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Resenha: O Jardim Secreto – Frances Hodgson Burnett


De Jeff Rodrigues - 6 de janeiro de 2021 24423 2

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Sinopse Zahar: Ao perder os pais numa epidemia de cólera na Índia, onde nasceu e foi criada, a
pequena e mimada Mary Lennox é enviada para viver na lúgubre mansão de seu tio, no coração da
Inglaterra rural. Deprimido pela morte da esposa, o tio está sempre viajando, enquanto seu filho
Colin, primo de Mary, passa a vida na cama como inválido. Solitária, Mary tenta se divertir
vasculhando a propriedade, até que descobre um segredo incrível: o deslumbrante jardim de sua
falecida tia, trancado e abandonado. A descoberta do jardim faz com que Mary conheça Dickon,
menino que conversa com os animais e as plantas, e se aproxime do primo, que volta a sair da casa
numa cadeira de rodas improvisada. Assim, a amizade das três crianças e o encantamento causado
pelo jardim começam a transformar a vida de todos na casa. (Resenha: O Jardim Secreto – Frances
Hodgson Burnett)

Opinião: O Jardim Secreto é uma daquelas histórias que dispensa apresentações pois já faz parte (ou
deveria fazer) do imaginário das pessoas. É atemporal e recheada de metáforas abertas a
interpretações que vão desde o lado religioso – bem destacado no texto de abertura da edição
Clássicos Zahar, até a mais simples lição que podemos tirar para nossa rotina diária. Em um
brevíssimo resumo, o livro traz uma garotinha super mimada que, ao se ver órfã, passa a ser criada
por um tio melancólico e distante. Ali, em um ambiente aparentemente hostil, ela vai conhecer um
primo inválido e também mimado ao seu estilo e um garoto que cresceu em meio à natureza, animais
e plantas. Ali, eles vão descobrir um jardim abandonado e amadurecerem aprendendo com a
simplicidade do dia a dia.

O Jardim Secreto é uma história sobre crescimento pessoal a partir das experiências da vida e do
entendimento de que a beleza de viver está presente nas menores ações ou nos mínimos detalhes. A
pequena Mary, mimada e arrogante, passa por um processo de transformação ao longo da trama. Ela
entende a cada novo capítulo que ninguém é superior a ninguém, que é possível aprender com os
outros, mesmo que eles estejam num posto de “serviçais”, e que olhar ao redor é muito mais
prazeroso do que viver em torno do próprio umbigo. O mesmo se aplica ao seu primo Colin, com a
diferença de que ele sofreu uma criação em que foi levado a acreditar que poderia morrer a qualquer
momento. A depressão que atinge o garoto poderia ser facilmente curada se janelas fossem abertas e
ele pudesse respirar o ar puro ao invés de ficar 24h trancado em um quarto.

Amarrando as duas histórias de crescimento pessoal do livro, surge a figura de Dickon, o garoto “da
natureza” que vive em contato com plantas e animais. Na história, mesmo sendo um personagem
humano, em diversos momentos ele é apontado como alguém místico, mágico, com dons e poderes.
Tanto pode ser uma referência a Pã quanto a Francisco de Assis. O que importa de verdade é
percebermos que Dickon encontra a felicidade, e tem um amadurecimento muito grande, justamente
ao viver uma vida voltada para tudo que o mundo oferece de mais belo. Ele se entrega ao prazer de
sentir o cheiro da chuva, contemplar o pôr-do-sol, ou se deitar numa grama e observar o céu. Ele
respeita os animais e até conversa com eles. E essas lições são apresentadas e servem de remédio para
Mary e Colin.

“UMA DAS COISAS ESTRANHAS DE


VIVER NESTE MUNDO É QUE SÓ DE
VEZ EM QUANDO SOMOS CAPAZES DE
SENTIR, COM TODA A CERTEZA, QUE
VIVEREMOS PARA TODO O SEMPRE.”

Existem dois pontos que pessoalmente trouxe de interpretação e reflexão a partir da leitura de O
Jardim Secreto. Em primeiro lugar, o jardim em si, abandonado e escondido. Há o momento em que
uma chave é descoberta e serve para abri-lo. Aqui é possível divagar sobre a metáfora da chave que
permite a entrada em um novo mundo, um recomeço, um aprendizado. A chave abre os corações, os
olhos e as mentes. Tanto que praticamente todos os personagens são impactados pelo resultado do
crescimento dos garotos e mudam um pouco o seu jeito de ser. Em segundo, o jardim visto a partir do
contato com a natureza. Em um momento ambiental delicado em que nós vivemos, com tanto
desmatamento e tanto desrespeito, a transformação que a natureza faz em cada personagem é
libertadora. É o contato com o mais simples broto que vai florescer ou com o pássaro na construção
de um ninho. É olhar para o que nos cerca e enxergar ali a beleza, e a riqueza, do mundo.

O Jardim Secreto fala de uma mágica que paira no ar. Uma mágica transformadora que cada um de
nós leva consigo e é capaz reproduzir. Essa magia, que anda perdida no mundo de hoje, pode ser
percebida de várias formas… No sorriso, no cumprimento, na empatia, na solidariedade, na
simplicidade, no amor, em ser, de fato, humano.

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A Autora: Frances Hodgson Burnett nasceu em Manchester, Inglaterra, em 1849. Em 1865, depois
da morte de seu pai, mudou-se com a mãe e os irmãos para a região rural do Tennessee, Estados
Unidos, onde a família enfrentou dificuldades para ganhar seu sustento. Aos dezessete anos, Burnett
vendeu seu primeiro conto para uma revista, e aos 22 já havia ganhado o suficiente para voltar à
Inglaterra. De 1887 até sua morte, manteve casas tanto na Inglaterra quanto nos Estados Unidos. Seus
dois casamentos terminaram em divórcio – o primeiro, com o dr. Swan Burnett, com quem teve dois
filhos, durou de 1874 a 1898; e o segundo, com o ator Stephen Townsend, de 1900 a 1902. Burnett
escreveu diversos romances populares para adultos, entre eles That Lass o’ Lowrie’s (1877), Through
One Administration (1883) e The Shuttle (1907), bem como várias peças e um livro de memórias da
infância: The One I Knew Best of All (1893). No entanto, é lembrada principalmente pelos romances
que escreveu para crianças: O pequeno lorde (1886), A princesinha (1905; uma versão expandida da
novela Sara Crewe, de 1888, e da peça The Little Princess) e O jardim secreto (1911). Morreu em
1924, em sua casa em Long Island.

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Jeff Rodrigues
Jornalista e aprendiz de serial killer. Assumidamente um bookaholic, é fã do mestre Stephen King e da
literatura de horror e terror. Entre os gêneros e autores preferidos estão ficção científica, suspense, romance
histórico, John Grisham, Robin Cook, Bernard Cornwell, Isaac Asimov, Philip K. Dick, Saramago, Vargas
Llosa, e etc. infinitas…

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