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RUÍDOS

Higiene Ocupacional I

Professor: Luciano de Paula Modesto


E-mail: luciano.modesto@ifmg.edu.br
Critérios de avaliação da exposição
ocupacional ao ruído
• Ruído contínuo ou intermitente:
– Critério de referência: Limites de exposição diária adotados corresponde a
uma dose de 100% para exposição de oito horas ao nível de 85 dB;
– Critério de avaliação: Além do critério de referência, deve-se considerar o
incremento de duplicação de dose (q) igual a três e o nível limiar de
integração igual a 80 dB.

A avaliação da exposição ocupacional ao ruído contínuo ou intermitente deve se


basear na determinação da DOSE DIÁRIA DE RUÍDO ou do NÍVEL DE
EXPOSIÇÃO, PARÂMETROS REPRESENTATIVOS DA EXPOSIÇÃO
DIÁRIA DO TRABALHADOR.

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Avaliação de ruído contínuo e
intermitente
 POR MEIO DE DOSE DIÁRIA:
• Medidores integradores de uso pessoal, fixados no trabalhador
(dosímetros de ruído);
– Limite de exposição ocupacional diário ao ruído contínuo ou intermitente
corresponde à dose diária de 100%.
– Nível de ação da exposição ao ruído diário igual a 50%.
– Valor-teto para ruído contínuo e intermitente é 115 dB(A).

• Outros medidores integradores ou medidores de leitura instantânea,


portado pelo avaliador;
– Determinação da dose diária considerando o tempo total diário de exposição do
trabalhador a um nível de ruído e o tempo máximo diário permissível a esse nível.
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Avaliação de ruído contínuo e
intermitente
 POR MEIO DO NÍVEL DE EXPOSIÇÃO:

• Preferência por medidores integradores de uso pessoal;

• Nível de exposição (NE) = nível médio representativo da exposição


diária do trabalhador avaliado;

• Para comparar com o limite de exposição, determinar o nível de


exposição normalizado (NEN) = NE convertido para jornada padrão
de oito horas diárias.
– Considera-se o NE e tempo de duração, em minutos, da jornada diária de
trabalho. Higiene Ocupacional I – Prof. Luciano de Paula Modesto 4
Avaliação do ruído de impacto
 POR MEIO DE MEDIDOR DE NÍVEL DE PRESSÃO SONORA:
• Medidor com nível de pressão sonora linear e circuito de resposta para
medição de nível de pico;
• Determinação do Limite de exposição diária. Considera-se:
– Nível de pico em dB (Lin), máximo admissível;
– Número de impactos ou impulsos ocorridos na jornada de trabalho.
• Número de impactos diários exceder 10.000 = ruído contínuo ou
intermitente;
• Valor-teto de tolerância = 140 dB (Lin);
• Nível de ação para exposição ocupacional = Np subtraído de 3dB (Np – 3).

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Comparação LT da NR-15 e ACGIH
 NR-15 ANEXO 1
• Limite de tolerância = 85dB(A)
• Incremento de duplicação de dose de 5 dB
A cada 5 dB que se acrescem no nível de ruído, o tempo de exposição
permitido diminui pela metade.
REGRA DOS CINCO DECIBÉIS
Nível dB (A) Tempo permitido
85 8h
90 4h
95 2h
100 1h
105 30 min
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Comparação LT da NR-15 e ACGIH
 ACGIH
• Limite de tolerância = 85dB(A)
• Razão de incremento de dose de 3 dB
A cada 3 dB que se acrescem no nível de ruído, o tempo de exposição
permitido diminui pela metade.
LIMITES ACGIH
Nível dB (A) Tempo permitido
85 8h
88 4h
91 2h
94 1h
100 15 min
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Tempo máximo diário de exposição permissível em
função do nível de ruído –
NHO 01 FUNDACENTRO
NÍVEL (dBA) TEMPO (minutos)
80 1.523,90
81 1.209,52
82 960,00
83 761,95
84 604,76
85 480,00
86 380,97
87 302,38
88 240,00
89 190,48
90 151,19
91 120,00
92 95,24
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Adição e subtração de níveis de ruído
• Operações em decibéis NÃO SÃO LINEARES = 120 dB + 30 dB ≠ 150 dB.
 Soma de níveis de pressão sonora → fontes puntiformes e para propagação
em campo livre:
• Decibel é uma relação LOGARITMICA;
• Presença de duas fontes de mesmo nível resulta em uma de nível três decibéis
maior;
• A pressão resultante é o dobro da primeira;

 Nível resultante da adição de várias fontes:


• Calcula-se a diferença entre dois níveis;
• Consultar a parcela somada ao maior nível na tabela (será no máximo 3,0
decibeis)
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Adição e subtração de níveis de ruído
 Subtração de níveis de pressão sonora:
• Priorização para as máquinas mais ruidosas;
• Utiliza-se a técnica de “ruído de fundo”;
• Avaliação próximo à máquina, uma vez ligada e outra desligada;
• Diferença entre os dois níveis menor que 2dB = predominância do ruído de
fundo, tratamento da máquina tem pouca influência no nível de ruído;
• Nível maior que 10 dB = predominância do ruído da máquina, recomenda-
se o tratamento acústico da máquina;
• Entre 2 dB e 10 dB, tratamento é recomendado, possível estimar o nível da
máquina.

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Avaliação do risco de dano auditivo
 Efeito danoso do ruído depende:
• NPS e distribuição de NPS por frequências (espectro sonoro);
• Duração da exposição;
• Número de vezes que a exposição se repete por dia;
• Suscetibilidade individual.

 Avaliação do potencial de desconforto:


• Medição do NPS e a frequência do ruído;
• NR – 17 limites para conforto no ambiente do trabalho.

 Avaliação para orientação de medidas de controle


• NPS e frequências;
• Analisar as fontes de ruídos e melhorar as medidas de controle.
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Levantamentos de Ruído
 Dois tipos de levantamento: AMBIENTAL e PESSOAL;
• Ambiental: Consiste em medições instantâneas para determinação do
ruído na área (rastreamento);
• Pessoal: Por dosimetria realizada por audiodosímetros;

 Cuidados observados em um levantamento ambiental:


• Calibrar o medidor de nível sonoro;
• Conhecer a área para posição dos equipamentos;
• Posicionar o medidor de forma correta;
• Manter o medidor na altura da região auditiva (1,5 m do solo);
• Manter pelo menos 0,5 m de distância do aparelho;
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• Anotar as condições ambientais (temp. / veloc. do ar, etc.);
• Anotar as condições operacionais;
• Verificar o número de trabalhadores expostos;
• Verificar a aferição do medidor;
• Registrar a marca, o tipo e o número de série do aparelho;
• Não expor o aparelho ao sol e umidade excessiva;
• Elaboração das curvas isorruidosas.

OBS: Em um campo livre, cada vez que dobramos a distância da fonte, o


nível reduz em 6 dB, o que permite uma estimativa do nível de ruído
próximo a máquina.
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Instrumentação e Medições
 Instrumentos necessários:
 Medidor de nível de pressão sonora tipo 2. Acessórios obrigatórios: calibrador
acústico e protetor de vento e poeira;
 Cronômetro;
 Folha de campo;
 Croqui detalhado da área.

 Medições:
 Verificação da integridade do aparelho;
 Calibração do aparelho;
 Anotação das condições operacionais e ambientais;
 Medição próximo a região auditiva (1,5 m do solo);
 Posicionar o aparelho na direção de maior nível.
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Leitura

 Resposta dinâmica lenta (slow);


 Circuito de compensação A;
 Tempo de estabilização de 5 segundos;
 Acontece em função da variabilidade do nível no local, sendo
recomendado três leituras anotando o valor médio;
 Desprezar os picos de origem compulsiva;
 Verificar periodicamente o nível das baterias.

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Circuitos de compensação
Medidor de circuito: Modifica uma resposta linear para uma parábola,
aproximando da resposta da orelha.
Circuitos de
compensação Unidade Aplicações
Levantamentos ocupacionais, dosimetrias e
A dB (A) cálculo de atenuação dos protetores
auriculares.
B dB (B) Atualmente não é utilizada.
Ruído de impacto e cálculo de atenuação de
C dB (C)
protetores auriculares
D dB (D) Ruído de aeroportos.

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Circuitos de compensação e levantamentos de
ruído com medidor de nível de pressão sonora
Circuito de Escala de Altura do ponto
Tipo de levantamento
compensação atenuação (m)
Slow 1,5
Ruído contínuo ou intermitente dB (A)

dB (C) Fast 1,5


Ruído de impacto dB (L)

dB (C) Slow 1,5


Cálculo de atenuação

dB (L) Slow 1,5


Análise por faixa de frequência

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Medidas de Controle de Ruídos
 São consideradas de três maneiras distintas: na fonte, na trajetória e no
homem.

 Prioridade nas medidas na fonte e trajetória quando viável tecnicamente.

 Controle na FONTE:
• Utilização de equipamento mais silencioso;
• Balanceamento e equilíbrio das partes móveis;
• Redução dos impactos na medida do possível;
• Alteração no processo;
• Aplicação do material de modo a atenuar as vibrações.

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Medidas de Controle de Ruídos
 Controle na TRAJETÓRIA:
• Evitar a propagação do ruído;
• Conseguir um máximo de perdas energéticas por absorção;
• Colocação de isolamentos acústicos.

 Controle no HOMEM:
• Limitação ao tempo de exposição a ruídos superiores a 85dB (A);
• Utilização de protetores auriculares.

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Protetores Auriculares
 Objetivo: Proteção da capacidade auditiva do trabalhador quando
não for possível o controle da atenuação do ruído em níveis
satisfatórios.

 Estimativa da proteção fornecida pelos protetores auriculares


pode ser determinada através de:
• análise de frequência;
• índice de atenuação do protetor (RC) fornecido pelo fabricante
ou certificado de aprovação – CA).

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Exemplo:
 Na aciaria de uma siderúrgica foram feitas medições com o medidor de
nível de pressão sonora, posicionado junto a zona auditiva do trabalhador,
obtendo-se o valor de 101 dB(C) e 97 dB(A) para a atividade executada.
O trabalhador está utilizando o protetor auricular tipo concha, cujo o
valor de Rc obtido do fabricante é 19,8. Qual deve ser a atenuação obtida
quando do uso efetivo do protetor auricular pelo trabalhador?
dB(A) = dB(C) – Rc
dB(A) = 101 – 19,8
dB(A) = 81,2
O trabalhador receberia nível de pressão de 97 dB(A) sem o uso do protetor.
Com o uso do mesmo esse nível cai para 81,2 estando o trabalhador
protegido.

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Recomendações da NIOSH
 Um estudo de 1998 concluiu que havia diferenças entre os Rc´s
informados pelos fabricantes e a real proteção do trabalhador.

 Recomendação para considerar uma redução no valor do Rc fornecido


pelo fabricante:
• Protetor tipo concha → redução de 25% no Rc;
• Protetor moldável → redução de 50% no Rc;
• Outros protetores → redução de 70% no Rc.

Exemplo anterior: Rc = 19,8 dB seria 14,8 dB e o ruído atenuado seria


dB(A) = 101 – 14,8 = 86,2 dB(A) → acima da tolerância.

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Programa de Conservação Auditiva (PCA)
 Empresa deverá instituir um PCA quando a exposição média ponderada para
oito horas de qualquer trabalhador for igual ou superior a 85 dB(A).

 Avaliação do nível de exposição


• Conforme a NHO-01 da Fundacentro, sem considerar a utilização de
protetores auriculares.

 Avaliação inicial
• Determinar locais e funções com NME ≥ 85 dB(A);
• Medidor de nível sonoro ou dosímetro = trabalhadores em situação
estacionária;
• Monitoração mais precisa para ruído intermitente ou variável ao longo de
toda exposição = trabalhadores que se movem.
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Programa de Conservação Auditiva (PCA)
 Avaliação Periódica
• A cada dois anos;
• Em três meses se houver alguma alteração no processo, na prática do
trabalho;
• Audiométricas.

 Instrumentação
• Instrumentos calibrados;
• Resposta atenuada.

 Controles administrativos, de engenharia e práticas de trabalho


• Controlar a exposição que deve ser inferior a 85 dB(A);
• Protetores auriculares adequados e sem custo para os trabalhadores.
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Programa de Conservação Auditiva (PCA)
 Observações:
• Exposição acima de 100 dB(A) deve utilizar o protetor auricular tipo concha e o
de inserção simultaneamente.
• É necessário treinamento anual sobre uso, seleção e ajuste dos protetores.

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Programa de Conservação Auditiva (PCA)
 Vigilância Médica:
• A empresa deve providenciar audiometria para todos expostos acima de 85
dB(A);
• Testes audiométricos devem ser acompanhados por um médico do trabalho;
• Necessário audiograma básico antes do emprego ou no máximo dentro de
30 dias;
• É proibido exposição igual ou superior a 85 dB(A) 12 horas antes do teste;
• Trabalhadores alistados no PCA devem fazer o teste audiométrico e caso
tenham mudança no limiar auditivo ≥ 15 dB a 500, deverá ser feito reteste
imediato;
• O trabalhador deverá ser informado da perda de audição e deverá fazer
testes adicionais.

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Programa de Conservação Auditiva (PCA)
• Havendo mudança no limiar auditivo: AUDIOGRAMA de confirmação em
30 dias;
• Registrar no prontuário do trabalhador;
• Havendo confirmação de mudança: novo audiograma informando em até 30
dias;
• Medidas para evitar novas perdas:
• Revisão de protetores auriculares;
• Reinstrução dos trabalhadores;
• Explanação dos efeitos de perda auditiva;
• Recolocação em área menos ruidosa;
• Treinamento em programa de conservação auditiva;
• Em casos de saída do emprego ou mudanças de função não envolvendo
exposição ao ruído nocivo: Audiograma demissional;
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Programa de Conservação Auditiva (PCA)
 Comunicação de risco
• Placas de avisos: visíveis, linguagem dos trabalhadores e acompanhadas de
informação verbal aos incapazes;
• Informações aos expostos sobre as consequências da exposição e métodos
preventivos.
 Treinamento
• No mínimo anuais;
• Contendo efeitos físicos e psicológicos do ruído e da perda auditiva;
• Seleção, uso e ajuste do protetor auditivo;
• Testes audiométricos;
• Registro desses treinamentos e entrega de cópias desses registros para o
trabalhador.
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Programa de Conservação Auditiva (PCA)
 Critério de avaliação do programa
• A efetividade será avaliada ao nível do trabalhador e ao conteúdo
programático;
• Avaliação ao nível programático anualmente;
• Alterações no limiar auditivo de trabalhadores devem ser comparados à
população não exposta.
 Guarda dos registros
• Registro da avaliação da exposição:
Nome do trabalhador, número de identificação, tarefas realizadas e locais de
trabalho, datas e tempos de medições, tipo, marca, modelo e tamanho dos
protetores auriculares, medições dos níveis de exposição, identificação do técnico
que realizou as medições, cópias do histórico de exposição do trabalhador.

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Programa de Conservação Auditiva (PCA)
• Registro dos acompanhamentos médicos:
Nome do trabalhador, número de identificação, tarefas realizadas e locais de
trabalho, histórico médico, de emprego e exposição ao ruído, datas, tempos e tipo
de testes realizados, hora de cada exposição antes dos testes, limiares de audição na
frequência recomendada, identificação do técnico que realizou a avaliação, etiologia
de qualquer mudança no limiar, identificação do revisor.

• Retenção dos registros:


Trinta anos para monitoração da exposição.
Durante o emprego e mais trinta anos para o registro de monitoração médica.
Os registros de calibrações do audiômetro e das medições de ruído em salas de
testes audiométricos devem ser mantidos por cinco anos.

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Programa de Conservação Auditiva (PCA)
• Disponibilidade dos registros:
Cópias serão fornecidas para o trabalhador.
Outras pessoas deverão ter autorização.

• Transferência dos registros:


Empregador deverá estar em concordância.

• Normas ANSI
Deverão ser substituídas pela última versão disponível.

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