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#…

1 Conjuntos
1.1 Noções Primitivas
Assim como em outros assuntos de Matemática, também na teoria dos conjuntos certas noções sao
aceitas sem definição, a fim de servirem como ponto inicial.

Enquanto na Geometria Euclidiana costuma-se adotar sem definição as noções de ponto, reta e plano,
na Teoria dos Conjuntos as noções consideradas primitivas são as seguintes:

a) conjunto
b) elemento
c) pertinência entre elemento e conjunto

A noção matemática de conjunto e praticamente a mesma que se usa na linguagem comum: é o


mesmo que agrupamento, classe, coleção, sistema.

​Eis alguns exemplos:

1. conjunto das vogais


2. conjunto dos algarismos arábicos
3. conjunto dos números pares
4. conjunto dos planetas do sistema solar
5. conjunto dos números primos positivos
6. conjunto das cartas de um baralho
7. conjunto dos nomes dos meses de 30 dias

Cada membro ou objeto que entra na formação do conjunto é chamado elemento. Assim, nos
exemplos anteriores, temos os elementos:

1. a, e, i, o, u
2. 0, 1, 2, 3, 4, ...
3. 2, 4, 6, 8, -2, -10, ...
4. Terra, Júpiter, Marte, ...
5. 2, 3, 5, 7, 11, ...
6. ás de ouro, rei de paus, ...
7. abril, junho, setembro, novembro

No exemplo 1, cada vogal é elemento do conjunto das vogais, isto é, pertence ao conjunto. Em
particular, a pertence ao conjunto das vogais e b não pertence.
No exemplo 3, cada número par pertence ao conjunto dos número pares. Em particular, 8 pertece ao
conjunto e 7 não pertence.

Um elemento de um conjunto pode ser uma letra, um número, uma carta de baralho etc., mas é
importante saber que um conjunto pode ser um elemento de outro conjunto. Uma reta, por exemplo,
é um conjunto de pontos e o conjunto de todas as retas de um plano é um exemplo de conjunto de
conjuntos.

Indicamos um conjunto, em geral, com uma letra maiúscula A, B, C , … e um elemento com um letra
minúscula a, b, c, d, x, y, ….

Sejam A um conjunto e x um elemento. Se x pertence ao conjunto A escrevemos:

x ∈ A

onde o símbolo ∈, devido a Peano, é uma versão da letra grega épsilon (ϵ) e está consagrado em toda
a Matemática para indicar pertinência. Para indicar que x não pertence ao conjunto A escrevemos:

x ∉ A

1.1.1 Notação dos Conjuntos


Quando um conjunto é dado pela enumeração de seus elementos devemos indicá-lo escrevendo seus
elementos entre chaves.

​Exemplos:

1. conjunto das vogais: {a, e, i, o, u}


2. conjunto dos nomes dos meses de 30 dias: {abril, junho, setembro, novembro}
3. conjunto dos números naturais divisores de 20: {1, 2, 4, 5, 10, 20}

Esta notação também é empregada quando o conjunto é infinito: escrevemos alguns elementos que
evidenciem a lei de formação e em seguida colocamos reticências.

​Exemplos:

1. conjunto do números pares não negativos: {0, 2, 4, 6, …}


2. conjunto dos números primos positivos: {2, 3, 5, 7, …}

A mesma notação também é empregada quando o conjunto é finito com grande número de
elementos: escrevemos os elementos iniciais, colocamos reticências e indicamos o último elemento.

​Exemplos:

1. conjunto dos algarismos arábicos: {0, 1, 2, … , 9}


2. conjunto dos múltiplos positivos de 3, formados por 2 algarismos: {12, 15, 18, … , 99}
Um conjunto A fica bem determinado quando se conhece uma propriedade característica P de seus
elementos, isto é, uma propriedade que todos os elementos do conjunto, e só eles, possuem. Por meio
da propriedade P é fácil reconhecer se um elemento dado pertence ou não ao conjunto. O conjunto A
pode ser representado pela notação

A = {x | x possui a propriedade P }

onde a barra colocada entre o símbolo x e a locução "x possui a propriedade P " substitui a expressão
"tal que".

​Exemplos

1. {x | x é vogal }
2. {x | x é divisor de 6}
3. {x | x 2
= x}

são formas de indicar os conjuntos:

1. {a, e, i, o, u}
2. {−6, −3, −2, −1, 1, 2, 3, 6}
3. {0, 1}

Consideramos também como conjuntos, na Matemática, agrupamentos formados por um só elemento


ou agrupamentos sem elemento algum.

Chama-se conjunto unitário aquele que é formado por um só elemento.

​Exemplos

1. conjunto dos números primos, pares e positivos: {2}


2. conjunto das raízes da equação 2x + 1 = 7: {3}
3. conjunto dos nomes dos satélites naturais da Terra: {Lua}

Não devemos confundir o conjunto {a} com o elemento a , pois eles são de natureza diferentes. Não
devemos escrever

a = {a}, mas sim a ∈ {a}

Chama-se conjunto vazio aquele que é formado por nenhum elemento. Para obter o conjunto vazio
basta considerar o conjunto dos elementos x que têm uma propriedade P impossível.

O símbolo usual para o conjunto vazio é

letra de origem norueguesa.


​Exemplos

1. {x | 0 ⋅ x = 7} = ∅
2. {x | x ≠ x} = ∅
3. {x | x é homem e x é mulher} = ∅

Quando vamos desenvolver um certo assunto de Matemática, admitivos a existência de um conjunto U


ao qual pertencem todos os elementos utilizados no tal assunto. Esse conjunto U recebe o nome de
conjunto universo.

Por exemplo, ao procurarmos as raízes reais de uma equação o conjunto-universo é o conjunto dos
números reais, portanto aí vão algumas equações e as respectivas raízes reais:

1. x − 2 = 0, raiz 2.
2. x 2
+ 2x − 3 = 0, raízes 1 e −3.
3. x 2
+ 1 = 0, não tem raiz real.
3
4. x(x − 1)(2x − 3) = 0, raízes 0, 1 e
2

Notemos que se quiséssemos obter apenas raízes interiras, o conjunto-universo seria o conjunto dos
números inteiros e, então, a equação (4) só teria duas raízes 0 e 1.

Outro exemplo: quando vamos responder à pergunta "qual é o conjunto dos pontos X que estão à
distância d do ponto P ?" a resposta depende do conjunto-universo U em que vamos procurar as
soluções do problema, isto é:

1. se U é uma reta passando por P , o conjunto procurado é formado só por dois pontos;

2. se U é um plano passsando por P , o conjunto procurado é formado pelos infinitos pontos de uma
circunferência de centro P e raio d;

3. se U é o espaço, o conjunto procurado é formado pelos infinitos pontos da superfície esférica de


centro P e raio d.
É necessário saber qual é o conjunto-universo U quando vamos considerar o conjunto

{x ∈ U | x tem a propriedade P }

Um conjunto pode ser representado pelo conjunto dos pontos interiores a uma linha fechada que não
se entrelaça.

Os elementos do conjunto serão indicados por pontos colocados no interior da linha e os elementos
não pertencentes ao conjunto serão representados por pontos situados na região exterior.

A
a
c
b d

Nenhum elemento deverá ser representado sobre a linha fechada. Na representação da figura acima,
temos:

a ∈ A , b ∈ A , c ∈ A e d ∉ A

Esta figura, chamada diagrama, facilita o entendimento da teoria dos conjuntos. No caso em que se
usam somente círculos, os diagramas são chamados de diagramas de Euler ou diagramas de Venn.

A
a

b c

1.1.2 Conjuntos Iguais


​Definição

Dois conjuntos A e B são iguais quando todo elemento de A pertence também a B e,


reciprocamente, todo elemento de B pertence a A. Em símbolos:

A = B ⟺ (∀x)(x ∈ A ⇔ x ∈ B)

​Exemplos

1. {1, 7, 19, 26} = {1, 19, 26, 7}


2. {0, 1, 2, 3, … , 100} = {x | x é inteiro e 0 ⩽ x ⩽ 100}
3. {x | x 2
= x} = {0, 1}
Observemos que na definição de igualdade entre conjuntos não intervém a noção de ordem entre os
elementos, portanto:

{1, 2, 3} = {1, 3, 2} = {3, 2, 1}

Do mesmo modo, temos:

{a, b, c} = {a, a, b, b, c} = {a, a, a, b, b, c, c}

bastando, para isso, aplicar a definição. Este exemplo justifica o fato de, na representação de um
conjunto, nunca repetirmos o mesmo elemento, utilizando anotação mais simples.

Se A não é igual a B, escrevemos A ≠ B. É evidente que A é diferente de B se existe um elemento de


A não pertencente a B ou existe em B um elemento não pertencente a A.

​Exemplos

1. {1, 2, 3, 4, 5, 6} ≠ {2, 3, 4, 5, 6}
2. {3, √2, 7, −4} ≠ {−4, √2, 7, 3, −1}
3. {−2, −5} ≠ {2, −3}

1.1.3 Conjuntos Numéricos


É evidente que, para a Matemática, os conjuntos de maior interesse são aqueles formados por
números. Há certos conjuntos numéricos que têm importância especial devido às propriedades das
operações entre seus elementos e, por isso, recebem nome convencional:

​Nomes convencionais de conjuntos

1. N ∗
= {1, 2, 3, 4, 5, …} é o conjunto dos números naturais
2. N = {0, 1, 2, 3, 4, …} é o conjunto dos números inteiros não negativos
3. Z = {… , −3, −2, −1, 0, 1, 2, 3, …} é o conjunto dos números inteiros
p
4. Q = {x | x = } sendo p, q ∈ Z, q ≠ 0 é o conjunto dos números racionais
q

5. R é o conjunto dos números reais


6. C é o conjunto dos números complexos

Quando acrescentamos o símbolo ∗ (estrela), estamos indicando que o zero foi excluído do conjunto.
Assim temos:

7. Z ∗
= {x | x ∈ Z e x ≠ 0}

8. Q ∗
= {x | x ∈ Q e x ≠ 0}

9. R ∗
= {x | x ∈ R e x ≠ 0}

10. C ∗
= {x | x ∈ C e x ≠ 0}
Quando acrescentamos o símbolo + (mais), estamos indicando que foram excluídos todos os números
negativos do conjunto. Assim, temos:

11. Z + = {x | x ∈ Z e x ⩾ 0}

12. Q + = {x | x ∈ Q e x ⩾ 0}

13. R + = {x | x ∈ R e x ⩾ 0}

Quando acrescentamos o símbolo − (menos), estamos indicando que foram excluídos todos os números
positivos do conjunto. Assim, temos:

14. Z − = {x | x ∈ Z e x ⩽ 0}

15. Q − = {x | x ∈ Q e x ⩽ 0}

16. R −
= {x | x ∈ R e x ⩽ 0}

Notemos que zero é elemento dos conjuntos Z , Z , Q , Q , R e R . Se excluirmos o zero destes


+ − + − + −

conjuntos, teremos:

17. Z ∗
+
= {x ∈ Z | x > 0}

18. Z ∗

= {x ∈ Z | x < 0}

19. Q ∗
+
= {x ∈ Q | x > 0}

20. Q ∗

= {x ∈ Q | x < 0}

21. R ∗
+
= {x ∈ R | x > 0}

22. R ∗

= {x ∈ R | x < 0}

O conjunto R é chamado o conjunto dos números reais estritamente positivos e R é o conjunto dos

+

números reais estritamente negativos. Os outros têm nomes análogos.

1.1.4 Subconjunto
​Definição

Um conjunto A é subconjunto de um conjunto B se, e somente se, todo elemento de A pertence


também a B.

Com a notação A ⊂ B indicamos que "A é o subconjunto de B" ou "A está contido em B" ou "A é
parte de B".

O símbolo ⊂ é denominado sinal de inclusão.


Em símbolos, a definição fica assim:

A ⊂ B ⟺ (∀x)(x ∈ A ⇒ x ∈ B)

​Exemplos

1. {1, 2} ⊂ {1, 2, 3, 4}
2. {5} ⊂ {5, 6}
3. {3, 4} ⊂ {3, 4}
4. N ∗
⊂ N ⊂ Z ⊂ Q ⊂ R ⊂ C

5. Se P é o conjunto dos números pares e Z é o conjunto dos números inteiros, então P ⊂ Z,


pois todo número par é inteiro.
6. Se L é o conjunto dos losangos e Q é o conjunto dos quadrados, então Q ⊂ L, pois todo
quadrado é um losango.

Às vezes, também escrevemos B ⊃ A que significa "B contém A".

Com a notação A ⊄ B indicamos que "A não está contido em B", isto é, a negação de A ⊂ B.

A 6½B

A B

É evidente que A ⊄ B somente se existe ao menos um elemento de A que não pertence a B.

​Exemplos

1. {1, 2, 3} ⊄ {2, 3, 5, 7}
2. {1, 2, 3} ⊄ {4, 5, 6}
3. R ⊄ Q, pois, por exemplo, √2 ∈ R e √2 ∉ Q

Já definimos nesta seção igualdade entre conjuntos: dois conjuntos são iguais se todo elemento do
primeiro pertence também ao segundo e, reciprocamente

A = B ⟺ (∀x)(x ∈ A ⇔ x ∈ B)

Aplicando agora a definição de subconjunto, a proposição ∀x, (x ∈ A ⇔ x ∈ B) (todo elemento de A


pertence a B e vice-versa) equivale à proposição A ⊂ B e B ⊂ A, portanto, temos
A = B ⟺ (A ⊂ B e B ⊂ A)

Isto significa que para provar que A = B basta provar que A ⊂ B e B ⊂ A.

​Teorema

O conjunto vazio é subconjunto de qualquer conjunto A.

​Demonstração

Admitamos que a proposição seja falsa, isto é, ∅ ⊄ A. Neste caso, existe um elemento x ∈ ∅
tal que x ∉ A, o que é um absurdo, pois ∅ não tem elemento algum.

Conclusão: ∅ ⊂ A não é falsa, portanto, ∅ ⊂ A, ∀A.

1.2 Teoria de conjuntos[1]


Chamamos de conjunto uma coleção de objetos que satisfazem uma propriedade comum. Usaremos
letras maiúsculas A, B, … para representar conjuntos, e letras minúsculas a, b, … para representar seus
elementos.

A notação x ∈ A (lê-se "x pertence a A") significa que x é um elemento de A. A notação x ∉ A (lê-se "
x não pertence a A") significa que x não é um elemento de A.

Dados os elementos a, e, i, o, u indica-se com {a, e, i, o, u} o conjunto que é formado por estes
elementos. Assim, por exemplo, V = {a, e, i, o, u} é o conjunto das vogais do alfabeto português.
Quando representamos um conjunto desta forma dizemos que estamos representando o conjunto por
enumeração de seus elementos. Se denotarmos por U o conjunto formado pelas letras do alfabeto
português, e considerarmos que as vogais a, e, i, o, u fazem parte deste alfabeto, podemos representar
o conjunto V na forma:

V = {x ∈ U ∣ x é uma vogal},

em que x representa um elemento qualquer do conjunto U .

Esta segunda descrição do conjunto V é uma forma usual de descrever conjuntos na matemática.
Perceba que nela começamos pensando em um conjunto "grande" U (que chamamos de conjunto
universo) e em uma propriedade P , bem particular, que alguns elementos deste conjunto satisfazem, e
assim obtemos o conjunto V .

Além de relacionar elementos com conjuntos podemos relacionar dois conjuntos. Uma forma de fazer
isso é através da relação de inclusão, que é descrita da seguinte forma: dados dois conjuntos M e N ,
diremos que M está contido em N se todo elemento de M é também um elemento de N . Neste caso,
escrevemos M ⊂ N .

Note que em nosso exemplo anterior V ⊂ U , já que todas as vogais listadas também são letras do
alfabeto português. Outro exemplo: como a é um elemento de V , dizer que a ∈ V é equivalente a
afirmar que {a} ⊂ V .
Considerando três conjuntos quaisquer A, B e C , a relação de inclusão entre eles possui as seguintes
propriedades:

1. Reflexividade: para todo conjunto A, tem-se que A ⊂ A.


2. Anti-simetria: se A ⊂ B e B ⊂ A, então A = B.
3. Transitividade: se A ⊂ B e B ⊂ C , então A ⊂ C .

Recomendamos que a verificação destas propriedades seja feita com o auxílio dos
diagramas de Venn.

Notações:

Elemento a pertence ao conjunto A: a ∈ A.


Elemento a não pertence ao conjunto A: a ∉ A.
Conjunto A está contido no conjunto B: A ⊂ B.
Conjunto A contém o conjunto B: A ⊃ B.
Conjunto A é subconjunto do conjunto B: A ⊆ B.
Conjunto A é subconjunto próprio do conjunto B ou A está contido propriamente em B: A ⊊ B.
O conjunto que não contém nenhum elemento será chamado de conjunto vazio e denotado por ∅
ou { }.

Sejam A = {1, 2, 3, 4, 5} e B = {2, 3, 4}. Então 1 ∈ A, mas 1 ∉ B. Além disso, temos que
B ⊂ A (ou ainda, que A ⊃ B), pois todos os elementos de B são também elementos de A

As relações entre conjuntos podem ser representadas através de diagramas de Venn-Euler (também
conhecidos como diagramas de Venn), nos quais basicamente desenhamos um retângulo para
representar o conjunto universo, dentro deste retângulo desenhamos um círculo para representar cada
conjunto, e dentro de cada círculo escrevemos os elementos que pertencem ao conjunto
correspondente.

Consideremos o conjunto das vogais como sendo nosso conjunto universo. Dentro dele
podemos considerar os conjuntos A = {a, e, i}, e B = {a, o, u}. Estes conjuntos serão
representados através do seguinte diagrama de Venn-Euler:
Venn com valores nos conjuntos

1.2.1 Operações entre conjuntos


Dados conjuntos arbitrários A e B dentro do conjunto universo U , definimos as seguintes operações
entre estes conjuntos:

1.2.1.1 União de Conjuntos


A ∪ B = {x ∣ x ∈ A ou x ∈ B}.

Venn dois conjuntos preenchidos

1.2.1.2 Interseção de Conjuntos


A ∩ B = {x ∣ x ∈ A e x ∈ B}.

Venn interseção A e B

1.2.1.3 Diferença de Conjuntos


A − B = {x ∣ x ∈ A e x ∉ B}.
Venn fill A not B

B − A = {x ∣ x ∉ A e x ∈ B}.

Venn fill B not A

1.2.1.4 Complementar de Conjuntos




A = A = {x ∈ U ∣ x ∉ A}

Venn não A



B = B = {x ∈ U ∣ x ∉ B}
Venn não B



A ∩ B = (A ∩ B) = {x ∈ U ∣ x ∉ (A ∩ B)}

Venn não A ou não B



A ∪ B = (A ∪ B) = {x ∈ U ∣ x ∉ (A ∪ B)}

Venn não A ou B

1.2.1.5 Complementar entre Conjuntos

​Definição
Dados dois conjuntos A e B, tais que B ⊂ A, chama-se complementar de B em relação a A o
conjunto dos elementos de A que não pertencem a B.

Com o símbolo

∁A B

indicamos o complementar de B em relação a A.

Notemos que ∁ AB só é definido para B ⊂ A e aí temos:

∁A B = A − B

​Exemplos

1. Se A = {1, 2, 3, 4, 5} e B = {2, 4, 5}, então

∁ A B = {1, 3}

2. Se P é o conjunto dos números pares e I é o conjunto dos números ímpares, então

∁Z P = I

3. Se A = {2, 4, 6, 8} e B = {1, 4, 6}, então ∁ A


B não é definido, pois B ⊄ A.

Se B ⊂ A e C ⊂ A , então os seus complementares ∁ AB e∁ AC têm as seguintes propriedades:

1. (∁ A B) ∩ B = ∅ e (∁ A B) ∪ B = A

2. ∁ A∅ = A e∁ AA = ∅

3. ∁ A (∁ A B) = B

4. ∁ A (B ∩ C) = (∁ A B) ∪ (∁ A C)

5. ∁ A (B ∪ C) = (∁ A B) ∩ (∁ A C)

Recomendamos que a verificação destas propriedades seja feita com o auxílio dos
diagramas de Venn.

1.2.1.6 Produto Cartesiano de Conjuntos


Dados dois conjuntos A e B, o produto cartesiano de A por B é o conjunto dos pares ordenados, cuja
primeira entrada é um elemento de A e a segunda coordenada é um elemento B. Este conjunto é
denotado por:

A × B = {(a, b) ∣ a ∈ A e b ∈ B} .

Assim por exemplo, se considerarmos A = {1, 2, 3} e B = {a, b, c} teremos pela definição que

A × B = {(1, a), (1, b), (1, c), (2, a), (2, b), (2, c), (3, a), (3, b), (3, c)} .

O produto cartesiano de dois conjuntos pode ser representado usando eixos coordenados, como
mostra o exemplo abaixo. Esta representação é particularmente útil para representar os gráficos de
funções de R para R.

Dados os conjuntos A = {1, 2, 3, 4, 5} e B = {2, 3, 4, 6}, podemos representá-los através do


seguinte diagrama de Venn-Euler:

Venn A inter B, A = {1, 2, 3, 4, 5} e B = {2, 3, 4, 6}

Considerando os conjuntos A e B dados, ao aplicar as operações de conjuntos entre eles obtemos os


seguintes conjuntos, e suas respectivas representações através do diagrama de Venn-Euler:

A ∪ B = {1, 2, 3, 4, 5, 6}

Venn A união B, A = {1, 2, 3, 4, 5} e B = {2, 3, 4, 6}

A ∩ B = {2, 3, 4}
Venn A inter B, A = {1, 2, 3, 4, 5} e B = {2, 3, 4, 6}

A − B = {1, 5}

Venn A menos B, A = {1, 2, 3, 4, 5} e B = {2, 3, 4, 6}

A × B = {(1, 2), (1, 3), (1, 4), (1, 6), (2, 2), (2, 3), (2, 4), (2, 6), (3, 2), (3, 3),

(3, 4), (3, 6), (4, 2), (4, 3), (4, 4), (4, 6), (5, 2), (5, 3), (5, 4), (5, 6)}

Produto cartesiano dos conjuntos A e B.

1.2.1.7 Propriedades das Operações Entre Conjuntos


Sejam A, B e C conjuntos arbitrários, temos que:

∅ ⊂ A

A ∪ ∅ = A eA∩∅=∅
A ∩ (B ∪ C) = (A ∩ B) ∪ (A ∩ C)

A ∪ (B ∩ C) = (A ∪ B) ∩ (A ∪ C)

A − (B ∪ C) = (A − B) ∩ (A − C) (lei de De Morgan)
A − (B ∩ C) = (A − B) ∪ (A − C) (lei de De Morgan)
(U × V ) ∩ (A × B) = (U ∩ A) × (V ∩ B)

1.2.2 Família de Conjuntos


Dada uma família A de conjuntos, ou seja, dado um conjunto A de conjuntos, temos:

União de todos os conjuntos que são elementos de A :

⋃ A = {x ∣ x ∈ A para algum A ∈ A }

A∈A

Interseção de todos os conjuntos que são elementos de A :

⋂ A = {x ∣ x ∈ A para todo A ∈ A }

A∈A

1.2.2.1 Operações em Família de Conjuntos Indexada

Sejam A, B e C conjuntos arbitrários, J um conjunto de índices, α ∈ J i, n ∈ N



, temos que:

⋂ (A α ∩ B) = ( ⋂ A α ) ∩ B

α∈J α∈J

(A 1 ∩ B) ∩ ⋯ ∩ (A n ∩ B) = (A 1 ∩ ⋯ ∩ A n ) ∩ B

⋃ (A α ∩ B) = ( ⋃ A α ) ∩ B

α∈J α∈J

(A 1 ∩ B) ∪ ⋯ ∪ (A n ∩ B) = (A 1 ∪ ⋯ ∪ A n ) ∩ B

X − ⋂ A α = ⋃ (X − A α )

α∈J α∈J

n n

X − ⋃ A i = ⋂ (X − A i )

i=1 i=1
1.2.3 Cardinalidade de conjuntos
A cardinalidade de um conjunto A qualquer é o número de elementos deste conjunto, e pode ser
denotada por n(A), |A| ou #A.

Note que: n(∅) = |∅| = #∅ = 0.

É importante observar que, dados quaisquer conjuntos A e B:

A cardinalidade da união de A e B é dada por:

#(A ∪ B) = #A + #B − #(A ∩ B).

Esta fórmula irá nos ajudar a resolver muitos problemas de teoria de conjuntos.
Veja exercício 1 de Exercícios Resolvidos, logo abaixo.

​E quanto à cardinalidade da união de A, B e C (conjuntos quaisquer)?

​Sugestão ​

Tente fazê-la sozinho. Sugestão

​Solução ​

#(A ∪ B ∪ C) = #A + #B + #C − #(A ∩ B) − #(A ∩ C) − #(B ∩ C) + #(A ∩ B ∩ C)

1.2.4 Conjunto das partes


Dado um conjunto A, o conjunto das partes de A, denotado por P(A), é o conjunto de todos os
subconjuntos de A, ou seja,

P(A) = {X ∣ X é um subconjunto de A} .

Dado um conjunto A qualquer, precisamos ficar atentos a duas coisas:

O conjunto ∅ sempre está no conjunto das partes de A, pois ∅ ⊂ A;


O conjunto A sempre está no conjunto das partes de A, pois A ⊂ A.

Portanto, ∅ ∈ P(A) e A ∈ P(A).

​Exemplo (partes-abc)
Se considerarmos o conjunto A = {a, b, c}, teremos pela definição acima que o conjuntos das
partes de A é:


P(A) = {∅, {a}, {b}, {c}, {a, b}, {a, c}, {b, c}, {a, b, c}} .

E como sabemos se este conjunto acima contém, de fato, todos os subconjuntos do conjunto A?
Podemos verificar isso utilizando a seguinte propriedade do conjunto das partes:

​Proposição

Se o conjunto A tem n elementos, então P(A) tem 2 elementos. Ou seja:


n

n
#A = n ⇒ #P(A) = 2 .

​Demonstração

Nesta demonstração utilizaremos o Princípio Fundamental da Contagem para contar


quantos subconjuntos um conjunto A com n elementos tem.

Para começar, considere um subconjunto B qualquer de A. Observe que para cada um dos
n elementos de A, só existem duas possibilidades:

Ou o elemento pertence ao subconjunto B;


Ou o elemento não pertence ao subconjunto B.

Logo, pelo Princípio Fundamental da Contagem, nós podemos montar o conjunto B de


n
2 × 2 × 2 × ⋯ × 2 = 2


  
n vezes

maneiras diferentes.

Portanto, há 2 subconjuntos de A em P(A).


n

No Exemplo (partes-abc), temos que #A = 3. Logo, aplicando esta propriedade, obtemos que
#P(A) = 2
3
, que é exatamente a quantidade de elementos que listamos no conjunto P(A).
= 8

Podemos com isso concluir que estes são todos os subconjuntos do conjunto A que existem, isto é, o
conjunto P(A) está completo.

1.2.5 Exercícios Resolvidos


​Exercícios Resolvidos
1. O coordenador de esportes de um clube fez uma reunião com 22 atletas que representam o
clube nas modalidades de Handebol e Basquete, para repassar algumas instruções sobre o
campeonato no qual o clube estava inscrito. Ele aproveitou para distribuir os novos
uniformes conforme a equipe da qual cada atleta participa. Foram entregues 14 uniformes
de Handebol e 12 uniformes de Basquete. Qual é o número de atletas que fazem parte
apenas da equipe de Handebol?

​Resposta ​

,
#(A ∪ B) = 22 #A = 14 e #B = 12. Sabemos que

#(A ∪ B) = #A + #B − #(A ∩ B)

22 = 14 + 12 − #(A ∩ B) ⟹ #(A ∩ B) = 4

Portanto, há 14 − 4 = 10 atletas que participam apenas da equipe de Handebol.

2. Lista Solução

1.2.6 Exercícios Propostos


​Exercícios Propostos

1. Escrever simbolicamente o conjunto dos múltiplos positivos de 5, menores que 1001.

​Resposta ​

{x | x ∈ Z + e 5x < 1001}

2. Enumerar os elementos dos seguintes conjuntos:


1. {x | x ∈ Z e − 2 < x ⩽ 3}

​Resposta ​

{−1, 0, 1, 2, 3}

2. {x | x ∈ N e 2x + 1 ⩽ 23 − 3x}

​Resposta ​

{0, 1, 2, 3, 4}
3. Caracterizar por uma propriedade de seus elementos os seguintes conjuntos:
1. {2, 7, 12, 17, 22, 27}

​Resposta ​

{x | x ∈ Z + e 5x + 2 ⩽ 27}

2. {10, 100, 1 000, … , 1 000 000 000}

​Resposta ​
x 9
{x | x ∈ Z + e 10 ⩽ 10 }

x ∗
{10 | x ∈ Z + e x ⩽ 9}

3. {1, 8, 27, 64, 125, 216}

​Resposta ​
∗ 3
{x | x ∈ Z e x ⩽ 216}
+

1. Texto baseado em Topologia - Elon e Munkres. ↩︎

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