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Igreja Metodista Central em Colatina

Pr. Marcílio Gonçalves Pereira Filho


Tema: Apostasia
Hb 3.12 – “Tende cuidado, irmãos, jamais aconteça haver em qualquer de vós perverso coração
de incredulidade que vos afaste do Deus vivo”.

O termo grego (aphistemi – apartar) é traduzido como decaída, deserção,


rebelião, abandono, retirada, afastamento daquilo a que antes se estava ligado.

APOSTATAR é o mesmo que quebrar o relacionamento salvífico com Cristo, ou apartar-se da


união vital com Ele e da verdadeira fé (n’Ele). Desta forma, a apostasia pessoal é possível
somente para quem já experimentou a salvação, a regeneração (justificação) e a renovação
pelo Espírito Santo (santificação). Não se trata da simples negação das doutrinas do Novo
Testamento pelos descrestes ou ainda não convertidos dentro da igreja (instituição). Ela poderá
envolver dois aspectos bem distintos entre si:
– A APOSTASIA TEOLÓGICA, ou seja, a rejeição de todos os ensinos originais de
Cristo e dos apóstolos ou de alguns deles (1 Tm 4.1; 2 Tm 4.3);
– A APOSTASIA MORAL, ou seja, aquele que era cristão deixa de permanecer em
Cristo e volta a ser escravo do pecado e da imoralidade (Is 29.13; Mt 23.25–28;
Rm 6.15–23; 8.6–13).
A Bíblia adverte fortemente quanto à possibilidade da apostasia, visando tanto nos alertar do
perigo fatal de abandonar nossa união com Cristo, como para nos motivar a perseverar na fé e
na obediência. O propósito divino desses trechos bíblicos de advertência não deve ser
enfraquecido pela idéia que afirma: “as advertências sobre a apostasia são reais, mas a sua
possibilidade, não”. Antes, devemos entender que essas advertências são como uma realidade
possível durante o nosso viver aqui, e devemos considerá-las um alerta, se quisermos alcançar
a salvação final. Alguns dos muitos trechos do NT que contêm advertências são: Mt 24.4,5,11–
13; Jo 15.1–6; At 11.21–23; 14.21–22; 1 Co 15.1–2; Cl 1.21–23; 1 Tm 4.1,16; 6.10–12; 2 Tm 4.2–
5; Hb 2.1–3; 3.6–8,12–14; 6.4–6; Tg 5.19–20; 2 Pe 1.8–11; 1 Jo 2.23–25.

Exemplos da apostasia propriamente dita acham-se: Êx 32; 2 Rs 17.7–23; Sl 106; Is 1.2–4; Jr


2.1–9; At 1.25; Gl 5.4; 1 Tm 1.18–20; 2 Pe 2.1,15,20–22; Jd 4,11–13.

O caminho que conduz à apostasia contém alguns passos perigosos, mas sutis:
– O/a cristão/ã, por sua falta de fé, deixa de levar plenamente à sério as
verdades, exortações, advertências, promessas e ensinos da Palavra de Deus (Mc
1.15; Lc 8.13; Jo 5.44,47; 8.46).
– Quando as realidades do mundo chegam a ser maiores que as do reino celestial
de Deus, o/a cristão/ã deixa paulatinamente de aproximar-se de Deus através de
Cristo (Hb 4.16; 7.19,25; 11.6).
– Por causa da aparência enganosa do pecado, a pessoa se torna cada vez mais
tolerante com o pecado na sua própria vida (1 Co 6.9,10; Ef 5.5; Hb 3.13). Já não
ama a retidão nem odeia a iniqüidade.
– Por causa da dureza de seu coração (Hb 3.8,13) e da sua rejeição aos caminhos
de Deus, não faz caso da repetida voz e repreensão do Espírito Santo (Ef 4.30; 1
Ts 5.19–22; Hb 3.7–11).
– O Espírito Santo se entristece (Ef 4.30; cf. Hb 3.7,8); seu fogo se extingue (1 Ts
5.19) e seu templo é profanado (1 Co 3.16). Finalmente, Ele se afasta daquele
que antes era cristão/ã (Jz 16.20; Sl 51.11; Rm 8.13; 1 Co 3.16–17; Hb 3.14).
Se a apostasia continua sem refreio, o indivíduo pode, finalmente, chegar ao ponto em que não
seja possível um recomeço.
– A pessoa que no passado teve uma experiência de salvação com Cristo, mas que
deliberadamente e continuamente endurece seu coração para não atender à voz
do Espírito Santo (Hb 3.7–19), continua a pecar intencionalmente (Hb 10.26) e se
recusa a arrepender-se e voltar a Deus, pode chegar a um ponto sem retorno em
que não há mais possibilidade de arrependimento e, por isso, salvação (Hb 6.4–
6; Dt 29.18–21). Há um limite para a paciência de Deus (1 Sm 3.11–14; Mt
12.31–32; 2 Ts 2.9–11; Hb 10.26–29,31; 1 Jo 5.16).
– Esse ponto de onde não há retorno, não se pode definir de antemão. Logo, a
única salvaguarda contra o perigo de apostasia extrema está na admoestação do
Espírito Santo: “Hoje, se ouvires a sua voz, não endureçais os vossos corações”
(Hb 3.7,8,15; Hb 4.7).

É importante deixar claro que, apesar da apostasia ser um perigo para todos/as
que vão se desviando da fé (Hb 2.1–3) e que se apartam de Deus (Hb 6.6), ela não se consuma
sem o constante e deliberado pecar contra a voz do Espírito Santo.

Aqueles que, por terem um coração incrédulo, se afastam de Deus (Hb 3.12),
podem pensar que ainda são verdadeiros crentes, mas sua indiferença para com as exigências
de Cristo e do Espírito Santo e para com as advertências das Escrituras indicam o contrário.
Uma vez que alguém pode enganar-se a si mesmo, Paulo exorta todos aqueles que afirmam ser
salvos: “Examinai-vos a vós mesmos se permaneceis na fé; provai-vos a vós mesmos” (2 Co
13.5).

Quem, sinceramente, preocupa-se com sua condição espiritual e sente no seu


coração o desejo de voltar-se arrependido para Deus, tem nisso uma clara evidência de que não
cometeu apostasia imperdoável. As Escrituras afirmam com clareza que Deus não quer que
ninguém pereça (2 Pe 3.9; cf. Is 1.18–19; Is 55.6–7) e declaram que Deus receberá todos que já
desfrutaram da graça salvadora, se arrependidos, voltarem a Ele (cf. Gl 5.4 com 4.19; 1 Co 5.1–
5 com 2 Co 2.5–11; Lc 15.11–24; Rm 11.20–23; Tg 5.19–20; Ap 3.14–20). Veja o exemplo de
Pedro: Mt 16.16; Mt 26.74–75; Jo 21.15–22.

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