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1837. JY 41.

\ o TRIMESTRE.

sentir ao governo em cada instante . etn cada


INTERIOR. sempre é bom saber a gente com quem
vive. inninu.ito , que se mostro vigilante , u que es­
teja sempre promptu para eoinbatter os arbi-
C H R O N IC A A D M IN IS T R A T IV A . trios do governo. Em quanto a opposição não
λ orrosiCAó. fòr ta l. em quanto o governo souber que não
Nada de importante tem apparecido na há em toda nação quom observe e examine
parte official do Correio, que temos á vista, Não pensavamos hoje que alguém se nprc- seus actos, não teremos uo Bruzil monarchia
a excepção da remuneração de serviços sentasse no jornalismo combatendo a necessi­ constitucional.
prestados na provincia do Rio Grande do dade de opposição ; esta verdade parecia-nos
Pois o Correio Official, o jornal do governo,
estar tão firmo. ser tão incontestável como a
Sul. Não conhecemos esses serviços e por do progresso nega o direito de examinar e de
soberania do povo, impeccabilidade do manar-
isso nem louvores nem censuras podemos censurar os actos do governo ! Bem dissemos
cha , e tc ., etc. ; o Correio Oficial porém nos
dar a esses decretos remuneradòres. nós no principio d’este mino que o C om ia
veio tirar d’esta nossa persuasão , e publican-
Por fallamos no Rio Grande do Sul não regressava ; hoje nos convencemos que o mo­
do algumas reflexões que faz Luciano Bona­
podemos deixar de pedir ao nosso collega ral de sua redacção se ressentiu d’esse re­
parte contra a opposição ao governo , elle as
gresso , o nós o não pensavamos !
do Correio Official nos informe mais am ­ adopta como aplicáveis em muitos pontos ás
Si o piloto que dirige a náu do estado é há­
plamente do que por lá se passa , que das nossas circumstaneias. Promettemos faser ob.
bil , ajudem todos os passageiros a manobra
noticias que até aqui tem publicado não po­ servações a esse artigo, hoje o faremos. em vez de a contrariar : dè-se força ao gover.
demos ao certo ajuizar do estado das forças O homem que quisesse tramar umn révolu, no , que com picadas de alfinetes se distrah»
dos rebeldes, e dos meios que tetn empre­ ção , que quisesse dar golpes decisivos e rn. o piloto quando navega por entre escolhos. —
gado o governo imperial para sufiocar a pidos na paz interna d’urna nação . com van. Sim , nós temos que o governo fraco é o peior
rebeliiào. Andamos tão falhos de noticias tagem podia proclamar os principios que se m .1 que póde acometter a uma nação , dêmos-
oíficiaes daquella provincia, que até nos léõm no Correio Official, elles aproveitariam lhe forças, seja habilitado com todos os ne-
temos persuadido que o governo provincial a seus designios , — que a b rn tempo não vê- cessarios poderes para bem encaminhar os ne­
mos um artigo que aconselhe mais as revo. gocios publicos ; mas depois d’isso não con­
está mal coin governo central. Agora ve­
luções. Deus nos livre que as idéas de Lucia, fiemos só em sua habilidade, não nos deixe­
remos si o snr. Antero se corresponde com
no Bonaparte, luje do Correio Official, te. mos adormecer quando a náu ameaça sosso-
o governo. nhatn sectarios em nossa terra ! Deus nos li. brar , n ão , — de imprudentes fòra confiar sua
T am b ém , desculpe-nos o nosso collega vre que o povo, o soberano povo se convença vida, confiar seus mais charos interesses a
estas im portunações, também desejáramos por um momento que os golpes rapidos e deci­ habilidade de um homem ou de scÍ3, que p6-
saber como vão os nossos negocios com os sivos são mais proveitosos que as picadas de dem distrahir.se, que pódem corromper.se ,
governos do S u l , e si teremos paz ou guerra. alfinetes da opposição. que pódem errar. Ajudemos α manobra, maa
Todo o mundo anceia para vêr já com sua Nós estabeleceremos a opinião contraria, permitta-se.iios também que olhemos para s
pasta o exm. ministro de extrangeiros , pa­ desejamos que em nossa patria se estabeleça c a rta , que observemos o sol, que examine­
rece que n’elle estão depositadas todas as uma opposição obstinada, — que não pactue mos os calculos de longitude e latitude, e que
confianças, ao menos elle tirará a admi­ com o governo, e que sempre o incite a pra. depois oifereçamos ao hábil piloto o resulta­
nistração da apathia em que se acha , e ticar o bem , — continuada , — que se taça do de nossas observações. Não é isto contra.

FOLHA LITTERARIA. corn o pé na c a z a , traz o meu vestido novo. lugubre do ranger d’ossos d’uni esqueleto ao
— Q ual, senhora, o de Lucrecia ? pino da meia noite. Fiquei iinmovel, os ca­
UM EJJrO B C A D O . — O CAR RA SCO . — Não, que esse é muito escuro; traze bellos se me eriçaram, eu vi tudo.... era um
aquelle que tem rosas pintadas. Maldita es- homem que ia morrer e para cujo eiiterro,
Era n’um sabbado, o dia havia amanhe­ crava! elle não hade tardar α passar, e eu e para salvação de sua alma já se pediam
cido triste ; o sol nào podia desfazer com seus ainda não estou vestida, ainda me não pen. esmolas.... Nào ouvi mais nada, nada mais
raios a espessa escuma que os cavallos de seu teei. Maria ! Maria ! v i, silencio de morte se seguiu a esse grito,
coche tinham espalhado ; ameaçava chuva. Não tem duvida ó dia de festa. Mas que e , só depois que o ouvi outra v ez, voltei a
Tenho eu por costume logo que acordo che­ festa? hoje não é dia santo, não há procissão... mim, recuperei todas as minhas faculdades.
gar a janella a vêr si há alguma novidade, Quem será esse elle que hade passar? será Então quiz examinar esse homem que por
e n’esse dia apezar do tempo uâo deixei mi­ cotisa pertencente á menina? mas então porque sua boca soltava palavras tão geladas que ge-
nha devoção, abri as janellas e passei com rasão todos se apromptam? Maldita curiosi- lavam o saigue dos que as ouviam. Era um
uma vista d’olhos perscrutadòra revista pelas dade! si tu não fôras, tanto me nao impa- velho vestido de negro, negra capa estava
cazas de meus visinhos, — q u e, de passa­ cientaria por saber o que se passa hoje na sobreposta á sua casaca, empunhava uma vara
gem o devo dizer, são optimas pessoas. Notei visínhança. também negra, e na ouíra mão trasia a sa­
n’ellas disusado movimento, parecia dia de Um tanto desacoroçoado retirei.me da ja. cola em que se depositavam as esmolas, era
festa, ninguem trabalhava, todos chegavam nclla, e porque sou por natureza curioso não um irmão da Mizericordia. — Seus cabellos
de vez em quando a janella com certo ar de desamparei a salla : sentei-me á banca peguei brancos faziam contraste com seus vestidos ;
impaciencia. — Qué’ será isto, disia eu com- ern um livro , era... si bem me lem bro, era ■— 0 irmão da Mizericordia trasia em si as
migo ? H á novidade na rua ; — e etn conjectu­ o Ultimo dia d ’um condemnado. Lia eu o ca. imagens do luto, e da mortalha que devia
ras umas mais extravagantes que outras passei pitulo em que o condemnado no Hôtel-de-Ville cobrir os membros d’esse desgraçado, morto
um bom quarto de h o ra , sem atinar com o soffria os preparativos necessarios para a gui­ antes de morrer.
motivo da impaciencia dos meus vizinhos c lhotina... L ia, disse eu! é falso, a minha A confusão recresuia em casa dos meus
vizinhas. Cheguei mesmo a pensar que todos curiosidade não me permittia dar attenção á vizinhos, uns gritavam, outros batiam com
elles tinham virado judeus, e como taes san- leitura. Atirei com o livro, dei umtpasscio o pé , outros castigavam os escravos por de­
ctificavam o sabbado ; mas a este pensamento pela sala, cheguei de novo a ja n e lla , — o moras , que só existiam na imaginação e que
se oppunha o têl-os eu conhecido no dia an. mesmo movimento, o mesmo enigma,— Heide a impaciencia fazia maiores. — Nada entendo
terior mui bons christàos, todavia como em saber tudo, hoje não saio de casa.... d’isto , cada vez mais se baralham minhas
homens tiào há que fiar. . . . Esmola para o nosso irmão padecente ! — idéas. Pois quando todos se deviam recolher
— 0 ’ Maria , dizia uma vizinha batendo Este grito soou a meus ouvidos como o som em suas consciencias, investigar sua pureza,
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riar a manobra , c ajudal-a, e ajudal-a cons· mudança do ministerio como uma vantagem, des m ales, seus effeitos sào perniciosissimos,
deliciosamente : nâo é isto distrahir n attcn- quando elle é traidor, n ã o , tal não é o que ninguem sabe onde ellas pararáó.
çfto de quctn dirige n náu , c concentraba em se conclue do artigo que se publicou entre E que faz a opposiçào, quando reconhece
um ponto — a salvação gera). nós a 18 do corrente. Obedeça o povo, obe­ a inhabdidade trepada na sumidade do edifi.
O nosso collega do Correio Official zomba deça ainda, e por cuinulo de desgraças ajude cio social ? — Aponta-lhe o caminho que a pru.
comnosco, sua instrucção, seus talentos sào o seu assassino , njude o traidor que o vende , dencia ensina que se deve trilhar, mostra-lhe
d’este século , e a doutrina que prega é filha ajude a quem lhe vãe roubando os foros, a seus erros e como os deve emendar, enifim tra.
de séculos cm que obedecer sem examinar quem vae arrancando uma por uma suas ga­ bulha porque a nlbarda que tem de pesar nas
era o principio que se imbuía no povo. rantias , não, nem um suspiro si quer deve costas do povo seja a mais macia possível. E ’
Si o piloto é h áb il, si n’elle devemos con­ soltar a victim a, e quando a crise ch e g a r, isto a que chamamos ajudar ; quem nos emen­
fiar, para que fixarmos.lhe normas por onde quando a liberdade já esteja as portas do esta­ da nossos erros , certo nos ajuda.
se dirija? siga elle sua vontade, confiemos do, fugindo, então sim levante.se o soberano, O Correio quer que a opinião nasça e cresça
em sua habilidade, descancemos , — c nem ao e quebre em seu fu ro r, esmague-os, esses pacata e terrível no fundo das consciências,
menos lhe devemos perguntar si já estamos homens que o opprimem ! Agora perguntare­ até o dia marcado pola Providencia, em que
no porto ! Destruir n opposiçào é destruir o mos ao Correio, o si o governo tiver durante o tornando-se g eral, e desde então irresistível,
principal elemento das monarchias represen, somno de obediencia do povo soberano armado se revele repentinamente por um d’esses golpes
tativas ; a doutrina que hoje propala o Cor­ todas as fortalezas, disciplinado as tropas , si de raio a que piada se oppõe. Mas o Correio
reio tem por immediata consequência a mu­ lhes tiver dado officines de seu pensar, o que bem sabe que a opinião não é cousa que nasça,
dança da fórma do governo adoptada ; o Cor­ acontecerá ? O pobre soberano querer-se-há cresça e se revele em todos ao mesmo tempo ;
reio nos quer faser regressar até as monar­ levantar, e a tropa caliirá em cima com os uma cidade, uma villa, uma aldêa póde str
chias absolutas. Tirado ao povo o direito de gritos de rebeldes, sediciosos, anarchistes, &c. precoce ri’essa opinião, e ahi a veremos dando
examinar domina o arbitrario : — si o povo órc., c os juizes que também já estão pre­ o golpe a que nada se oppóo ; ahi veremos a
não póde examinar o procedimento de seus parados vão juridicamente sentenciando o so­ guerra civil, as discordias interiores talando
procuradores é claro que não 6 d’elle que berano, que só tem culpa por dormir muito. os cam pos, fasendo secar as fontes da publica
vem a estes seus direitos, e ahi temos o di­ prosperidade.
A mudança de chefe n'um estado é uma
reito divino de novo estabelecido. A opposiçào procura ¿vitar esses golpes de
das mais formidáveis crises porque passa o
Os governos estão sempre mais atrazados raio, a opposiçào não quer revoluções, quer
estado : logo que se grita : abaixo o Impera­
em idéas do que o povo, este é quem mar­ dor, o R ei, ou o Regente: echóa no cora. que o governo seja bom, melhor e optimo, e
cha primeiro pela estrada da civilisação ; e como a perfeição não é colisa que sc encontre ,
ção de muitos: Eu posso ser imperador, r e i,
não será dado ao mandante marcar a seu pro- apesar de todos tenderem a ella, a opposiçào
ou regente, e ahi estão muitos illudindo as
curador a linha de conducta que deve seguir ? procura com essas picadas de alfinetes esper.
classes menos abastadas da sociedade, arran-
mareada uma vez essa linha, não a póde mar- cando-as a seus officios para fazel-as entrar tar o governo na estrada da perfeição, e fasel-o
car de novo ? A doutrina de Luciano Bona­ cada vez melhor. Em quanto os desvarios dos
enr commoções políticas, a guerra civil, as
parte destroe inteiramente as idéas que temos governos não íaz chegar esses momentos de
mortes e os horrores de todo o genero soltam-
sobre governos. se contra uma desgraçada nação e a deixam crise , deve haver alguém que o arrede da cri.
S i porém o piloto é inhábil e conduz a nau­ por longos annos desgraçadissima. Não jul. se , que obste a seus desvarios. Os governos
fragio ? — N esse cazo é prudencia ajudal-o nunca querem se collocar a par das idéas do
gue o Correio pelo que viu no Brazil : os
até o precizo momento cm que a salvação de século cm que governam, tendem sempre ao
pretendentes á regencia eram mais patriotas
todos exija novo piloto. Então não sào p re d ­ arbitrario, — que ns regras são ' difficeis da
que ambiciosos, e si por ventura algum hou.
ios ataques pueris : não se trata de gymnas­ guardar, — e a opposiçào com seus pequenos
vesse quo intentasse com as armas em punho
tica e de amor proprio, e sim de vida e de e continuados attaques visa unicamente a con­
obrigar o voto dos eleitores, as predisposições
morte. E ’ esta a doutrina mais perigosa quo servar o governo em sen devido posto, e evita
do povo brazileiro o arredariam desse designio.
se tem publicado depois de 1831, é a idea que exorbite do circulo que lhe está traçado.
do excitamento a guerra civil, foi o genio das Somos mais medrosos que o nosso collega : Permitta-nos o nosso collega esta compara,
revoluções quem a dictou. Luciano Bonaparte, elle é nmigo das revoluções, nós gostamos mais ção. Quando o homem vae au theatro e vê um
e com elle o Correio Official, nâo julgam a da paz, — que as revoluções são sempre gran. actor que á bella declamarão ajouta fácil gesti-

o rogar a Deus por um mizeravel, que por petrado na minha rua , o exemplo devia pas- vestí o colete ás avessas, e quando estava
ser criminoso não deixa de ser homem, é que sar pela porta : — tudo estava decifrado , e na rua é que reparei que tinha calcado o
vejo tanta e tão extranha confusão ! E ’s in. nada me podia mais escapar da idéa. batim du pé esquerdo no direito e vice versa.
comprehensivel natureza humana ! jogo de E ’s incomprehensivcl naturesa humana! por Eis-rne vestido , abri as janellas, e impaciente
paixões contraditórias, obedeces a todas, e que força essas donzellas tão fracas, tão acha- ora chegava a urna, ora a outra. Que de.
assim vives ! cadas de desmaios se preparam para vêr passar mora ! que crueldade ! O povo principiava
O chronista ! gritaram na escada. — O um padecente ! que mysterio ó este ! d’onde ajuntar-se no cauto das ruas, o que indicava
d-bo leve o chronista e seus redactores! que tiram ellas essa força? Da educação, sim, a proximidade do padecente.
me importo agora com o que faz o ministe. — que a natureza nâo dá forças contra si , Dous soldados de cavalaria apparecem no
rio? Atirei o jornal para cima da meza, mas que o ente por compleição fraco não póde se canto, npós d’elles vinha o pendào da Mise­
não me tendo sido possível descobrir o enigma tornar forte sem uma preparação anterior. ricordia : todos se alegraram , e si não re.
em acção que se representava em minha pre­ Vede ! é um hom em , e a esse homem vão petiram o verse de Filinto.
sença , e porque sou curioso como uma mu- matar . . . matar , sim ; — e vós faseis mais
lh e r, lancei os olhos para as doze columnas brilhante com vossa presença o cortejo que o L á'rebenta o pendió junto ao rocío,
do chronista , e li a seguinte noticia : — Ho­ acompanha ; o riso está em vossos labios
je é o dia destinado para a execução do escra. quando a humanidade solta pungentes gemi­ é porque o não sabiam.
vo que assassinou o caixeiro do senhor, na rua dos ; vós acompanhaes o enterro do homem E ra a bandeira da Misericordia ; e que re.
do Rosario. que ainda vive, não choraes sobre as miserias cordações gratissimas e dolorosas não excitou
Bem haja o chronista e seus redactores ! da humanidade, vossos vestidos são de galla , em minha alma esta vista ! Oh ! bellos tempos
foram elles quem me tiraram do estado cruel assistis a uma execução como assistirieis a em que me contavam as virtudes d’essa ban-
de incertesa e duvida em que me . achava, uma festa. deira ! o padecente olhava para ella como
e eu vi tudo, — bem como aquelle que Eu tambsm quero fazer um exforço, quero unico refugio, como a taboa que niuda o
nunca mais perde de, vista a fórma huma- vêr para contar ; verei como se exerce a alia podía salvar no naufragio da vida ! Felises
n a , que offerecem algumas paisagens na dis­ justiça da sociedade ; verei dar morte natural tempos esses em que a Religião tinha forças
tribuição e disposição de certos objectos ina­ para s^npre a um pobre homem. Mas autes para arrancar um homem das mãos de seus al­
nimados, depois que pôde reunir os traços verei passar o cortejo, a minha casa é opti­ gozes ! Essa bandeira está hoje despida de seus
que formam essa imagem d’homcm , — eu ma para isso. Venha a roupa ! e a confusão mais nobres, e mais humanos attributos ; — na­
vi tu d o , todos os traços estavam reunidos, que havia em casa de meus visinhos passou, da mais valo ; — é um ornamento quo acoin-
meus visinbos e visinhas preparavam-se para se para a minha, há pouco tempo tão eo. pariha , a procissão — antes enterro. —
vêr passar o cortejo fúnebre : o crime foi per. cegada e taciturna. Tudo era desordem , Sobre a bandeira vi sentada a morte, recia.

gOl- tas conie/.aiui» ; va»


e t c sa u d o ! C o m o alegres te cs-
(IIP
-U » -.,

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eulaçio, reproseiita os papéis para qua !em ca- o imperio se processe por uma só fôrma. Si entre nós houvessem d ’essas punições, si
pucidaJn iiplaudc.o , mas si o actor 6 mau e re. Será... será... para que serão essas reuniões? tivéssemos um castello de H a m , onde jazes,
presenta papéis pura quo não servo da-lho pa. ninguem o sabe, e todos conjecturam por sem ulgune ministros, a sorte do povo seria
toada ; o entretanto não é isto uma injustiça, differente maneira. melhor e até rne mio os prezos gozariam do
animar o born o censurar o lima é lirzer que o mais algum alivio em suas prizõos.
bom seja melhor c que o mau sejá menos ruini. — Si a lei de responsabilidade dos ministros
Assim no governo , si os que administram estão fosso executada, si a impunidade não prin.
em seus devidos logares o desempenham bem cipiasse por cim a, certarnente nós seriamos — No Liverpool Mail se encontra o se­
suas obrigações, são aplaudidos ; si porem pelo mais bem governados. O individuo quando guinte juizo sobre α constituição portugueza
contrario devem ser censurados. Em todo o toma posse d’unia pasta, julga-se logo com do 182Ò. — Na constituição do Portugal o ar-
caso porém é mister que haja sempre quem direito de injuriar e calumniar todo o mundo , tigo 12 lira ao rei o direito de prorogar e de
vigie que o bom seja sempre bom, e que o mau persuado.se que elle póde a seu bel prazer dissolver as cortes. Assim n’essa constituiçio
não enjôe por muito tempo o publico. fazer leis, modificabas, ampliabas e inter­ a realeza póde vir a ser escrava da maioria
A opposiçào distrahe com seus attaques a pretabas authenticamenta, e que os miseros d’uina assemblée sem 1er meio de sacudir o
administração quando ella não tem docilidade governados nem ao monos tem direito de se jugo. Demais parece que á feitura d’esta cons­
• presume saber tudo , então nao sò so distru- queixar. Na Norwega as cousas se fazem por tituição presidiu o odio e a desconfiança da
h e , irrita-se toma o freio entre dentes e não co- outra forma, os ministros não zombam das realeza ; é portanto incxcquivel, porque o
nheco mais limites em seos disparates, mas si leis , que a punição é certa, si pur acaso o equilibrio necessario entro o poder executivo
α administração c dócil, si ella não presume ministro se desvia da lei para obrar segundo e o poder legislativo não existe. Há uzurpa.
muito de si , si cila attende mais ao bem estar sen capricho, ou para agradar o soberano. çâo, confusão e impossibilidade. „
social do que ao seu amor proprio , e julga que Damos aquí noticia da punição d’um minis­ No inesmo caso estamos nós, o poder le­
cada dia pode augmentar a massa de seus co- tro de Norwega : gislativo pela lei da regencia é tudo, mas en­
.nhecimentos com uma idea nova, então não se “ O grande tribunal de justiça (Reichsge. tretanto , justiça lhe devemos fazer, nâo tem
distrahe , ouve a opposiçào , argumenta e de- richt) se reuniu hoje (9 de setembro) ás nove usurpado atribuições, antes ao contrario tem
clara-so vencida ou vencedôra com geral aplau­ horas da manhãa para pronunciar sua sen­ consentido que os mais poderes uzurpem as
so da nação. tença relativa á accusação dirigida contra o d’elle.
Discutamos nossos interesses, examinemos ministro d’estado Loweuskiold. A noite, ás
como nos governam, — é brado muito forte 9 horas c um quarto, o presidente n leu
que cobre o grito de Luciano Bonaparte — n’estes termos : — Não tendo protestado o snr. — Por decreto de 18 do corrente foi man-
Obedeçamos sem exame. ministro d’estado Lowenskiold, cavaleiro e dado reorganisar em uma companhia a guarda
commendador de muitas ordens, contra a re- nacional da freguozia da Lngóa, mandando.se
solução real de 2 de julho ultimo, em conse. igualmente que ficasse addida ao 2.° batalhio
— Estamos embaraçados para responder a quencia da qual foi dissolvido a Θ do mesmo da corte.
uma pergunta que nos fizeram últimamente. mez o oitavo Storting ordinario da N orw ega,
Quer.se suber para que se reunem os juizes é o mesmo ministro condemnado cm favor
JORNALISMO.
de paz em caza do sur. ministro da justiça do thesoiro do estado α uma multa de 1000
em certos dias da semana. Nao podernos ati­ species.thalers da Norwega na conformidade Nada há que notar nos jornaes que se tem
bar com ella e ficamos sem saber responder. do § 2 etc. da lei de 7 de julho de 1828, de- publicado n’estes trez dias. O Cincinato nos
Tractar-sn-hi n’essas reuniões de reformar o vendo pagar alem d’isso o honorário de 300 tem privado de seus artigos no Diario do R io,
eodigo do processo? Mas si assim é , porque spec.-thalers ao defensor, ao advogado do nós lhe pedimos que não desampare o cam po,
se não publicam as actas para que todos grande tribunal e ao cavaleiro Petersen, de e que cumpra as suas promessas.
possam offerecer suas emendas? mas nós esta­ mais 120 spec.-thalers ao escrivão do tribu- —No Sete d ’Abril n.° 423 appareceu estant-
mos informados de que não há acias. Será nal, e 30 spec.-thalers para as despezas de pado um artigo sobre a liberdade da imprensa;
para regular o modo de processar? então ainda publicação du citação e honorarios devidos promettenios combater algumas novidades que
se faz necessária a publicação para evitar tra­ aos snrs. Resholem e Horn officiaes do tri- se nhi liam . e hoje releva que cumpramos
balho todos os annos, e para que cm todo tamal. ., nossa promessa.

mando a preza que lhe davam homens : — mas Justiça, que Manda faser o Regente em se homem o typo do justo, e para bem retratar
a morte não era impassível n’esta festa , não se Nome do Imperador o Senhor D. Pedro Se­ a sociedade o typo do justo arrastava grossas
conservava ociosa ; — alinhava o cortejo, ria- gundo , ao Itéo Domingos Moçambique , es­ eadèas. Quem é elle ? sem duvida o mais vir­
se para o juiz, e com estridor insolito de ossos cravo de Joaquim Francisco de Oliveira por tuoso de nó3 todos, sem duvida é elle o guar­
dançava na frente do miserável, depois voltava 1er morto o administrador da caza de seu se- da mais severo de nossas leis ; seu officio lhe
e de novo, como principal personagem da nhor, conformo a sentença, que lha foi im­ quadra por sua austeridade, por seu amor á so-
festa serrtava-se na bandeira, e dirigia tudo. posta pelo tribunal do jury desta córte , que ciedade... Não , aquelle homem é tanto ou mais
Seguiam-se irmãos da Misericordia, frades, é do theor seguinte : — A’ vista da decisão criminoso do que o padecente, e porque ja não
c upoz elles vinha d’um lado o juiz pálido e do jury julgo Domingos iMoçainbique, escravo tem si quer um attributo de homem é carrasco!
macilento , trasendo impresso no rosto o des­ de Joaquim Francisco de Oliveira incurso no Olhei de novo para elle ; não era Astrea quem
gosto de ter de presidir á execução ; — seu ca- art. l.° da Lni de 10 de junho de 1835 , e n se sentava sobre sua cabeça;—era Satanaz que
vallo parecia horrorisar-se, recuava, e apenas condemno a sofrer a pena de morte, e cus­ o incitava a derramar mais sangue sobre sua
obrigado dirigia os passos para o logar do sup­ tas. — cabeça.
plicio. Do outro lado iam dons padres, e no E ra uma figura insignificante que ia adiante Passou o cortejo ; eu tinha visto tudo mas
rneio d’elles o padecente... Carregado de ca- do cortejo, e que me havia escapado por pen- me faltava o resto. Cheguei ao logar do sup.
dêas, com passo vacilante, tinha nas mãos uma sar que não era d’elle. plicio e a morte galgou d’um pulo a sumidade
imagem do Redemptor. Que horror! o pade­ Quem é esse homem que acompanha tão de do patibulo, Satanaz não deixou sua victim a,
cente é cego, o padecente não vê as chagas de perto o padecente ? negro como a noite elle cada vez o attentava mais, cada vez mais lhe
C hristo,. . . mas com os olhos d’alma vê o veste roupas pretas, tem ao pescoço grosso «ntoraava no peito o veneno da ferocidade. Tu.
abysmo que está a -seus pés, em que força é collar de ierro, e é vigiado pelos officiaes que do estava prompto : o padre o padecente e o
que cáia. Que haverá no fundo d’esse abys­ o acompanham. Quem é? são dous os pade. carrasco subiram, ainarraram-se umas cordas
mo ? . . . breve o saberá. centes ? . . . não, este 6 o carrasco. . . O car­ não sei aonde, o padre desceu depois de diser
Estava ja defronte de minha p o rta, os pa­ rasco ! . . . nao sei o que ao padecente, e depois. . . depois
dres resavam não sei que orações , — que meus Oh ! meu Deus ! que hade o homem poluir — Ai Jesus ! — foi só Ό que ouvi, e o que ain.
ouvidos só sentiam descompassados sons, tris- a mais bella feitura de vossas mãos !-,vós não da oiço. O hmnem já nâo existia, eu vivia, mas
tes como o tumulo. — Tudo parou, meus creastes carrascos , e o homem fez carrascos ! o que sentiu dentro em mim ? Ninguem o dirá.
olhos empanados nada mais viram, eu só ou­ O que é um carrasco? Não sei. Será um ho.
via. Silencio d’um momento reinou, e uma voz mem ? não , por certo. Era o executor da alta N . S.
semelhante ao aspero som de embotada lima justiça da sociedade, sobre sua cabeça estava
em enferrugado ferro disse : sentada Astrea de rutilante espada, eu rt nVs.

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