Você está na página 1de 17

Universidade Federal do Rio Grande -FURG

Instituto de Matemática, Estatística e Física


Profª: Liliane Silva de Antiqueira

Função

Par ordenado
Chama-se par todo conjunto formado por dois elementos. Assim {1, 2}, {3, −1}, {a, b} indicam
pares. Lembrando do conceito de igualdade de conjuntos, observamos que inverter a ordem dos
elementos não produz um novo par: {1, 2} = {2, 1}, {3, −1} = {−1, 3} e {a, b} = {b, a}.

Em Matemática existem situações em que há necessidade de distinguir dois pares pela ordem
dos elementos. Vejamos o exemplo a seguir:

Um time de futebol da escola será formada por 10 atletas (titulares e reservas) escolhidos entre
os alunos do 1º e 2º anos. Podemos indicar a quantidade de alunos escolhidos de cada série anotando,
entre parênteses, primeiro o número de alunos selecionados no 1º ano e depois o do 2º ano.
Então (3, 7) indicará que foram escolhidos 3 alunos do 1ºano e 7 do 2º ano; (7, 3) nos dirá que 7
alunos são do 1º ano e 3 são oriundos do 3º ano; (5, 5) indicaria, por exemplo, que foram escolhidos 5
alunos de cada série, etc.
Observamos, neste caso, que (3, 7) e (7, 3) representam dois modos diferentes de selecionar os
alunos para o time de futebol. Temos as mesmas quantidades, porém, dispostas em ordens diferentes.
Por esta razão, dizemos que (3, 7) e (7, 3) são dois pares ordenados diferentes.
𝑥+𝑦 =3
Outro exemplo se refere ao sistema de equações { , em que x = 2 e y = 1 é solução, ao
𝑥−𝑦 =1
passo que x =1 e y = 2 não é solução. Se representássemos por um conjunto, teríamos: {2, 1} seria
solução e {1, 2} não seria solução. Há uma contradição, pois, sendo {2, 1} = {1, 2}, o mesmo conjunto é
e não é solução.
Por causa disso, dado um conjunto com dois elementos a e b, onde necessariamente a deva ser
o primeiro elemento e b o segundo, então, o conjunto desses elementos é chamado par ordenado e será
representado por (a, b). Os parênteses em substituição às chaves indicam que a ordem dos elementos
está sendo considerada.

Propriedade 1: Dois pares ordenados (a, b) e (c, d) são iguais se e somente se a = c e b = d. Logo:

(a, b) = (c, d) ⟺ a = c e b = d

Exemplo 1: Calcular a e b nos seguintes casos:

a)(a, b) = (2, 5) ⟺ a = 2 e b = 5

b) (3, b) = (a, −6) ⟺ a = 3 e b = −6

c) (a+ 1, 20) = (5, 2b) ⟺ a +1 = 5 e, portanto, a = 4 e 2b = 20, ou seja, b = 10

d) (5, b +1) = (a − 1, 4) ⟺ 5 = a −1 e, portanto, a = 6 e b +1 = 4, ou seja, b = 3

Note que em um par ordenado, podemos ter termos iguais: (a, b) = (3, 3) ⟺ a =3 e b=3
1
Plano cartesiano
Todo par ordenado de números reais pode ser representado no plano cartesiano por um ponto.
Para isso, consideramos duas retas orientadas (eixos) x e y, perpendiculares, que se cortam no ponto
O. Essas retas determinam um plano 𝛼 cujos pontos serão associados ao par ordenado (a, b), do
seguinte modo:

- Marcamos em x o ponto 𝑃1 correspondente ao número a e por ele


traçamos a reta y’ paralela a y;
- Marcamos em y o ponto 𝑃2 correspondente ao número b e por ele
traçamos a reta x’ paralela a x;

As retas x’ e y’ cortam-se num ponto P, que é associado ao par (a, b).

Nessas condições definimos:


 P é o ponto de coordenadas (a, b);
 O número a é a abscissa de P;
 O número b é a ordenada de P;
 O eixo x ou Ox é o eixo das abscissas;
 O eixo y ou Oy é o eixo das ordenadas;
 O ponto O é a origem e tem coordenadas (0, 0);
 Plano cartesiano é o plano 𝛼.

A cada par de números reais corresponde um ponto do plano 𝛼. Essa correspondência é


denominada sistema de coordenadas cartesianas ortogonais (ou sistema cartesiano ortogonal).
Ortogonal pois os eixos formam ângulo de 900 e cartesiano porque é em homenagem ao matemático e
filósofo René Descartes.

Cada uma das quatro partes em que fica dividido o plano pelos eixos cartesianos chama-se
quadrante. A numeração dos quadrantes é feita no sentido anti-horário. Observe a figura a seguir.

Observações:

 𝑃(𝑎, 𝑏) ∈ 𝐼 𝑄 ⟺ 𝑎 > 0 𝑒 𝑏 > 0. Por exemplo: (4, 2) ∈ 𝐼 𝑄


1
 𝑃(𝑎, 𝑏) ∈ 𝐼𝐼 𝑄 ⟺ 𝑎 < 0 𝑒 𝑏 > 0. Por exemplo: (− 2 , 9) ∈ 𝐼𝐼 𝑄
 𝑃(𝑎, 𝑏) ∈ 𝐼𝐼𝐼 𝑄 ⟺ 𝑎 < 0 𝑒 𝑏 < 0. Por exemplo: (−3, −5) ∈ 𝐼𝐼𝐼 𝑄
3
 𝑃(𝑎, 𝑏) ∈ 𝐼𝑉 𝑄 ⟺ 𝑎 > 0 𝑒 𝑏 < 0. Por exemplo: (2 , −1) ∈ 𝐼𝑉 𝑄

 Os pontos localizados nos eixos não pertencem a nenhum quadrante.

2
 Todo ponto de abscissa nula (igual a zero) pertence ao eixo Oy e todo ponto de ordenada nula
(igual a zero) pertence ao eixo Ox. Por exemplo: (0, −2) ∈ 𝑂𝑦 e (5, 0) ∈ 𝑂𝑥.

Exemplo 2: Localizar no plano cartesiano, os pontos:
5 9 5 9
𝐴(2, 0), 𝐵(0, −3), 𝐶(2, 5), 𝐷(−3, 4), 𝐸(−7, −3), 𝐹(4, −5), 𝐺 (2 , 2) 𝑒 𝐻(− 2 , − 2)

Exemplo 3: Dê as coordenadas de cada ponto do plano cartesiano abaixo.

As coordenadas são: A (2, 3), B(−1, 4), C(−2, −1), 𝐷(3, −2), 𝐸(4,0), 𝐹(−3, 0), 𝐺(0, 1), 𝐻(0, −3).

Exemplo 4: Obter os valores reais de m de modo que o ponto P (2m+1, 3m−6) pertença ao quarto
quadrante.

3
O ponto P pertence ao quarto quadrante se, e somente
1
se: 2m+1> 0 e 3m−6 < 0, ou seja, 𝑚 > − 2 (I) e 𝑚 < 2
(II). Efetuando a interseção de (I) e (II), temos:
1
Portanto, concluímos que: − 2 < 𝑚 < 2

Produto cartesiano
Consideremos os conjuntos: A = {1, 2, 3} e B = {3, 5}. Quais são os pares ordenados (x, y), onde
o primeiro elemento x é obtido no conjunto A e o segundo elemento y é obtido no conjunto B?

(1, 3); (1, 5); (2, 3); (2, 5); (3, 3) e (3, 5)

Podemos, então, formar um novo conjunto, cujos elementos são todos os pares ordenados (x,
y) obtidos acima. Esse conjunto denomina-se produto cartesiano de A por B e será indicado por A × B,
assim:
A × B = {(1, 3); (1, 5); (2, 3); (2, 5); (3, 3), (3, 5)}

Lemos a notação A × B assim: “A cartesiano B” ou “produto cartesiano de A por B”.

Definição
Sejam A e B dois conjuntos não vazios. Denominamos produto cartesiano de A por B o conjunto
A × B cujos elementos são todos pares ordenados (x, y), em que o primeiro elemento pertence a A e o
segundo elemento pertence a B.

A × B = {(𝑥, 𝑦)/ 𝑥 ∈ 𝐴 𝑒 𝑦 ∈ 𝐵 }

Observações:

1) Se A ou B for o conjunto vazio, definiremos o produto cartesiano de A por B como sendo o conjunto
vazio. Isto é: 𝐴 × ∅ = ∅ ∅×𝐵 =∅ ∅×∅=∅

Por exemplo: {1, 3} × ∅ = ∅ × {1, 3} = ∅ × ∅ = ∅

2) Se A ≠ B, então A × B ≠ B × A, isto é, o produto cartesiano de dois conjuntos não goza da propriedade


comutativa.

Por exemplo: Consideremos A = {1, 2, 3} e B = {0, 1}. Então: A × B = {(1, 0), (1, 1), (2, 0), (2, 1),
(3, 0), (3, 1)} e B × A = {(0, 1), (0, 2), (0, 3), (1, 1), (1, 2), (1, 3)}.

3) Se A e B são conjuntos finitos com m e n elementos, respectivamente, então A × B é um conjunto


finito com m ∙ n elementos. Isto é: n (A × B) = n (A) ∙ n (B).

Por exemplo: A = {2, 4} e B = {3, 5, 7}, A × B = {(2, 3), (2, 5), (2, 7), (4, 3), (4, 5), (4, 7)}. Observe
que cada elemento do conjunto A gerou três pares ordenados; como A possui 2 elementos, o número
de pares ordenados construídos é 2 ∙ 3 = 6.

4) Se A ou B for infinito e nenhum deles for vazio, então A × B é um conjunto infinito.

4
5) Se A = {2, 3}, então o conjunto A × A (que também pode ser indicado por 𝐴2 e lê-se “A dois”) é: A ×
A = {(2, 2), (2, 3), (3, 2), (3, 3)}

Representação gráfica do produto cartesiano

Em um sistema cartesiano ortogonal, todo par (x, y) de números reais corresponde o ponto P
(x, y). Sejam, então, A e B subconjuntos de R. Os elementos de A × B são pares ordenados de números
reais e, a cada um deles, no plano, associa-se, então, um ponto. O conjunto de todos esses pontos
representa graficamente o produto cartesiano A × B.

Exemplo 5: Dados os conjuntos A = {1, 2, 3} e B = {1, 2}, determinar o produto cartesiano A × B e fazer
sua representação no plano cartesiano.

Para determinar o produto cartesiano A × B, vamos formar os pares ordenados, em que o


primeiro termo pertence ao conjunto A e o segundo termo pertence ao conjunto B.

A × B = {(1, 1), (1, 2), (2, 1), (2, 2), (3, 1), (3, 2)}

Esta forma de representação é denominada forma tabular.

Observe que, para representar graficamente, os elementos do conjunto


A são dispostos no eixo das abscissas (horizontal) e os elementos do
conjunto B, no eixo das ordenadas (vertical), estando, cada par
ordenado do produto, associado a um único ponto do plano cartesiano.

Exemplo 6: Dados os conjuntos A e B do exemplo anterior, determinar o produto cartesiano B × 𝐴 e


representar no plano cartesiano.

Para determinar o produto cartesiano B × A, vamos formar os pares ordenados, em que o


primeiro termo pertence ao conjunto B e o segundo termo pertence ao conjunto A.

B × A = {(1, 1), (1, 2), (1, 3), (2, 1), (2, 2), (2, 3)}

A representação no plano cartesiano é:

5
Exemplo 7: Considerando os conjuntos 𝐶 = {𝑥 ∈ 𝑍/ −2 ≤ 𝑥 ≤ 1} e D = {3, 4}, determinar o produto
cartesiano C × D e fazer sua representação no plano cartesiano.

Inicialmente, enumeramos os elementos do conjunto C, isto é, 𝐶 = {−2, −1, 0, 1}.

O produto cartesiano C × D = {(−2, 3), (−2, 4), (−1, 3), (−1, 4), (0, 3), (0, 4), (1, 3), (1, 4)}
Note que, na representação no plano cartesiano, os pontos de abscissa igual a zero pertencem
ao eixo y.

Produto cartesiano com intervalos

Exemplo 8: Se A = {𝑥 ∈ 𝑅 / 1 ≤ 𝑥 < 3} e B = {2}, então, temos o produto cartesiano:


A × B = {(x, 2) / x ∈ A}

Para representar o conjunto A no plano cartesiano traçamos as retas paralelas ao eixo dos y, pelos
pontos de abscissa x =1 (intervalo fechado, reta contínua) e os de abscissa x = 3 (como o intervalo é
aberto, a reta é tracejada).
Para representar o conjunto B, traçamos a reta paralela ao eixo dos x, pelos pontos de ordenada
y = 2 (reta contínua pois o elemento faz parte de cada par ordenado). A representação gráfica de A ×
B dá como resultado o conjunto de pontos do segmento paralelo ao eixo dos x.

Exemplo 9: Dados os conjuntos A = {𝑥 ∈ 𝑅 / 1 ≤ 𝑥 ≤ 3} e B = {𝑥 ∈ 𝑅 / 2 ≤ 𝑥 ≤ 5} represente


graficamente o produto A × B.

Temos que A × B = {(𝑥, 𝑦) ∈ 𝑅 2 /1 ≤ 𝑥 ≤ 3 𝑒 2 ≤ 𝑦 ≤ 5}.

Os elementos do conjunto A são dispostos no eixo das abscissas (horizontal) e os elementos do


conjunto B, no eixo das ordenadas (vertical).

6
Para representar o conjunto A, traçamos as retas paralelas ao eixo do y, pelos pontos de abscissa
x =1 e os de abscissa x = 3 (em ambos, como o intervalo é fechado, a reta é contínua).

Para representar o conjunto B, traçamos a reta paralela ao eixo do x, pelos pontos de ordenada
y = 2 e de ordenada y = 5 (em ambos, como o intervalo é fechado, a reta é contínua).
O gráfico do conjunto A × B é o retângulo da figura. Ao observarmos os pares ordenados que
formam os vértices do retângulo, vemos que ambos os elementos de cada par, fazem parte do intervalo,
então, o intervalo em cada vértice é fechado. Note que o produto cartesiano de A por B é constituído
por infinitos pares.

Exemplo 10: Dados os conjuntos D = ]−2, 1] e E = [3, 5[ represente graficamente o produto D × E.

Temos que D × E = {(𝑥, 𝑦) ∈ 𝑅 2 / −2 < 𝑥 ≤ 1 𝑒 3 ≤ 𝑦 < 5 }.


Os elementos do conjunto D são dispostos no eixo das abscissas (horizontal) e os elementos do
conjunto E, no eixo das ordenadas (vertical).

Para representar o conjunto D, traçamos as retas paralelas ao eixo do y, pelos pontos de abscissa
x = −2 (como o intervalo é aberto, a reta é tracejada) e os de abscissa x = 1 (intervalo fechado, reta
contínua).
Para representar o conjunto E, traçamos a reta paralela ao eixo dos x, pelos pontos de ordenada
y = 3 (intervalo fechado, reta contínua) e de ordenada y = 5 (como o intervalo é aberto, a reta é
tracejada).
O gráfico do conjunto D × 𝐸 é o retângulo da figura, excluídos os pontos do lado superior e
esquerdo. Ao observarmos os pares ordenados que formam os vértices do retângulo, somente em (1,
3), o intervalo é fechado, pois ambos os elementos fazem parte do intervalo. Os demais pares
ordenados ficam abertos, pois um elemento ou os dois elementos não fazem parte do intervalo. Note
que o produto cartesiano de D por E é constituído por infinitos pares; os lados do retângulo que não
estão incluídos no gráfico são indicados por uma linha tracejada.

7
Relação binária

Consideremos os conjuntos A = {2, 3, 4} e B = {2, 3, 4, 5, 6}. O


produto cartesiano de A por B é o conjunto:

𝐴 × 𝐵 = {(𝑥, 𝑦)/𝑥 ∈ 𝐴 𝑒 𝑦 ∈ 𝐵}

Esse conjunto é formado por 3 ∙ 5 = 15 elementos representados


na figura ao lado.

Podemos dizer que o subconjunto de 𝐴 × 𝐵, a seguir, é um exemplo


de relação de A em B.

𝑅 = {(2, 2), (2, 4), (2, 6), (3, 3), (3, 6), (4, 4)}

O conjunto R é chamado de relação entre os elemento de A e de B ou, simplesmente, relação


binária de A em B. O conjunto R está contido em 𝐴 × 𝐵 e é formado por pares (x, y), em que o elemento
x de A é “associado” ao elemento y de B mediante um certo critério de “relacionamento” ou“
correspondência”.

Definição
Dados dois conjuntos A e B, chama-se relação binária de A em B, todo subconjunto R do produto
cartesiano 𝐴 × 𝐵.

R é relação binária de A em B ⇔ R ⊂ 𝐴 × 𝐵

Exemplo 1: Sejam A = {1, 2, 3} e B = {1, 2}, determinar alguns exemplos de relações binárias de A em
B:

𝑅1 = {(1, 1), (1, 2), (3, 2)}


𝑅2 = {(2, 2), (3, 2)}
𝑅3 = {(2, 1)}
𝑅4 = ∅
𝑅5 = 𝐴 × 𝐵

Observações:

1) Se os conjuntos A e B forem iguais, todo subconjunto de 𝐴 × 𝐴 é chamado relação binária em A. Ou


seja: R é relação binária em A ⇔ R ⊂ 𝐴 × 𝐴.

2) Quando o par (x, y) pertence à relação R, escrevemos xRy (lemos: “x erre y”). Isto é: (x, y) ∈ 𝑹 ⟺
xRy

3) Se o par (x, y) não pertence à relação R, escrevemos (lemos: “x não erre y”). Isto é: (x, y) ∉ 𝑹 ⟺
.

Exemplo 2: Sejam os conjuntos A = {a, b, c} e B = {1, 2, 3} e a relação de A em B: R = {(a, 1), (b, 1), (b,
3)}, podemos afirmar que:
(a, 1) ∈ 𝑅, ou seja, aR1 (b, 1) ∈ 𝑅, ou seja, bR1 (b, 3) ∈ 𝑅, ou seja, bR3
8
Formas de representação de uma relação

Enumeração dos pares ordenados

Podemos representar uma relação enumerando os pares ordenados que a constituem. Já


utilizamos essa forma de representação em alguns exemplos estudados.

Exemplo 3: Considere os conjuntos A = {6, 8} e B = {7, 9}. Represente R enumerando os pares


ordenados que a constituem.

A relação de A em B é: R = {(6, 7), (6, 9)} e está representada por enumeração de seus
elementos, os pares ordenados (6, 7) e (6, 9).

Diagrama de flechas

Podemos representar uma relação através de um diagrama de flechas. Assim a relação R do


exemplo inicial, pode ser representada assim:

Lei de correspondência ou lei da relação R

Podemos representar uma relação descrevendo o conjunto dos pares ordenados que a
constituem com o auxílio de uma lei de correspondência ou lei da relação R que “liga” os elementos
desses pares.

Exemplo 4: Seja o conjunto A = {1, 2, 3} e a relação R, de A em A, constituída pelos pares (3, 1), (3, 2)
e (2, 1). Represente R por meio de sua lei de correspondência.

Notamos que esses pares satisfazem a lei “x é maior que y” com (x, y) ∈ 𝐴 × 𝐴. Então, podemos
representar R assim:

R = {(x, y) ∈ 𝐴 × 𝐴 / x é maior que y} ou R = {(x, y) ∈ 𝐴 × 𝐴 / x > y}.

Lemos: Relação R formada por pares ordenados (x, y), pertencentes ao produto cartesiano 𝐴 ×
𝐵, tal que x > y. Os pares que pertencem a R são todos aqueles para os quais satisfazem a lei.

Exemplo 5: Sendo o conjunto A = {1, 2, 4} e a relação R, de A em A, enumerando seus elementos é: R =


{(1, 1), (1, 2), (1, 4), (2, 4)}. Represente R por meio de sua lei de correspondência.

Observe que: 1 é divisor de 1, 1 é divisor de 2, 1 é divisor de 4 e 2 é divisor de 4. Ou seja, todos


os pares (x, y) satisfazem a lei “x é divisor de y” com 𝑥 ∈ 𝐴 𝑒 𝑦 ∈ 𝐴.
Note que, por exemplo, (2, 1) ∉ 𝑅, pois 2 não é divisor de 1. Então, R = {(x, y) ∈ 𝐴 × 𝐴 /x é
divisor de y}.

9
Exemplo 6: Se A = {1, 2, 3, 4, 5} e B = {1, 2, 3, 4}, quais são os elementos da relação R = {(x, y)/ x < y}
de A em B?

Os elementos de R são todos os pares ordenados de A × B nos quais o primeiro elemento é


menor que o segundo, isto é, são os pares formados pela “associação de cada elemento x ∈ A com cada
elemento de y ∈ B tal que x < y”. Temos, então: R = {(1, 2), (1, 3), (1, 4), (2, 3), (2, 4), (3, 4)}

Exemplo 7: Dados os conjuntos A = {1, 2, 3} e B = {4, 6, 8}, efetuando o produto cartesiano 𝐴 × 𝐵,


temos: 𝐴 × 𝐵 = {(1, 4), (1, 6), (1, 8), (2, 4), (2, 6), (2, 8), (3, 4), (3, 6), (3, 8)}. Considerar uma relação
binária R, do produto cartesiano 𝐴 × 𝐵, por meio de sua lei de correspondência, em que, por exemplo,
y é o dobro de x.
A relação R formada por pares ordenados (x, y), pertencentes ao produto cartesiano 𝐴 × 𝐵, tal
que y = 2x é: 𝑅 = {(𝑥, 𝑦) ∈ 𝐴 × 𝐵/ 𝑦 = 2𝑥}.
A relação representada pela enumeração de seus pares é: 𝑅 = {(2, 4), (3, 6)}.

Gráfico de R

Sejam A e B subconjuntos de R. Uma relação R, de A em B, pode ser representada graficamente


como já fizemos com o produto cartesiano de dois conjuntos.
No plano, construímos um sistema xOy de eixos ortogonais e, a cada par (x, y) de R, associamos
o ponto de abscissa x e de ordenada y. O conjunto de todos os pontos assim obtidos é o gráfico de R.

Exemplo 8: Sejam os conjuntos A = {1, 2}, B = {1, 2, 3} e a relação R,


de A em B: R = {(x, y) ∈ 𝐴 × 𝐵/𝑥 = 𝑦}, represente R no gráfico.

Os pares (1, 1) e (2, 2) satisfazem a lei “x = y” e, portanto, são


os elementos de R.
O gráfico de R é constituído por dois pontos, que são (1, 1) e (2,
2). Note que uma relação de A em B é um conjunto de pares ordenados
(x, y), com x ∈ A e y ∈ 𝐵.

Exemplo 9: Se A = {−1, 0, 1, 2}, quais são os elementos da relação R = {(x, y) ∈ 𝐴2 /𝑥 2 = 𝑦 2 }?

Temos que R = {(0,0), (1, 1), (1, −1), (−1, −1), (−1, 1), (2, 2)}.
A representação gráfica e pelo diagrama de flechas é:

10
Elementos que compõe uma relação binária

Domínio de uma relação: Seja R uma relação de A em B. Chama-se domínio de R, o conjunto D (R)
constituído por todos os primeiros elementos dos pares ordenados pertencente a R.

𝑥 ∈ 𝐷(𝑅) ⟺ ∃𝑦, 𝑦 ∈ 𝐵/ (𝑥, 𝑦) ∈ 𝑅

Decorre da definição que D (R) ⊂ 𝐴.

Imagem de uma relação: Seja R uma relação de A em B. Chama-se imagem de R, o conjunto Im (R) de
todos os segundos elementos dos pares ordenados pertencentes a R.

𝑦 ∈ 𝐼𝑚 (𝑅) ⟺ ∃𝑥, 𝑥 ∈ 𝐴/ (𝑥, 𝑦) ∈ 𝑅

Decorre da definição que Im (R) ⊂ 𝐵.

Contradomínio de uma relação: Seja R uma relação de A em B. Chama-se contradomínio (CD), o


conjunto B.

Exemplo 10: Dados os conjuntos A = {1, 2, 3} e B = {4, 6, 8} e a relação 𝑅 = {(2, 4), (3, 6)}. Determine
D (R), Im (R) e CD.

O domínio de R, D (R), é constituído pelos primeiros elementos de todos os pares que


pertencem a R. Logo, D (R) = {2, 3}.
O conjunto imagem de R, Im (R), é constituído pelos segundos elementos de todos os pares que
pertencem a R. Logo, Im (R) = {4, 6}.
CD = B = {4, 6, 8}

Exemplo 11: Sejam os conjuntos A = {1, 2, 4}, B = {−1, 0, 3} e a relação R, de A em B: R = {(1, −1), (1, 0),
(4, 0)}. Determine: D (R) e Im (R).

O domínio de R, D (R), é constituído pelos primeiros elementos de todos os pares que pertencem
a R. Logo, D (R) = {1, 4}.
O conjunto imagem de R, Im (R), é constituído pelos segundos elementos de todos os pares que
pertencem a R. Logo, Im (R) = {−1, 0}.

Exemplo 12: Se A = {0, 2, 3, 4} e B = {1, 2, 3, 4, 5, 6}, qual é o domínio e a imagem da relação R = {(x,
y) ∈ 𝐴 × 𝐵 / 𝑦 é 𝑚ú𝑙𝑡𝑖𝑝𝑙𝑜 𝑑𝑒 𝑥}?

R = {(2, 2), (2, 4), (2, 6), (3, 3), (3, 6), (4, 4)}
D (R) = {2, 3, 4}
Im (R) = {2, 3, 4, 6}

Utilizando o diagrama de flechas percebemos que D (R) é o


conjunto dos elementos de A dos quais partem flechas e que Im (R) é o
conjunto dos elementos de B aos quais chegam as flechas.

11
Exemplo 13: Dados os conjuntos A = {−1, 0, 1, 2} e B = {0, 1, 2, 3, 4, 5} e a relação R = {(x, y) ∈ 𝐴 ×
𝐵/𝑦 = 𝑥 + 1}. Determinar:
a) os pares ordenados da relação R

Inicialmente, vamos determinar os pares ordenados (x, y), através da lei de correspondência
dos elementos: y = x + 1, onde 𝑥 ∈ 𝐴 𝑒 𝑦 ∈ 𝐵.

𝑥= −1 ⟹ 𝑦 = −1 + 1 = 0 ∈ 𝐵, 𝑒𝑛𝑡ã𝑜 (−1, 0) ∈ 𝑅
𝑥 = 0 ⟹ 𝑦 = 0 + 1 = 1 ∈ 𝐵, 𝑒𝑛𝑡ã𝑜 (0, 1) ∈ 𝑅
𝑥 = 1 ⟹ 𝑦 = 1 + 1 = 2 ∈ 𝐵, 𝑒𝑛𝑡ã𝑜 (1, 2) ∈ 𝑅
𝑥 = 2 ⟹ 𝑦 = 2 + 1 = 3 ∈ 𝐵, 𝑒𝑛𝑡ã𝑜 (2, 3) ∈ 𝑅

R = {(−1, 0), (0, 1), (1, 2), (2, 3)}

b) o conjunto domínio e o conjunto imagem

D (R) = {−1, 0, 1, 2} e Im (R) = {0, 1, 2, 3}

c) o diagrama de flechas

d) o gráfico cartesiano de R

Função real de uma variável real

Definição
Uma função descreve uma correspondência entre os elementos de dois conjuntos, ou podemos
dizer que uma função é um tipo especial de relação.
Vamos considerar uma relação de A em B tal que qualquer elemento de A esteja associado a um
único elemento de B:

12
Essa propriedade caracteriza um tipo particular de relação, ao qual damos o nome de função
de A em B. Assim, definimos:

Sejam dois conjuntos, A e B, não vazios e uma relação binária de A em B, dizemos que
essa relação é função de A em B se, e somente se, a cada elemento x do conjunto A
corresponder um único elemento y do conjunto B.

Indicamos essa função assim: 𝒇: 𝑨 → 𝑩 (função f de A em B)

É importante observar que:

 A notação 𝑓: 𝐴 → 𝐵 indica que a função f “leva” A para B ou ainda que f é uma “transformação”
de A em B.
 Se y está definido em função de x, chamamos x de variável independente e y de variável
dependente.
 Para indicar o valor que a função f assume para x, escrevemos f(x) ou simplesmente y.

 As funções podem ser definidas por uma lei matemática ou lei de correspondência. Por
exemplo, 𝑓: ℝ → ℝ tal que f(x) = 3x. Por essa lei, entendemos que um número real x é
transformado, pela função f, no triplo de x.

Considere os conjuntos 𝐴 = {0, 1, 4} e 𝐵 = {−1, 0, 1, 2, 5} e as relações de A em B:

𝑅1 é função de A em B, pois a cada


elemento do conjunto A corresponde um
único elemento do conjunto B.

13
𝑅2 não é uma função de A em B, pois o
elemento 4 do conjunto A não possui
correspondente em B.

𝑅3 não é função de A em B, pois existe


elemento de A que tem dois
correspondentes em B.

Domínio, Contradomínio e imagem de uma função


Ao considerarmos uma função 𝑓: 𝐴 → 𝐵, um tipo particular de relação, temos que:

Domínio da função: É igual ao conjunto A, representado por 𝐷 (𝑓) = 𝐴.

Contradomínio da função: É igual ao conjunto B, representado por 𝐶𝐷(𝑓) = 𝐵.

Imagem: É formado pelos elementos do conjunto B que estão em correspondência com os


elementos do conjunto A. O conjunto desses elementos recebe o nome de conjunto imagem.

Exemplos:

1) Dados os conjuntos 𝐴 = {−2, −1, 0, 1} e 𝐵 = {−5, −2, 1, 4, 5, 6} e a relação 𝑅 = {(𝑥, 𝑦) ∈ 𝐴 × 𝐵/𝑦 =


3𝑥 + 1}.

a) os pares ordenados da relação.

𝑥 = −2 ⟹ 𝑦 = 3 ∙ (−2) + 1 = −6 + 1 = −5 como −5 ∈ 𝐵 o par (−2, −5) ∈ 𝑅.


𝑥 = −1 ⟹ 𝑦 = 3 ∙ (−1) + 1 = −3 + 1 = −2 como −2 ∈ 𝐵 o par (−1, −2) ∈ 𝑅.
𝑥 = 0 ⟹ 𝑦 = 3 ∙ 0 + 1 = 0 + 1 = 1 como 1 ∈ 𝐵 o par (0, 1) ∈ 𝑅.
𝑥 = 1 ⟹ 𝑦 = 3 ∙ (1) + 1 = 3 + 1 = 4 como 4 ∈ 𝐵 o par (1, 4) ∈ 𝑅.

14
Logo, 𝑅 = {(−2, −5), (−1, −2), (0, 1), (1, 4)}

b) construir um diagrama de flechas.

c) Verificar se essa relação é uma função. Em caso afirmativo determinar os conjuntos 𝐷 (𝑓), 𝐶𝐷(𝑓) e
𝐼𝑚(𝑓).

A relação R é uma função de A em B, pois a cada elemento de A corresponde um único elemento


de B.
Assim 𝐷 (𝑓) = 𝐴, 𝐶𝐷(𝑓) = 𝐵 e 𝐼𝑚(𝑓) = {−5, −2, 1, 4}.

Observe que o conjunto imagem 𝐼𝑚(𝑓), sempre está contido no conjunto B, mas nem sempre é
igual ao conjunto B.

2) Verifique se o gráfico representa uma função:

Uma curva no plano representa uma função se qualquer reta paralela ao eixo y cruza o gráfico
no máximo em um ponto.

Observe que isso acontece para vários valores de x diferentes, logo o gráfico não representa
uma função.
15
Imagem de um elemento

Seja f uma função de A em B. Se x é um elemento qualquer de A, então, o único y de B associado


a x, denomina-se imagem de x pela função f e será indicado por f(x). Ou seja: y = f ( x).

Imagem de um elemento pelo diagrama de flechas

Considere a função f descrita pelo diagrama de flechas:

Se um elemento y de B estiver associado, através de f, a um elemento x de A, diremos que y é a


imagem de x através de f. Observe que cada 𝑥 ∈ 𝐴 tem uma única imagem de 𝑦 ∈ 𝐵.

−4 = 𝑓(−3), ou seja, −4 é imagem de −3 através de f.

−5 = 𝑓(−1), ou seja, −5 é imagem de −1 através de f.

−5 = 𝑓(0), ou seja, −5 é imagem de 0 através de f.

1 = 𝑓(7), ou seja, 1 é imagem de 7 através de f.

9 = 𝑓(9), ou seja, 9 é imagem de 9 através de f.

Imagem de um elemento pela lei y = f (x)

Vamos considerar a função 𝑓: ℝ → ℝ em que cada elemento x do domínio ℝ é associado a um


único elemento do contradomínio ℝ através da lei f (x) = 5x −2.
A lei f (x) = 5x −2 informa que a imagem de cada x do domínio é o número 5x − 2 do
contradomínio. Assim, temos, por exemplo:

 A imagem do elemento 6, através de f, é: 𝑓(6) = 5 ∙ 6 − 2 ⟹ 𝑓(6) = 28. Logo, o par ordenado


(6, 28) pertence a f.

3 3 3 3
 A imagem do elemento 5, através de f, é: 𝑓 (5) = 5 ∙ 5 − 2 ⟹ 𝑓 (5) = 1. Logo, o par ordenado
3
(5 , 1) pertence a f.

Observação: Como o símbolo f(x) representa a ordenada do ponto de abscissa x, ou seja, (x, f(x)), em
vez de escrever f (x) = 5x −2, podemos escrever y = 5x −2, ou seja, o símbolo f(x) pode ser substituído
por y e vice-versa.

16
3) Seja 𝑓: ℝ → ℝ uma função de variável real, definida pela lei 𝑓(𝑥) = 2𝑥 2 + 1, determine a imagem
de 1, −2 e 3:

- 𝑓(1) = 2 ∙ (1)2 + 1 = 2 ∙ 1 + 1 = 2 + 1 = 3 (a imagem de 1 pela função 𝑓 é igual a 3, ou seja, 𝑓(1) =


3).

- 𝑓(−2) = 2 ∙ (−2)2 + 1 = 2 ∙ 4 + 1 = 8 + 1 = 9 (a imagem de −2 pela função 𝑓 é igual a 9, ou seja,


𝑓(−2) = 9).

- 𝑓(3) = 2 ∙ (3)2 + 1 = 2 ∙ 9 + 1 = 18 + 1 = 19 (a imagem de 3 pela função 𝑓 é igual a 19, ou seja,


𝑓(3) = 19).

Observação:

Como x representa todos os elementos do domínio da função, o seu valor varia.


Como para cada elemento x do domínio há uma imagem y no contradomínio, o valor de y
também varia, e varia na dependência de x.
Daí chamamos x de variável independente e y de variável dependente.

4) Dada 𝑓(𝑥) = 𝑎𝑥 + 𝑏, com 𝑎, 𝑏 ∈ 𝑅 e 𝑎 ≠ 0, determine a e b sabendo que f(1) = −2 e 𝑓(5) = −8.

𝑓(1) = −2 ⟹ 𝑎 ∙ (1) + 𝑏 = −2 ⟹ 𝑎 + 𝑏 = −2
𝑓(5) = −8 ⟹ 𝑎 ∙ (5) + 𝑏 = −8 ⟹ 5𝑎 + 𝑏 = −8

𝑎 + 𝑏 = −2 3 1
Resolvendo o sistema { encontramos 𝑎 = − 2 e 𝑏 = − 2.
5𝑎 + 𝑏 = −8

17

Você também pode gostar