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MEMO Nº 030/2021-ApoioGab/PCAM

ASSUNTO: CONSULTA JURÍDICA


INTERESSADO: APOIO AO GABINETE DA DELEGADA-GERAL
___________________________________________________________________________

PARECER Nº 398/2021 – AJ/PC/AM

Versam os presentes autos sobre a solicitação formulada pela Chefia de Apoio


ao Gabinete, por meio do MEMORANDO Nº 030/2021-ApoioGab/PCAM, para que seja
realizada consulta à Assessoria Jurídica da Polícia Civil, no sentido de dirimir os
questionamentos abaixo, acerca da obrigatoriedade ou não do pagamento dos adicionais que
compõe a remuneração do servidor:

Deve ser pago o adicional de ajuda de custo quando o servidor, lotado no


Interior, afastar-se das atividades laborais por ocasião da Aposentadoria?

Na elaboração da Portaria de Afastamento das Atividades Laborais, deverá ser


retirado o auxílio moradia e quaisquer outros adicionais eventualmente
concedidos?

É a síntese da consulta. Manifestação a seguir.

Tanto a Ajuda de Custo quanto o Auxílio Moradia constituem indenizações


que são espécies de vantagens concedidas ao servidor policial civil e possuem previsão na
legislação estadual específica, qual seja a Lei nº 2271/1994. Senão vejamos:

AS VANTAGENS
Art. 181 - Além do vencimento, poderão ser pagas ao funcionário
policial, em decorrência da natureza e das condições com que se
desobriga das suas atividades profissionais, bem como do tempo
de efetivo serviço por ele prestado, as seguintes vantagens:

I. Indenizações;
II. Gratificações; e
III. Adicionais.
§ 1º - As indenizações não se incorporam ao vencimento ou
provento para qualquer efeito.
§ 2º - As gratificações e os adicionais incorporam-se ao
vencimento ou provento, nos casos e condições indicados nesta
Lei.
§ 3º - Além das vantagens previstas neste Artigo, outras poderão
ser auferidas pelo funcionário policial civil, de acordo com as
normas pertinentes, inclusive as aplicáveis ao funcionário em
geral.

(...)
SEÇÃO I

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DAS INDENIZAÇÕES
Art. 183 - Indenização é o quantitativo, isento de qualquer
tributação concedido ao funcionário policial para ressarcimento
de despesas decorrentes de obrigações impostas pelo exercício
pleno de suas atribuições.

Parágrafo Único - As indenizações a que o policial tem direito


são as seguintes:

I. Ajuda de custo;
II. Transporte;
III. Diárias e/ou bolsas de estudo;
IV. Alimentação;
V - Auxilio-Moradia. (grifo nosso).

(...)
DA AJUDA DE CUSTO
Art.185 - O policial civil terá direito à percepção de ajuda de
custo, no valor correspondente a 01 (um) mês de remuneração,
quando:
I - entrar em exercício no Município do Interior para o qual
tenha sido designado por tempo superior a noventa dias;
II - for promovido ou removido para a Capital ou removido por
necessidade do serviço para Município distinto do qual tenha
atuação por período superior ao previsto no item anterior;
III - matriculado em escola, Academia ou outros centros de
aperfeiçoamento fora do Estado, após autorização
governamental, por período superior a noventa dias.
(...)
Art. 189 - Não receberá ajuda de custo o funcionário policial
cuja movimentação ocorrer a pedido, ou que for desligado de
curso ou escola por falta de aproveitamento, ou por trancamento
voluntário da matrícula.

DO AUXÍLIO-MORADIA
Art. 197 - O policial civil com exercício no Interior do Estado
por tempo superior a 30 (trinta) dias, em Município onde não
houver residência oficial ou outro imóvel cedido pelo poder
público para fins residenciais, fará jus a Auxílio-Moradia,
correspondente aos seguintes percentuais da respectiva
remuneração vigente:
I - Delegado e Comissário de Policia 15% (quinze por cento);
II - Perito -20% (vinte por cento);
III - Investigadores e Escrivães - 30% (trinta por cento).

Pela leitura da legislação acima transcrita, verifica-se que a condição para o


pagamento da Ajuda de Custo é “entrar em exercício” em município do interior ou ser
removido do interior para a Capital “por necessidade do serviço”.

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De igual forma, temos que a finalidade do pagamento do Auxílio Moradia ao
policial civil, previsto no art. 197 da Lei nº 2271, é custear suas despesas com sua moradia nos
município do interior do estado, em que não haja residência oficial. Logo, é pre – requisito que
o servidor tenha “exercício no interior do Estado por tempo superior a 30 (trinta) dias”.

A aposentadoria do servidor, de acordo com o Professor Matheus Carvalho


(Manual de Direito Administrativo, 4ª Ed. 2017) é uma das hipóteses de vacância do cargo
público, ou seja, quando o servidor desocupa o cargo que preenchia anteriormente, passando à
inatividade:

Em sentido contrário ao provimento, as situações de vacância são as hipóteses


de desocupação do cargo público. É o termo técnico para descrever cargo
público vago. É um fato administrativo que determina que o cargo público não
está provido e, portanto, poderá ser, a qualquer tempo, preenchido por novo
agente. A lei prevê sete hipóteses, a saber.

l. Aposentadoria- que ocorre quando o servidor público passa para a


inatividade mediante ato praticado pela Administração Pública. A
aposentadoria, no Regime Próprio de Previdência do Servidor Público, pode-se
dar voluntariamente, compulsoriamente ou por invalidez e deverá ser aprovada
pelo Tribunal de Contas para que tenha validade, por tratar-se de ato
administrativo complexo. (grifo nosso).

Percebe-se então que ao passar à inatividade, o servidor deixar de ter “exercício”,


perdendo um dos requisitos para a percepção das indenizações aqui tratadas.

Além disso, por força do § 1º do art. 181 da Lei nº 2271 de 94, as indenizações
não se incorporam ao vencimento (dos servidores ativos) ou provento (dos inativos) para
qualquer efeito, corroborando com o que aqui se afirma.

Em conclusão, sobre os questionamentos apresentados, segue nossa opinião:


a) Deve ser pago o adicional de ajuda de custo quando o servidor, lotado no
Interior, afastar-se das atividades laborais por ocasião da Aposentadoria?

Não. O servidor aposentado, ao deixar de exercer suas atividades laborais, deixa


de atender ao requisito de estar em exercício de seu cargo, conforme exigido no
art. 185 da Lei nº 2271/94, para poder receber a indenização.

b) Na elaboração da Portaria de Afastamento das Atividades Laborais, deverá


ser retirado o auxílio moradia e quaisquer outros adicionais eventualmente
concedidos?

Sim. A portaria que afasta o servidor de suas atividades laborais, para fins de
aposentadoria, deve prever a retirada do pagamento do auxílio moradia, uma vez

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que ao passar para a inatividade, também perde um dos requisitos que autorizam
a referida indenização, qual seja, o exercício no interior do estado, conforme art.
197 da Lei nº 2271/94.

É a manifestação, sujeita à aprovação superior.

ASSESSORIA JURÍDICA DA POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DO


AMAZONAS, em Manaus, 03 de Agosto de 2021.

Richard Luis Luzeiro da Cruz e Silva


Membro da Assessoria Jurídica
Mat. nº 174.759- 2C

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