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Universidade do Estado do Pará

Centro de Ciências Sociais e Educação


Curso de Licenciatura em Pedagogia
Campus XVI - Barcarena
Disciplina: História da Educação

Docente: Carlos Augusto Pinheiro Souto

Discente:
Ana Paula Carneiro e Silva
Danilo de Brito Santana

ARTIGO

JOHN DEWEY: O PENSAMENTO REFLEXIVO E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA


A BNCC

Trabalho de caráter qualitativo,


apresentado para aquisição de
conhecimento no campo da
história da educação

BARCARENA-PA
2023
RESUMO: Este artigo de caráter pesquisa bibliográfica tem como objetivo mostrar um
pouco do pensamento reflexivo de John Dewey, assim como as suas contribuições
para a BNCC, Jonh Dewey educador norte-americano que teve papel relevante no
desenvolvimento da teoria educacional, pensamento reflexivo e na experiência
educacional, na luta pela educação centrada nas crianças, promovendo assim um
melhor desenvolvimento dos mesmos, sua ideia era de que a educação pode ser
usada como um agente transformador da sociedade, a partir do momento em que o
indivíduo torna-se protagonista de seu conhecimento e reflete sobre sua realidade.

PALAVARAS – CHAVE: John Dewey, Pensamento Reflexivo, BNCC,


Experiência Educacional, Protagonismo.

Uma breve contextualização sobre John Dewey

John Dewey (1859-1952), foi um filósofo e educador, que nasceu em Burlington,


Vermont, Estados Unidos, ele desempenhou um grande papel no desenvolvimento do
pensamento reflexivo e na teoria educacional. Estudou na Universidade de Vermont
e a Johns Hopkins, de Baltimore, onde se doutorou em filosofia em 1884.

Dewey teve grande impacto no movimento de renovação da educação ao redor


do mundo. No Brasil foi figura importante que inspirou o movimento da Escola Nova,
baseado na experimentação e na verificação.

Em 1894 foi nomeado diretor dos departamentos de filosofia, psicologia e


pedagogia, que por sugestão sua, essas três disciplinas se agruparam em um só
departamento.

Dewey fundou uma escola-laboratório para experimentar suas ideias mais


importantes. Ele considerou a natureza como a realidade última e postulou uma teoria
do conhecimento baseada na experimentação e verificação. Esta filosofia foi também
a base das suas concepções sobre a educação, que deveria centrar-se nos interesses
da criança e no desenvolvimento de todos os aspectos da sua personalidade.
Para Dewey, a escola desempenha o papel importante da manutenção da
sociedade, ele ressalta a criação de espaço em que o indivíduo possa superar suas
próprias limitações e as de seu grupo social. John via a educação como uma
renovação da vida social e do próprio processo de vida em si.

Dewey (1979) acredita que a escola é o espaço mais apropriado para realizar as
experiências educativas das crianças e aponta a necessidade de um
planejamento pedagógico que vise a uma integração com a sociedade, pois “[...]
aprender com a própria vida e tornar tais as condições da vida em que todos
aprendam com o processo de viver, é o mais belo produto da eficiência escolar”.
(Dewey, 1979, p. 55).

Segundo Dewey, educar iria além de reproduzir conhecimentos, educar seria o


estímulo a aprendizagem contínuo, Dewey defendia a ideia de uma democracia em
sociedade, tinha em sua teoria educacional um forte meio para a reestruturação e
reorganização do indivíduo e da sociedade, havia também uma ênfase na importância
fundamental do conhecimento reflexivo.

Dewey e o pensamento reflexivo

O pensamento reflexivo de John Dewey tem seus fundamentos no pragmatismo


e na valorização da experiência na criação do conhecimento, Dewey salienta a
relevância de uma conduta mais ativa e reflexiva tanto no meio educacional, quanto
na vida cotidiana, Dewey também via o pensamento reflexivo como um instrumento a
ser utilizado pelo professor, quando surgir alguma problemática, seu intuito e de
adequar o educador a um meio mais prático para elucidar aquele problema.

O pensamento reflexivo requer uma análise minuciosa e criteriosa das


experiências vividas, tal reflexão serve como suporte para uma aprendizagem mais
enriquecedora, tanto no âmbito acadêmico, quanto no pessoal.

Na sua obra, Como Pensamos (1959), Dewey distingue os cinco passos do


pensamento reflexivo, onde propõem que o pensamento e o sentimento da ação, são
indivisíveis.

Primeiro passo situação difícil ou perplexa, nesta fase tem a ocorrência de um


problema, seja prático, acadêmico ou pessoal.
Segundo passo definição da natureza do problema, esta fase consiste em analisar e
identificar o problema, levando em consideração todas as suas possíveis causas,
após essa análise, Dewey afirma que ao identificar o problema, sua resolução será
mais rápida.
Terceiro passo sugestão de ideias como hipóteses de solução, nesta fase Dewey dá
ênfase na análise cautelosa dos fatos, para que se possa formular uma hipótese
cautelosa e precisa, capaz de resolver o problema.
Quarto passo verificação lógica ou raciocinativa da consistência ou coerência das
ideias ou hipóteses com dados do problema, de modo a eliminar as incompatíveis e
selecionar a única coerente, esta fase consiste em reorganizar suas análises e
hipóteses de forma lógica, para a elucidação do problema, o processo de raciocínio
leva em consideração os fatos analisados e as hipóteses, este ato amplia o
conhecimento já existente e facilita a sua retransmissão.
Quinto passo verificação experimental da única hipótese compatível, este passo
consiste em produzir algo que posso corroborar com o resultado previamente obtido
na hipótese, e assim provar a sua veracidade.
Pensamento reflexivo segundo John Dewey é um processo prático e ativo, imerso
na vivência cotidiana do indivíduo, para ele a reflexão não seria apenas algo teórico,
mas sim um meio de resolver um problema. Dewey sugeriu que o pensamento
reflexivo fosse envolto de cinco passos.
Em suma, Dewey ressalta o papel crucial da experiência prática no
desenvolvimento do pensamento reflexivo, ele concordava com a ideia de o aluno
participar de forma ativa do processo de aprendizagem, desse modo o pensamento
reflexivo se torna algo mais dinâmico, e ajuda a entender melhor o mundo.

John Dewey e sua influência na BNCC

Dewey, considera que uma educação é um processo reflexivo que produz


novos conhecimentos e vinculado a reflexão está a experiência, que está
fundamentada nas relações entre os indivíduos e no meio a qual ele está
inserido. Nesse sentido, pois a educação permite ao estudante entender a
realidade em que faz parte, para assim refletir sobre ela. Segundo Westbrook
(2010) “A experiência educativa é, pois, essa experiência inteligente, em que
participa o pensamento, através do qual se vêm a perceber relações e
continuidades antes não percebidas.

Essa valorização das experiências dos educandos com seus conhecimentos


prévios e a construção do conhecimento através da reflexão, defendidas por
Dewey, influenciaram as metodologias da BNCC – Base nacional comum
curricular – que adota uma metodologia de ensino, que prioriza a experiência
como elemento curricular, onde o aluno deve estar no centro do processo
educativo, com métodos de desenvolvimento do protagonismo e da autonomia.

Para que assim, garanta que a aprendizagem seja concreta, pois esse é o
objetivo desses pontos, pois trata-se de saberes necessários par a vida e
experiência dos educandos. Na BNCC existem as competências que são
definidas como, mobilização de conhecimentos, habilidades, atitudes e valores
para resolver demandas complexas da vida cotidiana, do pleno exercício da
cidadania e do mundo do trabalho.

Ao definir essas competências, a BNCC enfatiza que a "[...] Educação deve


afirmar valores e estimulações que contribuam para a transformação da
sociedade, tornando a mais humana, socialmente justa e, também, voltada para
a preservação da natureza" (Brasil, 2013), mostrando-se alinhado ao processo
reflexivo do aluno, onde dentro de sala ele é instigado a pensar e refletir sobre
sua realidade.

Na Educação Infantil a experiência educacional está vinculada a seis direitos


de aprendizagem, de acordo com a BNCC que são: o de conhecer-se, expressar-
se, o de explorar, participar, brincar, conviver. Nesse sentido, as brincadeiras e
a interação social devem ser eixos de base para a Educação infantil, pois é por
meio delas que ocorre a experiência de valor. Segundo Dewey, o valor da
experiência para as crianças ocorre por meio das interações que está ligada aos
colegas, adultos que convivi, o ambiente e os materiais disponíveis para aquela
criança.

Na BNCC, existem também os chamados Campos de experiência, que são


eixos necessários para que o valor da experiência seja vigente, são eles:

1° Eu, o outro e nós.


2° Corpo, gestos e movimento.
3° Traços, sons, cores e formas.
4° Escuta, fala, pensamento e imaginação.
5° Espaço, tempos, quantidades, relações e transformações.

Para serem eficazes, estes materiais devem ser aplicados numa aula
orientada, não apenas como materiais temporários, mas como métodos de
ensino contínuos dentro da sala de aula, onde o aluno é protagonista de seu
conhecimento.

Conclusão

Esse artigo teve cunho informativo sobre o pensamento reflexivo e as


contribuições de John Dewey para a educação brasileira, deixando seu impacto
significativo no âmbito educacional, pois promove a reorganização social por
meio do pensamento reflexivo, tal impacto se propagou mundialmente, no Brasil
inspirou vários movimentos, sendo o principal deles a Escola nova e por
conseguinte as metodologias da BNCC. Para Dewey, a escola era um meio
indispensável para o desenvolvimento educacional e social das crianças,
focando sempre nos interesses das mesmas e no aperfeiçoamento de sua
personalidade.

O pensamento reflexivo tem sua base no pragmatismo, evidenciando a


carência de uma ação mais eficaz na solução de problemas, por meio disso
formulando cinco passos que irão desde a identificação do problema, até a
verificação experimental da hipótese. Teve influência na base curricular, com as
suas ideias sobre o protagonismo e a experiência educacional que são
fundamentais para a construção do indivíduo social e reflexivo.

Portanto, Dewey defendia a educação como sendo algo que não deveria ser
meramente reproduzida, mas desenvolvida progressivamente, visando o
encorajamento no ganho de conhecimento constante, para assim reconstruir
tanto a sociedade quanto o indivíduo, proporcionando assim uma melhoria
social, de forma mais criativa e transformadora para a sociedade.
Referências Bibliográficas
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília,
2013.

DE OLIVEIRA, Marco Aurélio Gomes; NETO, Armindo Quillici. Infância e escola


nova: um olhar crítico sobre a contribuição de John Dewey para a consolidação
do pensamento liberal na educação. Revista HISTEDBR On-line, v. 12, n. 48,
p. 269-285, 2012.

DEWEY, J. Como Pensamos. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1959.


______. Democracia e Educação. São Paulo: Companhia Editora Nacional,
1979.

DORIGON, Thaisa Camargo; ROMANOWSKI, Joana Paulin. A reflexão em


Dewey e Schön. Revista Intersaberes, v. 3, n. 5, p. 8-22, 2008.

GARRISON, J. John Dewey

LORIERI, Marcos Antônio. Pensamento e reflexão: John Dewey. Psicol. educ,


p. 53-81, 2000.

John Dewey Pedagogo e filósofo norte-americano. Ebiografia, 2021.


Disponível em: <https://www.ebiografia.com/john_dewey/ > Acesso em:
14/12/2023.

WESTBROOK, Robert B. TEIXEIRA, Anísio. John Dewey (trad. e org. José


Eustáquio Romão, Verone Lane Rodrigues). Recife: Fundação Joaquim
Nabuco: Editora Massangana, 2010. Coleção Educadores (MEC). Disponível
em: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/me4677.pdf

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