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Introdução
Jonathan Edwards foi um pastor congregacional que
viveu no século XVIII, sendo considerado um dos maiores
teólogos e pensadores da história dos Estados Unidos.
Edwards apoiou alegremente o reavivamento, vendo nele a
manifestação genuína do Espírito de Deus, mas também foi
um crítico severo dos desvios, exageros e impropriedades que
por vezes ocorreram. Uma de suas principais preocupações foi
mostrar em seus escritos quais os critérios pelos quais se pode
reconhecer a autenticidade de uma experiência religiosa dessa
natureza.
Jonathan Edwards
Jonathan Edwards nasceu em 1703, em Windsor do Leste, Connecticut,
sendo filho de um consagrado ministro congregacional. Loyd-Jones descreve-o
como tendo um intelecto vigoroso, imaginação brilhante, originalidade admirável e
acima de tudo honestidade em todos os seus escritos. Além disso, Edwards era
dotado de humildade, modéstia e excepcional espiritualidade, sendo ao mesmo
tempo um vigoroso teólogo, um hábil pastor e um grande evangelista.2 James
Packer acrescenta que “era um homem alto, reservado, de voz suave, mente
privilegiada e coração modesto”.3
Edwards ingressou no Colégio de Yale em 1716 onde obteve o grau de
bacharel em 1720, onde continuou seus estudos teológicos e trabalhou como
professor assistente por algum tempo. Após um breve pastorado numa igreja
presbiteriana de Nova York, em 1726, aos 23 anos de idade, ele foi auxiliar o seu
avô, Salomão Stoddard, o famoso pastor da igreja de Northampton, Massachusetts.
No ano seguinte, Jonathan casou-se com Sarah Pierrepont, então com 17
anos de idade, filha de um pastor bem conhecido e bisneta do primeiro prefeito de
Nova York. Os historiadores destacam a harmonia, amor e companheirismo que
sempre caracterizou a vida do casal. Eles gostavam de andar a cavalo ao cair da
tarde para poderem conversar e antes de se deitarem sempre tinham juntos os seus
momentos devocionais.
Jonathan e Sarah tiveram 11 filhos, todos os quais chegaram à idade adulta,
fato raro naqueles dias. Em 1900, um repórter identificou 1400 descendentes do
casal Edwards. Entre eles houve 15 dirigentes de escolas superiores, 65
professores, 100 advogados, 66 médicos, 80 ocupantes de cargos públicos,
1
Esta aula é uma versão interpolada do artigo do Dr. Alderi S. Matos, “Avivamento Nos Dias de Jonathan
Edwards:Relevância Atual”. www.monergismo.com, acesso em 27/05/2005.
2
D. M. Loyd-Jones, Os Puritanos, Suas Origens e Seus Sucessores, PES, p. 361.
3
James I. Packer, Entre Os Gigantes de Deus, Fiel, p.335.
2
Contexto Religioso
Quando Jonathan Edwards iniciou o seu ministério, a Nova Inglaterra, já
havia sido colonizada pelos ingleses há cem anos. Os colonos eram, em sua
maioria, puritanos calvinistas, que haviam lutado sem muito sucesso por uma
igreja mais pura na Inglaterra, então buscaram maior liberdade para as suas
convicções no Novo Mundo.
Após um período inicial de sofrimentos e provações amargas, os colonos
prosperaram materialmente. No final do século XVII, a vida na Nova Inglaterra era
em grande parte pacífica e confortável. A maioria das pessoas pertencia à classe
média e o nível educacional era relativamente alto.
Todo esse progresso havia sido alcançado por causa dos valores religiosos e
éticos dos puritanos, como o seu amor ao trabalho, sua disciplina de vida, sua
rejeição de vícios e a preocupação em serem bons mordomos das bênçãos de Deus.
Porém, juntamente com a prosperidade material, ocorreu um declínio no
fervor religioso entre as novas gerações. O cristianismo de muitos tornou-se
meramente nominal; o mundanismo e a apatia espiritual tornaram-se
4
D. M. Loyd-Jones, Os Puritanos, Suas Origens e Seus Sucessores, PES, p. 365.
5
Sobre o reavivamento entre os presbiterianos, ver o artigo de: Frans L. Schalkwijk, "Aprendendo da História dos
Avivamentos," em Fides Reformata II-2, p. 61-68.
6
J. I. Packer, Entre Os Gigantes de Deus, Fiel, p.336.
3
7
D. M. Loyd-Jones, Os Puritanos, Suas Origens e Seus Sucessores, PES, p. 368.
8
O título completo é: Uma Narrativa da Surpreendente Obra de Deus na Conversão de Centenas de Almas em
Northampton e Nas Cidades e Vilas Vizinhas (Packer, Entre os Gigantes de Deus, p.342).
9
Publicado em português com o título: A Verdadeira Obra do Espírito, por Ed. Vida Nova.
4
10
Packer, Entre Os Gigantes de Deus, Fiel, p.352.
11
D. M. Loyd-Jones, Os Puritanos, Suas Origens e Seus Sucessores, PES, p. 369.
5
uma experiência religiosa genuína; eles incluíam uma ênfase na obra graciosa de
Deus, doutrinas consistentes com a revelação bíblica, e uma vida marcada pelo
fruto do Espírito.
O segundo erro é dar ênfase não a Deus, mas às respostas humanas a Ele,
algo muito comum hoje com toda a celebração do eu, as experiências pessoais, os
testemunhos auto-congratulatórios. Edwards insistiu em que a essência da
verdadeira espiritualidade é ser dominado pela visão da beleza de Deus, ser atraído
para a glória das suas perfeições, sentir o seu amor irresistível.
Portanto, na verdadeira experiência cristã, o conhecimento de Deus é algo
sensível, experimental. A verdadeira experiência cristã consiste não somente em
conhecer e afirmar doutrinas cristãs verdadeiras, por importantes que sejam, mas é
um conhecimento afetivo, ou a consciência das verdades que a doutrina descreve.
Difere do conhecimento especulativo, assim como o sabor do mel difere do mero
entendimento de que o mel é doce. O cristão, diz Edwards, "não apenas crê
racionalmente que Deus é glorioso, mas tem em seu coração o senso da majestade
de Deus."14
Se nossos corações são transformados pelo amor de Deus, assim devem ser
transformadas as nossas ações. Se somos mudados ao contemplarmos a beleza do
amor de Deus, então amaremos de maneira especial todo ato de virtude que reflete
o caráter amoroso de Deus.
Conclusão
Jonathan Edwards acreditava na importância e necessidade do reavivamento.
Ele viu o Grande Despertamento como uma obra do Espírito de Deus,
revitalizando e capacitando a igreja para a sua missão no mundo. Ao mesmo
tempo, ele estava consciente de desvios, excessos e até mesmo de atuações
satânicas que produziam excentricidades, descontrole emocional, ostentação e
escândalos.
Porém, ele entendia que tais problemas não invalidavam os aspectos
positivos do reavivamento e, mais ainda, que alguns dos "fenômenos" ou
"manifestações”, ainda que inusitados, eram admissíveis diante das experiências
profundas da graça de Deus que muitas pessoas estavam tendo, inclusive a sua
esposa. Tais coisas, em si mesmas, nada provavam.
Os critérios que realmente indicavam se as conversões e o despertamento
eram genuínos ou não eram os frutos visíveis:
Convicção de pecado,
Seriedade nas coisas espirituais,
Preocupação suprema com a glória de Deus,
Apego profundo às Escrituras,
Mudanças no comportamento ético,
Relacionamentos pessoais transformados
Influência transformadora na comunidade.
14
Citado por Alderi S. Matos, sem indicação de fonte.
7
15
Packer, Entre os Gigantes de Deus, p.343-345.