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REDIMENSIONAMENTO DO

CONTRAPESO EM FUNÇÃO DO
DESGASTE DA CORREIA
TRANSPORTADORA
Artigo 10 – Publicado no LinkedIn em: 03/08/2019
Autor: Willian de Castro Toledo
Engenheiro Mecânico CREA: MG 158177D

Willian Castro

31 988206238

williancastro86@hotmail.com
SUMÁRIO

REDIMENSIONAMENTO DO CONTRAPESO EM FUNÇÃO DO


DESGASTE DA CORREIA TRANSPORTADORA ...................... I

INTRODUÇÃO ............................................................. 2

SISTEMA DE ESTICAMENTO .......................................... 2

ESTUDO DE CASO ....................................................... 6

METODOLOGIA DO ESTUDO ......................................... 7

RESUMO E RESULTADOS ........................................... 11

RECOMENDAÇÕES.................................................... 12

CONCLUSÃO ............................................................ 13

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INTRODUÇÃO

O objetivo deste artigo é demonstrar como redimensionar o


contrapeso em função do desgaste de uma correia transportadora
de longa distância. Sabe-se que a correia transportadora está
sujeita ao desgaste abrasivo, e no decorrer do tempo de operação
tem seu peso reduzido em função da perda de massa, porém o
peso do contrapeso permanece como recebido de projeto, sendo
que o sistema de esticamento é dimensionado considerando a
tensão efetiva e o peso inicial de uma correia nova.

A seguir é descrito um breve referencial teórico sobre o sistema de


esticamento e em seguida será demonstrado um estudo de caso
sobre o redimensionamento do contrapeso para uma correia
transportadora de longa distância que se encontra em operação por
mais de 05 anos.

SISTEMA DE ESTICAMENTO

O sistema de esticamento de uma correia transportadora é um


conjunto constituído de peças estruturais e mecânicas que tem
como principais objetivos:

• Garantir a quantidade adequada de tensão no lado frouxo


(T2) no tambor de acionamento para prevenir o deslizamento
da correia transportadora;
• Garantir uma tensão apropriada da correia no ponto de
carregamento e em outros pontos ao longo do transportador

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para prevenir flecha excessiva da correia entre os roletes,
evitando assim derramamento de material da correia
transportadora.
• Permitir reserva de correia de modo a possibilitar fazer novas
emendas para substituir as emendas desgastadas. Esta
função é importante, visto que sem tal reserva, pequenas
seções de nova correia teriam que ser adicionadas,
precisando de duas emendas para reparo de cada emenda
danificada, aumentando consideravelmente o tempo de
manutenção.
• Compensar as variações no comprimento da correia devido
ao esticamento e tensões atuantes durante a operação. É
possível esperar que qualquer transportador apresente
alongamento na correia transportadora, sendo que alguns
alongamentos são temporários (elástico) muitas vezes devido
as variações nas tensões da correia causadas pelas
condições de partida e frenagem, ou causadas pela variação
das condições térmicas. A correia transportadora também
pode apresentar alongamentos permanentes (estrutural /
plástico) causados pelo alongamento das fibras, lonas e dos
cabos de aço utilizados na construção de sua carcaça.

Existem dois tipos básicos de sistema de esticamento utilizados em


transportadores de correia: sistema de esticamento manual e
sistema de esticamento automático.

Sistema de esticamento manual ou fixo: São utilizados onde um


esticamento automático não é prático devido às limitações de
espaço, por considerações de custo ou em casos de

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transportadores relativamente curtos (até 30 metros) e serviços
leves, onde as considerações do esticamento não são críticas.
Estes sistemas funcionam pelo esticamento da correia em um
comprimento fixo e recebem este nome devido ser ajustado
manualmente geralmente por parafuso ou cilindro hidráulico. A
figura abaixo mostra um sistema de esticamento manual por
parafuso.

Sistema de esticamento automático: É o tipo mais recomendável


para uso em qualquer transportador de correia, especialmente
aqueles que possuem mais de 30 metros de comprimento. Eles
recebem este nome pois compensam automaticamente o
alongamento da correia sob condições de operação variadas.

O tipo mais comum é o esticamento por gravidade que utiliza um


contrapeso pendurado e fixado em um carro do tambor de
esticamento através de roldanas e cabo de aço, sendo que este
sistema pode ser do tipo vertical ou horizontal.

As figuras abaixo mostram estes dois tipos de sistema de


esticamento automático.
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A figura abaixo mostra o esquema de esticamento manual por
parafuso e automático por gravidade.

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ESTUDO DE CASO

O objetivo deste estudo é recalcular o peso necessário para o


contrapeso da correia transportadora de longa distância TC-XYZ
que está em operação por 5,5 anos.

Dados da correia transportadora:

O fator que motivou a realização deste estudo foram as frequentes


paradas por sobre velocidade no motor de acionamento e os
desalinhamentos da correia transportadora. Percebeu-se que a
correia transportadora estava perdendo a aderência e
consequentemente o atrito com os roletes conforme mostra a figura
abaixo.

A causa mais provável deste comportamento pode ser explicada


pela perda de massa da correia transportadora e com isto ficou
mais leve, sendo que a força de esticamento estava com o peso do
contrapeso de projeto com 27,5 toneladas. Com isto, iniciou-se o
estudo para readequar o contrapeso para a situação atual da
correia transportadora.

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METODOLOGIA DO ESTUDO

1. Medir por ultrassom o perfil de desgaste das coberturas


superior e inferior para estimar a perda de massa da correia
transportadora de longa distância - TCLD

Foram realizadas as medições de ultrassom nas coberturas


superior e inferior para saber o nível de desgaste da correia
transportadora. O resultado das medições de ultrassom pode ser
visto abaixo:

Perfil de desgaste da cobertura superior

Média de espessura da cobertura superior = 6,17 mm


Perda de espessura: 10 mm – 6,17 mm = 3,83 mm

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Perfil de desgaste da cobertura inferior

Média de espessura da cobertura inferior = 5,2 mm


Perda de espessura: 6 mm – 5,2 mm = 0,8 mm

2. Calcular o peso total da correia transportadora nova

O peso total de uma correia transportadora é calculado conforme a


fórmula:

Peso da correia transportadora = peso das coberturas (superior e


inferior) + peso da carcaça

Estas informações podem ser obtidas nos catálogos dos


fabricantes.

Abaixo pode ser visto o peso da carcaça e o peso das coberturas


da correia em estudo de acordo com o catálogo do fabricante.

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O peso total da correia transportadora nova calculado foi
de 178.595,6 Kg, ou 178,5 toneladas.

3. Calcular o peso da correia transportadora após o


desgaste de 5,5 anos de operação

Para efeito deste cálculo, foi considerado que a massa da carcaça


(cabos de aço e borracha de ligação) permaneceram constantes ao
longo do tempo, ou seja, não houve perda de peso. Para estimar o
peso das coberturas atuais foram utilizados os perfis de degaste
conforme apresentado no item 01.

O peso total da correia transportadora desgastada calculado foi


de 146.305,75 Kg, ou 146,3 toneladas.

Percebe-se que a correia perdeu 32,3 toneladas em função da


redução da espessura das coberturas superior e inferior ao longo
dos 5,5 anos de operação.

4. Calcular a tensão efetiva da correia transportadora

A principal variável para calcular o peso necessário do contrapeso


é a tensão efetiva da correia transportadora. Basicamente, a tensão
efetiva descreve a previsão da força necessária da correia
transportadora ao longo do trajeto de transporte do material para
vencer as forças de atrito a partir de vários pontos do transportador.
A tensão efetiva foi calculada utilizando o método CEMA conforme
abaixo:

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A tensão efetiva TE calculada para a correia transportadora TC-
XYZ foi de 27.254,63 Kgf.

5. Calcular o peso do contrapeso

O peso do contrapeso é calculado através da equação: P = 2 x K x


TE, onde K é o fator de acionamento e TE a tensão efetiva da
correia calculado no item 04.

O peso do contrapeso redimensionado para a atual condição da


correia transportadora foi de 23 toneladas.

RESUMO E RESULTADOS

A correia transportadora teve redução de 19% do seu peso após


5,5 anos de operação e a proposta de redução do peso do
contrapeso foi de 17% com a retirada de 4,5 toneladas, passando
de 27,5 toneladas para 23 toneladas. A readequação do contrapeso
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visa retornar à condição de aderência e atrito entre a correia
transportadora e os roletes de modo a solucionar os problemas de
paradas por sobre velocidade no motor de acionamento e
desalinhamentos.

RECOMENDAÇÕES

Para efetuar a redução do peso do contrapeso na prática são


necessários alguns cuidados:

• Conferir o peso do contrapeso atual, pois na manutenção é


comum a retirada e acréscimo de peso no contrapeso ou até
mesmo o material do contrapeso (se for concreto) pode
perder massa ao longo do tempo.
• Reduzir o peso do contrapeso gradativamente em até a
redução proposta (4,5 toneladas), desde que o contrapeso
atual esteja com o peso de projeto (27,5 toneladas) e respeite
o limite mínimo estabelecido (23 toneladas).
• Avaliar o comportamento da correia transportadora.

Atentar para as contingências durante o start-up da correia


transportadora:
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• Acompanhamento da equipe de manutenção principalmente
nos tambores de acionamento para verificar possíveis
deslizamentos entre tambor e correia, flecha excessiva e
desalinhamento da correia;
• Verificar se existem roldanas travadas do sistema de
esticamento;
• Deixar guindaste no local, caso seja necessário repor peso
em virtude dos problemas citados acima;

CONCLUSÃO

Foi demonstrado através dos cálculos apresentados nesse estudo


que a massa do contrapeso requerida para o funcionamento
dinâmico do transportador reduziu 17% em função dos 19% de
redução do peso total da correia transportadora, sendo que a
redução de peso da correia também reduz a tensão efetiva do
transportador.

Após a realização deste estudo e redução da massa do contrapeso


em campo, eliminou-se as ocorrências de sobre velocidade no
motor e reduziu a quantidade de desalinhamentos da TC-XYZ.

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