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PLANEJAMENTO FINANCEIRO PESSOAL: UM ESTUDO NA

PERSPECTIVA DE SERVIDORES PÚBLICOS

PERSONAL FINANCIAL PLANNING: A STUDY FROM THE PERSPECTIVE


OF PUBLIC SERVANTS
Wênyka Preston Leite Batista da Costa
Janniclan Teófilo Braga Arruda
Jandeson Dantas da Silva
Sérgio Luiz Pedrosa Silva

RESUMO ABSTRACT

Esta pesquisa teve como objetivo evidenciar o This research aimed to highlight the personal
planejamento financeiro pessoal dos servidores financial planning of public servants. Regarding the
públicos. No que tange aos procedimentos methodological procedures, the research is
metodológicos a pesquisa é caracterizada como characterized as descriptive and quantitative. Data
descritiva e quantitativa. A coleta dos dados se deu collection took place through a survey, using a
por meio de um levantamento, utilizando de um closed questionnaire as a study tool directed to state
questionário fechado como instrumento de estudo employees at a public university in Brazil. Among
direcionado aos servidores estaduais de uma the research findings, the financial profile stands
universidade pública no Brasil. Dentre os achados out, where it was observed that most respondents
da pesquisa, destaca-se o perfil financeiro, onde se depend only on the university's income to honor
observou que a maior parte dos respondentes their financial commitments, having an average
depende apenas da renda da universidade para level of financial knowledge. Regarding the
honrarem seus compromissos financeiros, instruments used to keep track of their finances, the
possuindo um nível médio de conhecimento savings account (28%), Bank Statement Control
financeiro. Em relação aos instrumentos utilizados (23%) and the electronic spreadsheet of income and
para manter um controle de suas finanças, destacou- expenses (21%) stood out as the most used.
se a caderneta de poupança (28%), Controle de Although the employees are going through a
Extrato Bancário (23%) e a Planilha eletrônica de financial crisis, it was observed that none of these
receitas e despesas (21%) como os mais utilizados. thought to ask for exemption from the public
Apesar dos servidores estarem passando por uma service, however they are looking for some
crise financeira, observou-se que nenhum destes alternatives such as the control of expenses to get
pensou em pedir exoneração do serviço público, around the financial difficulty and continue in the
entretanto buscam algumas alternativas como o university. The study contributes to the theoretical
controle dos gastos para contornar a dificuldade development of the theme and the findings
financeira e continuar na universidade. O estudo identified by the research, in addition to reflecting
contribui para o desenvolvimento teórico da on access to financial education for the whole of
temática e dos achados identificados pela pesquisa, society.
além da reflexão acerca do acesso à educação
financeira por toda a sociedade. Keywords: Planning; Finance; People.
Palavras-chave: Planejamento; Finanças; Pessoal.

INTRODUÇÃO

Em meio a um universo globalizado, com o avanço da tecnologia que transformaram a


realidade das sociedades, influenciando, inclusive, na sua proposta de organização financeira
pessoal, faz-se necessário entender como os indivíduos vêm organizando as suas finanças.
Aliado a isto, as mudanças financeiras constantemente no Brasil e no mundo exigem dos
indivíduos meios para lidar com as questões financeiras, sendo essa uma problemática
constante a ser solucionada, considerando o envolvimento com o dinheiro quase que a todo
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tempo, seja no ambiente familiar ou profissional requerem o desenvolvimento de ações como
essa (SANTOS, 2014).
Sendo assim, o planejamento financeiro é uma medida que deve ser tomada pelo
indivíduo que tem pretensões, tanto no âmbito pessoal, quanto profissional. Assim, faz-se
necessário criar metas, a curto e longo prazo, buscando o equilíbrio financeiro, necessário
para que haja segurança na manipulação da renda (OLIVEIRA; SILVA, 2017).
Nesse sentido, pode-se destacar que planejamento financeiro é imprescindível, pois,
consiste em um conjunto de procedimentos que ajuda o indivíduo a manter ou acumular bens
e valores monetários, para que este possa formar, por exemplo, um patrimônio pessoal e
familiar (OLIVEIRA; SILVA, 2017; GUIMARÃES; GONÇALVES; MIRANDA, 2015;
BRAIDO, 2014).
Apesar da relevância do planejamento financeiro pessoal, Peixoto e Souza (2019)
evidenciam em seu estudo que este instrumento não é utilizado com ênfase no cenário
brasileiro, tendo em vista que uma pesquisa realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito e a
Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas no ano de 2016, indicou um percentual de 46%
de brasileiros que não controlam seu orçamento pessoal, enfatizando a vulnerabilidade
financeira por parte dos brasileiros em caso de algum incidente ou imprevisto. Aliado a isto,
destaca-se um estudo evidenciado pela Organisation for Economic co-operation and
Development - OCDE (2015), o qual ressalta que os brasileiros não possuem a cultura e
planejamento em longo prazo, recorrendo a empréstimos por uma questão de sobrevivência.
Nesta perspectiva, a pesquisa de endividamento e inadimplência do consumidor realizada em
2019, demonstrou o percentual de 64,7 % das famílias declararam ter dívidas, ou seja, mais da
metade dos cidadãos brasileiros estão endividados, fato este preocupante (CONFEDERAÇÃO
NACIONAL DO COMÉRCIO DE BENS, SERVIÇOS E TURISMO, 2019).
No cenário do funcionalismo público, objeto do presente estudo, o cenário não é
diferente, estudos como de Peixoto e Souza (2019), Loch e Silva (2018), Silva, Silva Neto e
Araujó (2017), Flores, Vieira e Coronel (2014) demonstram em seus achados a falta de
planejamento por parte dos servidores públicos, ocasionado pela má gestão orçamentária e
possibilitando consequentemente o endividamento por parte desses profissionais. Aliado a
este fator, têm-se a crise fiscal dos estados brasileiros responsável por ocasionar escassez de
recursos públicos, deficiências nos regimes previdenciários, aumento nos déficits,
dificuldades de honrar compromissos e até mesmo atrasos de pagamento do servidor
(BARBOSA, et al., 2019).
Com base no exposto, constata-se que os servidores públicos estão cada vez mais
endividados, tendo aumentos significativos em operações de crédito consignado (TEMÓTEO,
2018). Neste sentido, Rezende (2018) afirma que 29% dos servidores públicos federais e
estaduais estavam inadimplentes ao final de 2017. Sendo assim, o planejamento pessoal dos
servidores públicos torna-se um ponto relevante para estudo junto as finanças pessoais.
Com base no contexto, tem-se a seguinte questão de pesquisa: como se dá o
planejamento financeiro dos servidores públicos? Desta forma, esta pesquisa teve como
objetivo evidenciar o planejamento financeiro dos servidores públicos.
O desenvolvimento deste estudo justifica-se pela necessidade de entender o modelo
atual de sociedade, em que apresenta indivíduos com perfil consumista, que são,
constantemente, incentivados a adquirir produtos e serviços, tendo em vista as ações de
marketing e divulgação, feitas pelas empresas. Neste cenário, os servidores públicos
estaduais, cada vez mais, têm praticado o consumismo, muitas vezes, sem um plano de
controle de despesas. Considera-se que o perfil econômico do servidor público deve conter
um plano que integre atitudes que possa lhe fortalecer, no meio onde desenvolve relações
sociais, de tal forma que o seu desempenho pessoal e profissional seja bem executado
(PEIXOTO; SOUZA, 2019). 21

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Conhecer o perfil do servidor público proporciona um melhor entendimento sobre os
principais motivos que o leva a fazer despesas, verificando quais destas são necessárias e
quais são desnecessárias. Isto, tendo em vista que tal atitude compromete o seu orçamento,
seja semanal, mensal e/ou anual, considerando, também, que muitos indivíduos não
apresentam uma renda fixa ou contínua (FERREIRA; GANDOLFI, 2018). Sendo necessário
rever ou mesmo elaborar um planejamento financeiro de modo que a sua qualidade de vida
não sofra interferências negativas (DENG et al., 2013).
A estruturação desta pesquisa compõe-se de um referencial teórico com uma
abordagem e definição de conceitos relacionados à educação financeira, planejamento pessoal
e sustentabilidade financeira, uma vez que este embasamento dará suporte conceitual para o
desenvolvimento da atividade prática, a metodologia utilizada nesse estudo, a análise dos
resultados da pesquisa e as referências utilizadas o estudo.

REFERENCIAL TEÓRICO

O termo finanças pessoais refere-se à arte de administrar o capital dos indivíduos,


considerada como a ciência de gerenciar fundos que de alguma forma modificam a vida de
pessoas e empresas. Assim, pode-se entender que o planejamento sobre a quantidade de
dinheiro que o sujeito dispõe, deve ser a base para que a definição dos valores a serem gastos
e economizados (CARDOSO, 2013).
Organizar as suas finanças fazem com que o indivíduo crie oportunidades para
desenvolver-se, no cenário social onde está inserido. Sendo assim, a preocupação com as
finanças pessoais é considerada como vital, pois auxilia no gerenciamento da renda, também,
para poupar e investir, evitando fraudes e/ou decisões precipitadas (MARQUES;
TAKAMATSU; AVELINO, 2018).
O gerenciamento financeiro pessoal é fundamental para o pleno exercício da prática
cidadã, possibilitando a atuação direta nas atividades desenvolvidas. O conceito de finanças é
definido por Cardoso (2013) como aquele que consiste no desenvolvimento de princípios
financeiros e econômicos, visando resultados finais positivos e que atenda às suas
necessidades, pois, a busca pelas metas deve ser eficiente e com resultados satisfatórios.
Diante destes princípios, o dinheiro é o elemento chave para alavancamento do
planejamento, por ser o item central a ser economizado. A relevância do planejamento
financeiro é imprescindível, pois, consiste em um conjunto de procedimentos que ajuda o
indivíduo a manter ou acumular bens e valores monetários, para que este possa formar, por
exemplo, um patrimônio pessoal e familiar, sendo que essa estratégia pode ser desenvolvida a
curto, médio ou longo prazo (OLIVEIRA; SILVA, 2017; GUIMARÃES; GONÇALVES;
MIRANDA, 2015; BRAIDO, 2014).
As ações que o individuo planeja desenvolver, dependem, exclusivamente da sua
situação financeira. Pois, em se tratando de atividades a serem desenvolvidas no meio social,
é necessário o capital para ser investido e sem o equilíbrio deste elemento não há
possibilidades para isto. Braido (2014) e Araújo et al. (2019) concordam que as pessoas
devem satisfazer suas necessidades básicas como a educação financeira, na qual proporciona
conhecimento e melhora a utilização de recursos, trazendo melhoria crescente para o seu
cotidiano, garantindo-lhes uma atuação ativa independente. Todavia, o planejamento pessoal,
na maioria das vezes, considera os objetivos individuais, através do qual se pretende obter no
decorrer de determinado tempo (BRAIDO, 2014).
Entende-se que o desempenho do indivíduo, no meio social ao qual faz parte pode ser
decidido, considerando as variantes positivas e negativas, através da definição de objetivos e
metas contidos nos planos de economia e aplicação de recursos financeiros. Dessa forma,
Teixeira (2015) complementa enfatizando a necessidade de aprender a economizar, cortar 22

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gastos, poupar e acumular dinheiro, tendo em vista a busca por melhor qualidade de vida,
tanto no presente como no futuro, com segurança e conforto.
Além das melhorias na qualidade de vida, também, considera-se o dinheiro não deve
ser gasto em vão ou, simplesmente, por conta das ações de marketing que as empresas fazem.
É preciso haver conscientização sobre aquilo que é necessário e sobre o que é desnecessário
(TEIXEIRA, 2015). Araújo et al. (2019) complementa este raciocínio, quando citam que a
educação financeira é como uma arte que tem o objetivo de unir princípios e conceitos de
finanças, facilitando o processo de tomada de decisões, voltadas para a proposição e controle
das financeiras pessoais.
Neste sentido, Oliveira e Silva (2017) afirmam que o indivíduo deve desenvolver
habilidades financeiras para saber tomar decisões em situações complexas, relacionadas a
educação financeira. Isto, levando-se em consideração, também, o fator psicológico, evitando
o consumismo desnecessário.
No instante em que há o equilíbrio psicológico sobre a necessidade de como gerir as
finanças o indivíduo passa, por exemplo, a administrar diferentes situações às quais está
sujeito e que, na maioria das vezes, provoca-o a fazer gastos, muitos destes desnecessários
(PEIXOTO; SOUZA, 2019). Teixeira (2015) complementa que este é um tema relevante, no
momento atual das sociedades, onde se observa uma dinâmica, referente à prática do
consumismo. Isto leva, em muitos casos, ao endividamento e/ou a retardarem a prática de um
negócio, ou mesmo a promoção de melhorias na qualidade de vida, por conta de algum
descontrole ou fracasso financeiro.
Mais do que equilíbrio, é necessário haver sustentabilidade financeira, de modo que as
situações imprevistas do cotidiano, maquiadas através das ‘avalanches de propagandas’ de
produtos e serviços, não acabem por atrapalhar a atuação destes indivíduos. Assim, a
sustentabilidade financeira é descrita como um fator evolutivo do controle dos gastos dos
indivíduos (SILVA; TEIXEIRA; BEIRUTH, 2016).
Dessa forma, é necessário que o indivíduo se organize no que diz respeito ao seu perfil
financeiro, adequando-se à realidade onde está inserido, de modo que não haja descontrole
orçamentário. Tendo em vista esta realidade, a educação financeira proporciona melhoria e
estabilidade na qualidade de vida, propiciando bem-estar pessoal e social, para um melhor
desempenho em seu meio (GUIMARÃES; GONÇALVES; MRANDA, 2015;
CAVALCANTE; MELO; ALMEIDA, 2014).
Em relação ao aspecto profissional, o servidor público deve desenvolver uma relação
sólida com a sociedade, fator este que deixa em evidência a necessidade de um planejamento
financeiro seguro para a sua atuação, com um plano visando, também, o futuro. Esta realidade
se faz presente na rotina de muitos profissionais, pois, existem vários fatores como:
desemprego, baixos salários e a competitividade que a cada dia cresce, o que representa
dificuldades para que estes consigam, de fato, planejar a sua carreira, de modo que tenham
uma fonte de renda que lhes possibilite, até mesmo, fazer uma reserva de valores
(MARQUES; TAKAMATSU; AVELINO, 2018; PEIXOTO; SOUZA, 2019).
Considerando que este planejamento requer instruções específicas, repassadas com
exatidão e com vistas à realidade observada, entender porque economizar dinheiro é uma
medida fundamental para que o trabalhador atue na sociedade sem que suas ações fiquem
limitadas por conta de suas finanças. Assim, torna-se necessário entender a educação
financeira como elemento base das relações em sociedade, sendo definida como área
universal de intervenção, enquanto campo de construção dialógica das relações e saberes
(FERREIRA; GANDOLFI, 2018).
Dentre os instrumentos utilizados para auxílio do planejamento financeiro, Santos
(2014, p. 23) afirma que “na prática, o planejamento financeiro é visualizado na planilha ou
formulário do orçamento, o qual apresenta a confrontação entre a renda total e a despesa total 23

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realizada”. Dessa forma, independente do tipo de elemento que se utilize é relevante fazer o
registro dos gastos e receitas para melhor visualização e posteriormente controle dos mesmos.
A construção e manutenção deste diálogo requer a tomada de decisões, visando a
economia de dinheiro, tendo em vista os objetivos e metas do indivíduo. Assim, torna-se
necessário criar estratégias de modo para conquistar segurança para o futuro, no âmbito
financeiro, uma vez que o futuro é influenciado pelas ações do presente. Esta questão é
exemplificada por Cardoso (2013), quando afirma que existem vários aspectos, imprevisíveis,
que geram desemprego, baixa remuneração, alta competitividade entre as empresas que
culminam em obstáculos impedindo que as pessoas consigam fazer uma reserva de dinheiro
(CARDOSO, 2013).
Contudo, torna-se necessário entender a relação entre a estabilidade financeira é
educação financeiro do indivíduo, tendo em vista que a educação financeira se apresenta
como um diferencial perante as situações que envolvem decisões financeiras. A partir do
instante que servidor organiza e planeja seus gastos de forma consciente, tende a obter
resultados positivos, no âmbito pessoal e profissional (FERREIRA; GANDOLFI, 2018).
Segundo Marques, Takamatsu e Avelino (2018) a realidade do Brasil, no que se refere
ao planejamento econômico-financeiro em longo prazo revela os reflexos de longos períodos
de inflação que acabaram por dificultar os processos de organização e evolução do orçamento
das pessoas, em ambiento pessoal e comercial. Com isso, as necessidades de consumo que se
tem, nos dias atuais, somado a esta questão acabam por dificultar a tomada de decisões
financeiras, corroboram com esse entendimento Souza et al. (2018) e Silva, Silva Neto e
Araújo (2017).
Para Oliveira (2015) o debate sobre este assunto é tratado de forma pedagógica e
reflexiva, pois, este tipo de orientação educacional desempenha um papel importante sobre
crianças, adolescente e adulto, vinculando as bases para uma vida saudável e promissora em
relação às finanças. Silva, Teixeira e Beiruth (2016) consideram que existe uma interligação
por meio do entendimento sobre o conceito de finanças, sendo este composto pelo mercado
financeiro que estuda as atitudes do mercado, pelas finanças corporativas que prevê os
processos de planejamento e análise financeira visando a tomada de decisões, tanto para fins
empresariais como para finanças pessoais.
Tendo em vista os argumentos expressos, ressalta-se que o planejamento financeiro
pessoal, deve ser realizado pelo individuo de acordo com as práticas do presente, em
conformidade com as metas que almejam para o seu futuro, de modo que tenham conforto e
estabilidade financeiro-social por meio da sustentabilidade financeira (SOUZA et al., 2018).
A sustentabilidade financeira é definida através do controle dos gastos e/ou das
propostas de investimentos que o indivíduo opta em fazer. Sobre as possibilidades de
investimentos, mencionam-se algumas opções de investimento, como: gestão de conta
corrente, planos de aposentadoria, acompanhamento de patrimônio e de gastos são ações
relacionadas às finanças pessoais. Assim, deve-se ter cautela ao utilizar o limite do cheque
especial ou do cartão de crédito, pois, as taxas de juros tendem a serem abusivas (GALVÃO;
OLIVEIRA FILHO, 2019; BRAIDO, 2014).
Nikolay (2017) afirma que a sustentabilidade financeira corresponde a um conjunto de
ações que visa garantir a segurança, em relação à aplicação de recursos, de modo que haja
controle sobre os valores previstos e utilizados nas aplicações e despesas. Quando ocorre a
manutenção do equilíbrio financeiro, também ocorre a acessibilidade das finanças, fato este
que proporciona benefícios para a vida do indivíduo, pois há o ganho de credibilidade que
promove a regularização e estabilização do seu capital. Ou seja, o uso do crédito não
configura uma ação negativa, só não deve haver ações abusivas. O não conhecimento e
entendimento sobre a educação financeira é um dos fatores que acarreta o endividamento dos
indivíduos (PEIXOTO; SOUZA, 2019; GUIMARÃES; GONÇALVES; MIRANDA, 2015). 24

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Nota-se que a discussão proposta, reflete a necessidade de se inserir, no meio social, a
educação financeira, de modo que o cidadão possa administrar e gerenciar seus próprios
recursos com maior eficiência. Inclusive este é um tema que, segundo Araújo et al (2019),
Braido (2014) e Teixeira (2015) deve ser instruído desde as séries iniciais. Esse processo
promove a habilidade e a confiança necessária para que o indivíduo tenha maior consciência
sobre os riscos e as oportunidades financeiras podendo, assim, buscar melhorias na sua
qualidade de vida (TEIXEIRA, 2015).
Teixeira (2015) argumenta ainda que a sustentabilidade financeira depende da maneira
como as ações são desenvolvidas, sendo imprescindível a continuidade daquilo que foi
planejado e iniciado. Ou seja, se o jovem começou a desenvolver um plano de economia de
dinheiro ou se determinou metas para a economia de capital, os resultados, somente, serão
observados a médio e/ou longo prazo, desde que o processo não seja interrompido e/ou
fragmentado.

METODOLOGIA DA PESQUISA

Quanto à abordagem aos objetivos a pesquisa enquadra-se como descritiva,


objetivando descrever características de uma determinada população. O procedimento do
estudo foi caracterizado por um levantamento ou survey, realizado por meio da interação
direta de pessoas (BEUREN, 2006). E quando a abordagem do problema se classifica como
quantitativa, tendo em vista que essa tipologia de pesquisa utiliza de técnicas descritivas
simples e complexas para interpretação de determinados fenômenos (BEUREN, 2006).
Assim, utilizou-se de um questionário, para se verificar a frequência com que os respondentes
realizam determinadas ações através da análise estatística descritiva (MARCONI;
LAKATOS, 2009; BEUREN, 2006).
O instrumento de coleta de dados correspondeu a um questionário composto por 23
(vinte e três) perguntas objetivas, diretas, fechadas, o qual foi adaptado de Peixoto e Souza
(2019). O questionário foi direcionado aos servidores públicos de uma universidade pública
estadual situada no Nordeste Brasileiro.
A amostra da pesquisa refere-se aos 52 servidores públicos que se dispuserem a
participar do estudo. Os critérios de inclusão correspondem aos participantes que estavam em
pleno exercício de sua função.
A análise dos dados se deu por meio de técnicas da estatística descritiva, com
indicação de frequências e médias. Essa técnica possui como objetivo descrever e resumir
dados através da análise dos resultados para que seja possível demonstrar as características e
tirar conclusões de determinadas populações (VIEIRA NETO, 2004).

APRESENTAÇÃO, ANÁLISE DOS RESULTADOS E DISCUSSÃO

O desenvolvimento da pesquisa proporcionou uma visão concreta e específica sobre a


realidade dos servidores públicos do estado, no que se refere ao seu entendimento sobre o
modelo atual da sociedade, relacionado a importância de se desenvolver um planejamento
financeiro que lhe proporcione melhorias na qualidade de vida pessoal e profissional. Os
dados foram analisados de forma interpretativa, através de argumentações que refletem,
fielmente, aqui que dito pelos respondentes do estudo. Sendo assim, optou-se em dividir o
resultado em dois tópicos: perfil dos respondentes e planejamento financeiro dos servidores
públicos estaduais.
Inicialmente foi tração o perfil dos respondentes, conforme estes fizeram a sua
identificação pessoal, destacando o sexo, idade, escolaridade e estado civil, dispostos na
Tabela 1. 25

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Tabela 1: Caracterização dos respondentes
Descrição Fi %
Masculino 25 48 %
Sexo
Feminino 27 52 %
De 21 a 30 anos 13 25 %
De 31 a 40 anos 20 39 %
Idade
De 41 a 50 anos 07 13 %
Acima de 50 anos 12 23 %
Ensino Superior Incompleto 01 02 %
Ensino Superior Completo 06 11 %
Escolaridade Especialização Incompleta 01 02 %
Especialização Completa 18 35 %
Mestrado/Doutorado 26 50 %
Solteiro (a) 20 39 %
Estado Civil Casado/União Estável 30 58 %
Divorciado (a) 02 03 %
Fonte: Dados da Pesquisa (2020).

No que tange ao sexo dos respondentes, os dados revelam uma predominância do


público feminino na pesquisa. Na segunda questão, foi identificada a faixa etária dos
respondentes. A maioria destes tem idade entre, 31 a 40 anos o que correspondeu a 39% do
total de respostas registradas.
Na terceira questão foi informada a escolaridade destes, onde se destacou o percentual
de pessoas que possui Mestrado/Doutorado, sendo 50% dos 26 (vinte seis) dos respondentes
da pesquisa, tendo em vista que é o campo de pesquisa foi uma universidade pública. Na
quarta questão identificou-se o estado civil dos respondentes; predominaram os respondentes
solteiros e casados/União estável, correspondendo a 39% e 58%, respectivamente.
Neste sentido, destaca-se o entendimento de Cardoso (2013) e Araújo et al. (2019)
contribuem que a reflexão do nível de escolaridade é relevante, pois o nível de escolaridade
pode auxiliar ao indivíduo, neste caso os servidores do estado do RN, em uma melhor
distribuição da sua renda, de maneira equilibrada, através de um planejamento a curto, médio
e longo prazo, uma vez que o parcelamento salarial é uma realidade que pode ser aplicada a
estes, em algumas ocasiões sem que haja tempo para a reorganização das finanças e gastos
pessoais. Ao analisar os dados do perfil pessoal dos respondentes, percebe-se que se trata de
pessoas experientes com alta formação, em sua maioria, mestres e/ou doutores.
Na Tabela 2 constam informações sobre o perfil financeiro dos respondentes, sendo
que tais informações refletem a sua situação economia, no que se refere ao planejamento
financeiro, no âmbito pessoal e profissional.

Tabela 2: Perfil financeiro dos respondentes


Descrição Fi %
Vínculo atual com o Ativo 52 100 %
Estado Inativo 00 00 %
Até R$ 2.000,00 01 02 %
De R$ 2.001,00 a R$ 5.000,00 24 46 %
Faixa Bruta Salarial
De R$ 5.001,00 a R$ 10.000,00 17 33 %
De R$ 10.001,00 a R$ 20.000,00 10 19 %
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Você 10 19 %
Dependentes da Cônjuge 08 15 %
Renda Filhos 24 46 %
Outros 10 20 %
Fonte: Dados da Pesquisa (2020).

Na quinta questão, estes informaram o tipo de vínculo que têm, atualmente, com o
estado do Rio Grande do Norte. Todos os respondentes possuem vinculação ativa, tendo em
vista que desenvolvem, regularmente, suas atribuições profissionais naquela universidade. Em
relação à faixa ‘bruta’ salarial dos respondentes, a maioria destes, 46% do total, recebe
vencimento entre R$ 2.001,00 a R$ 5.000,00.
Na pesquisa, questionou-se ainda quem são as pessoas que dependem da sua renda
salarial, sendo que prevaleceram, como dependentes da renda salarial dos servidores, seus
filhos, correspondendo a 46% do total de respostas. Verificou-se, que os respondentes
possuem vínculo ativo junto ao Estado do Rio Grande do Norte, já tiveram seu salário
parcelado. A maioria destes, 46% do total, recebe vencimentos entre R$ 2.000,00 a R$
5.000,00 e os filhos sãos que mais dependem destes recursos. Desta forma, o planejamento
financeiro está pautado nestas características, tendo como foco a organização familiar.
A identificação do perfil financeiro é relevante para o planejamento financeiro,
conforme se destaca a percepção de Araújo et al. (2019) afirmando que indivíduo deve se
organizar no que diz respeito ao seu perfil financeiro, adequando-se à realidade onde está
inserido, de modo que não haja descontrole orçamentário. A Tabela 3 apresenta os dados
sobre a composição da renda mensal dos respondentes.

Tabela 3: Resultado da composição da renda mensal


Descrição Fi %
Apenas o salário de funcionário
36 69 %
público do Estado
Salário com renda extra 10 19 %
Origem do salário Salário com outra renda de igual
04 8%
valor
O salário é, apenas, um
02 4%
complemento
Fonte: Dados da Pesquisa (2020).

Na nona questão os respondentes descreveram o tipo de composição da sua renda


salarial, cerca de 70% desta composição referem-se, apenas, ao salário que o servidor recebe
do Governo do RN. Por possuírem apenas uma fonte de renda, destaca-se que esses servidores
devem planejar suas finanças, objetivando não acarretar dívidas ou problemas financeiros
caso haja atraso. Esse entendimento vai ao encontro de Ferreira e Gandolfi (2018) quando
afirmam que o planejamento deve ser considerado e requer instruções específicas, repassadas
com exatidão e com vistas à realidade observada. Entender a relevância de economizar
dinheiro é uma medida fundamental para que o trabalhador atue na sociedade sem que suas
ações fiquem limitadas por conta dos limites de suas finanças.
Dando continuidade aos resultados da pesquisa foi solicitado que os respondentes
apontassem seu nível de conhecimento financeiro em uma escala de um 1 a 10, conforme se
observa no gráfico 1.

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Gráfico 1 – Nível de conhecimento financeiro.

Fonte: Dados da Pesquisa (2020).

Conforme se observa no gráfico, maior parte dos respondentes afirmaram possuir um


nível 5 do conhecimento em educação financeira, o que representa um percentual de 23,9 %
da amostra. Esse achado corrobora com a preocupação com a acessibilidade ao conhecimento
financeiro por parte da sociedade, fato este que proporciona benefícios para a vida do
indivíduo, pois há o ganho de credibilidade que promove a regularização e estabilização do
seu capital. O não conhecimento e entendimento sobre a educação financeira é um dos fatores
que acarreta o endividamento dos indivíduos (GALVÃO; OLIVEIRA FILHO, 2019;
PEIXOTO; SOUZA, 2019). Nota-se que a discussão proposta, reflete a necessidade de se
inserir, no meio social, a educação financeira, de modo que o cidadão possa administrar e
gerenciar seus recursos com maior eficiência.
Em seguida, foi questionado se os servidores públicos se preocupavam com o
planejamento financeiro antes do parcelamento de salário, esse parcelamento se promoveu por
atrasos salariais do governo do RN, uma vez que com os achados do estudo 75% dos
servidores públicos afirmaram que tiveram seus salários parcelados em algum momento,
conforme evidenciado na Tabela 4.

Tabela 4: Planejamento Financeiro antes do o parcelamento dos salários


Descrição Fi %
Planejamento Financeiro Sim 33 64 %
antes de haver o
parcelamento dos salários Não 19 32 %
Fonte: Dados da Pesquisa (2020).

Evidenciou-se que, mesmo antes de haver o parcelamento dos salários 64% dos
servidores públicos, esses afirmaram que já havia a preocupação com o planejamento
financeiro de suas finanças. Neste sentido, entendimento de Cardoso (2013) contribui com
esta reflexão quando afirma que o individuo deve se prevenir para problemas provenientes do
parcelamento dos salários. Após essa constatação, observou-se o comportamento do
planejamento financeiro após o parcelamento dos salários, visto na Tabela 5.

Tabela 5: Planejamento Financeiro após parcelamento dos salários


Descrição Fi %
Iniciou algum tipo de Sim 27 52 %
Planejamento
Financeiro Não 25 48 %
Fonte: Dados da Pesquisa (2020). 28

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Neste quesito, foi afirmado que 52% dos respondentes iniciou algum tipo de
planejamento financeiro, pode-se inferir tal resultado, tendo em vista que 64% dos
respondentes no questionamento anterior já utilizada o planejamento financeiro mesmo antes
do parcelamento dos salários. Para Braido (2014) o planejamento financeiro pessoal, por sua
vez, é a explicitação de como serão viabilizados os recursos necessários para o alcance dos
objetivos estabelecidos. Por esse motivo, o planejamento financeiro deve ser sempre
realizado, independente da crise financeira. Em seguida, houve a avaliação dos respondentes
em relação ao nível do planejamento financeiro realizado atualmente, em uma escala de 1 a
10 (Gráfico 2).

Gráfico 2 – Avaliação do Planejamento Financeiro

Fonte: Dados da Pesquisa (2020).

Observando os resultados, pode-se constatar que os respondentes ficaram divididos


enquanto a avaliação do nível de planejamento financeiro realizado atualmente, sendo que 21,
7 % afirmaram um nível 5 de avaliação e o mesmo quantitativo destacou um nível de
avaliação de 8. Apesar da disparidade, observa-se ainda no gráfico, um quantitativo com nível
de 7 (13%), 9 (10,9%) e 10 (10,9%), o que demostra que apesar de 10 servidores
classificarem o nível 5 de avaliação de seu planejamento financeiro, 26 respondentes avaliam
positivamente o seu planejamento financeiro, com nível entre 7 e 10.
Com base neste achado, constata-se que o planejamento financeiro, deve ser a base
para que a definição dos valores a serem gastos e economizados. Organizar as suas próprias
finanças faz com que o indivíduo crie oportunidades para desenvolver-se, no cenário social
onde está inserido, pois, esta prática é importante, pois, auxilia no gerenciamento da sua
própria renda, também, para poupar e investir, evitando fraudes e/ou decisões precipitadas.
Além disso, esta é uma forma de educação pessoal e que contribui para a manutenção do bem-
estar social (MARQUES; TAKAMATSU; AVELINO, 2018). Sendo assim, o mesmo deve ser
bem elaborado para que se possam atender objetivos eficazes e o individuo possa ter controle
sobre suas finanças.
Na Tabela 6 apresentam-se os resultados em relação aos instrumentos de controle
financeiro utilizados e os elementos recorridos para organização das finanças em momento de
parcelamento dos salários.

Tabela 6: Instrumentos de Controle Financeiro e Elementos da Organização e Planejamento.


Descrição Fi %
Instrumentos de Planilha Eletrônica de Receitas e
11 21 % 29
Controle Financeiro Despesas

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Aplicativo para Celular 4 8%
Caderneta de Poupança 15 28 %
Controle de Extrato Bancário 12 23 %
Nenhum 13 20 %
Ajuda de Familiares 04 8%
Empréstimo Bancário 19 37 %
Elementos da Renegociação de Dívida 2 4%
Organização do
Corte de Gastos 16 31 %
Parcelamento
Resgate da Poupança 4 8%
Outro 7 12 %
Fonte: Dados da Pesquisa (2020).

Em relação aos instrumentos utilizados para manter um controle de suas finanças,


destacou-se a caderneta de poupança (28%), controle de extrato bancário (23%) e a planilha
eletrônica de receitas e despesas (21%) como os mais utilizados. Dentre os instrumentos
utilizados para auxílio do planejamento financeiro, Santos (2014) enfatiza que o planejamento
financeiro pode ser visualizado em planilha ou formulário do orçamento, devendo apresentar
a confrontação entre a renda total e a despesa total realizada. Dessa forma, independente do
tipo de elemento que se utilize é relevante fazer o registro dos gastos e receitas para melhor
visualização e posteriormente controle dos mesmos.
Outro ponto que merece destaque é o fato de alguns afirmarem que não utilizaram
nenhum instrumento e/ou técnica de controle financeiro, conforme os percentuais que
registraram 20% do total, dessa forma, se pode inferir com base no entendimento de Santos
(2014) que os mesmos possuíram maiores dificuldades nos aspectos financeiros.
Além deste item, têm-se os elementos utilizados para organização das finanças após o
parcelamento dos salários, dentre estes, destaca-se o corte de gastos e o empréstimo bancário,
com 31% e 29% das respostas, respectivamente. No que se refere ao controle dos gastos,
Teixeira (2015) contribui que, os servidores tendem a buscar medidas estratégicas para a
reorganização das suas finanças, por não terem um planejamento financeiro que os resguarde
de eventos, como o parcelamento salarial. No que tange aos empréstimos bancários, Santos
(2014) enfatiza que são utilizados com maior ênfase para cobrir gastos substanciais como
despesas com saúde, alimentação, moradia e etc. Na Tabela 7, são apresentados os resultados
do quesito em relação a buscar ajuda de algum contador.

Tabela 7: Busca por ajuda de um contador


Descrição Fi %
Fazer o Imposto de Renda 14 27 %
Reorganização do Salário após o
Serviços Prestados pelo 01 2%
Parcelamento
Contador
Nunca Procurou ajuda de um
37 71 %
Contador
Fonte: Dados da Pesquisa (2020).

Observou-se que cerca de 70% afirmaram que nunca procurou ajuda de um contador
para ajudar na organização e planejamento de suas finanças, apesar de a necessidade de se
rever a forma com que vinham administrando o seu salário, percebeu-se que os respondentes
não tiveram a necessidade urgente, do auxílio de om contador.
Neste sentido, destaca-se o entendimento de Cardoso (2013) que contribui com esta
reflexão quando afirma que o individuo deve se prevenir para problemas provenientes do
parcelamento dos salários, assim, cita a atuação do contador como essencial para a construção
de um planejamento financeiro e na correta aplicação de recursos. Em seguida foi solicitado
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que os respondentes identificassem se conhecem alguém que pediu exoneração, devido o
parcelamento de salários (Tabela 8).

Tabela 8: Resultado sobre exoneração do cargo


Descrição Fi %
Sim 00 0%
Pedido de Exoneração
Não 52 100 %
Conhecimento sobre Sim 04 8%
Pedidos de Exoneração Não 48 92 %
Fonte: Dados da Pesquisa (2020).

A maior parte das respostas foi negativa, correspondendo a 100% e 92% das respostas,
isto porque, os respondentes não fizeram pedido de exoneração do cargo, este resultado pode
inferir que apesar de os servidores estarem passando por parcelamento dos salários, buscam
alternativas e permanecem no serviço público; dentre estes se destacaram o planejamento
financeiro, entretanto foi enfatizado que o mesmo requer instruções específicas, repassadas
com exatidão e com vistas à realidade observada (GALVÃO; OLIVEIRA FILHO, 2019). A
prática economizar é uma medida fundamental para que o trabalhador atue na sociedade sem
que suas ações fiquem limitadas por conta dos limites de suas finanças. Assim torna-se
necessário entender a educação financeira como elemento base das relações em sociedade. A
educação é entendida como área universal de intervenção, enquanto campo de construção
dialógica das relações e saberes (FERREIRA; GANDOLFI, 2018).

CONCLUSÃO

Ao concluir esta pesquisa foi possível alcançar os objetivos propostos, uma vez que
foram evidenciados os impactos da crise econômica no planejamento financeiros dos
servidores públicos estaduais, que atuam na realidade de uma universidade pública situada no
Nordeste Brasileiro.
Em relação ao perfil financeiro, observou-se que a maior parte dos respondentes
dependem apenas da renda da universidade para honrarem seus compromissos financeiros e
ainda que a renda obtida por estes é a fonte principal de recursos da família.
No tocante ao conhecimento financeiro dos respondentes, destaca-se que a amostra
possui um nível médio de conhecimento, o que ressalta a preocupação pelo acesso à educação
financeira para toda a sociedade, vista como essencial para o controle das finanças pessoais e
maior qualidade de vida. Apesar do referido achado, foi possível evidenciar ainda que os
servidores já possuíam algum tipo de controle financeiro antes dos parcelamentos salarias, o
que foi intensificado após esses servidores receberem seus salários parcelados. Destacou-se
ainda que os respondentes avaliam positivamente o seu planejamento financeiro, com nível
entre 7 e 10.
Em relação aos instrumentos utilizados para manter um controle de suas finanças,
destacou-se a poupança (28%), controle de extrato bancário (23%) e a planilha eletrônica de
receitas e despesas (21%) como os mais utilizados. Considerado como ponto positivo, tendo
em vista que independente do tipo de instrumento utilizado é relevante fazer o registro dos
gastos e receitas.
Em relação a buscar ajuda de um contador para ajudar na organização e planejamento
de suas finanças, cerca de 70% dos respondentes, afirmaram que não procuram ajuda de um
contador para ajudar na organização e planejamento de suas finanças, apesar da eminente
necessidade de se rever a forma com que vinham administrando o seu salário, percebeu-se que
os respondentes não tiveram a necessidade urgente, do auxílio deste profissional.
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Apesar de os servidores estarem passando por parcelamento de salários, observou-se
que nenhum destes pediu exoneração do serviço público, entretanto, buscam algumas
alternativas como o controle dos gastos para contornar a dificuldade financeira e continuar na
universidade. Dentre estas alternativas destacaram-se o planejamento financeiro, entretanto
foi enfatizado que o mesmo requer instruções específicas, repassadas com exatidão e com
vistas à realidade observada.
Apesar da relevância dos achados do estudo, destacam-se suas limitações, tendo em
vista, que a investigação foi realizada em apenas uma universidade pública estadual seus
resultados não podem ser generalizados. Entretanto, destacam-se as contribuições da pesquisa
em relação ao desenvolvimento teórico da temática e dos achados identificados pela pesquisa,
além da reflexão acerca do acesso à educação financeira por toda a sociedade.
Sugere-se que os servidores públicos desenvolvam periodicamente, uma avaliação
financeira, e modo que estes tenham um controle constante e eficaz da sua rentabilidade, bem
como o desenvolvimento de pesquisa com outros servidores públicos, estaduais, municipais
ou federais.

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INFORMAÇÕES DOS AUTORES

Wênyka Preston Leite Batista da Costa


Doutora em Administração UNP
Docente do Curso de Ciências Contábeis UERN
E-mail: wenkapreston@hotmail.com

Janniclan Teófilo Braga Arruda


Graduado em de Ciências Contábeis UERN
E-mail: janniclanbraga@gmail.com

Jandeson Dantas da Silva


Mestre em Administração e Controladoria UFC
Docente do Curso de Ciências Contábeis UERN
E-mail: jandeson.dantas@gmail.com

Sérgio Luiz Pedrosa Silva


Doutor em Geografia UFPE
Docente do Curso de Ciências Contábeis UERN
E-mail: professorsergiopedrosa@gmail.com

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