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OEIRAS-PI
2019
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OEIRAS-PI
2019
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BANCA EXAMINADORA
___________________________________________________________________
Prof.ª. Ma. Débora Strieder Kreuz (Orientadora)
__________________________________________________________________
Prof.ª. Ma. Diná Schmidt (Examinadora)
___________________________________________________________________
AGRADECIMENTOS
RESUMO
ABSTRACT
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 7
1 A MULHER NAS IGREJAS EVANGÉLICAS PENTECOSTAIS .......................... 11
1.1 O protestantismo .............................................................................................. 11
1.2 A mulher na liderança pastoral ....................................................................... 15
2 A MULHER PASTORA EM OEIRAS: UM ESTUDO DE CASO ........................... 28
2.1 A apresentação da igreja em Oeiras ............................................................... 29
2.2 Ser mulher pastora ........................................................................................... 32
2.3 O pastorado visto pelos participantes ........................................................... 49
CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 54
LISTA DE FONTES .................................................................................................. 56
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 57
7
INTRODUÇÃO
1
São as igrejas evangélicas.
2
Ocupação exercida por alguém.
8
Com base no pensamento do autor, que afirma que muitas igrejas hoje estão
sendo lideradas por mulheres, realizei uma visita por vários bairros da cidade, para
saber se a cidade possui alguma igreja liderada por mulheres e me deparei com
informações de que no município havia apenas um espaço denominacional
evangélico em que uma mulher atuava como pastora.
3
Igreja ou espaço denominacional.
9
4
É alguém que administra, comanda ou dirige um grupo de pessoas.
5
É o altar da igreja, ou seja, tribuna no interior dos templos, onde os pastores, obreiros e diáconos
sentem durante os cultos. É um local também onde os sacerdotes fazem as pregações.
10
1.1 O protestantismo
6
Obreiro é homem cristão que vive em retidão com a palavra de Deus e que está à frente da obra,
juntamente com o pastor para a realização dos cultos na igreja.
15
7
Martha Hite Watts nasceu em Bradstown, Kentucky frequentou a Igreja Metodista. Como missionária
e educadora criou várias instituições de ensino no Brasil.
8
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
17
2010. Dos que declaram evangélicos, 60,0% eram de origem pentecostal, 18,5%
evangélicos de missão e 21,8% evangélicos não determinados.
Ainda de acordo com censo do IBGE, a população que se declara
evangélica na sua maioria é pertencente ao pentecostalismo. Entende-se que o
pentecostalismo é uma religião que, assim como a católica, atende várias classes
sociais. Embora a população evangélica tenha crescido o país ainda é
predominantemente católico.
De acordo Albuquerque apud Lima (2011, p.15) na estrutura protestante,
com o passar dos anos, houve “uma divisão com três ramificações: os Protestantes
Tradicionais, os Pentecostais e os Neopentecostais”. Para o mesmo autor o que
diferencia os protestantes tradicionais dos cristãos pentecostais dos
Neopentecostais são alguns costumes doutrinários. Os crentes pentecostais
acreditam na evidência do Espírito Santo, como o falar em línguas (glossolalia).
As igrejas de origem histórica, como a Luterana, Anglicana e Metodista,
segundo Santos Júnior (2013,p.65), foram igrejas fundadas por homens, porém
tornaram-se abertas para lideranças femininas. E, desde a fundação dessas igrejas,
as mulheres já exerciam grande influência nos trabalhos evangélicos, pois
acompanhavam os seus maridos pastores nas missões evangelizadoras. Pode-se
observar que desde o início nas igrejas de origem histórica, a mulher participava da
evangelização e a propagação dessa fé. Devido ao fato da mulher exercer alguma
atividade dentro dessa estrutura eclesiástica, Lima (2011, p.14) vai dizer que, para
alguns, a discriminação da mulher é algo que deixou de existir há muito tempo.
Contudo, mesmo que a mulher exerça funções dentro da igreja, não significa
dizer que ela não seja discriminada, o preconceito e a rejeição aparecem quando
essa passa a almejar uma vaga de pastorado.
Lima (2011) continua falando que:
O saber feminino, segundo Souza (2006), provoca medo nos homens que
respondem pelas instituições teológicas. Esse saber pode ameaçar a
tradição e os dogmas. É inovador, provocador, causa dissensão e também
ameaça a hegemonia masculina na produção do conhecimento. Por isso,
19
Portanto, vimos que há uma exigência maior por parte de muitas igrejas
evangélicas de origem tradicionais ou históricas para o exercício pastoral. Porém,
essa realidade está mudando. Atualmente, em muitas igrejas pentecostais as
exigências cobradas para o exercício pastoral são menores. É exigido e observado
9
É aquele que já não tem controle sobre sua vida, já não decide segundo sua vontade, mas segundo
a vontade do Espírito, ou seja, é alguém totalmente conectado e dependente da direção de Deus.
Disponível em< https://www.gospelprime.com.br/o-que-significa-ser-cheio-do-espirito-santo> Acesso
em: 16/12/2019.
10
Frutos: essa expressão é utilizada no meio cristão de forma figurada e refere-se ao cristão que tem
boas obras, um cristão com boa índole e que anda em obediência com a Palavra de Deus.
20
11
a vida pessoal do (a) candidato (a) ou se possui o “Dom de Deus” para esse fim.
Embora exerça algum trabalho secular é observada a obediência a Deus e a
dedicação aos trabalhos na igreja. Então, essas são algumas das exigências das
igrejas pentecostais atuais, para a seleção ao ministério pastoral, não
necessariamente é preciso possuir formação teológica.
Nas igrejas evangélicas, além do pastorado possuem outras funções, que
são exercidas pelos membros e o mesmo autor traz a definição das pessoas que
ocupa cada cargo eclesiástico:
Diácono- é alguém que usa seus dons espirituais para fazer os serviços que
Deus designou que ele faça na vida diária da igreja ou nas reuniões; no
ministério da palavra ou na pregação do evangelho; em serviços materiais
ou em serviços espirituais.
Missionário ou evangelista é aquele que está apto a anunciar e a levar a
mensagem do evangelho aos “necessitados”. [...] obreiro é aquele que
trabalha na “obra”, que corresponde ao trabalho, ao resultado de um
trabalho ou aquilo que um artificio produz. (SANTOS JÚNIOR, 2013, p.80)
Diácono da igreja seria alguém que possuiria dons espirituais e utiliza para
fazer a obra, já o missionário seria aquele que está a todo tempo pregando e
ensinando a palavra de Deus às pessoas necessitadas espiritualmente. E obreiro
seria aquele que auxilia o pastor nas orações, nas pregações, direção dos cultos, ou
seja, ajuda no andamento dos cultos.
Mas, nem todas as denominações reconhecem esses cargos. Lima 2011,
afirma:
11
Dom de Deus: trata-se de uma capacidade inata para desempenhar determinada tarefa. Disponível
em: www.jrmcoaching.com.br/blog/diferença-entre-dom-e-talento. Acesso em: 16/12/2019.
21
12
Os dons do Espirito Santo: são capacidades que o espírito concede aos cristãos para edificar a
igreja. Exemplo de dons espirituais pode destacar o dom de cura. Onde o cristão que possui esse
dom, ao impor a mão sobre um enfermo ele seria curado.
13
Crente: é toda pessoa que professa a fé protestante ou evangélica.
22
14
Disponível em http// redebrasilatual.com.br. Acesso em: 02/10/2019.
24
são a favor, mas tem também as que são contrárias à presença das mulheres no
púlpito.
A mulher foi e ainda é discriminada ao exercer determinadas funções.
Embora tenha conquistado espaços que outrora não podia ocupar, ainda existe
muita rejeição e isso ocorre, na maioria das vezes pelos homens. A sociedade
machista insiste em fazer pensar que a mulher não tem poder, autoridade e
capacidade de liderar, tanto no espaço de trabalho, como no meio evangélico.
Entretanto, a mulher possui os mesmos direitos e deveres que os homens possuem.
Assim, possui o direito de exercer aquilo que ela tanto almeja.
Segundo Stefanini:
Setores evangélicos entendem que apenas os homens estão aptos para tal
ação, pois o púlpito seria um lugar santo e sagrado. Ao seguir esse pensamento, os
indivíduos estão discriminando e menosprezando a mulher, tornando a sua
participação inferior a dos homens.
De acordo com Perrot, as mulheres foram excluídas da escrita da História.
Porém, “essa exclusão pouco condiz com a Declaração dos direitos do homem, que
proclama igualdade entre todos os indivíduos” (PERROT, 1988, p.177). Na
Declaração dos direitos humanos, os direitos da mulher são iguais ao dos homens.
Então, porque há essa diferença? “As mulheres não seriam indivíduos?” A autora
traz a argumentação de alguns pensadores sobre o assunto, baseado nas
descobertas da medicina e da biologia. Segundo Perrot:
A organização, hoje, de novas igrejas com lideranças femininas faz com que
este momento torne-se importante para estas pastoras, pois se abre a
possibilidade de reconstruir uma nova identidade. Agora não mais do banco,
como fiel submissa, mas do púlpito. Percebe-se a significação de que se
revestem certos lugares na igreja, como é o caso do púlpito, que não é o
espaço ocupado pelo homem, mas é também o espaço que demanda
reverência, que pede postura “santa”, é um espaço ao qual é vedada a
subida de estranhos, ou mesmo dos mais novos na igreja, como é o caso
dos novos convertidos em Cristo. (SANTOS JÚNIOR, 2013.p.60)
[...] estudos sobre a distribuição do poder dentro das igrejas tem revelado a
existência de um crescente interesse em reavaliar o papel da mulher na
direção das comunidades pentecostais e destacam o aumento do número
de denominações com pastorado feminino e a multiplicação de igrejas
fundadas por mulheres. (MELLO; LIMA, 2016, p.123)
27
15
Fundar um ministério ou igreja é abrir um local para a realização de cultos. Para a criação de uma
organização religiosa junto ao órgão competente da justiça não possui muito empecilho é necessário
ter o nome da igreja, possuir no mínimo oito membros e documentos de pessoas que vão compor os
cargos e o local da igreja. Disponível: https://pantaleaogc.jusbrasil.com.br/artigos/520248433/como-
abrir-uma-igreja-organização-religiosa. Acesso em: 02/10/19
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dizendo estar passando por problemas de saúde e por isso estaria impossibilitada,
indicando e me levando até Josina. De certa forma, a mesma teve a sua
contribuição, pois fez uma ponte entre mim e a colaboradora Josina.
Ao chegar ao local de trabalho da colaborada comecei a falar dessa
pesquisa que estava desenvolvendo. Posteriormente perguntei se a mesma me
concederia uma entrevista, e ela, sem resistência, aceitou, de forma que esta foi
realizada no dia 04 de julho de 2019, bem rápida, devido a ter ocorrido no seu
espaço de trabalho, em sua empresa de peças automotivas. No momento da
entrevista, havia a colaboradora, seu esposo e a pesquisadora. A presença do
esposo da colaboradora não contribuiu, pois percebi que a mesma se sentiu
constrangida ao relatar detalhadamente determinados assuntos. Como por exemplo,
ela não detalhou porque que vai aos cultos somente aos domingos.
Este trabalho, teve ainda um terceiro colaborador, esse será chamado de
colaborador 3. Não realizei entrevista com o mesmo, pois este argumentou que seria
muito ocupado, apenas conversei pelo telefone. O conheci também em uma das
visitas ao ministério.
pastora sobre o assunto, ela diz que prega a palavra e não como os fiéis devem se
vestir. Mas acredita ser exemplo e diz se vestir descentemente, porém não daria
muita importância para a vestimenta, pressupondo que a transformação começa no
interior das pessoas, posteriormente é que veria o exterior, ou seja, através do
conhecimento da Bíblia é que os fiéis vão descobrindo como o cristão deve se
comportar, mudando os seus antigos hábitos.
Muitas igrejas evangélicas utilizam textos bíblicos isolados para cobrar
dinheiro dos fiéis, argumentando que eles têm que devolver para a igreja todos os
meses a décima parte do seu salário. Outras denominações utilizam outros artifícios,
para retirar dinheiro dos seus membros, como a venda de alguns materiais “ditos”
ungidos, como por exemplo, fita, água, sal, óleo, flores, toalhas e etc. Porém, essas
características não são pertencentes à denominação.
Foi observado que não se cobra o dízimo e nem ofertas dos fiéis. Porém,
não é proibido ofertar, possuído um gazofilácio 19 para colocar a oferta de quem
queira doar voluntariamente, pois é de muita valia as ofertas recebidas, porque as
contas do ministério, como por exemplo, aluguel, água e luz são pagos através das
doações dos fiéis. De acordo com a pastora, o seu ministério não cobra dízimo e
essa é uma característica que o difere dos demais ministérios.
Como já foi dito, a manutenção do templo ocorre através de doações
voluntárias. E as ministras desse ministério não tiram o seu sustento da obra, de
acordo com a pastora, ela e seu esposo vivem do “suor do seu rosto”, trabalhando
em serviços seculares e as doações recebidas seriam utilizadas apenas para as
despesas da igreja.
Os cultos nesse ministério ocorrem de “domingo a domingo”, ou seja, todos
os dias da semana. A pastora, a ser questionada sobre os horários dos cultos deixa
claro em sua fala que de domingo a sexta-feira os cultos teriam início às 19 horas e
30 minutos e terminava às 21 horas. Aos sábados seriam iniciados às 15 horas.
Porém, ao visitá-lo pude perceber que os horários estabelecidos são estratégias
utilizadas para que as pessoas não se atrasem, pois o culto, só inicia 30 minutos
depois do horário estabelecido. O primeiro culto do qual participei se iniciou às 20
horas e terminou depois das 22 horas. Já no sábado, que é culto de ensino da
palavra, iniciou às 15 horas e 30 minutos e foi finalizado às 19 horas.
19
É uma espécie de caixa ou urna que fica no interior do templo para as pessoas depositarem suas
ofertas.
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criação de novas práticas rituais. A pastora afirma que o que motivou a abrir um
ministério, teria sido o amor que se diz sentir pelas pessoas: “Porque a nossa
preocupação é com as almas, porque o povo de Deus está doente, muitos filhos de
Deus estão doentes, sofrendo”. (RAIMUNDA, 2019). São inúmeros os motivos e
argumentos utilizados quanto à abertura de ministérios. Contudo, é importante
destacar que sua fala busca ressaltar um elemento de cunho religioso - a missão.
Ao analisar a entrevista, percebe-se que a Igreja, nessa perspectiva,
funcionaria como uma espécie de hospital, um local que trataria de pessoas
enfermas. Essa característica não seria apenas do ministério em estudo, mas das
igrejas pentecostais de modo geral. O foco são as supostas curas e revelações. Em
outro trecho da narrativa, a pastora deixa transparecer esse entendimento:
Então, tudo que acontece na vida do cristão é por meio da palavra de Deus.
É a gente ministrando a palavra e a palavra vai libertando do alcoolismo, de
tudo. Da doença, da enfermidade, da depressão, da opressão de muitas
vidas doentes de depressão que vem pra cá e quando você menos as
espera já estão curadas, louvando a Deus, sorrindo, felizes. A gente
acompanha um número grande de mulheres depressivas, mulheres que já
tentaram até suicídio, cortaram seus pulsos. Aí elas vêm e a gente ensina a
palavra. Uma palavra de fé, uma palavra de salvação. Cada dia é uma
palavra diferente, mas contanto que ela seja dentro da palavra. É um
ensinamento de fé. (RAIMUNDA, 2019)
Para a pastora, o motivo que a fez se converter 20, foi realmente à suposta cura de
uma enfermidade:
Eu vim para o evangelho com 32 anos de idade, né?... Porque eu vim pra o
evangelho? Porque eu adoeci e em 15 dias eu perdi 10 quilos e aí tinha que
passar por uma cirurgia imediata. Aí eu tinha medo da medicina humana,
então eu acreditei que Deus poderia me curar. Então eu assistindo um
programa evangélico, no qual o programa estava sendo aquele da
Universal, dizendo que Jesus curava, libertava. Então eu disse: pois se
Jesus cura verdadeiramente, eu quero ser curada por ele [Jesus]. Então
Jesus me curou e eu tomei a decisão de vir para os pés do senhor.
(RAIMUNDA, 2019)
Então, no início foi muito difícil pra mim, porque eu nem sabia o que era ser
crente, não sabia o que era servir o Senhor. Mas aí eu me entreguei sabe,
de corpo e alma pra Ele [Deus] e disse eis me aqui Senhor, estou aqui pra
fazer o teu querer e a tua vontade. E com um ano e seis meses no
evangelho eu arrumei meu casamento e comecei fazer a obra missionária.
(RAIMUNDA, 2019)
20
Uma expressão utilizada no meio evangélico significa mudança de vida, adesão a um novo credo.
É usada para referir quando uma pessoa aceita Jesus e passa a ser evangélica.
21
Seria alguém separado espiritualmente para fazer a obra de Deus. Com vocação, preparação e
capacitação para exercer função na igreja.
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O pai dele [esposo] adoeceu aqui e a gente veio pra cá pra cuidar do pai
dele. Já com o propósito de Deus. Aí nós cuidamos do pai dele aqui, aí o
pai dele se converteu, depois faleceu. E aí nós continuamos aqui. Então a
vida da gente é assim, passa um ano aqui, aí viaja, passa outro ano aqui, aí
viaja. Então a gente é assim não para. A gente passa uns dias aqui e passa
uma temporada fora. Sempre viaja. (RAIMUNDA, 2019)
Muitas mulheres com câncer é [...] muitas com AIDS infectadas pelos
próprios maridos e seus maridos infectavam suas esposas com AIDS.
Então, elas estavam ali só esperando o dia e a hora pra morrer, porque os
médicos já tinha desenganado. E Deus falava assim comigo, eu tenho uma
missão pra fazer por meio de tua vida.
Então, eu ia pra onde Deus me mandava, eu passava de nove dias dentro
de uma casa de umas irmãs, que me acolhiam nos seus lares e ali naquela
casa que eu ficava de nove dias e eram mais de 30 mulheres, muitas
doentes, outras [...] é [...] enfermas mesmos, sabe? Muitas com o
casamento destruído, mulheres que já dormiam há quinze anos em quartos
separados. Marido de um lado, esposa do outro. Então, Deus falava que ia
restaurar o casamento daquelas mulheres por meio da minha vida. E ali a
gente levantava um propósito de nove dias de jejum e oração e a palavra de
Deus e louvor. E ali com nove dias Deus entregava a vitória de todas
aquelas mulheres e ali encerrava uma missão e Deus me levava para outro
lugar. Aí eu fui tomando gosto de ver aquelas pessoas triste, de cabeças
baixas e de repente quando eu terminava de fazer aquele propósito que
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22
São as pessoas que visitam a igreja, ou seja, sem nenhum vínculo com o ministério, sendo estes
descrentes ou crentes de outra denominação.
23
Alguém que é crente e faz parte do ministério.
24
É uma expressão utilizada no meio evangélico. Significa expressar, ofertar algo a Deus. Seria
cantar um louvor, falar do amor de Deus para com as pessoas, realizar uma oração e etc. Na igreja
evangélica acredita que tudo o que é feito é para Deus e não para o Homem.
38
25
Para o movimento pentecostal é a manifestação do Espírito Santo, onde o fiel começa falar outra
língua, língua dos anjos (Glossolalia).
26
É um símbolo utilizado no pentecostalismo, onde o (a) pastor (a) passa uma espécie de óleo
ungido nas testas dos fiéis para que sejam curados através do poder de Deus.
27
É alguém que é ensinado à palavra de Deus e separado dentro de uma denominação pra divulgar
o evangelho.
28
É um documento expelido pelo pastor da denominação, relatando que o fiel foi consagrado, está
preparado pra fazer a obra. Pois está em comunhão com Cristo e com a igreja.
29
É outro documento feito pelo secretário da igreja, juntamente com o pastor. E essa carteirinha é
conhecida como carteira de membro. Nela contém todas as informações do membro, como por
exemplo, os dados pessoais, a cidade, a igreja que congrega, qual cargo ocupa no ministério, e etc.
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pai querendo matar esposa. Eu cheguei num lar que até o marido tinha
dado um tiro na sua esposa, né? Isso é muito profundo [...]
Deus me colocou nesse lar e eu não sabia qual era o propósito de Deus
comigo dentro desse lar. Mais aí Deus me mandou orar a ele, eu fui buscar
o Senhor na palavra e o Senhor me falou que tinha me levado naquele lugar
pra restaurar aquela família. (RAIMUNDA, 2019).
30
O poder de Deus manifestado nas pessoas. Através do Espirito Santo que muitas vidas são
transformadas e capacitadas pra pregar, pra ministrar oração, pra louvar, etc..
40
Eu não fiz nem um curso de Teologia, não fiz. Porque eu nasci no ministério
de Madureira, lá tinha pra mais de 250 membros. Então eu fui discipulada,
onde o meu líder me ensinou por meio da palavra, culto de ensino, culto de
doutrina. Mas essa questão de curso de Teologia essas coisas eu nunca
fiz. Mas participei de um seminário aprendizado, né? Fiz três vezes, três
seminários, três dias de aprendizado com o pastor Carlos, no sul do estado.
Então só foram três dias. Só foi um aprendizado mesmo. Ensinar as
pessoas ter educação de falar da palavra de Deus para as vidas.
(RAIMUNDA, 2019)
A Bíblia diz: o próprio Deus nos ensina que as mulheres tem que ser
submissa aos seus maridos e os seus maridos tem que amar as suas
esposas como Cristo ama a igreja. A submissão não é escravidão e as
mulheres, muitas mulheres entendem que a submissão é a escravidão,
entendeu?
Então os homens usam isso pra escravizar suas próprias mulheres e não é
lícito. Porque o próprio Jesus diz assim: As mulheres tem que ser submissa
aos vossos maridos e os vossos maridos tem que amar as esposas assim
como Cristo ama a igreja. (RAIMUNDA, 2019)
Ela vai limpar a casa, ela vai fazer a comida do jeito que ele gosta, a roupa
vai deixar arrumadinha, vai fazer a melhor comida pra ele. Ela vai fazer
pratos deliciosos pra ele. Ela vai agradar seu marido. Tudo que ela vai fazer
é pra agradar seu marido. (RAIMUNDA, 2019).
Ao falar que a mulher deve fazer todos os gostos do esposo, a pastora foi
questionada sobre o porquê que só a mulher deve fazer o agrado do esposo e o
marido não deveria ter a mesma ação. Ela desconversou e utilizou a Bíblia
novamente para corroborar, afirmando que a mulher não deve ser semelhante aos
homens: “A Bíblia diz, que nós mulheres é que tem que fazer diferença em nossas
casas, é nós que temos que fazer a diferença, porque tem muitos homens que
rejeitam a mulher dentro de casa”. (RAIMUNDA, 2019)
Para a pastora, a mulher deve ser submissa ao marido, fazendo todos os
seus gostos e agrados para que não seja rejeitada. Essa é uma afirmação que
demostra que, embora esteja em uma posição de poder na igreja, Raimunda
mantém a divisão de gênero de compreensão da sociedade.
Mesmo ocupando um espaço que outrora era ocupado somente pelo sexo
masculino, ela deixa transparecer constrangimento em relação ao exercício do cargo
e da necessidade da mulher ser submissa ao homem. Tanto é que quando há
presença masculina nos cultos, ela não prega a palavra. Utiliza Deus como
estratégia para não levar a palavra, e fala que foi tocada por Ele e convida um
homem pra pregar. Entende que o espaço pastoral só seria da mesma quando
haveria ausência masculina.
Na igreja em estudo, os frequentadores são na sua maioria mulheres. A
pastora, a ser questionada, se o fato do número reduzido de homens não seria pelo
motivo dela ser pastora, afirmou: “Não, os homens gostam quando eles estão aqui
que eu prego [risos]” (Raimunda, 2019). Notamos uma contradição, pois antes, ela
havia afirmado que quando no ministério haveria presença masculina, ela não
pregaria a palavra. Ao participar dos cultos pude observar que a pastora dificilmente
prega, pois mesmo quando não há a presença masculina nos cultos, quem faz a
pregação seriam as obreiras.
42
Mas tem muitos homens e mulheres que não pregam o evangelho com
sinceridade... que está focado em status, dinheiro e em condição social.
Mas a gente não tá focado nisso, nosso foco é as almas. É tanto que as
pessoas dizem por que não pedem o dizimo, porque não pede aquilo. Não!
Porque a gente ensina aos fiéis a querer a palavra de Deus, aprender a
palavra de Deus e abençoar a obra de Deus voluntariamente por amor e por
conhecimento, como tá escrito na palavra de Deus. (RAIMUNDA, 2019)
32
Dizimo: corresponde à décima parte do salário, ou seja, dez por cento do salário.
43
Ele é ministério que meu esposo fundou para a gente fazer a obra do
Senhor, pregar a palavra de Deus. Então ele é um ministério novo, a gente
não abriu nenhuma congregação em nenhuma cidade, em nenhum outro
bairro, porque tudo a gente vai fazer é direcionado por Deus. A gente não
faz nada de nós mesmos. A gente espera tudo ao tempo certo do Senhor,
então Deus nos deu [o ministério] aqui para a gente pregar a palavra Dele.
(RAIMUNDA, 2019)
Portanto até a presente data, existe apenas o templo sede, onde são
realizados os cultos, os batizados, as ceias, as cerimônias de casamento dos fiéis e
as orações. Enfim, o local onde são realizados os trabalhos evangélicos.
Embora argumente que necessite a permissão de Deus para abertura de
congregação, sabe-se que existem inúmeros fatores que são necessários para tal.
Dentre eles, podemos destacar: condições financeiras e também o número de
frequentadores e membros do ministério. Se uma igreja representa uma quantidade
expressiva de visitantes e membros, haveria uma necessidade maior para abertura
33
Algo que acontece sem explicação para ciência humana. Exemplo: cura de enfermidades sem
passar pela medicina humana.
44
[...] é pra igreja inteira, por exemplo, quando eu chego ali [púlpito] que prego
a palavra, aí tanto os homens recebem, como as mulheres. Então porque
assim, a Bíblia diz que a casa do senhor é pra todos os povos. Então,
quando todo mundo está aqui, a gente prega a palavra de Deus, então
aquele que crer recebe. Mas nem todos recebem, porque nem todos
creem, mas os que creem recebem. (RAIMUNDA, 2019)
Rejeitado na questão de..., assim irmã, por exemplo, quem toma conta da
obra sou eu, porque assim: Eu tenho um chamado e o meu esposo tem
outro chamado. Meu esposo tem um chamado de ensinamento da palavra,
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[...] quando as pessoas chegam aqui [ministério] com sua vida espiritual
arrasada e a gente abraça a causa e paga um preço por isso pra ajudar.
Então muitos não entendem e a gente é assim, por exemplo, a gente é
pouco rejeitados por muitos, pela forma que nós trabalhamos para o
Senhor. (RAIMUNDA, 2019)
não quer trabalhar, não quer lutar por seus objetivos, nem por sua família.
Você só quer ir pra um quarto deitar e isolar, aí vem a depressão sobre a
vida da mulher, vem a doença da alma que só quem tem o poder curar é
Jesus. (RAIMUNDA, 2019)
Então a gente tem esse cuidado com as mulheres, porque tem muitas
mulheres depressivas. Que o marido não convida pra lanchar fora, o marido
não convida pra jantar. Marido sai, e deixa a mulher em casa. A mulher já
cansada não sai pra fazer uma viagem. É a mesma rotina. (RAIMUNDA,
2019)
Sofri e sofro porque assim, quando eu vou pregar o evangelho bem ali
[mostrado para o púlpito da igreja], eu prego a verdade, por mais duro que
seja, por mais difícil que seja. A palavra de Deus quando é só coisa boa, ela
é doce como o mel. Quando, por exemplo, prega cura, prosperidade é doce,
quando você diz receba a vitória , receba a chave do seu carro, receba a
construção da sua casa própria. Receba isso na sua vida. Aí todo mundo
dar aleluia, Glória a Deus, recebe. Mas quando a gente prega santidade,
arrependimento e salvação mesmo, aí são poucos que querem.
(RAIMUNDA, 2019)
pregar sobre salvação e exercer o pastorado, pois para as pessoas, a função não
ficou para ser exercida por mulher. Para Santos Júnior “Essa condição projetada no
feminino implica o recato e o pudor, uma perfeição moral que está vinculada à
submissão, ao lar, à aceitação de sacrifícios, à ação educadora de filhos e filhas”.
(2013, p.56). E como resposta para isso, ela reafirma que exerce a função pastoral
por ter sido chamada por Deus:
Que eu não posso ficar a frente da obra, que mulher não pode fazer a obra.
Que eu tenho que estar é na cozinha, é cuidando de menino. Que mulher
não foi chamada pra fazer a obra, aí eu digo, mas quem me chamou não foi
o homem, quem me chamou foi Deus. (RAIMUNDA, 2019)
Raimunda acredita não haver algo que impeça o exercício pastoral no seu
ministério, devido a ser casada, ungida e possuir chamado para ficar a frente da
obra. Ela acredita possuir disposição e disponibilidade para exercício da função e
por isso é criticada:
Então eu não sou solteira, não sou viúva, eu tenho meu companheiro, eu
tenho meu esposo. As pessoas nos ungiram e colocou a frente da obra.
Então, eles acham que quem deve estar todo o santo dia é meu esposo. É
tanto que não é assim. Deus chamou foi eu, pra ficar a frente da obra por
vários motivos. Eu fico é de 40 dias em campanha, e todos os dias Deus
manda vidas. Aí muitos dizem, pra que isso? É fanatismo. Não precisa isso.
Mais a Bíblia mesma nos ensina que temos que clamar o nome do Senhor,
invocar enquanto se pode achar. Orai sem cessar, sem cessar é todo tempo
é sem parar, buscar a face de Deus porque nós estamos nos últimos dias.
(RAIMUNDA, 2019)
Para a pastora, há uma resistência muito grande por parte dos homens, para
que aceitem os trabalhos executados pelas mulheres, em especial no meio cristão.
Mas, segundo ela, não se deixa levar pelas críticas que recebe, devido a trabalhar
para Deus e andar em conformidade com a Bíblia:
Então irmã, os homens estão assim com as mulheres, que não podem
pregar a palavra de Deus, mas é tipo assim: Deus ele fala assim, tá
profundo no meu coração, que eu não ligo para o que eles falam. O
importante pra mim é eu tá ensinando o povo de Deus, à palavra de Deus.
Porque Deus quando ele veio aqui na terra, ele escolheu doze discípulos
pra andar com ele. E ele disse assim: Ide e fazei discípulo e enviar-te de
dois em dois. Então aqui [a frente da obra] eu não estou só, estou com
Deus e meu esposo. (RAIMUNDA, 2019)
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Mas Deus nesses últimos dias ele tem honrado muito a mulher, ele tem
honrado a mulher no mistério, tem honrado a mulher na medicina, tem
honrado a mulher na delegacia, né? A gente se vê mulher juíza, deputada,
delegada, advogada, promotora, médica, juíza, dentista, pastora,
missionária, ohhh ora check aleluiaaaa. Porque a mulher pra o homem
nunca pode nada, mas elas têm uma garra. Quando elas querem algo, elas
vão a busca, elas conquistam seus objetivos e elas agem com temor de
Deus. E as mulheres quando, quando elas querem algo. É por isso que
muitos homens dizem: mulher é osso duro de roer. [risos]. Porque elas
foram tiradas da costela do homem. Ela não é barro. Adão sim foi feito do
barro. Mas a mulher não é do barro. A mulher foi feita da costela. Você pode
ver que quando o homem vai trabalhar ele fica só na empresa, tem pouca
função. A mulher não, ela exerce várias funções, ela cuida de menino, ela
limpa casa, lava louça, faz comida, vai pra igreja, vai curso, vai para o
colégio, vende cosméticos, vende roupa, eu não sei como ela dá conta. E a
noite ela pode é se deitar mais também trabalhou muito. E os homens ainda
não querem valorizar. (RAIMUNDA, 2019)
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A gente não faz acepção de pessoas, a gente abraça todos que entram por
aquela porta, não importa quem ele seja e nem a forma como ele está. A
gente o abraça o bêbado, a prostituta, o empresário, o advogado, o loiro, o
ruivo, o negro a gente não faz acepção delas. Porque nós não gostamos
delas pelo o que elas têm, mas pelo que ela é. Uma alma pra o senhor são
vidas preciosíssimas, pessoas que são rejeitadas pela sociedade. Muitas
vezes por não ter condições financeiramente. Muitas vezes, até os que
estão no evangelho são poucas pessoas que querem cuidar de pessoas.
Porque existe irmã, existe no ser humano. O ser humano ele faz acepção
das pessoas. Muitos só querem abraçar uma pessoa quando ela tem status,
têm fama, até mesmo um emprego, ate mesmo um curso. (RAIMUNDA,
2019)
Percebe-se que mesmo que a pastora diga que o ministério acolha todas as
pessoas, independentemente de sexo, raça e condição social, a atenção estaria
voltada para o sexo feminino, em especial para as mulheres enfermas.
Eu vim pra Jesus pela dor. Porque muitos conhecem a Jesus pelo amor,
mas eu conheci pela dor. E não foi nem comigo, foi com minha filha, estava
com uma enfermidade. Foi muito doloroso o que aconteceu. E aí eu estava
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passando uma luta tremenda, uma luta, luta mesmo. E eu fazia tratamento
com a minha filha em vários lugares e até o médico chegou a me dar um
cartão cortesia por tempo indeterminado. Então qualquer hora do dia e da
noite que precisasse ligar. Ele me deu o telefone de chácara, casa, fazenda,
apartamento, do consultório, de tudo eu tinha o telefone. Porque ele nunca
tinha achado um paciente, para ele não conseguir controlar, e ela [filha] ele
não conseguia controlar. Então, foi um desafio muito grande pra medicina e
surpreendeu a medicina, na verdade. (JOSINA, 2019)
Nas igrejas em que mulheres são pastoras, além das curas, outra
característica são as supostas revelações. Para Santos Júnior, “Em praticamente
todos os casos de revelações que apontam os verdadeiros causadores dos
problemas das pessoas, a acusação ao demônio é à base da construção do
discurso religioso pentecostal” (2013, p. 102). Não sendo diferente com a filha da
Josina, pois a sua doença, de acordo com a suposta revelação da missionária, seria
uma opressão maligna.
No meio evangélico é comum usar a figura do diabo como causador ativo da
maioria dos problemas que a população enfrenta. Portanto, para a colaboradora com
a sua filha não foi diferente.
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Para Josina, a sua filha ficou curada depois da campanha feita pela
missionária realizada em sua residência, e ela e a filha se converteram. A
missionária que levou a revelação e fez a campanha é a pastora em estudo, e
atualmente tanto a colaboradora quanto a filha, congregam no seu ministério:
A ser questionada porque não divorcia, a mesma diz que o divórcio seria
contrário à Bíblia. A Bíblia só seria a favor do divórcio em caso de adultério, caso
contrário é considerado pecado. A mesma acredita não estar fazendo algo errado,
apenas buscando a Deus e que não seria motivo para se separarem. Para Lima, “a
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vontade de Deus para o casamento é que seja vitalício, isto é, que cada cônjuge
seja único até que a morte os separe” (2011, p.76).
Através da narrativa da colaboradora se percebe que a mesma enfrenta uma
dificuldade muito grande devido à rejeição do seu esposo por ela pertencer ao credo
religioso protestante, havendo assim pedido de divórcio. Mas mesmo assim, ela
argumenta que não quer divorciar e nem deixar de ser crente. E mesmo achando
não ter o direito de pedir mais nada a Deus, devido à vitória recebida, que seria a
suposta cura da filha, pede a Ele para salvar o seu esposo também. Embora se
argumente que não queira se separar, sabe-se que muitos fatores envolvem o
processo da separação, como por exemplo, bens materiais. Talvez as condições
financeiras influenciem, fazendo com que o casamento permaneça mesmo com
dificuldades.
De acordo com Josina, geralmente só vai aos cultos na igreja no domingo
em obediência ao seu marido e para evitar as contendas. Pois, mesmo os cultos
sendo realizados todos os dias, o domingo é o único dia que lhe é dada a permissão
para participar. Ao analisar, observamos que a colaborada sofre os efeitos da cultura
machista, porém, para a mesma essa sua atitude não se deve pelo fato da
submissão, mas uma forma de sabedoria, respeito e para evitar possível separação.
Ao falarmos sobre as igrejas que impedem o pastorado feminino, Josina
afirma que talvez haja mulheres muito mais capacitadas do que homens:
sente bem em usá-las. Como por exemplo, o uso de calças, e argumenta que veste
calça como uma forma de agradar a seu esposo. Mas talvez seja apenas uma
justificativa utilizada por ela para não mudar seus antigos hábitos.
Mesmo com o encerramento da entrevista, continuamos conversando sobre
religião, quando de repente o esposo da colaboradora dissera que nunca vai ser
crente, aparentando ser muito católico e contrário a fé cristã evangélica.
Esse trabalho ainda teve outra pessoa que contribuiu, o colaborador 3. O
mesmo é membro do ministério e o conheci nas visitas ao espaço. Porém não obtive
nenhum diálogo com ele na igreja. A minha conversa e proposta de entrevista veio
após eu ser adicionada pela pastora em um grupo de Whatsapp da igreja, onde o
mesmo também faz parte.
Salvei o seu contato e comecei conversar com ele sobre o trabalho e,
sobretudo na possibilidade de uma entrevista. O mesmo disse que seria muito
ocupado e que não poderia conceder uma entrevista porque iria viajar, mas ao
retornar me telefonava para dar uma resposta. Ao chegar de viagem, telefona
novamente com uma resposta negativa em relação à entrevista, argumentando que
não seria a pessoa ideal e não ajudaria muito na temática. Embora eu argumentasse
que seria importante para a feitura do trabalho, o mesmo recusou. Apenas expôs o
seu pensamento sobre a liderança feminina através do telefonema.
O colaborador 3 seria contra ao ministério ser liderado por uma mulher,
devido estar contra aos preceitos bíblicos e cita a Bíblia para argumentar: “Porque o
marido é a cabeça da mulher, como também Cristo é a cabeça da igreja” (Efésios 5.
23). O mesmo defende a liderança pastoral apenas para o sexo masculino, alegando
a superioridade masculina e a necessidade da mulher submeter-se aos homens.
Com este pensamento, perguntei por qual motivo o mesmo congrega em
uma igreja liderada por mulher. Argumenta gostar do ministério, mas que participa
dos cultos somente nos dias que a pastora não esteja a frente, indo à igreja somente
aos sábados porque é o marido da pastora que coordena.
Observa-se que o ministério em estudo existe pessoas contrárias à liderança
feminina. Talvez este fosse um dos motivos que levaria o esposo da pastora a
coordenar os cultos aos sábados.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
LISTA DE FONTES
Entrevistas:
SILVA, Josina Maria Borges da. Entrevista concedida a Maria Celcimária Rocha
Sousa e Silva. Oeiras, 04/07/2019. Arquivo de áudio: tempo: 10min21seg
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
ALBERTI, Verena. Manual de história oral. – 3. ed._ Rio de Janeiro: editora FGV,
2005.
ROBERTO, Hélio. O que significa ser cheio do Espírito Santo. 2018. Disponível
em: <https://www.gospelprime.com.br/o-que-significa-ser-cheio-do-espirito-santo>.
Acesso em: 16 dez.2019.
MATOS, Alderi Souza de. Breve história do protestantismo no Brasil. V.3, n.1,
2011.
MARQUES, José Roberto. Diferença entre dom e talento. 2017. Disponível em:
<www.jrmcoaching.com.br/blog/diferença-entre-dom-e-talento>. Acesso em 16 dez.
2019.
MELLO, Adriana Girão da Silva; LIMA, Daniel Barros de: A mulher e os desafios
do pastorado: um estudo de caso em uma Igreja Evangélica Assembleia de Deus
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na cidade de Manaus. Coisas do gênero. São Leopoldo, v.2, n.1, p.119-134, jan./jul.
2016.
SANTOS JÚNIOR, José Nunes dos. Pastora e mulher- “Ele me entregou o cajado”;
processos ensino-aprendizado utilizados na experiência formativa do pastorado
feminino pentecostal. Dissertação de mestrado. Universidade do Estado da Bahia.
Salvador. 2013.
SCOTT, Joan. W. “Gênero”: uma categoria útil para a análise histórica. Traduzido
pela SOS: corpo e cidadania, Recife, 1990.