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A Atualidade de Stalin
A Atualidade de Stalin
Stalin
A Atualidade de
Stalin
Klaus Scarmeloto
Copyright ©2021 – Todos os direitos reservados a Editora Raízes da Amé-
rica.
Inclui bibliografia.
ISBN 978-65-994637-0-9.
CDD 320.531
CDU 316.323.72
A Atualidade de Stalin 9
Stálin no centro do combate ao socialismo . . . . . . . . . . . . 14
Um pouco sobre o mito do holodomor e a coletivização . . . . 29
A Revolução industrial de Stalin . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
A luta de classes no socialismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
As razões da Oposição e de Stalin, uma reflexão necessária . . 39
O significado das Palavras de Trotsky: teria o leão de outubro
assumido a luta armada contra o homem de aço? . . . . . 50
Os arquivos pessoais de Trotsky . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
O caso Kirov e a Chamada dos expurgos: os casos Zinoviev e
Kamenev . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
Os expurgados todos eram inocentes do totalitarismo? . . . . . 69
Bukharin e Riutin . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76
O Caso Piatakov . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88
Demais evidências não soviéticas da colaboração da oposição a
Stalin com os países antissoviéticos . . . . . . . . . . . . . . 100
O Antistalinismo a serviço de Franco . . . . . . . . . . . . . . . 122
Stalin e Democracia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 136
Stalin e o combate ao racismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 154
O Legado da Grande Guerra Patriótica para o Presente . . . . 157
As prisões na era Stalin . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 160
O massacre de Katyn . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 167
A verdade sobre a revolução de outubro vencerá . . . . . . . . . 176
A Verdade sobre Stalin também vencerá! . . . . . . . . . . . . . 181
Anexos 193
Sobre a ”tortura física” . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 193
Stalin e a Questão das Mulheres . . . . . . . . . . . . . . . . . . 198
Homossexualidade e Stalin . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 200
A Atualidade de Stalin
Ainda na atualidade, o eco do golpe de Estado ressonante pela queda
do Socialismo na URSS e no Leste Europeu, reverbera com a liquidação
dos últimos vestígios da emancipação humana que coloca em xeque os
direitos dos trabalhadores em todo o terceiro mundo, nos antigos Esta-
dos de bem-estar social dos países imperialistas e nos países ex-socialistas,
trazendo à tona a era da desemancipação humana e a retomada do pro-
jeto colonial. As estátuas de Lênin acabaram demolidas, seus contributos
foram denunciados — para simbolizar o início de uma nova era — e este
contexto provocou numerosos debates no interior do movimento comu-
nista.
Neste sentido, as políticas difundidas por Iánnaiev, Gorbatchov e Iélt-
sine, foram cataclismos finais de um sistema agonizante que levou a rup-
tura com o socialismo, trazendo consigo, o presságio e a aplicação do
neoliberalismo que, hoje, mostrou-se fracassado e decadente, tanto no
leste europeu como na URSS.
Em 1956, na contrarrevolução da Hungria, estátuas de Stálin também
foram destruídas; 5 anos após, as de Lênin, iniciando pontos de ruptura
com o leninismo. Nada que não tenha se iniciado no mesmo ano, em
1956, quando Khruschov atacou Stálin para alterar a linha do Partido
Comunista e essa degeneração conduziu à ruptura com o socialismo con-
sumada em 1990 por Gorbatchov.
A explosão das estátuas de Lênin foi clamada contra o leninismo. No
entanto, provou-se o leninismo o único mensageiro capaz de revelar a
verdade por detrás daqueles que operaram pelas palavras hipócritas de
“democracia e liberdade”, “glasnost e perestroika”. Não fora do euro-
comunismo, da social-democracia, do trotskysmo, do pós-modernismo,
do anticomunismo de esquerda, do luckascianismo e muito menos da di-
reita o mérito dos acertos sobre as razões que levaram a estes colapsos do
socialismo. Esses sujeitos, em maior ou menor proporção, estavam en-
cantados e manipulados pela farsa da desistalinização, porque em certa
medida, aceitaram total ou parcialmente as acusações forjadas, seja pelo
imperialismo ou pelo revisionismo, contra Stalin. Estes agentes, conver-
gindo metodologicamente, usaram e usam Stalin como bode expiatório
para mascarar seus fracassos em construir uma alternativa ao espantalho
do “Stalinismo” que, a rigor, jamais existiu. No entanto, o fracasso dos
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entes. Estima-se por alto que haja cerca de uma dezena. Kennan,
pensador político por vocação e diplomata, no seu livro, A Nuvem de
Perigo, Realidades Atuais da Política Externa Norte-Americana, ob-
servou justamente: “O serviço de Inteligência como tal era uma fun-
ção normal dos estados muito antes do surgimento da União Sovié-
tica ou dos Estados Unidos, e é pura utopia esperar que desapareça
completamente. Mas tudo tem limites”. Quais? Kennan escreve: “Eu
próprio tive ocasião de ver como as autoridades dos serviços de Inteli-
gência, uma vez atrás de outra, realizaram ou tentaram realizar ope-
rações que não só minavam de forma direta as relações diplomáticas
soviético-norte-americanas, como também as próprias possibilidades
de alcançar maior compreensão mútua entre ambos os governos”.8
E isto não é senão uma pequena amostra do que se pode dizer sobre
a política conduzida por Washington por intermédio da CIA. Natu-
ralmente que não se trata apenas nem sobretudo de espionagem. A
CIA foi incumbida de conduzir a chamada “guerra psicológica”, para
a qual são canalizados 90 por cento dos recursos desta agência gigan-
tesca. Nos documentos internos dos serviços, a “guerra psicológica”
tem a seguinte definição: “A utilização integrada de todos os meios,
morais e físicos (exceto os das operações reconhecidamente militares,
mas incluindo a exploração psicológica do resultado dessas operações
reconhecidamente militares), que tendam a destruir a vontade do ini-
migo de alcançar a vitória e a deteriorar a sua capacidade política e
econômica para tal; que tendam a privar o inimigo do apoio, assistên-
cia ou simpatia dos seus aliados, de países amigos ou neutrais (. . . ) ou
que tendam para a manutenção, incremento ou criação da vontade
de vencer do nosso próprio povo e dos nossos aliados e para a ma-
nutenção, incremento ou obtenção de apoio, assistência e simpatia
dos países neutrais”.9 Como se vê os anos não retiraram brilho a esta
definição clássica. Os métodos elencados da “guerra psicológica” são
tentativas inequívocas de minar o regime do Estado escolhido como
alvo, visando, em última instância, o seu derrubamento. A espiona-
gem é um derivado subordinado a este objetivo. A ponta aguçada
da ”guerra psicológica”, conduzida por Washington através da CIA,
está dirigida contra a União Soviética. Este é o sentido da criação e
existência da CIA, organização que não tem precedentes em toda a
história da sociedade humana organizada.1
Desde de 1945, com a criação da CIA, o imperialismo “democratica-
mente” investiu nas guerras anticomunistas, militares, clandestinas, polí-
ticas e psicológicas. É evidente que o paradigma anti-Stálin está no centro
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2 NOREN, James. A Economia Soviética Vista Pelos Analistas da CIA. Disponível em:
http://www.hist-socialismo.com/docs/EconomiaSovieticaCIA.pdf. Pag. 1-2.
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3 De acordo com uma recente pesquisa conduzida pelo Levada Center, mais de 70% dos
russos consideram positiva a figura do camarada Josef Stalin e seu papel na história do
país. Um verdadeiro recorde histórico, de acordo com uma pesquisa publicada na úl-
tima terça (16). A parcela de russos que respeitam Stalin cresceu 12% , enquanto a par-
cela daqueles que percebem o líder soviético como indiferente ou negativo diminuiu em
quase três vezes desde 2015. 70% dos russos consideram o papel de Stalin na história do
país “bastante positivo”, elogiando-o por derrotar o nazismo. Enquanto isso, apenas 19%
dizem que Stalin desempenhou um papel negativo. RECORD HISTÓRICO: 70% DOS
RUSSOS APOIAM STALIN E O PAÍS DOS SOVIETES. Disponível em https://vozoperari-
arj.com/2019/04/21/record-historico-70-dos-russos-apoiam-stalin-e-o-pais-dos-sovietes/.
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13 Arkhanguelskaia,
N.O. Sobre algumas causas da restauração do capitalismo na URSS:
As relações de produção na URSS (1960-1980). Disponível em: http://www.hist-
socialismo.com/docs/CausasrestauracaocapitalismoURSS.pdf. Acesso em 20 de novembro
de 2020. Pag. 4.
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15 NOREN, James. A Economia Soviética Vista Pelos Analistas da CIA. Disponível em:
http://www.hist-socialismo.com/docs/EconomiaSovieticaCIA.pdf. Pag. 22-23. Acesso em
20 de maio de 2020.
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armada da burguesia e sem uma guerra civil prolongada. A sua tese so-
bre a impossibilidade da restauração do capitalismo, intencionalmente
ou não, pregava, consequentemente, a eliminação da vigilância política e
ideológica na construção do socialismo e minava a força da luta interna,
conciliava com o oportunismo, tanto no interior do partido como em re-
lação ao inimigo de classe na sociedade.
“Só idiotas completos seriam capazes de crer que as relações capitalis-
tas, ou seja, a propriedade privada dos meios de produção incluindo a
terra, podem ser restauradas na URSS por via pacífica, convertendo-
se num regime de democracia burguesa. Na realidade, se isso fosse
plausível, o capitalismo só poderia ser restaurado na Rússia em re-
sultado de um violento golpe de Estado contrarrevolucionário, que
exigiria 10 vezes mais vítimas que a Revolução de Outubro e a guerra
civil.” 17
Os trotskistas, alegres como Democrito, o filósofo que ri, pregavam
com largos sorrisos o teorema de Trotsky: que consistia em afirmar a im-
possibilidade da restituição capitalista pacífica, sem a luta armada ou a
guerra civil por parte da burguesia. Desde os anos 30 esse empreendi-
mento teórico serviu para justificar o apoio a todas as instâncias contrar-
revolucionarias, o que aprofundaremos no tópico sobre o totalitarismo.
No decorrer dos anos 80, quando na ordem do dia já se encontra-
vam as forças contrarrevolucionárias no poder na URSS e no Leste Euro-
peu, Mandel afirmava que o fantasma da restauração do capitalismo era
mera calúnia “stalinista” para justificar o “autoritarismo”. No mesmo
balaio entraram parte do eurocomunismo, da socialdemocracia, do pós-
modernismo, e os seguidores de Lukács — Mészáros a frente. Mesmo
quando a Polônia e Hungria em 1989, já tinham cedido ao imperialismo,
Mandel escrevia:
“A pequena e média burguesia representa apenas uma pequena mi-
noria da sociedade em cada um destes estados operários burocratiza-
dos. Ela beneficia de um apoio, aliás fortemente limitado, por parte
do grande capital internacional. Mas no conjunto, esta convergência
de interesses é insuficiente para poder impor, a curto ou a médio
prazo, uma qualquer restauração do capitalismo”18 .
17 Trotski: L’appareil policier du stalinisme, Ed. Union générale d’Editions, 1976, Col-
lection 10-18, p. 26 Apud in: Martens. Um outro Olhar sobre Estaline. Disponí-
vel:https://www.marxists.org/portugues/martens/1994/olhar/11.htm. Acesso em 12 de ja-
neiro de 2020.
18 Mandel, E. Inprecor, n.◦ 295, 16-29, Outubro, 1989, p. 20, Apud in: Martens.
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apenas aos reacionários aptos a prestarem-lhes serviços.
Por outro lado, os Eurocomunistas, seguiram a mesma lógica da der-
rota, Sobre isso dizia José Paulo Netto, a quem à época foi um defensor
tanto do planejamento como do governo Gorbatchov: “Carlos Nelson viu
com simpatia a tentativa de autorreforma de Gorbatchev”22 . José Paulo
Netto, um Luckasciano, reproduziu esse apoio:
Por isto, independentemente até dos desdobramentos internos da
modernização socioeconômica que está em curso na União Soviética,
a significação do empenho do núcleo dirigente liderado por Gorbat-
chev se dimensiona como um fundamental aporte para a renovação
dos esforços de todos os que apostam na invenção e na realização de
uma nova socialidade. O que, a meu juízo, revela que permanece vivo
o fascínio vermelho da chama acesa em Outubro, há setenta anos.23
Mas, a verdade, é que nada disso se tratou de renovação ou revolu-
ção como acreditaram os incautos. A julgar pelos dados posteriores a
queda do socialismo não aconteceu nenhuma revolução. Pelo contrário,
um retrocesso enorme ocorreu nos países que compunham a antiga URSS
e as ex-democracias populares no Leste Europeu. Os problemas do ca-
pitalismo, como desemprego, o vício em drogas, e o aumento drástico
da desnacionalização, desindustrialização, o entreguismo, a dependên-
cia dos EUA ou UE, que controlam toda a produção dessas nações foi e é
uma constante, juntamente a uma queda sem igual em cada PIB de cada
república. Vamos aos fatos:
As multinacionais são donas da Romênia e da Hungria. O economista
Jacques Nagels falou de um capitalismo selvagem na Hungria. Só em
parte é verdade:
o essencial do capital nacional passará para as mãos das multinacio-
nais, caindo o restante no regaço dos exploradores húngaros que serão
chamados de “selvagens”. Desde janeiro de 1989, três leis determinam
o novo curso capitalista na Hungria. A primeira permite criar socie-
dades anônimas, empregando até 500 trabalhadores. A segunda dá luz
verde a participações estrangeiras maioritárias e à exportação de lucros
lar.com.br/loja/wp-content/uploads/2020/09/carlos-nelson-coutinho.pdf. Acesso em 3 de
janeiro de 2021. Pag. 51.
23 Netto, J, P. Projeto Gorbatchev: mudança ou continuidade? Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext& pid=S0102-64451987000300002.
Acesso em 3 de janeiro de 2021.
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Desse balanço podemos concluir, sem medo algum, que Stalin serviu
e serve de bode expiatório tanto aos anticomunistas de esquerda como
aos de direita. Ao grupo dos antistalinistas de “esquerda”, Stalin serve
de justificativa ao fracasso de suas empreitadas, ou ao menos, Stalin e
os “Stalinistas”, são os “culpados” pelo fracasso, ainda que sem qualquer
hegemonia na ordem presente. A direita, por outro lado, atua de duas
formas. A primeira consiste em utilizar Stalin como meio de difamar o
comunismo e, assim, criar um espantalho que gera medo em tempo inte-
gral no povo, os tratando como aves estúpidas. A segunda forma reside
na defesa do capitalismo ainda que de maneira passiva, admitindo suas
ineficiências e desigualdades, mas afirmando que o socialismo é pior, e
o exemplo, adivinhem? Stalin! Por vezes a direita nem se preocupa em
negar os milhões de mortos do capitalismo e fazer a sua defesa ativa, pelo
contrário, prefere, sem cientificidade alguma, colocar o socialismo como
sistema mais genocida de todos. Para ela é mais importante falar da es-
querda do que de si.
Assim, esse medo criado em torno de Stalin, visa controlar as emo-
ções e comportamentos de diferentes extratos da população e gerar os
seguintes efeitos: na esquerda a autofobia29 revolucionária e nos demais
extratos o medo da guerra e do genocídio. A autofobia revolucionária
consiste na aversão de si da esquerda, isto é, no medo que a esquerda
possui de realizar o seu papel histórico custe o que custar, deixando de
lado ou em segundo plano as verdadeiras e reais armas. Ela ocorre com
sucesso toda vez que se esquece que a arma da crítica perece pela crítica
das armas. A autofobia normalmente a é sinônimo de capitulação e de re-
núncia a uma identidade livre. A autofobia remove a liberdade daqueles
que sofreram grandes derrotas históricas, fazendo com que o derrotado
se comporte como uma cobra que devora o próprio rabo, efetivando a cha-
mada dialética de cronos ou saturno30 que consiste na autodestruição. A
consequência da autofobia é a fuga da missão histórica que desce goela
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ogle.com/drive/folders/18MVgSN1uC1xknFdRyp1xoJSQHAwAkteY. Acesso em 20 de
maio de 2020.
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36 Tauger,Mark (2006). ”Arguing from errors: On certain issues in Robert Davies’ and
Stephen Wheatcroft’s analysis of the 1932 Soviet grain harvest and the Great Soviet famine
of 1931-1933”. 58 (6). Europe-Asia Studies: 975. doi:10.1080/09668130600831282. Dis-
ponívelhttps://drive.google.com/drive/folders/18MVgSN1uC1xknFdRyp1xoJSQHAwAk-
teY. Acesso 20 de maio de 2020.
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39 STRONG, Anne. The Stalin Era. Mainstream Publishers: New York, 1956. Pag.
33, 28-29 Disponível em: http://209.151.22.101/Journalists/Strong-AL/TheStalinEra-AL-
Strong-1956.pdf. Acesso em 20 de Fevereiro de 2020.
40 MARTENS, Ludo. Stalin um novo olhar. Rio de Janeiro, Revan, 1994. Pag 65.
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povo; com efeito, não se trata de uma nação, no sentido do velho mundo,
mas de um povo forte, cimentado por um entusiasmo quase religioso.
Os bolcheviques têm realizado muito do que proclamaram e mais do que
parecia realizável por qualquer organização humana nas difíceis condi-
ções em que têm operado. Mobilizaram mais de 150 milhões de seres
humanos apáticos, mortos-vivos, e insuflaram-lhes um espírito novo.”41
Ainda em 1929, os efeitos da coletivização eram sentidos de longe, os
soviéticos alcançaram um tamanho e uma prosperidade imprevisível até
mesmo para os idealizadores. Os números aumentavam, mostrando que
na URSS não havia, naquele período, contradição entre as forças produ-
tivas e as relações de produção. A fábrica de tratores de Khárkov, estava
longe de ser a única que prosperava no plano quinquenal. A fábrica Pu-
tílov, de Leningrado, havia produzido 1.115 tratores no decorrer de 1927
e 3.050 em 1928. Após intensas discussões por parte dos trabalhadores
na fábrica foi deliberado um plano de produção de dez mil tratores para
1930! Foram entregues exatamente 8.935. O chamado milagre da revo-
lução industrial de Stalin, numa década foi, na realidade, direcionado
pelas transformações socialistas que se produziram nos âmbitos rurais
mais arcaicos, porém, pelo aumento da ameaça de guerra, que fez os tra-
balhadores, apesar da redução da carga horária para 7 horas diárias de
trabalho, priorizarem a industria pesada.
Em 1942, a região industrial dos Urais torna-se o coração da resis-
tência soviética. As suas minas, fábricas, entrepostos, os seus campos e
florestas fornecem, ao Exército Vermelho, enormes quantidades de ma-
terial militar e todos os produtos necessários ao abastecimento das divi-
sões motorizadas de Stalin. No centro da imensa Rússia, um quadrado
de 800 quilômetros continha imensas riquezas em ferro, carvão, cobre,
alumínio, chumbo, amianto, magnésio, potássio, ouro, prata, zinco e pe-
tróleo. Antes de 1930 estes tesouros mal haviam sido explorados. Nos
dez anos seguintes construíram-se fábricas que não tardaram a entrar em
atividade. Tudo isso deveu-se à sagacidade política de Stálin, à sua perse-
verança e tenacidade. Conseguira quebrar toda a resistência à realização
do seu programa, não obstante as despesas fantásticas e as dificuldades
inauditas que surgiram. A sua prioridade era criar um potencial indus-
trial pesado. Situou-o nos Urais e na Sibéria a milhares de quilômetros
da fronteira mais próxima, fora do alcance de qualquer inimigo. Por ou-
tro lado, a Rússia precisava de tornar-se independente do estrangeiro em
quase todo o tipo de fornecimentos, desde borracha e produtos químicos
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42 SCOTT, John. Au-delà de 1’Oural, Ed. Marguerat, Lausanne, 1945, pp. 244-245. Apud
in Martens, L. Stalin um novo olhar. Rio de Janeiro: Revan. Pag. 67.
43 Kuromiya. Stalin Industrial Revolution,op.cit pp. 305-306. Apud in Martens, L . Stalin um
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sua suposta exasperação com Stálin surgiu de repente em forma documental enigmática,
na primavera e no verão de 1923. A peça central ficaria conhecida como o Testamento de
Lênin (zaveschánie) e foi apresentada pela esposa deste, Nadejda Krúpskaia, com a ajuda,
ou conluio, das mulheres que trabalhavam para Lênin, especialmente Maria Volóditcheva
e Lídia Fotíieva, a chefe da secretaria do líder bolchevique. Não subsistem originais dos
documentos mais importantes atribuídos a Lênin (que não tinham o título de “testamento”
— na verdade, não tinham nenhum título quando vieram à tona pela primeira vez). Sua
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autenticidade nunca foi provada, como demonstrou um estudioso russo num exame escru-
pulosamente detalhado. Ele argumenta, corretamente, que, a menos que apareçam provas
documentais persuasivas que corroborem que Lênin ditou essas palavras, temos de tratar
sua autoria com cautela.3 Dito isso, o fato é que esses documentos — tenham derivado ou
não das palavras do próprio Lênin e, em caso afirmativo, de que forma — se tornaram uma
realidade na vida política soviética e, em particular, na vida de Stálin. Analisaremos os
documentos atribuídos a Lênin não por suas supostas datas de ditado, mas pelas datas e
pelo contexto em que foram divulgados e, sobretudo, por suas consequências. Sua frase
fundamental — “remover Stálin” — assombraria eventualmente a Eurásia Soviética e o resto
do mundo, mas, em primeira instância, assombraria o próprio Stálin. S. KOTIKIN. Stalin:
Paradoxos do poder 1879-1928. Companhia das Letras. São Paulo, 2015. Pag. 115.
57 EMELIANOV, Y. O TESTAMENTO DE LENIN. Disponível em: https://www.cienciasre-
volucionarias.com/post/o-testamento-de-lenin-1.
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E por que seria importante ter uma visão correta deste fato para este
debate? Porque isso foi usado pela oposição na disputa do cargo de se-
cretariado geral nos anos 1920. Sem selarmos as desmistificações sobre o
“testamento” de Lenin58 e evidenciarmos as acusações falsas contra Stalin
de ser inimigo político e pessoal de Lenin, não seria possível entender até
onde se estendia a luta interna. Assim, por meio do testemunho de Maria
Ilyinichna Ulyanova, irmã casula de Lenin, demonstrou-se a proximidade
fraternal e ideológica de ambos Lenin e Stalin fato este que isolou ainda
mais a oposição.
O prego talvez mais importante no caixão da oposição foi realizado
ainda pela família de Lenin, a situação, um tanto delicada, foi levantada
contra Zinoviev e Kamenev, pela irmã casula de Lenin, Maria Ulyanov:
A oposição minoritária, dentro do Comitê Central, recentemente, rea-
lizou um sistemático ataque ao Camarada Stalin afirmando a “existência”
de uma ruptura política entre Lenin e Stalin nos últimos períodos da vida
Vladimir Ilyich Ulyanov. Com o objetivo de dizer a verdade, considero
esta minha obrigação, informarei aos camaradas, brevemente, como eram
as relações de Lenin e Stalin no período da doença de Vladimir Ilyich
Ulyanov, período em que eu estava com eles e cumpria diversas tarefas.
Não estou aqui para abordar o período anterior a doença Lenin, sobre o
qual eu tenho grande quantidade de provas da tocante fraternal relação
entre Vladimir Ilyich Ulyanov e Stalin, do qual os membros do comitê
central sabem muito menos do que eu.
Vladimir Ilyich Ulyanov realmente admirava Stalin. Por exemplo,
na primavera de 1922 e em dezembro do mesmo ano, respectivamente
quando Vladimir Ilyich Ulyanov teve o primeiro e o segundo quadro de
problemas em sua saúde, Lenin chamou Stalin e o encarregou das tarefas
mais pessoais. Os tipos de tarefas em que se atribui a pessoa em que se
tem total confiança no qual se considera um dedicado revolucionário e
um estimado camarada. Além disso, Ilyich insistia sempre em conversar
somente com Stalin e mais ninguém. Em geral, durante todo o período
de Doença, até que ele estivesse recuperado e até que pudesse se reunir
com os demais camaradas, ele convidava somente Stalin para vê-lo sem-
pre, fosse para o que for. E durante todo o período posterior, o de maior
gravidade de sua doença, ele intensificou o contato com Stalin, jamais
convidou um único membro do politburo, exceto, Stalin.
Houve um incidente entre Lenin e Stalin, mencionado pelo cama-
rada Zinoviev no seu discurso, pouco antes de Ilyich perder seu poder
58 IDEM, IBIDEM.
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59 MI
Ulyanova. Sobre as Relações entre Lenin e Stalin. Apud in: Org. Klaus Scarmeloto.
Em defesa de Stalin: Textos Biográficos. São Paulo: ciências revolucionárias. Pag. 381-382.
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zias.62
Historiadores que escreveram mais tarde e tiveram a oportunidade de
estudar o original do ”Diário”, por exemplo, D.A. Volkogonov, V.A. Ku-
manev e I.S. Kulikov não levantaram, como Sakharov, a questão dos pro-
blemas de estudo da fonte do Diário. A credibilidade deste documento é
a causa de muitos erros graves, por isso pretendemos familiarizar o leitor
mais de perto com sua versão arquivada.
O diário foi mantido na secretaria de V.I. Lênin em 21 de novembro
de 1922. Como fonte histórica, divide-se em duas partes, a fronteira entre
as quais está a anotação de 18 de dezembro de 1922. Até esta data, a au-
tenticidade do Diário como documento não suscita dúvidas: as anotações
são de natureza comercial, de escritório - instruções específicas, notas so-
bre seu desempenho. Sem “pular” datas, sem “digressões líricas”. Tudo
é escrito para organizar o fluxo de informações, não para a História.
A importância desse evento e da validade ou não do chamado testa-
mento, é mais significativa do que se imagina. Uma vez que a “falta”
de afinidade político-ideológico e pessoal de Lenin com Stalin foi o ob-
jeto do último confronto pacífico entre Stalin e a oposição isto significava
que, para época, estar com Lenin significava andar ao lado da razão. A
completa afinidade pessoal e política de Lenin com Stalin, foram e ainda
são a chave para entendermos porque a oposição perdeu a capacidade
de travar a luta interna de maneira pacífica, porque ao fim do debate,
a oposição não conseguiu demonstrar de fato que Stalin não fora o me-
lhor amigo pessoal de Lenin e politicamente o mais próximo, isto tendo
em vista que Lenin gozou nos anos 20 de grande prestigio, e quem es-
tivesse a seu lado teria maior aceitação. Assim podemos concluir que a
oposição, sem qualquer possibilidade de realizar a luta legal, democrática
e, acima de tudo, pacífica, sobretudo, porque a família de Lenin, como
demonstrou a passagem acima, majoritariamente detinha provas de que
fora Stalin seu maior aliado, tanto no campo de batalha como fora dele,
restava apenas uma última chance, ao qual muitos membros da oposição
conheciam de longa data: a luta clandestina.
Em meados de 1926, o CC do Partido constatou que a oposição trots-
kista e zinovievista realizava reuniões clandestinas em várias localidades,
agitando especialistas e organizando um partido paralelo, que incorpo-
rava os resquícios de grupos derrotados em debates anteriores e ensinava
47
A ATUALIDADE DE STALIN
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KLAUS SCARMELOTO
ais, mas com opiniões imaginárias que não apoiamos e nunca apoiamos”;
no entanto, algumas linhas depois, eles insistiram que “para a construção
de uma sociedade socialista em nosso país, a vitória da revolução prole-
tária em um ou mais dos países capitalistas avançados é necessária.64
Ao saber que haviam organizado impressoras clandestinas para divul-
gar esta plataforma junto com outros materiais, o jornal dos democra-
tas constitucionais emigrados Poslednie Nóvosti expressou sua satisfação
pelo fato de a oposição bolchevique ter entrado na fase da imprensa clan-
destina. Temos esperança de que outras fases se seguirão. E assim seria.
Em 7 de novembro, por ocasião do décimo aniversário da Revolução
de Outubro, eles organizaram manifestações com fins insurrecionais con-
tra o Partido e o Governo, mas as massas de comunistas e operários as
dissolveram firmemente. A transformação do bloco Trotskista-Zinoviev
em uma organização anti-soviética e antibolchevique forçou a sessão ple-
nária do Comitê Central e da Comissão de Controle Central a expulsar
Trotsky e Zinoviev do partido e a excluir outros líderes da oposição desses
órgãos.65 O XV Congresso do PC (b) da URSS reuniu-se em dezembro
com um balanço inequivocamente claro da discussão das semanas anteri-
ores: as propostas majoritárias foram apoiadas por 724 mil militantes e as
da oposição conjunta por apenas 4.000. Ele concordou em expulsar cem
membros da oposição e adotar ”as medidas de influência ideológica sobre
os membros das fileiras da oposição trotskista a fim de convencê-los, ao
mesmo tempo purgando o partido de todos os elementos evidentemente
incorrigíveis do trotskista oposição. ”.
Stalin explicou como tinha passado o debate com o trotskismo: “O
exercício da democracia dentro do Partido, admitindo a crítica prática
das deficiências e erros do Partido, mas sem tolerar o menor fraciona-
mento e eliminando todo fracionário sob pena de expulsão do Partido.
Parte”66 . E destacou que, após cinco longos anos de debate permanente,
“O Partido quer acabar com a oposição e partir para um trabalho constru-
tivo. O Partido quer finalmente dissolver a oposição para que se dedique
inteiramente à nossa grande obra de construção”67 . O XV Congresso en-
49
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72 Idem. Ibidem.
73 Idem Ibidem.
74 Idem, Ibidem.
75 Idem. Pag. 86.
76 Idem. Ibidem.
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77 Idem. Ibidem.
78 Idem. Ibidem.
79 BROUÉ, Pierre. The ”Bloc”of the Oppositions against Stalin (January
1980).https://www.marxists.org/archive/broue/1980/01/bloc.html. Consultado em
52
KLAUS SCARMELOTO
Trotsky, por sua vez, sempre afirmou que a luta contra “a oligarquia
burocrática” stalinista “não comporta solução pacífica” e que “o país se di-
rige notoriamente em direção à revolução no âmbito de uma guerra civil,
o assassinato de alguns opressores não diz respeito mais ao terrorismo in-
dividual”, mas é parte integrante da “luta mortal” entre os alinhamentos
opostos”80 , o mesmo argumento apresentado por Bukharin a Humbert-
Droz para justificar as ações terroristas e sabotadoras da oposição.
Á perspectiva era de choque não só político, mas também militar.
Em seu livro de memórias publicado nos Estados Unidos logo depois
do fim do segundo conflito mundial, Ruth Fischer, que fora figura
de primeiríssimo plano do comunismo alemão e membro do Presi-
dium do Komintern de 1922 à 1924, conta de que modo tinha, no
seu tempo, participado da organização na URSS da “resistência” con-
tra o “regime totalitário” que se instalara em Moscou. Estamos em
1926. Após ter rompido com Stalin no ano anterior, Zinoviey e Ka-
menev se aproximaram de Trotski: organiza-se o “bloco” para a con-
quista do poder. Desenvolve-se assim uma rede clandestina capilar
que se estende “até Vladivostok” e o Extremo Oriente: mensageiros
difundem documentos reservados do Partido e do Estado ou trans-
mitem mensagens cifradas; guardas pessoais armados dão vigilância
nos encontros secretos.“Os dirigentes do bloco se preparam para dar
os passos definitivos”; baseados no pressuposto de que o choque com
Stalin só pode ser resolvido com a “violência”, eles se encontram num
bosque nas vizinhanças de Moscou a fim de analisar profundamente
“o aspecto militar do seu programa”, a começar pelo “papel daquelas
unidades do exército” dispostas a apoiar o “golpe de Estado”. Fischer
prossegue assim:
Tratava-se de uma questão em grandíssima parte técnica, que devia
ser discutida entre os dois líderes militares, Trotsky e Lasevitch [vice-
comissário para à Guerra, que depois morre antes dos expurgos].
Dado que, como vicecomandante do Exército Vermelho ele estava
sempre numa posição legal mais favorável, Lasevitch ficou encarre-
gado de elaborar os planos para à ação militar contra Stalin. 81
Trotsky é expulso do Partido não só por alegar manter a oposição
mesmo em momentos delicados como a possibilidade de uma guerra
mundial, mas por também planejar um golpe de Estado:
Pag. 76.
53
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rista” para o bloco, embora seu apelo por uma ”nova revolução polí-
tica”para remover “os quadros, a burocracia” pudesse muito bem ter
sido interpretado assim em Moscou. Há também razões para acredi-
tar que após a decapitação do bloco através da remoção de Zinoviev,
Kamenev, Smirnov e outros, a organização compreendia principal-
mente oposicionistas de nível inferior menos proeminente: seguido-
res de Zinoviev, com os quais Trotsky tentou manter contato direto.
(. . . ) As cartas para Sokolnikov e Preobrazhenskii foram enviadas
para Londres, aquela para Radek em Genebra. Outras cartas foram
enviadas à Kollontai e Litvinov. Cópias dessas cartas foram retiradas
dos papéis de Trotsky, mas quem as retirou não conseguiu recuperar e
eliminar os recibos de correio certificado assinados pelos secretários
de Trotsky.83
Assim, as cartas certamente enviadas em 1932 por Trotsky a Radek
e outros militantes trotskistas, incluindo Preobrazhensky, desapareceram
no ar com seu conteúdo, uma vez que delas apenas os recibos de remessa
para seus destinatários permaneceram. Estamos diante de uma interes-
sante anomalia que certamente teria intrigado o genial Edgar Allan Poe,
autor entre outras coisas da esplêndida história de detetive intitulada “A
carta roubada”. Além de J. Arch Getty, há mais evidências de expurgos
nos arquivos pessoais de Trotsky:
O memorando de McGregor n. º121, datado de 13 de julho de 1940
enviado a George P. Shaw ao Secretário de Estado, em 15 de julho de
1940, constando nos Arquivos Nacionais RG 84. Após o recebimento,
o Departamento de Estado transmitiu o memorando de McGregor ao
FBI. Sobre Trotsky, McGregor escreveu: “Trotsky, sem dúvida, se vê
como uma figura muito importante, em vez de um simples refugiado
no exílio. Ele descreve a política soviética em relação ao México como
sendo dirigida, em primeiro lugar, com um olho nos Estados Unidos
e, em segundo lugar, em sua direção. ” É interessante notar que no
diário de bordo de Trotsky, no qual todas as cartas enviadas foram
registradas, duas cartas foram registradas como tendo sido enviadas
para um Stewart; um de ”W”(presumivelmente Walter O’Rourke, se-
cretário de Trotsky) e o outro de Trotsky. Nenhum deles está no Ar-
quivo Trotsky. Se Stewart se refere ou não a James Stewart da equipe
do Consulado dos EUA é, portanto, impossível de determinar. Neste
momento, a equipe de Trotsky estava se preparando para enviar seus
artigos para a Universidade de Harvard. Mas, dada a aparente com-
pletude da correspondência relativa à venda e envio dos papéis para
Harvard, pode-se perguntar por que tais documentos não teriam sido
retidos. Não se pode, portanto, descartar a possibilidade de Trotsky
ter comunicado algo à equipe do Consulado antes do ataque de 24
de maio84 .
84 CHASE, W. Trotsky in Mexico: Toward a History of His Informal Contacts with the
U.S. Government, 1937-1940. Disponível em: https://revolutionarydemocracy.org/ar-
chive/TrotskyMex.pdf. Acesso em 20 de fevereiro de 2021.
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85 Cohen (1975). Pag. 344. Apud in: LOSURDO, D. Stalin: História Crítica de Uma lenda
Negra. Rio de Janeiro: Revan. Pag. 70.
86 Thurston (1996). PP.20-23. Apud LOSURDO, D. Stalin História Crítica de Uma lenda
Negra. Rio de Janeiro: Revan. Pag. 71.
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88 IDEM.
89 MARTENS, Ludo. Stalin um novo olhar. Disponível em: https://www.marxists.org/portu-
gues/martens/1994/olhar/06.htm. Acesso em 1 de Abril de 2020.
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Após a sua fuga para a Inglaterra, Tokáev publicou uma série de arti-
gos na imprensa ocidental e confessa ter sabotado o desenvolvimento
da aviação, justificando-se assim:
90 Idem.
91 Tokáev,Comrade X, Harvill Press, Londres, 1956, p. 33. Apud in: MARTENS, L.
Um outro Olhar sobre Estaline. Disponível emhttps://www.marxists.org/portugues/mar-
tens/1994/olhar/14.htm.
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para o destino que Hitler reservou aos alemães. (...) É preciso abso-
lutamente que os ocidentais compreendam que Stálin não perseguia
senão um objetivo: a dominação do mundo por qualquer meio”.92
Em Outubro de 1932, Goltsman, um antigo trotskista, encontrou-se
secretamente em Berlim com Sedov, o filho de Trótski, para analisar a
proposta de Smírnov de criar um Bloco da Oposição Unificada, incluindo
trotskistas, zinovievistas e os partidários de Lominádze. Trótski insistia
na necessidade do ”anonimato e da clandestinidade”. Pouco depois, Se-
dov escreve ao pai comunicando-lhe que o bloco fora oficialmente cons-
tituído e que continuavam a fazer esforços para incluir o grupo de Sá-
farov—Tarkhanov. O Boletim de Trótski chegou a publicar relatórios de
Goltsman e Smírnov, assinados com pseudónimos! Há entre os trotskystas
quem sustente que esse encontro jamais ocorreu porque o Hotel Bristou
teria falido em 1917, no entanto, o ponto de encontro com o nome do
hotel Bristol era visível em 1932. Há uma foto de 1932 que comprova
este fato. “Como parecia de fora em 1932 na época da suposta visita de
Gol’tsman. A foto foi tirada em junho de 1929. Naquela época, o Grand
Hotel era administrado como uma pensão. A entrada do hotel estava
localizada abaixo da seta”93 . Assim, “com alguma dificuldade, podemos
ver a porta giratória - o mesmo tipo de porta que aparece no diagrama
em Arbejderbladet. O conhecido restaurante ”Den Gamle Braeddehytte”
pode ser visto parcialmente no canto esquerdo da foto”94 . Neste sentido
comprovamos que Goltsman não mentiu, e o brilhante artigo citado de
Sven-Eric Holmström refuta essa e outras questões mais ligadas a comis-
são de Dewey. Assim, a direção do Partido tinha perante si provas irre-
futáveis de uma conspiração que visava derrubar a direção bolchevique
e levar ao poder uma corja de oportunistas que eram instrumentos das
antigas classes exploradoras. A existência da conspiração era um sinal de
alarme de último grau. Sobre as ligações de nikolaiev com o restante da
oposição:
Pergunta: Que influência tiveram seus laços com os trotskistas da
oposição em sua decisão de matar Kirov?
Resposta: Minha decisão de matar Kirov foi influenciada por minhas
conexões com os trotskistas Shatsky, Kotolynov, Bardin e outros.
92 Idem. Ibidem
93 Sven-EricHolmström. New Evidence Concerning the “Hotel Bristol” Question in the First
Moscow Trial of 1936. Acesso em 20 de fevereiro de 2020. Disponível em:https://neode-
mocracy.blogspot.com/2017/03/new-evidence-concerning-hotel-bristol.html
94 Idem.
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95 Idem.
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outro deles, nenhum fez sinal de exprimir o desejo de ver essa pena
atenuada, nestas condições não podemos tirar outra conclusão que
não seja a de que confessaram porque eram culpados e não porque
houve ameaças ou qualquer outra violência. 98
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101 Idem.
72
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102 ZEMSKOV, V. Stalin e o povo. Por que não houve um levante?. Disponível em:https://sta-
linism.ru/dokumentyi/stalin-i-narod-pochemu-ne-bylo-vosstaniya.html?start=2. Acesso em
20 de Maio de 2020.
73
A ATUALIDADE DE STALIN
103 Alexandre Zinoviev. Les confessions d’um homme en trop. Ed. Olivier Orban, 1990,
pp.104, 120, Interview Humo, 25 Fevereiro de 1993, pp. 48-49. Apud in Martens, L.
Um outro olhar sobre Stalin. Disponível em: https://www.marxists.org/portugues/mar-
tens/1994/olhar/index.htm. Acesso 20 de maio de 2020.
104 CHISTYI, Mikhail. Os Grandes Expurgos: a tentativa de golpe militar em 1937 a luz
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que obteve e compartilhou comigo uma cópia do artigo original do jornal japonês Miyako
Simbun de 20 de fevereiro de 1937.FURR: Disponível em https://www.cienciasrevoluciona-
rias.com/post/evid% C3% AAncias-da-colabora% C3% A7% C3% A3o-de-leon-trotsky-com-
a-alemanha-e-o-jap% C3% A3o
109 Ver Grover Furr. Evidências da colaboração de Trotsky com Alemanha e Japão. Disponível
Bukharin e Riutin
Bukharin também surge em torno da polêmica nos processos de mos-
cou, sobretudo, é condenado moralmente por um importante antistali-
nista, Humbert-Droz. Droz foi representante da terceira internacional
na Suíça, também avaliado pelo historiador Vladimir Brobov e Grover
Furr. Droz manifestou extremo desconforto e irritação ao ouvir da boca
do próprio Bukharin, que ele e a oposição estavam a praticar o terrorismo
e a sabotagem na URSS, e Droz, sempre detestou STALIN, ele acreditava
que Lenin havia deixado um testamento contra Stalin, e, portanto, esse
método violento de luta não seria necessário na URSS.:
Humbert-Droz encontrou-se e falou com Bukharin pela última vez no
inicio de 1929. O comunista suíço estava prestes a partir para uma
conferência dos partidos comunistas latino-americanos. Em suas me-
mórias, publicadas na Suíça em 1971, Humbert-Droz relembrou o
incidente da seguinte forma: Antes de partir, fui ver Bukharin pela
última vez, sem saber se o veria novamente quando voltasse.Tivemos
uma conversa longa e franca. Ele me atualizou sobre os contatos fei-
tos por seu grupo com a facção Zinoviev-Kamenev para coordenar
a luta contra o poder de Stalin. Não escondi dele que não concor-
dava com esse vínculo entre as oposições. “A luta contra Stalin não
é um programa político. Combatemos com razão o programa dos
trotskistas em questões essenciais, o perigo dos kulaks na Rússia, a
luta contra a frente única com os social-democratas, os problemas
chineses, a perspectiva revolucionária míope, etc. No dia seguinte
à vitória comum contra Stalin, os problemas políticos nos dividirão.
Este bloco é um bloco sem princípios que entrará em colapso antes
de alcançar qualquer resultado ”.”Bukharin também disse que eles
decidiram usar o terror individual para se livrar de Stalin. Sobre
este ponto, também expressei minhas reservas: a inserção do terror
113 LOSURDO, D. Stalin: história crítica de uma lenda negra. Editora Revan: Rio de Janeiro,
2010. Pag. 81.
114 Furr, G. Remarks on the Moscow Trials, on Evidence, and Objectivity. Dispo-
nível em: https://msuweb.montclair.edu/∼furrg/research/remarks_on_the_moscow_tri-
als.html. Acesso em 20 de fevereiro de 2021.
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“Um dia, ele pediu-me que lhe procurasse o Boletim de Trótski para
poder ler os últimos números. Eu forneci-lhe igualmente publicações
socialistas, inclusive o Sostialistítcheski Véstnik.” “Um artigo no úl-
timo número continha uma análise do plano de Górki, que visava
reagrupar a intelligensia num partido separado para participar nas
eleições. Bukhárine declarou:É necessário um segundo Partido. Se
não existir, haverá uma só lista eleitoral, sem oposição, isso equivale
ao nazismo”.”
“Bukhárin puxou uma caneta. Foi com ela que a Nova Constituição
Soviética foi inteiramente redigida, da primeira à última palavra”.
Bukhárin estava muito orgulhoso dessa constituição. No seu con-
junto, era um quadro bem concebido para uma transição pacífica da
ditadura de um Partido para uma verdadeira democracia.”
«Interessando-se» pelas ideias de Trótski e dos sociais-democratas,
Bukhárine acaba por adoptar a tese principal sobre a necessidade de
um partido de oposição antibolchevique, que se tornaria inevitavel-
mente o ponto de convergência de todas as forças reaccionárias.117
Nikoláievski continua:
“O humanismo de Bukhárin devia-se em grande parte à crueldade
da coletivização e ao combate interno que ela desencadeou no in-
terior do Partido. (. . . )” Já não são seres humanos”, dizia Bukhá-
rine. “Tornaram-se engrenagens de uma máquina medonha. Está
em curso uma desumanização total das pessoas que trabalham no
seio do aparelho soviético”.”
“Nos começos da revolução bolchevique, Bogdánov tinha previsto o
nascimento da ditadura de uma nova classe de dirigentes econômi-
cos. Pensador original, e o segundo mais importante entre os bolche-
viques, Bogdánov desempenhou um grande papel na educação de
Bukhárin. Bukhárin não estava de acordo com as conclusões de Bog-
dánov, mas compreendia que o grande perigo do ”socialismo prema-
turo”, que os bolcheviques empreendiam, residia na criação de uma
ditadura da nova classe. Bukhárin e eu falamos longamente sobre
esta questão.”118
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119 LOSURDO, Domênico. Stálin:história crítica de uma lenda negra. Rio de Janeiro: Revan,
2010. Pag. 81-83.
120 Bordyugov G., Kozlov V. Nikolay Bukharin. Episódios de uma biografia política Comunista.
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O que fica claro é que duas pessoas com o mesmo capital “moral, po-
lítico e pessoal” de Stalin estão presentes nessa comissão: Krupskaya e
Maria Ulianova, respectivamente a viúva de Lenin e sua cunhada a irmã
casula de Lenin. Segundo o Historiador Igor Pikhalov, o antistalinismo
expresso pelo depoimento da viúva de Bukhárin não confirma as reu-
niões documentadas pela comissão dos expurgos e da investigação do caso
Bukharin. E ainda levantam questões importantes: se STALIN, não fora
favorável a pena capital, por que é que mesmo assim ela foi aplicada a
Bukharin? Ao passo que a resposta é mais simples do que se imagina,
ela é um tanto complexa e cara para o antistalinismo, afinal, o motivo é
deveras Simples: Stalin não era dono do partido, e essa documentação
prova isso.
O que é mais confiável: documentos ou histórias orais de ”prisio-
neiros do GULAG”? Analisemos, por exemplo, um episódio espe-
cífico de ”repressões stalinistas”. Como se sabe, durante o Plenário
de fevereiro-março de 1937 para desenvolver um projeto de resolu-
ção sobre o caso Bukharin e Rykov, foi criada uma comissão especial,
cujo presidente era Mikoyan,. (Ver citação anterior)
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121 PIKHALOV, Igor. Mentiras E Verdades Sobre Stalin Yakir E Bukharin Fofocas E Docu-
mentos. Disponível em: https://bit.ly/3qeYkD8.Acesso e 20 de maio de 2020. Tradução
Nossa.
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É curioso que esta opinião dos cientistas seja apoiada por algumas ou-
tras iniciativas stalinistas expressas no mesmo Plenário de fevereiro-
março. Assim, um dos dois discursos do dirigente foi dedicado aos
resultados da discussão sobre as ”lições de sabotagem, sabotagem e
espionagem dos agentes nipo-alemães-trotskistas nos comissariados
populares de indústria pesada e comunicações”. Este discurso [659] é
especialmente útil para todos os amantes de ”histórias de terror”so-
bre o ”grande terror”: as principais propostas de Stalin para superar
tendências sócio-políticas perigosas no país não se limitavam a prisões
e execuções em massa, mas à necessidade... de fortalecer o trabalho
dentro do PCUS ( b), com foco no desenvolvimento da democracia,
educação partidária e reciclagem ideológica do pessoal nos cursos le-
ninistas.
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122 Idem.
123 DAVIES, J. Foreign Relations Of The United States, The Soviet Union, 1933–1939:
The Ambassador in the Soviet Union (Davies) to the Secretary of State. Disponí-
vel em:https://history.state.gov/historicaldocuments/frus1933-39/d462. Tradução nossa.
Acesso em 20 de março de 2020.
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O Caso Piatakov
Com um intérprete ao meu lado, segui o testemunho cuidadosamente. Natu-
ralmente, devo confessar que estava predisposto contra a credibilidade do de-
poimento desses réus. A unanimidade de suas confissões, o fato de sua longa
prisão (incomunicável) com a possibilidade de coação e coerção se estenderem
a eles próprios ou a suas famílias, todos me deram sérias dúvidas quanto à cre-
dibilidade que poderiam associar às suas declarações. Visto objetivamente, no
entanto, e com base na minha experiência no julgamento de casos e na apli-
cação dos testes de credibilidade que a experiência anterior me proporcionou,
cheguei à conclusão relutante de que o estado havia estabelecido seu caso, pelo
menos até o ponto de provando a existência de uma conspiração generalizada
e conspiração entre os líderes políticos contra o governo soviético, e que em
seus estatutos estabelecem os crimes previstos na acusação. Ainda resta em
minha mente, no entanto, alguma reserva com base nos fatos, de que tanto
o sistema de aplicação de penalidades por violação da lei quanto a psicologia
dessas pessoas são tão diferentes do nosso que talvez os testes que eu aplicaria
não seria preciso se aplicado aqui. Supondo, no entanto, que basicamente a
natureza humana é praticamente a mesma em todos os lugares, ainda estou
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KLAUS SCARMELOTO
125 Idem,ibidem.
126 SIDOLE, Roberto. O voo de Piatakov. Disponível em: https://www.robertosidoli.net/pub-
blicazioni/trotskij-tradito-da-trotskij/ acesso em 20 de novembro de 2020.
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127 Gunther,J. Trotsky Interviwe elba 1932.Apud in: A, KAHN; M, SAYERS. A Grande Cons-
piração: A Guerra Secreta Contra União Soviética. São Paulo: Brasiliense. 1959. Pag. 203.
Sexta Edição.
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tido um encontro em Berlim com o filho de Trótski, Sedov, e que lhe ha-
via transmitido, por incumbência de Trotsky, novas directivas. Smírnov
informou-me de que Sedov desejava muito ver-me. Piatakov foi ao en-
contro de Sedov que estava formado um centro trotskista; tratava-se da
unificação de todas as forças capazes de desenvolver a luta contra a di-
reção stalinista. Posteriormente, em 1935, Piatakov exigiu uma reunião
com Trotsky para dar prosseguimento ao plano, assim, viajou com pas-
saportes falsos até a Noruega, Onde encontrou Trotsky exatamente para
saber com mais detalhes a totalidade do Plano.
No decorrer do julgamento de Moscou em janeiro de 1937, GL Pyata-
kov, vice-ministro da indústria pesada soviética de 1932 a agosto de 1936,
afirmou que havia partido sorrateiramente de avião de Berlim nazista em
dezembro de 1935, também graças à ajuda dos hitleristas no poder, ater-
rissou na Noruega depois de algumas horas e se encontrar logo depois
secretamente com Trotsky, de quem afirmava ser, a partir da segunda
metade de 1931, um apoiador oculto e uma hábil ”toupeira”, bem inse-
rida por algum tempo no topo níveis do aparelho econômico da URSS
stalinista. De fato a entrada de Piatakov na oposição por meio de Radek,
ambos se implicaram mutuamente nos depoimentos nos julgamentos, é
comprovada pelos arquivos de Trotsky em Harvard:
Trotsky declarou que, pelo menos a partir de 1929 e sem nenhuma in-
terrupção, Pyatakov e Radek se tornaram seus inimigos políticos sem
interrupção em janeiro de 1937.. Porém, graças à pesquisa de JA
Getty, desde 1986 estamos de fato cientes do impressionante recebi-
mento de uma carta clandestina enviada por Trotsky a Karl Radek em
4 de março de 1932, preservada entre outras coisas nos arquivos de
Trotsky depositados desde 1940 em Universidade de Harvard: uma
carta de 1932 e, portanto, escrita em um ano em que Radek foi um
inimigo ”feroz e traiçoeiro”de Trotsky, pelo menos na opinião deste
último. 128
Muitos argumentam que o voo em si seria impossível, e isso não tem
base real. O aeroporto estava aberto o que possibilitava o pousar do avião.
Muitos pousos foram feitos naquela ocasião. Trotsky estava no local in-
dicado, no dia e horário, portanto, a probabilidade é bem grande.
Em primeiro lugar, era necessário provar que o voo de Pyatakov para
Oslo não era impossível em dezembro de 1935 e que, portanto, Pya-
takov tinha os meios e oportunidades para fazer seu voo na área de
92
KLAUS SCARMELOTO
130 Em dezembro de 1935, Trotsky estava certamente posicionado em Wexhall, uma fração
da cidade norueguesa de Honefoss, localizada cerca de sessenta quilômetros a nordeste de
Oslo. Graças ao insuspeito Brouè, ficamos sabendo que, expulso da França em junho de
1935, Trotsky encontrou asilo na Noruega graças a uma decisão do governo trabalhista no-
rueguês, que acabara de ganhar as eleições nacionais em 20 de março de 1935: após chegar
em País escandinavo, ele encontrou um asilo estável de 23 de junho de 1935 até agosto
de 1936 na casa do jornalista e parlamentar trabalhista Konrad Knudsen, por sua vez em
boas relações com um simpatizante trotskista norueguês chamado Olaf Scheflo. Também
aprendemos com Broué toda uma série de detalhes significativos sobre as condições mate-
riais e jurídicas da estada de Trotsky em Honefoss. SIDOLE, R. O voo de Piatakov. Dispo-
nível em: https://www.robertosidoli.net/pubblicazioni/trotskij-tradito-da-trotskij/capitolo-
quinto/. Acesso em 20 de Novembro de 2020.
93
A ATUALIDADE DE STALIN
94
KLAUS SCARMELOTO
grande valor porque sua obra é crítica ao comunismo, mas mesmo assim
ele mesmo quando fora da URSS jamais deixou de manter seu depoi-
mento igual, afirmando a justeza do processo. Littepage foi uma testemu-
nha inusitada nos processos de Moscou e que confirma, mesmo sem ser
comunista, as provas favoráveis aos soviéticos. Durante o processo de Ja-
neiro de 1937, o antigo trotskista Piatakov foi condenado como principal
responsável da sabotagem industrial. Littlepage teve ocasião de constatar
pessoalmente que Piatakov esteve envolvido em atividades clandestinas.
Eis o que relatou a este propósito:
Na Primavera de 1931, Serebróvski falou-me de uma missão de gran-
des compras que fora enviada a Berlim sob a direcção de Gueórgui
Piatakov, que era então vice-comissário da Indústria Pesada. Cheguei
a Berlim quase ao mesmo tempo que a missão. Entre outras ofertas
de compra, a missão encomendou várias dezenas de elevadores com
potências entre 100 e mil cavalos-vapor. Esses elevadores eram com-
postos habitualmente por tambores, vigamento, porta-cargas, engre-
nagens, etc., colocados sobre uma base de barras em I ou H.
A missão tinha pedido preços em pfennigs por quilograma. Várias
firmas apresentaram orçamentos, mas havia diferenças consideráveis
- de cinco a seis pfennigs por quilograma — entre a maior parte das
ofertas e duas que apresentaram preços bastantes mais baixos. Estas
diferenças levaram-me a examinar de perto as especificações. Desco-
bri então que aquelas duas empresas tinham substituído a base que
deveria ser em aço leve por outra em ferro, de maneira que, se as suas
propostas fossem aceites, os russos iriam pagar mais, já que a base em
ferro pesava muito mais que a de aço leve, mas pareceria que tinham
pago menos, considerando o preço em pfennigs por quilograma.
Tratava-se claramente de uma manigância e senti natural prazer ao
fazer tal descoberta. Relatei-a aos membros russos da missão com sa-
tisfação. Para meu espanto, não ficaram nada contentes. Chegaram
mesmo a pressionar-me para que eu aceitasse a compra, dizendo-me
que eu tinha compreendido mal a encomenda. Não conseguia expli-
car a sua atitude. Pensei que podia haver ali um caso de suborno.132
No decorrer do processo, Piatakov fez as seguintes falas diante do tri-
bunal:
Em 1931, eu estava numa missão de serviço em Berlim. Em pleno
Verão daquele ano, em Berlim, Ivan Nikítitch Smírnov informou-me
de que a luta trotskista ressurgira naquele momento com nova força
95
A ATUALIDADE DE STALIN
133 Idem.
135 Littlepage, John (1937). In Search of Soviet Gold.. Disponível em: https://archive.org/de-
tails/in.ernet.dli.2015.80968/page/n15/mode/2up. P.6. Tradução nossa. Acessado em 5
de Março.
136 Tzouliadis, Tim, The Forsaken, Penguin, New York, 2008, pp 164-166.
96
KLAUS SCARMELOTO
137 Littlepage, John (1937). In Search of Soviet Gold.. Disponível em: https://archive.org/de-
tails/in.ernet.dli.2015.80968/page/n15/mode/2up. P.6. Tradução nossa. Acessado em 5
de Março.
138 Idem. Pag. 7.
139 Idem. 188-199
140 Idem. 99.
141 Tzouliadis, Tim, The Forsaken , Penguin, New York, 2008, pp 164-166
142 Idem, ibdem.
143 Idem, ibdem.
144 Littlepage, John (1937). In Search of Soviet Gold. Disponível em: https://archive.org/de-
governo havia anunciado que a polícia federal não teria mais o poder de
prender e julgar pessoas sem julgamento público e aberto.
O sucesso de Littlepage lhe rendeu a Ordem da Bandeira Vermelha
do Trabalho e um “Ford” Modelo soviético, este último sendo conside-
rado como um dos presentes mais preciosos da época na URSS. Little-
page retornaria aos EUA várias vezes para recrutar mais engenheiros na
indústria soviética de minas de ouro: na época da Grande Depressão,
nunca havia falta de candidatos dispostos. Muitos dos milhares de tra-
balhadores dos EUA que emigraram para a URSS na época em busca de
trabalho posteriormente foram seduzidos pelo discurso da oposição e fo-
ram posteriormente julgados. 145
Littlepage trabalhou 10 anos na indústria mineira soviética, entre 1927
e 1937, principalmente, nas minas de ouro. No seu livro “In search of So-
viet gold” escreve, “Eu nunca tive interesse pela sutilidade das manobras
políticas na Rússia enquanto as podia evitar; mas tive que estudar o que
acontecia na indústria Soviética para poder fazer um bom trabalho. E es-
tou firmemente convencido de que Stalin e os seus colaboradores levaram
muito tempo até descobrir que os comunistas revolucionários desconten-
tes eram os seus inimigos mais perigosos”. Littlepage escreveu também
que a sua própria experiência confirmava as declarações oficiais de que
uma conspiração conduzida do exterior se utilizava de uma grande sa-
botagem industrial como uma parte de um processo para fazer cair o go-
verno. Já em 1931 Littlepage tinha sido obrigado a constatar isso durante
um trabalho nas minas de cobre e chumbo no Ural e no Cazaquistão. As
minas eram uma parte do grande complexo de cobre-chumbo cujo chefe
máximo era Piatakov, o vice comissário do povo para a indústria pesada.
O estado das minas era catastrófico no que diz respeito à produção e ao
bem-estar dos trabalhadores. A conclusão de Littlepage foi de que havia
uma sabotagem organizada proveniente da direção superior do complexo
de cobre-chumbo.
Surpreendentemente, Littlepage foi um dos poucos imigrantes dos
EUA autorizados a deixar a URSS durante o Terror porque jamais se en-
volvera em qualquer crime. Littlepage deixou a URSS logo após uma
entrevista na embaixada dos EUA em Moscou, em 22 de setembro de
1937, na qual afirmou sua opinião de que o comissário soviético da in-
dústria, Georgy Pyatakov, havia organizado ”destroços”em várias minas
de ouro. Em uma série de artigos para o Saturday Evening Post, Little-
de Março.
145 Tzouliadis, Tim, The Forsaken , Penguin, New York, 2008, pp 164-166.
98
KLAUS SCARMELOTO
146 Idem,ibidem.
147 A,
KAHN; M, SAYERS. A Grande Conspiração: A Guerra Secreta Contra União Soviética.
São Paulo: Brasiliense. 1959. Pag. 264. Sexta Edição.
99
A ATUALIDADE DE STALIN
100
KLAUS SCARMELOTO
148 FURR, G. Trotsky Amalgms: Trotsky’s Lies, the Moscou Trials as Evidence, the Dewey
Commission. Volume One. Erythros Press and Media. PAG. 220-221.
101
A ATUALIDADE DE STALIN
149 RIESS,
C. Os Generais de Hitler Vistos Por Dentro. Editora Prometeu: São Paulo, 1990.
Pag. 205.
102
KLAUS SCARMELOTO
150 CHIAVENATO, J. O Inimigo Eleito. Editora Mercado aberto: Rio grande do Sul, 1985.
Pag, 174-175.
151 RIESS, C. Os Generais de Hitler Vistos Por Dentro. Editora Prometeu: São Paulo, 1990.
Pag.206-210.
152 Joseph Kahn foi um executivo da indústria naval que atuou como presidente da Seatrain
Lines, uma empresa inovadora na forma como os navios transportavam cargas. Kahn, imi-
grou para os Estados Unidos em 1930 da União Soviética. Kahn se alistou no Exército
dos Estados Unidos no início da Segunda Guerra Mundial, ascendendo na hierarquia de
soldado raso a primeiro-tenente.
153 A, KAHN; M, SAYERS. A Grande Conspiração: A Guerra Secreta Contra União Soviética.
103
A ATUALIDADE DE STALIN
105
A ATUALIDADE DE STALIN
160 EMELYANOV, Y. Os Grandes Expurgos: houve uma conspiração militar? Disponível em:
https://www.cienciasrevolucionarias.com/post/houve-uma-conspira% C3% A7% C3% A3o-
militar. Acesso em 20 de novembro de 2020.
106
KLAUS SCARMELOTO
do golpe”161 .
Deve-se levar em conta também que Tukhachevsky e seus associados
contaram com o apoio dos círculos dirigentes da Alemanha nazista
para a realização de um golpe de estado. Assim, em 1936, sendo
Vice-Comissário do Povo para a Defesa da URSS, fez uma visita a Pa-
ris, durante a qual falou abertamente em apoio aos nazis. Assim, as
notas deixadas pelo chefe do departamento de imprensa da embai-
xada da Romênia em Paris E. Shakanan-Essez registram a conversa
de M.N. Tukhachevsky com o ministro das Relações Exteriores da
Romênia, Nikolai Titulescu, durante um jantar oficial na embaixada
soviética. Nesse evento, ele disse o seguinte: “Em vão, senhor minis-
tro, o senhor vincula sua carreira e o destino de seu país aos destinos
de Estados tão antigos e arruinados como a Grã-Bretanha e a França.
Devemos nos orientar para a nova Alemanha. Alemanha, pelo me-
nos por algum tempo, a hegemonia no continente europeu será man-
tida. Tenho certeza de que Hitler significa salvação para todos nós.”
A jornalista francesa Genevieve Tabuy, que esteve presente na recep-
ção, escreveu sobre o mesmo em seu livro ”They Call Me Cassandra”.
Ela observou que ”em um jantar na embaixada soviética, o marechal
russo conversou muito com Politis, Titulescu, Herriot e Boncourt...
Ele tinha acabado de visitar a Alemanha e foi espalhado em elogios
ferozes aos nazistas”. Ele lembra como Tukhachevsky falou sobre a
desejável aliança das grandes potências com Hitler, enfatizando sua
invencibilidade. Um dos participantes do jantar oficial, um ilustre
diplomata, em conversa com um jornalista ao sair da embaixada, ex-
pressou a esperança de que ”nem todos os russos pensem assim”. que
Hitler significa salvação para todos nós.162
As obras de Trotsky foram legalmente disseminadas sob os regimes
fascistas da Itália, Alemanha, Espanha e Polônia. O Diário de Goebbels
revela com propriedade algum nível de proximidade entre os nazistas
que operaram em nome de Trotsky na URSS, nesta avaliação, deve se
partir do pressuposto que seria impossível operar em nome de Trotsky
sem mínimo de colaboração mútua com o movimento trotskysta:
O nosso transmissor de rádio clandestino da Prússia Oriental para a
Rússia desperta enorme reboliço. Opera em nome de Trotsky e da
o que fazer a Stalin”. Logo depois do desencadeamento da opera-
ção barbarossa, o chefe dos serviços secretos de propaganda do III
161 Idem.
162 CHISTY, M. Os Grandes Expurgos: a tentativa de golpe militar em 1937 a luz de novos
fatos. Disponível em: https://www.cienciasrevolucionarias.com/post/os-grandes-expurgos-
a-tentativa-de-golpe-militar-em-1937-a-luz-de-novos-fatos. Acesso em 20 de novembro de
2020.
107
A ATUALIDADE DE STALIN
163 Goebbels, apud in: LOSURDO, D. Stalin História Crítica de uma lenda negra. Rio de Ja-
neiro: revan, 2010. Pag 89-90.
164 CHISTY, M. Sobre o Conluio dos Contrarrevolucionarios de Trotsky e bukharin com os
109
A ATUALIDADE DE STALIN
168 Idem.
169 A.B. Martirosyan escreve que o documento correspondente foi preparado “com base em
110
KLAUS SCARMELOTO
vários dados de inteligência obtidos pela inteligência militar, principalmente por meio de
agentes, inclusive documentais”. Além disso, o autor enfatiza que “a base principal do rela-
tório foi um memorando elaborado por ordem do Estado-Maior francês, cujo autor foi um
dos ex-oficiais da Guarda Branca.” Mais longe “O 2º Bureau do Estado-Maior da França
enviou uma cópia deste memorando à liderança da inteligência militar da Tchecoslováquia
como um serviço especial aliado. E que, por sua vez, no âmbito do então acordo de coopera-
ção com a inteligência militar da URSS - foi assinado como um anexo secreto ao tratado de
assistência mútua para repelir agressões - o apresentou ao conteúdo dos colegas soviéticos.”
É bastante claro que os ”líderes militares”significavam Tukhachevsky, Yakir, Uborevich e
outros. Sabe-se que foram representantes do bloco trotskista nas fileiras do Exército Ver-
melho. Fizeram preparativos para um golpe militar, coordenando suas ações com Trotsky,
com Krestninsky, com Bukharin, com Rosengolts e com outros líderes.
111
A ATUALIDADE DE STALIN
170 Idem.
171 Serviço secreto pessoal de Stalin (inteligência estratégica e contraonagem): coleta de
relatórios, mensagens especiais, certificados e dissertações de doutorado, pessoal de in-
teligência pessoal e contra-onagem Stalin / Vladimir Vakhaniya. - Moscou: Svarog, 2004
(GUP Smirnov, V.I. Tipo Regional Smirnov).Idem.;;
172 Idem.
173 Idem.
174 Idem.
112
KLAUS SCARMELOTO
175 Idem.
176 Idem.
177 Martin Bormann (Wegeleben, 17 de junho de 1900 — Berlim, 2 de maio de 1945) foi um des-
113
A ATUALIDADE DE STALIN
com a URSS. Segundo o autor, ele “fez de tudo para evitar a guerra, ou
pelo menos reduzir as consequências destrutivas em sua primeira fase,
considerando “a decisão de Hitler foi uma loucura”182 .
Com bases nessas informações, devemos concluir que “é possível que
eles possam transmitir informações à inteligência soviética sobre o acordo
concluído entre os trotskistas e o governo hitlerista, que, por sua vez, for-
mou a base da mensagem especial acima mencionada, transmitida pelo
agente I.V. Lavrov. a Stalin em fevereiro de 1936”183 .
Há também a entrevista de confirmação do Neto de Trotsky, que afir-
mou ou pelo menos teria deixado escapar a existência da conspiração:
Além da inteligência soviética e francesa acima, os materiais da inves-
tigação do caso de M.N. Tukhachevsky e G.G. Bagas, também temos
as informações da L.D. Trotsky Esteban Volkov. Na segunda edição
da revista ”Russian Yearbook”de 1990, você pode encontrar um ar-
tigo muito interessante chamado ”The Mystery House em Koyokan,
ou Leon Trotsky no exílio ...”. V. Leskov, correspondente do Ros-
siyskiy Yearnik, apresenta o conteúdo de uma entrevista com E. Vol-
kov,184 publicada na oitava edição da Moskovskiye Novosti em 1989.
Por exemplo, o neto de Bronstein disse que Lev Davidovich ”freqüen-
temente iniciava discussões em voz alta com seus camaradas, vivos e
mortos”.
Volkov se lembrou de alguns momentos das conversas de seu avô com
pessoas próximas a ele:
- “A esperança para as massas dos trabalhadores agora é ruim. A
classe trabalhadora agora está cheia de sentimentos reacionários, en-
tão às vezes isso vem contra nós. Devemos ser capazes de restringir o
trabalho fracional por um tempo, sem abandonar nossas ideias, ten-
tando ao mesmo tempo ganhar confiança de Stalin”;
- “opor-se a Stalin em tudo, culpá-lo pessoalmente por todos os fracas-
sos, mas ser sempre o primeiro a gritar da tribuna “Viva o camarada
Stalin! ”;185
182 Idem.
183 Idem.
184 Naquela época ele morava no México, cuidava da casa-museu de seu avô, que era subsidiado
pelo governo deste país / V. Leskov. ”The Mystery House in Koyokan, or Leon Trotsky in
Exile”// Russian Yearbook. Moscou, ”Rússia Soviética”, 1990. Idem.
185 Ou seja, confirma-se o fato da intenção dos associados de Trotsky na URSS de infiltrar
114
KLAUS SCARMELOTO
taram se infiltrar nas fileiras dos partidos comunistas dos países libertados pela União So-
viética da ocupação nazista durante a Segunda Guerra Mundial. Idem.
115
A ATUALIDADE DE STALIN
189 Idem.
190 A,
KAHN; M, SAYERS. A Grande Conspiração: A Guerra Secreta Contra União Soviética.
São Paulo: Brasiliense. 1959. Pag 33. Sexta Edição.
116
KLAUS SCARMELOTO
191 Idem.
192 Idem. Pag. 206.
117
A ATUALIDADE DE STALIN
193 HAYWOOD, H. Dias de Trotsky no Tribunal apoud in: Sobre o Trotskysmo. Editora ciên-
cias revolucionárias: São Pauo. 2017, Pag. 100-110.
118
KLAUS SCARMELOTO
119
A ATUALIDADE DE STALIN
195 DU
BOIS, W.Sobre Stalin. Apud in: Em defesa de Stalin. Editora ciências revolucionarias.
2019. Pag 60.
120
KLAUS SCARMELOTO
121
A ATUALIDADE DE STALIN
122
KLAUS SCARMELOTO
123
A ATUALIDADE DE STALIN
124
KLAUS SCARMELOTO
197 SORIA, Georges. Trotskyism in the Service of Franco. Disponível em: https://neo-
democracy.blogspot.com/2016/11/trotskyism-in-service-of-franco.html e http://neodemo-
cracy.blogspot.com/2016/11/trotskyism-in-service-of-franco-p2.html. Acesso em 20 de fe-
vereiro de 2020.
125
A ATUALIDADE DE STALIN
127
A ATUALIDADE DE STALIN
130
KLAUS SCARMELOTO
132
KLAUS SCARMELOTO
fevereiro de 2020.
214 Arquivo Geral do Ministério das Relações Exteriores, série renovada de Barcelona,
133
A ATUALIDADE DE STALIN
também escreveu que a crise havia sido causada pelos anarquistas e pelo
POUM. . . Acredita-se geralmente que muitos deles eram agentes de Fran-
co”215 .
Hoje é comum que anarquistas e trotskistas se gabem de terem atra-
palhado o processo revolucionário na Espanha. ´Por meio da tentativa
de ressignificação da história a apresentam como uma daquelas revolu-
ções que, atualmente, convencionou-se chamar de “revolução colorida”
(conceito problemático, mas que será discutido em outra oportunidade).
E é mais surpreendente que essa “revolução” tenha sido celebrada e diri-
gida nas sedes de Hitler, Mussolini e Franco. Os fascistas tinham plena
consciência de que em Barcelona não havia nada com que se preocupar,
que o verdadeiro inimigo estava no campo de batalha e que a tentativa de
Barcelona só poderia beneficiá-los. Tudo o que prejudicou a República
e a Frente Popular interessou aos fascistas. É por isso que o governo re-
publicano e a Frente Popular — não apenas os comunistas — esmagaram
a traição. García Oliver escreve em suas memórias:
A revolução não poderia derivar dessa rebelião sem cabeça. A vitória
foi alcançada abafando aquela rebelião absurda. A vitória não poderia
vir daquela rebelião sem cabeça. A vitória foi alcançada sufocando aquela
rebelião absurda. Em breve encontro, os delegados da CNT e da UGT
concordaram que deveríamos entrar em contato com as pessoas das barri-
cadas e dos centros transformados em fortes. Entre em contato com eles
e peça que se desarmem, parem de lutar, diga-lhes que esperem até que
os problemas pendentes possam ser levantados e resolvidos nas conver-
sas que se iniciariam na Generalitat da Catalunha. Companys assentiu,
sem demonstrar entusiasmo. E foi então que falamos com os combaten-
tes pelo rádio. Um após o outro nós da CNT e da UGT falamos: ”Cessar
fogo!”era o slogan geral. Muitos foram os que apoiaram os apelos por
um cessar-fogo! Muitos que, das barricadas, foram para suas casas. Eles
foram falados em nome da CNT, da FAI e da Juventude Libertária. E em
nome da UGT.216
Os comunistas estavam — e nós — concordamos com isso: não foi uma
revolução, como agora afirmam os anarquistas e trotskistas, e teve de ser
sufocada. O arcabouço teórico antileninista possui, na sua essência, a dis-
solução das questões concretas, guia-se pelo espontaneísmo que leva a se
215 BOWERS, C. My Mission to Spain: Watching the Rehearsal for World War II. Apud in:
POUM, Traición a la República. https://bit.ly/3l63gt1. Acesso em 20 de fevereiro de 2020.
216 GARCIA, Oliver. El eco de los passos. Ruedo Ibérico de edciones e publicacio-
nes. Pág. 425. Disponível em: http://www.fondation-besnard.org/IMG/pdf/Garcia_Oli-
ver_El_eco_de_los_paso Acesso em 20 de fevereiro de 2021.
134
KLAUS SCARMELOTO
217 MOSELEY, Ray. O conde Ciano. A Sombra de Mussoline. Editora: globo, São Paulo. Pag.
71.
135
A ATUALIDADE DE STALIN
Stalin e Democracia
A URSS do período staliniano era o único país do mundo, naquele
período, onde o conceito de democracia era socialmente eficaz, onde um
verdadeiro poder popular foi criado, onde os valores humanos eram re-
alizados não no papel, mas na prática. Esses direitos do povo soviético
foram garantidos pela Constituição aprovada no VIII Congresso Extra-
ordinário dos Sovietes da URSS.
Vale ressaltar que 42% dos trabalhadores, 40% dos camponeses e 18%
dos empregados estiveram presentes no congresso.
A Constituição aprovada, neste congresso, foi a única Constituição do
mundo, talvez ainda hoje, que não declarou a si própria como um pro-
jeto para o futuro, comum interpretação viável ao fato de que a maioria
das constituições capitalistas contém pouca, ou nenhuma, eficácia social.
Os juristas como Canotilho, criaram todo um arcabouço teórico para es-
conder o fato de que, no capitalismo, as normas não possuem eficácia
social.
Apesar da realidade econômica e jurídica demonstrar no capitalismo
que a desigualdade vem aumentando, e que os mecanismos constitucio-
nais mais coabitam com ela do que a excluem, existem juristas que mais
justificam essas superestruturas para esconder que elas são geradas pela
218 CANALI, M. Le spie del regime. Biblioteca Storica Bolonha, 2004, página 170
136
KLAUS SCARMELOTO
223 WEBB, S, B. A URSS UMA NOVA CIVILIZAÇÃO. Editorial Calvino, rio de janeiro.1938.
Pag. 388. Disponível: http://www.grabois.org.br/uploads/arquivos/1487180319.pdf.
Acesso em 20 de fevereiro de 2021.
139
A ATUALIDADE DE STALIN
226 THURSTON, R. Life and Terror in Stalin’s Russia. 1934-1941. New Haven, 1996. p. 192
141
A ATUALIDADE DE STALIN
142
KLAUS SCARMELOTO
227 DARCY, S. Como funcionava a democracia soviética nos anos 30. Disponível em:
http://www.hist-socialismo.com/docs/DarcyDemocraciaURSS30.pdf. Acesso em 20 de
março de 2020. Pag.2.
143
A ATUALIDADE DE STALIN
228 idem,ibdem
229 STRONG, A. AS MULHERES NA ERA STALIN https://anovademocracia.com.br/no-
7/1217-as-mulheres-na-epoca-de-stalin. Acesso em 20 de outubro de 2020.
144
KLAUS SCARMELOTO
145
A ATUALIDADE DE STALIN
230 Idem.
231 POPOVA, N. Women of the World Fight for Democracy Against Warmongers. Disponível
em: https://revolutionarydemocracy.org/archive/women.htm. Acesso em 20 de janeiro de
2020.
232 Idem.
233 Idem.
146
KLAUS SCARMELOTO
147
A ATUALIDADE DE STALIN
148
KLAUS SCARMELOTO
149
A ATUALIDADE DE STALIN
de uma empresa de energia elétrica. Pat Sloan se formou em Economia pela Universidade
de Cambridge. Mais informações em: https://grahamstevenson.me.uk/2013/08/23/sloan-
pat/
150
KLAUS SCARMELOTO
250 Texto integral do decreto: “Durante as últimas décadas, o número de mulheres que re-
corre à interrupção artificial da gravidez cresceu tanto no Ocidente como no nosso país.
A legislação de todos os países combate este mal mediante o castigo da mulher que decide
praticar um aborto e do médico que o pratica. Sem proporcionar resultados favoráveis, este
método de luta contra o aborto impulsionou a prática de abortos clandestinos e fez das
mulheres vítimas de charlatães mercenários – e, muitas das vezes, ignorantes – que fazem
das operações secretas uma profissão. Como resultado, quase 50% destas mulheres apa-
nham infecções no decorrer da operação, e quase 4% delas morrem. O Governo operário
e camponês está consciente do mal que esta situação causa à comunidade. Ele combate-o
através da propaganda contra os abortos entre as mulheres trabalhadoras. Ao trabalhar no
sentido do avanço para o socialismo e da introdução da proteção à maternidade e à infân-
cia, em grande escala, sente-se seguro de conseguir a desaparição gradual deste mal. Mas,
na medida em que ainda sobrevivem preconceitos morais do passado e dado que as difíceis
condições económicas existentes obrigam muitas mulheres a recorrer a esta operação, os
Comissariados do Povo da Saúde e da Justiça – desejando proteger a saúde das mulheres
e tendo em conta que o método baseado na repressão fracassou, por completo, no atingir
deste objetivo – decidiram:– Permitir que este tipo de operações seja praticado livremente e
sem nenhum custo, em todos os hospitais soviéticos onde as condições necessárias para mi-
nimizar o risco da operação estejam asseguradas.– Proibir absolutamente que quem não seja
médico possa levar a cabo esta operação.– Qualquer enfermeira ou parteira que seja con-
siderada culpada de realizar uma operação deste tipo será privada do direito à sua prática
profissional e julgada por um tribunal popular.– Um médico que leve a cabo um aborto,
na sua prática privada com fins mercenários, será chamado a prestar contas perante um
tribunal popular.”
251 Idem.
151
A ATUALIDADE DE STALIN
Mas o que significa o artigo 1 da lei, que abole a lei anterior para a
permissibilidade de abortos e proíbe abortos?
A lei sobre a permissibilidade de abortos foi aprovada em 1920 na
União Soviética sob a pressão de condições desfavoráveis específicas que
prevaleciam no país naquele momento. A Guerra Civil ainda não havia
terminado. Prevaleceram severas condições de vida econômica e a prin-
cipal tarefa do país que lutava por sua liberdade consistia em usar todas
as forças para a construção de uma nova ordem social. As mulheres como
cidadãs ativas do estado precisavam participar, mesmo que seus deveres
maternos fossem deixados para trás.
Embora o governo tenha reconhecido legalmente a maternidade em
função de mulheres de igual valor como seu trabalho para o estado, o
estado ainda não podia garantir suficientemente as mulheres como mães.
Assim, nessas condições, a lei que permitia o aborto foi aprovada.
Agora a população da União Soviética vive em condições completa-
mente diferentes, mais favoráveis e felizes. O bem-estar das pessoas na
cidade e, em particular, no campo, melhorou bastante nos últimos anos.
A posição das mulheres como em grupos de trabalho coletivo foi forta-
lecida. Chegou a hora do Estado e da sociedade fazerem tudo o que
podem e devem para dar às mulheres a oportunidade de não apenas ter
uma ocupação, mas também de serem mães. (. . . )
Não se pode comparar as condições sob as quais as mulheres na União
Soviética vivem e trabalham com as condições em outros países. Enquanto
o estado da União Soviética não fosse capaz de fornecer assistência com-
pleta, ampla e eficaz para a maternidade, e enquanto a prosperidade
econômica para as grandes massas da população da União Soviética não
fosse garantida, os abortos na União Soviética seriam permitidos por lei.
(. . . )
A lei de 27 de junho na União Soviética foi aprovada após uma ação
extremamente democrática do governo soviético. O projeto desta lei foi
discutido livremente durante um mês inteiro nas fábricas, escritórios, no
campo, etc. Milhares de cartas foram enviadas pelas próprias mulheres e
também pelos homens. A imprensa discutiu a favor e contra a lei e mui-
tas das propostas do projeto foram levadas em consideração na aprovação
da lei. A maioria das mulheres se manifestou a favor da nova lei, princi-
palmente, porque a lei teria um certo efeito na mentalidade dos homens;
devendo aumentar o sentimento de responsabilidade dos homens por cri-
anças e mulheres. As mulheres são calorosas defensoras desta lei. Mas,
parece-me que os homens eram um pouco mais reservados. Isso mostra
152
KLAUS SCARMELOTO
252 KOLLONTAI, A. Sobre a Nova Lei do Aborto (17 de Junho de 1936). Disponível
em: https://www.cienciasrevolucionarias.com/post/2016/05/03/interview-with-an-author-
louis-louis. Acesso em 20 de fevereiro de 2021.
153
A ATUALIDADE DE STALIN
cujas bordas tivessem sido sujas por muitos lábios?”Um divórcio obtém,
facilmente, se uma das partes o deseja; mas frequentemente é condenado
pela opinião pública. O pai e a mãe, ambos têm que prover a manuten-
ção dos filhos e uma mulher divorciada a manutenção do ex-marido, se
este é atacado de moléstia e o Estado não cuida dele como deve. Trinta
e três por cento de todo o operariado da União dos Soviets compõem-se
de mulheres que conseguiram ingressar em todas as profissões; represen-
tam metade dos médicos, um quarto dos pesquisadores científicos e nove
décimos do professorado das escolas. Como cozinhas comunais foram
instaladas no campo e nas cidades bem como máquinas e operárias espe-
cializadas em trabalhos domésticos ajudam no governo das casas, todas
as mulheres podem continuar seus estudos nas suas horas vagas e pensar
no bem do Estado. 253
253 Ludwig,E. Stalin. Apud In: Org. Scarmeloto, K. Em Defesa De Stalin: Textos Biográficos.
Ciências Revolucionárias. São Paulo, 2020. Pag. 181-182.
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254 Stalin; Antissemitismo: Resposta a uma Consulta da Agência Judaica Telegráfica nos
Estados Unidos. Disponível em: https://iglusubversivo.wordpress.com/2012/03/11/stalin-
antissemitismo-resposta-a-uma-consulta-da-agencia-judaica-telegrafica-nos-estados-
unidos/ Acesso em 20 de fevereiro de 2020.
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261 Ibidem.
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262 APPLEBAUM, Anne. GULAG Uma História dos Campos de Prisioneiros Soviéticos. São
Paulo: Ediouro. Pag. 37.
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263 APPLEBAUM, Anne. GULAG Uma História dos Campos de Prisioneiros Soviéticos. São
Paulo: Ediouro. Pag. 92.
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264 LOSURDO, Domênico. Stalin História Crítica de uma Lenda Negra. Rio de Janeiro: Re-
van, 2010. Pág. 166.
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265 ZEMSKOV, V. Stalin e o povo Por que não houve um levante?. Disponível em: https://sta-
linism.ru/dokumentyi/stalin-i-narod-pochemu-ne-bylo-vosstaniya.html?start=1. Acesso em
21 de fevereiro de 2021.
266 Idem Ibidem.
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O massacre de Katyn
Um grande número de prisioneiros de guerra poloneses morreu no
massacre de Katyn em circunstâncias misteriosas. Acredita-se agora, em
todos os meios de comunicação, principalmente em todos os aparelhos
hegemônicos privados, que o NKVD soviético executou esses fuzilamen-
tos em massa. Mas esta é toda a verdade?
Quando se verifica a historiografia burguesa hoje, inevitavelmente,
todas sentenciam que a União Soviética foi a responsável pelo massacre
de Katyn, pela morte de milhares de oficiais poloneses e esta narrativa é
repetida com tanta convicção e constância que tentar impugná-la faz qual-
quer um parecer um nazista revisionista tentando negar o holocausto de
judeus de Hitler. Após a queda da União Soviética, Gorbachev juntou-
272 FURR, G. The Mystery Of Katyn: The Evidence The Solution. Erythros Press and Media,
LLC 2018. Pag. 42,43.
273 GOEBBELS, J. The Goebbels Diaries 1942 – 1943. Doubleday 8c Company, Inc. Garden
viethistory.msu.edu/1943-2/katyn-forest-massacre/katyn-forest-massacre-texts/report-of-
soviet-special-commission/. Acesso em 20 de março de 2021.
275 Idem. Ibidem.
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Tal pedido nunca teria sido feito. O Politburo não tinha autoridade para
fazer tal ordem. O único órgão capaz de emitir uma ordem de execução
era o Soviete Supremo da URSS, especificamente a Suprema Corte da
URSS. Somente por decisão da Suprema Corte é que uma execução pode
ser realizada. O Tribunal também estabeleceu “troikas” especiais, que por
autoridade do Tribunal tinham o poder de condenar à execução. Nesse
documento, Beria pede ao Politburo que crie uma “troika” para condenar
as pessoas à morte. Era impossível! Só uma decisão do Supremo Tribunal
poderia ter criado tal “troika”. Um exemplo de como tal processo foi rea-
lizado, aconteceu em 1941. O avanço alemão ameaçava capturar a prisão
de Orel, onde membros importantes de grupos anti-soviéticos estavam
detidos. Não poderia ser permitido que caíssem nas mãos dos alemães,
que os usariam contra a URSS. Portanto, foi convocada uma reunião do
Supremo Tribunal Federal, onde emitiu uma ordem de execução, e só en-
tão os presos foram executados. Mesmo na época mais premente, 1941,
o império da lei soviética não foi violado. Então, por que Beria estava
pedindo tal decisão ao Politburo?
A pergunta deve ser feita: por que o falsificador cometeu tais erros?
A razão para eles é que o falsificador usou um documento original de Be-
ria para o Politburo. O falsificador precisava de um documento original
para ter um número de documento e manter o mesmo estilo caracterís-
tico de Beria. Ele não mudou a primeira página, exceto para adicionar
os nomes de Kaganovich e Kalinin (que o falsificador pensava que de-
veriam estar lá). No entanto, o falsificador mudou a segunda página,
a pedido de Beria. Assim, no documento original de Beria lia-se “... o
NKVD acha necessário propor à Comissão Especial do NKVD ...” Então
faria sentido. O falsificador, no entanto, destituiu a Comissão Especial,
pois sua decisão foi condenar os policiais a no máximo 5 anos de prisão.
Portanto, no documento original, o pedido de Beria não era para execu-
tar os presos, e, portanto, discordam da conclusão da Comissão Especial.
Estava de acordo com a Comissão Especial. Em vez de ordenar uma exe-
cução, o documento original deveria ter lido “com a aplicação a eles da
pena de 5-8 anos de prisão, conforme especificado pela Comissão Espe-
cial do NKVD”. Além disso, no original não havia nenhum pedido para
a criação de uma troika. Só então esse documento faria sentido. Estava
apenas pedindo aos membros do Politburo que concordassem em permi-
tir que o NKVD propusesse à Comissão Especial do NKVD a transferên-
cia de arquivos para eles e que o NKVD propusesse à Comissão Especial
a realização de sua investigação de indivíduos sem seus presença e sem
a presença de sua representação. Este pedido original do documento é
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277 Mais informações sobre a análise de Molokov da “carta de Beria” podem ser encon-
tradas aqui neste link: “http://katynmassakern.blogspot.com/2010/07/katyn-berias-letter-
was-written-on-two.html”.
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279 Smith Joseph, Portrait of a cold warrior, Ballantine books, Nova Iorque, 1976, pp. 164 e
80.
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280 Ver LOSURDO, D.A produção das emoções é o novo Estágio de Controle da
Classe dominante. Disponível em https://operamundi.uol.com.br/politica-e-
economia/31615/losurdo-producao-das-emocoes-e-novo-estagio-do-controle-da-classe-
dominante. Acesso em 20 de maio de 2020.
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281 LOSURDO, D. Guerra e revolução: o mundo um século após Outubro de 1917: São Paulo,
2018.Pag.176-7, 309 e 168.
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282 PIKHALOV, IGOR. Qual a Escala das repressões de Stalin?. Disponível: https://stali-
nism.ru/repressii/kakovyi-masshtabyi-stalinskih-repressiy.html. Acesso em 20 de maio de
2020.
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adequadas.
Desta crítica global, alguns entenderam que Stálin não tinha tratado
bem as contradições com Bukhárin e acabaram por abraçar a linha polí-
tica social-democrata de Bukhárin.
Os camaradas chineses erroneamente afirmaram que Stálin se intro-
meteu muitas vezes nos assuntos de outros partidos e que lhes negava a
sua independência, o que é completo absurdo, haja vista que ele expres-
sou inúmeras vezes o direito das republicas soviéticas requererem sua in-
dependência, e nunca fez frente a soberania da Finlândia em 1917, da
Hungria em 1919, nem da Dinamarca e de uma série de ex-republicas
cujos czaristas exerceram domínio. Desta crítica geral, alguns concluí-
ram que Stálin tinha condenado equivocadamente a política de Tito e
terminaram por aceitar o titismo como a forma específica jugoslava sem
entender que o rompimento com os soviéticos se devia aos alinhamentos
com os EUA, que inclusive, atrapalharam em muito a revolução na Grécia
e na Itália.
As oscilações e os erros ideológicos sobre à questão de Stálin que
acabamos de referir seguiram-se em quase todos os partidos marxista-
leninistas.
Podemos tirar uma conclusão de ordem geral. Para ajuizarmos so-
bre todos os episódios do período 1923-1953 é necessário esforçarmo-nos
para conhecer integralmente a linha e a política defendidas pelo partido
bolchevique e por Stálin. Não se pode subscrever nenhuma crítica à obra
de Stálin sem verificar os dados fundamentais da questão e sem se conhe-
cer a versão apresentada pela direção bolchevique, os arquivos abertos
em 1991 e os historiadores que se debruçam sobre isso. Jamais devemos
estudar um país somente em vista do grande debate entre os países, é
necessário conhecer os meandros internos.
No fundo, todos esses problemas, aconteceram se valendo de Stalin
como bode expiatório, o revisionismo o acusou, mas a realidade o revisi-
onismo também negou. Por isso finalizamos este aporte afirmando que
o estudo criterioso da obra de J. V. Stalin, e do período em que ele vi-
veu sempre por fontes novas, longe de ser tarefa meramente acadêmica,
nem tampouco fonte para pinçar citações isoladas para defender posi-
ções dogmáticas, é uma necessidade imperativa a todos aqueles que se
pretendem marxista-leninistas, patriotas ou progressistas. Se apropriar
da rica experiência da Revolução Russa e da produção teórica de um dos
seus dirigentes mais destacados, compreender a luta ideológica travada
entre os bolcheviques e outras correntes danosas à luta do proletariado,
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Anexos
10.01.1939
N◦ 26
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PCUS exige que os secretários dos comitês regionais e do Comitê Central dos Par-
tidos Comunistas Nacionais sejam guiados por esta explicação ao fiscalizarem os
empregados da NKVD.
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26 de janeiro de 1939
�58
Extremamente secreto
ANDREY VYSHINSKY
Próximo documento
27 de janeiro de 1939.
Cópia.
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283 Org.Scarmeloto, K. Em defesa de Stalin. Ciências Revolucionarias. São Paulo, 2020. PAG.
276-278.
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Notas
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Homossexualidade e Stalin
A Homofobia na era Stalin é um tema reiterado de confusões e opor-
tunismos utilizados para de um lado glorificar Lenin e de outro apedrejar
Stalin. O fato de uma simples lei ter vigorado nos tempos de Stalin acerca
da homossexualidade serve de pretexto para afirmar que ele odiava Gays.
Mas, pessoalmente, isso não verdade, conforme demonstraremos.
Em qualquer âmbito tal premissa é, por sua própria espécie, descon-
textualizada e enganadora. O que precisa ser evidenciado é que a opinião
médica e legal soviética sobre o assunto naquela época não era tão distante
do que ciência do período no mundo pregava, sobre a homossexualidade
era a falsa ideia de que se tratava de uma desordem psicossexual, uma
forma de transtorno mental. Além disso, homossexualidade era sinô-
nimo reiterado de pederastia, pedofilia, estupro, zoofilia, então a com-
preensão do conceito, levava a carga dessas palavras também. Assim, no
decorrer dos anos 1930 houvera “argumentos” bastante infundados de
que tentaram ligar a homossexualidade ao fascismo, considerando espe-
cialmente que muitos dos Camisas Marrons de Hitler eram homossexuais.
Péssimo como se apresenta atualmente, o problema deve ser visto his-
toricamente.
A ciência evoluiu muito, principalmente, após a morte de Stalin que
morreu antes da chamada revolução sexual e sequer chegou a conhecer
os percursores desses avanços
Foi somente no decorrer de 1975 que a Associação Americana de Psi-
cologia em si que parou de classificar homossexualidade como uma do-
ença mental. Cobrar que Stalin, ou a União Soviética dos anos 30, esti-
vessem a frente dessa luta para promover os avanços em ciência médica e
psicológica ocorridos em 40 anos no futuro é ou ingenuidade ou malícia.
É importante notar que a RDA (Alemanha Oriental) teve uma política
mais humana e positiva a respeito da homossexualidade. Isso explica
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Isso com certeza não significa que houve qualquer efeito real. Isso cer-
tamente também não é um aspecto relevante sobre o qual se possa fazer
julgamentos objetivos e apurados a respeito da sociedade soviética.
Lembram-se de que quando leis proibitivas passavam na America dos
anos 1920? Ninguém dava a mínima e todos enchiam a cara de qualquer
forma e a mesma coisa está acontecendo hoje com um monte de leis cria-
das por todo o mundo; leis criadas com o exclusivo propósito de promoção
política e apaziguamento social ao invés de realmente tentar conquistar
algo prático em relação à sociedade na qual são implementadas. Haviam
gays na URSS independentemente de quaisquer leis aprovadas e se existe
qualquer documento provando que pessoas foram presas e perseguidas
por homossexualidade na URSS eu gostaria de vê-los, do contrário eu
nem sei do que estamos falando aqui
A lei contra sexo com menores foi incluída na pós-1933 proibição da
homossexualidade masculina enquanto uma lei contra lésbicas nunca foi
promulgada. Haviam lésbicas assumidas entre os membros do Partido
Comunista, assim como no exército soviético. Não existem documentos
provando que qualquer um foi preso por homossexualidade masculina
adulta, apenas por pedofilia, caso em que a pena era de 5 anos e continua
sendo de 5 anos. O diretor de filmes favorito de Stalin, Sergei Eisenstein
também era homossexual. Entretanto isso não o impediu de receber nu-
merosos prêmios soviéticos incluindo o Prêmio Stalin de Estado por suas
conquistas artísticas.
A lei promulgada em 1933 era vaga? Sim. Era retrógrada e inapu-
rada, submetida à exploração? Sim. A homofobia na URSS é descrita
de forma exagerada por parte de comunistas anti-soviéticos e por racistas
borderline russófobos? Com certeza sim. Eu tenho um amigo que viveu
em Kiev e visitou bares gays ocasionalmente e ele nunca percebeu qual-
quer homofobia que fosse excepcionalmente óbvia e singular para o povo
eslavo somente. Existem 3 baladas gays que estão a 15-20 minutos de
caminhada da Praça da Independência. Sim, gays crossdresser foram es-
pancados ocasionalmente nas ruas; e sim eu acredito que eslavos orientais
são menos abertos a atividade homossexual do que, digamos, pessoas em
Amsterdam, mas definitivamente não existe ofensiva governamental ou
nacional contra gays lá. A maioria das pessoas não poderia se importar
menos de qualquer forma.”
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A ATUALIDADE DE STALIN
Ver Bibliografia
Halona, E. mulher trans e prima de Stálin, desmistifica o “terror” con-
tra os LGBTs na URSS: https://groups.google.com/forum/#!topic/cuba-
coraje/LDSG-ZN-T84
Qual foi o papel do próprio Stalin na (re) criminalização do aborto e
da homossexualidade ocorrida durante seu governo? Ele abordou qual-
quer um deles em seus escritos teóricos anteriores? Disponível em:
https://stalinsociety.tumblr.com/post/100596496155/what-role-did-stalin-
himself-play-in-the
BUONICORE, A. Os marxistas e a homossexualidade 27 de janeiro de
2020, disponível em: https://www.marxists.org/portugues/buonicore/2-
020/01/27.htm
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