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Quebrando a Gramática com Betinho Português com Betinho!

SUMÁRIO
SUMÁRIO ....................................................................................................................................... 2
INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 3
USO DO ACENTO GRAVE ............................................................................................................... 4
BREVE INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 4
CASOS PROIBITIVOS .................................................................................................................. 4
CASOS OBRIGATÓRIOS .............................................................................................................. 9
CASOS FACULTATIVOS............................................................................................................. 14
CASOS ESPECIAIS ..................................................................................................................... 17
DETALHES ADICIONAIS ............................................................................................................ 20
QUADRO RESUMITIVO ............................................................................................................ 23

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Quebrando a Gramática com Betinho Português com Betinho!

INTRODUÇÃO
Este trabalho tem o principal objetivo de auxiliar aqueles concurseiros e vestibu-
landos que, apesar de conhecerem os conteúdos de Gramáticas, ainda sentem dificuldades
em alguns assuntos, como Crase, Pontuação e Acentuação. Nesta apostila, você verá os
assuntos em que os alunos mais apresentam dificuldade em Gramática.
Além de todos os conteúdos explicados, ainda há, ao fim do trabalho, um apêndice
com mais de 100 análises sintáticas prontas, para o aluno aprender o processo desse tipo
de análise. Além disso, o trabalho todo leva em conta as considerações de diferentes opi-
niões gramaticais, inclusive diferenciando aquelas que caem mais em prova.
Toda a produção deste trabalho demorou mais de seis meses para findar, mas foi
tempo bem gasto. Fui um trabalho feito com muito carinho e com muito amor; afinal, não
posso negar que é muito bom viver do que se ama. É importante para mim saber que
posso ajudar algumas pessoas a lograrem seus objetivos.
Para você, leitor, só digo uma coisa: o mundo o espera! Bora ralar, soldado!

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USO DO ACENTO GRAVE


É assim que chamam a crase. Por quê? Ora, há mil e uma explicações, mas a ver-
dade é que o brasileiro gosta de simplificar. Troca “ex-namorado” por “ex”, troca “anti-
flamenguista” (há quem escreva “anti flamenguista”; é outro nível!) por “ânti” (só se es-
quece do acento, mas acho que faz parte da simplificação) e troca “independentemente”
por “independente”. Porém, quanto ao acento grave, o brasileiro é inovador: ele ama usá-
lo, mesmo não tendo certeza de se ele cabe ali. É outro patamar! Cansamos de ver “de
segunda à sexta”, “de segunda à sexta”, “entrega à domicílio”, “bom dia à todos”, con-
textos em que a simples ausência do acento os tornaria adequados. Por quê? Será porque
o acento grave é chique? Veremos agora!

BREVE INTRODUÇÃO
Acho que vale citar aqui o que o uso do acento grave representa. Bem, no Portu-
guês, há a crase gramatical, que é justamente a que o acento grave (`) assinala. Ela acon-
tece por meio da fusão entre a preposição a e um dos artigos ou dos pronomes a ou as ou
um dos pronomes aquele, aquela, aqueles, aquelas ou aquilo. Note:

Podemos analisar um exemplo extremamente simples. O verbo referir-se pede a


preposição a, primeiro elemento de que a crase gramatical necessita. O nome menina
pode pedir o artigo a, segundo elemento necessário à crase gramatical, se o contexto per-
mitir. Então, naturalmente, você se pode referir à menina. Esse à é resultado da contração
da preposição, regida pelo verbo, com o artigo, pedido pelo nome.

CASOS PROIBITIVOS
Eu prefiro, logo inicialmente, ensinar quando não se deve usar o acento grave,
assim o maravilhoso aluninho evita aqueles errinhos crassos. Vamos lá!
1.º Se você quiser desejar um bom dia ao conjunto de pessoas de uma sala ou de uma
turma, que seja, deseje um bom dia a todos! Pronomes indefinidos geralmente não
permitem o artigo. É o caso destes: todo, nenhum, algum, quanto, quanto, qual,
um (e suas respectivas flexões: toda, todos, todas, nenhuma, nenhuns,

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nenhumas...) e todos os pronomes indefinidos invariáveis, exceto demais: algo,


tudo, nada, quem, alguém, ninguém, outrem e que.
 Bom dia a todos!
 Não devo nada a ninguém!
 Não sei a que se referem estas pesquisas.
 Você respondeu a umas, mas não a outras.
 Já fui a algumas áreas, agora irei às demais.
2.º Se você, no entanto, quiser desejar um bom dia individualmente, deseje-o a ele
ou a ela. Um professor de Gramática – como eu – ficaria triste se você desejasse
um bom dia “à” ele, apesar de agradecer-lhe a gentileza, por pura educação. O
caso é que os pronomes pessoais rejeitam completamente o artigo e, consequen-
temente, não permitem a crase: eu, tu, ele, ela, nós, vós, eles, elas, mim, ti, si.
 Entregue a ela todos os documentos necessários.
 Ele se referiu a eu estudar demais.
 Venha a nós assim que acabar o trabalho.
 O rapaz deu a si o direito à paz.
 Peça a mim que a ajude!
3.º Agora, se porventura você falar com um juiz, por exemplo, estará dirigindo a pa-
lavra a Vossa Excelência. Daí temos a outra regra: pronomes de tratamento tam-
bém rejeitam o artigo e, consequentemente, o acento grave. É o caso destes: você,
Vossa Excelência, Vossa Majestade, Vossa Alteza, Vossa Eminência, Vossa
Magnificência, Vossa Excelência Reverendíssima e Vossa Senhoria, Vossa
Paternidade. O mesmo vale para Sua Excelência, Sua Majestade e os demais.
 Requeiro a Vossa Excelência a reavaliação do caso.
 Peço a Vossa Alteza o meu perdão.
 A Vossa Senhoria agradeço a ajuda.
 Fiz o pedido a Sua Excelência, mas ele o recusou.
 Eu obedeço a Vossa Majestade.
4.º Depois de seguir todas essas regras, tenho medo, ainda, de você contar a alguém
que teve a oportunidade de dirigir a palavra “à” um juiz. Ora, assim não dá! Jamais
ocorre crase antes de artigos indefinidos: um, uma, uns, umas!
 Ele assistiu a um filme.
 O Daniel se referiu a uma aluna.
 Os estudantes se sujeitaram a uma grande pesquisa.
 Nós fomos a uma bela praia.
 Ele respondeu a um questionário.

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5.º Ainda assim, você continua a tentar entender o Português. Eu sei, não é fácil, não
mesmo! Mas meu objetivo é simplificá-lo ao máximo. Isso envolve que você evite
usar crase antes de verbos, já que a norma-padrão não aceita isso. Pode ser?
 Estaremos aqui a partir das 12h.
 A Damiane me incentivou a ser um bom profissional.
 O Patric não tem a ver com meu purismo!
 A Penha ajuda os alunos a escrever melhor.
 A Rosângela está a impressionar qualquer bom aluno.
6.º Você já sabe que a crase que promove o uso do acento grave é aquela que resulta
da junção de uma preposição com um artigo ou com um pronome, certo? Ora,
você diz que está “com de” problemas, ou que fala “de sobre” vários assuntos?
Não! Porque não se usam duas preposições seguidas, com o mesmo referente,
salvo raras exceções. Nessa mesma onda, não faz sentido falar perante “à” juíza,
ou ficar após “às” 14h, porque “perante” e “após” já são preposições! Eis a lei:
não ocorre crase após preposições (cuidado com o até: ele gera um caso especial).
É o caso destas: ante, após, contra, para, mediante, perante, segundo, conso-
ante e várias outras.
 Esteja aqui após as 7h.
 Realizaremos o projeto mediante a aprovação da coordenação.
 Os organizadores estão contra a realização do trabalho.
 Iremos para a casa da minha tia.
 Ante as provas apresentadas, tomaremos uma decisão.
7.º Bem, nomes masculinos não pedem o artigo a ou as, logo não faz sentido mandar
uma carta “à” Pedro, ou andar “à” cavalo. Portanto, não se usa acento grave
antes de palavras masculinas, a menos que haja uma feminina implícita (vere-
mos isso mais à frente). Você não pode mandar uma carta “à” menino, mas pode
mandá-la àquele menino. São coisas diferentes. No primeiro caso, você usou um
artigo feminino para um nome masculino, o que é terminantemente incorreto; já
no segundo, determinou o nome masculino com um pronome demonstrativo, e a
preposição contraiu com ele, coisa que pode ocorrer naturalmente, já que também
ocorre crase com aquele, aquela, aqueles, aquelas e aquilo.
 O rapaz falou a verdade a Pedro.
 Fomos à escola, a fim de estudar as matérias.
 Viemos ao colégio a pé.
 Fomos àquele colégio de carro.
 Pedro falou a verdade àquele rapaz.
8.º Você pode, sim, referir-se às pessoas, mas jamais “à” pessoas – assim elas ficarão
tristes, ao menos as que conhecem a norma. Eis o caso: nunca se usa acento grave
na sequência a + plural! Vai dizer que não é moleza?
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 Damos atenção a problemas diversos.


 Temos horror a doenças como essa.
 O vírus é nocivo, principalmente, a jovens.
 Seus olhos são sensíveis a raios do Sol.
 Você quer a meninos como ele?
9.º Outros pronomes rejeitam o artigo e, consequentemente, impedem a crase. É o
caso dos
(a) Interrogativos: que, quem, qual (e flexões) e quanto (e flexões).
 A que horas sairemos?
 A quem você deve pagar o dinheiro?
 Já sabe a qual escola você irá?
 Você sabe a quantas pessoas deve explicação.
(b) Demonstrativos que não começam por á: esse (e flexões), isso, este (e fle-
xões) e isto.
 Deve-se obedecer a essas pessoas.
 Não responda a isso!
 Eu me referia a essa problemática.
 Ele assistiu a este filme.
 O que o levou a isto?
(c) Relativos: que, quem, cujo, como, quando e onde.
 O rapaz a que me refiro é interessante.
 O grupo a que pertenço está distante.
 O garoto a quem falei apaixonou-me.
 O pesquisador a quem fiz alusão é superprestigiado!
10.º Jamais ouse falar com um bom professor de Português cara “à” cara, porque ele
lhe dará as costas! Isso porque não ocorre crase entre palavras repetidas que
formam locução. É o caso destas: face a face, cara a cara, lado a lado, dia a
dia, passo a passo, frente a frente e outras.
 Eles estavam cara a cara naquele momento.
 Os dois carros ficaram lado a lado na pista.
 O nosso dia a dia era um tanto ou quanto tranquilo.
 Fiquem frente a frente!
 Eles discutiam face a face.

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11.º Há algumas exceções ou observações que se devem fazer sobre todos os casos que
expomos acima.
(a) Como eu mesmo afirmei, pronomes indefinidos geralmente não pedem
artigo. Então, obviamente, alguns o pedem. É o caso destes: pouco (e fle-
xões), muito (e flexões), outro (e flexões) e vário (e flexões). O artigo
com esses pronomes não é obrigatório, mas aparecerá se estiverem deter-
minados. Se a eles se pode antepor um artigo, então os femininos (pouca,
poucas, muita, muitas, outra, outras, vária e várias) permitirão a crase
gramatical!
 Ele prestou auxílio às várias pessoas que havia ali.
 Já foi a algumas praias, agora vá às outras.
 Eu assisti às muitas séries que estavam disponíveis.
 O pesquisador se referia às poucas civilizações que se formaram ali.
 Eles pediam ajuda devido à pouca renda que tinham!
(b) Já o pronome demais exige o artigo sempre, e, quando esse for feminino
e houver a preposição “a”, a crase ocorrerá!
 Você já foi a uma loja, agora vá às demais!
 Responda primeiro à mensagem principal; depois, às demais.
(c) Poderá sim ocorrer a crase antes destes pronomes demonstrativos, mesmo
que não comecem pela letra á: mesma, mesmas, própria, próprias, tal e
tais.
 Ele sempre faz referência à mesma pessoa.
 A mensagem se refere à própria mensagem.
 Eu sou alérgico à tal fruta.
 Ele chega sempre às mesmas conclusões.
 O aluno responde às próprias perguntas.
(d) Tanto com os indefinidos quanto com os demonstrativos que aceitam ar-
tigo, a presença dele dependerá do sentido. Por exemplo, o artigo só apa-
recerá se ocorrer uma determinação. Note estas frases:
 Sempre viajo a outras cidades quando posso. [sentido genérico; o receptor
desconhece essas outras cidades]
 Sempre viajo às outras cidades quando posso. [sentido determinado; o re-
ceptor já sabe de que cidade se está falando]
(e) Antes dos pronomes relativos a qual e as quais, a crase é permitida, já
que esses pedem artigo.
 As turmas às quais pertenço estão lotadas.

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 A menina à qual escrevi a carta beijou-me ontem.


(f) Há diferença entre pronomes de tratamento e formas de tratamento. Pro-
nomes de tratamento não admitem a crase. Formas de tratamento a permi-
tem: senhora, senhorita, dona, dama, madame, doutora e outras.
 Já responderam à senhora?
 Fizeram alusão à madame no documento.
(g) Às vezes, um nome feminino pode aparecer em sentido genérico, não de-
terminado, e, assim, não pedir artigo. Sem artigo, não ocorre a crase.
 O trabalho não se referia a mulher, mas sim a qualquer sexo.
 A pesquisa fazia alusão a morador de rua.
(h) Note que os casos de palavras repetidas se referem somente às que formam
locução, ou seja, as que estão cristalizadas daquela forma. Darei alguns
exemplos de palavras repetidas que não formam locução e que, conse-
quentemente, permitem a crase.
 Seja luz à luz.
 Nunca peça paz à paz.
 Prefiro a sua luz à lua dos astros.

CASOS OBRIGATÓRIOS
Agora sim vamos aprender os casos em que se deve usar a crase. Na verdade,
esses casos não são numeráveis. Você usará o acento grave sempre que notar que houve
a fusão da preposição a com um dos artigos ou dos pronomes a ou as ou um dos pronomes
aquele, aquela, aqueles, aquelas ou aquilo. Se o a ficou sem acento grave, foi porque
faltou seja o artigo ou o pronome, seja a preposição. Representaremos isso pela seguinte
fórmula: (X+Y), sendo X a preposição, e Y o artigo ou o pronome (representarei pela
letra Ø o elemento que estiver em falta, ou seja, que não aparecer na construção). Por
exemplo:
 O pai levou o filho à escola.
(a+a)

Você deve, sobretudo, pensar em Gramática! Por que aquele à recebeu acento
grave? Vamos lá: se ocorreu a crase, é porque uma preposição e, no caso, um artigo se
contraíram, certo? Ótimo! Você deve encontrar a preposição e o artigo para ver se, de
fato, deveria ter havido a crase.
Primeiro, vamos checar o verbo levar. Como ele deve ser usado?
 Quem leva leva alguém a algum lugar.
(a+Ø)
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Voilá! Encontramos a preposição, primeiro elemento necessário à crase! Agora


temos de encontrar o artigo.
 A escola é muito bonita.
(Ø+a)

Aí está! O artigo determina o nome “escola”, já que ele é feminino.


Se temos a preposição e o artigo, basta fazer a crase! Que tal?
 O pai levou o filho a [algum lugar].
 O pai levou o filho a [a escola].
 O pai levou o filho a+a escola.
 O pai levou o filho à escola.
(a+a)

Perceba que, às vezes, colocamos os termos em outros contextos para descobrir


se realmente houve a preposição. Isso nos leva aos testes. Os bons estudiosos fazem, nos
casos em que é possível, alguns testes, para verificar se de fato deve haver a crase ali ou
não. Vamos ver o que podemos apreender daqui?

1.º Você está na sua redação, no seu texto, e viu um a, mas não sabe se ele merece ou
não o acento grave. Você pode fazer um teste simples que funciona para uma
grande gama de casos. Troque o nome feminino que vem à frente por um mas-
culino! Se o a, que antes havia, tornar-se ao, esse a merece o acento grave; se se
tornar o, não é digno do acento. Veja a síntese:

Veja, então este exemplo:


 Eu comprei __ moto ontem!
Suponhamos, então, que você não saiba se se deve usar a ou à na lacuna. E agora?
Bem, você sabe que a palavra “moto” é feminina. Basta, então, que você a troque por uma
masculina. Que tal “carro”?
 Eu comprei o carro ontem!
(Ø+o)

Isso prova que não existe nenhuma preposição a ali (caso contrário, a troca resul-
taria ao, e não o). Se não há preposição, não ocorre a crase. Simples! Então, o correto é
assim:
 Eu comprei a moto ontem!

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(Ø+a)

Quando eu troquei a palavra feminina por uma masculina, o antigo a virou o.


Sempre que isso ocorrer, a crase será proibida. Beleza? Vamos ao próximo exemplo.
 Eu pertenço __ equipe de handebol.
Novamente, você parece desapercebido: devo usar a ou à ali? Vamos fazer o
mesmo processo! Trocaremos o nome “equipe” por uma palavra masculina. Que tal
“time”?
 Eu pertenço ao time de handebol.
(a+o)

Note que, agora, essa troca resultou ao, e não mais o. Quando isso acontecer, a
crase será obrigatória. Portanto, a forma correta é esta:
 Eu pertenço à equipe de handebol.
(a+a)

Essa é a regra geral do uso obrigatório do uso do acento grave. Há alguns outros
casos, que fogem a esse teste genérico e que, por isso, merecem ser mencionados logo
aqui.
2.º Sempre que as locuções prepositivas “à moda de”, “à maneira de” ou “à maneira”
estiverem elípticas, ocorrerá acento grave. Este é um dos casos em que você po-
derá inserir um acento grave antes de uma palavra masculina.
 Ele escrevia à Machado de Assis.
Isso significa que ele escrevia à maneira de Machado de Assis, ou seja, que ele
escrevia como Assis escrevia.
 Adoro bife à milanesa!
Eu também! Isso significa que você gosta do bife à moda de Milão (uma metró-
pole italiana), ou seja, do bife como ele é feito em Milão.
(a) Daí, vemos nos cardápios afora bife “à” cavalo ou frango “à” passari-
nho. Ora, só é possível inferir as expressões “à moda de” nesses casos se
o cavalo tiver feito o bife, ou se o passarinho tiver feito o frango. Não é
possível que esses animais lancem moda, porque eles não cozinham! Tal-
vez no mundo da Peppa Pig, haja “bife à cavalo”. Lá se sabe... As formas
corretas são bife a cavalo e frango a passarinho!
3.º Nas locuções adjetivas, adverbiais, conjuntivas e prepositivas com núcleo femi-
nino (obviamente) e introduzidas pela preposição a (de novo, obviamente), usa-
se o acento grave por convenção, ou seja, por questões de clareza. Esse é um dos
casos em que a troca da palavra feminina pela masculina não vai funcionar; por
isso, exponho este caso aqui.

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Alguns exemplos
à vela, à lenha, à vista, à la carte, à queima-
Adjetivas
roupa, à venda, à mão armada...
à noite, à tarde, à meia-noite, àquela hora, à
Adverbiais direita, à esquerda, à vista, à beça, à toa, à von-
tade, à primeira vista, às avessas...
Conjuntivas à medida que, à proporção que
à custa de, à espera de, à procura de, à busca
Prepositivas
de, à mercê de, à base de, à semelhança de...

 Nos sairemos para comer à noite.


 Podem comer à vontade!
 Ele aprende à medida que estuda.
 O jovem vive à custa do pai.
 Aqui temos fogão à lenha.
 Na cidade, houve um assalto à mão armada.
(a) Antes de mais, sinto-me na obrigação de desmitificar alguns desses con-
ceitos. Primeiro: o correto é à custa de, e não “às custas de”, como a mai-
oria usa. Segundo: às vezes só receberá o acento no sentido de “de vez em
quando”. Em frases como “Ele faz as vezes de um professor”, não se deve
pôr o acento.
(b) As locuções que indicam meio ou instrumento (“Eu escrevo à caneta”, “A
roupa foi feita à máquina”) são polêmicas entre os gramáticos. Moderna-
mente, as bancas e, até mesmo, os manuais de redação têm trazido (e não
têm “trago”, pelo amor de Deus!) que o correto é sempre usar o acento,
mesmo que alguns gramáticos digam que não se deve usar nessas. Então,
use o acento! Mas deixo aqui apenas o recado. Vai que aparece na sua
prova...
(c) A locução a distância também é polêmica: há gramáticos que dizem que
se deve usar acento sempre, outros dizem que há casos especiais. Vamos
ao que interessa: como cai nas provas? É o seguinte: se a locução a dis-
tância aparecer sem especificador, não use o acento; se vier especificada,
use-o. Essa é a regra!
 Faço uma graduação a distância.
 Faço uma graduação à distância de um quilômetro.
 Você tem acesso às aulas a distância.
 Você tem acesso ás aulas à distância de um clique.

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(d) Acho que vale ressaltar que não se usa crase em “entrega ‘a’ domicílio”,
porque não conheço “nenhuma” domicílio. Você conhece? “domicílio” é
palavra masculina!
4.º Não me matem! Eu sei que eu disse que a crase antes de pronomes relativos (ex-
ceto a qual e as quais) é proibida, mas há um caso que você deve conhecer! Às
vezes pode aparecer um pronome demonstrativo a ou as antes do relativo que. Se
isso acontecer, eles poderão ser substituídos por aquela ou aquelas e, então, a
crase pode ocorrer normalmente – já que são demonstrativos que começam com
a letra a.
 Minha caneta é igual à que você está usando.
Por que ocorreu a crase. Bem, lembre-se de que sempre a crase gramatical precisa
de uma preposição a e de um artigo ou um pronome. Vamos ver se temos tudo?
A preposição é clara: o nome igual pede a preposição a. Basta trocar esse a por
um nome masculino.
 Meu lápis é igual ao que você está usando.
E o pronome. Pois é...Nesse caso, o a, contraído com a preposição, é um pronome
demonstrativo. Você pode provar isso, trocando-o por aquela.
 Minha caneta é igual àquela que você está usando.
Beleza, Betinho, mas por que, então, a crase é proibida antes de pronomes rela-
tivos? Bem, quando a preposição se refere ao próprio relativo que, não ocorrerá a crase.
Note que, no caso que expus, a preposição estava se referindo ao pronome a, e não ao
relativo que. Se ela estiver referindo-se ao relativo, a crase será proibida. Vamos ver?
 A equipe a que pertenço está vencendo os jogos.
Será que o aquela cabe nesse caso?
 *A equipe “aquela” que eu pertenço está vencendo os jogos.
Não, né? Fica esquisito...E se eu trocar “equipe” por um nome masculino?
 O time a que eu pertenço está vencendo os jogos.
Não mudou nada. Isso indica que esse a é apenas uma preposição, sem artigo ou
pronome. Já sabemos: sem artigo ou pronome, sem crase! Entendeu a diferença?
Qual é a regra então? É a seguinte: se houver um substantivo em elipse, troque-o
por um masculino, para verificar se ocorre a crase. Note o primeiro exemplo:
 Minha caneta é igual à que você está usando.
Você deve perceber que existe um substantivo elíptico aí, que retoma o que apa-
receu ao começo do período. Veja só:
 Minha caneta é igual à [caneta] que você está usando.
Então, a crase ocorreu devido a esse termo em elipse, e não ao pronome relativo,
você entende? Então, se você trocar esse substantivos (nos dois casos!) por um masculino,
aparecerá o ao, e, consequentemente, isso denunciará a crase.
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 Meu lápis é igual ao [lápis] que você está usando.


No segundo caso que eu apresentei, não havia substantivo elíptico.
 A equipe a que eu pertenço está vencendo os jogos.
Assim, para finalizar, se houver um substantivo elíptico antes do relativo, analise
o que ocorre com ele, e não com o relativo. Veja se ele pede artigo e se ele se funde com
alguma preposição. Caso não haja nenhum elemento elíptico entre a preposição e o rela-
tivo, aí sim, realmente não ocorrerá a crase.

CASOS FACULTATIVOS
Agora sim está na hora do “tanto faz”! Aqui, você aprenderá casos em que a perda
do acento não acarreta prejuízo sintático-semântico. É aqui que os estudantes se amarram!
Bem, vamos aos casos:
1.º “Betinho, eu envio uma carta à minha professora ou a minha professora?” Ora
você quem sabe! É tudo a mesma coisa! Antes de pronomes possessivos adjetivos
femininos (obviamente), o artigo é facultativo e, consequentemente, a crase tam-
bém: minha, minhas, tua, tuas, sua, suas, nossa, nossas, vossa e vossas.
 Envio uma carta a/à minha professora.
(a+Ø)/(a+a)

 Agradeço tudo a/à minha família.


(a+Ø)/(a+a)

 Você já chegou a/à sua escola?


(a+Ø)/(a+a)

 Sim, mamãe, já vim a/à minha escola.


(a+Ø)/(a+a)

 Sou sensível a/à sua lágrima.


(a+Ø)/(a+a)

(a) Quando esses pronomes estão no plural, os alunos se “embananam” todos,


porque aí aparece quem escreva assim:
 Sou sensível “as” suas lágrimas.
(Ø+as)

Ora, aonde foi a preposição que o nome “sensível” pede? O aluno pensou que o
acento grave fosse facultativo. Não, aluninho...O artigo é facultativo. Então, entenda a
ideia:
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 Quem é sensível é sensível a algo.


 Sou sensível a [algo]
 Sou sensível a [(a) sua lágrima]
Este é o momento! Você notou que eu escrevi “(a) sua lágrima”? Foi porque o
pronome “sua” faculta o artigo, ou seja, aquele “a” que acompanha o termo pode ser
usado ou não, sem alterar o sentido. Agora, você está vendo aquele “a” logo após o nome
“sensível” (sensível a)? Esse “a” não é facultativo, porque o pronome possessivo só fa-
culta o artigo, mas não a preposição! Entenda isso. Daí, se você usa o artigo:
 Sou sensível à sua lágrima.
(a+a)

Se você não o usa:


 Sou sensível a sua lágrima.
(a+Ø)

Mas, de todo modo, a preposição sempre estará lá. Beleza? Vamos aplicar a
mesma ideia com o pronome no plural?
 Sou sensível a [algo].
 Sou sensível a [(as) suas lágrimas].
Paremos de novo! Aqui, você pode usar o artigo as ou não; ele é facultativo. A
preposição a NÃO é facultativa; ela terá de estar lá de qualquer jeito. Se você usar o
artigo:
 Sou sensível às suas lágrimas.
(a+as)

Se você não o usar:


 Sou sensível a suas lágrimas.
(a+Ø)

Essas são as únicas formas corretas! “Sou sensível ‘as’ suas lágrimas” está errado!
Tenha atenção a isso.
(b) Conclusão deste caso: quando o pronome possessivo está no plural, o
acento indicador de crase é obrigatório, mas a crase (a fusão) não. Beleza?
(c) Se o pronome possessivo for um pronome substantivo (ou seja, que apa-
rece sozinho, sem acompanhar um substantivo), o artigo será obrigatório
(e a crase também).
 Minha caneta é igual às suas.
(a+as)

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 Não me referi a/à sua família, mas sim à minha.


(a+Ø)/(a+a) (a+a)

2.º “Betinho, devo ir até a escola ou até à escola?” Você vai aonde quiser! Após a
preposição até, o acento grave é facultativo, desde que se reja a preposição a.
 Ficarei aqui até as/às 22h.
(Ø+as)/(a+as)

 Ele foi até a/à praça e voltou.


(Ø+a)/(a+a)

 Ele queria vê-la até a/à hora de ir.


(Ø+a)/(a+a)

3.º “Betinho, eu gosto muito de uma garota da minha escola...Você acha que eu devo
escrever uma carta a Juliana?” Eu já fiz isso enquanto estudava na escola e deu
errado. Fica a dica! O fato é que, antes de nomes próprios femininos, o acento
grave é facultativo. Geralmente, usa-se o artigo (e o acento grave) para indicar
proximidade com a pessoa, e dispensa-se ele (e o acento grave) para indicar dis-
tanciamento.
 Não escreva uma carta a/à Juliana.
(a+Ø)/(a+a)

 Devo meu amor a/à Mariana.


(a+Ø)/(a+a)

 Eu respondi a/à Rafaela.


(a+Ø)/(a+a)

(a) Detalhe: jamais se usa artigo (e acento grave) antes de pessoas famosas,
eminentes.
 Eu vou assistir a Anitta no “show”!
(a+Ø)

 Tive a oportunidade de falar a Fátima Bernardes.


(a+Ø)

 Quero responder a Marília Mendonça.


(a+Ø)

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CASOS ESPECIAIS
Aqui, falaremos de alguns outros casos particulares do uso do acento grave. Aten-
tem-se neles!
1.º “Betinho, você viria comigo ‘à’ casa, para conversarmos?” Dependendo de quem
for, um ou outro errinho de Português desaparece com duas taças de vinho. A
questão é que a palavra “casa”, quando se refere ao lar de quem emitiu a mensa-
gem, rejeita o artigo e, consequentemente, inibe a crase. Então, convide-me, es-
crevendo “venha a casa”. Eu até pensaria melhor na possibilidade...
 Vamos a casa?
(a+Ø)

 Já cheguei a casa.
(a+Ø)

 Levei meu filho a casa.


(a+Ø)

(a) Se a palavra estiver especificada, usa-se o artigo.


 Vamos à casa do Rafael.
(a+a)

 Já cheguei à casa de minha avó.


(a+a)

 Levei meu filho à casa do amiguinho.


(a+a)

(b) Se a palavra “casa” não se referir ao lar do emissor da mensagem, ocorrerá


crase naturalmente.
 Já muito apegado à casa.
(a+a)

 O corretor foi à casa, para avaliá-la.


(a+a)

Saiba um pouco mais sobre a regra! Quando você chega à sua casa, após uma longa
jornada de trabalho, você fala assim: “Finalmente, eu estou em casa!”. Percebeu? Você
está em casa, e não “na” casa. Quando você diz que está na casa, automaticamente
quem o ouve pergunta “Na casa de quem?”. Então, a palavra “casa”, nesse sentido,
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realmente rejeita o artigo; tanto o é que ele não aparece em outras construções. Fique
atento!

2.º “Betinho, no ‘mundo dos navios’, eu posso retornar ‘à’ terra?” Se quiser ser um
bom cronista, terá de estudar mais! A palavra “terra” assemelha-se a “casa” nesse
sentido: quando se opuser a “bordo”, rejeitará o artigo.
 O navegador retornou a terra.
(a+Ø)

 Os marinheiros já chegaram a terra.


(a+Ø)

(a) Analogamente, se houver especificador, ocorre a crase normalmente.


 O navegador retornou à terra natal.
(a+a)

 Ele já chegou à terra americana.


(a+a)

(b) E, é claro, se não se opuser a bordo, a palavra “terra” permitirá a crase


normalmente.
 Os astronautas já retornaram à Terra.
(a+a)

 O agricultor tinha apego à terra.


(a+a)

3.º “Betinho, venha à nossa loja! Ela fica aberta ‘de 8h às 18h’.” É por isso que eu
não saio de casa... Na correlação “de...a”, você tem duas opções: ou usa artigo nos
dois, ou não usa em nenhum.
 O serviço demorará de 2h a 3h para ser concluído.
(de+Ø)(a+Ø)

 A loja está aberta das 8h às 18h.


(de+as)(a+as)

 Trabalhamos da segunda à sexta.


(de+a) (a+a)

 Ele ficou molhado dos pés à cabeça.


(de+os) (a+a)

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(a) Vale ressaltar que, se você quiser falar de horas exatas – ou seja, marcadas
no relógio –, os artigos são obrigatórios! Portanto, não se pode usar “A
loja está aberta de 8h a 18h”. Essa construção está correta, mas tem outro
significado, completamente diferente: assim, dá a entender que a loja fica
aberta por um período de tempo que pode ser de 8h, de 9h ou, no máximo,
de 18h.
(b) A preposição “de” (e o elemento com que ele contrai) pode aparecer
omissa na correlação. Então, está correto escrever assim: 8h às 18h.
4.º “Betinho, eu vou ‘a’ Argentina ou à Argentina!” Se quiser ir à Argentina, faça
uma boa viagem! Com topônimos – nomes de lugar – a história é outra. Você
deverá testar o nome em outra construção. É o que os professores chamam de se
você volta da, então vai à; porém, se volta de, vai a. Veja o quadro:

Eis a questão! Você deverá verificar se o nome permite o artigo ou não. Veja os
exemplos.
 Volto da Argentina, logo vou à Argentina.
(de+a) (a+a)

 Volto do Brasil, logo chego ao Brasil.


(de+o) (a+o)

 Volto de Roma, logo o levo a Roma.


(de+Ø) (a+Ø)

 Volto de Ipanema, logo vou a Ipanema.


(de+Ø) (a+Ø)

 Volto da China, logo vou à China.


(de+a) (a+a)

 Volto dos Estados Unidos, logo vou aos Estados Unidos.


(de+os) (a+os)

(a) Se o topônimo que não pede artigo vier especificado, ele passará a pedi-
lo.
 Nós fomos à bela Roma.
(a+a)

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(b) Alguns nomes facultam o artigo, tornando a crase facultativa: Europa,


Ásia, África, França, Espanha, Inglaterra, Holanda, Escócia...
 Vou a/à Europa.
(a+Ø)/(a+a)

 Chegamos a/à Inglaterra.


(a+Ø)/(a+a)

DETALHES ADICIONAIS
1.º Betinho, se a crase antes de possessivos adjetivos é facultativa, eu posso ir da
escola à minha casa ou da escola a minha casa, certo? Errado! Eis a questão: o
artigo antes desses pronomes é facultativo, mas ele não pode romper outras regras.
Nesse caso, existe a correlação de...a. Se você usou artigo em “escola”, deve usá-
lo em “minha casa” do mesmo jeito! A forma correta é esta: Eu posso ir da escola
à minha casa¸ somente.
2.º Betinho, o que devo fazer se houver dois casos facultativos dentro da mesma
frase? Você deve tomar bastante cuidado com a ambiguidade! Analise a frase
abaixo.
 A Mariana a sua filha se referiu.
Quem se referiu a quem? Note que o verbo referir-se pede a preposição a, porém
o nome Mariana e o possessivo “sua” facultam o artigo. Então, pode haver duas interpre-
tações possíveis para a frase apresentada:
 A Mariana a sua filha se referiu.
(Ø+a) (a+Ø)

Assim, a preposição está em “A Mariana”, então o sujeito é “a sua filha”, e “A


Mariana” é objeto indireto.
 A Mariana a sua filha se referiu.
(a+Ø) (Ø+a)

Assim, a preposição está em “a sua filha”, então o sujeito é “A Mariana”, e “a sua


filha” é objeto indireto.
Como se pode evitar essa ambiguidade? Bem, você tem duas opções. A primeira
delas é remover o artigo do termo que você quer que seja o sujeito. Note: se eu quero
que “A Mariana” seja o sujeito, tiro o “A”. Veja:
 Mariana a sua filha se referiu.
(Ø+Ø) (Ø+a)

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Se você quiser que “a sua filha” seja o sujeito, tire o “a”. Veja:
 A Mariana sua filha se referiu.
(Ø+a) (Ø+Ø)

Se você tira o artigo do termo que você não quer que seja o sujeito, você garante
que a preposição seja o único “a” que restou. É óbvio! A preposição que o verbo pediu
tem que ter ido a algum lugar, e esse é o único “a” que há nos termos. Então, você evita
a ambiguidade assim.
A segunda opção que você tem é mantes os ás, mas crasear aquele que você não
quer que seja o sujeito. Note, se eu quero que “A Mariana” seja o sujeito, usarei acento
grave em “a sua filha”. Veja:
 A Mariana à sua filha se referiu.
(Ø+a) (a+a)

Se você quiser que “a sua filha” seja o sujeito, use acento em “A Mariana”. Veja:
 À Mariana a sua filha se referiu.
(a+a) (Ø+a)

Assim, há dois às, mas fica claro que a preposição foi aonde há o acento grave.
Como não se usa preposição em sujeito, ele será o que não tiver o acento grave. Vale
ressaltar que esta frase está equivocada:
 Mariana sua filha se referiu.
Porque, se você a redige assim, simplesmente sumiu com a preposição regida pelo
verbo, num passe de mágica. A gramática não gosta muito de mágicas...
3.º Betinho, conheci um homem que foi morto pela falta de comida. Significa que
mataram a fome ou mataram à fome? Aí está uma bela implicação do acento
grave: às vezes, ele pode modificar a semântica da sentença. Vamos à ideia: “ma-
tar a fome” significa acabar com a fome, ou seja, não estar mais com fome.
Quando você come, está matando a fome. Quando você deixa alguém enjaulado,
sem comida, essa pessoa será morta à fome, ou seja, a fome foi o meio que você
usou para matá-la. Conclusão: sem acento, “a fome” é objeto direto, não recebe
preposição; com acento, “à fome” é uma locução adverbial de meio, daí se justi-
fica seu acento.
(a) A noite chegou ou à noite chegou? Há diferença. Em “chegou a noite”,
tem-se a ideia de que acabou de anoitecer, ou seja, a noite está vindo, está
chegando. Quando a noite chega, a tarde se vai. Se você me disser que “à
noite chegou”, eu imediatamente lhe perguntaria “Quem?”. Note, por
exemplo, que eu posso chegar à noite; isso significa que eu cheguei du-
rante algum momento da noite. Então, sem acento, “a noite” é sujeito; com
ele, “à noite” é uma locução adverbial de tempo.

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(b) Betinho, eu faço adoro desenhar a caneta! Nossa, que triste...De tantos
desenhos que você poderia gostar de fazer, você gosta de fazer desenhos
de canetas? É, bem monótono. A questão é que “desenhar a caneta” signi-
fica que você fará o desenho de uma caneta; “desenhar à caneta” significa
fazer um desenho, usando a caneta. Portanto, você pode gostar mais de
desenhar à caneta, em vez de desenhar a lápis. Excelente! Do mesmo
modo, você pode gostar mais de desenhar a caneta, em vez de desenhar
um carro, um rosto ou uma paisagem. Ótimo! Sem acento, temos um ob-
jeto direto; com ele, temos uma locução adverbial de instrumento.
(c) Betinho, quando faço uma compra em uma única vez, sem parcelar, sig-
nifica que eu comprei a vista ou à vista? Bem, tenho pena tão somente de
quem daria suas vistas para a venda. Você certamente fez uma compra à
vista, a menos que tenha comprado olhos. Sem acento, temos um objeto
direto; com ele, temos um adjunto adverbial de modo.
(d) Para concluir: às vezes, a remoção do acento grave não torna a frase in-
correta, mas altera-lhe bastante o sentido.

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QUADRO RESUMITIVO
Caso Regra
Se a troca resultar ao, ocorrerá a crase; se resultar o, não ocorrerá a
Trocar palavra feminina por masculina
crase.
Obrigatório

Será o único caso em que poderá ocorrer crase antes de palavras mas-
“à moda de”, “à maneira (de)” em elipse culinas.
Não vale para bife a cavalo nem para frango a passarinho.
Locuções adjetivas, adverbiais, conjunti- Sempre recebem acento grave, exceto a distância.
vas e prepositivas com núcleo feminino e
introduzidas pela preposição a a distância só recebe crase se estiver especificada.
Pronomes pessoais, pronomes de tratamento, pronomes interrogati-
vos, pronomes relativos (exceto a qual e as quais), pronomes indefi-
Algumas classes impedem que antes delas nidos (exceto pouca, poucas, muita, muitas, outra, outras, vária e
ocorra crase, porque não pedem artigo. várias), pronomes demonstrativos não começados pela letra a (ex-
ceto mesma, mesmas, própria, próprias, tal e tais), artigos indefi-
nidos e verbos.
Proibitivos

Na sequência a+plural
Locuções formadas por palavras repetidas A crase é terminantemente proibida nesses casos.
Após outra preposição, exceto até

Os pronomes excepcionais: pouca, pou- A crase dependerá da determinação desses elementos, ou seja, ocor-
cas, muita, muitas, outra, outras, vária, rerá se esses estiverem determinados no contexto.
várias, mesma, mesmas, própria, pró-
prias, tal e tais. A crase com a qual e as quais é obrigatória, já que esses pronomes
sempre vêm com artigo.
Antes de pronomes possessivos adjetivos
A crase é sempre facultativa, mas, no plural, o acento é obrigatório.
femininos
Facultativos

Após a preposição até A crase é facultativa, desde que a preposição a seja regida.
A crase é facultativa, mas não deve ocorrer caso esse nome seja de
Antes de nomes próprios femininos
uma pessoa eminente, famosa.
Quando há mais de um desses casos na
Tenha cuidado para que não haja ambiguidade no período.
mesma oração
Em referência ao lar do emissor da mensagem, só permitirá a crase se
As palavras casa estiver especificada.
Se não se referir ao lar do emissor, ocorrerá a crase normalmente.
Em oposição a bordo, só permitirá a crase se estiver especificada.
A palavra terra
Especiais

Se não se opuser a bordo, permitirá a crase normalmente.


Ou usa artigo nos dois, ou não usa em nenhum.
Correlação de...a
Com horas exatas, usa-se o artigo sempre.
Se volta de, vai a
Se volta do, vai ao
Com topônimos (nomes de lugar) Se volta da, vai à
Alguns nomes tornam facultativa a crase: Europa, Ásia, África,
França, Espanha, Inglaterra, Holanda, Escócia...

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