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Organizador
Irati – Paraná
2019
Prefeitura Municipal de Irati-PR
Secretaria de Assistência Social de Irati-PR
JORGE DAVID DERBLI PINTO
Prefeito Municipal de Irati
AMILTON KOMINSKI
Vice-prefeito de Irati
SYBIL DIETRICH
Secretária Municipal de Assistência Social
DOCUMENTO
Cadernos da Assistência Social e Direitos Humanos- Volume I
2019 Uniedusul Editora
Copyright da Uniedusul Editora
Editor Chefe: Prof. Me. Welington Junior Jorge
Diagramação e Edição de Arte: André Oliveira Vaz
Revisão: Os autores
Conselho Editorial
Alexandra Fante Nishiyama – Faculdade Maringá
Aline Rodrigues Alves Rocha – Pesquisadora
Ana Lúcia da Silva – UEM
André Dias Martins – Faculdade Cidade Verde
Brenda Zarelli Gatti – Pesquisadora
Carlos Antonio dos Santos – Pesquisador
Cleverson Gonçalves dos Santos – UTFPR
Constanza Pujals – Uningá
Delton Aparecido Felipe – UEM
Fabio Branches Xavier – Uningá
Fábio Oliveira Vaz – Unifatecie
Gilmara Belmiro da Silva – UNESPAR
João Paulo Baliscei – UEM
Kelly Jackelini Jorge – UNIOESTE
Larissa Ciupa – Uningá
Lourival Domingos Zamuner – UNINGÁ
Marcio Antonio Jorge da Silva – UEL
Márcio de Oliveira – UFAM
Pâmela Vicentini Faeti – UNIR/RM
Ricardo Bortolo Vieira – UFPR
Rodrigo Gaspar de Almeida – Pesquisador
Sâmilo Takara – UNIR/RM
O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correção e confiabilidade são de responsabi-
lidade exclusiva dos autores. 2019
Permitido fazer download da obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos
autores, mas sem de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais.
www.uniedusul.com.br
Secretaria Municipal de Assistência Social
Departamento de Gestão do Trabalho no SUAS
Rua: Coronel Pires, nº 826 - Centro
CEP: 84.500-000 - Irati - PR
Fone/Fax: (42) 3907-3104
e-mail: gestaoirati@gmail.com
CAPÍTULO 2.......................................................................................................................17
DANDO VOZ E AUTONOMIA: RELATOS DE EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS DO SERVIÇO DE
CONVIVÊNCIA E FORTALECIMENTO DE VÍNCULOS COM ADOLESCENTES NO CRAS VILA SÃO
JOÃO.
Dener Cristi dos Santos
Vanderléia Kozar
Felipe Rosa
Valdirene Aparecida de Lima
Juliane Charnei
CAPÍTULO 3.......................................................................................................................22
HISTÓRIAS DE SUPERAÇÃO NO CRAS: PRODUZINDO RESILIÊNCIA ATRAVÉS DA INTERVENÇÃO
ARTICULADA NAS AÇÕES DO PAIF E DO SCFV
Rafaela Maria Ferencz
Amanda Bastos Maciel
Alcione Marafon
Joel Gonçalves Batista
Márcia Izabela Proceke
Karina Prosseke
Murilo Pepe
Raíssa Negroni
CAPÍTULO 4.......................................................................................................................33
SABEDORIA POPULAR: O BEM VIVER ENTRE AS MULHERES FAXINALENSES ATRAVÉS DO USO
DAS PLANTAS MEDICINAIS
Alessandra Colesel
Fernanda Rocha Reda
CAPÍTULO 5.......................................................................................................................41
O PAPEL DA ESCOLA NA SOCIALIZAÇÃO E RESSOCIALIZAÇÃO DE ADOLESCENTES EM
CONFLITO COM A LEI
Eliane Bach Ferreira Hejel
Paulo Roberto Hejel
Regiana Bobato
Saionara Israelita Franco
CAPÍTULO 6.......................................................................................................................49
RESIDÊNCIAS INCLUSIVAS: UM NOVO OLHAR SOBRE A PESSOA COM DEFICIÊNCIA
Isabela Vinharski Scheidt
Kelly Marques da Silva Wasilewski
Luiz Henrique Palavicini Selivan
Renata de Andrade
CAPÍTULO 7.......................................................................................................................55
PROGRAMA DE EXECUÇÃO DE ALTERNATIVA PENAIS - PATRONATO DE IRATI (PR)
Caroline Aparecida Santiago Alibosek
Isys Cristiny Barbosa Pereira
Aline Bianco
Mayara Nedopetalski Brandalise
Miriam Chicalski
Cesar Renato Ferreira Da Costa
Victa Ogg Jonson Gonçalves
Jair Kulitch
Michelle Fernandes Lima
Ana Carolina Menon
Denis Cezar Musial
Francieli Maria Martins Princival
Abraão Mayer Gerchevski Fernandes Souza
Bruna Maria Stoski
Gustavo Zambenedetti
CAPÍTULO 8.......................................................................................................................66
CONSELHO MUNICIPAL DOS DIREITOS DA PESSOA IDOSA DE IRATI: REFLEXÕES INICIAIS
Denis Cezar MUSIAL
Fernanda Rocha REDA
PREFÁCIO
Sybil Dietrich
ARTIGOS DO SERVIÇOS
DE PROTEÇÃO SOCIAL BÁSICA
CAPÍTULO 1
REDES DE APOIO SOCIAL EM UMA COMUNIDADE
DO TERRITÓRIO DO CENTRO DE REFERÊNCIA DE
ASSISTÊNCIA SOCIAL – CRAS LAGOA/IRATI-PR
METODOLOGIA
O presente estudo se caracteriza como pesquisa bibliográfica, possui caráter teórico,
visando contribuição para compreensão do modo como comunidades em situação de vul-
nerabilidade se organizam diante de dificuldades para proporcionar o reconhecimento das
potencialidades que podem ser incentivadas e trabalhadas pelas Políticas Públicas a partir
da atuação do CRAS.
De acordo com Gil (2002) página 61, o levantamento bibliográfico pode ser en-
tendido como um estudo exploratório. Marconi e Lakatos (2006) consideram a pesquisa
bibliográfica como uma reflexão cientifica, onde o levantamento bibliográfico proporciona o
entendimento do problema e possíveis contribuições, pois segundo Garcia (2016) o modo
como as pesquisas bibliográficas são feitas precisam servir para acrescentar alternativas
as demandas que foram problematizadas e não somente produzir artigos.
A base de dados foram os artigos dos periódicos da Scielo, das áreas do Serviço
Social, da Psicologia Social, Psicologia Comunitária, além da prática profissional realizada
dentro do Centro de Referência de Assistência Social.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
De acordo com Juliano e Yunes (2014) vulnerabilidades são sensibilidades pessoais
que potencializam os fatores de risco, a pessoa vulnerável sente-se incapaz de procurar
alternativas diante das crises, que podem ser de ordem emocional/psicológica ou material/
econômica, e quando reagem diante dessas situações não o fazem de forma eficiente.
As vulnerabilidades devem ser compreendidas de modo multidimensional de um
conjunto de fatores envolvendo a oferta e acesso a políticas públicas, características de
territórios, particularidades das famílias (BRASIL, Orientação Paif, 2012). Vulnerabilidades
indicam a ausência seja ela afetiva, material, de conhecimento e de direitos que implicam
os riscos e a desproteção, demonstrando a ausência do poder público.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O escrever com base no cotidiano de um trabalho desenvolvido dentro de um serviço
da Proteção Básica, especificamente dentro de um Centro de Referência de Assistência
Social, nos traz a oportunidade de refletir teoricamente sobre questões que a partir de
um olhar imediato (visão do senso comum) nos traz indagações: como uma comunidade
vulnerável socioeconomicamente falando pode apresentar significante potencial que talvez
outras comunidades que não apresentam situações de violência ou vulnerabilidade so-
cioeconômica. Diante disso no decorrer deste estudo buscou-se apresentar a realidade de
uma comunidade que apesar de todas as situações de vulnerabilidade, nos desperta um
olhar para que possamos enquanto equipe técnica do Serviço de Proteção Social Básica
contribuir e fortalecer os mecanismos (redes de apoio social), no enfrentamento das mais
diversas questões sociais. No entanto, estes modos de organização não exime o Estado
em seu papel de implementar e executar Políticas Públicas para a garantia de direitos.
REFERÊNCIAS
GIL, A. C. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002.
Para uma prática pedagógica sócio educativa mais eficiente, cremos que devemos
atrelar questões objetivas com subjetivas, como diz nosso principal influenciador em nossa
prática, Paulo Freire, “objetividade e subjetividade são dois lados de uma mesma moeda,
que se integram, num movimento dialético onde educadores e educandos estão em co-
munhão na busca de suas integridades humanas. Uma educação autêntica não se faz de
um para outro, mas sim entre o educador e o educando juntos mediatizados pelo mundo”
(FREIRE, 1959).
Em nossa metodologia, usamos o vínculo como ferramenta principal, assim como táticas
expositivas e interativas com atividades lúdicas, como por exemplo rodas de conversa e
debates a partir das temáticas trabalhadas. É nesse contexto que entra as Artes, como
a música e a poesia, que são as ferramentas mais usadas pelos educadores no grupo.
Buscamos sempre trazer algo que aproxime o educando das temáticas em que buscamos
trabalhar. Como o grupo é desenvolvido em um bairro com certa vulnerabilidade, em que o
acesso à informação muitas vezes é negado, ou que é de difícil acesso, buscamos trazer
aquilo que eles já conhecem, ou coisas que eles sejam passiveis de compreensão. O Rap,
o reggae e o Rock são gêneros musicais que trazem essa proposta crítica do mundo,
onde muitas vezes está muito próxima da vivencia dos participantes. Temos a vantagem de
que um dos educadores responsáveis pelo grupo é músico, assim sendo muito mais fácil
trabalhar uma questão lúdica voltada à música. É nesse contexto que muitos podem achar
que o grupo seja parecido com uma aula de violão, sendo que, a proposta dos educadores
é oposta a isso, pois apenas usamos a tática musical como ferramenta metodológica que
aproxima os participantes de uma realidade que eles já estão.
O grupo conta com cerca de 10 (dez) à 15 (quinze) adolescentes. A faixa etária que
permeia os participantes varia de 12 a 18 anos, tento uma pluralidade de condições eco-
nômicas, culturais e religiosas entre os participantes. Sendo assim, os educadores veem a
necessidade de adotar uma abordagem que considere as diferenças entre os participantes.
Devemos destacar assim, a importância de termos educadores capacitados para que o
grupo cumpra seu papel e objetivo sem desrespeitar as diferenças que existem entre os
adolescentes participantes.
RESULTADOS ALCANÇADOS
Partindo do pressuposto dos objetivos do grupo, que de forma resumida são a ga-
rantia de direitos, a prevenção à violência e o despertar da autonomia dos integrantes,
podemos destacar alguns dos muitos resultados que já forma alcançados.
A autonomia dos usuários é questão principal nesse contexto, pois, durante a exe-
cução podemos notar a grande diferença do papel dos integrantes desenvolvido na socie-
dade. Vemos que os participantes, em sua maioria, desenvolveram ao decorrer do grupo
o sentimento de pertencimento ao mundo e a sociedade. Os adolescentes participantes,
no início do grupo, apresentavam certa descrença em seus papeis como agentes sociais
ativos, sendo que em suas mentalidades, não detinham o valor real que apresentam. Ao
decorrer das atividades do grupo, tendo muitas atividades voltadas à essa questão, os
participantes desenvolveram o sentimento de pertença ao mundo, descobriram que podem
ter voz perante às injustiças existentes. Agora possuem a consciência que são sujeitos da
sua própria história, e que possuem direitos e deveres na sociedade.
Outra questão que merece ser descrevida é a prevenção à violência que o grupo
desempenha. Podemos usar de exemplo uma situação onde tínhamos um adolescente par-
ticipante que era apenado, e estava a usar uma tornozeleira eletrônica em regime aberto. A
partir de atividade e conversas pessoais entre os educadores e o adolescente, vemos que
sua mentalidade teve grande mudança. No princípio sua visão de mundo como individuo era
sem perspectivas, passando depois nas palavras do mesmo: “posso me redimir e caminhar
pelo certo daqui pra frente”.
A partir dessas considerações sobre a atual conjuntura política, vemos que o grupo
tem grande importância, pois pode ser analisado como uma forma de resistência ao retro-
cesso que está por vir. Como educadores nos orgulhamos de contribuir de alguma forma
às injustiças em que estamos vivenciando com nossas crianças e adolescentes. Nunca foi
de maior precisão que o trabalho realizado por nós se efetue de forma prática e objetiva.
REFERÊNCIAS:
FREIRE, Paulo. Educação e atualidade brasileira. Obra de Paulo Freire; Série Teses,
1959.
O PAIF, portanto, deve se valer de ações culturais, tais como: apresentações mu-
sicais, teatrais, dança, exposições de artes plásticas, fotografia, artesanato e salas de
memória comunitária a fim de estabelecer uma forma diferenciada e criativa de desenvolver
o trabalho social com famílias, pois a cultura é capaz de propiciar impressões e sentimentos
que favorecem a reflexão e a assimilação de mensagens necessárias para o resgate de
tradições, da história do território, das trajetórias familiares e da identidade da população,
constituindo-se como uma poderosa ferramenta apta a estreitar e empoderar as relações
familiares e comunitárias (BRASIL, 2012).
Nessa direção, os encontros do grupo devem criar espaços com o intuito de promover
entre outras coisas processos de valorização e reconhecimento; escuta; produção coletiva;
exercício de escolhas; tomada de decisão sobre a própria vida e de seu grupo; diálogo
para a resolução de conflitos e divergências; reconhecimento de limites e possibilidades
das situações vividas; experiências de escolha e decisão coletivas; aprendizado e ensino
de forma igualitária; reconhecimento e nomeação das emoções nas situações vividas;
reconhecimento e admiração da diferença (BRASIL, 2016).
Dessa forma o SCFV deve criar oportunidades para que os usuários vivenciem as
experiências supracitadas. Esse trabalho pode ser efetivado de várias formas, entre elas,
as oficinas, que consistem na realização de atividades de esporte, lazer, arte e cultura no
âmbito do grupo do SCFV, sendo uma importante estratégia para tornar os encontros atra-
tivos, entretanto as mesmas devem dialogar com o planejamento da equipe técnica, com
os temas transversais e com os objetivos a serem alcançados nos grupos (BRASIL, 2016).
O SCFV acontece nos CRAS de Irati desde suas inaugurações, sendo os dois pri-
meiros em 2008, ao longo desses 10 anos muitas trajetórias foram construídas. Nos últimos
2 anos, entretanto, estamos percorrendo novos caminhos e construindo novas práticas com
a chegada dos facilitadores de oficinas, que vieram com amplo conhecimento técnico em
suas áreas, mas um tanto crus em relação ao trabalho social com famílias.
Assim, precisamos superar a ideia de que o trabalho social se caracteriza pela de-
finição de tema comum a todos os usuários, com abordagem e estilo pessoal orientado
por processos de formação, focado no desempenho individual (BRASIL, 2013). E começar
a entender que é necessário que o tema seja identificado no contexto com o usuário, a
abordagem desse tema terá uma referência teórico-metodológica e o estilo será orientado
por uma ética definida no campo de responsabilidade da produção coletiva de uma equi-
pe. A finalidade é o engajamento do usuário na gestão dos serviços como experiência de
construção conjunta. Práticas democráticas, participativas e inclusivas potencializam esta
premissa, além de induzir práticas interdisciplinares na execução dos serviços (BRASIL,
2013).
A pesquisadora Stela Ferreira (FERREIRA, 2012 apud BRASIL, 2013) explicita este
impacto no trabalho social, considerando que a cultura da dádiva e da atenção como um
favor produz o imobilismo do outro, visto que ao que é dado não cabe reclamação. No en-
tanto, quando publicamente se reconhece um direito, há um reposicionamento nas relações
e na atenção àquela dada questão, que agora adquire outra visibilidade. Ressalta que o
direito se expressa por meio da prática cotidiana dos profissionais, pois o discurso do direito
ganha concretude nessa atenção. Logo, é a alteração das práticas que consolida os direitos
em sua garantia e exigibilidade.
A equipe técnica do CRAS deve observar os gritos que surgem dos indivíduos, das
famílias e dos territórios, bem como elaborar estratégias para intervir mais especificamente
em algumas situações, levando os sujeitos participantes para a atuação ativa diante dessas
realidades.
No ano de 2017 a equipe do CRAS Lagoa contava com duas estagiárias de psicologia
fazendo seu estágio obrigatório na área social. Ao longo do ano as intervenções começa-
ram a tomar forma, e de acordo com a disponibilidade de horário delas e as demandas que
vinham se apresentando no território encaminhamos o trabalho delas para uma atividade
focada na Escola Estadual que fica a duas quadras do CRAS, a qual vinha solicitando
ajuda para trabalhar alguns temas recorrentes na instituição como violência, sexualidade,
desinteresse e evasão escolar, automutilação, suicídio, baleia azul, entre outros.
Em conversa com a escola verificamos que tinha 8 turmas e pelo tempo disponível
decidimos fazer dois encontros com cada turma, começando pelo 6º ano e finalizando com
o 9º ano. No primeiro encontro seria um momento para conhecer a turma, estabelecer
vínculo e levantar demandas. No segundo seria a proposta interventiva. A partir dos en-
contros e das conversas com equipe técnica e oficineiros fomos delineando o trabalho até
que chegamos no tema resiliência, por abarcar todos os temas que surgiram, dando uma
resolutividade para tantas complexidades que precisavam ser trabalhadas.
Entendemos ainda, que trabalhar resiliência vai muito além de falar sobre tal con-
ceito. Tornar os sujeitos resilientes está impresso no Serviço de Convivência por meio das
relações que são estabelecidas, encontros que expandem e fortalecem as pessoas, que
ampliam a potência de agir, fortalecendo a vontade de estar com os outros, de compartilhar
e se afirmar como pessoa. Os modos de convivência afetam as pessoas e fazem um efeito
na razão e no entendimento que elas têm de si e do mundo em que vivem (BRASIL, 2013).
Possibilitar aos jovens usarem suas vozes, posturas e as próprias vivências, foi o
objetivo do trabalho realizado com adolescentes e crianças no CRAS Lagoa. O projeto em
conjunto com a psicóloga Rafaela Maria Ferencz e o psicólogo Felipe Rosa, resultou em
dois materiais audiovisuais, onde os participantes da Oficina de Cinema foram protagonistas
do documentário Resiliência, o material planejado e desenvolvidos pelos próprios alunos
teve como tema principal captar diferentes momentos em que a resiliência foi usada para o
enfrentamento de dificuldades como bullying, abandono familiar e perda de familiares.
Mesmo com a dúvida sobre a participação dos alunos, o dia da gravação foi marcado
e ao chegarem até o CRAS a câmera esperava-os ligada diante do cenário luminoso. Tudo
preparado para que as crianças e adolescentes ficassem à vontade e confortáveis para
narrarem seus momentos angustiantes, mas em sua maioria, superados.
Ainda no âmbito pessoal, o relato que mais chamara a atenção, foi de uma aluna
“Maria – 12 anos” (nome fictício para preservação da identidade), a qual comentou que:
“(...) meus pais são usuários de bebida alcoólica, brigam muito, dentro
de casa existe muita violência e que eu só presto para fazer todos os
serviços de casa juntamente com meu irmão e que não somos valo-
rizados. Os meus pais não acreditam no nosso futuro, nos sonhos e
nos nossos objetivos e a casa e a conivência com a família de sangue,
se tornou o pior lugar para mim. Aí soube que teria aula de dança no
CRAS, vim ver e acabei por me encontrar nela. É aqui que me sinto
valorizada, útil. O CRAS é a minha casa, o melhor lugar, onde eu tenho
felicidade e me faz acreditar que vou ter um futuro melhor e vou ser
alguém na vida. É a força que me faz lutar todos os dias e passar pelas
dificuldades, pensar que nos momentos de briga e de violência, eu
tenho um refúgio que me faz acreditar que tudo pode mudar.” (Maria,
CRAS LAGOA 2017).
Diante do que fora exposto por todos e principalmente por essa aluna, o tema foi
introduzido na prática através da dança. Os participantes iniciaram simulando movimentos
restritos, representados por problemas e dificuldades de locomoção, movimentos sem for-
ças para lutar ou reagir, utilizava-se também do método da imitação de pessoas com defi-
ciências e/ou doenças graves. Logo após essa encenação, fora demonstrado no desenrolar
da dança o quanto a empatia e a união são importantes para se atingir objetivos. A empatia,
a solidariedade, a preocupação com o próximo faz com que a força seja reestabelecida.
Diante disto, percebeu-se que sozinhos e sem motivação não somos nada e que com a
prática da arte todos conseguem visualizar o quanto são importantes.
Revela-se, portanto que a dança, a arte dentro do espaço do CRAS, pode vir a
contribuir para um despertar das expectativas de uma vida melhor. Com sonhos, com von-
tades, com união e força, tudo pode ser transformado.
A inclusão por meio da oficina de artes visuais, tem como objetivo priorizar um am-
biente acolhedor, onde não existe seleção ou discriminação para o acesso e participação
das pessoas. Inclusão é compreender que o conhecimento é um processo individual e
coletivo, que envolve a especificidade de cada um. Cada ser humano tem seu próprio ritmo
e tempo de aprendizagem.
Em relato os pais do aluno Bruno (nome fictício), no início das oficinas nos apre-
sentaram ele como alguém com dificuldade de se expressar, concluir tarefas e problemas
em socializar-se. Sabendo disso, o professor responsável Maikol Brandalize, buscou de-
senvolver trabalhos que usam de dinâmicas de criação e expressão por meio do desenho,
desenvolvimento de personagens junto de seus colegas e histórias de superação dos mes-
mos, a exemplo as histórias de superação dos super-heróis. Seus pais compareceram na
oficina em menos de dois meses, trazendo relatos positivos do avanço do aluno em várias
questões: familiares, escolar, novos amigos, expressando desejo na profissão de ilustrador,
comprometimento com as tarefas diárias.
Buscando respostas, o trabalho que vem sendo desenvolvido nas Oficinas de Teatro
nos CRAS, busca ir de encontro com as propostas da política de Assistência Social na
medida em que se entende que o método é a Convivência e finalidade são os vínculos
criados. Nesse sentido o Teatro de Grupo apresenta em suas estruturas elementos que
dialogam com as propostas socioassistenciais.
Teatro de grupo implica em uma ideia de um grupo sustentado mais pelo eixo do tra-
balho artístico e ideológico do que pelas circunstâncias da sobrevivência ou pela realização
de um espetáculo específico. Isto é, os elementos de identificação passam pelas vias afe-
tivas e técnicas, funcionam com auto-gestão e tem leituras semelhantes frente aos códigos
de criação e produção teatral. Buscam, em geral, uma estabilidade de elenco, através de
projetos de longo prazo e de uma organização de práticas pedagógicas, não esquecendo
de mencionar a importância de uma ordem ética para o trabalho coletivo (JANIARSKI,
2008, p. 68).
A capoeira é uma arte afro-brasileira, que mescla luta, dança, musicalidade e cultura
dos negros africanos que foram trazidos ao Brasil por conta da escravidão. A capoeira faz
clara distinção entre defesa e ataque e quem pratica essa atividade não é estimulado a “sair
atacando”, mas, sim, a olhar, refletir e, se for necessário, saber agir de modo a cuidar da
A capoeira hoje tem um prestigio que antes seria inimaginável, mérito dos capoeiras
que enfrentaram discriminações ao longo da história e não deixaram de empunhar seu
berimbau, atabaques, pandeiros e agogôs, e ainda entoar as cantigas que denotam o seu
amor pelo jogo. Após quinhentos anos de resistência da comunidade negra, as lutas pelo
fim da escravização, por melhores condições de vida, pela liberdade religiosa, pelo fim do
racismo, pelo fim do genocídio da juventude negra estampado nos índices da violência ur-
bana, e por poderem expressar suas características e manifestações culturais abertamente
segue em andamento, e a capoeira segue como um expoente desta trajetória (CORDEIRO
& CARVALHO, 2013).
Essas Histórias foram base durante os encontros onde o tema resiliência teve des-
taque, assim como as músicas de capoeira que nos contam essas histórias de como os
negros, apesar de todo sofrimento, não desistiram, lutaram e nos deixaram esse legado
histórico e cultural tão valorizado nos dias atuais.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Percebe-se nas oficinas que estreitar os vínculos entre colegas e com os facilitadores
fez com crianças e adolescentes se sentissem à vontade para falar sobre diversos assuntos
e sobre suas histórias de vida, foi possível identificar situações de risco, gerando medidas
de proteção e produzindo muitas histórias de superação.
Ter os facilitadores de oficinas trabalhando junto com as equipes técnicas tem ótimos
resultados, que não conseguiremos esgotar nesse artigo e poderá ser objeto estudo de
trabalhos posteriores.
BRASIL. Lei Orgânica de Assistência Social: Lei 8.742, de 7 de dezembro de 1993. Brasília:
Senado Federal, 1993.
Dentro desse contexto, cabe ressaltar o trabalho valioso que o povo faxinalense,
principalmente as mulheres, vêm desempenhando na proteção do nosso patrimônio gené-
tico e cultural no uso e replicação das espécies de interesse medicinal.
Sendo assim, o objetivo principal desse relato foi trazer à luz de um maior entendi-
mento as questões e entraves que interferem no uso e manejo das plantas medicinais pelas
mulheres moradoras do faxinal do Rio do Couro, bem como ressaltar a importância dessa
prática na manutenção do modo de vida das mulheres faxinalenses.
2. METODOLOGIA
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Trata-se de uma estrutura pequena com apenas uma sala com fogão à lenha, gela-
deira, pia e com alguns materiais para armazenamento dos extratos e pomadas produzidos
no passado pelo grupo de mulheres.
A autora Almeida (2011) pontua essa herança cultural das plantas medicinais como
um conhecimento a ser discutido por todas as áreas, pois é merecida dimensão interdisci-
plinar da temática. De maneira acertada a mesma autora destaca a partir da história das
plantas na humanidade a forma como esse conhecimento vem se perdendo no nosso país.
Dessa forma, o destaque da autora para esta memória cultural proporcionada pelas
plantas medicinais, nos permite refletir a importância do papel da mulher na preservação
histórica das ervas medicinais e da diversidade de sementes crioulas que ainda temos
guardadas como patrimônio histórico e cultural da humanidade.
Acreditamos que com a participação nos espaços de encontro das rodas de chimar-
rão conseguimos discutir com elas alguns desses assuntos e dar visibilidade para temáticas
ainda observadas como tabus no território camponês. Porém, ainda com vários avanços a
serem conquistados neste espaço enquanto processo de emancipação feminina.
Mouro (2017, p.36) cita Habtezion (2013, p. 03), que faz uma importante considera-
ção sobre esse assunto:
Precisamos registrar aqui neste relato que nem todo caminho são flores de camomi-
la, ou seja, calmaria, apesar de conhecermos um pouco do processo teórico e possuirmos
algumas experiências com o trabalho em grupo, sempre nos deparamos com algo novo e
diferenciado na prática. Ao mesmo tempo que nos desafia, essas mudanças nos nossos
pressupostos, nos estimulam a seguirmos nossos caminhos crentes que o fazer cotidiano
é o melhor do processo.
Outra limitação que podemos destacar trata-se da falta de interesse pelas gerações
mais novas para a preservação dessa cultura. Acreditamos que o desenvolvimento da
indústria farmacêutica é responsável em grande parte pela marginalização das práticas
populares acabando por interferir negativamente na replicação do conhecimento.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O caminho até aqui trilhado nos permite visualizar um projeto com muito potencial
para o desenvolvimento comunitário desta comunidade faxinalense, com base no resgate
e manutenção do saber tradicional. Tendo em vista as orientações do Serviço de Convi-
vência e Fortalecimento de Vínculos, pensamos que o empoderamento feminino significa
pensar instrumentos que possam dar autonomia financeira para essas mulheres, além de
desencadear processos de empatia entre elas, no auxílio ao enfrentamento às diversas
dificuldades.
Por fim, através das rodas de conversa e chimarrão, foi possível perceber a riqueza
de valores, vivências, fazeres e saberes adquiridos pela comunidade e comuns à toda
humanidade. Nossos antepassados nos deixaram um legado que pode ser facilmente per-
cebido quando em contato com a simplicidade que veste a importância de uma comunidade
faxinalense.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, MZ. Plantas Medicinais [online]. 3rd ed. Salvador: EDUFBA, 2011.
ARTIGOS DO SERVIÇOS DE
PROTEÇÃO SOCIAL ESPECIAL
CAPÍTULO 5
O PAPEL DA ESCOLA NA SOCIALIZAÇÃO E
RESSOCIALIZAÇÃO DE ADOLESCENTES EM
CONFLITO COM A LEI
Eliane Bach Ferreira Hejel que transcorre toda a sua existência. Esse
processo de socialização é responsável
Paulo Roberto Hejel
por criar padrões, valores e formas de ação
Regiana Bobato do sujeito. O homem não é um ser isolado.
Somos seres individualizados e, ao mesmo
Saionara Israelita Franco tempo, coletivos, somos influenciados pela
sociedade a partir das relações culturais.
RESUMO
Por isso, estudar o processo de socializa-
O ser humano é um ser de socialização. ção, os agentes socializadores, a cultura e
Ele não é ou está, ele se faz nas suas re- o conceito de identidade social é de funda-
lações e nos seus espaços. Nesse sentido mental importância para compreender os
o PEMMSE de Irati, após levantamento de problemas sociais que ocorrem em cada
pesquisa, identificou uma grande defasa- tempo histórico em que o ser humano está
gem na relação idade/série dos seus ado- inserido.
lescentes acompanhados em cumprimento Quando se pretende pensar adoles-
de medida socioeducativa. A partir dessa centes que cometem ato infracional, esses
constatação deu-se início a um projeto de processos de socialização se fazem ainda
recebimento, acolhimento e manutenção mais presentes. Afinal, estamos falando de
do adolescentes nos meios educacionais. A um sujeito em amplo desenvolvimento dos
linha adotada pelo referido projeto tem por seus processos socializantes. Ao se propor
objetivo desenvolver uma educação afetiva, algumas formas de proteção e cuidado à
capaz de criar um ambiente acolhedor e criança e aos adolescentes, principalmente
transformador nas escolas onde os ado- a partir da criação do ECA, o Estado está
lescentes em cumprimento de medida so- apontando para a necessidade de se ga-
cioeducativa em meio aberto são inseridos. rantir sistema seguros de construção desse
futuro adulto, cidadão e agente construtor
INTRODUÇÃO e transformador da sociedade em que está
inserido.
Sociologicamente compreende-se
que o ser humano não nasce pronto, mas Cada indivíduo, ao nascer, segundo
passa por um processo de socialização Strey (2002, p. 59), “encontra-se num siste-
O homem é um animal que depende de interação para receber afeto, cuidados e até
mesmo para se manter vivo. Somos animais sociais, pois o fato de ouvir, tocar, sentir, ver
o outro fazem parte da nossa natureza social. O ser humano precisa se relacionar com os
outros por diversos motivos: por necessidade de se comunicar, de aprender, de ensinar, de
dizer que ama o seu próximo, de exigir melhores condições de vida, bem como de melhorar
o seu ambiente externo, de expressar seus desejos e vontades. Essas relações que vão
se efetivando entre indivíduos e indivíduos, indivíduos e grupos, grupos e grupos, indivíduo
e organização, organização-organização, surgem por meio de necessidades específicas,
identificadas por cada um, de acordo com seu interesse.
O indivíduo tem, para si, claras as características que o diferencia dos demais, como
seus fatores biológicos, seu corpo físico, seus traços, sua psique que envolve emoções, sen-
timentos, volições, temperamento. Todavia, o indivíduo, como objeto de estudo da psicologia
social e da sociologia, é considerado, segundo Ramos (2003, p. 238), da seguinte maneira:
Fazemos parte de diversos grupos sociais e é por meio desses grupos que o nosso
processo de socialização ocorre. Temos, então, como agentes socializadores, de acordo
com Savoia (1989), três grupos: a família, a escola (agentes básicos) e os meios de comu-
nicação em massa.
Ao nascer, já temos alguns papéis prescritos como idade, sexo ou posição familiar. À
medida que adquirimos novas experiências, ampliando nossas relações, vamos nos trans-
formando, adquirindo outros papéis que são definidos pela sociedade e cultura (SAVOIA,
1989). Em cada grupo no qual relacionamos, deparamo-nos com normas que conduzem as
relações entre as pessoas, algumas são mais sutis, outras mais rígidas. São essas normas
que caracterizam essencialmente os papéis sociais e que produzem as relações sociais
(LANE, 2006).
Entende-se que os papéis que adquirimos nas nossas experiências e relações vão
designar o modelo de comportamento que caracteriza nosso lugar na sociedade. Esses
papéis podem ser objetivos ou subjetivos. Em relação a isso, Savoia (1989, p. 57) as-
severa que Outro aspecto do papel social é que ele pode ser objetivo – aquilo que os
outros esperam de nós, ou subjetivo -, como cada indivíduo assume os papéis de modo
mais ou menos fiel aos modelos vigentes na sociedade. Quando esses dois aspectos não
coincidem, podem transformar-se em obstáculo na interação social. Isso significa que a ob-
jetividade e a subjetividade configuram-se como um processo dialético de desenvolvimento
da configuração social, dinâmico, e está em constante interação na vida do indivíduo, como
ser histórico, capaz de promover transformações sociais, visto que o desempenho do papel
nunca é solitário.
Entende-se então, que o adolescente em conflito com a lei existe enquanto sujeito
que age de acordo com o seu papel social subjetivo. Subjetivo, enquanto resposta dada a
um modelo social no qual está inserido, modelo este que perpassa suas relações familiares
e de amizade.
Dependendo do papel que o indivíduo exerce, ele adquire um lugar na sociedade que
é denominado de status, que, juntamente com os papéis sociais, determinam sua posição
social (PISANI, 1996). Então, papel é o comportamento, a ação, enquanto que o status é o
prestígio que se adquire. Savoia (1989, p. 60) afirma que “o papel é o comportamento que
os outros esperam de nós e o status é o que acreditamos ser”. Nesse sentido, os papéis
que desempenhamos e os status que acreditamos ter, diante da sociedade, explicam nossa
individualidade, nossa identidade social e consciência de-si-mesmo que adquirimos, a partir
das nossas relações sociais.
E Myers (2000) reafirma isso, quando diz que o autoconceito que o indivíduo adquire
de si mesmo decorre das experiências sociais vivenciadas, que influem no papel que ele
desempenha nos julgamentos sobre si e sobre outras pessoas e as diversidades culturais.
Nesse sentido, percebemos que a construção da nossa identidade se da por meio das
relações sociais, dos papéis que desenvolvemos.
Nesse sentido, o PEMMSE compreende seu papel social irrevogável no que diz
respeito a garantia de espaços de convivência que permitam ao adolescente infrator identi-
ficar-se com novos padrões, para além daqueles nos quais se vê socialmente inserido, bem
como promover discussões que garantam a tomada de consciência de si. Esse processo se
desenvolve a partir dos grupos de Juventude e Cidadania. Nesses grupos os adolescentes
tem a oportunidade de repensar o seu papel social e objetivar a construção de um papel
social transformador, capaz de corrigir na sociedade as maracas deixadas pelo seu ato
infracional.
Nesse espaço de discussão elementos como a educação básica (escola) são plena-
mente difundidos, resultando, na grande maioria das vezes, no retorno voluntário desses
adolescentes ao sistema formal de ensino.
Para exemplificar esse processo, vale ressaltar uma experiência feita dentro do pro-
grama. O PEMMSE, havia recebido um adolescente de 17 anos, João1, para cumprimento
de PSC (Prestação de Serviço à Comunidade), este adolescente, diferente da maioria dos
adolescentes atendidos, encontrava-se em perfeito acordo da sua idade/série (17 anos na
segunda série do Ensino Médio). Em contraposição o programa havia recebido um adoles-
cente de 16 anos, Eduardo2, cursando o 6º ano do Ensino Fundamental, este adolescentes
possuía grandes aptidões ao desenho e deu início a um curso on-line de Desenhista da
Construção Civil, oferecido pelo PRONATEC. No desenvolvimento do curso percebeu-se
que Eduardo possuía uma enorme dificuldade em acompanhar o curso. Assim, a PSC de
João foi reorientada com vistas a auxiliar Eduardo em seus estudos. Quando Eduardo per-
Percebe-se então, que garantir espaços de convivência que forneçam novas visões
de mundo, é fundamental para um sistema de ressocialização e reformulação da identidade
e do papel social dos indivíduos.
Esse abandono escolar, marca dos adolescentes em conflito com a lei, denota que
o sistema de ensino não tem dado conta de cumprir plenamente seu papel social. Contri-
buindo assim com a manutenção dos sistemas de exclusão, que ferem a dignidade dos
adolescentes e a segurança do seu pleno desenvolvimento enquanto cidadãos de direito.
Para que essa retorno seja garantido e se faça eficiente a parceria estabelecida
se deu na relação de contato direto entre os dois órgãos (PEMMSE e Núcleo Regional
de Educação) e partir dessa parceria se deu início a um projeto de desenvolvimento da
Educação Afetiva e Atenção Plena com os professores da rede Estadual de Ensino.
Tratar o aluno com afetividade não tem a ver apenas com dar carinho ou ser afetuo-
so. “Trata-se muito mais de dar atenção ao que afeta este ser, seja de maneira negativa
ou positiva. Quanto mais o educador tiver consciência do que está presente nas dinâmicas
estabelecidas na relação direta com os alunos, maior será a chance de utilizar os recursos
corretos para auxiliar o aprendizado”, enfatiza Anita Abed, psicóloga e pesquisadora da
Unesco.
É necessário lembrar, ainda, que não é apenas o aluno quem tende a ser beneficiado
com uma abordagem mais afetiva. A humanização da relação também pode levar o professor
a ampliar o seu desenvolvimento. “Há situações em que o educador se sente profundamente
frustrado por não conseguir atingir um aluno da forma como havia planejado. Se tiver a
possibilidade de conhecer esse aluno mais profundamente, certamente o profissional
perceberá a natureza das limitações presentes na realidade daquela criança ou jovem.
Com esta sensibilidade, o professor passa a compreender melhor o seu próprio trabalho e
as direções para as quais o aluno pode avançar”, explica Nina Porto, supervisora de ensino
do município de Guarulhos (SP).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
LANE, Silvia T. Maurer. O que é psicologia social. 22. ed. São Paulo: Brasiliense: 2006.
PISANI, Elaine Maria. Temas de psicologia social. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 1996.
RAMOS, Arthur. Introdução à psicologia social. 4. ed. Santa Catarina: UFSC, 2003.
STREY, Marlene Neves (Org.). Psicologia Social Contemporânea. 7. ed. Rio de Janeiro:
Vozes, 2002.
O município de Irati hoje conta com duas RIs, sendo um serviço coordenado pela
Secretaria Municipal de Assistência Social, através do setor de Proteção Especial de Alta
Complexidade. Foi implantado em 2016, resultante da pactuação entre o Governo Fede-
ral, Estado do Paraná e Município de Irati. Atualmente, a equipe técnica é composta por:
1 Coordenador, 1 Assistente Social, 1 Psicóloga, 1 Terapeuta Ocupacional, 1 Assistente
Administrativo, 1 Motorista e 16 Cuidadoras.
Tendo como base as histórias de vida das acolhidas nas Ris de Irati, percebe-se
que estão diretamente atreladas ao processo de institucionalização supracitado pelo autor,
e que em sua maioria, passaram por acolhimentos que não condiziam com as suas reais
necessidades. Segundo relatos das acolhidas, suas vivências foram permeadas pelas mais
diversas formas de violências, reclusão, exclusão e abandono.
Trata-se de um trabalho qualitativo, pois, os relatos trazidos por esta equipe tem por
base valores, crenças, representações, hábitos, atitudes e opiniões, (MINAYO & SANCHES,
1993). Também utiliza a pesquisa bibliográfica e documental.
Gil (2002) define a pesquisa bibliográfica como sendo aquela realizada com base em
materiais já existentes, constituída preferencialmente por livros e artigos científicos, muito
embora, a maioria dos estudos exija isso, existem pesquisas desenvolvidas exclusivamente
a partir de fontes bibliográficas
Considerando que grande parte da história de vida das acolhidas não foram registra-
das em documentos ao longo do processo de institucionalização, observou-se a necessi-
dade da criação de um instrumento que possibilitasse o registro de aspectos relacionados
a diferentes dimensões. Nesse sentido, criou-se o Prontuário, documento preenchido pelas
cuidadoras no que tange a aspectos cotidianos das acolhidas, como consultas e trata-
mentos de saúde, participação em programações comunitárias e em educação, bem como
observações de alteração de padrão de comportamento. Tem-se por objetivo, a partir desse
instrumental, tomar nota de informações relevantes do dia a dia que compõe, acima de
tudo, histórias de vida.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Outro trabalho que vem sendo realizado diz respeito a busca e a tentativa de rees-
tabelecimento de vínculos familiares e reconstituição de história de vida, tendo em vista a
importância do aspecto afetivo para o desenvolvimento psicossocial. Nessa perspectiva,
ressalta-se a reintegração familiar de uma acolhida, sendo que este processo foi gradual e
assistido pela equipe técnica.
Vale ressaltar que, apesar dos resultados positivos mencionados nesse relato, o
caminho foi tangido por adversidades que, apesar de se consolidarem como barreiras,
foram essenciais para a construção e reconstrução, em termos de implantação e efetivação
do serviço.
O trabalho que vem sendo realizado por essa equipe tem como princípio atuar numa
perspectiva humanizada e acolhedora, entendendo que a deficiência não deve ser um
empecilho para que de fato ocorra a inclusão de nossas usuárias como cidadãs de direitos
e deveres, participando de forma ativa na sociedade iratiense. Considerando que o serviço
ainda é uma proposta recente para as políticas socioassistenciais e trabalho em Rede,
sabe-se que, apesar dos avanços, ainda há um longo caminho a ser trilhado.
REFERÊNCIAS
Brasil, Senado Federal. Lei no. 13.146/2015 - Estatuto da Pessoa com Deficiência. Brasília:
2015. 65p.
Gil, A. C. (2002). Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo. Editora Atlas.
ARTIGOS DA POLÍTICA
DE DIREITOS HUMANOS
CAPÍTULO 7
Em 2014, a câmara Municipal de Irati aprova a Lei nº 3922, que estabelece institui o
Patronato no âmbito municipal e estabelece parceria com a Secretaria de Assistência Social
do município de Irati. Desse modo, a SESP e a SETI são responsáveis pela definição de
diretrizes para o funcionamento do Patronato e financiamento do mesmo (recursos huma-
nos, despesas de custeio e material); a UNICENTRO é responsável pela sua execução, na
modalidade de um Projeto de Extensão; e a Secretaria de Assistência Social é responsável
pela cedência de espaço físico e de condições que auxiliem no funcionamento do projeto e
propiciem sua articulação com os demais equipamentos da rede sócio-assistencial.
Com vistas a apresentação das atividades desenvolvidas pelo Patronato, foi construí-
do um fluxograma. A construção de um fluxograma auxilia na visualização e compreensão
das possibilidades de atendimento ao assistido. Também possibilita que a equipe discuta
e compartilhe acerca de um referencial de atendimento. Esse método permite verificar a
conexão entre as áreas, além de ser eficaz na visualização dos passos a serem seguidos
e das possíveis falhas existentes no processo (MELLO, 2008). Desse modo, o fluxo de
atendimento realizado no Patronato é sintetizado, abaixo, na figura 1:
A PSC pode ser vista como benefício para que o assistido não seja privado da sua
liberdade e não deixe de realizar suas atividades habituais. Desse modo:
1 O Termo de Cooperação é um documento firmado entre o Patronato e as instituições recebedoras, que estabe-
lece os direitos e deveres do prestador, bem como os da instituição.
Até o ano de 2015 a gestão da PSC era realizada pelo Conselho da Comunidade,
sendo o Patronato responsável pelo acompanhamento multidisciplinar. A partir de 2016, o
Patronato passou a fazer a gestão de todo o processo da PSC. A equipe tem trabalho no
sentido da diversificação dos estabelecimentos recebedores de PSC. Atualmente, cerca de
70 instituições recebem prestadores de serviço no município de Irati e 8 no município de
Inácio Martins. O trabalho com esses estabelecimentos converge com a desconstrução de
estigmas e com a função de ressocialização.
O projeto Blitz, é um grupo de reflexão sobre conduta no trânsito. Este tem por
objetivo refletir acerca da conduta no trânsito, para se promover conduta responsável e
conscientização. O público-alvo são assistidos encaminhados judicialmente, por delitos de
trânsito, principalmente infratores do Art. 306 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), que
A maioria dos grupos ocorre a noite ou aos sábados, visando facilitar o acesso dos
assistidos e não causar prejuízo as suas atividades laborais. O projeto Multiplicar ocorre no
período vespertino, visando possibilitar o deslocamento dos assistidos entre Inácio Martins
e Irati.
Tendo em vista que o público alvo do Patronato são pessoas condenadas em processo
criminal e egressos os quais já obtiveram progressão de regime, bem como os beneficiários
da transação penal e da suspensão condicional do processo (benefício ofertado durante
o trâmite do processo, evitando-se a privação de liberdade), outra atribuição cabível ao
Patronato de Irati é acompanhar as assinaturas dos assistidos.
O artigo 782, parágrafo 2º, “c” do CP3 bem como o artigo 89, parágrafo 1º, inciso
IV4 da Lei nº 9.099/95 estabelecem, como uma das condições da suspensão do processo,
o comparecimento pessoal e obrigatório a fim de “informar e justificar suas atividades”.
Essa condição também é cabível na substituição da pena privativa de liberdade pela pena
restritiva de direitos.
O período entre uma assinatura e outra bem como por quanto tempo que perdurará
esta condição, é estabelecido pelo próprio magistrado, em audiência. No caso dos assisti-
dos do Patronato, a presente condição perdurará até o término da pena ou pelo prazo de
02 anos.
Isto significa que o indivíduo deve comparecer ao Patronato para informar se está
desenvolvendo algum tipo de atividade (como por exemplo, trabalho, participação em cur-
sos, estudos), sendo esta uma das formas de demonstrar ao poder judiciário que o sujeito
está desenvolvendo atividades lícitas.
A assinatura tem como sua função ainda, fiscalizar onde o sujeito está, pois normal-
mente se pede comprovante do seu trabalho lícito e de endereço. Caso a pessoa venha a
descumprir qualquer das condições impostas seja elas de assinatura, PSC e grupos pode
acarretar revogação do benefício, em caso de Transação Penal ou Suspensão Condicional
do Processo a pessoa pode perder o benefício, como por exemplo um assistido esteja
cumprindo uma pena ela pode regredir de regime. Outro ponto importante no fato de o
sujeito ter que justificar suas atividades é que ele demonstra que sua vida está muito mais
produtiva em liberdade do que preso.
2 Art. 78 - Durante o prazo da suspensão, o condenado ficará sujeito à observação e ao cumprimento das condições
estabelecidas pelo juiz.
§ 1º - No primeiro ano do prazo, deverá o condenado prestar serviços à comunidade (art. 46) ou submeter-se à limitação
de fim de semana (art. 48).
§ 2° Se o condenado houver reparado o dano, salvo impossibilidade de fazê-lo, e se as circunstâncias do art. 59 deste
Código lhe forem inteiramente favoráveis, o juiz poderá substituir a exigência do parágrafo anterior pelas seguintes
condições, aplicadas cumulativamente:
a) proibição de frequentar determinados lugares;
b) proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do juiz;
c) comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar suas atividades.
3 Código Penal (Lei nº 2.848/40).
4 Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano, abrangidas ou não por esta
Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos, desde
que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos
que autorizam a suspensão condicional da pena:
IV - comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar suas atividades.
CONTRIBUIÇÕES ACADÊMICAS
A partir do espaço oportunizado pelo projeto de extensão, é possível avaliar que este
traz diversos benefícios para desenvolver o conhecimento acadêmico na prática. Um dos
pontos positivos é o trabalho em equipe multidisciplinar desenvolvendo atividades sobre
vários olhares e perspectivas, agregando diferentes formas de conhecimento, de modo que
é possível relacionar as ações além da área de formação, resultando em uma visão ampla
e enriquecedora.
5 É definido pelo Fórum de Pró-Reitores de Extensão das Universidades Públicas Brasileiras de 2001
que: [...] a extensão universitária é o processo educativo que articula o ensino e a pesquisa de forma indissociável e via-
biliza a relação transformadora entre universidade e a sociedade. [...] (FORUM, 2001)
O Patronato em sua atuação busca a (re)inserção social dos sujeitos para a consoli-
dação dos direitos humanos e a garantia da plena cidadania destes. Entretanto, se faz uma
crítica se em algum momento esses sujeitos já estiveram inseridos a essa sociedade ou
sempre estiveram à margem dela, pois o que se mostra na realidade é que essas pessoas
não tem acesso a trabalho, renda, educação, saúde, etc.
Observa-se que as ações estabelecidas pelo Patronato são complexas, visto que
busca-se oferecer um atendimento diversificado aos assistidos, que vai além da simples
execução da determinação judicial, pois as ações são pensadas dentro do âmbito jurídico,
pedagógico, psicológico e social. O trabalho interdisciplinar e em rede contribuem para que
a garantia de direitos destes sujeitos se dê de forma efetiva e ampliada.
Desta forma, entende-se que o Programa Patronato atua por meio de uma perspec-
tiva de responsabilização dos sujeitos que cometeram atos infracionais, a partir de uma
perspectiva reflexiva e não meramente punitiva; sua atuação complexa e diversificada visa
a garantia de direitos.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Código Penal. Lei nº 2.848 de 07 de dezembro de 1940. Disponível em: <http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848compilado.htm>. Acesso em 23 Out.
2018.
da Pessoa Idosa. Dentre os desafios, perce- Brasil passa por um momento de ebulição
be-se que esse campo é captado pelo Esta- e efervescência dos movimentos sociais,
do não proporcionando condições para que lutando pelo retorno dos espaços democrá-
as pessoas idosas possam se apropriar do ticos num contexto da ditadura e de crise
espaço para reinvindicações e construção econômica e social qual derivou de uma
de políticas sociais. O saber transmitido nos reestruturação do sistema do capital em
conselhos apresenta-se burocrático e de escala mundial.
Isso significa que, os espaços de controle social podem ser compreendidos como
espaços de resistências e enfrentamento de forma coletiva perante ao não atendimento
por parte do Estado de algo conquistado no ordenamento jurídico. Esse termo transita em
diversos espaços sócio-ocupacionais, podendo ter diversas concepções e olhares pelos
atores sociais para a sua operacionalidade.
O Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa de Irati-PR foi instituído através
de Lei (Lei Municipal nº3085/2010 de 14/07/2010), no mesmo momento também foi instituí-
do o Fundo Municipal, sendo vinculado à Secretaria de Assistência Social do Município que
é a responsável por efetivar essa Política no Município.
Anterior a isso, no mesmo ano foi realizado o I Encontro Temático dos Direitos da
Pessoa Idosa de Irati, o qual serviu de cenário para a discussão de pautas inerentes ao
tema e onde também surgiu a necessidade de criação desse conselho. Nasceu, portanto,
de demanda social tendo por finalidade o de propor políticas públicas, mas também, o de
fiscalizar, proteger e ser agente de informação e educação sobre todos os direitos elabora-
dos para essa parcela da população.
Cabe salientar que, como todo processo democrático, carece de uma construção
que perpassa o quesito legal somente. Isso pode ser observado no cotidiano desses idosos,
que mesmo contando com diversas leis e dispositivos que deveriam lhes garantir uma vida
plena, ainda é facilmente observável a violação de direitos básicos, demonstrando que a lei
precisa mais que existir para ser efetivada.
Assim sendo, o Conselho do Idoso teve uma pausa de cinco anos em seu funcio-
namento. Esse hiato pode ser observado de duas maneiras: como o tempo necessário
ao amadurecimento do processo de empoderamento desse espaço de controle social no
tocante ao entendimento da importância da efetivação desse órgão, mas também de um
tempo longo onde não se construiu uma discussão substancial sobre os temas fundamen-
tais da sua base. Dois olhares válidos quando se entende a diversidade de motivações e
interesses que permeiam esses espaços.
O que pode ser entendido, é que não existe um caminho pronto ou um método de
criação de um órgão de tamanha importância, que seja construído de forma simplista, ele
se dá no caminhar e conta além do aparato legal, da bagagem social e cultural de dos
envolvidos onde está inserido.
Nesse contexto, o Conselho do Idoso retoma suas atividades no ano de 2015, ama-
durecido em suas intenções para realizar a I Conferência Municipal dos Direitos da Pessoa
Idosa. Esse espaço contou com a presença de diversas lideranças, entre sociedade civil e
governantes porém, mais importante, trouxe a população idosa ao cento do debate.
Como produto intelectual desse encontro, foi elaborado o Plano Municipal consti-
tuído de metas necessárias a efetivação da Política Municipal da Pessoa Idosa e serviu a
impulsionar os trabalhos do Conselho.
Desde então o Conselho se mantém ativo e mais que isso, cumprindo sua função
social através de discussões e ações que visam impactar positivamente a vida dos idosos
do município.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com esse trabalho buscou-se ampliar a visão sobre a importância do Conselho Mu-
nicipal como meio e lugar de discussão, efetivação e controle das políticas sociais voltadas
ao público idoso.
Cabe ressaltar que, mesmo se tratando de uma política consolidada, ainda se faz
necessária uma maior mobilização da população idosa no que compete a participação
nesse espaço e que só virá através de um processo de sensibilização para a importância
do ativismo político na construção de uma sociedade que represente a pluralidade de seu
povo. Em conseguinte, há também a necessidade de tornar igualitária a voz dos diversos
atores que participam desse processo, seja sociedade civil ou governamental, afim de
construir uma rede efetiva na elaboração, manutenção e aperfeiçoamento das políticas
públicas tornando esse espaço verdadeiramente democrático.
_______, Secretaria Especial dos Direitos Humanos. In: Revista dos Direitos da Pessoa
Idosa. Edição especial novembro Brasília: 2011.
________. Lei no 10.741, 01 de outubro de 2003. Estatuto do Idoso. In: Vade Mecum. 4.
Ed. São Paulo: Saraiva 2008.
MÉSZAROS István, Para além do Capital: rumo a uma teoria da transição. São Paulo
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Pereira, Potyara A. P., Necessidades Humanas: subsídios a crítica dos mínimos so-
ciais – 5.ed. – São Paulo: Cortez, 2005.