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FACULDADE SANTA RITA DE CÁSSIA – IFASC

III CONGRESSO DE CIÊNCIAS SOCIAIS, SAÚDE E ENGENHARIAS


“Diversidade e inclusão: a força no mercado de trabalho e inovação”
Data: 21 a 25 de novembro de 2022

A GESTÃO DE CUSTOS NAS PROPRIEDADES RURAIS DO ESTADO


DE GOIÁS NO AVANÇO DA AGRICULTURA

Carolina Moraes FARIA1


Izabela Monteiro da Silva PRADO2
Victor Hugo ALVES3
Ivan Pereira BENTO4

RESUMO: O Brasil é um dos maiores produtores e exportadores de alimentos do mundo, o que faz com que
seja cada vez mais importante o produtor rural ter planejamento, controle e acompanhamento de sua atividade,
mesmo que seja de forma simples. O presente trabalho teve por objetivo compreender o papel do controle de custos
nas propriedades rurais, e como essa ferramenta pode auxiliar do desenvolvimento e prevalencia desses
empreendimentos no mercado. Foi encontrado informações significativas a respeito do controle de custos de
agricultores, contudo, ainda há poucos estudos que retratem a realidade do estado de goiás. Percebe-se que o
controle de custos pode ser decisivo para um bom crescimento das propriedade rurais, o que gera uma demanda de
ações que levem informação e concientização de pequenos e médios agricultores.

PALAVRAS-CHAVE: controle, agricultura, custeio.

ABSTRACT: Brazil is one of the largest food producers and exporters in the world, which makes it
increasingly important for rural producers to have planning, control and monitoring of their activity, even if
it is in a simple way. The present work aimed to understand the role of cost control in rural properties, and
how this tool can help the development and prevalence of these enterprises in the market. Significant
information was found regarding the cost control of farmers, however, there are still few studies that portray
the reality of the state of Goiás. It is noticed that cost control can be decisive for a good growth of rural
properties, which generates a demand for actions that bring information and awareness of small and medium
farmers.

Keywords: control, agriculture, costing.

1 INTRODUÇÃO

O Brasil se destaca no cenário mundial como um dos maiores produtores e


exportadores de alimentos. A produção de matéria prima e de alimentos, começou a se
exigir um maior controle sobre os custos de produção tornando se necessário a utilização

1 Faculdade Santa Rita de Cássia – IFASC. Discente do curso de bacharelado em Ciências Contábeis - carolinamoraescar@gmail.com
2 Faculdade Santa Rita de Cássia – IFASC. Discente do curso de bacharelado em Ciências Contábeis - izamonteiro1020@gmail.com
3 Faculdade Santa Rita de Cássia – IFASC. Discente do curso de bacharelado em Ciências Contábeis - victorhugo.alvess@hotmail.com
4 Faculdade Santa Rita de Cássia – IFASC. Docente do curso de bacharelado em Ciências Contábeis. Especialista em em Agronegocios e -
ivanpbento@hotmail.com
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da contabilidade de custos na gestão dos negócios Além das novas tecnologias, para
lograr êxito na atividade rural o produtor precisa estar atento às condições climáticas, do
solo, tipos de culturas, preços praticados entre outras e, ainda, necessita de planejamento e
controle dos gastos relativos às atividades. É importante produtor rural ter planejamento,
controle e acompanhamento de sua atividade, mesmo que seja de forma simples, mas que
seja eficaz (CREPALDI, 2009).
Somente no mês de Julho de 20122, as exportações do agronegócio brasileiro alcançaram
o valor recorde de US$ 14,28 bilhões para o mês. Há uma demanda no mundo de que o Brasil
continue produzindo grãos, carne; de como que o país seja um player responsável pelo
abastecimento interno e por exportar para o mundo, principalmente aqueles que vivem momento
difícil de insegurança alimentar (BRASIL, 2022).
Em Goiás, a estimativa é de produção de 28,1 milhões de toneladas de grãos nesta
temporada, avanço de 14,2% em comparação ao ciclo anterior. O estado deverá responder por
10,3% da produção total de grãos do país na safra 2021/2022 (BRASIL, 2022). Goiás deve
assumir, este ano, a quinta posição no ranking nacional de Valor Bruto de Produção (VBP). A
estimativa do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) aponta para um
crescimento de 3,3% em relação ao ano passado. Em 2021, o VBP goiano totalizou R$ 102,2
bilhões; este ano, deve chegar a 105,6 bilhões. A agricultura responde por 71,1% do total,
enquanto a pecuária fica com 28,9% (NOTÍCIAS AGRÍCULAS, 2022).
Conforme pesquisa do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento, o
agronegócio abrange o pequeno, médio e o grande produtor rural, fornecendo bens e serviços à
agricultura, produção agropecuária, processamentos de alimentos, e a distribuição dos produtos
até o consumidor final (CALLADO, SOARES, 2014).
O uso das ferramentas da gestão de custos é primordial para os produtores na
administração da sua produção. o produtor deve se profissionalizar por completo e adotar todas
as técnicas e procedimentos modernos de modo que produza com eficiência, buscando escala e
redução de custos (NOGUEIRA, 2004)
Santos (2005) afirma que toda propriedade rural necessita da gestão de custos para
controle de sua atividade bem como para gerir seu negócio. A análise dos custos de produção
poderá auxiliar na gestão da atividade do produtor rural, possibilitando analisar os componentes
que envolvem a produção, os custos e os benefícios gerados por eles (Marion & Segatti, 2006).
Desse modo, agregando as informações de mercado, é possível identificar os riscos e as
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oportunidades que a atividade apresenta no longo prazo.


Para Simionatto (2018), nos empreendimentos rurais são encontrados diversos fatores
que interferem diretamente no seu desempenho, sendo que muitos desses fatores são difíceis de
serem controlados na produção, mas outros, relacionados a gestão da produção são passíveis de
controle.
A preocupação com melhoria dos processos produtivos e de comercialização ocupa cada
vez mais o espaço organizacional, independentemente do tamanho ou do ramo da empresa. Para
que melhorias sejam executadas é fundamental um bom gerenciamento de custos, pois com uma
gestão de custos bem estruturada o processo de tomada de decisões torna-se mais assertivo e
seguro, contribuindo para a obtenção de bons resultados (GALINO, CARVALHO, 2016).
Para o pequeno agricultor, entretanto, manter-se no mercado agrícola é uma tarefa difícil,
pois o valor dos investimentos requeridos é elevado e há dificuldade em controlar os custos de
produção, as despesas administrativas e manter o capital de giro. Administrar pequena
propriedade rural a partir da adoção de métodos de apuração de custos e de resultados adaptados
à tecnologia existente na propriedade e à cultura local torna-a sustentável em termos econômicos
e financeiros (GALINO, CARVALHO, 2016).
Desse modo, torna-se necessário entender como se dá a gestão de custo nas atividades
das propriedades rurais do estado de Goiás, e como essa ferramenta como constribuir para para
o desenvolvimento agricultura no estado.

2 METODOLOGIA/ MATERIAL E MÉTODOS

Foi realizada uma revisão narrativa da literatura, buscando trabalhos que permitam
entender, de forma geral, como se dá a presença da gestão de custo nas atividades das
propriedades rurais do estado de Goiás, e como essa ferramenta como constribuir para a
agricultura. Seguiu-se uma estratégia de busca criteriosa, por meio de metodologia descrita por
Lakatos e Marconi (2021). No levantamento da literatura buscou-se por descritores como,
gestão de custos; propriedades rurais; agricultura em Goiás. A busca, que foi delimitada ao
período de 2010 a 2022, foi realizada nas seguintes bases de dados eletrônicas: SciELO, Google
Acadêmico, e o Portal de Periódicos Capes.
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3 DESENVOLVIMENTO/ REFERENCIAL TEÓRICO/ RESULTADOS E


DISCUSSÃO

Conforme definido pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA),


Brasil, (1970), pequeno agricultor é tido como aquele que possui área entre 0,1 a 71,9 hectares,
o médio produtor rural possui propriedade entre 72 e 269,9 hectares ao passo que o produtor
que tem a propriedade acima de 270 hectares é considerado grande produtor.
A atividade rural pode ser exercida de várias formas, podendo ser de subsistência, de
nível comercial e até de exploração por empresas rurais que exploram os setores agrícolas,
pecuários e agroindustriais (MARION, 2007).
Uma empresa rural possui três fatores de produção, que são: a terra, o capital e o trabalho.
Na terra são aplicados os outros fatores como o capital e o trabalho, com intuito de produzir.
O capital é representando pelo montante de bens que se encontram na terra destinados a
aumentar e melhorar a capacidade de produção, e também para facilitar o trabalho dos
indivíduos na exploração da terra, galpões, terraços, animais de serviço e de produção,
maquinários agrícolas e insumos agropecuários são exemplos do fator de produção capital. O
terceiro fator de produção, trabalho, constitui se das atividades que o homem exerce como a
administração suas atividades, as práticas agrícolas entre outras. Para a administração da
atividade rural é exigido maior conhecimento, pois o empresário rural deverá coordenar as
funções de atividades dos outros trabalhadores e conciliar os três fatores de produção para
tingir boa produtividade e obter resultados econômicos esperados (CREPALDI, 2009).
A contabilidade de custos tem um papel determinante na tomada de decisão, pois fornece
dados relevantes, melhorando os controles, mensurando patrimônios proporcionando
informações uteis para uma análise concisa aos administradores. Para o sucesso de uma
atividade é necessário que o gerente tenha conhecimento dos custos incorridos no processo de
produção, pois a gestão eficiente colabora com o melhor andamento do negócio e é
imprescindível para o sucesso de qualquer organização (MARTINS; 2010).
Andrade et al (2012) explicam que a contabilidade de custos compõe de ferramentas
importantes para tomada de decisão de qualquer ramo do negócio, principalmente na
agricultura. Na agricultura, os custos são todos os gastos cometidos no processo de produção
da cultura, todos os gastos relacionados diretos e indiretamente compõe os custos do produto,
assim como as sementes, adubos, mão de obra, defensivos e etc (IUDÍCIBUS, MARION;
2000)
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Segundo Marion (2007) gastos usados diretamente ou indiretamente nas culturas


agrícolas, como sementes e mão de obra são considerados custos da cultura. As despesas são
os gastos que não são decorrentes da cultura, que não estão nos estoques, mas sim aquelas
despesas administrativas financeiras e as despesas com a venda dos bens oriundos da cultura
agrícola. Na agricultura a produção está sujeita a perdas decorrentes de incêndios, geadas,
enchentes, chuvas de granizo, secas e outros fenômenos da natureza. A perda, nestes casos,
pode ser considerada parcial e em muitos casos até total.
Há também o conceito de lucro que as empresas tanto almejam, ele é um importante
instrumento não só de sobrevivência das empresas, mas também de medição do sucesso que
estão tendo em vista do papel que possuem perante a sociedade, em relação ao atendimento as
necessidades de bens e serviços que os usuários buscam. Sousa (2011) conceitua o lucro como
sendo a diferença das receitas totais da entidade com o montante de custos decorrentes da
produção e venda dos bens e serviços. Pode ser considerado como a sobra da empresa. Se
houver o lucro é sinal que o total das receitas é superior aos custos e despesas.
Um conceito importante que deve ser levado em consideração na contabilidade de custos
é, para Silva (2009) a depreciação é um custo necessário para a substituição dos bens quando
estes se tornam inúteis pelo desgaste, ou perdem o valor econômico no decorrer dos anos com
os avanços tecnológicos.
Como o que é visto em culturas permanentes onde são extraídos apenas os frutos,
permanecendo as plantas produtivas. Essas culturas são depreciadas conforme quanto forem
os anos de produção. Além da cultura permanente, as máquinas e implementos agrícolas
também sofrem depreciação. Entretanto, alguns produtores rurais não levam este custo em
consideração (OLIVEIRA, 2010).
A correta classificação dos custos é de extrema importância para a implantação de uma
gestão de custos, se classificados de forma incorreta, a real situação da propriedade será
distorcida. Esta pode ser uma das maiores dificuldades encontradas por parte dos proprietários
rurais que gerenciam sua propriedade, por isso é primordial a busca por auxílio para
classificação e tratamento dos custos (LOURENZANI, 2006).
A gestão de custos oferece uma diversidade de práticas, que assim como em empresas
do setor da indústria, comércio ou serviços, também podem contribuir de maneira efetiva para
extrair dados que sirvam na tomada de decisão das propriedades rurais familiares
(LOURENZANI, 2006).
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Na agricultura, são considerados custos todos os gastos envolvidos de maneira direta e


indireta com a cultura produzida, podendo-se citar como exemplos os custos com sementes,
adubos, defensivos, mão-de-obra, dentre outros (ANDRADE, et al, 2012). O funcionamento
de um empreendimento rural é resultado de uma estrutura complexa, composta por variáveis
interdependentes.
A gestão de custos é justamente um desafio para o agronegócio porque sua conjuntura se
diferencia de outros tipos e negócios no que se refere ao tempo da produção e venda dos
produtos, bem como entre os custos e a obtenção da receita (LOPES et al., 2012).
Para que os empreendimentos rurais obtenham sucesso nas suas atividades é de suma
importância manter uma gestão de custos organizada, de forma a obter informações
importantes para tomar decisões como: o que plantar, quais métodos de produção empregar,
formular o preço de venda corretamente dentre outros. A contabilidade de custos é fundamental
quando se trata de tomada de decisões, através dela é possível obter dados relevantes, melhorar
os controles, mensurando patrimônios fornecendo dados úteis para usuários que necessitam
tomar decisões (MOREIRA, MELO, CARVALHO; 2016).
Para Marion (2002), a contabilidade das empresas rurais é muito importante, pois traduz
em valores monetários, o desempenho do negócio e evidencia o grau de eficiência de sua
administração. Apesar de ser uma atividade que legalmente exige um profissional
especializado para executá-la, a contabilidade é uma ferramenta que deve estar sempre próxima
do proprietário rural, pois são nos registros contábeis que o produtor deve se guiar no momento
de tomada de decisões, corrigindo possíveis erros de investimento ou gastos indevidos.
Ter conhecimento exato de quanto cada produto traz de rendimento é possível se o
agricultor conhecer a composição dos seus custos. O diagnóstico de problemas na produção
pode ser feito através da análise da composição dos custos de produção, da mesma maneira,
fazer conclusões acerca do real rendimento de cada produto, tendo em vista que a identificação
e controle permitem determinar em qual parte do processo de cultivo ocorreram os gastos mais
expressivos (CALGARO; FACCIN, 2012).
Recursos advindos da tecnologia, informações disponibilizadas pelos administradores
são algumas fontes que contribuem na tomada de decisões. Além disso outros fatores também
influenciam as decisões tomadas nos empreendimentos rurais, como às políticas
governamentais e as condições impostas pelo mercado (SIMIONATTO et al, 2018). A
continuidade e o desenvolvimento de qualquer empresa dependem da sua estruturação quanto
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a gestão bem como da utilização de práticas de custos (MOREIRA; MELO; CARVALHO,


2016).
A Gestão de Custos no ramo do agronegócio tem o objetivo de ajudar em uma gestão
eficiente e a maximizar recursos insuficientes, visando uma melhoria contínua na produção
energética e na produção de alimentos. Se baseando na crescente necessidade de produção para
suprir as necessidades da população mundial, diminuindo os custos de produção e desta forma
oferecendo condições de acesso ao consumo a todas as classes (LIZOT et al, 2016).
A margem de lucratividade do pequeno agricultor normalmente é baixa, ou seja, o seu
ganho é pouco se comparado ao faturamento dos grandes produtores, por esse motivo se não
houver controle nos custos e um gerenciamento dinâmico pode ocorrer prejuízos e
comprometer a continuidade da atividade. Por isso, é pertinente a busca pelo conhecimento de
métodos e instrumentos quanto a negociação do produto com menores riscos, no que se refere
as variações de preço.
O que pode estar relacionado com o fato de que médias e grandes empresas que são
estruturadas e com grande tecnologia esse processo de gestão é encarado como normal,
diferentemente dos pequenos empreendimentos que enfrentam dificuldades na implementação
de metodologias e padrões administrativos devido a fatores como a capacitação gerencial das
pessoas inseridas no processo (POSSENTI, 2010)
Costa et al (2013), ponderam que agricultores com produções agrícolas maiores, maiores
áreas de cultivo são aqueles que possivelmente apresentam maior renda bruta, todavia são os
que possuem maiores obrigações fixas, assim sendo, precisam garantir uma condição de renda
adequada para arcar com todas as despesas da propriedade rural. A gestão de custos nos
estabelecimentos rurais exige novas habilidades dos seus proprietários, os produtores rurais
deixam de ser apenas produtores e passam a ser gestores, adquirindo obrigações inerentes a
administradores de uma empresa. Os produtores que não tiverem um controle e planejamento
da sua produção agrícola encontrarão dificuldades para gerar lucro e se manterem no mercado.
Cada produtor possui características específicas na maneira em que opera e isso
influencia na projeção de resultados bem como na avaliação dos resultados que realmente são
alcançados: podem ser conduzidos com base em documentos e tecnologia de informação,
chegando a altos graus de formalização, bem como podem se amparar na intuição ou na
experiência acumulada, sem ao menos serem demonstradas. Quando se trata de pequenas
propriedades rurais familiares, estas normalmente possuem um nível baixo de organização e
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planejamento e dificilmente utilizam práticas com registros efetivos de informações que


orientem a tomada de decisão (CLEMENTE et al, 2010).
As dificuldades na atividade rural são causadas por ausência de informações relacionadas
a gestão e a falta de conhecimento de instrumentos de controle de custos. Essas limitações
acarretam problemas na geração de informações no que diz respeito a recursos utilizados,
apuração de resultados e probabilidade de obtenção de lucro (MOREIRA; MELO;
CARVALHO, 2016).
O clima é outro fator que é enfrentado pelo produtor rural e que causa impacto nos custos.
De acordo com o Musyoka e Otumba (2016) na atividade agrícola existem fatores que não
podem ser controlados pelo produtor, como os fatores climáticos, interferindo no risco de
perdas na produtividade, entretanto esses riscos podem ser conhecidos com base em dados
históricos da região, auxiliando dessa forma na tomada de decisão sobre o plantio.
Outro ponto desfavorável para propriedades rurais no que diz respeito ao tratamento dado
aos custos é a adaptação de um sistema de controle de custos. Dumer et al (2013) corrobora
que “se o proprietário rural aliar um sistema contábil eficiente a boas práticas de captação e
organização de informações poderá obter um diagnóstico da situação da propriedade”. O rigor
no controle dos elementos de custos é um dos limitadores organizacionais para o pleno
funcionamento da gestão de custos (CALLADO et al, 2007).
Outro motivo para a não adoção de sistema de custos é que os produtores rurais acreditam
que o gerenciamento feito de forma simples e básico já se faz suficiente (Metzner et al 2013).
É preciso fazer a escolha adequada do sistema de custos, levando em consideração o ramo do
estabelecimento, o seu porte e as informações que serão fornecidas por esse sistema, se
escolhido de forma incorreta além de não proporcionar benefícios o sistema poderá causar
distorções e colaborar para o mau andamento do negócio.
Savic, Vasiljevic, Dordevic (2014) citam as finalidades da utilização de um sistema de
contabilidade de custos dizendo que é a compra de um componente de produto específico ou
produção por si só, seja para o aceite de uma ordem especial, para inserir um novo produto, ou
seja ainda para suprimir ou reorganizar algum produto”.
A separação dos gastos da produção com os demais custos (custos e despesas pessoais)
faz parte dos desafios enfrentados pelo produtor rural, a não separação causa resultados
distorcidos (GRISA, 2007). Para Marion (2002) a contabilidade é uma ferramenta que deve
estar sempre próxima do proprietário rural, pois são nos registros contábeis que o produtor
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deve se guiar no momento de tomada de decisões, corrigindo possíveis erros de investimento


ou gastos indevidos.
A contabilidade rural tem como objeto o patrimônio das empresas rurais e como objetivo
o “patrimônio e seu uso, determinação do lucro e controle do patrimônio”. Surgiu da
necessidade de gerar informações para auxiliar no controle e planejamento das atividades
relacionadas ao patrimônio dessas entidades (CREPALDI, 2009).
Mas esse tipo de contabilidade é uma das ferramentas menos utilizadas pelos brasileiros
nas gestões de seus negócios, pois é considerada uma técnica complexa de se usar e que traz
pouco retorno. Crepaldi (2009) ainda menciona que quando realizada a contabilidade rural tem
sua finalidade para fins fiscais, mais especificamente para o Imposto de Renda.
Nas empresas rurais a contabilidade rural representa um dos mais importantes sistemas
de controle fornecendo informações sobre estrutura, investimentos, da expansão dos negócios,
aonde devem ser reduzidos os custos ou aonde pode se aplicar mais recursos. Também fornece
informações a administradores de outras empresas rurais nas relações comerciais com bancos
fornecedores e clientes (CREPALDI, 2009).
Ainda que a contabilidade seja conhecida pela capacidade de mensurar e informar seus
eventos, o princípio da entidade vem sendo constantemente deixado de lado nas propriedades
rurais, pois a grande maioria dos produtores não separam suas despesas próprias das da
entidade rural, fantasiando assim a apuração do lucro, dado a falta de uma separação correta
desses valores. Assim, muitos produtores rurais não possuem um controle organizado de suas
operações financeiras, não conseguem apurar ao certo o lucro de suas atividades, separar o
lucro de cada atividade, e assim acabam misturando a renda de diversas atividades em um único
caixa (CREPALDI, 2009).
As operações na gestão agropecuária são subdivididas, segundo Crepaldi (2009), em
aspéctos técnico: onde estuda a viabilidade ou possibilidade de implantação de determinada
cultura ou criação, implicando na escolha dos insumos pertinentes a cultura ou criação a ser
realizada; econômico: relacionado ao levantamento dos custos e resultados na produção; e o
financeiro: estuda a possibilidade de obtenção de recursos financeiros para.
A contabilidade de custos tem duas funções básicas: a primeira sendo no auxílio ao
controle e a segunda na ajuda nas tomadas de decisões (MARTINS, 2010). No papel de auxílio
no controle ela fornece dados para orçamentos, previsão e padrões dentro da entidade. E para
ajuda na tomada de decisões fornece informações sobre valores relevantes a curto e longo
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prazo, sobre preços de venda, corte ou inclusão de novos produtos entre outros.
Conforme essas necessidades a Contabilidade de Custos, deve se organizar em termos de
sistemas de acumulação de dados, em critérios de avaliação e apropriação dos custos, para
produzir relatórios que vão coletar os dados de diversas fontes e transformá-los em
informações.
Segundo Leone (2000) a Contabilidade de Custos deve identificar, classificar, registrar,
e interpretar os dados monetários provenientes das atividades desenvolvidas na entidade, com
o fim de auxiliar na tomada de decisão da área administrativa.
A contabilidade de custos tem diversas finalidades para os agricultores e empresas rurais,
frequentemente visando melhor controle gerencial com as informações obtidas. Segundo
Callado e Callado (2009) o produtor pode utilizar essas informações para escolhas de praticas
agrícolas em outros períodos, assim como o governo e entidades de classe podem se apropriar
das informações para políticas publicas que venham manter condições para a competitividade
entre os produtos comercializados.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS/ CONCLUSÃO

O uso dos custos como ferramenta da contabilidade na produção agricula permite ao


produtor rural o entendimento de como gerenciar seu negócio, vez que com tais informações
relacionadas a mensuração dos custos, é possível estabelecer o ponto de equilíbrio e analisar a
margem de lucro, ajudando na gestão financeira do negócio. A apuração dos resultados do conjunto
de atividades produtivas realizadas nas pequenas propriedades rurais orienta para um novo olhar
sobre os recursos a serem aplicados, sendo uma ferramenta cada vez mais necessária.

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