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Gestão de riscos no setor público:

revisão bibliométrica e proposta de


agenda de pesquisa

Dyego Alves da Silva


Jeovan Assis da Silva
Gustavo de Freitas Alves
Carlos Denner dos Santos

Universidade de Brasília (UnB), Brasília – DF, Brasil

A gesão de riscos em se ornado reerência de boa governança corporava ao redor do mundo,
ano no seor privado quano no seor público. A adminisração pública brasileira em esado
aena a esse movimeno e, com visas ao aprimorameno dos serviços públicos, diversos manuais
e normavas sobre gesão de riscos esão sendo elaborados e aplicados. Em conraparda, parece
haver pouca reexão acadêmica nacional sobre o ema, o que despera preocupação com a
disseminação de prácas organizacionais sem lasro eórico-empírico. Nesse conexo, o objevo
dese argo é mapear a produção cienca nacional sobre gesão de riscos no seor público e
apresenar uma revisão bibliomérica das publicações disponíveis em periódicos de classicação
Qualis da Capes nos esraos B2 ou superior na área de adminisração. Um oal de cinco
publicações oram escolhidas, denre as 941 analisadas, reendo a escassa produção sobre o
ema. Vericou-se que os argos idencados se limiaram a recores muio especícos da gesão
de riscos, não correspondendo às quesões e aos desaos da implemenação das meodologias
em nível organizacional e esraégico nos órgãos públicos. Ao nal, oi proposa uma agenda de
pesquisa para o início do preenchimeno dessas lacunas.
Palavras-chave: seor público, bibliomeria, governança pública, gesão de riscos

DOI: htps://doi.org/10.21874/rsp.v72.i4.3991 | ISSN: 0034-9240 |E- ISSN: 2357-8017


[Submetdo: 28 de agoso de 2019. Aprovado: 12 de abril de 2021.]

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Gestão de riscos no setor público: revisão bibliométrica e proposta de agenda de pesquisa

Gestón de riesgos del servicio público: bibliomería y propuesa de agenda de


investgación
La gesón de riesgos se esá convirendo en una reerencia sobre el buen gobierno corporavo.
Tano el secor público como el privado se benecian de ese marco. Recienemene, la
adminisración pública brasileña esá adopando esas herramienas y écnicas para mejorar el
conrol inerno y brindar mejores servicios públicos. A pesar de la diusión de la gesón de riesgos
en la adminisración pública, no se encuenran sucienes arculos académicos y reerencias para
apoyar a los gerenes con apoyo eórico y pisas de experiencia sobre la implemenación de esas
meodologías denro del conexo público. En ese conexo, el objevo de ese rabajo es invesgar
la producción académica brasileña clasicadas en el esrao B2 o superior de CAPES en el campo de
la gesón. Se seleccionaron un oal de cinco publicaciones enre 941 arculos analizados debido al
ema principal de la invesgación, que muesran la ala de publicaciones sobre la implemenación
organizacional de la gesón de riesgos en el secor público. Finalmene, se propuso una agenda de
invesgación para manejar esa brecha de invesgación.
Palabras-clave: secor público, bibliomería, gobernanza pública, gesón de riesgos

Public Service Risk Management: bibliometrics and a proposed research agenda


Risk Managemen is becoming reerence on good corporae governance. Boh public and privae
secors bene rom his ramework. Recenly, Brazilian public adminisraon is adopng hose
ools and echniques o improve inernal conrol and o deliver beter public services. Despie
he diusion o risk managemen on public adminisraon, no enough academic arcles and
reerences are being ound o suppor managers wih heorecal suppor and experience clues on
he implemenaon o hose mehodologies wihin public conex. In his conex, he objecve o
his work is o invesgae he Brazilian academic producon classied in sraum B2 or higher o
CAPES in he eld o managemen. A oal o ve publicaons were seleced among 941 arcles
analyzed due o he research main heme, showing a lack o publicaons on risk managemen
organizaonal implemenaon a he public secor. Finally, i was proposed a research agenda o
handle his research gap.
Keywords: public secor, bibliomerics, public governance, risk managemen

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1 Introdução
A gesão de riscos em se ornado uma reerência de boa governança corporava
ao redor do mundo (P; S; S; S, 2009). A adoção dessa práca se re-
vela parcularmene imporane no seor público, uma vez que reee o anseio da popu-
lação por serviços mais seguros e padrões de vida mais elevados, assim como caalisa um
desejo de aprimorameno de processos decisórios em conexos de incereza, de modo
a maximizar benecios e minimizar cusos para a sociedade (H, 2006). Gerir riscos, em
ouros ermos, eria o poencial de razer a melhoria dos serviços presados e da gesão
dos recursos governamenais, que seriam raduzidos em maior bem-esar da população.
Por meados de 2016, para o seor público, a gesão de riscos em deixado de ser
visa apenas como uma erramena écnica, para se ornar um modelo direcionador de
gestão, abrangendo valores e ideais como accountability, entendido como prestação
de conas e responsabilização, rearmando princípios do movimeno da Nova Gesão
Pública (A, 1997; A, 1997; A; N; C; S; S’A; S,
2017; D; C, 2017; P, 2007). E, do pono de visa da Nova Governança
Pública, uma lieraura recene enxerga a necessidade da gesão de risco para o aprimo-
rameno das capacidades insucionais de uma organização pública, uncionando como
mecanismo para oralecer a legimação, gerar ransparência e propiciar maior conrole
social (M, 2013).
A gesão de riscos no seor público mosra-se parcularmene avançada na Grã-
-Breanha, Canadá, Esados Unidos, Ausrália e Nova Zelândia. Em 2001, no Reino Unido,
o Tesouro briânico elaborou documeno inulado “Gesão de Risco: uma visão esraégi-
ca”, que cou conhecido como Livro Laranja (Orange Book) e que ornece elemenos para
o desenvolvimeno e a implemenação de processos de gesão de riscos nas organizações
governamenais daquele país (B, 2005). No Canadá, a secrearia de esouro (Treasury
Board of Canada Secretariat) desenvolveu mecanismos quano aos riscos nanceiros, au-
dioria inerna, aquisição de serviços, ecnologia da inormação e ouros (C, 2010).
Em ouros casos, a gesão de risco ambém em se diundido em países como Polônia
(R; T, 2017) e Iália (S; R; H, 2017). Ambos os países
já conam com legislações que obrigam sua implanação no seor público, inclusive a par-
r de direrizes da União Europeia.
A lieraura inernacional apona que, a despeio de direrizes regulaórias, pouco
em sido eio de concreo para esabelecer sisemas de conrole inernos públicos

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baseados em gesão de riscos e que a mera inrodução de modelos não seria suciene
para criar as condições para implemenar prácas inovadoras em organizações públicas
(S; R; H, 2017). Aliás, se geridos inadequadamene, os sisemas
de gesão de risco podem criar incerezas adicionais nas organizações e avorecer
comporamenos oporuníscos de aores individuais procurando, por exemplo, aasar-
se de responsabilidades (A; A; A, 2010; P, 2007, 2009).
Desde 2012, a parr de iniciavas da Conroladoria-Geral da União (CGU), a
adminisração pública ederal brasileira em se aproximado de meodologias de gesão
de riscos operacionais (B, 2017b). O Minisério do Planejameno e a CGU publicaram
a Insrução Normava Conjuna nº 01/2016 (B, 2016a), que dispõe sobre a
obrigaoriedade da sisemazação de prácas de gesão de riscos para a oalidade dos
órgãos e endades do Poder Execuvo ederal.
Em visa do que precede, a presene pesquisa considera relevane debaer a
produção cienca nacional acerca do ema de gesão de riscos no seor público,
considerando a unção da academia de criar e disseminar o conhecimeno. Ese argo
em como objevo invesgar o perl da produção acadêmica sobre o ema de gesão
de riscos divulgada em periódicos classicados em esraos B2 ou superiores do sisema
Qualis da Capes em Adminisração, no quadriênio 2013-2016, com visas a ober argos
de melhor qualidade. Jusca-se realizar ese esudo, pois em busca exensiva em mais
de 70 periódicos ulizados como base para esa pesquisa (vide Apêndice I), em ouubro
de 2017, não oi localizado esudo bibliomérico versando sobre esse ema. Esa pesquisa
buscou, por meio de uma análise bibliomérica, razer uma compilação sobre o assuno,
possibiliando assim o surgimeno de compreensões que sejam de ulidade para a
comunidade acadêmica e para os prossionais da adminisração pública.
Diane desse conexo, esa pesquisa esabeleceu como quesões: qual é o perl da
produção cienca nacional acerca do ema gesão de riscos no serviço público? Quais
pos de enoque em gesão de riscos esão sendo implemenados no serviço público?
Quais são as meodologias ulizadas?
O conribuo eórico dese rabalho é idencar e consolidar as pesquisas sobre
gesão de riscos na adminisração pública brasileira elaborando um panorama dos
esudos realizados. Uma conribuição práca é a de apresenar aos gerenes públicos as
possibilidades de aplicações da gesão de riscos e seus benecios.

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2 Reerencial eórico
Nesa seção esão regisradas inormações sobre: governança e gesão de riscos;
modelos e frameworks de gesão de riscos; ouras ones e reposiórios quano à gesão
de riscos; e gesão de riscos na adminisração pública brasileira.

2.1 Governança e gestão de riscos

A parr dos anos 1990, observa-se uma reesruuração do Esado brasileiro, que
em aderido à noção de governança, mais especicamene no que se reere à capacidade
do Esado de implemenar as polícas necessárias para o alcance dos objevos comuns.
Esse movimeno pressupõe o apereiçoameno dos meios de inerlocução com a socieda-
de, ao passo que sejam promovidas ações que garanam a maior auação do cidadão e
responsabilização dos agenes públicos (O; P, 2015).
A governança pública inspira-se na governança corporava que, por sua vez, é um
insrumeno eórico volado para a análise dos mecanismos insuídos para conrolar as
empresas (S F, 1998). Um sisema de governança corporava é composo pelo
conjuno de insuições, regulamenos e convenções culurais que regulam a relação en-
re as adminisrações das empresas e os acionisas ou ouros grupos às quais as adminis-
rações, de acordo com o po de modelo, devem presar conas (L, 1997).
Nessa perspecva, pode-se dizer que as boas prácas de governança corporava
presenes nas endades privadas êm a nalidade de maximizar seus resulados
econômicos, aciliar seu acesso ao capial e conribuir para a perenidade dessas
empresas. Enreano, ao se pensar em governança corporava na gesão pública, novos
olhares sobre a coisa pública precisam ser levados em consideração (S, 2000). É no
conexo dos esudos de governança que a emáca de gesão de riscos em sobressaído,
inclusive chegando a ser considerada um pilar para a boa governança e para a gesão de
organizações do seor público (B, 2005).
O esudo do risco não é propriamene novo e em sido objeo de muios ramos das
ciências econômicas e sociais, assim como vários esudos em adminisração êm ocado
em como rabalhar com risco no nível das organizações. Segundo Simon e Barnard (1947),
os omadores de decisão nas organizações possuem conhecimenos e inormações limia-
dos para analisar odas as alernavas possíveis a uma decisão, bem como para lidar com
os desdobramenos inceros da decisão omada. As incerezas podem se ransormar em

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riscos, e precisam ser gerenciadas para permir decisões mais conáveis a parr de conhe-
cimenos e compeências que as organizações precisam er e desenvolver (P, 2013).
A visão radicional de risco e do seu gerenciameno é radada de orma mais
aproundada pela economia e eoria das nanças, com a associação ao reorno do
invesmeno (R; T, 2017). Enreano, o conceio de risco em merecido
revisões conceiuais, uma vez que as organizações esão sujeias a vários ouros pos
de riscos, cujas origens não são, necessariamene, nanceiras. Risco, porano, pode ser
denido como a incereza em alcançar um objevo organizacional (S; R;
H, 2017), podendo abranger insuições nanceiras (T; C, 2005), empresas
privadas (M; B; M, 2013), insuições de ensino superior (S;
F, 2011), enre ouras. Os riscos podem ainda ser caegorizados em esraégicos,
nanceiros ou operacionais, em meio às dierenes áreas presenes na governança
corporava (R et al., 2001). Esses riscos merecem uma gesão igualmene imporane,
a m de idencar seus aores e receberem resposas oporunas para sua migação.
Ainda sobre o ema de abordagens da gesão de riscos, é possível enconrar
dierenciações subsanciais para segregar a aplicação dessas prácas de gesão, como
é caso da gesão de riscos corporava (enterprise risk management); governança,
risco e conformidade (governance, risk and compliance); risco operacional; riscos em
programas, projeos e porólio; riscos polícos; riscos de repuação; riscos em cadeia de
suprimenos; riscos quano à connuidade de negócio; riscos cibernécos e de segurança
da inormação, enm, uma vasa abordagem quano à emáca de gesão de riscos em
dierenes dimensões dos riscos (H, 2016).
A gesão de risco envolve a adoção de princípios de governança e o uso de écnicas
para permir o conrole, a regulação e a migação de riscos no conexo do processo
decisório (A; T, 2016). É nesse sendo que a gesão de risco é incorporada à
gesão governamenal, e cumpre lembrar que, no seor público, al desao é premene,
uma vez que as organizações públicas lidam com avidades que sempre envolvem algum
grau de risco, como a presação de serviços de saúde, educação, proeção ambienal,
assisência social, regulação de mercados, enre ouras (C, 2011).
A parr dos elemenos apresenados, há necessidade de se esudar a implemen-
ação de processos de gesão de risco como orma de aciliar o alcance dos objevos or-
ganizacionais, por meio da remoção ou migação de aores que podem aear o alcance
das meas esabelecidas. É ainda parcularmene necessário invesgar as ormas que os

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processos de implemenação assumem e seu impaco na vida organizacional e no de-


sempenho, uma vez que há pouquíssima pesquisa no seor público (S; R;
H, 2017).
A despeio dessa escassez de pesquisa, governos ao redor do mundo êm lançado
as bases legais para o desenvolvimeno de polícas e sisemas de gesão de riscos em
organizações públicas, enquano diversas insuições êm conribuído com modelos e
meodologias para sua implemenação, a parr de uma compreensão comum de que
riscos organizacionais precisam ser idencados, moniorados e raados de modo a
garanr que os objevos organizacionais sejam alcançados. A seção seguine ornecerá
um panorama desses modelos.

2.2 Modelos e frameworks para a gestão de riscos

Várias organizações ao redor do mundo êm conribuído com modelos de gesão


de risco por meio de meodologias para sua implemenação. Uma das meodologias
mais presgiadas no cenário corporavo inernacional é a esabelecida pelo Comiê
das Organizações Parocinadoras (Commiee o Sponsoring Organizaons o he
Treadway Commission, mais conhecido pelo acrônimo COSO), que lançou o Enterprise
Risk Management (ERM) – Integrated Framework (Gesão de Riscos Empresariais –
Modelo Inegrado) em 2004 (C  S O   T
C, 2004). O COSO é uma endade privada, sem ns lucravos e que emie
recomendações de grande presgio na área de audioria corporava. A meodologia possui
o objevo geral de ajudar os gerenes de empresas e ouras endades a lidar melhor com
o risco na consecução dos objevos de uma endade. O modelo é apresenado na orma
de uma mariz ridimensional, demonsrando uma visão inegrada dos componenes que
uma adminisração precisa adoar para gerenciar riscos de modo ecaz, no conexo dos
objevos e da esruura em uma organização. Para Hayne e Free (2014), a meodologia da
ERM em crescenemene denido a linguagem da governança e da responsabilização da
gerência sênior ao redor do mundo.
Já a norma ISO 31000, da Inernaonal Organizaon or Sandardizaon (cuja re-
presenane no Brasil é a Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT), elenca prin-
cípios da gesão de riscos e ressala que, para a ecácia dessa gesão, convém que os
princípios sejam aendidos em odos os níveis da insuição (A B 

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N T, 2009). Pare-se da premissa de que a gesão de riscos é complexa e de


dicil operacionalização, e a ABNT NBR ISO 31000 esabeleceu um conjuno de princípios
e direrizes genéricas, que podem ser aplicadas a qualquer po de risco, em avidades
como: esraégias, omada de decisões, processos, operações, projeos, produos, servi-
ços e avos. O processo da norma objevou esabelecer o conexo, idencar, analisar,
avaliar e raar o risco, e, ao longo do processo, comunicar e moniorar (A B-
  N T, 2009).
O framework M_o_R (Management of Risk – Gerenciameno de Riscos),
desenvolvido pela OGC (Oce o Governmen Commerce – Escriório de Comércio
Governamenal) é um guia elaborado para auxiliar organizações na omada de decisão
sobre os riscos que possam aear o alcance de objevos esraégicos, de programas,
de projeos ou operacionais. Apresena uma meodologia que conempla princípios,
abordagem e processos em um conjuno de passos iner-relacionados usando écnicas
e dimensões para o gerenciameno de riscos em organizações. Exisem aponamenos e
reerências para a ISO 31000 e que não são concorrenes, mas complemenares à gesão
de riscos (O  G C, 2010).
No Guia Project Management Body of Knowledge (PMBOK), o risco é encarado como
uma ocorrência discrea ou disna que pode aear o projeo posiva ou negavamene; e
suas causas podem incluir aspecos do ambiene, ais como prácas inadequadas de admi-
nisração ou dependência de parcipanes exernos que não podem ser conrolados (P-
 M B  K, 2004). O PMBOK dene seis processos para a ges-
ão de riscos de projeos que podem se sobrepor e ineragir enre eles e com os processos
das ouras áreas de conhecimeno (P M B  K, 2004).
Exisem vários ouros modelos e frameworks para a gesão de riscos, inclusive
modelos brasileiros, a exemplo do framework Brasiliano (B, 2009), porém são
baseados em ouros modelos já exisenes.
Esses frameworks e meodologias, em diversos casos, já vêm sendo ulizados por
organizações privadas, e exisem ouros reposiórios e coneúdos sobre gesão de riscos
mais volados para o seor público, que serão discudos na próxima seção.

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2.3 Ouras ones e reposiórios quano à gesão de riscos

A Organização Inernacional de Endades Fiscalizadoras Superiores (INTOSAI) é um


organismo inernacional que reúne órgãos governamenais de scalização de conas. E
publicou, em 2004, direrizes para normas de conrole inerno aplicado ao seor público,
bem como agregou os conceios e direrizes do conrole inerno preconizadas pelo COSO
às especicidades do seor público. No documeno da INTOSAI, o ema risco passou a ser
discudo na adminisração pública não apenas associado ao reorno de invesmenos,
mas como perigo ou ameaça ao cumprimeno dos objevos da organização (G;
C, 2011).
O Insuo Brasileiro de Governança Corporava (IBGC) oerece diversos
cadernos em governança corporava. Desenvolveu, em 2007, o Guia de Orienação
para Gerenciameno de Riscos Corporavos, e, 10 anos depois, em 2017, desenvolveu o
Gerenciameno de Riscos Corporavos – Evolução em Governança e Esraégia (I
B  G C, 2007, 2017). Ambos os documenos razem uma
proposa mais aplicada das principais meodologias e prácas recomendadas e adoadas,
e, por se raar de uma insuição sem ns lucravos, pode er suas orienações presenes
em qualquer seor, seja público ou privado.
Na Universidade de Brasília (UnB), exise um curso de pós-graduação em compuação
aplicada no qual há uma linha de pesquisa em gesão de riscos, na qual, aé o nal de 2017,
exisam 23 disserações de mesrado voladas para o seor público1. Embora enham sido
enconradas disserações sobre gesão de riscos em ouras universidades, não oram
deecados rabalhos de nível equivalene aplicados ao seor público.
Tanto os frameworks e modelos de gestão de riscos apresentados na seção anterior,
quano as ouras ones e reposiórios desa seção esão inuenciando oremene
as organizações públicas a aderir e implemenar esses mecanismos de conrole. Desse
modo, o seor público brasileiro em começado a acompanhar esse movimeno razido
pela gesão de riscos e em elaborado manuais, normavos e direrizes acerca do ema. A
próxima seção apresenará esse conexo nacional.

1
Reposiório de eses e disserações da UnB - htp://reposiorio.unb.br/handle/10482/16728

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Gestão de riscos no setor público: revisão bibliométrica e proposta de agenda de pesquisa

2.4 Gestão de riscos na administração pública brasileira

Inegrar a gesão de riscos como elemeno-chave da responsabilidade gerencial,


implanar uma abordagem de conrole inerno baseada no risco e incluir a gesão de
riscos nos programas de apoio ao desenvolvimento das competências dos gestores
públicos oram algumas das recomendações eias ao Brasil em relaório da Organização
para Cooperação e Desenvolvimeno Econômico (OCDE). O relaório sugeriu a criação de
uma culura de gesão que promovesse a gesão de riscos como erramena esraégica
do sisema de governança no seor público brasileiro (O  C
 D E, 2011). Mesmo um pouco anes dessas recomendações
da OCDE, já se observava a incorporação de abordagens de gesão de riscos para a
conraação de produos e serviços, como aquelas presenes na Insrução Normava
nº 04/2010, da Secrearia de Logísca e Tecnologia da Inormação (SLTI) do Minisério
do Planejameno (MP), e na Norma Complemenar nº 04/2009, do Deparameno de
Segurança da Inormação e Comunicações (DSIC) da Presidência da República (B,
2013), bem como em ouras normas relacionadas à audioria e conrole inerno. Tais
orienações, conudo, não diziam respeio a níveis organizacionais mais amplos, mas eram
resrias a nalidades especícas como, por exemplo, compras e aquisição de serviços de
ecnologia da inormação.
O Tribunal de Conas da União (TCU) realizou levanameno, enre novembro de
2012 e evereiro de 2013, envolvendo 65 endades da adminisração ederal indirea, para
avaliar a mauridade da gesão de riscos nessas organizações e desenvolver um indicador
que pudesse ser aplicado para medir o nível de mauridade de endades públicas na
gestão de riscos (B, 2017b). Para isso oi concebido um modelo de avaliação que
incorporou criérios dos modelos COSO ERM (C  S O
  T C, 2004) e da norma ABNT NBR ISO 31000 Gesão de Riscos –
princípios e direrizes (A B  N T, 2009). Adicionalmene,
oram realizadas audiorias em see endades selecionadas do levanameno, com o
objevo de desenvolver o méodo e os papéis de rabalho para conduzir audiorias de
gesão de riscos, com base nos criérios do modelo de avaliação desenvolvido.
Em 2016, o Minisério do Planejameno, Desenvolvimeno e Gesão (MP) e a
Conroladoria Geral da União (CGU) publicaram a Insrução Normava Conjuna nº
01/2016 (B, 2016a), que dispõe sobre a sisemazação de prácas relacionadas à

Revista do Serviço Público (RSP), Brasília 72 (4) 824-854 out/dez 2021 | 833
Gestão de riscos no setor público: revisão bibliométrica e proposta de agenda de pesquisa

governança, à gesão de riscos e aos conroles inernos no âmbio de órgãos e endades


do Poder Execuvo ederal. O normavo ambém esabeleceu que o dirigene máximo
de cada órgão ou endade passasse a ser o principal responsável pelo esabelecimeno
da esraégia de organização e da esruura de gerenciameno de riscos, além do
moniorameno e apereiçoameno dos conroles inernos da gesão. Cada risco mapeado
e avaliado deve esar associado a um agene responsável para orienar e acompanhar as
ações de mapeameno, avaliação e migação do risco. As pologias de risco abrangidas
pelo normavo são: riscos operacionais, de imagem ou repuação do órgão, legais e
orçamenários.
Também se esabeleceu a criação de um comiê em odas as organizações públicas
para raar dessas quesões. Os comiês êm sob sua responsabilidade promover a adoção
de prácas que insucionalizem a responsabilidade dos agenes públicos na presação de
conas, ransparência, eevidade das inormações e, denro dessa nalidade, promover o
desenvolvimeno connuo dos agenes públicos; garanr a aderência às regulamenações,
leis, códigos, normas e padrões, com visas à condução das polícas e à presação de
serviços de ineresse público; bem como supervisionar o mapeameno e avaliação dos
riscos-chave que podem compromeer a presação de serviços de ineresse público. Todos
os órgãos do Poder Execuvo ederal ambém deverão ormular e implemenar polícas
de gesão de riscos a parr de 2017.
Quano ao âmbio das organizações públicas brasileiras, ouros manuais, normavos
e publicações relevanes para a implemenação da gesão de riscos oram desenvolvidos,
como a Meodologia de Gerenciameno de Riscos do Sisema de Adminisração de
Recursos de Tecnologia da Inormação (Sisp) do Minisério do Planejameno (B,
2016b) e o Manual de gesão de inegridade, riscos e conroles inernos da gesão
(B, 2017a).
Após a apresenação do reerencial eórico sobre governança e gesão de riscos,
dos modelos de gesão e do conexo do seor público brasileiro, a seção seguine raará
dos procedimenos meodológicos ulizados nese rabalho.

3 Procedimenos meodológicos
O presene rabalho possui caráer descrivo, exploraório e oi realizado mediane
um esudo bibliomérico. Ulizou-se colea de dados documenal (argos ciencos) e

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Gestão de riscos no setor público: revisão bibliométrica e proposta de agenda de pesquisa

écnicas quanavas de esasca descriva. A bibliomeria se mosra úl na avaliação


da produção e comunicação cienca, mediane a aplicação de méodos para analisar
determinada área do conhecimento (A, 2006).
Ese esudo em por objevo mapear a produção cienca nacional acerca do
ema gesão de riscos em organizações públicas. A pesquisa deerminou como escopo os
periódicos nacionais da área de “Adminisração Pública e de Empresas, Ciências Conábeis
e Turismo”, segundo a classicação Qualis da Coordenação de Apereiçoameno de
Pessoal de Nível Superior (Capes) para o quadriênio 2013-2016. Foi eio um recore dos
periódicos de esrao superior (Qualis ≥ B2) e, ao odo, 70 periódicos oram analisados e
esão presenes no Apêndice I.
Uma vez deerminado o objevo e escopo da pesquisa, oram adoados os
procedimenos sugeridos por Crossan e Apaydin (2010) para a condução de esudos
biblioméricos: (i) deerminação dos criérios de seleção dos argos ciencos e o uso de
palavras-chave; (ii) capação e agrupameno dos argos; (iii) abulação e picação dos
achados; e (iv) sínese e análise dos resulados.
Os criérios de seleção dos argos ciencos oram: (i) buscar os argos revisados
por pares direamene no sie dos periódicos; (ii) buscar os argos no mês de ouubro de
2017; (iii) selecionar a opção “odos os campos do exo”, nos sies dos periódicos; e (iv)
não deerminar core emporal (pesquisa longiudinal). Os passos da busca oram:
1. Inicialmene oi ulizada a seguine query: (Gerenciameno OR Gesão OR
Análise) AND (Riscos OR Risco) AND ("Seor Público" OR "Adminisração
Pública" OR "Gesão Pública"), enreano, ao ulizar essa query, houve baixo
ou nenhum reorno.
2. Opou-se, porano, por ampliar a busca ulizando isoladamene os ermos:
“riscos”; “risco”; “risk” e “risks”. Ulizando esses ermos, oram idencados
941 argos, que esão regisrados no Apêndice I.
3. Realizou-se, enão, a lragem dos argos mediane os seguines procedimenos:
a leiura dos ulos e resumos dos argos para idencar os argos que esavam
alinhados ao ema da pesquisa (gesão de riscos no seor público).
4. Por m, realizou-se a seleção os argos ciencos que apresenaram aderência
ao ema. Nesse sendo, oram selecionados 5 argos de 4 periódicos.
Após a deerminação da amosra da pesquisa, os rabalhos oram lidos inegral-
mene pelos pesquisadores e veram suas inormações abuladas. A presene pesquisa

Revista do Serviço Público (RSP), Brasília 72 (4) 824-854 out/dez 2021 | 835
Gestão de riscos no setor público: revisão bibliométrica e proposta de agenda de pesquisa

ulizou-se das seguines caegorias de análise: nome do periódico, ano de publicação,


insuição de origem dos auores, rabalhos e auores mais ciados. Para os argos classi-
cados como eórico-empíricos, caegorizou-se ainda: naureza da pesquisa, Poder (Exe-
cuvo, Legislavo e Judiciário), esera de governo, insrumenos ulizados para colea de
dados e écnicas de análise de dados. Ademais, oram realizadas análises de requência
e densidade das palavras-chave, palavras mais empregadas nos resumos, nuvem de pala-
vras, rede de relações e reerências mais ciadas presenes nesses argos.
Foram ulizados sofwares para abular os dados (Microsof Excel 2007®) e,
para criar as nuvens de palavras, as aplicações htps://www.wordclouds.com/ e htp://
linguisca.insie.com.br/corpus.php.

4 Apresentação dos dados e agenda de pesquisa


A presene seção raz uma sínese dos elemenos abordados no conjuno de argos
analisados, bem como uma proposa de agenda de pesquisa para a emáca de gesão de
riscos no seor público brasileiro.

4.1 Apresentação dos dados

O Quadro 1 sineza as principais inormações, caraceríscas e aspecos


meodológicos dos argos analisados, o que propicia uma comparação relevane. A
emáca de gesão de riscos no seor público envolve uma produção brasileira basane
reduzida e recene, iniciando-se em 2011 e indo aé 2016 (dos cinco argos, rês são de
2015 em diane).

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Gestão de riscos no setor público: revisão bibliométrica e proposta de agenda de pesquisa

Quadro 1 | Caegorização dos artgos

Artgos
1 2 3 4 5
Risco no
ambiente Conraação Gesão de
público do desenvol- Alocação e risco em
Idencação
municipal: vimento ágil migação projeos:
de riscos em
um esudo de sofware dos riscos um esudo
Tíulo compras do
exploraório na adminis- em parcerias ex-pos de
do artgo seor público:
nos ração públi- público- projeos de
um esudo
pequenos ca ederal: privadas no material de
de caso
municípios riscos e ações Brasil emprego
da Região Sul migadoras militar
do Brasil
BASE – Re-
vista de Ad- Revisa de Revisa de Revisa de
Revisa do
Nome ministração Gesão e Administra- Gesão e
Serviço
do periódico e Conabili- Projeos ção Pública Projeos
Público
dade da Uni- (GeP) (RAP) (GeP)
sinos

Qualis Capes B1 B2 B2 A2 B2

Ano
de 2011 2011 2015 2015 2017
publicação
Sanos, F.F.
(UNITAU)
Pino, A. R.
Gerigk, W. (ESPM) Silva, R. E. Lima, C. M. Cunha, E. G.
Autor (Unicentro) Gomes, L. M. (UCB) (UFC) (USP)
e instuição Corbari, E. C. (ITA) Neo, J. S Coelho, A. C. Carvalho, M.
(UFPR) Silva, R. L. (UCB) (UFC) M. (USP)
(UNITAU)
Damiani, J. H.
(ITA)
Enquadra-
Teórico- Teórico- Teórico- Teórico- Teórico-
mento do
empírico empírico empírico empírico empírico
estudo
Objetvo Exploraória Exploraória Exploraória Exploraória Exploraória

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Gestão de riscos no setor público: revisão bibliométrica e proposta de agenda de pesquisa

Artgos
1 2 3 4 5
Natureza
Quanava Qualiava Qualiava Qualiava Qualiava
da pesquisa
Pesquisa
Pesquisa
Pesquisa Pesquisa documenal, Pesquisa
Método documenal,
documenal documenal survey, grupo documenal
entrevistas
focal
Municípios
da Região Sul
que dispo-
nibilizaram Análise
15 conraos
inormações de uma Análise de
Tamanho Não oi de parcerias
para o Tesou- concorrência rês projeos
da amostra detalhada público-
ro Nacional pública do militares
privadas
enre 1998 e Inpe
2008 (média
anual de 669
municípios)
Esfera
de governo Municipal Federal Federal Esadual Federal

Fone: elaborado pelos auores.

Gerigk e Corbari (2011) buscaram vericar se a vigência da Lei de Responsabilida-


de Fiscal (LRF) impacou posivamene sobre as organizações públicas municipais e se
esas esão menos exposas aos riscos do seu ambiene. Como problema de pesquisa,
almejaram conhecer se, com a vigência da LRF, os pequenos municípios da Região Sul do
Brasil esariam menos exposos aos riscos de seu ambiene. Os resulados enconrados
demonsraram que os coecienes de endividameno de longo prazo, de modo geral,
reduziram-se após a LRF, enre 1998 e 2008, o que indica que ais municípios podem
propiciar mais reornos à sociedade, na orma de bens e serviços públicos.
No esudo Idencação de riscos em compras do seor público: um esudo de
caso (S; P; G; S; D, 2011), os auores buscaram analisar uma
aquisição do seor público (uma concorrência pública do Insuo Nacional de Pesquisas
Espaciais – Inpe) e idencar os riscos no processo. À luz do gerenciameno de riscos (GR)
do Projec Managemen Insue (PMI) (2004), elencaram riscos nas eapas “Aprovação

Revista do Serviço Público (RSP), Brasília 72 (4) 824-854 out/dez 2021 | 838
Gestão de riscos no setor público: revisão bibliométrica e proposta de agenda de pesquisa

da Requisição de Compras” e “Projeo Básico”, bem como na capaciação dos agenes


públicos envolvidos no processo de compras.
Pones e Neo (2015) veram como objevo idencar ações de migação de ris-
cos para a adminisração pública ederal na conraação de soluções de desenvolvimeno
de sofware com a meodologia ágil Scrum, que coném uma abordagem de engenharia
de sofware que preconiza a agilidade, simplicidade, cusomização e assisência connu-
ada para programas de compuador, por meio de gesão de projeos de desenvolvimeno.
A aplicação de survey permiu idencar os cinco riscos de maior imporância na con-
raação de desenvolvimeno de sofware com méodos ágeis pela adminisração pública
ederal. Em seguida, oi realizado um grupo ocal para discur a migação dos riscos apre-
senados, que conexualizou as inormações apresenadas no survey. Mesmo havendo
pouco embasameno legal, concluiu-se que é possível conraação de desenvolvimeno
de sofware com a meodologia enocada.
Lima e Coelho (2015) buscaram eeuar levanameno das condições reerenes à
disribuição de risco nas ormalizações das parcerias público-privadas no Brasil, a parr
do marco legal que insuiu al orma de implanação de equipamenos sociais no Brasil
(Leis nº 8.666/1993 e nº 8.987/1995). O esudo avaliou, por pesquisa documenal, como
os aores de riscos esão sendo alocados e disribuídos em 15 conraos celebrados, bus-
cando-se deerminar como são migados os riscos inerenes enre os parceiros públicos
e privados. Os conraos apresenam denição expressiva dos riscos envolvidos e de sua
responsabilidade pelos parceiros. As evidências sinalizaram que os parceiros privados êm
absorvido, ormalmene, a maioria dos aores de riscos elencados; conudo, há expressas
medidas de migação dos riscos aribuídos nos conraos ao parceiro privado, pela iner-
venção em úlma insância do ene público envolvido.
Barbosa e Carvalho (2017) buscaram analisar a gesão de riscos em projeos no
conexo miliar, desenvolvidos por meio de parcerias público-privadas (PPPs). As duas
pergunas de pesquisa oram: “quais caegorias de riscos esão presenes em projeos
PPP em ambiene miliar?”; “como a incidência dessas caegorias nos projeos aeou o
seu desenvolvimeno?”. Os resulados sugeriram aenção a riscos écnicos (o que dicula
mudanças de especicações nos maeriais adquiridos) e riscos jurídicos (especialisas em
direio precisam auar inensamene no processo), assim como aponaram aumenos
indevidos de cusos decorrenes de previsões rágeis (diculdade de mensurar a demanda
real de peças de reposição).

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Gestão de riscos no setor público: revisão bibliométrica e proposta de agenda de pesquisa

Depreende-se, dos esudos analisados, que a dimensão e o alcance da gesão de


riscos ainda são visos de maneira basane limiada pela produção acadêmica nacional.
Dois dos cinco esudos (Argos 2 e 4) raam da adminisração de riscos no seor público
sob um enoque ainda basane nanceiro (apesar de reconhecerem a exisência de
ouros pos de risco), sendo que a lieraura e as experiências inernacionais avançam
para os aspecos mais esraégicos e operacionais do risco nas organizações públicas.
Os ouros rês esudos (Argos 1, 3 e 5) resringem sua análise a processos de compras
públicas, sendo dois deles na área miliar (Argos 1 e 5). Esses aos denoam um recore
exremamene especíco da gesão de riscos, mas que possivelmene decorre do ao de
as primeiras direrizes governamenais erem enocado o risco nas conraações públicas.
Nesse sendo, as primeiras experiências analisadas possivelmene esavam inuenciadas
pela primeira exposição que veram com o assuno. É possível inerir que, endo em visa
os criérios adoados para a busca, aé ouubro/2017, não oram enconrados argos
publicados sobre a aplicação da gesão de riscos no nível das organizações públicas como
um odo no Brasil.
Todos os esudos são exploraórios e envolvem pesquisas eórico-empíricas. Em
relação à naureza da pesquisa, os esudos são qualiavos, com exceção de um (Argo
3), que usou dez variáveis e lançou mão de esasca descriva além de coecienes
de variação. Apesar da pequena amosra, pesquisas nas rês eseras de governo oram
idencadas: ederal (rês), esadual (uma) e municipal (uma). Apenas dois esudos
analisados zeram reerência aos modelos inernacionais de gesão de riscos. Gerigk e
Corbari (2011) mencionam os modelos do COSO e do INTOSAI, apesar de a pesquisa não
os envolver direamene. Sanos, Pino, Gomes, Silva e Damiani (2011), por seu urno,
rabalharam mais direamene com o modelo PMI.

4.2 Quantfcação dos dados

Em relação às palavras-chave usadas nos argos, vericou-se que 47 ermos


ormaram 18 palavras-chave (Quadro 2). Não houve repeção de palavras-chave enre os
argos. Enreano, exisem rês palavras-chave que possuem mesma semânca, são elas:
gesão de riscos, gerenciameno de riscos e gesão de risco. Em odos os argos há nas
palavras-chave o ermo “riscos”. O Quadro 2 apresena as palavras-chave mais ulizadas
pelos auores dos argos analisados.

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Quadro 2 | Palavras-chave ciadas pelos artgos

Palavras-Chave
Administração Federal Gesão de Pessoas Projeos de Manuenção
Adminisração Pública Gesão de Risco Projeos
Alocação e Migação de Risco no Ambiene Público
Gesão de Riscos
Riscos Municipal
Compras Idencação de Riscos Risco
Financiameno de Obras
Inpe Seor Público
Públicas
Gerenciameno de Riscos Parcerias Público-Privadas Tecnologia da Inormação
Fone: elaborado pelos auores.

A parr dos 47 ermos levanados das palavras-chave, oi idencada a relação da


densidade de requência dos ermos (Tabela 1), evidenciando-se assim os ermos mais
ulizados. Desaca-se que o ermo “riscos” apareceu como o mais requene.

Tabela 1 | Densidade dos termos que formam as palavras-chave

Densidade dos termos


Riscos 4 (9%) Risco 3 (7%) Administração 2 (4%)
Gesão 3 (7%) Público 3 (7%) Projeos 2 (4%)
Fone: elaborado pelos auores.

Uma análise oi eia nas palavras dos resumos e oram idencadas as 20 palavras
com maior requência. A palavra mais presene é “riscos” com 16 repeções, como
igualmene ocorreu nas palavras-chave. Na sequência, em-se a palavra “pesquisa” com
9 repeções, seguida por “meodologia”, “objevo” e “sofware” com 5 repeções cada.
Todas as demais possuem menos de 5 repeções. A Tabela 2 apresena as 20 palavras
mais requenes.

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Tabela 2 | Palavras mais usadas nos resumos

Posição Palavra Frequência Posição Palavra Frequência


1 Riscos 16 11 Públicos 4
2 Pesquisa 9 12 Ambiente 3
3 Meodologia 5 13 Aquisição 3
4 Objevo 5 14 Conraação 3
5 Sofware 5 15 Conraos 3
6 Desenvolvimento 4 16 Dados 3
7 Idencar 4 17 Legais 3
8 Migação 4 18 Municípios 3
9 Processo 4 19 Parceiros 3
10 Público 4 20 Responsabilidade 3
Fone: elaborada pelos auores.

Ainda, sobre os resumos e requência de palavras, a Figura 1 apresena uma nuvem


de palavras ormada a parr das 40 palavras mais empregadas nos resumos.

Figura 1 | Nuvem de palavras mais utlizadas no resumo

Fone: elaborada pelos auores.

Com relação à rede de relacionameno enre auores, observa-se que os cinco ar-
gos oram elaborados por auores dierenes, sendo que cada auor parcipou da ela-

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boração de apenas um argo. Não houve concenração de insuições de ensino (enre


os argos). Os únicos agrupamenos observáveis são quano à unidade da Federação, na
medida em que São Paulo apresena 46% dos auores, e quano à Região, sendo que as
Regiões Sul e Sudese possuem junas 69% dos auores. Não houve requência na publica-
ção por insuição de ensino, o que apona para uma possível ala de pesquisa connua
sobre o ema.
Com relação aos periódicos ulizados, odos possuem disponibilidade on-line e
grauia. O periódico mais bem avaliado na área de “Adminisração Pública e de Empresas,
Ciências Conábeis e Turismo” pela Qualis Capes é a Revisa de Adminisração Pública
(RAP), que possui classicação A2 e é a única que possui ambém SCImago Journal Rank
(SJR) com indicador 9; os demais periódicos são Qualis Capes B1 ou B2. O Quadro 3
apresena as caraceríscas gerais dos periódicos. Cumpre ressalar que não se idencou
publicação em periódicos especializados no ema gesão de riscos.

Quadro 3 | Caracerístcas dos periódicos

ISSN Nome do periódico Qualis SJR Índice h5 –


Capes Mediana h5
1984-8196 BASE – Revisa de Adminisração B1 - 5e7
e Conabilidade da Unisinos
2236-0972 Revisa de Gesão e Projeos (GeP) B2 - 9 e 17
0034-9240 Revisa do Serviço Público B2 - 9 e 11
0034-7612 Revisa de Adminisração Pública (RAP) A2 11 18 e 22

Fone: elaborado pelos auores.

Os argos analisados zeram, ao odo, 128 ciações a rabalhos brasileiros e iner-


nacionais; dessas, 124 são dierenes. Observa-se, porano, que há baixa concenração de
ciações de um mesmo rabalho, havendo apenas concenração de um mesmo auor, que
é o governo brasileiro.
Em 4 dos 5 argos analisados há reerências a publicações realizadas pelo governo
brasileiro, ais como: leis, insruções normavas, decreos e guias, correspondendo no
oal a 22 ciações. O Quadro 4 apresena as reerências que possuem mais de uma
ciação. Observam-se reerências à Consuição Federal, à Lei de Liciações e Conraos
(Lei nº 8.666/1993) e a um argo nacional de 2009.

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Quadro 4 | Reerências com repetção de ciações

Frequência Trabalhos citados


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XXI, da Consuição Federal, insui normas para liciações e conraos da
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Fone: elaborado pelos auores.
Noa: oram idencados ainda dois rabalhos que possuem duas ciações, enreano, são de versões dierenes, são
eles: o livro A guide to the project management body of knowledge (PMBoK), publicação do Project Management
Institute, nas versões dos anos 2004 e 2013; e o livro Pesquisa social: métodos e técnicas, de autoria de Roberto
Richardson, versões dos anos 1999 e 2008.

4.3 Discussão e agenda de pesquisa

Apesar da recente obrigatoriedade de implantação de abordagens e metodologias


de gesão de riscos, as organizações públicas do Poder Execuvo ederal enconram, em
2017, pouco respaldo eórico-empírico do meio acadêmico brasileiro na área de adminis-
ração acerca do ema. A produção se resume a cinco rabalhos cujos coneúdos ainda
esão muio disanes dos desaos de implemenação da gesão de riscos que os órgãos
deverão enrenar. A emáca de gesão de riscos no seor público em, porano, um
longo caminho a percorrer, e as possibilidades de pesquisa sobre seu desenvolvimeno
são diversas.
O envolvimeno da academia, por meio de esudos empíricos, mosra-se relevane
para uma maior compreensão da naureza e da dinâmica da expansão da gesão de risco
em organizações públicas. Scarozza, Roundi e Hinna (2017) realizaram esudo de caso em
um órgão público ialiano com uma abordagem qualiava e longiudinal (2009 a 2015)
sobre a implanação da gesão de risco, concluindo que a organização analisada soreu
signicavas mudanças em esruuras, processos e papéis relacionados à gesão de riscos,
o que eria conrmado um processo de aprendizagem organizacional. O momeno inicial

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de implanação da gesão de riscos no Poder Execuvo ederal é basane oporuno para


o início de pesquisas de avaliação de impaco sobre a ecácia dessa nova meodologia.
Abordagens de esudo de caso abrirão muias renes de pesquisa sobre gesão
de riscos. Esudo de caso realizado na Finlândia demonsrou que o gerenciameno de
riscos, em vez de reduzir a incereza, criou incerezas inesperadas relacionadas aos rágeis
desenhos de operacionalização e aos aspecos legais das soluções de gesão de risco, em
parcular sobre quais pos de responsabilização seriam legalmene válidos (V;
Sææ, 2014). O que já esá sendo chamado de “riscos da gesão de riscos” (S;
R; H, 2017) merece ser objeo de esudos no Brasil, em linha do que já esá
sendo eio no exerior.
Oura possibilidade de esudos que se apresena é a de avaliar a mauridade
dos órgãos públicos nacionais em aderir a uma meodologia que encoraja o amplo
reconhecimeno de riscos e sobre sua real necessidade de encará-los e migá-los, o que
muias vezes vai de enconro a eslos de gesão que muias vezes ignoram e escondem
problemas ou adiam o seu enrenameno. Ademais, observa-se, por pare do Minisério
do Planejameno, uma esraégia de implanação basicamene “top-down” (de cima
para baixo) que parece desconsiderar os dierenes, e muias vezes incipienes, níveis
de governança dos órgãos públicos, conorme já idencado pelo TCU. Além disso,
é necessário aenar-se ao risco da implanação de uma gesão de risco apenas para
aendimeno de exigências legais, o que parece se congurar como práca recorrene.
Aliás, cumpre lembrar que a gesão de riscos em sido omenada, como em ouras
pares do mundo, por órgãos de conrole. Uma quesão que se coloca é sobre a conve-
niência de o controle interno ser o locus adequado de liderança da gesão de riscos ou
se a gesão esraégica dos órgãos governamenais esaria mais apa a capianear esse
processo. Vinnari e Skaerbaersk (2014) idencaram esudos nos quais o alinhameno
requene da gesão de riscos com o conrole inerno proporcionou aos audiores opor-
unidades de ampliar sua esera de poder e inuência nas organizações. Tal enômeno
ambém poderia ser esudado em organizações públicas brasileiras.
Além disso, oura recomendação de esudo é a pesquisa de como os processos
de gesão de risco podem reduzir ou obsruir as avidades de criavidade e inovação, e
como pode-se enconrar um equilíbrio enre esses dois aspecos. Para essa emáca, re-
comendamos esudos que abordam a liderança como um rabalho insucional, para ser
capaz de gerir enre dierenes pos de avidades inovadoras. E recomendamos esudos

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das unções e responsabilidades dos membros da equipe e gesores para desenvolver o


processo de inovação com o mínimo de exposição a riscos.
Ouro elemeno a ser esudado é a denição de um plano de gerenciameno de risco
em um eságio inicial do processo de inovação, alinhado com o envolvimeno das esruuras
regulaórias, em vez de simplesmene aplicar abordagens de gesão de risco "rígidas" e
indierenes. Sendo ainda pernene o esudo dos aores de inuência na seleção da
esraégia de gesão de risco para cada caegoria de órgão e projeos. Complemenarmene
é necessário examinar a possibilidade de usar uma escala de mauridade de capacidade
para melhor selecionar as esraégias e erramenas adequadas para cada organização.
Além do mais, a omada de decisão algorímica associado à ineligência arcial
(IA) é um enômeno que promee muios benecios poenciais à gesão de riscos. Nesse
sendo, são relevanes esudos que auxiliem acadêmicos e prossionais ineressados em
garanr a responsabilidade esruurada e a regulamenação legal da IA na esera pública,
volada para gesão de riscos.
Acrediamos que o enoque governamenal é incompleo e dá pouca imporância
à orma como as pares ineressadas realmene gerem os riscos. Em parcular, alham
em rar proveio de pare do conhecimeno desenvolvido nas ciências sociais sobre o
comporameno exibido pelas pares ineressadas. Sugerimos um pono mais amplo
sobre a pesquisa em gesão pública, que vai além do ema do risco: os esudos nesse
campo podem e devem azer mais uso dos insighs e conribuições eóricas de ouras
especialidades das ciências sociais, ais como a omada de decisão humana.

5 Considerações fnais
A gesão de riscos ganha espaço crescene em organizações privadas e públicas,
ornando-se reerência em boa governança corporava. Ese argo, por meio de écnica
bibliomérica, rouxe um panorama da produção nacional sobre gesão de riscos no seor
público. Apenas cinco rabalhos de cunho exploraório oram idencados. Mesmo no
cenário inernacional o ema ainda é marcado por uma produção pequena e recene, mas
cumpre reconhecer que os esudos brasileiros apresenam um descompasso em relação
ao que há de vanguarda na discussão de gesão de riscos em organizações públicas. Eno-
ques ainda muio volados para riscos nanceiros e para aspecos limiados do gerencia-
meno de risco, como no caso de compras públicas, comprovam essa deasagem.

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A obrigaoriedade de implanação da gesão de risco no Poder Execuvo ederal,


razida pela Insrução Normava conjuna nº 01/16, deverá exacerbar as lacunas enre a
necessidade práca de implemenação da adminisração de riscos no nível organizacio-
nal e o escasso amparo eórico-empírico nessa emáca. Mas o cenário que se desenha
apresena vasas oporunidades de realização de esudos empíricos abordando o assuno.
Primeiramene, é necessário que a academia invesgue o signicado dos sisemas de ge-
renciameno de riscos no conexo da esraégia organizacional, sobreudo na revisão de
esruuras, processos e papéis nos órgãos públicos. A conveniência da liderança das áreas
de conrole inerno deve ser objeo de avaliação e discussão. A mauridade dos órgãos
públicos para aplicarem meodologias inovadoras e oriundas do exerior ambém precisa
envolver maior reexão. Como se observa, o meio acadêmico na área de adminisração
em muio a conribuir com ema e pode colaborar para eviar a propagação de prácas
organizacionais sem o devido respaldo eórico-empírico.

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Dyego Alves da Silva


hps://orcid.org/0000-0002-2293-001X
Douorando em Adminisração na Universidade de Brasília (UnB). Mesre em compuação aplicada.
Graduado em sisemas de inormação.
E-mail: dyegoalves10@gmail.com

Jeovan Assis da Silva


hps://orcid.org/0000-0002-5523-6980
Douor em Adminisração pela Universidade de Brasília (UnB). Servidor público ederal da carreira
de Especialisa em Políicas Públicas e Gesão.
E-mail: jvnsilva@gmail.com

Gustavo de Freitas Alves


hp://orcid.org/0000-0001-5142-5250
Douor em Adminisração pela Universidade de Brasília (UnB), com ênase em Inovação em Gesão pela
UnB. Mesre em compuação aplicada.
E-mail: gusavo.ucb@gmail.com

Carlos Denner dos Santos


htps://orcid.org/0000-0002-4481-0115
Pós-Douorado pela Universidade de São Paulo. Pós-Douorado pela Universiy o Noingham.
Pós-Douorado pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
E-mail: carlosdenner@unb.br

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APÊNDICE I | Quantdade de artgos avaliados por revisa

ISSN REVISTA QUALIS QTD


1807-7692 BAR. BRAZILIAN ADMINISTRATION REVIEW A2 27
1808-2386 BBR. BRAZILIAN BUSINESS REVIEW A2 11
1679-3951 CADERNOS EBAPE.BR (FGV) A2 11
1806-9592 ESTUDOS AVANÇADOS (ONLINE) A2 21
1984-9230 ORGANIZAÇÕES & SOCIEDADE (ONLINE) A2 1
1678-5142 PESQUISA OPERACIONAL (ONLINE) A2 23
1981-5700 RAC ELETRONICA A2 7
RAC. REVISTA DE ADMINISTRAÇÃO CONTEMPORÂNEA
1982-7849 A2 47
(ONLINE)
0034-7590 RAE. REVISTA DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS A2 38
0034-7612 RAP. REVISTA DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA A2 30
1984-6142 RAUSP - REVISTA DE ADMINISTRAÇÃO (SÃO PAULO. ONLINE) A2 35
1982-6486 RCO - REVISTA DE CONTABILIDADE E ORGANIZAÇÕES A2 41
1983-0807 REVISTA BRASILEIRA DE GESTÃO DE NEGÓCIOS (ONLINE) A2 28
2175-5787 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E GESTÃO SOCIAL B1 2
2177-6083 ADMINISTRAÇÃO: ENSINO E PESQUISA B1 3
BASE - REVISTA DE ADMINISTRAÇÃO E CONTABILIDADE DA
1984-8196 B1 20
UNISINOS
1981-3821 BRAZILIAN POLITICAL SCIENCE REVIEW B1 10
0103-4979 CADERNO CRH (UFBA. IMPRESSO) B1 12
CADERNOS DE PESQUISA (FUNDAÇÃO CARLOS CHAGAS.
0100-1574 B1 5
IMPRESSO)
2236-9996 CADERNOS METRÓPOLE B1 6
0104-7760 CERNE (UFLA) B1 2
1809-127X CHECK LIST (SÃO PAULO. ONLINE) B1 0
1518-8353 CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO (ONLINE) B1 20
1984-3925 CONTABILIDADE, GESTÃO E GOVERNANÇA B1 23
CONTEXTUS - REVISTA CONTEMPORÂNEA DE ECONOMIA E
2178-9258 B1 5
GESTÃO

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ISSN REVISTA QUALIS QTD


1678-4634 EDUCAÇÃO E PESQUISA B1 16
1980-5357 ESTUDOS ECONÔMICOS B1 17
0104-530X GESTÃO & PRODUÇÃO (UFSCAR. IMPRESSO) B1 39
1984-042X INTERAÇÕES (CAMPO GRANDE) B1 4
1980-3508 INTERCOM (SÃO PAULO. ONLINE) B1 5
1678-4804 JOURNAL OF THE BRAZILIAN COMPUTER SOCIETY (ONLINE) B1 0
2175-2753 META: AVALIAÇÃO B1 1
1982-8918 MOVIMENTO (UFRGS. ONLINE) B1 16
1809-2039 RAI: REVISTA DE ADMINISTRAÇÃO E INOVAÇÃO B1 51
1678-6971 RAM. REVISTA DE ADMINISTRAÇÃO MACKENZIE (ONLINE) B1 3
1983-4659 REA REVISTA DE ADMINISTRAÇÃO DA UFSM B1 19
1413-2311 READ. REVISTA ELETRÔNICA DE ADMINISTRAÇÃO B1 32
1677-7387 RECADM: REVISTA ELETRÔNICA DE CIÊNCIA ADMINISTRATIVA B1 9
1809-2276 REGE. REVISTA DE GESTÃO USP B1 56
REGEPE - REVISTA DE EMPREENDEDORISMO E GESTÃO DE
2316-2058 B1 1
PEQUENAS EMPRESAS
0102-7395 REVISTA ANGRAD B1 4
REVISTA BRASILEIRA DE GESTÃO E DESENVOLVIMENTO
1809-239X B1 9
REGIONAL
2175-8077 REVISTA DE CIÊNCIAS DA ADMINISTRAÇÃO B1 11
1516-3865 REVISTA DE CIÊNCIAS DA ADMINISTRAÇÃO (CAD/UFSC) B1 12
REVISTA PORTUGUESA E BRASILEIRA DE GESTÃO (RIO DE
1677-2067 B1 0
JANEIRO)
REVISTA PORTUGUESA E BRASILEIRA DE GESTÃO (RIO DE
1677-2067 B1 0
JANEIRO)
0102-6992 SOCIEDADE E ESTADO (UNB. IMPRESSO) B1 6
1518-4471 TEORIA & SOCIEDADE (UFMG) B1 0
0103-3786 TRANSINFORMAÇÃO B1 2
1518-9929 ADM. MADE (UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ) B2 10
1806-2261 CADERNOS GESTÃO PÚBLICA E CIDADANIA B2 3

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ISSN REVISTA QUALIS QTD


1980-850X CIÊNCIA & EDUCAÇÃO B2 4
1984-6606 E&G - REVISTA ECONOMIA E GESTÃO B2 3
FACES: REVISTA DE ADMINISTRAÇÃO (BELO HORIZONTE.
1984-6975 B2 1
ONLINE)
2236-0972 GEP – REVISTA DE GESTÃO E PROJETOS B2 15
2178-8030 GESTÃO & PLANEJAMENTO B2 4
1808-5792 GESTÃO & REGIONALIDADE (ONLINE) B2 24
GESTÃO.ORG. REVISTA ELETRÔNICA DE GESTÃO
1679-1827 B2 0
ORGANIZACIONAL
1517-3879 ORGANIZAÇÕES RURAIS E AGROINDUSTRIAIS (UFLA) B2 0
1414-0896 REVISTA CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS (UNIFOR) B2 5
1679-5350 REVISTA DE ADMINISTRAÇÃO DA UNIMEP B2 1
0104-8740 REVISTA DE POLÍTICAS PUBLICAS (UFMA) B2 34
1678-4855 REVISTA DESENVOLVIMENTO EM QUESTÃO B2 6
0034-9240 REVISTA DO SERVIÇO PÚBLICO B2 11
1984-3372 REVISTA ELETRÔNICA DE ESTRATÉGIA & NEGÓCIOS B2 7
1983-6635 REVISTA GESTÃO ORGANIZACIONAL (RGO) B2 8
2176-0756 REVISTA IBEROAMERICANA DE ESTRATÉGIA B2 11
1982-8756 REVISTA ORGANIZAÇÕES EM CONTEXTO (ONLINE) B2 37
REVISTA PENSAMENTO CONTEMPORÂNEO EM
1982-2596 B2 9
ADMINISTRAÇÃO (UFF)
1517-672X REVISTA PRETEXTO B2 6
2238-104X TEORIA E PRÁTICA EM ADMINISTRAÇÃO B2 1
TOTAL 941

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