O documento resume o romance "Triste Fim de Policarpo Quaresma" de Lima Barreto, contando a história de um patriota ingênuo chamado Policarpo Quaresma e suas tentativas frustradas de reforma cultural, agrícola e política na Primeira República, levando-o a uma triste morte.
Descrição original:
PDF da análise do romance Triste Fim de Policarpo Quaresma, com trechos . Sugestão para leitura. Não se trata de um resumo apenas.
O documento resume o romance "Triste Fim de Policarpo Quaresma" de Lima Barreto, contando a história de um patriota ingênuo chamado Policarpo Quaresma e suas tentativas frustradas de reforma cultural, agrícola e política na Primeira República, levando-o a uma triste morte.
O documento resume o romance "Triste Fim de Policarpo Quaresma" de Lima Barreto, contando a história de um patriota ingênuo chamado Policarpo Quaresma e suas tentativas frustradas de reforma cultural, agrícola e política na Primeira República, levando-o a uma triste morte.
Positivismo e aos governos da Primeira República O romance
Este romance é a obra-prima
do autor Lima Barreto. Verdadeira epopéia cômico- trágica de um "Dom Quixote" nacional, conta à história do major Policarpo Quaresma, um patriota ardoroso e ingênuo, que leva ao extremo o seu fanatismo nacionalista. Obra literária e criticidade Lima Barreto foi o crítico mais agudo da época da República Velha no Brasil, rompendo com o nacionalismo ufanista e pondo a nu a roupagem da República, que manteve os privilégios de famílias aristocráticas e dos militares.
Em sua obra, de temática social, privilegiou os
pobres, os boêmios e os arruinados. Foi severamente criticado pelos seus contemporâneos parnasianos por seu estilo despojado, fluente e coloquial, que acabou influenciando os escritores modernistas.
Lima Barreto queria que a sua literatura fosse
militante. Escrever tinha finalidade de criticar o mundo circundante para despertar alternativas renovadoras dos costumes e de práticas que, na sociedade, privilegiavam pessoas e grupos. Para ele, o escritor tinha uma função social. As divisões do romance
I. Inicia por uma tentativa de
REFORMA CULTURAL, dedicando-se a infrutíferas pesquisas folclóricas e chegando até mesmo a propor a adoção do tupi-guarani como língua oficial do Brasil.
Devido ao exagero de suas
esquisitices nacionalistas, é internado como louco num hospício. Vai para uma reforma agrícola II. Quando sai de lá, resolve fazer uma REFORMA AGRÍCOLA. Compra um sítio para pôr em prática a sua teoria de que as terras brasileiras eram as mais férteis do mundo, capazes de saciar a fome nacional. Maior do que a luta contra os elementos da natureza, é o seu confronto com as deficiências administrativas, os impostos, a burocracia, a politicagem... E cogita uma reforma política III. Sua derradeira tentativa é a REFORMA POLÍTICA: adere ao "governo forte" de Floriano, em quem vê o "salvador da pátria". Mas, com a "Revolta da Armada", fica indignado contra a violência do tratamento dado aos derrotados. Escreve uma carta- protesto.
Considerado, por isso, um traidor,
Quaresma é preso e condenado à morte. Enquanto aguarda sua execução, Quaresma faz uma lúcida autocrítica de seu nacionalismo ingênuo, compreendendo a distância que havia entre seus ideais patrióticos e a realidade mesquinha de sua época. Os elementos narrativos O que se pode notar em Triste Fim de Policarpo Quaresma, na configuração dos elementos da narrativa é a presença predominante da ironia e as impertinências contidas na figura central do romance, Quaresma, alegando que o tupi, por ser a língua nativa brasileira proporcionaria melhor adaptação ao nosso aparelho fonador. Além disso, segundo ele, os portugueses são os donos da língua e, para alterá-la teríamos de pedir licença a eles. O narrador é solidário com sua personagem pois não deixa de criticar os que zombam de Quaresma. No livro, encontramos ora um Quaresma, entusiasmado, apaixonado pelo Brasil, ora um Quaresma desiludido, amargo, diante da ingratidão do país para com seus bons objetivos. Nesse ponto, o que vemos é um personagem condenado à solidão, já que seus ideais batem de frente com os interesses políticos e com o capital estrangeiro. Os três momentos da vida da personagem Desse modo, temos o personagem central vivendo três momentos na obra: valorizando as coisas da terra – a história, a geografia, a literatura, o folclore; no sítio do sossego a frustrada busca de uma solução para o problema agrário, o que faz o romance se vestir de uma profunda atualidade; finalmente, o envolvimento na Revolta da Armada, o que acaba lhe custando a vida. Afirma Maria Tereza A Campos na fita: “... Floriano entrou em guerra, mas ele começa a ver as atrocidades que são cometidas contra vária pessoas e começa a querer denunciar essas atrocidades... e acaba sendo preso e morto pela própria ordem que ele ajudou a defender”. A linguagem do livro
Para que possamos observar a linguagem de Lima Barreto,
observemos as linhas iniciais do romance: “Com de hábito, Policarpo Quaresma, mais conhecido por Major Quaresma, bateu em casa às quatro e quinze da tarde. Havia mais de vinte anos que isso acontecia. Saindo do Arsenal de Guerra, onde era subsecretário, bongava pelas confeitarias algumas frutas, comprava um queijo, às vezes, e sempre o pão de padaria francesa.” O que se nota é a acessibilidade da linguagem, é um primeira caracterização de Quaresma e sua longa amizade com o narrador, visto que há tantos anos é visitado por ele. “Vestia-se sempre de fraque preto, azul, ou de cinza, de pano listrado, mas sempre de fraque, e era raro que não se cobrisse com uma cartola de abas curtas e muito alta, feita segundo um figurino antigo de que ele sabia com precisão a época”. Uma personagem inesquecível O romance que já anuncia no título o seu desfecho pouco alegre, apesar do enredo em que os efeitos cômicos estão aliados ao entusiasmo ingênuo do personagem central e ao seu inconformismo e obsessões. Quaresma é um tipo rico em manifestações inusitadas: seus requerimentos pedindo o tupi-guarani como língua oficial, seu jeito de receber chorando as visitas, suas pesquisas folclóricas; tudo procurando despertar o riso no leitor que, no final, presencia sua morte solitária e triste: “ Com tal gente era melhor tê-lo deixado morrer só e heroicamente num ilhéu qualquer, mas levando para o túmulo inteiramente intacto o seu orgulho, a sua doçura, a sua personalidade moral, sem a mácula de um empenho, que diminuísse a injustiça de sua morte, que de algum modo fizesse crer aos algozes que eles tinham direito de matá-lo”. O real e o ideal A idéia que predomina no conteúdo do livro é o desencontro entre o ideal e o real, mas o protagonista, apesar de idealizador, não é um tipo imóvel, pelo contrário, apresenta variedade de comportamentos o que o torna atraente e sedutor aos olhos dos leitores. “Logo aos dezoito anos quis fazer-se militar; mas a junta de saúde julgou-o incapaz. Desgostou-se, sofreu, mas não maldisse a Pátria. O ministério era liberal, ele se fez conservador e continuou mais do que nunca a amar a terra que o viu nascer. Impossibilitado de evoluir-se sob os dourados do Exército, procurou a administração e dos seus ramos escolheu o militar”. Nessa trecho, podemos observar a caracterização de Quaresma, seus encontros e desencontros, bem como suas qualidades de caráter.