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CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA “PAULA SOUZA”

FACULDADE DE TECNOLOGIA DE BEBEDOURO

TECNOLOGIA EM LOGÍSTICA

LOGÍSTICA REVERSA DO GALÃO DE VINTE LITROS DE

ÁGUA RETORNÁVEL

AUTOR:

MARCIO ALVES DE LIMA BARBEIRO

ORIENTADOR:

PROFª MS. ARIELA POLIDO

BEBEDOURO

2017
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MARCIO ALVES DE LIMA BARBEIRO

LOGÍSTICA REVERSA DO GALÃO DE VINTE

LITROS DE ÁGUA RETORNÁVEL

Trabalho apresentado como parte do requisito para


aprovação na disciplina de Projeto IV, do curso de
Logística da Faculdade de Tecnologia de Bebedouro.

Orientador: Profª. Ms. Ariela Polido

Bebedouro

2017
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1. INTRODUÇÃO

A forma de consumo de água nas regiões mais desenvolvidas, principalmente,


mudou muito nos últimos anos. Enquanto que antigamente a ingestão de água encanada,
advinda diretamente da torneira, era bastante comum, nos dias atuais isso não ocorre com
tanta frequência e a busca pela água mineral aumentou substancialmente. O maior motivador
dessa mudança de consumo está relacionado à questão higiênica e, consequentemente, de
saúde.
Essa transformação no consumo de água acarretou na necessidade de criação de
embalagens para transportar e comercializar o produto, gerando um descarte muito grande de
plástico no meio ambiente. Afim de reduzir impactos ambientais e custos, tem-se uma grande
utilização de galões retornáveis, mais comuns nos tamanhos de 10 e 20 litros.
E justamente os galões de 20 litros que são objeto deste estudo, no qual pretende-se
analisar todo o caminho percorrido por ele, desde a ida até o distribuidor, até a coleta para
higienização e reuso em uma empresa envasadora de água do interior do Estado de São Paulo.
Os galões devem seguir toda uma regulamentação tanto em sua fabricação, quanto no
seu manuseio. A ABNT firmou 4 normas técnicas referentes aos galões: ABNT NBR
14222:2005- Embalagem plástica para água mineral e de mesa- Garrafão retornável –
Requisitos e métodos de ensaio; ABNT NBR 14328:1999- Embalagem plástica para água
mineral e de mesa- Tampa para garrafão retornável- Requisitos e métodos de ensaio; ABNT
NBR 14637:2001- Embalagem plástica para água mineral e de

mesa- Garrafão retornável- Requisitos para lavagem, enchimento e fechamento; e ABNT


NBR 14638:2001- Embalagem plástica para água mineral e de mesa- Garrafão retornável-
Requisitos para distribuição. A primeira diz respeito à padronização de gargalo, altura,
volume e diâmetro do galão. A segunda normatiza a tampa de vedação. A terceira toca no
aspecto do empresário engarrafador e a fonte em si. Enquanto a quarto foca nas normas da
relação entre o consumidor e a fonte. E estes aspectos serão observado também no presente
trabalho.
Obstante a utilização dos galões retornáveis e dadas suas normas de utilização e
envase, tem-se a problemática de como será feito o recolhimento para limpeza, assepsia e
preparação para o reenvase, ou seja, o fluxo reverso do galão.
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Aí entramos na questão de logística reversa, que segundo LEITE (2003) o aumento


do interesse nesse ramo se deu pela crescente preocupação com o meio ambiente e acima
disso, com a preocupação de atender aos desejos dos clientes e reduzir custos . Ainda de
acordo com LEITE (2003) ela pode ser conceituada como:

A área da logística empresarial que planeja, opera e controla o fluxo e as


informações logísticas correspondentes, do retorno dos bens de pós-venda e de pós-
consumo ao ciclo de negócios ou ao ciclo produtivo, por meio dos canais de
distribuição reversos, agregando-lhes valor de diversas naturezas: econômico,
ecológico, legal, logístico, de imagem corporativa, entre outras.

Complementando a definição, Lacerda (2002 apud GARCIA, 2006, p.4) diz que:

Logística reversa pode ser entendida como um processo complementar à logística


tradicional, pois enquanto a última tem o papel de levar produtos de sua origem dos
fornecedores até os clientes intermediários ou finais, a logística reversa deve
completar o ciclo, trazendo de volta os produtos já utilizados dos diferentes pontos
de consumo a sua origem. No processo da logística reversa, os produtos passam por
uma etapa de reciclagem e voltam novamente à cadeia até ser finalmente descartado,
percorrendo o “ciclo de vida do produto”.

Com os conceitos definidos, percebe-se que a importância do processo de logística


reversa no caso dos galões retornáveis é muito grande, já que a quantidade de resíduo
despejada na natureza seria muito grande se não for feito corretamente. Além, é claro, do
processo de retornar os galões ainda utilizáveis para a fábrica, afim de deixá-los aptos para
reutilização, o que gera economia tanto para a empresa quanto para o consumidor final.
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2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 A Empresa

A empresa iniciou as operações oficialmente no ano de 2004, porém seu proprietário


já vinha planejando sua abertura desde o ano 2001, quando iniciou os estudos de viabilidade e
todos os requisitos necessários para sua abertura.
Observado, coletado e efetuado todos os trâmites legais (desde licenças ambientais e
sanitárias, passando por direito de lavra, legislação fiscal até escolha de layout e disposição de
equipamentos) deu-se o início da operação.
Ela está localizada no interior do estado de São Paulo, na mesorregião de São José do
Rio Preto, cuja população num raio de 200km gira em torno de 3 milhões de pessoas.
Conta com 21 colaboradores. Possui atualmente dois poços, cuja vazão somada
alcança 38 mil litros de água por hora. Trabalha com galões retornáveis de 10 e 20 litros e, em
menor escala, descartáveis de 10 litros. A produção média é de 2.500 galões por dia,
chegando a ter picos de 5.000 em épocas mais quentes, que apresentam um consumo maior.
Tudo isso numa jornada de 8 horas diárias em 5 dias por semana. O produto mais
comercializado é o retornável de 20 litros.

2.2 Os Galões

Produzidos com termoplástico, polímero artificial que é moldável quando sofre


aquecimento, do tipo PET Polietileno Tereftalato, PP Polipropileno ou o PC Policarbonato.
São usados estes materiais por terem capacidade de transportar grandes volumes e pesos de
água sem sofrerem distorções em sua forma. Outra característica importante deles é sua
transparência, que permite a entrada de luz e ajuda na conservação da água. A capacidade de
isolamento faz com que o plástico seja uma barreira de grande funcionalidade contra
contaminações, sejam elas externas do ar ou de outros corpos estranhos. Também influencia a
escolha destes produtos o fato de apresentarem baixo custo, evitarem ferrugens e possuírem
leveza (que facilita no manuseio e transporte) e poderem ser reciclados.
De acordo com a portaria 387/2008 os galões devem ter capacidade nominal de 10
ou 20 litros e é permitido o reenvase de vasilhames com essas duas capacidades nominais.
Ainda na mesma portaria temos um artigo que determina:
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“Art.5º. Além do estabelecido nas normas técnicas da ABNT citadas, os vasilhames retornáveis objeto
dos desta portaria devem trazer no fundo a data limite de 03 (três) anos de sua vida útil.”

Findada a vida útil, os galões deverão retornar para os fornecedores para que estes os
enviem para reciclagem, afim de reutilizar do material, diminuindo o impacto ambiental que o
descarte inapropriado.
Durante o ciclo de utilização do galão, para seu reuso é necessário ser feito um
minucioso processo de limpeza e higienização antes de enchê-lo novamente. Este processo é
constituído de pré-lavagem, lavagem, assepsia e desinfecção, que garantem com grande
probabilidade uma total limpeza do garrafão. A tabela a seguir apresenta características e
dimensões dos galões:

Capacidade do Galão 10 lts 20 lts


390g (+/- 825g (+/-
Peso
10)g 25)g
Peso da tampa 8.5g 8.5g (+/-25)g
Peso total (Galão 399g (+/- 833.5g (+/-
Vazio) 10)g 25)g
Altura s/tampa “A” 398mm 439mm
Altura c/tampa 351mm 459mm
Altura do gargalo “C” 22mm 23mm
Diâmetro”D” 234mm 276mm
Diâmetro int. bocal
40mm 40mm
“E”
Diâmetro ext. bocal
54mm 52mm
“F”
PET / PP / PET / PP /
Material do produto
PC PC
Material tampa PEBD PEBD

2.3 ESTUDANDO O CASO

A empresa conta atualmente com X distribuidores espalhados por N cidades na


região, situadas num raio de até 120 km. A comercialização com cada um desses
distribuidores é feita de forma individualizada e contempla aspectos tais como volume de
pedidos, tempo em que é abastecido e pode haver variáveis comerciais, tais como contratos
que façam uso da marca na fachada da rede distribuidora, que conferem descontos e
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vantagens adicionais para o distribuidor. Tais requisitos acarretam em alterações no preço de


venda dos galões para os clientes.
Estabelecida e firmada a negociação, é definido o número de galões que o cliente irá
adquirir para iniciar o fornecimento. Para fins de controle, é feito uma marca com caneta tipo
Pincel Atômico em cada galão e registrado na ficha de cliente o número de galões e data de
aquisição.
Quem fornece os galões para a Envasadora é uma fábrica localizada em uma cidade a
35 km, que tem grande capacidade de produção e já se tornou uma grande parceira de
negócio, que traz confiabilidade e segurança na hora de firmar novas parcerias e renovar os
galões dos atuais parceiros.
Para efetuar o fornecimento, a empresa dispõe de frota própria composta de ...
caminhões que têm capacidade de transportar .... galões. Fora a primeira entrega ou no caso
de renovação de galões, ao fazer a entrega do produto cheio, já é feita a coleta do galão vazio,
que é levado para a fábrica, onde receberá o tratamento para reutilização e ser enchido e
comercializado novamente.
Logo ao chegar na fábrica, os galões são enviados ao fontanário, que é um tanque
com torneiras que fazem a limpeza prévia dos garrafões, antes de entrarem no galpão. Assim
são verificados aspectos como cheiro e restos e retirados tampas e rótulos.
Na sequência, eles passam por uma higienizadora de alta pressão que irá remover
resíduos sólidos formados ou em formação que possam comprometer a qualidade da água,
utilizando água e ozônio, exatamente como indica a foto a seguir:
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Após higienizados, os garrafões passam por uma escovadeira automática, que faz
limpeza externa usando shampoo alimentício atóxico, água e ozônio. Eles são escovados com
detergente neutro, biodegradável em forma de gel siliconado. Temos a foto da escovadeira
abaixo:

Já escovados, os galões são levados a uma lavadora automática de 3 estágios para


limpeza total. Eles são submetidos a jatos de pressão de água e ozônio nos dois primeiros
estágios e no último com água mineral. Tudo sem uso de qualquer produto químico que possa
agredir ou deformar o garrafão, conferindo maior vida útil a eles e mantendo a qualidade da
água.
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Lavados, os galões passam pelo último estágio antes do envase, que é o túnel com
lâmpada germicida que irá esterilizar completamente, deixando-os prontos para o envase.

Agora que o galão passou por todo o processo de assepsia e higienização, ele está
pronto para ser reutilizado e é enviado para a cabine de envase, que é totalmente fechada e
com pressão positiva. Saindo da cabine, passam por inspeção e são lacrados e recebem o
rótulo da empresa, seguindo por meio de esteiras elétricas para área de embarque, onde serão
colocados nos caminhões para a distribuição e reinício do ciclo.
Todo o processo de higienização e limpeza dos galões é feito sob rigoroso controle
de qualidade, seguindo todas as normas e legislações existentes, de modo a se ter o menor
impacto ambiental possível. Não é utilizado produtos químicos com resíduos nocivos à saúde
humano, como cloro e soda, e o ozônio inserido no processo de lavagem e assepsia mantém
níveis estáveis e fixos adequados para o procedimento.
A totalidade da água residual de cada um dos estágios é canalizada em uma rede
hidráulica para ser tratada e reutilizada.
Quando o galão chega ao fim da sua vida útil ou sofre avaria e é inutilizado, a
empresa recolhe-os e encaminha para a própria fabricante fornecedora. Na parceria firmada,
ficou estabelecido que a própria fabricante seria responsável, mediante o pagamento de um
valor residual, por encaminhar os galões impróprio para uso para reciclagem.
E assim temos o fim do ciclo do galão.
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3. REFERÊNCIAS

AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Portaria Nº387, De 19 de


Setembro de 2008. Disponível em:
<http://portal.anvisa.gov.br/documents/33916/394219/PORTARIA%2B387-2008%2B
%2528agua%2529.pdf/bead3504-7b1c-4f27-856b-77ea2766eff8> acessado em 25/04/2018

ANDRADE, M.M de. Introdução à metodologia do trabalho científico: elaboração de


trabalhos de graduação. 10 Ed. São Paulo: Atlas, 2010.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DE ÁGUA MINERAL. O mercado de 7


bi de litros. Disponível em: <http://www.abinam.com.br>. Acesso em: 15/04/2018

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Normas para o garrafão de


água. Disponível em: <http://www.abnt.org.br>. Acesso em: 14/04/2018

MARCONI, M. A., LAKATOS, E. M. Técnicas de Pesquisa: planejamento e execução de


pesquisas, amostragens e técnicas de pesquisa e elaboração, análise e interpretação de
dados. 7 Ed. São Paulo: Atlas, 2015.

LACERDA, Leonardo. Logística reversa: uma visão sobre os conceitos básicos e as


praticas operacionais. Mai. 2009. Disponível em: < ttp://www.ecodesenvolvimento.org>.
Acesso em:17/04/2018

LEITE, P.R. Logistica reversa: meio ambiente e competividade. São Paulo: Prentice Hall,
2003.

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