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COORDENAÇÃO DE RESIDÊNCIA MÉDICA – COREME

PROGRAMA DE RESIDÊNCIA MÉDICA

ALLANA GILMARA PIRES GOMES

EXPERIÊNCIA DE RESIDENTES MÉDICOS DE UM HOSPITAL


UNIVERSITÁRIO COM O PROTOCOLO SPIKES

GOIÂNIA
2023
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
COORDENAÇÃO DE RESIDÊNCIA MÉDICA
PROGRAMA DE RESIDÊNCIA MÉDICA

ALLANA GILMARA PIRES GOMES

EXPERIÊNCIA DE RESIDENTES MÉDICOS DE UM HOSPITAL


UNIVERSITÁRIO COM O PROTOCOLO SPIKES

Trabalho de Conclusão de Residência


Médica apresentado à Coordenação de
Residência Médica do Hospital das
Clínicas da Universidade Federal de
Goiás, como pré-requisito para
conclusão da Residência na área de
Clínica Médica.

Orientadora: Beatriz Lins Galvão de


Lima

GOIÂNIA
2023
RESUMO
Objetivo: o presente estudo teve como objetivo geral avaliar o conhecimento do
protocolo SPIKES na comunicação de más notícias pelos residentes de um
hospital universitário. Metodologia: tratou-se de uma pesquisa de caráter
quantitativo, transversal e exploratório, que foi realizada no Hospital das
Clínicas da Universidade Federal de Goiás, em Goiânia, Goiás, Brasil. Fizeram
parte da população pesquisada residentes médicos matriculados no período de
2020 a 2022, no Programa de Residência Médica do Hospital das Clínicas da
Universidade Federal de Goiás, independentemente da especialidade.
Resultados: Dos 180 questionários (ANEXO A) entregues para médicos
residentes matriculados no período de 2020 a 2022, no Programa de
Residência Médica do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás,
111 retornaram com respostas a todas as questões. Os questionários foram
respondidos entre os dias 15 de dezembro de 2022 e 6 de janeiro de 2023.
Conclusão: concluiu-se que o Hospital das Clínicas da UFG possui uma boa
adesão ao Protocolo Spikes e que talvez fosse relevante padronizar a
comunicação de más notícias.

Palavras-chave: Medicina. Protocolo Spikes. Comunicação de más notícias.


Residência médica.
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 5

2 OBJETIVOS 9

3 METODOLOGIA 10

4 ANÁLISE ESTATÍSTICA 11

5 RESULTADOS 12

6 DISCUSSÃO 22

7 CONCLUSÃO 25

REFERÊNCIAS 26

ANEXO A – INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS 29

ANEXO B - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO 35


5

1 INTRODUÇÃO

A comunicação é um dos mais importantes diferenciais que caracterizam


a espécie humana em relação às outras. Em áreas de estudos da linguagem,
como a linguística e a sociolinguística, por exemplo, o diálogo é colocado no
centro da vida humana, como produto histórico, cultural e social, lugar
privilegiado de interações humanas e constituição dos sujeitos (BAKHTIN,
2016). Para Scorsolini-Comin (2014), o diálogo não envolve apenas o emissor
e o receptor da mensagem, envolve também recepção ativa do discurso de
outros, que é uma característica fundamental para a construção do diálogo em
movimento, que pressupõe interações entre os sujeitos. Na ideia de diálogo em
movimento está a recepção ativa do diálogo e nessa recepção ativa o ouvinte
não recebe somente a mensagem, mas também o outro.
Como não poderia ser diferente, o diálogo entre médico e paciente é
primordial para a relação entre eles e para o sucesso do processo de
tratamento, pois é através dessa interação que o paciente percebe e recebe o
médico e o que ele representa, suas intenções, ações e perspectivas. A
qualidade dessa relação depende em grande parte do diálogo e não somente
dos conhecimentos específicos da sua ciência. É por meio da linguagem e do
diálogo que o médico poderá, ou não, ter acesso ao paciente, à sua
colaboração, à sua receptividade e confiança.
Quando o paciente demonstra confiança no que o médico está lhe
dizendo, os benefícios vão desde a satisfação na relação médico-paciente até
a adesão ao tratamento previsto. Desse modo, a comunicação de más notícias
não é diferente e se torna um grande desafio para os profissionais médicos,
seja qual for a especialidade. É um momento ímpar desse processo da relação
médico-paciente (CRUZ; RIERA, 2016; SETUBAl et al, 2018; ISQUIERDO,
2021).
Em meados da década de 90, Buckman definia a má notícia como “toda
a informação que envolva uma mudança drástica e negativa na vida da pessoa
e na perspectiva do futuro”. A falta de habilidade de comunicação de más
notícias pode provocar reações nos indivíduos, de tal modo que podem deixar
estigma em quem as recebe (FONTES et al, 2017). As habilidades médicas de
comunicação e diálogo devem permitir desencadear boas relações
6

interpessoais, que se somam à qualidade do seu trabalho e estão presentes


nas atividades diárias desse profissional, como na entrevista, no exame físico,
na prestação da assistência e consequentemente na comunicação de más
notícias. Na sociedade acadêmica internacional, a comunicação é reconhecida
como condição essencial entre profissionais de saúde, pacientes e seus
familiares para a qualidade dos cuidados em saúde (SEIFART et al, 2014;
DIAS; PIO, 2019; ROCHA et al., 2019; PEREIRA et al, 2019; QUINT et al,
2021).
No Brasil, há duas décadas foi proposto o ensino das habilidades de
comunicação aos médicos, de acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais
do Curso de Graduação em Medicina (DCNGM). Em 2014, essas diretrizes
foram revisadas, redefinidas e recomendadas, de modo que o médico priorize a
relação horizontal e compartilhada, desenvolvendo e utilizando suas
habilidades de comunicação verbal e não verbal (ROCHA et al, 2019). Os
profissionais médicos podem aprender ou melhorar a comunicação de más
notícias por meio de treinamentos específicos em habilidades de comunicação
durante a graduação, e inclusive no período da residência médica.
A Resolução nº 569/2017, aprovada pelo Conselho Nacional de Saúde,
estabelece as diretrizes para os cursos de graduação em saúde. Nessas
diretrizes são ressaltadas as competências essenciais para a formação
profissional, com destaque para a qualidade da comunicação e das relações
interpessoais em saúde (ROCHA et al, 2019). No código de ética médica
consta que os médicos precisam dizer a verdade aos pacientes sobre seu
diagnóstico, prognóstico, riscos do tratamento e objetivos do tratamento, exceto
a informação que pode causar algum dano ao paciente, e mesmo assim deverá
ser comunicada ao seu acompanhante ou representante. Cabendo ao médico o
dever de dar más notícias ao paciente e família (SILVERIA, 2017; VOGEL et al,
2019).
Um dos grandes exemplos disso foi a situação diante das demandas
emergentes da pandemia de Covid-19. A comunicação e o manejo das
emoções, dos sentimentos e atitudes foram desafios encontrados na relação
médico-paciente. Constatou-se que a comunicação de más notícias não se
limita à técnica, mas envolve atitudes que precisam ser abordadas com
7

metodologias diversas, assim como requerem a implementação de políticas de


educação na área médica (BAYARD et al, 2021; RIBEIRO et al, 2021).
O surgimento de instrumentos que auxiliam profissionais na
comunicação de más notícias reforça a necessidade de preparo para essa
responsabilidade. A literatura descreve vários protocolos e ferramentas que
favorecem a transmissão adequada de más notícias. Uma das ferramentas
criada para orientar profissionais quanto às más notícias é o Protocolo SPIKES,
amplamente usado pelo Instituto Nacional de Câncer do Brasil (INCA) e
atualmente adaptado para crianças e adolescentes, como utilizado e aplicado
mundialmente (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010; AFONSO e MITRE, 2013;
NAVAS et al, 2020).
O protocolo SPIKES se tornou uma das ferramentas mais didáticas para
as circunstâncias de comunicar más notícias, além de oferecer um conjunto de
estratégias para lidar com essas situações da forma adequada. O protocolo
SPIKES foi criado a partir do protocolo de Baile et al. (2000), constituído por
seis etapas para transmitir más notícias aos pacientes com câncer, elaborado
por médicos norte-americanos. Essas etapas correspondem a um mnemônico
com a função de possibilitar o domínio da ferramenta e mais segurança ao
médico. Possui quatro objetivos principais: levantar informações dos pacientes,
transmitir informações médicas, disponibilizar suporte aos pacientes e
incentivar sua colaboração no desenvolvimento de uma estratégia terapêutica
para o futuro, independente do processo da doença, inclusive na fase paliativa
(CRUZ e RIERA, 2016; BAYARD et al, 2021; RIBEIRO et al, 2021).
As 6 etapas são citadas por diversos autores, entre eles, o Ministério da
Saúde em parceria com o INCA e a Sociedade Beneficente Israelita Brasileira
Albert Einstein (2010); Lino et al (2011); Cruz e Riera (2016); Flores-Funes et al
(2020); Navas et al (2020), todos descrevem cada um dos passos, sintetizados
como:
O primeiro passo “S” (setting), ou configuração, refere-se à preparação
do ambiente adequado para a entrevista, que seja um local onde as notícias
devem ser privadas, reservadas e acolhedoras. Este é o momento certo para
construir uma boa relação médico-paciente e consultar sobre informações
conhecidas do paciente). A entrevista poderá ser elaborada mentalmente para
iniciar a comunicação.
8

O segundo passo, “P” (perception), percepção, é a oportunidade de


observar o que o paciente sabe sobre a circunstância da doença. São
necessárias perguntas abertas e prévias para avaliar as informações que ele
possui até o momento, seu nível de compreensão e suas expectativas.
O terceiro passo, “I” (invitation), convite, é o momento de analisar o
quanto o paciente quer saber, dizer quais informações deseja receber e como
deseja recebê-las. O momento estratégico para perguntar ao paciente sobre o
que, quando e como prefere saber a respeito de tais informações.
O quarto passo “K” (knowledge), conhecimento, é o momento de
transmitir as informações, importante usar na comunicação palavras simples e
adequadas ao vocabulário do paciente. Usar frases curtas e perguntar, com
certa frequência, como o paciente está e o que está entendendo, sem termos
técnicos para transmitir a informação. Sugere-se que o assunto seja
apresentado com algumas frases que induzam que más notícias serão
transmitidas.
O quinto passo “E” (emotion), emoções, é o momento fundamental de
expressar empatia, identificar as emoções dos pacientes e dar apoio. Essa
etapa requer do médico domínio e compreensão de suas habilidades afetivas.
O comportamento e as atitudes do paciente, geralmente, pode se manifestar
com choro, silêncio, indiferença, negação, provavelmente, seja uma das etapas
que mais exige do médico. O paciente necessitará de um tempo para assimilar
o que lhe foi comunicado e o médico precisará desse tempo para acalmá-lo
naquele momento, e depois prosseguir com a abordagem.
O sexto passo “S” (summarize), estratégia e resumo, é a oportunidade
de recomendar qual o tratamento e o prognóstico, e sintetizar as informações
repassadas ao paciente. Apresentar um plano de intervenção, minimizar a
incerteza do que irá acontecer a partir daquele momento. Com essas atitudes
haverá possibilidade de o paciente apresentar baixo nível de ansiedade, ao
demonstrar suas expectativas em relação a doença e de ser acolhido pelo
profissional médico.
A literatura sobre ensino e aplicação do Protocolo SPIKES evidencia que
não são muitas as pesquisas para sustentar as diretrizes para comunicar más
notícias, apesar da importância da questão (SEIFART, C. et al, 2014). Foi feito
estudo de intervenção controlado e aleatorizado em um hospital de Campinas,
9

com 61 residentes de Ginecologia/obstetrícia e pediatria, no qual foi realizado


uma simulação de comunicação de más notícias à uma atriz (paciente). Em
seguida foi feito um feedback e treinamento com protocolo SPIKES com nova
simulação após, evidenciando que o treinamento SPIKES não teve impacto na
atuação dos residentes, de acordo com a avaliação da atriz. No entanto, os
residentes consideraram as simulações com feedback úteis (SETUBAL, M.S.V.
et al, 2018). Apesar dessa conclusão, são necessários mais estudos sobre o
tema para avaliar a eficácia do protocolo SPIKES, uma vez que a formação de
profissionais de saúde para a aquisição dessa habilidade é deficitária
(SILVERIA et al, 2017).
Por isso o presente estudo realizado no âmbito da residência médica
teve como objetivo geral avaliar o conhecimento do protocolo SPIKES na
comunicação de más notícias pelos residentes de um hospital universitário. Foi
levado em conta o perfil sociodemográfico dos residentes médicos, descrito o
conhecimento desses residentes sobre a comunicação de más notícias no uso
do Protocolo SPIKES e foi investigada a sua aplicação.

2 OBJETIVOS

Objetivo Primário
Avaliar o conhecimento do protocolo SPIKES na comunicação de más
notícias pelos residentes de um hospital universitário.
Objetivos Específicos
Analisar o perfil sociodemográfico dos residentes médicos de um
hospital universitário;
Descrever o conhecimento dos residentes médicos na comunicação de
más notícias no uso do Protocolo SPIKES;
Investigar a aplicabilidade do Protocolo SPIKES pelos residentes
médicos.
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3 METODOLOGIA

Tratou-se de uma pesquisa de caráter quantitativo, transversal e


exploratório, que foi realizada no Hospital das Clínicas da Universidade Federal
de Goiás, em Goiânia, Goiás, Brasil. Fizeram parte da população pesquisada
residentes médicos matriculados no período de 2020 a 2022, no Programa de
Residência Médica do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás,
independentemente da especialidade.
O instrumento de coleta de dados (Anexo A) foi elaborado pela
pesquisadora e foi aplicado após aprovação da Gerência de Ética em Pesquisa
do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás. Tratou-se de um
questionário composto por duas partes, a primeira abordou informações
sociodemográficas e a segunda as questões relacionadas ao conhecimento e
aplicabilidade do Protocolo SPIKES na instituição onde desenvolvem a
residência médica.
A primeira parte do questionário contém 10 questões objetivas e
fechadas, que incluem: sexo; faixa etária; estado civil; número de filhos; região
onde nasceu; reside com alguém; área de especialidade; ano de início e
término no programa de residência médica; região de procedência e se a bolsa
que recebe como médico-residente mantém seus gastos financeiros.
Já a segunda parte do questionário possui 11 questões objetivas e
fechadas, que abordam a comunicação de más notícias e o protocolo SPIKES.
As questões estão relacionadas ao conhecimento, facilidade, utilização,
dificuldade e manejo do protocolo Spikes. O questionário foi formatado na
plataforma Google, em forma de formulário e foi disponibilizado para os
participantes via e-mail.
O projeto de pesquisa foi submetido à avaliação da Gerência de Ética
em Pesquisa do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás e foi
aprovado (Carta - SEI nº 108/2022/SGPITS/GEP/HC-UFG-EBSERH). Os
participantes foram então informados e convidados a participarem da pesquisa
e aqueles que aceitaram assinaram o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (Anexo C), em duas vias. Assinado o termo, a pesquisadora enviou
o questionário por e-mail para cada participante e, após respondidas as
questões, a pesquisadora recebeu o formulário com as respostas das questões
11

por mensagem automática pela plataforma Google. Em um terceiro momento,


os questionários foram analisados um a um pela pesquisadora, de forma
objetiva, realizando um levantamento do resultado de cada questão. A análise
pautou-se no objetivo da pesquisa, procurando determinar um perfil da atitude
dos médicos residentes frente ao protocolo Spikes e as características desse
perfil.
Dos 180 questionários (ANEXO A) entregues para médicos residentes
matriculados no período de 2020 a 2022, no Programa de Residência Médica
do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás, 111 retornaram
com respostas a todas as questões. Esse foi o retorno e o material que se teve
para analisar.
`Para efeito de análise, neste estudo as especialidades foram separadas
em 3 grupos: (1) clínicas, sendo clínica médica, especialidades com
pré-requisito em clínica médica e especialidades de acesso direto que passam
pela clínica no primeiro ano da residência (dermatologia, neurologia e
infectologia); (2) cirúrgicas, sendo cirurgia geral, área cirúrgica básica,
especialidades cirúrgicas com pré-requisito em cirurgia geral/área cirúrgica
básica e neurocirurgia; e (3) outras, sendo anestesiologia, patologia e
radiologia e diagnóstico por imagem.

4 ANÁLISE ESTATÍSTICA

A caracterização do perfil sociodemográfico e abordagem na


comunicação de más notícias e conhecimento sobre o protocolo Spikes foi
realizada por meio de frequência absoluta e frequência relativa. A comparação
do conhecimento sobre o protocolo Spikes com o perfil dos residentes foi
realizada por meio do teste do Qui-quadrado de Pearson. Nas situações em
que foram verificadas diferenças significativas em contingências superiores a
2x2 foi realizada a análise dos resíduos padronizados “Post hoc” a fim de se
identificar em qual célula da contingência houve diferença significativa
conforme sugerido por MacDonald; Gardner, (2000). Os dados foram
analisados com o auxílio do Statistical Package for Social Science, (IBM
Corporation, Armonk, USA) versão 26,0. O nível de significância adotado foi de
5% (p < 0,05).
12

5 RESULTADOS

O resultado da primeira parte do questionário mostrou que a maioria dos


médicos entrevistados (65) é do sexo feminino, 58,6%; 65,8% pertencem à
faixa etária entre 26 e 30 anos e 78 deles são solteiros, 70,3%. Quanto ao
número de filhos, 105 entrevistados, 94,6%, não têm filhos e, quanto à
procedência, 86,5% vêm da região Centro Oeste. Oitenta e sete entrevistados,
78,4%, declararam que trabalham para se sustentar, visto que a bolsa não é
suficiente para mantê-los e 29,7% residem com os pais.
Sobre o período da residência médica em que estão, 50 entrevistados,
45%, estão na residência 1, primeiro ano (R1); 41,4% em R2; 11,7% em R3 e
1,8% em R4. Com relação às especialidades, como são muitas e pulverizaram
o resultado, foram agrupadas em três categorias: especialidades cirúrgicas,
clínicas e outras. As especializações clínicas prevalecem, 62,2% dos
entrevistados; 29,7% fazem residência na área cirúrgica e 8,1% em outras
especialidades. A tabela 1, abaixo, mostra em detalhes os resultados dessa
primeira parte do questionário.
Tabela 1. Caracterização do perfil sociodemográfico dos residentes.

n %
Sexo
Feminino 65 58.6
Masculino 46 41.4
Faixa etária
20-25 anos 23 20.7
26-30 anos 73 65.8
31-40 anos 15 13.5
Estado civil
Casado/União estável 33 29.7
Solteiro (a) 78 70.3
Filhos
Não 105 94.6
Sim 6 5.4
Período da residência
R1 50 45.0
R2 46 41.4
R3 13 11.7
R4 2 1.8
Reside
Colegas/amigos 2 1.8
13

Companheiro (a) 29 26.1


Família 18 16.2
Pais 33 29.7
Sozinho 29 26.1
Região de procedência
Centro-Oeste 96 86.5
Nordeste 1 0.9
Norte 7 6.3
Sudeste 6 5.4
Sul 1 0.9
Bolsa como médico residente
Inteiramente 4 3.6
Precisa de ajuda da família 20 18.0
Trabalha para complementar 87 78.4
Especialidade
Cirúrgica 33 29.7
Clínicas 69 62.2
Outras 9 8.1
Férias últimos 30 dias
Não 89 80.2
Sim 22 19.8
n, frequência absoluta; %, frequência relativa
Fonte: elaborado pela autora

A segunda parte do questionário incide diretamente sobre o uso, o


conhecimento e a visão dos residentes sobre o protocolo Spikes, com mostra a
tabela 2. A maioria dos entrevistados afirmou que tem conhecimento do
protocolo Spikes, 78,4%, 84,8% já o utilizaram, 71,7% seguem utilizando, 50%
às vezes e mais da metade não sentem dificuldade em comunicar más
notícias, 51,4%. No entanto é considerável o percentual daqueles que
afirmaram sentir alguma dificuldade na comunicação de más notícias ao
paciente ou familiares, 45,9%. O conhecimento do protocolo Spikes veio da
faculdade para 77,8% dos residentes, mas 10,8% disseram não conhecer o
protocolo.
Perception é o item considerado mais fácil do protocolo por 35.6% dos
entrevistados, seguido pelo Setting, que é o mais fácil para 31.0% dos
participantes. Knowledge foi considerado o item mais difícil, 35.6% das
respostas, seguido do Emotions, 23%. O protocolo Spikes foi considerado
muito bom por 53.8% dos entrevistados e bom por 40.9% deles. Foi
considerado eficaz para a comunicação de más notícias em 82.4% das
14

respostas e 73.0% relatam ter pouca dificuldade com o uso do protocolo na


rotina de trabalho.

Tabela 2. Caracterização da Abordagem na comunicação de más notícias


e conhecimento sobre o protocolo Spikes.

n %
Comunicação de más notícias
Nunca precisou dar más notícias 3 2.7
Não 57 51.4
Sim 51 45.9
Conhece o protocolo Spikes
Não 12 10.8
Ouviu falar 12 10.8
Sim 87 78.4
Onde aprendeu ou conheceu
Faculdade 77 77.8
Por interesse 4 4.0
Por necessidade 4 4.0
Residência 14 14.1
Já utilizou
Não 15 15.2
Sim 84 84.8
Atualmente você utiliza
Não 28 28.3
Sim 71 71.7
Frequência você utiliza
As vezes 44 50.0
Raramente 25 28.4
Sempre 19 21.6
Ítem mais fácil
Emotions 19 21.8
Invitation 4 4.6
Knowledge 2 2.3
Perception 31 35.6
Setting 27 31.0
Summarize 4 4.6
Ítem mais difícil
Emotions 20 23.0
Invitation 18 20.7
Knowledge 31 35.6
Perception 4 4.6
Setting 7 8.0
Summarize 7 8.0
Dificuldade na rotina de trabalho
15

Muita 23 25.8
Nenhuma 1 1.1
Pouca 65 73.0
O que você acha do protocolo Spikes
Bom 38 40.9
Mais ou menos 5 5.4
Muito bom 50 53.8
É eficaz para comunicação de más
notícias
Sim 75 82.4
Um pouco 16 17.6
n, frequência absoluta; %, frequência relativa

Fonte: elaborado pela autora

Outros resultados que a pesquisa proporcionou foram: a caracterização


do conhecimento dos residentes sobre o protocolo Spikes de acordo com o
sexo, sendo que mulheres mostraram ter mais facilidade com o passo
“Emotion” (28,6%) e homens com “setting” (44,7%), havendo significância
estatística (P<0,01) (tabela 3); a caracterização do conhecimento de acordo
com faixa etária evidenciou que os residentes entre 20-25 e 25-30
demonstraram mais conhecimento a respeito do protocolo (87% e 79,5%,
respectivamente), em relação aos residentes entre 31-40 anos (33,3%), com
significância estatística (p<0,02) (tabela 4); de acordo com o estado civil (tabela
5) e de acordo com a especialidade dos residentes, sendo que as houve
diferença estatística, com as residências clínicas sendo mais familiarizadas
com o protocolo (87%), utilização prévia (82,5%), utilização atual (82,5%) e
frequência do uso (27,9% sempre utilizam) (p<0,02, p<0,01, p<0,01 e p<0,03,
respectivamente). (tabela 6).

Tabela 3. Caracterização do conhecimento sobre o protocolo Spikes de


acordo com o sexo dos residentes.

Sexo p*
Feminino Masculino
Conhece o protocolo Spikes
Não 8 (12,3) 4 (8,7) 0,70
Ouviu falar 6 (9,2) 6 (13,0)
Sim 51 (78,5) 36 (78,3)
Onde aprendeu ou conheceu
16

Faculdade 42 (73,7) 35 (83,3) 0,06


Por interesse 2 (3,5) 2 (4,8)
Por necessidade 1 (1,8) 3 (7,1)
Residência 12 (21,1) 2 (4,8)
Já utilizou
Não 7 (12,3) 8 (19,0) 0,35
Sim 50 (87,7) 34 (81,0)
Atualmente você utiliza
Não 15 (26,3) 13 (31,0) 0,61
Sim 42 (73,7) 29 (69,0)
Frequência você utiliza
As vezes 26 (53,1) 18 (46,2) 0,36
Raramente 11 (22,4) 14 (35,9)
Sempre 12 (24,5) 7 (17,9)
Ítem mais fácil
Emotions 14 (28,6)‡ 5 (13,2) <0,0
Invitation 4 (8,2) 0 (0,0) 1
Knowledge 0 (0,0) 2 (5,3)
Perception 17 (34,7) 14 (36,8)
Setting 10 (20,4) 17 (44,7)‡
Summarize 4 (8,2) 0 (0,0)
Ítem mais difícil
Emotions 10 (20,4) 10 (26,3) 0,80
Invitation 11 (22,4) 7 (18,4)
Knowledge 18 (36,7) 13 (34,2)
Perception 2 (4,1) 2 (5,3)
Setting 3 (6,1) 4 (10,5)
Summarize 5 (10,2) 2 (5,3)
Dificuldade na rotina de trabalho
Muita 17 (34,0) 6 (15,4) 0,06
Nenhuma 1 (2,0) 0 (0,0)
Pouca 32 (64,0) 33 (84,6)
O que você acha do protocolo Spikes
Bom 19 (35,8) 19 (47,5) 0,31
Mais ou menos 2 (3,8) 3 (7,5)
Muito bom 32 (60,4) 18 (45,0)
É eficaz para comunicação de más
notícias
Sim 40 (78,4) 35 (87,5) 0,26
Um pouco 11 (21,6) 5 (12,5)
*Qui-quadrado; ‡Posthoc; n, frequência absoluta; %, frequência relativa

Fonte: elaborado pela autora

Tabela 4. Caracterização do conhecimento sobre o protocolo Spikes de


acordo com a faixa etária dos residentes.
17

Faixa etária p*
n (%) 20-25 26-30 31-40
anos anos anos
Conhece o protocolo Spikes
Não 2 (8,7) 5 (6,8) 5 (33,3)‡ 0,0
Ouviu falar 1 (4,3) 10 (13,7) 1 (6,7) 2
Sim 20 58 9 (60,0)
(87,0)‡ (79,5)‡
Onde aprendeu ou conheceu
Faculdade 19 (90,5) 51 (75,0) 7 (70,0) 0,3
Por interesse 1 (4,8) 3 (4,4) 0 (0,0) 8
Por necessidade 1 (4,8) 3 (4,4) 0 (0,0)
Residência 0 (0,0) 11 (16,2) 3 (30,0)
Já utilizou
Não 2 (9,5) 12 (17,6) 1 (10,0) 0,5
Sim 19 (90,5) 56 (82,4) 9 (90,0) 9
Atualmente você utiliza
Não 4 (19,0) 23 (33,8) 1 (10,0) 0,1
Sim 17 (81,0) 45 (66,2) 9 (90,0) 7
Frequência você utiliza
As vezes 8 (40,0) 30 (50,8) 6 (66,7) 0,3
Raramente 5 (25,0) 19 (32,2) 1 (11,1) 4
Sempre 7 (35,0) 10 (16,9) 2 (22,2)
Ítem mais fácil
Emotions 2 (10,5) 11 (18,6) 6 (66,7) 0,0
Invitation 1 (5,3) 2 (3,4) 1 (11,1) 6
Knowledge 1 (5,3) 1 (1,7) 0 (0,0)
Perception 7 (36,8) 23 (39,0) 1 (11,1)
Setting 8 (42,1) 18 (30,5) 1 (11,1)
Summarize 0 (0,0) 4 (6,8) 0 (0,0)
Ítem mais difícil
Emotions 7 (36,8) 13 (22,0) 0 (0,0) 0,0
Invitation 3 (15,8) 13 (22,0) 2 (22,2) 8
Knowledge 6 (31,6) 22 (37,3) 3 (33,3)
Perception 2 (10,5) 2 (3,4) 0 (0,0)
Setting 1 (5,3) 3 (5,1) 3 (33,3)
Summarize 0 (0,0) 6 (10,2) 1 (11,1)
Dificuldade na rotina de trabalho
Muita 8 (40,0) 14 (23,3) 1 (11,1) 0,4
Nenhuma 0 (0,0) 1 (1,7) 0 (0,0) 0
Pouca 12 (60,0) 45 (75,0) 8 (88,9)
O que você acha do protocolo
Spikes
Bom 7 (33,3) 29 (46,0) 2 (22,2) 0,4
Mais ou menos 1 (4,8) 4 (6,3) 0 (0,0) 4
Muito bom 13 (61,9) 30 (47,6) 7 (77,8)
18

É eficaz para comunicação de más


notícias
Sim 15 (75,0) 52 (83,9) 8 (88,9) 0,5
Um pouco 5 (25,0) 10 (16,1) 1 (11,1) 7
*Qui-quadrado; ‡Posthoc; n, frequência absoluta; %, frequência relativa

Fonte: elaborado pela autora

Tabela 5. Caracterização do conhecimento sobre o protocolo Spikes de


acordo com o estado civil dos residentes.

Estado civil p*
n (%) Casado/União Solteiro
estável (a)
Conhece o protocolo Spikes
Não 5 (15,2) 7 (9,0) 0,3
Ouviu falar 5 (15,2) 7 (9,0) 5
Sim 23 (69,7) 64 (82,1)
Onde aprendeu ou conheceu
Faculdade 18 (64,3) 59 (83,1) 0,0
Por interesse 1 (3,6) 3 (4,2) 8
Por necessidade 3 (10,7) 1 (1,4)
Residência 6 (21,4) 8 (11,3)
Já utilizou
Não 5 (17,9) 10 (14,1) 0,6
Sim 23 (82,1) 61 (85,9) 3
Atualmente você utiliza
Não 8 (28,6) 20 (28,2) 0,9
Sim 20 (71,4) 51 (71,8) 7
Frequência você utiliza
As vezes 14 (56,0) 30 (47,6) 0,7
Raramente 6 (24,0) 19 (30,2) 6
Sempre 5 (20,0) 14 (22,2)
Ítem mais fácil
Emotions 7 (26,9) 12 (19,7) 0,2
Invitation 1 (3,8) 3 (4,9) 2
Knowledge 2 (7,7) 0 (0,0)
Perception 7 (26,9) 24 (39,3)
Setting 7 (26,9) 20 (32,8)
Summarize 2 (7,7) 2 (3,3)
Ítem mais difícil
Emotions 5 (19,2) 15 (24,6) 0,0
Invitation 5 (19,2) 13 (21,3) 4
Knowledge 7 (26,9) 24 (39,3)
Perception 3 (11,5)‡ 1 (1,6)
19

Setting 1 (3,8) 6 (9,8)


Summarize 5 (19,2)‡ 2 (3,3)
Dificuldade na rotina de trabalho
Muita 4 (15,4) 19 (30,2) 0,1
Nenhuma 1 (3,8) 0 (0,0) 2
Pouca 21 (80,8) 44 (69,8)
O que você acha do protocolo
Spikes
Bom 16 (59,3) 22 (33,3) 0,0
Mais ou menos 1 (3,7) 4 (6,1) 7
Muito bom 10 (37,0) 40 (60,6)
É eficaz para comunicação de más
notícias
Sim 20 (74,1) 55 (85,9) 0,1
Um pouco 7 (25,9) 9 (14,1) 7
*Qui-quadrado; ‡Posthoc; n, frequência absoluta; %, frequência relativa

Fonte: elaborado pela autora

Tabela 6. Caracterização do conhecimento sobre o protocolo Spikes de


acordo com a especialidade dos residentes.

Especialidade p*
n (%) Cirúrgic Clínicas Outras
a
Conhece o protocolo Spikes
Não 5 (15,2) 6 (8,7) 1 (11,1) 0,02
Ouviu falar 8 1 (11,1)
(24,2)‡ 3 (4,3)
Sim 20 60 7
(60,6) (87,0)‡ (77,8)
Onde aprendeu ou conheceu
Faculdade 25 44 8 0,27
(89,3) (69,8) (100,0)
Por interesse 1 (3,6) 3 (4,8) 0 (0,0)
Por necessidade 1 (3,6) 3 (4,8) 0 (0,0)
Residência 1 (3,6) 13 0 (0,0)
(20,6)
Já utilizou
Não 8 (28,6) 4 (6,3) 3 <0,0
(37,5) 1
Sim 20 59 5
(71,4) (93,7)‡ (62,5)
Atualmente você utiliza
20

Não 11 (39,3) 11 (17,5) 6 <0,0


(75,0) 1
Sim 17 52 2
(60,7) (82,5)‡ (25,0)
Frequência você utiliza
As vezes 14 29 1 0,03
(63,6) (47,5) (20,0)
Raramente 6 (27,3) 15 4
(24,6) (80,0)‡
Sempre 2 (9,1) 17 0 (0,0)
(27,9)‡
Ítem mais fácil
Emotions 5 (22,7) 14 0 (0,0) 0,48
(23,0)
Invitation 1 (4,5) 3 (4,9) 0 (0,0)
Knowledge 2 (9,1) 0 (0,0) 0 (0,0)
Perception 5 (22,7) 24 2
(39,3) (50,0)
Setting 8 (36,4) 17 2
(27,9) (50,0)
Summarize 1 (4,5) 3 (4,9) 0 (0,0)
Ítem mais difícil
Emotions 5 (22,7) 13 2 0,14
(21,3) (50,0)
Invitation 1 (4,5) 15 2
(24,6) (50,0)
Knowledge 10 21 0 (0,0)
(45,5) (34,4)
Perception 3 (13,6) 1 (1,6) 0 (0,0)
Setting 2 (9,1) 5 (8,2) 0 (0,0)
Summarize 1 (4,5) 6 (9,8) 0 (0,0)
Dificuldade na rotina de trabalho
Muita 4 (17,4) 17 2 0,38
(27,9) (40,0)
Nenhuma 1 (4,3) 0 (0,0) 0 (0,0)
Pouca 18 44 3
(78,3) (72,1) (60,0)
O que você acha do protocolo
Spikes
Bom 16 20 2 0,04
(64,0)‡ (32,8) (28,6)
Mais ou menos 2 (8,0) 3 (4,9) 0 (0,0)
Muito bom 38 5
7 (28,0) (62,3)‡ (71,4)‡
É eficaz para comunicação de más
notícias
Sim 20 51 4 0,57
(83,3) (83,6) (66,7)
21

Um pouco 10 2
4 (16,7) (16,4) (33,3)
*Qui-quadrado; ‡Posthoc; n, frequência absoluta; %, frequência
relativa

Fonte: elaborado pela autora


22

6 DISCUSSÃO
A pesquisa evidenciou que o perfil sociodemográfico dos residentes,
considerando a prevalência das repostas, caracteriza-se por profissionais
solteiros, sem filhos, procedentes da região Centro Oeste, na faixa etária entre
26 e 30 anos, que, além da bolsa, precisam trabalhar para se sustentarem e
moram com os pais, sozinhos ou com companheiro(a).
Sobre o período da residência médica em que estão, 50 entrevistados,
45%, estão na residência 1, primeiro ano (R1); 41,4% em R2; 11,7% em R3 e
1,8% em R4. Com relação às especialidades, como são muitas e pulverizaram
o resultado, foram agrupadas em três categorias: especialidades cirúrgicas,
clínicas e outras. As especializações clínicas prevalecem, com 62,2% dos
entrevistados; 29,7% fazem residência em cirurgias e 8,1% em outras
especialidades.
Quanto ao grau de conhecimento sobre o Protocolo SPIKES, mais
mulheres têm conhecimento do Protocolo (78,5%), a maioria dos residentes
conheceu o Protocolo na faculdade (73,7%), 87,7% já o utilizaram, 73,7% ainda
o utilizam. Os que responderam ter pouca dificuldade de usar o protocolo foram
64,0% e 60,4% o acham muito bom e eficaz (78,4%). Dos residentes que
acham o aspecto Perception mais fácil, as mulheres representam 34,7% do
total e elas representam 36,7% dos participantes que responderam que
Knowledge é mais difícil. Lembrando que as mulheres são 58.6% dos
residentes que responderam à pesquisa.
Considera-se relevante a análise mais apurada de dois dados
relacionados ao conhecimento dos residentes sobre o Protocolo SPIKES: o fato
de 10,8% dos residentes terem respondido que não conhecem o Protocolo
SPIKES e que 77.8% o terem conhecido na faculdade. Isso contrasta com os
dados de um estudo observacional com 121 médicos, entre residentes e staffs,
em um hospital de Belo Horizonte, no qual nenhum dos participantes tinha
conhecimento de algum instrumento ou protocolo que pudesse auxiliar no
enfrentamento das más notícias e sua transmissão aos pacientes. A maioria
aprendeu observando outros especialistas (42,15%) (SILVERIA et al, 2017).
Isso sugere que houve uma evolução no conhecimento sobre a comunicação
de más notícias desde o ano desse ou que há diferença nesse conhecimento
em diferentes regiões demográficas.
23

Carvalho (2021), ao tratar da comunicação de más notícias na formação


do médico, afirma que essa é uma das tarefas mais difíceis enfrentadas pelos
profissionais de saúde e por esse motivo é assunto indispensável na formação
do médico, tanto no que se refere às habilidades técnicas como às
competências humanas. Freiberger; Carvalho; Bonamigo (2019), em pesquisa
para verificar se estudantes de medicina haviam adquirido o conhecimento
sobre transmissão de más notícias na graduação, constataram que, daqueles
que não tiveram essa disciplina na graduação, somente 29,41% conheciam o
Protocolo SPIKES e dos estudantes que tiveram a disciplina na graduação,
100% tinham conhecimento do Protocolo SPIKES. O que demonstra a
importância da formação em transmissão de más notícias. No nosso Hospital, a
maioria dos residentes (73,7%) conheceu o protocolo Spikes na Faculdade e
mais de 71% dos residentes usam o protocolo, o que demonstra a importância
da formação acadêmica na prática clínica.
Infelizmente não foi incluída na pesquisa a pergunta sobre a instituição
de origem dos residentes, onde cursaram a graduação ou como lhes foi
ensinado o uso do Protocolo SPIKES ou a transmissão de más notícias, pois,
segundo Carvalho (2021), a técnica do psicodrama tem sido utilizada por
instituições de ensino com bons resultados no processo de capacitação dos
médicos para a transmissão de más notícias, com o uso do Protocolo SPIKES.
E alguns dados da pesquisa chamam a atenção sobre a experiência
dos residentes com o Protocolo. A grande maioria, mais de 80%, já precisou
dar más notícias, mas 15,2% nunca utilizou o protocolo e 28,3% não o utilizam
atualmente. A literatura carece sobre a adesão do Protocolo Spikes entre
residentes, no entanto evidencia que a maioria dos médicos utiliza sua
experiência clínica para transmitir más notícias (LINO, C. A. et al, 2011)
Parece haver aqui um percentual que deixou de usar o protocolo depois
de ter tido uma experiência com ele, ainda mais se consideramos que 50,0%
só usam às vezes e 28,4% usam raramente. No entanto, ainda sobre a
experiência, mesmo havendo indicação de que residentes que já usaram o
protocolo, deixaram de usar ou o usa às vezes ou raramente, 40,9% o
consideram bom, 53,8% o consideram muito bom e 82,4% o consideram eficaz
para a transmissão de más notícias. Aqui os dados demonstram que há espaço
para futuras pesquisas que analisem a qualidade da experiência com o
24

protocolo, pois 73,0% dos residentes responderam que sentem pouca


dificuldade em utilizar o protocolo Spikes na sua rotina de trabalho, e pouca
não é nenhuma. Além disso, 25,8% responderam que sentem muita dificuldade
e somente 1,1% dos entrevistados não sentem nenhuma dificuldade em usar o
Protocolo SPIKES.
Silveira; Botelho, Valadão (2017) afirmam que comunicar más notícias é
uma das atribuições dos médicos e exige que eles tenham algumas
habilidades, visto que esta situação é difícil e angustiante para os pacientes e
seus familiares e também é, ao menos, desconfortável para os médicos. Por
isso empreenderam pesquisa para avaliar a capacidade dos médicos de
comunicar más notícias, averiguar quais as especialidades são mais bem
preparadas para tal tarefa e avaliar a importância da inclusão desse tema nos
cursos de graduação. O resultado dessa pesquisa mostrou que a maioria dos
médicos não teve problemas em relação ao conceito de má notícia. No entanto,
suas habilidades divergiram dependendo da etapa do protocolo e de sua
especialidade e do tempo de formação e exercício da profissão. Geralmente,
médicos formados há mais de dez anos se mostraram mais confortáveis e
confiantes, transmitindo assim as más notícias de forma mais bem conduzida.
Portanto, até é compreensível que médicos residentes apresentem mais
dificuldades com a tarefa de comunicar más notícias, mas não
desconhecimento do Protocolo. E a experiência com essa tarefa ao longo dos
anos é um fator a se considerar na melhoria da técnica e capacidade de
comunicação. Sabe-se que o exercício aprimora a técnica em diversos setores
e atividades.
25

7 CONCLUSÃO
Essa pesquisa evidenciou que o perfil sociodemográfico dos residentes
caracteriza-se por profissionais solteiros, sem filhos, na faixa etária entre 26 e
30 anos. Isso aponta para maior prevalência, no serviço, de médicos mais
jovens, que estão começando a carreira e possuem formação recente. Assim
sendo, sistematizar condutas com protocolos, como o Spike por exemplo,
contribui para a rotina desses profissionais.
Além disso, os dados mostraram que a maioria dos residentes médicos
do Hospital das Clínicas da UFG conhece o protocolo Spikes (78,4%). 84,4% já
utilizaram e 71,7% o utilizam atualmente. A maioria considera o protocolo
“muito bom” (53,8%) e eficaz na comunicação de más notícias (82,4%). Esses
dados apontam para uma boa aplicabilidade do Protocolo Spikes no Hospital
das Clínicas, apesar de haver margem para incentivar o conhecimento dos
residentes a este respeito. Desse modo, talvez fosse relevante uma
padronização na comunicação de más notícias adaptando o protocolo a nossa
realidade, de modo a facilitar a relação médico-paciente e aumentar a
segurança dos residentes ao comunicarem assuntos dessa importância aos
doentes e seus familiares.
26

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nov. 2022.
29

ANEXO A – INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS

Instruções: você deverá assinalar uma resposta a cada pergunta de forma que
melhor lhe atenda ou apresente o seu interesse.

PARTE 1 - DADOS SOCIODEMOGRÁFICOS

1) SEXO

Masculino
Feminino
Outro
Prefiro não manifestar

2) FAIXA ETÁRIA

20 a 25 anos
26 a 30 anos
31 a 35 anos
36 a 40 anos
Acima de 40 anos

3) ESTADO CIVIL

Solteiro (a)
Casado (a) ou União estável
Divorciado (a)
Viúvo (a)

4) NÚMERO DE FILHOS

Nenhum
Um
Dois
Acima de dois filhos

5) REGIÃO ONDE NASCEU


30

Centro oeste
Nordeste
Norte
Sudeste
Sul
Outro país

6) RESIDE COM ALGUÉM

Não
Com colegas/amigos
Com os pais
Com a sua família (esposa, filhos, agregados)
Com companheiro (a)

7) ÁREA DE ESPECIALIDADE

Anestesiologia
Aparelho Digestivo
Cirurgia Geral
Cirurgia Vascular
Coloproctologia
Urologia
Oftalmologia
Otorrinolaringologia
Neurocirurgia
Cardiologia
Clínica Médica
Endocrinologia
Gastroenterologia
Gastroenterologia
Pediátrica
Medicina do Adolescente
Hematologia e Hemoterapia
Nefrologia
31

Neurologia
Reumatologia
Pneumologia
Medicina Intensiva
Mastologia
Reprodução Assistida
Obstetrícia e Ginecologia
Neonatologia
Pediatria
Pneumologia Pediátrica
Dermatologia
Infectologia
Cirurgia Plástica
Cirurgia da Mão
Ortopedia e Traumatologia
Patologia
Radiologia e Diagnóstico por Imagem
Psiquiatria
Nefrologia Pediátrica
Oncologia Clínica

8) ANO DE INÍCIO E TÉRMINO NO PROGRAMA DE RESIDÊNCIA MÉDICA

Início 2020 - Término 2022


Início 2021 - Termino 2022
Início 2022 - Término 2023
Início 2022 - Término 2024

9) REGIÃO DE PROCEDÊNCIA (SE VOCÊ VEIO DE OUTRO ESTADO PARA


FAZER A RESIDÊNCIA MÉDICA NO HC UFG)

Centro oeste
Nordeste
Norte
Sudeste
32

Sul
Outro país

10) A BOLSA QUE VOCÊ RECEBE COMO MÉDICO-RESIDENTE MANTÉM


SEUS GASTOS FINANCEIROS

Inteiramente.
Trabalho para completar o meu sustento.
Conto com a ajuda da minha família.
Outro auxílio.

PARTE 2 – COMUNICAÇÃO DE MÁS NOTÍCIAS E O PROTOCOLO SPIKES

1) Você tem facilidade de comunicar as más notícias aos seus pacientes e


familiares?

Sim
Não
Nunca precisei comunicar más notícias

2) Você conhece o protocolo Spikes?

Sim
Não
Ouvi falar

3) Onde aprendeu ou conheceu?

Por interesse
Procurei por necessidade
Na faculdade
Não tenho conhecimento do protocolo

4) Você já utilizou o protocolo Spikes?

Sim
Não
33

5) Atualmente você utiliza o protocolo Spikes?

Sim
Não

6) Com que frequência?

Raramente
Pouco
Muito
Não tenho conhecimento do protocolo

7) Se você o utiliza, qual o item que lhe parece mais fácil de conduzir?

S - Preparação do ambiente adequado para a entrevista.


P - Oportunidade de observar o que o paciente sabe sobre a circunstância da
doença.
I - Momento de analisar o quanto o paciente quer saber, dizer quais
informações deseja receber e como deseja recebê-las.
K - Momento em que tudo sobre o que será anunciado, importante usar na
comunicação palavras simples, não complexas, sem termos técnicos para
transmitir a informação.
E - O momento fundamental de expressar empatia, identificar as emoções dos
pacientes e dar apoio.
S - A oportunidade de recomendar qual o tratamento e o prognóstico, e
sintetizar as informações repassadas ao paciente
Não tenho conhecimento do protocolo.

8) E qual o mais difícil?

S - Preparação do ambiente adequado para a entrevista.


P - Oportunidade de observar o que o paciente sabe sobre a circunstância da
doença.
I - Momento de analisar o quanto o paciente quer saber, dizer quais
informações deseja receber e como deseja recebê-las.
34

K - Momento em que tudo sobre o que será anunciado, importante usar na


comunicação palavras simples, não complexas, sem termos técnicos para
transmitir a informação.
E - O momento fundamental de expressar empatia, identificar as emoções dos
pacientes e dar apoio.
S - A oportunidade de recomendar qual o tratamento e o prognóstico, e
sintetizar as informações repassadas ao paciente
Não tenho conhecimento do protocolo

9) Quando necessário, o quanto de dificuldade você tem de utilizar o protocolo


Spikes na sua rotina de trabalho?

Nenhuma
Pouca
Muita
Não tenho conhecimento do protocolo

10) O que você acha do protocolo Spikes?

Péssimo
Ruim
Mais ou menos
Bom
Muito bom
Não tenho conhecimento do protocolo

11) Na sua opinião, o Protocolo Spikes abrange e contempla as necessidades


em relação à comunicação de más notícias aos pacientes e ou familiares?

Sim
Não
Um pouco
Não tenho conhecimento do protocolo
35

ANEXO B - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Você está sendo convidado (a) para participar, como voluntário, na pesquisa
intitulada EXPERIÊNCIA DE RESIDENTES MÉDICOS DE UM HOSPITAL
UNIVERSITÁRIO EM RELAÇÃO AO PROTOCOLO SPIKES.

Meu nome é Allana Gilmara Pires Gomes, sou a pesquisadora responsável e


minha área de atuação é na Clínica Médica do Hospital das Clínicas da
Universidade Federal de Goiás, onde sou residente (R2) nessa especialidade.
Tenho como orientadora a Dra. Beatriz Lins Galvão de Lima. Após ler com
atenção este documento e ser esclarecido (a) em todas as suas dúvidas sobre
as informações a seguir, no caso de aceitar fazer parte do estudo, assine em
todas as páginas e ao final deste documento, que está em duas vias e também
será assinado por mim, pesquisadora, em todas as páginas, uma delas é sua e
a outra é da pesquisadora responsável. Como o TCLE será disponibilizado e
formatado na plataforma Google e todos os procedimentos serão realizados via
e-mail, você e a pesquisadora terão assinatura eletrônica.

Em caso de dúvida sobre a pesquisa, você poderá entrar em contato com a


pesquisadora responsável, inclusive por ligação a cobrar Allana Gilmara Pires
Gomes (pesquisadora responsável). Telefone (62)99833-2190 e e-mail
allanagilmara@gmail.com.

Em caso de dúvidas sobre os seus direitos como participante nesta pesquisa,


você poderá entrar em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital
das Clínicas da Universidade Federal de Goiás, nos telefones: 62 3644-8933
ou no endereço: 1ª Avenida S/Nº Setor Leste Universitário, Edifício de
Internação, 16º andar. Horário de atendimento: segunda a sexta feira das 7 às
16 horas.

INFORMAÇÕES IMPORTANTES QUE VOCÊ PRECISA SABER SOBRE A


PESQUISA:

Título: EXPERIÊNCIA DE RESIDENTES MÉDICOS DE UM


HOSPITAL UNIVERSITÁRIO EM RELAÇÃO AO PROTOCOLO SPIKES

Objetivo da pesquisa: Avaliar o conhecimento do protocolo SPIKES na


comunicação de más notícias pelos residentes de um hospital universitário.
36

Justificativa: O protocolo SPIKES se tornou uma das ferramentas mais


didáticas para a comunicação de más notícias, além de possibilitar somatórias
de estratégias para lidar nessas situações. Apesar de sua relevância, a
formação de profissionais de saúde para a aquisição dessa habilidade é
deficitária. Dessa forma, essa pesquisa proporcionará identificar aspectos
positivos e negativos de habilidades relevantes e implementar mudanças que
serão de grande valia para a instituição.

Participantes

Foram convidados os residentes médicos matriculados no período de 2020 a


2022, no Programa de Residência Médica do Hospital das Clínicas da
Universidade Federal de Goiás.

Critérios de Inclusão - serão convidados todos os residentes médicos


matriculados no Programa de Residência Médica do Hospital das Clínicas da
Universidade Federal de Goiás, independente da sua especialidade.

Critérios de Exclusão - serão excluídos os residentes médicos matriculados no


Programa de Residência Médica do Hospital das Clínicas da Universidade
Federal de Goiás, que estiveram de férias ou por qualquer motivo estão ou
estiverem de licença médica nos últimos 30 dias anteriores a coleta dos dados,
independente da sua especialidade.

Instrumento de coleta de dados

O instrumento foi elaborado pela pesquisadora e deverá ser aplicado aos


participantes. Trata-se de um questionário composto por duas partes. O tempo
estimado para responder o questionário serão de aproximadamente 15
minutos.

A primeira parte é questionário sociodemográfico, composto por 10 questões


objetivas e fechadas, que incluem: sexo, faixa etária, estado civil, número de
filhos, região onde nasceu, reside com alguém, área de especialidade, ano de
início e término no programa de residência médica, região de procedência
(você veio de outro estado para fazer a residência médica no HC-UFG) e bolsa
que você recebe como médico- residente, mantem seus gastos financeiros.
37

A segunda parte do questionário aborda a comunicação de más notícias e o


protocolo SPIKES, possui 11 questões objetivas e fechadas. As questões estão
relacionadas ao conhecimento, facilidade, utilização, dificuldade e manejo do
protocolo Spikes.

O questionário foi formatado na plataforma Google, em forma de formulário e


será disponibilizado para os participantes via e-mail e whatsapp pela
pesquisadora.

Procedimento

O projeto foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do


Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás. A pesquisadora se
compromete a estar à disposição de esclarecer qualquer dúvida dos
participantes, seja por meio de telefone pessoal ou por e-mail de contato.
Acordado em participar da pesquisa, o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido deverá ser assinado de forma eletrônica. A pesquisadora
disponibilizará por e-mail o questionário completo para o participante
preencher, após o término deverá reenviar para a pesquisadora via e-mail ou
WhatsApp.

A pesquisadora esclarece que não haverá nenhum tipo de pagamento ou


gratificação financeira pela participação. O participante tem a garantia da
manutenção do sigilo e da privacidade da pesquisa, bem como dos dados
coletados. O participante, a qualquer momento, poderá ter acesso aos
resultados da pesquisa, bem como terá a garantia de plena liberdade de decidir
sobre sua participação, podendo retirar seu consentimento, ou seja, sair da
pesquisa, em qualquer fase dessa, sem prejuízo algum. Todos os dados
coletados serão utilizados apenas para nesta pesquisa e não serão
armazenados para estudos futuros.

Riscos e Benefícios

A partir do pressuposto de que não existe pesquisa sem riscos, e apesar do


participante ser abordado no horário que melhor lhe convém, responder o
questionário no momento que estiver disponível, e as perguntas apresentadas
fazerem parte da sua rotina de trabalho, ele poderá se sentir cansado, frustrado
38

ou apresentar angústia e desconforto. Caso, haja algum dano decorrente do


procedimento da pesquisa, o participante será devidamente acolhido pela
pesquisadora, e com o apoio de uma profissional psicóloga realizarão uma
triagem para detectar a necessidade de encaminhamento desse participante
para atendimento psicológico. E caso, seja do interesse desse participante
poderá ser acompanhado pela psicóloga assistente sem ônus.

É possível que o participante se beneficie durante a pesquisa, tendo em vista


que a própria reflexão para responder o questionário pode levá-lo a repensar a
forma como tem comunicado as más notícias aos pacientes e familiares, e se
tem dificuldades poderá obter ajuda de profissional que possui mais habilidade
nesse quesito, e ser esclarecido e encaminhado a procurar treinamentos.

A sua participação é muito importante, pois os resultados a serem


apresentados poderão nortear o Programa de Residência Médica do Hospital
das Clínicas da Universidade Federal de Goiás, ao apresentar o perfil dos
residentes médicos para possíveis mudanças no acolhimento desses alunos, e
consequentemente apontar a necessidade ou não de implementar treinamento
para a melhoria da comunicação de más notícias, visto que essa instituição
realiza atendimento, seja na prevenção, assistência, tratamento e nos cuidados
paliativos. E possui como missão a assistência, o ensino, a pesquisa e
extensão.

Participante
Declaro que concordo em participar da pesquisa intitulada Experiência de
Residentes Médicos de um Hospital Universitário em Relação ao Protocolo
Spikes.

Data: ........ de ....... de 2022.

Nome:......................................................................

.............................................................................
Assinatura do participante
39

Pesquisadora

Participei do processo de obtenção do termo de consentimento livre e


esclarecido.

ALLANA GILMARA PIRES GOMES

..........................................................................
Assinatura da pesquisadora

Testemunha (não ligada à equipe de pesquisadores):

Presenciei a solicitação de consentimento, esclarecimento sobre a pesquisa e


aceite em participar.

Nome:

...................................................................
Assinatura

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