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Dividida em três partes, ela foi publicada em 1911 nos folhetins do Jornal do Commercio.
A obra integral foi publicada em livro em 1915.
A história inicia em fins do século XIX, e tem como espaço a cidade do Rio de Janeiro, onde
Quaresma é o subsecretário do ministro de guerra.
Uma de suas ações é propor ao ministro o reconhecimento da língua tupi como língua
nacional. Policarpo tem uma postura nacionalista forte e, segundo ele, os índios são os
verdadeiros brasileiros.
Após esse evento, Quaresma é tido como louco e permanece um tempo internado. Durante
esse período, Olga, o compadre de Quaresma e o professor de violão, Ricardo Coração dos
Outros, que acreditam em suas ideias, são os únicos a visitá-lo.
Após sair do hospital psiquiátrico, ele resolve se afastar da sociedade e passa a viver em um
sítio. O local, situado na cidade interiorana de Curuzu, ficou conhecido como “Sítio do
Sossego”.
Ainda que sua proposta inicial estivesse associada ao cultivo e à dedicação à agricultura,
com o tempo Quaresma começa a se aproximar de algumas pessoas.
A partir daí, ele se envolve com diversos políticos locais. Durante a Revolta da Armada, vai
ao Rio de Janeiro com o intuito de apoiar o governo do Marechal Floriano, que estava
sendo enfrentado pela marinha do país. No entanto, acaba sendo preso.
Nacionalismo e regionalismo.
Denúncia social.
Temas históricos e cotidianos.
Linguagem coloquial.
Análise da obra Triste fim de Policarpo Quaresma
Inserida nos primeiros anos da república no país, a obra faz uma análise da sociedade
brasileira da época. A maior crítica recai sobre o universo da política.
Em algumas passagens, é possível identificar o tom irônico e cômico utilizado como recurso
estilístico. Floriano Peixoto é um personagem real da história do país, sendo uma figura que
oferece maior veracidade aos fatos apresentados.
Além disso, algumas guerras, que de fato aconteceram, também são mencionadas. Podem
ser citadas como exemplo: a Revolta da Armada, a Guerra do Paraguai e a Revolução
Federalista.
Contexto histórico da obra Triste fim de Policarpo
Quaresma
O contexto histórico de uma obra indica, através de circunstâncias ou fatos, a época em que
a história acontece.
Essa indicação pode ocorrer por meio de um cenário político, social, cultural e/ou
econômico.
O Triste fim de Policarpo Quaresma conta uma história que teve lugar durante o governo de
Marechal Floriano Peixoto (conhecido como Marechal de Ferro por conta de seu rigor), que
ocorreu entre 1891 e 1894.
O autor faz referências, por exemplo, à Revolta da Armada, rebelião organizada pela
Marinha brasileira para fazer oposição aos dois primeiros governos republicanos do Brasil,
que cada vez mais apresentavam características da ditadura: primeiramente o governo de
Marechal Deodoro da Fonseca e, em seguida, o governo do Marechal Floriano Peixoto.
Além de o contexto histórico de Triste fim de Policarpo Quaresma ter como base o governo
ditatorial de Floriano Peixoto, o autor também fez críticas sociais a algumas questões da
sociedade dessa época, como, por exemplo, a troca de favores políticos, as injustiças sociais
e a burocracia.
Primeira parte - A lição de violão
“Como de hábito, Policarpo Quaresma, mais conhecido por Major Quaresma, bateu em casa
às quatro e quinze da tarde. Havia mais de vinte anos que isso acontecia. Saindo do Arsenal
de Guerra, onde era subsecretário, bongava pelas confeitarias algumas frutas, comprava um
queijo, às vezes, e sempre o pão da padaria francesa.
Não gastava nesses passos nem mesmo uma hora, de forma que, às três e quarenta, por aí
assim, tomava o bonde, sem erro de um minuto, ia pisar a soleira da porta de sua casa, numa
rua afastada de São Januário, bem exatamente às quatro e quinze, como se fosse a aparição
de um astro, um eclipse, enfim um fenômeno matematicamente determinado, previsto e
predito.
A vizinhança já lhe conhecia os hábitos e tanto que, na casa do Capitão Cláudio, onde era
costume jantar-se aí pelas quatro e meia, logo que o viam passar, a dona gritava à criada:
“Alice, olha que são horas; o Major Quaresma já passou.”
E era assim todos os dias, há quase trinta anos. Vivendo em casa própria e tendo outros
rendimentos além do seu ordenado, o Major Quaresma podia levar um trem de vida superior
aos seus recursos burocráticos, gozando, por parte da vizinhança, da consideração e respeito
de homem abastado.”
“Não era feio o lugar, mas não era belo. Tinha, entretanto, o aspecto tranquilo e satisfeito de
quem se julga bem com a sua sorte.
A casa erguia-se sobre um socalco, uma espécie de degrau, formando a subida para a maior
altura de uma pequena colina que lhe corria nos fundos. Em frente, por entre os bambus da
cerca, olhava uma planície a morrer nas montanhas que se viam ao longe; um regato de
águas paradas e sujas cortava-a paralelamente à testada da casa; mais adiante, o trem
passava vincando a planície com a fita clara de sua linha capinada; um carreiro, com casas,
de um e de outro lado, saía da esquerda e ia ter à estação, atravessando o regato e serpeando
pelo plaino. A habitação de Quaresma tinha assim um amplo horizonte, olhando para o
levante, a “noruega”, e era também risonha e graciosa nos seus caiados. Edificada com a
desoladora indigência arquitetônica das nossas casas de campo, possuía, porém, vastas salas,
amplos quartos, todos com janelas, e uma varanda com uma colunata heterodoxa. Além
desta principal, o sítio do “Sossego”, como se chamava, tinha outras construções: a velha casa
da farinha, que ainda tinha o forno intacto e a roda desmontada, e uma estrebaria coberta de
sapê.”
Terceira parte - Patriotas
“Havia mais de uma hora que ele estava ali, num grande salão do palácio, vendo o marechal,
mas sem lhe poder falar. Quase não se encontravam dificuldades para se chegar à sua
presença, mas falar-lhe, a cousa não era tão fácil.