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GUIA PARETO

Anticoncepção

TRADICIONAL
Olá, aluno Aristo!
Neste guia, cuidadosamente elaborado, você terá acesso a um conteúdo de
extrema qualidade seguindo a nossa metodologia, baseada no Princípio de
Pareto. Isso significa que você estudará especialmente o que mais cai em
provas.

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Nesta página, você vê a distribuição geográfica da cobrança deste tema nas provas pelo
Brasil, bem como as dez instituições em que ele mais apareceu nos últimos cinco anos.

⚫⚫⚫

Alta
Moderada
Baixa

As 10 provas em que este tema é mais cobrado


INEP-
Instituição FAMERP HUOL UNB HCPA HASP ABC HPEV UNIRV SURCE
Revalida

Questões 11 11 10 10 10 9 9 9 9 8
Legenda da Aristo

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Para além do Pareto Questão CCQ


É o assunto que mais cai em prova Questão de prova oficial, selecionada
dentro de um determinado tema, ou com base no conteúdo Pareto de
seja, você não pode deixar de vê-lo. cada grande área.

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TOP 5

O nosso TOP 5 CCQ reúne os conteúdos-chave mais relevantes nos últimos cinco anos.

1 Indicações e contraindicações dos métodos contraceptivos hormonais

2 Indicações e contraindicações dos dispositivos intrauterinos

3 Métodos contraceptivos elegíveis no puerpério

4 Regulamentação da laqueadura tubária

5 Adolescência e o direito ao acesso a métodos contraceptivos


Anticoncepção - Sumário

1. Introdução aos métodos contraceptivos 6

1.1 Índice de Pearl 6

1.2 Critérios de elegibilidade da OMS 7

1.3 Métodos contraceptivos reversíveis de longa duração (LARCs) 8

2. Métodos contraceptivos hormonais 9

Questão 01  9

2.1 Contraceptivos hormonais combinados  11

2.1.1 Quais são os contraceptivos hormonais combinados? 11

2.1.2 Principais efeitos adversos 11

2.1.3 Principais contraindicações  12

2.1.4 Observações importantes 15

2.2. Contraceptivos hormonais apenas com progestagênios  15

2.2.1 Quais são os contraceptivos hormonais apenas com progestagênios? 15

2.2.2 Principais efeitos adversos 16

2.2.3 Principais contraindicações dos contraceptivos hormonais apenas com


progestagênios 17

3. Dispositivos intrauterinos (DIU) 17

3.1 DIU de cobre 18

3.2 DIU hormonal (levonorgestrel)  19


Anticoncepção - Sumário

3.3 Principais contraindicações aos dispositivos intrauterinos 21

Questão 02  21

3.4 Quando inserir o DIU? 24

3.5 O que fazer em caso de gestação na presença do DIU?  24

3.6 O que fazer em caso de infecção local (DIP) na presença do DIU?  24

3.7 O que fazer em caso de perfuração uterina pelo DIU?  24

4. Métodos de barreira e métodos naturais 26

5. Contracepção cirúrgica 28

Questão 03  28

6. Anticoncepção de emergência 29

7. Contracepção no puerpério  29

Questão 04  29

8. Contracepção na adolescência  31

Questão 05  31
Anticoncepção

Esse tema é importantíssimo na Ginecologia, com incidência alta nas provas, apesar de ser
um assunto relativamente curto. Portanto, estude com muita atenção, pois certamente o
esforço valerá a pena! Vamos nessa?

1. Introdução aos métodos contraceptivos


Métodos contraceptivos são métodos reversíveis e temporários cujo objetivo é evitar
a concepção. Já os métodos de esterilização, com laqueadura tubária e vasectomia, são
considerados irreversíveis.
Existem diversos métodos contraceptivos, com características distintas quanto ao mecanismo
de ação, efetividade, efeitos adversos e contraindicações. As comparações entre eles são
os assuntos mais abordados em provas.

1.1 Índice de Pearl


A eficácia e efetividade dos métodos contraceptivos são avaliadas pelo índice de Pearl, que
determina a porcentagem de mulheres que engravidam no período de 1 ano, utilizando cada
método. É importante ressaltar que o índice avalia tanto a eficácia (uso ideal do método, sem
nenhum erro) quanto a efetividade (uso corriqueiro/uso típico) de cada contraceptivo.

Uso ideal Eficácia


Índice de Pearl
Uso real Efetividade

Fonte: Aristo.

A título de curiosidade, se a paciente não utilizar nenhum método, você sabe qual é a taxa de
falha? Cerca de 85%. Em outras palavras, ter relações sexuais sem utilizar nenhum método
contraceptivo significa uma chance de 85% de engravidar ao final de um ano. Informação
importante para a vida!

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Anticoncepção

Porcentagem de gravidez indesejada após


um ano de uso típico e perfeito do contraceptivo

Risco de gestação em 100 Risco de gestação em 100


Método
mulheres/ano (uso típico) mulheres/ano (uso perfeito)

Nada 85 85

Preservativo 18-21 2-5

Pílula/anel/adesivo 9 0,3 (3 em 1.000)

Injetáveis 6 0,2 (2 em 1.000)

DIU de cobre 0,8 (8 em 1.000) 0,6 (6 em 1.000)

Laqueadura 0,5 (5 em 1.000) 0,5 (5 em 1.000)

Vasectomia 0,15 (1,5 em 1.000) 0,1 (1 em 1.000)

SIU-LNG 0,2 (2 em 1.000) 0,2 (2 em 1.000)

Implante liberador de
0,05 (5 em 10.000) 0,05 (5 em 10.000)
etonogestrel (ENG)

Fonte: Febrasgo. Métodos anticoncepcionais reversíveis de longa duração. São Paulo, 2023.

Já sabemos que cada um dos métodos contraceptivos possui uma taxa de falha diferente. A
partir de agora, vamos aprofundar nosso conhecimento em cada um dos métodos e aprender
sobre suas indicações e contraindicações, já que isso é o mais cobrado pelas bancas.

1.2 Critérios de elegibilidade da OMS


Os critérios de elegibilidade dos métodos contraceptivos foram criados pela Organização
Mundial da Saúde, com sua última edição em 2015. Nesse documento, a segurança de cada
método contraceptivo é determinada no contexto da condição médica ou características
clinicamente relevantes das pacientes; principalmente, se o método contraceptivo pode piorar
a condição médica ou se cria riscos adicionais à saúde e, secundariamente, se a condição
médica da paciente torna o método contraceptivo menos eficaz.
Cada método contraceptivo possui uma categoria com numeração de 1 a 4. A categoria 1
significa que o método é seguro, ou seja, não há contraindicação ao seu uso. Já a 4 indica
uma contraindicação absoluta ao uso do método! A categoria 2 libera o uso com precauções,
enquanto a 3 representa uma contraindicação relativa.

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Anticoncepção

Categorização de métodos OMS

Categoria Com critério clínico Com critério clínico limitado

Use o método em qualquer


1
circunstância
Sim (Use o método)
2 De modo geral, use o método
Em geral não se recomenda o uso
do método, a menos que outros
3
métodos mais adequados não estejam
Não (Não use o método)
disponíveis ou não sejam aceitáveis
4 O método não deve ser usado

Fonte: Aristo.

O assunto mais importante para sua prova será a contraindicação de cada tipo de
contraceptivo – isso você precisa memorizar. Nesse assunto, podemos ter algumas
divergências de literatura. Aqui você vai encontrar o que mais cai nas provas: os critérios de
elegibilidade médica para contraceptivos, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).

1.3 Métodos contraceptivos reversíveis de longa duração (LARCs)


LARCs é uma abreviação em inglês para Long Acting Reversible Contraception, referindo-
se a métodos contraceptivos reversíveis de longa duração. A contracepção reversível de
longa ação (LARC) engloba dispositivos intrauterinos e implantes contraceptivos, ambos
altamente eficazes, com uma ação contraceptiva que persiste por três anos ou mais. Os
LARCs demonstram superioridade em termos de eficácia, apresentando taxas de gravidez
de menos de 1% ao ano em condições de uso perfeito e típico. Por não dependerem da
motivação da usuária para manter a eficácia, os LARCs são especialmente indicados para
mulheres com fatores de risco de baixa adesão.
Esses métodos ganham destaque, sobretudo entre adolescentes, devido à sua elevada
eficácia, independência do usuário, longa duração e reversibilidade. Incluem-se aqui:
• Implante subdérmico.
• Dispositivo intrauterino de cobre.
• Dispositivo intrauterino hormonal.

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Anticoncepção

2. Métodos contraceptivos hormonais

Questão 01

Responder na plataforma

São muito cobrados em provas, especialmente suas contraindicações.

Progesterona
Métodos
hormonais
Estrogênio + progesterona
(combinados)
Fonte: Aristo.

Principais métodos hormonais disponíveis

Principais métodos combinados Principais métodos com progestágeno

Contraceptivo oral combinado (COC) Pílula de progesterona

Injetável mensal Injetável trimestral

Adesivo Implante subdérmico

Anel vaginal DIU hormonal

Fonte: Aristo.

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Anticoncepção

Para além do Pareto

Como os métodos contraceptivos hormonais funcionam?

O progestágeno é o principal componente dos métodos contraceptivos hormonais,


sendo verdadeiramente responsável pela anticoncepção. A depender do método,
pode possuir efeitos sistêmicos e efeitos locais. O principal mecanismo pelo qual os
progestágenos promovem a anticoncepção é através da inibição da ovulação. No
entanto, para o dispositivo intrauterino de levonorgestrel, predomina a ação local de
alteração do muco cervical e atrofia endometrial, com taxa de inibição de ovulação
inferior a 25% das usuárias.

Ação anticoncepcional dos métodos contraceptivos hormonais

Progestágeno Estrogênio

Promove inibição da ovulação Inibe a formação do folículo dominante

Altera a composição
do muco cervical
Em teoria, o estrogênio potencializaria
o efeito contraceptivo do progestágeno;
Promove atrofia endometrial
entretanto, não houve aumento da eficácia
dos métodos com sua adição na formulação.
Altera a peristalse
das tubas uterinas
Fonte: Aristo

Então, para que serve o estrogênio?


O componente estrogênico dos métodos combinados inibe o pico do hormônio
folículo-estimulante (FSH) e, com isso, evita a seleção e o crescimento do folículo
dominante. Também atua estabilizando o endométrio, permitindo um padrão de
sangramento mais previsível do que aquele associado ao uso de progestágenos
isolados.

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Anticoncepção

2.1 Contraceptivos hormonais combinados


Iniciaremos abordando os métodos contraceptivos hormonais combinados, pois representam
o foco principal deste guia. O advento do anticoncepcional hormonal combinado (AHC)
marca uma fase significativa na evolução dos métodos contraceptivos. Esses contraceptivos
resultam da combinação de componentes estrogênicos e progestogênicos, sendo este último
fundamental para a eficácia contraceptiva.

2.1.1 Quais são os contraceptivos hormonais combinados?


Vamos rever mais uma vez quais são os principais métodos hormonais combinados? Então
releia com muita atenção a tabela abaixo.

Principais métodos
contraceptivos combinados

Contraceptivo oral combinado (COC)

Injetável mensal

Adesivo

Anel vaginal

Fonte: Aristo.

2.1.2 Principais efeitos adversos


Os principais efeitos adversos dos métodos contraceptivos hormonais combinados estão
relacionados com o estrogênio. Além de promoverem náuseas e vômitos, mastalgia, cefaleia,
alterações de humor e até mesmo alterações na pele (cloasma), eles possuem importantes
efeitos metabólicos.
• Efeitos adversos sobre a pressão arterial: o etinilestradiol é capaz de aumentar a
produção hepática da angiotensinogênio e, por isso, pode promover a elevação dos níveis
tensionais através do sistema renina-angiotensina-aldosterona. Consequentemente, apesar
de não promover aumento pressórico em mulheres normotensas, é contraindicado na
hipertensão arterial.
• Efeitos adversos sobre o sistema hemostático: o estrogênio atua promovendo um estado
pró-trombótico, portanto, aumenta o risco de eventos tromboembólicos. Isso acontece
porque o estrogênio é capaz de aumentar a síntese de alguns fatores de coagulação, além
de promover maior resistência à proteína C-ativada e reduzir os anticoagulantes naturais.
Quanto mais elevada a dose de estrogênio do contraceptivo, maior é este efeito. Mas
cuidado! O risco pró-trombótico aumenta muito mais durante a gestação e puerpério.

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Anticoncepção

• O componente progestagênio influencia diretamente nos efeitos adversos dos COCs:


existem vários tipos de progestágenos usados, que variam em efeito androgênico,
antimineralocorticoide e potencial trombogênico. O menos associado ao risco de
trombose é o levonorgestrel (usado no DIU, contracepção de emergência e minipílula).
Já os que apresentam maior risco trombogênico são o desogestrel e a ciproterona. A
ciproterona é também a mais antiandrogênica, sendo muito usada para tratamento de
hiperandrogenismo, como na síndrome dos ovários policísticos, que vamos discutir em
uma aula mais adiante.

Progestágenos e seus efeitos

Menos trombogênico Levonorgestrel

Mais trombogênico (mas ainda não


Desogestrel e ciproterona
se compara com o de estrogênios)

Mais antiandrogênico Ciproterona

Mais atividade
Drospirenona (derivado de espironolactona)
antimineralocorticoide

Fonte: Aristo.

Dois aspectos merecem destaque: alterações de humor e ganho de peso. Um estudo


observacional revelou um discreto aumento no uso de antidepressivos entre as usuárias de
contraceptivos hormonais (uma em cada mil usuárias), independentemente da formulação
ou via de administração. Não foi identificada uma relação clara entre o ganho de peso e o
uso de anticoncepcionais hormonais combinados, embora haja alguns relatos por parte
de mulheres.

2.1.3 Principais contraindicações


Este é o tópico mais importante do tema.
Não é necessária a solicitação de exames subsidiários para o uso de anticoncepcionais
hormonais combinados, mas a aferição da pressão arterial e cuidadosa anamnese a
respeito de antecedentes pessoais e familiares de trombofilias, neoplasias hormônio-
dependentes, eventos tromboembólicos e enxaqueca com aura são mandatórias.
Abaixo, temos a lista com todas as condições que são categoria 4 e categoria 3 da OMS para
métodos hormonais combinados.

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Anticoncepção

Contraindicações ao métodos contraceptivos combinados

Condição Categoria OMS Conclusão

Amamentação

< 6 semanas pós parto 4

Entre 6 semanas e 6 meses Só pode a partir


3
pós parto dos 6 meses

≥ 6 meses pós parto 2

Puerpério sem amamentação

4 (com risco de TVP*)/


< 21 dias pós parto
3 (sem risco TVP)
Não pode nos
3 (com risco de TPV*)/
Entre 21 dias e 42 dias pós parto primeiros 21 dias!
2 (sem risco TVP)

≥ 42 dias 1

Tabagismo e idade ≥ 35 anos

< 15 cigarros/dia 3
Não pode!
≥ 15 cigarros/dia 4

Hipertensão arterial

Bem controlada 3

Não controlada 4 Não pode!

Vasculopatia 4

História de TVP/TEP 4 Não pode!

Cirurgia com
4 Não pode!
imobilidade prolongada

Trombofilia conhecida 4 Não pode!

História de IAM e/ou AVC 4 Não pode!

*Outros riscos de TVP incluem imobilidade, necessidade de transfusão sanguínea no parto, obesidade,
hemorragia puerperal, pós-cesárea imediata, pré-eclâmpsia e tabagismo.

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Anticoncepção

Doença valvular cardíaca

Não complicada 2
Não pode, se houver
doença complicada
Complicada (HP, FA, endocardite) 4

Lúpus eritematoso sistêmico

SAAF positivo 4
Não pode, se
Trombocitopenia 2 houver anticorpos
Imunossupressão 2 antifosfolipídeos
positivos
Nenhum dos acima 2

Migrânea

Sem aura, mas ≥ 35 anos 3/4 Não pode, se o


paciente for ≥ 35 anos
Com aura 4 ou com aura

Câncer de mama

Atual 4
Não pode!
Passado 3

Diabetes

Com lesão de órgão alvo 3/4 Não pode, se LOA ou


Com > 20 anos de doença 3/4 > 20 anos de doença

Colecistopatia

Não pode, se houver


Sintomática 3
sintomas atuais

Doença hepática

Cirrose descompensada 4
Não pode se doença
Adenoma hepatocelular 4 descompensada ou
câncer
Carcinoma hepatocelular 4

Antibióticos

3 (exceto injetável Só não pode


Rifampicina
mensal - 2) com Rifampicina

Fonte: Aristo.

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Anticoncepção

E os anticonvulsivantes?

Fonte: Aristo.

2.1.4 Observações importantes


Esse é o tipo mais famoso de anticoncepcional, por isso, existem alguns conceitos que
costumam ser cobrados. Memorize esses três:
• O uso de alguns medicamentos como a rifampicina, anticonvulsivantes (fenitoína,
carbamazepina e topiramato), pode reduzir a sua eficácia, aumentando o risco de gestação
indesejada.
• Os COCs possuem período de pausas na cartela, porém, se for desejado fazer uso da
pílula sem pausa, não há problema nisso. A consequência do uso contínuo é a possibilidade
de amenorreia, muitas vezes sendo esse o objetivo de utilizar o método de forma contínua.
• Os anticoncepcionais aliviam a dismenorreia e sintomas da TPM, regularizam o ciclo
menstrual (se for tomado ciclicamente) e reduzem significativamente (em até 50%) o
risco de câncer de ovário e endométrio. Esses efeitos podem ser atribuídos à maioria dos
métodos hormonais, mas são mais bem estudados com as pílulas.
Importante: os contraceptivos orais combinados possuem relação controversa com o câncer
de mama. Atualmente, o efeito é considerado neutro (sem associação) ou de associação
fraca, restrito ao período de uso.

2.2. Contraceptivos hormonais apenas com progestagênios

2.2.1 Quais são os contraceptivos hormonais apenas com progestagênios?


Atualmente, no Brasil, os métodos contraceptivos disponíveis apenas com progestagênios
incluem a opção oral para uso diário, o injetável trimestral (acetato de medroxiprogesterona
de depósito) administrado via intramuscular a cada três meses, o implante de etonogestrel
para aplicação subcutânea com duração de três anos, e o sistema intrauterino com
levonorgestrel (LNG), eficaz por cinco anos.

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Anticoncepção

• Pílulas de progestágeno via oral.


Os anticoncepcionais hormonais orais que contêm exclusivamente progestagênio são
representados pelo desogestrel 75 mcg e pela drospirenona 4 mg. Esses contraceptivos são
administrados de forma contínua, sem intervalos entre as cartelas, sendo necessário ingerir
um comprimido diariamente.

• Injetável trimestral (acetato de medroxiprogesterona de depósito).


O método injetável trimestral, que contém acetato de medroxiprogesterona (ADMP), é
administrado por via intramuscular a cada três meses. É crucial informar as mulheres sobre
possíveis alterações no padrão de sangramento e a potencial ocorrência de ganho de peso.
Para aquelas que planejam engravidar, é relevante destacar que a fertilidade pode demorar
até um ano para se restabelecer após a interrupção do método.

• Implante de etonogestrel (duração de três anos).


Os implantes, como o Implanon NXT®, são dispositivos plásticos inseridos na subderme,
liberando continuamente progestagênios. Após a inserção no braço, em cerca de oito horas,
os níveis sanguíneos de ENG atingem concentrações suficientes para inibir a ovulação.
Além disso, o ENG altera o muco cervical e o endométrio, dificultando a passagem dos
espermatozoides e tornando o útero menos propício à nidação. O principal evento adverso é
a mudança no padrão de sangramento. Embora 25% das usuárias possam desenvolver cistos
ovarianos após 12 meses, esses cistos são benignos, sem impacto significativo e tendem a
desaparecer em 12 semanas.

• DIU de levonorgestrel (duração de cinco anos).

2.2.2 Principais efeitos adversos


O principal efeito adverso associado aos métodos contraceptivos com progesterona é a
possibilidade de sangramento irregular. Diferentemente do que acontece com os métodos
combinados, quando as mulheres apresentam sangramento na pausa do contraceptivo,
os métodos com progestágeno isolado são utilizados, em geral, de forma contínua e, por
isso, eventuais sangramentos inesperados podem acontecer. O mais recente avanço foi o
desenvolvimento da pílula isolada de drospirenona 4 mg, que possui maior possibilidade de
sangramento programado.
O acetato de medroxiprogesterona (AMP) de depósito foi associado com redução de massa
óssea com uso prolongado (> 2 anos). No entanto, ainda precisamos de mais estudos para
entender essa associação.

16
Anticoncepção

2.2.3 Principais contraindicações dos contraceptivos hormonais apenas com


progestagênios
Para a maioria das mulheres, as contraindicações dos métodos que contêm apenas
progestagênio são semelhantes, com diferenças principalmente nas condições
cardiovasculares, em que o uso do injetável trimestral deve ser evitado (categoria 3, quando
o risco supera o benefício).
A gestação e o câncer de mama atual são as únicas condições consideradas categoria 4
pela OMS. No entanto, existem outras contraindicações (categoria 3 da OMS), principalmente
associadas ao uso do acetato de medroxiprogesterona (AMP). Outras contraindicações
(categoria 3) são:
• Distúrbio tromboembólico venoso e/ou arterial ativo.
• Presença ou histórico de doença hepática grave
• Tumores dependentes de progestagênio.
• Sangramento vaginal não diagnosticado.

A principal preocupação relacionada ao uso do acetato de medroxiprogesterona de depósito


(AMP) é a possibilidade de redução do HDL devido aos seus efeitos antiestrogênicos.
Portanto, de maneira geral, é considerado categoria 3 sempre que a diminuição do HDL
aumentar o risco de complicações em qualquer doença (por exemplo, em pacientes com
histórico de infarto agudo do miocárdio ou acidente vascular encefálico).

3. Dispositivos intrauterinos (DIU)


O DIU é um método de alta eficácia e certamente um dos mais cobrados nas provas. Para
acertar as questões, é fundamental separar o DIU de cobre do DIU hormonal (Mirena e
Kyleena), que possuem características bem diferentes.

Fonte: Aristo.

17
Anticoncepção

3.1 DIU de cobre


O mecanismo contraceptivo do DIU de cobre ocorre por sua ação irritativa, inflamatória
e espermicida, com duração de 10-12 anos. Não existe atuação sobre o eixo hipotálamo-
hipófise-ovariano, portanto, não há inibição da ovulação.

Para além do Pareto

Mecanismo de ação do DIU de cobre


O principal mecanismo de ação do DIU de cobre está centrado na indução, pelos
sais de cobre e polietileno, de uma reação de corpo estranho no endométrio. A
liberação controlada de pequenas quantidades de metal estimula a produção de
prostaglandinas e citocinas no útero. Como resultado, forma-se uma “espuma”
biológica na cavidade uterina, exercendo efeito tóxico sobre espermatozoides e
óvulos. Isso altera sua viabilidade, transporte e capacidade de fertilização. Além
disso, a presença de cobre no muco cervical diminui a motilidade e a viabilidade dos
gametas masculinos.

Os principais efeitos adversos do DIU de cobre incluem dismenorreia e aumento do fluxo


menstrual, tornando-o uma opção menos adequada para mulheres que sofrem desses
sintomas. Sua principal indicação é para aquelas que não podem ou optam por não utilizar
métodos hormonais, sendo viável para pacientes nulíparas ou adolescentes.
As contraindicações são limitadas à presença do dispositivo no interior do útero, uma
vez que o DIU de cobre não contém hormônios. São contraindicações absolutas: gravidez,
doença inflamatória pélvica (DIP) atual, recorrente ou recente (nos últimos três meses),
sepse puerperal, imediatamente pós-aborto séptico, cavidade uterina severamente
deturpada, hemorragia vaginal inexplicada, câncer cervical ou endometrial, doença
trofoblástica maligna e alergia ao cobre.
Existem também contraindicações relativas, como fator de risco para ISTs ou HIV,
imunodeficiência, período de 48 horas a quatro semanas pós-parto, câncer de ovário e
doença trofoblástica benigna.

18
Anticoncepção

Para além do Pareto

Quais exames são necessários antes da inserção de dispositivos intrauterinos?

Exame pélvico/genital
O exame físico ginecológico bem realizado é o único exame necessário antes da
inserção de um dispositivo intrauterino. Então vamos quebrar alguns mitos e falar
sobre os exames ou testes que não contribuem substancialmente para a segurança
ou a eficácia do método:
• Rastreio de câncer de colo uterino.
• Exames laboratoriais de rotina.
• Rastreio de hipertensão arterial sistêmica.
• Ultrassonografia transvaginal*.

* A não ser que seja identificada alguma alteração no exame físico ginecológico, por exemplo, útero
de volume aumentado e superfície irregular, sugestiva de leiomiomatose uterina.

Observação: o DIU de cobre é conhecido por sua alta eficácia na prevenção da gravidez
e, interessantemente, pode ser utilizado como contracepção de emergência se inserido
em até 5 dias após o sexo desprotegido. Essa característica adiciona uma opção eficaz e
de longa duração para aquelas que buscam prevenir a gravidez após uma exposição não
planejada.

3.2 DIU hormonal (levonorgestrel)


Ao contrário do DIU de cobre, o mecanismo contraceptivo do DIU hormonal está associado ao
espessamento do muco cervical e à inibição do crescimento endometrial, proporcionando
proteção por até 5 anos.
Outra diferença fundamental é que o DIU hormonal melhora a dismenorreia e reduz o fluxo
menstrual, tornando-se um método interessante para mulheres com tais sintomas.

19
Anticoncepção

Para além do Pareto

Benefícios não contraceptivos do DIU-LNG 52 mg (Mirena)

Sangramento uterino anormal: O SIU-LNG induz concentrações séricas de


progestagênio, resultando na inibição parcial do desenvolvimento folicular ovariano e
da ovulação. Apesar desse efeito, aproximadamente 75% das mulheres que utilizam o
SIU-LNG mantêm ciclos ovulatórios. Notavelmente, a elevada concentração de LNG no
endométrio local provoca um impacto significativo, promovendo atrofia. A inserção do
SIU-LNG reduz a perda menstrual em até 97% ao longo de um ano de uso.
Endometriose: Estudos limitados sugerem que o SIU-LNG pode aliviar dor e
dismenorreia em mulheres com endometriose pós-tratamento cirúrgico. Em um
estudo controlado com 40 mulheres, 10% das usuárias tiveram recorrência de
sintomas, em comparação com 45% no grupo sem intervenção medicamentosa
pós-cirúrgica.
Adenomiose: O DIU-LNG demonstra eficácia na redução de 75% nas perdas
menstruais, aumento da hemoglobina e diminuição significativa do volume uterino
em mulheres com sangramento uterino anormal associado à adenomiose.
Hiperplasia endometrial: SIU-LNG tem sido usado no tratamento conservador
de hiperplasias endometriais típicas ou atípicas, em estudos observacionais e
comparado a outros progestagênios, como AMP e pílulas anticoncepcionais. Os
resultados mostraram-se superiores em relação à diminuição do eco endometrial
alterado e aos sintomas, além de serem observadas maiores taxas de regressão das
hiperplasias nas usuárias de SIU-LNG, submetidas à biópsia endometrial posterior
ao seu uso.
Leiomiomas uterinos: Apesar da compreensão limitada sobre o mecanismo de ação
em leiomiomas, o DIU-LNG reduz eficazmente o sangramento e melhora o padrão
menstrual em mulheres com sangramento uterino aumentado devido a miomas,
oferecendo uma alternativa não cirúrgica eficiente.

Benefícios não contraceptivos do SIU-LNG (Mirena)

Sangramento uterino anormal Redução da perda menstrual

Endometriose Melhora da dor e dos sintomas menstruais

Adenomiose Melhora da dor e redução da perda menstrual

Hiperplasia endometrial Tratamento conservador da hiperplasia endometrial

Fonte: Aristo

20
Anticoncepção

Atualmente, há dois tipos de DIU hormonal: Mirena, com concentração hormonal mais alta, e
Kyleena, menor em tamanho e com menor quantidade de levonorgestrel (52 mg no Mirena e
19,5 mg no Kyleena). A liberação diária menor de hormônio pelo Kyleena pode reduzir efeitos
colaterais em pacientes sensíveis, mantendo a eficácia contraceptiva. Ambos os DIUs têm
elevada eficácia, com taxa de falha de apenas 0,2% ao ano.

DIU Mirena e DIU Kyleena

Tipos Tamanho Hormônio Duração Indicação

Contracepção,
32mm x 32mm endometriose,
52mg de
MIRENA 1,90 mm 5 anos sangramento
levonorgestrel
espessura uterino excessivo

28mm x 30mm
19,5mg de Exclusivamente
KYLEENA 1,55 mm 5 anos
levonorgestrel contracepção
espessura

Fonte: Aristo

Assim como o DIU de cobre, o DIU hormonal não deve ser usado em mulheres com infecções
pélvicas e alterações anatômicas da cavidade. Além disso, existem os efeitos adversos e
contraindicações gerais a todos os métodos com progestágenos.

3.3 Principais contraindicações aos dispositivos intrauterinos

Questão 02

Responder na plataforma

Aqui falaremos sobre as principais contraindicações associadas ao DIU de cobre e ao DIU de


levonorgestrel. Não podemos esquecer que o último possui progesterona e irá manter aquelas
mesmas contraindicações dos métodos com este hormônio!

21
Anticoncepção

Contraindicações aos Dispositivos Intrauterinos (DIU)

Condição Categoria OMS Conclusão

DIU-cobre DIU-LNG

Pós parto

< 48 horas pós parto 1 1 O DIU pode ser inserido


nas
48 horas até 4 semanas 3 3
primeiras 48h ou após
≥ 4 semanas 1 1 4 semanas do parto

Infecções no ciclo gravídico-puerperal

Sepse puerperal 4 4 Não pode inserir


se tiver infecção
Aborto séptico 4 4 pélvica atual!

Doença inflamatória pélvica (DIP)

História de DIP passada 1 1

DIP atual Não pode inserir


se tiver infecção
Iniciar o método 4 4 pélvica atual!

Continuar o método 2 2

Cervicite

Iniciar o método 4 4 Não pode inserir


se tiver infecção
Continuar o método 2 2 pélvica atual!
Não pode inserir
Tuberculose pélvica 4 4 se tiver infecção
pélvica atual!
HIV

Estágios 1 e 2 2 2 Não inserir em estágios


avançados
Estágios 3 e 4 3 3 da doença.

Lúpus eritematoso sistêmico

SAAF positivo 1 3

Trombocitopenia 3 2

Imunossupressão 2 2

22
Anticoncepção

Nenhum dos acima 1 1

Sangramento vaginal
4 4 Não inserir!
sem investigação

Câncer de colo de útero

Iniciar o método 4 4 Não inserir!

Continuar com o método 2 2 Mas não precisa tirar

Câncer de mama

Atual 1 4
Só não pode DIU-LNG
Passado 1 3

Doença trofoblástica gestacional

β-hCG em queda
3 3
ou negativo
Não inserir!
β-hCG persistentemente
4 4
elevado e/ou malignização

Câncer de endométrio

Iniciar o método 4 4 Não inserir!

Continuar com o método 2 2 Mas não precisa tirar!

Câncer de ovário

Iniciar o método 3 3 Não inserir!

Continuar com o método 2 2 Mas não precisa tirar!

Miomas uterinos / Malformações uterinas

Sem distorção da cavidade 1 1


Não inserir se
Com distorção cavidade distorcida!
4 4
da cavidade
Fonte: Aristo.

23
Anticoncepção

3.4 Quando inserir o DIU?


O DIU de cobre pode ser inserido até o 12.º dia do ciclo menstrual, sem necessidade de
proteção adicional. Já quanto ao DIU-LNG, recomenda-se sua inserção até o 7.º dia do ciclo
menstrual, sem necessidade de proteção adicional. Inseridos após esse período, é necessário
descartar gestação e associar método adicional ou permanecer em abstinência por pelo
menos 7 dias com o uso do DIU-LNG. O início de ação do DIU de cobre é imediato.
Nas mulheres com risco potencial para endocardite bacteriana, a profilaxia com antibióticos
deve ser instituída uma hora antes da inserção ou da remoção do DIU.

3.5 O que fazer em caso de gestação na presença do DIU?


Embora seja um evento raro, a ocorrência de gravidez em usuárias de DIU, quando acontece,
aumenta o risco de gravidez ectópica e abortamento. Diante de um teste de gravidez positivo
em uma usuária de DIU, é crucial excluir a possibilidade de gravidez ectópica.
Apesar de ser um tópico controverso, é importante lembrar que a retirada do DIU é
recomendada se os fios estiverem visíveis durante o exame especular, preferencialmente
quando a gestação for inferior a 12 semanas. Se a remoção do DIU não for possível, é
essencial aconselhar a gestante, destacando os riscos aumentados de abortamento, trabalho
de parto prematuro e infecções associados a essa gestação. Além disso, a realização de um
ultrassom para avaliar a perfuração uterina é necessária.

3.6 O que fazer em caso de infecção local (DIP) na presença do DIU?


A ocorrência de infecções inflamatórias pélvicas em pacientes usuárias de DIU é mais
comum nos primeiros 20 dias após a inserção do dispositivo. Nesse contexto, é possível que
a paciente já estivesse sofrendo de alguma infecção, na qual a introdução do dispositivo
permitiu a ascensão de microrganismos até a cavidade uterina. Alternativamente, a ocorrência
pode estar relacionada a falhas na assepsia durante a inserção do DIU.
Apesar de ser um tema controverso, a maioria dos autores, incluindo o Ministério da Saúde,
concorda que o DIU deve ser mantido mesmo durante um processo infeccioso. No entanto,
caso o quadro não apresente melhora após 48 horas de antibioticoterapia adequada (com
um mínimo de duas doses), a retirada do dispositivo deve ser considerada. É crucial ressaltar
que o DIU nunca deve ser inserido em mulheres que estão atualmente ou que tiveram
recentemente uma infecção pélvica.

3.7 O que fazer em caso de perfuração uterina pelo DIU?


Uma complicação potencial durante a inserção de dispositivos intrauterinos é a perfuração
uterina. Em situações de perfuração uterina, a remoção do dispositivo é recomendada via
vaginal quando o fio é visível. Se o fio não for visível, a retirada deve ser realizada por meio
de histeroscopia.

24
Anticoncepção

Em situações excepcionais em que ocorre a migração do DIU para a cavidade abdominal, a


recomendação é a realização de videolaparoscopia para a retirada do dispositivo. E nessa
suspeita, se não evidenciado DIU intrauterino na ultrassonografia, o exame mais indicado é a
radiografia de abdome. O mecanismo de translocação do DIU parece estar associado a uma
ruptura completa ou parcial durante o momento da inserção.
Há evidências indicando que um DIU mal-colocado também pode, ao longo do tempo, causar
erosão na parede uterina, levando à translocação. Embora, em alguns casos, essa condição
possa ser assintomática, a transmigração do DIU para a cavidade abdominal pode resultar
em diversas complicações documentadas na literatura. Tais complicações incluem infecção,
obstrução intestinal, perfuração da bexiga e dos intestinos delgado e grosso, apendicite
aguda, fístula colônica e até dor ciática.

DIU intra-abdominal
Fonte: Perfuração Cecal Assintomática por D.I.U.: Tratamento Laparoscópico, 2005.

25
Anticoncepção

4. Métodos de barreira e métodos naturais


Os métodos considerados de barreira são aqueles que, por ação física ou química, impedem
a ascensão do espermatozoide para o trato genital superior. O preservativo masculino e o
preservativo feminino são capazes de prevenir a gestação, além de impedir a aquisição de
ISTs, por isso, são recomendados em todas as relações sexuais.

Métodos contraceptivos de barreira

Usar lubrificantes à base de água ou silicone. Não


Preservativo masculino
usar lubrificante à base de óleo.

Aceita qualquer lubrificante. Deve ser inserido da


Preservativo feminino
relação sexual e retirado logo após.

Barreira cervical à ascensão dos espermatozoides. São


disponíveis em diferentes numerações (deve ser medido
Diafragma pelo médico). Deve ser inserido antes da relação sexual
e retirado após 6 horas, não devendo permanecer mais
de 24h. Recomenda-se a utilização de espermicidas.

Métodos contraceptivos de percepção da fertilidade (naturais)

Identifica a fase lútea do ciclo menstrual por aumento da


Temperatura basal
temperatura basal

Ogino-Knauss Estima o período fértil com base na última menstruação

Identifica o início e o fim do período fértil com base na


Muco cervical
característica do muco cervical

Amenorreia Maximiza a supressão da ovulação durante a amamentação


lactacional com efetividade limitada a 6 meses

Sintotérmico Com base no muco cervical, calendário e temperatura basal

Fonte: Aristo.

• Temperatura basal
Após a ovulação, devido à ação da progesterona, existe um aumento da temperatura basal. A
ovulação ocorre no dia do aumento constante da temperatura de no mínimo 0,2 °C.

26
Anticoncepção

• Método Ogino-Knauss
Baseia-se na abstinência sexual durante o “período fértil”. Para calcular o período fértil de
cada mulher, idealmente, precisamos de um calendário menstrual de no mínimo 6 meses. É
importante ressaltar que para o sucesso desse método, a paciente deve apresentar ciclos
menstruais regulares. Mas vamos ao cálculo! Do ciclo mais curto, subtraímos 18 dias e este é
considerado o primeiro dia do período fértil. Do ciclo mais longo, subtraímos 11 dias e este é
considerado o último dia do período fértil. Vamos a um exemplo.
• Ciclo mais curto: 28 dias.
• Ciclo mais longo: 35 dias.
Assim:
• 1.º dia fértil: 28 - 18 = 10
• Último dia fértil: 35 - 11 = 24
• Período fértil: entre o 10.º dia e o 24.º dia do ciclo

• Método do muco cervical


No método do muco cervical, é recomendado que o casal evite ter relações sexuais durante
o período em que o muco cervical observado esteja filante.

Método do muco cervical


Fonte: Aristo.

• Método amenorreia-lactação
Nesse método, pressupõe-se que a paciente não está ovulando durante o período de
amamentação. Mas, para haver sucesso, deve preencher alguns critérios:
• Aleitamento materno exclusivo.
• Aleitamento materno em todos os períodos do dia, inclusive à noite.
• Enquanto a paciente não apresentar menstruação.
• Apenas nos seis primeiros meses pós-parto.

27
Anticoncepção

5. Contracepção cirúrgica

Questão 03

Responder na plataforma

A laqueadura e vasectomia são métodos considerados definitivos, apesar de haver chance


de reversão. Sobre o assunto, a maioria das questões aborda os pré-requisitos legais da
realização dos procedimentos.
A Lei do Planejamento Familiar (Lei n.º 9.263, de 12 de janeiro de 1996) regulamenta o
processo de esterilização no Brasil, que sofreu alteração recente em 2022 (em vigor a partir
de maio de 2023).

Modificações na Lei do Planejamento Familiar (Lei nº 9.263, de 12 de janeiro de 1996)

Como era Como ficou

Quem pode fazer? Quem pode fazer?


Homens e mulheres com capacidade civil Homens e mulheres com capacidade civil
plena e maiores de 25 anos de idade ou, plena e maiores de 21 anos de idade ou,
pelo menos, com dois filhos vivos, após pelo menos, com dois filhos vivos, após
o prazo mínimo de sessenta dias entre a o prazo mínimo de sessenta dias entre a
manifestação da vontade e o ato cirúrgico. manifestação da vontade e o ato cirúrgico.

Ou Ou

Risco à vida ou à saúde da mulher ou do Risco à vida ou à saúde da mulher ou do


futuro concepto, testemunhado em relatório futuro concepto, testemunhado em relatório
escrito e assinado por dois médicos. escrito e assinado por dois médicos.
Pode fazer no momento do parto?
Pode fazer no momento do parto?
Sim. A esterilização cirúrgica em mulher
É vedada a esterilização cirúrgica em
durante o período de parto será garantida
mulher durante os períodos de parto ou
à solicitante se observados o prazo mínimo
aborto, exceto nos casos de comprovada
de 60 (sessenta) dias entre a manifestação
necessidade, por cesarianas sucessivas
da vontade e o parto e as devidas condições
anteriores.
médicas.
Precisa de anuência do cônjuge? Precisa de anuência do cônjuge?
Sim. Não.
Quais procedimentos são permitidos? Quais procedimentos são permitidos?
Laqueadura tubária e vasectomia. Laqueadura tubária e vasectomia.

Fonte: Aristo.

28
Anticoncepção

6. Anticoncepção de emergência
A Anticoncepção de Emergência (AE), conforme definida pela Organização Mundial da Saúde
e pelo Colégio Americano de Obstetrícia e Ginecologia (ACOG), refere-se a métodos que
oferecem uma opção segura para prevenir gravidez não planejada até 120 horas após a
relação sexual desprotegida.
As “pílulas do dia seguinte” são amplamente utilizadas - a de levonorgestrel (1,5 mg em dose
única ou duas doses de 0,75 mg separadas por 12 horas) é a mais recomendada.
O método Yuzpe, que combina levonorgestrel e etinilestradiol, é menos utilizado devido aos
seus efeitos colaterais, menor eficácia e restrições a mulheres com contraindicações ao
estrogênio.
Além das pílulas, o DIU de cobre também pode ser inserido até 5 dias após o coito como
método contraceptivo de emergência.

7. Contracepção no puerpério

Questão 04

Responder na plataforma

Trata-se de um tema controverso, e encontrar consenso nessa área muitas vezes requer
senso prático, já que não há uma posição unânime na literatura. De acordo com a Organização
Mundial da Saúde (OMS):
• O DIU com cobre é classificado como categoria 1 (sem restrições) para início imediato ou
nas primeiras 48 horas após o parto.
• A pílula de progestagênio, implantes subdérmicos e DIU com levonorgestrel são
categorizados como categoria 2 (vantagens superam possíveis desvantagens).
• A injeção trimestral de acetato de medroxiprogesterona é designada como categoria
3 (desvantagens superam possíveis vantagens) devido à incerteza sobre os efeitos do
progestagênio no leite materno sobre o recém-nascido.

O Center for Disease Control and Prevention (CDC) dos EUA adota uma abordagem mais
liberal, considerando todos os progestagênios como categoria 1 após 30 dias do parto,
enquanto a OMS o faz apenas após seis semanas pós-parto.

29
Anticoncepção

Contracepção no puerpério

Métodos hormonais combinados:


categoria 4

Injetável trimestral (AMP): categoria 3


< 6 semanas pós-parto
Pílula progesterona, implante, DIU-LNG:
categoria 2

DIU de cobre: categoria 1

Métodos hormonais combinados:


Paciente categoria 3
amamentando
Entre 6 semanas
e 6 meses pós-parto Demais métodos: categoria 1

Ou seja, só NÃO PODE COMBINADO!

Métodos hormonais combinados:


categoria 2

≥ 6 meses pós-parto
Demais métodos: categoria 1

Ou seja, pode TUDO!

Métodos hormonais combinados:


categoria 3

< 3 semanas pós-parto


Demais métodos: categoria 1

Paciente NÃO Ou seja, só NÃO PODE COMBINADO!


amamentando

Exceto pelo DIU que deverá ser inserido


apenas nas primeiras 48h pós parto
≥ 3 semanas pós-parto
ou após 4 semanas, os demais métodos
estão liberados (são categoria 2 ou 1)

Fonte: Aristo.

30
Anticoncepção

8. Contracepção na adolescência

Questão 05

Responder na plataforma

As adolescentes têm direito à educação sexual e à informação sobre métodos contraceptivos,


respaldado por leis que garantem também o sigilo sobre sua atividade sexual e a prescrição
de métodos anticoncepcionais. Nesse contexto, é fundamental realizar orientações e
prescrições de contraceptivos, aderindo aos critérios de elegibilidade estabelecidos pela
Organização Mundial da Saúde (OMS). Essas medidas visam assegurar que as adolescentes
tenham acesso a informações confiáveis e apropriadas para tomar decisões conscientes
sobre sua saúde reprodutiva.

Mas e se a paciente tiver menos de 14 anos?


Quando a paciente tem menos de 14 anos, as sociedades médicas recomendam que,
caso o profissional médico, por meio da análise da história clínica, avalie que não se trata
de prática de estupro, mas sim de uma relação consentida, o método contraceptivo deve
ser disponibilizado e o sigilo mantido. Essa abordagem visa equilibrar a proteção da saúde
reprodutiva da adolescente com as considerações éticas e legais em casos específicos.
Chegamos ao final deste guia Pareto, arister. Agora, siga com a revisão dos flashcards e do
mapa mental. Bons estudos!

31
Referências bibliográficas

1. DA SILVA FILHO, Agnaldo Lopes [et al]. Tratado de Ginecologia FEBRASGO. 1.ª ed. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2019.
2. Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO). Anticoncepção hormonal
combinada. São Paulo: FEBRASGO; 2021. (Protocolo FEBRASGO-Ginecologia, n.º 65/ Comissão Nacional
Especializada em Anticoncepção).
3. Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO). Anticoncepcional
hormonal apenas de progestagênio e anticoncepção de emergência. São Paulo: FEBRASGO; 2021.
(Protocolo FEBRASGO - Ginecologia, n.º 66/ Comissão Nacional Especializada em Anticoncepção).
4. Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO). Orientação contraceptiva
no pré-natal e no puerpério. São Paulo: FEBRASGO, 2021 (Protocolo FEBRASGO - Obstetrícia, n.º 71/
Comissão Nacional Especializada em Assistência Pré-Natal).
5. Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBR ASGO). Métodos
anticoncepcionais reversíveis de longa duração. São Paulo: FEBRASGO; 2023. (Protocolo FEBRASGO-
Ginecologia, n.º 64/ Comissão Nacional Especializada em Anticoncepção).
6. World Health Organization (WHO). Medical eligibility criteria for contraceptive use. 5. ed. Geneva:
WHO; 2015.
7. World Health Organization Department of Sexual and Reproductive Health and Research (WHO/SRH) and
Johns Hopkins Bloomberg School of Public Health/ Center for Communication Programs (CCP), Knowledge
SUCCESS. Family Planning: A Global Handbook for Providers (2022 update). Baltimore and Geneva: CCP
and WHO; 2022.
Anticoncepção

Questão 01

(SUS-SP - 2022) Ana foi à consulta de enfermagem com a intenção de discutir métodos
contraceptivos. Ela tem dezesseis anos, G0P0, apresenta enxaquecas com aura ocasionalmente,
e foi descoberto um adenoma hepático em um exame de rotina. Considerando esse caso
hipotético, os critérios de elegibilidade para contraceptivos hormonais da OMS de 2015 e o
índice de Pearl dos métodos contraceptivos, o melhor método para Ana seria o(a):

a) Pílula de estrogênio e progestágeno.

b) Espermicida.

c) Dispositivo intrauterino de cobre 380a.

d) Tabelinha (Ogino-Knaus).

e) Injetável trimestral.

CCQ: Enxaqueca com aura representa contraindicação de contraceptivos hormonais


combinados e adenoma hepático de contraceptivos hormonais, em geral

Vamos relembrar as principais contraindicações dos métodos contraceptivos.


• Contraindicações dos contraceptivos hormonais combinados: tabagistas acima de 35 anos
(contraindicação absoluta se a paciente fumar pelo menos 15 cigarros por dia); todas as
hipertensas; pacientes com enxaqueca com aura e aquelas com qualquer histórico de
trombose venosa ou arterial. Além disso, os anticoncepcionais hormonais combinados só
devem ser usados em puérperas (que vão amamentar) após 6 meses do parto.
• Contraindicações dos contraceptivos hormonais de progesterona: câncer de mama atual
ou recente; hepatopatia descompensada ou presença de adenoma hepático; diabetes
com complicações; doença coronariana ou AVE atual ou no passado e tromboembolismo
venoso atual.

O caso clínico da questão é sobre uma paciente nuligesta de 16 anos, que apresenta
diagnóstico de migrânea com aura e o achado de adenoma hepático.

33
Anticoncepção

Antes de aplicarmos as contraindicações, não se esqueça do conceito de LARCs, que são


métodos de longa duração e alta eficácia, sem risco de redução de efeito em pacientes
menos adeptas ao tratamento - grupo composto por DIU de cobre, DIU de levonorgestrel e
o implante de etonogestrel. Vendo o perfil da paciente, seria ideal que o contraceptivo dela
fosse desse grupo, não acha? Teríamos duração a partir de 3 anos e baixo índice de Pearl.
Agora, quanto às contraindicações: a migrânea com aura, conforme discutido acima, é
contraindicação absoluta ao uso de métodos contendo estrogênio. O adenoma hepático
contraindica o uso de métodos hormonais. Inclusive, a interrupção do contraceptivo está
associada à regressão dos adenomas.
Portanto, o método ideal seria não hormonal de alta eficácia, concorda?

Agora, vamos dar uma olhada nas alternativas.


Alternativas A e E – Incorretas: Nossa paciente possui contraindicações para esses métodos
(enxaqueca com aura e adenoma hepático), como discutimos acima.
Alternativa B – Incorreta: O espermicida é considerado um complemento contraceptivo, o
qual deve ser utilizado de forma conjunta com outros métodos, como o diafragma. Além disso,
pode causar irritações, aumenta o risco de ITU e não possui eficácia tão boa como o DIU. No
caso de uso isolado, há falha em cerca de 30%.
Alternativa C – Correta: Não é um método hormonal, portanto, pode ser utilizado pela
paciente. Além disso, tem ótima eficácia.
Alternativa D – Incorreta: A tabelinha é um método comportamental com elevado índice de
falha, não sendo o método de escolha para a paciente da questão. Poderia ser o método de
eleição em situação religiosa que se opõe à contracepção, por exemplo.

Portanto, o gabarito é a alternativa C.

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34
Anticoncepção

Questão 02

(USP-RP - SP - 2020) Mulher, 26 anos, G0, comparece à unidade básica de saúde com
desejo de uso de DIU de cobre. Última menstruação há 8 dias. Refere que tem neoplasia
intraepitelial cervical 1 (NIC 1) diagnosticada há 6 meses e faz seguimento clínico. Nega
outras doenças. Não tem vícios. Não está usando nenhum método contraceptivo.
Ao exame: PA: 110 x 70 mmHg, IMC: 23 kg/m², exame físico geral e segmentar normal.
Exame ginecológico apresentando candidíase vulvovaginal (primeiro episódio), sem outras
anormalidades.
Além de prescrever o tratamento de candidíase nesta consulta, quais condutas devem
ser tomadas em relação ao caso clínico considerando os critérios de elegibilidade da
Organização Mundial de Saúde (2015)?

a) Orientar outro contraceptivo até normalizar a citologia, pois a presença de NIC 1 contraindica
a inserção do DIU.

b) Inserir o DIU nesta consulta e orientar usar método contraceptivo adicional por 7 dias.

c) Orientar preservativo e marcar para inserir o DIU no próximo ciclo menstrual quando estiver
menstruada.

d) Inserir o DIU nesta consulta sem a necessidade de orientação de método contraceptivo


adicional.

CCQ: NIC I e candidíase vaginal não contraindicam a inserção de dispositivos intrauterinos

Temos aqui uma questão difícil de contracepção da USP-Ribeirão! Fique atento, pois essa
banca costuma pegar pesado nesse tema.
Temos uma paciente de 26 anos, nuligesta, com DUM há 8 dias e desejo de inserção de DIU
de cobre. Como comorbidades, possui NIC I em seguimento e candidíase ao exame físico. E
agora, podemos ou não colocar o DIU nessa consulta?
Vamos primeiro recordar quais são as contraindicações de inserção dos dispositivos
intrauterinos.
• Doença inflamatória pélvica.
• Infecções sexualmente transmissíveis.
• Distorções da cavidade uterina.
• Sangramento vaginal sem diagnóstico.

35
Anticoncepção

• Malformações uterinas e estreitamento do canal do colo uterino.


• Câncer do colo de útero e do endométrio.

Não há, portanto, contraindicação para inserção na consulta atual. Além disso, o DIU de cobre
possui eficácia imediata na ocasião da inserção, sem indicação para associação de outro
método!

Alternativa A - Incorreta: NIC I não é contraindicação à inserção do DIU, assim como


nenhuma outra neoplasia intraepitelial. No entanto, o carcinoma invasor do colo uterino é
uma contraindicação à inserção dos dispositivos intrauterinos.
Alternativa B - Incorreta: Não há necessidade de utilizar ACO (anticoncepcional oral), já que
o DIU de cobre, uma vez inserido na mulher, já estará protegendo-a de uma concepção.
Porém, o que os profissionais recomendam é que a paciente continue utilizando preservativo
feminino ou masculino em todas as relações sexuais (oral, anal ou vaginal), pois são os únicos
métodos que protegem de infecções sexualmente transmissíveis, inclusive HIV/aids, sífilis e
hepatites virais.
Alternativa C - Incorreta: Preferencialmente, ele é inserido durante a menstruação, pois
tem algumas vantagens (se o sangramento é menstrual, a possibilidade de gravidez fica
descartada; a inserção é mais fácil pela dilatação do canal cervical; qualquer sangramento
causado pela inserção não incomodará tanto a mulher; a inserção pode causar menos dor),
mas não há necessidade de que o DIU seja inserido somente durante a menstruação. Na
verdade, ele pode ser inserido a qualquer momento do ciclo menstrual, desde que haja
certeza de que a mulher não esteja grávida.
Alternativa D - Correta: Como não temos nenhuma contraindicação à inserção do DIU,
a indicação é realizá-la na própria consulta. Lembrando que candidíase não é infecção
sexualmente transmissível, portanto, não é uma contraindicação.

Portanto, o gabarito é a alternativa D.

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36
Anticoncepção

Questão 03

(ENARE - DF - 2024) Paciente de 19 anos, G3C2 (dois filhos vivos), questiona seu médico
sobre a realização de laqueadura intraparto. Dentre as seguintes recomendações, qual
seria a correta de acordo com a nova lei da laqueadura?Orientar outro contraceptivo até
normalizar a citologia, pois a presença de NIC 1 contraindica a inserção do DIU.

a) Ela precisará do consentimento expresso do cônjuge para realizar o procedimento.

b) Será necessário aguardar os 21 anos para realizar a laqueadura.

c) Será necessário ter o termo de consentimento assinado com data de, pelo menos, 60 dias
anteriores ao procedimento.

d) Será necessário aguardar seis meses após o parto para realizar a laqueadura.

e) A paciente deve ser orientada que será realizada salpingectomia bilateral.

CCQ:Para laqueadura intraparto, é preciso do termo de consentimento assinado


pelo menos 60 dias antes do procedimento

Temos aqui uma questão sobre uma recente atualização na nossa legislação: vamos falar
sobre a esterilização voluntária!
Com o planejamento familiar sendo mais difundido na população brasileira, a busca por
procedimentos que ofereçam um método contraceptivo cirúrgico, inicialmente irreversível,
vem crescendo. A necessidade de modernizar as nossas leis chegou e pudemos presenciar,
mais precisamente no ano de 2022, uma atualização muito importante na famosa lei da
laqueadura.
Antes dessa atualização, para que a paciente pudesse ser submetida à laqueadura, era
preciso:
• Pelo menos 25 anos e/ou 2 filhos vivos.
• Consentimento do cônjuge.
• Assinar o termo de consentimento pelo menos 60 dias antes do procedimento.

Hoje, com a lei n.º 14.443, de 2 de setembro de 2022, tivemos algumas mudanças. São elas:
• Pelo menos 21 anos ou mais e/ou dois filhos vivos.
• Não precisa de consentimento do cônjuge.
• Assinar o termo de consentimento pelo menos 60 dias antes do procedimento.

37
Anticoncepção

Vejamos o que cada alternativa reserva para nós:


Alternativa A - Incorreta: Como vimos, essa é uma atualização para a nova lei e não mais é
necessário esse consentimento do cônjuge.
Alternativa B - Incorreta: Apesar da paciente estar abaixo da idade da lei atual, ela tem dois
filhos vivos, o que a capacita para o procedimento.
Alternativa C - Correta: Isso foi mantido, exigindo que a paciente assine o termo com no
mínimo 60 dias de antecedência ao procedimento, como forma de garantir sua certeza em
relação à cirurgia.
Alternativa D - Incorreta: Podemos realizar a laqueadura durante o intraparto, ou seja, em
um mesmo tempo cirúrgico, salvo em situações em que a paciente não tem condições para
isso ou que ainda não tenha dado os 60 dias desde a assinatura do termo de consentimento.
Alternativa E - Incorreta: A cirurgia não necessariamente remove as tubas, mas as secciona
para interromper o transporte do óvulo.

Portanto, o gabarito é a alternativa C.

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38
Anticoncepção

Questão 04

(HIAE - SP - 2022) Primípara puérpera teve parto vaginal há 1 semana. Gostaria de fazer
uso de método contraceptivo. Está em aleitamento materno. O método contraceptivo que
deve ser prescrito para ela, dentre as opções abaixo, é:

a) DIU hormonal.

b) Implante subcutâneo.

c) DIU de cobre.

d) Injetável mensal.

CCQ:Para laqueadura intraparto, é preciso do termo de consentimento assinado


pelo menos 60 dias antes do procedimento

Temos uma questão clássica de prova: anticoncepção em puérperas. Nossa paciente


teve parto vaginal há 1 semana, está em aleitamento materno e quer fazer uso de método
contraceptivo.
Cada método contraceptivo possui uma categoria com numeração de 1 a 4 para determinar
sua segurança em cada contexto clínico, de acordo com os critérios de elegibilidade da
Organização Mundial de Saúde (OMS).
Em relação à contracepção durante o puerpério, a OMS preconiza:
• Paciente amamentando e com menos de 6 semanas pós-parto:
• Métodos hormonais combinados: categoria 4.
• Injetável progesterona: categoria 3.
• Minipílula, implante, DIU de progesterona: categoria 2.
• DIU de cobre: categoria 1.

Observação: lembrando que o DIU (tanto o de cobre quanto o hormonal) só deve ser inserido
nas primeiras 48 horas pós-parto ou após 4 semanas. Entre 48 horas e 4 semanas ele é
considerado categoria 3.
• Paciente amamentando e entre 6 semanas e 6 meses pós-parto:
• Métodos hormonais combinados: categoria 3.
• Demais métodos: categoria 1.
• Paciente amamentando e com mais de 6 meses pós-parto:
• Métodos hormonais combinados: categoria 2.

39
Anticoncepção

• Demais métodos: categoria 1.

Vamos ver as opções abaixo.


Alternativa A – Incorreta: O DIU hormonal é considerado categoria 2 para puérpera. Mas, só
deve ser inserido nas primeiras 48 horas pós-parto ou após 4 semanas. Então, não é uma
opção viável agora para nossa paciente.
Alternativa B – Correta: Perfeito! O implante subcutâneo é categoria 2 no puerpério e pode
ser utilizado!
Alternativa C – Incorreta: O DIU de cobre é uma ótima opção para essa paciente, pois é
categoria 1. Porém, o DIU (tanto o de cobre quanto o hormonal) só deve ser inserido nas
primeiras 48 horas pós-parto ou após 4 semanas do parto.
Alternativa D – Incorreta: Quaisquer métodos hormonais combinados, como a injeção mensal,
estão classificados como categoria 4 nesse período. Portanto, não devem ser prescritos!

Portanto, o gabarito é a alternativa B.

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Anticoncepção

Questão 05

(FAMERP-SP - 2023) Adolescente feminina, 16 anos, saudável, estudante de ensino


médio, procura atendimento na unidade básica de saúde, sem acompanhante. Refere que
já iniciou a vida sexual e gostaria de fazer uso da pílula anticoncepcional, apesar de utilizar
preservativo. O médico que a atende diz que só pode prescrever o método pedido após
falar com um de seus pais ou responsável legal. Em relação à conduta do médico, aponte
a alternativa correta: DIU hormonal.

a) A conduta do médico foi adequada com a adolescente, pois é menor de idade, portanto,
legalmente incapaz. É importante que seus pais ou o responsável legal saibam que ela
tem vida sexual. Com a anuência deles a pílula pode ser prescrita.

b) A conduta do médico não foi adequada com a adolescente, pois poderia prescrever
a pílula anticoncepcional, desde que reforçasse a necessidade de continuar usando
o preservativo e convocasse os pais ou o responsável legal para deixá-los cientes da
situação.

c) A conduta do médico não foi adequada com a adolescente, pois mesmo sendo menor
de idade, a paciente mostra-se capaz de tomar decisões relativas à sua saúde e não há
necessidade de comunicar aos responsáveis legais assuntos de sua vida sexual.

d) A conduta do médico foi adequada com a adolescente, pois ele deve exigir a presença
dos pais ou do responsável, porque a pílula anticoncepcional está contraindicada para
adolescente, pelo risco de abandono do uso do preservativo.

CCQ: Não é necessário pedir autorização de pais ou responsáveis para a orientação


e prescrição de métodos contraceptivos para menores de idade

Estamos diante de uma questão sobre contracepção, tema muito comum nas provas e
também muito importante para a nossa prática ambulatorial. Dessa vez, a questão nos trouxe
uma abordagem diferente: a contracepção na adolescência e o sigilo profissional. Vamos
revisar?
A confidencialidade é um direito do paciente adolescente e gera uma obrigação específica
para os profissionais da saúde. Em nosso país, o sigilo é regulamentado pelo artigo 103
do Código de Ética Médica, a saber: "o médico deve respeitar a individualidade de cada
adolescente, identificado como capaz de avaliar seu problema e de conduzir-se por seus
próprios meios para solucioná-lo, tendo o direito de ser atendido sem a presença dos pais ou
responsáveis no ambiente da consulta".

41
Anticoncepção

Algo a mais: em situações em que há risco à saúde do paciente ou de outrem, há a


necessidade de quebra do sigilo médico e o paciente deve ser informado, justificando-se os
motivos para essa atitude.
Neste caso, estamos diante de uma paciente de 16 anos, com vida sexual ativa e em uso
de preservativo (o que é muito incomum nesse meio), com desejo de fazer uso da pílula
anticoncepcional. Entretanto, o médico que a atende diz que só pode prescrever o método
pedido após falar com um de seus pais ou responsável legal.

Visto isso, vamos analisar as alternativas.


Alternativa A - Incorreta: A conduta foi inadequada. Não é necessário que seus pais ou o
responsável legal saibam que ela tem vida sexual ativa.
Alternativa B - Incorreta: Não é necessário convocar os pais ou o responsável legal para
deixá-los cientes da situação.
Alternativa C - Correta: Isso mesmo, arister! Não é necessário pedir autorização de pais ou
responsáveis para a orientação e prescrição de métodos contraceptivos para menores de
idade. Sabemos que essa população não costuma compartilhar o início de sua vida sexual
com seus responsáveis e nós, como médicos, somos responsáveis por promover a saúde,
prevenindo gestações indesejadas, sobretudo na adolescência, bem como ISTs.
Alternativa D - Incorreta: Orientações acerca do risco de abandono do uso do preservativo
devem ser dadas pelo médico. Ele não deve exigir a presença dos pais ou responsáveis.

Portanto, o gabarito é a letra C.

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