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Professor: Israel Abias


TEMA 1 - Enquadramento da Contabilidade de Analítica

1.1 - Conceitos de Contabilidade Analítica


1.2 - Objectivos de Contabilidade Analítica
1-3 - Utilidade e Importância da Contabilidade Analítica
1.4 – Objecto da Contabilidade Analítica
1.5 – Características da Contabilidade Analítica
1.6 – Contabilidade Financeira vs Contabilidade Analítica
A origem da Contabilidade de Gestão está relacionada com a Revolução Industrial, que
se desenvolveu primeiro na Europa e depois nos EUA, nos séculos XVIII, XIX e XX, cuja
sua aplicação esteve delimitada às empresas industriais e, cujo objectivo era o cálculo
do custo do produto/produção ao longo do processo produtivo permitindo a
valorização dos inventários e o Custo Total (CT) do mesmo. Por este facto, era
inicialmente chamada Contabilidade Industrial.
Portanto, os custos de fabricação eram atribuídos aos produtos para que a informação
sobre o custo dos produtos, constante dos relatórios publicados pelas empresas
pudesse ser facultada aos utilizadores externos. A necessidade de se elaborar mapas
financeiros anuais, inventários físicos de MP, de PVF e PA, bem como sua valorização e
conhecer o custo dos produtos vendidos, impulsionou o desenvolvimento da
Contabilidade de Custos. Bem que a Inglaterra tenha sido o primeiro país industrial, na
primeira metade do século XIX acabou por ser suplantada pela França nos estudos da
Contabilidade de Custos.
A evolução da terminilogia da Contabilidade de Gestão acompanha de
algum modo o alargamento do seu âmbito disciplinar: Contabilidade
Industrial em França e noutros países europeus, ou Contabilidade de
Custos para os Anglo-saxónicos; depois Contabilidade Analítica de
Exploração em França, na sequência do Congresso Internacional de
Contabilidade de Paris em 1948, onde foi decidido abandonar a
designação de Contabilidade Industrial e consagrar a sua separação da
Contabilidade Geral e, finalmente, Contabilidade de Gestão.
Contabilidade Analítica de Exploração, é uma ferramenta de análise e
do controlo dos custos da empresa.
Portanto, nos anos 60, para adequar os sistemas de contabilidade
interna ás exigências de informação dos executivos, a contabilidade de
custos evoluiu e transformou-se na denominada Contabilidade de
Gestão (Management Accounting).
Numa primeira fase do seu processo produtivo, a CG limitava-se a auxiliar
a Contabilidade Financeira na sua função de fornecer informação sobre o
valor dos respectivos inventários físicos, uma vez que o cálculo dos custos
unitários é fundamental para a informação financeira para tomada de
decisões. Na fase seguinte a CG desenvolveu-se para servir de base ao
controlo, porém, uma vez mais como auxiliar da Contabilidade Financeira
(CF).
A gestão adequada de uma empresa necessita de informação suficiente,
oportuna, clara, concisa e relevante, com objectivo de apoiar tarefas
como planeamento, a tomada de decisão e o controlo. Para a obtenção
dessa informação é de extrema importância a CG que pode aplicar-se a
qualquer tipo de actividade económica, não se limitando as empresas
transformadoras.
A CG permite também, contribuir para a escolha da melhor combinação
dos produtos a fabricar, numa situação de crise de recursos.
O que é a Contabilidade Analítica?
1.1 - Conceitos de Contabilidade Analítica

A CONTABILIDADE ANALÍTICA E DE GESTÃO, é o processo de


identificação, acumulação, análise, preparação, interpretação e
Institute of
comunicação da informação financeira utilizada pela gestão
Management
para planear, avaliar e controlar no interior da organização e
Accountants (IMA)
assegurar que a utilização destes recursos foi apropriada e
contabilizada.

A CONTABILIDADE ANALÍTICA E DE GESTÃO, é o ramo da


Hansen e Mowem, contabilidade que se encarrega em identificar, recolher, medir,
2000 classificar e relatar a informação que é utilizada internamente
no planeamento, no controlo e na tomada de decisão
1.1 - Conceitos de Contabilidade Analítica
A CONTABILIDADE DE CUSTOS fornece informação para a
contabilidade de gestão e para a contabilidade financeira. A
contabilidade de custos mede, analisa e relata a informação
financeira e não financeira respeitante ao custo de aquisição ou
uso dos recursos numa organização. A moderna contabilidade de
Horngren et al., (2006,
p.2) custos encerra a perspectiva de que a recolha de informação
sobre custos é uma função da tomada de decisões da gestão.
Assim, a distinção entre contabilidade de gestão e contabilidade
de custos não é tão clara e, muitas vezes, as duas designações
são usada indistintamente.

A CONTABILIDADE ANALÍTICA E DE GESTÃO, relaciona-se com o


fornecimento de informação aos utilizadores internos das
Drury, 2005, p.7 organizações para os ajudar a tomar as melhores decisões e a
melhorar a eficiência e a eficácia das operações existentes.
1.2 - Objectivos da Contabilidade Analítica

 Contribuir para o cálculo do preço de venda


 Valorizar os custos de produção
Calcular os custos dos  Valorizar os custos dos produtos acabados
produtos, actividades ou  Controlar os custos
serviços  Melhorar a eficiência empresarial
 Acompanhar as operações de transformação das
matérias-primas em produto acabado
Controlar as condições de  Calcular a rendibilidade dos produtos
exploração  Permitir a comparação entre as rendibilidades dos
produtos
 Seleccionar os produtos a fabricar face à escassez
de recursos
1.2 - Objectivos da Contabilidade Analítica

 Fornecer dados para o controlo orçamental


Exercer o controlo de gestão  Repartir os resultados por produtos
 Estabelecer objectivos operacionais para atingir o
resultado previsto

 Fornecer à gestão informações relativamente a


Permitir a análise económica e operações alternativas
tomada de decisões  Preparar programas económicos-financeiros
 Efectuar cálculos de viabilidade dos produtos

O cálculo do custo é o objectivo final da CAG.


1.3 - Utilidade e Importância da Contabilidade Analítica.

A Contabilidade Analítica é importante pois fornece aos gestores a


informação necessária para uma racional tomada de decisões,
relativamente ao planeamento e controlo, permitindo-lhes a previsão
das respectivas consequências económicas.
Entre os numerosos problemas de gestão que exigem uma opção entre
várias alternativas, citam-se: (1) comprar ou fabricar? (2) transportes e
manutenção próprias? (3) investir ou não? (4) quais os produtos que
a empresa deverá fabricar? (5) quais as quantidades a produzir? (6)
que preços se devem e podem exigir? (7) quais as modalidades de
venda a adoptar? (8) quais as zonas geográficas que oferecem
melhores perspectivas?
1.4 – Objecto da Contabilidade Analítica

O objecto da contabilidade analítica e de gestão são as operações


internas, realizadas no seio da própria empresa e relacionadas com o seu
processo de produção, prestação de serviços ou actividades.
A Contabilidade Analítica e de Gestão é uma contabilidade interna a nível
dos processos e dos utilizadores da informação produzida, é
pormenorizada e diversa, centrando-se em áreas da empresa, e produz
factos presentes e para o futuro.
1.5 – Características da Contabilidade Analítica

A Contabilidade Analítica e de Gestão, caracteriza-se:


1. Interna a nível dos processos. Estuda o processo de transformação
dos produtos a avalia os processos de fabrico
2. Utilização interna. É direccionada aos órgãos de gestão que se
servem da informação produzida e com ela tomar decisões.
3. Pormenorizada e diversificada. Reparte os custos em parcelas
referentes a cada produto, actividade ou unidade, adaptando-se à
estrutura da empresa e ás caracterísitcas da actividade desenvolvida.
4. Avalia o presente e é virada para o futuro. Regista factos presentes e
fornece indicações precisas para a tomada de decisões que condicionam
o futuro.
1.6 – Contabilidade Financeira vs Contabilidade Analítica
Contabilidade Financeira Contabilidade Analítica
Está voltada para o exterior (relação da empresa Está voltada para o interior, para dentro da
com clientes, fornecedores, sócios, bancos, empresa e procura captar o que se passa nas
Estado, comunidade, etc.) diversas áreas (área de produção, administrativa,
financeira, comercial, etc.)
Apura os resultados por regiões, por produtos,
Apura resultados gerais (globais), por natureza mercados, centros de gastosactividades, funções,
destino, etc.
Dá uma visão global e sintética do património da Analisa pormenorizadamente o património da
empresa empresa
Segui o postulado no PGC Está organizada em função da necessidade da
empresa.
Apura o contributo de cada produto para a
É essencialmente financeira, i.e., preocupa-se formação do resultado do Exercício. Esta informaçã
em registar os recebimentos e pagamentos é fundamental para saber se existe um produto
que dá prejuízo ou não suficientemente rentável.
Tarefa

1. Com base o que aprendeste, crie sua definição de Contabilidade Analítica.


2. Qual era o objectivo inicial da Contabilidade Analítica?
3. Fale sobre a utilidade/importância da Contabilidade Analítica para as
empresas.
4. De que maneira a Contabilidade Analítica poderá ajudar às empresas de
prestação de serviços?
TEMA 1 - Enquadramento da Contabilidade de Analítica

1.7 – Conceitos de custos


1.8 – Classificação de custos
1.8.1 – Multiplicidades de gastos
1.9 – Custos relevantes e irrelevantes para tomadas de decisões
1.10 – Custos do produto
1.11 – Custos do período
1.12 - Exercícios
1.7 Conceitos de Custos
Uma empresa para cumprir com os seus objectivos terá de suportar
gastos, que têm contrapartida nos benefícios (rendimentos), resultantes
desses objectivos. O desenvolvimento do processo produtivo efectuado
numa entidade implica que esta incorra num conjunto de gastos, os
quais podem ser organizados segundo uma hierarquia que facilite o
alcance dos objectivos a atingir pela contabilidade analítica e de gestão.
Embora a palavra custo nos pareça negativa numa primeira abordagem,
depressa percebemos a necessidade da sua utilização na empresa, seja
ela industrial, comercial ou de prestação de serviços.

O cálculo do custo é o objectivo final da CAG.


1.7 Conceitos de Custos

A Contabilidade Analítica e de Gestão (CAG), distingue o que é um gasto


do que é um custo. Um gasto é um consumo de recursos pela entidade
(consumo de matéria-prima, electricidade ou utilização de horas de
trabalho), enquanto um custo é a acumulação de gastos suportados na
fabricação de um produto ou na prestação de um serviço. Um gasto pode
ainda ser entendido como o sacrifício de recursos com vista a atingir
determinado objectivo. (NABAIS & NABAIS, 2016, P. 26)

Todo custo é um gasto mas nem todo gasto é um custo.


1.7 Conceitos de Custos

Segundo a Norma de Contabilidade Pública NCP de Portugal, 2015, cap 8


“custo representa o valor monetário de recursos utilizados ou
consumidos por cada objecto de custo (actividade, serviço, bem, divisão,
etc.), que tem origem num somatório de gastos repartidos com base em
critérios de imputação definidos pela entidade. Despesas São os gastos
necessários para vender e enviar os produtos e, via de regra, ligados às
áreas administrativas e comerciais. O custo dos produtos quando
vendidos torna-se uma despesa.
1.8 – Classificação de custos

Classificação dos custos


 Custos funcionais
 Custos dos produtos, serviços ou actividades
Óptica do objecto
 Custos por centros de responsabilidade
 Custos totais
 Custos directos
 Custos indirectos
Custos parciais
Óptica do conteúdo  Custos fixos
 Custos variáveis
 Ponto crítico das vendas
Óptica do momento de cálculo  Custos reais (custos observados)
 Custos teóricos (padrão)
1.8.1 – Multiplicidades de gastos
Custos Totais Corresponde a soma de todos os custos necessários por cada objecto de custo.
São os que realmente se verificam, são custos históricos determinados a posteriori e
Custos Reais determinados pela Contabilidade Financeira.
Custos Padrão (ou São definidos a priori para valorização interna de materiais, produtos e serviços prestados.
Teóricos)
São aqueles que a empresa suporta quando opta por uma determinada Capacidade de
Custos Fixos (ou de Produção, não variando quando se altera o volume de produção (até um determinado
Estrutura) volume de produção, capacidade instalada, e dentro de um determinado período de tempo.
Ex. Pagamento da renda do armazém.
Custos Variáveis (ou São aqueles que a empresa suporta quando opta por uma determinada Capacidade de
de actividade) Produção. Ex. Consumo de Matérias Primas (CMP).
Custos São aqueles que têm uma parte fixa e uma parte variável. Ex: A Remuneração dos
Semivariáveis vendedores (ordenados mais comissões).
Aqueles que se identificam facilmente com o objecto de custo. Há uma relação de causa
Custos Directos directa com o objecto de custo: Ex. Consumo de Matéria Prima, MOD. Estes afectam o
PRODUTO
Não se identificam facilmente com o objecto de custo. i.e., não há uma relação directa com
Custos Indirectos o objecto de custo por essa razão, são IMPUTÁVEIS. Ex. Depreciação do equipamento, etc
1.8.1 – Multiplicidades de gastos

Custo Primo ou Trata-se de uma parte do custo industrial formada pelas


Custo Directo matérias-primas e pela mão-de-obra MP + MOD
Representa os valores incorporados na transformação das
Custos de matérias-primas. Trata-se de uma parcela de custo industrial MOD + GGF
transformação formada pela mão-de-obra directa e pelos gastos gerais de
fabricos
Trata-se da parcela que respeita a remuneração do capital
Custos figurativos investido na empresa pelos sócios (accionistas)
Custos não Conjunto de todos os custos de natureza comercial, administrativa
industriais e financeira que concorrem para a elaboração do produto CnI = GC + GA + GF
Custo complexivo É equivalente ao preço de venda abaixo do qual a empresa terá
dos produtos prejuízo. É constiuído pelo somatório do custo industrial dos CC = MP + MOD +
vendidos (ou produtos vendidos (CIPV), com os custos não industriais GGF + GComerciais
comercial)
Custo Económico- Representa o somatório do custo complexivo com os custo CET = CC + Gastos
Técnico figurativos. Um preço de venda superior a este valor proporciona o Figurativos
Lucro Puro. Representa o preço de venda do produto acabado.
1.9 – Custos relevantes e irrelevantes para tomadas de decisões

Os custos são considerados relevantes quando afectam o processo de


tomada de decisão, e quando não afectam o processo de tomada de
decisão são considerados custos irrelevantes. Exemplo de custos
irrelevantes são os custos irreversíveis (sunk costs). Estes são
irrecuperáveis e não devem ser considerados no processo de tomada
decisões, porque não fazem parte dos custos de oportunidade da
decisão a tomar. Estes custos surgem devido a uma decisão tomada no
passado e não podem ser modificados por uma decisão a tomar no
futuro. Assim sendo, estes gastos irrecuperáveis não são relevantes no
processo de tomada de decisão. No processo de tomada de decisões só
interessam os custos/gastos que serão alterados com a decisão a tomar.
1.9 – Custos relevantes e irrelevantes para tomadas de decisões
- exemplo -.
A empresa Heriel SU lda., apresenta a seguinte estrutura de custos
referente à produção de um único bem:
 Matéria-prima (Mp) ...................... 6,00 kz por unidade
 Mão de Obra Directa (MOD) ......... 4,00 kz por hora
 Gastos Gerais de Fabrico (GGF) ..... 3,00 kz por unidade
 Custos fixos industriais..................... 38 000,00 kz
 Capacidade produtiva ..................... 12 000 unidades
 Produção actual ............................... 9 000 unidades
 Aumento da produção .................... 2 000 unidades
Encomenda adicional: 2 000 unidades ao pvu de 16,00 kz cada.
Pretende-se que identifique para esta tomada de decisão:
1. Custos relevantes e custos irrelevantes
2. A decisão a tomar tendo em conta critérios contabilísticos.
1.9 – Custos relevantes e irrelevantes para tomadas de decisões
- exemplo -.
Resolução

1.- Custos relevantes e custos irrelevantes


 Intervalo relevante é de 0 a 12 000 unidades;
 Custos variáveis da nova encomenda: 13,00 x 2 000 unidades = 26
000,00 . Os custos variáveis serão considerados como custos
relevantes porque serão suportados no caso de se tomar a decisão de
aumentar a produção;
 Os custos fixos não se alteram com o aumento da produção de 2 000
unidades, logo são custos irrelevantes sem qualquer influencia no
processo de tomada de decisões. Os custos fixos não variam com a
quantidade dentro do intervalo relevante.
1.9 – Custos relevantes e irrelevantes para tomadas de decisões
- exemplo -.
Resolução
1. A decisão a tomar tendo em conta critérios contabilísticos.
 Venda adicional: 2 000 und x 16,00 ..................................... 32 000,00
 Custo das vendas adicionais (custos relevantes) ................. 26 000,00
 Lucro adicional...................................................................... 6 000,00

O Sr. William, adquiriu um carro há dois anos por 6 000 000 kz. Passados dois meses gastou 1
000 000 kz no arranjo de uma avaria. Neste momento, o Sr. William quer pintar o carro e fazer
algumas alterações. O orçamento previsto é de 2 000 000 kz. Tem outra possibilidade de
comprar um carro novo por 20 000 000 kz. Qual a decisão a tomar? Vai pintar o carro e pagar os
2 000 000 kzporque já gastou 7 000 000 kz ou comprar um carro novo?
1.10 – Custos do produto
Para efeito de relato é necessário, por um lado, proceder à valorização
dos produtos fabricados e armazenados mas não vendidos e dos
produtos e trabalhos em curso e, por outro, apurar o custo das vendas
para determinar o resultado do período, no que refere ao custo de
produção, tem subjacente o princípio do acréscimo. Neste âmbito, os
custos fabris podem ser considerados Custos dos Produtos e Custos ou
Gastos do Período.
Os custos do produto são todos os custos suportados para fabricar um
produto concreto, ou seja, os gastos são efectuados com aquele e só
aquele produto, pelo que pode saber-se exactamente os custos
específicos daquele produto em termos de matérias-primas consumidas,
mão-de-obra directa e gastos gerais de fabrico. Estes custos serão
recuperados no momento da venda.
1.10 – Custos do produto
Custo do produto = matéria-prima + mão de obra directa + gastos gerais de fabrico

1.11 – Custos/gastos do período


Os gastos do período são os que não concorrem para um só produto,
mas para toda a actividade da empresa, durante um determinado
período de tempo, como no caso dos custos administrativos, dos custos
financeiros ou dos custos de distribuição. São os que são suportados no
período para obtenção dos proveitos e que não respeitam ao processo
de fabrico, por exemplo: os gastos comerciais, os gastos administrativos
e financeiros.

Custo do período = c. administrativos + c. de distribuição + c. financeiros


1.10 – Custos do produto/Custo industrial/Custo de produção

O Custo Industrial (CI), também conhecido como Custo de Produção (CP), é


a componente monetária que reflecte o conjunto de todos os gastos ou
recursos consumidos durante o processo de fabricação ou transformação
destes recursos do qual resulta o produto. O custo é industrial porque
respeita a fabricação ou transformação. Não é o produto que é
transformado mas sim um conjunto de insumos cuja entrada no processo
de fabrico originam o produto. O Custo Industrial é por excelência Custo do
Produto.

Custo do produto = matéria-prima + mão de obra directa + gastos gerais de fabrico

Custo Industrial = Custo do Produto

Custo Industrial = matéria-prima + mão de obra directa + gastos gerais de fabrico


1.11 – Custos/gastos do período

Os gastos ou custos do período são não fabris, não considerados na


valorização dos inventários (stocks), e portanto, não serão em qualquer
circunstância custos do produto.
Convém salientar que os custos dos produtos apenas serão custos do
período quando forem vendidos.
Considerado como activo no
Custo do balanço nos
Custos
Produto inventários/existências enquanto
Industriais
não for vendido.

Os Custos do Produto serão


considerados um gasto na DR
quando forem vendidos.
Custos Custo do Os Custos não Industriais, serão
não considerados como um gasto na
Período
Industriais DR no período corrente.

Fonte: Maria Helder Martins Coelho (2012, p.47)


Exemplo
Considerando os custos abaixo mencionados da empresa Sakuaku lda, cujo objecto social é a
confecção de roupas de desporto, proceda a sua classificação em custos do produto e gastos
do período.
Gastos Custo do produto Gasto do Período
Gasóleo consumido pelos vendedores
Material de publicidade
Ordenado do gerente
Ordenado do pessoal fabril
Amortização das máquinas
Gastos de comunicação no escritório
Matérias-primas consumidas
Óleo de lubrificação da máquina industrial
Manutenção dos computadores (contrato)
Consumo de água na fábrica
- Exemplo 2 –
Dados da empresa Sakuaku (SU) Lda, em Março de 2023
Rubricas Valores em Kwanzas
Consumo de Matérias-Primas (CMP) 380 000,00
Mão de Obra Directa (MOD) 297 000,00
Gastos Gerais de Fabrico (GGF) 543 000,00
Gastos de distribuição 72 000,00
Gastos administrativos 112 000,00
Gastos financeiros 23 600,00
Preço de venda 1 450,00
Produção (unidades) 1 200
Vendas (unidades) 960
1.- Calcule:
1.1.- Custo do produto
1.2.- Custo do período
- Exemplo 2 –
Dados da empresa Sakuaku (SU) Lda, em Março de 2023
Resolução

Rubricas Valores em Kwanzas


 Matéria-Prima (MP) 380.000,00
 Mão de Obra Directa (MOD) 297.000,00
 Gastos Gerais de Fabrico (GGF) 543.000,00
Custo dos Produtos 1.220.000,00
Produção (unidades) 1.200
Custo Industrial Unitário 1.016,6666666

Custo do período = 112 000,00 + 72 000,00 + 23 600,00 = 207 600,00


- Exemplo 2 –
Dados da empresa Sakuaku (SU) Lda, em Março de 2023
Resolução

A Produção de 1.200 unidades custa 1.220.000,00 e cada unidade tem um Custo de


Produção de 1.016,67.
Foram produzidas 1.200 unidades, mas foram aprenas vendidas 960 unidades. Logo o
Custo industrial ou de produção destas 960 unidades será (960 unidades * 1.016,67 =
976.000,00).
As 240 unidades não vendidas serão registadas no Balanço em Inventários de
Produtos Acabados no final do mês de Março pelo respectivo, ou seja: 240 unidades x
1.016,67 = 244.000,00)
- Exemplo 2 –
Dados da empresa Sakuaku (SU) Lda, em Março de 2023
Resolução

64.02.0x Variação nos inventários de produtos


24.01.0x Existências – Produtos Acabados
acabados e produção em curso

MP) 380 000,00 976 000,00 976 000,00 380 000,00 (MP
MOD) 297 000,00 297 000,00 (MOD
GGF) 543 000,00 543.000,00 (GGF

1 220 000,00 1 220 000,00

(des)reconhecimento dos
produtos acabados pela venda
- Exemplo 2 –
Dados da empresa Sakuaku (SU) Lda, em Março de 2023
Resolução

31.01.02.01 Clientes – correntes 61.01.01 Vendas – Produtos Acabados e Intermédios - MN


Não grupo - nacionais

1 392 000,00 1 392 000,00

Vendas = 1 450,00 x 960 unidades = 1 392 000,00


- Exemplo 2 –
Dados da empresa Sakuaku (SU) Lda, em Março de 2023
Resolução

Demonstração de Resultados (Rubricas) Valores em Kwanzas


Vendas 1 392 000,00
Custo do Produto Vendido (CPV) 976 000,00
Lucro Bruto/Resultado Bruto 416 000,00
Gastos não industriais (Gastos do Período) 207 600,00
 Gastos de distribuição 72 000,00
 Gastos administrativos 112 000,00
 Gastos financeiros 23 600,00
Resultado Analítico Antes de Imposto (RAAI) 208 400,00
- Exercício 1 –
Dados da empresa Sakuaku (SU) Lda, em Março de 2023
Rubricas Valores em Kwanzas
Consumo de Matérias-Primas (CMP) 760 000,00
Mão de Obra Directa (MOD) 594 000,00
Gastos Gerais de Fabrico (GGF) 403 000,00
Gastos de distribuição 172 000,00
Gastos administrativos 122 000,00
Gastos financeiros 103 600,00
Preço de venda 2 450,00
Produção (unidades) 2 000
Vendas (unidades) Dois quartos das unds produzidas
1.- Calcule:
1.1.- Custo do produto
1.2.- Custo do período

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