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Competência 7

Linguagens, Códigos e Suas Tecnologias


Competência de área 8 – Compreender e usar a língua portuguesa como língua materna, geradora de significação e
integradora da organização do mundo e da própria identidade. > H25 – Identificar, em textos de diferentes gêneros, as
marcas linguísticas que singularizam as variedades linguísticas sociais, regionais e de registro.

Questão 1)
Mas o meu requerimento foi submetido a esta assembléia em 23 de outubro, sendo aprovado aos 27 do mesmo
mês, e só aos 12 de novembro aqui chegaram os papéis requisitados, vindo ter às nossas mãos, destarte, com
uma demora de 15 dias, quando já ninguém tinha esperança que o Senado merecesse do Governo essa
consideração, por êle tantas vezes recusada ao Congresso. A presidência Hermes estava a expirar, e atrasar para
os seus momentos de agonia esclarecimentos solicitados com tamanha antecedência era burlar o nosso ato,
dando o caráter de um julgamento póstumo à investigação, que êle tinha em mira.
BARBOSA, Rui. Discursos parlamentares. In: Obras completas de Rui Barbosa. Rio de Janeiro: Ministério da Educação e Cultura, 1914. (adaptado)
A variante da linguagem empregada no texto é considerada
a) social, pois facilita o entendimento do discurso pelo público geral.
b) geográfica, representante da região do país de onde veio o autor.
c) formal, cujo contexto é o de alguém que discursa no meio político.
d) histórica, caracterizada pela citação de datas importantes para o país.
e) empresarial, pois utiliza termos e expressões próprios do campo corporativo.

Linguagens, Códigos e Suas Tecnologias


Competência de área 8 – Compreender e usar a língua portuguesa como língua materna, geradora de significação e
integradora da organização do mundo e da própria identidade. > H25 – Identificar, em textos de diferentes gêneros, as
marcas linguísticas que singularizam as variedades linguísticas sociais, regionais e de registro.

Questão 2)
Um amigo não tenhas piedoso
Que o teu corpo na terra embalsame,
Pondo em vaso d'argila cuidoso
Arco e frecha e tacape a teus pés!
Sê maldito, e sozinho na terra;
Pois que a tanta vileza chegaste,
Que em presença da morte choraste,
Tu, cobarde, meu filho não és.
Trecho de “Y-Juca Pirama”, de Gonçalves Dias.
No trecho do poema de Gonçalves Dias, escrito no século XIX, a variação linguística histórica se manifesta no(a)
a) inversão da ordem direta das frases.
b) imitação do modo como os indígenas falam.
c) referência a termos utilizados no interior do país.
d) uso de vocábulos que ilustram a ortografia da época.
e) aspecto formal notadamente influenciado pelo cordel.
Linguagens, Códigos e Suas Tecnologias
Competência de área 8 – Compreender e usar a língua portuguesa como língua materna, geradora de significação e
integradora da organização do mundo e da própria identidade. > H26 – Relacionar as variedades linguísticas a situações
específicas de uso social.

Questão 3)
Machado de Assis maltratando a gramática?

Palmadas nele!
Outro dia, em um desses “sebos", encontrei uma obra rara que me chamou a atenção. Era o livro Curso de português, de Aníbal
Bruno, 24º edição, de 1962. Nele, o autor nos traz a carta de Machado de Assis escrita a José Veríssimo, datada de 21 de abril de 1902.
Machado escreve ao crítico literário José Veríssimo e manifesta sua opinião sobre o romance Canaã, de Graça Aranha.
Após a exposição da carta de Machado de Assis, o professor Aníbal Bruno, registra em seu “Estudo do texto” a seguinte análise:
“Observe o emprego do pronome de tratamento você com o possessivo correspondente, de terceira pessoa, seu, e os pronomes
oblíquos lhe e o: o seu recado, para lhe apertar a mão. É erro grave usar na mesma frase você e tu ou vós, ou o possessivo teu e vosso”.
O professor Aníbal Bruno, representante da ala mais conservadora do estudo da gramática, indiretamente, tenta nos convencer de que a
gramática é só para alguns e que o domínio da língua é um grande mistério reservado a poucos iluminados. Ao encontrar “erros” em
Machado de Assis, colocando-o como alguém que não domina a norma-padrão, esse estudioso nos faz pensar o quanto são profundas as
raízes da tradição prescritiva no ensino da língua portuguesa.

Disponível em: <http://goo.gl/OGmch>. Acesso em: 23 abr. 2013. (adaptado)

O fragmento anterior foi extraído do artigo escrito pelo professor Maurício Santos sobre a análise que o gramático Aníbal Bruno fez da
escrita de Machado de Assis. Desse modo, infere-se que a análise empreendida pelo gramático
a) demostra que Machado de Assis, apesar de ser um dos grandes escritores do Brasil, possui um escasso conhecimento gramatical e
ortográfico.
b) é destituída de um olhar que compreenda a língua como algo que vai além dos conceitos da gramática normativa.
c) dá preferência à linguagem oral, valorizando aspectos peculiares do falar brasileiro, como o emprego incorreto dos pronomes.
d) reconhece a importância do registro do português do Brasil ao buscar sistematizar a língua na sua expressão oral.
e) reflete a respeito dos métodos de elaboração do bruxo do Cosme Velho, valorizando os seus malabarismos linguísticos.

Linguagens, Códigos e Suas Tecnologias


Competência de área 8 – Compreender e usar a língua portuguesa como língua materna, geradora de significação e
integradora da organização do mundo e da própria identidade. > H26 – Relacionar as variedades linguísticas a situações
específicas de uso social.

Questão 4)
A imagem anterior é o anúncio de um jornal impresso. A principal estratégia usada, no anúncio, para convencer o
leitor a comprar o jornal é a
a) fidelidade entre a variante linguística utilizada no anúncio e a comumente usada no meio jornalístico.
b) credibilidade atribuída ao veículo comunicativo pela ênfase dada ao tempo de circulação no mercado.
c) proximidade entre o veículo e o público-alvo, construída a partir da confiabilidade associada ao jornal.
d) rapidez na divulgação de fatos importantes, por meio da cobertura em tempo real dos acontecimentos.
e) identificação entre o público-alvo e o veículo a partir do uso da linguagem informal para noticiar os fatos.

Linguagens, Códigos e Suas Tecnologias


Competência de área 8 – Compreender e usar a língua portuguesa como língua materna, geradora de significação e
integradora da organização do mundo e da própria identidade. > H27 – Reconhecer os usos da norma padrão da língua
portuguesa nas diferentes situações de comunicação.

Questão 5)
O teórico Almeida (2003) apontou em seus estudos um breve panorama do percurso da Linguística. De acordo
com ele, da origem grega, Antiguidade Clássica, passando pela Idade Média, até o Renascimento, o que
predomina como núcleo do interesse linguístico são, por exemplo, problemas de descrição e de definição
referentes à essência da linguagem e às categorias das línguas. Até o Renascimento, aqueles que se ocuparam de
línguas teorizaram sobre a linguagem e frequentemente descreveram língua embasados no que já fora teorizado.
Da era renascentista até o século XVIII, há predominância do interesse histórico-comparativo sem, obviamente,
ignorar por completo a teoria e descrição. No Renascimento, por exemplo, os estudos estão voltados para a
comparação entre diversas línguas e, também, entre fases históricas de uma mesma língua, e se procura a
explicação de fatos históricos.
ARAUJO, Daniela. Disponível em: http://www.interletras.com.br. Acesso em: 30 out. 2020.
De acordo com o texto, da Antiguidade Clássica até o Renascimento, o centro dos estudos linguísticos eram
questões relacionadas a definição e descrição. No texto, o uso do vocábulo “até” na construção “até o
Renascimento” indica que, nesse período histórico, houve uma
a) interrupção dos estudos linguísticos descritivos.
b) mudança quanto ao centro dos estudos linguísticos.
c) predominância de estudos linguísticos voltados para a descrição.
d) continuidade quanto ao núcleo de interesse dos estudos linguísticos.
e) tendência de dispensar o método comparativo de estudo das línguas.

Questão 6)
A construção “testar positivo” é um decalque do inglês to test positive. [...] Qual a função gramatical de positive
aqui? Em inglês, positive é um predicativo, isto é, um atributo do sujeito da frase, tanto quanto nas frases em
português “Ana parece aborrecida”, “João ficou contente” [...] etc. O que chama logo a atenção é que em “Ana
parece aborrecida” o predicativo “aborrecida” está no feminino, concordando com “Ana”. Não seria o caso então
de dizer e escrever “Ela testou positiva”, no feminino também? Sim, seria. Acontece que em inglês os adjetivos
não têm flexão de gênero nem de número. [...] E ao decalcar a construção, também se decalcou essa falta de
flexão. Em português e nas outras línguas românicas, o verbo “testar” é sempre transitivo, isto é, testar “pede”
um objeto. [...] Usar “testar” sem objeto é algo “fora da norma” do português e das línguas aparentadas. Mas em
inglês o verbo to test, que também em geral se usa com objeto, pode ser empregado sem objeto com um sentido
bem restrito: “produzir um resultado específico em um teste médico, especialmente um teste para detectar
drogas ou para detectar o vírus da aids” (conforme o Dicionário Oxford, tradução minha, mas veja-se na definição
o uso de resultado).
BAGNO, Marcos. “Ela testou positivo”: que sintaxe é essa? Disponível em: https://parabolablog.com.br. Acesso em: 28 jan. 2021. (adaptado)
No texto, informa-se que o uso da expressão “ela testou positivo” se distancia do padrão de construção sintática
do português porque, nessa expressão, o verbo
a) permanece invariável.
b) funciona como transitivo direto.
c) aparece sem complemento verbal.
d) concorda com o predicativo do sujeito.
e) perde valor semântico de verbo de ligação.

Resolução

Resolução 1)
Resposta Correta: C

Alternativa A
(F) O público para o qual o enunciador fala pertence ao meio político, por isso são utilizados, naturalmente,
termos considerados próprios desse contexto e que são comuns aos interlocutores. Assim, é incorreto afirmar que
haja uma facilitação do entendimento para o público em geral.

Alternativa B
(F) O texto não apresenta expressões particulares de uma região e não identifica o local onde o enunciador fala,
por isso não há caracterização de uma variante geográfica.

Alternativa C
(V) O texto é o trecho de um discurso feito em um ambiente político, como se percebe em “esta assembleia”.
Nesse contexto, a linguagem formal prevalece e pode ser considerada adequada à ocasião de uso.

Alternativa D
(F) Há, no texto, ocorrência de termo em desuso no português moderno (destarte), além de características
ortográficas particulares de uma época. São essas as características que poderiam caracterizar uma variante
histórica, e não o fato de serem citadas datas, como afirma a alternativa.

Alternativa E
(F) O autor utiliza termos do campo jurídico, e não do meio corporativo, que se refere ao campo empresarial.
Resolução 1)
Resposta Correta: D

Alternativa A
(F) A inversão da ordem direta das frases é um recurso estilístico presente no poema, mas está relacionada ao
estilo, e não a fenômenos como a variação linguística.

Alternativa B
(F) No poema, símbolo da poesia romântica indianista, são utilizados recursos na tentativa de aproximar a
linguagem do modo de falar dos indígenas, como a inversão da ordem direta da frase; no entanto, esse aspecto
não tem relação com a variação linguística histórica.

Alternativa C
(F) No poema, há tentativa de aproximação com o falar dos indígenas, contudo não há referência a termos
próprios de uma linguagem regional. Além disso, esse não é um fator associado à variação histórica.

Alternativa D
(V) A variação linguística histórica está relacionada às mudanças sofridas pela língua ao longo do tempo. No
poema, há vocábulos escritos de acordo com a ortografia vigente no século XIX, como as palavras frecha (hoje se
escreve flecha) e cobarde (hoje se escreve covarde). Essa variação entre a forma como determinados vocábulos
eram escritos em outras épocas e a forma como são escritos hoje é diacrônica.

Alternativa E
(F) O poema é composto em versos rimados, que podem lembrar a estrutura do cordel, contudo esse aspecto
formal não tem relação com a variação linguística histórica.

Resolução 1)
Resposta Correta: B
De acordo com o fragmento do artigo, ao analisar a carta de Machado de Assis a José Veríssimo, o professor Aníbal Bruno preocupou-se
apenas com as regras gramaticais, desconsiderando o caráter subjetivo e informal que caracteriza o gênero textual carta, ou seja,
desprezando a situação comunicativa em que o texto foi produzido.

Resolução 1)
Resposta Correta: E

Alternativa A
(F) A alternativa está incorreta, pois não há fidelidade entre a linguagem do anúncio – que é informal, com a
presença de expressões populares e gírias – e a linguagem recorrente no meio jornalístico, mais objetiva e formal.

Alternativa B
(F) O fato de o jornal ter completado um ano de circulação não apresenta relação direta com a credibilidade. Por
isso, esse aspecto não é enfatizado, portanto, não recebendo tanto destaque.

Alternativa C
(F) A alternativa está incorreta uma vez que não há elementos no anúncio que se refiram à confiabilidade do
veículo jornalístico.

Alternativa D
(F) Não há nenhum elemento no anúncio que explicite o compromisso do jornal em fazer uma cobertura em
tempo real.
Alternativa E
(V) A proximidade gerada entre o jornal e o público é feita pelo uso da “língua da gente”, ou seja, da linguagem
informal, utilizada no anúncio.

Resolução 1)
Resposta Correta: B

Alternativa A
(F) Apesar de ter valor semântico de estabelecer um limite de tempo ou de espaço, a preposição até não é
utilizada para delimitar que os estudos descritivos foram interrompidos no Renascimento, mas sim para informar
que estes deixaram de ser o centro de interesse dos estudos linguísticos.

Alternativa B
(V) A palavra até, quando utilizada como preposição, indica limite de tempo ou de espaço. Desse modo, ao
informar que as questões relacionadas a definição e descrição eram o centro dos estudos linguísticos até o
Renascimento, o texto estabelece como limite de tempo o início desse período, determinando que, nessa época,
essas questões deixaram de ser o centro, ou seja, houve uma mudança quanto ao foco dos estudos linguísticos.

Alternativa C
(F) O uso da preposição até sugere justamente o contrário, delimitando que os estudos descritivos não
predominaram no Renascimento, mas sim antes desse período.

Alternativa D
(F) A preposição até marca um limite, não podendo expressar continuidade. Desse modo, entende-se que não
houve continuidade quanto ao núcleo de interesse dos estudos linguísticos.

Alternativa E
(F) O método comparativo, como é informado nos dois últimos períodos do texto, foi predominante nos estudos
linguísticos do período renascentista.

Resolução 1)
Resposta Correta: C

Alternativa A
(F) Não é informado no texto que o verbo testar permanece invariável independentemente do sujeito. Se o
sujeito estiver no plural, certamente o verbo irá para o plural para concordar com este (por exemplo: elas
testaram positivo).

Alternativa B
(F) Segundo o texto, na expressão em questão, o verbo testar não funciona de acordo com as normas sintáticas
do português justamente por não apresentar objeto direto, não funcionando, portanto, como transitivo direto.

Alternativa C
(V) Conforme é informado no texto, na expressão “ela testou positivo”, o adjetivo positivo funciona como
predicativo do sujeito, e não como complemento verbal. Nesse caso, o verbo testar, que geralmente é utilizado
acompanhado de objeto direto, aparece sem complemento verbal.

Alternativa D
(F) Na expressão “ela testou positivo”, não há concordância entre o predicativo positivo e a forma verbal testou.
Como é informado no texto, o predicativo, nesse caso, não concorda sequer com o sujeito, já que a construção
provém do inglês, língua na qual os adjetivos não sofrem flexão.
Alternativa E
(F) Na construção em questão, o verbo liga um sujeito ao predicativo do sujeito, tal como ocorre com os verbos de
ligação. Assim, não se pode afirmar que o verbo perde o valor semântico de verbo de ligação nem que esse seja o
motivo pelo qual a expressão se distancia do padrão.

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