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CURSO DE ENGENHARIA DE PROCESSAMENTO MINERAL

TEMA: TRANSFERENCIA DE MASSA

TEXTO DE APOIO TRANSPORTADOR DE CORREIA

3º ANO

DISCIPLINA: SELECÇÃO DE MAQUINARIA

Msc. Carlitos Jaime

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1. TRANSPORTADOR DE CORREIA

Um transportador de correia consiste num dispositivo horizontal ou inclinado (ascendente ou


descendente), em curvas (côncavas ou convexas) ou não, ou uma combinação desses perfis,
destinado à movimentação de materiais. O transporte é feito por uma correia contínua com
movimento reversível ou não, que se desloca sobre tambores, roletes ou mesas de deslizamento.
O equipamento é empregado no manuseio de diversos tipos de materiais, podendo fazer parte de
um sistema complexo automatizado.

São equipamentos versáteis, de grande eficiência energética, considerados ambientalmente


dentro dos padrões, com o menor número de mão-de-obra, eliminando assim o risco de acidentes
de trabalho e de saúde, e com altos índices de produtividade, garantindo a redução dos custos
operacionais.

Os efeitos potenciais da instalação de transportadores por correias nas operações a céu aberto,
aliados a um bom planeamento de mina, podem ser significativos, com a utilização mais
eficiente de energia e custos operacionais mais baixos, os transportadores de correias oferecem
uma alternativa atraente.

1.1.Composição

Uma correia transportadora envolve uma série de elementos que devem ser bem analisados, pois
todos tem fundamental importância para o correcto funcionamento do equipamento. Os
principais componentes dela são:

 Correia;
 Tambores de: accionamento, desvio, retorno e esticamento;
 Roletes de: carga, descarga e impacto;
 Chute de alimentação e chute de descarga;
 Raspador;
 Redutor, acoplamento, mancal e motor;

Para alem dos elementos acima citados existem outros nas quais não se pode deixar de
mensionar: limpador, guias laterais, esticador de parafuso, moteredutor e freios.

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1.1.1. Conjunto de accionamento

Acoplado ao(s) tambor(es) motriz(es), tem a função de promover a movimentação do


transportador e o controle de sua velocidade de trabalho.

1.1.2. Dispositivos de segurança

 Freios;
 Contra-recuos.

1.1.3. Esticador de correia

Esticador de correia tem como principal função garantir a tensão conveniente para o
accionamento de correia, e, além disso, absorver as variações no comprimento de correia
causadas pelas mudanças de temperatura, oscilações de carga, tempo de trabalho, etc. As correias
podem ser esticadas por gravidade ou por parafuso como ilustra nas figuras abaixo:

Figura 1: Esticador por gravidade Figura 2: Esticador de parafuso

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1.1.4. Acessórios de limpeza

São considerados equipamentos indispensáveis ao funcionamento dos transportadores de correia,


principalmente nos que transportam materiais abrasivos ou pegajosos, aumentando a vida útil da
correia e dos tambores. São determinados pelos raspadores, limpadores simples, limpadores por
jato de água e viradores de correia.

As principais caracteristicas mecânicas que a correia transportadora deve possuir são:

a) Flexibilidade: deve-se adaptar a qualquer diâmetro de polia sem se tornar quebradiça, o que
pode reduzir a sua vida util;
b) Resistência a tensão: deve ser resistente a este esforço, visto que está sempre sujeita a este
tipo de deformação;
c) Resistência a corosão: o revestimento da correia deve ser resistente á corosão, pois, o produto
pode receber tratamentos químicos por meio de equipamentos instalados sobre a correia para
o controle de insectos.

A figura abaixo ilustra detalhadamente o esquema da correia transportadora e sua respectiva


composição.

Chute de
descarga

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Roletes de carga
Raspado
r
Tambor de
accionamento
Chute de
alimentaçãoo
Tambor de desvio

Roletes de Tambor de esticamento


impacto
Tambor de retorno
Correia
Roletes de retorno

Tambor de encosto

Figura 3: Principais componentes da correia transportadora

1.2. Tipos de Correias

existem vários tipos de correias transportadoras, como as de aço, tecido, malhas e de boracha,
sendo estas últimas as mais utilizadas na maioria das industrias para transporte de produtos mais
pesados e em ambientes agressivos, por possuir caracteristicas de resistencia a abrasão e
exposição a factores ambientais (temperatura, umidade, água e ventos), alem de factores
agregados ao seu custo e manuntenção, relatam que há principalmente quatro tipos de correias
utilizadas no transporte para a mineração: Correias convencionais, Correias a cabo, correias em
tubo, correias de alta inclinação.

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Figura 4: Ilustração da correia convencional

Figura 5: Ilustração correia a cabo

Figura 6: Ilustração da correia em tubo

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Figura 7: Ilustração da correia inclinada

1.2.1 Classificação

As correias transportadoras constituem um meio de transporte de material usados tanto nas


actividades mineiras quanto em vários estágios de tratamento mineral, sendo assim, elas podem
ser classificadas de diversas Maneiras a saber:

Em função da sua geometria:

 Planas;
 Acaneladas.

Em função da sua posição de operação:

 Horizontal;
 Inclinada.

As correias podem ser classificadas ainda de acordo com a sua mobilidade:

 Correias Fixas;
 Correias Semi-móveis;
 Correias móveis.

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1.3. INDICADORES PARA O DIMENCIONAMENTO E PRODUÇÃO DA CORREIA

Segundo CALIJORNE (2012), para melhor dimensionamento da Correia transportadora, a


largura da correia é um factor de grande relevância, pois ela é que pode determinar a velocidade
que a correia ira tomar, bem como a granulometria que o material a ser transportado deve tomar.
Os gráficos abaixo ilustram os parâmetros da largura em função da velocidade e da
granulometria do material.

Figura 8: Velocidade do transportador em função da largura da correia e da granulometria do material

Figura 9: Largura da correia transportadora em função da granulometria do material

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Os indicadores para o dimensionamento e cálculo da produção são:

a) Vazão mássica
em t/h

Onde:

– Área teórica do fluxo de material quando se translada horizontalmente em

– Peso volumétrico do material

– Velocidade da correia em

– Coeficiente que toma em conta o ângulo beta , da inclinação da instalação

b) Peso unitário da Correia:

𝑞 𝛾𝑐 𝐵 𝑑 em /m

Onde:

Espessura da correia tomando em conta as capas em mm

Largura da correia em m

− Peso volumétrico da correiaem kg/dm3

c) Espessura da Correia
𝑑 𝑆 + 𝑆′ + 𝑆′′ em

Onde:

– Espessura de uma capa em mm

– Espessura de cobertura superior e inferior, respectivamente em mm.

d) Produtividade da Correia (Q)

𝑄 𝐹𝑡𝑚 𝐶 𝑣 𝛾
em ⁄

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Onde:

– Área teórica do fluxo de material quando se translada horizontalmente em

– Peso volumétrico do material em kg/m3

– Velocidade da correia em

– Coeficiente que toma em conta o ângulo beta , da inclinação da instalação

Tabela 1: Coeficientes C, que toma em conta o ângulo do material


Fonte: Notas de Selecção de maquinaria, 2015

Beta ( 0o -10o 12o 14o 16o 18o 20o 22o 24o

1.0 0.98 0.95 0.91 0.87 0.84 0.80 0.75

Figura10: Esquema de uma correia plana


Fonte: Notas de selecção de maquinaria, 2015

𝐵1 tan 𝜑
𝐹𝑡𝑚 𝐵1 .9 𝐵 . 𝑚

Onde:
é o talude natural do material que esta na correia em movimento

Assim sendo, a formula da produtividade sera:

𝑄 9 𝐵1 𝑡𝑎𝑛𝜑 𝐶 𝑣 𝛾

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Figura 11: Esquema de uma correia acanalada sobre três roletes

Se o ângulo dos roletes for de 45 o à 60o a correia não toca o rolo inferior, se senta com maior
dificuldade, e os bordos da correia desgastam-se.

Em comum se toma, e para valores de


. . . . obtém-se uma produtividade de:

𝑄 𝐵1 𝑡𝑎𝑛 𝜑 𝐶 𝑣 𝛾

Tabela 2: Valores de K em função do ângulo dos roletes (φ)

Parâmetros Plana Acanalada sobre três roletes

Ângulos de inclinação dos roletes 20 30 36


laterais

Ângulo de inclinação natural de 15 20 15 20 15 20 15 20


material sobre a correia

K 240 325 470 550 550 625 585 665

Segundo as Notas de Selecção de Maquinaria (2015), em função do factor numérico K, a


expressão geral do cálculo da produtividade de uma correia transportadora é:

𝑄 𝑘 𝐵1 𝐶 𝑣 𝛾

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e) Resistências ao movimento da correia e a potência dos motores

 Resistência do ramo carregado no transportador inclinado

𝑊𝑐 𝑞 + 𝑞𝑐 𝑐𝑜𝑠𝛽 + 𝑞‘𝑟 𝐿 𝑤 ± 𝑞 + 𝑞𝑐 𝐿 𝑠𝑖𝑛𝛽

 Resistência do ramo vazio no transportador inclinado:

𝑊𝑣 𝑞𝑐 𝑐𝑜𝑠𝛽 + 𝑞"𝑟 𝐿 𝑤 ± 𝑞𝑐 𝐿 𝑠𝑖𝑛𝛽

 Resistência do ramo carregado no transportador horizontal: o ângulo da inclinação da


instalação é nulo, .

𝑊𝑐 𝑞 + 𝑞𝑐 + 𝑞′𝑟 𝐿 𝑤

 Resistência do ramo vazio do transportador horizontal:

𝑊𝑣 𝑞𝑐 + 𝑞"𝑟 𝐿 𝑤

𝑔 𝑄 𝐺𝑟 𝑔 𝐺 𝑔
𝑞 𝑞𝑟 𝑞
𝑟
. 𝑣 𝑙 𝑟
𝑙

Onde:

– Resistência do ramo carregado e vazio respectivamente;

– Comprimento da transportadora ;

– Peso unitário da carga, ;

– Peso unitário da correia, ;

– Coeficiente de resistência ao movimento da correia sobre os roletes formados por resistência


a fricção;

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– Aceleração de gravidade;

– Peso unitário das partes giratórias dos roletes nos ramos carregado e vazio
respectivamente em N;

𝐺′ 𝐺′′ – peso das partes rotativas dos roletes nos ramos carregado e vazio respectivamente em
kg;

𝑙′ 𝑙′′ – São distâncias correspondentes entre os roletes nos ramos carregado e vazio
respectivamente, geralmente, 𝑙′ = (0.8 – 1.4) metro e 𝑙′′ = (2.0 – 3.5) metro.

f) Força de tracção

É soma das duas resistências, ou seja, força mínima necessária para vencer as resistências.

𝑊 𝐾 𝑊𝑐 + 𝑊𝑣

– coeficiente que toma em conta a resistência nesta estacão e toma em dependência o


comprimento .

g) Potência na árvore motora e potência do motor de transportador

𝑊 𝑣 𝑊 𝑣
𝑁 𝑁
𝜇𝑚

Onde: 𝜇 – é o rendimento do mecanismo do equipamento (0.03)

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