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Decreto-Lei número 25, de 30 de novembro de 1937

Capítulo I:

Do Patrimônio Artístico e Histórico Nacional

Art. 1º Constitue o patrimônio histórico e artístico nacional o conjunto dos bens móveis e imóveis
existentes no país e cuja conservação seja de interêsse público, quer por sua vinculação a fatos
memoráveis da história do Brasil, quer por seu excepcional valor arqueológico ou etnográfico,
bibliográfico ou artístico.

Nesse decreto-lei tratamos exclusivamente dos bens materiais – como destacado no art. 1 º -, que
podem compor o patrimônio histórico e artístico nacional. Podemos notar o caráter de organização
desse patrimônio. Há um sentido em reconhecer o devido valor desse bem, sua contribuição para a
chamada Identidade nacional, como explicitado no valor etnográfico, ou seja, seu valor para
determinados grupos étnicos. Ao tratarmos dos chamados valores bibliográficos, faz-se necessário
distanciar do conceito de valor literal, que por sua vez, é imaterial- que só entrarão em questão no
ano 2000. O valor literário refere-se ao conteúdo do texto, a mensagem ali contida. Já o valor
bibliográfico, refere-se ao livro, propriamente dito, como uma edição física, um manuscrito, a
primeira edição, ou seja, o suporte material.

. Os sítios e paisagens também são considerados nesse decreto-lei – hoje, conhecidos por
patrimônios naturais. (§ 2º [...] aos bens a que se refere o presente artigo e são também sujeitos a
tombamento os monumentos naturais[...]). A cerca desses patrimônios, podemos inserir os “que
tenham sido dotados pela natureza”, como a Chapada Diamantina, na Bahia, além das ilhas
Atlânticas Brasileiras, como Fernando de Noronha ou o Pantanal – ao que se entende hoje por área
de conservação. Outros monumentos naturais são também aqueles que “tenham sido agenciados
pela indústria humana”, como por exemplo a cidade de Brasília, com seu importantíssimo caráter
arquitetônico nacional, ou como o mais conhecido elemento nacional pelos estrangeiros: O
Corcovado e o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro. Sua conservação é essencial a fim de evitar a
desconfiguração dessas paisagens.

Art. 2º A presente lei se aplica às coisas pertencentes às pessôas naturais, bem como às pessôas
jurídicas de direito privado e de direito público interno.

O artigo reforça que a “lei se aplica às coisas”, ou seja, aos bens materiais. Quanto ao
pertencimento, classificamos as “pessôas naturais” que são as pessoas físicas, assim como às
“pessôas jurídicas de direito privado” que são as empresas em geral e as “pessôas jurídicas de direito
público” que são aquelas ligadas as camadas administrativas, autarquias e as fundações.

Art. 3º Exclúem-se do patrimônio histórico e artístico nacional as obras de orígem estrangeira

Esse é um artigo de exclusão, propondo-se a discorrer quais patrimônios não serão consideradas. As
“representações diplomáticas e consulares” são um caso delicado, já que pelas regras do direito
internacional, esses espaços são extensões do território que representam, mesmo em solo nacional.
A lei de introdução do Código Civil – hoje, a lei de introdução às normas do direito brasileiro –
contempla a sucessão por morte, que respeita a lei do país em que o morto morava. Por isso, o bem
não é acrescido ao valor histórico nacional. A presença de um bem estrangeiro no Brasil, não o
integra a nosso histórico cultural, por isso, o herdeiro tem o direito de possuí-lo em caso de morte
do dono.

Código Civil:Art.10. A sucessão por morte ou por ausência obedece à lei do país em que
domiciliado o defunto ou o desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situação dos bens.

Capítulo II

Do Tombamento

Art. 4º O Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional possuirá quatro Livros do Tombo, nos
quais serão inscritas as obras a que se refere o art. 1º desta lei [...]

Em relação à prática do tombamento. O Tombamento de ofício, ocorre quando o próprio


administrador público tem a iniciativa de realiza-lo, não necessitando da ação de terceiros. Podendo
variar nos diversos âmbitos dos entes federativos.

Art. 6º O tombamento de coisa pertencente à pessôa natural ou à pessôa jurídica de direito privado
se fará voluntária ou compulsoriamente [...]

O tombamento das coisas de direito privado, divide-se em voluntário ou compulsório. O primeiro,


apresentado no artigo sétimo, ocorre de duas formas, quando o proprietário do bem faz seu pedido
de tombamento, ou quando o bem é notificado e o proprietário concorda e reconhece, assumindo
assim, a condição voluntária.

Art. 8º Proceder-se-á ao tombamento compulsório quando o proprietário se recusar a anuir à


inscrição da coisa

Por sua vez, o tombamento compulsório, resulta do conflito entre os interesses públicos e privados,
criando uma disputa entre os poderes sobre o bem. A coletividade prevalece e o tombamento
acontece mesmo sem a anuência do dono.

Art. 10. O tombamento dos bens, a que se refere o art. 6º desta lei, será considerado provisório ou
definitivo

Conforme seu estágio processual, podemos dividir o tombamento entre provisório, quando dado
início e, após sua conclusão e inscrição no livro tombo, torna-se definitivo.

Capítulo III

Dos Efeitos do Tombamento

Art. 11. As coisas tombadas, que pertençam à União, aos Estados ou aos Municípios, inalienáveis por
natureza, só poderão ser transferidas de uma à outra das referidas entidades.

O mais importante efeito é torná-lo inalienável ou restringir a possibilidade de comercialização – em


caso de propriedade particular - de forma que se garanta a finalidade alcançada pelo tombamento.
Art. 19. O proprietário de coisa tombada, que não dispuzer de recursos para proceder às obras de
conservação e reparação que a mesma requerer, levará ao conhecimento do Serviço do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional

Independentemente do estágio do processo de tombamento, os efeitos de proteção já contemplam


o bem. O tombamento é uma limitação no uso e conservação, não retirando assim a propriedade.
Traz implicações ao bem, não pode ter uso diverso daquele que gerou o tombamento. O
proprietário deve garantir sua conservação, mas caso não tenha recursos, compete ao Estado fazê-
lo.

Art. 18. Sem prévia autorização do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, não se
poderá, na vizinhança da coisa tombada, fazer construção que lhe impeça ou reduza a visibílidade,
nem nela colocar anúncios ou cartazes, sob pena de ser mandada destruir a obra ou retirar o objéto,
impondo-se nêste caso a multa de cincoenta por cento do valor do mesmo objéto.

O SPHAN preza e zela também pela ambiência, ou seja, pelo entorno do bem tombado, a fim de
evitar danos a este patrimônio e sua devida descaracterização

Capítulo IV

Direito de Preferência.

Art. 22. Em face da alienação onerosa de bens tombados, pertencentes a pessôas naturais ou a
pessôas jurídicas de direito privado, a União, os Estados e os municípios terão, nesta ordem, o
direito de preferência.

É possível alienar, ou seja, vender o bem a outro privado, já que o tombamento não implica em
perda de posse. Entretanto, antes de oferecê-lo a um particular interessado na compra do bem,
deve-se oferecer aos entes federados na ordem apresentada no artigo.

Código de Processo Civil: Art. 1.072. Revogam-se: (Vigência)

I - o art. 22 do Decreto-Lei nº 25, de 30 de novembro de 1937 ;

O art. 1.072 Código de Processo Civil, de 16 de março de 2015, revogou o Art. 22 do Decreto-Lei nº
25, portanto quanto ao direito de preferência fica revogado.

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