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DIVISÃO DE ENGENHARIA

CURSO DE ENGENHARIA DE PROCESSAMENTO MINERAL- III ANO- I SEMESTRE

Cadeira: Geologia Metalúrgica

Tema: Falar sobre bentonite

ESTUDANTE: DOCENTE:
Inoque Roia MSc: Gilberto Rogaciano Goba Sabonete

Tete, Março de 2024


Índice
1. Introdução ................................................................................................................ 1

2. Mineralogia e Geologia de bentonite ..................................................................... 2

2.1. Mineralogia....................................................................................................... 2

2.2. Geologia de bentonite ...................................................................................... 3

3. Lavra e processamento de bentonite ..................................................................... 3

3.1. Lavra ..................................................................................................................... 3

3.2. Processamento de bentonite ............................................................................ 4

4. USOS E FUNÇÕES ................................................................................................. 5

4.1. Fluido de Perfuração ....................................................................................... 6

4.2. Pelotização de minérios de ferro ..................................................................... 6

4.3. Aglomerante de areias de moldagem ............................................................. 6

4.4. Descoramento de óleos ..................................................................................... 7

4.5. Impermeabilização de bacias .......................................................................... 7

4.6. Pet litter ............................................................................................................ 7

5. Ocorrências de bentonite em Moçambique .......................................................... 7

6. Conclusão ................................................................................................................. 8

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................. 9


1. Introdução

O termo bentonite, segundo a literatura, foi pela primeira vez aplicado a um tipo de
argila plástica e coloidal de uma rocha descoberta em Fort Benton, Wyoming-EUA.
Embora, originalmente, o termo bentonite se referisse à rocha argilosa descoberta,
actualmente designa argila constituída principalmente do argilomineral montmorilonite.
Este argilomineral faz parte do grupo esmectite, uma família de argilas com
propriedades semelhantes. O termo bentonite também é usado para designar um produto
com alto teor de esmectite. A bentonite pode ser cálcica ou sódica, e apresenta uma
característica física muito particular: expande várias vezes o seu volume, quando em
contacto com a água, formando géis tixotrópicos. Alguns catiões provocam uma
expansão tão intensa que as camadas dos cristais podem se separar até a sua célula
unitária. O sódio provoca a expansão mais notável. As bentonites cálcicas para serem
utilizadas, industrialmente, precisam ser activas com carbonato de sódio (barrilha), para
serem transformadas em sódicas. Esse processo foi desenvolvido e patenteado na
Alemanha, no ano de 1933, pela empresa Erbsloh & Co e é actualmente utilizado pelos
países que não dispõem de bentonite sódica natural.

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2. Mineralogia e Geologia de bentonite
2.1. Mineralogia

Bentonite é a designação dada uma mistura de argilas geralmente impura, de grãos


muito finos. O tamanho das partículas é seguramente inferior a 0,03% do grão médio da
caolinite. Consiste principalmente de montmorilonite (60 a 80%) podendo conter outras
argilas em maior ou menor proporção (nomeadamente illita e caulinita) além de quartzo,
feldspatos, pirita ou calcita. Forma-se geralmente por alteração de cinzas vulcânicas.
Contém muitas bases e ferro. É uma argila muito pegajosa com um alto grau de
encolhimento (as ligações entre as camadas unitárias permitem a entrada de uma
quantidade superior de água que na caolinite) e tem tendência a fracturar-se durante o
cozimento e o esfriamento. Por este motivo não convém trabalhá-la sozinha como
matéria predominante de uma massa. Sua grande plasticidade pode servir de grande
ajuda a objetos de porcelana. Também ajuda à suspensão de vernizes.

Bentonite na maioria das vezes encontra-se em cálcica e sódica, sendo que: A bentonite
sódica expande-se quando molhada, possivelmente absorvendo algumas vezes sua
massa seca em água. Por causa de suas excelentes propriedades coloidais] é
frequentemente usada em lodo bentonítico lubrificante de escavações para perfurações
de óleo e gás e para investigações geotécnicas e ambientais. A propriedade de
inchamento também faz a bentonite sódica útil como um selante, especialmente para a
vedação de sistemas de dispositivos subsuperficiais para deposição de combustível
nuclear e para quarentenas de poluentes metálicos de águas de subsolo. Usos similares
incluem construção de muros de contenção, impermeabilização de paredes no subsolo e
formação de outras barreiras impermeáveis: e.g., para selagem externa de poços, para
selagem de poços velhos, ou como um forro na base de aterros sanitários para impedir a
migração do chorume. A bentonite cálcica é um útil absorvente de íons em solução, bem
como de gorduras e óleos. É o principal ingrediente activo da terra Fuller,
possivelmente um dos mais antigos agentes de limpeza industrial. A bentonite cálcica
pode ser convertida em bentonite sódica com o propósito de exibis as propriedades da
bentonite sólida, através de um processo de troca de iões. Na prática, isso significa
adicionar 5 a 10% de uma solução solúvel de sódio tal que o carbonato de sódio
humedeça a bentonite. Com o tempo, a troca de íons acontecerá e água será removida
do cálcio. Algumas propriedades, como a viscosidade e a suspensão de íons, podem não
ser totalmente equivalentes daquelas da bentonite sódica natural. Por exemplo,

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carbonetos de cálcio residuais (formados se a troca de catiões for insuficiente removida)
podem acarretar em desempenho inferior em revestimentos geocinéticos.

2.2.Geologia de bentonite

A bentonite ocorre em rochas do cretáceo e terciário. A bentonite é uma rocha composta


essencialmente de uma argila cristalina, tendo as características de um mineral formado
pela desvitrificação de um material ígneo e vítreo, normalmente um tufo ou cinza
vulcânica. Esse material normalmente contém proporções variadas de grãos de cristais
acessórios que foram originalmente fenocristais num vidro vulcânico. Esses minerais
geralmente são feldspatos (ortoclásio e oligoclásio), biotita, quartzo, piroxênio, zircônio
e vários outros tipos de minerais, característicos de rochas vulcânicas (Elzea e Murray,
1995; Luz et al., 2001a). Uma das formas de caracterizar a bentonite (esmectite sódica)
é baseada na sua capacidade de inchamento, quando se adiciona água. A bentonite,
tendo o sódio como elemento dominante ou como um ião tipicamente trocável,
apresenta uma alta capacidade de inchamento e tem as características de uma massa,
quando adicionada água. Esse é o caso das bentonites sódicas do estado de Wyoming
EUA. Quando a bentonite tem o cálcio como ião predominante, apresenta menor
capacidade de inchamento. As bentonites sódicas/cálcicas, denominadas mistas, incham
de forma moderada e formam géis de menor volume do que as bentonites sódicas.
Dessa forma, as bentonites são classificadas como de alto inchamento ou sódica, baixo
inchamento ou cálcica e de moderado inchamento ou tipo mista.

3. Lavra e processamento de bentonite

3.1.Lavra

A lavra da bentonite é feita a céu aberto, normalmente usando o método de lavra por tira
(strip mining), como ilustrado na Figura 1. A espessura da camada de bentonite varia de
2 a 3 metros e apresenta um comprimento de 2 a 5 quilometros.

O carregamento da bentonite é feito com pá carregadora e o transporte até a unidade de


processamento é feito em camiões fora de estrada.

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Figura 1: Ilustração da lavra de bentonite

Fonte: Autor

Em uma frente de lavra típica na região podem ser identificadas sete tipos de bentonite
(verde, amarela etc.). A lavra de cada tipo de bentonite depende muito do uso que se
requer do produto a ser obtido (lama de perfuração, areia de fundição, pelotização de
minérios de ferro etc.). Na estação chuvosa é praticamente impossível trabalhar na
frente de lavra, devido ao estado escorregadio da superfície do solo. Para superar esse
problema operacional, lavra-se determinado volume de bentonite, nos períodos secos, e
estoca-se no pátio da usina, para processamento na estação chuvosa.

3.2.Processamento de bentonite

O processamento da bentonite consiste de britagem, secagem, moagem e ensacamento.


Os diferentes tipos de argila bentonítica provenientes da frente de lavra são estocados
em pilhas no pátio da usina. Dependendo do produto que se deseja obter, é feita a
blindagem no próprio pátio e a seguir a bentonite é submetida a britagem e secagem em
forno rotativo, onde a humidade é reduzida de 30 para 10%. O produto da secagem é
submetido a moagem em moinho tipo Raymond, em circuito fechado com classificador
pneumático, obtendo-se um produto com granulometria abaixo de 200 malhas, a seguir
acondicionado em sacos de 50 ou 100 lb (23 ou 45 kg). Normalmente, os produtos
obtidos no processamento da bentonite são submetidos a ensaios de controle de
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qualidade, em laboratório contíguo à própria usina. No caso de produtos voltados para
lama de perfuração, os ensaios são executados segundo normas API e os mais comuns
são: viscosidade plástica usando viscosímetro Brookfield; determinação de filtrado API;
resíduo em 200 malhas; ensaios de inchamento; ensaios de rendimento. No caso da
caracterização de produtos para outras finalidades, são executados ensaios de absorção
d’água; de absorção de óleo etc. Vide a figura 2.

Figura 2: Demonstração do fluxograma de processamento de bentonite


Fonte: Autor

4. USOS E FUNÇÕES
Os principais usos da bentonite são apresentados a seguir:
• Agente tixotrópico de fluidos de perfuração de poços de petróleo e de água;
• Pelotização de minérios de ferro;
• Aglomerante de areias de moldagem usadas em fundição;
• Descoramento de óleos vegetais, minerais e animais;
• Impermeabilização de bacias;
• Pet litte

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4.1.Fluido de Perfuração

A funções da bentonite quando usada como fluido de perfuração (Darley e Gray, 1988)
são :

(i) Refrigerar e limpar a broca de perfuração;


(ii) Reduzir a fricção entre o colar da coluna de perfuração e as paredes do poço;
(iii) Auxiliar na formação de uma torta de filtragem nas paredes do poço, de
baixa permeabilidade, de forma a controlar a perda de filtrado do fluido de
perfuração, contribuindo para evitar o desmoronamento do poço;
(iv) Conferir propriedade tixotrópica à lama de perfuração, ajudando a manter
em suspensão as partículas sólidas, principalmente quando cessa,
temporariamente, o movimento da coluna de perfuração ou o bombeamento
da lama de perfuração;
(v) Conferir viscosidade à lama de perfuração, para auxiliar no transporte dos
cascalhos do fundo do poço para a superfície. As argilas organofílicas
(bentonites modificadas com surfactantes-sais orgânicos de aminas
quaternárias) são usadas em fluidos de emulsão inversa, onde a fase contínua
é constituída por óleo mineral de baixa toxidez, N – Parafina. Esse tipo de
fluido é recomendado para aplicações especiais, em poços que atravessam
formação contendo camadas de folhelho.

4.2.Pelotização de minérios de ferro

A pelotização de minério de ferro usa entre 6 e 8 kg de bentonite sódica, ou


esmectite cálcica activada com carbonato de sódio, para cada tonelada de minério de
ferro. A bentonite tem como função promover uma ligação entre as partículas
minerais, conferindo resistência mecânica às pelotas verdes e, após a queima, às
calcinadas (Harben e Kuzvart, 1996).

4.3. Aglomerante de areias de moldagem

Conforme Harben e Kuzvart (1996), na preparação de moldes de fundição a


bentonite sódica (bentonite cálcica pode ser usada em temperaturas mais baixas de
fundição) é usada como ligante na proporção de 4 a 6% e tem a função de promover

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a aglutinação da areia de quartzo, conferindo as propriedades físicas (porosidade,
refratariedade etc.) requeridas dos moldes de fundição.

4.4.Descoramento de óleos

As argilas bentoníticas, principalmente quando calcinadas, apresentam alta adsorsão


(capacidade de atrair e manter íons ou moléculas de gás ou líquido) e absorção
(capacidade de incorporar material). A esmectite (montmorillonita) cálcica após
activação ácida (HCl ou H2SO4) aumenta as suas propriedades sorptivas e é usada
no descoramento, desodorização e desidratação de óleos vegetais, minerais e
animais.

4.5.Impermeabilização de bacias

A bentonite devido a suas propriedades de plasticidade, impermeabilidade,


resistência à compressão e baixa compressibilidade, é usada na engenharia civil
como cobertura de aterros, impermeabilização de bacias etc.

4.6.Pet litter

A função da bentonite aqui deve-se a uma alta capacidade para adsorver e manter
iões ou moléculas da gás ou líquido, bem como a capacidade de absorver e
incorporar material. Acresce a capacidade de controlar os odores dos dejectos de
animais domésticos.

5. Ocorrências de bentonite em Moçambique

A bentonite ocorre em Moçambique como produto de meteorização de rolitos e


tufos riolíticos. Os depósitos e ocorrências mais conhecidas e investigadas ocorrem
nos Pequenos Libombos, especialmente em Boane, a cerca de 35 km a sudoeste de
Maputo (Afonso & Marques, 1998; Lächelt, 2004).

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6. Conclusão

Durante a execução do presente trabalho conclui-se que os resultados deste estudo


destacam a importância da bentonite como um recurso versátil e valioso em diversas
aplicações industriais e ambientais. A capacidade única da bentonite de absorver água e
expandir-se, juntamente com suas propriedades de absorção, a torna uma escolha
preferencial em sectores como perfuração de petróleo e gás, fundição, construção,
cuidados pessoais e remediação ambiental. Além disso, os resultados também ressaltam
a necessidade contínua de pesquisa e desenvolvimento para explorar todo o potencial da
bentonite e maximizar sua eficiência e sustentabilidade em diversas áreas de aplicação.
Este estudo contribui para o conhecimento científico sobre a bentonite e fornece uma
base sólida para futuras investigações, visando aprimorar seu uso e aplicação em
diferentes contextos industriais e ambientais.

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7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Elzea e Murray, 1995; Luz et al., 2001.

Darley e Gray, 1988.

Harben e Kuzvart, 1996.

Afonso & Marques, 1998; Lächelt, 2004.

DARLEY, H. C. GRAY. G. R. (1988). Composition and Properties of Drilling and


Completion Fluids, Fifth Edition, 634p, Gulf Publishing Company, Houston-USA, p.1-
37.

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