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Triste fim de Policarpo Quaresma

(Profa. Esther Rosado)

Autor: Lima Barreto

Escola literária(?): Pré-modernismo

Gênero: romance

Ano de publicação: 1915

Núcleo da obra: crítica social, crítica ao


Positivismo e aos governos da Primeira
República
O romance

Este romance é a obra-prima


do autor Lima Barreto.
Verdadeira epopéia cômico-
trágica de um "Dom Quixote"
nacional, conta à história do
major Policarpo Quaresma, um
patriota ardoroso e ingênuo,
que leva ao extremo o seu
fanatismo nacionalista.
Obra literária e criticidade
Lima Barreto foi o crítico mais agudo da época
da República Velha no Brasil, rompendo com o
nacionalismo ufanista e pondo a nu a roupagem
da República, que manteve os privilégios de
famílias aristocráticas e dos militares.

Em sua obra, de temática social, privilegiou os


pobres, os boêmios e os arruinados.
Foi severamente criticado pelos seus
contemporâneos parnasianos por seu estilo
despojado, fluente e coloquial, que acabou
influenciando os escritores modernistas.

Lima Barreto queria que a sua literatura fosse


militante. Escrever tinha finalidade de criticar o
mundo circundante para despertar alternativas
renovadoras dos costumes e de práticas que, na
sociedade, privilegiavam pessoas e grupos. Para
ele, o escritor tinha uma função social.
As divisões do romance

I. Inicia por uma tentativa de


REFORMA CULTURAL,
dedicando-se a infrutíferas
pesquisas folclóricas e
chegando até mesmo a propor
a adoção do tupi-guarani como
língua oficial do Brasil.

Devido ao exagero de suas


esquisitices nacionalistas, é
internado como louco num
hospício.
Vai para uma reforma agrícola
II. Quando sai de lá,
resolve fazer uma
REFORMA AGRÍCOLA.
Compra um sítio para
pôr em prática a sua
teoria de que as terras
brasileiras eram as mais
férteis do mundo,
capazes de saciar a fome
nacional. Maior do que a
luta contra os elementos
da natureza, é o seu
confronto com as
deficiências
administrativas, os
impostos, a burocracia, a
politicagem...
E cogita uma reforma política
III. Sua derradeira tentativa é a
REFORMA POLÍTICA: adere ao "governo
forte" de Floriano, em quem vê o
"salvador da pátria". Mas, com a
"Revolta da Armada", fica indignado
contra a violência do tratamento dado
aos derrotados. Escreve uma carta-
protesto.

Considerado, por isso, um traidor,


Quaresma é preso e condenado à morte.
Enquanto aguarda sua execução,
Quaresma faz uma lúcida autocrítica de
seu nacionalismo ingênuo,
compreendendo a distância que havia
entre seus ideais patrióticos e a
realidade mesquinha de sua época.
Os elementos narrativos
O que se pode notar em Triste Fim de
Policarpo Quaresma, na configuração dos
elementos da narrativa é a presença
predominante da ironia e as impertinências
contidas na figura central do romance,
Quaresma, alegando que o tupi, por ser a
língua nativa brasileira proporcionaria
melhor adaptação ao nosso aparelho
fonador. Além disso, segundo ele, os
portugueses são os donos da língua e, para
alterá-la teríamos de pedir licença a eles. O
narrador é solidário com sua personagem
pois não deixa de criticar os que zombam
de Quaresma. No livro, encontramos ora
um Quaresma, entusiasmado, apaixonado
pelo Brasil, ora um Quaresma desiludido,
amargo, diante da ingratidão do país para
com seus bons objetivos. Nesse ponto, o que
vemos é um personagem condenado à
solidão, já que seus ideais batem de frente
com os interesses políticos e com o capital
estrangeiro.
Os três momentos da vida da personagem
Desse modo, temos o personagem
central vivendo três momentos na obra:
valorizando as coisas da terra – a
história, a geografia, a literatura, o
folclore; no sítio do sossego a frustrada
busca de uma solução para o problema
agrário, o que faz o romance se vestir
de uma profunda atualidade;
finalmente, o envolvimento na Revolta
da Armada, o que acaba lhe custando a
vida. Afirma Maria Tereza A Campos
na fita: “... Floriano entrou em guerra,
mas ele começa a ver as atrocidades que
são cometidas contra vária pessoas e
começa a querer denunciar essas
atrocidades... e acaba sendo preso e
morto pela própria ordem que ele
ajudou a defender”.
A linguagem do livro

Para que possamos observar a linguagem de Lima Barreto,


observemos as linhas iniciais do romance: “Com de hábito, Policarpo
Quaresma, mais conhecido por Major Quaresma, bateu em casa às
quatro e quinze da tarde. Havia mais de vinte anos que isso acontecia.
Saindo do Arsenal de Guerra, onde era subsecretário, bongava pelas
confeitarias algumas frutas, comprava um queijo, às vezes, e sempre o
pão de padaria francesa.” O que se nota é a acessibilidade da
linguagem, é um primeira caracterização de Quaresma e sua longa
amizade com o narrador, visto que há tantos anos é visitado por ele.
“Vestia-se sempre de fraque preto, azul, ou de cinza, de pano listrado,
mas sempre de fraque, e era raro que não se cobrisse com uma
cartola de abas curtas e muito alta, feita segundo um figurino antigo
de que ele sabia com precisão a época”.
Uma personagem inesquecível
O romance que já anuncia no título o seu
desfecho pouco alegre, apesar do enredo em
que os efeitos cômicos estão aliados ao
entusiasmo ingênuo do personagem central e
ao seu inconformismo e obsessões. Quaresma
é um tipo rico em manifestações inusitadas:
seus requerimentos pedindo o tupi-guarani
como língua oficial, seu jeito de receber
chorando as visitas, suas pesquisas
folclóricas; tudo procurando despertar o riso
no leitor que, no final, presencia sua morte
solitária e triste: “ Com tal gente era melhor
tê-lo deixado morrer só e heroicamente num
ilhéu qualquer, mas levando para o túmulo
inteiramente intacto o seu orgulho, a sua
doçura, a sua personalidade moral, sem a
mácula de um empenho, que diminuísse a
injustiça de sua morte, que de algum modo
fizesse crer aos algozes que eles tinham
direito de matá-lo”.
O real e o ideal
A idéia que predomina no conteúdo do
livro é o desencontro entre o ideal e o real,
mas o protagonista, apesar de idealizador,
não é um tipo imóvel, pelo contrário,
apresenta variedade de comportamentos o
que o torna atraente e sedutor aos olhos
dos leitores. “Logo aos dezoito anos quis
fazer-se militar; mas a junta de saúde
julgou-o incapaz. Desgostou-se, sofreu,
mas não maldisse a Pátria. O ministério
era liberal, ele se fez conservador e
continuou mais do que nunca a amar a
terra que o viu nascer. Impossibilitado de
evoluir-se sob os dourados do Exército,
procurou a administração e dos seus
ramos escolheu o militar”. Nessa trecho,
podemos observar a caracterização de
Quaresma, seus encontros e desencontros,
bem como suas qualidades de caráter.

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