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PROFISSIONAL
CURSO
SOCIOEDUCAÇÃO
SUMÁRIO
Voltemos à década de 1970 que trouxe uma dura realidade para os brasileiros:
milagres não existem - ou pelo menos o chamado “milagre brasileiro” não existiu. Na
verdade, o que se chamou assim na época, para denominar esta rápida ascensão do
Brasil de uma nação de terceiro mundo para uma potência próspera e
superdesenvolvida, nunca passou de uma brincadeira, um espetáculo, ou como diz
Oliveira (2004), muito criticamente, uma “chanchada” mal resolvida.
No entanto, como a maioria das boas ideias que nascem no Brasil, foi
sufocada pelos mesmos motivos já conhecidos e que não permitem a solidificação dos
programas sociais nesse país: trocas de governo com extinção de quadros,
desconstrução de projetos, descontinuidade de financiamentos e, de maneira geral,
um descaso para com a História e o próprio destino da nação.
Seria, portanto, também um grande descaso não envidar todos os esforços
possíveis para que não se percam os frutos e a história dessa pedagogia.
É, sem dúvida, uma vida de sofrimento. Quem vive na rua enfrenta muitos
estresses no cotidiano e muito raramente tem acesso a bens, para muitos de nós tão
simples, como educação, cuidados de saúde, habitação e lazer. A grande maioria
não dispõe do conforto de uma cama ou mesmo de água potável.
Para as crianças, há a ausência de adultos responsáveis, zelosos e protetores.
São, em geral, vítimas da negligência, da discriminação e da violência cometidas por
outros indivíduos ou pelas instituições sociais. Apanham, são torturados, às vezes
exterminados. Essas crianças, em sua absoluta maioria filhos e filhas de nossos
pobres, testemunham a falência da sociedade em distribuir seus bens de maneira
razoavelmente equitativa, em estabelecer serviços sociais competentes e em
assegurar oportunidades iguais. Elas são, na verdade, uma metáfora do colapso de
nossa sociedade.
Quando uma criança decide mudar sua vida, abraçar um projeto de vida, por
trás daquela decisão se encontra uma pessoa que se dedicou de corpo e alma
àquela criança, geralmente sacrificando muito de sua própria vida pessoal e, muitas
vezes, encarando embates profissionais extremamente desgastantes. É, sobretudo,
a esses educadores que devemos a transição do fenômeno “meninos de rua”, de
sua invisibilidade virtual para uma posição de destaque no cenário da política social.
Essa mudança se deu a partir da Educação Social de Rua – um empreendimento
sociopedagógico centrado em competência profissional, mas também na força do
coração.
A emergência da Educação Social de Rua constituiu, portanto, um momento
histórico de transição no cenário político-social brasileiro, ligado diretamente a
transformações políticas, sociais e culturais que levaram a mudanças de pontos de
vista, de organizações estruturais e de modelos aplicados a um problema social
significativo.
A Educação Social de Rua protagonizou um movimento social liderado por
intelectuais e profissionais e que teve como um de seus mais importantes resultados
a promulgação, em 1990, do Estatuto da Criança e do Adolescente.
Tudo isso quer dizer que se encontrar com uma pessoa “da rua” é encontrar-
se com um universo estruturado, determinado e territorializado tanto do ponto de
vista de suas próprias definições quanto, e, sobretudo, como ela é definida pela
alteridade, ou seja, pela sociedade em cujo seio essa subcultura se estabelece.
É comum que se formem grupos de rua nas quais adultos ou jovens de mais
idade assumam a liderança. Esses adultos ou jovens mais velhos podem ser casais
que “adotam” os mais novos e são chamados por estes de “pais” e “mães” de rua”.
Muitos deles são ou foram crianças de rua e passam a servir como substitutos
para uma família perdida e como modelos para as crianças mais jovens. Pais e mães
de rua são, em geral, os perpetuadores da subcultura da rua, administrando a
disciplina nos locais de convivência e organizando esses locais onde as crianças
de rua vivem e se escondem (os “mocós”). As mães de rua reproduzem o papel
estereotipado da mãe de família, a mulher “do lar”, tomando para si os afazeres
domésticos e representando, para seus “filhos de rua”, o papel da mãe que eles já
não possuem ou que se encontra muito distante.
Para cumprir sua missão, os CTs dependem de uma sociedade crítica e organizada.
Precisa-se de comunidades que assumam responsabilidades sobre suas vidas e
seus destinos. Precisa-se, mais do que nunca, de discussão aberta, clara e sincera
sobre os problemas que afligem as comunidades. E o que se percebe nas
comunidades é que, por um lado, o avanço da conscientização sobre os direitos
da cidadania e dos consumidores continua a alimentar, timidamente e por
contiguidade, a defesa dos direitos das crianças e adolescentes.
O problema é que atitudes violentas contra a violência são erros para corrigir
erros e, no fundo, criam mais violência e corroem cada vez mais os direitos de todos
os cidadãos. A diminuição da idade de responsabilidade penal não vai solucionar a
falta de medidas preventivas e socioeducativas que são necessidades absolutas em
uma sociedade desigual como a que temos.
Mas o problema da miséria, hoje, vai muito além do quadro que se vê mais
agressivamente nas ruas das cidades. Escondido nas comunidades mais pobres
encontra-se um número incalculável de pessoas sofrendo pela impotência e abandono
do Estado e das instituições sociais. São os jovens empregados do narcotráfico e suas
famílias vitimadas pela desagregação, são as favelas sem saneamento, os deficientes
sem perspectiva de inserção social, os sofredores de problemas psíquicos, alguns
enjaulados por famílias que não sabem mais o que fazer, as multidões que se
entregam, em suas últimas fases da degradação, à catação de alimentos nos lixos, ao
alcoolismo e à violência. É o retrato de uma tragédia aparentemente sem fim e sem
esperança de melhora.
Essa é uma realidade que buscamos o tempo todo não ver. Tentamos nos
enganar, nos ludibriar que isso nesta acabando e como fechamos os olhos,
fechamos os vidros dos carros nos sinais das grandes cidades, realmente não
conseguimos enxergar toda a miséria do mundo ao nosso lado.
Seria absurdo dizer que a Educação, de qualquer tipo, possa resolver os
problemas estruturais, de natureza econômica, e suas consequências sociais, bem
como a cegueira política deste país. Instituições sociais mais robustas, como a
Saúde, vêm tentando, através de estratégias bem formuladas e às vezes mal
operacionalizadas, tapar o buraco da miséria com seus programas comunitários.
Esse entendimento pode ser vislumbrado nas conexões que faz a Educação
Social de Rua entre o processo de estabelecer vínculos de qualidade que, em
consequência, podem transformar a sociedade institucional. O vínculo torna o
profissional consciente de seu papel pedagógico-social, fundamental na
compreensão das relações sociais, políticas e culturais e na defesa de direitos e,
portanto, na vitalidade da cidadania.
Uma Pedagogia Social é necessária para que as propostas para a
construção de cidades e comunidades inclusivas, educativas e saudáveis sejam
efetivadas.
3 TEMAS PONTUAIS
No capital são incluídos todos os bens duráveis que são utilizados ou apoiam
a produção de outros bens ou serviços. Aqui são incluídos as máquinas e
equipamentos (de informática, telecomunicações, de transporte etc.), as
instalações (edifícios e construções) etc.
Se o capital social é tanto maior quanto maior for a intensidade das interações
humanas, o conhecimento poderá se beneficiar desta troca social (DIAS,
2008).
Há autores como Rothschild e Whitt (1988 citados por Dias, 2008) que
sustentam que as cooperativas operam como um modelo de organização alternativo
ao modelo burocrático. Essa corrente identifica no modelo cooperativista um controle
dos associados e processos de tomada de decisão baseados na democracia
participativa, visando atingir objetivos tanto econômicos como sociais. Entende que as
cooperativas buscam substituir as práticas hierárquicas e burocráticas por práticas
democráticas e participativas, onde o poder é exercido de modo diferente.
• cooperativa de ensino: reúne pais e alunos para manter uma escola, por
exemplo;
a) Constituídas formalmente.
c) Autogovernadas.
d) Sem fins lucrativos.
FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. 14. ed. Rio de Janeiro: Paz
e Terra, 1987.