Abortamento induzido e gravidez não planejada:
Revisão narrativa da literatura
Aline Célia Caribé de Araújo Melo, Edméia de Almeida Cardoso Coelho,
Raquel de Alcântara, Renata Costa da Silva
Introdução: O abortamento é definido como
a interrupção da gestação com idade
gestacional de 20 a 22 semanas e concepto
com peso menor ou igual a 500 g. O aborto
induzido refere-se à interrupção voluntária da
gestação, sendo criminalizado em alguns
países aumentando a prática ilegal, que
ocorre sem garantias de assistência médica
adequada1. A Organização Mundial da Saúde
declara que a cada ano 208 milhões de
mulheres engravidam, 41% dessas
gestações, que equivalem a cerca de 85
milhões das gestações não são desejadas.
Em países de rendas baixa e média, 74
milhões de mulheres engravidam sem
intenção, sendo que ocorreram 25 milhões de
abortos em condições inseguras e os óbitos
maternos foram de 47 mil entre 2005 e 20142.
Objetivo: Identificar na literatura científica
estudos sobre mulheres que tiveram aborto
induzido decorrente de uma gravidez não
planejada. Métodos: Este trabalho foi
realizado por meio de pesquisa de revisão
narrativa com a utilização da estratégia PICo
que é um acrônimo para P- Paciente, I-
Intervenção, Co- Contexto para a formulação
da pergunta da pesquisa. Com isso, foram
identificados os componentes relacionados ao
problema e elaborada a seguinte pergunta de
pesquisa: Como o aborto induzido decorrente
de uma gravidez não planejada vem sendo
abordado na literatura científica? Os critérios
de elegibilidade dos artigos foram: idiomas
português, inglês e espanhol; publicações no
período entre os anos de 2016 a 2021; artigos
completos; disponibilidade online e gratuita.
Após a seleção dos artigos foram analisados
de acordo com a recomendação PRISMA3.
Resultados: Posteriormente à realização da
estratégia de busca adotada para a seleção
dos artigos foram encontrados um total de
244 estudos, estando assim distribuídos:
PubMed- 193; LILACS- 5, BDENF- 2,
MEDLINE- 1. Desses, foram excluídos 22
materiais duplicados e, em seguida,
eliminados 209 artigos por não atenderem
aos critérios de inclusão.
Descritores: Mulheres; Aborto Induzido;
Gravidez não Planejada.
A amostra que compõe esta revisão foi
constituída por 13 estudos examinados em
conformidade com: número de ordem do artigo,
ano de publicação, título, os/as autores/as,
periódico onde foi veiculado e metodologia
utilizada. Segundo convergência de temas,
formou-se 3 categorias a partir do agrupamento
dos estudos, são elas: assistência hospitalar;
gravidez indesejada e fatores socioculturais;
maneiras e técnicas de aborto induzido. Os
artigos analisados demonstraram que o aborto
permanece sendo um problema grave de saúde
pública e causa de óbitos maternos. O desfecho
da gravidez não planejada em aborto tem
interferência de fatores sociais, culturais,
econômicos e estruturais. A pequena
quantidade de artigos encontrados demonstrou
que ainda são escassos os estudos referentes à
gestação não planejada que resultam em aborto
induzido. Conclusão: Os desafios para a
efetivação dos direitos sexuais e reprodutivos
das mulheres tem relação direta com o exercício
de poder e controle sobre esses corpos, como
consequência, há barreiras que dificultam a
concretização da autonomia sobre o
planejamento reprodutivo e a decisão de não
tornar-se mãe. Atrelado a isso, interpõe-se uma
estrutura que afeta majoritariamente a
população vulnerável que, na tentativa de
interromper a gravidez não planejada, recorre a
procedimentos sem assistência e em condições
precárias. Isso posto, sugere-se a ampliação de
pesquisas nesse âmbito para maior
conhecimento sobre o fenômeno e,
consequentemente, melhoria das políticas
públicas de saúde e da assistência prestada.
1 MENEZES, Greice M. S. et al. Aborto e saúde no Brasil:
desafios para a pesquisa sobre o tema em um contexto de
ilegalidade. C. S. P. [online]. 10 Fev 2020, 36, n. Suppl 1.
Disponível em: <https://doi.org/10.1590/0102-
311X00197918>
2 Organização Mundial da Saúde. Organização Mundial da
Saúde. Abortamento Seguro: Orientação Técnica e de
Políticas para Sistemas de Saúde. 2ª ed. Genebra, Suíça:
Organização Mundial da Saúde, 2013. Disponível em:
<http://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/70914/978
9248548437_por.pdf;sequence=7>
3 PAGE, M. J. et al. PRISMA 2020 explanation and
elaboration: updated guidance and exemplars for reporting
systematic reviews. BMJ. 2021, 37, n. 160. Disponível em:
<https://www.bmj.com/content/372/bmj.n160>