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das cavalariças inflamadas sobre as janelas do aposento.

A ação, no entanto, foi apenas momentânea; o seu olhar virou-se

maquinalmente para a parede. Com grande espanto seu, a cabeça do gigantesco

corcel — coisa horrível! — tinha entretanto mudado de posição. O pescoço do

animal, primeiramente inclinado como por compaixão para o corpo tombado do

seu senhor, estava agora estendido, rígido e a todo o comprimento, na direção do

barão. Os olhos há pouco invisíveis, continham agora uma expressão enérgica e

humana, e brilhavam com uma tonalidade vermelha, ardente e extraordinária; e

os beiços distendidos desse cavalo de aspeto enraivecido deixavam aperceber

plenamente os seus dentes sepulcrais e repugnantes.

Estupefacto pelo terror, o jovem senhor saiu cambaleando. Ao abrir a

porta, um clarão de luz vermelha brilhou ao longo da sala, desenhando

nitidamente o seu reflexo na tapeçaria trémula; e quando o barão hesitou um

instante no patamar, estremeceu vendo que esse reflexo tomava a mesma

posição e preenchia exatamente o contorno do implacável e triunfante assassino

do Berlifitzing vencido.

Para aliviar o seu espírito deprimido, o barão Frederico procurou

precipitadamente o ar livre. A porta principal do palácio encontrou três

escudeiros. Estes, com muita dificuldade e com perigo da sua vida, comprimiam

os saltos convulsivos de um cavalo gigantesco, cor de fogo.

— De quem é este cavalo? Onde o encontraram? — perguntou o jovem

com voz imperiosa e rouca, reconhecendo imediatamente que o misterioso

cavalo da tapeçaria era o próprio animal furioso que tinha diante dele.

— É sua propriedade, senhor — respondeu um dos escudeiros — pelo

menos nenhum proprietário o reclamou. Apanhámo-lo quando fugia, ardente e


espumante de raiva, das cavalariças escaldantes do castelo Berlifitzing. Supondo

que pertencesse à coudelaria estrangeira do velho conde, trouxemo-lo com os

restantes. Mas os criados abdicaram dos direitos sobre o animal, o que é estranho,

pois ele tem marcas evidentes do fogo, o que prova que escapou de boa.

— As letras W. V. B. estão igualmente marcadas a ferro muito

distintamente na testa — interrompeu um segundo escudeiro. — Suponho pois

que se trata das iniciais de Wilhelm von Berlifitzing, mas toda a gente no castelo

afirma positivamente não ter conhecimento do cavalo.

— Extremamente singular! — disse o jovem barão, com ar sonhador,

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