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Incidência de Cryptosporidium em bezerros jovens criados em sistema

extensivo: resultados preliminares de um estudo longitudinal


Incidence of Cryptosporidium in calves raised under extensive system: preliminary results of a longitudinal study.
Felippe Danyel Cardoso Martins1*, José Antonio Bessegatto1**; Winni Alves Ladeia1, Manuela Ferraz Valadares1,
Roberta Lemos Freire1, Juliana Massitel Curti1, Caroline Ambiel Barros Gil Duarte1, Fabricio Moreira Cerri1,
1
Carlos Henrique Montemor ; Júlio Augusto Naylor Lisbôa 1
1 Universidade Estadual de Londrina/Paraná.

*felippemartins@hotmail.com
**bessegatto.ja@gmail.com

INTRODUÇÃO Figura 2. Frequência de animais positivos e negativos para


Cryptosporidium distribuída entre os grupos NEL e CRU em relação ao
A Cryptosporidiose é uma doença causada por protozoários do gênero total de animais amostrados
Cryptosporidium conhecidos por infectarem uma grande gama de Frequencia Positivo NEL Frequencia Negativo NEL
hospedeiros (RYAN; FAYER; XIAO, 2014). Em bezerros, o Cryptosporidium Frequencia Positivo CRU Frequencia Negativo CRU

spp é um importante agente causador de diarreias, gerando perdas


econômicas (DE GRAAF et al., 1999). Além disso, bovinos podem hospedar 9,5% 14,3%
19,0%
34,8%
espécies zoonóticas de importância em saúde pública. A infecção ocorre a
42,8% 38,1%
partir da ingestão de oocistos, eliminados nas fezes de animais infectados, 33,3%
13,0%
presentes no ambiente, o que facilita a disseminação da doença em
26,1% 19,0% 19,0%
28,6%
sistemas de criação intensivos (MUHID et al., 2011). Por outro lado, o
manejo extensivo pode reduzir o número de animais infectados. 26,1% 28,6% 28,6%
19,0%

OBJETIVOS 15 DIAS 28 DIAS 60 DIAS 90 DIAS


O objetivo foi realizar um estudo longitudinal para avaliar a incidência de
DISCUSSÃO
Cryptosporidium spp. em dois grupos de bezerros criados em sistema
As frequências se assemelham àquelas encontradas em bovinos
extensivo
leiteiros confinados, fato que contesta a hipótese de que em criações à
MATERIAL E MÉTODOS pasto há menor prevalência em relação aos sistemas confinados
Doze bezerros da raça Nelore (NEL) e onze bezerros cruzados nelore vs
(SANTÍN; TROUT; FAYER, 2008; MUHID et al., 2011). A menor incidência
britânico (CRU) tiveram até o momento fezes coletadas nas idades de 15,
encontrada (39,13%) ainda representa uma grande frequência deste
28, 60 e 90 dias, classificadas como diarreicas ou não de acordo com a
protozoário nesta população. A manutenção da infecção no período pós
consistência. A técnica de Ziehl-Neelsen modificada foi utilizada para o
neonatal demonstra que animais mais velhos podem atuar como fonte
diagnóstico (ORTOLANI E.L., 2000).
de infecção aos mais novos e vice-versa. A epidemiologia da
RESULTADOS criptosporidiose em bovinos é complexa, quatro espécies são comuns
em bovinos e cada uma prevalece em determinada idade (SANTÍN et al.,
Durante o período estudado todos os bezerros em ao menos um momento
2004). O real conhecimento quanto a dinâmica da infecção só poderá
foram considerados positivos para Cryptosporidium (100% de prevalência
ser alcançada por meio de técnicas de biologia molecular capazes de
no período), em 52,38% dos animais foi constatada a presença de diarreia,
discriminar as espécies, este conhecimento poderá trazer novas
a incidência variou de 4,76% a 34,78%, a maior foi constatada com 15 dias
perspectivas para o controle desta infecção.
de vida. Considerando Cryptosporidium a incidência variou de 39,13% a
71,43%, a maior foi encontrada com 28 dias, dentro dos grupos a
CONCLUSÃO
incidência variou de 40% a 60% no grupo NEL e 27,27% a 81,81% no CRU Cryptosporidium spp. esteve presente nas fezes de todos os animais

(Figura 1). estudados em pelo menos um momento. A maior incidência foi


encontrada aos 28 dias de vida. O grupo CRU teve maior variação da
incidência entre as coletas em relação ao grupo NEL. Estudos
moleculares são necessários para elucidar a dinâmica de transmissão
de espécies deste protozoário.

AGRADECIMENTOS REFERÊNCIAS
DE GRAAF, D. C.; VANOPDENBOSCH, E.; ORTEGA-MORA, L. M.; ABBASSI, H.; PEETERS, J. E. A
review of the importance of cryptosporidiosis in farm animals. International journal for parasitology, v.
29, n. 8, p. 1269–87, ago. 1999.
MUHID, A.; ROBERTSON, I.; NG, J.; RYAN, U. Prevalence of and management factors contributing to
Cryptosporidium sp. infection in pre-weaned and post-weaned calves in Johor, Malaysia. Experimental
parasitology, v. 127, n. 2, p. 534–8, fev. 2011.
ORTOLANI E.L. Standardization of the modified Ziehl-Neelsen technique to stain oocysts of
Cryptosporidium sp. Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária, 2000. .
RYAN, U.; FAYER, R.; XIAO, L. Cryptosporidium species in humans and animals: current understanding
and research needs. Parasitology, v. 141, n. 13, p. 1667–1685, 8 nov. 2014.
SANTÍN, M.; TROUT, J. M.; FAYER, R. A longitudinal study of cryptosporidiosis in dairy cattle from birth
to 2 years of age. Veterinary parasitology, v. 155, n. 1–2, p. 15–23, 1 ago. 2008.
SANTÍN, M.; TROUT, J. M.; XIAO, L.; ZHOU, L.; GREINER, E.; FAYER, R. Prevalence and age-related
variation of Cryptosporidium species and genotypes in dairy calves. Veterinary parasitology, v. 122, n.
2, p. 103–17, 21 jun. 2004.

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