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Rio Claro
2018
Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho
Orientador
2018
517.36 Bergamo, José Vinícius Zapte
B493t Teoria de funções elípticas e aplicações em soluções de
sistemas periódicos em mecânica / José Vinícius Zapte
Bergamo. - Rio Claro, 2018
100 f. : il.
Orientador
IGCE - UNESP
Agradeço a Deus pelo dom da vida e pela força concedida ao longo desta caminhada.
Agradeço aos meus pais, Luiz e Rosa, pelo apoio incondicional e pelo incentivo, sobretudo
Daniel e Elígio, com os quais tive o prazer de compartilhar árduas horas de estudo e grandes
experiências.
Agradeço ao professor Nelson pela orientação dedicada e pela paciência ao longo de todo
este tempo.
pelo acolhimento.
Por que nele vivemos, nos movemos e existimos.
Atos 17:28-30
Resumo
É bem conhecido que em Mecânica Analítica muitos problemas integráveis não tem pri-
mitivas escritas em forma de funções elementares, tais como: corpo rígido assimétrico em
rotação livre; pêndulo esférico, entre outros. O uso de funções elípticas faz-se necessário
para se buscar soluções analíticas desses problemas. Neste trabalho, faremos primeiramente
uma revisão da teoria dessas funções adotando como referência alguns textos clássicos. Feito
pião simétrico. Por m, com as integrais desses problemas em mãos, iremos determinar suas
It is well known that in Analytical Mechanics many simple integrable problems cannot be
written in terms of elementary functions, such as: rigid asymmetrical body in free rotation,
spherical pendulum, among others. The use of elliptic functions becomes necessary in order
to obtain analytical solutions of these problems. In this work, we present a review of the
theory of these functions accordingly to some classical texts. In the sequence, we study
two problems of mechanics: the simple pendulum and the symmetrical top. Finally, we
will determine the solutions to these problems using of the Jacobi and Weierstrass elliptic
functions.
2.1 Gráco de F (φ, k), integral elíptica de primeira espécie, para m = 0.5 (ver-
2.3 Gráco de E(φ, k), integral elíptica de segunda espécie, para m = 0.5 (ver-
4.2 Ilustração das posições de equilíbrio do pêndulo. (a) Pêndulo em sua posição
4.4 Gráco da solução θ dada em (4.6) e (4.31) para θ0 = 0.9π (a) e θ0 = 2π/3 (b). 53
4.5 Gráco da solução θ dada em (4.6) e (4.31) para θ0 = π/3 (c) e θ0 = π/6 (d). 54
1 Introdução 19
3 Função ℘ de Weierstrass 33
3.1 Funções Duplamente Periódicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
4 Aplicações em Mecânica 45
4.1 O Pêndulo Simples . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
5 Conclusão 73
Referências 75
18
B Funções Analíticas em C 83
B.1 Noções Preliminares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83
C Ângulos de Euler 89
C.1 Ângulos de Euler . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89
D Comandos do Mathematica 95
D.1 Pêndulo com v0 = 0 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95
INTRODUÇÃO
Sistemas integráveis sem solução analítica em termos de funções elementares são abun-
exemplo de problema integrável cuja solução não pode ser expressa em termos de funções
As funções elípticas teve como um dos seus precursores Adrien Marie Legendre (1752-
1833), que durante vários anos publicou artigos e livros sobre integrais elípticas. Legendre
Z
F (x)
p dx, (1.1)
R(x)
onde F (x) é uma função racional e R(x) representa um polinômio de terceiro ou quarto grau
em x, podemos obter as três formas de integrais elípticas, a saber: a integral elíptica de
primeira espécie
Z x
dt
F (x, k) = p , 0 < k 2 < 1, (1.2)
0 (1 − k 2 t2 )(1 − t2 )
19
20 Introdução
Exercises Du Calcul Intégral, que reúne propriedades básicas e tabelas das integrais elípticas.
Apesar de suas notáveis contribuições, foram os trabalhos de Niels Hanrik Abel (1802-
1829) e Carl Gustav Jakob Jacobi (1804-1851) que ganharam notoriedade. Além de conside-
rar as funções inversas das integrais elípticas, as quais chamamos hoje de funções elípticas,
Abel publicou uma teoria das funções elípticas estabelecendo uma analogia com a teoria das
funções trigonométricas. Já Jacobi foi responsável por introduzir a função seno da amplitude
de u (atualmente, adotamos a notação snu) e foi quem provou a dupla periodicidade das
funções elípticas.
da teoria das funções elípticas, que durante o século XIX, se constituiu numa das áreas de
pesquisa mais importantes da matemática, e que, ainda hoje, continua tendo a sua relevância
no ramo das ciências exatas. Por isso, nos propomos a fazer uma exposição da teoria dessas
funções, cando, portanto, nosso trabalho organizado da forma como descrevemos a seguir:
de [2], [9] e [12]. Iniciamos o capítulo com a denição das integrais elípticas, que são obtidas
Z
F (x)
p dx, (1.5)
R(x)
Feita esta introdução, denimos as funções elípticas de Jacobi sn(u), cn(u) e dn(u). A
isso, fazemos um estudo sobre funções em C, adotando [11] como nossa principal referência.
21
de suas propriedades, dando ênfase aos resultados que consideramos indispensáveis para a
primeiro caso, fazemos um estudo da solução do pêndulo quando sua velocidade inicial é
igual a zero e também quando é diferente de zero, com base em [5] e [13], respectivamente.
Ressaltamos que soluções para este problema podem ser encontradas em outros textos (e. g.
[2], [8] e [15]). Em seguida, nos dedicamos ao estudo das equações de movimento do pião, que
são formuladas com o auxílio dos chamados Ângulos de Euler, cuja denição é apresentada
Para o desenvolvimento da seção 2.1, usamos [9]. Outros materiais também foram utili-
Considere a integral
Z
F (x)
p dx, (2.1)
R(x)
onde F (x) é uma função racional e R(x) representa um polinômio de terceiro ou quarto
grau em x. Legendre vericou que integrais do tipo (2.1) não podem ser reduzidas a formas
normais conhecidas [4]. Porém, seu trabalho na redução de (2.1) originou três novas formas
de integrais.
Neste trabalho, não nos preocuparemos em expor o método que leva a tal redução. Nosso
intuito é apenas denir as integrais elípticas de primeira, segunda e terceira espécie, o que
faremos a seguir.
23
24 Funções Elípticas de Jacobi
Z φ
dθ
F (φ, k) = √ . (2.3)
0 1 − k 2 sen2 θ
Quando φ= π
2
, e consequentemente x = 1 (pois x = sen φ), obtemos a integral elíptica
completa de primeira espécie em sua forma trigonométrica e algébrica, respectivamente,
as quais são dadas por:
Z π
2 dθ
K(k) = p , (2.4)
0 (1 − k 2 sen2 θ)
e
Z 1
dt
K(k) = p . (2.5)
0 (1 − k 2 t2 )(1 − t2 )
Os grácos de F (φ, k) e K(k), exibidos nas Figuras (2.1) e (2.2), foram gerados no
software Mathematica, onde os grácos das integrais elípticas são implementados com o
uso do parâmetro m = k2. Por isso, indicamos os valores de m ao invés dos valores de k
explicitamente (adotamos o mesmo critério para gerar os grácos das Figuras (2.3) e (2.4)).
Em seu livro (ver [9], p. 17 − 21), Hancock também apresenta os grácos das integrais
Figura 2.1: Gráco de F (φ, k), integral elíptica de primeira espécie, para m = 0.5 (vermelho),
m = 0.6 (azul), m = 0.7 (verde) e m = 0.8 (marrom).
Assim como foi feito para a integral elíptica de primeira espécie, também podemos escre-
ver a integral (2.6) em sua forma trigonométrica a partir da mudança de variável t = sen θ
Z φ √
E(φ, k) = 1 − k 2 sen2 θdθ. (2.7)
0
s
1
1 − k 2 t2
Z
E(k) = dt, (2.8)
0 1 − t2
e
π
Z
2 √
E(k) = 1 − k 2 sen2 θdθ, (2.9)
0
respectivamente.
Os grácos de E(φ, k) e E(k) são exibidos nas Figuras (2.3) e (2.4), respectivamente.
Z φ
dθ
Π(φ, n, k) = √ . (2.11)
0 (1 − n sen2 θ) 1 − k 2 sen2 θ
Integrais Elípticas 27
Figura 2.3: Gráco de E(φ, k), integral elíptica de segunda espécie, para m = 0.5 (vermelho),
m = 0.6 (azul), m = 0.7 (verde) e m = 0.8 (marrom).
Z 1
dt
Π(n, k) = p , (2.12)
0 (1 − nt2 ) (1 − t2 )(1 − k 2 t2 )
e
Z π
2 dθ
Π(n, k) = √ , (2.13)
0 (1 − n sen2 θ) 1 − k 2 sen2 θ
respectivamente.
Neste trabalho, dedicaremos uma atenção maior a integral elíptica de primeira espécie,
a partir da qual deniremos as funções elípticas de Jacobi que serão usadas nas soluções do
Para o desenvolvimento desta seção, adotamos como referência principal [2] e também
Z x Z φ
dt dθ
u= p = p , t = sen θ. (2.14)
0 (1 − k 2 t)(1 − t2 ) 0 (1 − k 2 sen2 θ)
As funções elípticas de Jacobi são denidas a partir da equação (2.14). Tal equação
dene u como função de x, ou seja, u = f (x), com x variando entre - 1 e 1. De fato, para
p
t ∈ (−1, 1), a expressão (1 − k 2 t)(1 − t2 ) é um número real positivo e, portanto, u está
Rx dt
x 7−→ 0
p
(1 − k 2 t)(1 − t2 )
Podemos, ainda, a partir de
Z φ
dθ
u= p ,
0 (1 − k 2 sen2 θ)
Rφ dθ
φ 7−→ 0
p
(1 − k 2 sen2 θ)
em 1829
1 [2] por
φ = am(u).
Portanto, do fato de
1
u0 = p > 0, ∀x ∈ (−1, 1),
(1 − k x)(1 − x2 )
2
Neste caso, x varia de −1 a 1 , enquanto u varia de −K(k) a K(k). A esta função estão
∆φ = ∆am(u). (2.17)
x = sn(u)
(1 − x2 )1/2 = cn(u) (2.18)
(1 − k 2 x2 )1/2 = dn(u)
De (2.14), u=0 quando x=0 e u=K quando x = 1, como visto em (2.5). Temos,
K 1 0 k0
dn(u, k). Alguns textos, como [2], escrevem alternativamente sn(u, m), cn(u, m) e dn(u, m),
onde m = k2.
CAPÍTULO 3
FUNÇÃO ℘ DE WEIERSTRASS
algumas propriedades das funções duplamente periódicas, tendo como apoio teórico [11],
que, neste capítulo, será nossa principal referência. Um estudo preliminar das funções em C
é feito no Apêndice B.
Nesta seção, pretendemos estudar algumas propriedades das funções duplamemte pe-
Weierstrass.
Denição 3.1. Seja f uma função meromorfa em C, com conjunto de polos Γ. Dizemos
que T é um período de f se para todo z ∈ C − Γ temos z + T ∈ C − Γ e f (z + T ) = f (z).
O conjunto de todos os períodos de f é denotado por Per(f ).
33
34 Função ℘ de Weierstrass
com λ1 , λ2 6= 0 e λ2 /λ1 ∈
/ R. Uma função meromorfa e duplamente periódica recebe o nome
de função elíptica
Como {λ1 , λ2 } é uma base de C como espaço vetorial sobre R, segue que a representação
todo o plano complexo, então f é constante. Antes, apresentamos um Lema que nos auxiliará
nesta demonstração.
z − mλ1 − nλ2 ∈ Q.
Demonstração:
Como {λ1 , λ2 } é uma base do espaço vetorial C sobre R, podemos escrever qualquer elemento
de C como combinação linear de λ1 e λ2 , em particular
⇒ z − mλ1 − nλ2 = z0 + λ1 (s − m) + λ2 (t − n) ∈ Q
Do Lema 3.1, podemos concluir que uma função duplamente periódica tem todos os seus
Teorema 3.1.1. Se uma função inteira possui dois períodos linearmente independentes, ou
Demonstração:
Se f for uma função inteira, podemos tomar Q = Q(0; λ1 , λ2 ) e, pelo Lema 3.1 que acabamos
de demonstrar, para todo z ∈ C, exitem m, n ∈ Z tais que z − mλ1 − nλ2 ∈ Q. Como
f (z) = f (z − mλ1 − nλ2 ), segue que f (C) = f (Q). Uma fez que f (Q) é compacto, temos
que f assume valor máximo e mínimo, ou seja, f é limitada. Portanto, pelo teorema de
Liouville ,
4 f é constante.
À luz deste resultado, vamos considerar apenas funções duplamente periódicas que te-
nham polos. Este é o caso das funções elípticas, que são meromorfas e que, portanto, possuem
um conjunto discreto de polos. Na próxima seção, mostraremos que o conjunto de tais fun-
Demonstração:
Sem perda de generalidade, suponhamos Q = Q(0; λ1 , λ2 ). Tomemos agora a parametrização
com γ1 (t) = tλ1 , γ2 (t) = λ1 + tλ2 , γ3 (t) = λ2 + γ1 (t) e γ4 (t) = −λ1 + γ2 (t); 0 ≤ t ≤ 1.
Como
Z Z Z Z Z
f (z)dz = f (z)dz + f (z)dz − f (z)dz − f (z)dz,
∂Q γ1 γ2 γ3 γ4
basta mostrarmos que as intregrais acima se cancelam duas a duas e entao teremos o resultado
R R1 0
γ3
f (z)dz = 0
f (λ2 + γ1 (t))γ1 (t)dt
R1 0 R
= 0
f (γ1 (t))γ1 (t)dt = γ1
f (z)dz,
onde na penúltima igualdade usamos o fato de f (z + λ2 ) = f (z), pois λ2 ∈ Per(f ). Por um
R R1 0
γ4
f (z)dz = 0
f (−λ2 + γ2 (t))γ2 (t)dt
R1 0 R
= 0
f (γ2 (t))γ2 (t)dt = γ2
f (z)dz,
e, portanto,
Z
f (z)dz = 0
∂Q
.
5
Deste resultado e do Teorema dos Resíduos , segue que a soma dos resíduos nos polos de
uma função elíptica em um paralelogramo fundamental é igual a zero. Este fato nos auxiliará
N (a, Q, f ) = N (b, Q, f )
Demonstração:
Seja z0 ∈ C um polo simples de f e suponhamos que z seja o único polo de f em Q. Logo,
então a ordem de z0 é igual ou maior que 2. De qualquer modo, grau(f ) ≥ 2, o que conclui
a demonstração.
Até o momento, apenas discutimos algumas propriedades gerais das funções elípticas.
Nosso objetivo no próximo parágrafo é mostrar que o conjunto de tais funções é não vazio
1 X 1 1
℘(z) = 2 + − , (3.1)
z ω∈Ω∗
(z − ω)2 ω 2
1 X 1 1
℘(z) = 2 + − , (3.2)
z m,n∈Z
(z − (nλ1 + mλ2 ))2 (nλ1 + mλ2 )2
Kn = {sλ1 + tλ2 ; s, t ∈[ − n, n ], n ∈ Z} .
X 1 1
− ,
ω∈Ωn
(z − ω)2 ω 2
1 1 ω 2 − (z − ω)2
2
− 2 =
(z − ω) ω ω 2 (z − ω)2
|z| |2 − z/ω|
= .
|ω 3 | |1 − z/ω|2
Assim,
|2 − z/ω| 1 1 10R
≤ 10 e − 2 ≤ ,
|1 − z/ω|2 (z − ω)2 ω |ω|3
onde R = max {|nλ1 + nλ2 | , |nλ1 − nλ2 |}. Devemos provar então que a série
X 1
,
ω∈Ω∗
|ω|3
∞
!
X 1 X X 1
= ,
ω∈Ω∗
|ω|3 n=1 ω∈Cn
|ω|3
A função ℘ de Weierstrass 39
S∞
pois Ω∗ = n=1 Cn e Cm ∩ Cn .
Considerando que min {|ω| ; ω ∈ Cn } = n · min {|ω| ; ω ∈ C1 } = n · k e que Cn é formado
∞
!
X X 1 1 8 1
≤ 8n · = · ,
n=1 ω∈Cn
|ω|3 k 3 n3 k 3 n2
e, portanto
∞
! ∞
X 1 X X 1 8 X 1
3 = = < ∞,
ω∈Ω∗
|ω| n=1 ω∈Cn
|ω|3 k 3 n=1 n2
o que conclui a demonstração da convergencia de ℘.
(2) Iniciemos demonstrando que ℘0 é duplamente periódica. Como a série de ℘ converge
−2 X −2 X −2
℘0 (z) = + = −2 .
z3 ω∈Ω∗
(z − ω)3 ω∈Ω
(z − ω)3
Para ω0 ∈ Ω, temos
X 1 X 1 X −2
℘0 (z + ω0 ) = −2 3
= −2 3
= −2
ω∈Ω
(z − ω + ω0 ) ω∈Ω
(z − (ω + ω0 )) θ∈Ω−ω
(z − θ)3
0
onde Ω − ω0 = {ω − ω0 ; ω ∈ Ω} = Ω.
Logo,
X −2 X −2
−2 = −2 = ℘0 (z), (3.3)
ω∈Ω−ω0
(z − θ)3 θ∈Ω
(z − θ)3
0
e, portanto, ℘ é duplamente periódica com Ω ⊂ Per(℘0 ).
Provemos, agora, que λ1 , λ2 ∈ Per(f ). Consideremos a função
λj λj
Notemos, porem, que ℘ − =℘ , ou seja, ℘ é par. De fato,
2 2
1 P 1 1
℘(−z) = 2 + ω∈Ω∗ 2
− 2
z (−z − ω) ω
1 P 1 1
= 2 + −ω∈Ω∗ − = ℘(z)
z (z + (−ω))2 ω 2
onde obtemos a última igualdade pelo mesmo argumento usado em (3.3). Assim
λj λj λj λj
℘ −℘ − =℘ −℘ = 0.
2 2 2 2
Segue, portanto, que λj ∈ Per(℘.)
Note que, nesta proposição, mostramos que Ω ⊂ Per(℘). Mas do fato de z0 + T ∈
Γ, se z0 ∈ Γ e T ∈ Per(f ) , onde
6 Γ e Per(f ) são o conjunto de polos e de períodos de
uma função elíptica f, segue que Per(℘) ⊂ Ω, ou seja, Per(℘) = Ω. Usando argumento
0
análogo, concluímos que Per(℘ ) = Ω. Logo, Per(℘) = Per(℘0 ). Esta observação será útil na
logramo periódico ser igual a ser zero (Teorema B.4), segue que a parte principal de ℘ em
ω∈Ω é
1
.
(z − ω)2
Consideremos, então, o paralelogramo fundamental Q = {sλ1 + tλ2 ; s, t ∈ [−1/2, 1/2]} .
Observe que ∂Q não possui polos de ℘ mas, por outro lado, 0 é o único polo de ℘ em Q.
Como a parte principal de ℘ em 0 é 1/z 2 , temos que
grau(℘) = 2.
6 A demonstração desta propriedade pode ser consultada em ([11], p. 330)
7 Para mais detalhes sobre este fato, ver ([11], p. 314 e 343)
A função ℘ de Weierstrass 41
Com este resultado também ca demonstrado que ℘ possui um único polo de ordem 2
relação entre ℘ e ℘0 .
(℘0 )2 = 4(℘)3 + g2 ℘ + g3 ,
com
e g3 = −140
X X
g2 = −60 1/ω 4 1/ω 6 .
ω∈Ω∗ ω∈Ω∗
Demonstração:
Consideremos a função
com λ1 , λ2 ∈ Per(f ). Vamos mostrar que f é costante. Pelo teorema 3.1.1, basta provarmos
que f é inteira, ou seja, que a parte principal de f em Ω é nula, uma vez que Γ(℘0 ) = Γ(℘) = Ω
e, assim, Γ(f ) ⊂ Ω. Mas do fato de Γ(f ) ⊂ Ω ⊂ Per(f ), é suciente mostrar que a parte
1
℘(z) = + a0 + a1 z + a2 z 2 + . . .
z2
Porém, como já mostramos, ℘ é par, logo os termos com expoente ímpar devem ser nulos.
Além disso, é a0 = 0. De fato,
X !
1 1 1
a0 = lim ℘(z) − 2 = lim 2
− 2 = 0.
z→0 z z→0 (z − ω) ω
ω∈Ω8
Logo,
1
℘(z) = + a2 z 2 + a4 z 4 + . . . .
z2
Segue então que
42 Função ℘ de Weierstrass
2
℘0 (z) = − + 2z + 4z 3 + . . . .
z3
0 2 3
Vamos agora determinar as partes principais de (℘ (z)) e (℘(z)) .
1 3a2
(℘(z))3 = 6
+ 2 + 3a4 . . . ,
z z
e
1 3a2
(℘0 (z))2 = − 8 + 16a4 . . . ,
z4 z2
onde nas duas últimas identidades a notação . . . corresponde aos termos de ordem maior ou
igual a 1, que optamos por não escrever tendo em vista que estamos interessados apenas na
0 2 3 4 8a2
(℘ (z)) − 4(℘(z)) = 6
− 2 − 16a4 + . . . −
z z
4 12a2
+ + 12a4 + . . . =
z6 z2
20a2
− − 28a4 + . . .
z2
Note que o termo 20a2 /z 2 é a parte principal de 20a2 ℘(z). Portanto,
20a2 1
− 2 − 28a4 + . . . + 20a2 2
+ a2 z 2 + . . . =
z z
−28a4 + h(z)
A função
é holomorfa em z = 0 e h(0) = 0, pois ela é formada pelos termos dos somatórios com expoen-
tes maiores ou iguais a 1. Portanto, pelo argumento apresentado no início da demonstração,
X X
a2 = 3 1/ω 4 e a4 = 5 1/ω 6
ω∈Ω∗ ω∈Ω∗
para concluirmos que g2 = −20a2 e g3 = −28a4 . Considerando a função g(z) = ℘(z) − 1/z 2
e tomando a série de Laurent de g em z = 0, temos
S = a2 z 2 + a4 z 4 + . . . ,
1 dk
Sabemos de [11] que ak = g(0). Assim
k! dz k
1 d2 X
a2 = g(0) = 6 1/ω 4 ,
2 dz 2 ω∈Ω∗
e
1 d2 X
a4 = g(0) = 5 1/ω 6 .
4! dz 2 ω∈Ω∗
A Relação de Weierstrass é de fundamental importância, sobretudo na resolução de al-
gumas equações diferenciais não lineraes, como no caso do pião simétrico, que será estudado
na seção 4.2. Com este resultado, também podemos denir a função de Weierstrass como
2
dx
= 4x3 − g2 x − g3 = 4(x − e1 )(x − e2 )(x − e3 ), (3.5)
dz
onde e1 , e2 e e3 são as raízes do polinômio 4x3 − g2 x − g3 . A partir de (3.5), obtemos as
seguintes relações
e1 + e2 + e3 = 0
g = −4(e e + e e + e e )
2 1 2 2 3 3 1
(3.6)
2 2 2
= 2(e1 + e2 + e3 )
g = 4e e e
3 1 2 3
℘(zk ) = ek k = 1, 2, 3, (3.7)
λ1 λ2 λ1 + λ2
com z1 = , z2 = e z3 = .
2 2 2
De fato, para qualquer zk como acima, temos que 2zk ∈ Ω = Per(℘0 ), o que implica que
Daí segue que ℘0 (zk ) = ℘0 (−zk + T ) = ℘0 (−zk ). Mas ℘0 é impar, logo ℘0 (−zk ) = −℘0 (zk )
e, portanto, ℘0 (zk ) = 0.
Além disso, dado > 0, com ∈ (0, 1/2), e tomando o paralelogramo
0
temos que z1 , z2 , z3 ∈ Q − ∂Q . Como grau(℘ ) = 3, segue que z1 , z2 e z3 são os únicos zeros
APLICAÇÕES EM MECÂNICA
A gura 4.1 traz uma ilustração esquemática de um pêndulo simples sob a ação da
e l é o seu comprimento.
45
46 Aplicações em Mecânica
1
L = T − V = m(lθ̇)2 + mgl cos θ. (4.1)
2
Agora, podemos escrever a Equação de Lagrange
d ∂L ∂L
− = 0. (4.2)
dt ∂ θ̇ ∂θ
Como
∂L d ∂L
= ml2 θ̇ ⇒ = ml2 θ̈
∂ θ̇ dt ∂ θ̇
e
∂L
= −mgl sen θ
∂θ
a equação (4.2) ca da seguinte forma
g
θ̈ = − sen θ. (4.3)
l
A equação (4.3) é uma equação diferencial não-linear. A não linearidade se dá em virtude
da presença da função seno na equação, que diculta a sua resolução em termos de funções
elementares. Porém, podemos obter facilmente uma solução para (4.3) no caso em que
substituimos sen θ por θ. Tal linearização restringe o problema para o caso de pequenas
θ̈ = −ω 2 θ, (4.4)
r
g
onde ω= .
l
A equação (4.4) é a equação de movimento de um oscilador harmônico simples, cuja
◦ ◦ dθ
θ(0) = θ0 , 0 < θ0 < 180 , = 0. (4.6)
dt t=0
teremos
ẋ = y
(4.9)
ẏ = −ω 2 sen x
y = 0
−ω 2 sen x = 0
sistema (4.9) são (±nπ, 0), com n = 0, 1, 2, . . .. Esses pontos correspondem a duas posições
xas de equilíbrio. No primeiro caso, quando n é par, a massa do pêndulo está diretamente
48 Aplicações em Mecânica
abaixo do suporte. Já no segundo caso, quando n é ímpar, a massa está diretamente acima
Figura 4.2: Ilustração das posições de equilíbrio do pêndulo. (a) Pêndulo em sua posição
for deslocada ligeiramente de sua posição de equilíbrio, ela irá oscilar indenidamente com
amplitude xa em torno desse ponto (estamos estudando o pêndulo simples sem amorte-
cimento). Já na conguração (b), qualquer ligeiro deslocamento fará com que a massa se
desloque rapidamente para baixo sob inuência da gravidade. Também podemos analisar
a estabilidade dos pontos críticos a partir do estudo dos autovalores do sistema linear que
8
aproxima o sistema não-linear (4.9) . Próximo à origem, o sistema linear correspondente a
(4.9) é:
dx
dt 0 1 x
=
· . (4.10)
2
dy
−ω 0 y
dt
r1 = ωi e r2 = −ωi.
Neste caso, segundo [3], a origem é um centro estável. O pêndulo apresenta o mesmo
du
dt 0 1 u
=
· , (4.11)
2
dv
ω 0 b
dt
r1 = −ω e r2 = ω > 0.
Neste caso, conforme [3], o ponto crítico (π, 0) é um ponto de sela instável. O mesmo
comportamento é apresentado na vizinhança dos pontos de equilíbrio (nπ, 0), com n ímpar,
o que também podemos vericar a partir do retrato de fase exibido na Figura (4.3).
d2 θ
+ ω 2 sen(θ) = 0. (4.12)
dt2
dθ
Multiplicando a equação (4.12) por , obtemos
dt
dθ d2 θ dθ
2
+ ω 2 sen(θ) = 0. (4.13)
dt dt dt
" #
2
d 1 dθ
− ω 2 cos(θ) = 0. (4.14)
dt 2 dt
2
dθ
= 2ω 2 (cos θ − cos θ0 ). (4.15)
dt
α
cos α = 1 − 2 sen2 ,
2
reescrevemos (4.15):
2
dθ 22 θ0 2 θ
= 4ω sen − sen . (4.16)
dt 2 2
Denotemos, agora
θ
y = sen , (4.17)
2
O Pêndulo Simples 51
e
θ0
k = sen , (4.18)
2
com 0 < k < 1, pois 0◦ < θ0 < 180◦ . Das condições iniciais em (4.7) e de (4.17) e (4.18),
segue que
θ(0) θ0
y(θ(0)) = sen = sen = k. (4.19)
2 2
dy dy dθ 1 dθ θ
= = cos , (4.20)
dt dθ dt 2 dt 2
e
2 2
dy 1 θ dθ
= cos2 =
dt 4 2 dt
2 2
1 2 θ dθ 1 2 dθ
= 1 − sen = (1 − y ) . (4.21)
4 2 dt 4 dt
Temos, portanto
2 2
dθ 4 dy
= , (4.22)
dt 1 − y2 dt
e obtemos, assim, dθ/dt como função de dy/dt
Note que usando (4.17), (4.18) e (4.22) em (4.16), nós temos:
2
4 dy
= 4ω 2 (k 2 − y 2 ) =⇒
1 − y2 dt
2
y2
dy 2 2
=ω k 1− 2 (1 − y 2 ). (4.23)
dt k
Vamos denir as seguintes variáveis
y
τ = ωt, x= . (4.24)
k
Então, segue que a equação (4.23) pode ser escrita da seguinte forma:
52 Aplicações em Mecânica
2
dx
= (1 − x2 )(1 − k 2 x2 ), (4.25)
dτ
com
dx
x(0) = 1, = 0.
dτ τ =0
dx
dτ = ± p .
(1 − x2 )(1 − k 2 x2 )
donde segue que
Z x Z 1 Z x
dz dz dz
τ =− p = p − p .
1 (1 − z 2 )(1 − k 2 z 2 ) 0 (1 − z 2 )(1 − k 2 z 2 ) 0 (1 − z 2 )(1 − k 2 z 2 )
(4.26)
direita da segunda igualdade na equação (4.26) são as integrais elípticas de primeira espécie
K(k) (completa) e F (x, k) (incompleta). Como visto em (2.3), podemos considerar a integral
Z φ
dα
F (φ, k) = √ .
0 1 − k 2 sen2 α
Porém, estamos interessados em uma expressão que relacione τ e x, já que, por (4.24), x
depende de θ. Vamos escrever, portanto, F (φ, k) = F (arcsen x, k) obtendo, desta forma, τ
como função de x e k a partir da seguinte relação:
De (4.27), obtemos
arcsen(x) = am(K(k) − τ ),
θ θ0 θ0 θ0
sen = sen · sn K sen − ωt, sen . (4.30)
2 2 2 2
θ0 θ0 θ0
θ(t) = 2 arcsen sen · sn K sen − ωt, sen (4.31)
2 2 2
Seguem nas Figuras (4.4) e (4.5) os grácos gerados pelo software Mathematica a partir da
solução analítica (4.31) (curva em azul) para diferentes valores de θ0 . Os comandos usados
harmônico simples, cuja expressão analítica é dada em (4.8). Podemos notar que, a medida
Figura 4.4: Gráco da solução θ dada em (4.6) e (4.31) para θ0 = 0.9π (a) e θ0 = 2π/3 (b).
54 Aplicações em Mecânica
Figura 4.5: Gráco da solução θ dada em (4.6) e (4.31) para θ0 = π/3 (c) e θ0 = π/6 (d).
4τ (0) 4
T = 4t(0) = = K(k). (4.32)
ω ω
θ0
Como k = sen , temos que a igualdade acima evidencia a dependência do período T
2
do valor da amplitude θ0 , ao contrário do que ocorre no movimento harmônico simples, onde
não há essa dependência. Logo, para cada θ0 dos grácos das Figuras (4.4) e (4.5), o período
T assume os valores listados na Tabela 4.1 (assumimos ω = 1). A partir de (4.32) também
geramos o gráco da Figura (4.6), onde notamos que o período é uma função crescente da
1 1
E = v 2 + ω 2 (1 − cos θ) = v02 . (4.33)
2 2
Assumindo v=0 quando θ = θmax , ou seja, que a velocidade é zero quando a amplitude
1 1 θmax
E = v 2 + ω 2 (1 − cos θ) = v02 = ω 2 (1 − cos θmax ) = 2ω 2 sen2 ,
2 2 2
usando na última igualdade a relação
56 Aplicações em Mecânica
φ 2
2 sen = 1 − cos φ.
2
Assim, temos
s
dθ θmax θ
= 2ω sen2 − sen2 ,
dt 2 2
donde segue que
Z θ
1 dϕ
ωt = s . (4.35)
2 0
θmax
ϕ
sen2 − sen2
2 2
A partir de (4.35), obtemos ainda
Z θ
1 dϕ
u= r ϕ, (4.36)
2k 0 1
1 − 2 sen2
k 2
onde
θmax
u = ωt, k = sen . (4.37)
2
Por substituição de variável, podemos reescrever (4.36) de modo a obter uma integral
1 ϕ 1 ϕ
x= sen =⇒ dx = cos dϕ. (4.38)
k 2 2k 2
Usando
1√
dx = 1 − k 2 x2 dϕ,
2k
que pode ser escrita da seguinte forma
O Pêndulo Simples 57
2kdx
dϕ = √ . (4.39)
1 − k 2 x2
Então, substituindo em (4.36), obtemos:
Z z
dx
u= p = F (arcsen z, k 2 ). (4.40)
0 (1 − x2 )(1 − k 2 x2 )
1 θ
onde z é o limite superior de x quando ϕ = θ, ou seja, z= sen 2
.
k
Da inversa de (4.40) e de (4.37), segue:
2 2 θmax
2
arcsen(z) = am(u, k ) =⇒ z = sen(am(u, k )) = sn ωt, sen
2
e, portanto,
θmax 2 θmax
θ = 2 arcsen sen · sn ωt, sen (4.41)
2 2
A equação (4.41) fornece θ em função de t. Note que, neste caso, a solução depende de
1 θmax 1
E = v02 = 2ω 2 sen2 =⇒ θmax = 2 arcsen v0 ,
2 2 2ω
θmax
ou seja, a amplitude máxima θmax depende da velocidade inicial v0 . Como sen = k,
2
também podemos escrever
1 2 1
v 0 = 2ω 2 k 2 =⇒ k = v0 (< 1). (4.42)
2 2ω
e, portanto,
As Figuras (4.7), (4.8) e (4.9) apresentam os grácos de θ da solução (4.41) para diferentes
valores de v0 . Os grácos foram gerados no software Mathematia. Os comandos utilizados
estão no Apêndice D:
58 Aplicações em Mecânica
Figura 4.8: Gráco de θ para v0 = 1.5 (vermelho), v0 = 1.6 (verde) e v0 = 1.7 (azul)
O Pêndulo Simples 59
Figura 4.9: Gráco de θ para v0 = 0.5 (vermelho), v0 = 0.6 (verde) e v0 = 0.7 (azul)
pêndulo também diminui, fazendo com que que o pêndulo tenha comportamento análogo ao
4
T = K(k).
ω
De (4.42), podemos notar a dependência do período T da velocidade inicial v0 . Observa-
mos que o período é uma função crescente da velocidade inicial, a qual deve variar de 0 a 2
m/s, de modo que quanto mais v0 se aproxima de 2, maior é o valor do período T. Seguem
os valores dos período de oscilação para cada um dos valores de v0 (em m/s) dos grácos
das Figuras (4.7), (4.8) e (4.9). A Figura (4.10) traz o gráco do período do pêndulo em
Nesta seção, vamos nos dedicar ao estudo das equações de movimento do pião simé-
trico com ponto xo. Destacamos que, tanto nas denições apresentadas a seguir como na
de um ponto xo O localizado em seu eixo de simetria e a uma distância l do centro de massa
CM . Para descrevermos o movimento do pião, será conveniente lançarmos mão dos ângulos
ainda que as únicas forças externas consideradas para a formulação do problema são as de
Como I1 = I2 , pois o corpo é simétrico, e a única força aplicada é a força peso, a lagrangiana
assume a seguinte forma:
Pião Simétrico com um Ponto Fixo 61
1 1
L = T − V = I1 ωx20 + ωy20 + I3 ωz20 − mgl cos θ (4.44)
2 2
Usando (C.1), a equação (4.44) se escreve:
1 2 1 2 2 1 2
L = I1 θ̇ + I1 φ̇ sen θ + I3 ψ̇ + φ̇ cos θ − mgl cos θ. (4.45)
2 2 2
∂L
= I3 ψ̇ + φ̇ cos θ = pψ = cte (4.46)
∂ ψ̇
∂L
= I1 φ̇ sen2 θ + I3 cos θ ψ̇ + φ̇ cos θ = pφ = cte. (4.47)
∂ φ̇
A energia também é constante de movimento
1 1 1 2
E = T + V = I1 θ̇2 + I1 φ̇2 sen2 θ + I3 ψ̇ + φ̇ cos θ + mgl cos θ. (4.48)
2 2 2
Das equações (4.46) e (4.47), temos, respectivamente
pψ
ψ̇ + φ̇ cos θ = , (4.49)
I3
e
pφ − pψ cos θ
φ̇ = . (4.50)
I1 sen2 θ
62 Aplicações em Mecânica
p2ψ
E0 = E − .
2I3
ẋ
θ̇ = − √
1 − x2
e
x˙2
θ˙2 = .
1 − x2
Assim, a equação (4.51) se torna
O lado direito da equação (4.53) é um polinômio de grau 3. Note que quando x=1 e
f (1) = −(pφ − pψ )2 < 0,
f (−1) = −(pφ + pψ )2 < 0.
Logo, como −1 < x = cos(θ) < 1 e I1 x˙2 > 0, o polinômio deve ser positivo para algum
valor de θ, ou seja, para algum valor de x entre - 1 e 1. Consequentemente, f (x) deve ter
Pião Simétrico com um Ponto Fixo 63
duas raízes reais entre - 1 e 1 e uma raiz real maior que 1. Denotemos tais raízes por cos α,
cos β e cosh γ , com
De (4.53), podemos observar que o polinômio f (x) pode ser reescrito da seguinte forma
f (x) = 2I1 mgl(x − cos α)(x − cos β)(x − cosh γ), (4.55)
I1 ˙2
x = (x − cos α)(x − cos β)(x − cosh γ) =⇒
2mgl
2I1 ˙2
x = 4(x − cos α)(x − cos β)(x − cosh γ). (4.56)
mgl
Assim, escrevemos
r
mgl dx
dt = p . (4.57)
2I1 4(x − cos α)(x − cos β)(x − cosh γ)
dz
dt = p . (4.59)
4(z − e1 )(z − e2 )(z − e3 )
2I1 E 0 + p2ψ
mgl
e = cosh γ − ,
1 2
2I1 12I 1
2I1 E 0 + p2ψ
mgl
e2 = cos β − , (4.60)
2I1 12I12
2I1 E 0 + p2ψ
mgl
e3 = cos α − .
2I1 12I12
64 Aplicações em Mecânica
e1 + e2 + e3 = 0,
pois,
mgl 2I1 E 0 + p2ψ
e1 + e2 + e3 = (cos α + cos β + cosh γ) − =
2I1 4I12
e1 > e2 > e3 .
Z
dz
t+c= p (4.61)
4(z − e1 )(z − e2 )(z − e3 )
Vimos na seção 3.1.3, que a função de Weierstrass ℘ é solução para a equação diferencial
2
dx
= 4(x − e1 )(x − e2 )(x − e3 ), (4.62)
dz
a qual podemos reescrever da seguinte forma
Z
dx
z= p (4.63)
4(x − e1 )(x − e2 )(x − e3 )
Logo a solução para (4.61) é a função elíptica de Weierstrass z(t) = ℘(t + c), onde c é
2I1 2I1 E 0 + p2 ψ
x = cos θ = ℘(t + c) + . (4.64)
mgl 6I1 mgl
E nalmente
2I1 E 0 + p2 ψ
2I1
θ = arccos ℘(t + c) + . (4.65)
mgl 6I1 mgl
Da equação (4.56), notamos que se x > cos β ou x < cos α, ẋ < 0, pois admitimos em
Pião Simétrico com um Ponto Fixo 65
(4.54) que cos β > cos α. Logo, a m de que ẋ seja real para valores reais de t é necessário
que x esteja entre cos α e cos β , ou seja, cos α < x = cos θ < cos β , o que evidencia que cos α
e cos β denem os limites da latitude entre os quais o pião deve oscilar. Disso, de (4.60) e
de (4.61), segue que z = ℘(t + c) deve estar entre e3 e e2 . Mas como ℘(ω1 ) = ei , conforme
vimos em (3.9), e
2I1 2I1 E 0 + p2 ψ
cos α < cos θ = ℘(t + c) + < cos β,
mgl 6I1 mgl
conforme acabamos de observar, c deve ser o semiperíodo ω3 mais uma constante τ tal que
2I1 2I1 E 0 + p2 ψ
cos θ0 = ℘(ω3 + τ ) +
mgl 6I1 mgl
Portanto, a solução (4.65) levando em conta essas considerações se escreve da seguinte
forma
2I1 E 0 + p2ψ
2I1
θ = arccos ℘(t + ω3 + τ ) + . (4.66)
mgl 6I1 mgl
Deste modo, obtemos o gráco da Figura (4.12) para a solução θ(t) de (4.66) (os comandos
usados para gerar o gráco estão no Apêndice D). Geramos também outros grácos a partir
ângulo de nutação é maior em relação ao gráco da Figura 4.18, gerado para os mesmos
valores de I1 e I3 .
A título de comparação, apresentamos os grácos da solução numérica para o ângulo de
nutação θ, obtida por [7] a partir do método de Runge Kutta de quarta ordem padrão, com as
mesmas condições iniciais da Tabela (4.3). Notamos o comportamento períodico da oscilação
tanto na solução numérica como na solução analítica, com algumas diferenças na amplitude
do movimento. Essas diferenças podem estar relacionadas ao modo como alguns parâmetros
e3 . Para o cálculo desses parâmetros é necessário obtermos as raízes cos β , cos α e cosh γ do
polinômio cúbico dado em (4.53). Essas raízes foram obtidas por meio do comando solve do
software Mathematica, ou seja, elas podem não ser precisas, o que justicaria as diferenças.
Observamos a partir dos grácos gerados a partir da solução numérica que θ varia numa
amplitude menor. Outra observação diz respeito ao ponto de retorno de nutação do corpo
no gráco das Figuras (4.13) e (4.15), o ponto de retorno é o próprio θ0 , no gráco da Figuras
(4.12) e (4.12) esse ponto se dá em θ = 0.39 rad e θ = 0.50 rad, respectivamente.
Pião Simétrico com um Ponto Fixo 67
CONCLUSÃO
Neste trabalho, apresentamos soluções analíticas para dois problemas clássicos de mecâ-
nica: o pêndulo simples e o pião simétrico (resolvido parcialmente). Para o pêndulo simples,
escrevemos sua solução em termos da função sn(u), que é uma das funções elípticas de Ja-
cobi. No caso em que a velocidade do pêndulo é igual a zero, notamos que a medida que
seu ângulo inicial θ0 diminui, o pêndulo se comporta como um oscilador harmônico simples.
Também escrevemos a solução para o caso em que a velocidade inicial do pêndulo é dife-
rente de zero e percebemos que a medida que sua velocidade inicial diminui, a amplitude do
movimento também diminui, fazendo com que o pêndulo tenha um comportamento análogo
locidade inicial e vericamos que os valores gerados nos grácos das guras (4.6) e (4.10)
Escrevemos a solução apenas para o ângulo de nutação θ. A solução para os demais ângulos
de Euler não foi abordada, já que, conforme [15], elas são escritas em termos das funções
Zeta e Sigma de Weierstrass, que não foram objeto de estudo ao longo desse trabalho.
Os grácos das Figuras (4.12), (4.14), (4.16) e (4.18) foram gerados para as mesmas
73
74 Conclusão
condições iniciais, com exceção dos valores de I1 e I3 . Notamos que no caso do pião alongado
I3 .
Além disso, comparamos os grácos da solução analítica escrita em termos da funão
de Weierstrass com os grácos gerados pela solução numérica obtida por [7] a partir do
semelhante, com diferenças em relação a amplitude do movimento, que é maior nos grácos
gerados a partir da solução analítica, e também no ponto de retorno, que não coincidem nos
casos em que θ0 = 0.9π e θ0 = 2π/3. Enquanto no gráco das Figuras (4.13) e (4.15), o
Por meio destes dois exemplos clássicos, podemos notar a relevância das funções elípticas
não podem se escritas em termos de funções elementares. Ressaltamos que boa parte dos
início do século XX, como é o caso de Whittaker & Watson [15], livro cuja quarta e última
edição (1927) adotamos como referência para o estudo da solução analítica do pião. Em
face da escassez de textos atuais sobre o assunto, enfatizamos a pertiência de estudos que
busquem exemplos da física, da química e de outras áreas do conhecimento por meio dos
quais seja possível apresentar aos estudantes de exatas essas importantes funções.
REFERÊNCIAS
1972. 1046 p.
512 p.
[5] Beléndez, A. et. al. Exact solution for the nonlinear pendulum. Revista Brasileira de
Ensino de Física, v. 29: 645-648, 2007.
[6] Dixon, A.C. The Elementary Properties of the Elliptic Functions. London: Macmillan
[8] Mello, S.F. Canonical Perturbation Theories, Degenerate Systems and Resonance.
New York: Springer, Astrophysics and Space Sience Library. 2007. 341 p.
75
76 Referências
386 p.
2004.
[13] Suzuki, M.; Suzuki, I. S. Physics of simple pendulum: a case study of nonlinear dy-
[15] Whittaker, E. T. A Treatise on the Analytic Dynamics of Particles and Rigid Bodies :
with an Introduction to the Problem of Three Bodies. Cambridge: Cambridge Press,
2
a edição. 1917. p.157-158.
APÊNDICE A
Proposição A.1 (Derivadas). As derivadas das funções sn(u), cn(u) e dn(u) são dadas por
(i)
d
sn(u) = cn(u)dn(u), (A.1)
du
(ii)
d
cn(u) = −sn(u)dn(u), (A.2)
du
(iii)
d
dn(u) = −k 2 sn(u)dn(u). (A.3)
du
77
78 Propriedades das Funções Elípticas de Jacobi
Demonstração:
(i) Diferenciando (2.14), temos
du 1
=p .
dx (1 − x2 )(1 − k 2 x2 )
Como x = sn(u), segue portanto
dx d
q
= sn(u) = (1 − sn2 (u))(1 − k 2 sn( u)) = cn(u)dn(u).
du du
p
Para provar (ii), basta substituir cn(u) por 1 − sn2 (u):
d dp 2sn(u)dn(u)cn(u)
cn(u) = 1 − sn2 (u) = − p = −sn(u)dn(u).
du du 2 1 − sn2 (u)
d dp 2k 2 sn(u)dn(u)cn(u)
dn(u) = 2 2
1 − k sn (u) = − p = −k 2 sn(u)cn(u).
du du 2 2
2 1 − k sn (u)
Proposição A.2 (Fórmulas da Adição). As fórmulas da adição para as funções sn(u), cn(u)
e dn(u) são dadas por:
(i)
sn(u)cn(u)dn(u) + sn(v)cn(v)dn(v)
sn(u + v) = , (A.4)
1 − k 2 sn2 (u)sn2 (v)
(ii)
cn(u)cn(v) − k 2 sn(u)sn(v)dn(u)dn(v)
cn(u + v) = , (A.5)
1 − k 2 sn2 (u)sn2 (v)
(iii)
dn(v)dn(u) − k 2 sn(u)sn(v)cn(u)cn(v)
dn(u + v) = . (A.6)
1 − k 2 sn2 (u)sn2 (v)
Demonstração:
(i) Iniciemos a demonstração denotando s1 = sn(u), s2 = sn(v), c1 = cn(u), c2 = cn(v),
d1 = dn(u), d2 = dn(v) e ∆ = 1 − k 2 sn2 (u)sn2 (v). Denamos também
79
s 1 c2 d 2 + s 2 c1 d 1
z= .
∆
∂z 2
∆ = ∆ [(c1 d1 c2 d2 ) − s1 s2 (d21 + k 2 c21 )] + (s1 c2 d2 + s2 c1 d1 )2k 2 s1 s22 c1 d1
∂u
= c1 d1 c2 d2 (∆ + k 2 s21 s22 + k 2 s21 s22 ) − s1 s2 [∆d21 + ∆k 2 c21 − k 2 s22 c21 d21 − k 2 s22 c21 d21 ] .
∂z 2
∆ = c1 d1 c2 d2 (1 + k 2 s21 s22 ) − s1 s2 d21 (∆ − k 2 s22 c21 ) + k 2 c21 (∆ − s22 d21 ) .
(A.7)
∂u
Usando novamente a relação ∆ = 1 − k 2 s21 s22 e as identidades s21 + c21 = 1 e d21 + k 2 s21 = 1,
obtemos
∆ − k 2 s22 c21 = 1 − k 2 s21 s22 − k 2 s22 c21 = 1 − k 2 s22 (s21 + c21 ) = d22 .
∆ − s22 d21 = 1 − k 2 s21 s22 − s22 d21 = 1 − s22 (k 2 s21 + d21 ) = c22 .
∂z 2
∆ = c1 d1 c2 d2 (1 + k 2 s21 s22 ) − s1 s2 (d21 d22 + k 2 c21 c22 ).
∂u
Note que ∂z/∂u é simétrico em relação a u e v. Como z também é simétrico, segue que
∂z ∂z
∂u
= ∂v
. Consequentemente, podemos denir
80 Propriedades das Funções Elípticas de Jacobi
z = f (u + v),
s1 c2 d2 + s2 c1 d1
f (u + v) = .
∆
Para provar (i), basta tomar v = 0, obtendo f (u) = sn(u), para todo u. Logo,
f (u + v) = sn(u + v).
(s1 c2 d2 + s2 c1 d1 )2
cn2 (u + v) = 1 − sn2 (u + v) = 1 −
(1 − k 2 s21 s22 )2
Note que
Logo,
2 (c1 c2 − s1 s2 d1 d2 )2
cn (u + v) = .
(1 − k 2 s21 s22 )2
a equação (ii).
k 2 (s1 c2 d2 + s2 c1 d1 )2
dn2 (u + v) = 1 − k 2 sn2 (u + v) = 1 −
(1 − k 2 s21 s22 )2
Note que
Logo,
(d1 d2 − k 2 s1 s2 d1 d2 )2
dn2 (u + v) = .
(1 − k 2 s21 s22 )2
resultado:
Proposição A.3. As funções sn(u) e cn(u) possuem período igual a 4K e a função dn(u)
possui período igual a 2K .
Demonstração:
Tomando v=K em (A.4), (A.5) e (A.6) e usando a Tabela 2.1, obtemos:
Usando as equações (A.4), (A.5) e (A.6) com v = 2K e usando (A.11), chegamos em:
É importante destacar que o período das funções sn, cn e dn não é um número absoluto,
já que o valor de K varia de acordo com o valor atribuído ao módulo k. Além disso, as
funções elípticas de Jacobi possuem um período imaginário, dado por 4K + i4K para sn e
FUNÇÕES ANALÍTICAS EM C
Neste seção vamos apresentar alguns conceitos sobre funções de variável complexa, como
terial de [11].
f (z0 + h) − f (z0 )
f 0 (z0 ) = lim .
h−→0 h
O número complexo f 0 (z0 ) é chamado de derivada de f em z0 . Se f for holomorfa em
f (z) − f (z0 )
f 0 (z0 ) = lim .
z−→z0 z − z0
83
84 Funções Analíticas em C
f : C −→ C
z 7−→ z n
é inteira e f 0 (z) = nz n−1 .
Como as partes real e imaginária da função são denidas por u(x, y) = ex cos y e v(x, y) =
ex sen y , respectivamente, temos
∂ x
(e cos y) = ex cos y
∂x
∂ x
(e cos y) = −ex sen y
∂y
∂ x
ex sen y
(e sen y) =
∂x
∂ x
(e sen y) = ex cos y.
∂y
Note que as derivadas parciais de primeira são funções contínuas e satisfazem às condições
de Cauchy-Riemann
2 em todo o ponto do plano. Portanto a função é inteira.
2 Relações de Cauchy-Riemann: A função f (z) = u(z) + iv(z) é holomorfa em z0 = x + iy ∈ U se as
Noções Preliminares 85
u(x, y) = x2 + y 2 e v(x, y) = 0
∂ ∂
u(x, y) = 2x = 0 = v(x, y)
∂x ∂x
⇐⇒ (x, y) = 0.
∂ ∂
u(x, y) = 2y = 0 = v(x, y)
∂y ∂y
para todo z ∈ U tal que |z − z0 | < ρ. Uma série de potências como a da equação (B.1) é
chamada de série de potências que representa f em z0 .
É importante destacar que como as funções denidas por série de potências são holomor-
1
Exemplo B.1.4. A função f= denida para z ∈ C∗ é analítica.
z
derivadas parciais ∂u/∂x, ∂u/∂y, ∂v/∂x e ∂v/∂y existem e são contínuas em z0 , satisfazendo às seguintes
condições
∂u ∂v ∂u ∂v
(z0 ) = (z0 ) e (z0 ) = − (z0 ).
∂x ∂y ∂y ∂x
As funções u, v : U → R são chamadas parte real e parte imaginária de f .
86 Funções Analíticas em C
Se z0 ∈ C∗ , podemos escrever
1 1 1 1
= = ·
z z0 + z − z0 z0 1 + z−z
z0
0
∞
n ∞ (−1)n
1 P z − z0
(−1)n n
P
= = n+1 (z − z0 ) .
z0 n=0 z0 n=0 z0
Na sequência, apresentamos a denição de singularidades isoladas de funções analíticas.
duplamente elípticas.
série de Laurent
3 no anel Dr (z0 ) − {z0 }
∞
X
f (z) = aj (z − z0 )j .
j=−∞
(b) Se existe n>0 tal que a−n 6= 0 e aj = 0 para todo j < −n dizemos que z0 é um polo
de ordem n de f e, neste caso, para z ∈ Dr (z0 ) − {z0 } podemos escrever
a−n a−n+1 a1 X
f (z) = + + · · · + + aj (z − z0 )j .
(z − z0 )n (z − z0 )n−1 (z − z0 ) j≥0
a−n a−n+1 a1
A função
n
+ n−1
+ ··· + é chamada parte principal do polo
(z − z0 ) (z − z0 ) (z − z0 )
z0 de f.
3 Para mais detalhes sobre este desenvolvimento, ver ([11], p. 211)
Noções Preliminares 87
Res(f, z0 ) = a−1 .
onde γ(θ) = z0 + reiθ e r > 0 é tal que o círculo de raio r e centro z0 está contido no disco
perfurado A.
ÂNGULOS DE EULER
Considere um corpo rígido e seus três eixos principais eˆ1 , eˆ2 e eˆ3 , ao longo dos quais
0 0 0
denimos os eixos x ,y ,z , respectivamente, que formam o sistema de coordenadas S∗ xo
eixos espaciais x, y e z , e seus respectivos versores x̂, ŷ e ẑ . Por m, tome S e S∗ como tendo
a mesma origem. Para determinar a orientação de S∗ em relação a S, vamos lançar mão dos
89
90 Ângulos de Euler
Na Figura (C.1)
9 θ expressa o ângulo formado entre os eixos z0 e z. O ângulo φ é medido
no plano x, y até a interseção do plano x0 , y 0 com o plano x, y . Esta interseção é chamada de
linha dos nodos e, no diagrama, ela está representada pela letra grega ξ. Por m, o ângulo
ψ é medido no plano x0 , y 0 a partir da linha dos nodos até o eixo x0 (neste caso, supomos que
tanto o sistema S quanto o sistema S∗ são orientados segundo a regra da mão direita).
rotação dos eixos (x, y, z) em torno do eixo z do ângulo θ, gerando o sistema (ξ, η, ζ).
Esquematicamente, temos
D
φ : (x, y, z) −→ (ξ, η, ζ),
Assim, temos
C
θ : (ξ, η, ζ) −→ (ξ 0 , η 0 , ζ 0 ),
9 As Figuras C.1, C.2, C.3 e 4.11 foram extraídas de [10]
Ângulos de Euler 91
ψ em torno do eixo ζ0 nos eixos (ξ 0 , η 0 , ζ 0 ), obtendo, assim, o sistema S ∗, formado pelos eixos
(x0 , y 0 , z 0 ):
B
θ : (ξ 0 , η 0 , ζ 0 ) −→ (x0 , y 0 , z 0 ),
0 0 1
Logo, a transformação de S para S ∗ é realizada pela matriz A, obtida por meio do produto
das matrizes D, C e B, ou seja,
A = BCD.
Temos, portanto
cos ψ cos φ − cos θ sen φ sen ψ cos ψ sen φ + cos θ cos φ sen ψ sen ψ sen θ
A=
− sen ψ cos φ − cos θ sen φ cos ψ − sen ψ sen φ + cos θ cos φ sen ψ cos ψ sen θ .
sen θ sen φ cos ψ cos φ cos θ
92 Ângulos de Euler
Euler
Nosso objetivo agora é exprimir o vetor velocidade angular em termo dos ângulos de
Euler. Para isso, vamos considerar que o corpo se mova de tal forma que φ, θ e ψ variem
com o tempo e que sua rotação innitesimal seja resultado de três rotações innitesimais
cidade angular ω
~ φ, ω
~θ e ω
~ψ associados a rotações em que apenas um ângulo de Euler varia.
Temos, portanto
ω
~ =ω
~φ + ω
~θ + ω
~ ψ.
z0. Para isso, xados um par de ângulos de Euler, vamos determinar a velocidade angular
associada à variação do terceiro ângulo e depois somar os resultados obtidos em cada caso.
• Variação em φ
Fixando θ e ψ , podemos notar pela Figura C.2 que o eixo z , que é xo no espaço, também
torna-se xo ao corpo, sendo, assim, o eixo de rotação. Logo, ωφ é um vetor paralelo ao eixo
0
~ φ = φ̇ẑ −→ ω
ω ~φ =
0
S
φ̇
seguinte forma:
φ̇ sen ψ sen θ
ω
~φ =A·ω
~φ =
φ̇ cos ψ sen θ .
S∗ S
φ̇ cos θ
Lembramos que A é a matriz transformação de S para S ∗.
Velocidade Angular em Termo dos Ângulos de Euler 93
• Variação em θ
ξ0, ou seja
θ̇
~ θ = θ̇ξˆ0 −→ ω
ω ~θ =
0 ,
Σ
0
onde Σ é o sistema formado pelos eixos ξ 0, η0 e ζ 0. Temos, portanto
θ̇ cos ψ
ω
~θ =B·ω
~θ =
−φ̇ sen ψ .
S∗ Σ
0
• Variação em ψ
Por m, xando os ângulos θ e ψ, o eixo z0 torna-se xo no corpo e no espaço. Além
disso, z0 passa a ser eixo de rotação ω~ψ torna-se um vetor com componente ψ̇ ao longo do
0 ∗
eixo z. Neste caso, como as ω
~ψ já estão em termos de S , não é necessário aplicar qualquer
0
~ ψ = ψ̇z0 −→ ω
ω ~ψ =
0 .
S∗
ψ̇
ωz0 = ψ̇ + φ̇ cos θ
APÊNDICE D
COMANDOS DO MATHEMATICA
θ0 = x
• Determinando o módulo k
k = Sin [x/2]
v0 = v
• Determinando θmax
95
96 Comandos do Mathematica
2
θmax = x = 2 ∗ ArcSin Sqrt(v )/4
• Determinando o módulo k
k = Sin [x/2]
I1 = A
I2 = B
mgl = m
θ0 = θ
φ̇ = φ
ψ̇ = ψ
• Constantes
pψ = p = B ∗ (ψ + φ ∗ Cos [θ])
E 0 = Q = W − (p( 2))/2 ∗ B
Pião Simétrico com Ponto Fixo 97
−(q − p ∗ x)2 − 2 ∗ A ∗ m ∗ (x − x3 ) + 2 ∗ A ∗ Q ∗ (1 − x2 ) == 0, x
Solve
• Determinando e1 , e2 e e3
• Determinando g2 e g3
g2 = g2 = −4 ∗ (s2 ∗ s3 + s3 ∗ s1 + s1 ∗ s2)
g3 = g3 = 4 ∗ s1 ∗ s2 ∗ s3
• Determinando ω3 + τ