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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ

CAMPUS CLÓVIS MOURA


CURSO LETRAS PORTUGUÊS

DANIEL JUDVAN DA SILVA SOUSA

A POESIA VIRAL NO INSTAGRAM – DAS TELAS PARA O LIVRO: A


LITERATURA DE JOÃO DOEDERLEIN

TERESINA – PI
2018
DANIEL JUDVAN DA SILVA SOUSA

A POESIA VIRAL NO INSTAGRAM – DAS TELAS PARA O LIVRO: A


LITERATURA DE JOÃO DOEDERLEIN

Monografia apresentada ao Curso de Letras


Português da Universidade Estadual do Piauí –
Campus Clóvis Moura, como requisito parcial
para obtenção do grau de licenciado em Letras
Português
Orientador: Prof. Dr. Diógenes Buenos Aires

TERESINA – PI
2018
DANIEL JUDVAN DA SILVA SOUSA

A POESIA VIRAL NO INSTAGRAM – DAS TELAS PARA O LIVRO: A


LITERATURA DE JOÃO DOEDERLEIN

Monografia apresentada ao Curso de Letras


Português da Universidade Estadual do Piauí –
Campus Clóvis Moura, como requisito parcial
para obtenção do grau de Licenciado em Letras
Português.

Defendida em: ____/____/ 201__

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr. Diógenes Buenos Aires - UESPI


Orientador

Prof.
Examinador Interno

Prof.
Examinador Externo

TERESINA – PI
2018
À Patrícia Ribeiro, minha âncora neste
mar bravio que é a vida.
À memória do meu irmão Paulo Sérgio.
AGRADECIMENTOS

A Deus, cujo cuidado permitiu que eu chegasse até aqui, nele nós existimos e
no movermos, reconhecendo essa máxima estendo os meus agradecimentos às
pessoas que sem elas, dificilmente estaria aqui de posse desse trabalho.
Aos meus filhos, Dhara e Emanuel, por terem aberto mão de alguns
compromissos sociais para que eu desse continuidade à minha formação.
A juventude da congregação Peniel, já que me inscrevi no Enem para de
alguma forma inspirá-los a estudar. Ressalto aqui a pessoa do Wellington, meu
amigo, o qual me emprestou os seus ouvidos para longas e intermináveis conversas
sobre a importância do meu curso, e o quanto ele contribui para prática ministerial.
Ao meu amigo Carlos Nascimento pelas vezes que digitou os meus trabalhos
enquanto eu tinha algum compromisso na igreja, por ser para mim a pessoa que
sempre me tira dos abismos tecnológicos, e por me fazer acreditar que de alguma
forma eu contribuo com a sua história.
Aos colegas de classe pela ajuda mútua nesse final de curso, ao Láryos,
parceiro de café, aos distraídos - Rômulo e Ivonete, pela sintonia que tivemos em
todos os trabalhos, e ainda, Andréa, que entrou nos distraídos nessa reta final e se
mostrou boa gente, sempre ajudando e se preocupando com os demais.
A todo corpo docente do curso de Letras Português do Campus Clóvis
Moura, em especial ao meu orientador prof. Dr. Diógenes Buenos Aires de Carvalho,
por me nortear nesse campo vasto que é a literatura. Também agradeço à profa.
Dra. Shirlei Marly Alves por nos inspirar, por ser acessível a todos, por nos guiar e
nos fazer pesquisadores.
Entre o físico e o virtual, entre mídias
antigas e novas não correm largos
oceanos, mas sim os fios de múltiplos
cruzamentos que precisamos aprender a
enxergar.
Lucia Santaella
RESUMO

As redes sociais e a tecnologia permitiram novas formas de produção e circulação


das manifestações poéticas autorais, fazendo-se necessário repensar, conhecer e
compreender essas manifestações e as interações que lhes possibilitaram serem
reconhecidas como literatura, e assim, serem transliteradas para um livro. Numa
busca de legitimação dos atores desse processo, da obra e do mercado editorial, foi
empreendida esta pesquisa, que objetivou analisar o processo da transliteração das
manifestações poéticas autorais dos suportes típicos das mídias sociais para o livro.
A pesquisa se dá especificamente com a intenção de caracterizar essas
manifestações poéticas autorais; analisar os poemas que circulam no perfil
@akapoeta, que foram transliterados; e comparar os dois suportes onde circulam
tais poemas. Para fundamentar teoricamente as análises, a pesquisa está
embasada nas postulações de Pierry Lévy (1999) sobre ciberespaço, de Jenkins
(2009) e Santaella (2012) sobre a abordagem da cultura da convergência, onde os
suportes e as interações se entrelaçam, no tocante à arte e a participação dos
sujeitos envolvidos no processo criativo recorre-se a Benjamin (1994), a Lévy (1993)
e a Cândido (2006). Essa pesquisa é do tipo exploratória e bibliográfica, uma vez
que analisou as manifestações poéticas no Instagram, por se tratar de um fenômeno
social possibilitado pela interação das redes sociais e pela produção de poesia que
envolve uma dinâmica inter-relacional neste canal. As manifestações poéticas no
Instagram se iniciam despretensiosamente sem maiores intenções, e se tornam
produções literárias a partir do reconhecimento do ciberconsumidor, que faz circular
as publicações, constituindo-se como principal agente de divulgação e legitimação
dessas manifestações. Os resultados das análises das poesias virais comprovam
que estas possuem elementos que as caracterizam como poesia modernista. O seu
aspecto híbrido dialoga com outro gênero facilmente reconhecido pelo público,
unificando linguagens, combinando-as e reconfigurando-as. Sobre o processo de
transliteração das manifestações poéticas na rede social Instagram, constatou-se
que embora o poeta tenha contos e prosas poéticas de mais de duas estrofes, o que
foi para o suporte livro foram as prosas no formato de verbete, sendo que já eram
plenamente aceitos e reconhecidos pelo público. Conclui-se que as manifestações
poéticas vieram a ser construtos da ciberliteratura através das interações e
reconhecimento do ciberconsumidor, o que gerou interesse da editora. De posse das
considerações sobre os ciberpoemas e do livro publicado pela editora Paralela,
foram realizadas as comparações dos poemas digitais que foram transliterados, a
partir dessas, percebeu-se onde confluem e divergem, e constatou-se que essas
produções literárias analisadas inauguram novas possibilidades de uso das
ferramentas de publicação e difusão de conteúdo na mídia social, comprovando a
possibilidade da transliteração através de ajustes que em nada diminuem a estética
e muito menos o sentido, pelo contrário, enriquecem pela agregação de elementos
constitutivos do suporte impresso. As análises proporcionaram maior familiaridade
com o fenômeno, tornando-o mais explícito. Constataram-se também indícios de
uma cultura editorial do digital em franca formação e revelou-se que o Instagram
pode ser considerado uma ferramenta favorável, não só para entretenimento, mas
também para a produção, transmissão e disseminação da literatura autoral
contemporânea.

Palavras-chave: Ciberliteratura. Instagram. Livro. Redes Sociais. Transliteração.


ABSTRACT

Social network and technology allowed the production and circulation of poetic
manifestations, making it necessary to rethink, to know, to understand these
manifestations and the interactions that enabled them to be recognized as literature,
and thus, to be transliterated into a book. In a search for legitimacy of the actors of
this process, of the work and of the publishing market, this research was undertaken
that aimed to analyze the process of transliteration of poetic manifestations of the
typical social media supports for the book, specifically with the intention of
characterizing these poetic manifestations analyze the poems that circulate in the
@akapoeta profile that were transliterated and compare the two supports where
these poems circulate. In order to base the analysis theoretically, we used the
concepts of Pierry Lévy (1999) on cyberspace, by Jenkins (2009) and Santaella
(2012) for the approach to the culture of convergence where supports and
interactions intertwine, about art and participation of the subjects involved in the
creative process, we used Benjamin (1994), Lévy (1993) and Candido (2006). This
research is exploratory and bibliographical, since it analyzed the poetic
manifestations in Instagram, because it is a social phenomenon made possible by
interaction in sociais networks and by the production of poetry involve an inter-
relational dynamic in this channel. The poetic manifestations in the Instagram begin
unpretentiously, without great intentions and that become literary productions,
starting from the recognition of the cyber consumer that circulates the publications,
constituting itself like main agent of diffusion and legitimation of these
manifestations. The results of the analysis of viral poetry prove that these have
elements that characterize it as modernist poetry, its hybrid aspect talks with another
genre easily recognized by the public, unifying languages, combining them and
refuncionarando them. On the process of transliteration of the poetic manifestations
in the social network Instagram it was verified that although the poet +has stories and
poetic prose of more than two stanzas, what was for the support book were the prose
in the format of entry that already were fully accepted and recognized by the public. It
is concluded that the poetic manifestations came to be constructs of the
cyberliterature through the interactions and recognition of the cyberconsumer that
generated interest of the publisher, of possession of the considerations on the
cyberpoems and of the book published by the parallel publisher , were realized the
comparisons of the digital poems that were transliterated, from these, it was noticed
where they converge and diverge and it was verified that these literary productions
analyzed inaugurate new possibilities of use of the tools of publication and diffusion
of content in the social media proving the possibility of the transliteration through
adjustments that nothing diminishes the aesthetic and much less the sense, on the
contrary, enriches by the aggregation of constituent elements of the printed
support. The analyzes provided greater familiarity with the phenomenon, making it
more explicit and evidenced evidence of an editorial culture of digital in frank training
and revealed that Instagram can be considered a favorable tool not only for
entertainment, but for the production, transmission and dissemination of
contemporary authorial literature.

Keywords: Cyberliterature. Instagram. Book. Sociais networks. Transliteration.


LISTA DE FIGURAS

FIGURA1 – Insônia ...……………………………………………………………………27


FIGURA 2 – Sol …………………………………………………………………………..28
FIGURA 3 – Poeta ……………………………………………………………………….28
FIGURA 4 – Áries ………………………………………………………………………..29
FIGURA 5 – Crush ……………………………………………………………………….33
FIGURA 6 – Interesse …………………………………………………………………...34
FIGURA 7 – Lembranças ………………………………………………………………..35
FIGURA 8 – Lágrima
……………………………………………………………………..36
FIGURA 9 – Nó …………………………………………………………………………...37
FIGURA 10 – Poema Transliterado –1………………………………….………………
41
FIGURA 11 – Poema Transliterado – 2
………………………………………………....44
FIGURA 12 – Poema Transliterado – 3 …………………………………………………
46
FIGURA 13 – Poema Transliterado – 4 …………………………………………………
48
FIGURA 14 – Poema Transliterado – 5 …………………………………………………
51
LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 – Sistematização dos elementos que compõe o projeto visual de um


livro........……………………………………………………………………………………40
QUADRO 2 – Comparativo entre os suportes dos poemas que foram transliterados
do Instagram para o livro – 1…..
…………………………………………………………….41
QUADRO 3 – Comparativo entre os suportes dos poemas que foram transliterados
do Instagram para o livro – 2 ……………………………………………………………44
QUADRO 4 – Comparativo entre os suportes dos poemas que foram transliterados
do Instagram para o livro – 3
…………………………………………………………….46
QUADRO 5 – Comparativo entre os suportes dos poemas que foram transliterados
do Instagram para o livro – 4
…………………………………………………………….49
QUADRO 6 – Comparativo entre os suportes dos poemas que foram transliterados
do Instagram para o livro – 5
……………………………………………………………..51
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO..................................................................................................09
2 A POESIA EM TEMPOS DE CIBERCULTURA...............................................15
2.1 Ciberespaço, o espaço da cibercultura ..………………….……………..............15
2.2 Poesia: entre o digital e o impresso……………………………………................20
2.2.1 Poesia na rede social Instagram .....………………………………………...........23
2.2.2 Poesia autoral no Instagram ………………………………………………...........
24
3 AS MANIFESTAÇÕES POÉTICAS AUTORAIS NA REDE SOCIAL
INSTAGRAM E O PROCESSO DE TRANSLITERAÇÃO PARA O LIVRO
….............................…26
3.1 @akapoeta – conhecido como poeta................................................................26
3.2 Ressignificados: uma análise da poesia viral de João Doerdelein...................30
3.3 Transliteração da rede social para o livro ………………………....................... 38
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ………………………………………………........... 56
REFERÊNCIAS……….………………………………………………………........ 59
9

1 INTRODUÇÃO

A contemporaneidade é marcada por inovações tecnológicas de onde


surgiram as redes sociais, estas por sua vez, são as responsáveis por mudanças em
grande parte da população que interage e se relaciona no ciberespaço. O
surgimento de canais de aproximação promoveu identificação e maior interação
social, alterando as relações de produção, armazenamento, transmissão, recepção,
e de consumo do produto literário.
Pierre Lévy (1999) defende que o ciberespaço é mais o efeito resultante de
um movimento social, que do desenvolvimento tecnológico, ou seja, a tecnologia é a
apenas a ferramenta utilizada para a construção do espaço social. O espaço
cibernético construto da interação social, congrega aspectos de distintas culturas; a
oral, a escrita, a impressa, a de massas, a de mídias e a cibercultura, da qual
emergiu a ciberliteratura. Essas camadas culturais são densas, híbridas e formam
uma hipercomplexa constelação capaz de conviver harmoniosamente com os meios
e suportes de comunicação historicamente já legitimados nesse espaço
comunicativo.
As inovações digitais promoveram as interações, e estas, aproximaram o
poeta do seu leitor fazendo com que a poesia deixasse de ser solene. As novas
formas criadoras de produção literária, assim como os processos de circulação e
disseminação conduziram o gênero a uma ressignificação. A ascensão da poesia
autoral no Instagram também provou a atemporalidade deste ofício, (poeta). Como
se constata, a poesia certamente não está morta como se previu ao acreditar que a
tecnologia pudesse extingui-la, o seu meio talvez precisasse de uma reinicialização
digital.
A arte de colocar os sentimentos em formas de palavras na timeline1 acabou
criando novos autores chamados de Instapoetas 2 (Instapoets). O que antes ficava
apenas no papel, em cadernos ou diários foi parar no Instagram. Os temas falam
sobre o amor, a violência, relacionamentos, autoconhecimento, feminismo, saudade

1
O termo timeline é uma palavra em inglês que significa linha do tempo. Trata-se da ordem das
publicações feitas nas plataformas sociais online, ajudando o internauta a se orientar, exibindo as
últimas atualizações feitas pelos seus amigos.
2
Instapoeta, termo utilizado para designar os poetas que iniciaram suas criações na rede social
instagram.
10

e sobre o cotidiano. Esses artistas alcançam prestígio, dão palestras em feiras


literárias e participam de saraus, o que acaba despertando o interesse das editoras.
Cada vez mais, editoras importam poetas da internet e lançam obras que, em
parte, se concentram em uma compilação das mais populares postagens, esses
escritores se utilizam da web como principal ferramenta de divulgação da obra,
expandindo os limites da literatura contemporânea. Mas como ocorre o processo de
transliteração das manifestações poéticas na rede social Instagram, para o livro? É
uma questão que merece uma investigação.
Uma busca sistemática acerca do assunto em bases de publicações
científicas mostrou que o fenômeno é ainda pouco abordado, alguns pesquisadores
foram pioneiros ao enveredaram por esse caminho, são eles: Heloisa Bernardi em
sua dissertação Poesia, Escrita Quirográfica, Leitura Digital: A Literatura de Pedro
Gabriel (2017). O objetivo desse estudo é investigar a produção estética de Pedro
Gabriel, publicada em mídias impressas e digital, pesquisando como tal produção se
associa aos novos estatutos de produção literária e recepção estética e valendo-se
de dois procedimentos: a leitura e a interpretação dos textos do autor, publicados em
meio digital e impresso. Há ainda a escritora Amanda Martins, que aborda a temática
em seu artigo intitulado - Instaliteratura: Imagem e Palavra em Manifestações
Poéticas no Instagram (2016). A pesquisa busca compreender a multiplicidade de
processos da criação literária na contemporaneidade, por meio da reflexão sobre
manifestações poéticas no Instagram. Outro exponencial da temática é Flaviano
Viera, em seu texto: Perspectivas de leitura para Poéticas Digitais (2013). O autor
aborda o fazer poético através de uma escrita para os olhos, uma literatura feita pelo
e para o meio computacional. Por fim, dos autores aqui destacados, Thiago Corrêa
Ramos, em sua dissertação – A Literatura Brasileira na Internet: Implicações do
digital na narrativa (2013). O Autor baseia-se através de um estudo de caso da
narrativa hipertextual Tristessa, escrito ao vivo pelo escritor Mario Prata em 2000,
numa experiência que foi acompanhada on-line por mais de 400 mil internautas.
Nesta pesquisa o autor analisa as relações entre a mensagem e o seu meio, e se
propõe a estudar os efeitos da internet nas narrativas literárias criadas e veiculadas
no ambiente digital.
Esses pesquisadores abordam a literatura digital a partir das relações autor,
mensagem, processo e meio de veiculação. Nesse sentido a presente pesquisa tem
11

o objetivo de analisar o processo de como se dá a transliteração das manifestações


poéticas autorais dos suportes típicos das mídias sociais para o livro, isso,
especificamente com a intenção de caracterizar as manifestações poéticas autorais
na rede social Instagram; comparar os formatos das poesias virais nos suportes
midiáticos e no suporte livro.
A relação de interação da tríade: autor (Instapoetas) – internauta
(ciberconsumidor) e editora foram consideradas. Além do construto desta
investigação, a discussão visa contribuir para engrossar o lastro dessa temática,
portanto, merece a investigação proposta.
Nesse sentido, pretende-se reiterar que a produção da ciberliteratura,
sobretudo as manifestações poéticas, é participativa, e confluem para uma via de
mão dupla. Bem mais que estabelecer papeis distintos para os produtores e
consumidores, chamados aqui de ciberconsumidores, foi feita uma investigação
sobre a interação desses agentes.
Faz-se necessária uma sondagem sobre as motivações que levam os poetas
do Instagram – chamados aqui de Instapoetas, a empreenderem a migração do
suporte midiático para o suporte livro, e ainda a observação do papel do
ciberconsumidor nesse processo de transliteração.
Outro ponto importante neste trabalho é uma breve análise de algumas
poesias virais do Instapoeta João Doederlein, autor dos livros Ressignificados e
Coração-Granada. Esse estudo servirá para identificar que embora a circulação e a
transmissão desses poemas tenham em sua gênese as transformações
tecnológicas, eles operam como signo linguístico, tornando a sua linguagem
acessada pela grande massa e utilizada por um público variado, portanto, poderá
ser usado como instrumento de educação literária, e satisfatoriamente cumprir o
papel de meio para uma literatura tida como clássica.
A escolha desse instapoeta se deu por ele representar bem a nova safra de
poetas que inicia suas produções literárias em um ambiente virtual e alcançam
sucesso editorial pelas participações de saraus literários, em livrarias e em espaços
que respiram cultura, uma prova de que o produto do ambiente virtual pode permear
outros lugares que não sejam digitais.
Devido o surgimento de uma nova tradição que permite que novos autores
tenham suas obras prestigiadas, e da importância que as mesmas adquiriram
12

mesmo antes de se tornarem livros, fruto da demanda advinda das redes sociais.
Tem-se a necessidade de compreender melhor o processo de extensão das poesias
virais dos Instapoetas para o suporte livro. Nesse sentido, esta pesquisa é um passo
importante para o reconhecimento dessa premissa.
Decidiu-se fazer esta pesquisa no campo da literatura devido a afinidade
adquirida no decorrer da graduação com essa área de pesquisa. Há também o
interesse em estudar os novos procedimentos de produção, recepção e transmissão,
bem como os suportes que engendram o fazer poético na contemporaneidade.
Essa pesquisa se tipifica como exploratória e bibliográfica, uma vez que
analisará as manifestações poéticas no Instagram, por se tratar de um fenômeno
social possibilitado pela interação nas redes sociais e pela produção de poesia
envolver uma dinâmica inter-relacional neste canal. Através dessas análises,
pretende-se levantar dados que possam proporcionar maior familiaridade com o
fenômeno, com vistas a torná-lo mais explícito.
Em relação ao objeto de análise, a pesquisa se caracteriza como descritiva,
pois se pretende através dos poemas digitais, analisar como se dá a transliteração
das manifestações poéticas autorais e os construtos dessas manifestações que
fazem com que esses poetas sejam escolhidos pelas editoras a estenderem a sua
obra dos suportes típicos das mídias sociais para o suporte livro e comparar através
de uma observação sistemática o poema que circulou na timeline das redes sociais
e que hoje figura na página de um livro.
Em relação à natureza dos dados, por não terem sido antes coletados,
caracterizam-se como primários – “eles são pesquisados com o objetivo de atender
às necessidades específicas da pesquisa em andamento” (MATTAR, 2005, p. 159).
Quanto à abordagem do objeto, a pesquisa é qualitativa, pois prevê a coleta
de dados a partir de interações sociais. Nesse tipo de interação há uma “relação
dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o
mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que não pode ser traduzido em números”
(KAUARK, 2010, p. 26). Assim, tal abordagem está fortemente associada ao
conhecimento filosófico e à necessidade de interpretação subjetiva dos dados, já
que ao final, não se poderá quantificar dados.
Em relação aos dados para as análises dessa pesquisa, foram adotados
como objetos de estudo a produção literária do perfil @akapoeta, de João
13

Doederlein, autor de dois livros publicados: O livro dos ressignificados e Coração


granada. Optou-se por analisar esse perfil pela visibilidade alcançada nas redes
sociais o que acabou despertando o interesse das editoras, surgindo aí o convite
para publicar os seus posts dando origem ao seu primeiro livro - O livro dos
ressignificados, que teve mais de 85 mil cópias vendidas, permanecendo 22
semanas nas listas de livros mais vendidos do Brasil, segundo lugar em venda no
segmento poesia. Pelo livro, o jovem autor recebeu o prêmio de destaque do ano da
Livraria Saraiva em 2017, segundo consta na apresentação dos palestrantes no site
da 4° Bienal Brasil do livro e da leitura, por sua presença constante em eventos
literários3, e ainda pela quantidade expressiva de 999 mil seguidores na rede social
Instagram.
Além da revisão bibliográfica, nos dias 04 a 10 de setembro de 2018, entre
22h30 e 23h30 a pesquisa contou com uma investigação nas publicações do perfil
ora proposto como fonte, com intuito de identificar as postagens que melhor
refletissem os objetivos desta pesquisa, o foco de análise foram as publicações de
conteúdo autoral.
A pesquisa utilizou como procedimento de coleta de dados a leitura analítica,
uma vez que objetiva uma análise dos poemas que circulam nas redes sociais e que
foram transliterados para os livros. Após uma pesquisa no perfil do Instagram do
autor, e de posse do livro, foi realizada uma busca nesses dois suportes, com intuito
de colher o material para o corpus da pesquisa, uma vez localizado e escolhido, no
Instagram foram feitos prints e depois recortados promovendo uma limpeza visual. A
captação das imagens do livro ocorreu por meio de fotografias e posteriormente as
imagens tanto do livro, quanto dos prints, foram enviadas via bluetooh para uma
pasta no computador onde foram colocadas uma ao lado da outra para serem
comparadas. A respeito dos instrumentos, utilizaram-se fichas, fotos e prints como
meio de levantamento de aspectos importantes para as análises e comparação.
O primeiro capítulo da pesquisa é destinado aos fundamentos teóricos que
deram embasamento para a construção das análises aqui apresentadas.
Primeiramente, é preciso elucidar a questão do processo tecnológico pelo qual
passa o texto e o meio em que este está inserido, bem como a questão dos
conceitos ciber - cibercultura e ciberespaço, uma vez que pretendemos evidenciar o
3
26° Bienal Internacional do Livro de São Paulo, 18° Bienal Internacional do Livro Rio, 4º Bienal do
Livro e da Leitura.
14

meio em que os escritos literários estão agora imersos e quais são as suas relações
com nesse espaço.
Posteriormente, discorre-se sobre a importância que a escrita tem e como ela
foi se definindo como linguagem, passando da oralidade para a escrita visando
utilizar os mesmos parâmetros para descrever o cenário da poesia entre o digital e o
impresso. Através do subtópico poesia na rede social Instagram, pretende-se,
mostrar que o aplicativo além de ser um meio de produção, circulação, é um
amplificador da voz poética, fazendo reverberá-la pelo livro, uma vez que esta já
está consolidada na sociedade.
Para fundamentar teoricamente as análises foram usados os conceitos de
Pierry Lévy (1999) sobre ciberespaço, de Jenkins (2009) para abordar a cultura da
convergência, onde os suportes e as interações se entrelaçam. Foram utilizados
também os pressupostos de Santaella (2012) para fundamentar a relação - imagem
e texto na construção da poética digital, e no tocante a arte e a participação dos
sujeitos envolvidos no processo criativo e disseminação dos poemas, recorreremos
a Benjamin (1994), a Lévy (1993) e a Cândido (2009).
No capítulo seguinte, foi realizado um levantamento bibliográfico da vida
poética do autor, visando uma maior compreensão de quem está por trás da poesia
que servirá de corpus para esta pesquisa, bem como algumas considerações sobre
o objeto ora investigado visando esclarecer que o construto literário é fruto das
interações do instapoeta e de seus seguidores. Este tópico também objetiva um
primeiro contato de apresentação da poesia do autor, para que haja uma maior
compreensão das análises que se seguem.
O tópico seguinte tem o objetivo de analisar os recursos poéticos utilizados na
construção do poema, aspectos sonoros, visuais, semânticos e tipográficos são
considerados. Por fim, o último tópico é dedicado à descrição do livro, à comparação
entre os poemas que figuraram na timeline da rede social Instagram do autor, sendo
que estes poemas foram transliterados para o suporte livro. Assim observa-se a
trajetória de como a editora que o publicou organizou as manifestações poéticas, já
que no Instagram é aleatória.

2 A POESIA EM TEMPOS DE CIBERCULTURA


15

Primeiramente, é preciso elucidar a questão do processo tecnológico pelo


qual passa o texto e o meio em que este está inserido, bem como a questão dos
conceitos ciber - cibercultura e ciberespaço, uma vez que pretendemos evidenciar o
meio em que os escritos literários estão agora imersos e quais são as suas relações
com nesse espaço.
Posteriormente, pretende-se discorrer sobre quais transformações os
suportes digitais operam nos formatos das obras literárias. A importância que a
escrita tem e como ela foi se definindo como linguagem, servirá de fundo
comparativo à passagem da oralidade para a escrita com o atual predomínio do
impresso para a virtualização do texto.
Não queremos fazer uma comparação direta entre escrita e digitalização.
Mas, será possível utilizar os mesmos parâmetros para descrever o cenário da
poesia entre o digital e o impresso.
Através do sub-tópico poesia na rede social Instagram, pretende-se, mostrar
que o aplicativo além de ser um meio de produção e circulação, é um amplificador
da voz poética, fazendo reverberá-la pelo livro, uma vez que este já está
consolidado na sociedade.
Sempre que novos suportes de comunicação surgem na história, uma
questão reaparece para ser exaustivamente discutida: a rivalidade entre o novo e o
velho, entre o meio que está consolidado e o novo que começa a buscar seu
espaço, essa máxima não se comprova nesse caso, pois nota-se uma confluência
entre os suportes e os meios de circulação dos poemas digitais e impressos.
Para fundamentar teoricamente a análise são usados os conceitos discutidos
por Pierry Lévy (1999) sobre ciberespaço, de Jenkins (2009) sobre a cultura da
convergência, onde os suportes e as interações se entrelaçam.
Utilizam-se ainda os pressupostos de Santaella (2012) para fundamentar a
relação - imagem e texto na construção da poética digital, e ainda sobre a arte e a
participação dos sujeitos envolvidos no processo criativo e disseminação dos
poemas, recorreremos a Benjamin (1994), a Lévy (1993) e a Cândido (2009).

2.1 Ciberespaço, o espaço da cibercultura


16

O advento do mundo globalizado e as inovações tecnológicas da era digital


permitiram uma transformação radical na comunicação, os sujeitos agora
interconectados com apenas um clique, abrem o mundo e suas possibilidades:
processar, recuperar, armazenar e comunicar são algumas delas. Desconsiderando
fatores como: distância, tempo e espaço, constroem-se teias de conexões e as
interações sociais acontecem, estimulando a produção e a povoação do
ciberespaço.
“A palavra ‘ciberespaço’ foi inventada em 1984 por Wil Gibson em seu
romance de ficção científica Neuromance. No livro, esse termo designa o universo
das redes digitais” (LÉVY, 1999, p. 93). Para Lévy, o espaço cibernético ou
ciberespaço é mais o efeito e resultado de um movimento social, que do
desenvolvimento tecnológico. Ou seja, a tecnologia é a ferramenta que propicia a
transformação, mas o movimento social é quem produz e caracteriza a galáxia
digital.

Ciberespaço (que também chamarei de "rede") é o novo meio de


comunicação que surge da interconexão mundial dos computadores. O
termo especifica não apenas a infra-estrutura material da comunicação
digital, mas também o universo oceânico de informações que ela abriga,
assim como os seres humanos que navegam e alimentam esse universo
[…] (LÉVY, 1999, p.17).

O conceito proposto por Lévy (1999) traz o fato de o ciberespaço ser o único
meio que possibilita a comunicação e a interação de muitos para muitos, em uma
escala global. Sob essa perspectiva o ciberespaço é concebido como um ambiente
gerador de infinitas possibilidades interativas, um novo espaço de comunicação, de
sociabilidade, de produção e de reconfiguração cultural, e não apenas, mais um
canal de transação e transmissão de informações e de conhecimento.
O resultado das interações sociais e a produção advinda dessas ações no
ciberespaço, o teórico denomina de cibercultura.

[…] Quanto ao neologismo "cibercultura", especifica aqui o conjunto de


técnicas (materiais e intelectuais), de práticas, de atitudes, de modos de
pensamento e de valores que se desenvolvem juntamente com o
crescimento do ciberespaço (LÉVY, 1999, p.17).

O movimento social que constitui o ciberespaço é descrito pelo o autor como


“prática de comunicação interativa, recíproca, comunitária e intercomunitária [...] no
17

qual cada ser humano pode contribuir” (LÉVY, 1999, p.126). Quanto mais o
ciberespaço se estende, mais universal se conforma e menos totalizável se torna em
suma, o programa da cibercultura é o universal sem totalidade o que constitui a
essência paradoxal da cibercultura.
Lucia Santaella (2012) acredita que o espaço virtual gerado pelas redes de
computadores funciona como um novo meio de produção e propagação da literatura
digital e que as oportunidades geradas pela virtualização, expandem o conceito de
literatura em função da emergência de novas formas de criação literária. Para a
autora, é importante perceber a literatura digital, em que ela cruza e em que ela
diverge da literatura impressa.
Assim, aprofundando esses diálogos sobre o conceito de ciberliteratura Piret
Viires (2006, p. 2), citado por Santaella (2012, p.231), esclarece que o termo
funciona para designar pelo menos três ramos de produção:

(a) Todos os textos literários disponíveis nas redes, cobrindo tanto a


prosa quanto a poesia que aparecem em sites e blogs de escritores
profissionais, em antologias digitais e em revistas literárias online.
(b) Textos literários não profissionais disponíveis na internet, cuja
inclusão na análise literária expande as fronteiras da literatura tradicional.
Aqui a rede funciona, antes de tudo, como um espaço independente de
publicação, abraçando os sites de escritores amadores, portais de grupos
de jovens autores ainda não reconhecidos. Também se incluem aqui as
periferias da literatura, como a ficção fanzine, textos baseados em games e
narrativas coletivas online.
(c) Literatura hipertextual e cibertextos que incluem textos literários de
estrutura mais complexa, explorando várias soluções possíveis de
hipertextos e intricados cibertextos multimídia que fazem a literatura
misturar-se com as artes visuais, vídeo e música (VIIRES, 2006, p. 2).

A abordagem conceitual apresentada trouxe a materialidade da produção


literária da cibercultura. Embora esta aconteça em um ambiente virtual através dos
suportes, os textos literários e sua gama acima citada, podem perfeitamente ser
impressos e copilados, desde que haja os ajustes necessários àqueles cuja
morfogênese é inseparável dos recursos digitais, da mesma maneira que a criação
verbal se amolda às especificidades e limitações da mídia eletrônica, como também
esta pode ser redesenhada, retramada e retrabalhada a partir da matéria verbal.
Não é difícil concluir a partir disso que “a ciberliteratura não chegou para fazer
operações de diminuição ou divisão, mas para somar e multiplicar” (SANTAELLA,
2012, p. 238).
18

Sob este prisma, urge uma revisão da funcionalização posta, e até mesmo,
uma ressignificação dos antigos meios comunicacionais; para que esses se tornem
coexistentes e se agreguem à “ecologia midiática”, embora os novos meios sejam
mais visíveis e não extingam os que vieram antes. Antes, coexistem dinamicamente
e apresentam-se simultâneos no cenário das mídias digitais das quais surgiu a
cibercultura.
Henry Jenkins (2006) chama de cultura da convergência o fluxo de conteúdos
através de múltiplos suportes midiáticos. Para o pesquisador, a circulação de
conteúdo - por meio de diferentes sistemas midiáticos, se dá, não pela inovação
tecnológica, mas sim, pela participação ativa dos consumidores, tendo em vista que
a convergência não é o processo tecnológico que une múltiplas funções dentro dos
mesmos aparelhos, mas sim constitui-se como a representação de uma
transformação cultural.
Para o autor, “convergência é uma palavra que consegue definir as
transformações tecnológicas, mercadológicas, culturais e sociais, dependendo de
quem está falando e do que imaginam estar falando” (JENKINS, 2006, p. 22). O
teórico trata da relação entre três conceitos – convergência dos meios de
comunicação, cultura participativa e inteligência coletiva. Para ele, há uma
confluência entre os suportes interativos e os atores envolvidos no ciberespaço.

A expressão cultura participativa contrasta com noções mais antigas sobre


a passividade dos espectadores dos meios de comunicação. Em vez de
falar sobre produtores e consumidores de mídia como ocupantes de papéis
separados, podemos agora considerá-los como participantes interagindo
de acordo com um novo conjunto de regras, que nenhum de nós entende
por completo (JENKINS, 2006, p. 21).

Tanto Lévy (1999) quanto Jenkins (2009) ressaltam que não são as inovações
tecnológicas que modificam e reestruturam a sociedade. Na mesma discussão
destacam que a recepção e o uso dessas inovações fazem parte um processo
mental, individual onde o indivíduo é o agente social da mudança.

A convergência não ocorre por meio de aparelhos, por mais sofisticados


que venham a ser. A convergência ocorre dentro dos cérebros de
consumidores individuais e em suas interações sociais com outros. Cada
um de nós constrói a própria mitologia pessoal, a partir de pedaços e
fragmentos de informações extraídos do fluxo midiático e transformados
em recursos através dos quais compreendemos nossa vida cotidiana. Por
haver mais informações sobre determinado assunto do que alguém possa
19

guardar na cabeça, há um incentivo extra para que conversemos entre nós


sobre a mídia que consumimos. Essas conversas geram um burburinho
cada vez mais valorizado pelo mercado das mídias. O consumo tornou-se
um processo coletivo – e é isso o que este livro entende por inteligência
coletiva, expressão cunhada pelo ciberteórico francês Pierre Lévy
(JENKINS, 2006, p. 28).

Diante dos conceitos expostos, o ciberespaço pode ser entendido como um


espaço virtual no qual são disponibilizadas ferramentas de interação social, e essas,
fazem parte da “ecologia midiática”. Esse espaço cibernético é inteiramente virtual,
amplo e onde se podem realizar trocas simbólicas, econômicas e operações
comercias, bem como são possíveis novas práticas de produção, recepção e de
comunicação, estabelecendo assim relações sociais, afetivas e também práticas
cognitivas.
Devido ao processo cognitivo entende-se porque os teóricos acima citados
veem as redes como representação do todo social – máquina única e gigantesca,
formada pela diversidade da malha social, em seus aspectos de heterogeneidade e
pluralidade, representando o legado comum do conhecimento humano.
Sobre a percepção, recepção e os modos de produção artística Walter
Benjamin (1994) em seu ensaio - A obra de arte na era de sua reprodutibilidade
técnica analisa como as técnicas de reprodução da arte mudaram. Segundo ele, a
destruição da aura, de sua autenticidade histórica e de sua tradição, é um ato de
“renovação da humanidade” (BENJAMIN, 1994, p. 169), e isso está relacionado com
a forma com que os produtores e consumidores de arte percebem a realidade. O
teórico não lamenta a perda da aura, pelo contrário, mostra-se um entusiasta dessa
nova forma de arte que, segundo ele, tem uma relação íntima com as massas, pois
não distancia artista e público, pelo contrário, aproxima-os.
A arte perde o caráter aristocrático de acesso limitado. Para o autor, os
melhores artistas são aqueles que abandonam o caráter “ritual” da obra de arte, ou
seja, não tem pretensões de que sua arte seja reverenciada através de um culto e
isso faz com que o público participe diretamente da obra. Nesse artigo, a
compreensão é de que a arte contemporânea é coletiva.
As inovações tecnológicas através das interações digitais culminaram na era
da cibercultura, nela a comunicação é mediada por computadores, tablets e
smartphones, rompendo com as noções tradicionais em todas as esferas, sejam
elas de espaço, tempo, língua ou cultura, em uma promoção de acesso a arte,
20

sobretudo a literária.

2.2 Poesia: entre o digital e o impresso

A ciberliteratura dado o caráter efêmero e temporal é vista com desconfiança.


Há os que temem, pela extinção do livro impresso, outros que julgam que esse novo
saber, de alguma forma, tende a aprisionar o homem e limitar sua capacidade de
pensar, sua inventividade e criatividade. Pensar o fazer poético diante de outros
suportes que geram temporalidades, linguagens e espaços são questões que nos
possibilitam uma reflexão acerca dos caminhos da literatura, uma vez que o que
está em jogo nesse novo espaço de saber é a criação poética e a relação mais
interativa com o leitor. Tal preocupação diante do novo não é revolução e muito
menos se limita ao espaço digital. Pierre Lévy (1999) lembra-nos de que muitas
manifestações artísticas que surgiram ao longo da história, em um primeiro
momento foram vistas como verdadeiras ameaças à cultura, e que somente mais
tarde se creditou status de arte, como por exemplo: o cinema.
A literatura desponta na dianteira das inovações, pois ela é acima de tudo, o
discurso do homem na dimensão da história. Tudo começou com a tradição oral. As
pedras, o papiro, a imprensa, o cinema, a televisão, o computador e na
contemporaneidade a mídia digital, são meios para tornar manifesta a voz dos
poetas. A convivência da literatura com a mídia vivificou o suporte livro, tornando-o
uma extensão para esta voz.
O advento da escrita possibilitou à sociedade a faculdade de criar novos
métodos de registro. Dentre eles o mais bem-sucedido modo foi o livro. Mas esse
cenário não decretou o fim da oralidade, ainda hoje, mesmo com a evolução e
amadurecimento do poder da escrita, alguns hábitos e práticas do nosso cotidiano
estão muito mais ligados a valores da oralidade, do que à cultura escrita, a exemplo;
o debate, a apresentação de trabalhos, palestras e o discurso são apenas alguns
exemplos de tais práticas, o que comprova que duas tradições podem coexistir e se
completar sem que percam suas individualidades.
A oralidade teve a sua ressignificação pela introdução dos meios eletrônicos
na comunicação através da internet, televisão, rádio e telefone, esta ressignificação
foi nomeada de “oralidade secundária” por Walter Ong (1998), tendo em vista serem
21

também registros sonoros, e assim levarem a noções muito parecidas com a


oralidade primária, principalmente no sentido de coletividade.
Se na oralidade primária o sentimento de coletividade estava restrito à própria
oralidade, já que era essa a única alternativa viável, na oralidade secundária “temos
um espírito de grupo de modo autoconsciente e programático” (ONG, 1998, p. 155).
O alcance dessa voz foi ampliado pelas tecnologias e pelo sentimento de coletivo
também. Compreende-se pois que, na era digital o coletivo opera e se materializa na
virtualidade, porém, os agentes produzem interações reais.

Uma comunidade virtual não é irreal, imaginária ou ilusória, trata-se


simplesmente de um coletivo mais ou menos permanente que se organiza
por meio do novo correio eletrônico mundial [...] um grupo humano qualquer
só se interessa em constituir-se como comunidade virtual para aproximar-se
do ideal do coletivo inteligente, mais imaginativo, mais rápido, mais capaz
de aprender e de inventar do que um coletivo inteligentemente gerenciado.
O ciberespaço talvez não seja mais do que o indispensável desvio técnico
para atingir a inteligência coletiva (LÉVY, 1999, p. 130).

O que é dito por um poeta que tem como meio de circulação para sua obra a
timeline das suas redes sociais, é reverberado através de repost dos
ciberconsumidores. É nesse cenário que o poema digital nasce e se solidifica, pois a
produção dos livros que trazem em sua gênese a compilação dos poemas mais
curtidos, portanto mais celebrados, é nativa dos mesmos meios nos quais essa
oralidade secundária nasceu.
Desse modo as esferas dessa influência atuam tanto na produção, quanto no
consumo. O estatuto de verdade que antes era atribuído à fala, agora é o livro, pois
o que foi escrito e impresso não poderá ser refutado, a menos que seja queimado.

Não existe um meio de refutar diretamente um texto. Depois de uma


refutação absolutamente total e devastadora, ele diz exatamente a mesma
coisa que antes. Esse é um dos motivos pelos quais diz “o livro” é o
equivalente popular de “é verdade”. É também um dos motivos pelos quais
tem se queimado livros. Um texto que afirma que tudo que o mundo todo
conhece é falso afirmará para sempre a falsidade, enquanto o livro existir.
Os textos são inerentemente contumazes (ONG, 1998, p. 94).

O reconhecimento dessa premissa faz com que os instapoetas, embora sejam


celebrados nas redes sociais e nos circuitos culturais, migrem para o livro, como
uma espécie de certificação e creditação da sua obra.
22

As produções literárias contemporâneas são de uma nova safra de escritores


e poetas que através das redes sociais põem em circulação seus textos em uma
ruptura com o suporte tradicional. Alguns sem pretensões maiores, em um tom
quase que confessional publicam primeiro suas obras nas redes e a partir da
identificação com o leitor partem para o mercado editorial, o fato é que, essa nova
relação de produção e recepção já está inscrita na história da literatura recente.
Nesse sentido Santaella destaca que tais escritos podem ser entendidos como:

Textos literários não profissionais disponíveis na internet, cuja inclusão na


análise literária expande as fronteiras da literatura tradicional. Aqui a rede
funciona, antes de tudo, como um espaço independente de publicação,
abraçando os sites de escritores amadores, portais de grupos de jovens
autores ainda não reconhecidos (SANTAELLA, 2013, p. 208).

O cenário literário foi alterado, quer no plano da crítica, quer no plano da


produção, quer no plano da recepção, quer no plano da circulação das produções
literárias. A poesia contemporânea digital mantém seu elo com os tipos anteriores de
poesia (oral, manuscrita, impressa etc.) pelo uso da palavra como seu elemento
motivador.

[...] toda modificação dos instrumentos culturais, na história da humanidade,


se apresenta como uma profunda colocação em crise do “modelo cultural
precedente”; e seu verdadeiro alcance só se manifesta se considerarmos
que os novos instrumentos agirão no contexto de uma humanidade
profundamente modificada, seja pelas causas que provocaram o
aparecimento daqueles instrumentos, seja pelo uso desses mesmos
instrumentos (ECO, 1976, p. 34).

Umberto Eco reitera que não se trata apenas de uma adequação direta da
poesia aos novos suportes. Fazem-se necessárias mutações e transmutações para
que a função poética predomine nesses novos meios.
Segundo Jorge Luiz Antônio (2010), a poesia digital é configurada pelo uso da
palavra, imagem estática e/ou animada, som, hipertextualidade, hipermídia e
interatividade, formatada pela linguagem de programação do computador. A
presença da palavra nessa nova poesia não implica no predomínio da semântica
verbal. Nela, elementos de todas as linguagens operam no estabelecimento dos
significados, foi a partir da antologia de poemas, selecionada pelo autor, que se
chegou a essa definição.
23

O teórico traça o percurso da pré-história da poesia digital a partir do século


XIX, essa poesia sofre transformações devido ao surgimento de tecnologias como a
fotografia, o rádio, a televisão, o vídeo, a holografia etc., migrando, posteriormente,
para as tecnologias computacionais. É com o uso das tecnologias computacionais
que tem início a história propriamente dita da poesia digital, especificamente, no ano
de 1959, com os textos Estocásticos, ou de variação randômica, de Theo Lutz
(2010), das negociações semióticas do poeta com as tecnologias e das relações das
linguagens artísticas, poéticas e tecnológicas.
Essas constatações nos levam a acreditar na possibilidade de se pensar num
alargamento do próprio conceito de literatura, especificamente da poesia, na
contemporaneidade.

2.2.1 Poesia na rede social Instagram

A emergência de blogs no ambiente online propiciou a circulação de textos


literários de forma mais ampla no ciberespaço e, ao longo das últimas décadas as
redes sociais incorporaram essa tendência. Muitos dos instapoetas reproduziam,
comentavam e recomendavam nesse espaço obras literárias de autores já
consagrados. Mas, foi com o advento das redes sociais, sobretudo do Instagram,
que seu fazer poético ganhou o reconhecimento de um público – os
ciberconsumidores.
Dentre diversos ambientes de circulação de conteúdo presentes na
hipermídia e no ciberespaço, o Instagram predomina em presença e interação. A
rede social foi criada em 2010 por Kevin Systrom e pelo brasileiro Mike Krieger. Hoje
conta com 1 bilhão usuários ativos por mês, 50 milhões de usuários no Brasil 4 e 500
milhões de acessos diários. Trata-se de um aplicativo destinado especialmente para
uso em dispositivos móveis, podendo ser acessado de forma restrita na web.
O Instagram trata-se de uma rede social baseada em publicações de
imagens. Os principais recursos do aplicativo são: a possibilidade de tirar fotos ou
vídeos curtos, editar e manipular a imagem e publicar o conteúdo. Além disso, o
usuário pode interagir com outros através de comentários em publicações de
terceiros e mensagens privadas. Cabe ao usuário, também, a possibilidade de
4
Conforme consta no site: https://www.tecmundo.com.br/redes-sociais/131503-instagram-tem-1-
bilhao-usuarios-ativos-mes.htm. Acesso em 26/01/2019.
24

“seguir”, ou seja, acompanhar as publicações, de um determinado usuário ou conta


de seu interesse.
Através desses recursos, criam-se laços e conexões entre os usuários dessa
rede, ocorrendo assim um agrupamento por interesses próximos ou simplesmente
por conexões já estabelecidas em outras redes sociais.
O Instagram, bem mais que promover interações sociais, configura-se numa
rede de autorretratos e narrativas de si. O usuário promove suas identificações e
busca ao mesmo tempo se identificar e se reconhecer nos outros indivíduos sociais.
Vale lembrar que o relato social presente na poesia existe em função da
subjetividade de quem escreve; assim a identificação de outros é uma consequência
das relações interacionais.

2.2.2 Poesia autoral no Instagram

Os instapoetas colocam em sua timeline, geralmente um poema autoral curto


e de apelo visual que expresse a sua intenção, seja ela pessoal ou social, e com o
alcance de suas publicações torna-se um pretenso autor de um livro, que trará em
suas páginas (impressas) os poemas postados, que obtiveram maior quantidade de
curtidas, comentários e repostagens.
Os ciberconsumidores assumem a voz do instapoeta através de reposts, e os
relatos de seus sentimentos, bem como dos problemas vividos na sociedade, que
passam a ser de todos aqueles que se alinham e se singularizam com o discurso
poético do escritor.
Agora, o autor passa a ser um representante da voz poética daquele que o
segue nas redes sociais e exige-se, que ele dê conta da origem e de outros
questionamentos acerca do discurso proferido por ele, bem como da sua vida
pessoal.

[…] na ordem do discurso literário, e a partir da mesma época, a função do


autor não cessou de se reforçar: todas as narrativas, todos os poemas,
todos os dramas ou comédias que se deixava circular na Idade Média no
anonimato ao menos relativo, eis que, agora, se lhes pergunta (e exigem
que respondam) de onde vêm, quem os escreveu; pede-se que o autor
preste contas da unidade de texto posta sob seu nome; pede-se lhe que
revele, ou ao menos sustente, o sentido oculto que os atravessa; pede-se
lhe que os articule com sua vida pessoal e suas experiências vividas, com a
história real que os viu nascer. O autor é aquele que dá à inquietante
25

linguagem da ficção suas unidades, seus nós de coerência, sua inserção no


real (FOUCAULT, 2012, p. 27).

Destacam-se: o aspecto temporal das redes sociais, a não materialidade dos


poemas por permear em um ambiente virtual e o interesse de conhecer mais sobre o
instapoetas. Este autor embora interaja com o seu público por meio de comentários,
lives on-line, feiras e palestras literárias, por meio de interações mesmo reais, mas
ainda assim imateriais, sem o aspecto palpável, acaba despertando o interesse das
editoras em publicar os poemas, e assim materializar o construto poético dessas
interações, por existir uma demanda que provém das redes sociais. Tais publicações
impressas constituem-se como um bem sucedido empreendimento.

Esse tipo de leitura nasce da relação íntima entre o leitor e o livro, leitura de
manuseio, da intimidade, em retiro voluntário num espaço retirado e privado,
que tem na biblioteca seu lugar de recolhimento, pois o espaço de leitura
deve ser separado dos lugares de um divertimento mais mundano
(SANTAELLA, 2004, p. 23).

Nessas condições, em uma leitura contemplativa o livro ganha então uma


camada simbólica, o objeto livro passa a representar no imaginário das pessoas, o
próprio conhecimento que suas páginas contêm.
26

3 AS MANISFESTAÇÕES POÉTICAS AUTORAIS E SUA TRANSLITERAÇÃO


PARA O LIVRO

Neste capítulo se dão as análises dos poemas de João Doederlein, a


investigação do processo de transliteração dos poemas digitais para o suporte livro,
bem como a caracterização das manifestações poéticas autorais, estando divididas
em três tópicos.
No primeiro foi feito um breve levantamento bibliográfico sobre a vida poética
do autor, visando assim uma maior compreensão de quem está por trás da poesia
de ressignificação bem como algumas considerações sobre o objeto ora investigado,
visando esclarecer que o construto literário é fruto das interações do instapoeta e de
seus seguidores. Este tópico também objetiva um primeiro contato de apresentação
da poesia do autor para que haja uma maior compreensão das análises que se
seguem.
O tópico seguinte tem o objetivo de analisar os recursos poéticos utilizados na
construção do poema. Aspectos sonoros, visuais, semânticos e tipográficos são
considerados nessa análise.
Por fim, o último tópico será dedicado à descrição do livro, à comparação
entre os poemas que figuraram na timeline da rede social Instagram do autor,
especificamente os poemas que foram transliterados para o suporte livro, bem como
o modo que a editora o publicou e organizou as manifestações poéticas já que no
Instagram essa organização é aleatória.

3.1 @akapoeta – conhecido como poeta

João Pedro Doederlein de 21 anos é brasiliense, estudante de Publicidade na


UnB, dono do perfil @akapoeta, aka, é a abreviação do termo: also known – do
inglês que significa conhecido como. O instapoeta, começou a escrever poemas aos
11 anos e aos 14 anos criou um Tumblr5 para publicar material autoral, conseguiu 15
mil seguidores, aos 17 veio a página no Facebook, Contos Mal Contados, que
atualmente conta com 764 mil curtidas. Entre contos, prosas poéticas, narrativas em
primeira pessoa, em terceira pessoa e ficção, o autor criou o projeto Ressignificados,
5
É uma plataforma de blogging que permite aos usuários publicarem textos, imagens, vídeo, links,
citações, áudio e "diálogos".
27

o qual, através das redes sociais atribui novos sentidos para as palavras. Nessas
releituras poéticas suas experiências pessoais servem de fundo para a criação de
verbetes. As definições são criadas conforme as situações que o poeta vive no dia a
dia. Embora ele tenha conseguido uma certa visibilidade em outras redes sociais, foi
no Instagram que o projeto de ressignificação de palavras conseguiu despertar o
reconhecimento do público e o interesse das editoras.
Em menos de um ano seus experimentos se espalharam no ciberespaço
conquistando milhares de seguidores. Desse sucesso nasceu O livro dos
Ressignificados. Veremos a seguir os verbetes poéticos das palavras “Insônia”
(Figura 1), “Sol” (Figura 2) e “Poeta” (Figura 3).

FIGURA 1 – Insônia

Fonte: Instagram do autor analisado.

FIGURA 2 – Sol
28

Fonte: Instagram do autor analisado.

FIGURA 3 – Poeta

Fonte: Instagram do autor analisado.

Através da interação, o instapoeta pergunta aos seguidores que palavras


eles gostariam de ler e escolhe uma opção em meio à chuva de comentários. Foi
29

em uma dessas interações que o autor se deparou com uma proposta de um


ciberconsumidor, que escreveu que gostaria de ler sobre o horóscopo, o que muitos
outros concordaram, o que acabou despertando-o para definir poeticamente a
pessoa de cada signo, o que viria a ser o segundo capítulo do seu livro.

FIGURA 4 – Áries

Fonte: Instagram do autor analisado.

Sobre essas interações que deram origem à série horóscopo, João Doerdelin
esclarece em uma entrevista6:

Se meus seguidores acham legal, eu vou tentar. Era um pouco ligado em


astrologia, mas fiquei mais ainda para fazer as postagens. Perguntei para os
seguidores como era ser de cada signo, peguei tudo que disseram e fiz as
minhas definições, não estudei, só passou pelo meu filtro literário e deu
certo.

Na cibercultura, os recursos que são ofertados pelo ciberespaço impulsionam


os artistas a idealizar esse ambiente como um novo suporte. Conforme o uso da
tecnologia, a interação entre o artista e o público é ampliada, assim: “quanto mais a
obra explorar as possibilidades oferecidas pela interação, pela interconexão e pelos

6
Entrevista concedida à Bruna Sabarense para o site metrópoles. Disponível em:
https://www.metropoles.com/vida-e-estilo/comportamento/sucesso-na-web-com-definicoes-de-palav
ras-akapoeta-e-brasiliense. Acesso em: 22/09/2018.
30

dispositivos de criação coletiva, mais típica ela será da cibercultura” (LEVY, 1999, p.
149).
Nesse sentido, como corpus da pesquisa, analisaremos nos próximos tópicos
os poemas digitais de João Doederlein que têm em sua gênese as interações
sociais, e que foram transliterados para o suporte livro.

3.2 Ressignificados: uma análise da poesia viral de João Doederlein

A arte deixou de ser solene, perdeu o seu aspecto aristocrático, deixou de


circular em espaços seletos como galerias, museus e etc. para circular entre a
massa, no coletivo, através dos aparelhos tecnológicos, e desse modo,
“na medida em que as obras de arte se emancipam de seu uso
ritual, aumentam as ocasiões para que elas sejam expostas” (BENJAMIN, 1994, p.
173), ou seja, quando ela deixa de ser sacralizada, perde o valor de culto. O que não
a faz deixar de ser menos valorizada ou mais valorizada, apenas a torna acessível à
cultura das massas. A circulação da arte nessa cultura nada tem a ver com
aparelhos, e sim, com a participação direta dos ciberconsumidores e os operadores
dessa cultura, o que Jenkins chama de “cultura participativa” (JENKINS, 2009, p.
27).
João Doederlein utiliza o método de ressignificação de palavras e nomes
próprios do nosso cotidiano, e por vezes aborda temas da atualidade que
despertaram/despertam emoções e que tem um alcance bastante expressivo. Há
então um uso da palavra como unidade expressiva, sendo então: “Palavra como
conceito, como ligação, como matiz do conceito, como unidade sonora que desperta
um prazer sensorial pela sua própria articulação” (CANDIDO, 2006, p. 95). Dessa
maneira o autor conquistou o público, pois sua arte é próxima da realidade cotidiana
e por isso, facilita o mergulho no mundo subjetivo do eu lírico.
O autor utiliza-se do formato dos verbetes, ressignificando-os poeticamente e
apontando a classe gramatical das palavras ou expressões. As marcações dos
pontos remontam um formato de dicionário que propõe os significados variados
dentro de determinados contextos.
Sobre a estrutura, geralmente é composta por duas estrofes, uma que visa
conceituar o termo, e outra para concluir, esse tipo de estrofe surgiu com o advento
31

do romantismo e a liberdade de criação poética, permitindo a desconfiguração de


um plano uniforme de rimas. “Trata-se do poema polimétrico, com estrofes
construídas arbitrariamente, no que diz respeito ao número e à medida de versos e à
rima usada de maneira acidental” (CORTEZ; RODRIGUES, 2009, p. 85).
Os versos são brancos e livres, sem correlação entre ritmo e sentido. Embora
não seja considerado verso legítimo pela ausência de rimas, a tonicidade contida
nos versos livres recai sobre os significados e não sobre os sons.

[…]. O conceito é a medida do verso bem feito. Isto faz com que o poeta
atenue o efeito sonoro e reforce o significado, o que pode efetivamente dar
lugar a versos totalmente desfigurados, que não passam de prosa alinhada
em segmentos de tamanho variável (CANDIDO, 2006, p.97).

Ainda sobre a métrica do verso, embora livre, ele tem o seu ritmo, “pois todo
verso apresenta andamento melódico, oscilação entre sílabas átonas e tônicas”
(CORTEZ; RODRIGUES, 2009, p. 85). O ritmo nos poemas do autor está
intimamente ligado às escolhas das palavras usadas, às pausas causadas pelas
vírgulas, e aos pontos finais entre um verso e outro, que orientam o leitor para a
conclusão de uma unidade de significados e o começo de outra.

Ritmo é, portanto, elemento essencial à expressão estética nas artes da


palavra, sobretudo quando se trata de versos, isto é, um tipo altamente
concentrado e atuante da palavra. Ele permite criar a unidade sonora na
diversidade dos sons (CANDIDO, 2006, p.72).

Pelo hibridismo na estrutura, pela ausência da regularidade métrica, pela


sintaxe direta e pelo vocabulário simples, sem o interesse de descrever o termo
semanticamente e sim, evocar os sentidos atribuídos a ele, a poesia do instapoeta
se caracteriza como moderna.

O modernismo ressuscitou o texto com a dicção do povo, abalando uma


sintaxe, incorporando e modulando um tipo de expressividade; vale dizer -
uma dicção que é a média global da língua geral brasileira. Esta fala-
comportamento, como resultante de um viver nacional em formação, é
dinâmica no sentido de estar mais voltada para a mensagem do que para o
código. Isto é, no modernismo, a mensagem pressiona o código no sentido
de reatualizá-lo constantemente em função das profundas transformações
da vida brasileira (SALLES, 1974, p. 50).
32

Os conflitos individuais e sociais sob o tema amor, paz, superação e outros,


estimulam os ciberconsumidores a compartilharem ideias, emoções e atitudes. Os
poemas de Doederlein são carregados de significados e a angústia ou a alegria nela
presente é a poesia em sua forma lírica.
Por se tratar de poemas que nasceram para circular nas redes sociais e que
as interações dos sujeitos, autor e leitor, permitiram que fossem para o suporte livro,
foi considerada a evolução da arte poética que permitiu a quebra do distanciamento
desses sujeitos, e ainda, a negação dual obra/leitor, típica do modernismo e suas
manifestações.
O estudo dos poemas que se seguem, versa pelo comentário analítico, e pela
análise interpretativa - intimamente ligados e associados, para tal, se faz necessária
a apuração dos significados que a palavra pode ter – desdobrando-a, aproximando-a
de outras, extraindo significações insuspeitadas (CANDIDO, 2006). Sem itinerário
pré-estabelecido, essa liberdade não desculpa um texto inconsistente, manco
(CORTEZ, RODRIGUES, 2009).
Portanto, a leitura empreendida considerou o texto como uma unidade
significativa, constituída por significante e significado, e de acordo Clarice Cortez e
Milton Rodrigues (2009), pode-se afirmar que não há um método único de leitura
crítica. Há, sim, abordagens possíveis de um texto literário.
A pedido de uma seguidora, o autor poetiza o termo Crush (Figura 5) - palavra
da língua inglesa que pode ser literalmente traduzida como “esmagar" ou "colidir" é
uma expressão convencionada na internet como gíria para um amor não
correspondido. A expressão é usada para se referir a alguém por quem se é
apaixonado ou sentimos algum tipo de atração. Assim, o crush representaria a força
esmagadora do sentimento que temos por determinada pessoa.

FIGURA 5 – Crush
33

Fonte: Instagram do autor analisado.

O termo crush é caracterizado como moderno, marcando a temporalidade da


expressão. A figura do ônibus como espaço para o despertar do sentimento, traz a
ideia da impessoalidade típica de passageiros que ainda não se conhecem, mas que
a partir da visualização do livro de interesse comum, aguça imediatamente a
percepção da existência do outro.
A palavra intensidade é usada como hipérbole para marcar o tamanho do
interesse desperto ao contemplar o simples ato de ler no ônibus. A sequência das
palavras “interesse, imediato e intensidade”, configura-se em uma assonância, o que
oferece maior expressividade ao texto por meio da intensificação, da musicalidade e
do ritmo. A repetição do som “in” ajuda a construir o invólucro do lugar onde
acontece os sentimentos “dentro”, pois reporta o termo inglês in em uma retomada à
origem da palavra ressignificada.
“Finge que não me vê, finjo que não a vejo” a sonoridade-semântica contida
nessas orações opera a contradição – medo de não ser correspondido e a negação
do interesse pela pessoa amada. O espaço agora se estende para o virtual, a
contemplação deixa de ser pessoal para ser, através das fotos postadas em uma
rede social. Destaca-se o fingimento de não se verem transformar-se em cuidado
34

“pra não dar like”. A supressão do fonema “a” na preposição, dá um tom coloquial,
típico da fala, gerando proximidade e identificação.
O instapoeta retoma o significado da gíria novamente em uma elipse, ao dizer
que crush “é o nome que se dá aos ois difíceis de se falar”, implicitamente - por
vergonha ou por timidez. O poema finaliza com o sentido estético, ao atribuir o som
da palavra crush em comparação a uma onomatopeia, quando algo se quebra, e
dramático quando diz que é o som que o peito faz, ao ver seu crush com outra
pessoa.

FIGURA 6 – Interesse

Fonte: Instagram do autor analisado.

A palavra “interesse” denota a relevância atribuída a algo que é considerado


importante para o eu lírico, “aquilo que eu sinto pela cor dos seus cabelos e pelo
timbre da sua voz” o pronome demonstrativo “aquilo” marca a imprecisão do que de
fato é o seu interesse, ao mesmo tempo que a amplia não usando um termo para
dar um significado ao que sente, já que a semântica de uma palavra não poderia
expressar o que é próprio da subjetividade.
35

O jogo denotativo - “a cor dos seus cabelos”, conotativo – “timbre da sua voz”,
constrói uma linha abrangente desse interesse que vai do que é próprio da
materialidade, cabelos, até aquilo que é próprio dos sentidos, visão e audição, para
demarcar a sua imprecisão. “É aquilo que me invade os olhos quando eu vejo você e
esqueço que o resto do mundo inteirinho tá ali do lado” ou seja, eu me interesso pelo
o que vejo em você e pelo o que você me faz sentir ao te ver.
A palavra “invade” traz a ideia de como acontece a recepção da imagem da
pessoa amada, e que a partir dessa invasão, o mundo perde a importância. O termo
“inteirinho” é usado como uma gradação servindo para amplificar o sentido de
mundo. Ao mesmo tempo, a expressão “tá ali do lado” cria a imagem de que esse
mundo é pequeno e transporta o espaço da narrativa que antes era interior,
introspectivo, para o espaço orbital, formando uma nova realidade semântica de
caráter simbólico. “Indicação sensorial de uma realidade imaginada” (CANDIDO,
2006, p.155).
O instapoeta conclui o poema dando um sentindo material, “moeda”, à palavra
interesse, em uma metáfora, uma “representação corporificada de um conceito
abstrato” (CANDIDO, 2006, p.125).

FIGURA 7 – Lembrança

Fonte: Instagram do autor analisado.


36

Para conceituar “lembrança” (Figura 7), o poeta se vale de várias metáforas.


Para um autor moderno, a metáfora exprime um fenômeno profundo (CANDIDO,
2006). A cicatriz marca uma lesão que foi sarada, prova de que houve uma ruptura,
um procedimento que geralmente é cirúrgico e doloroso, o tecido epitelial em que
fica a lesão, é substituído metaforicamente pela “parede da nossa mente”. O verso
inicial evoca a dor superada e seus resquícios que operam na mente.
Na segunda linha a lembrança assume o formato de uma foto que tem valor
apreciativo, a foto que vai parar em um “quadro pendurado na casa do coração”. O
suspiro expressa o desejo do eu lírico de vivenciar novamente o que hoje é
lembrança. O paladar – “pizza” e o olfato – “cheiro”, juntamente com o cognitivo,
cooperam para a corporificação das lembranças e opera uma sinestesia na
expressão “cheiro que eu nunca esqueci”.
O ritmo é marcado pela sequência e alternância, das letras tônicas e átonas
dos fonemas |m|, |p|, |a| e pelo verbo ser, em sua forma é, no início de cada unidade
de significados que remetem aos versos prosaicos. Na linha que finaliza o poema
traz a ideia de calor – “fogo que costuma atear saudades em mim” conotando um
processo incendiário iniciado pela lembrança e instrumentalizado pelo calor – “fogo”
onde o combustível é a saudade, a ausência.
37

FIGURA 8 – Lágrima

Fonte: Instagram do autor analisado.

O verbo ser em sua forma “é” assume a função rítmica introduzindo o leitor às
orações significativas. Nesse sentido, enfoca-se o ritmo cristalizado, que não se
fundamenta na tradição versificatória clássica (métrica, acento tônico, etc.), mas
no domínio de construções sintáticas originárias de um falar popular cotidiano que
inclui repetições, paralelismos.
O poeta não fala do ritmo como um sentimento vago, subjetivo da
sonoridade do poema, mas de algo materializado, presente, e fisicamente
i m p r e s s o nas palavras e n a s i m a g e n s e v o c a d a s p e l o s versos.
A figura do mar traz a sensação de depuração e de purificação. A locução
adverbial de tempo, “às vezes”, conota a presença da lágrima em tempo de tristeza
e em tempo de alegria, o que se constitui em um paralelismo. “Nossa alma chove
38

pra fora do corpo”. A lágrima que antes era fragmento, se avoluma com a figura da
chuva em um expurgo interior, uma liberação de impurezas levadas pelas correntes
das águas da chuva “Lágrimas” (Figura 8).
Em: “é a prova da nossa humanidade”, equivale à personificação dos
conceitos expostos anteriormente, que as lágrimas são intrínsecas ao ser humano.
Na linha de fechamento “é quando nosso espírito racha e a gente vaza”, tem-se um
pensamento poético que em si é ilógico, pois se baseia na alteração dos significados
das palavras com intuito de finalizar o poema dando um sentido geral claro e
expressivo, a fim de colaborar para o efeito poético total (CANDIDO, 2006).

FIGURA 9 – Nó

Fonte: Instagram do autor analisado.

Em um anunciado direto, sem interferências de figuras, o narrador


personagem usa as palavras no seu sentido literal. A poesia contida nesse verso fica
por conta da memória afetiva de cada leitor, na lembrança dos tempos de criança
em que a mãe dava os nós no cadarço. O que chamaremos de segundo verso, a
tristeza se personifica como agente ativo, aquele que dá o nó na garganta quando o
narrador vê a pessoa amada com outro alguém.
39

A “mãe”, a “tristeza”, “você”- a pessoa amada e a “paranoia”, são os sujeitos


que praticam a ação de darem nó enquanto o poeta se torna paciente e aceita tal
condição, conformando-se. “É feito pra não soltar, ao tentar desatar pode apertar e
machucar”. “A incerteza”, “o medo” e “a paixão” são instrumentos, constitui a matéria
prima usada para dar o nó, o que se constitui em uma alegoria metafórica.
O eu lírico atribui a um nó os sentimentos de incerteza, de medo e paixão. Na
última linha da primeira estrofe, acrescentando o termo que está em elipse teríamos:
(nó) é complicado feito nós, teríamos uma comparação explícita e uma paranomásia
em um recurso estilístico.
A falta do termo elipsado faz com que essa comparação seja implícita e
ambígua, pois permite que o substantivo nó, troque de significado com o pronome
pessoal nós e a paranomásia seja um processo fônico mental, onde o som
reverberasse só na mente, eliminando o processo auditivo.
Na estrofe de uma única linha, o fonema |f| e a tonicidade marcada pelo
fonema |o| cria as imagens para os significados que o poeta vinha construindo. “Se
considero o sentido figurado geral que ele pode ter, chego à conclusão de que estes
elementos expressivos convergem para um sentido novo, que decorre deles, que
está implícito neles” (CANDIDO, 2006, p.123).

3.3 Transliteração: das redes sociais para o livro

A ideia de transformar conceitos em sentimentos e em um exercício poético


aconteceu quando o autor ressignificava as palavras para ele, e postava em suas
redes sociais, alcançando assim o público e permitindo que essas releituras fossem
para o livro. Embora a tecnologia através das redes sociais tenha reforçado o papel
do público sobre o autor e a obra, a importância desta não se constitui como um
fenômeno advindo da era tecnologia e sim das relações de interação.

Devido a um e outro motivo, à medida que remontamos na história temos a


impressão duma presença cada vez maior do coletivo nas obras; e é certo,
como já sabemos, que forças sociais condicionantes guiam o artista em
grau maior ou menor. Em primeiro lugar, determinando a ocasião da obra
ser produzida; em segundo, julgando da necessidade dela ser produzida;
em terceiro, se vai ou não se tornar um bem coletivo (CANDIDO, 2006, p.
34).
40

A percepção que se tem, é que enquanto a poesia circula no ciberespaço ela


é coletiva, ou seja, de todos e que a partir do momento que vai para o livro ela se
individualiza, causando o interesse pela compra do livro. Embora parte do conteúdo
já seja conhecida, ele torna-se uma espécie de souvenir, um prolongamento das
experiências vividas no coletivo, mas agora, personificada “a poesia pura do nosso
tempo esqueceu o auditor e visa principalmente a um leitor atento e reflexivo, capaz
de viver no silêncio e na meditação o sentido do seu canto mudo” (CANDIDO, 2006ª,
p.43)
De posse desse conhecimento, o mercado editorial fomenta essa relação,
publicando os poemas que antes eram vistos somente na timeline de uma rede
social. O livro ganha então uma camada simbólica, o objeto livro passa a representar
no imaginário das pessoas, o próprio conhecimento que suas páginas contêm.
Para o Instapoeta, o livro opera como certificado de creditação do trabalho
autoral, como se ele de fato só fosse poeta, se tivesse um livro publicado. Em uma
entrevista à TV Câmara, veiculada em seu canal no youtube, João Doederlein fala
do anseio e do projeto que tinha de publicar um livro independente, e a partir dessa
publicação chamar atenção de uma grande editora, o que acabou não acontecendo,
pois, o reconhecimento do seu material literário pelo público já havia acontecido,
sem a necessidade de publicação de um livro. Como prova desse reconhecimento a
editora Paralela o convidou para publicar os seus post, o que o autor esclarece em
uma entrevista à TV Senado7.
Portanto, o público dá sentido e realidade à obra, e sem ele o autor não se
realiza, pois ele é de certo modo o espelho que reflete a sua imagem enquanto
criador. Deste modo, o público é fator de ligação entre o autor e a sua própria obra
(CANDIDO, 2006ª).
O Livro dos Ressignficados combina textos que viralizaram na rede social, e
ainda com outros inéditos. Esses poemas foram divididos em seis capítulos nos
temas “O jardim”, “O zodíaco”, “O coração”, “A mente”, “A cidade” e “E a História de
Nós Dois”. A cada início de capítulo há um poema em prosa com a temática
proposta das divisões, que juntamente com uma imagem se relacionam para abrigar

7
Entrevista Disponível em: https://www.youtube.com/watch?time_continue=750&v=qtjb4gzvss e
https://www.senado.leg.br/noticias/TV/Video.asp?v=452409 Acesso em 15\01\2019.
41

as palavras ressignificadas a frente. O livro foi publicado pela editora Paralela, que é
uma divisão voltada para cultura pop da Cia de Letras.
Para um melhor entendimento sobre as mutações que engendram os poemas
digitais e a sua transliteração para o livro, empreendemos uma investigação
comparativa dos elementos presentes nos suportes, bem como nossa análise.
Nesse sentido, apresentamos a seguir um “quadro-resumo” (Quadro 1) dos
elementos que compõem o projeto visual de um livro, de acordo com Macêdo
(2013), e que serão levados em consideração na análise comparativa deste
trabalho.

QUADRO 1 – Sistematização dos elementos que compõe o projeto visual de um


livro
Projeto visual
I - Princípio da legibilidade
O ritmo de leitura está ligado ao modo como estão
A) Ritmo de leitura organizadas as palavras, as frases, versos e os parágrafos
em uma página. Essa disposição de elementos determina a
velocidade e o ritmo com que o leitor consome o livro.
A escolha dos tipos a serem impressos, ou para serem
B) Caracteres usados em tela, segue o princípio da legibilidade. Critérios
escolhidos para a seleção de fontes são: estilo,
simplicidade, dimensão, força, orientação, harmonia, ritmo.
C) Linhas A direção da leitura é determinada pelo modo como
organizamos as linhas do texto.
II - Organização da página
A) Formatos O formato está relacionado com a forma física do suporte.
O modo de organização dos elementos que compõem o
B) Esquemas Construtivos conteúdo do livro. Podem variar quanto a construção
simétrica ou assimétrica das páginas.
III - Estrutura
Elementos que funcionam como um introdutório ao livro:
A) Parte pré-textual falsa folha de rosto; folha de rosto; dedicatória; epígrafe;
sumário; lista de ilustrações; lista de abreviaturas e siglas;
prefácio; agradecimentos; introdução.
Os elementos que compõem o livro. São eles: Página
B) Parte textual capitular, páginas subcapitulares, fólios, cabeças, notas,
elementos de apoio, iconografia.
Trata-se do conjunto de elementos localizados no final do
C) Parte pós-textual livro. A maioria desses elementos tem o caráter mais
técnico. Posfácio, Apêndice, glossário, bibliografia, índice,
colofão, errata.
Fonte: Elaborado pela pesquisa, 2018.
42

FIGURA 10 – Poema Transliterado - 2


Fonte: Elaborado pela pesquisa, 2018.

Estas são as partes do livro que escolhemos para nossa análise de


comparação entre o livro impresso (Quadro 1) e o suporte eletrônico (Figura 10).

QUADRO 2 – Comparativo entre os suportes dos poemas que foram transliterados


do Instagram para o livro - 1
Projeto visual
I - Princípio da legibilidade Livro Instagram
Difere do suporte Instagram, É mantido pelas vírgulas, pelos
pois, embora a quantidade de pontos finais, não considerando
A) Ritmo de leitura versos seja igual, a quantidade a quantidade de palavras.
de palavras contidas no verso
muda.
A fonte do título do poema O título é em negrito e alinhado
difere do poema digital e está ao centro do texto, a passagem
alinhada à margem esquerda, da classe e do gênero para a
B) Caracteres nos parênteses onde consta a outra é feita por uma barra (/).
classe e o gênero a conjunção
aditiva “e” sinaliza o outro
gênero que a palavra pertence.
São alinhadas a esquerda São justificadas, por se tratar de
facilitando a leitura, por ser um uma plataforma de imagem, os
formato melhor reconhecido poemas são justificados,
43

C) Linhas pelo córtex visual, tornando a criando uma unicidade entre os


leitura menos cansativa. poemas, pois ao abrir a timeline
os poemas estarão dispostos
um do lado do outro.
II - Organização da página
Formato padrão retangular, Altera as proporções de acordo
A) Formatos altura maior que largura. com os aparelhos, porém é
mantido o formato quadrado da
plataforma.
Reproduz o padrão simétrico, Se estabelece ao meio da barra
altura, largura e comprimento superior onde fica a foto do
das partes necessárias para perfil do autor e três pontinhos
compor um todo, tanto com que dão a possibilidade de:
relação ao poema digital, denunciar, copiar link, ativar
quanto aos poemas das outras notificações de publicação e
B) Esquemas Construtivos páginas. A cor marfim do pano compartilhar no aplicativo
de fundo. WhatsApp e abaixo da barra
com os ícones de curtir,
comentar, direcionar a outros e
salvar. A iconografia ainda
conta com um numerador de
curtidas e de comentários.
III - Estrutura
Falsa folha de rosto, folha de Feed de notícias e a timeline do
rosto, ficha catalográfica, perfil do autor.
dedicatória, sumário dos
capítulos e sumário dos
A) Parte pré-textual poemas de cada capítulo. Na
sequência já temos o início aos
elementos textuais, não
havendo introdução, nem
prefácio.
B) Parte textual Página subcapitular que
Legenda, marcação de um perfil
contém um poema em prosa e como apoio para contextualizar
uma imagem de apoio com a a palavra ressignificada.
temática a qual pertence o Assinatura e endereço do perfil
poema. do autor. Ícones da plataforma.
C) Parte pós-textual Agradecimentos Comentários, curtidas, reposts
e marcações dos internautas.
Fonte: Elaborado pela pesquisa, 2018.

Os paratextos que atuam como princípio intermediário entre a obra e o leitor


no livro, em apreço são realizados por meio do título, capa, contracapa,
apresentação, folha de rosto, dedicatórias, sumários, ilustrações, dos dados para
catalogação, dados do processo editorial, primeira orelha, segunda orelha e
agradecimentos. No Instagram o paratexto é realizado por intermédio da legenda,
dos comentários dos internautas, das marcações de outros perfis e dos reposts.
Os elementos pré-textuais que servem como introdutórios estão presentes no
suporte livro conforme nos mostra o quadro comparativo 2. No capítulo, E a História
de nós Dois – efetiva-se no sumário e na lista das palavras ressignificadas, nele,
44

consta o número da página em que o poema pode ser encontrado. Na abertura do


capítulo em que ele se encontra, temos uma imagem rabiscada de um casal e um
poema em prosa com o título do capítulo que serve para preconizar o teor das
ressignificações que o leitor encontrará, servindo como direcionamento para a
leitura. No suporte Instagram, temos a ausência de elementos pré-textuais, e a falta
de um direcionamento. A ordem em que ele aparece é aleatória, sem uma
organização na timeline, e concorre com as fotos pessoais do autor.
Sobre os itens textuais – podemos perceber que a fonte do título do poema,
difere da fonte do poema digital e que o alinhamento está à esquerda enquanto o
alinhamento do título do poema que circula no Instagram é centralizado e o texto é
justicado. A cor de fundo é igual gerando identidade e unicidade para ambos
suportes.
Embora as quantidades de versos sejam iguais para o livro e para o
ciberpoema as disposições das palavras nos versos estão alteradas o que não
compromete o sentido, mas causa uma quebra na linearidade da leitura e no ritmo.
A classe à qual pertence a palavra ressignificada, que fica entre parênteses, tem seu
formato modificado no livro.
A marcação de que crush é um substantivo comum de dois gêneros é feita
pela conjunção aditiva e, enquanto que no poema digital é feita por uma barra. O
espaçamento entre o título e texto são distintos em ambos, isso acontece porque no
Instagram a plataforma é de imagens quadradas, então, a disposição do texto tem
que ficar centralizada; fazendo com que o espaçamento se torne maior no
Instagram, havendo uma harmonia entre o título e o texto. No livro essa harmonia se
conquista pela centralidade dos poemas nas páginas, todas as bordas superiores
são de igual tamanho.
O pós-textual no livro tem os agradecimentos, a ficha técnica das fontes e do
papel usado para impressão, a segunda orelha e a contracapa. No Instagram os
paratextos - legenda, comentários dos internautas, as marcações de outros perfis e
os reposts funcionam como pós-texto.
45

FIGURA 11 – Poema Transliterado - 2

Fonte: Elaborado pela pesquisa, 2018.

QUADRO 3 – Comparativo entre os suportes dos poemas que foram transliterados


do Instagram para o livro - 2
Projeto visual
I - Princípio da legibilidade Livro Instagram
Difere do suporte Instagram, É mantido pelas vírgulas, pelos
A) Ritmo de leitura pois, a quantidade de versos é pontos finais e pelos períodos.
alterada.
O título e o poema estão à O título é em negrito e alinhado
margem esquerda, e o ao centro do texto, enquanto
tamanho da fonte é menor. Os que o poema é justificado. Não
B) Caracteres parênteses que contêm a há espaço entre os parênteses
classe da palavra a qual que contêm a classe da palavra
pertence o título tem um a qual pertence o título.
espaço que o separa do tema.
São alinhadas à esquerda sem São justificadas, por se tratar de
recuo especial na primeira uma plataforma de imagem, os
linha. Esse alinhamento facilita poemas são justificados,
C) Linhas a leitura, por ser um formato criando uma unicidade entre os
melhor reconhecido pelo córtex poemas, pois ao abrir a timeline
visual, tornando a leitura os poemas estarão dispostos
menos cansativa. Possui seis um ao lado do outro. Possui oito
linhas de versos brancos e linhas de versos brancos e
livres. livres.
II - Organização da página
46

Formato padrão retangular, Altera as proporções de acordo


A) Formatos altura maior que largura. com os aparelhos, porém é
mantido o formato quadrado da
plataforma.
Reproduz o padrão simétrico, Se estabelece ao meio da barra
altura, largura e comprimento superior onde fica a foto do
das partes necessárias para perfil do autor e três pontinhos
compor um todo, tanto com que dão a possibilidade de:
relação ao poema digital, denunciar, copiar link, ativar
quanto aos poemas das outras notificações de publicação e
B) Esquemas Construtivos páginas. A cor marfim das compartilhar no aplicativo
páginas simulam o pano de WhatsApp e abaixo da barra
fundo do ciberpoema. com os ícones de curtir,
comentar, direcionar a outros e
salvar. A iconografia ainda
conta com um numerador de
curtidas e de comentários.
III - Estrutura
Falsa folha de rosto, folha de Feed de notícias e a timeline do
rosto, ficha catalográfica, perfil do autor.
dedicatória, sumário dos
capítulos e sumário dos
A) Parte pré-textual poemas de cada capítulo. Na
sequência já temos o início aos
elementos textuais, não
havendo introdução, nem
prefácio.
Página subcapitular Legenda, marcação de um perfil
que contém um poema em como apoio para contextualizar
B) Parte textual prosa e uma imagem de apoio a palavra ressignificada.
com a temática a qual pertence Assinatura e endereço do perfil
o poema. do autor. Ícones da plataforma.
C) Parte pós-textual Agradecimentos Comentários, curtidas, repost e
marcações dos internautas.
Fonte: Elaborado pela pesquisa, 2018.

Os paratextos, os elementos pré-textuais e a parte pós-textual se mantêm


sem alterações, já que esses correspondem às características próprias dos suportes
em que circulam os poemas analisados.
Sobre a parte textual – podemos perceber que a fonte do título do poema se
mantém nos dois suportes, mas que o tamanho difere. o alinhamento do texto está à
esquerda no suporte livro, enquanto o alinhamento do título do poema, que circula
no Instagram, é centralizado e o texto é justificado. A cor de fundo é igual gerando
identidade e unicidade para ambos suportes.
A quantidade de versos no livro são seis, enquanto que no ciberpoema são
oito, o que não compromete o sentido, mas causa uma quebra na linearidade da
leitura e no ritmo. A classe à qual pertence a palavra ressignificada, que fica entre
47

parênteses, tem seu formato modificado no livro, pois há um espaço entre o título e
o texto.
O espaçamento entre o título e texto são distintos em ambos, isso acontece
porque no Instagram a plataforma é de imagens quadradas, então, a disposição do
texto tem que ficar centralizada, fazendo com que o espaçamento se torne maior, há
portanto, uma harmonia entre o título e o texto. No livro essa harmonia se conquista
pela centralidade dos poemas nas páginas, tendo em vista que todas as bordas
superiores são de igual tamanho.

Figura 12 – Poema Transliterado - 3


Fonte: Elaborado pela pesquisa, 2018.

QUADRO 4 – Comparativo entre os suportes dos poemas que foram transliterados


do Instagram para o livro - 3
Projeto visual
I - Princípio da legibilidade Livro Instagram
Difere do suporte Instagram, É mantido pelas vírgulas, pelos
A) Ritmo de leitura pois, a quantidade de versos é pontos finais e pelos períodos.
alterada.
O título e o poema estão à O tamanho da fonte do título é
margem esquerda, a fonte e o maior e alinhado ao centro do
tamanho é menor. Os texto, o poema é justificado.
48

B) Caracteres parênteses que contém a Não há espaço entre os


classe da palavra a qual parênteses que contêm a
pertence o título tem um classe da palavra a qual
espaço que o separa do tema. pertence o título.
São alinhadas a esquerda sem São justificadas, por se tratar de
recuo especial na primeira uma plataforma de imagem, os
linha, esse alinhamento facilita poemas são justificados,
C) Linhas a leitura, por ser um formato criando uma unicidade entre os
melhor reconhecido pelo córtex poemas, pois ao abrir a timeline
visual, tornando a leitura os poemas estarão dispostos
menos cansativa. Possui nove um ao lado do outro. Possui dez
linhas de versos brancos e linhas com versos brancos e
livres. livres.
II - Organização da página
Formato padrão retangular, Altera as proporções de acordo
A) Formatos altura maior que largura. com os aparelhos, porém é
mantido o formato quadrado da
plataforma.
Reproduz o padrão simétrico, Se estabelece ao meio da barra
altura, largura e comprimento superior onde fica a foto do
das partes necessárias para perfil do autor e três pontinhos
compor um todo, tanto com que dão a possibilidade de:
relação ao poema digital, denunciar, copiar link, ativar
quanto aos poemas das outras notificações de publicação e
B) Esquemas Construtivos páginas. A cor marfim das compartilhar no aplicativo
páginas simulam o pano de WhatsApp e abaixo da barra
fundo do ciberpoema. com os ícones de curtir,
comentar, direcionar a outros e
salvar. A iconografia ainda
conta com um numerador de
curtidas e de comentários.
III - Estrutura
Falsa folha de rosto, folha de Feed de notícias e a timeline do
rosto, ficha catalográfica, perfil do autor.
dedicatória, sumário dos
capítulos e sumário dos
A) Parte pré-textual poemas de cada capítulo. Na
sequência já temos o início aos
elementos textuais, não
havendo introdução, nem
prefácio.
Página subcapitular que
Legenda, marcação de um perfil
contém um poema em prosa e como apoio para contextualizar
B) Parte textual uma imagem de apoio com a a palavra ressignificada
temática a qual pertence o poeticamente. Assinatura e
poema. endereço do perfil do autor.
Ícones da plataforma.
C) Parte pós-textual Agradecimentos Comentários, curtidas, repost e
marcações dos internautas.
Fonte: Elaborado pela pesquisa, 2018.

Sobre os elementos pré-textuais introdutórios: esse poema encontra-se no


capítulo A Mente, que se inicia na página 108. Na abertura do capítulo o rabisco de
uma pessoa de costas com um barco de papel na cabeça, sinaliza a temática
abordada. No desenho não tem como distinguir se a pessoa é um rapaz ou uma
49

moça. Posteriormente segue-se um poema em prosa que servirá de escopo para as


palavras poéticas que se seguem.
Sobre a parte textual – podemos perceber que a fonte do título do poema, é
diferente e que o tamanho também difere nas duas versões. O alinhamento do texto
está à esquerda no suporte livro, enquanto o alinhamento do título do poema que
circula no Instagram é centralizado e o texto é justificado. A cor de fundo é igual
gerando identidade e unicidade para os dois suportes. A quantidade de versos no
livro são nove, enquanto que no ciberpoema são dez, o que não compromete o
sentido, mas que causa uma quebra na linearidade da leitura e no ritmo.
A classe a qual pertence a palavra ressignificada, que fica entre parênteses,
tem seu formato modificado no livro, pois há um espaço entre o título. O
espaçamento entre o título e texto são distintos em ambos, isso acontece porque no
Instagram a plataforma é de imagens quadradas, então, a disposição do texto tem
que ficar centralizada, fazendo com que o espaçamento se torne maior no
Instagram, havendo uma harmonia entre o título e o texto. No livro essa harmonia se
conquista pela centralidade dos poemas nas páginas, onde todas as bordas
superiores são de igual tamanho.
O pós-textual mantém-se sem alterações, conforme o quadro comparativo 4
mostra, esses elementos correspondem às características próprias dos suportes que
circulam os poemas analisados.
50

FIGURA 13 – Poema Transliterado - 4

Fonte: Elaborado pela pesquisa, 2018.

QUADRO 5 – Comparativo entre os suportes dos poemas que foram transliterados


do Instagram para o livro - 4
Projeto visual
I - Princípio da legibilidade Livro Instagram
Difere do suporte Instagram, É mantido pelas vírgulas, pelos
pois, embora a quantidade de pontos finais, não considerando
A) Ritmo de leitura versos seja igual, a quantidade a quantidade de palavras.
de palavras contidas no verso
muda.
O tamanho da fonte do título O tamanho da fonte do título é
do poema é menor e está maior e alinhado ao centro do
alinhado à margem esquerda, texto, o poema é justificado.
B) Caracteres nos parênteses, onde consta a Não há espaço entre os
51

classe tem um espaço entre o parênteses que contêm a


tema. classe da palavra a qual
pertence o título.
São alinhadas à esquerda São justificadas, por se tratar de
facilitando a leitura, por ser um uma plataforma de imagem, os
formato melhor reconhecido poemas são justificados,
C) Linhas pelo córtex visual, tornando a criando uma unicidade entre os
leitura menos cansativa. poemas, pois ao abrir a timeline
os poemas estarão dispostos
um do lado do outro.
II - Organização da página
A) Formatos Formato padrão retangular, Altera as proporções de acordo
altura maior que largura. com os aparelhos, porém é
mantido o formato quadrado da
plataforma.
Reproduz o padrão simétrico, Se estabelece ao meio da barra
altura, largura e comprimento superior onde fica a foto do
das partes necessárias para perfil do autor e três pontinhos
compor um todo, tanto com que dão a possibilidade de:
relação ao poema digital, denunciar, copiar link, ativar
quanto aos poemas das outras notificações de publicação e
B) Esquemas Construtivos páginas. A cor marfim do pano compartilhar no aplicativo
de fundo. WhatsApp e abaixo da barra
com os ícones de curtir,
comentar, direcionar a outros e
salvar. A iconografia ainda
conta com um numerador de
curtidas e de comentários.
III - Estrutura
Falsa folha de rosto, folha de Feed de notícias e a timeline do
rosto, ficha catalográfica, perfil do autor.
dedicatória, sumário dos
capítulos e sumário dos
A) Parte pré-textual poemas de cada capítulo. Na
sequência já temos o início aos
elementos textuais, não
havendo introdução, nem
prefácio.
B) Parte textual Página subcapitular que
Legenda, marcação de um perfil
contém um poema em prosa e como apoio para contextualizar
uma imagem de apoio com a a palavra ressignificada.
temática a qual pertence o Assinatura e endereço do perfil
poema. do autor. Ícones da plataforma.
C) Parte pós-textual Agradecimentos Comentários, curtidas, reposts
e marcações dos internautas.
Fonte: Elaborado pela pesquisa, 2018.

Os paratexto – parte pré-textual e pós-textual, no livro é realizado por meio do


título, capa, contracapa, apresentação, folha de rosto, dedicatórias, sumários,
ilustrações, dados para catalogação, dados do processo editorial, primeira orelha,
segunda orelha e nos agradecimentos. No Instagram o paratexto é realizado por
intermédio da legenda, dos comentários dos internautas, nas marcações de outros
perfis e nos reposts.
52

Os elementos pré-textuais que servem como introdutório estão presentes no


suporte livro conforme nos mostra o quadro comparativo 5. O poema acima está no
capítulo O Coração, e pode ser encontrado no sumário, na lista das palavras
ressignificadas, onde consta o número da página em que o poema pode ser
encontrado.
Na abertura do capítulo em que ele se encontra, temos uma imagem
rabiscada, esta contém uma moça com uma flor cobrindo o seu rosto ao lado do
título do capítulo, seguido por um poema em prosa com o tema do capítulo, servindo
para preconizar o teor das ressignificações que o leitor encontrará, o que se constitui
em um direcionamento para a leitura. No suporte Instagram, temos a ausência
desses elementos pré-textuais, e a falta de um direcionamento. A ordem em que ele
aparece é aleatória, sem uma organização na timeline, e concorre com as fotos
pessoais do autor.
Sobre os itens textuais podemos perceber que a fonte do título do poema
difere da fonte do poema digital em tamanho e que o alinhamento está à esquerda
enquanto o alinhamento do título do poema que circula no Instagram é centralizado
e o texto é justificado. A cor de fundo é igual gerando identidade e unicidade para
ambos suportes. Embora as quantidades de versos sejam iguais para o livro e para
o ciberpoema as disposições das palavras nos versos estão alteradas, o que não
compromete o sentido, mas que causa uma quebra na linearidade da leitura e no
ritmo.
Os parênteses onde consta a classe da palavra ao qual pertence o título se
diferem por conta de um espaço. O espaçamento entre o poema e o pano de fundo
são distintos em ambos, isso acontece porque no Instagram a plataforma é de
imagens quadradas, enquanto que o formato do livro é retangular - altura maior que
a largura. A disposição do texto fica centralizada de acordo com cada formato, o que
provoca harmonia entre os suportes. No livro as bordas superiores são de igual
tamanho e as inferiores variam de acordo com a quantidade de versos.
O pós-textual no livro tem os agradecimentos, a ficha técnica das fontes e do
papel usado para impressão, a segunda orelha e a contracapa. No Instagram os
paratextos - legenda, comentários dos internautas, as marcações de outros perfis e
os reposts funcionam como pós-texto.
53

FIGURA 14 – Poema Transliterado - 5

Fonte: Elaborado pela pesquisa, 2018.

QUADRO 6 – Comparativo entre os suportes dos poemas que foram transliterados


do Instagram para o livro - 5
Projeto visual
I - Princípio da legibilidade Livro Instagram
Difere do suporte Instagram, É mantido pelas vírgulas, pelos
pois, embora a quantidade de pontos finais, não considerando
A) Ritmo de leitura versos seja igual, a quantidade a quantidade de palavras.
de palavras contidas no verso
muda.
O tamanho da fonte do título O tamanho da fonte do título é
do poema é menor e está maior e alinhado ao centro do
alinhado à margem esquerda, texto, o poema é justificado.
54

B) Caracteres nos parênteses onde consta a Não há espaço entre os


classe tem um espaço entre o parênteses que contém a
tema. classe da palavra a qual
pertence o título.
São alinhadas à esquerda São justificadas, por se tratar de
facilitando a leitura, por ser um uma plataforma de imagem, os
formato melhor reconhecido poemas são justificados,
C) Linhas pelo córtex visual, tornando a criando uma unicidade entre os
leitura menos cansativa. poemas, pois ao abrir a timeline
os poemas estarão dispostos
um do lado do outro.
II - Organização da página
A) Formatos Formato padrão retangular, Altera as proporções de acordo
altura maior que largura. com os aparelhos, porém é
mantido o formato quadrado da
plataforma.
Reproduz o padrão simétrico, Se estabelece ao meio da barra
altura, largura e comprimento superior onde fica a foto do
das partes necessárias para perfil do autor e três pontinhos
compor um todo, tanto com que dão a possibilidade de:
relação ao poema digital, denunciar, copiar link, ativar
quanto aos poemas das outras notificações de publicação e
B) Esquemas Construtivos páginas. A cor marfim do pano compartilhar no aplicativo
de fundo. WhatsApp e abaixo da barra
com os ícones de curtir,
comentar, direcionar a outros e
salvar. A iconografia ainda
conta com um numerador de
curtidas e de comentários.
III - Estrutura
Falsa folha de rosto, folha de Feed de notícias e a timeline do
rosto, ficha catalográfica, perfil do autor.
dedicatória, sumário dos
capítulos e sumário dos
A) Parte pré-textual poemas de cada capítulo. Na
sequência já temos o início aos
elementos textuais, não
havendo introdução, nem
prefácio.
B) Parte textual Página subcapitular que
Legenda, marcação de um perfil
contém um poema em prosa e como apoio para contextualizar
uma imagem de apoio com a a palavra ressignificada.
temática a qual pertence o Assinatura e endereço do perfil
poema. do autor. Ícones da plataforma.
C) Parte pós-textual Agradecimentos Comentários, curtidas, reposts
e marcações dos internautas.
Fonte: Elaborado pela pesquisa, 2018.

Mantém-se os paratextos, parte pré-textual e pós-textual, no livro é realizado


por meio do título, capa, contracapa, apresentação, folha de rosto, dedicatórias,
sumários, ilustrações, dos dados para catalogação, dados do processo editorial,
primeira orelha, segunda orelha e agradecimentos. No Instagram o paratexto é
realizado por intermédio da legenda, dos comentários dos internautas, nas
marcações de outros perfis e nos reposts.
55

Os elementos pré-textuais que servem como introdutórios estão presentes


tanto no suporte livro, quanto no suporte Instagram, conforme nos mostra o quadro
comparativo 5. O poema comparado consta no capítulo E a História de nós Dois, na
página 208 de acordo o sumário. Encontramos uma imagem rabiscada de um casal,
e um poema em prosa com o título do capítulo que serve para preconizar o teor das
ressignificações que o leitor encontrará.
No suporte Instagram temos o feed de notícias e a timeline do perfil do autor
operando como elementos pré-textuais e ao mesmo tempo textual, uma vez que é
possível fazer a leitura poética sem a necessidade de abrir o perfil ou a timeline do
autor, sem um direcionamento prévio, a ordem em que ele aparece no Instagram é
aleatória, sem uma organização e concorrendo com as fotos pessoais do autor.
Os itens textuais – podemos perceber que a fonte do título do poema, difere
em tamanho da fonte do poema digital e que o alinhamento está à esquerda
enquanto o alinhamento do título do poema que circula no Instagram é centralizado
e que o texto é justificado. A cor de fundo é igual gerando identidade e unicidade
para ambos suportes. Embora as quantidades de versos sejam iguais para o livro e
para o ciberpoema as disposições das palavras nos versos estão alteradas o que
não compromete o sentido, mas que causa uma quebra na linearidade da leitura e
no ritmo.
Nos parênteses consta a classe da palavra ao qual pertencem o título, e elas
se diferem por conta de um espaço. Os espaçamentos entre o título e texto se
mantêm em ambos, o que não ocorre no espaçamento entre o poema e o pano de
fundo, isso acontece porque no Instagram a plataforma é de imagens quadradas,
enquanto que o formato do livro é retangular - altura maior que a largura, a
disposição do texto fica centralizada de acordo com cada formato o que há uma
harmonia entre os suportes, no livro as bordas superiores são de igual tamanho e as
inferiores variam de acordo com a quantidade de versos.
O pós-textual no livro tem os agradecimentos, a ficha técnica das fontes e do
papel usado para impressão, a segunda orelha e a contracapa. No Instagram os
paratextos - legenda, comentários dos internautas, as marcações de outros perfis e
os reposts funcionam como pós-texto.
Em todos os poemas digitais constam o nome e o perfil do poeta, isso se dá
por conta dos reposts de outros usuários, uma forma de marcar a autoria.
56

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

As formas de consumir literatura na contemporaneidade foram alteradas. As


redes socias e a tecnologia permitiram a produção e a circulação das manifestações
poéticas autorais, fazendo-se necessário repensar, conhecer, compreender essas
manifestações e as interações que lhes possibilitaram serem reconhecidas como
literatura, e assim, serem transliteradas para um livro
Os resultados das análises das poesias virais nos permitiram alcançar os
objetivos propostos por esse estudo. Sendo assim, entendemos que os ciberpoemas
que circulam na timeline do perfil @akapoeta de João Doederlein possuem
elementos que os caracterizam como poesia modernista. O seu aspecto híbrido
conversa com outro gênero facilmente reconhecido pelo público, unificando
linguagens, combinando-as e ressiginificando-as.
Os pensamentos heterogêneos e semioticamente convergentes e não
lineares fizeram com que a poesia do instapoeta se tornasse uma obra coletiva, o
que é possivelmente detectável nas legendas das publicações, numa
dessacralização da poesia. Termos sugeridos por internautas como: crush, bad e
outras gírias oriundas do ciberespaço figuram como temas poéticos. Os moldes da
poética contemporânea permitem que a plataforma da rede social Instagram
funcione como suporte de letramento literário, fazendo com que os internautas
sejam participantes da poesia, quando creditam o papel do livro ao criar a demanda
pelo impresso.
A relevância se dá pela busca de legitimação dos atores desse processo, da
obra e do mercado editorial midiático, para isso foi empreendida essa pesquisa e
57

concluiu-se que as manifestações poéticas autorais no Instagram se iniciam


despretensiosamente, sem maiores intenções e que se tornam produções literárias,
a partir do reconhecimento do ciberconsumidor que faz circular as publicações,
constituindo-se como principal agente de divulgação e legitimação dessas
manifestações poéticas autorais.
Através da plataforma social Instagram, os internautas compartilham,
comentam as publicações, curtem e marcam outros internautas, assumindo a
identificação e participando da disseminação dessas poesias. O fato do público
reconhecer o instapoeta como autor, aceitando as ideias e a técnica utilizada por
ele, faz surgir a figura da editora como a terceira vértice da tríade – autor
(Instapoetas), - internauta (ciberconsumidor) e editora, nesse ponto ela funciona
como mediadora entre o autor e a obra.
Além disso, percebeu-se que a vertente que representa a editora é substituída
pela obra quando esta é lançada, passando ser a obra mediadora entre o autor e o
público, reconfigurando a tríade. Tais fatores apareceram na pesquisa, unidos e
combinados, dependendo uns dos outros, determinando-se uns aos outros e
relacionando-se dinamicamente.
Vale ressaltar que os termos coletivos: público, internautas e
ciberconsumidores não representam um grupo social e sim, uma coleção de
indivíduos, cujo denominador comum é o interesse por um fato. É a "massa
abstrata", ou "virtual" conforme denomina Cândido (2006ª).
Como ocorre o processo de transliteração das manifestações poéticas na
rede social Instagram? Esse estudo procurou responder tal problemática, para isso a
metodologia e a bibliografia proposta mostraram-se eficientes, contudo, com relação
à coleta de dados para as análises houve a necessidade de uma busca de material
que trouxesse luz sobre esse processo, o que foi facilmente resolvido através de
uma investigação nas publicações antigas da rede social facebook, no canal
Youtube, e da pesquisa na web feita pelo o nome do autor entre aspas, onde foi
possível encontrar entrevistas e relatos de antes e depois da publicação do livro dos
Ressignificados.
A leitura analítica desse material trouxe a constatação de que embora o poeta
tenha contos e prosas poéticas de mais de duas estrofes, o que foi para o suporte
58

livro foram os poemas no formato de verbete, que já eram plenamente aceitos e


reconhecidos pelo público.
Com isso, após a investigação das manifestações poéticas observou-se como
estas vieram a ser construtos da ciberliteratura através das interações e
reconhecimento do ciberconsumidor, o que gerou interesse da editora.
De posse das considerações sobre os poemas digitais, corpus dessa
pesquisa, e do livro publicado pela editora Paralela, foram realizadas as
comparações dos poemas digitais transliterados. A partir dessas, percebeu-se onde
elas confluem e divergem e constatou-se que essas produções literárias analisadas
inauguram novas possibilidades de uso das ferramentas de publicação e difusão de
conteúdo na mídia em que estão incluídas.
Comprovou-se ainda, como revelam os quadros, a possibilidade da
transliteração através de ajustes que nada diminuem na estética e muito menos no
sentido, pelo contrário, enriquecem pela agregação de elementos constitutivos do
suporte impresso e da mudança de suporte, que gera temporalidade para outro
atemporal. As possibilidades de exploração que os suportes digitais trazem para
literatura contemporânea ainda têm muito a serem exploradas no campo acadêmico,
foi essa a sensação que ficou nas comparações.
Em relação à relevância da pesquisa, sabemos que as redes sociais são
espaços familiares para os jovens, o que as tornam perfeitamente capazes de serem
instrumentos de letramento literário e canais de introdução da literatura tida como
clássica, haja vista que há inúmeros perfis dedicados a ela.
Considerando que a pesquisa é do tipo exploratória verificou-se que ainda há
muito a ser descoberto. As análises constataram indícios de uma cultura editorial do
digital em franca formação, portanto, a realização de estudos voltados para a
adequação de conteúdos e suportes torna-se de suma importância para validar tais
indícios.
A análise das redes sociais como plataforma literária é um campo de estudo
pouco explorado. O Instagram pode ser considerado uma ferramenta favorável não
só para entretenimento, mas para a produção e o ensino da leitura crítica. Os
variados textos autorais, literários e não literários na plataforma, permitem uma
investigação de como conceber que esses venham a ser de fato literatura, ou
simplesmente uma manifestação poética individual.
59

“Enfim, entre o físico e o virtual, entre mídias antigas e novas não correm
largos oceanos, mas sim os fios de múltiplos cruzamentos que precisamos aprender
a enxergar” (SANTAELLA, 2009, p. 10). À ciência cabe o desemaranhar desses fios.

REFERÊNCIAS

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