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INSTITUTO DE TRANSPORTES E COMUNICAÇÕES

MÓDULO: Planificar, Implementar e Manter Sistemas de Ligação à Terra e Protecção


Contra Descargas Atmosféricas
Qualificação: Electricidade Industrial
Código: UC EPI025024192
Turmas: TEI-1,2,3/CV5 2ª Semana:19 a 24/02/2024
Plano de Sessões: 09 a 16
Elemento de Competência 2: Medir e analisar a resistividade dos solos
Critérios de Desempenho:
a) Explicar a importância da resistividade do solo para a resistência da ligação à terra;
b) Identificar os instrumentos de medição de resistividade do solo.
c) Planear e executar testes de medição de resistividade do solo.
Evidências Requeridas:
a) Evidência escrita em que o formando explica a importância da resistividade do solo para as ligações
à terra e os factores que a determinam;
b)Evidência escrita em que o formando demonstra que é capaz de identificar os instrumentos de
medição de resistividade dos solos;
c)Evidência prática em que o candidato demonstra que pode conduzir medições de resistividade de
solos;
d)Evidência escrita em que o candidato apresenta um tratamento e análise dos dados de medição de
resistividade do solo.

2. MEDIR E NALISAR A RESISTIVIDADE DOS SOLOS

2.1. Importância da resistividade do solo para a resistência da ligação à terra


Vários factores influenciam na resistividade do solo. Entre eles, pode-se ressaltar:

▪ Tipo de solo;
▪ Mistura de diversos tipos de solos;
▪ Solos constituídos por camadas estratificadas com profundidades e matérias diferentes;
▪ Teor de humidade;
▪ Temperatura;
▪ Compactação e pressão;
▪ Composição química dos sais dissolvidos na água retida;
▪ Concentração de sais dissolvidos na água retida.

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As diversas combinações acima resultam em solos com características diferentes e,
consequentemente, com valores de resistividade distintos.

Assim, solos aparentemente iguais têm resistividade diferentes.

Para ilustrar, a Tabela 2.1 mostra a variação da resistividade para solos de naturezas distintas.

Tabela 2.1. Tipo de Solo e respectiva Resistividade

TIPO DE SOLO RESISTIVIDADE [𝛀 ∙ 𝒎]


Lama 5 a 100
Terra de jardim com 50% de humidade 140
Terra de jardim com 20% de humidade 480
Argila seca 1 500 a 5 000
Argila com 40% de humidade 80
Areia com 20% de humidade 330
Arreia molhada 1 300
Areia seca 3 000 a 8 000
Calcário compacto 1 000 a 5 000
Granito 1 500 a 10 000

2.1.1. A Influência da Humidade

A resistividade do solo sofre alterações com a humidade. Esta variação ocorre em virtude da
condução de cargas eléctricas no mesmo ser predominantemente iónica.

Uma percentagem de humidade maior faz com que os sais, presentes no solo, se dissolvam,
formando um meio electrolítico favorável à passagem da corrente iónica. Assim, um solo
específico, com concentração diferente de humidade, apresenta uma grande variação da sua
resistividade. A Tabela 2.2 mostra a variação da resistividade com a humidade de um solo arenoso.

Tabela 2.2. Resistividade de Um Solo Arenoso com Concentração de Humidade

Índice de Humidade RESISTIVIDADE (𝛀 ∙ 𝒎)


(% por peso) (solo arenoso)
0,0 10 000 000
2,5 1 500
5,0 430
10,0 185
15,0 105
20,0 63
30,0 42
Em geral, a resistividade (𝜌) varia acentualmente com a humidade no solo. Veja a figura 2.1.

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Figura 2.1. 𝜌 × Humidade Percentual em Solo Arenoso.

Conclui-se , portanto, que o valor da resistividade do solo acompanha os períodos de seca e chuva
de uma região. Os aterramentos melhoram a sua qualidade com solo húmido, e pioram no período
de seca.

2.1.2. A Influência da Temperatura

Para um solo arenoso, mantendo-se todas as demais características e variando-se a temperatura, a


sua resistividade comporta-se de acordo com a Tabela 2.3.

Tabela 2.3. Variação da Resistividade Com a Temperatura Para o Solo Arenoso

Temperatura RESISTIVIDADE (𝛀 ∙ 𝒎)
(º C) (solo arenoso)
20 72
10 99
0(água) 138
0(gelo) 300
-5 790
-15 3 300

De uma maneira genérica, a performance de um determinado solo submetido à variação da


temperatura pode ser expressa pela curva da figura 2.2.

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Figura 2.2. 𝜌 × Temperatura.

A partir do 𝜌𝑚í𝑛𝑖𝑚𝑜 , com o decréscimo da temperatura, e a consequente contração e aglutinação da


água, é produzida uma dispersão nas ligações iónicas entre os grânulos de terra no solo, e que resulta
num maior valor da resistividade.

Observe que no ponto de temperatura 0ºC (água), a curva sofre descontinuidade, aumentando o
valor da resistividade no ponto 0ºC (gelo). Isto é devido ao facto de ocorrer uma mudança brusca
no estado da ligação entre os grânulos que formam a concentração electrolítica.

Com um maior decréscimo na temperatura há uma concentração no estado molecular tornando o


solo mais seco, aumentando assim a sua resistividade.

Já no outro estremo, com temperaturas elevadas, próximas de 100º C, o estado de vaporização deixa
o solo mais seco, com a formação de bolhas internas, dificultando a condução da corrente,
consequentemente, elevando o valor da sua resistividade.

2.1.3. A Influência da Estratificação

Os solos, na sua grande maioria, não são homogêneos, mas formados por diversas camadas de
resistividade e profundidades diferentes. Essas camadas, devido à formação geológica, são em geral
horizontais e paralelas à superfície do solo.

Existem casos em que as camadas se apresentam inclinadas e até verticais, devido a alguma falha
geológica. Entretanto, os estudos apresentados para pesquisa do perfil do solo as consideram

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aproximadamente horizontais, uma vez que outros casos são menos típicos, principalmente no
exacto local da instalação da subestação.

Como resultado da variação da resistividade das camadas do solo, tem-se a variação da dispersão
de corrente. A figura 2.3 apresenta o comportamento dos fluxos de dispersão de corrente em um
solo heterogéneo, em torno do aterramento.

Figura 2.3. Estratificação do Solo em Duas camadas.

As linhas pontilhadas são as superfícies equipotenciais. As linhas cheias são as correntes eléctricas
fluindo no solo.

2.1.4. Localização do Sistema de Aterramento

A localização do sistema de aterramento depende da posição estratégica ocupada pelos


equipamentos eléctricos importantes do sistema eléctrico em questão. Cita-se, por exemplo, a
localização optimizada de uma subestação, que deve ser definida levando em consideração os
seguintes itens:

▪ Centro geométrico de cargas;


▪ Local com terreno disponível;
▪ Terreno acessível economicamente;
▪ Local seguro às inundações;
▪ Não comprometer a segurança da população.

Portanto, definida a localização da subestação, fica definido o local da malha de terra.


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Já na distribuição de energia eléctrica, os aterramentos situam-se nos locais da instalação dos
equipamentos tais como: transformador, religador, seccionalizador, regulador de tensão, chaves,
etc. No sistema de distribuição com neutro multi-aterrado, o aterramento será ao longo da linha a
distâncias relativamente constantes.

O local do aterramento fica condicionado ao sistema de energia eleéctrica ou, mais precisamente,
aos elementos importantes do sistema.

Escolhido preliminarmente o local, devem ser analisados novos itens, tais como:

▪ Estabilidade de pedologia do terreno;


▪ Possibiidade de inundações a longo prazo;
▪ Medições locais.

Havendo algum problema que possa comprometer o adequado perfil esperado do sistema de
aterramento, deve-se, então, escolher outro local.

2.2. Identificar os instrumentos de medição de resistividade do solo

2.2.1.Terrômetro

São equipamentos dimensionados para realizar a medição da resistência de aterramentos de


pequeno porte, sendo projectado para operar com corrente alternada cuja corrente de curto-circuito
seja limitada a 0,007 A ou 7 mA ; tensão aplicada aos eléctrodos de corrente limitada a 50 V e com
uma potência normalmente inferior a 1W.

Figura 2.4. Terrômetro.

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Os terrômetros podem ser utilizados para medição da resistividade aparente do solo através do
método de sondagem elétrica vertical sendo recomendado sua utilização em áreas com uma
diagonal máxima de 200 metros e solos de resistividade inferiores a 10 000 Ωm.

Já para a medição da malha de aterramento pelo método da queda de potencial utilizando 03


eléctrodos é aconselhável realizar a medição em malhas cuja a maior dimensão não ultrapasse
10metros.

Para algumas aplicações, pode ser necessário a utilização de terrômetros especiais como os de alta
frequência e onda quadrada, como nos casos de grandes instalações e para medições com o sistema
energizado respectivamente são utilizados para medições da resistência de aterramento de modo
que esta corrente se diferencie do sistema podendo realizar o ensaio com sistemas energizados.

Funcionamento

O terrômetro possui 2 hastes de referência, que servem como divisores resistivos conforme a
figura 2.4. Na verdade, o instrumento “injecta” uma corrente pelo terra que é transformada em
“quedas” de tensão pelos resistores formados pelas hastes de referência, e pela própria haste de
terra. Através do valor dessa queda de tensão, o display é calibrado para indicar o valor ôhmico da
resistência do terra.

2.2.2. Terrômetro Alicate

Este equipamento possuí internamente 2 núcleos partidos dimensionados para envolver o eléctrodo
de aterramento (transformadores de corrente com núcleo dividido).

O primeiro núcleo está envolvido por espiras de N enrolamentos que será alimentada por uma fonte
em corrente alternada que será responsável por gerar uma força eletromotriz (f.e.m.) que irá induzir
uma corrente na malha de aterramento.

E o segundo núcleo será responsável por medir a corrente induzida pela força eletromotriz, como
mostra a figura 2.5.

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Figura 2.5. Terrômetro Alicate.

Onde:

Rc = representa um conjunto de eléctrodos em paralelo (sistemas multiaterrados).

Rx = resistência de aterramento.

Figura 2.6. Medição da resistência de n eléctrodos.


A soma das resistências Rc + Rx pode ser obtida através da relação entre a tensão induzida e a
corrente circulante, pelas expressões:

𝟏
𝑹𝒄 = (2.1)
𝟏
∑𝒏𝒌−𝟏
𝑹𝒌

𝑬 𝟏 (2.2)
= 𝑹𝒙 +
𝑰 𝟏
∑𝒏𝒌−𝟏
𝑹𝒌

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𝟏
Se, 𝑹𝒙 ≫ 𝟏
∑𝒏
𝒌−𝟏𝑹
𝒌

Através das equações acima podemos considerar que :

𝐸
𝑅𝑥 = (2.3)
𝐼
Este método só é aplicado em circuitos fechados para permitir a circulação de corrente, como
exemplo no caso do aterramento simples de um para-raios.

A resistência que fecha o laço deve ser muito menor que a resistência do aterramento em que está
realizando a medição.

A distância entre o aterramento sob medição e o mais próximo dos aterramentos que fecham o laço
devem ter tamanho suficiente para que as zonas de influência não apresentem sobreposição.

Figura 2.7. Malha de um sistema de aterramento.

A resistência do sistema de medição deve ser percorrida pela totalidade da corrente injetada no
terreno.

2.2.3. O Megger

O Megger é um instrumento de medida de resistência que possui quatro terminais, dois de corrente
e dois de potencial.

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Figura 2.8. Esquema de ligação do Megger.

2.3. Planear e executar testes de medição de resistividade do solo


2.3.1. Introdução

Serão especificamente abordadas, neste resultado de critério de desempenho, as características da


prática de medição da resistividade do solo de um local virgem.

Os métodos de medição são resultados da análise de características práticas das equações de


Maxwell do electromagnetismo, aplicadas ao solo.

Na curva 𝜌 × 𝑎, levantada pela medição, está fundamentada toda a arte e criatividade dos métodos
de estratificação do solo, oque permite a elaboração do projecto do sistema de aterramento.

2.3.2. Localização do Sistema de Aterramento

A localização do sistema de aterramento depende de posição estratégica ocupada pelos


equipamentos eléctricos importantes do sistema eléctrico em questão. Cita-se por exemplo, a
localização optimizada de uma subestação, que deve ser definida levando em consideração os
seguintes itens:

▪ Cenro geométrico de cargas;


▪ Local com terreno disponível;
▪ Local seguro às inundações;
▪ Não comprometer a segurança da população.

Portanto, definida a localização da subestação, fica definido o local da malha de terra.

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Já na distribuição de energia eléctríca, os aterramentos situam-se no locais de instalação dos
equipamentos tais como: transformador, religador, seccionalizador, regulador de tensão, chaves,
etc. No sistema de distribuição com neutro multiaterrado, o aterramento será feito ao longo da linha
a distâncias relativamente constantes.

O local do aterramento fica condicionado ao sistema de energia eléctrica ou, mais precisamente,
aos elementos importantes do sistema.

Escolhido preliminarmente o local, deviam ser analisados novos itens, tais como:

▪ Estabilidade da pedologia do terreno;


▪ Possibilidade de inundações a longo prazo;
▪ Medições locais.

Havendo algum problema que possa comprometer o adequado perfil esperado do sistema de
aterramento, deve-se, então, escolher outro local.

2.3.3. Medições no Local

Definido o local da instalação do sistema de aterramento, deve-se efectuar levantamento através de


medições, para se obter as informações necessárias à elaboração do projecto.

Um solo apresenta resistividade que depende do tamenho do sistema de aterramento. A dispersão


de correntes eléctricas atinge camadas profundas com o aumento da área envolvida pelo

aterramento.

Para se efectuar o projecto do sistema de aterramento deve-se conhecer a resistividade aparente que
o solo apresenta para o especial aterramento pretendido.

A resistividade do solo, que espelha suas características, é, portanto, um dado fundamental e por
isso, neste elemento de competência, será dada especial atenção à sua determinação.

O levantamento dos valores da resistividade é feito através de medições em campo, utilizando-se


métodos de prospecção geoeléctricos, dentre os quais, o mais conhecido e utilizado é o Método de
Wenner.

2.3.4. Método de Wenner

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Para o levantamento da curva de resistividade so solo, no local do aterramento, pode-se empregar
diversos métodos, entre os quais:

▪ Método de Wenner;
▪ Método de Lee;
▪ Método de Schlumbeger-Palmer.

Neste trabalho será utilizado o Método de Wenner. O método usa quatro pontos alinhados,
igualmente espaçados, cravados a uma mesma profundidade. Figura 2.9.

Figura 2.9. Quatro Hastes Cravadas no Solo.

Uma corrente eléctrica I é injectada no ponto 1 pela primeira haste e colectada noponto 4 pelaa
última haste. Esta corrente, passando pelo solo entre os pontos 1 e 4, produz pontencial nos pontos
2 e 3. Usando o método das imagens sim’etricas, gera-se a figura 2.10 e obtém-se os potenciais nos
pontos 2 e 3.

Figura 2.10. Imagem do ponto 1 e 4.

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O potencial no ponto 2 é:

(2.4)

O potencial no ponto 3 é:

(2.5)

Portanto, a diferença de potencial nos pontos 2 e 3 é:

(2.6)

Fazendo a divisão da diferença de potencial V23 pela corrente I, teremos o valor da resistência
eléctrica R do solo para uma profundidade aceitável de penetração da corrente I.

Assim, teremos:

(2.7)

A resistividade eléctrica do solo é dada por:

(2.8)

A expressão 2.8 é conhecida como fórmula de Palmer, e é usada no Método de Wenner.


Recomenda-se que:

Diâmetro da haste ≤ 0,1 ∙ 𝑎

Para um afastamento entre as hastes relativamente grande, isto é, a ≥ 20℃ ∙ 𝑝, a fórmula de


Palmer 2.8 se reduz a:

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(2.9)

2.3.5. Medição Pelo Método de Wenner

O método utiliza um Megger, instrumento de medida de resistência que possui quatro terminais,
dois de corrente e dois de potencial.

O aparelho, através de sua fonte interna, faz circular uma corrente I entre as duas hastes externas
que estão conectadas aos terminais de corrente C1 e C2. Figura 2.11.

Figura 2.11. Método de Wenner.

Onde:

R = leitura da resistência em Ω no Megger, para uma profundidade “a”.

a = espaçamento das hastes cravadas no solo.

p = Profundidade da haste cravada no solo.

As duas hastes internas são ligadas nos terminais P1 e P2. Assim, o aparelho processa internamente
e indica na leitura, o valor da resistência eléctrica, de acordo com a expressão 2.7.

O método considera que praticamente 58% da distribuição de corrente que parra entre as hastes
externas ocorre a uma profundidade igual ao espaçamento entre as hastes. Figura 2.12.

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Figura 2.12. Penetração na profundidade “a”.

A corrente atinge uma profundidade maior, com uma correspondente área de dispersão grande,
tendo, em consequência, um efeito que pode ser considerado.

Portanto, para efeito do Método de Wenner, considera-se que o valor da resistência eléctrica lida
no aparelho é relativa a uma profundidade “a” do solo.

As hastes usadas no método devem ter aproximadamente 50 cm de comprimento com diâmetro


entre 10 a 15 mm. O material que forma a haste deve ter as seguintes características:

▪ Ser bom condutor de electricidade;


▪ Deve ser um material praticamente inerte às acções dos ácidos e sais dissolvidos no solo.

Devem ser feitas diversas leituras, para vários espaçamentos, com as hastes sempre alinhadas.

2.3.6. Cuidados na Medição

Durante a medição devem ser observados os aitens abaixo:

▪ As haste devem estar alinhadas;


▪ As hastes devem estar igualmente espaçadas;
▪ As hastes devem estar cravadas no solo a uma mesma profundidade; recomenda-se 20 a 30
cm.
▪ O aparelho deve estar posicionado simetricamente entre as hastes.
▪ As hastes devem estar bem limpas, principalmente insentas de ácidos e gorduras para
possibilitar bom contacto com o solo.
▪ A condição do solo (seco , húmido, etc) durante a medição seve ser anotada;
▪ Não devem ser feitas medições sob condições atmosféricas adversas, tendo-se em vista a
possibilidade de ocorrências de raios;
▪ Não deixar que animais ou pessoas estranhas se aproximem do local;

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▪ Deve-se utilizar calçados e luvas de isolação para executar as medições;
▪ Verificar o estado do aparelho, inclusive a carga da bateria.

2.3.7. Espaçamento das Hastes

Para uma determinada direcção devem ser usados os espaçamentos recomendados na tabela 2.4.

Tabela 2.4. Espaçamentos Recomendados.

Espaçamento Leitura Calculado


a (m) R(Ω) 𝜌[Ω ∙ 𝑚]
1
2
4
6
8
16
32

Alguns métodos de estratificação do solo, necessitam mais leituras para pequenos espaçamentos, o
que é feito para possibilitar a determinação da resistividade da primeira camada do solo.

2.3.7. Direcções a Serem Medidas

O número de direcções em que as medidas deverão ser levantadas depende:

▪ da importância do local do aterramento;


▪ da dimensão do sistema de aterramento;
▪ da variação acentuada nos valores medidos para os respectivos espaçamentos.

Para um único ponto de aterramento, isto é, para cada posição do aparelho, devem ser efectuadas
medidas em três direcções, com ângulo de 60° entre si, figura 2.5.

Figura 2.13-Direcções do ponto de medição.

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Este é o caso de sistema de aterramento pequeno, com um único ponto de ligação a equipamentos
tais como:

▪ reguladores de tensão;
▪ religador;
▪ transformador;
▪ seccionador;
▪ transformador de corrente;
▪ transformador de potencial;
▪ chaves à óleo e a SF6;
▪ etc.

No caso de subestações deve-se efectuar medidas em vários pontos, cobrindo toda a área da malha
pretendida.

o ideal é efectuar várias medidas em pontos e direcções diferentes. Mas se por algum motivo,
deseja-se usar o mínimo de direcções, então, deve-se pelo menos efectuar as medições na direcção
indicada como se segue:

▪ na direcção da linha de alimentação;


▪ na direcção do ponto de aterramento ao aterramento da fonte de alimentação.

2.3.8. Análise das Medidas

Feitas as medições, uma análise dos resultados deve ser realizada para que os mesmos possam ser
avaliados em relação a sua aceitação ou não. Estra avaliação é feita da seguinte forma:

1. Calcular a média aritmética dos valores da resistividade eléctrica para cada espaçamento
adoptado, isto é:

1 n
 M ( aj ) =   i ( aj )j = 1, q; i = 1, n
n i =1
(2.10)

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2. Proceder o cálculo do desvio de cada medida em relação ao valor médio como se segue:

Observação(a): Deve-se desprezar todos os valores daa resistividade que tenham um desvio maior
de 50% em relação a média, isto é:

Observação (b): Se o valor da resistência tiver o desvio abaixo de 50% o valor será aceite como
representativo.

Observação (C): Se observada a ocorrência de acentuado número de medidas com desvios acima
de 50%, recomenda-se executar novas medidas na região correspondente. Se a ocorrência de
desvios persistir, deve-se então, considerar a área com uma região independente para efeito de
modelagem.

Com a nova tabela, efectua-se o cálculo das médias aritméticas das resistividades remanescentes.

3. Com as resistividades médias para cada espaçamento, tem-se os valores definitivos e


representativos para traçar a curva 𝜌 × 𝑎, necessária ao procedimento das aplicações dos métodos
de estratificação do solo.

2.3.9. Exemplo Geral

Para um determinado local, sob estudo, os dados das medições de campo, relativos a vários
pontos e direcções, são apresentados na Tabela 2.5.

Tabela 2.5. Medições em Campo

Espaçamento Resistividade Eléctrica Medida


a(m) (𝛀 ∙ 𝒎)
1 2 3 4 5
2 340 315 370 295 350
4 520 480 900 550 490
6 650 580 570 610 615
8 850 914 878 905 1010
16 690 500 550 480 602
32 232 285 196 185 412

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A seguir, apresenta-se a Tabela 2.6 com o valor médio de cada espaçamento e o desvio relaivo de
cada medida, calculados a partir da Tabela 2.5.

Tabela 2.6. Determinação de Média e Desvios Relativos

Espaçamento Desvios Relativos Resistividade Resistividade


a(m) (%) Média(𝛀 ∙ 𝒎) Média Calculada(𝛀 ∙ 𝒎)
1 2 3 4 5
2 1,79 5,68 10,77 11,67 4,79 334,0 334,0
4 11,56 18,36 53,06 6,46 16,66 588 510,0
6 7,43 4,13 5,78 0,82 1,65 605,0 605,0
8 6,73 0,28 3,66 0,70 10,81 911,4 911,4
16 22,25 11,41 2,55 14,95 6,66 564,4 564,4
32 11,45 8,77 25,19 29,38 57,25 262,0 224,5

Observando a tabela 2.6 constata-se duas medidas sublinhadas que representam desvio acima de
50%. Elas devem, portanto, ser desconsideradas. Assim, refaz-se o cálculo das médias, para os
espaçamentos que tiverem mediadas rejeitadas.

As demais médias são mantidas. Vide última coluna da Tabela 2.6.

Os valores representativos do solo medido são os indicados na Tabela 2.7.

Tabela 2.7. Resistividade do Solo Medido

Espaçamento Resistividade
a(m) (𝛀 ∙ 𝒎)
2 334,0
4 510,0
6 605,0
8 911,4
16 564,4
32 224,5

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Avaliação Formativa (2)

Caro(a) estudante
Depois da consideração que foi feita, verifique se percebeu a matéria até aqui abordada,
respondendo as questões seguintes:

1. Explicar a importância da resistividade do solo para as ligações à terra.


2. Enumerar os factores que determinam a resistividade do solo.
3. Explicar a influência dos seguintes factores, na resistividade do solo:
a) Compactação e pressão
b) Teor de humidade;
c) Temperatura;
4. De que depende a localização de um sistema de aterramento ?
5. Quais são os instrumentos mais usados para a medição de resistividade do Solo?
6. Durante a medição da resistividade do solo, devem ser observados alguns cuidados. Quais
são?
7. Para um determinado local, sob estudo, os dados das medições de campo relativos a vários
pontos e direcções, são apresentados na tabela 1.

Espaçamento Resistividade Eléctrica Medida (   m )


a(m) 1 2 3 4 5
2 344 315 377 295 355
4 522 480 900 550 490
6 645 580 570 610 615
8 882 914 878 909 1015
16 697 500 550 480 608
32 233 285 196 185 419

a) Calcular o valor médio de cada espaçamento e o desvio relativo de cada medida e apresentar
os resultados numa tabela.
b) Calcular a resistividade do solo e apresentar os dados numa tabela.

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