Oscar Leopoldo e João Carlos; 4º Walter, casado com Odinete
de Lourdes Pereira, que lhe deram dois netos: Roberto e Rosangela; 5º Dario,
casado com Nelsia Rigo Santarém, que lhes deram quatro netos: Luciano, André,
Daniele e Rosimar; e 6º Mário, casado com Maria do Prado, que lhes deram os
netos: Cristina, Álvaro, José Renato e Adelaide. De sua família fazem parte ainda
dezessete netos e dois trinetos.

Quando e porque veio para Peabiru-PR?


Juntos conduziram os negócios da família até quando da derrocada
financeira de Piratuba-SC, iniciada em 1950 com a falência do Frigorífico Rio do
Peixe, então decidiram juntamente com dezenas de outras famílias, buscar novas
oportunidades de trabalho do Norte do Paraná.
O Sr. Oscar Edmundo Freitag tinha um estabelecimento comercial
especializado em fazendas de tecidos, ferragens, chapéus, calçados, miudezas,
além de secos e molhados, comprando e vendendo produtos coloniais.
Foi aí que Seu Oscar pediu a seu filho mais velho Sady, que estava
morando em São Paulo-SP, para verificar a possibilidade de transferir o
estabelecimento comercial para o Paraná. Porém o mesmo receoso do encargo
pediu que seu irmão Walter viesse junto, para que pudessem verificar a
possibilidade de transferir o estabelecimento comercial, bem como suas futuras
residências.
Chegamos a Peabiru no ano de 1950, para conhecer e requisitamos um
terreno que era gratuito para quem se propusesse a construir, arrumamos a

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madeira e o construtor para fazer um salão comercial (primeiro prédio da futura
Casa Princesa).
Voltamos para Piratuba-SC e trouxemos a mudança no início do ano de
1951. Não havia estrada e fizemos a mudança de trem misto, de Piratuba a Ponta
Grossa indo a Ourinhos-SP para retornar e chegar a Apucarana que era o fim da
estrada de ferro. Aí de caminhão viajar até Peabiru, levava-se um dia, ou três se
chovesse. Estrada muito difícil não havia ponte no Rio Ivaí (passava-se de balsa).
Nosso primo Nilo Juchem que comprava madeira de imbuia para uma firma de
Mandaguari fez a nossa mudança. Seu caminhão era sem carroceria, só com o
tablado em cima do chassi.
No ano de 1952 veio para Peabiru minha irmã Ilga e em 1954 veio a Ledy,
ambas casadas, do lar, que residem até os dias de hoje em Peabiru. Neste mesmo
ano também chegou o irmão Mário para trabalhar junto no estabelecimento
comercial.
Em 1951 foi criado o Município de Peabiru. Vamos ressaltar um fato
ocorrido no período eleitoral para a eleição do primeiro prefeito do Município de
Peabiru, num comício do candidato Silvino Lopes de Oliveira. O seu concorrente
Dr. Chede assistia ao comício quando sobre o ombro do meu irmão Mário surgiu
um braço com um revólver disparando contra a cabeça do candidato Dr. Chede,
ocasionando a morte instantânea, causando o maior tumulto na cidade, aonde foi
eleito como primeiro prefeito de Peabiru, o Sr. Silvino Lopes de Oliveira.
Na década de 1950 também vieram para Peabiru os primos Abílio,
Almiro e Rodolfo Freitag que residem até os dias de hoje em nossa cidade.
No ano de 1958 foi construído o segundo prédio, em alvenaria na
Avenida Raposo Tavares, para novas instalações da Casa Princesa.
As atividades do estabelecimento comercial Casa Princesa encerram-se
no ano de 1995.
Walter e Mário Freitag casaram-se em Peabiru na Igreja Católica, cujo
templo era de madeira. Ambos ajudaram na construção da Igreja Matriz e da
Igreja Luterana.
Walter foi juiz de paz no município por muitos anos, foi vereador por
dois mandatos, nas legislaturas do prefeito Antônio Basso (1973-1976) e do
Prefeito Jorge da Silva Pinto (1977-1982), ocupou a Presidência da Câmara
Municipal por dois anos.
Com o encerramento das atividades da Casa Princesa, ambos, Walter e
Mário, mudaram-se de Peabiru, residindo em Blumenau-SC e Maringá,
respectivamente.
Oscar Edmundo Freitag faleceu em 1980, Camila Luiza Freitag em 1980

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e seu filho mais velho, Sady, em 2006. Estando todos sepultados no Cemitério
Municipal de Peabiru.
O prédio comercial em que funcionava a Casa Princesa foi vendido em
1996 para o Sr. Alcides Pazian, no qual funciona hoje, o Escritório de
Contabilidade Pazian, na Av. Raposo Tavares.

1951-1º Casa
Princesa, na janela,
Sady Freitag.

1954 -2º Casa


Princesa. Na 1º porta
Walter Freitag
e outro. Sozinho na
porta do meio, Sady
Freitag

1958- 3º Casa
Princesa em
construção, na Av.
Raposo Tavares (Atual
Escritório do Alcides
Pazian)

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FAMÍLIA KLEIN
DARCY KLEIN
Texto produzido pelos filhos
Oscar e João Carlos

D
arcy Klein nasceu em Ipira-SC, em 07/05/1.923, filho de João Leopoldo
Klein e Otília Klein. Casou-se em Ipira-SC em 05/05/1.946, com Ilga Adélia
Freitag, filha de Oscar Edmundo Freitag e Camila Luiza Freitag. Desta
união nasceram três filhos: 1º Dirce Marisa, falecida aos três meses de idade em
Ipira-SC. 2º Oscar Leopoldo, casado com Luiza Delfim que lhe deram duas netas:
Jaqueline e Cristiane; e 3º João Carlos, casado com Maria Cândida Soares, que lhe
deram dois netos: Nayara e Jackson André, casado com Cecília que deram a
Darcy a bisneta Melissa.

Quando e porque veio para Peabiru?


Darcy Klein estudou Técnico em Contabilidade na cidade de Santa Cruz
do Sul-RS, trabalhou na Casa Comercial de Secos e Molhados da família em Ipira-
SC até seu encerramento em 1.947; foi balseiro em 1.949 na travessia do Rio do
Peixe, que separa os Municípios de Ipira e Piratuba-SC, até a construção da ponte
em concreto que ligou definitivamente os dois municípios; com as dificuldades
financeiras em Ipira/Piratuba-SC iniciadas em 1.950 com a falência do Frigorífico
Rio do Peixe, decidiram juntamente com várias famílias buscarem novas
oportunidades de trabalho. Ouviram dizer algo sobre o promissor futuro do Norte
do Paraná, cuja perspectiva de desenvolvimento era algo real.
Com a vinda dos cunhados Sady e Walter Freitag em 1.951 para Peabiru-
PR, incentivou Darcy a mudar-se para Peabiru, ocorrendo a sua chegada no início
de 1.952.
Ao chegar a Peabiru, instalou uma serraria, a abundância de madeira era
grande e a demanda muito boa, funcionando por aproximadamente dois anos até
vendê-la.
Decidiu instalar escritório de contabilidade haja vista ser sua profissão.
Trabalharam no escritório de contabilidade do Sr. Darcy, os senhores Lauro
Waldemar Rogge, Waldomiro Huff, Nelson Wulf, Carly Ritter, Guido Hubner,
Osvaldo Frare, Wilson Jardim de Carvalho, Alcides Pazian, Laura Juchem, entre
tantos outros.
Darcy também foi um dos fundadores do Clube 25 de Julho, mais

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conhecido como Clube dos Alemães, que funcionou onde hoje está o Centro
Social Urbano do Município. Tinha como hobbi a prática do esporte do bolão. Em
1.978 houve uma fusão entre o Clube 25 de Julho e a ACERP (Associação
Cultural, Esportiva, Recreativa Peabiruense), originando o PUC (Peabiru União
Clube). Também adquiriu área de terra na localidade da Gleba 7, aonde fez plantio
de café até 1.970, vendendo a propriedade para o Sr. Renato Azevedo. Aí adquiriu
nova área de terra na localidade de Ourilândia, aonde também cultivou plantio de
café até 1.985. Darcy Klein foi vereador na 2º e 3º legislatura do Município de
Peabiru, entre os anos de 1.957 e 1.964.
Seu filho mais velho, Oscar Leopoldo Klein foi vereador na 8º legislatura
do Município, entre os anos de 1.983 a 1.988.
Seu filho João Carlos Klein foi vereador na 7º legislatura do Município de
Peabiru, entre os anos de 1.977 a 1.982; também foi eleito Vice-Prefeito do
mesmo Município na 8º Legislatura, entre os anos de 1.983 a 1.988 e eleito
Prefeito na 10º, 13º e 14º legislatura do Município de Peabiru, entre os anos de
1.993 a 1.996; 2.005 a 2.008, e 2009 a 2012, respectivamente.
Darcy trabalhou como contador e sócio proprietário na Empresa
Laminadora do Oeste Ltda., de 1.974 a 1.990.
Darcy foi corretor de seguros das empresas Protetora, Boa Vista, Sul
América, entre outras companhias. Foi um dos fundadores da Igreja Evangélica
Luterana em Peabiru, sendo membro ativo e sempre fazendo parte da diretoria da
mesma. Também residem em Peabiru os primos Ilga Klein Gaffuri, Erno e Romeu
Klein. Darcy Klein faleceu em 1.994, sendo sepultado no Cemitério Municipal de
Peabiru. Sua esposa Ilga Adélia Klein reside até hoje na Rua Juvenal Portela, n.º
615, na cidade de Peabiru.
No escritório de contabilidade do Sr. Darcy Klein, inúmeras firmas e
empresas de nossa cidade e região fizeram a contabilidade dentre as quais: Casa
Princesa, Kan Kikuchi (trabalhava com óleo de hortelã), Açougue São João, Casa
Rosa, Casa Mello, Farmácia Santa Gema (proprietário Rogi Miguel Jorge),
Farmácia do João Dantas, José Maria de Barros & Filhos, Olaria Peabiru (próximo
ao pesqueiro do Belini), Serraria Rio Claro, Serraria Santiago (proprietário Nilo
Juchem e Hildebrando), Serraria do Alfredo Coscia (Fênix), Antônio Brunetta
(Ivailândia), Cerealista Basaglia, Fábrica de Bebidas São João, Fábrica de Bebidas
dos Mathias, Casa Santo Antônio, Mercadinho Nossa Senhora Aparecida,
Açougue do Bueno, Auto Peças do Armando Alvares, Posto de Combustível Zé de
Melo, Oficina Mecânica Formosa, Bazar do Hubner, Casa Aliança, Secos e
Molhados Venda Branca, Secos e Molhados Sussuí, Hospital Araruna, Auto
Elétrica Chacorowsky, Foto Estrela, Hotel do Norte e Móveis Vesbalar.

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FAMÍLIA MATTHES
Texto produzido da entrevista a
VOLMAR ARMANDO MATTHES (DUCA)

oleiro da ACERP, funcionário da prefeitura por anos, Volmar Armando

G Matthes folcloricamente é conhecido por “Duca”. Irmão de Ilza, Dora e


Adílson e filho de Osvaldo Artur Matthes e Olga Marta Matthes, por atrasar
alguns minutos escapou de um trágico acidente com uma Kombi na antiga
estrada Peabiru-Campo Mourão. Chegou por aqui em 1952, onde construiu sua
família, tendo dois filhos com Marina C. N. Matthes (in memoriam): Volmar
Armando Matthes Jr. e Karina Antonina Matthes.

Qual é sua história de chegada a Peabiru?


Meus pais nasceram em Caconde-SP, quando vieram para o Paraná
trouxeram eu e minha irmã. Tiveram dois filhos antes, mas estes faleceram.
Depois se estabeleceram em Santo Antonio da Platina, nos idos de 1940. Meu pai
foi trabalhar em Marilândia do Sul, com o João Padeiro, finado, que morava aqui
em Peabiru. Depois voltou para Santo Antonio da Platina onde meus avós
moravam. Minha mãe já tinha mais filhos. Eu, Ilza, Dora e Adilson. Em 1948 meu
pai faleceu em um acidente de caminhão e minha mãe ficou paralítica. Nesse meio
tempo, em 1950, o meu tio, José Bota, (José Antunes Ribeiro), Tidico (pai do
Padre Carlos, foi sapateiro) e Seu Júlio Carneiro vieram fazer uma visita a Peabiru,
conhecer Peabiru, que estava famoso por todo o lugar. E influenciou meu tio a vir
para cá. Em 26 de abril de 1952 chegamos aqui influenciado pelo Sr. Júlio
Carneiro de Camargo. Meu tio instalou uma sapataria onde é o Posto do Zé de
Mello, e o Tidico trabalhando para ele, desde lá de Santo Antonio da Platina.
Sapataria São José era o nome.
Eu nasci em 1938 e cheguei aqui em 1952. Estava com 13 para 14 anos
quando cheguei. Meu tio Renato Schumaich colocou a Alfaiataria Londrina, ao
lado do Edifício Primavera, onde hoje mora o Seu João Felipe (na Rua Narciso
Simão). E eu aprendi o ofício de alfaiate com meu tio. Depois fui morar sozinho,
trabalhei e morei na casa do Miro Alfaiate, do Abilho Postali que eram Alfaiates.
Saí da alfaiataria e fui trabalhar no escritório de contabilidade do Darci
Francischini e do Jaime Vendramini onde hoje é a alfaiataria de Seu Manoel
Figueiredo (Rua Dr. Didio B. Bello). Tinha o escritório do Darci Francischini, na

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esquina a loja do Seu Abrão, depois no fundo era a Marcenaria Barcelona do
Evaristo Gazeni.
Cresci aqui, joguei bola desde os 13 anos. Tinha primeiro um time que
não tinha nome, o time de Peabiru, o campo era aqui na praça. Tinha o Operário do
Dario Munin e depois veio o União. O Comercial era de molecada. Depois
formaram o União que eram os Bananas. Depois veio a ACERP. O campo da
ACERP surgiu justamente com a construção da sede social aqui, perto da atual
Câmara de Vereadores. O campo de Futebol daqui da praça mudou para outa
quadra onde é o Banco Itaú. Depois começaram lotear o centro e o Dr. Souza
Sobrinho, que era Presidente da ACERP naquele tempo, pediu a quadra lá onde
hoje é o PUC e doaram a quadra para a ACERP. Com a união da ACERP com o
Clube 25 de Julho surgiu P.U.C, por isso que é Peabiru União Clube, que os dois
clubes não compensavam. Compensava até, pois tinha o 1º de Maio, o Colonial, o
25 de Julho e a ACERP.
Dr. Chede era um homem dinâmico, trabalhador, tinha um escritório de
advocacia onde é o Menegildo Catafesta hoje, perto do correio, depois virou
Alfaiataria do Postali. Mataram o Chede e acabou Peabiru. Até na época ele estava
fazendo uma campanha para fazer uma Santa Casa, lá onde hoje é o Ginásio de
Esportes. A Santa Casa estava para cobrir, paredes estavam todas prontas só para
cobrir. O Chede ia ser o prefeito na próxima, todo mundo falava isso. Dava para
entender que ele estava fazendo as vezes do prefeito, que vivia em Curitiba.
No caso do Chede é o seguinte, um cara a mando do Silvino pôs umas
madeiras dele lá e tirou as da Santa Casa, e depois o Chede foi ao serviço de alto
falante e fez uma explanação, que estavam invadindo o terreno dele. Ele disse no
alto falante:
-Para benefício do povo, estou terminando a Santa Casa e houve um
invasor no terreno nosso e fui obrigado a jogar material deles na rua, [...] Por isso
eu chamo esses empregadinhos de prefeitura tudo de “rato de igreja”.
Passado uns dias, o Prefeito Silvino Lopes anunciou na cidade inteira
que iria fazer uma explanação de contas na data pública, e que era para o povo
comparecer. Ele fez o palanque ali perto, do lado onde era a Estação Rodoviária ali
onde hoje é o ponto de táxi na praça. Em cada esquina você via um jagunço com
uma 44 debaixo do braço. O Chede morava no Dormitório Vera, bem em frente ao
palanque, onde hoje é a Imobiliária Peabiru. Tinha um poste de madeira bem na
frente do dormitório, quase de frente com o palanque que ficava do outro lado da
rua, na beira do que é a praça central hoje. O Afonso Lopes disse:
-Não desce lá não Chede, que eles vão te matar!
-Que matar nada. Tenho medo desta corja não!

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Ele pegou dois revólveres, colocou na cinta, cobriu com o paletó e
colocou 50 balas no coldre, dizem 62, mas tinha umas 50. Ele encheu o bolso de
balas e desceu com dois 38 na cinta. Encostou-se ao poste de madeira e ficou.
Aí o Sílvio de Oliveira, deu a volta por detrás de todo mundo. Estava eu, o
Polaco Pintor, estava seu Alfredo da pipoqueira. O Ludovico em pé. Nós
estávamos agachados no barranco, pois era chão e a Av. Raposo Tavares não era
asfaltada. Olhei para trás e vi o Sílvio que estava vindo, estava com um paletó
cinza. Abriu o paletó e puxou um lenço do bolso, mas dentro do lenço tinha um
revólver. Ele encostou o revólver na nuca do Chede e disse:
-Chede!
O Dr. Chede virou um pouco a cabeça e veio o estampido. Chede caiu a
nossa frente, no barranco. Eu saí correndo. Mataram o Chede, mataram Peabiru.
Outra história é a do Paulo André o qual trabalhava no escritório da
Serraria do Sérgio Liza. Ele soltou um artigo no jornal contra o Eleutério, não sei o
que dizia. Então o Eleutério fez ele comer o jornal.
O Lary Calixto Razzolini (prefeito de 1968-1972) tinha uma campainha.
O gabinete do Prefeito era onde funcionava a Contabilidade da prefeitura, depois o
Jorge da Silva Pinto fez o Gabinete aqui embaixo. Uma apitada era para subir
água. Duas, era café e na de três, era para subir um lá. Ninguém queria subir, um
empurrava para o outro, pois sabia que o homem estava bravo.
No acidente do Cassemiro Radominsky (ocorrido em 17 de fevereiro de
1961) eu estava no Bar do Cazuza, e chegou o Cagin Ele era muito amigo meu e
disse:
-Ô Duca, nós vamos para Campo Mourão depois do almoço, você quer ir
com nós?
O Aroldo Carneiro que estava junto disse;
-É capaz de eu ir... Mas não vou não...vai Duca, no meu lugar?
-Não sei, vou ver. Vou almoçar primeiro.
Mas então o Cagin saiu e fui em casa, almocei e voltei, mas a Dona
Dercilia disse que eles tinham acabado de sair e estavam abastecendo no Posto
do Zé de Melo. Fui até o posto e eles já tinha ido naquele instante, foram embora,
não tinha mais ninguém. Depois soube do acidente. Morreram três de Ourinhos-
SP, o Hildeberto Lutchenberg, o Cassemiro Radominsky, o filho dele, Modesto
Saldanha e o Cagin morreu no Hospital. Só sobrou o João Dantas, farmacêutico.

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FAMÍLIA PEREIRA ROCHA
BAIANO MACACO
Texto produzido por
SERGIO, CELSO e ARLÉTO

E
lvino Pereira Rocha era conhecido como Baiano dos Macacos. “Baiano”
pelo nascimento em Biritinga, Distrito de Serrinha-BA, em 25 de junho de
1917. “Macacos” pela inusitada paixão: criar macacos. Com o tempo, o
“dos” desapareceu-se no linguajar do povo e ficou a forma reduzida, “Baiano
Macaco”. Descendente dos indígenas, portugueses e africanos, ele era filho de
Francisco Pereira Rocha e Marta de Jesus Rocha. Chegou a Peabiru na década de
1950 e casou-se com Nelci Lopes Paiva, nascida em Arapoti-PR, filha de Maria de
Oliveira Paiva, irmã de Luiz Janeiro, Deosdete, Ari e Adão. Desta união nasceram
quatro filhos: Alvino (in memoriam); Sérgio que se casou com Odete Broto e teve
a filha Carolina; Celso, que se casou com Roberta e teve Gabriela e Manoela; e
Arléto, que se casou com Sandra Teodoro e tiveram os filhos Bruno, Érica e
Vitória.

Como se deu a vinda do Baiano Macaco para Peabiru-PR?


Nascido na zona rural do norte da Bahia, em Biritinga, próximo a
Alagoinhas e Feira de Santana, Elvino trabalhava como tropeiro. No final dos anos
de 1940 migrou para o sul da Bahia. Lá se estabeleceu como comerciante, no
município de Ilhéus. Na segunda metade da década de 1940, mudou-se para o Rio
de Janeiro, trabalhando na Siderúrgica de Volta Redonda por dois anos. Estava
entre os 200 mil torcedores dentro do Estádio do Maracanã na final da Copa do
Mundo de 1950, quando o Brasil perdeu a final para o Uruguai, por 2 a 1. Diante
disso e da comoção nacional, resolveu mudar para São Paulo, onde trabalhou
como cobrador de bonde por 5 anos.
Em São Paulo, descobriu sua nova e eterna paixão: o S. C. Corinthians
Paulista, clube o qual se tornou sócio e assíduo torcedor nos jogos do Pacaembu
e Parque São Jorge. Aventureiro, trabalhou na construção de Brasília-DF, passou
por Corumbá-MS e depois morou na pujante Londrina dos anos 50, trabalhando
como mascate. Mascateando cruzou a balsa do Rio Ivaí, chegando a tão falada
Peabiru em 23 de outubro de 1959.
Gostou da jovem cidade e fixou residência. Assim que chegou, tocou um
salão de baile na Rua Afonso Dias Bastos e pouco tempo depois comprou a

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esquina da quadra acima, na Rua José Maria de Barros com Rua Afonso Dias
Bastos. Era uma casa em madeira que outrora fora do comerciante Orlando Xavier
Haesbart (1913-1962), cujo estabelecimento chamava-se Armazém São Pedro,
no qual Orlando comercializava secos e molhados e material para construção
(Orlando montou um comércio em Campo Mourão e depois o vendeu a alguns
portugueses que deram origem ao futuro Supermercado Carreira). O Armazém
que vendia cordas, fumo, erva mate passou para Zé da Dinah, depois Chico
Guaiaca para futuramente ser do Baiano Macaco, o qual passou o nome para Bar
Santa Helena. O Bar era movimentado ponto de ônibus, pois ao lado, na
continuidade da hoje Rua Afonso Dias Bastos, era a estrada de chão que ligava
Peabiru e Campo Mourão, (não havia a BR) e que alguns indícios apontam como
um dos ramais da milenar trilha, o Caminho do Peabiru.
Casou-se com Nelci Lopes Paiva e teve quatro filhos. A partir de então o
bar virou ponto dos bóias-frias, reunindo toda madrugada, centenas de
trabalhadores a espera do caminhão para irem colher algodão, quebrar milho,
colher café, capinar soja, etc. Tornou-se um representante popular da região em
torno do bar. Até hoje chegam cartas endereçadas ao Bairro Baiano Macaco,
endereço que formalmente não existe. Ajudava os doentes atrás de médicos e
remédios, era voz de reivindicações populares frente às autoridades, e quando
morria alguém, cedia o lampião, os bancos do bar e a pinga para os velórios, isso
a qualquer hora da madrugada. Muitas foram as vezes dele ir a prefeitura, pegar
uma requisição com o prefeito e ir ao almoxarifado esperar os carpinteiros
fazerem o caixão na marcenaria da prefeitura. Ia o Baiano Macaco na frente,
atravessando a praça central com o caixão nas costas e os filhos carregando a
tampa. Lembramos que ele gostava de ouvir jogo em um rádio enorme em
madeira marca Philco e que gritava gol mais alto que o Fiori Gigliotti em dias de
clássicos do Corinthians. O rádio ficava sobre uma geladeira, na qual se abria uma
gaveta atrás e embaixo dela, enchia-se de querosene e ateava fogo para fazê-la
gelar.
Gostava de política, mas nunca quis ser candidato, mesmo por tantos
que foram os pedidos. Subia aos palanques nos comícios e radiava, como um
locutor de futebol em rádio AM, um jogo entre os candidatos. O candidato que
apoiava sempre marcava o gol da vitória. O povo ia às vezes mais para ver esta
“partida” do que os próprios candidatos.
Frente à geada negra de 1975, o café e a riqueza da cidade foram
minguando. Mas neste mesmo ano, construiu o prédio de alvenaria no mesmo
lugar do prédio de madeira, revestindo um bar por dentro do outro, tanto que o
telhado de hoje é o mesmo do final da década de 1940.

50
Mesmo a distância, continuou sócio do Corinthians, e todas as finais, de
1959 a 1995, que o time decidia, ele ia para o estádio assistir ao vivo. A maior
aventura se deu em 1976, na final do Campeonato Brasileiro contra o
Internacional gaúcho. Partiu sozinho para Porto Alegre. Horas antes da final,
almoçava em uma churrascaria, quando se entrosou com uma caravana de
paulistas corintianos. Ganhou a viagem de volta no ônibus deles. Mas, estes
corintianos arrumaram confusão e bateram em alguns torcedores do Inter, em
menor número na churrascaria. Baiano Macaco não participou da confusão e
deixou todo mundo ir embora para depois ir. Indo para o estádio sozinho, deu de
cara com uma multidão de gaúchos, com pedras e paus nas mãos:
-Olhe lá, tchê! Lá está um paulista FDP que surrou nossos irmãos
colorados!
Ele tentou explicar que era baiano, morava no Paraná e que não
participou da confusão. Não deu tempo, só o tempo de sair correndo pelas ruas
porto-alegrenses com a turba atrás. Deu de cara com o Estádio Gigante do Beira
Rio já cheio. Assim, comprou dos camelôs uma camisa, boné e bandeira do Inter.
Teve que assistir o jogo na torcida rival.
O Corinthians perdeu o jogo e o título, e na carona ganha no ônibus de
corintianos tristes, ainda ouviu do motorista:
-Quem não tem bandeira do Inter aí, compre e coloque para fora da
janela até sairmos da cidade! Não quero que apedrejem meu ônibus!
Saídos de Porto Alegre, jogaram todas as bandeiras foras. Mas um ano
depois, em 1977, ele teve a alegria de ver o gol do Basílio que deu o título ao
Corinthians, 23 anos depois do último. Ele estava lá.
Baiano Macaco viveu até o ano de 1999 (com 82 anos). Um dos mais
antigos, (se não o mais antigo) estabelecimento comercial de Peabiru ainda
continua em funcionamento, no mesmo lugar, guardando em si um pouco da
história de nós filhos e também da cidade de Peabiru.

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FAMÍLIA ROGGE
Texto produzido da entrevista a
LAURO ROGGE

L
auro Waldemar Rogge nasceu em Piratuba-SC. Seu avô vindo da Alemanha
aportou no Brasil no Rio Grande do Sul e depois se mudou para Santa
Catarina. O pai de Lauro nasceu em Porto Alegre. A porta de entrada da
imigração alemã era São Leopoldo e desta cidade para interior adentro, como
para Novo Hamburgo. A avó veio de Maratá e Brochie (dois distritos, hoje
municípios desmembrados de Montenegro). Como irmão teve Irene, Mario e
Alfredo. Lauro casou-se com Ledi Freitag Rogge, tendo os filhos Armando e a
Maria Luiza nascidos em Santa Catarina e Eliane e Sérgio nascidos em Peabiru.

O que o levou a aportar por estas bandas do Peabiru?


Trabalhava no Banco INCO, em Piratuba-SC, onde morava, Banco de
Indústria e Comércio de Santa Catarina, que foi encampado pelo Bradesco.
Trabalhava como bancário por 14 anos. Vim em 1954 para Peabiru. Fim de
outubro, eu pedi licença lá do banco de um ano e vim pra cá. Passaram 5 anos e eu
fiquei. Fiz uma carta e pedi demissão para a direção. Quando eu vim de Pirituba a
família ficou lá, pai, mãe, sogro. Eu vim de caminhão, pois o Sady Freitag foi me
buscar. Foram três dias de viagem, em estrada de chão. Assim vim para cá e
fiquei. Foi o Darcy Klein que me trouxe. Trabalhei no escritório dele no começo.
Meu irmão também trabalhava lá junto com o Waldomiro, Eugenio Schneider, o
Carly, depois o Alcides Pazian, o Wilson Carvalho.
Quando cheguei, Peabiru tinha uma população de 33 mil habitantes,
tudo café. As Av. Vila Rica e Raposo Tavares ferviam de gente, pois no sábado os
peões da lavoura de café vinham no comércio. Tinha dois clubes, a ACERP e o 25
de Julho. Dois hospitais, 3 ou 4 bancos, duas máquinas de café. O Gilson Lafitte
mexia com comércio de café. Muito movimento. Máquina de beneficio de arroz.
Serraria, tinham umas cincos, agora acabou o mato.
Morei assim que cheguei à outra casa onde era do Bruno Eitelwein, que
queimou , vim para a esquina perto onde morava o Prefeito Jorge da Silva Pinto
(Rua Modesto Saldanha com Dr. Didio B. Bello). Daí construí aqui.
Na Câmara de Vereadores eu era secretário. Foram me procurar no
escritório do Darcy. O Henrique Bassi disse que tinha uma reunião e o secretário

52
sumira. Precisavam que alguém fizesse o serviço, então fui lá e nunca mais saí, 46
anos de Câmara. Entrei lá em 1956 e saí em 2002. A reunião da câmara era onde é
hoje a farmácia do Mauro (na Av. Curitiba, hoje Farmácia Santa Maria), era uma
casa de madeira. Depois mudou para o andar de cima da prefeitura, no mandato
do Eleutério (1960), onde funciona hoje a Secretaria Fazenda. Depois se mudou
para o Anexo I.
A Casa Princesa era na Av. Raposo Tavares, bem lá embaixo, tinha o
posto de gasolina e era do outro lado (sobradinho do Antonio Élio hoje) e em
frente tinha a escola. Tinha um colégio onde era a farmácia do Rogi Miguel Jorge e
na esquina, hotel.
Tinha o Hotel Coimbra na entrada. O Manelão e Hotel do Norte que eram
de dois andares de madeira. Tinha dois cinemas, Vera e São Jorge, dois hospitais,
São José e São Lucas.
Tinha o Bamerindus e Banco Comercial do Paraná. O Cine São Jorge
estava no bar do seu Alcides Palma (quase em frente ao ponto de táxi na praça).
Aquela fachada era entrada do cinema. Tinha o bar na porta da esquerda e da
direita entrava no cinema e ia até o fundo da data.
A praça era um campinho de futebol, uma pequena construção que era a
rodoviária. Peabiru vinha gente de todo o lado, muito movimento, terra vermelha.
Tinha a hortelã do Kan Kichucchi lá em Silviolândia. Quanto à luz tinha um motor a
óleo diesel na baixada onde era o escritório da Copel (próximo ao Colégio 14 de
Dezembro, esquina da Rua Urbano Carrero com Cassemiro Radominsky). Era um
motor que ligava ás 10 horas da noite e desligava de manhã. Eu lembro que eu que
comprei os fios da avenida pra cá, eu que paguei para puxar a luz.
Lembro-me do bolão do Clube 25 de Julho. Era vizinho do clube, onde
funciona hoje o Centro Social. Foi o Darcy Klein que fazia a coisa andar no bolão.
Ele que marcava os jogos, era um divertimento. Jogavam no clube o Artur
Horbach, José Youngs, Zé Rosa, Ivo Dennig, Miro Freitag (Alfaiate), Bruno
Eitelwein, Nilo Juchem, Nelson Wulf, Carly Ritter. Onde tem o PUC hoje tinha o
campo da ACERP, a turma jogava futebol.
Do Eleutério dizem que o sequestraram e ele tinha que assinar um
cheque em branco em cima de uma banana de dinamite, ou assinava, ou explodia.
Deu até repercussão nacional, no Repórter Esso. Se era verdade não se sabe. Ele
morava ali do lado da Casa Princesa, na Raposo Tavares, ele morava ali em cima.
Também morou aqui na esquina onde é hoje a Biblioteca Cidadã, numa casa de
madeira.
O clube da ACERP era onde mora o Prof. Walter. Pelo fundo o povo saía
na praça, tinha uma escola que depois foi demolida, tudo de madeira, ficava um

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vazio na quadra. Era a sede social. E o Rogi Miguel Jorge tinha a farmácia dele, um
bom farmacêutico, depois o Aniz, irmão do Rogi.
Os cultos da Igreja Luterana eram em uma igreja de madeira (antes se
fazia na Casa Princesa). Era tudo de madeira, batia-se prego o dia inteiro. O
Alberto Stadler, Olavo Senger eram os construtores.
O Walter e o Mario Freitag trabalhavam na Casa Princesa. O avô do João
Carlos Klein tinha este comércio lá em Santa Catarina e o Sady trouxe para cá, em
1950. Montou ali, depois veio em 1952 o Darcy. O Walter, o Mario e o Sady já
moravam aqui.
A imagem que tive de Peabiru quando cheguei foi muito boa, muito
movimento aqui. A população era de 33 mil habitantes, tudo girando em torno do
café. Agora não tem mais, tem 13.700 habitantes mais ou menos. A Av. Vila Rica
e Av. Raposo Tavares ferviam de gente. Aos sábados os peões das lavouras de
café vinham gastar no comércio.
Aqui tinha muita madeira antes. Agora acabaram com o pinho, com a
peroba, ninguém se interessou em plantar. Tinha uma madeireira que cortavam
pinheiro aí e certo dia eu disse:
-Por que vocês não plantam o pinheiro, já que estão cortando?
Eles disseram:
-Não vamos plantar, pois nós já estamos pagando todos os impostos!
De acordo a quantidade de metro cúbico que cortavam, tinha que se
pagar um valor. Não pensavam que ia acabar e olha que naquele tempo tinha o
Instituto Nacional do Pinho, Instituto Nacional do Açúcar, do Álcool, só para
comer o dinheiro dos impostos, não servia para nada.
Quanto a vida política, nunca quis me candidatar.
Só votava e ficava em silêncio, esperando a cada quatro anos receber
uma nova Câmara de Vereadores para trabalhar como secretário.
Trabalhei como Secretário da Câmara de Vereadores de 1956 a 2000, ou
seja, por 44 anos.

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FAMÍLIA RUIS ALVES
Texto produzido da entrevista a
FILADELFO RUIS ALVES

F
iladelfo Ruis Alves chegou a Peabiru em 1949. Filho do descendente
espanhol Francisco Ruis Fernandes e Isaura Alves Fernandes. Casou-se
com Tereza dos Santos Alves, e tiveram os filhos Rui Ruis, Scheila
Terezinha, Paraná Francisco e Edson Charles. Aqui se estabeleceu como
farmacêutico, hoje o mais antigo em atividade no município.

Como você veio morar em Peabiru?


Nasci em Piratininga-SP, perto de Bauru, em 1939. Meu avô nasceu na
Espanha, em Granada. Tinha meu pai, um irmão e duas irmãs. Meu pai chamava-
se Francisco Ruis Fernandes, meu avô Melchior e minha mãe Isaura Alves
Fernandes. Uma tia levou meu avô, para cuidar dele em uma cidade vizinha a
Santana, pois morávamos em um sitio em Piratininga. Então meu pai para não
ficar longe de meu avô, mudou-se para lá e pegou serviço de cortar lenha para
trem de ferro, onde faleceu em um acidente, em 1945. Ficamos uns meses em
Ipê-SP, perto de Rancharia. Depois fomos para Içara, perto de Astorga-PR onde
meu tio era conhecido do sogro do José Dias Aranha, Seu Eugenio Miguel de
Oliveira. Em 1946, de Içara formos a Maringá, morar num sítio que fazia divisa
com a Serraria do Santiago, no tempo que emancipou Maringá. Depois o
Santiago vendeu o sítio lá e mudou a Serraria de Maringá para Engenheiro
Beltrão, que na época era Maripá.
Em 1949 eu vim para Peabiru. Trabalhamos na serraria do Duarte,
português que estava instalando a Serraria Nossa Senhora Aparecida. E a gente
começou a estudar. Em 1954 entrei em farmácia e fiquei até hoje. Deste tempo
todo trabalhei na farmácia do Paulinho Toste, uns oito anos e mais uns dois anos
na Farmácia do Kuriki.
A Farmácia do Paulinho Toste era a Farmácia Santa Rita, que ficava na
esquina do Turco, do Posto hoje que era do Zé de Melo. Tinha a Farmácia Santa
Gema, do Roger, a Farmácia do João Dantas perto do Móveis Peabiru e por último
a Farmácia do Hatushi Kuriki. Eu entrei na farmácia em 1954 e fiz o concurso de
Oficial, que dá o direito de exercer a profissão. Passei e coloquei minha primeira
farmácia lá na Figueira (distrito hoje de Engenheiro Beltrão). Fiz o segundo grau e

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montei uma farmácia em Cafelândia-PR, onde fiquei por 18 anos. Lá deu para
melhorar de vida, depois me quebrei, pois comprei uma serraria e não entendia
nada de serraria, num tinha dinheiro para comprar caminhão essas coisas. Vendi
a serraria e vim para cá e comprei esta farmácia que era ali na esquina de cima e
estou aqui até hoje.
Lembro-me que naquela época em Peabiru, como médico tinha o Dr.
Daniel Portella, que morou onde era o Posto Atlantic (Perto da vidraçaria
Imperial). Só que o Dr. Daniel Portella não trabalhava só aqui, trabalhava em
Campo Mourão. E na época que ele foi prefeito em Campo Mourão, o Silvino
Lopes foi vereador lá em Campo Mourão. Aqui pertencia a Campo Mourão
(Guarapuava, Pitanga, Campo Mourão e depois se desmembrou Peabiru). Então
emancipou Peabiru e o Silvino Lopes foi o candidato a prefeito e convidou o
Alcides Pinheiro para ser candidato a vereador da chapa dele. Alcides Pinheiro
não quis e se candidatou a prefeito pelo PTB. O Silvino ganhou. Na outra vez o
Alcides Pinheiro se candidatou e perdeu de novo, agora para o Eleutério (1956).
Como médicos também tínhamos o Dr. Souza Sobrinho, que era de
bastante de idade, candidatou-se e perdeu e depois andava bravo até com os
fregueses. Dr. Didio veio de Mandaguari. Veio o Dr. Ney e se enfiou lá também e
ganhou dinheiro e construiu outro hospital onde é o Foto Estrela hoje. Dentista
tinha o Osmar, depois veio o Juliano Ferreira Rocha. Para baixo da Máster Pão, na
Casa Vera, tinha o Dr. Eugenio Loreto de Chagas Lima, um dentista que foi
professor de latim também. Ele que vendeu para o Dr. Osires Boscardini Pinto.
Veio o Dr. Ioshio em 1956/57 e se instalou por ali, numa casa de madeira e
trabalhava o dia inteiro arrancando dente e depois ficava até 2 h da manhã fazendo
dentadura. Advogado tinha o Dr. Petrônio Sarmento, depois veio o Dorgival
irmão dele, o Dr Alceu parente do Silvino. O Dr. Alderico, o Tramujas, que era
promotor. Lembro-me do Dr. Chede, que era um bom advogado, morreu
assassinado por volta de 1953, 1954, no mesmo tempo que o Getúlio Vargas se
suicidou.
A Delegacia foi aqui na esquina (da Av. Curitiba com Av. Vila Rica) onde
era minha farmácia. Quando eu vim para cá nesta quadra (do Supermercado
União) não tinha nada. Depois fizeram um cubículo de madeira, para amarrar os
negos até levar para o Campo Mourão.
Casa de comércio aqui tinha a melhor que era a Casa Vera, do Velho
Narciso Simão. O primeiro foto foi o Foto Yoshida, tinha a Quitanda da Fumika
(Mercado Hotani), Posto de Gasolina era lá embaixo, na saída para Maringá, do
José Maria de Barros, depois eles construíram no centro, do Vera, construíram na
outra esquina, colocaram um Posto de Gasolina ali e arrendaram para o Zé de

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Melo, que depois construiu na outra esquina. A Casa Rosa veio depois em 1958,
era Seu Lázaro o gerente. Tinha um bar, o Bar Oriental, ao lado do Kuriki da
Farmácia. Ali era os Buenos, que estão em Araruna, Dona Martins, depois foi
vendido para dois japoneses e tocaram tempo, daí depois virou Bar Oriental.
O primeiro banco que teve, pois quando chegamos aqui não tinha banco
nenhum, foi o Banco Bamerindus. Era ali onde hoje está a Farmácia Mega Farma.
Hildebrando Camargo foi o primeiro gerente daí. Depois foi associando com
ações, pois o Eleutério era acionista. Dr. Germano Vilhena de Andrade foi diretor
do Banco. Máquina de café tinha do Marcilio Dematte, do Gilson Laffite. O Irineu
Tolomeotte veio depois de mim a Peabiru, ele veio em 1952, trabalhava na Casa
Catarinense, era lá embaixo, onde hoje é a igreja das Testemunhas de Jeová (Rua
Maria Helena Bassi), do Venicio Vecchi. Tinha a igrejinha do França, igreja
espírita.
Hotel tinha dois aqui em 1949: Hotel Peabiru, do Afonso Dias Bastos,
depois ficou com o filho dele, o Afonsinho (onde hoje está a Loja Rafha) que
passou para o seu Arlindo, de raça negra. Depois foi Hotel Nossa Senhora de
Fátima. O outro hotel era o Hotel Coimbra, do Luiz Coimbra, chamado antes de
Hotel Avenida, o qual era dos Konstanski. Onde foi o Ginásio era o Hotel Avenida.
Hotel do Norte veio depois. Tinha o Hotel Cacique, do Manelão. Teve uma loja de
tecido do lado do hotel que pegou fogo.
Quando vim para cá tinha a ACERP, o 1º de Maio, o dos alemães que era o
25 de Julho. Eu até conversava com o Darcy Klein para entrar por preço mais
barato neste clube.
Lembro-me de um magrelo que vendia pipoca no jardim, que foi
rodoviária também. O caboclo tinha um ciúme danado da pipoqueira de vidro
dele. Ele não podia ver nossa bola de capotão amarrada com um cordão de couro!
Nós começávamos a jogar e ele corria atrás, com medo de acertarmos a vitrine
dele. Teve um dia que correndo atrás de nós, pisou na bola, caiu de costas e disse
bravo:
-Vou cortar esta bola!
-Não, num corta não!
Pois o fia da mãe cortou aquele couro com barbante, mas não cortou a
bola (risos).

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FAMÍLIA RIBAS
SEZINANDO DA CUNHA RIBAS

F
ilho de Elizeu Justino Ribas e Joaquina Augusta Cunha, Sezinando da Cunha
Ribas nasceu em Palmeira, Estado do Paraná em 17 de dezembro de 1900.
Parente do Interventor Manoel Ribas casou-se com Oquésia Bompeixe
Ribas. Deste casamento nasceram Ofélia Ribas, Hélio Ribas, Terezinha Ribas,
Dirce Ribas e Lazara Ribas.

A história de Sezinando Ribas e Peabiru.


Sezinando da Cunha Ribas nasceu em Palmeira, Estado do Paraná, a 17
de dezembro de 1900. Era descendente direto do Interventor Manoel Ribas. Veio a
Peabiru em 1941 por indicação deste mesmo Interventor.
Coube a ele quem indicar o local para início do povoado e construção da
igreja. O cruzeiro, marco inicial de um povoado naquela época, foi instalado em 06
de janeiro de 1948 por Cláudio Silveira Pinto, por indicação de Sezinando.
Dedicou-se em vida a agricultura em um sítio localizado quase dentro do
quadro urbano, na saída para Araruna, ao lado direito da Rodovia PR 465. A casa
foi demolida, e estava construída próxima ao local onde se ergue hoje uma creche
municipal.
Sezinando Ribas e a história de Peabiru se entrelaçam, se convergem,
se confundem, pois o desenvolvimento do povoado de Peabiru começou no
início do século XX, quando grande número de colonizadores, em sua maioria
vindos do Sul do Brasil, chegaram trazendo suas famílias e construindo suas
casas, dedicando-se à derrubada das matas e ao cultivo de produtos agrícolas,
incentivando, assim, a vinda de outras famílias.
Mas, somente a partir de 1940 que as queimadas e derrubadas
começaram a ser realizadas em grande escala por Ernesto e João Matheus, e
coordenadas por Júlio Regis, e tendo como auxiliar, o guarda florestal e
administrador Sezinando Ribas.
O sargento radiotelegrafista da Força Pública do Estado, Silvino Lopes
de Oliveira, que se tornaria o primeiro prefeito municipal, nesta época era chefe de
segurança e contava com os seus auxiliares Júlio e Osvaldo Carneiro.

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Já nos trabalhos iniciais de demarcação de lotes territoriais urbanos e
rurais, que teve intensa participação de Sezinando Ribas, houve um grande
número de interessados vindos das diversas partes do Brasil. A fertilidade e o
preço acessível era uma combinação muito atrativa.
Relata-se que muitos aventureiros e exploradores foram atraídos para
cá pela boa qualidade e produtividade da terra. Houve muitos conflitos entre
latifundiários e posseiros nas áreas entre Pitanga, Campo Mourão, Peabiru,
Goioerê, Cruzeiro do Oeste, indo até as barrancas do rio Paraná.
Entretanto, a área onde estava de Peabiru era a mais procurada pela
fertilidade de sua terra vermelha.
Sezinando da Cunha Ribas faleceu aos 97 anos, em 19 de setembro de
1998 e está sepultado no Cemitério Municipal de Peabiru.

Na foto da década de 1950, a Peabiru que Sezinando Ribas demarcou para ser cidade. Ao centro
da foto, a montanha de pó de serra da Serraria dos Alemães (dos Hubner) no local onde hoje
está o Colégio Estadual 14 de Dezembro.

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FAMÍLIA TORRES
Texto produzido da entrevista a
JOÃO TORRES SOBRINHO

N
ascido em Luzerna, SC, filho dos descendentes italianos Orestes e
Paschoa Torres, chegou a Peabiru em 1953. Em 1946, foi incorporado a
Força Aérea Brasileira, no esquadrão de adestramento, como mecânico,
em Cumbica, hoje Aeroporto Internacional de Guarulhos-SP. Trabalhou como
caminhoneiro, quando transportava mercadorias em São Paulo e trazia para o
Paraná. Namorou, noivou e casou-se em seis meses, em Concórdia –SC, com
Antonia Torres e tiveram 6 filhos, 4 mulheres e 2 homens: Vera Lúcia, Ana Alice,
Ivonei, Dulce Maria, Celia Eliza e Renato. Trabalhou os primeiros anos de casado
em Santa Catarina e 1952 mudou-se para Rolândia–PR. No início de 1953,
aportou em Peabiru.

O que falavam de Peabiru que o motivou a vir para cá?


Tinha aqui, um fazendeiro da Venda Branca, chamado Jaime Palácio. Eu
tinha um restaurante pequeno em Rolândia e ele disse que Peabiru estava
começando com muito progresso. Carreguei minha mudança e deixei minha
esposa em Rolândia, pois aqui não tinha nada, nem água encanada. Na tarde de
um domingo do ano 1953 é que cheguei aqui em Peabiru, para trabalhar.
Para se ter uma ideia, o Rio Ivaí era na balsa. Esta balsa não era onde está
a ponte, era mais para baixo. Então quando você vinha de Maringá, tinha que
descer reto na saída até chegar ao rio lá embaixo. Depois pegava outra saída para
chegar até aqui no Engenheiro Beltrão, pois não existia rodovia ainda. Era difícil,
tanto é que para ir e voltar de Peabiru a Maringá gastava-se o dia inteiro. Se
chovesse, a Subida do Mamão (próximo à cidade de Floresta) não se subia, só de
jipe.
Não tinha profissão a não ser de motorista. Eu falei com o Darcy Klein
(pai do João Carlos Klein), que ele me arrumasse um caminhão para eu trabalhar.
Ele tinha um escritório e puxava toras, pois tinha uma serraria. Porém, de frente a
minha casa tinha um barzinho que era de um conhecido meu lá de Rolândia, e
tinha lá nesse lugar um pequeno açougue com 2,5m de largura por 3m de
comprimento. Este conhecido tinha as ferramentas, mas não sabia trabalhar
como açougueiro. E eu nem sabia como pegava na faca também. Aí um dia eu

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estava no barzinho conversando com ele e chegou o Sultowski (Francisco), o
polaco, dizendo que queria vender uns porcos e eu disse que se ele vendesse
fiado eu compraria. Retrucou que não me conhecia, porém o rapaz do bar, meu
conhecido, disse que era para vender, que se eu não pagasse ele pagaria. Vendeu.
Comecei a trabalhar com um porco, trabalhamos um dia inteiro para
matar e pelar um porco para por lá no gancho do barzinho para vender. Então as
coisas foram indo, mais um, mais outro e fui vendendo, fui crescendo em
sociedade com o amigo. Mas uns sessenta dias depois meu amigo não queria
trabalhar e a mulher dele só andando para baixo e para cima, e pegava o dinheiro e
não falava nada. Então falei com ele: vamos repartir o negócio, a sociedade. Então
somamos umas quinze latas de banha e umas quatro arrobas de sabão e foi o
saldo inicial. Mas logo ele vendeu o açouguinho dele, comprou um caminhão.
Mas eu morava ali perto onde tem a máquina de arroz, ali eu comecei, como eu
tinha freguesia nos hotéis e nas pensões, o compadre meu disse:
-O João, abre o açougue lá em cima!
Onde é aquele açougue velho, tinha ferramentas, balança, tinha tudo e
era de um senhor de Nova Fátima e ele veio ali pra me alugar, me deu seis meses
para endireitar um pouco, pois estava muito feia a data, tinha três lotes, no mato,
na sujeira. Daí fiz um matadourinho, com descarga do sangue na fossa, e aí foi,
lutei muito. Depois que as crianças estavam grandinhas, minha esposa disse que
era vez de ajudar a ela, para colocarmos na frente do açougue, um armarinho
(Armarinhos São Judas Tadeu, aberto em 1969, em madeira, mas reconstruído
em alvenaria de dois pavimentos na esquina da Av. Vila Rica com a Rua Afonso
Dias Bastos, o qual funcionou até a primeira de década do ano 2000).
Aqui da cidade me lembro de que era cheio de hotéis e pensões. Hotel
Coimbra, Hotel do Norte, do Manelão, Pensão Nossa Senhora Aparecida, Dos
Santos Reis, Dormitório Monte Azul do Galo Cego.
O Hotel do Norte é onde está a Dominique Perfumaria (Av. Vila Rica), e o
Hotel do Manelão é onde esta a Eletrogás (Av. Dr. Didio B. Bello). Já o Hotel
Coimbra está na esquina da Raposo Tavares com a Rua João Pereira dos Santos.
Existia o Posto lá embaixo do José de Barros, pai do Sílvio de Barros.
Tinha outro posto onde era o Bar Vera, do Afonso Lopes. Bem na esquina da Vila
Rica e abaixo do Supermercado União, era a delegacia, um casarão velho, de
madeira. O IBC (Instituto Brasileiro do Café) foi construído no tempo do Silvio
Barros (mandato de 1960-1964) fizeram a pesquisa em Campo Mourão e região e
Peabiru era o lugar que mais tinha café plantado, por isso o governo construiu o
IBC aqui (que hoje é do Governo Federal ainda e a COAMO paga aluguel a União
pela cessão). Lembro-me que a fila de caminhões para descarregar café vinha até

61
a igreja, do IBC até aqui ano centro (cerca de 3 km).
Lembro-me da Av. Vila Rica sem asfalto, aquele “poeirão” que não se via
nada, era chão. Eu me lembro também daquele acidente com o Cassemiro
Radominsky, que só sobrou o farmacêutico, o João Dantas. Eles foram de Kombi
a Campo Mourão. E até tem um fato curioso, que o Duca era para ir junto e perdeu
a hora, chegou atrasado. Foi na volta de Campo Mourão, na altura do aeroporto
hoje. A Kombi estava cheia, morreu 4 ou 5 pessoas. O Cassemiro, o filho dele, o
Hildeberto Lutchenberg, o Modesto Saldanha, coletor. O Cassemiro que estava
dirigindo, viu um pneu na beira da estrada, deu a volta, e no meio da estrada,
vinha um ônibus bem velho do Expresso Maringá, que bateu no meio e arrastou a
Kombi por uns 50 metros. Só o velho Dantas sobreviveu.
Peabiru naquela época era dez vezes melhor que Campo Mourão. Tinha
gente que trabalhava de noite à luz de lamparina, fazendo a armação da casa para
mudar. Batiam martelo noite e dia, não tinha hora, qualquer hora da noite ouvia o
bater do martelo. As serrarias vendendo madeiras para cá e mandando para fora.
Na praça era o campo de futebol. Como empresas tínhamos o Foto Yoshida, a
Quitanda da Fumika, Mercado Otani.
A Casa Oriente que era do Tamezawa, ali pegado a farmácia. Tinha o
Adelite, que fez um carrinho coberto de madeira, com vitrine cheio de
mercadorias dele para vender na praça. Depois que ele colocou o bazar.
Recordo-me de uma passagem com o José Izabel, contada por ele
mesmo pois eu tinha muita amizade com ele. Ele uma vez foi a Maringá com seu
Ford 1947. Choveu muito e na volta, na saída de Maringá, ele encheu o tanque
com bastante gasolina para chegar a Peabiru. A estrada era de chão. Chegando na
descida do Mamão (próximo a Floresta-PR), quase acabando a descida, a
enxurrada fez uma valeta na estrada, atravessada. Ele entrou devagar e depois
não saiu mais. O carro encalhou. Com o tanque cheio, começou a vazar gasolina.
O problema é que a gasolina vazando dali do carro misturava com a água da
enxurrada e seguia até cair numa valeta lá embaixo, no fim da descida. Ele tinha
um carona e o cara aquele dia riscou um fósforo para acender o cigarro e jogou o
palito lá embaixo, na valeta, onde a água estava caindo com gasolina. O fogo
pegou na valeta e veio de volta como num rastro de pólvora: só deu tempo de tirar
o revólver e os documentos do porta luva. Queimou o carro.

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FAMÍLIA VONSOWSKY
Texto produzido da entrevista a
OTÁVIO E JURACI VONSOWSKY

távio Vonsowsky nasceu em Marechal Mallet, sul do Paraná, em 1930.

O Mudou-se para estas bandas em 28 de abril de 1952. Começou a trabalhar


num Posto de Gasolina onde se tornou gerente em poucos dias. Em 1954,
à beira da antiga estrada que ligava Peabiru a Araruna montou sua venda com um
amigo, Seu Metódio (a sociedade durou um ano apenas). Pintou as paredes a cal
e pronto, estava batizado o nome do lugar: “Venda Branca”. Trouxe sua irmã Elvira
Emilia dos Santos para Peabiru, para ser uma das primeiras professoras do
município, a qual se casou com o filho de Bento Costa, Francisco Sultowsky
(chamado comumente de “Chicão da Venda Branca”). Deste casamento
nasceram os filhos Geraldo, Clóvis, Elza e Sônia Maria. Otávio casou-se em 1.959
com a filha de Leonizia Bagini e Augusto Barco, a Sra. Juraci Barco, tendo seis
filhos desta união: Marlene, Humberto, Luiz Carlos, Roseli, Maria e Célia.

Como veio morar em Peabiru?


Nasci em Mallet, sul do Paraná. Servi no exército em 1949, em Foz do
Iguaçu, fiquei um ano lá. Voltei e fui trabalhar plantando batatas. Gastei toda
minha energia na batata, mas trabalhei o ano inteiro e não deu nem para comprar
uma camisa. Então me disseram para ir para o Norte, Campo Mourão, terra de
dinheiro. Resolvi ir. Se desse certo eu ficava, se não voltava. Então eu vim e cruzei
por aqui procurando serviço. Vim de trem até Ponta Grossa. Depois peguei outro
trem para Ourinhos-SP, de lá para Apucarana, que era o ponto final. Fui até
Marialva, pois eu tinha um primo com sítio de café, mas eu não tinha endereço
dele. Mas deu certo que desembarquei de ônibus num lugar lá e tinha um pessoal
almoçando. Um dos homens perguntou:
-Você vem de onde?
-Do sul, vim achar serviço e procurar meu primo aqui.
-Como é o nome de seu primo?
- Valdemiro Hutker!
-Bom lá perto de mim tem um tal de Valdemiro, mas você vai comigo...
se for ele tudo bem, senão lá tem pouso, tem trabalho de arruar café, tem muito
serviço.

63
Cheguei lá, encontrei meu primo. Fiquei por ali uns dois meses. Então
trabalhei nas Casas Pernambucanas de Marialva. Mas Marialva era ruim, pois, eu
não tinha nenhum conhecido além de meu primo. Tinha muito japonês lá. Aí
pensei: “vou para Campo Mourão”. Atravessei o Rio Ivaí de balsa. Cheguei a
Peabiru, encontrei meus primos e aí fui procurar serviço em Campo Mourão.
Cheguei num domingo num hotel que tinha a placa: “Alugam-se bicicletas”.
Pousei no hotel em Campo Mourão. Era poeira, não tinha uma casa sequer de
alvenaria. Nenhum um palmo de asfalto. A primeira casa de alvenaria agora é o
Museu, em frente à antiga estação rodoviária, no centro de Campo Mourão. Era
uma casa aqui, outra lá, era pura saúva. Onde é o Colégio Vicentinos Santa Cruz
hoje era pura saúva. Aí aluguei uma bicicleta, e quando estava passando na saída
pelo Posto Avenida um pneu da bicicleta murchou. O dono do Posto era um
polaco, alto, norte-americano. Fui lá encher o pneu, ele simpatizou-se comigo e
ofereceu serviço. Aceitei, com 15 dias era gerente. Trabalhei um tempo, sempre
economizando, não tomava café, sorvete, nada. Vim aqui para fazer o pé de meia e
assim ia fazer.
Quando foi certo dia conheci um tal de Demétrio Guizun, que não era
meu parente, mas era parente de um conterrâneo de Mallet, um vizinho meu, da
mesma idade minha. Este vizinho derrubou dois alqueires de mato na foice e
machado sozinho e plantou café. Mas quando o café estava grandinho ele me
disse:
-Você me dá serviço no posto para mim? Estou cansado de trabalhar na
roça!
E ele trabalhou um tempo comigo, pois eu era gerente e eu contratava os
funcionários.
Então o Demétrio que era parente deste meu funcionário no posto e
morava aqui em baixo do Rio Claro, assim que passa a ponte, do lado direito, foi
no posto e nos convidou para irmos a casa dele.
Peguei um ônibus e fui. Conversamos sobre café, terras. O Demétrio era
picareta de terra. Andava com os bolsos cheios de dinheiro. Ele que fez toda a
força para por a venda aqui. Aí na casa dele acabou a cerveja, ele disse para irmos
à vendinha por aqui. Tinha uma vendinha pequeninha aqui, uns 200 metros para
baixo da minha venda depois. Uma outra venda que tinha por perto abandonaram.
E fomos lá:
-Me dá uma cerveja?
-Não tem, acabou!
-Me dá um refrigerante?
-Não tem, acabou!

64
Mas estava cheio de gente a venda, lotada. Disso ele falou, o Demétrio:
-Porque vocês estão trabalhando no posto de gasolina? Coloca um
comércio aqui. Eu conheço toda esta região, tem muita gente, vai dar dinheiro.
Então olhei para cá, no alto da estrada e aqui era mato em pé e falei:
-Pergunte de quem é. Se venderem um pedacinho de terra de 50m por
50m, eu compro ali no alto da estrada e coloco uma vendinha lá!
Neste tempo da conversa veio o ônibus, mas eu estava falando
brincando, e ele levou a sério. Então ele perguntou ao povo em volta de quem era
aquele terreno. Disseram que era do tal de Simeão Valentin de Melo (pai do futuro
comerciante Adão Rodrigues de Melo, que trabalhou nas Casas Pernambucanas e
fundou a Loja Mirvan), que morava aqui no fundo da terra mesmo. E perguntou se
ele queria vender um pedaço de terra para se por uma vendinha. Disse ele que se
fosse uma vendinha boa ele vendia, pois precisava sempre de machado, foice,
grampo, martelo, enxada, carne seca, isso, aquilo, e aqui não tem nada. Vendeu
por três contos. Pagou. E avisou-me, que havia comprado e pago o pedaço de
terra. Mandamos então derrubar o mato. Sapecamos o mato, mas deu uma
chuvarada no mês de abril. Ele deu carroção, ferramenta, traçador, tinha serrote,
tinha ferramenta de carpinteiro tudo. Com um mês nós construímos a casa. E
toquei com meu sócio e o finado Demétrio e nós hospedados na casa dele lá. E já
começamos vender. Antes de cobrir, já estávamos vendendo doce, cigarro.
Estava cheio de gente em volta, criançada, tudo. Então fizemos um porão, pois
naquele tempo não tinha luz elétrica, um buraco no fundo e joguei 3 ou 4 sacos de
sal e depois areia. Aquilo umedeceu e gelávamos a cerveja lá.
Não tinha o nome Venda Branca. O nome não fui eu que coloquei. Foi o
povo que batizou assim. Depois que construímos a venda de madeira, eu comprei
cal e pintei de branco toda ela e as portas, janelas de verde. De Campo Mourão até
Cruzeiro do Oeste, não tinha nenhuma Venda Branca na beira da estrada. Foi o
povo que assim a batizou. Até nos tíquetes dos ônibus era Venda Branca. E
começamos a negociar de tudo, comprávamos galinhas, ovos. Às vezes chegava
à noite e as pessoas batiam palma, de madrugada, que morreu alguém, que
nasceu alguém e precisava de vela, pinga, e outras coisas.
Aí depois comprei a parte de meu sócio, e em seguida comecei a
comprar milho, feijão, depois começou o algodão e depois fui comprando os lotes
em volta.
Casei-me em 1959. Tinha uma menina aqui, que morava encostadinho,
era minha freguesa. Todo sábado ela vinha fazer compra. Comprava uns 15 quilos
de batata, 5 pacotes de macarrão, um queijo mineiro, uma lata de mastomate
grande, pois a família dela era muito grande. Era minha freguesa, todo o sábado. E

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eu ajudava carregar nas costas a batatinha e as compras até no sítio, na casa dela.
Aqui na Venda Branca morava os Barcos, os Baginis, Bruno Ferro, Joani Nunes, o
Orides Machado, os Guizuns, (o Demétrio e o Miguel e o velho Guizun). Tinha aqui
a fazenda com o nome Pito-Aceso, todos da raça negra. Tinha o Joaquim Emídio
(o Lazinho), o pai dele e mais três irmãos dele, o Zeca, Joaquim e outros que
esqueci. Minha contabilidade era feita pelo Darcy Klein.
Esta estrada que passa em frente à Venda Branca era muito
movimentada, ela ligava Peabiru a Araruna, não tinha a rodovia asfaltada.
Dobrava aqui, passava na Ponte do Rio Claro e saía no traçado de hoje da rodovia
asfaltada. Venda Branca era um ponto de ônibus.
Naquela época, não tinha o time de futebol. Veio depois. Dois anos
depois era eleição para prefeito (1956). Eu era candidato a vereador do candidato
a prefeito de 1956, o Jorge Laos de Andrade (Otávio exerceu o mandato de
vereador no mês 12 de 1956, e, do mês 09 ao mês 12 de 1958). O prefeito Silvino
Lopes arrumou uma esteira, daqui até Araruna e Campo Mourão, e fizemos o
campo. Era de terra o campo, depois foi plantado grama, muito tempo depois.
Aqui tinha também um excelente campo de bocha.
As terras de samambaia de Campo Mourão, cheias de saúvas, ninguém
queria, nem de graça. Comprava terra de café barato. Em 1970, apareceram uns
gaúchos aí e plantaram soja ao lado da atual Santa Casa. E a turma dava risada.
-Mas ele vai plantar neste cerrado, nem capim não nasce!
Plantaram e deu soja. Daí todo mundo começou a plantar soja.
A minha plantação de batatas em Mallet que não vingou foi o motivo de
eu vir para Peabiru.
Lembrando agora, a minha irmã Elvira quando veio aqui começou a dar
aula e como era religiosa, fim de ano ela ensinou catecismo para o pessoal e se
entendeu com o padre de Peabiru que começou a vir rezar missa e fazer Primeira
Comunhão aqui. Ele veio rezar a 1º missa dentro da sala de aula. Encheu de gente
e ele acabou fazendo uma missa campal. Ele disse que aqui merecia uma
capelinha. Começamos então com uma capelinha. Eu era o tesoureiro. O Seu
Augusto Barco era presidente. Quem tinha mais recursos era eu. Eu tinha muito
conhecimento. Tinha a serraria de Araruna do João, e ele me cedeu as madeiras
para pagarmos com o dinheiro das festas. Construímos e fizemos a primeira
festa. Deu para pagar a madeira e sobrou dinheiro.

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GLOSSÁRIO HISTÓRICO

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GLOSSÁRIO HISTÓRICO

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GLOSSÁRIO HISTÓRICO

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GLOSSÁRIO HISTÓRICO

FINAL DA
AV. CÂNDIDO MENDES

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PEABIRU: Aspectos Gerais

Localização: Noroeste do Estado, na mesorregião centro-


ocidental paranaense.
Área: 469,34 Km²
Altitude: 520m acima do nível do mar
Latitude: 23° 54'46” sul
Longitude: 52° 20'35” oeste
IDH (Índice de Desenvolvimento Humano, medido pelo nível
de Alfabetização, Renda anual por pessoa e tempo de vida): indo de 0 A
1000, Peabiru tem o IDH de 0,736.
? Planalto: 3° planalto paranaense e localizado no Planalto de
Campo Mourão.
? Relevo: pouco movimentado com cerca de 30% apresentando
característica suavemente ondulada, 50% é constituído de relevo com
característica ondulado, 10% fortemente ondulado e 10% corresponde ao
relevo montanhoso.
? Clima: subtropical úmido mesotérmico, com verões quentes e
geadas pouco frequentes, tendência de concentração de chuvas nos
meses de verão, sem estação seca definitiva. As médias dos meses
quentes são superiores a 22°C e a dos meses mais frios é inferior a 13°C.
? Vegetação: a vegetação primitiva era floresta do tipo
tropical/subtropical entrelaçadas, com espécies de grande porte, folhosas
e de cor verde escura (peroba, palmito, canela, figueira, etc.),
contrastando com espécies de coloração mais clara de caráter subtropical
(araucárias, samambaias, taquaras, etc.) Esta vasta mata que cobria o
município e região na época de sua colonização, hoje praticamente não
existe, com exceção de algumas reservas que ainda permanecem
intactas. Têm-se hoje regiões de matas devastadas (terras periodicamente
trabalhadas ou em menor escala cultivadas) e matas secundárias
devastadas na região pluvial tropical do interior, substituídas por cafezais
pastos e demais culturas.
? Solo: brunizem avermelhado (rochas basálticas); terra roxa
estruturada eutrófica; terra roxa estruturada destrófica; latosolo roxo

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destrófico; areia: rodzólico vermelho amarelo equivalente eutrófico.
Hidrografia: Peabiru pertence à Bacia Hidrográfica do Rio Ivaí,
com rios de pequeno e médio porte, os quais se podem citar: Rio Mourão,
Rio do Campo, Rio Claro, Rio da Areia, Rio Arural e Rio da Várzea.
Limites: ao norte com o município de Engenheiro Beltrão, ao sul
com Campo Mourão e Corumbataí do Sul, a leste com Barbosa Ferraz,
Fênix e Quinta do Sol e a oeste com Araruna e Terra Boa.
Número de habitantes (ano de 2010): 13.624 habitantes
Número de eleitores: 10.484 eleitores
Praça central: Eleutério Galdino de Andrade
Avenidas principais: Raposo Tavares e Vila Rica – São João
Rodovias de saída para outras cidades: BR 369 (saída para
Campo Mourão e Maringá) e PR 465 (faz ligação com Araruna).
Grupos Étnicos: composta por descendentes de Alemães,
Italianos e Japoneses. Formação interna: nordestinos, paulistas,
mineiros, catarinenses e gaúchos.
Comunidades Rurais: São Roque, São Pedro, Guanabara, Placa
União, Venda Branca, Santa Lúcia, Bangu, Venda 4 / Lambari, Fugante,
Colônia Mineira, São Judas, Silviolândia, São Jorge, Santa Clara, Nove-
Faz.Boa Esperança, Vila Rural, Assentamento Monte Alto e Assentamento
Santa Rita.
Principais datas comemorativas: 24 de Junho – Dia do
Padroeiro São João Batista;
3° Domingo de Agosto – Prato Típico: Festa do “Carneiro ao Molho de
Vinho”;
14 de Dezembro – Aniversário da cidade.

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PREFEITOS DE PEABIRU

1ª Legislatura: 1952 - 1956


Prefeito Municipal: Silvino Lopes de Oliveira

2ªLegislatura: 1956 - 1960


Prefeito Municipal: Eleutério Galdino de Andrade

3ª Legislatura: 1960 - 1964


Prefeito Municipal: Silvio de Barros

4ª Legislatura: 1965 - 1969


Prefeito Municipal: Eleutério Galdino de Andrade

5ª Legislatura: 1969 – 1973 (Ano em que começou a ser eleito Vice-


Prefeito)
Prefeito Municipal: Dr. Lary Calixto Razzolini
Vice-prefeito: Guilherme Bassi

6ª Legislatura: 1973 - 1977


Prefeito Municipal: Antônio Manesco Basso
Vice-prefeito: Ioshio Imakami

7ª Legislatura: 1977 - 1982


Prefeito Municipal: Jorge da Silva Pinto
Vice-prefeito: Nivando Antônio Simionato

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8ª Legislatura: 1982 - 1988
Prefeito Municipal: Nelson Proença
Vice-prefeito: João Carlos Klein

9ª Legislatura: 1989 - 1992


Prefeito Municipal: Antônio Elio Zagato
Vice-prefeito: Jurceu Sakuma

10ª Legislatura: 1993 - 1996


Prefeito Municipal: João Carlos Klein
Vice-prefeito: Getúlio Francisco

11ª Legislatura: 1997 - 2000


Prefeito Municipal: João de Bitencourt
Vice-prefeito: Miguel Santana

12ª Legislatura: 2001 - 2004


Prefeito Municipal: José Marcos Gonçalves Lopes
Vice-prefeito: Elizeo Zacarkin

13ª Legislatura: 2005 - 2008


Prefeito Municipal: João Carlos Klein
Vice-prefeito: Cláudio Iamagami

14ª Legislatura: 2009 - 2012


Prefeito Municipal: João Carlos Klein
Vice-prefeito: Mauro Bianchini

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HISTÓRIAS NÃO CONTADAS

1- Deve-se ter o cuidado para não confundir a antiga localidade da década


de 1930 chamada “Sertãozinho”, com o atual Distrito de “Sertãozinho”
pertencente ao Município de Engenheiro Beltrão. A fundação do
Sertãozinho da década de 1930 tinha a função de intensificar uma ligação
a Maringá e neste trajeto nasceram localidades como Engenheiro Beltrão e
Ivailândia.

2- Chegaram à área do Sertãozinho da década de 1930, que ia do Rio


Dezenove ao Rio Ivaí, José Silvério, Américo Pereira Pinto, Lazinho
Emídio, José Maria do Nascimento, Antonio Manoel do Prado, Sebastião
Caldeira, Bernardino Dutra Pereira, Pedro Luiz Pereira, Alfredo Aranha,
Dona Candinha, João Xavier Padilha, João e Norberto Alcântara Padilha,
Joaquim Viana Pereira, Eduardo Galesky, Ambrósio Senger, João Muller,
Família Albuquerque, Cláudio Silveira Pinto, João Pedro Senger,
Sebastião Inácio de Faria, Antonio Manoel do Prado, Joaquim Emilio de
Morais, Eugênio Alves, Alberto Pereira, Joaquim Antonio Bueno, Dalvino
Batista Guimarães, José Bueno, Pedro Justino de Oliveira, Alfredo
Ferreira, Toufic Said Sati, Francisco Sultowsky dos Santos, Goro Notoya,
Família Albuquerque, Romeu Trenzani, Julio Regis, João Matheus,
Ladislau Floutka, José Alves de Melo, Venicio Vecchi, Armindo Sartorelli,
José Couto Costa, José Custódio da Silva, Genésio Marino, Francisco
Peixoto Lacerda Werneck, Juvenal Portela, Vadico Barbosa, Waldemar
Rothe, Narciso Simão, Braz Rodrigues da Costa, Abilho Postali, Nicolay
Maconhon, entre outros.

3- Genésio Marino, nascido em Paranaguá-PR, era filho de Alexandrina e


Ghilherme Marino. Casou-se com Paulina Thiorne e teve os filhos Marlene
Maria e José Mauro, conhecido como “Maurinho”, bom jogador de
futebol. Genésio lutou na Segunda Guerra Mundial, pela FEB-Força
Expedicionária Brasileira, em Monte Castelo e Montese na Itália, sendo
condecorado por “atos de bravura e heroísmo defendendo a pátria”. Em
Peabiru, quando Sady Silva percebeu que o novo povoado estava
estabelecido, voltou a Curitiba, deixando-o em seu lugar frente à

75
Inspetoria de Terras, lugar que ocupou até 1974. Genésio Marino foi
suplente de delegado por 6 anos e delegado por 4 anos.

4- Em Peabiru havia muita produção de Hortelã, planta de onde se extraía


um óleo para fabricação de cosméticos e combustíveis para aeronaves
ente outros fins.

5- Peabiru foi elevado a Município pela lei estadual nº 790, de 14-11-1951,


desmembrado dos municípios de Foz de Iguaçu e Campo Mourão,
constituindo mais 3 distritos: Peabiru, Araruna e Engenheiro Beltrão.
Instalou-se o Município em 14-12-1952. Pela lei estadual n.º 253, de 26-
11-1954, desmembrou-se do município de Peabiru, o distrito de Araruna
e Engenheiro Beltrão. Como Comarca, instalada pela Lei Estadual n,º
1452, de 14/12/1953. A Comarca de Peabiru abrangia vasta área da região
Noroeste do Paraná. Depois ficou com Terra Boa e Araruna e hoje a
Comarca engloba Peabiru e Araruna.

6- Silvino Lopes de Oliveira, após ser prefeito de Peabiru, foi eleito


Deputado Estadual pelo PTB, em 1958. Nesta mesma eleição o médico
Daniel Portella também foi eleito pela UDN.

7- As rodovias pavimentadas que hoje cortam o Município não


obedeceram aos traçados originais. A estrada entre Peabiru e Campo
Mourão partia da Av. 14 de Dezembro, passava ao lado do Bar do Baiano
Macaco, na atual Rua Afonso Dias Bastos, seguia rumo as Duas
Chaminés, por detrás do Pesque e Pague do Belini, por detrás da Fazenda
Graciosa, nas proximidades do Bangu, Haras Peabiru e se conectava com
a atual Rodovia antes de chegar ao Viaduto na entrada de Campo Mourão.
Neste ponto, a rodovia seguiu o traçado original até a Região do
Aeroporto, onde dobrava a esquerda, passava pelas imediações do atual
Cemitério e seguia ao centro. Nestas imediações, próximo ao Aeroporto
de Campo Mourão, ocorreu o acidente em que faleceram Cassemiro
Radominsky, Modesto Saldanha, entre outros.

8- A Estrada que ligava Peabiru a Maringá também era outra. Da

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continuidade da Av. 14 de Dezembro, passava pela Av. Raposo Tavares,
seguia pelo trevo de acesso e neste ponto a rodovia atual aproveitou o
mesmo traçado até chegar adiante do Pesque e Pague do Klepa. Dali
adentrava a direita, pelas proximidades da Fazenda Santa Efhigênia, local
que se localizava a famosa “Curva Seca”. Seguia a Sertãozinho. Na entrada
de Engenheiro Beltrão, onde hoje a rodovia passa pelos paredões de rocha
dinamitada, o traçado era o mesmo, porém em uma subida íngreme. De lá,
passava por dentro de Engenheiro Beltrão, por detrás da Fazenda
Chapadão e seguia pela Comunidade Triângulo, Ivatuba, até chegar a
Maringá.

9- A ligação entre Peabiru e Araruna, saía da Av. São João seguia até
adiante da Granja Ouro Branco, dobrava-se a esquerda, indo pela estrada
que levava a comunidade Venda Branca. De lá seguia até adiante do Rio
Claro e desembocava na atual Rodovia pavimentada. Na época cogitou-se
a possibilidade de pavimentar este trecho e não o atual, o que não
aconteceu.

10- A ligação entre Peabiru e Terra Boa fazia-se pelas estradas rurais, pela
Região da Comunidade São Roque ou Placa União.

11- Três caminhos levavam a Colônia Mineira, isso dependendo do veículo


usado: A pé, o melhor caminho era pelo morro; De bicicleta, dava volta
maior pela estrada que vai pela Cachoeira dos Carreros (local do evento
“Trilha do Índio”); De carro, pela estrada do Saltinho. Estas estradas forma
feitas a enxada e enxadão, em mutirão. Em volta do morro fazia-se
ziguezague.

12- Lary Calixto Razzolini, antes de ser Prefeito de Peabiru entre 1969 e
1973, foi promotor em Campo Mourão. Trabalhando contra os crimes pela
posse de terra, houve um movimento para transferí-lo para outra cidade.
Porém, com ajuda das Lojas Maçonicas elegeu-se Vereador de Campo
Mourão, o que o manteve na cidade e ainda com mais poder.

13- O Colégio Estadual 14 de Dezembro começou a funcionar em 1954

77
com o nome “Ginásio Municipal de Peabiru” com turmas de 5º a 8º séries,
sendo mantido pela Prefeitura Municipal. Era um prédio de madeira,
localizado na esquina entre a Av. Raposo Tavares e a Rua João Pereira dos
Santos. Em 1956 ela estadualizou-se. De 1960 a 1977 ocupou o prédio do
Grupo Escolar Felipe Silveria Bittencourt. Em 1977 ganhou prédio novo,
na quadra da antiga serraria dos Alemães, local onde hoje está
estabelecido. Nesta serraria os montes de pó de serra chegavam à altura
de um poste de luz.

14- Esta primeira escola, a Escola Pública de Peabiru fundada em 1952


onde hoje está à Casa da Cultura Nely Pinheiro, depois se passou a chamar
“Casa Escolar de Peabiru” em 1953; “Escola Rui Barbosa” em 1955;
“Grupo Escolar Felipe Silveira Bitencourt de Peabiru” em 1960, já em
prédio próprio e depois “Escola Felipe Silveira Bittencourt” em 1977.
Agregou-se o 2º grau em 1958, com o nome “Escola Normal Colegial
Estadual Olavo Bilac” e para que os alunos aplicassem os estágios, criou-
se a “Escola de Aplicação Nuno Souza e Silva”, onde funciona a Escola
Municipal Paulo Freire hoje. Também se criou o “Colégio Comercial
Estadual Roberto Simonsen” em 1960, o qual depois se uniu a Escola
Normal para se tornar em 1978 “Escola Reordenada de 2º Grau Padre
Antonio Vieira”. Enfim, em 1980 todas estas escolas se transformaram no
hoje conhecido Colégio Estadual Olavo Bilac.

15- Daniel Portella era irmão de Juvenal Portella, filho de Osório e Solinda
Portella. Paranaense de Campo Largo nasceu a 8 de junho de 1923.
Casou-se com Jorinda Santos, a qual foi uma das primeiras professoras
do município. Morou em Peabiru, nas imediações onde hoje está o Auto
Posto Brambila, na Av. Raposo Tavares. Aidê de Barros, quando menina
brincava com as crianças da família Portella. Médico foi eleito vereador em
Campo Mourão em 1947 e prefeito de Campo Mourão em 1951, morando
aqui em Peabiru, haja vista que Peabiru ainda não era município. Contam
alguns, que peabiruenses votaram em Daniel Portella imaginado que ele
fosse ser prefeito de Peabiru.

78
16- Embora não existam provas materiais, cogitou-se nas décadas de
1950 e 1960, mudar a capital do Estado do Paraná para a junção Peabiru-
Campo Mourão, pela centralidade regional. Movimento similar ao
ocorrido no Estado de São Paulo, cuja cidade de Bauru, na região central
do estado, fora cogitada a ser a capital.

17- Peabiru tem o índice GINI de valor 0,550. O Coeficiente de Gini é uma
medida de desigualdade desenvolvida pelo estatístico italiano Corrado
Gini em 1912. Mede o grau de concentração de uma distribuição, de renda
e terras, cujo valor varia de “zero” (perfeita igualdade) até “um”
(desigualdade máxima). De acordo a ONU, o Brasil é o segundo país do
mundo com maior concentração da propriedade da terra, só perdendo
para o Paraguai, que está em primeiro lugar. (Paraguai: 0,880; Brasil:
0,856). Em 1995, no Estado do Maranhão, o índice de concentração de
terras era de 0,903, quase o valor máximo de 1,00.

18- Segundo a Revista Peabiru, de 1979, eis os primeiros de Peabiru em


cada área: Posto de Gasolina: José Maria de Barros; Serraria: Santa Maria
Gava e Filhos; Dormitório: do Manoel Mendes; Alfaiate: Noé Ramalho;
Alfaiataria: Abilho Postali; Farmacêutico: Waldemar Rothe; Farmácia
instalada: Santa Gema de Rogi Miguel Jorge que trabalhava com seus
irmãos Aniz e Jofre; Padre: Aluízio Jacoby ou na pronúncia original,
Aloísio Giaccobbe que celebrou a 1º missa em 24/06/1948; Médico: Dr.
Daniel Portella; Ferreiro: Nicolay (Nicolau) Macohon; Vereadora: Elza
Sartorelli; Auto Elétrica: José Limberg; Banco: Banco Mercantil Industrial
do Paraná-Bamerindus com o primeiro gerente Hildebrando Camargo;
Hotel: Hotel Peabiru do Governo do estado; Hotel Particular: da Família
Konstansky; Delegado: Alcides Pinheiro de Souza; Diretora de Grupo
Escolar: Nalim Duarte; Professores: Eolina Carneiro, Nenê Farias, Jurinda
Portella e Nilce Simão; Balsa do Rio Ivaí: Waldomiro Bicurt; Juiz: Jorge
Andrigueto.

19- Pedro Coletor, (Pedro Pereira da Silva) lutou na Itália pela Força
Expedicionária Brasileira na 2º Guerra Mundial. O então Prefeito Nelson
Proença sempre brincava dizendo que ele só tinha “descascado batatas na

79
cozinha do exército”, o que como dito era brincadeira e não um fato
verdadeiro.

20- Da Loja Maçônica Rui Barbosa criada em 19 de junho de 1958, as


cunhadas (como são chamadas as esposas dos membros da Loja)
instalaram a 19 de agosto de 1979 a “Fraternidade Acácia Peabiruense”. O
“Capítulo da Ordem DeMolay” foi instalado a 20 de junho de 1987,
reunindo a juventude Maçon.

21- Havia um ponto de ônibus no Bar do Paraíba, futuro Bar Hagazão e


depois a atual Pizzaria Simonelli, na Av. Raposo Tavares. A primeira
estação rodoviária localizava-se onde hoje é o ponto de táxi, na praça
central. Depois, na Av. São João, futura Mercearia Nossa Senhora
Aparecida de Ricieri Bassi e atual Restaurante Detalhe. Construiu-se o
Terminal Rodoviário em alvenaria atrás da atual Estação Rodoviária. Tinha
um pavimento superior com chafariz. Porém, por problemas estruturais
na fundação ela foi demolida e passou a funcionar ao lado, na Av. 14 de
Dezembro. O atual Terminal Rodoviário Prefeito Jorge da Silva Pinto foi
inaugurado na gestão deste prefeito em dezembro de 1979.

22- A Serraria do Vasco (Macowsky) funcionou inicialmente como


Serraria d'água, abaixo da cachoeira da Pedreira Santa Helena. Depois se
mudou para beira da estrada, abaixo da Vila Rural. O Alambique dos
Carreros funcionava na cachoeira onde se realizava a Trilha do Indio. Até
hoje pedras circulares denunciam a existência outrora do Alambique.

23- Eis as siglas: FUNRURAL (Fundo de Assistência e Previdência do


Trabalhador Rural), criado em 1963, extinto em 1977; MOBRAL
(Movimento Brasileiro de Alfabetização), criado em 1967 para alfabetizar
adultos, extinto em 1985.; IBC (Instituto Brasileiro do Café) que existiu de
1952 a 1990;

24- Em 1962, o Mexicano Carlos Garcia Zacateca pedalou 3 dias e 3 noites


sem descer da bicicleta na Praça Central. A Família Barros cedeu a
bicicleta, substituída por outra cedida por Laércio e Fernando Soares.

80
HINO A PEABIRU

Por meio da Lei n° 212 de 23 de novembro de 1995 ficou aprovado o Hino a


Peabiru como Hino oficial do município. Esta lei foi sancionada pelo prefeito João
Carlos Klein.
Letra e música: Professor ESPEDITO FERREIRA
Peabiru, Peabiru,
Terra amada varonil
Peabiru, oh! Minha terra
Pedacinho do Brasil

O amor aqui impera


E o trabalho nos conduz
A um pedestal de glória
Por um caminho de luz.
Liberdade no horizonte
No céu um formoso azul
Terras férteis. Rios, fontes
És uma estrela do sul

Peabiru, Peabiru,
Terra amada varonil
Peabiru, oh! Minha terra
Pedacinho do Brasil

Teu nome emoção encerra


És caminho do sertão
És meu berço, minha terra
És a minha inspiração.
Laboriosa e hospitaleira
Destemida e varonil
É gente desta terra
Também filhos do Brasil.

Peabiru, Peabiru,
Terra amada varonil
Peabiru, oh! Minha terra
Pedacinho do Brasil...

81
PRATO TÍPICO “CARNEIRO AO MOLHO DE VINHO”

Pela Lei n.º 188 de 20 de março de 1995, foi criado o Prato Típico
“Carneiro ao Molho de Vinho”, festa que acontece todo 3º domingo de agosto.
Dizem que na falta de água limpa nos tempos primeiros, os colonizadores
coziam a carne de carneiro ao molho do vinho.

82
“MUSEU MUNICIPAL CAMINHOS DE PEABIRU”

O Museu Municipal Caminhos de Peabiru foi criado pela Lei n.º 563, de
06 de março de 2.007. Localiza-se na Av. Dr. Didio Boscardim Belo, n.º 977,
com funcionamento de segunda à sexta, das 08 às 11h, das 13h às 17h. Está
instalado em uma casa histórica, a qual por anos serviu de residência aos
Juízes de Direito que por aqui trabalhavam.

83
REFERÊNCIAS

ALBERTI, Verena. Manual de história oral. 2. ed. Rio de Janeiro: Editora Fundação
Getúlio Vargas, 2004

BRAUDEL, Fernand. Escritos sobre a História. 2ª ed. São Paulo: Perspectiva, 1992.

BURKE, Peter. O que é história cultural? Tradução de Sérgio Goes de


Paula. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2005, 191 p.

CABREIRA, Maria Luiza Rogge; DA MOTTA, Enilda Rocha; FERMINO, Elza Rocha;
SANTOS, Denise Apª Perón dos; TAKAHASHI, Iracilda Belini; XAVIER, Taiana
Consuelo. Conhecer e Viver Peabiru. Imprensa Oficial do Paraná. Curitiba.
Outubro/2002.

CASEMIRO, Sinclair Pozza; Estudos sobre o Caminho de Peabiru na COMCAM.


Compêndio sobre o Caminho de Peabiru na COMCAM, Campo Mourão, v. 2, p. 10-
25, 2005.

COSTA, Milton Couto; O mataonça e outras histórias. Editora Design, 2003.

HAHN, Fábio André; Tendências e perspectivas da História Intelectual. In: HAHN, F. A.;
MEZZOMO, F. A.; MYSKIW, A. M.. (Org.). Ensaios Historiográficos: Temas,
Tendências e Interpretações. 1 ed. Campo Mourão: Editora da FECILCAM, 2010, v. 1,
p. 43-71

IBGE.Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Dados sobre Peabiru. Disponível


em:<www.ibge.gov.br.com>>. Acesso em 20 Dez. 2011.

IPARDES, Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social. Cadernos


M u n i c i p a i s : P e a b i r u . D i s p o n í v e l e m :
http://www.ipardes.gov.br/cadernos/Montapdf.php?Municipio. Acesso em 22 dez.
2011.

PANTE, Mariza. Contabilidade de custos aplicada á agricultura. Campo Mourão:


FECILCAM, 2001.

PARANÁ-SEDU. Plano Diretor de Uso e Ocupação de Solo: Peabiru. Volume I.


Secretaria de Estado do Desenvolvimento Urbano – Serviço Social Autônomo
PARANACIDADE. Agosto/2005.

84
PEABIRU. Peabiru – PR - Um Progresso Constante. Prefeitura Municipal de Peabiru.
1979.

SANCHES NETO, Miguel; Chove sobre minha infância. Rio de Janeiro: Record, 2000.

______________, Hóspede secreto. Rio de Janeiro: Record, 2003

SANTOS JÚNIOR, Jair Elias. Roberto Brzezinsky: semeador de esperança. Curitiba:


Edição do autor, 2011.

STÉDILE, João Pedro. Latifúndio: O Pecado Agrário Brasileiro, 2ª ed., São Paulo:
MST, 2003.

XAVIER, Eolina de Paula. Poeira Vermelha. Editora Eletrônica, 2001.

CRÉDITO DAS FOTOS

-Museu Municipal de Peabiru “Caminhos de Peabiru”;


-Aidê de Barros:
-Otávio Vonsowsky;
-Ademir Billy Basso;
-Miguel Sanches Neto;
-Filadelfo Ruis Alves;
-José Durães de Souza;
-Luiz Bassi;
-Sílvia Regina Parapinsky Massera;
-Blog do Willie Bathke JR;
-Blog Peabiru no Rumo Certo.

85
GALERIA DE FOTOS

Peabiru nos primórdios As derrubadas.

Umas das primeiras serrarias nesta foto de 1950

Dr. Sady Silva

Vista aérea de Peabiru. Nota-se a construção


Futura Vesbalar, na Av, Raposo Tavares com de uma das torres da Igreja Matriz no canto
Rua João Pereira dos Santos inferior esquerdo.

86
Bar do seu Braz da Costa, localizado na Av Raposo
Tavares onde se encontra hoje a Panificadora Máster Pão.

1948-Igreja em Madeira

1º Automóvel em 1943.

1º CASA PRINCESA.
Na janela, Sady Freitag

87
Serraria N. S. Aparecida, da
Família Duarte (Portugueses).
1945-Serraria Gava e Filhos Atual almoxarifado da Prefeitura

88
1º Ginásio-Esquina da Av. Tavares
com Rua João P. dos Santos

Ari Mujol e o Bar


Snoker

Fábrica de
refrigerantes

Orlando Bassi em uma


de nossas serrarias

89
Prédio de José Maria de Barros no centro de Peabiru. Estrada
sem asfalto ainda.

Orlando Bassi e esposa,


Assunta Frare

José Dias Aranha

90
O menino João Carlos Klein, seu pai Darcy Klein e o Prefeito Eleutério
Galdino de Andrade, na foto de 1958. O jardim, recém-inaugurado.

A igreja Católica: Ao fundo, os andaimes da construção em andamento

91
João Xavier Padilha
1940

Veronica e José Macowski


(sentados) e os filhos
(dir/esq) Estanislau, Leocadia,
Nicolau, Leonardo, Wenceslau
e Helena, em frente ao antigo
Hotel Norte em Peabiru

Família Bassi: da esq. p/ direita em pé: Henrique, Guilherme, Francisco, Ricieri, Tio
Zé (Pascoal), o menino Paulo , Orlando, Julio e Reinaldo. Sentados: Izolina,
Narciso, Matriarca Rosa Zanellatti, e Maria Bassi.

92
Inauguração da Praça Central, em 1957. Ao fundo, o Hotel e Restaurante Vera e o Posto
de Gasolina, na esquina da Av. Raposo Tavares com Av. Vila Rica.

Família Durães de Souza

93
Família Xavier Padilha em 1942

1974- FAMÍLIA PEREIRA ROCHA: De óculos, Baiano Macaco. Ao lado, de lenço na cabeça, a
esposa Nelci Lopes Paiva grávida de Arleto Rocha. Os meninos: sobrinho de Baiano Macaco,
Luiz Janeiro (maior) e o filho, Alvino. O filho Sérgio não aparece, pois está atrás de seu pai.
Retrato tirado no Foto Estrela, pelo Seu Nelson Ito.

94
Lazinho Emídio Silvino Lopes Lary C.
e Esposa de Oliveira Razzolini

Luiz Bassi, o 5º, de terno branco Sílvio de Barros

À esquerda, Silvino Lopes; José Dias Localizado na Av. Raposo Tavares,


Aranha, ao centro de chapéu; e a direita próximo a Vidraçaria Imperial
Drº. Daniel Portella

95
Família Durães de Souza. Note ao alto, à esquerda, a placa do Foto Yoshida. José Durães está
de bonezinho, ao fundo à direita, nos braços do pai.

Foto tirada no Clube da ACERP, ao lado da Câmara Municipal, local onde hoje é a casa do
Professor Walter Roque. A bandeira do Brasil, em dias de eventos sociais, como esta
formatura, ocultava o Bar às costas da mesa.

96
Prédio Histórico, a Laminadora Oeste Ltda. Na Rua Maria Helena Bassi,
ao lado do futuro Fórum.

Desfile de 7 de setembro na Comunidade Venda Branca.

97
Na foto, de 1964, a primeira turma da Escola Técnica de Comércio.
Da esq. p/ direita: 1- Emilio Nascimento (Inspetor de Ensino); 2-Arsenio Benedito Pela (Secretário
do Prefeito); 3-Ida Gagliardi Pela (Formanda e Esposa de Arsenio); 4-Luiz Bassi (Formando); 5-
Matilde Zacaluzni (Formanda); 6-Zacaria Seleme (Deputado federal e Patrono dos Formandos); 7-
Professor Toniquinho (Formando); 8-Neiva Lago Reis (Formanda); 9-Jaime Nalim Duarte
(Formando); e 10- Milton Couto Costa (Formando). Note ao fundo a casa do padre, no local onde
hoje está o Salão Paroquial.

1958 - Os meninos Oscar e João Carlos Klein, com seu pai Darcy Klein e o Prefeito Eleuterio
Galdino de Andrade. Ao fundo a igreja ainda em madeira

98
Antes da construção do Ginásio de Esportes, a quadra
externa recebia os grandes jogos.

Baiano Macaco: Sócio do Família Bassi e o futebol em Peabiru


Corinthians

99
Equipe de
Futebol da
Colônia
Mineira.

100
Onças habitavam as matas de Peabiru.

Faz sol sobre tua infância: no jardim da Rodoviária de Peabiru, Zé Carlos,


Miguel Sanches Neto, Carmen e Luiz.

101
Celso dos Santos e na garupa, Paulo Postali. Ao fundo, em primeiro plano,
a Oficina do Ariosti, depois do Luiz Mecânico, mais ou menos onde hoje
funciona a agência dos Correios

Fachada da Loja Maçonica Rui Barbosa em Peabiru, na década de 1970

102
Dia e noite, o barulho das serras das serrarias e do bater dos martelos
ecoavam por entre as cercas de balaústres.

Peabiru em madeira na década de 1950

103
Compra de Combustíveis em 01 de setembro de 1950.
Abaixo a assinatura do Sr. José Maria de Barros

Em 1978 “Éramos Seis”: (da esq. p/ dir.) Alvino; depois o pai Elvino
(Baiano Macaco); o menino Sérgio; a mãe Nelci; de costas, agachado,
Celso e dentro do jipe , Arléto Rocha.

104
HISTÓRIAS DE FAMÍLIAS
DE PEABIRU –PR
Volume I

Arléto Rocha
João Carlos Klein
Wanderley Mafra
Prof.º Luiz Bassi
Município de Peabiru está localizado ao centro do Estado do

O Paraná, entre as cidades de Campo Mourão e Maringá. O nome


deriva-se do milenar Caminho de Peabiru, rota dos Índios
Guaranis que iam do Oceano Pacífico ao Atlântico. Possivelmente tinha
um de seus ramais passando por aqui. Neste caminho, os Guaranis
buscavam chegar ao “IWY MARÃ'Y”, a “Terra Sem Mal”. -
Nestas páginas estão as histórias de 20 famílias contadas por elas
mesmas. Histórias de diversas pessoas que vieram para Peabiru em
busca de sua “Terra sem Mal”.
Com uma vida rústica, caminhando por picadas na mata adentro
toparam com onças, enfrentaram geadas, a poeira vermelha dos dias
secos, tocaram porcos e bois por quilômetros a fio, estabeleceram raízes.
Historias de vida e também algumas de morte. Ora comoventes, ora
alegres, tristes e ao mesmo tempo, cheias de risos.
ito meses de trabalho, para por

O à mesa, “As Histórias de


Famílias de Peabiru-PR”. Ao
todo, quase 20 horas de entrevistas em
aúdio e vídeo, regadas a muito papo,
prosa e cafezinhos gentilmente
servidos pelos entrevistados. Depois, a
cada 01 hora de gravação de aúdio,
levava-se 06 horas para transcrição em
linguagem escrita: o gravador, o fone de
ouvidos, o computador e a tecla pause
requisitada constantemente durante
120 horas de corporeificação das
palavras. Em média, cada entrevista
gerou de 10 a 15 laudas. A partir daí o
trabalho de ourives para condensá-las
no máximo a três laudas. Em seguida a
etapa de reunião das fotos, centenas
delas, das quais depois de escolhidas,
colheram-se os dados para comporem
as legendas. Veio então a etapa final: as
revisões. Diversas delas, tentando ao
máximo fazer jus à veracidade dos fatos
como foram assim contados.
Paralelo ao trabalho escrito, a
missão de compor um documentário
em aúdio e vídeo das entrevistas: outra
tarefa de Hércules. Ao final, eis a obra:
Documento da História Oral, trabalho
histórico de horas, dias e meses,
oriundos do cotidiano popular que até
então navegava silencioso no substrato
das conversas.
OS AUTORES

João Carlos Klein é


Engenheiro Civil formado
pela UEM- Universidade
Estadual de Maringá e nasceu em
Peabiru-PR. Foi Vereador, Vice-
Prefeito e três vezes Prefeito
Municipal desta cidade de Peabiru.

Arléto Rocha é Geógrafo


formado pela UNESPAR
/FECILCAM-Campo Mourão
e agora, acadêmico do Curso de
História na mesma Universidade.
Contato pelo e-mail
arletorocha74@hotmail.com

Luiz Bassi é professor de


Matemática. Lecionou em
Peabiru de 1965 a 1995.
Foi secretário geral de três prefeitos.

Wanderley Mafra é
Professor de Artes,
trabalhando com danças,
teatro e inserções áudio visuais.

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