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I.

Em consonância com o previsto no n.º 8 do artigo 33.º da CRP, o artigo 3.º da Lei n.º
27/2008, de 30 de junho (alterada pela Lei n.º 26/2014, de 5 de maio), vem estabelecer
para efeitos da concessão de asilo (nos termos do artigo 20.º do mesmo diploma) ao
Diretor Nacional do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras o seguinte:

1. É garantido o direito de asilo aos estrangeiros e apátridas perseguidos ou


gravemente ameaçados de perseguição, em consequência de atividade exercida
no Estado da sua nacionalidade ou da sua residência habitual em favor da
democracia, da libertação social e nacional, da paz entre os povos, da liberdade e
dos direitos da pessoa humana.
2. Têm ainda direito à concessão de asilo os estrangeiros e apátridas que, recendo
com fundamento ser perseguidos em virtude da sua raça, religião, nacionalidade,
opiniões publicas ou integração em certo grupo social, não possam ou por esse
receio não queiram voltar ao Estado da sua nacionalidade ou da sua residência
habitual.

Fundado nesta lei, Antoine requereu a concessão de direito de asilo ao órgão


competente, alegando e provando que é militante de um partido de oposição à
maioria governamental do Estado X e que tinha participado numa grande
manifestação contra o Governo, na sequência do qual viria a ser preso. Sucede que,
aquando da transferência para outra prisão conseguiu fugir.

O Diretor Nacional do SEF recusou a concessão de asilo por entender não estar
verificado um pressuposto da lei: o receio, com fundamento, de ser perseguido em
virtude de opiniões politicas.

1. Avalie, fundamentadamente, se se pode entender que as disposições transcritas


concedem uma competência discricionária ao diretor nacional do sef.

II
Nos termos do art. 18.º da Lei n.º 107/2001, de 8 de setembro (Lei de Bases do
Património Cultural) a classificação consiste no “ato final do procedimento
administrativo mediante o qual se determina que certo bem possui um inestimável valor
cultural”.

Os bens culturais são legalmente definidos como bens moveis ou imoveis que
representem testemunho material com valor de civilização ou cultura. Podem ser objeto
de classificação de bens de interesse nacional o que acontece, nos termos da lei,
“quando a respetiva proteção e valorização, no todo ou em parte, represente um valor
cultural de significado para a Nação.”

1. Diga, justificando, se o ato de classificação de um bem como bem cultural


corresponde ao exercício de um poder discricionário.

III.

De acordo com o n.º 3 do art. 24.º do DL 555/99, de 16 de dezembro, o pedido de


licenciamento de uma obra de edificação “pode ser indeferido quando a obra seja
suscetível de manifestamente afetar a estética das povoações, a sua adequada inserção
no ambiente urbano ou a beleza das paisagens”.

1. Diga, justificando, se estas disposições concedem poderes discricionário à


Câmara Municipal quando tenha de decidir sobre um concreto pedido de licenciamento.

2. Diga, justificando, se é possível e em que termos e com que fundamento, o


controlo judicial dos atos praticados no âmbito desta competência.
IV

De acordo com o regime jurídico de armas e munições, pode ser concedida licença de
uso e porte de arma a maiores de 18 anos que reúnam, cumulativamente, as seguintes
condições: se encontrem em pleno gozo dos seus direitos civis, demonstrem carecer de
licença por razões profissionais ou por circunstâncias imperiosas de defesa pessoal ou
de propriedade, sejam idóneos, sejam portadores de certificado médico.

1. Diga, justificando, se estas disposições concedem poderes discricionários.

V.

De acordo com o Regulamento Municipal de Urbanização do Município da Figueira da


Foz “pode ser concedida licença de construção em área não abrangida por operação de
loteamento a indivíduos que reúnam, cumulativamente, as seguintes condições:

a. Apresentar um projeto de obras de edificação;

b. Demonstrar a conformidade do projeto com o aspeto exterior e a inserção urbana


e paisagística das edificações;

c. Demonstrar a qualidade ambiental do projeto para o interesse do município;

d. Ser idóneo.

Sabendo que a atribuição destas licenças é da competência da Camara Municipal da


Figueira da Foz, diga, justificando, se esta competência tem uma natureza
discricionária.

VI

Nos termos da Lei de Bases do Património Cultural a classificação consiste no “ato final
do procedimento administrativo mediante o qual se determina que certo bem possui um
inestimável valor cultural”.

Os bens culturais são legalmente definidos como bens moveis ou imoveis que
representem testemunho material com valor de civilização ou cultura. Podem ser objeto
de classificação de bens de interesse nacional o que acontece, nos termos da lei,
“quando a respetiva proteção e valorização, no todo ou em parte, represente um valor
cultural de significado para a Nação.”

1. Diga, justificando, se o ato de classificação de um bem como bem cultural


corresponde ao exercício de um poder discricionário.

2. Imagine que Martim, proprietário de uma casa senhorial que data do séc. XIV,
viu o seu imóvel classificado como bem de interesse nacional com os seguintes
fundamentos: o valor cientifico, patrimonial e cultural do imóvel classificado articula-se
segundo critérios como autenticidade, originalidade, raridade, singularidade e
exemplaridade que se revelam expressivamente na relevância simbólica que adquiriram
como lugar da memoria histórica e politica, na medida em que aí passou a sua infância a
Ínclita Geração”.

Descontente com a decisão que o impede de utilizar livremente o palacete, Martim


pretende reagir nos tribunais administrativos. Para tanto invoca que ao contrário do que
resulta da instrução do processo naquela casa nunca viveu qualquer infante de Portugal.
Se fosse juiz do processo, como se pronunciaria?

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