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Matemática elementar/Conjuntos

Em Matemática, conjunto é uma coleção de objetos (chamados elementos). Os elementos


podem representar qualquer coisa — números, pessoas, letras, etc - até mesmo outros conjuntos.
Um conjunto pode conter outro(s) conjunto(s), inclusive. Incorretamente chamada de "Teoria
dos Conjuntos" no ensino médio. Essa teoria existe, mas não é tratada no ensino médio, sendo a
Teoria mais conhecida, a Axiomática de Zermello Frankel (ZFC, C relacionado ao Axioma da
Escolha), tratada de forma elementar no livro "Teoria Ingênua dos Conjuntos" de Paul Halmos,
traduzida para o português pelo prof. Irineu Bicudo.

Trata-se de um conceito primitivo. Um conjunto possui como única propriedade os elementos


que contém. Ou seja, dois conjuntos são iguais se eles tem os mesmos elementos.

Representação

O conjunto A e seus 4 elementos

Matematicamente o conjunto é representado por uma letra do alfabeto latino, maiúscula


(A, B, C, ...). Já os elementos do conjunto são representados por letras latinas
minúsculas. E a representação completa do conjunto envolve a colocação dos elementos
entre chaves, da seguinte maneira:

A = {v,x,y,z}

Para um conjunto A de 4 elementos v, x, y e z

A exceção é feita a conjuntos que contenham elementos que devem ser representados
por letras maiúsculas — por exemplo, pontos geométricos:

S = {A,B,C,D}

Especificando conjuntos

A maneira mais simples de representar algebricamente um conjunto é através de uma


lista de seus elementos entre chaves ({ }), conforme descrito nas seções anteriores:

P = {6,28,496}

Informalmente, usa-se o sinal ... quando a regra de formação do conjunto é óbvia a


partir da enumeração de alguns elementos. Por exemplo, os conjuntos abaixo, o
primeiro com um número finito, e o segundo com um número infinito de elementos:

1
N = {0,1,2,3,4,5,...}

Conjuntos que são elementos de outros conjuntos são representados com chaves dentro
de chaves:

T = {{1,6},{5,8}}

Porém há notações alternativas para representar os conjuntos, como a chamada notação


de composição do conjunto, que utiliza uma condição P para definir os elementos do
conjunto:

A = {x | P(x)}

P é uma função na variável x que tem o domínio igual ao conjunto A. A variável x pode
estar limitada por outro conjunto, indicando-se a relação de pertinência adequada. Por
exemplo:

O conjunto A será formado, de acordo com o desenvolvimento da equação dada, por 2 e


4 (únicos números inteiros que satisfazem a condição P, ou seja, que tornam verdadeira
a equação). Logo, A = {2,4}.

Um cuidado deve ser tomado com a propriedade P(x), já que a formação de conjuntos
através deste método pode gerar resultados paradoxais.

Terminologia
Conjunto unitário

Um conjunto unitário possui um único elemento.

Conjunto vazio

Todo conjunto também possui como subconjunto o conjunto vazio representado por
, , ou . Podemos mostrar isto supondo que se o conjunto vazio não está contido no
conjunto em questão, então o conjunto vazio deve possuir um elemento ao menos que
não pertença a este conjunto. Como o conjunto vazio não possui elementos, isto não é
possível. Como todos os conjuntos vazios são iguais uns aos outros, é permissível falar
de um único conjunto sem elementos.

Conjuntos numéricos

Existem também os conjuntos numéricos, que em consideração especial em matemática.


Os principais conjuntos númericos são listados a seguir.

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Conjunto dos números naturais

Os números naturais são usados para contar. O símbolo usualmente representa este
conjunto.

O capítulo sobre números naturais oferece informações detalhadas sobre os seguintes


assuntos: Tópicos:

• Definição
• Divisão em
• Critérios de divisibilidade
• Números primos
• Decomposição em fatores primos (fatoração)
• Máximo Divisor Comum (MDC)
o Fatoração disjunta
o Fatoração conjunta (algoritmo de Euclides)
• Mínimo Múltiplo Comum (MMC)
• Propriedade do MDC e do MMC

Conjunto dos números inteiros

O conjunto dos números inteiros aparecem como soluções de equações como x + a =


b. O símbolo usualmente representa este conjunto (do termo alemão Zahlen que
significa números).

Conjunto dos números racionais

O conjunto dos números racionais são todos os números que podem ser representados
por frações (e são expressos tanto na forma fracionária quanto na forma decimal - por
exemplo 3/4 e 0,75). Eles aparecem como soluções de equações como a + bx = c. O
símbolo usualmente representa este conjunto (da palavra quociente).

Tópicos

• Números racionais e frações


• Definições
• Decimais
• Tipos de frações
• Operações

Conjunto dos números irracionais

O conjunto dos números irracionais contém todos os números que não podem ser
representados por frações do tipo p/q, onde p e q são números inteiros, com q
diferente de zero. Estes números podem, no entanto, ser associados a pontos numa reta,
a reta real. O símbolo usualmente representa este conjunto.

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Conjunto dos números reais

O conjunto dos números reais é uma expansão do conjunto dos números racionais que
engloba não só os inteiros e os fracionários, positivos e negativos, mas também todos os
números irracionais. Os números reais podem ser dispostos ordenadamente em uma reta
que é chamada reta real.

Tópicos

• Potenciação
o Definição
o Propriedades da potenciação
• Radiciação
o Propriedades da radiciação
o Racionalização de denominadores
o Intervalos reais
o Exercícios

Conjunto dos números complexos

O conjunto dos números complexos inclue os números, que resultam de qualquer


radiciação possível, tendo uma parte imaginária e uma parte real. O símbolo
usualmente representa este conjunto.

Cada numero complexo é a soma dos números reais e dos imaginários: . Aqui
tanto r quanto s podem ser iguais a zero; então os conjuntos dos números reais e o dos
imaginários são subconjuntos do conjunto dos números complexos.

Tópicos

• Introdução
• O número imáginario
• Formas de representar os complexos
• Operações com os complexos
o Soma e subtração
o Multiplicação
o Divisão

Conjunto dos números imaginários

O conjunto dos números imaginários puros inclui os números que aparecem como
soluções de equações como x 2 + r = 0 onde r > 0.

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Outros conjuntos numéricos

Há outros conjuntos numéricos definidos na matemática, mas que não interessam nesse
nível de estudo.

Exemplo: O conjunto dos números algébricos inclue os números, que aparecem como
soluções de equações polinomiais (com coeficientes inteiros) e envolvem raízes e
alguns outros números irracionais. O símbolo ou usualmente representa este
conjunto.

Subconjuntos

A é um subconjunto de B

Dizemos que um conjunto A é subconjunto de outro conjunto B quando todos os


elementos de A também pertencem a B. Por exemplo:

A = { 1,2,3 }

B = { 1,2,3,4,5,6 }

Nesse caso A é subconjunto de B, é indica-se . Deve-se reparar que B é


subconjunto de si mesmo; os subconjuntos de B que não são iguais a B são chamados
subconjuntos próprios.

Nota: O conjunto vazio, { } ou Ф (phi), é um subconjunto de todos os conjuntos.

Conjunto das partes ou potência

Dado um conjunto A, definimos o conjunto das partes de A, , como o conjunto


que contém todos os subconjuntos de A (incluindo o conjunto vazio e o próprio conjunto
A).

Uma maneira prática de determinar é pensar em todos os subconjuntos com um


elemento, depois todos os subconjuntos com dois elementos, e assim por diante.

Exemplo:

Se A = { 1, 2, 3 }, então = { ∅, {1}, {2}, {3}, {1, 2}, {1, 3},


{2, 3}, {1, 2, 3} }.

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Observação:

Se o conjunto A tem n elementos, o conjunto terá 2n elementos.


Ou seja:

Demonstração: Seja P(A) o conjunto de partes de A e n(S) o número de elementos


distintos de S.

Se A = → P(A) = { } → n(P(A)) = 2^0 = 1

Se A = {a} → P(A) = { ,a} → n(P(A)) = 2^1 = 2

Se A = {a,b} → P(A) = { ,a,b,{a,b} → n(P(A)) = 2^2 = 4

Se A = {a,b,c} → P(A) = { ,a,b,{a,b},{b,c},{a,c},{a,b,c}} → n(P(A)) = 2^3 = 8

...

P(A) é formado por somado às possiveis combinações dos elementos de A, com taxa
variando de 1 a n(A).

Assim, n(P(A)) = número de combinações n(A), com taxa variando de 1 a n(A) somado
a 1 (responsável por ).

n(P(A)) =

Pelo triângulo de pascal, com a soma das linhas:

→ n(P(A)) =

Mas,

→ n(P(A))

Provando, portanto, que o número de elementos do conjunto de partes de A é dois


elevado ao número de elementos distintos de A.

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Nota: O conjunto das partes é uma álgebra booleana sobre as operações de união e
interseção.

O Teorema de Cantor estabelece que | A | < | P(A) | .

Conjunto Universo

Em certos problemas da teoria dos conjuntos, é preciso que se defina um conjunto que
contenha todos os conjuntos considerados. Assim, todos os conjuntos trabalhados no
problema seriam subconjuntos de um conjunto maior, que é conhecido como conjunto
universo, ou simplesmente universo.

Por exemplo: em um problema envolvendo conjuntos de números inteiros, o conjunto


dos números inteiros Z é o conjunto universo; em um problema envolvendo palavras
(consideradas como conjuntos de letras), o universo é o alfabeto.

Relações entre conjuntos


Relação de inclusão

Relação de pertinência

Se é um elemento de , nós podemos dizer que o elemento pertence ao conjunto e


podemos escrever . Se não é um elemento de , nós podemos dizer que o
elemento não pertence ao conjunto e podemos escrever .

Exemplos:


Subconjuntos próprios e impróprios

Se e são conjuntos e todo o elemento pertencente a também pertence a ,


então o conjunto é dito um subconjunto do conjunto , denotado por . Note
que esta definição inclui o caso em que A e B possuem os mesmos elementos, isto é, são
o mesmo conjunto (A = B). Se e ao menos um elemento pertencente a não
pertence a , então é chamado de subconjunto próprio de , denotado por
. Todo conjunto é subconjunto dele próprio, chamado de subconjunto
impróprio.

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Igualdade de conjuntos

Dois conjuntos A e B são ditos iguais se, e somente se, têm os mesmos elementos. Ou
seja, todo elemento de A é elemento de B e vice-versa. A simbologia usada é .
Se um conjunto não é igual a outro, utiliza-se o símbolo .

Simetria de conjuntos

Um conjunto A é dito simétrico se, para todo elemento a pertencente a ele, houver
também um elemento -a pertencente a esse conjunto. Os conjuntos numéricos Z, R, Q e
C são simétricos.

Operações com conjuntos


União

União de A e B (em azul mais escuro)

A união de dois conjuntos A e B é um conjunto que contém todos os elementos de A,


todos os elementos de B, e nada mais além disso. Ou então: Dado um universo U e
dois conjuntos A e B, chama-se união de A com B ao conjunto cujos elementos
pertencem pelo menos ao conjunto A ou ao conjunto B. Matematicamente:

Por exemplo:

Observar no último exemplo que os elementos repetidos (3,5) não aparecem na união.

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• A união de um conjunto , qualquer que seja, com o conjunto vazio é
igual ao próprio conjunto , .

• Também deve ser observado que a operação de união é comutativa,


ou seja, .

Intersecção

Intersecção de A e B (em azul mais escuro)

A intersecção de dois conjuntos e , é o conjunto de elementos que pertencem aos


dois conjuntos. Ou então: Dados dois conjuntos e , pertencentes a um universo
U, chama-se intersecção de A com B ao conjunto cujos elementos pertencem tanto a
quanto a . Matematicamente:

Por exemplo:

Observar no último exemplo que, dado os conjuntos não terem elementos iguais, a
intersecção resulta num conjunto vazio.

Diferença

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Diferença A menos B (em azul mais escuro)

Dado um universo U ao qual pertencem dois conjuntos A e B, chama-se diferença


de A menos B ao conjunto de elementos que pertencem a A e não pertencem a B;
chama-se de diferença de B menos A ao conjunto de elementos que pertencem a B e
não pertencem a A. Matematicamente:

Por exemplo, o conjunto definido pela diferença entre os números inteiros e números
naturais é igual ao conjunto Z- (números inteiros não-positivos):

Z = {...,-2,-1,0,1,2,...}

N = {1,2,3,4,5,...}

• A subtração de um conjunto A menos um conjunto vazio é igual ao


próprio conjunto A, A - {} = A.

Complementar

Complementar de B em relação a A (em azul mais escuro)

Dado um universo U, diz-se complementar de um conjunto A, em relação ao


universo U, o conjunto que contém todos os elementos presentes no universo e que
não pertençam a A. Também define-se complementar para dois conjuntos, contanto
que um deles seja subconjunto do outro. Nesse caso, diz-se, por exemplo,
complementar de B em relação a A (sendo B um subconjunto de A) — é o
complementar relativo — e usa-se o símbolo . Matematicamente:

Exemplo:

A = { 3,4,9,{10,12},{25,27} }

D = { {10,12} }

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Cardinalidade

A cardinalidade de um conjunto A representa a quantidade de elementos do conjunto, e


é

Exemplos:

Se A = { 7, 8, 9 }, então A = 3

Se A = { }, então A = 0.

Se um conjunto tem n elementos, onde n é um número natural (possivelmente 0), então


diz-se que o conjunto é um conjunto finito com uma cardinalidade de n ou número
Número cardinal n.

Mesmo se o conjunto não possui um número finito de elementos, pode-se definir a


cardinalidade, graças ao trabalho desenvolvido pelo matemático Georg Cantor. Neste
caso, a cardinalidade poderá ser (aleph zero), .

Nos dois casos a cardinalidade de um conjunto A é denotada por | A | ou por . Se


para dois conjuntos A e B é possível fazer uma relação um-a-um (ou seja, uma bijeção)
entre seus elementos, então | A | = | B | .

Problemas matemáticos sobre cardinalidade

Os problemas matemáticos no nível elementar sobre cardinalidade usualmente tomam


as formas seguintes:

• É dada a cardinalidade de alguns conjuntos e suas interseções,


uniões ou diferenças, e pede-se a cardinalidade de algum conjunto
derivado dele
• É dada a proporção ou porcentagem de alguns subconjuntos de
algum conjunto (universo), e pede-se este número para outro
subconjunto.

Um problema típico simples do primeiro caso é:

• Em uma escola, existem duas atividades extra-escolares: Artesanato


ou Bioterrorismo. 59 alunos fazem Artesananto, 87 alunos fazem
Bioterrorismo, e 31 alunos fazem ambos. Quantos alunos fazem
alguma atividade extra?

Um problema típico simples do segundo caso é:

• Em uma cidade, 5% da população foi exposta ao Antrax, 8% da


população foi exposta a Peste Bubônica, e 87% da população não foi
exposta a Antrax nem Peste Bubônica. Quantas pessoas foram
expostas a Antrax e Peste Bubônica?

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A resolução, nos dois casos, deve ser feita com o Diagrama de Venn, marcando-se em
cada pedaço o número (ou porcentagem) de elementos, começando-se sempre do mais
interno para o mais externo. No caso da porcentagem, deve-se levar em conta que o
total do Universo é 100%.

Exercícios

• Matemática elementar/Conjuntos/Exercícios

Produto cartesiano

Dados dois conjuntos A e B, chama-se produto cartesiano de A em B ao conjunto


formado por todos os pares ordenados cuja primeira coordenada seja pertencente a A, e
a segunda coordenada seja pertencente a B. O simbolo do produto cartesioano é .
Matematicamente:

O produto cartesiano de dois conjuntos A e B é o conjunto de pares ordenados:

A soma ou união disjunta de dois conjuntos A e B é o conjunto

• O produto cartesiano é não-comutativo: .


• Quem desenvolveu o conceito de produto cartesiano foi o matemático
Descartes, quando desenvolvia a geometria analítica. Ele enunciou,
por exemplo, que o produto cartesiano definido por dois conjuntos de
números reais R (imagine os eixos das abcissas e ordenadas num
gráfico) é igual a um plano.

Par ordenado

Um par ordenado é uma coleção de dois objetos que tem uma ordem definida; existe o
primeiro elemento (ou primeira coordenada) e o segundo elemento (ou segunda
coordenada). Diferentemente do conjunto { a,b }, um par ordenado — simbolizado por
(a,b) — precisa ser apresentado em uma determinada ordem, e dois pares ordenados só
são iguais quando os primeiros elementos são iguais e os segundos elementos são
iguais. Ou seja,

Porém, o par ordenado pode ser representado como um conjunto, tal que não existe
ambiguidade quanto à ordem. Esse conjunto é:

(a,b) = {{a},{a,b}}

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(b,a) = {{b},{b,a}}

Observar que o formato do conjunto, que inclui um subconjunto contendo os dois


elementos do par e um conjunto contendo o primeiro elemento, elimina a possibilidade
de ambiguidade quanto à ordem. A notação (a,b) também é conhecida como intervalo
aberto.

Relações

Na teoria dos conjuntos, qualquer subconjunto do produto cartesiano A × B é chamada


relação de A em B. (O assunto é abordado com mais detalhes na próxima seção.)

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