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Inércia inflacionária e inflação inercial: uma avaliação


histórica de conceitos teóricos instáveis1

André Roncaglia de Carvalho2


Resumo: O artigo defende a hipótese de que o declínio da teoria da inflação inercial baseada na América
Latina se deveu em grande parte à instabilidade na sua comunicação teórica. A partir da década de 1950,
várias tradições do pensamento económico pretendiam explicar o conceito de “inércia inflacionária”. Não
só foram atribuídos significados bastante distintos ao termo “inércia”, mas também diferentes narrativas
implicaram implicações políticas bastante contraditórias. O documento descreve os momentos críticos
em que tais conflitos na linguagem teórica foram atenuados pelo objectivo comum de conter o impulso
auto-sustentável da inflação na região. As contribuições de Celso Furtado, MH Simonsen, Julio Olivera e
James Tobin são avaliadas como pontos de partida do modo de exposição estruturalista tipicamente
discursivo latino-americano. Estes autores esforçaram-se por enquadrar as principais novidades da teoria
da inflação inercial em formulações matemáticas ou em quadros conceptuais mais em sintonia com os
desenvolvimentos então contemporâneos na teoria macroeconómica. Fizeram-no mantendo as principais
características da abordagem da CEPAL, nomeadamente a presença de conflitos distributivos e detalhes
institucionais locais, tais como a indexação de salários e preços e restrições à balança de pagamentos.
Paradoxalmente, ao colmatar a lacuna de comunicação com os desenvolvimentos norte-americanos,
estes autores ajudaram a desvendar as deficiências da tradição latino-americana em duas dimensões
cruciais. Em primeiro lugar, a natureza proeminentemente orientada para a política de tais debates levou
à associação desta abordagem emergente à sequência de planos de estabilização heterodoxos falhados
na década de 1980. O segundo aspecto refere-se ao desmascaramento do conceito de inércia de sua
posição central nos debates na região no final da década de 1980. A defesa direta da teoria deu lugar a
um êxodo maciço de vários dos seus pretendentes em direção à nova síntese neoclássica em curso. A
teoria da inflação inercial foi assim gradualmente despojada da sua substância e forma anteriores, pois
parecia não se adequar à revolução das microfundações que ganhou impulso na década de 1980.

Introdução

Este artigo fornece um relato seletivo sobre o processo de desenvolvimento teórico deste

abordagem heterodoxa na América Latina. O objetivo é dar sentido às rodadas dessa teoria

rivalidade através da análise do cenário económico em mudança e dos desafios colocados por eles para

os contendores de ambas as “escolas de pensamento”.

Começa com uma breve análise do debate entre ortodoxia e heterodoxia na década de 1950,

quando a Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL, doravante CEPAL) iniciou seu tour de

força contra a influência teórica e política que chega do hemisfério Norte.

1
Artigo a ser apresentado na 4ª Conferência Latino-Americana da Sociedade Europeia para a História do Pensamento
Econômico, de 19 a 22 de novembro de 2014, em Belo Horizonte – Brasil. Agradecemos o financiamento da pesquisa
da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - ou de Ensino - (CAPES) .
2
Doutorando no Programa de Economia do Desenvolvimento da Universidade de São Paulo, Brasil. Contato:
andre.roncaglia.carvalho@usp.br.
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A então recentemente estabelecida ortodoxia keynesiana em questões macroeconómicas enfrentou a oposição

da chamada contra-revolução monetarista, iniciada no início da década de 1960 e atingindo o seu auge

influência ao longo da década de 1970 com o diagnóstico geral de “estagflação” após Richard

A desvalorização do dólar por Nixon, a dissolução do aparelho político de Bretton Woods e a

Choque do petróleo de 1973. Segue-se a intensa reacção entre os economistas académicos à

estratégias de estabilização propostas pelo FMI aos países sobrecarregados de dívidas da América Latina

e em outras partes do mundo, após a crise da dívida de 1982, desencadeada pela economia mexicana

incumprimento nos pagamentos do serviço da dívida externa em Agosto desse ano. O cenário económico que se seguiu

proporcionou desafios multifacetados aos decisores políticos que suscitaram um ambiente intelectual altamente

fértil para inovação teórica em questões de política de estabilização.

O capítulo brasileiro desse debate mais amplo é o foco das seções seguintes. No entanto,

não deve ser tomada independentemente do âmbito internacional de tais questões, para um conjunto complexo de

inter-relações entram em jogo para explicar a relativa convergência de pontos de vista sobre a estabilização

questões que abrangiam as economias em transição da antiga União Soviética e dos países emergentes

economias que enfrentaram grave instabilidade económica por diferentes razões. A proposição subjacente

é que esta oposição persistente serve como um dispositivo organizador nos debates sobre estabilização até ao

presente. Após esta introdução, a primeira secção trata da primeira ronda de medidas monetaristas.

debate estruturalista entre a década de 1950 e o final da década de 1970, em que as contribuições de Julio Olivera,

Destacam-se Mario Henrique Simonsen e James Tobin. A segunda parte trata do interno

problemas em definir claramente o papel que as reivindicações conflitantes desempenharam na história da inflação inercial. O

conclui a terceira parte.

Primeira rodada: gargalos induzidos pela inflação versus gargalos que alimentam a inflação: uma visão panorâmica

A disputa entre modos de pensamento económico penetra na formulação de políticas de uma forma complexa.

As simplificações assumidas para interpretar fenômenos em cadeias de causalidade implicam diagnósticos diferentes

e, consequentemente, medidas variadas para alcançar os resultados pretendidos. A famosa máxima de Keynes

alegando que a política é um subproduto de ideias apresentadas por filósofos e escritores económicos de uma

alguns anos atrás é uma verdade duradoura ao longo da costa brasileira. Compreender a política requer avaliar o

teorias que lhe dão suporte. Esta seção descreve o debate de longa data sobre a estabilização de preços

entre a ortodoxia em evolução e a heterodoxia um tanto difícil de definir. O primeiro é

geralmente acusado por este último de simplificar demais a realidade através de suposições irrealistas que dão

caminho para uma política socialmente insensível; abordagens heterodoxas são, por sua vez, descartadas como ineficazes

e demasiado sensível às forças políticas.


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O estudo sistemático das causas alternativas das pressões inflacionárias no mercado brasileiro

tradição do pensamento econômico remonta à década de 1950, quando a linhagem latino-americana de

o pensamento económico, denominados estruturalistas, propunham que a inflação era o resultado de

desequilíbrios estruturais da economia, e não de emissão monetária excessiva. (RANGEL, 1963; 1985)

Toda uma gama de determinantes foi combinada dentro de uma estrutura analítica, como o mercado

poder das corporações oligopolistas, a inelasticidade específica da oferta de produtos agrícolas

e o problema da procura efectiva secular devido ao perfil de distribuição de rendimento altamente concentrado

que marcou a economia brasileira. Isto contrastou fortemente com a abordagem monetária global

à inflação, pelo que esta seria sempre e em todo o lado um fenómeno monetário. (FRIEDMAN,

1963; GUDIN, 1962). Portanto, essas ideias ganharam vida dentro do chamado “estruturalista-

debates de estabilização monetarista” que ocorreram nas décadas de 1950 e 1960. (BOIANOVSKY,

2012).

A partir da década de 1950, iniciou-se um processo de industrialização liderado pelo Estado, tendo como

principais características: uma inflação persistentemente elevada, défices resilientes da balança de pagamentos,

défices públicos e uma concentração de riqueza difícil de superar. Entre essas características, a inflação

tornar-se um aspecto dominante da história económica do país, um fenómeno profundamente enraizado na

seu tecido institucional e mentalidade. Cresceu até se tornar o inimigo final da nação e desencadeou a

série inovadora de avanços analíticos que culminou no bem-sucedido Plano Real que deteve a inflação, em 1º de julho de

1994. Ao longo da história republicana do país, tornou-se

É frequente afirmar que a inflação brasileira era “única” e, portanto, exigia alternativas

terapias às medidas “ortodoxas” convencionais de rigor monetário e austeridade fiscal.

Estas foram consideradas dispendiosas em termos sociais, pelas elevadas taxas de desemprego que implicavam, enquanto

altamente ineficaz na contenção da inflação.

Nesse sentido, a história do pensamento brasileiro sobre a inflação carrega uma dose inextricável de heterodoxia,

chegando aos acontecimentos recentes do século XXI , quando a inflação persiste como causa de

desconforto no Brasil, porém inferior ao observado duas décadas antes. A oposição

A relação entre monetarismo e estruturalismo que se repete hoje em dia tem uma longa história na América Latina. Isto

exibe as políticas aparentemente inconciliáveis do tipo monetarista, como a inflação impulsionada pelas taxas de juros

regime de focalização e o apelo heterodoxo à focalização no emprego e na taxa de câmbio dentro do

quadro mais amplo da trajetória de desenvolvimento da economia. Ao voltarmos aos debates anteriores,

encontramos a mesma controvérsia em roupas diferentes e provocada por acontecimentos diferentes. Tal

a constância exige uma representação analítica ao longo de linhas históricas, ainda que breve e seletiva.
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Os debates sobre estabilização no Brasil proporcionaram ricas oportunidades para tal polarização,

embora por motivos diversos, de acordo com a época em que ocorreram. Os primeiros debates no

As décadas de 1950 e 1960 estavam preocupadas com o desenvolvimento e com o “grande impulso” liderado pelo Estado para fora do

armadilha do subdesenvolvimento. O segundo momento dizia respeito à desinflação de um cenário teimosamente elevado e

taxa de inflação persistente desencadeada por uma grave restrição da balança de pagamentos no início da década de 1980.

Finalmente, a terceira ronda refere-se ao período pós-desinflação, quando a política visa estabilizar o

binômio produção-inflação em uma economia comercial e financeiramente mais integrada.

A controvérsia monetarista-estruturalista foi encenada no pós-guerra e pode ser

simplesmente definido como competição de mercado versus planejamento como melhores promotores do desenvolvimento econômico.

A polêmica ganhou força devido à oposição teórica e política ao anti-

programas inflacionários na América Latina. Estes foram patrocinados pelas Instituições de Bretton Woods,

como o Fundo Monetário Internacional (doravante, FMI) e o Banco Internacional

Desenvolvimento (BID), mais tarde renomeado como Banco Mundial. (Hirschman, 1962, p. 82). O termo

“monetarista” foi cunhado para denotar esse conjunto específico de políticas, que geralmente incluíam políticas mais rígidas.

restrições de crédito, cortes nas despesas públicas, congelamento parcial de salários, desvalorização e revogação de

vários tipos de subsídios e controles diretos. Foi utilizado pela primeira vez por Roberto Campos, um dos

candidatos amigos dos ortodoxos, ao lado de Eugenio Gudin. (Boyanovsky, 2012).

Em suma, os monetaristas sustentavam que a inflação só poderia promover o desenvolvimento temporariamente.

A primeira foi considerada incompatível com a segunda e deve ser interrompida rapidamente, antes que

degenerou em tensões insuportáveis, e o único método eficaz parecia ser a contenção de

excesso de procura através de uma combinação prudente de políticas monetárias e fiscais complementadas por

assistência financeira internacional. Finalmente, a maior parte das alegadas inelasticidades e estrangulamentos da oferta

não foram consideradas autônomas ou estruturais, mas foram causadas por preços e taxas de câmbio.

distorções geradas no decorrer do próprio processo inflacionário; (CAMPOS, 1962, p. 69-

70). Em suma, com base na experiência latino-americana, Campos alega que os gargalos foram originalmente

induzidos pela inflação, embora numa fase posterior possam tornar-se alimentadores da inflação.

Por outro lado, a escola estruturalista apoiava uma visão específica do mundo, pela qual

a realidade foi interpretada como irreparavelmente inflexível, dada a existência generalizada de gargalos,

obstáculos e restrições que inibem as mudanças. A inelasticidade da oferta é considerada dada, devido a

aparato tecnológico subdesenvolvido. Os processos de mercado - se não fossem assistidos - teriam limitado

o poder na promoção do progresso econômico sublinhou a necessidade da ação do Estado (LITTLE, 1982, p. 20-21).

Além disso, um ceticismo desenfreado foi direcionado ao sistema de preços como um mecanismo ideal de alocação de recursos.
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dispositivo.3 Estas foram as premissas gerais subjacentes aos trabalhos do estruturalista latino-americano

Escola, como as de Raúl Prebisch, Celso Furtado, Ignácio Rangel, Juan Noyola Vásquez e

Osvaldo Sunkel. 4

Celso Furtado sobre “Inflação Neutra”

Em sua obra-prima, “Formação Econômica do Brasil”, Furtado ([1959] 1967, capítulo XXXV)

aborda os “dois lados do processo inflacionário”, isto é, “a razão pela qual os preços sobem de forma persistente

base” e “os efeitos de tal aumento no processo económico”. O capítulo que precede este,

Furtado aborda o problema da “tendência histórica” de aumento do nível de preços no mercado brasileiro

economia. Nesse ponto do seu argumento, tal propensão refletia o processo pelo qual o

sector exportador transferiu as suas perdas inesperadas para toda a comunidade durante o ciclo

depressões e períodos de superprodução. Esse desequilíbrio distributivo prejudicou o funcionamento, Furtado

acrescentou, do Padrão Ouro no Brasil. Mas como é que tal propensão para aumentos no nível de preços poderia

afetam a dinâmica da economia?

Ele começa com um conceito de equilíbrio dinâmico de inflação distributivamente neutra.

A inflação pode ser “neutra” nos seus efeitos sobre a economia real quando “todos os preços sobem simultaneamente e

no mesmo ritmo”. A “simultaneidade” deve ser entendida como um processo dinâmico ao longo de todo o processo.

o período de análise relevante, que seria tão curto que quaisquer efeitos reais não poderiam produzir-se.

No entanto, ele nunca considerou isso algo analiticamente significativo para os economistas. (Furtado,

[1959]1967, pág. 239) Pois é da própria natureza do processo inflacionário realizar a 'absorção'

pelo sistema económico de qualquer excesso de procura monetária, o que por sua vez implica necessariamente uma

redistribuição da renda real.

A inflação e a distribuição são, portanto, duas faces de um mesmo processo e seria errado

separá-los no nível teórico. Não se pode negar que os aumentos de preços são, de facto, o resultado

da expansão monetária. No entanto, seria um erro atribuir todo o processo à sua exclusiva

aspecto monetário. Qualquer expansão monetária é processada com o objetivo de redistribuir a renda real, a fim de

alcançar uma nova posição de equilíbrio. Uma inflação neutra implica que tal perfil distributivo seja

não foi afetado pelo aumento do nível de preços. Nas próprias palavras de Furtado:

3
Por exemplo, a irresponsividade do investimento às alterações na taxa de juro; os efeitos adversos da desvalorização cambial
sobre a balança de pagamentos, mais tarde apelidados de “pessimismo da elasticidade”; e os efeitos limitados e variados da
dinâmica salarial na distribuição do trabalho. Para mais detalhes, ver Arndt (1985, p. 151).

4Um levantamento das primeiras contribuições pode ser encontrado em Bianchi & Salviano (1999), Bianchi (2002), Fonseca (2000)
e Boianovsky (2012).
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Podemos conceber uma situação em que todos os grupos sociais desenvolvam mecanismos de
defesa, de modo a prejudicar ou mesmo impedir a distribuição do rendimento real exigida pela
introdução de um desequilíbrio no sistema. Uma tal situação, se levada ao extremo, poderá
gerar uma espécie de inflação neutra, ou seja, uma inflação sem efeitos reais. Os preços
subiriam permanentemente, sem repercussões na forma como a renda é redistribuída” (Furtado
[1959]1967, p. 238 – tradução minha e grifo nosso).

A neutralidade é, portanto, um conceito dinâmico; é observado ao longo de um processo de ajuste, por exemplo

circuito com duração de um ano. A estabilização implicaria o próprio resultado em que o sistema está se defendendo

isto é, da redistribuição da renda real. Em qualquer momento durante este período, “é provável que haja

um grupo à frente dos demais na luta pela redistribuição de renda”. Este grupo beneficiaria

enormemente da estabilização do nível de preços naquele momento (Furtado [1959]1967, p. 239).

Falando dinamicamente, mesmo que se pudesse encontrar um “padrão médio de distribuição de rendimento num

trecho do ano”, e que fazem com que os preços se estabilizem em torno deste padrão, através de uma série de

e ajustamentos salariais, é muito improvável que todos os grupos fiquem inteiramente satisfeitos com o resultado final.

resultado.

Quando se cria uma situação em que todos os grupos estão equipados para se defenderem e

tenham uma noção clara da posição que ocupam naquele momento, a estabilização torna-se bastante

problemático. “A elevação do nível de preços vai deslocando o sistema de uma situação instável

posição de equilíbrio para o outro” sem nenhuma mudança automática – ou mesmo existente, nesse sentido –

processo compensatório para restaurar o sistema a uma posição de equilíbrio estável. (pág. 239). Furtado

finalmente conclui que “a inflação é fundamentalmente uma luta entre grupos pela distribuição de

o rendimento real e a subida do nível de preços é apenas uma manifestação exterior de tal fenómeno” (p.

239-240). Para este efeito, qualquer programa de estabilização enfrentaria obstáculos intransponíveis devido a esta

estrutura escalonada do comportamento de preços e salários. Furtado previu esse fenômeno em 1954.

No entanto, ele não acreditava que este fenómeno de “inflação neutra” tivesse qualquer significado para o

analista económico, pois a inflação seria um “empreendimento inútil”, isto é, sem qualquer efeito real.

Apesar da ênfase de Furtado esta é a primeira avaliação teórica real pelo que sabemos

de uma economia totalmente indexada na América Latina. Embora Noyola tivesse enfrentado algo

da mesma forma, como observa Boianovsky (2012, p. 293-294), este capítulo do livro de Furtado de 1959 é apenas uma leitura literal

cópia de um trecho (páginas 174-187) de seu livro de 1954 sobre a Economia Brasileira,

antecipando a visão de Noyola sobre a inflação como uma luta distributiva entre os requerentes de renda e,

possivelmente, como um fenômeno neutro do ponto de vista distributivo.


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Resumindo, quando se tratava de países subdesenvolvidos, a inflação não era retratada pelos países latino-americanos.

Os estruturalistas americanos como um fenômeno essencialmente monetário, mas o resultado da interação entre

'pressões inflacionárias básicas' - resultantes de rigidez estrutural - e o 'mecanismo de propagação'

de reivindicações de rendimento concorrentes acomodadas pela expansão monetária. Furtado apresentou uma

conta abrangente da inflação brasileira. Osvaldo Sunkel (1958) seguiu Noyola (1956) e
5
forneceu uma análise estruturalista da inflação chilena. A inflação foi então sustentada pelo excesso

reivindicações concorrentes de grupos sociais sobre a produção da economia, que é dada por uma rígida
6
estrutura produtiva repleta de gargalos e restrições. Esses modelos de primeira geração

As CEPAL foram formalizadas de forma discursiva, ou seja, num mar de palavras. Como o matemático

revolução lentamente se instalou na economia, os estruturalistas logo estariam à altura do desafio de

formalizando argumentos matematicamente. Passamos agora a este aspecto.

CEPAL torna-se matematicamente formal: a teoria não monetária da inflação de Julio Olivera

Face a tais obstáculos ao ajustamento suave do comportamento por parte do sistema económico,

a principal afirmação estruturalista é que a política monetária ortodoxa é dirigida apenas para a propagação

fatores da inflação. Os estruturalistas reivindicam a prioridade causal historicamente baseada na rigidez da oferta,

que geram pressões inflacionárias crónicas e os preços de monopólio e as tensões sociais que

generalizar esses movimentos específicos de alta de preços. Portanto, uma elasticidade finita de oferta e demanda

para bens implica que qualquer mudança nos preços relativos encontrará uma inflexibilidade descendente de

preços monetários.

Dentro do próprio processo da organização capitalista, esta escassez de oferta será

traduziu-se num aumento do nível geral de preços. Estas pressões não monetárias obrigam então

autoridades em acomodação monetária. A expansão da oferta monetária torna-se quase

5
Ironicamente, o primeiro a usar o termo foi Roberto Campos na Conferência de 1961, no Rio de Janeiro, sobre questões de
estabilização monetária ao longo do processo de desenvolvimento. A inflação atormentou a América Latina durante décadas, sendo
o Chile o caso mais evidente de luta ineficaz contra uma inflação crónica. Para mais detalhes históricos sobre o estruturalismo, ver
Arndt (1985, p. 154).
6
Portanto, três aspectos entram em jogo e devem ser distinguidos, a saber: fatores estruturais básicos, fatores circunstanciais e
mecanismos de propagação. (SUNKEL, 1958). Os fatores estruturais básicos são as forças causais da inflação.
A oferta inelástica significa aproximadamente que a oferta de bens e serviços não se ajusta com rapidez suficiente para satisfazer
não só uma procura crescente, mas também uma mudança no padrão da procura sem pressões sérias sobre os preços. No que diz
respeito aos factores “circunstanciais”, denotam uma série de choques acidentais e/ou incontroláveis, tais como aumentos exógenos
dos preços das importações, convulsões políticas, catástrofes e intervencionismo governamental irracional, administração pública
deficiente, falta de coordenação e controlos múltiplos e mal utilizados sobre mercados. Finalmente, os factores de propagação
referem-se àqueles que retroalimentam e agravam o problema da inflação, nomeadamente, o conflito distributivo entre grupos sociais
sobre a produção nacional. Decorrem da capacidade dos vários sectores da economia para defenderem o seu rendimento real, tais
como o mecanismo de crédito, os ajustamentos automáticos de salários e salários do custo de vida e as despesas do défice governamental.
Embora não sejam a causa raiz da inflação, actuam para amplificar a rigidez embutida na estrutura de produção.
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inevitável, uma vez que os custos sociais decorrentes da escassez monetária que alimenta a recessão sejam

reconhecido. Daí a acomodação monetária induzida pela inflação estrutural – ou a acomodação passiva

hipótese do dinheiro - como afirmou Olivera (1960). Isto torna o dinheiro uma variável de ajuste passivo,

em vez de um exógeno totalmente controlável. É, portanto, necessária uma teoria não monetária da inflação,

a fim de procurar “abaixo da superfície monetária, na região subjacente dos fluxos físicos,

preços e desequilíbrios seccionais”. (OLIVERA, 1964, p. 322).

Embora as noções de endogeneidade monetária, desfasamentos e expectativas já tivessem sido

mencionado por Sunkel (1958), o cerne da inflação não monetária de Olivera é devido ao imperfeito

ajustamento dos preços ao longo da cadeia de produção. Olivera (1967) formalizaria mais tarde sua

argumento em um modelo de dois setores, no qual as diferenças na elasticidade da demanda e da oferta promovem

pressões estruturais sustentadas sobre os preços, denominadas “inflação estrutural”. O argumento principal afirma

que a lei de Walras atua na prevenção da transmissão de variações de preços relativos para preços absolutos

somente se o sistema se ajustar rapidamente. Se a transição de um ponto de equilíbrio para outro for lenta,

segue-se a inflação, a fim de restaurar alguma consistência ao sistema. Demanda (D) e oferta (Q) para

o setor atrasado varia com o tempo e com o nível de preços relativos () entre os preços de

bens salariais ( ) e os de bens produzidos pelo setor mais avançado ( ). De um

posição de equilíbrio, dada por , , e diferenciando totalmente em relação ao tempo

produz uma definição simples de mudanças relativas de preços: . Desta definição, segue-se que

os preços relativos dependem do excesso de demanda () sobre a oferta disponível () de bens salariais como um

proporção da soma das respectivas elasticidades-preço da oferta e da procura ( ).

A dinâmica do modelo é a seguinte: , , ; para que os preços relativos

mudará como uma discrepância entre as taxas de variação dos preços em cada setor. O mercado de trabalho é

presume-se que haja salários homogêneos entre os setores e varia de acordo com algum grau de defasagem

indexação ao preço do bem-salário, 1 , , onde 0! "1 denota o grau de

flexibilidade dos salários às variações do custo de vida, representada pelas mudanças nos preços dos salários.

bens. Por exemplo, uma força de trabalho poderosa leva a uma menor flexibilidade dos salários, o que é

representado no modelo pelo parâmetro assumindo um valor próximo de zero. Quanto ao preço do

bens progressivos, segue uma regra de margem de lucro, sendo o custo definido pelo trabalho

compensações: , 1 #, onde 0! # " 1 representa o grau de flexibilidade de marcação devido

às restrições do mercado sobre o aumento dos preços. Por exemplo, os empreendedores defensivos podem implicar uma estratégia de

transmitindo aumentos salariais aos preços, o que é representado no modelo pelo parâmetro # assumindo um

valor próximo de zero. Como pode ser visto, a dinâmica do conflito deve ser encontrada no comportamento do
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parâmetros # e . Substituindo a equação do salário na equação do preço do bem progressivo, obtemos

pegar , $ , ; &'(' $=1 #1 . Desde , , , então

, , $ ,

Agora, se aplicarmos um atraso único na definição acima, obteremos , ,; por isso,

, $ , $ ,. Taxa de equilíbrio seccional de longo prazo de


$) ,*$
a inflação é atingida , , e , ,, de modo que as trajetórias de equilíbrio dos preços

são dados por

) , ,* e ) ,* (1)

O lado direito de ambas as equações em (1) é composto, primeiro, pela “inflação estrutural
multiplicador” e, em segundo lugar, do “multiplicando da inflação estrutural” ou componente autônomo da
inflação. O multiplicador depende do grau de flexibilidade das margens de lucro e dos salários: quanto maior

sua flexibilidade (um valor alto de $), menor será o multiplicador. O “multiplicando”, por sua vez, é
determinado pelas elasticidades relativas da oferta e da procura que determinam o quão amplificadas são as

pressão sobre os preços decorrente do excesso de procura sobre a oferta do sector não progressista. De

deste modelo simples, alguns casos podem ser delineados. Dois casos extremos são os de uma situação absoluta

inflexibilidade de salários e margens de lucro ($ =0) e a contraparte flexibilidade perfeita de margens de lucro ($ =1).

A primeira implica uma taxa de inflação estrutural constante e proporcional à rigidez do sistema produtivo.

gargalo ( ; 0), enquanto o primeiro implica um processo explosivo que leva a uma

hiperinflação ( +ÿ). O caso intermediário (0 < $ < 1) é de muito interesse, pois representa
o alto e crônico processo inflacionário que anteriormente perturbou as economias latino-americanas
décadas. Tais pressões não monetárias são comuns, argumenta Olivera, ao longo do processo de mudança

estrutural, como aquele que a América Latina vinha enfrentando desde o período imediato do pós-guerra.7

7
Portanto, ao mesmo tempo que abandona uma estrutura de produção primitiva (propensa à estagnação ou declínio equilibrado ou desequilibrado) e avança
para uma fase mais avançada de desenvolvimento, espera-se que um país experimente um processo de transição mediado por alguma velocidade de
crescimento económico; junto com este último vem a mobilidade garantida de fatores e, portanto, variações de preços relativos. Tal como concluímos da
discussão anterior, as alterações nos preços relativos provocam uma subida do nível de preços. Os efeitos ampliados tanto do multiplicador como do
multiplicando da inflação estrutural devem-se, mais uma vez, aos lentos movimentos dos factores que tornam rígida a estrutura da oferta. É por isso que a
conversão para uma economia totalmente industrial combinará necessariamente uma escassa medida de mobilidade dos factores com uma quase completa
inflexibilidade descendente dos preços monetários. Uma nota de cautela: antes que o leitor chegue à conclusão de que Olivera é um economista favorável à
inflação, devemos notar que ele admite prontamente que tais “traços” relativos à inflexibilidade dos preços e à imobilidade dos factores não são apenas difíceis
de observar na realidade, mas mas constituem forças difíceis de contrabalançar.

Além disso, as economias em desenvolvimento apresentam a propensão para suportar a inflação puxada pela procura devido a políticas públicas sistemáticas.
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10

A estrutura de Olivera leva em conta o poder de barganha tanto dos trabalhadores quanto das empresas no

market place sintetizado no valor do parâmetro $. Em termos de modelos de conflito de inflação, isto é

uma característica mais relevante. No entanto, uma deficiência deve ser apontada: a autoregressividade

componente depende inteiramente do preço dos bens salariais. A dependência do tempo é então assumida

em vez de explicado. Mais do que isso, este resultado limita a gama de fenômenos que a teoria explica

pois conclui que uma vez resolvido o problema agrícola, a inflação perderia a memória

componente e, portanto, o nível de preços dependeria inteiramente da variação relativa dos preços e

discrepâncias entre oferta e demanda, que não podem explicar o impulso autossustentável da inflação sobre um

numa base sistemática, a menos que se presuma simplesmente que tanto a estabilidade relativa dos preços como a procura e

a igualdade da oferta raramente é obtida. Esta foi uma das fraquezas amplamente debatidas na estratégia da CEPAL

teoria da inflação, nomeadamente, que foi o resultado da mudança estrutural temporária e desigual. Este último

foi desencadeada pela política de industrialização de substituição de importações patrocinada pelo governo ou pela

tendência das economias latino-americanas de sofrerem crises de balanço de pagamentos. O teórico

enigma de explicar o padrão autossustentável de preços que assolou os primeiros economistas estruturalistas

permanece até esta data e não recebeu mais do que estratégias de espaço reservado para sua solução (mais

sobre isso abaixo).

Resumindo, a principal afirmação dos estruturalistas era então que a inflação resulta de profundas

causas subjacentes estabelecidas, que aparecem como fatores de pressão de custos e/ou de atração de demanda. Eles fizeram

não, contudo, considerar a inflação como uma solução viável a longo prazo para os problemas de crescimento da América

Latina; para muitos dos escritores latino-americanos, foi visto como uma manifestação de uma economia deformada.8

Então, onde é que isto nos deixa em termos de medidas antiinflacionárias? Por um lado, é verdade que o

A abordagem estruturalista fornece um “quadro geral”, que inclui reformas económicas e sociais para dar

maior equilíbrio e flexibilidade à estrutura produtiva, bem como um sentido mais profundo de

coesão; mas, por outro lado, como admite Felix (1962, p. 83), “as especificidades relacionadas com as políticas variam e as

os detalhes são dolorosamente vagos”, pois os estruturalistas estão claramente “mais unidos como críticos do que como

programadores”. Esta falta de coerência programática aliviou as restrições políticas, à medida que os economistas desta escola

se tornaram decisores políticos no final da década de 1950 e no início da década de 1960.9

défices e/ou investindo mais do que as poupanças disponíveis permitem. Olivera alerta então que distinguir entre “inflação estrutural” e
“propensão estrutural à inflação” é muito importante. A implicação de longo alcance do ponto de vista político é que a inflação estrutural
genuína pode ser facilmente confundida com uma “onda de pura inflação puxada pela procura”, para a qual a primeira contribui apenas
com os seus efeitos de ampliação.
8
Uma análise detalhada dos aspectos complementares da rivalidade pode ser encontrada na análise de Grunwald em Hirschman (1962,
p. 108).
9
Bacha (2003, p. 145) comentaria mais tarde que esta compreensão da inflação estrutural tornou-se, na década de 1980, a “hipótese da
inflação inercial”.
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11

As experiências da Argentina e do Brasil em questões de estabilização na década de 1960 não

angariar muito apoio social para a postura estruturalista, levantando assim muitas dúvidas quanto à utilidade

de debater teorias de estabilização e inflação. (BAER, 1967). Não há quase nenhuma dúvida de que

a disputa teórica visava principalmente influenciar a formulação de políticas de cima para baixo. E como a inflação

começou a crescer além do controle político ao longo da década de 1960, a ideia de que o desenvolvimento irrevogavelmente

que trouxe consigo a inflação não só sofreu oposição política mais intensa, como enfrentou novas

crítica teórica também. Tanto no norte como no sul do hemisfério ocidental, a inflação iniciou

numa tendência ascendente, levantando dúvidas quanto à sustentabilidade do sistema institucional de Bretton Woods

arranjos, também conhecidos como fordismo do pós-guerra. (HARVEY, 1989). A resposta veio do

lado teórico, no final da década de 1960, como uma reação massiva não apenas a esta forma “focada no desenvolvimento”

de pensamento, mas a uma escala mais ampla de abordagens derivadas de Keynesiano; esse processo ficou conhecido como

a contra-revolução monetarista.

É neste contexto que traçaremos os passos da transição para a segunda volta deste

debate. A década de 1970 teve o efeito de colmatar esta lacuna. Rodeado por um cenário complexo de

influências intelectuais e institucionais, a difícil trajetória intelectual de Mario Henrique Simonsen

permite sua colocação como uma conexão entre os debates de desenvolvimento e estabilização da década de 1960

e a controvérsia posterior sobre a estabilização da inflação ao longo da década de 1980. Uma breve visão geral de sua teoria

contribuições são fornecidas, seguidas de uma leitura atenta da contribuição de James Tobin para o debate.

Surpreendentemente, a contribuição de Tobin foi bastante minimizada nos relatos históricos da inflação inercial.

Ele não foi apenas o primeiro escritor a usar o termo “inflação inercial” (em artigos publicados disponíveis) como

seus escritos estão repletos de uma compreensão da inflação baseada no conflito. Ambas as dimensões são

crucial para compreender melhor a diversidade de modelos de conflito que surgiram no início da década de 1980 e,

entre estes, o surgimento da hipótese da inflação inercial.

A conexão Simonsen

Mário Henrique Simonsen (1970) foi o primeiro a implementar um modelo formal de feedback da inflação

no brasil. Como vimos, Olivera (1967) já havia delineado um modelo simples de inflação com

a indexação salarial alimentava mudanças de preços relativos que, em última análise, afectaram a taxa de inflação. Isto

É digno de nota que a linguagem sobre questões relacionadas com a inflação é dominada principalmente por tendências desenvolvimentistas.

questões, como mudanças relativas de preços, aspirações sociais, reivindicações concorrentes de grupos de renda e

aspectos distributivos do crescimento económico. Ainda assim, a análise dos escritos de Simonsen é altamente

representativo do padrão dominante do discurso teórico naquele período, embora absorva

pela proximidade o vocabulário carregado de desenvolvimento do debate económico latino-americano. Simonsen


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12

sintetiza forma e conteúdo de maneira tão magistral que cria uma estrutura analítica para o

trocas subsequentes entre economistas sobre a inflação no Brasil.

No que diz respeito ao problema inflacionário no Brasil, Simonsen (1964) apresentou inicialmente uma abordagem eclética

conta as causas da inflação, com um capítulo inteiro dedicado às “causas sócio-políticas da

inflação”, com o que ele se referia à dimensão do conflito distributivo das inflações crónicas. No

No contexto de um processo de industrialização rapidamente liderado pelo Estado, o governo procurou aliviar a

insatisfação de diferentes grupos sociais, dividindo a produção nacional em partes que somam mais

do que toda a produção. Ele menciona “as aspirações crescentes da revolução” que contamina o

atitude psicológica dos agentes económicos nas economias subdesenvolvidas. Nesta configuração, um baixo

população de renda que amplia abruptamente seus “horizontes de consumo”, através da “incidência de

consumo conspícuo”, tende a reivindicar a melhoria dos padrões de vida num ritmo muito mais rápido do que o

permitido pelo crescimento da produtividade.10 Simonsen critica a fraqueza do governo

na obtenção de “decisões distributivamente compatíveis”, alimentando assim a “insensibilidade popular ao

causas da inflação”, reforçando uma “filosofia de incompatibilidade distributiva”, por meio de

“ignorância ou estratégia”. (pág. 16).

Num regime de inflação crónica, acrescentou Simonsen, os rendimentos reais sofrem uma oscilação

comportamento que é virtualmente consistente no nível agregado, pois quando alguns grupos atingem seu pico

rendimento real, outros estão no seu “vale” de rendimento real, outros estão a meio caminho, dada a dessincronização

estrutura de ajustes de renda, mais tarde conhecida como “modelo dente de serra” de rendas nominais sob

inflação (VERA 2013). Estes ciclos de ajustamento tendem a sobrepor-se e a produzir um movimento livre de

oscilações. Em termos agregados, argumenta Simonsen, “tudo parece como se os indivíduos, em vez de

vivendo os ciclos de poder de compra, permaneceram na confortável estabilidade dos níveis médios de renda”.

A própria assincronia entre os vários níveis máximos de rendimento pode tornar a inflação economicamente viável.

Se todos os níveis de pico fossem obtidos simultaneamente, o resultado seria a aceleração do preço

sobe. É, portanto, o “efeito dos níveis máximos anteriores nas aspirações e expectativas que explicam

as dificuldades enfrentadas pela estabilização monetária”.11 Simonsen (1964), portanto, atribui a causa central

10
Neste trabalho inicial, a análise está inserida na terminologia da teoria do conflito da época. No que diz respeito à lacuna de aspirações,
posteriormente formulada por Rowthorn (1977), somos informados de que “Todos estão honestamente convencidos de que o seu salário
é injusto e insuficiente. Esta convicção é transmitida à órbita política e o governo decide aumentar a parcela da produção nacional detida
por alguns, sem reduzir a parcela percebida por outros. Como as parcelas prometidas a cada grupo social são expressas em termos
nominais, a inflação restaura a consistência lógica do sistema: o aumento dos preços age no sentido de diminuir a parcela real de cada
grupo social, de modo a ajustar a soma das parcelas à dimensões do todo.
À medida que o ciclo se repete, a inflação torna-se crónica. E, à medida que o sistema encurta o seu período de reacção à compressão
das participações distributivas através do aumento dos preços, a inflação acelera”. (SIMONSEN, 1964, p. 15)
11
Contudo, o resultado de tal dinâmica é um “subproduto psicológico” através do qual o anterior pico de poder de compra se torna um
“referência para reivindicações de rendimento” que apenas alguns estão dispostos a abandonar. Uma espécie de místico é criado
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13

dessas dificuldades ao contexto sócio-político, nomeadamente, “a incapacidade da política económica de

enfrentar o problema político da compatibilidade distributiva”. (pág. 20). Da teoria abstrata ele

acompanharia as cadeias do raciocínio neoclássico, aproximando-se, em aproximações sucessivas,

realidade brasileira, como sugeriu certa vez Wicksell. Mas se interpretarmos o conceito neoclássico de Simonsen

inclinação como um indício de lealdade irrestrita a qualquer tipo de raciocínio ortodoxo, seria

enganado. Isto pode ser melhor compreendido na sua análise do monetarismo.

A década de 1960 assistiu à contrarrevolução monetarista de Milton Friedman ao keynesianismo

primazia, que reviveu a teoria quantitativa do dinheiro como a ortodoxia da teoria monetária. Após um

análise aprofundada das limitações enfrentadas pela teoria quantitativa na explicação da inflação no Brasil, em

num trabalho posterior (SIMONSEN, 1970b), ele achou mais útil ilustrar sua afirmação por meio de um modelo de

inflação por feedback12, como segue:

- .- /0 1

onde 1 denota o componente autônomo da inflação - ou o “fator de pressão de custo”, ou mesmo o

“componente de choque de oferta” – que reflete mudanças institucionais, como o salário mínimo

reajustes, aumentos de impostos ou preços de serviços públicos, bem como eventos acidentais, como más colheitas

ou aumento do preço da energia. O parâmetro . é o coeficiente de feedback, ou seja, a inflação de repasse

do período anterior até o presente, e possui valores na faixa 0 < a < 1, exceto para o

períodos hiperinflacionários, quando seu valor pode ultrapassar a unidade. Por fim, 0 representa o excesso de demanda

componente; existe uma taxa de crescimento do produto que não provoca pressão inflacionária, dada por 23, de

modo que 0 2 23; sendo yt a taxa efetiva de crescimento da produção em um determinado período t.13 Ao assumir

a ausência de expectativas adaptativas ou ajustes automáticos de preços regulamentados por lei (indexação)

em torno destes “níveis de pico anteriores” e é estabelecida uma convicção que afirma que eles representam a justiça distributiva
mínima a que as pessoas deveriam aspirar. (pág. 19). Ele destaca a “mística dos direitos adquiridos” em relação aos níveis de
salários reais. Para mais detalhes sobre tensões sociais e políticas de estabilização, ver Simonsen (1964, p. 87).
12
O modelo de Simonsen pode ser visto como uma formalização da inflação por feedback já presente em Sunkel (1958) e uma
contribuição local para a literatura internacional sobre inflação que já havia incorporado o padrão auto-replicante de inflações
crónicas. Tentativas anteriores de formalizar o impulso inerente à inflação foram realizadas com sucesso por Julio Olivera (1964,
1967), mas não são reconhecidas por Simonsen em nenhuma das suas obras.
13
Tem havido uma disputa de curta duração sobre a questão de saber em que lado da disputa estruturalista-monetarista deveria
colocar-se a contribuição de Simonsen. Enquanto as suas conclusões políticas se inclinam certamente para o quadrante ortodoxo,
o seu quadro teórico adopta a sintaxe e a semântica típicas do estruturalismo. Essa semelhança levou Lopes (1979) a caracterizar
seu modelo inflação-feedback como uma representação neoestruturalista das pressões inflacionárias estruturais e dos mecanismos
de propagação da CEPAL, com uma especificação estruturalista da ligação entre a taxa de crescimento da demanda agregada e a
inflação, o que tornou o curva de Phillips de longo prazo não vertical. Barbosa (1979) mais tarde discordaria de tal rotulagem do
modelo de Simonsen, baseando-se também selectivamente nos seus escritos, afirmando que a especificação correcta do choque
de procura agregada no modelo se relaciona com o hiato do produto, e não com uma certa taxa normal de crescimento da procura.
Embora não pretendamos abordar esta questão aqui, deve ser feita menção ao contexto e ao conteúdo do raciocínio nos escritos
de Simonsen.
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14

de acordo com a inflação passada (.- 0), o modelo ilustra as interpretações básicas da inflação,

isto é, o impulso da procura (0 ) e o impulso dos custos e as alterações dos preços relativos (1).

Alcançar seu valor de estado estacionário requer fazer - -, 1 1 e 0 0, de modo que, depois
5
algumas manipulações algébricas, encontramos a taxa de inflação de equilíbrio, dada por: 4 . Esse
67

Esta simples expressão transmite dois aspectos importantes das inflações crónicas: a ideia de que

os choques têm um impacto permanente – embora gradualmente decrescente – no nível da taxa de inflação,

que depende do coeficiente de inflação defasada, dado pelo parâmetro b. Economias que enfrentam

a inflação crónica desenvolve mecanismos (tais como a indexação formal) para reduzir os efeitos nocivos que impõe à

organização económica das famílias, das empresas, dos mercados e do governo.14 Portanto, uma
15 No
uma prática mais disseminada de indexação leva a uma taxa de inflação de equilíbrio mais elevada.

no longo prazo, quando nenhum choque de procura afecta a economia, a inflação converge para esta taxa de equilíbrio,

dada a recorrência de choques aleatórios autónomos de oferta.16

O cerne da questão reside no componente de autoalimentação que gradualmente assume o controle

comportamento da inflação, à medida que o processo de ajuste de preços de acordo com a inflação passada se espalha

por toda a economia.17 Antes de uma hiperinflação, Simonsen menciona os desafios face à
18
uma “estabilidade de uma inflação constante” , e demonstra preocupação com “as medidas endossadas pelo governo

multiplicação de neutralizadores institucionais da inflação”, ou indexação. O subproduto de tal

medidas foi o “estabelecimento de um processo inflacionário que, à medida que se aproxima da neutralidade, deve

traz embutido em si um alto coeficiente de autoalimentação”.

Contextualmente, Simonsen navega num espaço académico dominado pelos estruturalistas. Ele

adota o vocabulário e a estrutura narrativa básica em voga na época. Ainda assim, seus escritos

conseguem apurar alguma independência relativamente ao conteúdo. Tomemos por exemplo as diferenças

ênfase entre seu modelo de feedback de inflação e o relato de Olivera. Este último concentra-se principalmente

14
Para mais detalhes sobre alertas precoces sobre os perigos da indexação generalizada, ver Simonsen (1964, p. 87).
15
Por exemplo, se houver um choque anual de 2% proveniente do sector agrícola e a economia enfrentar indexação em 60% dos
seus preços, a taxa de inflação de equilíbrio será de 5%. O valor é alcançado inserindo os dados na fórmula fornecida acima: 8
9
:% / 6 =, >.
16
O carácter ad hoc deste modelo é prontamente reconhecido por Simonsen e considerado como uma simples ilustração da
dinâmica autoalimentada da inflação em uma economia indexada. No seu livro de 1979, Simonsen derivaria o seu modelo de uma
combinação da lei de Okun e da Curva de Phillips aumentada pelas expectativas, num quadro de inflação de custos.
(SIMONSEN, 1979, p. 112-130).
17
O modelo de Simonsen permite uma diferenciação mais variada entre as fases da inflação. Num trabalho posterior, criticou a
teoria de Friedman por levar a economia demasiado rapidamente da estabilidade de preços para a hiperinflação, deixando de lado
as fases compreendidas entre estas duas circunstâncias.
18
Para mais detalhes ver Ramalho (2000).
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15

(e deriva analiticamente) o multiplicando da inflação estrutural, que tem a ver com a mudança

estrutura de produção sob o processo de industrialização por substituição de importações da América Latina

países, enquanto o componente de autoalimentação recebe menos atenção. No relato de Simonsen, o

a inflação estrutural é apelidada de “componente autônoma” (a componente “ct” ), mas é simplesmente

assumido - como uma constante - em vez de ser derivado em termos analíticos. Além disso, a propagação

O mecanismo (componente de autoalimentação) ocupa o centro da narrativa. Atribuímos a isso

ambiguidade em sua estrutura a flexibilidade de modelagem necessária para que sua mensagem possa alcançar um público mais amplo

público. Ainda assim, mesmo que discordemos desta conclusão específica, a mensagem central é que a contribuição de Simonsen

tornou-se uma pedra angular para a análise subsequente da inflação no Brasil.19 Em

Em muitos aspectos, Simonsen antecipou alguns avanços importantes em questões de inflação. Ele tinha

já estabeleceu a estrutura para essas discussões no início da década de 1970, a saber: seu início distributivo

perspectiva do conflito, o modelo de inflação autoalimentada, a relevância dos ajustamentos não sincronizados de preços e salários,

o seu diagrama “dente de serra” que ilustra os efeitos da inflação nos rendimentos nominais20 ,

e as observações de advertência relativas às dificuldades envolvidas nas políticas de congelamento de preços, também conhecidas

como política de renda, amplamente adotada ao longo da década de 1980 na Argentina, em Israel e no Brasil. Além disso, ele

apresenta uma tentativa constante de fundir a análise do caso brasileiro com o panorama geral

desenvolvimentos na construção da teoria formal da economia, especialmente aqueles de linhagem norte-americana. Isto

é nesses aspectos que ele faz a ponte entre o mercado norte-americano e o latino-americano

linhagens estruturalistas.

Reivindicações conflitantes, indexação e inércia: o capítulo perdido de James Tobin

O interesse um tanto secundário da comunidade internacional de economistas na América Latina

As questões americanas na década de 1960 tornaram-se um tema atraente à medida que a inflação mundial da década de 1970 virou

vívida a discussão sobre processos inflacionários (HARBERGER, 1978). O petróleo impulsionado pela OPEP em 1973

O aumento dos preços gerou um aumento inflacionário mundial que preparou as bases para uma reação ortodoxa

19
A última versão do modelo de feedback da inflação é apresentada em Simonsen (1995, p. 129-130) e retrata uma economia
sob indexação ao salário integral, com uma taxa de inflação no período t denotada por ÿt e a capacidade da economia de
pagar um taxa salarial compatível com os parâmetros distributivos subjacentes à estrutura social, denotados pela variável
kt . A queda, manutenção ou aumento desta variável conduz a situações de aumento, estabilidade ou queda da taxa de
inflação, conforme a seguinte relação: ÿ t = (ÿt-1 - kt ) / (1 + kt ). O equilíbrio distributivo neutro (kt = 0) permite um salário
real constante no tempo, de modo que a inflação é simplesmente alimentada pela taxa de aumento de preços do período
anterior. O mecanismo inflacionário de autoalimentação está ligado à capacidade da economia de pagar taxas salariais
crescentes, que por sua vez depende do ambiente institucional e da estrutura da economia, bem como da trajetória de
crescimento de longo prazo (denotada por k) . ). Além disso, a inflação é retratada fora do simples quadro de oferta e procura
em mercados competitivos, pois “não pode haver livre funcionamento dos mercados sob indexação obrigatória” (SIMONSEN,
1995, p. 7).
20
A sua real contribuição neste aspecto foi recentemente contestada por Vera (2013), que defende que o “efeito Simonsen-
Pazos” que rotula este fenómeno de perda de valor real de contratos nominais sob inflação foi originalmente concebido por
Nicholas Kaldor num artigo publicado em década de 1950.
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16

contra as políticas herdadas dos keynesianos que os governos conduziram ao longo de todo o período pós-guerra. O clássico

a divergência ressurgiu com força, provocando um renascimento dos debates académicos e orientados para políticas. Como

como vimos acima, as inflações duradouras na América Latina forneceram o pretexto para uma nova

aprofundamento da análise sobre tais assuntos. Algumas ideias foram pescadas num passado não tão distante e

remodelado sob o disfarce de modelos matemáticos formais. Novos surgiram da pressão

cenário econômico que forneceu os motores da criatividade teórica.

Num artigo muito lúcido, James Tobin retoma algumas ideias que tinha abordado de forma mais geral alguns meses

antes.21 Desenvolve então uma taxonomia para o diagnóstico da inflação que pode

muito bem ser o análogo centrado na inflação dos anos 80 do Manifesto de 1949 de Prebisch. O passivo

A hipótese do dinheiro é reformulada sob uma nova terminologia e o argumento monetarista é rapidamente rejeitado nesses

termos.22 Tobin é mais direto e sucinto na sua classificação dos três principais tipos de causas.

à inflação, nomeadamente: inflação inercial, inflação de preços específicos e inflação de conflito.

Por inflação inercial, Tobin quer dizer “o padrão autorreplicante de inflação de salários e preços”,

que “uma vez incorporado ao sistema de maneira consistente, ele continua por conta própria”

(TOBIN, 1981, p. 23).23 Num cenário tão inercial, alguns preços alimentam os preços em toda a economia.

índices e, em seguida, propagar-se para outros preços e salários, provocando assim a “teimosia dos padrões incorporados de

inflação de salários e preços” (p. 24).24 No entanto, existe um equilíbrio viável

21
Num trabalho altamente elogiado publicado nos Brookings Papers on Economic Activity, Tobin (1980) recorda extensivamente o que os “últimos dez
anos” ensinaram aos economistas sobre a política de estabilização. O termo “inércia inflacionária” é citado duas vezes. Como antigo presidente da
Associação Económica Americana, Tobin ocupava uma posição bastante privilegiada dentro da profissão quando afirmou que “[a] inércia da inflação na
ausência de políticas não acomodatícias é a grande questão” (p. 44). E também, “[t]o discutir as raízes dessa inércia e as fontes de pressões não monetárias
para a acomodação – preços administrados, contratos, negociação colectiva, conflito distributivo, choques de oferta, OPEP – é não cometer quaisquer erros
vulgares ou violar qualquer das identidades estipuladas” na estrutura da equação quantitativa. E sobre a questão da política monetária, recorda mais uma
vez a inércia, ao dizer: “Para a estabilização de curto prazo, o ponto importante é que, dada a persistência e a inércia das tendências e expectativas
inflacionistas, o banco central pode alterar e altera as taxas reais de juros por medidas que alteram a taxa nominal”. E numa declaração presciente do que
mais tarde naquela década se tornaria o quadro básico da política monetária, ele afirma: “A noção de que as substituições intertemporais na produção e no
consumo são tão perfeitas que mantêm taxas de juro reais constantes é uma das proposições mais bizarras. desta década selvagem” (Tobin, 1980, p. 45).

22
Para mais informações sobre custos de políticas não acomodatícias, ver Tobin (1981, p. 20-23).

23
A terminologia do conflito é abundante no apelo de Tobin contra a política ortodoxa. Por exemplo, ver Tobin (1981, p.24).

24
Numa economia moderna, prossegue Tobin, a maior parte dos salários e preços são administrados, negociados e decididos periodicamente por indivíduos
identificáveis. Não existe, obviamente, nenhum processo de negociação ou de decisão de preços em toda a economia em mercados de leilões competitivos
e impessoais. Também não existe um processo concertado de decisão. Assim, se a economia for vista como um jogo de n+1 pessoas (para dar conta do
governo “disciplinador”), com n grupos privados jogando principalmente uns contra os outros, interessados na sua posição relativa em relação a outros
grupos, a ameaça deve ser uma ameaça. “promessa mútua de todos os principais grupos interessados de desacelerar juntos, renunciando à tentação de
ganhar posição relativa a partir da restrição de outros grupos. Neste aspecto, as políticas de rendimento ou o pacto social andam de mãos dadas com
anúncios de planos para diminuir a taxa de crescimento da despesa nominal agregada. Os países com tradições e instituições de negociação salarial em
toda a economia com a participação do governo podem estar melhor posicionados para conjugar a desinflação monetária e os rendimentos.
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17

caminho de resultados reais, em que a taxa de inflação não representa nenhuma ameaça à economia e à política

equilíbrio. Enquanto a economia tiver adaptado as suas convenções, as instituições – nas quais podemos

incluem políticas acomodatícias monetárias e fiscais - e expectativas - especialmente no que diz respeito a

preços relativos -, a inflação não representa qualquer distorção do processo económico.25

Por fim, Tobin chega ao diagnóstico “de que a inflação é o sintoma de uma preocupação social profundamente enraizada”.

contradição e conflito económico”. (pág. 28). Nessa estrutura, não existe caminho de equilíbrio.

Os principais grupos económicos reivindicam pedaços de bolo que, em conjunto, excedem o bolo inteiro.
A inflação é a forma como as suas reivindicações, na medida em que são expressas em termos nominais,
são temporariamente reconciliadas. Mas continuará e, de facto, acelerará enquanto persistirem os
conflitos básicos entre reivindicações reais e poder real. (TOBIN, 1981, p. 28).

Além disso, se os jogadores não conseguirem concordar em dividir um bolo crescente, como irão concordar com cada um?

outro ao dividir um menor? Além disso, Tobin chama a atenção para a lacuna de aspirações que

Rowthorn (1977) modelou tão explicitamente alguns anos antes. Ou seja, uma política ortodoxa que restringe

a procura reduziria as taxas de crescimento do produto potencial, dos salários reais e dos retornos reais do capital

investimento; mas não implica necessariamente manter os “padrões de progresso do rendimento real

a que os trabalhadores empregados estão acostumados ou as taxas de lucro que os gestores e acionistas

esperar". (pág. 28). Neste sentido, a recessão económica pode provocar mais conflitos através do alargamento do fosso de

aspirações, alimentando assim a inflação para cima.26

A abordagem do conflito, tal como apresentada por Tobin, aponta para o facto de que a política deve olhar para a forma

como se adequa às exigências sociais subjacentes que a dimensão económica deve satisfazer.27 Inflação

políticas do que aquelas como as dos Estados Unidos que descentralizam a negociação colectiva e a fixação de preços”. (TOBIN, 1981,
p. 26-27)
25
A memória construída no sistema também é abordada por Tobin: “Se a lousa pudesse ser apagada dos padrões de comportamento e
expectativas que mantêm a inflação em movimento, a economia poderia seguir seu caminho alegre com uma inflação mais baixa ou
mesmo com preços estáveis. Ao contrário dos monetaristas, os que diagnosticam a inflação inercial não pensam que seja fácil limpar a
lousa. É por isso que favorecem políticas de rendimentos em vez de macropolíticas restritivas sem assistência”. (TOBIN, 1981, p. 27).

26
Tobin também está preocupado com a insegurança laboral que acompanha as políticas contracionistas: “A esperança é que a exclusão
de cada vez mais pessoas do jogo enfraqueça os grupos mais assertivos. O receio é que a redução do bolo apenas torne os que estão
dentro da economia mais intransigentes e proteccionistas. Raciocinar pela lógica competitiva não nos ajuda neste mundo sindicalista”.
(pág. 28). Vera (2005) formulou recentemente um modelo que procura demonstrar este mesmo resultado num cenário pós-keynesiano.
Além disso, num tal cenário, os choques de preços relativos podem ser a fonte de conflitos graves e duradouros, e não simplesmente um
aumento transitório das taxas de inflação que diminui rapidamente. Por isso, indexar os salários por medidas de custo de vida pode ser
perigoso, especialmente se levarem em conta preços que representam custos inevitáveis para toda a sociedade. “Alguém tem de pagar à
OPEP pelo petróleo, e nem todos podem ter rendimentos, salários ou benefícios sociais segurados contra tais riscos”. (pág. 29). Este
último ponto ecoa uma proposta comum na época de diferenciar entre inflação subjacente e inflação global (OKUN, 1981). Isso exige a
exclusão dos choques de oferta dos índices, como Simonsen (1983) e Lopes & Bacha (1983) defenderiam mais tarde na mesma linha.

27
Num grand finale, Tobin faz a metáfora sensível que seria muitas vezes lembrada no Brasil: “A distinção que tentei fazer entre inflação
inercial e inflação de conflito convida a uma metáfora. Considere um estádio onde todos
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18

poderia facilmente enquadrar-se num quadro analítico centrado no desenvolvimento e não ser tratado como um

sintoma independente de desequilíbrios transitórios de ajuste suave dos mercados de leilões, corrigíveis

pela formulação de políticas exógenas. A inflação deve ser enquadrada como o resultado de uma interação complexa

entre as instituições monetárias e fiscais e a estrutura socioeconómica subjacente.

O capítulo perdido de Tobin é importante porque reflete o zeitgeist no início da conturbada

década de 1980, um período em que a economia da Síntese Neoclássica Samuelsoniana foi rapidamente

tornando-se uma heterodoxia, à medida que a “desordem” tomou conta da economia (Goodfriend & King, 1997). Isto

É bastante surpreendente que, quando os economistas brasileiros se depararam com a hipótese da inflação inercial, a

análise de Tobin não tenha sido mencionada, com a não surpreendente exceção de Bacha (1988).28 Não apenas

o termo “inflação inercial” já havia sido utilizado, pois os mecanismos básicos do modelo

a dinâmica já havia sido definida, conforme descrito acima, tanto por Simonsen quanto por Tobin.

A hipótese da inflação inercial em águas turbulentas: aspectos teóricos

A década de 1980 foi uma época turbulenta e a linha tênue que separava a academia da formulação de políticas no Brasil

evaporou no meio de uma luta política contra o regime militar cessante de vinte anos. Em

Nesse sentido, os escritos de tais estudiosos refletem essa atmosfera política repleta de um impulso para

mudança, alimentada intelectualmente pelos desafios que a História colocou às sociedades latino-americanas. Enquanto o

a transição política tornou-se cada vez mais segura e o “dragão” inflacionário adormecido surgiu

do seu sono “inofensivo” de vinte anos, os argumentos politicamente militantes deram lugar a mais

propostas técnicas. Uma parte importante dessa mudança tem a ver com a sua integração aos serviços públicos.

escritórios e suas equipes econômicas. Além disso, a profissão de economista começou a convergir para uma

consenso macroeconómico a nível institucional internacional, onde a maioria dos académicos sob

nosso escrutínio manteve ligações nas mais prestigiadas instituições acadêmicas e multilaterais. Esses

conexões explicam as ligeiras mudanças na retórica e na ênfase teórica entre os primeiros

década de 1980 e primeira metade da década de 1990.

No início da crise financeira de 1982, desencadeada pelo incumprimento da dívida externa mexicana,

conferência foi marcada para debater as perspectivas relativas à economia brasileira e à latitude

desfrutado pela política económica do país face à grave restrição de liquidez no mercado internacional

levanta-se para ver o espetáculo. Todos podem ver igualmente bem se todos se sentarem. O problema é fazer com que as
pessoas se sentem; mas esse é o único problema. Situação mais grave ocorre quando não há vagas suficientes no estádio e não
há como combinar revezamento”. (TOBIN, 1981, p. 29).
28
Mais recentemente, Bresser Pereira (2010) e Serrano (2010) também reconhecem a contribuição de Tobin, embora com menos
ênfase que fazemos aqui.
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19

mercados financeiros. O clima geral do encontro é de críticas à troca de 30%

desvalorização cambial aliada a medidas restritivas tomadas pelo ministro da Fazenda brasileiro,

Antonio Delfim Netto, que resultou numa combinação de recessão profunda e aumento da inflação.29 As intervenções de

Eduardo Modiano (1983b, p. 139-153) e José Márcio Camargo

(1983, p.181-188) são especialmente ilustrativos da abordagem do conflito em voga na época, que

demonstra uma conexão com a contenção estruturalista de algumas décadas antes. No entanto, o

significado do conflito tinha, neste campo, características muito específicas, que diferiam, ainda que sutilmente, do

uma defendida pelos estruturalistas latino-americanos.

A crise da dívida externa e as subidas das taxas de juro que se seguiram ao choque petrolífero de 1979

desencadeou uma reação inflacionária massiva em economias desenvolvidas anteriormente estáveis. Mas a tragédia

que se abateu sobre as economias latino-americanas foi muitas vezes mais intenso. A turbulência foi rapidamente

associada à imensa restrição de recursos que estas economias sofreram, suscitando uma profusão de

análises teóricas deste fenômeno raro de taxas de inflação em rápido crescimento, historicamente

ligados a economias desorganizadas pelas guerras e pela consequente ocupação dos países derrotados.

Os casos clássicos de hiperinflação na primeira metade do século XX pareciam, no entanto, estruturalmente

diferente das dificuldades enfrentadas pelos países latino-americanos, embora o processo tenha

muitas semelhanças com essas experiências, o que exigiu uma investigação mais aprofundada.

O famoso esforço de Thomas Sargent para explicar o fim das quatro grandes inflações

inaugurar a aplicação da hipótese das expectativas racionais agitou o meio acadêmico

comunidade de economistas envolvidos em questões de estabilização. Sargent afirmou que uma empresa confiável

compromisso do governo com a austeridade fiscal e monetária poderia acabar com a inflação com apenas

quaisquer custos, pois permitiria aos agentes económicos internalizar a estabilidade de preços nas suas expectativas.

O trabalho de Sargent desafiou a ideia de expectativas adaptativas de longo prazo, transformando-as em expectativas futuras.

comportamento de olhar. Portanto, os agentes não poderiam ser sistematicamente enganados pela ilusão monetária. Eles

incorporaria futuros aumentos de preços no comportamento actual dos preços, acelerando assim a inflação.

Assim como o princípio de aceleração de Friedman-Phelps, a história de Sargent parecia bastante incompatível com

29
Os artigos foram coletados e publicados em Arida (1983). O tom geral do encontro pode ser percebido no artigo que
encerra o relatório do encontro, no qual Arida afirma com intensa crítica que as políticas ortodoxas de austeridade do
governo implicam a diminuição da atividade económica sem alterar a estrutura da economia; “a heterodoxia altera a
estrutura para poder responder ao constrangimento externo aumentando o nível de atividade”. Além disso, Arida
acrescentou: “O programa heterodoxo pressupõe, de facto, uma reordenação da constelação política de poder. Mas isto
não deve ser considerado uma falha; é de fato uma virtude. Um destino infeliz recaiu sobre o pensamento que faz da
teoria económica um conhecimento técnico especializado. A política económica é sempre e simultaneamente economia
e política. Se a heterodoxia viola as relações de poder em curso, como acontece, erradas são essas relações de poder
e não a heterodoxia que caracteriza as medidas propostas”. (ARIDA, 1983, p. 202-204).
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20

experiências inflacionárias crônicas na América Latina e, para alguns economistas, até mesmo com os quatro grandes

casos de inflação que ele analisou, como por exemplo em Franco (1986).

Modelos de inflação nos debates sobre estabilização da década de 1980: inércia, conflito e indexação

A narrativa das seções anteriores mostrou que a inflação na América Latina está intimamente ligada

as estratégias de desenvolvimento baseadas na Substituição de Importações e os gargalos decorrentes da rápida

mudanças aceleradas na estrutura de produção destas economias. A dinâmica distributiva dirigida

a industrialização das economias tornou a inflação num subproduto “inevitável” do desenvolvimento. O

dificuldades políticas enfrentadas pelos governos na aplicação de uma contracção monetária estrita, a fim de

estabilizar os preços gerou a criação de vários mecanismos que permitiram aos agentes económicos

lidar sem dor com a inflação. A Figura 1 abaixo transmite uma ilustração direta do

crescente grau de indexação, à medida que as taxas de inflação mensais aumentavam.

90

80

70

60

50

40

30

20

10

-10
10.4791

01.4791

70.5791

40.6791

10.7791

01.7791

70.8791

40.9791

10.0891

01.0891

70.1891

40.2891

10.3891

01.3891

70.4891

40.5891

10.6891

01.6891

70.7891

40.8891

10.9891

01.9891

70.0991

40.1991

10.2991

01.2991

70.3991

40.4991

10.5991

01.5991

70.6991

40.7991

10.8991

01.8991

70.9991

40.0002

10.1002

01.1002

70.2002

40.3002

10.4002

01.4002

70.5002

40.6002

10.7002

01.7002

70.8002

40.9002

10.0102

01.0102

70.1102

40.2102

10.3102

Taxa de juros noturna mensal Índice Geral Mensal de Preços

Figura 1 – Taxas de Inflação Mensais (IGP-DI-FGV) e Taxas de Juros (SELIC-Overnight). Fonte: Central
Banco do Brasil

A sincronização torna-se mais rigorosa a partir de 1983 e prossegue até 1994, quando ambas as taxas

tornar-se um tanto desapegado. A noção de que uma inflação acelerada conduz a um alinhamento total das

os preços relativos podem ser observados visualmente na série temporal acima. A partir de 1964, a indexação

práticas foram gradualmente disseminadas entre os setores durante uma coexistência duradoura com

taxas de inflação persistentemente elevadas. Os agentes acostumaram-se a um comportamento defensivo, tentando

restaurar constantemente os seus níveis anteriores de rendimento real com base em algum índice de inflação, em vez de

aumentos de custos seccionais. Ela escalou progressivamente para uma substituição da moeda nacional como unidade de
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21

conta de contratos de outros ativos referenciais, cujos valores são indicados em termos de situação legal

licitação, que vem definir os termos de cumprimento das obrigações contratuais. (CARVALHO, 1994,

pág. 109). Em suma, “a indexação institucionaliza a espiral preços-salários”. (SIMONSEN, 1995, p. 5).

Portanto, quando tal mecanismo se generaliza, os contratos incorporam

memória - denominada “inércia” (Franco, 1987, capítulo 3) - tornando a demanda agregada convencional

medidas anti-inflacionárias restritivas não só são ineficazes, mas induzem ainda mais

conflito entre grupos sociais. A imagem intuitiva de reivindicações conflitantes foi amplamente adotada por

diversas correntes de pensamento sobre o assunto – foi até rotulado de “universal” (Silva, 1981). Por causa de

que cada abordagem teórica tinha alguma conotação relativa à natureza e ao desenvolvimento

mecanismos de tais conflitos. É então sugerida uma taxonomia que classifica os concorrentes

argumentos, baseados em Serrano (1986, p. 107-111).

No início da década de 1980, era uma visão comum dentro do flanco heterodoxo que a inflação no Brasil

foi um fenômeno predominantemente inercial. (LARA-RESENDE & LOPES, 1982; ARIDA, 1983b &

1984; LARA-RESENDE, 1984; LOPES, 1984a; PEREIRA & NAKANO, 1984). No entanto, o

a obtenção de consenso é um fenómeno raro e muitas vezes esconde diferenças profundas

entre seus participantes. Embora o acordo sobre o carácter inercial da inflação, cinco diferentes

modelos de inflação entraram em competição pela explicação da dinâmica da inflação no Brasil

economia durante a década de 1980, à medida que a inflação escalava para níveis elevados, nomeadamente: as expectativas racionais

modelo, o modelo de expectativas adaptativas, a interpretação institucional, o modelo de salários relativos


e o modelo de conflito distributivo.

O primeiro é o modelo de expectativas racionais. Neste modelo, a economia funciona de uma forma

moda neoclássica de equilíbrio geral. Os agentes são capazes de compreender a dinâmica geral do

economia, sabemos que a velocidade do dinheiro é estável e que os preços reagem ao comportamento do

oferta monetária. A política monetária só afectará o produto enquanto este for diferente do esperado.

medidas. A inércia surge da percepção dos agentes de que o Banco Central irá acomodar

oferta de moeda, a fim de evitar uma crise de liquidez. A oferta de moeda cresce então ao ritmo da

aumento na renda nominal e, portanto, crescerá além do produto potencial pela medida de

inflação passada. Isso gera uma inflação inercial de longo prazo. Devido à existência de nominais

rigidez nas dívidas e nos contratos de trabalho decorrentes das cláusulas de indexação a prazo, uma redução

da oferta monetária implicaria uma compressão dos lucros, um aumento acentuado dos salários reais e

interesses, gerando portanto uma crise de estabilização politicamente insustentável. (Sargent & Wallace, 1975).
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22

Em segundo lugar, o modelo de expectativas adaptativas descreve a inflação através de uma curva de Phillips que

combina expectativas de inflação e excesso de demanda (dado pelo hiato do produto, ou seja, a diferença

entre produto efetivo e potencial). Tal como nas contribuições de Friedman e Phelps, a inflação

as expectativas são formadas adaptativamente pela média ponderada da inflação observada anteriormente

e a componente de correção de erros (dada pelo desvio da inflação efetiva em relação ao seu valor esperado).

valor). Num ambiente inflacionário crónico, esta abordagem sugere que a inflação é quase inteiramente

determinado pela inflação passada em períodos recentes, levando assim à relativa estabilidade da inflação

níveis pela minimização gradual dos erros de previsão. Quanto ao excesso de procura, normalmente é

considerou que a economia funciona perto do pleno emprego dos recursos produtivos, de tal forma

que qualquer tentativa de aumentar a produção através da política monetária ou fiscal apenas causaria um aumento na

preços.

Terceiro, a interpretação institucional ou a “inflação por decreto”, que afirma que num

economia altamente indexada, como o Brasil, uma grande parcela dos preços macroeconômicos básicos (câmbio

taxa, taxa de juros, salário etc.) “aumento por decreto”, de acordo com a taxa de inflação do período anterior. [Para

por exemplo, ver Silva (1981) e Bresser Pereira & Nakano (1984)]. Para manter a estrutura

preços relativos em equilíbrio, mesmo os preços não indexados são induzidos a seguir o mesmo padrão. Isso é

considerado caro não cumprir as regras formais impostas pelas instituições legais e, mesmo naqueles

setores não sujeitos à indexação formal, as expectativas dos agentes tendem a acompanhar o comportamento dos preços em

setores indexados. Esta se assemelha vagamente à análise de Tobin que acabamos de ver acima. O

A ideia subjacente é que a indexação requer mudanças no “modelo relevante” da economia

funcionando e que os agentes entendam essas mudanças. Isso é diferente do racional

modelo de expectativas, no qual a indexação altera a política monetária, influenciando o governo

comportamento. Aqui, é a estrutura da economia que é transformada por esta institucionalidade.

mecanismo, independentemente das tendências do governo. Indexação formal generalizada e ausência de

choques de demanda garantem o padrão inercial da inflação.

Quarto, o modelo de salários relativos propõe que factores institucionais, políticos e culturais

que afetam o mercado de trabalho geram resistência dos trabalhadores às mudanças (descendentes) nos salários relativos.

Este é principalmente o âmbito das contribuições provenientes da escola da PUC-RJ (mais detalhes abaixo) e

Silva (1981). Ambiente inflacionário e estrutura dessincronizada de reajustes, trabalhadores

procuram restaurar periodicamente os seus salários nominais de acordo com o pico do salário real, estabilizando assim

tanto o salário real médio efetivo no período anterior como, na ausência de choques exógenos,

também a estrutura salarial. Comportamento não cooperativo entre grupos distintos de trabalhadores e seus

o interesse em defender os salários relativos seria suficiente para gerar o padrão inercial da inflação.
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23

Isto ocorre independentemente da existência de indexação formal e de distribuição

incompatibilidades entre salários e lucros – isto é, mesmo que os trabalhadores ficassem satisfeitos com

seu salário real médio. Neste modelo, basta que o sistema seja caracterizado por ajustamentos salariais não sincronizados

e por uma taxa de inflação positiva no passado recente.30

Finalmente há o modelo de conflito distributivo encontrado principalmente em Bresser Pereira e

Nakano (1983), Franco (1986), Ros (1989) e com menos destaque em Modiano (1987) e Lopes

(1983). Neste cenário, a inflação resulta do impasse social derivado de uma situação não resolvida

desequilíbrio distributivo entre lucros e salários – rendas, impostos e outras formas de rendimento – que

pode levar, dadas algumas hipóteses específicas, ao comportamento inercial da inflação. Empreendedores e

os trabalhadores têm poder limitado na determinação do rendimento efectivo dos outros. O problema diz respeito ao

dinâmica da “lacuna de aspirações” (ROWTHORN, 1977) que desencadeia a escalada de salários e preços até

níveis que simplesmente reproduzem os desequilíbrios anteriormente observados. Assim, após uma subida dos preços,

os trabalhadores reivindicam a restauração do salário real anterior através do aumento dos salários nominais de acordo com

à inflação passada. Neste modelo, portanto, uma inflação inercial estável é o resultado da dinâmica

estabilidade no conflito distributivo entre os requerentes de rendimento e não pela sua acomodação ou

solução.

A principal diferença entre esta última versão e as demais é sutil, mas crucial. Em primeiro

quatro modelos, os agentes esforçam-se por defender o seu rendimento médio real e ajustar o seu rendimento nominal

fluxos de trabalho pelos seus níveis máximos de salários reais. Isto gera e perpetua a inflação como uma reação no

face à incerteza, por meio de mecanismos legais (como a indexação) ou/e através de uma defesa

comportamento em um jogo não cooperativo. Portanto, a inércia inflacionária está ligada a problemas de

coordenação ou a interferência institucional.

A história segue um caminho diferente nos modelos de conflito distributivo. Nesta modelagem

“mundo”, os agentes visam defender os seus níveis máximos de salários reais, e a lacuna de aspiração relevante é

assim dado pela diferença entre os níveis máximos e médios dos salários reais. Essa lacuna define o

grau de incompatibilidade distributiva estrutural, que decorre de um impasse social entre os

principais grupos ou classes de renda, e não de incertezas ou falhas de coordenação nas relações dos agentes individuais.

planos de ação potencialmente consistentes. Isto significa que a inércia inflacionária ocorrerá enquanto o

30
A racionalidade por trás desse comportamento pode ser encontrada no problema dos bens comuns. (FRANCO, 1995). Se algum
grupo em particular aceitasse um ajustamento abaixo do nível salarial real máximo do período anterior, enfrentaria uma perda no
salário real relativo, uma vez que não haveria qualquer razão plausível para que os outros grupos reivindicassem também ajustamentos
mais baixos. Isto só poderia ser alcançado através de um movimento coordenado – na verdade, cooperativo – neutralizando os efeitos
distributivos que resultariam da redução das taxas de inflação.
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24

os termos de conflito na distribuição são estáveis. O nível de inflação será uma função do tamanho

do desequilíbrio distributivo e do sistema de indexação, seja ele formal ou

informal. Um corolário desta abordagem é que a inflação inercial não depende da existência de

reajuste dessincronizado de preços junto com práticas de indexação, como nos salários relativos

modelo, mas no poder relativo das empresas para manterem intactas as suas margens de lucro sobre os custos e o dos

trabalhadores para restaurarem os seus salários reais de acordo com a inflação passada.31

Esta taxonomia não implica a necessária exclusão mútua entre tais modelos. Em

em geral, ajuda a compor um mosaico teórico que pode ser combinado de diversas maneiras. Simplesmente

permite uma análise mais ou menos abrangente em termos de fechamento do modelo e do número e natureza

de variáveis instrumentais para o argumento a ser proposto. Como podemos ver, confusão e desordem

foram características deste momento na economia latino-americana. De forma mais ampla, estava muito em

voga no âmbito mais amplo da disciplina macroeconômica do início dos anos 1980, como Novo Clássico

Os ataques multifacetados da macroeconomia à Síntese Neoclássica Samuelsoniana estavam tomando

segurar. (Bom amigo e King, 1997). No entanto, não é uma confusão desenfreada que assola os solteiros.

manualmente uma agenda de pesquisa; pelo contrário, é a falta de consenso sobre princípios básicos e sobre estilos e

gramática dos modelos. A forma e o conteúdo devem encontrar estabilidade. Quando o fizerem, um programa de pesquisa poderá

obter um apoio mais amplo, ampliar ainda mais os seus limites e alargar o seu âmbito de análise.

A nossa afirmação é que nenhum mecanismo de estabilização funcionou em nome da inflação inercial.

hipótese. Apesar de várias tentativas, a hipótese não conseguiu atingir nem mesmo o necessário

estabilidade local. As tensões não resolvidas dentro do quadro teórico foram ainda mais inflamadas pela

aplicação no mundo real dos conselhos políticos derivados dele. Uma vez que caiu do caminho estável da sela

discurso académico, a instabilidade instalou-se e os seus especialistas começaram a abandonar o campo inercial da inflação. Como

visto acima, o modelo de salários relativos e a abordagem do conflito distributivo são heterodoxos em suas

essencialmente, pela recusa estrita de medidas de restrição da procura agregada. O primeiro modelo é claramente

anexado a Lara Resende (1979), Francisco Lopes (1979), Lara Resende & Lopes (1979) e a

Bresser Pereira & Nakano (1984). A segunda pode ser encontrada nos trabalhos de Arida (1982, 1992),

Arida e Lara Resende (1986), Modiano (1985, 1988), Lopes (1989).

31
Portanto, dado o grau de conflito, os níveis de inflação serão determinados pela amplitude e frequência das práticas
de indexação, bem como pelo nível das tendências de inflação passadas. Reduzir a inflação exige não só a extinção
completa das práticas de indexação e a dissolução da memória inflacionária, mas também a eliminação de todas as
incompatibilidades distributivas.
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25

Modelos conflitantes de inflação inercial impulsionada por conflitos

O grupo de economistas heterodoxos era uma amálgama instável de diversas tradições intelectuais.

Mostrou homogeneidade apenas no que diz respeito à oposição a medidas ortodoxas de pleno direito tomadas por

o último governo militar no Brasil, enquanto a luta política pela reintegração do

a democracia aproximava-se da sua vitória. Em certo nível, reflectiu a insatisfação generalizada com o

As organizações de Bretton Woods e a sua intervenção ao longo dos eventos que se seguiram à segunda

choque do petróleo em 1979. No entanto, um olhar mais atento ao debate sobre a política de estabilização na década de 1980 revela

diferenças importantes e, por vezes, irreconciliáveis entre os contendores heterodoxos no que diz respeito

as causas, os mecanismos de propagação e, sobretudo, as terapias prescritas para combater a inflação.

Serrano (2010) pretende revisar alguns aspectos da hipótese da inflação inercial e da

deficiências que supostamente foram responsáveis pelo seu declínio como uma representação precisa da inflação em

Brasil. Dois enigmas básicos envolvem a “teoria” da inflação inercial, tal como foi afirmada por Lopes (1980,

1984), Arida (1982) e Lara Resende (1979), a saber: por que os trabalhadores persistiriam em licitar

salários nominais se estes últimos resultariam sempre nos mesmos salários reais de antes? E: por que, em

ao fazê-lo, vinculariam os aumentos salariais às taxas de inflação passadas? Conforme Serrano (2010, p. 407-409)

vê, não havia “justificativa racional”, em seus modelos, para que os trabalhadores se comportassem de tal forma.

moda. Na verdade, Lopes (1984) argumenta claramente que tal comportamento é independente da existência de

regras de indexação ou ligações indexadas globais de contratos, ou mesmo de expectativas adaptativas por

agentes económicos. Segundo Serrano, essa lacuna não preenchida na especificação de seus modelos

resulta imediatamente da suposição de uma taxa de margem real fixada exogenamente. Nesse sentido,

prossegue o argumento, constrói-se um modelo de conflito muito peculiar, no qual as reivindicações conflitantes são

sempre resolvido em favor das empresas e o salário real é determinado pela margem de lucro bruto e pela

produtividade do trabalho. Num tal cenário, o salário real médio é determinado endogenamente. Variações

nos salários nominais não teria, portanto, efeitos distributivos. Se formalizarmos a inflação (-) como um

média ponderada dos ajustes de custos salariais atuais e defasados ():

-? 1?

e se subtrairmos a taxa de crescimento dos salários de ambos os lados da equação, descobrimos que nominal

os aumentos salariais, de facto, promovem o crescimento dos salários reais:

- 1?

Embora os rendimentos reais sejam parcialmente corroídos pela inflação, eles não são eliminados (se ? ! 1) pela

os ajustes parciais do markup à escalada salarial nominal. Ao definir o valor do parâmetro


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26

?, podemos visualizar todos os três casos, a saber: margem real fixa (? 1), margem nominal fixa (? 0)

e marcação nominal variável (0 ! ?! 1).

O próximo passo requer a avaliação de como os salários nominais são determinados. Demanda dos trabalhadores

aumentos nas remunerações nominais do trabalho devido a: (1) aumentos desejados no salário real – que implicam

um aumento na parte salarial do rendimento nacional; e (2) antecipações de erosão da inflação

poder de compra dos salários durante a vigência do contrato de trabalho. Assim, a inflação passada é inevitavelmente

considerado como um importante determinante das reivindicações salariais dos trabalhadores, independentemente da presença de

instrumentos formais de indexação. A indexação apenas aumentará o peso da inflação passada no

comportamento de licitação salarial dos trabalhadores. Geralmente, podemos afirmar o comportamento dos salários nominais em termos formais.

sentido como em que c denota o aumento autônomo dos salários após negociações ou 1 .- ,

até mesmo considerações relativas a questões de justiça, enquanto a retrata o feedback automático de

inflação na taxa de crescimento dos salários nominais. O mecanismo pelo qual tal transmissão ocorre pode

ser cláusulas formais de escada rolante incorporadas em contratos ou expectativas dos trabalhadores em relação à inflação

cotações. Espera-se que o parâmetro a seja menor que a unidade, se aceitarmos como razoável que ambos

trabalhadores e empresas não podem impor um ajustamento total dos salários e lucros à inflação passada (Rowthorn,

1977).

Como vimos no modelo de feedback de Simonsen, a inflação em todos os três casos irá então
9
convergir, depois de alguns períodos para - ÿ @1 1 . B. Portanto, a principal diferença entre estes

modelos de referência é o impacto ao longo do ciclo de ajustamento das mudanças em a e/ou c. No inercial

modelo de inflação, a inflação não altera o salário real, pois os preços corroem instantaneamente qualquer aumento no

salários nominais. Este resultado é derivado da hipótese de um markup real fixo (? 1). Um segundo

hipótese é que os trabalhadores lutam por ajustes salariais nominais vinculados à inflação (. 1), enquanto

não oferecer salários reais mais elevados (1 0). Conseqüentemente, os salários reais são levados a níveis máximos:

-; e a partir disto descobrimos que a inflação é totalmente explicada pela sua componente autoregressiva, ou plena

indexação: - -. Finalmente, o componente de conflito distributivo (1 > 0) é claramente descrito como um

componente de aceleração, dados os valores assumidos de x e a na seguinte relação: -

- ÿ- 1. Assim, enquanto os trabalhadores tentarem aumentar os salários para além dos níveis máximos reais, as empresas reagirão

com um desfasamento temporal, aumentando os preços e, assim, impulsionando a inflação para cima. A seguir, discutimos

alguns dos obstáculos enfrentados pelos economistas em relação à estrutura e terminologia dos seus modelos de inflação.

O primeiro conjunto de pontos tem a ver com o que deve ser denominado inflação de conflito – bem como com a

a inércia que se segue que gera - e a adaptação institucional encarnada no desenvolvimento de

correção monetária e indexação.


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27

Utilizando o modelo de Simonsen, é fácil perceber que, em maior ou menor grau, tais modelos

consideram que as reivindicações contraditórias são desestabilizadoras porque os salários estão a ir além do socialmente

participação na renda acordada (que é frequentemente denominada “estrutura subjacente de renda

distribuição"). Segue-se disto que compreender e controlar a inflação requer disciplinar


32
reivindicações salariais. Mas, o que isso diz sobre o comportamento da empresa? Se as empresas procuram manter uma constante

margem real sobre os custos [conforme indicado na equação DD ? , com ? 1], eles vão

ajustar as margens nominais ao longo do ciclo das reivindicações salariais nominais. As empresas são então logicamente

entendidos como tomadores de decisão totalmente defensivos. Mas, se as empresas simplesmente reagirem a um aumento nas propostas salariais,

o que desencadeia as demandas dos trabalhadores? Na tradição estruturalista, a discrepância entre o salário real e o

O salário real pretendido dos trabalhadores decorre de uma mudança súbita de preços relativos, como uma mudança em grande escala

desvalorização da moeda nacional ou, no caso do estruturalismo latino-americano, preços elevados dos alimentos.33 Até

este ponto, há pouca, ou nenhuma, diferença entre os defensores da inflação inercial. O

o mesmo não pode ser dito da questão relativa à magnitude do coeficiente de repasse.

Para fornecer algum apoio às suas afirmações, os economistas da PUC-RJ organizaram

evidências sobre as suposições de . 1 e - -; isto é, a indexação impôs, naquele momento, uma

memória ao sistema de preços, gerando a componente inercial completa na ausência de choques.

No entanto, a dinâmica do conflito foi formalmente subestimada na sua narrativa, ao reconhecer que

A política de rendimentos seguida pelo governo foi a principal causa do aumento sistemático do custo de vida.

reajustes salariais. Deste ponto de vista, poderíamos então formalizar o componente de reivindicações conflitantes

em função da diferença entre os salários reais médios e efetivos como segue: E1

32
Mais recentemente, Taylor (2003, p. 77) reafirmou isto de uma forma bastante directa: “Pode dizer-se que a 'inflação de conflitos'
ocorre quando as aspirações dos trabalhadores (…) não são satisfeitas. O pico salarial aumenta menos que proporcionalmente à
perda real de salário” no intervalo entre os reajustes. Encontramos a suposição nas principais contribuições da escola da PUC-RJ.
Ver Bacha & Lopes (1983, p. 11), Lopes (1986, p. 50) e Modiano (1988, p. 8-20). Mais recentemente, Taylor (2003, p. 73) apontou
isto: “Para o caso não-Pigoviano (mas convencional) em que a taxa de markup aumenta com a utilização da capacidade (…) Haverá
inflação em qualquer nível de utilização F que exceda FG . Este último resultado pode ser facilmente encontrado, como fizeram Bacha
& Lopes (1983, p. 11): - IF FG, onde FG é a taxa normal de utilização da capacidade,
HD
“que tomamos como dada exogenamente” e j é
uma constante que reflete a marca nominal ajuste de subida.
Além disso, salientam: “A capacidade de resposta do mark-up agregado ao excesso de capacidade F FG reflete a existência de um
setor de preços flexíveis na economia (principalmente agricultura e comércio no Brasil)”. A consequência analítica é que a inflação se
J.
torna - - /F FG, onde /
K e & 1) L*. A reorganização nos dá - - 2IF FG.

Qualquer afastamento de F de FG terá efeitos de aceleração ou desaceleração sobre a inflação, sendo de outro modo constante, no
ponto em que a utilização efectiva e normal da capacidade coincidem. Contudo, não é feita qualquer menção sobre o que impulsiona
a utilização da capacidade do seu nível normal. Assim, a inflação resulta da combinação do mark-up nominal corrigido pela inflação
(conforme j) e do número de reajustes no período de análise (t). Maior ênfase é colocada neste último ponto. O mesmo resultado é
encontrado em Lopes (1986, p. 50) e é considerado “equilíbrio inflacionário”, que abordaremos em breve.

33
Tomemos como exemplo o modelo montado por Modiano (1988, p. 95-97). As desvalorizações cambiais implicariam reduções nos
salários reais. Além disso, uma ligação inversa entre as taxas de inflação e o nível dos salários reais médios conclui o modelo. Mais
uma vez, o conflito é apenas uma pressão inflacionária original (tal como c > 0), mas não desempenha nenhum papel na perpetuação
da inflação.
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28

1 ) NÃO N *P; 1Q R 0. O conflito aumentaria assim o nível (1 R 0), mas não poderia explicar o inerente

momentum, da inflação (dado pelo parâmetro .). Nesta situação, Simonsen disse uma vez que o

O governo trocou a aritmética da política de rendimentos pelos determinantes do conflito distributivo da

inflação. As aspirações dos trabalhadores não são levadas em consideração, pelo menos não de forma substantiva. O

o melhor que podem alcançar é a sua posição relativa anterior ao choque perturbador.

Uma narrativa diferencial vem do outro lado da posição inercialista. Formalmente, o

os modelos são idênticos, mas escondem especificações diferentes do quadro de inflação de conflitos. O

primeira tentativa teórica no Brasil usando o termo “inflação inercial” apareceu em Bresser Pereira

(1984) e herdou os conceitos do arcabouço estruturalista latino-americano. Conflitante

as reivindicações sobre o rendimento explicaram o principal impulso oculto sob a inflação. Para Bresser Pereira e

Nakano (1984), a inflação tinha três forças subjacentes principais: (1) componentes aceleradores, (2)
34
forças de sustentação e (3) mecanismos de sanção. Adotou um vocabulário herdado da CEPAL
ajustar-se-ia à noção de que a inflação seria neutra sempre que o conflito se tornasse estável.

No entanto, a estabilidade do sistema não poderia ser totalmente garantida: os salários reais alvo poderiam ser

constantemente em afastamento do salário real médio. Esta lacuna varia de acordo com vários

fatores históricos e institucionais que afetam o sistema econômico e não puderam ser definidos como

a priori. O conflito é então entendido como uma característica dinâmica inerente à economia. Não é visto como

uma variável exógena, como um fator de perturbação exógeno que empurra o sistema de preços

longe do “equilíbrio inflacionário”: é a própria força motriz deste último. Como uma lógica

consequência desta premissa, a “componente autónoma da inflação” – para usar a expressão de Simonsen

terminologia - foi atribuída à “componente feedback”, dado o seu carácter automático (formalmente,

isso diz isso . 1), mas também se enquadraria na definição de uma variável de salto. (Bresser Pereira & Nakano,

1984).35

34
O primeiro conjunto de forças está representado na economia convencional do monetarismo de Friedman, nos hiatos de inflação
keynesianos e nos choques de preços relativos dos estruturalistas. Quanto ao segundo, as forças de sustentação foram atribuídas ao
conflito distributivo entre os requerentes de rendimento numa economia indexada permeada por contratos não sincronizados de ajustamento da inflação.
As tentativas sistematicamente alternadas de restaurar o anterior pico de rendimento real por parte de cada fracção de requerentes de
rendimento infundiram um impulso interno na inflação, mantendo as suas taxas estáveis num determinado nível. Nesta versão da história, a
adaptação nunca está completa: o fosso permanente que separa o salário-alvo e o salário real médio atrai inerentemente novas rondas de disputa.
Finalmente, o terceiro aspecto (sanções pela política económica) dependia da posição estruturalista latino-americana sobre o
“dinheiro passivo”, que explicava a acomodação passiva dos indicadores fiscais e monetários aos outros dois conjuntos de
forças (ver Olivera, 1967). Escusado será dizer que este esquema contou fortemente com as contribuições de Celso Furtado,
Ignácio Rangel, Aníbal Pinto, Felipe Pazos e Juan Noyola Vásquez.
35
Para aumentar a confusão na nomenclatura, Bresser-Pereira derivaria da premissa principal deste modelo a noção de uma
“inércia acelerada” (Bresser Pereira, 1987). Nesse sentido, poderíamos pensar neste parâmetro sendo formalmente definido como
N9
uma função dos diferenciais entre o salário real alvo e o salário real médio )S termos nominais NÃO * e meta de margem real em
9

e a taxa de margem realizada )T 3 3 *, sendo D


9
U. Em notação matemática, podemos afirmar o
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29

Este detalhe aparentemente menor é muito importante quando se trata de modelos de conflito de

inflação, pois é a própria insatisfação dos grupos de rendimento (neste caso, os trabalhadores) com a sua realização

parcelas da produção nacional que aumentam ainda mais as reivindicações sobre esta última. A lacuna de aspiração só pode ser

parcialmente explicado em termos das variáveis do modelo. Além disso, uma abordagem dinâmica

considera que nunca são cumpridas, senão temporariamente e em circunstâncias muito específicas.

O equilíbrio inflacionário nesta segunda abordagem é apenas um resultado particular de uma classe mais ampla de

análises de desequilíbrio. Segue-se imediatamente que rotular esta teoria de “inflação inercial” é

metonímico, para dizer o mínimo. Se considerarmos os esforços posteriores dos autores em esclarecer (e justificar)

a consistência interna e externa da teoria, torna-se claro que deram má fama à inflação.

Assim, como vimos, o principal pressuposto por trás desta diferença específica entre o

grupos inercialistas consideram o comportamento de mark-up das empresas e a questão resultante da racionalidade dos trabalhadores.

tomando uma decisão. A distinção apontada reflecte sobretudo a forma mais ou menos especificada

assumido pelo “conflito distributivo” nestes modelos. Ambos os lados partilham o conceito de “inflacionário

equilíbrio”, já presente na avaliação de Tobin (1980) sobre a política de estabilização, na qual as mudanças

no regime de reajustes dos salários nominais apenas empurraria os preços para cima, deixando a média

salários reais não afetados. No entanto, as forças que impulsionam este equilíbrio têm propriedades ligeiramente distintas.

Para Bresser Pereira e Nakano (FGV-SP)36 a inflação é apenas um sintoma do caráter inerentemente conflitivo do sistema

econômico capitalista, enquanto na maioria dos modelos da PUC-RJ37 ela

deve-se principalmente à estrutura escalonada do esquema de indexação salarial patrocinado pelo governo. Esse

última estratégia de modelagem considera o conflito mais como um espaço reservado – juntamente com outros tipos de

choques exógenos - do que um determinante substancial de primeira ordem da inflação. É realmente uma suposição

sobre as instituições do mercado de trabalho, e não sobre a dinâmica distributiva de toda a economia. Trabalhadores

aspirações são formalmente confrontadas com um limite superior exógeno, para o qual devem olhar racionalmente

até, de modo a pelo menos manterem a sua posição relativa dentro da estrutura dos direitos sobre a produção. Esse

9
N9 3
;T
parâmetro de componente autônomo como: . . )S 3 *, que pode assumir a forma de média ponderada, tal como: . SVT V, onde 0 ! C ! 1 denota
NÃO

o poder de negociação dos trabalhadores nos acordos salariais. Imediatamente a partir destas definições, um equilíbrio inflacionário inercial (. 1)
é alcançado se XO X9 e D D9 . Se lembrarmos que o
? abordagem pressupõe
o ajuste das margens nominais é encontrado por DD , notamos que esta , ? ! 1; isto é, os aumentos nos salários nominais
afectam a distribuição do rendimento e, portanto, provocam um comportamento defensivo por parte das empresas.
Além disso, a inflação pode acelerar endogenamente se considerarmos que os picos dos salários reais respondem à deterioração da situação.

o salário real EY Y )NO N *P ; YQ R 0, de modo que o salário real médio pode ser expresso como: XO Y )NO N * -, de acordo com a
suposições acima 1. Se isto for levado em consideração, então o conflito pode ser estável e inercial, bem como
impondo efeitos de aceleração (. R 1).
36
Análises semelhantes podem ser encontradas em Taylor (1979, 1983) e Ros, J. (1984).
37
Devem ser feitas exceções a Modiano (1987) e Bacha (1982), nos quais a mudança nos salários reais alvo pode ser
variou de acordo com os padrões de distribuição de renda, com base em questões implícitas de justiça.
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30

o detalhe institucional da indexação é um tema recorrente nos modelos elaborados sobre essas propriedades estáticas

do comportamento dos trabalhadores. Em um nível mais abstrato, esses modelos preenchem (não) intencionalmente uma lacuna
38
entre as abordagens estruturalista e neokeynesiana. Através deste ponto de contato,

foram levantadas dúvidas que diziam respeito às premissas de racionalidade inseridas no modelo. O primeiro

envolveu explicar por que os trabalhadores se preocuparam em reivindicar aumentos salariais nominais, se os seus esforços forem

autodestrutivo no caso de inflação inercial ( - 0 ou X XO). A segunda questão envolve

fornecendo apoio analítico à noção de que os trabalhadores escolheriam vincular os salários à inflação passada
39
( -).

Seria absurdo atribuir toda a culpa pelo desaparecimento da inflação inercial

hipóteses sobre esses problemas analíticos e questões de formato do discurso. Mesmo assim, que eles jogaram alguns

parte dela não pode ser negada. Por mais diferentes que fossem, eles classificaram as causas da inflação e a propagação

mecanismos, as políticas necessárias para lidar com eles não estavam em disputa; ambos os lados eram altamente

cético quanto à eficácia das medidas antiinflacionárias ortodoxas. A estabilização dos preços deverá ser

alcançado, alternativamente, através de uma gestão adequada da política salarial aliada a uma

disciplinar as taxas de mark-up. O conflito deve ser amenizado de alguma forma por meio de um pacto social. O

A questão era: a sociedade aderiria a ela de forma voluntária ou compulsória? Isto aponta nosso

discussão sobre as implicações políticas dessas teorias.

Observações Finais

O artigo pretendia destacar certas tensões no quadro da inflação inercial, que ajudam a

entender por que esse esforço teórico não conseguiu atrapalhar o surgimento de uma

nova síntese neoclássica. Ao combinar threads de histórico normalmente não relacionados

desenvolvimentos, fornecemos uma narrativa em que o legado do Estruturalista Latino-Americano é

gradualmente absorvido e processado nos novos formatos matemáticos de modelagem emergentes do

nova síntese neoclássica, pelo menos no seu campo neokeynesiano. Nosso objetivo era revelar as tensões

38
Ros (1989) interpreta esta visão como compatível com a macroeconomia neokeynesiana em voga no final da década de 1970 e
bastante distinta da abordagem estruturalista do conflito. Neste cenário: “Os agentes económicos necessitam de tempo para ajustar as
suas aspirações às novas circunstâncias e, de forma análoga às teorias de consumo de persistência de hábitos, é através da adaptação
que o salário real alvo se ajusta aos salários médios actuais”. A inércia é, portanto, interpretada como um intervalo de tempo necessário
para os preços reagirem a um choque, em vez da resistência para desacelerar a inflação, uma vez que esta está em movimento: “esta
visão enfatiza a eliminação da 'memória' da inflação passada que é provocada através de o aumento na frequência dos ajustes. À medida
que o intervalo de indexação diminui para zero, o nível geral de preços liberta-se das suas ligações à inflação passada e torna-se indexado
à taxa de câmbio nominal. Eliminada a inércia, parar a inflação passa a ser uma questão de estabilizar a taxa de câmbio”.

39
Serrano (2010, p. 408-410) conseguiu encontrar saídas para esses enigmas, trocando o valor de ? 1 para ? ! 1; que
é, transformando o seu modelo numa variante semelhante de Bresser Pereira & Nakano (1984).
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31

e o processo seletivo pelo qual certos recursos são abandonados em favor de modelos mais amigáveis

premissas. A ênfase e a conexão entre as contribuições de Furtado, Olivera, Simonsen

e Tobin constituem as principais novidades deste artigo. Eles foram devidamente notados nos primeiros trabalhos em

história das ideias econômicas, mas nossa narrativa se destaca porque procuramos não fornecer uma visão racional

leitura da história, mas sim um relato de quão difícil pode ser a construção de consenso

dentro da comunidade de economistas, mesmo num nível teórico abstrato.

Toda narrativa deve ter um personagem protagonista. O papel principal é aqui personificado pelo

contribuições teóricas do grupo de economistas da PUC-RJ. O foco de seu trabalho foi

passou de uma abordagem distributiva favorável aos conflitos para um modelo mais restrito de políticas fiscalmente condicionadas.

modelo de salários relativos de estabilização da inflação. Nos seus modelos, bem como nas contribuições de

Bresser Pereira e Nakano (1984), da escola de economia da FGV-SP, as forças causais de

a inflação foi anulada pelos mecanismos de propagação incorporados nas práticas de indexação. Esse

teve o impacto de tornar a hipótese da inflação inercial mais compatível com o novo modelo keynesiano

estrutura, que era bastante diferente dos propósitos de seu trabalho no Brasil. Daí o papel

interpretado pelo conflito distributivo rapidamente se transformou em um “personagem coadjuvante” da trama,

lembrado apenas de vez em quando, quando convinha à fluência do argumento. Uma vez que a noção de

conflito não era mais útil, a história da inflação inercial foi despojada de seu caráter estruturalista.

substância, e seu escopo foi massivamente reduzido à não sincronização espontânea de

reajustes de preços e salários, aos quais já haviam sido feitas alusões pelos primeiros

formulações, como Calvo (1978), Gray (1976), Fischer (1977).

Além do aspecto do discurso teórico acima mencionado, a inflação inercial

exigia a obtenção da neutralidade distributiva no nível político, o que se revelou preocupantemente

difícil de resolver tanto na dimensão analítica como na dimensão política. Mas evitando esta última questão

por enquanto, basta destacar que os economistas de ambos os campos usaram frequentemente o termo

“conflito distributivo”, mas com significados diferentes. A forma como o antigo grupo, da PUC-RJ,

assumiu esse conceito era bastante diferente do legado da CEPAL, ao qual Bresser Pereira e

Nakano (1984) são sucessores eminentes. O que queremos dizer é que esta mesma diversidade de abordagens que marcha

sob a bandeira da “hipótese da inflação inercial” abriu uma brecha na sua consistência interna.

Uma vez posto em prática o modelo e a realidade se mostrando resistente às políticas dele derivadas,

a consistência externa foi então questionada. A evasão acelerada do pequeno grupo da PUC-RJ

economistas do campo inercialista concluíram o processo desestabilizador da teoria que era

deveria entregar. Primeiro, os requisitos analíticos da neutralidade distributiva, conforme claramente delineados

de Lopes (1986, p. 50-62), revelou-se extremamente irrealista. Em segundo lugar, também implicavam condições pouco práticas –
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32

e, até certo ponto, insustentável - requisitos políticos para alcançar este último tipo de neutralidade no

mundo real. Evitamos estes dois aspectos importantes devido à abundância suficiente

material analítico sobre eles.

O material futuro fundamentará ainda mais a afirmação de que a teoria não foi apenas internamente

instável, pois recebeu repetidos abalos da dimensão comunitária do trabalho acadêmico. Isso significa

que os trabalhos publicados pelos acadêmicos da PUC-RJ ao longo da década de 1980 evoluíram gradativamente de uma

abordagem de conflito aparentemente distributiva - encarnada num modelo de inflação de salários relativos - para uma

compreensão da inflação dominada fiscalmente. Dois outros conjuntos de problemas devem ser abordados. Primeiro,

a necessidade de diferenciar o grupo acadêmico, situado no departamento de economia da PUC-RJ, do

as outras propostas “heterodoxas” após o fracasso do Plano Cruzado. O desenvolvimento do

crise inflacionária proporcionou maior refinamento na compreensão da dinâmica da inflação no

O Brasil, que pode ter definido a magnitude das restrições políticas enfrentadas por qualquer processo de estabilização

política no contexto de um processo inflacionário em aceleração. O segundo aspecto desta mudança

tanto o foco quanto a ênfase dizem respeito ao elemento fiscal, que recebe importância crescente para

final da década de 1980 e torna-se central em 1994.

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