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Da Terceira à Oitava Semana

do Desenvolvimento

Cristiane B. B. Torres
Introdução
• O desenvolvimento humano pode ser didaticamente
dividido nos seguintes períodos:

– Período pré-embrionário: 1ª e 2ª semana;

– Período embrionário: 3ª a 8ª semana;

– Período fetal: da 9ª semana ao final da gravidez.

• A duração da gestação é determinada usando duas datas


como referência:
– 38 semanas da data da fertilização;
– 40 semanas do início da última menstruação normal.

Cristiane B. B. Torres
Período Crítico do Desenvolvimento dos Órgãos: período mais suscetível a perturbações por agentes
teratogênicos (gráfico em vermelho), que coincide com o período entre a 4ª e a 8ª semana, conhecido como
Organogênese.

Cristiane B. B. Torres
Moore, Persaud (2013)
A terceira semana
• Principais eventos desse período:
– Desenvolvimento das vilosidades coriônicas;
– Desenvolvimento inicial do sistema
cardiovascular;
– Aparecimento da linha primitiva;
– Formação da notocorda;
– Diferenciação das três camadas germinativas (que
dão origem aos órgãos) – GASTRULAÇÃO.

Cristiane B. B. Torres
Desenvolvimento das Vilosidades Coriônicas
A partir do trofoblasto, surgem projeções ramificadas denominadas de
vilosidades coriônicas, que inicialmente são formadas por sinciciotrofoblasto e
citotrofoblasto (primárias). Em seguida, aparece um núcleo de mesoderma
extraembrionário (secundárias) e capilares sanguíneos (terciárias). Com a
externalização do citotrofoblasto, formam-se as vilosidades-tronco. A função
das vilosidades é propiciar as trocas de gases e outras substâncias entre o
sangue materno e fetal.

Cristiane B. B. Torres
Sadler, 2019
Desenvolvimento das Vilosidades Coriônicas
3ª Semana: o mesênquima extraembrionário invade as
vilosidades (vilosidades secundárias)

Cristiane B. B. Torres
Moore, Persaud (2013)
Desenvolvimento das Vilosidades Coriônicas
• Células mesenquimais se diferenciam em capilares e células sanguíneas dentro das
vilosidades (vilosidades terciárias);
• Os vasos coriônicos se interconectam com os vasos do corpo do embrião.

Cristiane B. B. Torres
Moore, Persaud (2013)
Desenvolvimento das Vilosidades Coriônicas

Corte longitudinal através da uma vilosidade no final da quarta semana do desenvolvimento.


Os vasos maternos penetram a capa citotrofoblástica externa para entrar nos espaços
intervilosos que cercam as vilosidades. Os capilares nas vilosidades são ramificações dos
vasos da placa coriônica e do pedúnculo embrionário, que, por sua vez, estão em contato com
os vasos intraembrionários. (Sadler, 2019)

Cristiane B. B. Torres
Alterações do Córion

Com o crescimento da
cavidade amniótica e sua
fusão com a cavidade
coriônica, formando a
cavidade amniocoriônica,
as vilosidades sofrem
atrofia para formar o
córion liso, exceto na área
da futura placenta (córion
viloso ou frondoso). A – 3 semanas
B – 4 semanas
C – 10 semanas
D – 20 semanas
Moore, Persaud (2013)

Cristiane B. B. Torres
Desenvolvimento Inicial do Sistema Cardiovascular

A formação de vasos no mesoderma extraembrionário do saco vitelino, córion e


pedículo do embrião se inicia com o aparecimento das ilhotas sanguíneas
(angioblastos) no mesoderma extraembrionário.

Moore, Persaud (2013)

Cristiane B. B. Torres
Ilhotas Sanguíneas no Mesoderma
Extraembrionário

Cristiane B. B. Torres Sadler, 2019


Desenvolvimento Inicial do Sistema Cardiovascular

• No interior das ilhotas sanguíneas, espaços se fundem para formar vasos sanguíneos;
• Células do sangue se originam das células de revestimento desses vasos;
• Novos vasos sanguíneos vão surgir de ramificações de vasos preexistentes;
• No fim da 3ª semana começam a circulação do sangue e o batimento cardíaco (detectável
no ultrassom na 5ª semana).

Cristiane B. B. Torres Moore, Persaud (2013)


Formação do Coração durante a 3ª Semana

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Cristiane B. B. Torres
Sistema Circulatório Embrionário
Final da 3ª Semana

Cristiane B. B. Torres Liga Acadêmica de Cardiologia - UNOESC


Gastrulação:
transformação de um disco
germinativo bilaminar
(epiblasto + hipoblasto) em
trilaminar (ectoderma +
endoderma + mesoderma).

Sadler, 2019

Cristiane B. B. Torres
Formação da linha primitiva
• A gastrulação começa com o
aparecimento da linha primitiva na
linha média da metade caudal do
dorso do epiblasto;

• Linha primitiva: ponto de chegada


de células epiblásticas migrantes;

• A linha primitiva se modifica com o


surgimento do nó primitivo, fosseta
primitiva e sulco primitivo;

• Permite identificar os eixos


cefalocaudal, dorso-ventral e
direito/esquerdo do embrião;

• A linha primitiva desaparece ao fim Sadler, 2019


da 4ª semana.

Cristiane B. B. Torres
Migração das células epiblásticas a partir da linha primitiva
Fator de crescimento fibroblástico 8 (FGF-8) é responsável pela migração das
células epiblásticas e sua transformação epiteliomesenquimática (inibe a proteína
caderina-E que mantém as células epiteliais unidas). As células epiblásticas
migram para o espaço entre o epiblasto e o hipoblasto para formar, dentre outras
coisas, o mesoderma intraembrionário.

Sadler, 2019

Cristiane B. B. Torres
A formação dos folhetos germinativos

• Células epiblásticas da linha primitiva


formam o mesênquima ou mesoblasto
(folheto mesodérmico intraembrionário);

• Células epiblásticas da linha primitiva


deslocam o hipoblasto e formam no
mesmo lugar o folheto germinativo
endodérmico;

• Células do epiblasto não migrantes


originam o folheto germinativo Moore, Persaud (2013)
ectodérmico.

Cristiane B. B. Torres
Destino dos Folhetos Germinativos

• Ectoderma:
– Epiderme e anexos (esmalte dos dentes, pelos, unhas,
glândulas);
– Sistema nervoso central (oriundo do tubo neural) e
periférico (oriundo das células das cristas neurais).
• Endoderma:
– Epitélio dos sistemas respiratório e digestivo e das
glândulas associadas.
• Mesoderma:
– Músculos;
– Tecido conjuntivo;
– Sistemas cardiovascular e urogenital.
Cristiane B. B. Torres
Formação da Notocorda

• Células do nó e da fosseta primitiva


formam um cordão celular mediano
(processo notocordal);

• O processo notocordal cresce até a


placa precordal e adquire um lúmen
(notocorda);

• Proporciona rigidez ao embrião,


induz a formação da placa neural e
indica o futuro local da coluna
vertebral (persiste como núcleo
pulposo dos discos intervertebrais no Moore, Persaud (2013)
adulto).

Cristiane B. B. Torres
Formação do tubo neural e das
células das cristas neurais

Cristiane B. B. Torres Moore, Persaud (2013)


NEURULAÇÃO:
Formação da placa
neural por indução
da notocorda

Na presença de proteína
morfogênica do osso 4 (BMP4), o
ectoderma é induzido a formar a
epiderme enquanto o mesoderma
forma os mesodermas
intermediário e lateral. Se o
ectoderma for protegido da
exposição à BMP, irá diferenciar-
se em tecido neural (Sadler, 2019).

Cristiane B. B. Torres Moore, Persaud (2013)


À medida que a placa neural vai se dobrando para formar o tubo
neural, o mesoderma intraembrionário se diferencia em três
regiões: paraxial, intermediário e lateral.

Notocorda

Cristiane B. B. Torres Moore, Persaud (2013)


Para Relembrar: o Mesoderma Intraembrionário surge das
Células Epiblásticas que Migram da Linha Primitiva

n: notocorda
mp: mesoderma paraxial
mi: mesoderma intermediário
mpl: mesoderma lateral
mee: mesoderma extraembrionário Cristiane B. B. Torres Sadler, 2019
No mesoderma lateral surge uma cavidade (celoma intraembrionário), que o divide em
folhetos somático e esplâncnico. O celoma intraembrionário dará origem às cavidades
pericárdica, pleurais e peritoneal. O mesoderma paraxial formará os somitos.

Cristiane B. B. Torres Moore, Persaud (2013)


Somitos são cerca de 44 pares de blocos de mesoderma que participarão da formação
do esqueleto axial e músculos associados, assim como da derme dessa região. O
folheto somático do mesoderma intraembrionário forma junto com o ectoderma a
somatopleura (dá origem à parede abdominal). O folheto esplâncnico junto com o
endoderma forma a esplancnopleura (dá origem à parede intestinal).

Moore, Persaud (2013)

Cristiane B. B. Torres
Derivados do Mesoderma Intraembrionário

• Paraxial:
– Músculos da cabeça e do tronco;
– Esqueleto exceto crânio;
– Derme da pele (de tecido conjuntivo);
• Intermediário:
– Sistema urogenital e glândulas acessórias;
• Lateral:
– Coração primitivo, sangue e células linfoides;
– Baço, córtex da supra renal;
– Peritônio, pericárdio e pleura;
– Músculos e conjuntivo das vísceras.

Cristiane B. B. Torres
Vista Dorsal do Embrião Durante a Neurulação

Cristiane B. B. Torres Sadler, 2019


Cristiane B. B. Torres Sadler, 2019
Defeitos do Fechamento do
Tubo Neural:

A. Anencefalia
B,C. Espinha bífida

Sadler, 2019

Cristiane B. B. Torres
4ª SEMANA:
O embrião deixará de ser achatado para ser cilíndrico; para isso, ele sofrerá dobras nas
suas extremidades em decorrência da expansão da cavidade amniótica e da formação das
pregas laterais, cefálica e caudal.

somito

1 2 3 3

esplancno-
pleura

1. Prega cefálica
2. Prega caudal Moore, Persaud (2013)
3. Pregas laterais
Cristiane B. B. Torres
A fusão ventral da esplancnopleura forma a parede intestinal.
A fusão ventral da somatopleura forma a parede abdominal.

esplancnopleura

somatopleura

Moore, Persaud (2013)

Cristiane B. B. Torres
• 4 ª Semana – início
– Extremidades do tubo
neural (neuróporos) ainda
abertas;
– 1º e 2º arcos faríngeos
visíveis (primórdios da
faringe e do pescoço);
– Embrião ligeiramente
curvado;
– Coração produz grande
proeminência. (*)

*
Moore, Persaud (2013)
Cristiane B. B. Torres
Final da 4ª Semana
(4,5 mm de comprimento)

• Embrião curvado em
“C”;
• Brotos dos membros 3

reconhecíveis;
1
• Rudimentos dos 4
olhos, ouvidos e 5
narinas visíveis.
2
1. Broto do membro superior;
2. Broto do membro inferior;
3. Ouvido;
4. Olho; www.kilgoreinternational.com
5. Narina.

Cristiane B. B. Torres
5ª Semana
(7 mm de comprimento)

• Poucas modificações em
relação à semana
anterior;
• Aumento da cabeça pelo
desenvolvimento do
encéfalo;
• Segundo arco faríngeo se
sobrepõe ao terceiro e
quarto arcos, deixando o
pescoço mais liso.
Moore, Persaud (2013)

Cristiane B. B. Torres
6 ª Semana
(42 dias de vida e 11 mm de
comprimento) 3
– Cotovelo e pulso
4
identificáveis (1);
1
– Raios digitais visíveis
(2);
2
– Desenvolvimento da
aurícula (3);

– Olho mais óbvio (4).


Moore, Persaud (2013)

Cristiane B. B. Torres
7 ª Semana
(48 dias de vida e 16 mm de
comprimento)

– Cabeça mais ereta;

– Cabeça maior que o


tronco;

– Intestinos invadem o
cordão umbilical;

– Chanfraduras nos raios


digitais das placas das
mãos (separação dos
Moore, Persaud (2013)
dedos).
Cristiane B. B. Torres
8 ª Semana
(52 dias de vida e 23 mm de 2
comprimento)

– Mãos parecem nadadeiras;


– Cauda atenuada presente (1);

– Chanfraduras nos raios


digitais dos pés;

– Plexo vascular do couro


cabeludo forma faixa em
volta da cabeça (2);
– Olhos abertos.
1

Moore, Persaud (2013)

Cristiane B. B. Torres
8 ª Semana
(56 dias de vida e 30 mm de
comprimento)

– Todas as regiões dos membros estão


visíveis;

– Os dedos estão alongados e


separados;
– Plexo vascular do couro cabeludo
próximo ao vértice da cabeça;
– Características humanas
inquestionáveis;
– Cabeça ainda grande;
– Intestinos ainda dentro do cordão
umbilical;
– Fusão epitelial das pálpebras. Moore, Persaud (2013)

Cristiane B. B. Torres
8 semanas

Moore, Persaud (2013)


Cristiane B. B. Torres
Unhas: a partir da
25ª semana
Impressões
digitais: final do
4º mês
Cristiane B. B. Torres Moore, Persaud (2013)
Estimativa da Idade do Embrião

• Datas de referência para o início da gestação:


– Começo da última menstruação normal (UMN);
– Data provável da fertilização.

• Avaliação do tamanho do saco coriônico e seu


conteúdo através de ultrassonografia é
procedimento muito usado para determinar a
idade do embrião.

Cristiane B. B. Torres
Medidas do Comprimento do Embrião
(para estimar a idade)
Moore, Persaud (2013)

Maior comprimento Altura em posição sentada Distância vértice da cabeça –


calcanhar (crown-heel, CH)
3ª à 4ª semana (crown-rump, CR)
a partir da 8ª semana
4ª à 7ª semana

Cristiane B. B. Torres
Medições para estimar a idade fetal

• Medição por ultrassom de:


– Comprimento vértice-nádega (CR);
– Circunferência da cabeça;
– Diâmetro biparietal;
– Circunferência abdominal;
– Comprimento do fêmur e do pé.

Cristiane B. B. Torres
Método para Medir Embriões

• Sistema Carnegie de Datação


embrionária (tabela contendo vários
parâmetros de avaliação):

– Nº de somitos visíveis;
– Comprimento do corpo;
– Características externas do corpo.

Cristiane B. B. Torres

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