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TRISTE FIM DE POLICARPO

QUARESMA,
LIMA BARRETO.

Professora Me. Jaqueline Cappellari


Análise da obra
 Apresenta o drama de um velho aposentado (Policarpo), nacionalista
xenófobo, em sua luta ingênua pela “salvação” do Brasil.
 Narração em terceira pessoa – narrador onisciente.
 Linguagem clara, simples, repleta de uma crítica voraz e objetiva,
antecipando a literatura do modernismo.
 Pode-se dizer que Policarpo é um ufanista, “enamorado” por sua pátria.
Metódico devido a sua rigidez na conduta em geral e no pensamento,
trata-se de um homem ingênuo, que simplifica a realidade da
complexidade brasileira, o que o torna patético.
 A rigidez de Policarpo pode ser exemplificada com a questão dos
horários, alimentação (só comida brasileira), pelo trato com seu jardim
(só plantas brasileiras) e demais atitudes, como aprender a tocar violão
não por amor à arte, mas para aprender as modinhas, que eram
consideradas canções puramente brasileiras.
As reformas...
 A obra pode ser contada através das “reformas” para
o Brasil propostas por Policarpo:
 Reforma pela cultura: relata a vida de Quaresma
como funcionário público. Homem de hábitos
conservadores, era um solteirão e vivia com sua irmã
Adelaide num bairro do Rio de Janeiro. Além de
dedicado ao serviço público, era um patriota exaltado
e tinha uma biblioteca só com obras brasileiras. Por
pensar que o brasileiro deveria se expressar como os
primitivos tupinambás e não como os europeus, defende
que os brasileiros deviam ter como língua oficial o tupi-
guarani e chega ao extremo de redigir documentos
nessa língua, o que acaba por metê-lo num sanatório.
Policarpo vivia rodeado por funcionários públicos sem
consistência moral ou profissional, que constituem verdadeira
alegoria contra o funcionalismo público:

 General Albernaz (pai de Ismênia).


 O contra-almirante Caldas (a quem foi dado
comandar um navio inexistente).
 O major Bustamante (cuja principal preocupação
era conhecer a legislação que regeria sua
aposentadoria).
É importante salientar que, dentre os amigos de
Quaresma, apenas um se salva por sua sinceridade
e talento – Ricardo Coração dos Outros, violeiro
simpático que lhe dava lições de violão. Por ser
humilde, Ricardo era desprezado pelos demais que
formavam a “aristocracia do subúrbio”.
 Reforma pela agricultura:
Ao sair do hospício, Quaresma muda-se para o sítio Sossego,
importa revistas e maquinários agrícolas e incumbe-se da
missão de mostrar que a terra brasileira é a melhor.
Em pouco tempo é vencido pela má qualidade do solo, pelas
saúvas e pela mesquinharia da política local.
Iniciar-se-á a reforma pela política, pois depois de perder
tudo o que investira, Policarpo resolve voltar ao Rio de
Janeiro para “salvar a pátria” do perigo representado
pela Revolta da Armada (marinha “aristocrática” X Floriano
- do exército Peixoto). A marinha quer a restauração da
monarquia com Dom Pedro II (marinheiros de poder e
renome como Custódio de Melo e Saldanha da Gama se
revoltam contra a República).
 Reforma pela política:
Quaresma alista-se no exército a favor de Floriano
Peixoto e comanda um batalhão de quarenta soldados.
Porém, depois de uma entrevista com o presidente da
república, sai decepcionado com a figura displicente e
preguiçosa do líder.
Abafada a revolta, Quaresma é enviado para a Ilha das
Enxadas, com a função de carcereiro, onde estavam
presos ex membros da marinha. Numa determinada
noite, diversos prisioneiros são fuzilados por ordem de
Floriano. Policarpo então redige uma carta de censura
ao presidente, exigindo que se respeitassem os direitos
humanos. Por conta disso, é preso e enviado para a Ilha
das Cobras onde tem o mesmo triste fim.
Quanto às personagens...
 Podemos dividi-los em dois grupos:

VIDA URBANA (profissionais liberais como Dr Armando


Borges e o dentista Cavalcanti, funcionários públicos
como Genelício e militares como Albernaz).
VIDA RURAL (figuras simples como Felizardo e Amâncio,
figuras com poder político como Dr. Campos, Tenente
Antonino Dutra e até mesmo a própria natureza, visto
que ela se opões a Quaresma, dificultando sua vida no
campo).
Além da crítica óbvia... O feminismo na
obra...
 Ismênia, filha de Albernaz, representa a mulher que
“deve morrer”, pois está relacionada com algo
ultrapassado, só existe em função do casamento; é uma
personagem plana, mecânica, que apenas responde às
perguntas sobre seu casamento com Cavalcanti. Assim,
Lima Barreto realiza uma crítica ao matrimônio,
mostrando uma mulher que não será ninguém sem o
casamento. O Brasil estava se industrializando e não há
mais espaço para essa figura.
 Já Olga representa a mulher do século XX, é a
sobrinha de Quaresma, mulher decidida e
independente.

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