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A interação universidades e empresas em perspectiva

histórica no Brasil
2011

● Sistema Nacional de Inovação (SNI)

● Nível intermediário de construção


Outros com nível intermediário: México, Argentina, Uruguai, África do Sul,
Índia e China
Nível desenvolvido: Japão, Coreia do Sul, Taiwan

● Estudo de caso: EMBRAPA E EMBRAER, que possuem instituições de


pesquisa, porém com mão de obra menor do que as empresas de países com
nível avançado de tecnologia

● Os produtos em que o Brasil tem vantagem internacionalmente são fruto de


acúmulo de conhecimento que ocorreu historicamente.

● Brasil teve industrialização tardia e criação tardia de centros de pesquisa

Três dimensões para uma história econômica da ciência e


da tecnologia (19-22)

Ciência e tecnologia; fontes de financiamento; estruturas monetárias e financeiras.

Início tardio das instituições monetárias no BR

Lideranças econômicas da ciência e tecnologia: Veneza (1378-1498), Gênova


(1557-1627), Amsterdam (1627-1773/83), Londres (1773), EUA/NY (1950-1960)

Raízes históricas da interação universidades e empresas


nos sistemas de inovação desenvolvidos (22-25)

O SNI é um conceito evolucionista/neoschumpteriano; e está inserido em uma


agenda de pesquisa que considera a história; e conta com autores como Freeman,
Nelson, Rosenberg.

Diferença das universidades dos eua para outras: capacidade de responder a


demandas econômicas; alta descentralização; conexão e competição entre
universidades; tamanho do sistema universitário; síntese entre formação
universitária e pesquisa avançada.

Elementos necessários para interação entre universidades e empresas:


1. preparação dos arranjos monetário-financeiros que viabilizam, entre outros
elementos, a criação e o funcionamento de universidades/instituições de
pesquisa e firmas.
2. construção das instituições relevantes [universidades, centros de pesquisa,
etc]
3. Construção de mecanismos de interação dessas duas dimensões [desafios e
diálogos]
4. Desenvolvimento da interação das duas dimensões (processo de
aprendizado, tentativa e erro)
5. consolidação e desenvolvimento dessas interações [depende de tempo]

O início da construção de instituições do SNI no Brasil


(25-28)

Mesmo em comparação com países latino-americanos a criação de universidades


no BR foi tardia, limitada e em contexto problemático.

Período colonial: Tripé da tecnologia inexistente, pois não podia competir com a
coroa portuguesa, diferente das colônias espanholas.
1808: Vinda da família real para o Brasil, e início das instituições de ensino e
pesquisa, além da criação do banco do brasil.
1820: tentativa de construção de universidades isoladas
1934: Criação da USP que incorpora centros já existentes e nascimento da FFLCH;
início da comunidade científica.

Escravidão era um empecilho para o progresso tecnico


Enquanto a europa passava de animais para manufatura, o Brasil era escravista
Diálogo com Celso Furtado

“Ondas” de formação das instituições de ensino e


pesquisa (28-31)

Até 1808: Bloqueio ao desenvolvimento do país

1808: Primeira onda de criação de instituições (banco do Brasil e universidades


isoladas)
1870 - 1900: Segunda onda de criação de instituições de pesquisa
1920 - 1934: Terceira onda, época da Universidade temporã, bem sucedidas e
estáveis, como a USP.
1945 (Pós guerras): Quarta onda; CAPES, CNPQ, FAPESP, outras universidades
1964 - 1985 (Regime militar): centros de pesquisa estatais, incluindo a EMBRAPA
em 1973; criadas instituições de financiamento

1985 (após o regime militar): Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT)


Até 1990: o sistema financeiro permanece subdesenvolvido

Identificação de interações C&T (31-38)

“As condições adversas legadas pela escravidão e suas consequencias sociais e


ecnonomicas fincaram raízes desigualdade, retardaram a formação de um mercado
de trabalho assalariado no país, limitaram o tamanho do mercado interno, gerararm
deficienciashistóricas na educação e na formação de qualçificações técnicas” (p. 32)

O sistema monetário e financeiro cresceu atrelado ao setor agrícola exportador.

1930 - 40: proteção aduaneira


1950 - 80: políticas industriais
1960/70: sistematização da relação entre ensino e pesquisa

Ciências da saúde

“Uma das áreas de conhecimento com status de excelência no Brasil de hoje é a de


ciências da saúde, particularmente na pesquisa biomédica para a produção de soros
e vacinas.” (p. 33)

Butantan e Instituto Oswaldo Cruz - centros de pesquisa de nível avançado

Ciências agrárias e engenharia florestal

“ A reconhecida competitividade internacional do Brasil em produtos agropecuários e


agroindustriais baseia-se não apenas em vantagens comparativas, como também
em longo processo de criação de instituições de ensino e pesquisa na área” (p. 34)

Auge da economia cafeeira (1875-1930): início da pesquisa na área, e avançou junto


à industrialização

1887: IAC
1894: Poli/USP
1901: ESALQ
1920: IAC e programa de pesquisa para o algodão
1970: revolução na agropecuária
1973: EMBRAPA

Outros bem sucedidos: celulose, grãos, carnes


Mais atuais: projeto genoma, celulose

Mineração, Engenharia de Materiais e Metalurgia

1876: Escola de Minas de Ouro Preto (EMOP), assim a produção de ferro ganha
escala
1920: primeiras siderúrgicas no Brasil
1941: CSN

“Entretanto, entre os fatores explicativos do atual sucesso da indústria brasileira de


minérios e siderurgia no mercado mundial, um dos mais importantes é a rica
experiência de interação do Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais
da UFMG com as empresas.” (p. 37)
Engenharia aeronáutica

1940: Ministério da aeronáutica


1945: criação do ITA
1948: Início do funcionamento do ITA no CTA no RJ
1950: ITA formalmente criado e localizado em São José dos Campos
1969: fundação da EMBRAER

Raízes históricas dos pontos de interação

Existem outros exemplos, como no caso do cimento e da metalúrgica

“Assim sendo, constata-se que os exemplos de sucesso de fato indicam que “é


necessária uma construção de longo prazo, com esforços sistemáticos que
persistem ao longo do tempo”, conforme a hipótese apresentada na introdução deste
artigo.” (p. 39)

Conclusão

“Em primeiro lugar, o começo tardio da construção das instituições de pesquisa e


ensino superior é um componente importante para a compreensão dos limites do
SNI atual. Mas, como discutido, esse começo foi não apenas tardio, mas também
limitado (tímido) e problemático (dadas as condições adversas).” (p. 40)

“Em segundo lugar, ao focalizar casos representativos nos quais a interação


demandas sociais e econômicas e construção de instituições teve lugar, pôde-se
confirmar a hipótese de que os casos de sucesso existentes no país têm raízes
históricas sólidas.” (p. 40)

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