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COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: Perfil dos consumidores de


Revista Metodista de Administração do Sul
food trucks da região central na cidade de Porto Alegre

COMPORTAMENTO DO
CONSUMIDOR:
Perfil dos consumidores de food trucks
da região central na
cidade de Porto Alegre
Sabrina da Silva Alves
dasilvaalves.sabrina@gmail.com
Bacharel em Administração. Centro Universitário Metodista - IPA

Maria D’Lourdes Guimarães Rotermund


Professor Mestre. Centro Universitário Metodista – IPA

RESUMO
O estudo objetivou identificar o perfil dos consumidores de food trucks
da região central na cidade de Porto Alegre, sendo estabelecidos os
seguintes objetivos específicos: descrever o perfil dos consumidores
de food trucks; levantar os fatores que influenciam os consumidores,
na decisão de consumo; e descrever as preferências de consumo dos
consumidores de food trucks. A metodologia empregada foi uma pes-
quisa descritiva, com abordagem quantitativa, e o procedimento que
norteou a pesquisa foi um levantamento de campo, sendo que para sua
realização, se delimitou uma amostra de 150 pessoas, consumidoras
de food trucks da região central de Porto Alegre. A pesquisa foi apli-
cada em um total de dois dias, uma sexta-feira à noite e um domingo
de manhã e tarde, nos meses de fevereiro e março do ano de 2019.
A coleta de dados baseou-se em um questionário com dez perguntas
objetivas e fechadas, a análise de dados foi estatística. Observou-se
que os consumidores são na maior proporção do gênero masculino,
com faixa etária entre 24 e 30 anos, solteiros, cursando ou já graduados
no ensino superior e com faixa salarial de R$1.200,00 à R$2.700,00. A
frequência de consumo é mensal, durante os finais de semana e na
companhia de amigos. A preferência é pelo consumo é pizza, cerveja
artesal, hambúrguer, sushi, o pancho, a batata frita, a comida vegana
e o temaki. Com base nos resultados conclui-se que os consumidores

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de food trucks são diretamente influenciados pelos fatores culturais,


sociais, pessoais psicológicos, durante o processo de compra.
Palavras-chave: Marketing; Comportamento do Consumidor; Food
trucks.

CONSUMER BEHAVIOR: Consumer profile of


food trucks in the central region of the
city of Porto Alegre

ABSTRACT
The study aimed to identify the profile of food truck consumers in the
central region of Porto Alegre, with the following specific objectives:
to describe the profile of food truck consumers; raise the factors that
influence consumers in the consumption decision; and describe the
consumption preferences of food truck consumers. The methodology
used was a descriptive research, with quantitative approach, and the
procedure that guided the research was a field survey, and for its
realization, a sample of 150 people, consumers of food trucks from the
central region of Porto Alegre was delimited. The survey was applied
in a total of two days, one Friday night and one Sunday morning and
afternoon, in February and March 2019. Data collection was based
on a questionnaire with ten objective questions. and closed, the data
analysis was statistical. It was observed that consumers are mostly
male, aged between 24 and 30 years, single, attending or already gra-
duated in higher education and with salary range from R $ 1,200.00 to
R $ 2,700.00. The frequency of consumption is monthly, on weekends
and in the company of friends. The preference is for pizza, craft beer,
hamburger, sushi, pancho, chips, vegan food and temaki. Based on
the results it can be concluded that food truck consumers are directly
influenced by cultural, social and personal psychological factors during
the buying process.
Keywords: Marketing; Consumer behavior; food trucks.

INTRODUÇÃO
As mudanças tecnológicas e comportamentais que ocorrem
na sociedade contemporânea, de alguma forma favorecem a
criação ou a reformulação de diferentes tipos de negócios. Na
procura por modelos inovadores, adaptados aos tipos de ne-
gócios já existentes, empreendedores aproveitam as oportuni-

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dades que surgem, quando ocorrem essas mudanças. Partindo


desse pressuposto, no mercado de food trucks não é diferente.
Com base nos dados do Serviço Brasileiro de Apoio às
Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE, 2018), em função da
crise de 2008, diversos chefs de cozinha e restaurantes se vi-
ram sem capital para investir, enfrentando problemas finan-
ceiros. Em contra ponto com este fato, preservar o padrão de
qualidade alimentício dos restaurantes também era um fator
importante a ser considerado mesmo perante a crise. Confor-
me Spinacé (2018), até aquele momento, as comidas de rua
eram sinônimo de baixo custo e de qualidade duvidosa. No
entanto, os food trucks, veículos automotores com espaço para
cozinhas adaptadas e que permitem o comércio itinerante de
alimentos, se tornaram atrativos para os empresários que,
além de poderem frequentar diversos centros gastronômicos,
não precisariam arcar com os custos de aluguel. Neste mo-
mento e perante estas oportunidades, estes empreendedores
investiram na customização e adaptação de veículos de carga
para atenderem as necessidades de mercado. No Brasil, de
acordo com Vedana et al. (2015), este fenômeno de mercado
começou a ganhar espaço em 2015, com o iminente aumento
dos eventos gastronômicos nas cidades e a modernização da
comida de rua, levando para a conquista direta do público,
surgindo assim este novo segmento chamado de food trucks.
Conhecer o cliente e suas necessidades é fundamental para
a decisão de abertura de qualquer tipo de negócio. Segundo
Costa, Nakata e Calsani (2013) a satisfação do cliente se dá por
meio do trabalho realizado para suprir as suas necessidades
e atender as suas expectativas e ainda ter o treinamento dire-
tamente voltado para a satisfação deste cliente, a partir disso
a empresa pode aprender com seus erros e acertos.
Atualmente os consumidores como um todo, buscam um
atendimento personalizado e inovador, levando a criação de

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novos produtos e de novos modelos de negócios. Há o enten-


dimento, referente às mudanças comportamentais, culturais e
sociais, que tornaram a inserção dessas novas práticas viáveis
e disseminadas, em potencial para o crescimento devido à
flexibilidade para mudanças vindas dos consumidores. Cor-
roborando, Cecconello e Ajzental (2008) afirmam que toda
tomada de decisão tem de ser baseada em informações asser-
tivas e fidedignas a partir do cliente. Coletar estas informações
é a parte inicial para um correto embasamento de um futuro
plano de negócios estratégico, tornando o empreendimento
competitivo e com melhores chances de sucesso.
Frente ao exposto, foi possível definir a pesquisa do pre-
sente estudo como: Qual o perfil de comportamento de con-
sumo dos clientes de food trucks na região central da cidade
de Porto Alegre?
Nesse sentido, essa pesquisa tem como objetivo geral
identificar o perfil dos consumidores de food trucks na região
central da cidade de Porto Alegre. Foram estipulados os se-
guintes objetivos específicos: o primeiro, descrever o perfil dos
consumidores de food trucks; na sequência levantar os fatores
que influenciam os consumidores, na decisão de consumo; e
por fim descrever as preferências de consumo dos consumi-
dores de food trucks.

REFERENCIAL TEÓRICO

Marketing
Segundo Kotler e Keller (2006, p. 4), “o marketing envol-
ve a identificação e a satisfação das necessidades humanas e
sociais. Para defini-lo de uma maneira simples, pode-se dizer
que ele supre necessidades lucrativamente”. Já para Cobra e
Brezzo (2010) o marketing é uma ciência que está em constante
crescimento, abrangendo campos de estudo como a economia,

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sociologia, estatística e a psicologia. O marketing desenvolve


suas próprias teorias e metodologias, podendo gerar conhe-
cimento científico através de suas atividades.
É necessário conhecer e envolver os consumidores para
despertar neles o interesse pelos produtos e serviços ofertados,
aguçando assim, o desejo do consumidor e não mais a venda
por si só. Desta forma, o marketing é a arte de explorar um
conjunto de conhecimentos a favor de empresários que procu-
ram promover produtos ou serviços (KOTLER, 2007).
O marketing é a função empresarial que cria valor para o
cliente e gera vantagem competitiva duradoura para a empresa
pela gestão estratégica das variáveis controláveis de marketing,
a saber: produto, preço, promoção e ponto de distribuição (LI-
MEIRA, 2007). Honorato (2004), confirma que o marketing visa
compreender os desejos e necessidades dos clientes por meio
de ações mercadológicas reunidas, definidas por composto de
marketing ou mix de marketing.
O mix de marketing mais utilizado são os 4Ps: produto,
preço, praça e promoção. Na mesma linha de pensamento,
Kotler e Keller (2006), definem cada um dos quatro compo-
nentes deste mix de marketing conforme Figura 1.
Silk (2006, p. 15) assegura que “o marketing ocupa um papel
central na empresa, por ser o processo por meio do qual ela cria
valor para os clientes que escolheu”. Este autor conclui que os
produtos e serviços não definem uma empresa e sim o benefício
que a mesma oferece aos seus clientes. Essa visão dirigida aos
clientes, conforme Silk (2006), concluiu em um mix de marketing
definido como 5Cs, baseado em cinco pontos: as necessidades
dos clientes; as competências que a empresa dispões para atingir
essas necessidades; com quem a empresa concorre para suprir
essas necessidades; que profissionais contratar e como motivá-
-los a suprir essas necessidades; e em qual contexto a empresa
está inserida em termos culturais e tecnológicos.

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Figura 1 - Os 4Ps do marketing

Fonte: Kotler (2006, p.17)

Segmentação de mercado
Kotler (2000) define um segmento de mercado como um
grande grupo identificado a partir de suas preferências, po-
der de compra, localização geográfica, atitudes e hábitos de
compra. Honorato (2004, p.154) complementa e amplia esta
definição afirmando que “para uma empresa, a segmentação
significa oferecer produtos específicos que venham satisfazer
um conjunto de indivíduos com características diferentes
diversas.”
Conforme Silk (2006) dividir os consumidores considera-
dos clientes em potencial em grupos de interesse ou perfil de
compra, tem como objetivo ordenar os indivíduos em blocos
de forma que fiquem claramente diferenciados uns dos outros,
mas que apresentem os mesmos desejos, interesses e necessida-
des. Na mesma linha de pensamento Schiffman e Kanuk (2009)
definem segmentação de mercado como o processo de dividir
um mercado em subconjuntos distintos de consumidores com

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as mesmas necessidades e características. Estes autores ainda


expõem que, referente a escolha da base adequada sobre o
qual mercado será segmentado, existem nove categorias que
fornecem estrutura para a segmentação de mercado. Elas
incluem “fatores geográficos, fatores demográficos, fatores
psicológicos, características psicográficas (estilos de vida),
variáveis socioculturais, características relacionadas ao uso,
fatores da situação de uso, benefícios procurados e formas de
segmentação híbrida” (SCHIFFMAN; KANUK 2009, p. 35).
Kotler e Keller (2006) expõem que algumas caracte-
rísticas são utilizadas para segmentar mercados consumi-
dores, são elas: geográficas, demográficas, psicográficas e
comportamentais. Cada uma dessas características permite
explorar de forma mais específica, as diferentes necessidades
ou reações dos clientes em relação ao produto ou serviço,
identificando as diferenças entre eles, conforme o Quadro 1.

Quadro 1 – Características da segmentação de mercado

Tipo de segmentação Característica


Países, regiões, estados, cidades
Segmentação geográfica
e bairros
Faixa etária, sexo, renda, ocupa-
Segmentação demográfica
ção e grau de instrução
Estilo de vida, valores e perso-
Segmentação psicográfica
nalidade
Atitude dos clientes e o uso que
Segmentação comportamental
ele faz dos produtos
Fonte: Silva e Zambon (2006)

Como se observa no Quadro 1, Zambom (2006) afirma


que as principais características da segmentação geográfica
são os países, as regiões, os estados, as cidades e os bairros

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onde os consumidores se localizam. Já para Schiffman e Kanuk


(2000), a segmentação geográfica é a divisão do mercado em
locais, onde cada região tem sua cultura local, o seu clima,
suas necessidades e seus desejos, algo bem específico, com
diferentes variáveis.
Sobre a segmentação demográfica, Limeira (2007) expressa
que em geral é a mais simples e a mais utilizada, porém não
possibilita, por si só, uma compreensão aprofundada das mo-
tivações dos consumidores, ela deve ser estudada em conjunto
com outras informações na busca por um determinado objetivo.
Conforme Kotler (2000) as características demográficas se
confrontam com as carências e as intenções dos consumido-
res, por este motivo se deve levar em conta na segmentação
demográfica a relação que se quer fazer com as características
de idade, sexo, tamanho da família, entre outros fatores. Con-
firmando esta opinião, Schiffman e Kanuk (2000) acrescentam
que as características demográficas são utilizadas para divi-
dir os consumidores por suas características de sexo, idade,
ocupação profissional e outras características que competem
à esta segmentação.
Sobre a segmentação psicográfica, Engel, Blackwekk e
Miniard (2000) esclarecem que a psicografia é uma técnica ope-
racional para medir modos de vida, que possibilitam medidas
quantitativas que podem ser expostas através de amostragens,
definindo o segmento de mercado. Limeira (2009) explica que
a segmentação psicográfica ocorre através de critérios de estilo
de vida dos consumidores, ainda sinaliza que é esse método
permite compreender o comportamento do consumidor de for-
ma mais ampla e rica, contribuindo com informações a área de
marketing desenvolver as melhores estratégias. Já Kotler (2000)
assegura que a segmentação psicográfica identifica grupos
com o mesmo modo de vida, personalidade e valores, assim
há uma grande probabilidade desses consumidores frequen-

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tarem os mesmos lugares, consumirem os mesmos produtos,


mas pertencerem a diversos perfis psicográficos.
Referente a segmentação comportamental, Schiffman e
Kanuk (2000) destacam a identificação que o consumidor tem
com uma marca, qual o status que ela pode dispor, ou seja, o
consumo se dá pela preferência do produto que tem relação
com o comportamento desse círculo de pessoas.
Kotler e Keller (2000), explicam que, a segmentação com-
portamental permite à empresa identificar o perfil de seus
principais consumidores, analisando os graus de fidelidade à
marca, podendo conhecer os pontos fortes e fracos, mudando
suas estratégias e buscando cativar clientes que ficam entre ou-
tras marcas. Esta segmentação mostra os motivos básicos pelos
quais os consumidores são atraídos por diferentes ofertas de
produtos, dividindo os grupos de compradores com base nos
seus conhecimentos de determinado produto e na sua atitude
em relação a ele. Estas variáveis são consideradas por muitos
profissionais como a maneira mais correta de se identificar
segmentos, pois são fidedignas e bastante relevantes para as
decisões do marketing.

Comportamento do consumidor
Para Churchill Jr. e Peter (2000) o estudo do comporta-
mento do consumidor visa alcançar qual o motivo que leva
os consumidores a comprarem certos produtos e utilizarem
determinados serviços. Para isso os profissionais de marketing
estudam as ações, pensamentos e sentimentos dos consumi-
dores e as influências sobre eles que definem as mudanças.
Solomon (2011, p.33) afirma que “o comportamento do
consumidor é o estudo dos processos envolvidos quando
indivíduos ou grupos selecionam, compram, usam ou descar-
tam produtos, serviços, ideias ou experiências para satisfazer
necessidades e desejos”. Já Limeira (2008) define o consumo

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como o ato de consumir, ou seja, o comportamento de escolha,


compra e uso de produtos e serviços. O autor complementa,
afirmando que o consumidor é o conjunto de indivíduos,
grupos ou organizações que desempenham diferentes papéis
ao longo do processo de compra e uso de produtos e serviços.
Indo ao encontro dessas afirmações, Kotler e Keller (2006)
garantem que o comportamento do consumidor é influenciado
por fatores culturais, sociais, pessoais e psicológicos, como
sumariza a Figura 2:

Figura 2 - Fatores que influenciam o comportamento de compra

Fonte: Kotler (1998, p.163)

Conforme se observa na Figura 2, os fatores que in-


fluenciam no comportamento do consumidor são os fatores
culturais, fatores sociais, fatores pessoais e os fatores
psicológicos, conforme descritos a seguir.

Fatores culturais
Dentro do estudo sobre o comportamento do consumidor,
os fatores culturais se destacam como uma grande influência,
pois é através da cultura que as pessoas desempenham seu
papel na sociedade. Na visão de Solomon (2011), a cultura
pode ser tratada como a personalidade de uma sociedade, que
inclui ideias abstratas, valores e ética, também objetos mate-

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riais e serviços, tais como vestuário, alimentos, automóveis,


arte e esportes, produzidos por uma sociedade. Em seguida
conclui que, a cultura é uma mistura de significados, rituais,
normas e tradições, compartilhados entre membros de uma
organização ou da sociedade.
Para Souza, Farias e Nicoluci (2005), a cultura influencia
fortemente o comportamento das pessoas, tendo em vista que
se trata de valores brotados a partir da infância, evoluindo
com a socialização do indivíduo, bem como a classe social
onde se insere.
Kotler e Keller (2006) destacam que os fatores culturais
podem ser considerados como fundamentais, pois determinam
o comportamento e desejos do consumidor. Os autores subdivi-
dem os fatores culturais em três grupos e ainda discorrem sobre
a importância desses fatores: “Cultura, subcultura e classe social
são fatores particularmente importantes no comportamento de
compra. A medida de cresce, a criança absorve certos valores,
percepções, preferências e comportamentos de sua família e
outras instituições” (KOTLER; KELLER, 2006, p. 173).
Os fatores culturais possuem grande influência sobre o
comportamento do consumidor. São fatores de grande im-
portância para tomada de decisão de empresários e gestores,
referente ao modelo de cliente que irão investir.

Fatores sociais
Os fatores sociais são compostos pelos grupos de referên-
cia, como a família, os papéis sociais e o status, pois os grupos
de referência influenciam no processo de compra do indivíduo.
Churchill (2000, p. 161) aponta que “os grupos de referência
têm maior impacto quando os consumidores não estão fami-
liarizados com o produto e acham o grupo de referência parti-
cularmente confiável ou atraente”. Adotar um comportamento
comum aos de outros seres humanos é integralmente típico das

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pessoas, por isso a necessidade de conviver em grupos com os


quais tenham afinidade e aceitação nos mesmos.
De acordo com Kotler e Keller (2006), os grupos de refe-
rência são aqueles que exercem alguma influência direta ou in-
direta sobre as atitudes ou no comportamento de uma pessoa.
Ainda segundo os autores, estes grupos expõem as pessoas a
novos comportamentos e estilos de vida, influenciando suas
atitudes e autoimagem, fazendo pressões que podem afetar
nas escolhas dos consumidores.
O impacto que as influências familiares representam é
constante no processo de decisão de compra, pois observando
o comportamento dos pais, avós, irmãos mais velhos e até
mesmo com suas próprias experiências, durante a ação da
compra, as crianças seguem hábitos semelhantes e quando
adultos transmitem esses hábitos para as novas famílias que
constituem (KOTLER; KELLER, 2006).
Na concepção de Solomon (2008), a organização familiar
tradicional está enfraquecendo e, à medida que isso acontece,
a sociedade está colocando ênfase ainda maior em irmãos,
amigos íntimos e outros familiares para ter a opinião e apoio
social na hora da compra.
Churchill Jr. e Peter (2000, p. 159) consideram que as classes
sociais representam uma forma de “hierarquia de status nacional
pela qual indivíduos e grupos são classificados em termos de
valor e prestígio, com base em sua riqueza, habilidade e poder”.

Fatores pessoais
Segundo Limeira (2008) os fatores pessoais que influen-
ciam no comportamento do consumidor são a soma de um
conjunto de estados fisiológicos e psicológicos, assim como
traços de personalidade e características particulares de cada,
como por exemplo, idade e renda, emoções e crenças, experi-
ências e percepções, entre outras.

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A ocupação também diz respeito ao padrão de consumo,


influenciando fortemente nas escolhas dos compradores, afinal
as pessoas tendem a consumir produtos mais aderentes ao seu
cotidiano, conforme exemplificam os autores “um operário
comprará roupas de trabalho, sapatos de trabalho e marmitas.
Um presidente de empresa comprará ternos caros, passagens
de avião, títulos de clubes exclusivos.” (KOTLER; KELLER,
2006, p. 180).
Todavia Solomon (2011) preceitua que o conceito de per-
sonalidade pode não ser tão explícito quanto parece, cada ser
humano pode delinear seu comportamento de acordo com a
situação em que se defronta, com isso se percebe que é inevi-
tável estabelecer o termo de personalidade como inalterável
de acordo com a concepção anteriormente apresentada pelos
outros autores. Ainda para Solomon (2011) os profissionais de
marketing podem dispor das informações sobre os estilos de
vida das pessoas para então alinhar seus produtos e serviços a
eles, explorando o potencial que esse segmento próprio pode
proporcionar à empresa.

Fatores psicológicos
Para Kotler e Keller (2006), os fatores psicológicos ligados a
determinadas características do consumidor, levam a processos
de decisão e métodos de compras. Assim, aspectos como motiva-
ção, percepção, aprendizagem e atitudes são muito importantes
para a compreensão dos hábitos de compra de uma pessoa.
Giglio (2005) se refere aos fatores psicológicos como sendo
as “teorias racionais sobre o comportamento do consumidor”,
neste caso o ser humano domina a capacidade de pensar de
forma racional e consegue distinguir entre as opções que pos-
sui, agindo de forma consciente em suas decisões.
Solomon (2008, p. 52) afirma que a percepção representa
“o processo pelo qual sensações são selecionadas, organizadas

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e interpretadas”. Assim, o autor entende que o estudo da per-


cepção depende dos acréscimos que são dados às sensações para
que estas adquiram um significado. Em concordância, Kotler e
Keller (2006, p.184) afirmam que a “percepção é a forma pela
qual uma pessoa seleciona, organiza e interpreta as informa-
ções para criar um quadro significativo do mundo”. Porém, a
percepção não ocorre apenas com estímulos físicos, também
ocorre com as condições pessoais e a reação com o ambiente.
A aprendizagem é um outro aspecto do fator psicológico
que influencia no comportamento do consumidor. A aprendi-
zagem nada mais é que as mudanças no comportamento das
pessoas resultantes de uma experiência, já que grande parte do
comportamento humano é aprendida. Os teóricos da aprendi-
zagem creem que ela nasce da influência mútua entre impulsos,
estímulos, sinais, respostas e reforços (KOTLER; KELLER, 2006).

O mercado de food trucks


Traduzindo do inglês para o português, food trucks signi-
fica caminhões de comida, se pode dizer que estes são locais
móveis sobre rodas, onde são produzidos e comercializados
diversos tipos de alimentos. Oriundo do Texas por volta de
1860, os food trucks ressurgiram nos Estados Unidos após o ano
de 2000. Essa renovação do conceito de food trucks no Brasil
se deu basicamente pela crise de 2008, quando restaurantes
fecharam as portas, e os chefs de cozinha passaram a ter como
opção servir pratos de alta qualidade e baixo custo nas ruas.
Seguindo esta tendência, os food trucks se expandiram para o
mundo e cresceram no Brasil no ano de 2015, mais precisa-
mente em São Paulo, como uma opção viável de negócio para
empreendedores do setor alimentício. A partir dai, os food
trucks são apresentados em diversos tipos e formatos, como
micro-ônibus, vans, mini vans, furgões, reboques e até mesmo
em carrinhos desmontáveis.

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O segmento, chamado de “comida de rua”, passou por


diferentes fases ao longo de sua história: desde ser associado
a uma “comida suja”, se tornou uma necessidade de ali-
mentação diária, até se tornar parte da cultura hedônica de
alimentação. Na atualidade os food trucks são um fenômeno
no mercado popular de alimentação no Brasil e no mundo. A
crise financeira e econômica enfrentada em 2008 pelos Esta-
dos Unidos, fez com que este mercado fosse promovido em
diversos países. O surgimento e a consolidação dos food trucks
no Brasil, presente em diversos estados, como Rio de Janeiro,
Santa Catarina, Paraná e Minas Gerais, foi fomentado, princi-
palmente, pela publicação da Lei 15947/2013, da Prefeitura de
São Paulo, em Maio de 2014, regulamentando o comercio de
alimentos em veículos automotores, barracas e carroças, em
áreas e vias públicas, servindo como exemplo para que outros
estados adotassem os mesmos procedimentos.
Em Porto Alegre, o setor está organizado em torno
de uma Associação, que já conta com respaldo legal para
o exercício da atividade, resguardada pela sanção da lei
que regulamenta a gastronomia itinerante, que consolidou
sustentou práticas que já estavam sendo utilizadas, como a
obrigatoriedade de certificação do curso de “boas práticas”
e o alinhamento às regras estipuladas pela Vigilância Sani-
tária da capital gaúcha. Com isso, os proprietários de food
trucks não necessitam mais aguardar a expedição de alvarás
temporários de funcionamento, elaborados pela Secretaria
Municipal de Indústria e Comércio (Smic) e poderão atuar
nas ruas da cidade, o que representa grande avanço para a
expansão do setor que, anteriormente, se restringia a eventos
particulares ou públicos, porém ainda há regras que restrin-
gem o estacionamento e atuação urbana dos mesmos.
Segundo Barros (2016), os food trucks estão autorizados
a estacionar em vias públicas, desde que obedeçam ao limite

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mínimo de oitenta metros de distância de estabelecimentos


comerciais, não estacionem em frente às casas noturnas e
danceterias, nem em frente a locais que representem grande
movimentação. Assim em Porto Alegre, em pontos da região
central da cidade, e bairros como Cidade Baixa e Moinhos de
Vento, também em frente a escolas de educação infantil ou
fundamental, com exceção de participações em eventos com
datas e horários definidos previamente. Conforme o site da
Prefeitura de Porto Alegre, para a comercialização dos produ-
tos a lei proíbe a venda de alimentos como pipocas, churros
e cachorro-quente, para assim não prejudicar vendedores
ambulantes. Da mesma forma, os veículos estão proibidos de
comercializar alimentos pré-prontos ou congelados, e também
bebidas alcoólicas, doces industrializados, balas, salgadinhos,
entre outros. Fazer o que gosta, ser seu próprio patrão e ainda
possivelmente ser viável financeiramente, atraiu muitos inves-
tidores. Assim como os consumidores, que possuem um papel
fundamental neste sucesso, pois apoiou este novo negócio, ou
talvez não tão novo, modelo diferenciado e fazer as refeições.

METODOLOGIA
Quanto aos objetivos a pesquisa se caracterizou como des-
critiva, que para Gil (2010) são aquelas que têm como objetivo
a descrição das características de determinada população,
podendo ser elaboradas com a finalidade de identificar pos-
síveis relações entre variáveis. A abordagem do problema se
deu de forma quantitativa, para delinear, controlar e garantir
uma adequada interpretação dos dados. Segundo Marconi e
Lakatos (2003, p.171) “os estudos quantitativos consistem em
investigações de pesquisa empírica, cura principal finalidade
é o delineamento ou análise das características de fatos e fenô-
menos, a avaliação de programas ou isolamento de variáveis
principais ou chave”. O procedimento que norteou a pesquisa

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foi um levantamento de campo, sendo que para sua realização,


se delimitou uma amostra de 150 pessoas, consumidoras de
food trucks localizados na região central, da cidade de Porto
Alegre. A pesquisa foi aplicada em um total de dois dias,
sendo eles uma sexta-feira à noite e outro em um domingo na
parte da manhã e na parte da tarde, nos meses de fevereiro e
março do ano de 2019, onde a amostra teve de cunho inten-
cional não probabilística.
A coleta de dados foi baseada em um questionário com
dez perguntas objetivas e fechadas, facilitando assim as res-
postas por parte dos consumidores. Conforme Gil (2010),
entende-se por questionário um conjunto de perguntas e
questões que são respondidas por escrito pelo pesquisado. O
questionário foi elaborado pela autora, com base nos objetivos
geral e específicos e no referencial teórico.
Por tratar-se de uma abordagem quantitativa, a técnica
de análises de dados deu-se de forma estatística, que segundo
Marconi e Lakatos (2003), os processos estatísticos permitem
obter, de conjuntos complexos, representações simples e cons-
tatar se essas verificações simplificadas têm relações entre si.
A análise dos resultados foi estruturada de acordo com os
objetivos e representados por parágrafos, utilizando como
ferramenta para suporte didático o Software Microsoft Excel.

RESULTADOS E DISCUSSÃO DA PESQUISA

Perfil dos consumidores de food trucks


Para conhecer melhor este consumidor, e para a conse-
cução do primeiro objetivo, que buscou descrever o perfil
dos consumidores de food trucks, foram realizadas cinco
perguntas que correspondem ao gênero, faixa etária, estado
civil, grau de instrução e faixa salarial dos pesquisados.
Importante ressaltar que os consumidores pesquisados não

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Revista Metodista de Administração do Sul

foram previamente selecionados, foram respondendo de


forma aleatória ao questionário.
Predomina entre os pesquisados o gênero masculino,
perfazendo 61% (92 pesquisados), frente a de 39% (58 pesqui-
sados) do sexo feminino. No que diz respeito a faixa etária,
com os resultados sumarizados no Gráfico 1A, a pesquisa
constatou que entre os pesquisados, os que mais consomem
em food trucks têm entre os 24 e os 30 anos, ou seja, 44% (65
pessoas) frente ao total. Seguido desta faixa etária, estão os
pesquisados compreendidos na faixa dos 31 aos 40 anos,
com 25% (38 pesquisados). Na faixa etária de 18 a 23 anos,
o resultado foi de 11% (16 pesquisados). Entre 41 e 54 anos,
foram 9% (13 pesquisados). Com até 18 anos, resultou em 8%
(12 pesquisados). A faixa etária que ganha destaque com 3%
(cinco pesquisados) está acima de 55 anos. Segundo Kotler
e Keller (2012), ao longo da vida, as pessoas mudam a sua
relação com o consumo de bens e serviços. Neste caso, os pes-
quisados que mais apresentaram constância são formados por
adultos, menores de 40 anos, indicando serem os mais atentos
e adeptos às mudanças do mercado da alimentação, buscando
as novidades que o segmento de food trucks tem a oferecer.
Referente ao estado civil e demonstrado no Gráfico 1B, se
constatou que, 65% (97 pesquisados) são solteiros e 30% (45
pesquisados) são casados ou possuem união estável. Seguido
de 3% (cinco pesquisados) separados e 2% (três pesquisados)
são viúvos. Para Solomon (2011), cada ser humano pode deli-
near seu comportamento de acordo com a situação em que se
defronta, com isso pode-se perceber que é inevitável estabe-
lecer um termo de personalidade quanto ao seu estado civil
atual. Pode haver uma influência sobre o resultado, o fato de
a pesquisa ter sido aplicada no turno da noite.

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COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: Perfil dos consumidores de
food trucks da região central na cidade de Porto Alegre

Gráfico 1 - (1A) Faixa etária dos consumidores de food trucks


pesquisados; (1B) Estado civil dos consumidores de food
trucks pesquisados

Fonte: Elaborado pela autora

Em relação ao grau de instrução dos pesquisados (Gráfico


2A), se destacaram aqueles que já concluíram o ensino supe-
rior, com 48% (72 pesquisados) no total da amostra. Em segun-
do lugar estão os pesquisados com ensino médico completo,
46% (69 pesquisados) ao todo. Já com ensino fundamental
completo, 6% (nove pesquisados).

Gráfico 2 - (2A) Grau de instrução dos consumidores de food


trucks pesquisados; (2B) Faixa salarial do consumidores de
food trucks pesquisados

Fonte: Elaborado pela autora

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Revista Metodista de Administração do Sul

De acordo com Kotler e Armstrong (2006), a situação


financeira das pessoas afeta diretamente suas escolhas por
produtos ou serviços. No Brasil, o Instituto Brasileiro de Ge-
ografia e Estatística (IBGE) utiliza como critério o número de
salários mínimos para determinar as classes sociais, que são
cinco: A, B, C, D e E. Assim, se buscou um conhecer a faixa
salarial dos consumidores pesquisados, com os dados exposto
no Gráfico 2B, onde se destaca que os que mais consomem
neste segmento pertencem às classes C e D, ou seja, uma faixa
compreendida de um a cinco salários mínimos. Este número
não é exato, pois a pesquisa relacionou a faixa com outros
critérios de agrupamento em número de salários. A faixa sala-
rial que mais consome em food trucks está compreendida entre
R$ 1.200,00 e R$ 2.700,00 alcançando 40% (59 pesquisados),
seguida da faixa de R$ 2.700,00 até R$ 5.000,00 com 38% (57
pesquisados). Nas faixas salariais de até R$ 1.200,00 e acima
de R$ 5.000,00, foram encontradas a mesma quantidade de
pesquisados, com 11% (17 pesquisados).

Fatores que influenciam os consumidores de food


trucks
Neste item serão apresentados os resultados relaciona-
dos com ao objetivo específico que verificou os fatores que
influenciam os consumidores na decisão de consumo, para
tanto foram realizadas três perguntas. Kotler e Keller (2006)
garantem que o comportamento do consumidor é influenciado
por fatores culturais, sociais, pessoais e psicológicos. Des-
vendar quais são estes fatores e qual o motivo eles ocorrem,
é de grande importância para uma análise sobre os objetivos
traçados presentes neste trabalho, assim como seus resultados.
Empresários, donos dos food trucks envolvidos indiretamente
nesse estudo, poderão refazer o seu planejamento estratégico
para ir de encontro às necessidades dos consumidores.

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COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: Perfil dos consumidores de
food trucks da região central na cidade de Porto Alegre

Referente à frequência em que consumidores consomem


em food trucks, foi possível observar que 41% (62 pesquisados)
consomem mensalmente, enquanto 24% (36 pesquisados)
frequentam food trucks em torno de 15 em 15 dias. Já 20% (30
pesquisados) raramente consomem em food trucks e 15% (22
pesquisados) semanalmente (Gráfico 3A).

Gráfico 3 - (3A) Frequência com que os consumidores pes-


quisados vão a food trucks pesquisados; (3B) Dias da se-
mana nos quais os do consumidores de food trucks em que
preferem consumir

Fonte: Elaborado pela autora

Dentro da perspectiva dos fatores sociais, Solomon (2011)


cita que os profissionais de marketing podem dispor das infor-
mações sobre os estilos de vida das pessoas, para então alinhar
seus produtos e serviços a eles, explorando o potencial que esse
segmento próprio pode proporcionar a empresa. Além da frequ-
ência em que os clientes consomem em food trucks, ter conheci-
mento sobre os dias da semana em que preferem consumir, são
informações de grande importância para a tomada de decisão,
por parte de empresários além dos profissionais de marketing.
Cerca 84% (126 pesquisados) consomem em food trucks em finais
de semana, enquanto 16% (24 pesquisados) consomem em dias
de semana, conforme demonstrado o Gráfico 3B.

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Frente aos fatores culturais, Souza, Farias e Nicoluci (2005)


discorrem que a cultura influencia fortemente o comporta-
mento das pessoas, pois são valores desenvolvidos a partir
da infância, evoluindo com a socialização do indivíduo, bem
como a classe social onde se insere. Neste sentido do Gráfi-
co 4A sintetiza que a maior parte dos pesquisados preferem
consumir em food trucks com os amigos, num total de 46% (69
pesquisados). Outra parte, 26% (39 pesquisados), preferem
consumir acompanhados de a seu namorado(a) ou cônjuge.
Logo em seguida, com 15% (23 pesquisados) tem preferência
por ir junto a sua família e outros 13% (19 pesquisados), pre-
ferem frequentar junto aos colegas de trabalho.
Relacionado ao fator psicológico, Kotler e Keller (2006)
acreditam que, os fatores psicológicos ligados a determinadas
características do consumidor levam a processos de decisão e
métodos de compras. Assim, aspectos como motivação, per-
cepção, aprendizagem e atitudes são muito importantes para
a compreensão dos hábitos de compra de uma pessoa.
A abordagem do aspecto referente à motivação, repre-
sentada no Gráfico 4B, procurou verificar o motivo pelo qual
os pesquisados consomem em food trucks. A maior parte dos
clientes faz esta escolha pela experiência de comer ao ar livre
e sair da rotina, somando 43% (65 pesquisados). Logo em se-
guida, com 31% das respostas (47 pesquisados), optam por food
trucks pois gostam do tipo de comida que é oferecida. Já com
13% (19 pesquisados) pela praticidade, pois fica mais próximo
que as demais opções. Logo após com 9% (13 pesquisados),
acham que é uma forma rápida e comer. E por último, com
4% (seis pesquisados), pelo preço da comida ser mais acessível
que em outros lugares.

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COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: Perfil dos consumidores de
food trucks da região central na cidade de Porto Alegre

Gráfico 4 - (4A) Respostas dos pesquisados ao questiona-


mento “Qual a melhor companhia para consumir em food
trucks?”; (4B) Respostas dos pesquisados ao questionamento
“Porque consome em food trucks?”
Fonte: Elaborado pela autora

Preferências de consumo dos consumidores de


food trucks
Com relação as preferências de consumo entre os pesqui-
sados foi possível observar que, dos 150 consumidores que
responderam ao questionário, 60 deles preferem pizza, seguido
de 36 pessoas que preferem a cerveja artesal, 16 consumidores
de food trucks optaram pelo hambúrguer, 14 disseram preferir
comer sushi e 12 optaram por pancho. Outros dez respon-
dentes marcaram a opção “outros”, cinco deles afirmaram
preferir batata frita; outros cinco optaram pela comida vegana;
e somente dois dos pesquisados disseram preferir o temaki
(Gráfico 5)
Conforme Kotler (2007) é necessário conhecer e envol-
ver os consumidores para despertar neles o interesse pelos
produtos e serviços ofertados, aguçando assim, o desejo do
consumidor e não mais a venda por si só.

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Gráfico 5 - Respostas dos pesquisados ao questionamento


“Qual o alimento prefere consumir em food trucks?”

Fonte: Elaborado pela autora

Na mesma linha de pensamento, Solomon (2011) afirma


que os profissionais de marketing podem dispor das infor-
mações sobre os estilos de vida das pessoas, assim como os
alimentos que preferem consumir, para então alinhar seus
produtos e serviços a eles, explorando o potencial que esse
segmento pode proporcionar a empresa.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para alcançar o objetivo geral da pesquisa de identificar o
perfil de comportamento de consumo dos clientes de food trucks
na região central da cidade de Porto Alegre, foram elencados
três objetivos específicos referente ao assunto abordado. O pri-
meiro objetivo foi descrever o perfil dos clientes e consumidores
de food trucks pesquisados; o segundo foi levantar os fatores que
influenciam esses clientes durante a compra; e o terceiro foi

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COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: Perfil dos consumidores de
food trucks da região central na cidade de Porto Alegre

descrever suas preferências de consumo durante a compra em


food trucks na região central da cidade de Porto Alegre. A coleta
de dados se deu a partir de um questionário com dez perguntas
fechadas, pois a pesquisadora observou que um questionário
mais extenso poderia causar desconforto por parte dos consu-
midores, para responder no momento da refeição.
No que diz respeito ao primeiro objetivo específico, sobre
o perfil dos consumidores de food trucks, se verificou que a
maioria dos pesquisados são do gênero masculino, com faixa
etária entre 24 e 30 anos, solteiros, cursando ou já graduados
no ensino superior e com a faixa salarial de R$1.200,00 à
R$2.700,00. Este resultado pode ter certa influência na faixa
etária e estado civil pelo fato da pesquisa ter sido realizada
em um dos dias no turno da noite e pelo local escolhido, no
qual havia um food trucks específico que comercializava cerveja
artesanal, desta a pesquisadora observou que a maioria dos
pesquisados eram homens, jovens e solteiros, consumindo na
companhia dos amigos.
Quanto ao segundo objetivo específico, que buscou de-
finir os fatores que influenciam consumidores de food trucks,
se identificou que a frequência com que os clientes costumam
consumir nesses locais é primordialmente mensalmente; na
maioria das vezes nos finais de semana e em geral na compa-
nhia dos amigos. Estes dados podem auxiliar os empreende-
dores do ramo dos food trucks na tomada de decisão.
Quanto ao terceiro objetivo específico, que buscou des-
crever as preferências de consumo dos consumidores de food
trucks, se identificou que a maior parte dos pesquisados possui
mais de uma opção de preferência por tipo de alimento, da
mesma forma foi solicitado que cada um deles respondesse
apenas uma das opções da pergunta, a que fosse realmente
de maior preferência ou a que ele estivesse consumindo no
momento, onde os resultados apontam consumo de pizza.

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Desta forma se instiga a realização de novas pesquisas,


com maior ênfase na localização dos food trucks, assim como
em food parques já adaptados para receber esta modalidade
de comercio de alimentos. Seria interessante a pesquisa ser
estendida a locais como escolas, festas, eventos particulares,
entre outros, para uma amostra mais ampla em relação às
preferências de consumo e os demais objetivos respondidos.
A limitação do estudo foi a realização de um evento
direcionado a jovens, o que possivelmente impactou nos re-
sultados.

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