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1 Conjuntos
1.1 Noções Primitivas
Assim como em outros assuntos de Matemática, também na teoria dos conjuntos certas noções sao
aceitas sem definição, a fim de servirem como ponto inicial.
Enquanto na Geometria Euclidiana costuma-se adotar sem definição as noções de ponto, reta e plano,
na Teoria dos Conjuntos as noções consideradas primitivas são as seguintes:
a) conjunto
b) elemento
c) pertinência entre elemento e conjunto
Cada membro ou objeto que entra na formação do conjunto é chamado elemento. Assim, nos
exemplos anteriores, temos os elementos:
1. a, e, i, o, u
2. 0, 1, 2, 3, 4, ...
3. 2, 4, 6, 8, -2, -10, ...
4. Terra, Júpiter, Marte, ...
5. 2, 3, 5, 7, 11, ...
6. ás de ouro, rei de paus, ...
7. abril, junho, setembro, novembro
No exemplo 1, cada vogal é elemento do conjunto das vogais, isto é, pertence ao conjunto. Em
particular, a pertence ao conjunto das vogais e b não pertence.
No exemplo 3, cada número par pertence ao conjunto dos número pares. Em particular, 8 pertece ao
conjunto e 7 não pertence.
Um elemento de um conjunto pode ser uma letra, um número, uma carta de baralho etc., mas é
importante saber que um conjunto pode ser um elemento de outro conjunto. Uma reta, por exemplo,
é um conjunto de pontos e o conjunto de todas as retas de um plano é um exemplo de conjunto de
conjuntos.
Indicamos um conjunto, em geral, com uma letra maiúscula A, B, C , … e um elemento com um letra
minúscula a, b, c, d, x, y, ….
x ∈ A
onde o símbolo ∈, devido a Peano, é uma versão da letra grega épsilon (ϵ) e está consagrado em toda
a Matemática para indicar pertinência. Para indicar que x não pertence ao conjunto A escrevemos:
x ∉ A
Exemplos:
Esta notação também é empregada quando o conjunto é infinito: escrevemos alguns elementos que
evidenciem a lei de formação e em seguida colocamos reticências.
Exemplos:
A mesma notação também é empregada quando o conjunto é finito com grande número de
elementos: escrevemos os elementos iniciais, colocamos reticências e indicamos o último elemento.
Exemplos:
A = {x | x possui a propriedade P }
onde a barra colocada entre o símbolo x e a locução "x possui a propriedade P " substitui a expressão
"tal que".
Exemplos
1. {x | x é vogal }
2. {x | x é divisor de 6}
3. {x | x 2
= x}
1. {a, e, i, o, u}
2. {−6, −3, −2, −1, 1, 2, 3, 6}
3. {0, 1}
Exemplos
Não devemos confundir o conjunto {a} com o elemento a , pois eles são de natureza diferentes. Não
devemos escrever
Chama-se conjunto vazio aquele que é formado por nenhum elemento. Para obter o conjunto vazio
basta considerar o conjunto dos elementos x que têm uma propriedade P impossível.
1. {x | 0 ⋅ x = 7} = ∅
2. {x | x ≠ x} = ∅
3. {x | x é homem e x é mulher} = ∅
Por exemplo, ao procurarmos as raízes reais de uma equação o conjunto-universo é o conjunto dos
números reais, portanto aí vão algumas equações e as respectivas raízes reais:
1. x − 2 = 0, raiz 2.
2. x 2
+ 2x − 3 = 0, raízes 1 e −3.
3. x 2
+ 1 = 0, não tem raiz real.
3
4. x(x − 1)(2x − 3) = 0, raízes 0, 1 e
2
Notemos que se quiséssemos obter apenas raízes interiras, o conjunto-universo seria o conjunto dos
números inteiros e, então, a equação (4) só teria duas raízes 0 e 1.
Outro exemplo: quando vamos responder à pergunta "qual é o conjunto dos pontos X que estão à
distância d do ponto P ?" a resposta depende do conjunto-universo U em que vamos procurar as
soluções do problema, isto é:
1. se U é uma reta passando por P , o conjunto procurado é formado só por dois pontos;
2. se U é um plano passsando por P , o conjunto procurado é formado pelos infinitos pontos de uma
circunferência de centro P e raio d;
{x ∈ U | x tem a propriedade P }
Um conjunto pode ser representado pelo conjunto dos pontos interiores a uma linha fechada que não
se entrelaça.
Os elementos do conjunto serão indicados por pontos colocados no interior da linha e os elementos
não pertencentes ao conjunto serão representados por pontos situados na região exterior.
A
a
c
b d
Nenhum elemento deverá ser representado sobre a linha fechada. Na representação da figura acima,
temos:
a ∈ A , b ∈ A , c ∈ A e d ∉ A
Esta figura, chamada diagrama, facilita o entendimento da teoria dos conjuntos. No caso em que se
usam somente círculos, os diagramas são chamados de diagramas de Euler ou diagramas de Venn.
A
a
b c
A = B ⟺ (∀x)(x ∈ A ⇔ x ∈ B)
Exemplos
bastando, para isso, aplicar a definição. Este exemplo justifica o fato de, na representação de um
conjunto, nunca repetirmos o mesmo elemento, utilizando anotação mais simples.
Exemplos
1. {1, 2, 3, 4, 5, 6} ≠ {2, 3, 4, 5, 6}
2. {3, √2, 7, −4} ≠ {−4, √2, 7, 3, −1}
3. {−2, −5} ≠ {2, −3}
1. N ∗
= {1, 2, 3, 4, 5, …} é o conjunto dos números naturais
2. N = {0, 1, 2, 3, 4, …} é o conjunto dos números inteiros não negativos
3. Z = {… , −3, −2, −1, 0, 1, 2, 3, …} é o conjunto dos números inteiros
p
4. Q = {x | x = } sendo p, q ∈ Z, q ≠ 0 é o conjunto dos números racionais
q
Quando acrescentamos o símbolo ∗ (estrela), estamos indicando que o zero foi excluído do conjunto.
Assim temos:
7. Z ∗
= {x | x ∈ Z e x ≠ 0}
8. Q ∗
= {x | x ∈ Q e x ≠ 0}
9. R ∗
= {x | x ∈ R e x ≠ 0}
10. C ∗
= {x | x ∈ C e x ≠ 0}
Quando acrescentamos o símbolo + (mais), estamos indicando que foram excluídos todos os números
negativos do conjunto. Assim, temos:
11. Z + = {x | x ∈ Z e x ⩾ 0}
12. Q + = {x | x ∈ Q e x ⩾ 0}
13. R + = {x | x ∈ R e x ⩾ 0}
Quando acrescentamos o símbolo − (menos), estamos indicando que foram excluídos todos os números
positivos do conjunto. Assim, temos:
14. Z − = {x | x ∈ Z e x ⩽ 0}
15. Q − = {x | x ∈ Q e x ⩽ 0}
16. R −
= {x | x ∈ R e x ⩽ 0}
conjuntos, teremos:
17. Z ∗
+
= {x ∈ Z | x > 0}
18. Z ∗
−
= {x ∈ Z | x < 0}
19. Q ∗
+
= {x ∈ Q | x > 0}
20. Q ∗
−
= {x ∈ Q | x < 0}
21. R ∗
+
= {x ∈ R | x > 0}
22. R ∗
−
= {x ∈ R | x < 0}
O conjunto R é chamado o conjunto dos números reais estritamente positivos e R é o conjunto dos
∗
+
∗
−
1.1.4 Subconjunto
Definição
Com a notação A ⊂ B indicamos que "A é o subconjunto de B" ou "A está contido em B" ou "A é
parte de B".
A ⊂ B ⟺ (∀x)(x ∈ A ⇒ x ∈ B)
Exemplos
1. {1, 2} ⊂ {1, 2, 3, 4}
2. {5} ⊂ {5, 6}
3. {3, 4} ⊂ {3, 4}
4. N ∗
⊂ N ⊂ Z ⊂ Q ⊂ R ⊂ C
Com a notação A ⊄ B indicamos que "A não está contido em B", isto é, a negação de A ⊂ B.
A 6½B
A B
Exemplos
1. {1, 2, 3} ⊄ {2, 3, 5, 7}
2. {1, 2, 3} ⊄ {4, 5, 6}
3. R ⊄ Q, pois, por exemplo, √2 ∈ R e √2 ∉ Q
Já definimos nesta seção igualdade entre conjuntos: dois conjuntos são iguais se todo elemento do
primeiro pertence também ao segundo e, reciprocamente
A = B ⟺ (∀x)(x ∈ A ⇔ x ∈ B)
Teorema
Demonstração
Admitamos que a proposição seja falsa, isto é, ∅ ⊄ A. Neste caso, existe um elemento x ∈ ∅
tal que x ∉ A, o que é um absurdo, pois ∅ não tem elemento algum.
A notação x ∈ A (lê-se "x pertence a A") significa que x é um elemento de A. A notação x ∉ A (lê-se "
x não pertence a A") significa que x não é um elemento de A.
Dados os elementos a, e, i, o, u indica-se com {a, e, i, o, u} o conjunto que é formado por estes
elementos. Assim, por exemplo, V = {a, e, i, o, u} é o conjunto das vogais do alfabeto português.
Quando representamos um conjunto desta forma dizemos que estamos representando o conjunto por
enumeração de seus elementos. Se denotarmos por U o conjunto formado pelas letras do alfabeto
português, e considerarmos que as vogais a, e, i, o, u fazem parte deste alfabeto, podemos representar
o conjunto V na forma:
V = {x ∈ U ∣ x é uma vogal},
Esta segunda descrição do conjunto V é uma forma usual de descrever conjuntos na matemática.
Perceba que nela começamos pensando em um conjunto "grande" U (que chamamos de conjunto
universo) e em uma propriedade P , bem particular, que alguns elementos deste conjunto satisfazem, e
assim obtemos o conjunto V .
Além de relacionar elementos com conjuntos podemos relacionar dois conjuntos. Uma forma de fazer
isso é através da relação de inclusão, que é descrita da seguinte forma: dados dois conjuntos M e N ,
diremos que M está contido em N se todo elemento de M é também um elemento de N . Neste caso,
escrevemos M ⊂ N .
Note que em nosso exemplo anterior V ⊂ U , já que todas as vogais listadas também são letras do
alfabeto português. Outro exemplo: como a é um elemento de V , dizer que a ∈ V é equivalente a
afirmar que {a} ⊂ V .
Considerando três conjuntos quaisquer A, B e C , a relação de inclusão entre eles possui as seguintes
propriedades:
Recomendamos que a verificação destas propriedades seja feita com o auxílio dos
diagramas de Venn.
Notações:
Sejam A = {1, 2, 3, 4, 5} e B = {2, 3, 4}. Então 1 ∈ A, mas 1 ∉ B. Além disso, temos que
B ⊂ A (ou ainda, que A ⊃ B), pois todos os elementos de B são também elementos de A
As relações entre conjuntos podem ser representadas através de diagramas de Venn-Euler (também
conhecidos como diagramas de Venn), nos quais basicamente desenhamos um retângulo para
representar o conjunto universo, dentro deste retângulo desenhamos um círculo para representar cada
conjunto, e dentro de cada círculo escrevemos os elementos que pertencem ao conjunto
correspondente.
Consideremos o conjunto das vogais como sendo nosso conjunto universo. Dentro dele
podemos considerar os conjuntos A = {a, e, i}, e B = {a, o, u}. Estes conjuntos serão
representados através do seguinte diagrama de Venn-Euler:
Venn com valores nos conjuntos
Venn interseção A e B
B − A = {x ∣ x ∉ A e x ∈ B}.
Venn não A
–
∁
B = B = {x ∈ U ∣ x ∉ B}
Venn não B
–
∁
A ∩ B = (A ∩ B) = {x ∈ U ∣ x ∉ (A ∩ B)}
–
∁
A ∪ B = (A ∪ B) = {x ∈ U ∣ x ∉ (A ∪ B)}
Venn não A ou B
Definição
Dados dois conjuntos A e B, tais que B ⊂ A, chama-se complementar de B em relação a A o
conjunto dos elementos de A que não pertencem a B.
Com o símbolo
∁A B
∁A B = A − B
Exemplos
∁ A B = {1, 3}
∁Z P = I
1. (∁ A B) ∩ B = ∅ e (∁ A B) ∪ B = A
2. ∁ A∅ = A e∁ AA = ∅
3. ∁ A (∁ A B) = B
4. ∁ A (B ∩ C) = (∁ A B) ∪ (∁ A C)
5. ∁ A (B ∪ C) = (∁ A B) ∩ (∁ A C)
Recomendamos que a verificação destas propriedades seja feita com o auxílio dos
diagramas de Venn.
A × B = {(a, b) ∣ a ∈ A e b ∈ B} .
Assim por exemplo, se considerarmos A = {1, 2, 3} e B = {a, b, c} teremos pela definição que
A × B = {(1, a), (1, b), (1, c), (2, a), (2, b), (2, c), (3, a), (3, b), (3, c)} .
O produto cartesiano de dois conjuntos pode ser representado usando eixos coordenados, como
mostra o exemplo abaixo. Esta representação é particularmente útil para representar os gráficos de
funções de R para R.
A ∪ B = {1, 2, 3, 4, 5, 6}
A ∩ B = {2, 3, 4}
Venn A inter B, A = {1, 2, 3, 4, 5} e B = {2, 3, 4, 6}
A − B = {1, 5}
A × B = {(1, 2), (1, 3), (1, 4), (1, 6), (2, 2), (2, 3), (2, 4), (2, 6), (3, 2), (3, 3),
(3, 4), (3, 6), (4, 2), (4, 3), (4, 4), (4, 6), (5, 2), (5, 3), (5, 4), (5, 6)}
∅ ⊂ A
A ∪ ∅ = A eA∩∅=∅
A ∩ (B ∪ C) = (A ∩ B) ∪ (A ∩ C)
A ∪ (B ∩ C) = (A ∪ B) ∩ (A ∪ C)
A − (B ∪ C) = (A − B) ∩ (A − C) (lei de De Morgan)
A − (B ∩ C) = (A − B) ∪ (A − C) (lei de De Morgan)
(U × V ) ∩ (A × B) = (U ∩ A) × (V ∩ B)
⋃ A = {x ∣ x ∈ A para algum A ∈ A }
A∈A
⋂ A = {x ∣ x ∈ A para todo A ∈ A }
A∈A
⋂ (A α ∩ B) = ( ⋂ A α ) ∩ B
α∈J α∈J
(A 1 ∩ B) ∩ ⋯ ∩ (A n ∩ B) = (A 1 ∩ ⋯ ∩ A n ) ∩ B
⋃ (A α ∩ B) = ( ⋃ A α ) ∩ B
α∈J α∈J
(A 1 ∩ B) ∪ ⋯ ∪ (A n ∩ B) = (A 1 ∪ ⋯ ∪ A n ) ∩ B
X − ⋂ A α = ⋃ (X − A α )
α∈J α∈J
n n
X − ⋃ A i = ⋂ (X − A i )
i=1 i=1
1.2.3 Cardinalidade de conjuntos
A cardinalidade de um conjunto A qualquer é o número de elementos deste conjunto, e pode ser
denotada por n(A), |A| ou #A.
Esta fórmula irá nos ajudar a resolver muitos problemas de teoria de conjuntos.
Veja exercício 1 de Exercícios Resolvidos, logo abaixo.
Sugestão
Solução
P(A) = {X ∣ X é um subconjunto de A} .
Exemplo (partes-abc)
Se considerarmos o conjunto A = {a, b, c}, teremos pela definição acima que o conjuntos das
partes de A é:
“
P(A) = {∅, {a}, {b}, {c}, {a, b}, {a, c}, {b, c}, {a, b, c}} .
E como sabemos se este conjunto acima contém, de fato, todos os subconjuntos do conjunto A?
Podemos verificar isso utilizando a seguinte propriedade do conjunto das partes:
Proposição
n
#A = n ⇒ #P(A) = 2 .
Demonstração
Para começar, considere um subconjunto B qualquer de A. Observe que para cada um dos
n elementos de A, só existem duas possibilidades:
maneiras diferentes.
No Exemplo (partes-abc), temos que #A = 3. Logo, aplicando esta propriedade, obtemos que
#P(A) = 2
3
, que é exatamente a quantidade de elementos que listamos no conjunto P(A).
= 8
Podemos com isso concluir que estes são todos os subconjuntos do conjunto A que existem, isto é, o
conjunto P(A) está completo.
Resposta
,
#(A ∪ B) = 22 #A = 14 e #B = 12. Sabemos que
#(A ∪ B) = #A + #B − #(A ∩ B)
22 = 14 + 12 − #(A ∩ B) ⟹ #(A ∩ B) = 4
2. Lista Solução
Resposta
{x | x ∈ Z + e 5x < 1001}
Resposta
{−1, 0, 1, 2, 3}
2. {x | x ∈ N e 2x + 1 ⩽ 23 − 3x}
Resposta
{0, 1, 2, 3, 4}
3. Caracterizar por uma propriedade de seus elementos os seguintes conjuntos:
1. {2, 7, 12, 17, 22, 27}
Resposta
{x | x ∈ Z + e 5x + 2 ⩽ 27}
Resposta
x 9
{x | x ∈ Z + e 10 ⩽ 10 }
x ∗
{10 | x ∈ Z + e x ⩽ 9}
Resposta
∗ 3
{x | x ∈ Z e x ⩽ 216}
+