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A ilha
Sob o domínio delas
Vermelha A ilha
Sob o domínio delas
®
Alessandro Almeida
E D I T O R A
IMPÉRIO CRISTÃO
Copyright © 2023 por Editora Império Cristão LTDA.
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do Livro ®
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International Standard Book Number E D I T O R A
IMPÉRIO CRISTÃO
Dedicatória
Este livro é dedicado, em reconhecimento e gratidão, a Deus e
a minha família.
Índice
INTRODUÇÃO ....................................................................................... 11
CAPÍTULO – I
FIM DA MISSÃO.................................................................................... 14
CAPÍTULO – II
A CARTA .............................................................................................. 24
CAPÍTULO – III
A FUGA ................................................................................................. 33
CAPÍTULO – IV
GARGANTA GELADA ......................................................................... 45
CAPÍTULO – V
A ILHA VERMELHA ............................................................................. 53
CAPÍTULO – VI
O CONTATO .........................................................................................63
CAPÍTULO – VII
QUEM SÃO ELAS? ................................................................................ 77
CAPÍTULO – VIII
O CULTO ............................................................................................... 87
CAPÍTULO – IX
A REUNIÃO ..........................................................................................101
CAPÍTULO – X
A SABOTAGEM .................................................................................... 111
CAPÍTULO – XI
PRISIONEIROS.....................................................................................119
CAPÍTULO – XII
O RITUAL ............................................................................................ 127
CAPÍTULO – XIII
O SACRIFÍCIO .................................................................................... 141
CAPÍTULO – XIV
O SEGREDO ........................................................................................ 152
CAPÍTULO – XV
A RIVAL ............................................................................................... 165
CAPÍTULO – XVI
A OFERENDA ...................................................................................... 172
CAPÍTULO – XVII
PLANO DE FUGA ................................................................................ 178
CAPÍTULO – XVIII
A CARAVELA ......................................................................................194
CAPÍTULO – XIX
O SEPULTAMENTO........................................................................... 200
CAPÍTULO – XX
A TRAIÇÃO ........................................................................................ 208
CAPÍTULO – XXI
O JULGAMENTO ............................................................................... 220
CAPÍTULO – XXII
A REVANCHE .................................................................................... 229
Introdução
I
maginem um lugar sob o domínio exclusivo de belas
mulheres. Essa história nos traz uma das perspectivas
possíveis para a reflexão do leitor, abordando temas
como empoderamento feminino, aborto, implicações
do fanatismo religioso e homossexualidade.
Essa história é contextualizada no século XVIII, época em
que as grandes nações europeias disputavam entre si, numa corrida
desenfreada pela descoberta das últimas ilhas remanescentes do
planeta.
Após ser expulso da esquadra de quinze navios do capitão in-
glês James Cook, o capitão Isaac Turner, o conhecido Lobo dos Ma-
res e seus homens, decidiram mudar a rota para viverem arredios
pelos mares vivendo de pirataria, após descobrirem que estavam
sentenciados à prisão perpétua.
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A Ilha Vermelha
Boa leitura!
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CAPÍTULO – I
Fim da missão
E
do Sul.
ra o ano de 1771. Naquele ano, o capitão inglês James Cook
reclamava o território australiano para a Coroa Britânica du-
rante as Grandes Navegações, batizando-o de Nova Gales
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CAPÍTULO - 1 |
Fim da Missão
era parte das pepitas que haviam sido extraídas das terras das Ín-
dias Orientais em uma expedição anterior à descoberta das terras
australianas.
Não por acaso, mas fruto do conchavo do auxiliar de cozinha
do capitão Isaac, que na verdade, era o olheiro do capitão Cook em
nossa embarcação, fato esse que só iríamos descobrir tempos mais
tarde.
O capitão Cook é um homem astuto e estrategista, daqueles
que desconfia até de sua própria sombra. Ele tinha espiões em cada
uma das quinze embarcações que fazem parte de sua esquadra ex-
pedicionária, dentre caravelas, naus e escunas, assim como em to-
dos os lugares que têm algum tipo de vínculo. Ele deixa ali um de
seus homens de confiança para atuarem como a extensão de seus
olhos e ouvidos.
Já havia se passado mais de dois anos em que estávamos nave-
gando junto à expedição. De mão das informações necessárias, o
capitão Cook dissimulou a realização de uma inspeção naval em
todas as embarcações de sua esquadra, foi quando seus homens
acharam as pepitas de ouro bruto no porão da nossa nau, escondi-
dos em sacos de carvão.
Estranhamente, os homens foram diretos nos sacos onde esta-
vam as pepitas, como quem já tinham alguma informação.
Com esse flagrante inusitado, o capitão Cook expulsou o capi-
tão Isaac de sua esquadra. O Lobo do Mar assumiu toda a respon-
sabilidade por seus homens, embora tendo ideia de quem teria feito
aquilo. O Lobo era homem de valor; um comandante justo, que dava
a vida por sua tripulação, e naquela ocasião, não quis entregar o
verdadeiro larápio sem primeiro saber as suas intenções.
O capitão Cook ainda determinou ao capitão Lobo que vol-
tasse imediatamente à Inglaterra com os homens que desejassem
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Meus pais haviam morrido cedo logo depois dos meus avós da
Holanda. O meu relacionamento com a Shofie, irmã mais nova do
Isaac, já havia acabado há algum tempo. Era um momento difícil da
minha vida. Estava largado pelas ruas de Londres, sem dinheiro e
sem perspectiva.
Enfim, não havendo mais nada que me segurasse na Inglaterra
ou me levasse à Holanda, engajei na tribulação do Leviatã, mas não
sem antes ponderar ao Lobo: — Meu caro amigo, eu não sei nada
de navegação! Em que eu poderia lhe ser útil nessa viagem?
— Você será o meu imediato. E quanto aos conhecimentos
náuticos, não se preocupe, você aprenderá antes que passem os en-
joos. — O Isaac me falou sorrindo e em tom de entusiasmo.
Era fevereiro de 1769. Aquele convite realmente mexeu com
as minhas fantasias mais abstratas, imaginando a infinidade de no-
vas experiências que eu poderia vivenciar, o que restou para mim
irrecusável.
Voltei, enfim, a ter um novo propósito na minha vida.
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CAPÍTULO – II
A Carta
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CAPÍTULO – III
A Fuga
A
s ilhas Kerguelas começavam a despontar no horizonte,
turvada pelo intenso nevoeiro do frio das geleiras glaciais
do grande continente gelado. Resolvemos não nos aproxi-
mar demais, somente o suficiente para confirmar a recente desco-
berta dos franceses.
Não queríamos que as fragatas francesas nos tivessem por es-
piões ou invasores. Naquela época a rivalidade entre a França e a
Inglaterra se expandia pelos quatro cantos da Terra.
Lobo —Timoneiro, vire 45 graus a bombordo! Essa é a época
em que as cachalotes vão para os mares gelados da Antártida. Pre-
cisamos de óleo para abastecer nossas lâmpadas, gordura para sa-
bão e carne para a cozinha.
Após todo o alarido, nos reunimos para o desjejum no salão
do refeitório onde tinha uma grande mesa com vinte e dois lugares,
regada de vinho, queijo e massas. Conversamos sobre como conse-
guiríamos nossas provisões de tudo o necessário. Todos tinham
ideias para sugerir, de tal modo que o capitão interviu acalmando
os ânimos e dizendo que seria necessário uma coisa de cada vez,
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A Ilha Vermelha
pois agora seria o momento de caçar uma baleia para nos suprir de
óleo e carne, depois pensaríamos nas outras demandas. Todos es-
tavam realmente empolgados com a ideia de viver nos mares, com
exceção do Pombo, é claro.
Na sua maioria, os homens do mar da Inglaterra daquela época
não gozavam de uma vida estável em terra. Eram irresponsáveis o
suficiente para deixarem as esposas com os filhos à própria sorte,
até o dia em que aportavam e passam mais tempo nos bordéis do
que com as famílias, indo para casa após gastarem o último centavo
com bebidas e prostitutas.
Original mente, a nau do Lobo era uma baleeira, com guincho
manual, espaço e todo o aparato necessário para manipular grandes
cetáceos. Dali em diante, o Lobo passou a reativar os equipamentos
necessários, tendo em vista que durante a expedição na esquadra
do capitão Cook, pouco se caçava, vez que estavam sempre fora das
rotas das baleias e nos abastecíamos com os víveres das colônias
inglesas.
Navegamos em mares calmos em direção ao Pólo Sul durante
todo aquele dia. Ao final da tarde, fui até a sacada do tijupá, onde o
capitão havia lido a carta pela manhã.
Observei a imensidão do mar e percebi que o clima estava es-
friando. Devemos estar nos aproximando da Antártida. Olhei para
a gaiola dos pombos e percebi que só haviam dois e não mais os três
que havia pela manhã na hora do discurso do capitão.
Após dois dias de navegação com o mar calmo e após contor-
narmos as ilhas Kerguelas em direção ao Sul, por volta das oito ho-
ras da manhã, Max, o Marujo, gritou do observatório do mastro
principal, que ficava a vinte metros de altura: —Baleia a estibordo!
Todos corremos para o convés e avistamos o que parecia uma
grande jubarte e um filhote que lhe acompanhava a cada emersão.
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CAPÍTULO - 4 |
A Fuga
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A Fuga
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A Fuga
—O que?
—Diga-me capitão, qual a história do Pombo? Como você o
conheceu?
O Lobo começou a relatar que antes que o capitão Cook lhe
apresentasse aquele irlandês rabugento, ele nunca o havia visto
mais feio sobre a face da terra. Que não entendeu a sua insistência
em voltar para a Inglaterra conosco no Leviatã, enquanto alguns
dos seus melhores homens, dentre os quais alguns que ele conside-
rava amigo do peito, havia lhe deixado para trás. —Eu nunca lhe
dei maior espaço de intimidade e nem lhe dirige palavras com um
sorriso no rosto, para que ele tivesse tanto apego por mim.
—Pois bem. —Prossegui. —Foi ele quem avisou a frota do ca-
pitão Cook sobre a nossa mudança de curso e, com certeza, relatou
cada palavra do seu discurso à tripulação sobre a carta-sentença do
capitão Cook. Decerto, essa caravela vem garantir a sua e a nossa
prisão e o traslado às terras do Rei.
—Por que você acha isso? —Perguntou o Lobo, confuso.
Passei a dizer ao capitão os detalhes que me fizeram chegar a
essa conclusão. É que sempre achei estranho o comportamento do
Pombo, pois não via em suas solicitudes para com o capitão algo
voluntário ou de coração, mas havia ali um interesse escuso que de-
morei a entender, até que, ligando os pontos da sua breve história
com o Leviatã, cheguei à conclusão que ele poderia ser um espião
do capitão Cook, assim como todos os mensageiros de pombos cor-
reios em cada nau e caravela. Eram braços do capitão Cook em cada
embarcação que fazia parte de sua esquadra e usavam os pombos
correios como meio de comunicação direta.
Ora, percebi que o capitão Lobo não tinha qualquer controle
sobre os pombos correios que chegavam e partiam sob a exclusiva
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A Ilha Vermelha
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CAPÍTULO - 4 |
A Fuga
estava claro aos nossos olhos, mas talvez a nossa boa-fé não permi-
tiu que eu enxergasse, mas não há dúvidas que isso faz todo o sen-
tido.
—Foi ele quem delatou o furto do ouro ao capitão Cook. Mas
vamos aguardar os acontecimentos. Só me faça mais um favor: Peça
ao Caranguejo para vir aqui. —Completou o capitão.
Desci e vi que o Timoneiro usava de toda a sua perícia para
desviar dos grandes pedaços de gelo enquanto o Marujo o guiava
pelas rotas mais seguras, com gritos constantes do observatório do
mastro, pois costeávamos perigosamente os paredões de gelo do
continente gelado, a fim de tentar despistar a caravela do capitão
Cook.
O Marujo alternava os seus olhares para a frente e para trás,
para ver a aproximação cada vez mais rápida da caravela. A cara-
vela era menor que a nossa nau e com uma maior quantidade de
velas, o que a tornava mais veloz.
—Deve ser a caravela do capitão Logan Wilson. —Disse o
Lobo da sacada do tijupá. —Ele é um dos comandantes mais peri-
tos do capitão Cook, e com certeza ele o confiaria a missão de nos
interceptar. —Prosseguiu.
De repente, o Marujo gritou para o Timoneiro, apontando para
uma grande fenda no paredão gelado. Olhei e vi como que uma gar-
ganta de um grande desfiladeiro que rachava a geleira de alto a
baixo, abrindo-lhe uma ferida exposta de rochas de gelo estriadas
em ambos os lados.
—Vire à bombordo costeando na margem esquerda do para-
dão, para não gerar arrasto na água e não denunciar a nossa rota e
assim que entrar na garganta, recolham as velas imediatamente! —
Bradou o capitão Lobo!
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A Fuga
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CAPÍTULO – IV
Garganta Gelada
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o Leo, o Copeiro. Quase todos aqui sabiam disso, mas eu nunca dei-
xei que ninguém os julgassem, pois a sua conduta em nada afetava
o seu bom trabalho na cozinha.
—E o Leu? —Perguntei.
—Ficou entre os covardes.
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CAPÍTULO – V
A Ilha Vermelha
N a manhã seguinte, na penúria daquele Sol fraco dos pólos,
sombreados pelo corredor daquela enorme garganta ge-
lada, mas o suficiente para ofuscar aquele clarão que vía-
mos à noite, o capitão mandou içar âncoras. Íamos naquele mo-
mento avançar a remadas para dentro da garganta, guardando a de-
vida cautela.
Confesso que a ideia de avançarmos corredor adentro me deu
um frio na barriga pelas surpresas que poderíamos encontrar.
Saí ao convés e rodeei por todo o peitoril, olhando para as
águas para ver se eu via o Pombo, mas o miserável havia desapare-
cido. Teria morrido afogado de exaustão e frio e puxado para as
profundezas.
Todo o cuidado era justificável pois, a simples queda de um
daqueles blocos de gelo sobre a nossa embarcação, a depender do
tamanho, poderia provocar um tsunami suficiente para nos engolir
para as profundezas, pois a estreiteza do caminho potencializaria
a pressão das águas e o tamanho das ondas.
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CAPÍTULO – VI
O Contato
Q
noite.
uando cheguei no convés, havia uma roda em volta do Pi-
rata e do Eunuco. Ambos relataram para o capitão e para
a tripulação o que tinham visto durante as suas vigílias da
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O Contato
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CAPÍTULO – VII
A
matriarca, com aspecto remansado, disse que estava na-
quele jardim há dezessete anos. Que chegaram lá após um
naufrágio quando a sua caravela norueguesa de expedição
universitária na Antártida foi atingida, na escuridão da noite, por
uma grande geleira à deriva e rompeu o casco.
Haviam setenta pessoas a bordo entre passageiros e tripulan-
tes, das quais, vinte e cinco eram mulheres contando com ela, a es-
posa do comandante da caravela, ambos eslovenos.
As outras eram esposas dos outros acadêmicos noruegueses
engajados na missão de exploração científica no Ártico, cujo líder
da expedição era o Professor Dr. Ruben Bakker, cientista natura-
lista, esposo da Erika, ambos holandeses. Nesse instante a Erika me
olhou como quem quisesse ver a minha reação diante da informa-
ção de que ela era casada.
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Quem São Elas?
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cabeceira, sendo auxiliada por um dos ruivos que lhe puxava a ca-
deira cordialmente. O outro ruivo puxou a cadeira da Erika. Eles
não nos olhavam nos olhos, sempre cabisbaixos. Estava claro que
eles viviam sob rigorosa hierarquia. Senti um frio na barriga, ima-
ginando-me na posição deles.
O capitão puxou o relógio de bolso. —Mas agora são apenas
nove horas da manhã! Vocês fazem a refeição do dia cedo aqui? —
Perguntou o capitão admirado.
—Não usamos relógios aqui. Eles não funcionam devido ao
magnetismo da Montanha da Vida. Já são em torno do meio-dia,
acredite. O seu relógio está lhe enganando. Nos habituamos às mu-
danças do clima, que embora possa parecer imperceptível para vo-
cês, depois de alguns anos morando aqui, você interage com a na-
tureza local. Na próxima semana vai acabar o solstício de verão,
quando a luz do Sol ficará mais fraca e a luz do vulcão ganhará mais
importância durante todo o dia, e mesmo assim, a gente consegue
distinguir os períodos do dia. —Continuou a matriarca demons-
trando total conhecimento sobre o clima da ilha.
A matriarca falava com muita empolgação ao se referir a natu-
reza e clima locais. Nos apresentava as ervas, raízes e grãos da flora
local postos à mesa, que lhes serviam de alimentos, acompanhados
de peixes e aves. Desses últimos, nada de diferente. Eram espécies
de peixes e aves familiares, porém, as plantas eram bastante pecu-
liares, com nomes que faziam referências a plantas conhecidas, pela
semelhança, provavelmente nomeados pela própria matriarca.
Mesmo cozidos, mantinham as cores vermelhas arroxeadas e azuis.
Não nos foi oferecido bebida preparada, somente água bas-
tante cristalina que a matriarca disse ser de uma fonte termal reti-
rada próximo da montanha.
Os utensílios eram convencionais de modelo europeu, de cerâ-
mica e ágata. Provavelmente aproveitados dos navios que um dia
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CAPÍTULO – VIII
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mulheres, que a rodearam. Ela falava algo enquanto uma das meni-
nas lavava-lhes as costas.
Uma das mulheres, bastante corpulenta, de ombros largos e
atlética, como que rivalizando a matriarca, saiu do lago, mos-
trando-se por completo para todos nós, com um corpo igualmente
fenomenal, e rodeou o caminho que a matriarca havia subido na
plataforma de rocha.
Dava para ver na sua silhueta quando ela andava de lado. As
suas nádegas preponderantes e seios avantajados. Ela subiu no alto
da plataforma e pulou marcialmente no lago, caindo como uma
lança ereta, de ponta-cabeça, assim como a matriarca, e nadou fe-
rozmente, causando um turbilhão na superfície da água.
Suas pernas pareciam hélices de moinho movidas pela força da
água. Em instantes ela estava novamente entre as mulheres. Era
uma exímia nadadora. Seus ombros largos a destacava das outras.
Por um instante deixei de pensar na Erika como a mais bela de
todas. Vi que a matriarca, diferente das outras mulheres que a ob-
servavam entusiasmada, ignorava aquela nadadora, deixando claro
a existência de uma certa rivalidade entre as duas. “Nós homens
recém chegados éramos o motivo de toda aquela apresentação acir-
rada.”
Ao final de vinte minutos, aproximadamente, todos saímos
da água por ordem da matriarca. Todos nós não pudemos esconder
a nossa atenção voltada para a nudez daquelas mulheres, enquanto
elas não demonstraram qualquer constrangimento e agiam natu-
ralmente.
Algumas, como aquela que nadou ferozmente, parecia até se
exibir lascivamente para nós, propositadamente, percebendo o
nosso fascínio, enquanto ela abria as pernas e enxugava as partes
íntimas com uma espécie de esponja em forma de rolo.
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CAPÍTULO – IX
A Reunião
A
Acordamos deitados no canto da sala da casa da matri-
arca, sobre as mesmas forras que havíamos dormido na
tarde do dia anterior. O capitão se levantou de supetão,
meio desorientado e assustado. —Que horas são?
—Não faço ideia, capitão.
—Onde está todo mundo?
—Calma Lobo, já vi que as mulheres estão lá fora e o Souza
está na cozinha.
Eu ainda falava quando o Souza atravessou a sala levando à
mesa peixes e um pão feito de um tipo de trigo local para o nosso
desjejum. Nos sentamos à mesa. Havia uma jarra com uma bebida
quente, de tom amarronzado. Cheirei; parecia chá de ervas. Acha-
mos melhor não tomar até saber o que era, para não correr o risco
de perder a consciência como na noite passada.
—Você lembra de ontem à noite? —Perguntei ao capitão.
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CAPÍTULO – X
A Sabotagem
T
odos estavam alvoroçados falando ao mesmo tempo.
—Eu disse que não podíamos confiar nessas mulheres! —
Disse o Caranguejo em tom de desespero.
— Calma, calma! Vamos procurar pela praia. É possível que
as correntes possam ter levado a nau para outro ponto. —Falou o
capitão tentando acalmá-los.
—Impossível capitão! Eu fixei muito bem as âncoras! —Retru-
cou o Cachimbinha.
—Pessoal, aqui só tem mulheres e os poucos homens que tem
são uns inúteis. Não vamos nos precipitar, vamos procurar pela
orla como sugeriu o capitão — Completei.
Eu já sentia que aquele sumiço não era obra da maré nem dos
ventos, mas de ação humana e que não íamos encontrar coisa boa.
“Mas o que elas poderiam fazer com a gente? E se elas só estavam
querendo que a gente ficasse na ilha com elas para estabelecer
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CAPÍTULO – XI
Prisioneiros
A
cordei ouvindo gritos distantes de socorro, que foram fi-
cando mais fortes à medida que eu ia recobrando a consci-
ência. Me vi em uma cova escavada na terra, com pelo me-
nos três metros e meio de profundidade, em formato de cone trian-
gular, com a entrada de diâmetro mais curta e base mais larga, se-
lada acima com uma grade de madeira amarrada com cipós.
Reconheci tratar-se dos gritos do Caranguejo, que gritava
meio abafado próximo dali. Ele deveria estar numa cova seme-
lhante à minha. Era provável que os outros também estivessem na
mesma condição, cada um na sua cova individual, para ficarmos in-
comunicáveis. “Era a estratégia das mulheres. Nos separar para nos
enfraquecer?”
Olhando para cima, vi que a minha cova ficava sob a sombra
das árvores. Não conseguia ouvir o barulho das mulheres. Talvez
aquele lugar ficava um pouco afastado da aldeia. Era por isso que
não tínhamos visto essas covas preparadas para os prisioneiros.
Com certeza não foram cavadas da noite para o dia.
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CAPÍTULO - 11 |
Prisioneiros
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agir. Mas parece que não estava funcionando com a Eva, já que é a
mesma estratégia que elas usaram, e muito bem!
—Não Isaac, não podemos correr esse risco. Não pode haver
alternativas de saída da ilha e o barco era uma delas.
—O que você pretende fazer conosco?
—Não vamos lhe fazer mal, nem a você nem aos seus homens,
mas é necessário que vocês passem um tempo aqui nessas covas,
para adaptação. Mas depois de algum tempo, todos estarão soltos,
eu prometo. Terão comida, água para beber e para se lavar, e os ho-
mens colherão diariamente os seus dejetos a partir dessa vasilha.
Só não lhes garanto muito conforto nessa cova.
Olhei e entendi a finalidade daquela vasilha de ágata com uma
alça lateral e um balde de madeira com cinta de metal.
O amor e admiração que eu sentia pela Erika se converteu em
decepção e ódio. Como disse o Caranguejo: “não se pode confiar
nas mulheres.”
A primeira noite que passei ali foi muito desconfortável. Não
consegui pregar os olhos, e quando estava sendo abatido pelo can-
saço, despertei com a volta dos gritos do Caranguejo, mais deses-
perados do que nunca pela diminuição da luminosidade. Ouvi pas-
sos, e mais uma vez silenciaram o Caranguejo. Senti muita dó da-
quela pobre alma que estava prestes a enlouquecer.
Dessa vez, após o silenciarem, ouvi barulhos que sugeria que
estavam tirando ele da cova, desacordado. Cheguei a ouvir os sons
das rodas da padiola que usavam para transportar os leões-mari-
nhos abatidos. Desde então, não se ouviu mais os gritos do pobre
coitado. Teriam matado ou deixado ele na mesma condição do
Pombo, vivo, mas desalmado por efeitos constantes de algum tipo
de alucinógeno.
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CAPÍTULO - 11 |
Prisioneiros
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Ela usava uma camiseta de tecido leve, que mostrou seus seios
quando se abaixou. Aquela visão aplacou todo o meu sentimento
de ódio naquela hora. Que poder aquela mulher exercia sobre mim?
Vi na sua proposta e no risco que ela se propôs a passar para me
ajudar de alguma forma, que ela tinha um certo sentimento por
mim e que ela estava se esforçando para fazer o melhor, pois não
dependia dela, mas eram as ordens da matriarca.
É irônico a matriarca falar do mundo dos homens que oprimem
as mulheres, quando nesse mundinho criado por ela, ela mesma
oprime as próprias mulheres com disciplinas exageradas. “Não está
tudo baseado na mesma autoridade de quem detém o poder, indi-
ferente de ser mulher ou homem? Esse não é o princípio natural da
lei do mais forte? Pensar em um mundo ideal quando as bases da
dominação são as mesmas de toda e qualquer cultura, não passa de
hipocrisia.” —Pensei com irritação
Diante da proposta da Erika, assenti com um gesto submisso
com a cabeça e resolvi confiar. Afinal, não tinha opções. Mas uma
vez me senti seduzido e escravo daquela paixão, completamente
confiante pelo prazer de me submeter às vontades daquela deusa
das minhas mais célebres fantasias. A volta daquele sentimento me
fez sentir melhor, mais aliviado diante daquela condição subu-
mana.
—Além de dissimular a falta de consciência, você vai guardar
total segredo do que acontecer na ceia, promete? —A Erika pros-
seguiu com tom de agravo.
—Sim, prometo! —Exclamei.
Ela deu um breve sorriso e se retirou. Aquele sorriso em per-
feita harmonia com os seios fartos, firmes e rosados ficou na minha
memória durante todo o dia, fazendo com que o tempo, comparado
aos dos dias anteriores, passassem na velocidade da luz.
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CAPÍTULO - 11 |
Prisioneiros
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CAPÍTULO – XII
O Ritual
D
esceram uma escada de madeira oca, semelhante ao bambu
que elas usavam nas armas de varas, talvez de uma espécie
similar, mas geneticamente alterada como tudo que tem
vida nesta ilha pelos efeitos radioativos do vulcão. Sim, o bambu
tinha tonalidade vermelho-arroxeado.
Me deram ordem para que eu subisse, o que fiz com muita
dificuldade, pois sob o efeito daquele dardo, me sentia lerdo como
uma preguiça na árvore, tendo que fazer um esforço doloroso se
quisesse aumentar a velocidade dos meus movimentos. Estávamos
indefesos com os corpos fragilizados sob o efeito daquele veneno.
No topo, recebi a ajuda da Erika e do humanoide para me equi-
librar em pé. Não sei se pelo efeito do veneno ou por ter passado
três dias naquele buraco sem espaço para me movimentar.
Aquela condição em que eu estava me deixava em dúvidas do
sentimento da Erika para comigo, mesmo considerando a nossa
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A Ilha Vermelha
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CAPÍTULO - 12 |
O Ritual
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A Ilha Vermelha
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CAPÍTULO - 12 |
O Ritual
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A Ilha Vermelha
Virei a taça junto com os demais de uma única vez, após a or-
dem da matriarca. Depois as mulheres tomaram o chá da Fantasia.
Levantamos da mesa e fomos para o espaço à direita onde estava
uma roda com as forras grossas de palha revestidas de pele de leão-
marinho, com os tambores, atabaques e chocalhos.
Havia uma mesinha ao canto com uma vela vermelha acesa em
formato de vulcão, revestida com uma cor preta, fazendo com que
a cera vermelha derretida reproduzisse a imagem de lava escorrida.
Era a reprodução de um vulcão em erupção. Detalhes que eu não
tinha distinguido da última vez devido ao efeito do chá. Lembrei
que eu não poderia aparentar lucidez. Olhei para os outros e passei
a imitar os seus jeitos de lunáticos entorpecidos.
As mulheres começaram a ficar agitadas, em estado de êxtase.
A Erika me puxava pela mão eufórica. Senti uma excitação. Entendi
que o chá, além de tirar a consciência, era afrodisíaco ao ponto de
sobrepor os efeitos daqueles dardos entorpecedores, pois agora
sentia o vigor masculino. De certa forma, senti uma satisfação em
confirmar que a minha momentânea broxandez era devido ao efeito
do veneno e não da minha virilidade.
Algumas mulheres pegaram os instrumentos e começaram a
tocar e a dançar junto com as outras sob o cântico de uma melodia
em língua desconhecida conduzida pela matriarca. Ela cantava
com uma voz estranha. “Estaria possuída pelo espírito da monta-
nha?” —Pensei.
Ao tempo em que as mulheres bailavam sob os sons daquela
estranha ladainha, tiravam as peças de roupas até ficarem total-
mente nuas. Eu não tinha certeza se estava sonhando ou vendo alu-
cinações. “Teria o chá produzido efeito, mesmo enfraquecido pela
quantidade de água acrescentado pela Erika na minha taça?” Es-
tava confuso com todo aquele rito erótico.
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CAPÍTULO - 12 |
O Ritual
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A Ilha Vermelha
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CAPÍTULO - 12 |
O Ritual
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A Ilha Vermelha
Nem por isso os efeitos do chá deram trégua aos homens, que
permaneceram rijos, prontos para uma segunda sessão.
Senti-me, porém, levemente laceado, e enquanto as mulheres
voltavam a bailar sob os sons dos atabaques e da canção puxada
pela matriarca, a Erika foi até a mesa e me trouxe discretamente
uma pequena dose do chá na sua boca, transferindo-me com um
beijo invasivo que por pouco, não reagi por engasgo, o que teria me
denunciado à matriarca.
Com certeza ela sabia que a reduzida dose de chá que tomei
não faria eu andar no mesmo ritmo dos demais, sendo necessário
uma dose de reforço. Elas iriam nos usar mais uma vez.
Não se passaram meia hora, e o ritual acasalador reiniciou, na
mesma frequência e vigor que a primeira e mais uma vez, a Erika
não permitiu que nenhuma das outras mulheres me usassem.
Vi que ao final, a matriarca, assim como outras mulheres, ter-
minaram com outros. Algumas tomaram ao final, mas algumas re-
cepcionaram no próprio ventre, deixando finalizar sentada sobre
os homens. A escolha da procriação era uma opção para elas.
O Pirata não participou das outras rodadas. Foi colocado à
parte, deitado na forra, enquanto a sua companheira zanzava de
casal em casal, para dividir com as outras o instrumento que lhe
faltava.
Senti dó do Pirata, ao vê-lo ser descartado pelo que mais se es-
pera da figura masculina. O tempo é mesmo infalível nos seus efei-
tos mais drásticos na biologia do homem.
A Erika, porém, repetiu a dose como um bezerro faminto, e
pela segunda vez, trouxe-me uma dose de chá com um beijo rápido,
no que já não corri o risco de me engasgar, pois percebi antecipa-
damente a sua intenção.
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CAPÍTULO - 12 |
O Ritual
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CAPÍTULO - 12 |
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CAPÍTULO – XIII
O Sacrifício
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CAPÍTULO – XIV
O Segredo
N ão me incomodei pela Erika não estar junto a mim. Na ver-
dade, fiquei enojado de todas elas. Afinal, nunca me apai-
xonei de verdade. A paixão é para os idólatras.
Aquela matriarca era uma esquizofrênica que manipulava to-
das as outras alienadas sob o pretexto da religião, como o fazem
muitos mundo afora.
Dizem que as mulheres são sensíveis como uma flor. Quem
proferiu tal poema nunca conheceu esse lado sombrio delas, coisa
que talvez os homens não são capazes de fazer uns aos outros. Do
modo como se fez, a sangue frio, é escarnecedor. Não é humano.
Elas nos colocaram de volta em nossas covas. Já era madru-
gada. Naquela noite não consegui dormir pensando em tudo aquilo,
o que me deixou mais dolorido e ressaqueado depois que passou o
efeito do dardo.
Passou-se uma semana sem que nenhuma das mulheres apa-
recem, apenas os homens que nos serviam rotineiramente, até que
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O Segredo
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CAPÍTULO - 14 |
O Segredo
ele pede, imediatamente, ele destruirá toda a ilha por suas próprias
forças.
Desde que chegamos, já sacrificamos treze homens, contando
com o Pirata, além de diversas crianças, com intervalos de pelo me-
nos seis meses para cada sacrifício.
—Crianças?!
—Sim. Devido à deficiência de vitaminas, nossas crianças não
nascem sadias, elas nascem anencéfalas, daí as mulheres engravi-
dam não com a intenção de procriar, mas para oferecer o aborto
espontâneo em sacrifício ao espírito Vulcano. É preciso que todas
engravidem pelo menos a cada dois anos, para que todas possam
ofertar o sacrifício do seu próprio sangue.
—Agora entendi porque vejo mulheres grávidas e não vejo cri-
anças na aldeia.
—Isso.
—Você já sacrificou seus filhos?
—Infelizmente sim, dois. —Ela me respondeu com um claro
desconforto e vergonha.
—Você deve me achar um monstro? —Continuou.
—Nesse contexto que você está me apresentando, vejo que
você é obrigada a seguir os rituais da matriarca. —Respondi de
forma a tentar aliviar a culpa que ela sentia.
—E como é feito o sacrifício das crianças? A matriarca também
come o coração delas? —Perguntei com sarcasmo.
—O sacrifício que você presenciou é para aplacar a raiva da
montanha manifestado pelas erupções mortais. Quando fazemos o
sacrifício de nossas crianças, é para manter o espírito Vulcano sa-
tisfeito conosco. Daí a grávida toma um chá abortivo e dá a luz
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A Ilha Vermelha
sobre aquela rocha acima do caldeirão, cuja criança cai pelo buraco
direto na lava.
—Meu Deus! Entendi o motivo daquele buraco no meio da pla-
taforma.
—Por isso, se vivermos aqui, temos que nos sujeitar às leis da
matriarca, pois ela é o único elo de comunicação com o espírito da
montanha.
—Mas você acredita mesmo que ela fala com esse tal espírito?
—No início também eu tinha as minhas dúvidas, mas depois
de tantas confirmações, acabei me rendendo aos acontecimentos.
Você não viu que depois de um dia inteiro de terremotos e erupções
do vulcão, logo após o sacrifício do Pirata tudo se acalmou?
—Isso é verdade, mas se tivéssemos esperado até o outro dia,
será que a montanha não tinha se acalmado por si só? Será que não
é apenas um círculo natural da atividade vulcânica? —Perguntei
incrédulo.
—Como eu lhe disse, um dia também duvidei de tudo isso.
Logo no início, a erupção durou mais de quinze dias. Todos nós es-
távamos aflitos. Algumas de nossas cabanas chegaram a desabar
por causa dos terremotos, até que a matriarca teve a revelação do
que fazer, e assim como aconteceu com o Pirata, a montanha se
acalmou por mais de um ano logo após o sacrifício, e desde então,
isso tem se repetido. O difícil é não acreditar. Esse é um mundo es-
tranho Dylan; aqui vemos coisas que nunca imaginamos ver um dia.
—Acredito em você. —Falei acariciando-a na face.
—E quando acabarem todos os homens? —Prossegui com mi-
nhas perguntas.
—Segundo a matriarca, o espírito Vulcano sempre vai atrair
novos viajantes para a ilha, assim como fez com vocês.
—Qual será o próximo da lista do sacrifício, será eu?
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CAPÍTULO - 14 |
O Segredo
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A Ilha Vermelha
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CAPÍTULO - 14 |
O Segredo
—É uma possibilidade.
—Você sabe o que vai acontecer.
—Caso isso aconteça, jamais vou deixar você sacrificar o
nosso filho!
—Não temos que pensar nisso agora. Deixa que o tempo fa-
lará por si, mas saiba que eu estarei sempre do seu lado.
Com essas palavras, eu calei para não ser precipitado em mi-
nhas palavras.
Ela tinha razão. Mas nem por isso deixei de passar o resto da
noite e do dia seguinte pensando em tudo aquilo que ela falou.
Tudo agora fazia sentido; o pior dos sentidos. A matriarca me enoja
mais e mais a cada dia. Aquela mulher criou um verdadeiro sistema
religioso pagão, amarrando todas as pontas dos sentimentos huma-
nos mais primitivos, a fim de sustentar o seu domínio sobre todos
da ilha.
“Tenho que destruir esse trono maligno!” Pensei comigo
mesmo enquanto contemplava mais uma vez a beleza estonteante
da Erika, ao acompanhá-la com o olhar enquanto ela subia na corda
e saia da cova, despedindo-se com um olhar travesso ao chegar no
topo, de quem sabia no que eu estava pensando ao vê-la por baixo.
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CAPÍTULO – XV
A Rival
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CAPÍTULO – 15 |
A Rival
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CAPÍTULO – XVI
A Oferenda
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CAPÍTULO – 16 |
A Oferenda
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CAPÍTULO – 16 |
A Oferenda
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A Ilha Vermelha
Aquela bebida que deram para ela devia ser um chá abortivo, uma
vez que ela começou a sentir dores depois que a bebeu.
Depois de alguns instantes, começou a descer líquidos averme-
lhados do buraco, caindo sobre o caldeirão, que saíam direto do
ventre da parturiente. Quando a matriarca viu as primeiras gotas,
ficou eufórica e aumentou o ritmo de sua dança diabólica, seguido
dos histerismos aterrorizantes, o que foi acompanhado por todas
as outras mulheres. Logo em seguida a criança começou a sair, sob
os gritos agonizantes da mãe que se contorcia como uma cobra
atingida mortalmente.
Enfim, a criança caiu, no silêncio dos inocentes, sendo travada,
por um instante, a poucos centímetros na lava, sob a resistência do
cordão umbilical que não suportou por muito tempo o peso da cri-
ança e partiu, finalmente, rompendo-se do ventre da mãe que deu
o último grito de dor, até que a criança caiu na lava, rompendo uma
labaredas incandescente que a envolveu cruelmente, fazendo com
que a criança desce o primeiro e último suspiro em forma de grito
engasgado.
Não sei qual das cenas foi mais repugnante, se o sacrifício do
Pirata ou a morte do inocente? Tudo era barbárie, tudo era atroci-
dade, tudo expressava o cúmulo da crueldade humana. Nem nas
piores guerras se faziam tantas atrocidades com os inimigos.
A história do Conde Drácula se tornou um conto infantil. As
mulheres eram mesmo mil vezes mais cruéis que os homens. Talvez
a sua fragilidade biológica com relação aos homens era uma solução
de Deus para o controle da crueldade humana na terra. “Maldita
matriarca, que era cúmplice e idealizadora de todos aqueles pande-
mônios!”
As mulheres, guiadas pela insanidade da matriarca, contor-
ciam-se como serpentes alvoroçadas, com gritos que tornavam
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CAPÍTULO – 16 |
A Oferenda
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CAPÍTULO – XVII
Plano de Fuga
O
s meus sentimentos pela Erika eram uma mistura de amor,
paixão e nojo, mas a sedução da beleza estonteante dela
prevalecia sobre os meus desejos mais primitivos. É incrí-
vel como o humor e a capacidade de influenciar decisões importan-
tes em nossas vidas dependem da medida da tensão libertina.
Percebi que a Joana era a menos empolgada daquilo tudo. Se-
ria ela mais humana que todas elas? Mais consciente dos erros co-
metidos e menos fanática, a ponto de conseguir fazer algum julga-
mento? Se assim for, o quadro que a Erika pintou dela não corres-
pondia à realidade, mas refletia apenas a rivalidade pessoal entre as
duas.
No dia seguinte, logo após o desjejum, retomei as escavações
a todo vapor, parando apenas para o intervalo do almoço. Estava
compenetrado de tal forma que só senti sede e vontade de urinar
no intervalo do almoço.
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CAPÍTULO – 17 |
Plano de Fuga
Mas os meus esforços não foram em vão. Por volta das três ho-
ras da tarde abriu-se um ponto de luz na parede de areia restante.
Parei de raspar imediatamente, para não assustar o capitão ou seja
lá quem fosse que estivesse do outro lado.
Soltei o prato e passei a tentar aumentar o buraquinho com as
próprias unhas. Antes mesmo que eu aumentasse o diâmetro do
buraco, percebi um olhar curioso e assustado no buraco. Era o ca-
pitão.
—Capitão! —Sussurrei.
—Quem está aí? —Respondeu.
—Fale baixo! Sou eu, Dylan.
—Sofista!
—Sim.
Ele, com suas mãos grandes e ainda com uma certa força, rapi-
damente pôs abaixo o resto da areia que fechava o túnel, enquanto
eu cavava do outro lado.
—Vá com calma, não podemos fazer barulho e nem deixar vo-
lumes de areia amostra. —Adverti
—Temos que bater a areia aqui mesmo dentro do túnel.
—Ok.
Terminamos os últimos retoques, ao ponto de deixar o túnel
suficientemente pronto para irmos de uma cova a outra, arras-
tando-se, quase deitados. Talvez se toda a areia pudesse ser reti-
rada, dava para se deslocar agachado, o que seria bem mais confor-
tável.
—Há quanto tempo você está cavando esse túnel? Você é
mesmo muito esperto. —O capitão me perguntou admirado, com
o rosto resplandecente de alegria.
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A Ilha Vermelha
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CAPÍTULO – 17 |
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CAPÍTULO – 17 |
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CAPÍTULO – 17 |
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CAPÍTULO – XVIII
A Caravela
O
dia seguinte passou se arrastando. Foi a minha impressão
diante da minha ansiedade exagerada. A minha ansiedade
era tamanha que não conseguia me concentrar para me ex-
citar. Era o dia do meu suplemento vitamínico. Nunca pensei que
para sobreviver chegaria àquele ponto. Era preferível comer carne
humana. De certa forma, não era pior que beber a própria urina,
como já fizeram alguns náufragos.
“Se o Caranguejo estivesse na mesma cova com o Marujo, teria
uma vida saudável de forma inconsciente, enquanto o Marujo iria
se esvair diante dele a cada dia. Como eles tinham uma vida feliz
no Leviatã, num romance secreto ao modo deles, pelo menos a sa-
úde do Caranguejo estava garantida.” —Pensava hilariante.
Após o jantar, aguardei meia hora para garantir a calmaria no-
turna de sempre e percorri o túnel com uma habilidade cada vez
mais aperfeiçoada. O capitão me aguardava mais ansioso que eu.
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CAPÍTULO – 18 |
A Caravela
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A Caravela
O capitão tirou as roupas e entrou na água que lhe deu nos pei-
tos a uns cinco metros de distância. Nadou até a embarcação e su-
biu nela por uma escada de cordas laterais.
Fiquei olhando da praia, mas quando vi o capitão subir na em-
barcação, despi-me rapidamente e fui até o barco. Quando cheguei
no convés, o capitão já vinha me dando o diagnóstico da embarca-
ção:
—Não tem mastro, mas os remos estão intactos no porão.
—Então se tivermos que usá-la terá que ser a remo? —Pergun-
tei.
—Creio que sim. Mas ela está em bom estado. Não tem água
no porão.
—Maravilha!
—As mulheres depenaram o navio. Retiraram quase todos os
móveis e utensílios.
—Acho que o mastro foi usado para sustentar a coluna princi-
pal da maloca.
—Verdade. E a mesa da cozinha está na casa da matriarca. —
completou o capitão.
—E então, o que você acha? —Perguntei.
—Vamos voltar. Falar com os companheiros e depois falare-
mos a respeito.
Enfim, a história da joana era real. A embarcação existia. O
portal de saída do inferno estava aberto para nós. Senti minhas es-
peranças renovarem num júbilo que me faziam abraçar o capitão
em todo instante aos sorrisos deliberados. O capitão também não
escondia a sua satisfação, mas contido, típico de sua experiência.
Voltamos mais rápido, em pique moderado. Agora sabíamos o
caminho. Comecei a sentir um sentimento especial pela Joana, de
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A Ilha Vermelha
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CAPÍTULO – 18 |
A Caravela
—Vamos ter que reforçar para eles essa ideia dos fluidos. Está
havendo muita resistência entre eles. —Disse ao capitão quando
voltávamos para a nossa cova.
Repetimos a mesma posição de ficar sobre os seus ombros, a
fim de deixar a grade amarrada como elas deixaram para não deixar
vestígios. O cipó, nossa primeira ferramenta útil, enrolei e escondi
no meio do túnel.
—O Ariete também disse que não faria isso nem morto. —
Disse o capitão.
—Com o tempo eles vão perceber que isso é necessário. —
Conclui.
Terminamos toda a empreitada num tempo estimado de três
horas e meia. Restava agora dormir no pouco tempo que nos res-
tava para não aparecer tão cansado no outro dia.
A Joana disse que os homens da ilha relatam todos os detalhes
que observam para a matriarca, e se perceberem que não estamos
dormindo direito, podem suspeitar de algo.
Conseguimos realizar o nosso plano inicial. Agora, tudo ficou
mais fácil com a confirmação da existência da caravela. Se fugirmos
à noite, dá para tomar a saída para o oceano Antártico a remadas
antes do amanhecer. Mas para isso, os homens tinham que ficar
mais fortes para remar sem parar e o mais rápido possível. Agora só
tinham nas covas nove de nós.
E se elas começarem a perceber que não estamos ficando en-
fraquecidos como os demais homens da ilha? Essa vai ser a grande
dificuldade que temos que solucionar.
Dormi mal com os pensamentos acelerados, pensando em todas
essas questões que faziam a minha mente se esforçar sobremaneira
em busca de solução. A ansiedade estava me matando.
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CAPÍTULO – XIX
O Sepultamento
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CAPÍTULO – XX
A Traição
D
urante toda a semana fiquei em dieta de fluidos, a fim de
compensar o ganho de massa perigosa dos últimos dias.
Ainda não sabia até que ponto ia a desconfiança da matri-
arca.
Eu e o capitão decidimos agilizar a busca dos materiais neces-
sários à nossa fuga. Vamos tentar furtar durante a madrugada e es-
condê-los no caminho para a embarcação, a leste da ilha, em uma
pequena caverna que avistamos no caminho.
Nessa semana a Erika não veio me visitar e hoje já é o dia da
Joana. Se a Joana não vir, é sinal que algo de muito ruim está acon-
tecendo. A matriarca realmente teria desconfiado de algo.
Para o meu alívio, a Joana apareceu a noite, bem mais apres-
sada do que das outras vezes.
—A Erika não veio ontem? —Foi a primeira pergunta que ela
me fez.
—Não.
—Vocês estão brigados?
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CAPÍTULO – 18 |
A Traição
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CAPÍTULO – 18 |
A Traição
Por toda a cabana havia vários objetos, como a Joana tinha fa-
lado, dispostos em prateleiras de madeira mal trabalhados, co-
brindo as paredes laterais e traseiras.
—E agora? —Perguntei ao capitão.
—Pela porta é impossível entrar sem chamar a atenção dos ho-
mens. Mas podemos cavar um buraco de acesso por trás, aprovei-
tando que os materiais cobriram a visão dos homens.
Aquela proposta do capitão não parecia muito eficiente, mas
não pensei em algo melhor. Começamos a cavar com as próprias
mãos ao pé do muro na parte de trás da cabana, do lado externo da
aldeia, que dava para a floresta e para a trilha que levava ao lago e à
embarcação, numa parte onde os arbustos eram mais densos.
As paredes das cabanas eram feitas de pau a pique, com finas
varas trançadas e revestidas de barro negro. Não eram muito resis-
tentes e não tinham alicerce, além das estacas encravadas ao solo
para sustentação.
Usamos pedaços de madeira para afofar a terra, já que não tí-
nhamos instrumentos adequados. Como as bases da cabana era
feita de barro negro sobre estruturas de madeira fina trançadas e
amarradas com cipó, não demorou muito para que abríssemos um
buraco que dava acesso ao interior, por baixo da parede, com
acesso direto aos objetos empilhados.
Como já se fazia tarde, apenas cobrimos o buraco com galhos
e folhas e voltamos para as nossas covas.
Depois de mais um banho e ceia no dia seguinte, a Erika apa-
receu em minha cova.
—Por que você não veio na semana passada? —Perguntei.
—Depois do velório, a matriarca perguntou se eu tinha achado
você mais forte do que os outros, daí achei melhor não arriscar, pois
ela poderia ter colocado alguém para lhe observar. Ontem na ceia,
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A Ilha Vermelha
ela ficou com você, talvez para sentir melhor como estava o seu
corpo, mas acho que ela não desconfiou de nada.
Quando ela me falou aquilo, desejei estar consciente na ceia
para lembrar do desempenho da matriarca. Tinha repulsa daquela
mulher, mas ao mesmo tempo, sentia um certo fascínio.
—Eu passei essa semana sem consumir. —Disse.
—Fez bem. Você tem que ter mais cuidado.
Mais uma vez não me senti seguro para contar nada para a
Erika. Ela podia apenas estar blefando. A fidelidade dela à matri-
arca me deixava temeroso de que ela não aceitasse o nosso intento.
A Joana, do contrário, era bem mais participativa. Perguntou
se a gente tinha conseguido ver algo com relação aos objetos. Com
ela eu já me sentia bem mais à vontade e satisfeito. Ela realmente
estava nos apoiando na medida do possível. Mas uma pergunta que
ela me fez, deixou-me intrigado: Ela me perguntou se tinha sido a
Erika que tinha me falado do motivo que levava os homens a fica-
rem fracos na ilha. Respondi que sim. A minha confiança nela me
deixou à vontade para isso.
—O que ela disse? —Ela insistiu na pergunta.
Falei que ela tinha dito que os nossos fluidos eram a fórmula
necessária para nos manter saudáveis e que eu estava tomando uma
vez por semana.
—Percebi que você é bem mais saudável que os demais. O ca-
pitão também está tomando?
—Sim. Você vai nos ajudar? —Completei.
—Peguem os materiais. Quando tudo estiver pronto me avise.
Quero ir com vocês.
—Se você conseguisse os dardos, ficaria mais fácil para a gente.
—Não! Isso eu não posso.
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CAPÍTULO – 18 |
A Traição
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A Ilha Vermelha
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CAPÍTULO – 18 |
A Traição
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A Ilha Vermelha
—Eu prefiro morrer que ver o meu filho ser jogado no caldeirão
de lava.
Ela demonstrou estar muito preocupada com a nossa ideia de
fuga. Não acreditava que iríamos conseguir.
Naquela noite, os assuntos prevaleceram sobre os nossos libi-
dos de tal forma que não fizemos amor. Conversamos toda a noite
sobre nosso filho; como poderíamos criá-lo e vivermos juntos, de
volta à civilização, até que ficou tarde o bastante e ela teve que sair.
—Confio no seu silêncio. —Disse, segurando em sua mão.
—Não se preocupe. Só tenha muito cuidado! —Ela me disse
com olhar de preocupação.
De certa forma, apesar de temerosa, ela se mostrou bastante
interessada na ideia. Acho que ela quer mesmo compartilhar uma
família comigo. Talvez o seu jeito comedido passava a impressão de
ser uma pessoa mais fria em termos emocionais, e isso me levou a
duvidar de seus sentimentos por mim. Mas agora tudo mudou. É a
mãe do meu filho. Não poderia deixá-los de fora da nossa fuga.
Assim que a Erika saiu do meu buraco, o capitão, pela primeira
vez, surpreendeu-me quando apareceu na minha cova arrastando-
se pelo túnel.
—Você acha que foi seguro contar tudo para Erika? —Pergun-
tou-me de forma advertida.
—Tive que arriscar capitão, agora ela é a mãe do meu filho.
Não poderia deixar ela fora disso.
—Espero que você não se arrependa por isso.
—Também espero Isaac, mas acredito que ela está conosco.
Na noite seguinte a Joana apareceu bastante interessada em
nossos planos. Perguntou-me como estava os preparativos; se já tí-
nhamos pego boa parte do que precisávamos. Ela queria sair da-
quela ilha o tanto quanto a gente.
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A Traição
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A Ilha Vermelha
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CAPÍTULO – XXI
O Julgamento
T
udo estava perdido. O Ariete e o Capeta confusos com tudo
aquilo só ouviam de nós que tínhamos sidos traídos sem
qualquer explicação adicional. Não tínhamos saco para ex-
plicar nada naquela hora.
—Eu falei para você que não se podia confiar na Erika!
—Fui eu quem falou que não tinha muita confiança na Erika.
Toda a sua impressão sobre ela estava baseada no meu julgamento,
capitão.
—Você tem razão. Falei por impulso. Vamos voltar para as
nossas covas antes que amanheça e as coisas piorem, e vamos
aguardar o que virá daqui para a frente.
Voltamos desolados, de tal modo que largamos as coisas na
praia. Eu fiquei sem chão. A vontade que eu tinha era de pular do
alto da montanha sobre rochedos para me esbagaçar de vez.
Aqueles homens, o Ariete e o Capeta, só foram tirados de suas
covas para testemunharem o nosso fracasso depois de ouvir de nós
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CAPÍTULO – 21 |
O Julgamento
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CAPÍTULO – XXII
A Revanche
D
ali em diante, não passávamos de criação, como se usam os
gados, suínos, caprinos e aves, confinados para engorda ou
beneficiamento, aguardando o dia do abate.
Éramos apenas as provisões delas. Ao menos os animais irraci-
onais não têm consciência, não raciocinam de modo a projetar o seu
futuro trágico. Nós, nessa condição, sofremos antecipadamente, a
todo instante, a cada hora, todos os dias de nossa existência mise-
rável.
Eu já me sentia morto, pendente apenas de ser enterrado.
Sentir aquele frasco nas minhas calças era uma amarga e forte lem-
brança da última tentativa que a Erika fez para me ajudar de al-
guma forma antes de ser cruelmente martirizada.
“Como pude duvidar do seu amor?” Só em pensar nisso sentia
um aperto no peito. “Mas o que ela tinha em mente? Como poderei
usar esse antídoto?” Ela disse que era um antídoto para o veneno.
Mas que utilidade isso vai ter agora para mim, que estou sozinho e
enclausurado? Se pelo menos cada um dos meus companheiros ti-
vesse um desses.” —Divagava em meus pensamentos.
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CAPÍTULO – 22 |
A Revanche
e caiu. Isso fez com que todas as outras mulheres soltassem suas
varas imediatamente.
—Tenha cuidado capitão, elas podem estar escondendo facas
na cintura! —Alertei o capitão Logan e seus homens.
Todas as mulheres foram rendidas e deitadas ladeadas na areia.
—Tem mais alguém na ilha? —Perguntou o Logan.
—Não, somente elas e todos esses homens drogados, como o
senhor pode ver.
O capitão Logan deu ordens para que os outros homens da em-
barcação viessem à ilha, chegando em torno de mais vinte homens
amontoados no outro escaler. Eles começaram a manietar as mu-
lheres com as cordas que trouxeram da caravela.
O capitão Logan chegou a se dirigir ao Isaac, mas falei para ele
que enquanto não passasse os efeitos do veneno que elas nos apli-
caram, eles ficavam inconscientes, como mortos vivos.
—E você, por que está lúcido, elas não lhe envenenaram tam-
bém? —Perguntou o Logan com ar de desconfiança.
—É uma longa história, capitão.
Levei-os até a aldeia e fui relatando todos os acontecimentos,
desde a nossa fuga, quando avistamos que a caravela do capitão Lo-
gan nos perseguia e de tudo que se passou na ilha de forma orde-
nada e cronológica.
Falei dos riscos que eles passaram caso ele não tivesse reco-
nhecido o capitão Isaac e tivesse descido sem armas como elas que-
riam, como aconteceu conosco. Falei da minha sentença de morte
e como ela sacrificou a mãe do meu filho. Da forma como elas man-
tinham os homens sob opressão e servidão, dos sacrifícios dos ho-
mens e das crianças.
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Time New Romam: Alessandro Almeida
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E D I T O R A
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Vermelha A ilha
Sob o domínio delas