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Aportila PMERJ 1
Aportila PMERJ 1
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NV-014NB-22
Cód.: 7908428803704
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Eduardo Fernando dos Santos Silva - 140.146.587-08, vedada, por quaisquer meios e a
qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Obra
Autores
LÍNGUA PORTUGUESA • Ana Cátia Collares, Giselli Neves, Isabella Ramiro e Monalisa Costa
MATEMÁTICA BÁSICA • Ivanilson Junior, Kairton Batista (Prof. Kaká) e Sérgio Mendes
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NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL • Eduardo Gigante e Renato Philippini
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ISBN: 978-85-93690-96-9
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Edição: Novembro/2022
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protegidos pela Lei nº 9.610/1998. É proibida a reprodução parcial
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ou total, por qualquer meio, sem autorização prévia expressa por
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escrito da Nova Concursos.
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com pena de até um ano de prisão, além de multa (art. 180 do CP).
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– com orientações, macetes e conceitos fundamentais cobrados
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nas provas, e seção Hora de Praticar, trazendo exercícios gaba-
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ritados da banca Exatus Promotores de Eventos e Consultoria,
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organizadora responsável pelo último certame.
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A obra que você tem em suas mãos é resultado da competência
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com você!
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disponível em videoaulas.
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deste livro. São conteúdos que tornam a sua preparação muito mais eficiente.
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CONTEÚDO COMPLEMENTAR:
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SUMÁRIO
LÍNGUA PORTUGUESA.......................................................................................................9
INTERPRETAÇÃO E COMPREENSÃO DE TEXTOS............................................................................. 9
INTERTEXTUALIDADE........................................................................................................................ 14
GÊNEROS TEXTUAIS........................................................................................................................... 16
TIPOLOGIA TEXTUAL......................................................................................................................... 21
FUNÇÕES DA LINGUAGEM................................................................................................................. 25
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7-
VARIEDADES LINGUÍSTICAS............................................................................................................. 26
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TIPOS DE DISCURSO.......................................................................................................................... 27
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ACENTUAÇÃO GRÁFICA.................................................................................................................... 28
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ORTOGRAFIA....................................................................................................................................... 29
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SINTAXE............................................................................................................................................... 55
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COLOCAÇÃO PRONOMINAL.............................................................................................................. 72
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COESÃO E COERÊNCIA....................................................................................................................... 72
PONTUAÇÃO....................................................................................................................................... 76
REDAÇÃO...............................................................................................................................85
INTRODUÇÃO À REDAÇÃO................................................................................................................. 85
RAZÃO E PROPORÇÃO.....................................................................................................................117
PORCENTAGEM.................................................................................................................................120
EQUAÇÕES.........................................................................................................................................123
SISTEMA DE EQUAÇÕES..................................................................................................................125
NOÇÕES DE GEOMETRIA.................................................................................................................131
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FORMA.............................................................................................................................................................131
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PERÍMETRO......................................................................................................................................................132
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ÁREA.................................................................................................................................................................132
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VOLUME...........................................................................................................................................................134
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TEOREMA DE PITÁGORAS..............................................................................................................................136
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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO.............................................................. 221
PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.................................................................................221
AGENTES PÚBLICOS........................................................................................................................234
ATOS ADMINISTRATIVOS................................................................................................................247
BENS PÚBLICOS................................................................................................................................262
SERVIÇOS PÚBLICOS.......................................................................................................................266
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NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL....................................................... 281
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APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL E PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL....................281
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INQUÉRITO POLICIAL ......................................................................................................................283
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AÇÃO PENAL.....................................................................................................................................293
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DA PROVA..........................................................................................................................................296
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INFERÊNCIA – ESTRATÉGIAS DE INTERPRETAÇÃO
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ções de estudo sobre as relações de sentido que a forma que focam nas formas de inferência sobre um texto.
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linguística pode assumir. Dessa forma, é fundamental identificar como ocorre
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Portanto, neste material você encontrará recursos o processo de inferência, que se dá por dedução
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para solidificar seus conhecimentos em interpretação ou por indução. Para entender melhor, veja esse
exemplo:
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e compreensão textual, associando a essas temáticas
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as relações semânticas que permeiam o sentido de O marido da minha chefe parou de beber.
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todo amontoado de palavras, tendo em vista que qual- Observe que é possível inferir várias informa-
quer aglomeração textual é, atualmente, considerada ções a partir dessa frase. A primeira é que a chefe do
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texto e, dessa forma, deve ter um sentido que precisa enunciador é casada (informação comprovada pela
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ser reconhecido por quem o lê. expressão “marido”), a segunda é que o enuncia-
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Assim, vamos começar nosso estudo fazendo uma dor está trabalhando (informação comprovada pela
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breve diferença entre os termos compreensão e expressão “minha chefe”) e a terceira é que o marido
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entre palavras do nosso vocabulário, a opção do autor de inferência, sejam por dedução ou por indução, par-
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por um termo ao invés de outro reflete um sentido tem de uma certeza prévia para a concepção de uma
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que deve ser interpretado no texto, uma vez que a interpretação, construída pelas pistas oferecidas no
interpretação realiza ligações com o texto a partir
o
das ideias que o leitor pode concluir com a leitura. das pelo leitor do texto.
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Já a compreensão busca a análise de algo exposto no A seguir, apresentamos um fluxograma que repre-
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texto, e, geralmente, é marcada por uma palavra ou uma senta como ocorre a relação desses processos:
expressão, e apresenta mais relações semânticas e sintáti-
cas. A compreensão textual estipula aspectos linguísticos DEDUÇÃO → CERTEZA → INTERPRETAR
essencialmente relacionados à significação das palavras
LÍNGUA PORTUGUESA
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critério de beleza. (BARRETO, 2010, p. 21)
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É importante salientar que as regras de reconhe-
7-
O trecho em destaque na citação do escritor Lima cimento sobre o funcionamento da língua não são,
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.5
Barreto, em sua obra “Recordações do escrivão Isaías necessariamente, as regras gramaticais, mas as regras
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Caminha” (1917), identifica bem como o pensamento que estabelecem, por exemplo, no caso da língua por-
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indutivo compõe a interpretação e decodificação de tuguesa, que o feminino é marcado pela desinência -a,
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um texto. Para deixar ainda mais evidentes as estraté- que a ordem de escrita respeita o sistema sujeito-ver-
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gias usadas para identificar essa forma de interpretar, bo-objeto (SVO) etc.
deixamos a seguir dicas de como buscar a organiza-
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Ângela Kleiman (2016) afirma que o conhecimento
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ção cronológica de um texto. linguístico é aquele que “abrange desde o conhecimento
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A propriedade vocabular leva o cérebro cimento de vocabulário e regras da língua, chegando até o
PROCURE
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a aproximar as palavras que têm maior conhecimento sobre o uso da língua” (2016, p. 15).
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localizadores textuais
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A DEDUÇÃO
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um tempo para ampliar sua biblioteca e buscar fontes A conotação põe em evidência os recursos estilísticos
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de informações fidedignas, para, dessa forma, aumen- dos quais a língua dispõe para expressar diferen-
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tes sentidos ao texto de maneira subjetiva, afetiva e
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tar seu conhecimento de mundo.
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Conforme Kleiman (2016), durante a leitura, nosso poética. A conotação tem como finalidade dar ênfase
.1
conhecimento de mundo que é relevante para a com- à expressividade da mensagem de maneira que ela
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preensão textual é ativado; por isso, é natural ao nosso possa provocar sentimentos ou diferentes sensações
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cérebro associar informações, a fim de compreender no leitor. Por esse motivo, é muito utilizada em poe-
o novo texto que está em processo de interpretação. sias, conversas cotidianas, letras de músicas, anúncios
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A esse respeito, a autora propõe o seguinte exer- publicitários e outros.
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cício para atestarmos a importância da ativação do Ex.: “Amor é fogo que arde sem se ver”.
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fiou valentemente todos os risos desdenhosos que Quando escolhemos determinadas palavras ou
tentaram dissuadi-lo de seu plano. “Os olhos enga- expressões dentro de um conjunto de possibilidades
do
nam” disse ele, “um ovo e não uma mesa tipificam de uso, estamos levando em conta o contexto que
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três irmãs fortes e resolutas saíram à procura de relações de sentido. Essas relações podem se dar por
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provas, abrindo caminho, às vezes através de imen- meio de: sinonímia, antonímia, homonímia, paroní-
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sidões tranquilas, mas amiúde através de picos e mia, polissemia, hiponímia e hiperonímia.
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Acesso em: 17 out. 2020.
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Parônimos
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Parônimos são palavras que apresentam sentido
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diferente e forma semelhante, conforme demonstra-
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mos nos exemplos a seguir:
z Absorver/absolver -1
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Fonte: https://bit.ly/3kETkpl. Acesso em: 16 out. 2020.
Si
construída a partir dos sentidos opostos das palavras de seus pecados (inocentar).
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Homônimos são palavras que têm a mesma pro- O empresário consegue sempre auferir lucros
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Multiplicidade de sentidos encontradas em algu- Os infográficos são uma forma moderna de apre-
mas palavras, dependendo do contexto. As palavras sentar o sentido. Essa palavra une os termos info
polissêmicas guardam uma relação de sentido entre (informação) e gráfico (desenho, imagem, representa-
si, diferenciando-as das palavras homônimas. A polis- ção visual), ou seja, um desenho ou imagem que, com o
semia é encontrada no exemplo a seguir: apoio de um texto, informa sobre um assunto que não
seria muito bem compreendido somente com um texto.
Para interpretar os dados informativos em um
infográfico, é preciso boa leitura e esta requer atenção
aos detalhes. As representações neste formato aliam
ao texto uma série de atrativos visuais, cabendo ao
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leitor ser extremamente observador. Ter atenção ao
7-
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título, ao tema e a fonte das informações é vital para
.5
Fonte: https://bit.ly/3jynvgs. Acesso em: 17 out. 2020. uma boa análise e interpretação.
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Hipônimo e Hiperônimo
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Relação estabelecida entre termos que guardam a
relação de sentido entre si e mantém uma ordem gra-
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Gráfico
LÍNGUA PORTUGUESA
Componentes de um gráfico:
INTERTEXTUALIDADE PARÓDIA
Existem diversos mecanismos que são meios A paródia é um tipo de intertextualidade estilística
importantes e, muitas vezes, imprescindíveis à cons- em que o autor recupera o estilo de outro texto, seja
trução de sentido dos gêneros textuais, dentre eles, verbal ou não verbal. É muito comum tanto em tex-
a intertextualidade. Ao nos referirmos à ideia de tos musicais, nos quais são recuperados a melodia e o
construção dos sentidos mediante o uso de gêneros estilo do intérprete original, quanto em textos visuais,
textuais destacamos a estrutura, o propósito comu- como no exemplo a seguir:
nicativo e a função dos gêneros. Um outro elemento
importante para a compreensão textual é a intertex-
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tualidade, que diz respeito à propriedade de um texto
7-
se relacionar com outros.
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Para se entender melhor a estrutura e a função
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do termo intertextualidade, pode-se separar a pala-
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vra em partes: “inter” é de origem latina e refere-se
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à noção de dentro, ou seja, o que está dentro do texto,
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e “textualidade” tem a noção de conteúdo, palavras.
Unindo as duas, forma-se a intertextualidade, a partir
a
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da qual podemos dar origem a um outro texto.
Si
a dia, sendo muito comum em gêneros oriundos da Fonte: https://bit.ly/3mx0k7X. Acesso em: 12 out. 2020.
nt
tamos esse exemplo que resume a ideia de intertex- Uma das caraterísticas da paródia é o tom irônico e
tualidade que iremos trabalhar neste material: humorístico que pode variar, dependendo da sua fina-
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do
lidade textual.
do
PARÁFRASE
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1 Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos “A confiabilidade das fontes citadas confere rele-
anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que vância ao trabalho acadêmico, cabendo, portan-
soa ou como o sino que tine. 2 E ainda que tivesse to, ao produtor do texto, selecioná-las com rigor”
(BOAVENTURA, 2004, p. 81).
o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios
e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de
z Citação indireta:
maneira tal que transportasse os montes, e não
tivesse amor, nada seria [...] Segundo Boaventura (2004, p. 81), o respeito ao
trabalho acadêmico é diretamente proporcional à
11 Soneto – Luis Vaz de Camões credibilidade das fontes utilizadas, por isso é neces-
sário atentar-se para os diversos tipos de citação
Amor é um fogo que arde sem se ver, aqui mencionados.
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente, Dica
é dor que desatina sem doer. A citação indireta é um tipo de paráfrase.
8
presentear os troianos com um cavalo de madeira
0
que fazia parte da estratégia grega para conseguirem
7-
A referência é um tipo de intertextualidade explí-
8
invadir a cidade de Troia e destruí-la por dentro.
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cita, muito comum e necessária em trabalhos acadê-
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micos, pois ao mencionar uma obra ou autor e suas EPÍGRAFE
.1
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ideias, o pesquisador deverá realizar as devidas refe-
A epígrafe é uma pequena citação colocada no iní-
-1
rências, indicando os nomes dos títulos mencionados
cio de capítulos de livros, seções de trabalhos acadê-
ao final do trabalho.
a
micos ou de outros gêneros para manter uma relação
lv
Para realizar esse tipo de intertextualidade, deve-
Si
mas Técnicas – ABNT. A seguir, disponibilizamos um cado a epígrafe: “Sei que às vezes uso palavras repe-
nt
exemplo de referência com a indicação de uma das tidas, mas quais são as palavras que nunca são ditas”
Sa
obras citadas neste material: (trecho da música Quase sem querer da banda Legião
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KOCH, I. G. V.; ELIAS, V. M. Ler e compreender: os pletamente inédito em nosso contexto atual.
sentidos do texto. 3. ed. São Paulo: Contexto, 2015.
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12 out. 2020.
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Tradução
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A tradução é uma espécie de paráfrase para muitos
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autores, pois, como sabemos, há palavras e expressões
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que só existem na língua de origem do escritor original. Fonte: https://bit.ly/3e8lV3V. Acesso em: 12 out. 2020.
-1
Dessa forma, a tradução de textos em línguas diferen- a
tes é uma aproximação de sentidos, construída a par-
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outras línguas. É o caso do mineiro de Cordisburgo, Gui- O QUE SÃO OS GÊNEROS TEXTUAIS?
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repleta de neologismos, como os destacados a seguir: Quando pensamos em uma definição para gêne-
do
uma junção de dois termos gregos, relativos a touro rentes aos clássicos da literatura grega. Afinal, quem
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(táuros) e ao som da sala (phtoggos). nunca ouviu falar das histórias de Ilíada ou A Odis-
Ed
Embriagatinhar: A mistura de “embriagado” e seia, ambas de Homero? Mas o que esses textos têm
“(en)gatinhar” serve para designar uma pessoa que, em comum? Inicialmente, você pode ser levado a pen-
de tão bêbada, chega a engatinhar. sar que nada, além do fato de terem sido escritos pelo
Velvo: Adaptação do inglês velvet, que significa
mesmo autor; porém, a estrutura dessas histórias res-
“veludo”. Na linguagem de Guimarães Rosa, é o
nome dado para uma planta de folhas aveludadas. peita um padrão textual estabelecido e reconhecido
Circuntristeza: Como a própria palavra sugere, na época em que foram escritas.
refere-se à “tristeza circundante”. De maneira análoga, quando pensamos em gêne-
ros textuais, devemos identificar os elementos que
Fonte: https://bit.ly/34DFj5D. Acesso em: 16 out. 2020.
caracterizam textos, aparentemente, tão diferentes.
Logo, da mesma forma que comparamos as estruturas
Diante desse complexo léxico, como traduzir
expressões que até para um brasileiro podem ser de Ilíada e Odisseia, é preciso buscar as semelhanças
difíceis compreender? Por isso, a tradução é um texto entre uma notícia e um artigo de opinião, por exem-
intertextual, pois cabe ao tradutor adaptar e parafra- plo, e também é fundamental identificar as razões que
sear trechos cuja complexidade só poderia ser alcan- nos levam a classificar cada um desses gêneros com
16 çada por falantes nativos. termos diferentes.
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qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Além disso, um gênero textual, para ser identifica-
Importante! do como tal, é amparado por um protótipo textual, o
qual também pode ser reconhecido como estereótipo
Esse ponto de interseção é o que podemos esta-
textual, que resguarda características básicas do gêne-
belecer como os principais aspectos de classifi-
ro. Por exemplo, ao olharmos para o anúncio mencio-
cação de um gênero textual.
nado acima, identificamos traços do gênero contos de
fada tanto na porção textual do anúncio que começa
Dessa forma, conforme Maingueneau (2018, p. com a frase: “era uma vez...” quanto pelas imagens
71), o ponto de interseção que estabelece sobre qual que remetem ao conto da “Branca de Neve”.
gênero estamos tratando é indicado por “rotinas de Tais marcas, sobretudo as linguísticas, auxiliam os
comportamentos estereotipados e anônimos que se falantes de uma comunidade a reconhecer o gênero e
estabilizaram pouco a pouco, mas que continuam sujei-
também a escrever esse gênero quando necessitam.
tos a uma variação contínua”. Logo, o primeiro ele-
mento que precisamos identificar para classificar um Isso é o que torna a característica da prototipicidade
gênero é o papel social, marcado pelos comportamen- tão importante no reconhecimento e na classificação
tos e pelas “rotinas” humanas típicas de quem vive em de um gênero. Ademais, os traços estereotipados de
sociedade e, portanto, precisa se fazer compreender um gênero devem ser reconhecidos por uma comu-
tão bem quanto ser compreendido. nidade, reafirmando o teor social desses elementos e
Esse é sem dúvidas o elemento que melhor dife- estabelecendo a importância de um indivíduo adqui-
rencia tipos e gêneros textuais, uma vez que os tipos rir o hábito da leitura, pois quanto mais se lê, a mais
textuais não têm apelo ao ambiente social e são mui-
gêneros se é exposto.
to mais identificáveis por suas marcas linguísticas. O
fator social dos gêneros textuais também irá direcio- Portanto, a partir de todas essas informações sobre
nar outros aspectos importantes na classificação des- os gêneros textuais, podemos afirmar que, de maneira
ses elementos, justamente devido à dinâmica social resumida, os gêneros textuais são ações linguísti-
em que estão inseridos, os gêneros são passíveis de cas situadas socialmente que servem a propósitos
alterações em sua estrutura. específicos e são reconhecidos pelos seus traços
Tais alterações podem ocorrer ao longo do tempo, em comum. A seguir, demonstramos uma tabela com
tornando o gênero completamente modificado, como se
as características básicas para a correta identificação
8
deu com as cartas pessoais e os e-mails, por exemplo; ou
0
dos gêneros textuais:
7-
podem ser alterações pontuais que se prestam a uma fina-
8
lidade específica e momentânea, como aconteceu com o GÊNEROS TEXTUAIS SÃO:
.5
anúncio, apresentado a seguir, da loja “O Boticário”:
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z Ações sociais
.1
z Ações com configuração prototípica
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z Reconhecidos pelos membros de uma comunidade
-1
z O propósito de uma ação social
a
z Divididos em classes
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Fonte: https://bit.ly/34yptsR. Acesso em: 12 set. 2020. GÊNEROS TEXTUAIS TIPOS TEXTUAIS
rn
Fe
O gênero anúncio apresenta uma clara referên- Relação com aspectos Associação a aspectos
cia ao gênero contos de fada, porém, a estrutura des- sociais linguísticos
o
rd
modificada para que o propósito do anúncio fosse Podem ser alterados ção, sob pena de serem
Ed
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isso, nesse texto, as sequências textuais mais encon-
0
7-
tradas são a narrativa e a descritiva, justamente com
8
Casal suspeito de assaltos é preso após
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a finalidade de se evitar apresentar um ponto de vista.
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colidir carro na contramão enquanto fugia Manchete Porém, a reportagem apresenta as opiniões sobre
.1
da polícia, em Fortaleza
um mesmo fato, pois essa opinião é o principal “ingre-
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Foram apreendidos três aparelhos celu- diente” dos textos desse gênero que são representados,
-1
lares roubados e uma arma de fogo com Lead predominantemente, pela sequência argumentativa.
a
seis munições.
É importante relembrarmos que o tipo textual
lv
Si
Um casal suspeito de realizar assaltos foi argumentativo é organizado em três macro partes:
preso após capotar um carro ao dirigir na
os
tificar, disse que os assaltantes dirigiam da notícia busca apenas a divulgação da informação.
do
em alta velocidade pelas ruas após abor- Diante disso, o suporte de veiculação das repor-
an
dar de forma fria os pertences. “A mulher tagens é, quase sempre, aquele que faz uso do vídeo,
estava conduzindo o carro e o comparsa como a televisão, o computador, o tablet, o celular.
rn
Fonte: https://glo.bo/35KM591. Acesso em: 14 set. 2020. podem ser veiculadas em suportes escritos, como
ua
Na formulação de uma notícia, para que ela atinja redes sociais, estas são os principais meios de divulga-
seu propósito de informar, é fundamental que o autor ção desse gênero atualmente.
do texto seja guiado por essas perguntas a fim de tor- Conforme a Academia Jornalística (2019), a repor-
nar seu texto imparcial e objetivo: tagem apresenta informações mais detalhadas sobre
O quê? um fato e/ou fenômeno de grande relevância social.
Isso significa que o repórter deve demonstrar os lados
Onde? MANCHETE
que compõem a matéria, a fim de que o leitor cons-
trua sua própria opinião sobre o tema.
Quando? A despeito dessas diferenças na construção dos
gêneros mencionados, a reportagem e a notícia guar-
CORPO DA Como? dam semelhanças, como a busca pelas respostas às
NOTÍCIA
Por quê? perguntas O quê? Como? Por quê? Onde? Quando?
Quem? Essas perguntas norteiam a escrita tanto da
reportagem quanto da notícia, que se diferencia da
18 primeira por seu caráter essencialmente informativo.
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NOTÍCIA REPORTAGEM
Apresenta um fato de forma simples e objetiva Questiona fatos e efeitos de um fato determinado
Objetivo é informar Apresenta argumentos sobre um mesmo fato
Apuração dos fatos objetiva Apuração extensa
Conteúdo sem ordem determinada, pode apresentar en-
Conteúdo de curto prazo
trevistas, dados, imagens, etc.
Conteúdo segue o modelo da pirâmide invertida (conf. acima)
É importante ressaltar que nenhum gênero é composto apenas por uma única sequência textual e que, portan-
to, a reportagem também apresentará esse paradigma, pois esse gênero é essencialmente argumentativo, porém
pode apresentar outras sequências textuais a fim de alcançar seu objetivo final.
A seguir, daremos continuidade aos nossos estudos sobre os principais gêneros textuais objeto de provas de
concurso com um dos gêneros mais comuns em provas de seleções: o artigo de opinião.
ARTIGO DE OPINIÃO
O artigo de opinião faz parte da ordem de textos que buscam argumentar. Esse gênero usa a argumentação
para analisar, avaliar e responder a uma questão controversa. Esse instrumento textual situa-se no âmbito do
discurso jornalístico, pois é um gênero que circula, principalmente, em jornais e revistas impressos ou virtuais.
Com o artigo de opinião, temos a discussão de um problema de âmbito social. E, por meio dessa discussão, pode-
mos defender nossa opinião, como também refutar opiniões contrárias às nossas, ou ainda, propor soluções para
a questão controversa.
A intenção do escritor ao escolher o artigo de opinião é a de convencer seu interlocutor; para isso, ele terá que
8
usar de informações, fatos, opiniões que serão seus argumentos. Bräkling apud Ohuschi e Barbosa aponta:
0
87-
O artigo de opinião é um gênero de discurso em que se busca convencer o outro de uma determinada ideia, influen-
.5
ciá-lo, transformar os seus valores por meio de um processo de argumentação a favor de uma determinada posição
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assumida pelo produtor e de refutação de possíveis opiniões divergentes. É um processo que prevê uma operação
.1
constante de sustentação das afirmações realizadas, por meio da apresentação de dados consistentes que possam
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convencer o interlocutor (2011, p. 305).
-1
a
Dessa forma, para alcançar o objetivo do gênero, o escritor deverá usar diversos conhecimentos, como: enci-
lv
clopédicos, interacionais, textuais e linguísticos. É por meio da escolha de determinados recursos linguísticos que
Si
percebemos que nada é por acaso, pois, a cada escolha há uma intenção: “[...] toda atividade de interpretação pre-
os
sente no cotidiano da linguagem fundamenta-se na suposição de quem fala tem certas intenções ao comunicar-se”
nt
Quando queremos dar uma opinião sobre determinado tema, é necessário que tenhamos conhecimento sobre
s
ele. Por isso, normalmente, os autores de artigos de opinião são especialistas no assunto por eles abordado. Ao
do
escolherem um assunto, os autores devem considerar as diversas “vozes” já existentes sobre mesmo assunto. E,
do
Por isso, a linguagem utilizada pelo articulista de um texto de opinião deve ser simples, direta, convincente.
rn
Utiliza-se a terceira pessoa, apesar de a primeira ser adequada para um artigo de opinião pessoal; porém, ao esco-
Fe
lher a terceira pessoa do singular, o articulista consegue dar um tom impessoal ao seu texto, fazendo com que sua
produção textual não fique centrada só em suas próprias opiniões.
o
rd
Quanto à composição estrutural, Kaufman e Rodriguez (1995) apud Pereira (2008) propõem a seguinte
ua
estruturação:
Ed
z Identificação do tema, acompanhada de seus antecedentes e alcance para situar a questão polêmica;
z Tomada de posição, exposição de argumentos de modo a justificar a tese;
z Reafirmação da posição adotada no início da produção, ao mesmo tempo em que as ideias são articuladas e o
LÍNGUA PORTUGUESA
texto é concluído.
No processo de escrita de qualquer texto, é preciso estar atento aos elementos de coesão que ligam as ideias do
autor aos seus argumentos, porém, nos textos argumentativos, é fundamental prestar ainda mais atenção a esse
processo; por isso, muito cuidado com a coesão na escrita e na leitura de textos opinativos. 19
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qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
A fim de mantermos a linha de pensamento nos estudos de textos argumentativos, seguimos nossa abordagem
apresentando outro gênero sempre presente nas provas de língua portuguesa em concursos públicos: o editorial.
EDITORIAL
Até aqui, estudamos dois gêneros com predominância de sequência argumentativa. O terceiro será o editorial,
gênero muito marcante no âmbito jornalístico e que expressa a opinião de um veículo de comunicação.
Como já debatemos muito sobre a estrutura dos textos argumentativos de uma forma geral, iremos nos aten-
tar aqui para as principais características do gênero editorial e no que ele se diferencia do artigo de opinião, por
exemplo.
EDITORIAL - CARACTERÍSTICAS
z Expressa opinião de um jornal ou revista a respeito de um tema atual
z O objetivo desse gênero é esclarecer ou alertar os leitores sobre alguma temática importante
z Busca persuadir os leitores, mobilizando-os a favor de uma causa de interesse coletivo
z Sua estrutura também é baseada em: Introdução, Desenvolvimento e Conclusão
O início de um editorial é bem semelhante ao de um artigo de opinião: apresenta-se a ideia central ou proble-
ma social a ser debatido no texto, posteriormente segue-se a apresentação do ponto de vista defendido e conclui-
-se com a retomada da opinião apresentada inicialmente. A principal diferença entre editorial e artigo de opinião
é que aquele representa a opinião de uma corporação, empresa ou instituição.
08
O editorial, além de ser um gênero muito comum nas provas de interpretação textual em concursos públicos,
7-
também é, recorrentemente, cobrado por muitas bancas em provas de redação. Por isso, a seguir, apresentamos
8
.5
um breve esquema para facilitar a escrita desse gênero, especialmente em certames que cobrem redação.
46
.1
40
EDITORIAL – ESTRUTURA TEXTUAL POR PARÁGRAFOS
-1
Apresentação do tema (situando o leitor) e já com um posicionamento definido. Ser didático ao apresen-
Parágrafo 1
tar o assunto ao leitor
a
lv
Parágrafo 2
do problema. Mais uma vez, posicionamento sobre o assunto
os
Análise e as possíveis motivações que tornam o tema polêmico (ou justificativas de especialista da
nt
Parágrafo 3
Sa
área). É preciso trazer dados factuais, exemplos concretos que ilustram a argumentação
Parágrafo 4 Conclusivo, com o posicionamento crítico final, retomando o posicionamento inicial sem se repetir
s
do
do
A seguir, apresentamos nosso último gênero textual abordado neste material. Lembramos que o universo de
gêneros textuais é imenso, por isso, é impossível apresentar uma compilação de estudos com todos os gêneros;
an
apesar disso, trazemos aqui os principais gêneros cobrados em avaliações de língua portuguesa. Seguindo esse
rn
CRÔNICA
rd
ua
O gênero crônica é muito conhecido no meio literário no Brasil. Podemos citar ilustres autores que se tornaram
Ed
famosos pelo uso do gênero, como Luís Fernando Veríssimo e Marina Colasanti. Também por ser um gênero curto
de cunho social voltado para temas atuais, é muito usado em provas de concurso para ilustrar questões de inter-
pretação textual e também para contextualizar questões que avaliam a competência gramatical dos candidatos.
As crônicas apresentam uma abordagem cotidiana sobre um assunto atual e podem ser narrativas ou
argumentativas.
Apesar de as formas de texto verbais serem o formato mais comum na construção de uma crônica, atualmen-
20 te, podemos encontrar crônicas veiculadas em outros formatos, como vídeo, muito divulgados nas redes sociais.
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qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
No tocante ao estilo da crônica argumentativa, trata-se de um texto com estrutura argumentativa padrão
(introdução, desenvolvimento, conclusão), muito veiculado em jornais e revistas, e, por isso, é um gênero que
passeia pelos ambientes literários e jornalísticos; apresenta um teor opinativo forte, com observação dos fatos
sociais mais atuais. Outra característica presente nesse gênero é o uso de figuras de linguagem, como a ironia e a
metáfora, que auxiliam na presença do tom sarcástico que a crônica pode ter.
A seguir, apresentamos um trecho da crônica “O que é um livro?” da escritora Marina Colasanti em que pode-
mos identificar as principais características desse gênero:
O que é um livro?
O que é um livro? A pergunta se impõe neste momento em que a isenção de impostos sobre o objeto primeiro da
cultura e do conhecimento está em risco. Uma contribuição tributária de 12% afastaria ainda mais a leitura de quem
tanto precisa dela.
Um livro é:
– A casa das palavras. Acabei de gravar um vídeo para jovens estudantes e disse a eles que o ofício de um
escritor é cuidar dessa casa, varrê-la, fazer a cama das palavras, providenciar sua comida, vesti-las com harmonia.
– A nave espacial que nos permite viajar no tempo para a frente e para trás. Habitar o passado ao tempo em que
foi escrito. Ou revisitá-lo de outro ponto de vista, inalcançável quando o passado aconteceu: o do presente, com
todos os conhecimentos adquiridos e as novas maneiras de viver. […]
- Ao mesmo tempo, espelho da realidade e ponte que nos liga aos sonhos. Crítica e fantasia. Palavra e música,
prosa e poesia. Luz e sombra. Metáfora da vida e dos sentimentos. Lugar de preservação do alheio e ponto de
encontro com nosso núcleo mais profundo. Onde muitas portas estão disponíveis, para que cada um possa abrir a
sua.
– A selva na qual, entre rugidos e labaredas, dragões enfrentam centauros. O pântano onde as hidras agitam
suas múltiplas cabeças.
– Todas as palavras do sagrado, todas elas foram postas nos livros que deram origem às religiões e neles
conservadas.
Fonte: https://bit.ly/2HIecxi. Acesso em:17 set. 2020. Adaptado.
0 8
7-
Como podemos notar, a crônica trata de um assunto bem atual: o aumento da carga tributária que incide sobre
8
o preço dos livros. A autora apresenta sua opinião e segue argumentando sobre a importância dos livros na socie-
.5
46
dade com um ponto de vista ladeado pela literatura, o que fortalece sua argumentação.
Para finalizar nossos estudos sobre gêneros textuais, é importante deixarmos uma informação relevante sobre
.1
40
esse assunto. Para muitos autores, os gêneros não apenas moldam formas de texto, mas formas de dizer marcadas
-1
pelo discurso; por isso, em algumas metodologias (e também em alguns editais de concurso), os gêneros serão tra-
tados como do discurso. a
lv
Si
Dica
os
Gêneros do discurso marcam o processo de interação verbal; como todo discurso materializa-se por meio de
nt
textos, a nomenclatura gêneros textuais torna-se mais adequada para essa perspectiva de estudos. Podemos
Sa
distinguir as duas variantes vocabulares de acordo com as demandas sociais e culturais de estudo dos gêneros.
s
do
do
an
TIPOLOGIA TEXTUAL
rn
Fe
Tipos ou sequências textuais são unidades que estruturam o texto. Para Bronckart1, “são unidades estruturais, rela-
ua
Os tipos textuais marcam uma forma de organização da estrutura do texto, que se molda a depender do gênero
discursivo e da necessidade comunicativa. Por exemplo, há gêneros que apresentam a predominância de narra-
ções (contos, fábulas, romances, história em quadrinhos etc.). Já em outros, predomina a argumentação (redação
do Enem, teses, dissertações, artigos de opinião etc.).
LÍNGUA PORTUGUESA
Uma última informação muito importante sobre tipos Cabelos longos não usa mais
Não toca a sua guitarra e sim
textuais que devemos considerar é que nenhum texto é
Um instrumento que sempre dá
composto apenas por um tipo textual; o que ocorre é a A mesma nota,
existência de predominância de algumas sequências em Situação final /
ra-tá-tá-tá
detrimento de outras, de acordo com o texto. Avaliação
Não tem amigos, não vê garotas
A seguir, aprenderemos a diferenciar cada classe Só gente morta caindo ao chão
de tipos textuais, reconhecendo suas principais carac- Ao seu país não voltará
terísticas e marcas linguísticas. Pois está morto no Vietnã [...]
No peito, um coração não há
8
Moral
0
CLASSIFICAÇÃO DOS TIPOS TEXTUAIS E SUAS Mas duas medalhas sim
7-
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
8
.5
Disponível em: https://www.letras.mus.br/engenheiros-do-
46
Narrativo hawaii/12886/. Acesso em: 30 ago. 2021.
.1
40
Os textos compostos predominantemente por Essas sete marcas que definem o tipo textual nar-
-1
sequências narrativas cumprem o objetivo de contar rativo podem ser resumidas em marcas de organiza-
a
uma história, narrar um fato. Por isso, precisam man- ção linguística que são caracterizadas por:
lv
ter a atenção do leitor/ouvinte e, para tal, lançam mão
Si
de algumas estratégias, como a organização dos fatos a z Presença de marcadores temporais e espaciais;
os
desfecho que poderá ou não apresentar uma moral. z Presença de narrador e personagens.
Conforme Cavalcante (2013), o tipo textual narrati-
s
do
brio, o que demanda uma situação conflituosa; Os gêneros textuais que são predominantemen-
rn
z Resolução: momento de solução da tensão; pre identificar as marcas linguísticas que são pre-
Ed
22
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qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Outro indicador do texto narrativo é a presença do Considerando as emergências comunicativas do
narrador da história. Por isso, é importante apren- mundo moderno, a carta tornou-se um gênero menos
dermos a identificar os principais tipos de narrador usual e, aos poucos, substituído por outros gêneros,
de um texto: como, por exemplo, o e-mail.
A sequência descritiva também pode se apresentar
Narrador: também conhecido como foco narrativo, é o de forma esquemática em alguns gêneros, como pode-
responsável por contar os fatos que compõem o texto mos ver no cardápio a seguir:
Narrador personagem: verbos flexionados em 1ª pes-
soa. O narrador participa dos fatos
Narrador observador: verbos flexionados em 3ª pessoa.
O narrador tem propriedade dos fatos contados, porém,
não participa das ações
Narrador onisciente: os fatos podem ser contados na 3ª
ou 1ª pessoa verbal. O narrador conhece os fatos e não
participa das ações, porém, o fluxo de consciência do nar-
rador pode ser exposto, levando o texto para a 1ª pessoa
8
tipo textual narrativo, vamos agora conhecer as mar-
0
7-
cas mais importantes da sequência textual classifica-
8
da como descritiva.
.5
46
Descritivo
.1
40
-1
O tipo textual descritivo é marcado pelas formas
nominais que dominam o texto. Os gêneros que uti- a
lv
lizam esse tipo textual geralmente utilizam a sequên-
Si
30 ago. 2021.
Veja um trecho da Carta de Pero Vaz de Caminha,
s
Ali veríeis galantes, pintados de preto e vermelho, e etc.) com uso de adjetivos ou locuções adjetivas (de
Fe
quartejados, assim pelos corpos como pelas pernas, queijo, doce, salgado, com calabresa, moída etc.). Ele
que, certo, assim pareciam bem. Também andavam
está organizado de forma esquematizada em seções
o
tanta inocência assim descobertas, que não havia fim de deixar claro o tema principal do texto. Nesse tipo
nisso desvergonha nenhuma. textual, é muito comum a presença de dados, informa-
Disponível em: https://www.todamateria.com.br/carta-de-pero-vaz-
ções científicas, citações diretas e indiretas, que servem
de-caminha/. Acesso em: 30 ago. 2021. para embasar o assunto do qual o texto trata. Para ilus-
trar essa explicação, veja o exemplo a seguir:
Note que apesar da presença pontual da sequência
narrativa, há predominância da descrição do cenário
e dos personagens, evidenciada pela presença de adje-
tivos (galantes, preto, vermelho, nuas, tingida, desco-
bertas etc.). A carta de Pero Vaz constitui uma espécie
de relato descritivo utilizado para manter a comuni-
cação entre a Corte Portuguesa e os navegadores. 23
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Os textos expositivos são comuns em gêneros cien-
tíficos ou que desencadeiam algum aspecto de curiosi-
dade nos leitores, como o exemplo a seguir:
Instrucional ou Injuntivo
8
horóscopos e também nos manuais de instrução.
0
Fonte: https://www.boavontade.com/pt/ecologia/infografico-dados-
7-
mostram-panorama-mundial-da-situacao-da-agua A principal marca linguística dessa tipologia é a
8
.5
presença de verbos conjugados no modo imperati-
46
O infográfico acima apresenta as informações per- vo e também em sua forma infinitiva. Isso se deve
.1
tinentes sobre o panorama mundial da situação da ao fato de essa tipologia buscar persuadir o leitor e
40
água no ano de 2016. O gênero foi construído com o levá-lo a realizar as ações mencionadas pelo gênero.
-1
objetivo de deixar o leitor informado a respeito do Para que possamos identificar corretamente essa
a
tema tratado, e para isso, o autor dispõe, além da lin- tipologia textual, faz-se necessário observar um gêne-
lv
guagem clara e objetiva, de recursos visuais para atin-
Si
É importante destacar que os textos expositivos 2. Depois de instalar o aplicativo, toque no ícone
an
8
OPERADORES ARGUMENTATIVOS
0
ções e objetividades do emissor. O uso de verbos na
7-
8
É incontestável que... primeira pessoa do singular evidencia seu mundo
.5
Tal atitude é louvável / repudiável / notável... interior; também é comum o uso de interjeições, reti-
46
É mister / é fundamental / é essencial... cências, ponto de exclamação e interrogação para
.1
reforçar a expressividade do emissor. Essa função é
40
comum em poemas, diários, conversas cotidianas e
-1
Observe o exemplo a seguir: narrativas de teor romântico ou dramático.
a
lv
“O governo gasta, todos os anos, bilhões de reais FUNÇÃO APELATIVA OU CONATIVA
Si
nadas ao tabagismo; os ganhos com os impostos Tem como objetivo convencer e influenciar o com-
nt
nem de longe compensam o dinheiro gasto com portamento do receptor da mensagem. Essa função
Sa
essas doenças. Além disso, as empresas têm gran- caracteriza-se pela presença das formas tu, você, vocês
des prejuízos por causa de afastamentos de tra- (explícitas ou subtendidas no texto), de vocativos e de
s
do
balhadores devido aos males causados pelo fumo. formas verbais no imperativo que expressam ordem,
Portanto, é mister que sejam proibidas quaisquer sugestão, apelo etc. Essa função é predominante em tex-
do
Essas estruturas, quando utilizadas adequadamen- te nos noticiários, jornais, artigos, nas revistas, nos
Ed
te no texto argumentativo, expõem a opinião do autor, livros instrucionais, contratos etc. A linguagem, nes-
ajudando na defesa de seu ponto de vista e construin- se caso, transmite uma mensagem direta, objetiva e
do a estrutura argumentativa desse tipo textual. impessoal, que pode ser entendida pelo leitor em um
sentindo específico.
LÍNGUA PORTUGUESA
FUNÇÃO FÁTICA
LINGUAGEM VERBAL E NÃO VERBAL Essa função serve para estabelecer ou interromper a
comunicação com o interlocutor. Pode ser encontrada em
Quando falamos sobre a linguagem, vemos que ela expressões de cumprimento, saudações, discursos etc.
abrange muito mais que a língua, pois compreende,
também, cores, gestos e entonação. Neste sentido, em FUNÇÃO METALINGUÍSTICA OU METALINGUAGEM
se tratando de texto escrito, podemos falar em lingua-
gem verbal e não verbal. Acontece quando a linguagem é usada para explicar
A linguagem verbal diz respeito a tudo o que usa a própria linguagem. Dessa maneira, o emissor explica o
letras e palavras para passar uma informação, como, código utilizando o próprio código. Na categoria de tex-
por exemplo, artigo de opinião, romance, notícia, textos tos, merecem destaque as gramáticas e os dicionários. 25
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FUNÇÃO POÉTICA PADRÃO INFORMAL
A língua não é uma, ou seja, não é indivisível; ela A variação diatópica pode ocorrer com sons dife-
pode ser considerada um conjunto de dialetos. Alguém rentes. Quando isso acontece, dizemos que ocorreu
já disse que em país algum se fala uma língua só, há
8
uma variação diatópica fonética, já que fonética sig-
0
várias línguas dentro da língua oficial. E no Brasil não
7-
nifica aquilo que diz respeito aos sons da fala. Temos
8
é diferente: pode-se até afirmar que cada cidadão tem também o exemplo das variações que ocorrem em
.5
a sua. A essa característica da língua damos o nome diversas partes do país. Em Curitiba, PR, os jovens cha-
46
de variação linguística. De forma sintética, podemos mam de penal o estojo escolar para guardar canetas e
.1
dividir de duas formas a língua “brasileira”: padrão for-
40
lápis; no Nordeste, é comum usarem a palavra cheiro
mal e padrão informal; cada um desses tipos apresenta
-1
para representar um carinho feito em alguém. O que
suas peculiaridades e espécies derivadas. Vejamos: em outras regiões se chamaria de beijinho. Macaxeira,
a
lv
no Norte e no Nordeste, é a mandioca ou o aipim. Essa
Si
Norma Culta
Sa
pelos padrões definidos conforme a classe social mais A variação diastrática, como também ocorre com
abastada, detentora de poder político e cultural. As
do
vilégios na sociedade têm o poder de ditar, inclusive, víduo: falar adevogado, pineu, bicicreta, é exemplo de
rn
as regras da língua, direcionando o que é considerado variação diastrática fonética. Usar “presunto” no
Fe
permitido e aquilo que não é. lugar de corpo de pessoa assassinada é variação dias-
o
rd
08
texto é corrido.
7-
DISCURSO DIRETO E INDIRETO Por exemplo:
8
.5
Discurso direto: João afirmou:
46
Nos textos narrativos, existem dois tipos de discur- — Comecei minha faculdade na semana passada.
.1
so que podem ser utilizados ao tratar de diálogos ou Discurso indireto: João afirmou que começou sua
40
“falas” dos personagens. São eles o discurso direto e o faculdade na semana anterior.
-1
discurso indireto, explicaremos as características de Discurso direto: Luna e Ana disseram:
— Nós viajaremos amanhã.
a
cada um a seguir.
lv
Discurso indireto: Elas disseram que viajariam
Si
da voz do narrador para a voz da personagem; pronomes (me, ela, eles, elas,
Ed
z O discurso em si está na primeira pessoa do discur- mim, comigo, nos, passam para lhe, lhes, se, si,
so (eu/nós). conosco) consigo, o, os, a,
as)
LÍNGUA PORTUGUESA
pronomes (meu,
Importante! meus, minha,
pronomes (seu,
Cabe relembrar aqui o que são e quais são os ver- minhas, nosso, passam para
seus, sua e suas)
bos de elocução. nossos, nossa,
Os verbos de elocução são aqueles que introdu- nossas)
zem as falas dos personagens.
Os principais são:
Falar, contar, destacar, ressaltar, dizer, afirmar,
perguntar, declarar, indagar e questionar.
2 NEVES, F. Discurso direto e indireto. Norma Culta, 2022. Disponível em: https://www.normaculta.com.br/discurso-direto-e-indireto/. Acesso em:
28 mar. 2022. 27
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z Mudança nos tempos verbais Exemplo de Discurso Indireto Livre
8
DISCURSO DIRETO MUDANÇA
0
INDIRETO z Hiatos: sa-í-da; va-zi-o;
7-
z Dígrafos (RR, SS, SC, SÇ, XC): car-ro; ces-são; cons-
8
frases interrogativas frases -ci-ên-cia; cres-ça; ex-ce-ção;
.5
passam para
(?) declarativas (.)
46
z Vogais iguais / grupo consonantal CC (Ç): Co-or-de-
-nar; ca-a-tin-ga/fic-ção; con-fec-cionar;
.1
frases exclamativas frases
passam para
40
(!) declarativas (.) z Encontros consonantais disjuntos (pt, dv, gn, bs,
tm, ft, ct, ls): Ap-ti-dão; ad-vo-ga-do; dig-no; ab-sol-
-1
frases imperativas frases -ver; rit-mo; as-pec-to; con-vul-são.
passam para a
(! ou .) declarativas (.)
lv
Si
Não se separam:
z Mudança dos advérbios e adjuntos adverbiais
os
DISCURSO DISCURSO z Dígrafos (CH, LH, NH, GU, QU): cha-ve; ga-lho;
MUDANÇA
DIRETO INDIRETO ni-nho; lin-gui-ça; quei-jo;
s
do
ontem passa para no dia anterior z Encontros consonantais em sílaba inicial: psi-có-
-lo-go; pneu.
do
08
z Acento circunflexo (^): sinal que indica vogal
7-
tônica e fechada em palavras que precisam ser As regras de ortografia são muitas e, na maioria dos
8
.5
sinalizadas; casos, contraproducentes, tendo em vista que a lógica
46
da grafia e da acentuação das palavras, muitas vezes, é
z Acento grave (`): sinal com traço oblíquo para
.1
derivada de processos históricos de evolução da língua.
esquerda que representa a junção de duas vogais
40
Por isso, vale lembrar a dica de ouro do aluno cra-
A em funções sintáticas diferentes, fenômeno cha-
-1
que em ortografia: leia sempre! Somente a prática de
mado de crase;
leitura irá lhe garantir segurança no processo de gra-
a
z Diacrítico til (~): indica nasalização em som vocá-
lv
fia das palavras.
Si
respeitar a divisão das sílabas. guesa, é importante estarmos atentos ao uso de letras
an
labos tônicos terminados em: A, E, O. Ex.: Pá, vá, Ex.: Ameixa, frouxo, trouxe.
ua
nas que não terminam em: A, E, O, EM/ENS. Ex.: vada de palavras inicia- palavras iniciadas por
Bíceps, fórceps; júri, táxis, lápis; vírus, úteis, lótus; das por CH: enxerido, CH: encher, encharcar
abdômen, hímen. enxada � Em palavras derivadas
� Depois de ditongo: cai- de vocábulos que são
xa, faixa grafados com CH: re-
Importante! � Depois da sílaba inicial cauchutar, fechadura
me se a palavra não for
Acentuam-se as paroxítonas terminadas em derivada de vocábulo
ditongo. iniciado por CH: mexer,
Ex.: Imóveis, bromélia, história, cenário, Brasília, mexilhão
rádio etc.
Fonte: instagram/academiadotexto. Acesso em: 10 out. 2020. 29
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z É com G ou com J? Usamos G em substantivos termi- a, as”, para os definidos, e “uns, uma, umas”, para os
nados em: -agem; igem; -ugem. Ex.: Viagem, ferrugem; indefinidos. Assim, temos:
Palavras terminadas em: ágio, -égio, -ígio, -ógio,
-úgio. Ex.: Sacrilégio, pedágio. z Artigos definidos: o, os; a, as;
Verbos terminados em -ger e -gir. Ex.: Proteger, fugir; z Artigos indefinidos: um, uns; uma, umas.
Usamos J em formas verbais terminadas em -jar ou
-jer. Ex.: Viajar, lisonjear. Os artigos podem ser combinados às preposições.
Termos derivados do latim escritos com j; São as chamadas contrações. Algumas contrações
z É com Ç ou S? Após ditongos, usamos, geralmente, comuns na língua são:
Ç quando houver som de S, e escrevemos S quando
houver som de Z. Ex.: Eleição; Neusa; coisa; z em + a = na;
z É com S ou com Z? Palavras que designam nacio- z a + o = ao;
nalidade ou títulos de nobreza e terminam em -ês z a + a = à;
e -esa devem ser grafadas com S. Ex.: Norueguesa; z de + a = da.
inglês; marquesa; duquesa.
Palavras que designam qualidade, cuja termina- Dica
ção seja -ez ou -eza, são grafadas com Z:
Embriaguez; lucidez; acidez. Toda palavra determinada por um artigo torna-
-se um substantivo. Ex.: o não, o porquê, o cuidar
Essas regras para correção ortográfica das pala- etc.
vras, em geral, apresentam muitas exceções; por isso é
importante ficar atento e manter uma rotina de leitu- NUMERAIS
ra, pois esse aprendizado é consolidado com a prática.
Sua capacidade ortográfica ficará melhor a partir da São palavras que se relacionam diretamente ao
leitura e da escrita de textos, por isso, recomendamos substantivo, inferindo ideia de quantidade ou posi-
que se mantenha atualizado e leia fontes confiáveis de ção. Os numerais podem ser:
informação, pois além de contribuir para seu conhe-
cimento geral, sua habilidade em língua portuguesa z Cardinais: indicam quantidade em si. Ex.: Dois
também aumentará. potes de sorvete; zero coisas a comprar; ambos os
08
meninos eram bons em português;
7-
z Ordinais: indicam a ordem de sucessão de uma
8
.5
série. Ex.: Foi o segundo colocado do concurso; che-
46
gou em último/penúltimo/antepenúltimo lugar;
CLASSE DE PALAVRAS (SUBSTANTIVO,
.1
z Multiplicativos: indicam o número de vezes pelo
40
ARTIGO, ADJETIVO, NUMERAL, qual determinada quantidade é multiplicada. Ex.:
-1
PRONOME, VERBO, ADVÉRBIO, Ele ganha o triplo no novo emprego;
a
z Fracionários: indicam frações, divisões ou dimi-
PREPOSIÇÃO, CONJUNÇÃO,
lv
nuições proporcionais em quantidade. Ex.: Tomou
Si
INTRODUÇÃO
Sa
A palavra morfologia refere-se ao estudo das for- isto é, designam um conjunto, porém expressam uma
do
mas. Por isso, o termo é utilizado por linguistas e tam- quantidade exata de seres/conceitos. Veja:
do
bém por médicos, que estudam as formas dos órgãos Dúzia: conjunto de doze unidades;
e suas funções. Novena: período de nove dias;
an
de uma forma, seja ela uma palavra, seja um órgão, Século: período de cem anos;
Fe
precisamos conhecer como essa forma se classifica e Bimestre: período de dois meses.
o
como se organiza.
rd
das palavras em dez categorias. A seguir, estudaremos A forma um pode assumir na língua a função de
detalhadamente cada uma delas e também veremos um artigo indefinido ou de numeral cardinal; então, como
“bônus” para seus estudos: as palavras denotativas, podemos reconhecer cada função? É preciso observar
atualmente, muito cobradas por bancas exigentes. o contexto em uso. Observe:
8
Tipos de Substantivos
0
formas diferentes nas terminações para designar for-
87-
mas diferentes no masculino e no feminino:
.5
A classificação dos substantivos admite nove tipos
Ex.: Ator/atriz; Ateu/ ateia; Réu/ré.
46
diferentes. São eles:
Outros substantivos modificam o radical para
.1
40
z Simples: formados a partir de um único radical. designar formas diferentes no masculino e no femini-
-1
Ex.: Vento, escola; no. Estes são chamados de substantivos heteroformes:
Ex.: Pai/mãe; Boi/vaca; Genro/nora.
a
z Composto: formados pelo processo de justaposi-
lv
z Derivado: formados a partir dos derivados. Ex.: Alguns substantivos uniformes podem aparecer
Sa
real. Ex.: Maria, gato, Deus, fada, carro; z O testemunho: Relato de experiência, associado a
rn
em função de outros seres. A feiura, por exemplo, Algumas formas substantivas mantêm o radical e
rd
depende de uma pessoa, um substantivo concreto a pequena alteração no gênero do artigo interfere no
ua
z Próprio: designam uma determinada espécie. Ex.: z O rádio: aparelho / a rádio: estação de transmissão.
Pedro, Fortaleza;
z Coletivo: usados no singular, designam um conjun- Além disso, algumas palavras na língua causam
to de uma mesma espécie. Ex: Pinacoteca, manada. dificuldade na identificação do gênero, pois são usa-
das em contextos informais com gêneros diferentes.
É importante destacar que a classificação de um Alguns exemplos são: a alface; a cal; a derme; a libido;
substantivo depende do contexto em que ele está inse- a gênese; a omoplata / o guaraná; o formicida; o tele-
rido. Vejamos: fonema; o trema.
Judas foi um apóstolo. (Judas como nome de uma Algumas formas que não apresentam, necessaria-
pessoa = Próprio); mente, relação com o gênero, são admitidas tanto no
O amigo mostrou-se um judas (judas significando masculino quanto no feminino: O personagem / a per-
traidor = comum). sonagem; O laringe / a laringe; O xerox / a xerox. 31
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Flexão de Número z Grau aumentativo: quando o acréscimo de sufixos
aos substantivos indicar um aumento de tamanho.
Os substantivos flexionam-se em número, de Ex.: bocarra, homenzarrão, gatarrão, cabeçorra,
maneira geral, pelo acréscimo do morfema -s. Ex.: fogaréu, boqueirão, poetastro;
Casa / casas. z Grau diminutivo: exprime, ao contrário do
Porém, podem apresentar outras terminações: aumentativo, a diminuição do tamanho/proporção
males, reais, animais, projéteis etc. do ser.
Geralmente, devemos acrescentar -es ao singular
Ex.: fontinha, lobacho, casebre, vilarejo, saleta,
das formas terminadas em R ou Z, como: flor / flores;
pequenina, papelucho.
paz / pazes. Porém, há exceções, como a palavra mal,
terminada em L e que tem como plural “males”.
Já os substantivos terminados em AL, EL, OL, UL Dica
fazem plural trocando-se o L final por -is. Ex.: coral /
O emprego do grau aumentativo ou diminutivo
corais; papel / papéis; anzol / anzóis.
Entretanto, também há exceções. Ex.: A forma dos substantivos pode alterar o sentido das pala-
mel apresenta duas formas de plural aceitas: meles vras, podendo assumir um valor:
e méis. Afetivo: filhinha / mãezona;
Geralmente, as palavras terminadas em -ão fazem Pejorativo: mulherzinha / porcalhão.
plural com o acréscimo do -s ou pelo acréscimo de -es.
Ex.: capelães, capitães, escrivães. O Novo Acordo Ortográfico e o Uso de Maiúsculas
Contudo, há substantivos que admitem até três
formas de plural, como os seguintes: O novo acordo ortográfico estabelece novas regras
para o uso de substantivos próprios, exigindo o uso da
z Ermitão: ermitãos, ermitões, ermitães;
inicial maiúscula.
z Ancião: anciãos, anciões, anciães;
Dessa forma, devemos usar com letra maiúscula as
z Vilão: vilãos, vilões, vilães.
inicias das palavras que designam:
Podemos, ainda, associar às palavras paroxítonas
que terminam em -ão o acréscimo do -s. Ex.: órgão / z Nomes, sobrenomes e apelidos de pessoas
8
reais ou imaginárias. Ex.: Gabriela, Silva, Xuxa,
0
órgãos; órfão / órfãos.
7-
Cinderela;
8
.5
Plural dos Substantivos Compostos z Nomes de cidades, países, estados, continentes
46
etc., reais ou imaginários. Ex.: Belo Horizonte,
.1
Os substantivos compostos são aqueles formados Ceará, Nárnia, Londres;
40
por justaposição. O plural dessas formas obedece às z Nomes de festividades. Ex.: Carnaval, Natal, Dia
-1
seguintes regras: das Crianças; a
z Nomes de instituições e entidades. Ex.: Embai-
lv
z Variam os dois elementos: xada do Brasil, Ministério das Relações Exteriores,
Si
das -noturnos;
do
Substantivo + preposição + substantivo. Ex.: z Nome dos pontos cardeais e equivalentes. Ex.:
rd
Substantivo + substantivo com função adjetiva. Ocidente. Importante: os pontos cardeais são gra-
Ed
8
z
0
7-
z Grau comparativo: exprime a característica de
8
É importante destacar que, mais do que “decorar” um ser, comparando-o com outro da mesma classe
.5
formas adjetivas e suas respectivas locuções, é fun- nos seguintes sentidos:
46
damental reconhecer as principais características de
.1
uma locução adjetiva: caracterizar o substantivo e Igualdade: compara elementos colocando-os
40
apresentar valor de posse. em um mesmo patamar. Igual a, como, tanto
Ex.: Viu o crime pela abertura da porta;
-1
quanto, tão quanto. Ex.: Somos tão complexos
a
A abertura de conta pode ser realizada on-line. quanto simplórios;
lv
Si
do que o dinheiro;
Sa
ver “o crime”, indicado na frase, foi pela abertura da mento como inferior ao outro. Menos do que,
porta. Além disso, a locução destacada está caracteri- pior do que. Ex.: Homens são menos engajados
do
bial, pois quem sofre a “ação” de ser aberta é a “con- z Grau superlativo: em relação ao grau superlati-
Fe
ta”, o que indica o valor de passividade da locução, vo, é importante considerar que o valor semântico
o
demonstrando seu caráter adverbial. desse grau apresenta variações, podendo indicar:
rd
numerais e orações substantivas. grau: superlativo absoluto, que pode ser analí-
Ex.: Amor de mãe; Café com açúcar. tico (associado ao advérbio) ou sintético (asso-
Subst. — loc. adj. / subst. — loc. adj. ciação de prefixo ou sufixo ao adjetivo).
Já as locuções adverbiais desempenham função de Ex.: O candidato é muito humilde (Superlativo
LÍNGUA PORTUGUESA
z Primitivos: adjetivos que não derivam de outras palavras. A partir deles, é possível formar novos termos. Ex.:
Útil, forte, bom, triste, mau etc.;
z Derivados: são palavras que derivam de verbos ou substantivos. Ex.: Bondade, lealdade, mulherengo etc.;
z Simples: apresentam um único radical. Ex.: Português, escuro, honesto etc.;
z Compostos: formados a partir da união de dois ou mais radicais. Ex.: Verde-escuro, luso-brasileiro, amarelo-
-ouro etc.
Dica
O plural dos adjetivos simples é realizado da mesma forma que o plural dos substantivos.
z Invariável:
08
Locuções formadas de cor + de + substantivo, como em cor-de-rosa, cor-de-cáqui;
7-
Adjetivo + substantivo, como tapetes azul-turquesa, camisas amarelo-ouro.
8
.5
46
z Varia o último elemento:
.1
40
Primeiro elemento é palavra invariável, como em mal-educados, recém-formados;
-1
Adjetivo + adjetivo, como em lençóis verde-claros, cabelos castanho-escuros. a
lv
Adjetivos Pátrios
Si
os
Os adjetivos pátrios, também conhecidos como gentílicos, designam a naturalidade ou nacionalidade de seres
nt
e objetos.
Sa
O sufixo -ense, geralmente, designa a origem de um ser relacionada a um estado brasileiro. Ex.: amazonense,
s
fluminense, cearense.
do
do
z Curiosidade: o adjetivo pátrio “brasileiro” é formado com o sufixo -eiro, que é costumeiramente usado para
designar profissões. O gentílico que designa nossa nacionalidade teve origem com as pessoas que comercia-
an
lizavam o pau-brasil; esse ofício dava-lhes a alcunha de “brasileiros”, termo que passou a indicar os nascidos
rn
em nosso país.
Fe
o
rd
ua
Ed
34
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Veja a seguir alguns dos adjetivos pátrios de nosso país:
08
87-
.5
46
.1
40
-1
a
lv
Si
os
nt
Sa
s
do
do
ADVÉRBIOS
an
Advérbios são palavras invariáveis que modificam um verbo, adjetivo ou outro advérbio. Em alguns casos, os
rn
As gramáticas da língua portuguesa apresentam listas extensas com as funções dos advérbios. Porém, decorar
o
as funções dos advérbios, além de desgastante, pode não ter o resultado esperado na resolução de questões de
rd
concurso.
ua
Dessa forma, sugerimos que você fique atento às principais funções designadas aos advérbios para, a partir
Ed
delas, conseguir interpretar a função exercida nos enunciados das questões que tratem dessa classe de palavras.
Ainda assim, julgamos pertinente apresentar algumas funções basilares exercidas pelo advérbio:
LÍNGUA PORTUGUESA
35
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Novamente, chamamos sua atenção para a função que o advérbio deve exercer na oração. Como dissemos,
essas palavras modificam um verbo, um adjetivo ou um outro advérbio, por isso, para identificar com mais pro-
priedade a função denotada pelos advérbios, é preciso perguntar: Como? Onde? Por quê?
As respostas sempre irão indicar circunstâncias adverbiais expressas por advérbios, locuções adverbiais ou
orações adverbiais.
Vejamos como podemos identificar a classificação/função adequada dos advérbios:
z O homem morreu... de fome (causa) com sua família (companhia) em casa (lugar) envergonhado (modo);
z A criança comeu... demais (intensidade) ontem (tempo) com garfo e faca (instrumento) às claras (modo).
Locuções Adverbiais
Conjunto de duas ou mais palavras que pode desempenhar a função de advérbio, alterando o sentido de um
verbo, adjetivo ou advérbio.
A maioria das locuções adverbiais é formada por uma preposição e um substantivo. Há também as que são
formadas por preposição + adjetivos ou advérbios. Veja alguns exemplos:
z Preposição + substantivo: de novo. Ex.: Você poderia me explicar de novo? (de novo = novamente);
z Preposição + adjetivo: em breve. Ex.: Em breve, o filme estará em cartaz (em breve = brevemente);
z Preposição + advérbio: por ali. Ex.: Acho que ele foi por ali.
As locuções adverbiais são bem semelhantes às locuções adjetivas. É importante saber que as locuções adver-
biais apresentam um valor passivo.
Ex.: Ameaça de colapso.
Nesse exemplo, o termo em negrito é uma locução adverbial, pois o valor é de passividade, ou seja, se inver-
temos a ordem e inserirmos um verbo na voz passiva, a frase manterá seu sentido. Veja:
Ex.: Colapso foi ameaçado.
Essa frase faz sentido e apresenta valor passivo, logo, sem o verbo, a locução destacada anteriormente é
adverbial.
08
Ainda sobre esse assunto, perceba que em locuções como esta: “Característica da nação”, o termo destacado
7-
não terá o mesmo valor passivo, pois não aceitará a inserção de um verbo com essa função:
8
.5
Nação foi característica*. Essa frase quebra a estrutura gramatical da língua portuguesa, que não admite voz
46
passiva em termos com função de posse (caso das locuções adjetivas). Isso torna tal estrutura agramatical; por
.1
isso, inserimos um asterisco para indicar essa característica.
40
-1
Dica a
lv
Locuções adverbiais apresentam valor passivo
Si
Com essas dicas, esperamos que você seja capaz de diferenciar essas locuções em questões. Buscamos desen-
Sa
volver seu aprendizado para que não seja preciso gastar seu tempo decorando listas de locuções adverbiais.
Lembre-se: o sentido está no texto.
s
do
Advérbios Interrogativos
do
an
Os advérbios interrogativos são, muitas vezes, confundidos com pronomes interrogativos. Para evitar essa
rn
confusão, devemos saber que os advérbios interrogativos introduzem uma pergunta, exprimindo ideia de tempo,
Fe
modo ou causa.
o
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Grau do Advérbio
Assim como os adjetivos, os advérbios podem ser flexionados nos graus comparativo e superlativo.
Vejamos as principais mudanças sofridas pelos advérbios quando flexionados em grau:
Obs.: As formas “mais bem” e “mais mal” são aceitas quando acompanham o particípio verbal.
ABSOLUTO ABSOLUTO
NORMAL RELATIVO
SINTÉTICO ANALÍTICO
Inferioridade
Bem Otimamente Muito bem
-
GRAU SUPERLATIVO
Superioridade
Mal Pessimamente Muito mal
-
Muito Muitíssimo - Superioridade: o mais
Pouco Pouquíssimo - Superioridade: o menos
Advérbios e Adjetivos
0 8
7-
O adjetivo é uma classe de palavras variável. Porém, quando se refere a um verbo, ele fica invariável, confun-
8
dindo-se com o advérbio.
.5
46
Nesses casos, para ter certeza de qual é a classe da palavra, basta tentar colocá-la no feminino ou no plural;
.1
caso a palavra aceite uma dessas flexões, será adjetivo.
40
Ex.: O homem respondeu feliz à esposa.
-1
Os homens responderam felizes às esposas.
Como “feliz” aceitou a flexão para o plural, trata-se de um adjetivo.
a
lv
Agora, acompanhe o seguinte exemplo:
Si
Palavras Denotativas
s
do
São termos que apresentam semelhança com os advérbios; em alguns casos, são até classificados como tal, mas
do
Sobre as palavras denotativas, é fundamental saber identificar o sentido a elas atribuído, pois, geralmente, é
rn
Além dessas expressões, há, ainda, as partículas expletivas ou de realce, geralmente formadas pela forma
LÍNGUA PORTUGUESA
ser + que (é que). A principal característica dessas palavras é que elas podem ser retiradas sem causar prejuízo
sintático ou semântico à frase.
Ex.: Eu é que faço as regras / Eu faço as regras.
Outras palavras denotativas expletivas são: lá, cá, não, é porque etc.
z O adjunto adverbial sempre deve vir posicionado após o verbo ou complemento verbal. Caso venha deslocado,
em geral, separamos por vírgulas. Ex.: Na reunião de ontem, o pedido foi aprovado (O pedido foi aprovado
na reunião de ontem);
z Em uma sequência de advérbios terminados com o sufixo -mente, apenas o último elemento recebe a termi-
nação destacada. Ex.: A questão precisa ser pensada política e socialmente. 37
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PRONOMES
Pronomes são palavras que representam ou acompanham um termo substantivo. Dessa forma, a função dos
pronomes é substituir ou determinar uma palavra. Eles indicam pessoas, relações de posse, indefinição, quanti-
dade, localização no tempo, no espaço e no meio textual, entre outras funções.
Os pronomes exercem papel importante na análise sintática e também na interpretação textual, pois colabo-
ram para a complementação de sentido de termos essenciais da oração, além de estruturar a organização textual,
contribuindo para a coesão e também para a coerência de um texto.
Pronomes Pessoais
Os pronomes pessoais designam as pessoas do discurso. Acompanhe a tabela a seguir, com mais informações
sobre eles:
0 8
Já os pronomes pessoais oblíquos costumam funcionar como complemento verbal ou adjunto.
7-
Ex.: Eu a vi com o namorado; Maura saiu comigo.
8
.5
46
z Os pronomes que estarão relacionados ao objeto direto são: o, a, os, as, me, te, se, nos, vos. Ex.: Informei-o
.1
sobre todas as questões;
40
z Já os que se relacionam com o objeto indireto são: lhe, lhes, (me, te, se, nos, vos – complementados por prepo-
-1
sição). Ex.: Já lhe disse tudo (disse tudo a ele). a
lv
Lembre-se de que todos os pronomes pessoais são pronomes substantivos.
Si
Além disso, é importante saber que “eu” e “tu” não podem ser regidos por preposição e que os pronomes
os
“ele(s)”, “ela(s)”, “nós” e “vós” podem ser retos ou oblíquos, dependendo da função que exercem.
nt
Os pronomes oblíquos tônicos são precedidos de preposição e costumam ter função de complemento:
Sa
Não devemos usar pronomes do caso reto como objeto ou complemento verbal, como em “mate ele”. Contudo,
rn
o gramático Celso Cunha destaca que é possível usar os pronomes do caso reto como complemento verbal, desde
Fe
Após a preposição “entre”, em estrutura de reciprocidade, devemos usar os pronomes oblíquos tônicos.
ua
Pronomes de Tratamento
Os pronomes de tratamento são formas que expressam uma hierarquia social institucionalizada linguistica-
mente. As formas de pronomes de tratamento apresentam algumas peculiaridades importantes:
z Vossa: designa a pessoa a quem se fala (relativo à 2ª pessoa). Apesar disso, os verbos relacionados a esse pro-
nome devem ser flexionados na 3ª pessoa do singular.
Ex.: Vossa Excelência deve conhecer a Constituição;
z Sua: designa a pessoa de quem se fala (relativo à 3ª pessoa).
Ex.: Sua Excelência, o presidente do Supremo Tribunal, fará um pronunciamento hoje à noite.
Os pronomes de tratamento estabelecem uma hierarquia social na linguagem, ou seja, a partir das formas
usadas, podemos reconhecer o nível de discurso e o tipo de poder instituídos pelos falantes.
Por isso, alguns pronomes de tratamento só devem ser utilizados em contextos cujos interlocutores sejam
38 reconhecidos socialmente por suas funções, como juízes, reis, clérigos, entre outras.
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Dessa forma, apresentamos alguns pronomes de As palavras certo e bastante serão pronomes
tratamento, seguidos de sua abreviatura e das funções indefinidos quando vierem antes do substantivo, e
sociais que designam: serão adjetivos quando vierem depois.
Ex.: Busco certo modelo de carro (pronome
z Vossa Alteza (V. A.): príncipes, duques, arquidu- indefinido).
ques e seus respectivos femininos; Busco o modelo de carro certo (adjetivo).
z Vossa Eminência (V. Ema.): cardeais; A palavra bastante frequentemente gera dúvida
z Vossa Excelência (V. Exa.): autoridades do gover-
quanto a ser advérbio, adjetivo ou pronome indefini-
no e das Forças Armadas membros do alto escalão;
z Vossa Majestade (V. M.): reis, imperadores e seus do. Por isso, atente-se ao seguinte:
respectivos femininos;
z Vossa Reverendíssima (V. Rev. Ma.): sacerdotes; z Bastante (advérbio): será invariável e equivalen-
z Vossa Senhoria (V. Sa.): funcionários públicos gra- te ao termo “muito”.
duados, oficiais até o posto de coronel, tratamento Ex.: Elas são bastante famosas.
cerimonioso a comerciantes importantes; z Bastante (adjetivo): será variável e equivalente
z Vossa Santidade (V. S.): papa; ao termo “suficiente”.
z Vossa Excelência Reverendíssima (V. Exa. Rev- Ex.: A comida e a bebida não foram bastantes para
ma.): Bispos. a festa.
Os exemplos apresentados fazem referência a pro- z Bastante (pronome indefinido): concorda com
nomes de tratamento e suas respectivas designações o substantivo, indicando grande, porém incerta,
sociais conforme indica o Manual de Redação oficial quantidade de algo.
da Presidência da República. Portanto, essas designa- Ex.: Bastantes bancos aumentaram os juros.
ções devem ser seguidas com atenção quando o gêne-
ro textual abordado for um gênero oficial. Pronomes Demonstrativos
Ainda sobre o assunto, veja algumas observações:
Os pronomes demonstrativos indicam a posição e
z Sobre o uso das abreviaturas das formas de tra- apontam elementos a que se referem as pessoas do
tamento é importante destacar que o plural de discurso (1ª, 2ª e 3ª). Essa posição pode ser designa-
algumas abreviaturas é feito com letras dobradas, da por eles no tempo, no espaço físico ou no espaço
8
como: V. M. / VV. MM.; V. A. / VV. AA. Porém, na textual.
0
maioria das abreviaturas terminadas com a letra
8 7-
a, o plural é feito com o acréscimo do s: V. Exa. / V. z 1ª pessoa: Este, estes / Esta, estas;
.5
Exas.; V. Ema. / V.Emas.; z 2ª pessoa: Esse, esses / Essa, essas;
46
z O tratamento adequado a Juízes de Direito é Meri- z 3ª pessoa: Aquele, aqueles / Aquela, aquelas;
.1
tíssimo Juiz; Invariáveis: Isto, isso, aquilo.
40
z
z O tratamento dispensado ao Presidente da Repú-
-1
blica nunca deve ser abreviado. Usamos este, esta, isto para indicar:
a
lv
Si
Os pronomes indefinidos indicam quantidade de Ex.: Esta caneta aqui é minha. Entreguei-lhe isto
nt
e podem ser invariáveis. Observe a seguinte tabela: Ex.: Esta semana começarei a dieta. Neste mês,
do
nenhumas
me “este” refere-se ao próprio texto).
ua
Todo, toda, todos, todas Quem Usamos esse, essa, isso para indicar:
Ed
Certo, certa, certos, certas Nada z Indicar distância que se deseja manter.
Ex.: Não me fale mais nisso. A população não con-
Vários, várias Cada fia nesses políticos.
Quanto, quanta, quantos, quantas Que z Referência ao tempo passado.
Tanto, tanta, tantos, tantas Ex.: Nessa semana, eu estava doente. Esses dias
estive em São Paulo.
Qualquer, quaisquer z Referência a algo já mencionado no texto/ na fala.
Qual, quais Ex.: Continuo sem entender o porquê de você ter
falado sobre isso. Sinto uma energia negativa nes-
Um, uma, uns, umas sa expressão utilizada.
3 Disponível em: https://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues/pronomes-indefinidos-e-interrogativos-nenhum-outro-qualquer-quem-
quanto-qual.htm. Acesso em: 14 jul. 2020. 39
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Usamos aquele, aquela, aquilo para indicar: Ex.: A matéria cuja aula faltei foi Língua portugue-
sa — o relativo cuja está ligando aula (possuidor) à
� Referência ao espaço físico, indicando afastamen- matéria (coisa possuída).
to de quem fala e de quem ouve.
Ex.: Margarete, quem é aquele ali perto da porta? O relativo cujo deve concordar em gênero e núme-
� Referência a um tempo muito remoto, um passa- ro com a coisa possuída.
do muito distante. Jamais devemos inserir um artigo após o pronome
Ex.: Naquele tempo, podíamos dormir com as por- cujo: Cujo o, cuja a
tas abertas. Bons tempos aqueles! Não podemos substituir cujo por outro pronome
� Referência a um afastamento afetivo. relativo.
Ex.: Não conheço mais aquela mulher. O pronome relativo cujo pode ser preposicionado.
� Referência ao espaço textual, indicando o pri- Ex.: Esse é o vilarejo por cujos caminhos percorri.
meiro termo de uma relação expositiva. Para encontrar o possuidor, faça-se a seguinte per-
Ex.: Saí para lanchar com Ana e Beatriz. Esta prefe- gunta: “de quem/do que?”
riu beber chá; aquela, refrigerante. Ex.: Vi o filme cujo diretor ganhou o Óscar (Diretor
do que? Do filme).
Dica Vi o rapaz cujas pernas você se referiu (Pernas de
quem? Do rapaz).
O pronome “mesmo” não pode ser usado em fun-
ção demonstrativa referencial. Veja: � Emprego do pronome relativo onde: Empregado
Errado: O candidato fez a prova, porém o mesmo para indicar locais físicos.
esqueceu de preencher o gabarito. Ex.: Conheci a cidade onde meu pai nasceu.
Correto: O candidato fez a prova, porém esque- � Em alguns casos, pode ser preposicionado, assu-
ceu de preencher o gabarito. mindo as formas aonde e donde.
Ex.: Irei aonde você for.
Pronomes Relativos � O relativo “onde” pode ser empregado sem antecedente.
Ex.: O carro atolou onde não havia ninguém.
Uma das classes de pronomes mais complexas, os � Emprego de o qual: O pronome relativo “o qual”
e suas variações (os quais, a qual, as quais) é usa-
8
pronomes relativos têm função muito importante na
0
do em substituição a outros pronomes relativos,
7-
língua, refletida em assuntos de grande relevância
sobretudo o “que”, a fim de evitar fenômenos lin-
8
em concursos, como a análise sintática. Dessa forma,
.5
guísticos, como o “queísmo”.
é essencial conhecer adequadamente a função desses
46
Ex.: O Brasil tem um passado do qual (que) nin-
elementos, a fim de saber utilizá-los corretamente.
.1
guém se lembra.
40
Os pronomes relativos referem-se a um substantivo
-1
ou a um pronome substantivo mencionado anterior- O pronome “o qual” pode auxiliar na compreensão
mente. A esse nome (substantivo ou pronome mencio- textual, desfazendo estruturas ambíguas.
a
lv
nado anteriormente) chamamos de antecedente.
Si
Ex.: Encontrei o homem que desapareceu. O O ponto de interrogação só é usado nas interroga-
an
cachorro que estava doente morreu. A caneta que tivas diretas. Nas indiretas, aparece apenas a intenção
rn
relativo “que”.
rd
VERBOS
Certamente, a classe de palavras mais complexa e importante dentre as palavras da língua portuguesa é o
verbo. A partir dos verbos, são estruturados as ações e os agentes desses atos, além de ser uma importante classe
sempre abordada nos editais de concursos; por isso, atente-se às nossas dicas.
Os verbos são palavras variáveis que se flexionam em número, pessoa, modo e tempo, além da designação da
voz que exprime uma ação, um estado ou um fato.
As flexões verbais são marcadas por desinências, que podem ser:
z Número-pessoal: indicando se o verbo está no singular ou plural, bem como em qual pessoa verbal foi flexio-
nado (1ª, 2ª ou 3ª);
z Modo-temporal: indica em qual modo e tempo verbais a ação foi realizada.
Iremos apresentar essas desinências a seguir. Antes, porém, de abordarmos as desinências modo-temporais,
precisamos explicar o que são modo e tempo verbais.
8
Modos
0
87-
Indica a atitude da ação/do sujeito frente a uma relação enunciada pelo verbo.
.5
46
.1
z Indicativo: o modo indicativo exprime atitude de certeza.
40
Ex.: Estudei muito para ser aprovado.
-1
z Subjuntivo: o modo subjuntivo exprime atitude de dúvida, desejo ou possibilidade.
Ex.: Se eu estudasse, seria aprovado.
a
lv
z Imperativo: o modo imperativo designa ordem, convite, conselho, súplica ou pedido.
Si
Tempos
Sa
s
O tempo designa o recorte temporal em que a ação verbal foi realizada. Basicamente, podemos indicar o tem-
do
po dessa ação no passado, presente ou futuro. Existem, entretanto, ramificações específicas. Observe a seguir:
do
an
z Presente:
rn
Fe
Pode expressar não apenas um fato atual, como também uma ação habitual. Ex.: Estudo todos os dias no
mesmo horário.
o
rd
Uma ação passada. Ex.: Vargas assume o cargo e instala uma ditadura.
ua
z Passado:
z Futuro:
Futuro do presente: indica um fato que deve ser realizado em um momento vindouro.
Ex.: Estudarei bastante ano que vem.
Futuro do pretérito: expressa um fato posterior em relação a outro fato já passado.
Ex.: Estudaria muito, se tivesse me planejado. 41
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qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
A partir dessas informações, podemos também identificar os verbos conjugados nos tempos simples e nos
tempos compostos. Os tempos verbais simples são formados por uma única palavra, ou verbo, conjugado no
presente, passado ou futuro.
Já os tempos compostos são formados por dois verbos, um auxiliar e um principal; nesse caso, o verbo auxiliar
é o único a sofrer flexões.
Agora, vamos conhecer as desinências modo-temporais dos tempos simples e compostos, respectivamente:
z Pretérito perfeito composto: verbo auxiliar: Ter (presente do indicativo) + verbo principal particípio.
Ex.: Tenho estudado.
� Pretérito mais-que-perfeito composto: verbo auxiliar: Ter (pretérito imperfeito do indicativo) + verbo prin-
cipal no particípio.
Ex.: Tinha passado.
8
� Futuro composto: verbo auxiliar: Ter (futuro do indicativo) + verbo principal no particípio.
0
7-
Ex.: Terei saído.
8
� Futuro do pretérito composto: verbo auxiliar: Ter (futuro do pretérito simples) + verbo principal no
.5
46
particípio.
Ex.: Teria estudado.
.1
40
-1
Flexões Modo-Temporais — Tempos Compostos (Subjuntivo)
a
lv
� Pretérito perfeito composto: verbo auxiliar: Ter (presente do subjuntivo) + verbo principal particípio.
Si
� Pretérito mais-que-perfeito composto: verbo auxiliar: Ter (pretérito imperfeito do subjuntivo) + verbo prin-
nt
cipal no particípio.
Sa
As formas nominais do verbo são as formas no infinitivo, particípio e gerúndio que eles assumem em determi-
Fe
nados contextos. São chamadas nominais pois funcionam como substantivos, adjetivo ou advérbios.
o
rd
z Gerúndio: marcado pela terminação -ndo. Seu valor indica duração de uma ação e, por vezes, pode funcionar
ua
Pessoal: o infinitivo pessoal é passível de conjugação, pois está ligado às pessoas do discurso. É usado na
formação de orações reduzidas. Ex.: Comer eu. Comermos nós. É para aprenderem que ele ensina;
Impessoal: não é passível de flexão. É o nome do verbo, servindo para indicar apenas a conjugação. Ex.:
Estudar - 1ª conjugação; Comer - 2ª conjugação; Partir - 3ª conjugação.
42
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O infinitivo impessoal forma locuções verbais ou orações reduzidas.
Locuções verbais: sequência de dois ou mais verbos que funcionam como um verbo.
Ex.: Ter de + verbo principal no infinitivo: Ter de trabalhar para pagar as contas.
Haver de + verbo principal no infinitivo: Havemos de encontrar uma solução.
Dica
Não confunda locuções verbais com tempos compostos. O particípio formador de tempo composto na voz
ativa não se flexiona. Ex.: O homem teria realizado sua missão.
Os verbos são classificados quanto a sua forma de conjugação e podem ser divididos em: regulares, irregula-
res, anômalos, abundantes, defectivos, pronominais, reflexivos, impessoais e auxiliares, além das formas nomi-
nais. Vamos conhecer as particularidades de cada um a seguir:
z Regulares: os verbos regulares são os mais fáceis de compreender, pois apresentam regularidade no uso das
desinências, ou seja, das terminações verbais. Da mesma forma, os verbos regulares mantêm o paradigma
morfológico com o radical, que permanece inalterado. Ex.: Verbo cantar:
08
87-
z Irregulares: os verbos irregulares apresentam alteração no radical e nas desinências verbais. Por isso, rece-
.5
46
bem esse nome, pois sua conjugação ocorre irregularmente, seguindo um paradigma próprio para cada grupo
verbal.
.1
40
-1
Perceba a seguir como ocorre uma sutil diferença na conjugação do verbo estar, que utilizamos como exem-
plo. Isso é importante para não confundir os verbos irregulares com os verbos anômalos. Ex.: Verbo estar:
a
lv
Si
Eu estou Estive
nt
Tu estás Estiveste
Sa
z Anômalos: esses verbos apresentam profundas alterações no radical e nas desinências verbais, consideradas
o
anomalias morfológicas; por isso, recebem essa classificação. Um exemplo bem usual de verbo dessa categoria
rd
é o verbo “ser”. Na língua portuguesa, apenas dois verbos são classificados dessa forma: os verbos ser e ir.
ua
Ed
Eu sou Fui
Tu és Foste
Ele / você é Foi
Nós somos Fomos
Vós sois Fostes
Eles / vocês são Foram
Os verbos ser e ir são irregulares, porém, apresentam uma forma específica de irregularidade que ocasiona
uma anomalia em sua conjugação. Por isso, são classificados como anômalos.
43
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z Abundantes: são formas verbais abundantes os verbos que apresentam mais de uma forma de particípio acei-
tas pela norma culta gramatical. Geralmente, apresentam uma forma de particípio regular e outra irregular.
Vejamos alguns verbos abundantes:
8
Fritar Fritado Frito
0
7-
Ganhar Ganhado Ganho
8
.5
Gastar Gastado Gasto
46
Imprimir Imprimido Impresso
.1
40
Inserir Inserido Inserto
-1
Isentar Isentado a Isento
lv
Juntar Juntado Junto
Si
Omitir Dados importantes tinham sido omitidos por ela Informações estavam omissas
z Defectivos: são verbos que não apresentam algumas pessoas conjugadas em suas formas, gerando um “defei-
to” na conjugação (por isso, o nome). Alguns exemplos de defectivos são os verbos colorir, precaver, reaver etc.
Esses verbos não são conjugados na primeira pessoa do singular do presente do indicativo, bem como: aturdir,
exaurir, explodir, esculpir, extorquir, feder, fulgir, delinquir, demolir, puir, ruir, computar, colorir, carpir, banir,
brandir, bramir, soer.
Verbos que expressam onomatopeias ou fenômenos temporais também apresentam essa característica, como
latir, bramir, chover.
z Pronominais: esses verbos apresentam um pronome oblíquo átono integrando sua forma verbal. É importan-
te lembrar que esses pronomes não apresentam função sintática. Predominantemente, os verbos pronominas
apresentam transitividade indireta, ou seja, são VTI. Ex.: Sentar-se.
8
Nós nos sentamos Sentamo-nos
0
7-
Vós vos sentais Sentastes-vos
8
.5
Eles/ vocês se sentam Sentaram-se
46
.1
40
z Reflexivos: verbos que apresentam pronome oblíquo átono reflexivo, funcionando sintaticamente como obje-
-1
to direto ou indireto. Nesses verbos, o sujeito sofre e pratica a ação verbal ao mesmo tempo. Ex.: Ela se veste
mal. Nós nos cumprimentamos friamente;
a
lv
z Impessoais: verbos que designam fenômenos da natureza, como chover, trovejar, nevar etc.
Si
os
O verbo haver, com sentido de existir ou marcando tempo decorrido, também será impessoal. Ex.: Havia
nt
muitos candidatos e poucas vagas. Há dois anos, fui aprovado em concurso público.
Sa
Os verbos ser e estar também são verbos impessoais quando designam fenômeno climático ou tempo. Ex.:
Está muito quente! / Era tarde quando chegamos.
s
do
O verbo ser para indicar hora, distância ou data concorda com esses elementos.
O verbo fazer também poderá ser impessoal, quando indicar tempo decorrido ou tempo climático. Ex.: Faz
do
Os verbos impessoais não apresentam sujeito; sintaticamente, classifica-se como sujeito inexistente.
rn
O verbo ser será impessoal quando o espaço sintático ocupado pelo sujeito não estiver preenchido: “Já é
Fe
natal”. Segue o mesmo paradigma do verbo fazer, podendo ser impessoal, também, o verbo ir: “Vai uns
o
z Auxiliares: os verbos auxiliares são empregados nas formas compostas dos verbos e também nas locuções
Ed
verbais. Os principais verbos auxiliares dos tempos compostos são ter e haver.
Nas locuções, os verbos auxiliares determinam a concordância verbal; porém, o verbo principal determina a
regência estabelecida na oração.
LÍNGUA PORTUGUESA
Apresentam forte carga semântica que indica modo e aspecto da oração. São importantes na formação da voz
passiva analítica.
z Formas Nominais: na língua portuguesa, usamos três formas nominais dos verbos:
Gerúndio: terminação -ndo. Apresenta valor durativo da ação e equivale a um advérbio ou adjetivo. Ex.:
Minha mãe está rezando;
Particípio: terminações -ado, -ido, -do, -to, -go, -so. Apresenta valor adjetivo e pode ser classificado em par-
ticípio regular e irregular, sendo as formas regulares finalizadas em -ado e -ido.
A norma culta gramatical recomenda o uso do particípio regular com os verbos “ter” e “haver”. Já com os
verbos “ser” e “estar”, recomenda-se o uso do particípio irregular. 45
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Ex.: Os policiais haviam expulsado os bandidos / O “se” exercerá essa função apenas:
Os traficantes foram expulsos pelos policiais.
com verbos cuja transitividade seja TD ou TDI;
Infinitivo: marca as conjugações verbais. com verbos que concordam com o sujeito;
com a voz passiva sintética.
AR: verbos que compõem a 1ª conjugação (Amar,
passear); Atenção: na voz passiva nunca haverá objeto dire-
ER: verbos que compõem a 2ª conjugação (Comer, to (OD), pois ele se transforma em sujeito paciente.
pôr);
IR: verbos que compõem a 3ª conjugação (Partir, z Índice de indeterminação do sujeito: o “se” fun-
sair). cionará nessa condição quando não for possível
identificar o sujeito explícito ou subentendido.
Dica Além disso, não podemos confundir essa função
do “se” com a de apassivador, já que, para ser índi-
O verbo “pôr” corresponde à segunda conjuga- ce de indeterminação do sujeito, a oração precisa
ção, pois origina-se do verbo “poer”. estar na voz ativa.
O mesmo acontece com verbos que deste
derivam. Outra importante característica do “se” como índi-
ce de indeterminação do sujeito é que isso ocorre em
Vozes Verbais verbos transitivos indiretos, verbos intransitivos ou
verbos de ligação. Além disso, o verbo sempre deverá
As vozes verbais definem o papel do sujeito na estar na 3ª pessoa do singular.
oração, demonstrando se o sujeito é o agente da ação Ex.: Acredita-se em Deus.
verbal ou se ele recebe a ação verbal. Dividem-se em:
z Pronome reflexivo: na função de pronome refle-
� Ativa: o sujeito é o agente, praticando a ação
xivo, a partícula “se” indicará reflexão ou reci-
verbal.
Ex.: O policial deteve os bandidos. procidade, auxiliando a construção dessas vozes
� Passiva: o sujeito é paciente, ou seja, sofre a ação verbais, respectivamente. Nessa função, suas prin-
verbal. cipais características são:
8
Ex.: Os bandidos foram detidos pelo policial —
0
sujeito recebe e pratica a ação;
7-
passiva analítica;
funcionará, sintaticamente, como objeto direto
8
� Detiveram-se os criminosos — passiva sintética.
.5
� Reflexiva: o sujeito é agente e paciente ao mesmo ou indireto;
46
tempo, pois pratica e recebe a ação verbal. o sujeito da frase poderá estar explícito ou
.1
Ex.: Os bandidos se entregaram à polícia. / O implícito.
40
menino se agrediu.
-1
� Recíproca: o sujeito é agente e paciente ao mes- Ex.: Ele se via no espelho (explícito). Deu-se um
a
mo tempo, porém há uma ação compartilhada presente de aniversário (implícito).
lv
entre dois indivíduos. A ação pode ser comparti-
Si
lhada entre dois ou mais indivíduos que praticam z Parte integrante do verbo: nesses casos, o “se”
os
Ex.: Os bandidos se olharam antes do julga- acompanhando-o em todas as suas flexões. Quan-
Sa
mento. / Apesar do ódio mútuo, os candidatos se do o “se” exerce essa função, jamais terá uma fun-
cumprimentaram.
s
ções entre sujeito e objeto da voz ativa. Só podemos Ex.: (Ele/a) Lembrou-se da mãe, quando olhou a
filha.
an
indireto. Logo, só há voz passiva com a presença do que puder ser retirado do contexto sem prejuízo
Fe
Importante! Não confunda os verbos pronomi- partícula de realce não exerce função sintática,
rd
que indicam sentimentos, como arrepender-se, quei- Ex.: Vão-se os anéis, ficam-se os dedos.
Ed
xar-se, dignar-se, entre outros, acompanham um z Conjunção: o “se” será conjunção condicional
pronome que faz parte integrante do seu significado,
quando sugerir a ideia de condição. A conjunção
diferentemente das vozes verbais, que acompanham
o pronome “se” com função sintática própria. “se” exerce função de conjunção integrante, ape-
nas ligando as orações, e poderá ser substituído
Outras Funções do “Se” pela conjunção “caso”.
Ex.: Se ele estudar, será aprovado. (Caso ele estu-
Como vimos, o “se” pode funcionar como item dar, será aprovado).
essencial na voz passiva. Além dessa função, esse ele-
mento também acumula outras atribuições: Conjugação de Verbos Derivados
z Partícula apassivadora: a voz passiva sintética
é feita com verbos transitivos direto (TD) ou tran- Verbo derivado é aquele que deriva de um verbo
sitivos direto indireto (TDI). Nessa voz, incluímos primitivo; para trabalhar a conjugação desses verbos, é
o “se” junto ao verbo, por isso, o elemento “se” é importante ter clara a conjugação de seus “originários”.
designado partícula apassivadora, nesse contexto. Atente-se à lista de verbos irregulares e de algu-
Ex.: Busca-se a felicidade (voz passiva sintética) — mas de suas derivações a seguir, pois são assuntos
46 “Se” (partícula apassivadora). relevantes em provas diversas:
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z Pôr: repor, propor, supor, depor, compor, expor; PRESENTE — INDICATIVO
z Ter: manter, conter, reter, deter, obter, abster-se;
z Ver: antever, rever, prever; Eu Ponho
z Vir: intervir, provir, convir, advir, sobrevir. Tu Pões
Ele/Você Põe
Vamos conhecer agora alguns verbos cuja conjuga-
ção apresenta paradigma derivado, auxiliando a com- Nós Pomos
preensão dessas conjugações verbais. Vós Pondes
O verbo criar é conjugado da mesma forma que os
Eles/Vocês Põem
verbos “variar”, “copiar”, “expiar” e todos os demais
que terminam em -iar. Os verbos com essa termina-
ção são, predominantemente, regulares. PREPOSIÇÕES
8
PRESENTE — INDICATIVO
0
posições. Eis algumas: afora, conforme (quando
7-
Eu Passeio equivaler a “de acordo com”), consoante, durante,
8
.5
Tu Passeias exceto, salvo, segundo, senão, mediante, que, visto
46
(quando equivaler a “por causa de”).
.1
Ele/Você Passeia Acompanhe a seguir algumas preposições e exem-
40
Nós Passeamos plos de uso em diferentes situações:
Vós Passeais
-1
a
“A”
lv
Eles/Vocês Passeiam
Si
Ele/Você Adere
z Proximidade: Estar à janela.
Ed
Nós Aderimos
Vós Aderis “Após”
Eles/Vocês Aderem
z Lugar: Permaneça na fila após o décimo lugar;
LÍNGUA PORTUGUESA
5 Palavras deverbais são substantivos que expressam, de forma nominal e abstrata, o sentido de um verbo com o qual mantêm relação.
Exemplo: a filmagem, o pagamento, a falência etc. Geralmente, os nomes deverbais são acompanhados por preposições e, sintaticamente, o
termo que completa o sentido desses nomes é conhecido como complemento nominal. 47
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z Instrumento: Abrir a porta com a chave; “Para”
z Matéria: Vinho se faz com uva;
z Modo: Andar com elegância; z Consequência: Você deve ser muito esperto para
z Referência: Com sua irmã aconteceu diferente; não cair em armadilhas;
comigo sempre é assim. z Fim ou finalidade: Chegou cedo para a conferência;
z Lugar: Em 2011, ele foi para Portugal;
“Contra” z Proporção: As baleias estão para os peixes assim
como nós estamos para as galinhas;
z Oposição: Jogar contra a seleção brasileira; z Referência: Para mim, ela está mentindo;
z Direção: Olhar contra o sol; z Tempo: Para o ano irei à praia;
z Proximidade ou contiguidade: Apertou o filho z Destino ou direção: Olhe para frente!
contra o peito.
“Perante”
“De”
z Lugar: Ele negou o crime perante o júri.
z Causa: Chorar de saudade;
z Assunto: Falar de religião; “Por”
z Matéria: Material feito de plástico;
z Conteúdo: Maço de cigarro; z Modo ou conformidade: Vamos escolher por
z Origem: Você descende de família humilde; sorteio;
z Posse: Este é o carro de João; z Causa: Encontrar alguém por coincidência;
z Autoria: Esta música é de Chopin; z Conformidade: Copiar por original;
z Tempo: Ela dorme de dia; z Favor: Lutar por seus ideais;
z Lugar: Veio de São Paulo; z Medida: Vendia banana por quilo;
z Definição: Pessoa de coragem; z Meio: Ir por terra;
z Dimensão: Sala de vinte metros quadrados; z Modo: Saber por alto o que ocorreu;
z Fim ou finalidade: Carro de passeio; z Preço: Comprar um livro por vinte reais;
z Instrumento: Comer de garfo e faca; z Quantidade: Chocar por três vezes;
08
z Meio: Viver de ilusões; z Substituição: Comprar gato por lebre;
7-
z Medida ou extensão: Régua de 30 cm; z Tempo: Viver por muitos anos.
8
.5
z Modo: Olhar alguém de frente;
46
z Preço: Caderno de 10 reais; “Sem”
.1
z Qualidade: Vender artigo de primeira;
40
z Semelhança ou comparação: Atitudes de pessoa z Ausência ou desacompanhamento: Estava sem
-1
corajosa. dinheiro. a
lv
“Desde” “Sob”
Si
os
z Distância: Dormiu desde o acampamento até aqui; z Tempo: Houve muito progresso no Brasil sob D.
nt
dólares;
rn
z Meio: Pagou a dívida em cheque; z Assunto: Não gosto de falar sobre política;
Fe
z Lugar: Ele ficou entre os aprovados; z Apesar de. Ex.: Apesar de terem sumido, volta-
z Meio social: Entre as elites, este é o comportamento; ram logo;
z Reciprocidade: Entre mim e ele sempre houve z A respeito de. Ex.: Nossa reunião foi a respeito
48 discórdia. de finanças;
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z Graças a. Ex.: Graças ao bom Deus, não aconteceu z Preposição “de”:
nada grave;
z De acordo com. Ex.: De acordo com W. Hamboldt, Com artigo definido masculino e feminino:
a língua é indispensável para que possamos pen- de + o/os = do/dos
sar, mesmo que estivéssemos sempre sozinhos; de + a/as = da/das
z Por causa de. Ex.: Por causa de poucos pontos, � Com artigo indefinido:
não passei no exame; de + um= dum
z Para com. Ex.: Minha mãe me ensinou ter respeito de + uns = duns
para com os mais velhos; de + uma = duma
z Por baixo de. Ex.: Por baixo do vestido, ela usa de + umas = dumas
um short. � Com pronome demonstrativo:
de + este(s)= deste, destes
Outros exemplos de locuções prepositivas: de + esta(s)= desta, destas
Abaixo de; acerca de; acima de; devido a; a despeito de + isto= disto
de; adiante de; defronte de; embaixo de; em frente de; de + esse(s) = desse, desses
junto de; perto de; por entre; por trás de; quanto a; a de + essa(s)= dessa, dessas
fim de; por meio de; em virtude de. de + isso = disso
de + aquele(s) = daquele, daqueles
de + aquela(s) = daquela, daquelas
Importante! de + aquilo= daquilo
Algumas locuções prepositivas apresentam � Com o pronome pessoal:
semelhanças morfológicas, mas significa- de + ele(s) = dele, deles
dos completamente diferentes. Observe estes de + ela(s) = dela, delas
� Com o pronome indefinido:
exemplos6:
de + outro(s)= doutro, doutros
A opinião dos diretores vai ao encontro do plane-
de + outra(s) = doutra, doutras
jamento inicial = Concordância.
� Com advérbio:
As decisões do público foram de encontro à pro-
de + aqui= daqui
posta do programa = Discordância. de + aí= daí
8
Em vez de comer lanches gordurosos, coma fru-
0
de + ali= dali
7-
tas = Substituição.
8
Ao invés de chegar molhado, chegou cedo =
.5
z Preposição “em”:
Oposição.
46
.1
Com artigo definido:
40
Combinações e Contrações em + a(s)= na, nas
-1
em + o(s)= no, nos
� Com pronome demonstrativo:
a
As preposições podem se ligar a outras palavras de
lv
em + esse(s)= nesse, nesses
Si
em + isso = nisso
nt
a + o = ao
do
redução.
� Com pronome pessoal:
rn
Com o artigo definido ou pronome demonstra- Com as formas antigas do artigo definido (lo,
tivo feminino: la):
a + a= à per + lo(s) = pelo, pelos
per + la(s) = pela, pelas
LÍNGUA PORTUGUESA
a + as= às
Com o pronome demonstrativo:
a + aquele = àquele z Preposição “para” (pra):
a + aqueles = àqueles
a + aquela = àquela Com artigo definido:
a + aquelas = àquelas para (pra) + o(s) = pro, pros
a + aquilo = àquilo para (pra) + a(s)= pra, pras
8
ça, divergindo das preposições de valor relacional.
0
delas explica-se o que a outra afirma. Que, porque,
7-
As preposições de valor nocional estabelecem uma pois, (se vier no início da oração), porquanto.
8
noção de posse, causa, instrumento, matéria, modo
.5
Ex.: Estude, porque a caneta é mais leve que a
etc. Vejamos algumas na tabela a seguir:
46
enxada!
.1
Viva bem, pois isso é o mais importante.
40
VALOR NOCIONAL DAS
SENTIDO
PREPOSIÇÕES
-1
Importante! “Pois” com sentido explicativo ini-
Posse Carro de Marcelo
a
cia uma oração e justifica outra. Ex.: Volte, pois sinto
lv
aos gritos
Causa Preso por agressão z Conclusivas: ligam duas ideias, de forma que a
s
do
Assunto Falar sobre política segunda conclui o que foi dito na primeira. Logo,
portanto, então, por isso, assim, por conseguinte,
do
-se.
rd
ua
CONJUNÇÕES
Dica
Ed
Assim como as preposições, as conjunções também As conjunções “e”, “nem” não devem ser empre-
são invariáveis e também auxiliam na organização gadas juntas (“e nem”). Tendo em vista que
das orações, ligando termos e, em alguns casos, ora- ambas indicam a mesma relação aditiva, o uso
ções. Por manterem relação direta com a organização concomitante acarreta em redundância.
das orações nas sentenças, as conjunções podem ser
coordenativas ou subordinativas.
Conjunções Subordinativas
Conjunções Coordenativas
Tais quais as conjunções coordenativas, as subor-
dinativas estabelecem uma ligação entre as ideias
As conjunções coordenativas são aquelas que apresentadas em um texto. Porém, diferentemente
ligam orações coordenadas, ou seja, orações que não daquelas, estas ligam ideias apresentadas em orações
fazem parte de uma outra; em alguns casos, ainda, subordinadas, ou seja, orações que precisam de outra
essas conjunções ligam núcleos de um mesmo termo para terem o sentido apreendido.
da oração. As conjunções coordenadas podem ser:
50
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qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
� Causal: iniciam a oração dando ideia de causa. Conjunções Integrantes
Haja vista, que, porque, pois, porquanto, visto que,
uma vez que, como (equivale a porque) etc. As conjunções integrantes fazem parte das orações
Ex.: Como não choveu, a represa secou. subordinadas; na realidade, elas apenas integram uma
� Consecutiva: iniciam a oração expressando ideia oração principal à outra, subordinada. Existem apenas
de consequência. Que (depois de tal, tanto, tão), de dois tipos de conjunções integrantes: “que” e “se”.
modo que, de forma que, de sorte que etc.
Ex.: Estudei tanto que fiquei com dor de cabeça. � Quando é possível substituir o “que” pelo pro-
� Comparativa: iniciam orações comparando ações nome “isso”, estamos diante de uma conjunção
e, em geral, o verbo fica subtendido. Como, que integrante.
nem, que (depois de mais, menos, melhor, pior, Ex.: Quero que a prova esteja fácil. (Quero. O quê?
maior), tanto... quanto etc. Isso).
Ex.: Corria como um touro. � Sempre haverá conjunção integrante em orações
Ela dança tanto quanto Carlos. substantivas e, consequentemente, em períodos
� Conformativa: expressam a conformidade de compostos.
uma ideia com a da oração principal. Conforme, Ex.: Perguntei se ele estava em casa. (Perguntei. O
como, segundo, de acordo com, consoante etc. quê? Isso).
Ex.: Tudo ocorreu conforme o planejado. � Nunca devemos inserir uma vírgula entre um ver-
Amanhã chove, segundo informa a previsão do bo e uma conjunção integrante.
tempo. Ex.: Sabe-se, que o Brasil é um país desigual
� Concessiva: iniciam uma oração com uma ideia (errado).
contrária à da oração principal. Embora, conquan- Sabe-se que o Brasil é um país desigual (certo).
to, ainda que, mesmo que, em que pese, posto que
etc. INTERJEIÇÕES
Ex.: Teve que aceitar a crítica, conquanto não
tivesse gostado. As interjeições também fazem parte do grupo de
Trabalhava, por mais que a perna doesse. palavras invariáveis, tal como as preposições e as
� Condicional: iniciam uma oração com ideia de conjunções. Sua função é expressar estado de espíri-
hipótese, condição. Se, caso, desde que, contanto to e emoções; por isso, apresentam forte conotação
08
que, a menos que, somente se etc. semântica. Uma interjeição sozinha pode equivaler a
7-
Ex.: Se eu quisesse falar com você, teria respondi- uma frase. Ex.: Tchau!
8
.5
do sua mensagem. As interjeições indicam relações de sentido diversas.
46
Posso lhe ajudar, caso necessite. A seguir, apresentamos um quadro com os sentimentos
.1
� Proporcional: ideia de proporcionalidade. À pro- e sensações mais expressos pelo uso de interjeições:
40
porção que, à medida que, quanto mais...mais,
-1
quanto menos...menos etc. VALOR SEMÂNTICO INTERJEIÇÃO
Ex.: Quanto mais estudo, mais chances tenho de
a
Advertência Cuidado! Devagar! Calma!
lv
ser aprovado.
Si
Ia aprendendo, à medida que convivia com ela. Alívio Arre! Ufa! Ah!
os
� Final: expressam ideia de finalidade. Final, para Alegria/Satisfação Eba! Oba! Viva!
nt
� Temporal: iniciam a oração expressando ideia de Espanto Oh! Ah! Opa! Putz!
an
tempo. Quando, enquanto, assim que, até que, mal, Saudação Salve! Viva! Adeus! Tchau!
rn
Mal cheguei à cidade, fui assaltado. É salutar lembrar que o sentido exato de cada
ua
prendem às formas morfológicas desses elemen- Isso acontece pois qualquer expressão exclamati-
tos. O valor das conjunções é construído contex- va que expresse sentimento ou emoção pode funcionar
tualmente, por isso, é fundamental estar atento como uma interjeição. Lembre-se dos palavrões, por
aos sentidos estabelecidos no texto. exemplo, que são interjeições por excelência, mas que,
Ex.: Se Mariana gosta de você, por que você não a dependendo do contexto, podem ter seu sentido alterado.
procura? (Se = causal = já que) Antes de concluirmos, é importante ressaltar o
Por que ficar preso na cidade, quando existe tanto papel das locuções interjetivas, conjunto de palavras
ar puro no campo? (Quando = causal = já que). que funciona como uma interjeição, como: Meu Deus!
Ora bolas! Valha-me Deus!
51
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Alguns exemplos de radicais:
ESTRUTURA E FORMAÇÃO DE Ex.: pastel – pastelaria – pasteleiro;
PALAVRAS pedra – pedreiro - pedregulho;
Terra – aterrado – enterrado - terreiro.
INTRODUÇÃO
8
ESTRUTURA DAS PALAVRAS
0
rior do radical.
7-
Radical e Morfema Lexical Exs.:
8
.5
In: infeliz.
46
As palavras são formadas por estruturas que, uni- Anti: antipatia.
.1
das, podem se modificar e criar novos sentidos em Pós: posterior.
40
contextos diversos. Os morfemas são as menores uni- Bi: bisavô.
dades gramaticais com sentido da língua. Para identifi-
-1
Contra: contradizer.
cá-los é preciso notar que uma palavra é formada por
z Sufixos: afixos que são anexados na parte poste-
a
pequenas estruturas. Para isso, podemos imaginar que
lv
deve se lembrar que não podemos unir as peças arbi- dade: Lealdade.
Sa
partir das regras que o sistema linguístico nos oferece. É importante destacar que essa pequena amostra,
an
Tornou-se comum, sobretudo nas redes sociais, o listando alguns sufixos e prefixos da língua portugue-
rn
surgimento de novos vocábulos a partir de “peças” sa, é meramente ilustrativa e serve apenas para que
Fe
existentes na língua, algumas misturando termos de você tenha consciência do quão rico é o processo de
outras línguas com morfemas da língua portuguesa formação de palavras por afixos.
o
8
� Parassintética
0
Exs.:
7-
� Regressiva
Amar – 1º conjugação;
8
� Imprópria ou conversão
.5
Comer – 2º conjugação;
46
Partir – 3º conjugação.
Como é possível notar, os dois processos de forma-
.1
É importante não se confundir: a vogal temática
ção de palavras são a derivação e a composição. As
40
não existe em palavras que apresentam flexão de
palavras formadas por processos derivativos apresen-
-1
gênero. Logo, as palavras gato/gata possuem uma
tam mais classes a serem estudas. Vamos conhecê-las
a
desinência e não uma vogal temática!
agora!
lv
Caso a dúvida persista, faça esse exercício: Igreja
Si
z Prefixal ou prefixação;
Tema
do
z Sufixal ou sufixação;
an
z Prefixal e sufixal;
O tema é a união do radical com a vogal temática.
rn
z Parassintética ou parassíntese;
A partir do exposto no tópico sobre vogal temática,
Fe
z Regressiva;
esperamos ter deixado claro que nem toda palavra irá
z Imprópria ou conversão.
o
8 O morfema flexional nulo é mais conhecido como morfema zero nas gramáticas; sua marcação é feita com a presença do numeral 0 (zero). 53
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Refazer: prefixo re-. z Particípio do verbo - substantivo: Teria passado
- O passado;
Derivação Sufixal z Verbos - substantivos: Almoçar - O almoço;
z Substantivos - adjetivos: o gato - mulher gato;
De maneira comparativa, podemos afirmar que z Substantivos comuns - substantivos próprios:
a formação de palavras por derivação sufixal refere- leão - Nara Leão;
-se ao acréscimo de um sufixo à estrutura primitiva, z Substantivos próprios - comuns: Gillete - gilete;
como em:
Judas - ele é o judas do programa.
Lealdade; francesa; belíssimo; inquietude; sofri-
mento; harmonizar; gentileza; lotação; assessoria.
Lealdade: sufixo -dade; Sufixos e formação de palavras: Alguns sufixos
Francesa: sufixo -esa; são mais comuns no processo de formação de deter-
Belíssimo: sufixo -íssimo; minadas classes gramaticais, vejamos:
Inquietude: sufixo -tude;
Sofrimento: sufixo -mento; z Sufixos nominais: originam substantivos, adjeti-
Harmonizar: sufixo -izar; vos. Ex.: -dor, -ada, -eiro, -oso, -ão, -aço;
Gentileza: sufixo -eza; z Sufixos verbais: originam verbos. Ex.: -ear, -ecer,
Lotação: sufixo -ção; -izar, -ar;
Assessoria: sufixo -ria. z Sufixos adverbiais: originam advérbios. Ex.:
-mente.
Derivação Prefixal e Sufixal
LISTA DE RADICAIS E PREFIXOS
Nesse caso, juntam-se à palavra primitiva tanto
um sufixo quanto um prefixo; vejamos alguns casos:
Apresentamos alguns radicais e prefixos na lista a
Inquietude (prefiro in- com sufixo -tude); infeliz-
seguir que podem auxiliar na compreensão do proces-
mente (prefixo in- com sufixo -mente); ultrapassagem
(prefixo ultra- com sufixo -agem); reconsideração so de formação de palavras. Novamente, alertamos que
(prefixo -re com sufixo -ção). essa lista não deve ser encarada como uma “tabuada” a
ser decorada, mas como um método para apreender o
0 8
Derivação Parassintética sentido de alguns desses radicais e prefixos.
7-
8
.5
Na derivação parassintética, um acréscimo simul- RADICAIS E PREFIXOS GREGOS
46
tâneo de afixos, prefixos e sufixos é realizado a uma
.1
estrutura primitiva. É importante não confundir, con- RADICAL/
SENTIDO EXEMPLO
40
tudo, com o processo de derivação por sufixação e PREFIXO
-1
prefixação. Veja: Acro aAlto Acrofobia/acrobata
Se, ao retirar os afixos, a palavra perder o senti-
lv
Agro Campo Agropecuária
do, como em “emagrecer” (sem um dos afixos: “ema-
Si
gro-” não existe), basta fazer o seguinte exercício para Algia Dor Nevralgia
os
estabelecer por qual processo a palavra foi formada: Bio Vida Biologia
nt
xal; caso contrário, a palavra terá sido formada por Caco Mau cacofonia
do
derivação parassintética.
Cali Belo Caligrafia
Ex.: Entristecer, desalmado, espairecer, desgelar,
an
prefixos latinos.
formada pela subtração de um elemento da estrutura
Ed
8
z São compostas: planalto, couve-flor, aguardente
0
7-
etc.; Importante!
8
z São derivadas: pedreiro, floricultura, pedal etc.
.5
A reforma ortográfica de 2009 eliminou o hífen
46
Palavras derivadas são aquelas formadas a partir das palavras compostas por justaposição com
.1
de palavras primitivas, ou seja, a partir de palavras
40
um termo de ligação. Assim, palavras como Pé
que detêm a raiz com sentido lexical independente.
-1
de moleque, que antes contavam com o hífen,
São palavras primitivas: porta, livro, pedra etc.
agora já não utilizam mais. Porém, não foram
a
A partir das palavras primitivas, o falante pode
lv
todas as palavras justapostas que foram atin-
Si
dos seis processos derivacionais. designam plantas ou bichos ainda são escritas
nt
cia semântica e ortográfica, unindo-se a outras pala- no; castanha-do-Pará; João-de-barro; bem-te-vi;
s
porco-da-Índia.
do
ORTOGRÁFICO
rn
A reforma uniformizou o uso do hífen em muitos FRASE, ORAÇÃO, PERÍODO, TERMOS ESSENCIAIS,
ua
contextos, o que podemos ver como uma facilitação INTEGRANTES E ACESSÓRIOS DA ORAÇÃO;
Ed
z Palavras com final em vogais iguais: Usa-se hífen. Conceitos Básicos da Sintaxe
Ex.: Micro-ondas, anti-inflamatório.
Ao selecionar palavras, nós as escolhemos entre
Porém, é preciso ficar atento às exceções a essa os grandes grupos de palavras existentes na língua,
regra geral. Por isso, iremos apresentar alguns exem- como verbos, substantivos ou adjetivos. Esses são gru-
plos para organizar o uso desse diacrítico e facilitar
pos morfológicos. Ao combinar as palavras em frases,
seu aprendizado.
nós construímos um painel morfológico.
z Exceções: os prefixos Pre, Pro, Co, Re não serão As palavras normalmente recebem uma dupla
unidos por hífen quando o segundo termo apre- classificação: a morfológica, que está relacionada à
sentar vogal, seja igual seja diferente. Ex.: Coo- classe gramatical a que pertence, e a sintática, rela-
rientador, coautor, preenchimento, reeleição, cionada à função específica que assumem em deter-
reeducação, preestabelecer; minada frase. 55
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Frase No exemplo anterior a população é:
Frase é todo enunciado com sentido completo. z O elemento sobre o qual se declarou algo (implo-
Pode ser formada por apenas uma palavra ou por um rou pela compra da vacina);
conjunto de palavras. z O elemento que pratica a ação de implorar;
Ex.: Fogo! z O termo com o qual o verbo concorda (o verbo
Silêncio! implorar está flexionado na 3ª pessoa do singular);
“A igreja, com este calor, é fornalha...” (Graciliano z O termo que pode ser substituído por um pronome
Ramos). do caso reto.
(Ela implorou pela compra da vacina da COVID-19.)
Oração
Núcleo do Sujeito
Enunciado que se estrutura em torno de um verbo
(explícito, implícito ou subentendido) ou de uma locu- O núcleo é a palavra base do sujeito. É a principal
ção verbal. Quanto ao sentido, a oração pode apresen- porque é a respeito dela que o predicado diz algo. O
tá-lo completo ou incompleto. núcleo indica a palavra que realmente está exercen-
Ex.: Você é um dos que se preocupam com a do determinada função sintática, que atua ou sofre
poluição. a ação. O núcleo do sujeito apresentará um substan-
“A roda de samba acabou” (Chico Buarque). tivo, ou uma palavra com valor de substantivo, ou
pronome.
Período
z O sujeito simples contém apenas um núcleo.
Período é o enunciado constituído de uma ou mais Ex.: O povo pediu providências ao governador.
orações. Sujeito: O povo
Classifica-se em: Núcleo do sujeito: povo
z Já no sujeito composto, o núcleo será constituído
� Simples: possui apenas uma oração. de dois ou mais termos.
Ex.: O sol surgiu radiante. As luzes e as cores são bem visíveis.
Ninguém viu o acidente. Sujeito: As luzes e as cores
08
� Composto: possui duas ou mais orações. Núcleo do sujeito: luzes/cores
7-
Ex.: “Amou daquela vez como se fosse a última.”
8
.5
(Chico Buarque) Dica
46
Chegou em casa e tomou banho.
.1
Para determinar o sujeito da oração, colocam-se
40
PERÍODO SIMPLES – TERMOS DA ORAÇÃO as expressões interrogativas quem? Ou o quê?
-1
Antes do verbo.
Ex.: A população pediu uma providência ao
a
Os termos que formam o período simples são dis-
lv
grantes (complemento verbal, complemento nominal Quem pediu uma providência ao governador?
os
outro.
s
Tipos de Sujeito
ções analógicas, como um almoço tradicional brasi-
rn
Simples
ua
Elíptico
É o elemento que faz ou sofre a ação determinada Com verbos flexionados na 3ª
pelo verbo. pessoa do plural
O sujeito pode ser:
INDETERMINADO Com verbos acompanhados do
� O termo sobre o qual o restante da oração diz algo; se (índice de indeterminação do
� O elemento que pratica ou recebe a ação expressa sujeito)
pelo verbo; Usado para fenômenos da
� O termo que pode ser substituído por um pronome INEXISTENTE natureza ou com verbos
do caso reto; impessoais
� O termo com o qual o verbo concorda.
Ex.: A população implorou pela compra da vacina
z Determinado: quando se identifica a pessoa, o
da COVID-19.
lugar ou o objeto na oração. Classifica-se em:
56
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Simples: quando há apenas um núcleo. z Voz passiva analítica (sujeito paciente)
Ex.: O [aluguel] da casa é caro. Ex.: A minha saia azul está rasgada.
Núcleo: aluguel O sujeito está sofrendo uma ação, e não há presen-
Sujeito simples: O aluguel da casa; ça da partícula -se.
Composto: quando há dois núcleos ou mais.
Ex.: Os [sons] e as [cores] ficaram perfeitos. Predicado
Núcleos: sons, cores.
Sujeito composto: Os sons e as cores; É o termo que contém o verbo e informa algo sobre
Elíptico, oculto ou desinencial: quando não o sujeito. Apesar de o sujeito e o predicado serem ter-
aparece na oração, mas é possível de ser identifi- mos essenciais na oração, há casos em que a oração
cado devido à flexão do verbo ao qual se refere. não possui sujeito. Mas, se a oração é estruturada em
Ex.: Vi o noticiário hoje de manhã. Sujeito: (Eu) torno de um verbo e ele está contido no predicado, é
impossível existir uma oração sem sujeito.
z Indeterminado: quando não é possível identificar O predicado pode ser:
o sujeito na oração, mas ainda sim está presente.
Encontra-se na 3ª pessoa do plural ou representa- z Aquilo que se declara a respeito do sujeito.
do por um índice de indeterminação do sujeito, a Ex.: “A esposa e o amigo seguem sua marcha.”
partícula “se”. (José de Alencar);
Predicado: seguem sua marcha;
Colocando-se o verbo na 3ª pessoa do plural, z Uma declaração que não se refere a nenhum sujei-
não se referindo a nenhuma palavra determi- to (oração sem sujeito):
nada no contexto. Ex.: Chove pouco nesta época do ano;
Ex.: Passaram cedo por aqui, hoje. Predicado: Chove pouco nesta época do ano.
Entende-se que alguém passou cedo;
Colocando-se verbos (intransitivos, transitivos Para determinar o predicado, basta separar o
diretos ou de ligação) sem complemento dire- sujeito. Ocorrendo uma oração sem sujeito, o predica-
to na 3ª pessoa do singular acompanhados do do abrangerá toda a declaração. A presença do verbo
pronome se, pronome que atua como índice de é obrigatória, seja de forma explícita ou implícita:
indeterminação do sujeito. Ex.: “Nossos bosques têm mais vidas.” (Gonçalves
08
Ex.: Não se vê com a neblina. Dias)
7-
Entende-se que ninguém consegue ver nessa Sujeito: Nossos bosques. Predicado: têm mais vida.
8
.5
condição. Ex.: “Nossa vida mais amores”. (Gonçalves Dias)
46
Sujeito: Nossa vida. Predicado: mais amores.
.1
Sujeito Inexistente ou Oração sem Sujeito
40
Classificação do Predicado
-1
Esse tipo de situação ocorre quando uma oração a
não tem sujeito mas tem sentido completo. Os verbos A classificação do predicado depende do significa-
lv
são impessoais e normalmente representam fenôme- do e do tipo de verbo que apresenta.
Si
Há dois anos esse restaurante abriu. O predicado nominal tem por núcleo um nome
do
Mendes)
rn
Ex.: Cláudia corta cabelos de terça a sábado. Ex.: “As estrelas estão cheias de calafrios.” (Olavo
o
8
Ela era vitoriosa.
0
Preposição: a (a + os)
7-
Nessas duas últimas formas, os termos seriam pre-
8
Ex.: Os professores concordaram com isso. dicativos do sujeito, pois são precedidos de verbos de
.5
Verbo transitivo indireto: concordaram ligação (foi e era, respectivamente).
46
Preposição: com;
.1
z Verbo transitivo direto e indireto (VTDI): é o
40
TERMOS INTEGRANTES DA ORAÇÃO
verbo de sentido incompleto que exige dois com-
plementos: objeto direto (sem preposição) e objeto
-1
São vocábulos que se agregam a determinadas
a
indireto (com preposição).
lv
estruturas para torná-las completas. De acordo com
Si
Ex.: “Ela contava-lhe anedotas, e pedia-lhe ou- a gramática da língua portuguesa, esses termos são
os
Verbo transitivo direto e indireto 2: pedia São termos que completam o sentido de verbos
Objeto direto 2: outras transitivos diretos e transitivos indiretos.
do
z Verbo intransitivo (VI): É aquele capaz de cons- z Objeto direto: revela o alvo da ação. Não é acom-
rn
Ex.: Escrevia tanto que os dedos adormeciam. O técnico convocou somente os do Brasil. (os =
ua
Ocorre quando há dois núcleos significativos: Além dos pronomes oblíquos o(s), a(s) e suas
um verbo nocional (intransitivo ou transitivo) e um variações lo(s), la(s), no(s), na(s), que quase sempre
nome (predicativo do sujeito ou, em caso de verbo exercem função de objeto direto, os pronomes oblí-
transitivo, predicativo do objeto). quos me, te, se, nos, vos também podem exercer essa
Ex.: “O homem parou atento.” (Murilo Mendes) função sintática.
Verbo intransitivo: parou Ex.: Levou-me à sabedoria esta aula. (= “Levaram
Predicativo do sujeito: atento quem? A minha pessoa”)
Repare que no primeiro exemplo o termo “atento” Nunca vos tomeis como grandes personalidades.
está caracterizando o sujeito “O homem” e, por isso, é (= “Nunca tomeis quem? Vós”)
considerado predicativo do sujeito. Convidaram-na para o almoço de despedida. (=
Ex.: “Fabiano marchou desorientado.” (Olavo Bilac) “Convidaram quem? Ela”)
Verbo intransitivo: marchou Depois de terem nos recebido, abriram a caixa. (=
58 Predicativo do sujeito: desorientado “Receberam quem? Nós”)
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Os pronomes demonstrativos o, a, os, as podem z Objeto indireto e o uso de pronomes pessoais
ser objetos diretos. Normalmente, aparecem antes do
pronome relativo que. Pode ser representado pelos seguintes pronomes
Ex.: Escuta o que eu tenho a dizer. (Escuta algo: oblíquos átonos: me, te, se, no, vos, lhe, lhes. Os pro-
esse algo é o objeto direto) nomes o, a, os, as não exercerão essa função.
Observe bem a que ele mostrar. (a = pronome Ex.: Mostre-lhe onde fica o banheiro, por favor.
feminino definido) Todos os pronomes oblíquos tônicos (me, mim,
comigo, te, ti, contigo) podem funcionar como objeto
z Objeto direto preposicionado indireto, já que sempre ocorrem com preposição.
Ex.: Você escreveu esta carta para mim?
Mesmo que o verbo transitivo direto não exija
preposição no seu complemento, algumas palavras z Objeto indireto pleonástico: ocorrência repetida
requerem o uso da preposição para não perder o sen- dessa função sintática com o objetivo de enfatizar
tido de “alvo” do sujeito. uma mensagem.
Além disso, há alguns casos obrigatórios e outros Ex.: A ele, sem reservas, supliquei-lhe ajuda.
facultativos.
Exemplos com Ocorrência Obrigatória de Complemento Nominal
Preposição:
Não entendo nem a ele nem a ti. Completa o sentido de substantivos, adjetivos e
Respeitava-se aos mais antigos. advérbios. É uma função sintática regida de preposi-
Ali estava o artista a quem nosso amigo idolatrava. ção e com objetivo de completar o sentido de nomes. A
Amavam-se um ao outro. presença de um complemento nominal nos contextos
“Olho Gabriela como a uma criança, e não mulher de uso é fundamental para o esclarecimento do senti-
feita.” (Ciro dos Anjos). do do nome.
Exemplos com Ocorrência Facultativa de Ex.: Tenho certeza de que tu serás aprovado.
Preposição: Estou longe de casa e tão perto do paraíso.
Eles amam a Deus, assim diziam as pessoas daque- Para melhor identificar um complemento nomi-
le templo. nal, siga a instrução:
8
A escultura atrai a todos os visitantes.
0
Nome + preposição + quem ou quê
7-
Não admito que coloquem a Sua Excelência num Como diferenciar complemento nominal de com-
8
pedestal.
.5
plemento verbal?
46
Ao povo ninguém engana. Ex.: Naquela época, só obedecia ao meu coração.
.1
Eu detesto mais a estes filmes do que àqueles. (complemento verbal, pois “ao meu coração” liga-se
40
No caso “Você bebeu dessa água?”, a forma “des-
diretamente ao verbo “obedecia”)
-1
sa” (preposição de + pronome essa) precisa estar pre-
Naquela época, a obediência ao meu coração pre-
sente para indicar parte de um todo, quando assim
a
valecia. (complemento nominal, pois “ao meu cora-
lv
for o contexto de uso. Logo, a pergunta é se a pessoa
ção” liga-se diretamente ao nome “obediência”).
Si
Agente da Passiva
nt
z Objeto direto interno: representado por palavra Forma-se essencialmente pelos verbos auxiliares
an
que tem o mesmo radical do verbo ou apresenta ser, estar, viver, andar, ficar.
rn
mesmo significado.
Fe
Como diferenciar objeto direto de sujeito? ra básica da oração, são importantes para compreen-
Ed
Já começaram os jogos da seleção. (sujeito) são do enunciado porque trazem informações novas.
Ignoraram os jogos da seleção. (objeto direto) Esses termos são chamados acessórios da oração.
O objeto direto pode ser passado para a voz passi-
va analítica e se transforma em sujeito. Adjunto Adnominal
LÍNGUA PORTUGUESA
8
daquilo que expressa o substantivo.
0
Apenas três coisas me tiravam do sério, a saber,
7-
Ex.: A preferência pelos novos alojamentos não
preconceito, antipatia e arrogância;
8
foi respeitada.
.5
z Recapitulativo ou resumidor: é o termo usado
46
Notava-se o amor pelo seu trabalho.
Se vier ligado a um adjetivo ou a um advérbio: para resumir termos anteriores. É expresso, nor-
.1
40
Ex.: Manteve-se firme em seus objetivos. malmente, por um pronome indefinido.
-1
Ex.: Os professores, coordenadores, alunos, todos
Adjunto Adverbial estavam empolgados com a feira.
a
lv
Irei a Moçambique, Cabo Verde, Angola e Guiné-
Si
Termo representado por advérbios, locuções -Bissau, países africanos onde se fala português;
os
circunstâncias.
rumo;
s
z Modo: O dia começou alegremente. Ex.: No inverno, busquemos sair com roupas
an
z Companhia: Venha jantar comigo. substantivo de sentido genérico, sem pausa, para
o
roupas.
ua
substantivos próprios.
z Dúvida: Talvez ele chegue mais cedo.
Ed
8
Orações subordinadas adverbiais: causais,
0
adjetivo.
7-
Ex.: Muito desesperado, João perdeu o controle. comparativas, concessivas, condicionais, con-
8
.5
(predicativo do sujeito; núcleo: desesperado – ad- formativas, consecutivas, finais, proporcionais,
46
jetivo) temporais.
.1
Homem desesperado, João sempre perde o con-
40
trole. z Por coordenação e subordinação: orações for-
-1
(aposto; núcleo: homem – substantivo). madas por períodos mistos;
z Orações reduzidas: de gerúndio e de infinitivo.
a
lv
Vocativo
Si
sintática com outro termo dentro da oração. Não per- As orações são sintaticamente independentes. Isso
Sa
tence nem ao sujeito, nem ao predicado. É usado para significa que uma não possui relação sintática com
chamar ou interpelar a pessoa que o enunciador dese- verbos, nomes ou pronomes das demais orações no
s
do
Ela te diz isso desde ontem, Fábio. Oração coordenada 2: o homem sonha
Fe
z Para distinguir vocativo de aposto: o vocati- Ex.: “Subi devagarinho, colei o ouvido à porta da
rd
vo não se relaciona sintaticamente com nenhum sala de Damasceno, mas nada ouvi.” (M. de Assis)
ua
Ex.: Lufe, faz um almoço gostoso para as crianças. Oração coordenada assindética: colei o ouvido à
O aposto se relaciona sintaticamente com outro porta da sala de Damasceno
termo da oração. Oração coordenada sindética: mas nada ouvi
A cozinha de Lufe, cozinheiro da família, é impecável. Conjunção adversativa: mas nada
LÍNGUA PORTUGUESA
8
z Explicativas: justificam uma opinião ou ordem
0
expressa. Conjunções constitutivas: que, porque, ligação ser.
87-
porquanto, pois. Ex.: Meu desejo é a sua felicidade. (predicativo do
.5
Ex.: Vamos dormir, que é tarde. (o “que” equivale sujeito)
46
a “pois”) Meu desejo é que você seja feliz. (predicativo do
.1
Vamos almoçar de novo porque ainda estamos
40
sujeito oracional) (or. sub. subst. predic.);
com fome.
-1
z Orações subordinadas substantivas apositivas:
funcionam como aposto. Geralmente vêm depois
a
PERÍODO COMPOSTO POR SUBORDINAÇÃO
lv
de dois-pontos ou entre vírgulas.
Si
Formado por orações sintaticamente dependentes, Ex.: Só quero uma coisa: a sua volta imediata. (aposto)
os
considerando a função sintática em relação a um ver- Só quero uma coisa: que você volte imediata-
nt
bo, nome ou pronome de outra oração. mente. (aposto oracional) (or. sub. aposi.);
Sa
z Substantivas;
do
8
Ex.: A cerveja nacional é menos concentrada (do) prepositiva.
0
que a importada;
7-
Ex.: Terminada a prova, fomos ao restaurante.
8
� Orações subordinadas adverbiais concessivas: O. S. Adv. reduzida de particípio: não começa com
.5
indica certo obstáculo em relação ao fato expres- conjunção.
46
so na outra oração, sem, contudo, impedi-lo. São Ex.: Quando terminou a prova, fomos ao restau-
.1
introduzidas por: embora, ainda que, mesmo que,
40
rante. (desenvolvida).
por mais que, se bem que etc.
-1
O. S. Adv. Desenvolvida: começa com conjunção.
Ex.: Mesmo que chova, iremos à praia amanhã; a
� Orações subordinadas adverbiais condicionais:
lv
Orações Reduzidas de Infinitivo
são introduzidas por: se, caso, desde que, salvo se,
Si
tamanho etc.) de sorte que, de modo que, de forma Este é um difícil livro de se ler. (O. S. substantiva
o
Ex.: A garota riu tanto, que se engasgou; Temos uma missão: subir aquela escada. (O. S.
ua
“Achei as rosas mais belas do que nunca, e tão per- substantiva apositiva reduzida de infinitivo);
Ed
fumadas que me estontearam.” (Cecília Meireles); z Adjetivas: Ex.: João não é homem de meter os pés
� Orações subordinadas adverbiais finais: indicam pelas mãos.
um objetivo a ser alcançado. São introduzidas por: O meu manual para fazer bolos certamente vai
agradar a todos;
LÍNGUA PORTUGUESA
8
umas com as outras. Ao se relacionarem, elas obede-
0
7-
cem a alguns princípios: um deles é a concordância.
São períodos que apresentam estruturas oracio-
8
Observe o exemplo:
.5
nais de coordenação e subordinação. A pequena garota andava sozinha pela cidade.
46
Assim, às vezes aparecem orações coordenadas A: Artigo, feminino, singular;
.1
dentro de um conjunto de orações que são subordina- Pequena: Adjetivo, feminino, singular;
40
das a uma oração principal. Garota: Substantivo, feminino, singular.
-1
Tanto o artigo quanto o adjetivo (ambos adjuntos
a
adnominais) concordam com o gênero (feminino) e o
lv
1ª oração 2ª oração 3ª oração
Si
e pediu
sala calassem. cia: verbal e nominal.
nt
Sa
2ª oração: oração coordenada sindética aditiva em e pessoa que ocorre entre o verbo e seu respectivo
an
8
z Quando o sujeito é formado por palavras plurali- Ex.: Eu e ele nos tornamos bons amigos;
0
zadas, normalmente topônimos (Amazonas, férias,
7-
� Núcleos do sujeito ligados pela preposição com
Minas Gerais, Estados Unidos, óculos etc.), se hou-
8
Ex.: O ministro, com seus assessores, chegou/che-
.5
ver artigo definido antes de uma palavra plura- garam ontem;
46
lizada, o verbo fica no plural. Caso não haja esse � Núcleos do sujeito acompanhados da palavra cada
.1
artigo, o verbo fica no singular. Ex.: Os Estados
ou nenhum
40
Unidos continuam uma potência.
Ex.: Cada jogador, cada time, cada um deve man-
-1
z Estados Unidos continua uma potência.
ter o espírito esportivo;
z Santos fica em São Paulo. (Corresponde a: “A cida-
a
� Núcleos do sujeito sendo sinônimos e estando no
lv
de de Santos fica em São Paulo.”)
singular
Si
Quando se aplica a nomes de obras artísticas, o Ex.: Seu cheiro, seu toque bastou/bastaram para
me acalmar (preferencialmente no singular);
s
8
do pronome o Fazia quinze anos que ele havia se formado.
0
Deve haver sérios problemas na cidade. (verbo
7-
Ex.: Cem metros é muito para uma criança.
8
Divertimentos é o que não lhe falta. auxiliar fica no singular)
.5
Trata-se de problemas psicológicos.
46
Dez reais é nada diante do que foi gasto;
� Na expressão expletiva “é que”, se o sujeito da ora- Geou muitas horas no sul;
.1
� Concordância com sujeito oracional
40
ção não aparecer entre o verbo ser e o que, o ser
Quando o sujeito é uma oração subordinada, o
-1
ficará invariável. Se o ser vier separado do que, o
verbo concordará com o termo não preposiciona- verbo da oração principal fica na 3ª pessoa do
a
singular.
lv
do entre eles.
Si
Ex.: Eles é que sempre chegam cedo. Ex.: Ainda vale a pena investir nos estudos.
Sabe-se que dois alunos nossos foram aprovados.
os
trução adequada)
São nessas horas que a gente precisa de ajuda. Era preciso encontrar a verdade
s
do
(construção inadequada)
Casos mais Frequentes em Provas
do
Nós lutaremos até vós serdes bem tratados. (sujei- Ex.: Viviam no meio de uma grande floresta tropi-
ua
8
Ex.: Existem conceitos e regras complicados.
0
7-
(substitui-se por “eles”)
Conhecida também como “concordância irregular,
8
Fazendo a troca, fica “Eles existem”, e não “Eles
.5
ideológica ou figurada”. Vejamos os casos:
46
existem complicados”.
Como o adjetivo desapareceu com a substituição,
.1
z Silepse de número: usa-se um termo discordando
40
então é um adjunto adnominal.
do número da palavra referente, para concordar
-1
com o sentido semântico que ela tem. Ex.: Flor tem
z Com função de predicativo do objeto
a
vida muito curta, logo murcham. (ideia de plurali-
lv
dade: todas as flores);
Si
z Silepse de pessoa: o autor da frase participa do Recomenda-se concordar com a soma dos substan-
os
processo verbal. O verbo fica na 1ª pessoa do plu- tivos, embora alguns estudiosos admitam a concor-
nt
ral. Ex.: Os brasileiros, enquanto advindos de dância com o termo mais próximo.
Sa
gênero e número com o nome a que se referem. Elas mesmas conversaram conosco.
ua
z Com função de adjunto adnominal: quando o Ex.: Os alunos resolveram mesmo a situação.
adjetivo funcionar como adjunto adnominal e esti-
ver após os substantivos, poderá concordar com z Só / sós
as somas desses ou com o elemento mais próximo. Variáveis quando significarem “sozinho” /
Ex.: Encontrei colégios e faculdades ótimas. / “sozinhos”.
Encontrei colégios e faculdades ótimos. Invariáveis quando significarem “apenas,
somente”.
Há casos em que o adjetivo concordará apenas Ex.: As garotas só queriam ficar sós. (As garotas
com o nome mais próximo, quando a qualidade per- apenas queriam ficar sozinhas.)
tencer somente a este. A locução “a sós” é invariável.
Ex.: Saudaram todo o povo e a gente brasileira. Ex.: Ela gostava de ficar a sós. / Eles gostavam de
Foi um olhar, uma piscadela, um gesto estranho ficar a sós; 67
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Eduardo Fernando dos Santos Silva - 140.146.587-08, vedada, por quaisquer meios e a
qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
� Quite / anexo / incluso PLURAL DE COMPOSTOS
Concordam com os elementos a que se referem.
Ex.: Estamos quites com o banco. Substantivos
Seguem anexas as certidões negativas.
Inclusos, enviamos os documentos solicitados; O adjetivo concorda com o substantivo referen-
� Meio te em gênero e número. Se o termo que funciona
Quando significar “metade”: concordará com o como adjetivo for originalmente um substantivo fica
elemento referente. invariável.
Ex.: Rosas vermelhas e jasmins pérola. (pérola
Ex.: Ela estava meio (um pouco) nervosa.
também é um substantivo; mantém-se no singular)
Quando significar “um pouco”: será invariável.
Ternos cinza e camisas amarelas. (cinza também é
Ex.: Já era meio-dia e meia (metade da hora); um substantivo; mantém-se no singular)
� Grama
Quando significar “vegetação”, é feminino; quan- Adjetivos
do significar unidade de medida, é masculino.
Ex.: Comprei duzentos gramas de farinha. Quando houver adjetivo composto, apenas o últi-
“A grama do vizinho sempre é mais verde.”; mo elemento concordará com o substantivo referente.
� É proibido entrada / É proibida a entrada Os demais ficarão na forma masculina singular.
Se o sujeito vier determinado, a concordância do Se um dos elementos for originalmente um subs-
verbo e do predicativo do sujeito será regular, ou tantivo, todo o adjetivo composto ficará invariável.
seja, tanto o verbo quanto o predicativo concorda- Ex.: Violetas azul-claras com folhas verde-musgo.
rão com o determinante. No termo “azul-claras”, apenas “claras” segue o
Ex.: Caminhada é bom para a saúde. / Esta cami- plural, pois ambos são adjetivos.
nhada está boa. No termo “verde-musgo”, “musgo” permanece no
singular, assim como “verde”, por ser substantivo.
É proibido entrada de crianças. / É proibida a
Nesse caso, o termo composto não concorda com o
entrada de crianças.
plural do substantivo referente, “folhas”.
Pimenta é bom? / A pimenta é boa?;
Ex.: Calças rosa-claro e camisas verde-mar.
� Menos / pseudo O termo “claro” fica invariável porque “rosa” tam-
08
São invariáveis. bém pode ser um substantivo.
7-
Ex.: Havia menos violência antigamente. O termo “mar” fica invariável por seguir a mesma
8
.5
Aquelas garotas são pseudoatletas. / Seu argumen- lógica de “musgo” do exemplo anterior.
46
to é pseudo-objetivo;
.1
� Muito / bastante Dica
40
Quando modificam o substantivo: concordam com
-1
ele. Azul-marinho, azul-celeste, ultravioleta e qual-
quer adjetivo composto iniciado por “cor-de” são
a
Quando modificam o verbo: invariáveis.
lv
sempre invariáveis.
Si
Bastantes alunos vieram. / Os alunos ficaram bas- mentos flexionados no plural (peles-vermelhas).
nt
tante irritados.
Sa
Ex.: O filho é tal qual o pai. / O filho é tal quais os couve-flor – couves-flores;
o
Os filhos são tais qual o pai. / Os filhos são tais primeira-dama – primeiras-damas;
ua
8
Ex.: Abraçou a namorada com ternura.
0
girassol – girassóis;
7-
O colar abraçava-lhe elegantemente o pescoço;
pontapé – pontapés;
8
� Agradar: transitivo direto; transitivo indireto
.5
mandachuva – mandachuvas;
46
Ex.: A menina agradava o gatinho. (transitivo dire-
fidalgo – fidalgos;
to com sentido de “acariciar”)
.1
� Nos substantivos compostos formados com
40
A notícia agradou aos alunos. (transitivo indireto
grão, grã e bel:
-1
no sentido de “ser agradável a”);
grão-duque – grão-duques;
� Agradecer: transitivo direto; transitivo indireto;
a
grã-fino – grã-finos;
lv
transitivo direto e indireto
bel-prazer – bel-prazeres.
Si
personificado)
� Em alguns casos, não ocorre a flexão dos elementos
nt
personificado)
re em frases substantivadas e em substantivos
Agradeceu a joia ao noivo. (transitivo direto e indi-
s
indireto)
ua
relacionam com seus complementos, com ou sem pre- rege apenas objeto direto:
posição. Quando um nome (substantivo, adjetivo ou Ajudaram o ladrão a fugir.
advérbio) exige complemento preposicionado, esse Não seguido de infinitivo, geralmente rege objeto
nome é um termo regente, e seu complemento é um direto:
LÍNGUA PORTUGUESA
8
Ex.: Custa-lhe crer na sua honestidade. (transitivo Os advérbios derivados de adjetivos seguem a
0
regência dos adjetivos:
7-
indireto com sentido de “ser difícil”)
análoga / analogicamente a
8
A imprudência custou lágrimas ao rapaz. (transiti-
.5
vo direto e indireto: sentido de “acarretar”) contrária / contrariamente a
46
Este vinho custou trinta reais. (intransitivo); compatível / compativelmente com
.1
diferente / diferentemente de
� Esquecer: admite três possibilidades
40
favorável / favoravelmente a
Ex.: Esqueci os acontecimentos.
-1
paralela / paralelamente a
Esqueci-me dos acontecimentos. próxima / proximamente a/de
a
Esqueceram-me os acontecimentos;
lv
relativa / relativamente a
Si
Mamãe sempre implicou com meus hábitos. Alguns nomes regem preposições semelhantes a
s
desapego de/a
rd
08
aumentando; Faremos a obra a qualquer custo.
7-
A campanha será disponibilizada a toda a comunidade;
8
� Quando indicar marcação de horário, no plural
.5
Ex.: Pegaremos o ônibus às oito horas. � Antes de demonstrativos
46
Fique atento ao seguinte: entre números teremos Ex.: Não te dirijas a essa pessoa;
.1
que de = a / da = à, portanto: � Antes de nomes próprios, mesmo femininos, de
40
Ex.: De 7 as 16 h. De quinta a sexta. (sem crase) personalidades históricas
-1
Das 7 às 16 h. Da quinta à sexta. (com crase); Ex.: O documentário referia-se a Janis Joplin;
a
� Com os pronomes relativos aquele, aquela ou � Antes dos pronomes pessoais retos e oblíquos
lv
aquilo:
O pacote foi entregue a ti ontem;
os
lado)
Sa
de justiça;
do
Ex.: Referimo-nos à que está de preto. Astronauta volta a Terra em dois meses.
Fe
de sair.
Ed
08
a, com a, à moda de, durante a; quanto sou importante.
7-
z Quando o de ocorre paralelo ao a, não há crase.
8
.5
Quando o da ocorre paralelo ao à, há crase; Casos proibidos:
46
z Na indicação de horas, quando o “à uma” puder
.1
ser substituído por às duas, há crase. Quando o a Início de frase: Me dá esse caderno! (errado) /
40
uma equivaler a a duas, não ocorre crase; Dá-me esse caderno! (certo).
-1
z Usa-se a crase no “a” de àquele(s), àquela(s) e àqui-
Depois de ponto e vírgula: Falou pouco; se lem-
a
lo quando tais pronomes puderem ser substituídos
lv
brou de nada (errado) / Falou pouco; lembrou-
por a este, a esta e a isto;
Si
nomes de cidades quando esses termos estiverem Depois de particípio: Tinha lembrado-se do fato
nt
acompanhados de determinantes. Ex.: Estou à dis- (errado) / Tinha se lembrado do fato (correto).
Sa
08
chi (2007) afirmou que a coerência é “algo dinâmico para linguistas e estudiosos, as anáforas são os
7-
que se encontra mais na mente que no texto”. processos referenciais que recuperam e/ou apon-
8
.5
Dito isso, usamos as palavras de Cavalcante (2013)
tam para porções textuais.
46
para esclarecer ainda mais o conceito de coerência e
passarmos ao estudo detalhado dos processos de coe-
.1
Uso de Pronomes ou Pronominalização
40
são. A autora afirma que a coerência:
-1
[...] Não está no texto em si; não nos é possível Utilizar pronomes para manter a coesão de um
a
apontá-la, destacá-la ou sublinhá-la. Ela se constrói texto é essencial, evitando-se repetições desnecessá-
lv
rias que tornam o texto cansativo para o leitor. Como
Si
de sentidos implícita no processo de organização da O primeiro debate entre Donald Trump e Joe Biden
rn
coerência. No entanto, como nossa finalidade é tornar foi quente, com diversas interrupções e acusações
Fe
seu aprendizado mais fácil, separamos esses conceitos pesadas. […] O primeiro ponto discutido foi a indica-
com fins estritamente didáticos.
o
COESÃO REFERENCIAL burg. O presidente defendeu que tem esse direito, pois
Ed
cessos marcados pela referenciação caracterizam-se são o país mais atingido pela pandemia - são 7 milhões
pela construção de referentes em um texto, os quais de casos e mais de 200 mil mortos. O âncora Chris Wal-
se relacionam com as ideias defendidas no texto. Esse lace perguntou aos dois o que eles fariam até que uma
processo é marcado por vocábulos gramaticais e pode
vacina aparecesse. Biden atacou o republicano dizendo
ser reconhecido pelo uso de algumas classes de pala-
que Trump “não tem um plano para essa tragédia”. Já
vras, das quais falaremos a seguir.
Trump começou sua resposta atacando a China - “deve-
Antes, porém, faz-se mister reconhecer os proces-
riam ter fechado suas fronteiras no começo” -, colocou
sos referenciais que envolvem o uso de expressões
em dúvida as estatísticas da Rússia e da própria China
anafóricas e catafóricas. Conforme Cavalcante (2013),
e, com pouca modéstia, disse que fez um “excelente tra-
“as expressões que retomam referentes já apresentados
balho” nesse momento dos EUA.
no texto por outras expressões são chamadas de anáfo-
ras”. Vejamos o exemplo a seguir: Fonte: https://br.noticias.yahoo.com/eleicoes-eua-
debate-025314998.html. Acesso em: 30 set. 2020. Adaptado. 73
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Eduardo Fernando dos Santos Silva - 140.146.587-08, vedada, por quaisquer meios e a
qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Após a leitura do texto, é possível notar que a recu- Uso de Nominalização
peração da informação apresentada é feita a partir de
muitos processos de coesão, porém, o uso dos prono- As expressões que retomam ideias e nomes, já apre-
mes destacados recupera o assunto informado e ajuda sentados no texto, mediante outras formas de expressão,
o leitor a construir seu posicionamento. É importante podem ser analisadas como processos nominalizadores,
buscar sempre o elemento a que o pronome faz refe- incluindo substantivos, adjetivos e outras classes nominais.
Essas expressões recuperam informações median-
rência; por exemplo, o primeiro pronome pessoal
te novos nomes inseridos no texto, ou ainda, com o
destacado no texto refere-se ao termo “democratas”,
uso de pronomes, conforme vimos anteriormente.
já o segundo, faz referência aos presidenciáveis que Vejamos um exemplo:
participavam do debate. Nota-se, com isso, que esses
pronomes apontam para uma parcela objetiva do tex-
to, diferente do pronome “essa”, associado ao subs- Antonio Carlos Belchior, mais conhecido como Belchior
tantivo “tragédia”, que recupera uma parcela textual foi um cantor, compositor, músico, produtor, artista plásti-
maior, fazendo referência ao momento de pandemia co e professor brasileiro. Um dos membros do chamado
pelo qual o mundo passa. Pessoal do Ceará, que inclui Fagner, Ednardo, Amelinha e
outros. Bel foi um dos primeiros cantores de MPB do nor-
O uso de pronomes pode ser um aliado na construção
deste brasileiro a fazer sucesso internacional, em meados
da coesão, porém, o uso inadequado pode gerar ambi-
da década de 1970.
guidades, ocasionando o efeito oposto e prejudicando a
coesão. Ex.: Encontrei Matheus, Pedro e sua mulher. Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Belchior. Acesso em: 30 set.
2020. Adaptado.
Não é possível saber qual dos homens estava
acompanhado.
Todas as marcações em negrito fazem referência ao
Por fim, destacamos que as classes de palavras
nome inicial Antônio Carlos Belchior; os termos que se
relacionadas neste capítulo com os processos de coe- referem a esse nome inicial são expressões nominaliza-
são não podem ser vistas apenas sob a ótica descriti- doras que servem para ligar ideias e construir o texto.
va-normativa, amplamente estudada nas gramáticas
escolares. O interesse das principais bancas de con- Uso de Adjetivos
cursos públicos é avaliar a capacidade interpreta-
tiva e racional dos candidatos, dessa feita, a análise Os adjetivos também são considerados expressões
0 8
de processos coesivos visa analisar a capacidade do nominalizadoras que fazem referência a uma porção
7-
candidato de reconhecer a que e qual elemento está textual ou a uma ideia referida no texto. No exemplo
8
.5
construindo as referências textuais. acima, a oração “Belchior foi um cantor, compositor,
46
músico, produtor, artista plástico e professor” apre-
.1
Uso de Numerais senta seis nomes que funcionam como adjetivos de
40
Belchior e, ao mesmo tempo, acrescentam informações
-1
Conforme mencionamos anteriormente, o uso de sobre essa personalidade, referida anteriormente.
categorias gramaticais concorre para a progressão tex- É importante recordar que não podemos identifi-
a
lv
tual; uma das classes gramaticais que auxilia esse pro- car uma classe de palavra sem avaliar o contexto em
Si
Neste subtópico, iremos focar no valor coesivo que palavras cantor, compositor, músico, produtor, artis-
ta, professor são substantivos que funcionam como
nt
meiro era para os professores, o segundo para os alunos. O vocábulo vicário é oriundo do latim vicarius e
an
As formas destacadas são numerais ordinais que significa “fazer as vezes”; assim, os verbos vicários
rn
recuperam informação no texto, evitando a repetição são verbos usados em substituição de outros que já
Fe
8
A coesão sequencial é responsável por organizar a CONFORMATIVA nomia, os concursos não irão
0
7-
progressão temática do texto, isto é, garantir a manu- acabar
8
tenção do tema tratado pelo texto de maneira a pro-
.5
mover a evolução do debate assumido pelo autor. Ainda que vivamos um período
46
Essa coesão pode ser garantida, em um texto, a CONCESSIVA de poucos concursos, não pode-
.1
partir de locuções que marcam tempo, conjunções, mos desanimar
40
desinências e modos verbais. Neste material, iremos
-1
Se estudarmos, conseguiremos
nos deter, sobretudo, aos processos de conjunções que CONDICIONAL
ser aprovados!
a
são utilizadas para garantir a progressão textual.
lv
Si
ligam orações coordenadas, ou seja, orações de valor Estudava sempre com afinco, a
FINAL
s
na coesão:
rn
Fe
Importante!
Não apenas conversava com
o
rd
75
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Eduardo Fernando dos Santos Silva - 140.146.587-08, vedada, por quaisquer meios e a
qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Quando é possível substituir Além dessa função, a paráfrase pode ser marcada pelo
Quero que a prova uso de expressões textuais bem características, como: em
o que pelo pronome isso, es-
esteja fácil. outras palavras, em outros termos, isto é, quer dizer, em
tamos diante de uma conjun-
Quero. O quê? Isso resumo, em suma, em síntese etc. Essas expressões indi-
ção integrante
cam que algo foi dito e passará a ser ressignificado, garan-
Sempre haverá conjunção tindo a informatividade do texto.
Perguntei se ele estava
integrante em orações subs-
em casa.
tantivas e, consequentemen- Uso de Paralelismo
Perguntei. O quê? Isso
te, em períodos compostos
As ideias similares devem fazer a correspondência
COESÃO RECORRENCIAL entre si; a essa organização de ideias no texto, dá-se o
nome de paralelismo. Quando as construções de frases
Uso de Repetições e orações são semelhantes, ocorre o paralelismo sintá-
tico. Quando há sequência de expressões simétricas no
As recorrências de repetições em textos são comu- plano das ideias e coerência entre as informações, ocor-
mente recusadas pelos mestres da língua portuguesa. re o paralelismo semântico ou paralelismo de sentido.
Sobretudo, quando o assunto é redação, muitos pro-
fessores recomendam em uníssono: evite repetir pala- ESTRUTURAS QUE SEMPRE DEVEM SER USADAS
vras e expressões! JUNTAS
No entanto, a repetição é um recurso coesivo
essencial para manter a progressão temática do texto, Não só..., mas também; não apenas..., mas ainda; não
isto é, para que o tema debatido no texto não seja per- tanto...quanto; ora...ora; seja...seja etc.
dido, levando o escritor a fugir da temática.
Embora também não recomendemos as repetições Além disso, é preciso respeitar a estrutura sintáti-
exageradas no texto, sabemos valorizar seu uso ade- ca a qual a frase está inserida; vejamos um exemplo
quado em um texto; por isso, apresentamos, a seguir, em que houve quebra de paralelismo:
alguns usos comuns dessa estratégia coesiva. “É necessário estudar e que vocês se ajudem”
— Errado.
“É necessário que vocês se ajudem e que estudem”
8
CONTEXTOS DE USO ADEQUADO DE REPETIÇÕES
0
— Correto.
7-
Devemos manter a organização das orações, pois
8
O candidato foi encontra-
.5
do com duzentos milhões não podemos coordenar orações reduzidas com ora-
46
Marcar ênfase
de reais na mala, duzen- ções desenvolvidas, é preciso manter o paralelismo
.1
tos milhões! e deixá-las ou somente desenvolvida ou somente
40
reduzidas.
-1
Marcar contraste Existem Políticos e políticos No tocante ao paralelismo semântico, a ideia é
a
a mesma, porém deixamos de analisar os pares no
lv
“Agora que sentei na minha
âmbito sintático e passamos ao plano das ideias. Veja-
Si
lação” — Correto.
escrever um artigo contra
“Encontrei duas pessoas conhecidas na rua: uma
an
o desmatamento florestal”
foi sua irmã e a outra estava bem” — Incorreto.
rn
Millôr Fernandes
“Encontrei duas pessoas conhecidas na rua: uma
Fe
8
� Introduzir uma explicação ou enumeração após
0
em casa. expressões como por exemplo, isto é, ou seja, a
87-
Ontem choveu o esperado para o mês todo. / saber, como:
.5
Ontem, choveu o esperado para o mês todo. Ex.: Adquirimos vários saberes, como: Linguagens,
46
Filosofia, Ciências...;
.1
Não se Usa Vírgula nas Seguintes Situações z Marcar uma pausa entre orações coordenadas
40
(relação semântica de oposição, explicação/causa
-1
� Entre o sujeito e o verbo:
ou consequência):
Ex.: Todos os alunos daquele professor, entende-
a
Ex.: Já leu muitos livros: pode-se dizer que é um
lv
ram a explicação. (errado)
homem culto.
Si
dicativo do sujeito:
Ex.: Prezados senhores:
Ex.: Os alunos ficaram, satisfeitos com a explica-
s
ção. (errado)
Os alunos precisam de, que os professores os aju-
do
TRAVESSÃO
dem. (errado)
an
(errado);
discurso de interlocutor: Ex.:
Fe
8
Ex.: O que você faria se só lhe restasse um dia?; às vezes com ironia ou malícia:
0
7-
� Entre parênteses para indicar incerteza: Ex.: Veja como ele é “educado”: cuspiu no chão.
8
Ex.: Eu disse a palavra peremptório (?), mas acho Ele reagiu impulsivamente e lhe deu um “não”
.5
que havia palavra melhor no contexto; sonoro;
46
� Junto com o ponto de exclamação, para denotar � Para citar nomes de mídias, livros etc.:
.1
surpresa: Ex.: Ouvi a notícia do “Jornal Nacional”.
40
Ex.: Não conseguiu chegar ao local de prova?! (ou
-1
!?); COLCHETES a
� E interrogações retóricas:
lv
PONTO DE EXCLAMAÇÃO
Sa
Coitada dessa criança!; � Para isolar o termo latino sic (que significa “assim”),
a fim de indicar que, por mais estranho ou errado
rn
A barra oblíqua [ / ] é um sinal gráfico usado: 3. (EXATUS — 2019) Leia com atenção a charge a seguir:
8
Ex.: Os alunos poderão apresentar trabalhos orais
0
e/ou escritos;
7-
8
� Para indicar itens que possuem algum tipo de rela-
.5
ção entre si:
46
Ex.: A palavra será classificada quanto ao número
.1
(plural/singular).
40
O carro atingiu os 220 km/h;
-1
HTTPS://WWW.GOOGLE.COM
� Para separar os versos de poesias, quando escritos a
seguidamente na mesma linha. São utilizadas duas
lv
barras para indicar a separação das estrofes: Marque a alternativa que apresenta o uso correto do
Si
te, desço monte.//Eu ando sozinha/ao longo da noi- a) Está explicado o por quê querem cortar a aposentadoria!
Sa
te./Mas a estrela é minha.” Cecília Meireles; b) Está explicado porque querem cortar a aposentadoria!
s
� Na escrita abreviada, para indicar que a palavra c) Querem cortar a aposentadoria, por que?
do
não foi escrita na sua totalidade: d) Está explicado por que querem cortar a aposentadoria!
e) Por quê querem cortar a aposentadoria?
do
� Para separar o numerador do denominador nos 4. (EXATUS — 2017) Observe com atenção a colocação
rn
números fracionários, substituindo a barra da dos pronomes oblíquos átonos nas afirmativas abaixo e,
Fe
Ex.: 1/3 = um terço; está CORRETA, de acordo com o padrão culto da língua:
rd
� Nas datas:
ua
08
a) 5–1–2-3–4
7-
https://veja.abril.com.br/saude/vitamina-d-nao-previne-
b) 1–2–3–5–4
8
alzheimeraponta- estudo/
.5
c) 3–5–4–2–1
46
d) 5–1–2–4–3
5. (EXATUS — 2018) Observe o verbo em destaque no
.1
40
período que segue: “No entanto, o novo estudo afir-
Leia o texto a seguir para responder às questões 8, 9 e 10.
-1
ma que não foi possível concluir se a vitamina D tem
potencial benéfico, indicando que os baixos níveis da a
A IDADE EM QUE VOCÊ COMEÇA
lv
substância são consequência e não causa da doença.”
A SENTIR OS SINAIS DA VELHICE
Si
beu acentuação, por obedecer a uma dessas regras. Estudo aponta que há uma lacuna de 30 anos
Sa
Assinale a alternativa que apresenta a regra que justi- entre os países com as maiores e menores
s
0 8
Disease (GBD) 2017.
7-
Os pesquisadores mediram o que chamaram de “car- 8. (EXATUS — 2019) “(...) em Papua-Nova Guiné, país
8
que ficou em último lugar no ranking com 195 países e
.5
ga de doença relacionada à idade” (Dalys, na sigla em
46
inglês). Segundo aponta o estudo, os países com a territórios”. 10º§ O vocábulo destacado nesse período
mantém com seu termo antecedente uma relação sin-
.1
menor carga de doenças associadas ao envelhecimento
40
foram Suíça, Cingapura, Coreia do Norte, Japão e Itália. tática de:
-1
O estudo descobriu, por exemplo, que, em 2017, em
Papua-Nova Guiné, as pessoas tiveram a maior taxa a) Adição.
a
lv
mundial de problemas de saúde relacionados à idade, b) Explicação.
Si
Usando a média global de pessoas de 65 anos como população aos 60 ou 65 anos é um fenômeno mundial.
an
grupo de referência, Chang e outros pesquisadores II - Os pesquisadores apontaram alguns países com a
rn
também estimaram as idades em que a população em menor carga de doenças associadas ao envelheci-
Fe
cada país experimentou a mesma taxa de carga rela- mento nos continentes asiático e europeu.
cionada. Eles encontraram grande variação em quão III - Um dos motivos apontados como causa do envelhe-
o
rd
anos enfrentam a mesma carga de envelhecimento De acordo com o texto, estão incorretas as afirmativas:
que pessoas de 46 anos em Papua Nova Guiné, país
que ficou em último lugar no ranking com 195 países a) I, II e III.
e territórios. Os Estados Unidos, em que a idade foi b) I, apenas.
LÍNGUA PORTUGUESA
68,5 anos, ficaram em 54º lugar, entre o Irã (69 anos), c) I e II, apenas.
Antígua e Barbuda (68,4 anos). Por trás das gran- d) I e III, apenas.
des variações no padrão de envelhecimento entre e) II e III, apenas.
os países, com discrepância quanto ao impacto das
doenças e incapacidades, há muitos determinantes 10. (EXATUS — 2019) São causas citadas no texto que
sociais envolvidos, como explica a geriatra Ana Cris- impactam na forma como se envelhece, exceto:
tina Canêdo Speranza, presidente da seção estadual
do Rio de Janeiro da Sociedade Brasileira de Geriatria a) Estilo de vida.
e Gerontologia: b) Baixa renda.
“Questões socioeconômicas, culturais e ambientais c) Questões ambientais.
têm forte impacto na forma como um país enve- d) Políticas públicas ineficientes.
lhece. Desigualdades sociais e políticas públicas e) Perda da capacidade física e mental.
81
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qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Leia o texto a seguir para responder às questões 11 e 12. c) “...nos relacionamentos a dois elas parecem ecoar por
todos os cantos.”
Felizes para sempre? Quem dera... d) “...a criatura amada parece funcionar como bálsamo
às nossas dores...”
Em tempos de tão pouca tolerância consigo mesmo
e com os outros, manter relacionamentos amorosos 12. (EXATUS — 2016) De acordo com as ideias do texto,
duradouros e felizes parece um dos objetivos mais marque a alternativa incorreta:
almejados entre pessoas de variadas classes sociais
e faixas etárias. Fazer boas escolhas, entretanto não a) A autora defende a tese de que a manutenção dos
é fácil - _____ o grande número de relações que termi- relacionamentos amorosos não é fácil, embora seja
na, não raro, de maneira dolorosa - pelo menos para algo intensamente desejado pelas pessoas.
um dos envolvidos. Para nossos avós o casamento e b) A descoberta, passado o período de intensa paixão,
sua manutenção, quaisquer que fossem as penas e de que o outro é diferente de nós, e à necessidade de
os sacrifícios atrelados a eles, era um destino quase reconhecer e aceitar essa diferença é um fator que
certo e com pouca possibilidade de manobra. Hoje, pode levar as pessoas a decidirem se querem manter
entretanto, convivemos com a dádiva (que por vezes se ou romper um relacionamento amoroso.
torna ônus) e escolher se queremos ou não estar com c) Para a autora, escolher se queremos ou não estar com
alguém. alguém é uma decisão individual e tranquila.
Um dos pesos que nos impõe a vida líquida (repleta de d) A autora expõe a maneira de as pessoas estabelece-
relações igualmente líquidas, efêmeras), como escre- rem relações afetivas e como essas relações podem
ve o sociólogo Zygmunt Bauman, é a possibilidade de ter desdobramentos em suas vidas.
tomarmos decisões (e arcar com elas). Filhos ou depen-
dência econômica já não prendem homens e mulheres 13. (EXATUS — 2019)
uns aos outros, e cada vez mais nos resta descobrir
______ moram, de fato, nossos desejos. E não falo aqui Comunicado aos gordos
do desejo sexual, embora este seja um aspecto a ser
considerado, mas do que realmente _______, aspiramos Jô Soares
para nossa vida. Mas para isso é preciso, primeiro, loca-
lizar quais são as nossas faltas. E nos relacionamentos Desde que perdi alguns quilinhos, não se passa um
08
a dois elas parecem ecoar por todos os cantos. dia sem que alguém me pergunte o que eu fiz para
7-
Dividir corpos, planos, sonhos, experiências, espaços emagrecer. A resposta é fácil: “Coma menos, guloso!”
8
.5
físicos e talvez o mais precioso, o próprio tempo, acor- Sinceramente, o excesso de peso se transformou no
46
da nos seres humanos sentimentos complexos e con- inimigo número 1 da população. Gente que nunca fez
.1
traditórios. Passados os primeiros 18 ou 24 meses da exercício está malhando. Compram o vídeo da Jane
40
paixão intensa (um período de _____ projeções), nos Fonda ou de outra beldade e ficam repetindo os exercí-
-1
quais a criatura amada parece funcionar como bál- cios em frente à televisão. Aliás, por que é que nesses
samo às nossas dores mais inusitadas, passamos a vídeos só mostram as mulheres lindas e maravilho-
a
lv
ver o parceiro como ele realmente é: um outro. E essa sas que estão lá na frente demonstrando a ginástica?
Si
alteridade ______ vezes agride, como se ele (ela) fosse Deviam mostrar as gordas que estão estourando lá no
os
diferente de nós apenas para nos irritar. Surge então a fundo da fila, coitadas, suando e sofrendo para perder
nt
dúvida, nem sempre formulada: Continuar ou desistir? alguns gramas, e não aparecem nunca.
Sa
Especialistas recorrem ______ inúmeros estudos sobre Vejo pessoas tão desengonçadas correndo na rua,
relacionamento afetivo para confirmar algo que, intui- que me pergunto: se correndo elas são assim, como
s
do
tivamente a maioria de nós já sabe: 1-Nada melhor seriam paradas? E a comida? Já notaram que agora
do que dividir alegrias com quem amamos (afinal de tudo é light, diet ou sem gordura? Descobriram que a
do
que adianta estar junto se não é para ser bom?) 2-Edu- gordura pode ser tirada com facilidade de praticamen-
an
cação e aquelas palavrinhas mágicas (obrigado, por te tudo, menos da cintura da gente. Hoje, já temos leite
rn
favor, desculpe) fazem bem em qualquer circunstân- sem gordura, margarina sem gordura, manteiga sem
Fe
cia, principalmente se acompanhadas da verdadeira gordura, queijo sem gordura, sorvete sem gordura e
o
gratidão pelos pequenos gestos da pessoa com quem até gordura sem gordura.
rd
convivemos. 3- Intimidade não vem pronta, é conquis- Já existem panelas que cozinham sem gordura. Só
ua
tada a cada dia, quando partilhamos nossos medos, falta inventar a panela que cozinha sem panela. Morte
Ed
segredos e dúvidas. 4-É possível aprender _____ agir à banha! Abaixo o toucinho! Viva a raiz de gengibre e
de forma mais generosa consigo mesmo e com nos- a semente seca! É a mania de emagrecer que tomou
so companheiro, e essa postura ajuda a preservar o conta de todos.
carinho, a admiração e o amor. Óbvio? Nem tanto... Se Essa mania não deixa de ter o seu lado cruel e curioso,
fosse, não haveria tanta gente em busca da felicidade porque, se estudarmos atentamente o mundo, existe
conjugal... mais ou menos um quinto das pessoas cuja princi-
pal preocupação é a de não engordar, e o resto, que
Gláucia Leal (Revista Mente e Cérebro) gostaria simplesmente de comer. Quando é possível.
Mesmo que engorde. Aliás, engordar seria um raro pri-
11. (EXATUS — 2016) De acordo com o texto, o registro vilégio. Acho que fariam até o supremo sacrifício de
coloquial ou figurado da língua não pode ser identifi- tomar leite com gordura. A gordura pode não ser mais
cado em: formosura, como já se disse antigamente, porém ali-
menta e esquenta. Seus organismos, não acostuma-
a) “Em tempos de tão pouca tolerância consigo mesmo e dos, poderiam estranhar um pouco no início.
com os outros...” Manda a etiqueta que as pessoas se desejem bom
b) “Um dos pesos que nos impõe a vida líquida...” apetite. É uma coisa que nunca entendi:
82
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- Bom apetite. 17. (EXATUS — 2017) Observe a regência verbal e assina-
- Obrigado, bom apetite. le a alternativa que contraria a norma culta:
Para que desejar bom apetite? Quando dizem a frase
lapidar, a comida já está no prato. Ora, se está ali, e a) Desobedecia com frequência a meus pais.
se sentaram à mesa, é porque certamente estão com b) Informe os clientes sobre o novo horário de funciona-
fome. Mesmo assim paira a dúvida cruel: mento do restaurante.
- Vou ter apetite? Meu Deus, e se eu não tiver apetite? c) Prefiro rock a MPB.
Só por isso, um encoraja o outro: d) Naquela caminhada, parecia que aspirávamos ao pó
- Bom apetite! da estrada.
- Bom apetite!
Tudo por medo de não ter no jantar a mesma vontade 18. (EXATUS — 2017) Considere as frases a seguir, quanto
de comer que já tiveram no café da manhã, no almoço à ocorrência ou não do acento indicativo de crase, de
e no lanche. Será que sobrou apetite para o jantar? acordo com as regras gramaticais.
O que mais deixa a nós, gordos, indignados, é que
quanto mais a pessoa é rica menos ela come. É uma I. As vendas à prazo aumentam muito na época do
questão de classe social. Não é chique comer. Comer Natal.
não é de bom-tom. Comer é cafonérrimo. II. Os manifestantes ficaram frente à frente com os
Assim, chegamos ironicamente ao estranho limite em policiais.
que dois extremos se encontram: o mais rico e o mais III. Fumar faz mal à saúde.
miserável acabam, os dois, passando fome. IV. Toda a família foi à sala receber os convidados.
V. A decisão fica à critério da banca examinadora.
A palavra destacada não está corretamente interpreta-
da, de acordo com o seu sentido no texto, em: Estão CORRETAS:
0 8
e) Manda a etiqueta que as pessoas se desejem bom 19. (EXATUS — 2017) Assinale a alternativa que contém
7-
apetite... = O PROTOCOLO. erro de concordância verbal, de acordo com a norma
8
.5
culta da língua:
46
14. (EXATUS — 2019) A pontuação está correta na frase
.1
da alternativa: a) Havia muitas questões difíceis na prova de português.
40
b) Os utensílios, os móveis, a roupa, tudo estava fora do
-1
a) Espero, que você me telefone. lugar. a
b) O problema das enchentes, disse o prefeito, será c) Vossa Senhoria não respeitaste o compromisso firmado.
lv
prioritário. d) Estados Unidos impôs uma nova ordem mundial.
Si
d) A sua fala no entanto causou, sérias complicações, preenchimento da lacuna com a forma verbal entre
Sa
culta vigente:
do
indispensável quando se trata de textos oficiais. Sobre b) _____________ decisões e responsabilidades com o
rn
o uso da - vírgula ( , ) é correto afirmar: homem, a mulher que trabalha fora. (Dividem)
Fe
1 E
16. (EXATUS — 2019) A única frase que apresenta desvio
de regência verbal recomendada pela norma culta é: 2 A
3 D
a) Ela não se lembrou de tomar a vacina.
b) Os especialistas informam os benefícios das vacinas 4 B
aos pais.
c) A vacina contra o sarampo chegou nas unidades de 5 C
saúde. 6 A
d) Eles obedecem à política regional de saúde.
e) Custa-me acreditar nessa realidade das vacinas. 7 A
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8 D
9 D
10 E
11 A
12 C
13 B
14 B
15 A
16 C
17 D
18 C
19 C
20 B
ANOTAÇÕES
08
87-
.5
46
.1
40
-1
a
lv
Si
os
nt
Sa
s
do
do
an
rn
Fe
o
rd
ua
Ed
84
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Também é mostrado como podem ser os parágrafos
que introduzem, desenvolvem e concluem um texto dis-
sertativo. E só depois de exercitar esses primeiros pro-
cedimentos é que se passa à produção de um trabalho
completo, buscando a eficiência do todo por intermédio
REDAÇÃO do agrupamento de cada uma das partes estudadas até a
formação de um bloco contínuo e completo.
O truncamento desse trabalho ocorrerá certamen-
te se o aprendiz não se dispuser a praticar esses con-
ceitos. É aí que começa a frustração dos potenciais
INTRODUÇÃO À REDAÇÃO autores, pois muitas vezes só vão tentar praticar a
escritura da sua redação após terem terminado o estu-
Neste material, vamos trabalhar a redação discur- do do livro didático e sentem muita dificuldade no
siva. Você estudará algumas características inovado- momento do agrupamento, isto é, de fazer virar o todo
ras no conceito de produção de textos para quem quer aquilo que aprendeu a fazer por partes. Se o resultado
atingir um melhor resultado em provas que exijam do não for satisfatório, eles simplesmente assumirão a
candidato a habilidade de produzir um texto. dificuldade como uma inabilidade pessoal.
Aqui, serão apresentados os aspectos gerais da reda- Como proposta de solução para essa dificulda-
ção discursiva em sua estrutura textual, bem como todos de, vamos partir de um princípio inverso em que se
os passos para a sua produção com eficiência. Porém, começa da materialização do texto eficiente, satisfa-
antes de iniciarmos, é importante dar atenção às dúvidas zendo os anseios dos nossos alunos: começamos pelo
que geralmente são apresentadas pelos alunos para que todo para depois estudarmos as partes.
se possa dar solução aos principais problemas que eles Esse trabalho consiste na elaboração de máscaras
de redação, o que proporciona um ponto de partida
relatam.
concreto na produção de redações eficientes a partir
de modelos prontos e que poderão ser reproduzidos
DÚVIDAS FREQUENTES QUANTO À REDAÇÃO PARA
e adaptados para qualquer tema proposto pela banca
CONCURSOS PÚBLICOS organizadora do concurso, respeitando ainda o cará-
ter da originalidade e da criatividade de cada autor.
Por Que é Tão Difícil Produzir um Texto Eficiente? As máscaras de redação garantem a eficácia sobre
08
os principais quesitos exigidos pelas bancas organiza-
7-
Sempre se ouvem os temores de alunos quanto às pro- doras dos critérios de correção dos textos, tais como
8
.5
vas que cobram dos candidatos habilidades na produção progressão textual e sequencialização, coesão e, con-
46
de questões discursivas. Alguns dizem se sentirem tão sequentemente, coerência, além de atender natural-
.1
despreparados que terminam por desistir dos concursos mente à estrutura própria dos textos dissertativos.
40
que trazem a redação como critério de classificação. Outro ponto importante é o de permitir ao candi-
-1
Tem de se reconhecer que o hábito de escrever não dato uma projeção bem aproximada da extensão do
está na prática do cotidiano da maioria das pessoas e seu texto em número de linhas.
a
lv
que, hoje em dia, quando se dispõem a fazê-lo, exer- Essa proposta também tem a finalidade de desen-
Si
citam essa habilidade normalmente em ambientes volver uma maior agilidade na projeção e na constru-
os
virtuais, como sites de comunicação e elaboração de ção da redação, otimizando o tempo de sua elaboração
nt
ser cobrado por ele da mesma forma quando errar”. O peso da redação é muito grande, por isso, ela
an
Usam-se imagens, símbolos gráficos, abreviações que faz a diferença na aprovação. Nos concursos atuais,
rn
mais se assemelham a códigos criptografados do que a redação tornou-se o passaporte para o ingresso em
Fe
à própria língua portuguesa. grande parte das carreiras públicas, pois de nada vale
um resultado positivo na prova objetiva se não obti-
o
produção de textos, começa-se pela apresentação de Em verdade, os dois aspectos são equivalentes em
exemplos de textos bem escritos, mostra-se sua estru- importância. No que diz respeito aos conhecimentos de
tura, apresentam-se as partes que o compõem. língua portuguesa, estamos referindo-nos à estrutura e
Depois disso, inicia-se a identificação dessas partes à linguagem do texto dissertativo. Subentende-se que
e de como elaborá-las separadamente: como se cons- quem domina esses dois aspectos não tenha dificulda-
trói um parágrafo; quais são as fases de sua elabora- des com a ortografia e outros aspectos gramaticais que,
ção; quais são os diferentes tipos de parágrafos. em prova, inclusive, pouco peso têm. 85
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Qual é a Diferença entre Tema e Título? É contrária ao verso, que exige uma elaboração estru-
tural e demonstra preocupação com rimas e arranjos
z Tema é o assunto proposto pela instituição. Tem cará- vocabulares alheios à sintaxe. Veja um exemplo de texto
ter geral e abrangente e propõe questões que devem em verso:
ser abordadas obrigatoriamente com objetividade pelo
candidato. Essa objetividade é um fator determinante A rosa de Hiroxima
para que sua composição fique delimitada àquilo que é
possível desenvolver em sua redação. Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
E o que é a delimitação do tema? É simples. É a Pensem nas meninas
elaboração de sua tese que, por sua vez, é seu posi- Cegas inexatas
cionamento sobre esse tema. Na maioria das vezes, o Pensem nas mulheres
número de linhas que é proposto para se desenvolver Rotas alteradas
o tema é limitado. Geralmente, não passa de 30 linhas, Pensem nas feridas
por isso, é preciso ser claro e direto no desenvolvi- Como rosas cálidas
mento da argumentação; Mas oh não se esqueçam
Da rosa da rosa
z Título é o nome que você dá à sua redação. Ele tem Da rosa de Hiroxima
a função de apresentar e chamar a atenção sobre A rosa hereditária
o assunto desenvolvido. Porém, é importante lem- A rosa radioativa
brar que são poucas as instituições que solicitam Estúpida e inválida
que o candidato dê um título ao texto. Se ele não A rosa com cirrose
for pedido, não é para colocá-lo. A anti-rosa atômica
Sem cor sem perfume
Se Tiver de Pôr Título, qual Palavra Dele Deve-se Pôr Sem rosa sem nada. 1
em Maiúscula?
Agora um exemplo de texto em prosa:
Há duas possibilidades:
Hiroshima ou Hiroxima (広島市 ‘Hiroshima-shi’)
8
z A primeira forma convencionada diz que só a pri- é a capital da prefeitura de Hiroshima, no Japão. É
0
meira palavra do título deve ser iniciada por letra
7-
cortada pelo rio Ota (Ota-gawa), cujos seis canais
8
maiúscula, como em: dividem a cidade em ilhas. Cresceu em torno de um
.5
46
castelo feudal do século XVI. Recebeu o estatuto de
É bom fazer redação com o Nélson! cidade em 1589. Serviu de quartel-general durante
.1
40
a Primeira Guerra Sino-Japonesa (1894–95).
z A segunda forma permite que você coloque todas
-1
Em 6 de agosto de 1945, foi a primeira cidade do
as palavras com iniciais maiúsculas, com exceção mundo arrasada pela bomba atômica de fissão deno-
a
dos vocábulos monossilábicos e átonos (sem senti-
lv
minada Little Boy, lançada pelo governo dos Estados
do próprio), como preposições e artigos:
Si
É Bom Fazer Redação com o Nélson! É importante notar que redação para concurso é
nt
em prosa.
Sa
Importante!
s
Nomes próprios são sempre com iniciais maiúsculas. Passando a Limpo minha Redação?
do
como interrogação e exclamação. O ponto final Erro é erro, não dá para voltar no tempo. Porém,
rn
É Preciso Usar Letra Cursiva ou Pode Ser de Forma? casos, o erro não é considerado. Sendo assim, não perca
ua
8
fatos), portanto, não há passagem do tempo.
0
minou o suposto marginal em nome da segurança dos
7-
Na descrição, as principais informações são pas- que dormiam inocentes.
8
sadas por intermédio de palavras adjetivas, sempre
.5
Vejamos como fica nosso esquema narrativo:
submissas a palavras substantivas.
46
Ex.: Na mistura do sangue com o leite das garra-
.1
z Um jovem leiteiro foi confundido com um assaltante;
40
fas quebradas, viam-se os fios castanhos do cabelo do
z Um jovem leiteiro foi morto com um tiro no
jovem embebidos naquele grosso líquido. Não devia
-1
coração;
ter mais de 20 anos, mas mostrava nas mãos calos que
z Um morador eliminou o suposto marginal;
a
foram cultivados parece que há muito mais tempo.
lv
z Os inocentes dormiam.
Si
z Os cabelos são castanhos; diferença entre a descrição, que não apresenta movimen-
to, pois nela não há sucessão de fatos, e, por isso, o tempo
s
z Os cabelos estão embebidos; não passa: sem progressão temporal; e a narração, que
apresenta sucessão de fatos: com progressão temporal.
do
z O líquido é grosso;
Importante é perceber que o traço de diferença
an
z
tempo. Para confirmar a progressão nesse texto, basta
Fe
Por causa desses elementos descritivos, somos leva- percebermos a mudança apresentada no contexto: o
o
dos a imaginar o cenário estático. Observe que o todo do leiteiro estava vivo, trabalhando, e agora está morto.
rd
texto compõe uma imagem que nós, leitores, consegui- Para completar a análise desse texto, a partir do
ua
mos criar em nosso raciocínio, como se fosse uma foto. levantamento das características da narração, vamos
Ed
Note ainda que isso ocorre porque não há passa- reconhecer seus elementos:
gem do tempo, isto é, não houve sucessão de fatos, tan-
to que o cenário é único e nada se altera, nada muda z Personagens: o leiteiro e o morador da cidade;
do começo ao fim, logo, é um texto que não apresenta z Narrador: aquele que nos conta o fato;
progressão temporal. Por isso, o que predomina na z Tempo: nesta madrugada;
leitura desse texto realmente é a imagem; trata-se, z Lugar: nossa cidade;
então, de uma descrição. z Ação: assassinato.
Vamos agora à narração. Assim como fizemos com dos outros tipos de texto é a progressão temporal.
a descrição, podemos também ilustrar como um fil- Dissertação
me a elaboração do texto narrativo, pois aqui ocorre
a passagem do tempo registrando a ação apresenta- A dissertação é o tipo de texto mais comum de ser
da no texto, por isso, sempre apresentará progressão cobrado em provas de concurso, tanto na argumenta-
temporal, pois sempre haverá uma mudança, uma ção geral sobre temas diversos, quanto na exposição de
transformação do fato apresentado inicialmente. seus conhecimentos em questões discursivas. 87
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qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Na dissertação, propõe-se uma tese sobre uma Por ora, vamos retomar o esquema anterior e
suposta verdade. Tal verdade deve ter existência aprofundá-lo para que não se esqueça de como dife-
substancial, por isso, é representada por uma pala- renciar os três tipos de texto:
vra substantiva. A sustentação dessa verdade, por sua
vez, pode ser ilustrada por outras palavras substanti- descrição imagem — não há progressão temporal
vas. Veja o texto a seguir: narração fato — há progressão temporal
dissertação ideia — progressão discursiva
Dissertação é um trabalho baseado em estudo teó-
rico de natureza reflexiva, que consiste na ordenação ESTRUTURA DISSERTATIVA E PROGRESSÃO
de ideias sobre um determinado tema. A característi- DISCURSIVA
ca básica da dissertação é o cunho reflexivo-teórico.
Dissertar é debater, discutir, questionar, expressar Neste assunto, trabalharemos alguns elementos
ponto de vista, qualquer que seja. É desenvolver um importantes para iniciarmos nossa produção de textos.
raciocínio, desenvolver argumentos que fundamen-
A dissertação é um tipo de texto que se caracteriza
tem posições. É polemizar, inclusive, com opiniões e
pela exposição e defesa de uma ideia que será anali-
com argumentos contrários aos nossos. É estabelecer
relações de causa e consequência, é dar exemplos, é
sada e discutida a partir de um ponto de vista. Para
tirar conclusões, é apresentar um texto com organiza- tal defesa, o autor do texto dissertativo trabalha com
ção lógica das ideias. Basicamente um texto em que o argumentos, fatos, dados, os quais utiliza para refor-
autor mostra as suas ideias. çar ou justificar o desenvolvimento de suas ideias.
Para atender a esse propósito, a dissertação deve
Assim, podemos entender a dissertação, diferen- apresentar uma organização estrutural que conduza
ciando-a dos dois tipos anteriores, como um texto que as informações ao leitor de forma a seduzi-lo quanto
apresenta a análise do autor sobre algo, revelando um ao reconhecimento da verdade proposta como tese.
entendimento lógico sobre o assunto que ele analisou. Compreende-se como estrutura básica de uma disser-
Por isso, dissemos inicialmente que é um texto que tação a divisão da exposição da argumentação em três
apresenta uma ideia, ao que chamamos de tese, isto é, partes distintas: a introdução, o desenvolvimento e a con-
esse tipo de texto revela a ideia que o autor desenvol- clusão. Acompanhe cada uma dessas partes a seguir.
veu sobre um determinado assunto.
Além disso, todas as informações que forem apre- Introdução
08
sentadas sobre o assunto analisado serão os argu-
7-
mentos que representarão a análise feita pelo autor. A introdução do texto dissertativo é a apresenta-
8
.5
Note que os argumentos são os motivos que levaram ção de seu projeto. Ela deve conter a tese de sua dis-
46
o autor a ter um posicionamento, uma ideia, uma tese sertação, ou seja, deve apresentar seu posicionamento
.1
sobre o assunto. sobre o tema proposto pela banca.
40
Ex.: Não se pode mais tratar a vida humana como Esse momento é muito importante para o leitor,
-1
um simples exemplo de existência biológica. Já está na pois é aí que será mostrada a identificação de suas
hora de se entender que é preciso ter respeito à vida
a
ideias com o tema. É um bom momento para apresen-
lv
como uma atitude existencial que deve ser encarada
tá-lo aos argumentos sequencialmente ordenados de
Si
z A verdade geral defendida, o nome do assunto = dois itens básicos: os objetivos do texto e o plano do
s
z Argumentos que sustentam essa verdade: respei- previsibilidade de seu projeto, você, autor, deve expor
do
quanto à verdade defendida na tese do autor de que mais o impressionará nesse momento. Por isso, não
Fe
“Não se pode mais tratar a vida humana como um sim- tenha medo de ser objetivo e previamente ilustrativo
o
ples exemplo de existência biológica”. Essa verdade é quanto aos seus propósitos de trabalho.
rd
dessa tese: o respeito à vida e a vida como essência Todos sabem o quanto a tecnologia vem imple-
Ed
8
São palavras referentes a outras que apareceram
0
Ex.: Apresentação do segundo argumento sobre “o
7-
desenvolvimento da tecnologia em campos como o no texto, a fim de retomá-las.
8
.5
dos serviços sociais”:
46
Outro aspecto que merece destaque especial é Ela = Dolores seu = Ela
.1
quanto ao atendimento oferecido ao cidadão pelos
40
órgãos do serviço público. Já é possível registrar
-1
um boletim de ocorrência via computador ou ainda Ex.: Dolores era beleza única. Ela sabia do seu
poder de seduzir e o usava
a
agendar a emissão de passaportes junto às agencias
lv
da Polícia Federal em qualquer lugar do Brasil. Con-
Si
sas entidades.
Ex.: Apresentação do terceiro argumento sobre “as
s
Preposições e suas locuções: em, para, de, Elementos Importantes de Coesão e Coerência
por, sem, com...
Conjunções e suas locuções: e, que, quando, Para continuarmos o estudo de coesão e coerên-
para que, mas... cia, devemos relembrar alguns elementos gramaticais
Pronomes relativos, demonstrativos, pos- importantes. Acompanhe a seguir.
sessivos, pessoais: onde, que, cujo, seu, este,
esse, ele... z Pronomes Demonstrativos
Ex.: Os programas de TV, em que nós podemos ver Indicam posição dos seres em relação às pessoas
muitas mulheres nuas, são imorais. Desde seu iní- do discurso, situando-os no tempo e/ou no espaço
cio, a televisão foi usada para facilitar o domínio da (função dêitica destes pronomes). Podem também ser
sociedade. Como exemplo, podemos citar a chegada empregados fazendo referência aos elementos do tex-
do homem à Lua, quando os EUA conseguiram, com to (função anafórica ou catafórica). São eles:
sua propaganda capitalista frente a uma Guerra Fria,
8
a simpatia de grande parte da população do planeta.
0
ESTE (A/S), ESSE (A/S), Têm função de pronome
7-
AQUELE (A/S) adjetivo
8
Coerência
.5
ISSO, ISTO, AQUILO, O Têm função de pronome
46
Coerência textual é uma relação harmônica que se (A/S) substantivo
.1
40
estabelece entre as partes de um texto, em um contex- MESMO, PRÓPRIO, Quando são demons-
-1
to específico, e que é responsável pela percepção de SEMELHANTE, TAL (E trativos, são pronomes
uma unidade de sentido. Sendo assim, os principais FLEXÕES) adjetivos
a
lv
aspectos envolvidos nessa questão são:
Si
z Coerência Semântica
nt
todo: ga para referir-se ao ser que está junto dele. Ex.: Este é
Ex.: Paulo e Maria queriam chegar ao centro da
do
z Período Composto
Que, o/a (s) qual (s): referem-se à coisa ou pessoa. Ex.: O livro que li é ótimo. / O livro o qual li é ótimo;
Quem: refere-se à pessoa, sempre preposicionado. Ex.: Esta é a aluna de quem falei;
Cujo (parecido com o possessivo): estabelece posse. Ex.: Este é o autor com cujas ideias concordo;
Onde (= em que): refere-se a lugar. Ex.: A rua onde (em que) moro é movimentada.
Atenção!
Observar a palavra a que se refere o pronome relativo para evitar erros de concordância verbal. Ex.: Lemos
os livros que foram indicados pelo professor (que = os quais → livros);
Respeitar a regência do verbo ou do nome, usando a preposição exigida quando necessário. Ex.: Este é o
livro a que me refiro.
O verbo “referir-se” pede a preposição “a”; por isso, ela aparece antes do “que”. Ex.: Esta é a obra por que
tenho admiração. A preposição “por” foi exigida pelo substantivo “admiração”;
80
As orações adjetivas podem ser explicativas (cujo conteúdo é explicativo, genérico, uma informação a
8 7-
mais) ou restritivas (cujo conteúdo é de restrição, especificação, informação importante no contexto).
.5
46
z As Orações Subordinadas Adjetivas e a Semântica
.1
40
As orações adjetivas são iniciadas sempre por pronomes relativos e podem ser de dois tipos:
-1
a
Explicativa: O homem, que é racional, mata. A oração adjetiva deste caso não tem sentido restritivo,
lv
Si
homem fumante.
nt
Sa
Esta é a jovem de
rn
Adição: e, nem, (não só...) mas também, mas ainda, tampouco, (não só...) como também. Ex.: A água crista-
lina brota da terra e busca seu caminho por entre as pedras;
Adversidade/oposição: mas, porém, contudo, todavia, entretanto, no entanto, não obstante. Ex.: Este can-
didato não estudou muito, mas foi aprovado;
REDAÇÃO
Alternância: ou... ou, ora... ora, quer... quer, seja... seja. Ex.: Ou estude, ou aguente a reprova;
Conclusão: logo, portanto, pois (depois de verbo), por isso, então. Ex.: Bebida alcoólica pode causar vício,
portanto sua venda deve ser considerada ilícita;
Explicação: que, porque, pois (antes do verbo), porquanto. Ex.: Não se preocupe, que eu arrumarei toda
esta bagunça.
91
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qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
z Conjunções Subordinativas Adverbiais Vejamos agora alguns exemplos de construções
que apresentam erros de paralelismo:
Causa: porque, como (somente no início do
período), que, já que, visto que, por (+ infinitivo), Paralelismo semântico: Em sua última via-
graças a, na medida em que, em virtude de (+ infi- gem pela América Latina como representan-
nitivo), em face de, desde que, uma vez que. Ex.: te do governo brasileiro, o presidente visitou
Como estava muito doente, foi ao médico; Havana, a República Dominicana, Washington
Comparação: mais... que, menos... que, tão/ e o Presidente Barack Obama.
tanto... como, assim como, como. Ex.: Ele sem-
pre se posicionou como um líder; Observe que nesse caso o verbo “visitou” está sen-
Concessão: embora, conquanto, ainda que, do empregado de maneira a sugerir que se pode visitar
mesmo que, se bem que, apesar de (+ infini- uma cidade da mesma forma como se visita uma pessoa,
tivo), em que pese a (+ infinitivo), posto que, ou seja, está empregado de forma errada, já que ocorre
malgrado. Ex.: Embora não esteja me sentindo um duplo sentido a esse verbo com essa construção.
bem, assistirei à aula até o final; Uma forma correta de representar a ideia pretendida
Condição: se (às vezes prevalece a ideia de cau- pelo texto é: Em sua última viagem pela América Latina
sa, outras vezes, de tempo, ou, ainda, de oposi- como representante do governo brasileiro, o presidente
ção), caso, desde que, a não ser que, a menos visitou Havana, a República Dominicana, Washington e
que (a ideia pode ser desdobrada em de conces- nesta última cidade foi ver o Presidente Barack Obama.
são), contanto que, uma vez que. Ex.: Eles não
conseguirão vaga para este ano letivo, a menos
Paralelismo sintático: Nosso time se esforçou
que haja alguma desistência;
bastante em todos os jogos, mas conseguiram
Conformidade: conforme, como, segundo,
se tornar os campeões este ano.
consoante. Ex.: Tudo aconteceu como eles
imaginaram;
Consequência: (tão/tanto...) que, de modo que, Veja como a conjunção adversativa “mas” foi inde-
de maneira que, de sorte que. Ex.: Tanto lutou, vidamente empregada, dando uma ideia de que ser
que progrediu muito na vida; campeão é oposto ao fato de se esforçar para vencer.
Finalidade: a fim de que, a fim de (+ infinitivo), O correto nesse caso seria empregar uma conjunção
que, porque, para que, para (+ infinitivo). Ex.: que conduzisse logicamente a primeira oração à ideia
0 8
Faça bem a sua parte do projeto para que não da vitória apresentada na segunda oração, como em:
7-
haja reclamações; Nosso time se esforçou bastante em todos os jogos, por
8
.5
Proporcionalidade: à proporção que, à medi- isso (e, dessa forma, logo, consequentemente...) conse-
46
da que, na medida em que, quanto mais, quanto guiu se tornar o campeão este ano.
.1
menos, conforme. Ex.: À medida que o progres-
40
so avança, o romantismo diminui; Progressão Textual
-1
Tempo: quando (a ideia pode ser desdobrada
em ideia de condição), enquanto, mal, logo que, A progressão textual é o processo pelo qual o texto
a
lv
assim que, sempre que, desde que, conforme. se constrói a partir de elementos semânticos e grama-
Si
Ex.: Mal ele chegou, todas o rodearam. ticais. Novas informações devem ser somadas e liga-
os
da organização textual, promovendo no texto coe- Veja uma simulação do projeto de máscaras de
rência em sua elaboração e, portanto, em seu sentido. redação e observe na prática como a progressão tex-
do
Esse mesmo equilíbrio deve assim ser entendido nos tual ocorre:
an
períodos, pois sua redação também deve apresentar Muito se tem discutido ultimamente sobre (blá,
rn
uma sequência lógica para que ele tenha sentido cla- blá, blá) por causa de (blá, blá, blá). Sabe-se que
Fe
ro e realmente dê a informação pretendida pelo seu alguns fatores como (blá, blá, blá), (blá, blá, blá) e
autor.
o
Veja, como exemplo, o que diz o professor Othon problema. As consequências imediatas de (blá, blá,
ua
Marques Garcia em seu livro Comunicação em Prosa blá) só poderão ser avaliadas quando (blá, blá, blá).
Ed
92 3 GARCIA, O. M. Comunicação em prosa moderna. Rio de Janeiro, Editora FGV: 2010, p. 52-53.
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TEORIA DAS MÁSCARAS Observe o texto apresentado e sua estrutura.
Imaginemos que o tema proposto a nós fosse “A ali-
Depois de observar as dificuldades que as pessoas mentação do brasileiro” e que, a partir desse tema,
têm de se expressarem por meio da escrita, colocamos tivéssemos que produzir uma dissertação sobre ele.
aqui soluções definitivas para esses problemas, sem a A primeira coisa a fazer seria a delimitação do
pretensão de criar fórmulas mágicas, mas sim de criar tema, ou seja, deveríamos buscar com objetividade
um referencial mais concreto e imediato. uma tese, dentro desse tema, sobre a qual fôssemos
Leia inicialmente o texto piloto de nosso projeto: capazes de argumentar, como esta:
“A comida dos brasileiros é muito saudável e tem tudo
z Projeto de dissertação: Exemplos arroz com feijão; de que ele necessita para seu longo dia de trabalho”.
z Tema: A alimentação do brasileiro; O próximo passo seria o de levantar alguns argu-
z Tese: A comida dos brasileiros é muito saudável e mentos que sustentassem a tese proposta com valor
tem tudo de que ele necessita para seu longo dia de verdade. Veja como fizemos:
de trabalho; Já que estávamos falando da alimentação dos
z Argumentos: carboidratos no arroz com feijão; brasileiros, nada melhor do que falarmos sobre seus
proteínas no bife com salada; glicose e cafeína do pontos positivos, pontos estes reconhecidos até por
cafezinho preto com açúcar. especialistas em alimentação mundial: o valor nutri-
cional que compõe o nosso prato mais popular — isso
1° Parágrafo mesmo, o “PF”, “prato feito”, que encontramos em
bares, pequenos restaurantes e, principalmente, na
Todos sabem o quanto, em nosso país, a comida maioria das mesas do povo brasileiro: o arroz com fei-
é saudável e tem tudo de que os brasileiros necessi-
jão, bife e salada, finalizado com um cafezinho preto.
tam para seu longo dia de trabalho. Verifica-se que
Decompomos esse prato e identificamos seus prin-
os carboidratos no arroz com feijão, as proteínas no
cipais ingredientes, aqueles merecedores de destaque
bife com salada, além da glicose no cafezinho preto
como boa argumentação a favor de nossa tese. Marcamos
com açúcar, fornecem um completo abastecimento de
o “carboidrato”, presente no arroz e no feijão, como nosso
energia somada ao prazer.
primeiro ponto positivo. Depois foi a vez das “proteínas”
presentes no bife com salada e chegamos, finalmente, à
2° Parágrafo
8
“cafeína” e ao “açúcar” presentes no cafezinho. Pronto, já
0
temos a primeira parte de nosso projeto organizado.
7-
É de fundamental importância o consumo de
8
alimentos ricos no fornecimento de energia para a O próximo passo é juntar tudo no primeiro pará-
.5
grafo, de maneira organizada, de forma que as ideias
46
movimentação do nosso corpo. Podemos mencionar,
por exemplo, o arroz com feijão que diariamente sejam apresentadas em uma sequência que deixe cla-
.1
ro ao leitor sobre o que será falado e também qual
40
abastece a nossa mesa, por causa de sua riqueza em
será a sequência de argumentos que será apresentada
-1
carboidratos. Esse complexo alimentar nos recompõe
da energia própria consumida durante o dia. para dar credibilidade a nossa tese.
a
Veja o modelo do primeiro parágrafo:
lv
Si
3° Parágrafo
Todos sabem o quanto, em nosso país, __
os
Além disso, as proteínas da carne no bife que come- _______________________________________. Verifica-se que
nt
________________________, __________________________,
Sa
Levando-se em consideração esses aspectos prá- de apresentação que valoriza o primeiro argumento,
ticos do prato do brasileiro, somos levados a acreditar depois fomos completando os espaços em branco que
que não é apenas por prazer que somos seduzidos ligavam os argumentos entre si com relações preesta-
pela nossa culinária, mas também por tudo o que ela belecidas de: finalidade ― com a conjunção “para” ―;
nos oferece para a manutenção de nossa saúde. Sendo explicação ― com o “que” ― causa ― com a locução
assim, a falta de qualquer um desses ingredientes nos “por causa de”.
causará debilidade, além de insatisfação. 93
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Veja que, para manter a continuidade textual Ainda convém lembrarmos outro hábito
recuperando sempre a ideia central do parágrafo, que contribui para o sucesso do nosso bem elabo-
preocupamo-nos em acrescentar o pronome demons- rado cardápio, que é o de tomarmos um cafezinho
trativo “Esse”, fechando com uma conclusão sobre após as refeições. Esse conjunto da cafeína mais o
esse argumento. açúcar reabastece nosso cérebro de energia des-
viada para os órgãos processadores da digestão
É de fundamental importância o __________________ no momento em que comemos. Essas substâncias
_______________ para _______________. Podemos men- reprimem a sonolência típica da hora do almoço,
cionar, por exemplo, ___________ que _______________, mantendo-nos despertos.
por causa de ____________. Esse _____________________
____________________________________. Para os parágrafos de desenvolvimento, também
podemos relacionar frases que você poderá escolher
Observe como ficou a sequência completa do para dar originalidade ao seu texto:
segundo parágrafo:
É de fundamental importância o consumo de z Ao se examinarem alguns..., verifica-se que...
alimentos ricos no fornecimento de energia para a z Pode-se mencionar, por exemplo, ...
movimentação do nosso corpo. Podemos mencionar, z Em consequência disso, vê-se, a todo instante, ...
por exemplo, o arroz com feijão que diariamente z Alguns argumentam que...
abastece a nossa mesa, por causa de sua riqueza em z Além disso...
carboidratos. Esse complexo alimentar nos recompõe z Outro fator existente...
da energia própria consumida durante o dia. z Outra preocupação constante...
Veja agora uma coletânea de frases que podem z Ainda convém lembrar...
auxiliá-lo na introdução de seus parágrafos iniciais: z Por outro lado...
z Porém, mas, contudo, todavia, no entanto, entretanto...
z É de conhecimento geral que...
z Todos sabem que, em nosso país, há tempos, Lembramos que esses exemplos são apenas suges-
observa-se... tões e que você poderá desenvolver construções que
z Cogita-se, com muita frequência, que... atendam sua necessidade a partir de quando for
z Muito se tem discutido, recentemente, acerca de... adquirindo experiência com a produção de textos.
8
z É de fundamental importância o (a)....
0
Tanto quanto podemos criar padrões para a introdu-
7-
z Ao fazer uma análise da sociedade, busca-se desco- ção e para o desenvolvimento de nossas redações, também
8
brir as causas de....
.5
podemos criá-los para a conclusão de nossa dissertação.
z Talvez seja difícil dizer o motivo pelo qual...
46
Acompanhe a organização de nosso último parágrafo:
.1
40
Assim como no segundo parágrafo, o terceiro e o Levando-se em consideração esses as-
quarto também seguiram o mesmo princípio quanto
-1
pectos _________________, somos levados a acredi-
às relações de coesão. As conjunções foram posiciona- tar que __________________________, mas também
a
lv
das para dar coerência a quase qualquer tipo de argu- _____________________. Sendo assim, ________________
Si
3º Parágrafo
Sa
que ________________________________________________
_. Daí _______________________ e de _________________ pela nossa culinária, mas também por tudo o que ela
an
1º Parágrafo
z ...somos levados a acreditar que...
z ...é-se levado a acreditar que... Entre os aspectos referentes a _____________________,
três pontos merecem destaque especial. O primeiro é
z ...entendemos que...
_____________________; o segundo ________________ e, por fim,
z ...entende-se que... ______________.
z ...concluímos que...
z ...conclui-se que... 2º Parágrafo
z ...é necessário que... Alguns argumentam que _______________________
z ...faz-se necessário que... para __________________________. Isso porque
________________________. Dessa forma, _______________.
Observe como fica, então, a soma dos parágrafos e
3º Parágrafo
como se deu a criação da primeira máscara:
8
dos ________________, só nos resta esperar que
0
______________________, ou quem saiba _________________.
7-
É de fundamental importância o ___________ Consequentemente, _____________.
8
.5
_________________________ para ____________________.
46
Podemos mencionar, por exemplo, ________________ Sugerimos a você que faça suas primeiras reda-
.1
que ___________________, por causa de ___________. ções com base em uma das máscaras prontas. Confor-
40
Esse ____________________. me for avançando nos estudos, você poderá construir
-1
suas próprias máscaras personalizadas.
a
3º Parágrafo
Por fim, preparamos uma máscara de organização
lv
Si
Além disso, _______________________________ sequencial para seu projeto de redação. Use-a para se
os
1º TEMA: ________________________________________________
________________.
do
4º Parágrafo
2º TESE: __________________________________________________
an
________________.
rn
b) ______________________________.
rd
sa(s) ____________________________.
ua
c) ________________________________.
Ed
5o Parágrafo
(1º parágrafo) Tese + argumentos
Levando-se em consideração esses aspec- ___________________________________________________________
tos ________________, somos levados a acreditar que ___________________________________________________________
__________________________________________________________
_____________, mas também _______________. Sendo as- __________________________________________________________.
sim, ___________________.
Agora que vimos o processo de criação das más- (2º parágrafo) Justificativas (por que isso ocorre?): argu-
mento “a” + provas e exemplos (mostre casos conhecidos
REDAÇÃO
caras, você poderá começar também seu trabalho ou dê exemplos semelhantes ao seu argumento)
de produção. Antes, porém, vamos apresentar mais
dois outros modelos de máscaras de redação que você Construa o parágrafo unindo as informações anterio-
res ao argumento “a” .
poderá usar como base para suas próprias criações.
Observe como as máscaras garantem o encadea- ___________________________________________________________
mento das ideias, a coesão entre as orações e a coe- ___________________________________________________________
rência com as várias possibilidades argumentativas. A __________________________________________________________
__________________________________________________________.
seguir, temos mais um exemplo de máscara: 95
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Preenchendo o modelo, teremos:
Faça o mesmo esquema no 3º e 4º parágrafos É fato notório que a alimentação do brasileiro é
para os argumentos “b” e “c”
boa e tem tudo de que necessitamos para suprir os
____________________________________________________ desgastes de um dia de trabalho. Sabe-se que os car-
____________________________________________________ boidratos do arroz e do feijão, as proteínas do bife e da
____________________________________________________ salada, além da glicose do cafezinho preto com açú-
____________________________________________________ car fornecem um completo abastecimento de energia
____________________________________________________ somada ao prazer.
_________.
____________________________________________________ Definição
____________________________________________________
____________________________________________________ O parágrafo por definição é entendido como um
____________________________________________________ método preferencialmente didático, pois busca, por inter-
____________________________________________________
médio de uma explicação clara e breve, a exposição do
_________.
significado de uma ideia, palavra ou de uma expressão.
Elabore sua conclusão: (confirme sua tese dizendo É a forma de exposição dos diversos lados pelos
que, se algum dos argumentos não for considerado, quais se pode encarar um assunto. Pode apresentar
a ideia inicial não poderá ser sustentada, ou que os tanto o significado que o termo carrega no uso geral
resultados propostos não serão atingidos) quanto aquele que o falante pretende determinar
____________________________________________________ para o propósito do seu discurso.
____________________________________________________ Uma definição é um enunciado que descreve um
____________________________________________________ conceito, permitindo diferenciá-lo de outros conceitos
____________________________________________________ associados.
_______________________________________________. Veja como, em nosso parágrafo de exemplo, explo-
ramos o conceito global e generalizado sobre o assun-
APROFUNDAMENTO DA ELABORAÇÃO DO to. Você perceberá como o modelo vazio traz a indução
PARÁGRAFO DISSERTATIVO do assunto a ser definido.
Vale lembrar que, como se trata de uma definição,
Vamos agora aprofundar o nosso trabalho com a estru-
8
a base dessa informação deve sustentar-se em uma
0
tura dos textos dissertativos. Para isso, trabalharemos as
7-
verdade consagrada, diferentemente do que vimos
8
várias modalidades de parágrafos que podem ser utiliza-
.5
no exemplo anterior, já que a declaração inicial pode
dos para a elaboração de uma boa dissertação. Mostrare-
46
basear-se em uma posição pessoal a ser defendida.
mos aqui a continuidade de nosso projeto de máscaras e
.1
os vários arranjos que são possíveis ao construí-las.
40
Modelo nº 2:
-1
Parágrafo de Introdução a
______________ é a denominação dada a
lv
Si
O parágrafo de introdução tem como uma de suas _____________. Essa ________________________, mas a hi-
funções mais importantes a de apresentar a tese que pótese mais aceita é a de que _______________________.
os
será defendida no decorrer da redação. Outra versão afirma que esse ___________________,
nt
É também possível e bastante didático que você faça que tem origem ________________. O que se sabe é que
Sa
tado, logo de saída, a acompanhar o ritmo do seu pensa- Preenchendo o modelo, teremos:
do
mento e a sequência das suas argumentações. Arroz com feijão é a denominação dada a um pra-
an
Na declaração, afirma-se ou nega-se algo de iní- feijão, que já seria consumido no Brasil pelos índios.
ua
cio para, em seguida, justificar-se e comprovar-se a Outra versão afirma que esse prato foi a união do
Ed
assertiva com exemplos, comparações, testemunhos arroz com a feijoada, que tem origem africana ou
de autores etc. portuguesa. O que se sabe é que, ao longo dos sécu-
Vejamos um exemplo desse tipo de parágrafo apli- los, esse prato foi se popularizando por todo o país,
cado à nossa proposta básica, que é o projeto arroz passando a ser uma parte quase que indispensável da
com feijão. Mais uma vez, colocamos a disposição refeição dos brasileiros.
vazia do parágrafo, que poderá ser utilizada por você
sempre que desejar, seguida de um exemplo. Divisão
08
pode apresentar a tese e também os argumentos prin-
7-
Alusão Histórica cipais que serão desenvolvidos, chega a hora de abor-
8
dar os elementos que sustentarão essas afirmações
.5
46
A elaboração de um parágrafo por alusão histórica é iniciais. Os parágrafos seguintes deverão conter os
recursos argumentativos que articularão o convenci-
.1
um recurso que desperta sempre a curiosidade do leitor
40
mento do leitor quanto à tese apresentada.
por meio de fatos históricos, lendas, tradições, crendices,
-1
anedotas ou acontecimentos de que o autor tenha sido z Tipos Diferentes de Parágrafos de Desenvolvimento
a
participante ou testemunha (desenvolve-se geralmente
lv
Ao utilizar um fato histórico para sustentar uma de causas e consequências. Acompanhe a seguir.
s
tantemente à análise de processos e eventos ocorridos Ao argumentar, você pode se servir da exposição de
an
no passado, e, como ela é uma ciência, tem, por conse- informações relativas ao lugar em que os fatos ocorreram.
rn
os desgastes de um longo dia de trabalho. Hoje em dia, naturais de paioca-rija, um cipó medicinal e afrodisíaco
muito cobiçado pelos moradores dessa região. Cerca-
principalmente, já se reconhece que os carboidratos
da por uma densa floresta de mambutis gigantes, foi
do arroz e do feijão, as proteínas da carne e das verduras bem no centro desse santuário tropical que a próspera
fornecem um completo abastecimento de energia soma- cidadezinha se tornou uma espécie de centro cultural da
da ao prazer, justificando os hábitos do passado como região por preservar até hoje um dos mais tradicionais
responsáveis pela tradição alimentar que preservamos. rituais de nossa história: a sagração da taioba-plus, enti-
dade sagrada e reverenciada pelos devotos naobilicos. 97
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Desenvolvimento por Exploração Temporal Ao preenchermos o modelo, teremos:
Muitos acreditam que o cafezinho preto com açúcar
Nesse modelo, o leitor é informado do momento pode causar excitação e ansiedade quando consumido em
em que os fatos ocorreram com a indicação de datas excesso, por causa da cafeína e da glicose presentes nele.
e outros aspectos temporais. Pode-se recorrer nesse Por outro lado, sabe-se também que essas substâncias
momento aos artifícios empregados no próprio pará- fornecem uma carga suplementar de energia nos deixan-
grafo de alusão histórica, já que este também se serve
do despertos logo após o almoço, quando muitas vezes
de referências cronológicas.
somos acometidos por uma sonolência indesejada.
Modelo nº 2:
Desenvolvimento por Exploração de Ideias
No passado, quando pensávamos em Analógicas e Comparação
__________, notávamos que ______________ era
______________ comparada à que vemos recentemen- Para organização das ideias, nossos redatores utilizam
te. Hoje, por outro lado, _____________________________ expressões que indicam confronto, valendo-se do artifí-
tornaram-se _______________. O resultado disso é que cio de contrapor ideias, seres, coisas, fatos ou fenômenos.
_____________, na atualidade, tornou-se _______________. Tal confronto tanto pode ser tanto de contrastes
como de semelhanças. Analogia e comparação são
Preenchendo o modelo, teremos: também espécies de confronto:
No passado, quando pensávamos em alimentação,
notávamos que sua relação com a sobrevivência era mui- A analogia é uma semelhança parcial que sugere
to maior comparada à que vemos nos nossos atuais. uma semelhança oculta, mais completa. Na com-
Hoje, por outro lado, a qualidade desses alimentos e a paração, as semelhanças são reais, sensíveis numa
qualidade da saúde que eles proporcionam tornaram-se forma verbal própria, em que entram normalmente
o foco desse pensamento. O resultado disso é que comer, os chamados conectivos de comparação (quanto,
na atualidade, tornou-se um ritual de bem viver. como, do que, tal qual) [...]4.
8
Nesse modelo de parágrafo, tem-se por objetivo enu-
0
7-
merar características, relacionar aspectos importantes
8
sobre algum assunto. A apresentação das ideias pode ser No caso das _______________, porque cada
.5
ou não ordenada segundo uma ordem de importância. qual tem seus próprios valores ________________. En-
46
A ordem depende do que se pretende enfatizar. quanto a _________________, as ________, por sua vez,
.1
_____________________.
40
Modelo nº 3:
-1
Ao preenchermos o modelo, teremos:
a
Entre os aspectos referentes a No caso das proteínas do bife e da salada que
lv
____________________________, três pontos merecem desta- comemos, seria melhor não generalizar, porque cada
Si
que especial. O primeiro é _______________________________; qual tem seus próprios valores para a alimentação.
os
o segundo diz respeito __________________ e, por fim, ______ Enquanto a carne é rica em proteínas que repõem
nt
Entre os aspectos referentes à alimentação dos bra- organismo ajudando na absorção dos nutrientes.
do
meiro é quanto aos carboidratos presentes no arroz com Desenvolvimento por Exploração de Causa e
feijão; o segundo diz respeito às proteínas presentes no Consequência
rn
cafezinho preto com açúcar, que fornecem um completo Dentro de uma perspectiva lógica e simples, deve-
o
abastecimento de energia somada ao prazer. mos compreender causa como um fator gerador de
rd
Desenvolvimento por exploração de contraste dos pela causa. Trabalhar com causas e consequências
Ed
08
7-
___________________________.
z Tipos Diferentes de Parágrafos de Conclusão
8
.5
Preenchendo o modelo, teremos:
46
Podemos enumerar alguns exemplos de conclu-
Tendo em vista os aspectos observados sobre
.1
sões satisfatórias que todos poderão usar em seus tex-
40
nossa alimentação, só nos resta esperar que se
tos dissertativos.
-1
garanta a todo brasileiro o acesso a esse rico cardápio.
Ou quem saiba ainda que se divulgue o sucesso de
a
Conclusão por Síntese ou Resumo
lv
nossa combinação alimentar para que o mundo saiba
Si
99
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qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Modelo nº 3 — Desenvolvimento (Temporal) Ao mesmo tempo em que eles nos ofereciam diver-
sas alternativas para a estruturação de nosso projeto,
também nos orientavam dando caminhos a seguir na
No passado, quando pensávamos em argumentação. É como se montássemos realmente
____________, notávamos que ________________ era um quebra-cabeça.
_________________ comparada à que vemos recentemente.
Hoje, por outro lado, _____________________________ torna- Escolhemos três modelos diferentes de parágrafos
ram-se ____________. O resultado disso é que __________, na de desenvolvimento para esse projeto: por enumera-
atualidade, tornou-se _____________________. ções, o temporal e o por contraste. Forçamos um pouco
a barra, primeiro criando a máscara para, só depois,
Modelo nº 4 — Desenvolvimento (Contraste de completar nossa redação. Afinal de contas, essa é a
Ideias) vantagem do projeto de máscaras. Veja como ficou:
Muitos acreditam que _____________________, É fato notório que a comida dos brasileiros
por causa da _________________. Por outro lado, sa- é muito boa e tem tudo de que eles necessitam para o
seu longo dia de trabalho. Sabe-se que o arroz com
be-se também que ________________, quando muitas
feijão nos fornece um completo abastecimento de
vezes _______________. energia somado ao prazer.
8
de uma alimentação rica.
0
______________________________. Sabe-se
7-
que ____________________________, além da No passado, quando pensávamos em ali-
8
.5
__________________. mentação, notávamos que sua relação com sobre-
46
vivência era muito maior comparada à que vemos
Entre os aspectos referentes a
.1
recentemente. Hoje, por outro lado, a qualidade des-
_____________________________, três pontos merecem
40
ses alimentos e a qualidade da saúde que eles proporcio-
destaque especial. O primeiro é ___________________
-1
nam tornaram-se o foco desse pensamento. O resulta-
____________; o segundo __________________________ e, do disso é que comer, na atualidade, tornou-se um
a
por fim, _____________________________________.
lv
ritual de bem viver.
Si
_____________, notávamos que ___________________ era Muitos acreditam que a comida presente
nt
________________ comparada à que vemos recentemen- em nossas mesas é uma das mais saudáveis do mun-
Sa
te. Hoje, por outro lado, __________________________ do, por causa da sua variedade e equilíbrio. Por
tornaram-se _________________. O resultado dis- outro lado, sabe-se também que poderá engordar,
s
rece.
an
______________.
que ela nos oferece para a manutenção de nossa saúde.
ua
Levando-se em consideração esses aspec- Sendo assim, concluímos que a falta desse ingre-
Ed
tos _____________________, somos levados a acredi- diente em nossa mesa nos causará debilidade, além de
tar que não é apenas por ________________________, insatisfação.
mas também ______________________. Sendo assim,
________________________. Com esses modelos apresentados, desejamos mos-
trar como é possível programar e treinar nossos tra-
Observe que fizemos a opção por abrir nossa reda- balhos de redação se exercitarmos essas habilidades.
ção com uma declaração inicial. Como abordamos um Porém, é de fundamental importância que você busque
tema geral, sem uma relevância científica notória e ou crie um modelo de máscara com o qual você mais se
que representa na verdade um conhecimento cultural identifique. Isso para que, no momento de produção de
somado às observações de médicos e nutricionistas, sua redação, principalmente se ocorrer durante uma
a declaração foi a melhor alternativa, já que não se prova de concurso, você já esteja organizado.
compromete com a obrigatoriedade de recorrência a Com isso, espera-se que você tenha a vantagem de
uma fonte de conhecimento referencial. partir direto para a elaboração de seu texto sem ter
Em seguida, arranjamos os parágrafos de desen- de ficar parado buscando inspiração em um momento
volvimento mesclando os vários modelos apresenta- em que todo segundo é importante.
100 dos anteriormente.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Eduardo Fernando dos Santos Silva - 140.146.587-08, vedada, por quaisquer meios e a
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PROJETO DE TEXTO — ANÁLISE DE PROPOSTAS E Por fim, vêm as orientações quanto ao erro de gra-
RESPECTIVOS PROJETOS POSSÍVEIS fia, que nem sempre aparecem nesse quadro inicial,
mas que sempre servem como referência para todas
Neste tópico, trabalharemos com a análise de algu- as provas. Lembre-se sempre de que o corretor não
mas propostas de variadas instituições para mostrar as é um perito do serviço de inteligência nacional, que
diferenças entre elas. Veremos também como vêm sendo busca meios científicos e investigativos para decodifi-
apresentados os temas e como agir diante das diferentes car informações relevantes de uma mensagem secre-
exigências feitas nas últimas provas de concursos. ta. Por isso, se seu texto tiver problemas quanto à
Depois passaremos ao trabalho de orientação de legibilidade, mais pontos serão perdidos, ou pior, será
como evitar erros comuns e como buscar soluções para desclassificado caso não se possa ler o que foi escrito.
alguns problemas que venhamos a enfrentar quando Veja como as bancas costumam trabalhar com
estivermos escrevendo a nossa redação durante a prova. o possível erro na transcrição de uma palavra. Você
Veja a proposta a seguir: deve apenas passar um traço sobre a palavra, a frase,
o trecho ou o sinal gráfico e escrever em seguida o res-
pectivo substituto.
PROVA DISCURSIVA Exemplo:
� Nesta folha, faça o que se pede, usando, caso dese- Errou?
je, o espaço para rascunho indicado no presente ca-
derno. Em seguida, transcreva o texto para a folha de Depois de hoje, iremos para nossas caz casas muito
texto definitivo da prova discursiva, no local apropria- felizes.
do, pois não será avaliado fragmento de texto escrito
Corrigiu!
em local indevido
� Qualquer fragmento de texto além da extensão má-
xima de linhas disponibilizadas será desconsiderado Como informação extra, eles alertam para que não
� Na Folha de Texto Definitivo, a presença de qualquer se usem parênteses com essa finalidade. Os parênte-
marca identificadora no espaço destinado à transição ses são elementos gramaticais de pontuação e, como
do texto definitivo acarretará a anulação da sua prova tais, devem ser usados em sua indicação correta, iso-
discursiva lando termos pertinentes ao texto, e é dessa forma
8
� Ao domínio do conteúdo serão atribuídos até 13,00 que será avaliado seu uso.
0
pontos, dos quais até 0,60 ponto será atribuído ao que-
7-
Observe agora os seguintes textos motivadores e o
8
sito apresentação (legibilidade, respeito às margens e tema que deve ser abordado obrigatoriamente:
.5
indicação de parágrafos) e estrutura textual (organiza-
46
ção das ideias em texto estruturado) Direito à Saúde
.1
O direito à saúde é parte do conjunto de direitos cha-
40
mados de direitos sociais, que têm como inspiração
-1
Inicialmente, o candidato é orientado a usar a o valor da igualdade entre as pessoas. No Brasil, esse
folha de rascunho e depois transcrevê-la para a folha a
direito apenas foi reconhecido na CF; antes disso, o Esta-
lv
definitiva. Por quê? Porque muitos candidatos deixam do apenas oferecia atendimento à saúde para trabalha-
Si
para fazer suas redações ao término da prova objeti- dores com carteira assinada e suas famílias; as outras
os
va, quando a prova discursiva ocorre concomitante- pessoas tinham acesso a esses serviços como um favor
nt
mente a esta, e acabam administrando mal o tempo. e não como um direito. Na Constituinte de 1988, as res-
Sa
Quando isso ocorre, acabam fazendo suas redações ponsabilidades do Estado foram repensadas, e promo-
diretamente na folha definitiva e têm de assumir os ver a saúde de todos passou a ser seu dever: “A saúde é
s
do
riscos de cometer erros que não podem ser revertidos. direito de todos e dever do Estado, garantido mediante
Ou, ainda, não conseguem passar o texto “a limpo” e políticas sociais e econômicas que visem à redução do
do
editais, os rascunhos não serão lidos. uma realidade, é preciso que o Estado crie condições
Ed
A Necessidade de Humanização dos Serviços Feito isso, vamos usar o processo inverso com as pala-
Públicos de Saúde vras-chave e organizar nosso projeto de texto. Observe:
Já passou da hora de reconhecer no povo brasi-
leiro o valor de homem vivente e não apenas de ver
8
z Compreendendo a Proposta
0
esse povo como se fosse um coletivo impessoal; como
7-
se não respirassem, nem pensassem; como se fossem
8
O primeiro passo, ao analisar os textos propostos,
.5
é buscar os principais pontos de maior destaque por um número em um gráfico de estatística e não existis-
46
eles abordados. Destacamos as palavras-chave de cada sem. Para que o homem prevaleça com sua dignidade,
.1
parágrafo para construir uma síntese sobre as princi- deve-se procurar treinar melhor os profissionais
40
pais ideias. Essa é uma atitude que também pode ser de saúde, unificar as informações sobre o ofereci-
-1
tomada durante a análise das propostas, pois é assim mento de serviços, além de fiscalizar e avaliar con-
tinuamente a qualidade dos serviços oferecidos.
a
que poderá se construir a tese em sintonia com o tema.
lv
O próximo passo é organizar essas informações, rela- Daqui para frente, você já sabe: é o arroz com fei-
Si
cionando-as ao tema, como se elas pudessem responder a jão, ou seja, os modelos que apresentamos extensa-
os
uma pergunta feita a partir dele. Veja uma possibilidade: mente ao longo do material.
nt
z Como Humanizar os Serviços Públicos de Saúde? análise de propostas, mas que compreendem pratica-
mente a forma básica de trabalho com todas as dife-
s
do
Vamos agora produzir algumas possíveis respostas rentes instituições e diferentes propostas, assim como
com as palavras que destacamos no texto: dissemos que faríamos.
do
Cobrar dos governantes condições dignas de extraídos de concursos elaborados por bancas diver-
rn
atendimento por se tratar de um dever do Esta- sas, para que você possa exercitar o conteúdo que foi
Fe
8
O Preâmbulo da Constituição Federal de 1988 (CF) desde o início de 2017. Adultos, idosos e crianças se
0
7-
dispõe que o Estado democrático se destina a asse- abrigaram na rodoviária de Manaus e debaixo de
8
gurar o exercício dos direitos sociais e individuais, um viaduto na Zona Centro-Sul. Enquanto o maior
.5
a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvi- abrigo foi desativado no Amazonas, a chegada dos
46
mento, a igualdade e a justiça como valores supre- venezuelanos não indígenas só aumentou.
.1
mos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem As condições precárias de vida em solo brasileiro
40
preconceitos, fundada na harmonia social e com- podem favorecer a ocorrência de situações degra-
-1
prometida, na ordem interna e internacional, com dantes. Órgãos federais e entidades religiosas anun-
ciaram medidas para cobrar ações concretas da
a
a solução pacífica das controvérsias.
lv
A missão das forças policiais é garantir ao cidadão prefeitura da cidade e dos governos federal e estadual.
Si
O Brasil se efetivou como um país democrático de X - inclusão social, laboral e produtiva do migrante
direito após a promulgação da CF — também chama- por meio de políticas públicas;
Ed
da de Constituição Cidadã, por contar com garantias XI - acesso igualitário e livre do migrante a serviços,
e direitos fundamentais que reforçam a ideia de um programas e benefícios sociais, bens públicos, educa-
país livre e pautado na valorização do ser humano. ção, assistência jurídica integral pública, trabalho,
Com a ruptura do antigo sistema ditatorial, o Esta- moradia, serviço bancário e seguridade social;
do tinha a necessidade de resgatar a importância dos XII - promoção e difusão de direitos, liberdades,
direitos humanos, negligenciados até então, porquan- garantias e obrigações do migrante;
to, desde 1948, havia-se erigido a Declaração Interna- XVII - proteção integral e atenção ao superior inte-
cional dos Direitos Humanos no mundo. resse da criança e do adolescente migrante;
Já no art. 1.º da CF, afirma-se a condição de Estado
REDAÇÃO
0 8
teiriças; [valor: 18,00 pontos] “Não podemos confundir liberdade de expressão
7-
z Papel da área de inteligência na análise das ques- nas redes sociais com irresponsabilidade, senão o
8
.5
tões relacionadas às fronteiras. [valor: 10,00 pontos] exercício dessa liberdade torna-se abuso de direi-
46
to”, alerta a advogada Patrícia Peck Pinheiro, espe-
.1
Tema 5: ANVISA — Técnico Administrativo cialista em direito digital. “O que mais prejudica
40
(CEBRASPE-CESPE — 2016) a liberdade de todos é o abuso de alguns, a ofensa
-1
covarde e anônima, isso não é democracia”.
a
Historicamente, instruir os que não sabem, alimentar Os chamados crimes contra a honra na Internet —
lv
os famintos e cuidar dos doentes têm sido algumas que envolvem ameaça, calúnia, difamação, injúria
Si
das missões diárias indicadas aos devotos de dife- e falsa identidade — têm gerado cada vez mais pro-
os
rentes religiões. Em tempos modernos, a essas mis- cessos judiciais. Um levantamento divulgado pelo
nt
sões foi acrescentado um novo item: zelar pelo meio Superior Tribunal de Justiça lista sessenta e cinco
Sa
ambiente, como revela, por exemplo, uma mensagem julgamentos recentes que resultaram em pagamen-
escrita pelo Papa Francisco, exortando as sociedades, to de indenizações, retirada de páginas do ar, res-
s
do
casa comum requer simples gestos cotidianos, pelos impunidade contribuem para os excessos na Inter-
rn
quais quebramos a lógica da violência, da explora- net. Segundo ela, “Sem educação em ética e leis,
Fe
ações que procuram construir um mundo melhor”. anonimato digital se converterem em verdadeiros
rd
Considerando que o fragmento de texto acima tem Internet: www.cartacapital.com.br (com adaptações)
caráter unicamente motivador, redija um texto dis-
sertativo acerca do seguinte tema: Considerando as ideias precedentes nos fragmen-
Preservação do ecossistema: responsabilidade tos textuais apresentados anteriormente, redija um
do estado, da sociedade e de cada cidadão texto dissertativo a respeito do seguinte tema:
Ao elaborar seu texto, aborde os seguintes aspectos: O anonimato digital e o abuso do direito à liber-
dade de expressão
z Relação entre os cuidados com o meio ambiente e a Ao construir seu texto, apresente um exemplo de
preservação das condições sanitárias; [valor: 12,00 situação em que emissão de opinião no meio digital
pontos] pode significar abuso de direito e discuta maneiras de
z Atitudes individuais que podem reduzir os efeitos da prevenir ou coibir esse tipo de comportamento.
ação humana sobre o planeta; [valor: 13,00 pontos]
z Formas de atuação da sociedade para que os Tema 8: Tribunal Regional do Trabalho (8ª Região)
governos cumpram compromissos relacionados à — Técnico Judiciário — Área Administrativa
104 preservação ambiental. [valor: 13,00 pontos] (CEBRASPE-CESPE — 2016)
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Eduardo Fernando dos Santos Silva - 140.146.587-08, vedada, por quaisquer meios e a
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Considerando a integração da gestão da qualidade Considerando essas informações, redija um texto
no cotidiano das organizações, redija um texto disser- dissertativo sobre a introdução do RDC no ordena-
tativo acerca do seguinte tema: mento jurídico brasileiro, abordando, fundamentada-
mente, os seguintes aspectos:
CICLO PDCA 1. A motivação para sua criação; [valor: 2,00 pontos]
2. Exigências aplicáveis ao objeto da licitação; [valor:
Ao elaborar seu texto, faça o que se pede a seguir: 2,00 pontos]
3. Objetivos expressos na Lei do RDC; [valor: 2,50
pontos]
z Conceitue o ciclo PDCA; [valor: 10,00 pontos]
4. Diretrizes relativas às licitações e aos contratos
z Cite e defina as quatro fases do ciclo PDCA; [valor:
administrativos. [valor: 3,00 pontos]
15,00 pontos]
z Apresente o detalhamento das etapas da primeira
Tema 12: Câmara de Vereadores de Piracicaba/SP —
fase do ciclo PDCA. [valor: 13,00 pontos]
Técnico em Contabilidade (VUNESP — 2021)
Tema 9: Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Texto 1
dos Territórios (TJDF) — Analista Judiciário — Área Quem viaja para os Estados Unidos ou Europa e
Judiciária (CEBRASPE-CESPE — 2015) aluga um carro geralmente não sabe muito o que
fazer ao parar para reabastecer pela primeira vez.
Toda conduta dolosa ou culposa pressupõe uma Sem a figura dos frentistas, o próprio motoris-
finalidade. A diferença entre elas reside no fato ta manuseia a bomba e realiza o pagamento pelo
de que, em se tratando de conduta dolosa, como cartão, diferentemente do que ocorre no Brasil,
regra, existe uma finalidade ilícita, ao passo que, onde a profissão de frentista é protegida pela Lei
tratando-se de conduta culposa, a finalidade é qua- nº 9.956/00, que proíbe o funcionamento de bombas
se sempre lícita. Nesse caso, os meios escolhidos e de autosserviço em todo território nacional e aplica
empregados pelo agente para atingir a finalidade multas caso seja descumprida.
lícita é que são inadequados ou mal utilizados. “Pensando só em números, o preço do combustível
poderia baixar com a automação, mas não é pos-
GRECO, R. Curso de direito penal – parte geral. p. 196 (com sível avaliar quanto”, diz o tributarista João Paulo
adaptações). Muntada, que afirma que a mão de obra e os encar-
0 8
gos relacionados representam o segundo custo que
7-
Considerando que o fragmento de texto acima tem mais onera a operação de empreendimentos em
8
caráter unicamente motivador, redija um texto dis- geral no país, atrás apenas do produto em si e dos
.5
46
sertativo acerca dos crimes culposos. impostos que incidem sobre ele.
.1
Seu texto deve conter, necessariamente:
40
CARVALHO, I.; NISHIHATA, L. “Todo posto de combustível é obrigado
a ter frentistas no Brasil”. Disponível em: https://quatrorodas.abril.
-1
z Os elementos do crime culposo e a descrição de pelo com.br. Acesso em: 14 set. 2018. Adaptado)
menos dois desses elementos; [valor: 12,00 pontos]
a
lv
z Os conceitos de culpa inconsciente, culpa cons- Texto 2
Si
ciente e dolo eventual e suas diferenças; [valor: O Projeto de Lei nº 2.302, de 2019 permite o fun-
os
z Os conceitos de culpa imprópria e tentativa. [valor: pelo próprio consumidor – nos postos de abasteci-
Sa
Tema 10: STM — Analista Judiciário — Área hoje proíbe essas bombas. O deputado Vinicius Poit,
Administrativa (CEBRASPE-CESPE — 2018) autor da proposta, diz que a permissão de postos
do
destacam-se o modelo burocrático, associado ao poder Econômica (Cade) de 2018 para aumentar a con-
Fe
0 8
cinquenta e dois feridos e sete mortos. Segundo
7-
(“Internet irá ultrapassar TV já em 2019, indica relatório”, 18.06.2018. a corporação, seis motoristas foram presos por
8
https://epocanegocios.globo.com. Adaptado)
.5
dirigir bêbados e houve oitenta e sete autuações
46
pela Lei Seca. Os números são parte da Operação
Texto 02
.1
Integrada Rodovia, deflagrada pela PRF. Em 2017,
De acordo com estudo divulgado pela empresa
40
foram registrados noventa acidentes. No ano pas-
Morrison Foster, as pessoas passam, em média,
-1
sete horas por dia nas redes sociais. E é exatamen- sado, a ação da polícia teve um dia a menos.
a
te esse o local ocupado pelos influenciadores, que
lv
também estão conectados e produzindo conteúdos Internet: (com adaptações).
Si
outra pesquisa, publicada pela Sprout Social, 74% Considerando que os fragmentos de texto acima
nt
dos consumidores guiam suas decisões de compra têm caráter unicamente motivador, redija um texto
Sa
com base nas redes sociais. Ou seja, o público está dissertativo acerca do seguinte tema:
atento às opiniões da internet e, principalmente, aos O combate às infrações de trânsito nas rodovias
s
do
Texto 03
Nos últimos 10 anos, o tempo médio de consumo z Ações da sociedade que auxiliem no combate às
o
domiciliar de televisão passou de 8h18 para 9h17. infrações; [valor: 6,00 pontos]
rd
Um crescimento de 12%. Vale ressaltar que esse foi z Atitudes individuais para a diminuição das infrações.
ua
0 8
ponto pacífico. Assim, no fim do século passado, tor-
7-
Tema 19: Banco do Brasil S/A — Escriturário —
nou-se aceita a noção de que, ao agir egoisticamente,
8
Agente de Tecnologia (CESGRANRIO — 2021)
.5
de algum modo as pessoas beneficiariam as outras.
46
Utilize o texto a seguir apenas como motivador
.1
(Adaptado de: ZYGMUNT, B. A riqueza de poucos beneficia todos
40
nós? Rio de Janeiro: Zahar, 2015, p. 30) para a produção de sua redação. Nenhum texto des-
ta prova poderá ser copiado.
II -1
a
lv
Segundo a ortodoxia econômica, uma boa dose de O grave efeito colateral da Covid na educação
Si
crescimento mais rápido. Isso se dá porque retornos Há um ano e meio, a pandemia do novo corona-
mais altos e impostos menores no topo da escala — vírus deixa seu rastro na vida de todos nós. Tam-
nt
segundo afirmam — fomentariam o empreendedo- bém nos rouba o futuro, ao empurrar milhões de
Sa
rismo e engendrariam um bolo econômico maior. crianças e jovens para um prolongado compasso de
s
Assim, terá dado certo a experiência de fomento da espera. Esse é o efeito mais perverso de longo prazo
do
desigualdade? Os indícios sugerem que não. A dis- da Covid-19, que ceifa o direito ao desenvolvimento
do
paridade de riqueza atingiu dimensões extraordi- pleno e à educação de uma geração inteira.
nárias, mas sem o progresso econômico prometido. O retorno das atividades presenciais tem se dado de
an
(Adaptado de: LANSEY, S. apud ZYGMUNT, B. A riqueza de poucos no remoto ainda é a única chance para que muitos
Fe
beneficia todos nós? Rio de Janeiro: Zahar, 2015, p. 24-25) alunos continuem estudando. No entanto, é preciso
o
Considerando os textos acima, escreva uma dissertação a conectividade que permita o acesso de qualidade
ua
argumentativa em que você discuta a seguinte questão: às atividades. Sem aulas presenciais e sem conexão
Ed
8
a passar pelo bafômetro – e não há punição para isso.
0
A segunda parte deste item aborda o respeito às
7-
A situação pode melhorar com um projeto que está
8
sendo discutido pelo governo e o Congresso. A ideia margens. É de fundamental importância a disposição
.5
é não limitar a prova do pileque ao teste do bafôme- do texto na folha definitiva. O texto deverá respeitar
46
tro: o estado do motorista seria atestado por filma- os limites impostos pelas margens direita e esquerda,
.1
gens, fotos ou depoimentos de testemunhas. Nada
nunca ultrapassando seus limites nem se distancian-
40
demais: é o que acontece com muitos outros crimes.
do demasiadamente delas:
-1
E o castigo será consideravelmente mais pesado,
com multa maior, mais tempo com a carteira sus-
a
lv
pensa e até três anos de cadeia. Em suma, é uma lei
Si
Texto II
Quinze minutos para ser atendido no banco e um ção, deve-se iniciar a escrita imediatamente ao lado
s
para cancelar o contrato com a operadora de tele- da linha, sem deixar folga alguma entre a primeira
do
fone. Não ter que ligar para reclamar daquele segu- letra e a demarcação da margem.
do
aqui é o cumprimento da legislação. Vezes porque aumenta, pois além de se preocupar com as questões
ua
exerce a devida cobrança e, quando lesado, não essa função, ele também deverá se preocupar em não
sabe a quem recorrer. ultrapassar a linha demarcatória da margem.
O Estado de Minas, 20/01/2015.
2 cm Parágrafo
Texto III
Contrariando a consagrada frase “faça uma lei ape- margens
nas se estiver disposto a morrer por ela”, o Brasil tem
incríveis mais de 200 mil leis. No entanto, a aplica-
bilidade delas é reduzida, estimulando a criação de O último item deste quesito trata da paragrafação,
novas legislações: um levantamento apontou que, ou seja, a disposição dos parágrafos dentro da reda-
em média, são criadas 18 novas leis por dia no país.
ção. O candidato deverá deixar bem clara a distância
Muitas são inconstitucionais, outras “não pegam” e
em que se iniciará a escritura do parágrafo para que
parcela considerável gera consequências perversas e
destoantes das intenções iniciais. Mas, afinal, por que se faça a diferença com a escrita iniciada junto à mar-
tantas leis e por que elas são tão ruins e “doidas”? gem. Um afastamento de aproximadamente 2 cm já é
suficiente.
108 Instituto Mercado Popular, 22/08/2016.
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Dica
Para marcar o recuo de parágrafo, recorra à velha dica da escola e deixe o espaço de dois dedos antes de
começar a escrever.
2º O Erro
Insira apenas uma linha sobre as palavras erradas. Você deve apenas passar um traço sobre a palavra, a frase,
o trecho ou o sinal gráfico e escrever em seguida o respectivo substituto.
Exemplo: Depois de hoje, iremos para nossas caz casas muito felizes.
Uma das importantes regras de pontuação que determina o correto emprego da vírgula orienta que, se a ora-
ção estiver em ordem direta (sujeito + verbo + complementos), não se deve usar vírgula para separar termos que
se complementam sintaticamente.
Ou seja, se estiver com alguma dúvida quanto ao uso de vírgula, reorganize a oração para ver se fica mais fácil
08
a compreensão da estrutura. Exemplo:
87-
.5
z Ordem com termo deslocado:
46
.1
Termo
40
deslocado
-1
(Complemento a
adverbial)
lv
Sujeito Complemento verbal
Si
Verbo
Sa
z Ordem direta:
s
do
5º Colocação Pronominal
rn
Os pronomes pessoais oblíquos átonos podem ocupar três posições distintas na oração: anteposto ao verbo (prócli-
Fe
se), posposto ao verbo (ênclise) e entremeio ao verbo (mesóclise). Em regra, a posição que esses pronomes vão ocupar
o
Advérbios, conjunções subordinativas, termos que exprimem sentido negativo, pronomes relativos, indefini-
Ed
dos e demonstrativos são exemplos de palavras capazes de atrair o pronome pessoal oblíquo átono para antes do
verbo. Assim, não havendo nenhuma palavra atrativa antes do verbo da oração, subentende-se que a colocação
pronominal dar-se-á pela ênclise ou mesóclise, a depender da construção sintática.
6º Impessoalidade
As verdades gerais sempre têm maior valor. As opiniões pessoais pouco contribuem para a sustentação de uma ideia.
Por isso, as afirmações apresentadas terão melhor aceitação se trouxerem representações gerais de valor coletivo:
Acredita-se em vez de Acredito
Sabe-se em vez de Sei
109
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qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
E outras expressões generalizantes como: 17º Evite o Senso Comum
É de conhecimento geral... / Muitos entendem
que... / Muito se tem discutido sobre... Fuja do lugar-comum, de frases feitas e expressões
cristalizadas, como “a pureza das crianças”, “a sabe-
7º Tese doria dos velhos”. A palavra “coisa”, gírias e vícios da
linguagem oral devem ser evitados, bem como o uso
É importante que seja bem fundamentada, pois é de “etc.” e as abreviações.
quando você apresenta seu ponto de vista, seu posi-
cionamento diante do tema. 18º Uso de Aspas
8º Argumentos para seu Texto Não se usam entre aspas palavras estrangeiras
sem correspondência na língua portuguesa: hippie,
É comum a cobrança de temas próprios às funções status, dark, punk, chips etc.
dos cargos disputados, por isso, preste sempre aten-
ção nos assuntos recorrentes dos textos da prova. 19º Atenção às Repetições e Fugas ao Tema
Use sinônimos e outros termos de recuperação. Caso você tenha feito uma pergunta na tese ou no
corpo do texto, verifique se a argumentação responde à
z que = o qual / a qual; pergunta. Se você eventualmente encerrar o texto com
z onde= em que, no qual / na qual. uma interrogação, esta pode estar corretamente empre-
gada desde que a argumentação responda à questão. Se
11º Vocabulário o texto for vago, a interrogação será retórica e vazia.
0 8
7-
Procure sempre a clareza na apropriação vocabu-
8
.5
lar. A linguagem simples torna o texto mais fluente:
ANOTAÇÕES
46
pense em explicar seus argumentos como se falasse
.1
a uma criança de 10 anos. Não use erudições do tipo
40
“hodiernamente”; diga: atualmente ou hoje em dia.
8
importante é saber que todos os números naturais
0
7-
O símbolo do conjunto dos números naturais é são inteiros, mas nem todos os números inteiros são
8
a letra N e podemos ter ainda, o símbolo N*, que naturais. Logo, podemos representar através de dia-
.5
46
representa os números naturais positivos, isto é, gramas e afirmar que o conjunto de números naturais
.1
excluindo o zero. está contido no conjunto de números inteiros ou ain-
40
da que N é um subconjunto de Z. Observe:
-1
Conceitos básicos relacionados aos números a
naturais:
lv
Si
Z N
52. E o sucessor do número “n” é o número “n+1”.
s
do
ros. Veja:
rd
ua
10, 9, 11 não são. Assim, (n-1, n e n+1) são números que são os números naturais.
consecutivos. z Números Inteiros não positivos = {… -3, -2, -1, 0}.
Veja que o zero também faz parte deste conjunto,
z Números naturais pares: são aqueles que, ao pois ele não é positivo nem negativo.
MATEMÁTICA BÁSICA
serem divididos por 2, não deixam resto. Por isso z Números inteiros negativos = {… -3, -2, -1}. O zero
o zero também é par. Logo, todos os números que não faz parte.
terminam em 0, 2, 4, 6 ou 8 são pares. z Números inteiros positivos = {5, 6, 7...}. Novamen-
z Números naturais ímpares: ao serem divididos por te, o zero não faz parte.
2, deixam resto 1. Todos os números que terminam
em 1, 3, 5, 7 ou 9 são ímpares. OPERAÇÕES COM NÚMEROS INTEIROS
111
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qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Adição Multiplicação
É dada pela soma de dois números. Ou seja, a adi- A multiplicação funciona como se fosse uma repe-
ção de 20 e 5 é: 20 + 5 = 25 tição de adições. Veja:
Veja mais alguns exemplos: A multiplicação 20 x 3 é igual à soma do número 20
Adição de 15 e 3: 15 + 3 = 18 três vezes (20 + 20 + 20), ou à soma do número 3 vinte
Adição de 55 e 30: 55 + 30 = 85 vezes (3 + 3 + 3 + ... + 3).
Algo que é muito importante e você deve lembrar
Principais propriedades da operação de adição: sempre são as regras de sinais na multiplicação de
números.
z Propriedade comutativa: a ordem dos números
não altera a soma.
SINAIS NA MULTIPLICAÇÃO
Ex.: 115 + 35 é igual a 35 + 115. Operações Resultados
- + -
Ex.: 2 + 3 + 5 = (2 + 3) + 5 = 2 + (3 + 5) = 10
0 8
z Propriedade do fechamento: a soma de dois núme- tes tem resultado negativo.
7-
ros inteiros sempre gera outro número inteiro.
8
Ex.: 25 × (-4) = -100; (-15) × 5 = -75
.5
46
Ex.: A soma dos números inteiros 8 e 2 gera o Principais propriedades da operação de
.1
número inteiro 10 (8 + 2 = 10). multiplicação:
40
-1
Subtração z Propriedade comutativa: A x B é igual a B x A, ou
a
lv
seja, a ordem não altera o resultado.
Subtrair dois números é o mesmo que diminuir,
Si
Ex.: 8 x 5 = 5 x 8 = 40.
significa retirar 7 de 20, restando 13: 20 – 7 = 13.
nt
30 subtraído de 10: 30 – 10 = 20
do
subtração:
an
inalterado.
rd
ua
112
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Divisão A seguir, revise seus conhecimentos com algumas
questões comentadas.
Quando dividimos A por B, queremos repartir a
quantidade A em partes de mesmo valor, sendo um 1. (VUNESP — 2015) Dividindo-se um determinado
total de B partes. número por 18, obtém-se quociente n e resto 15. Divi-
Ex.: Ao dividirmos 50 por 10, queremos dividir 50 dindo-se o mesmo número por 17, obtém-se quociente
em 10 partes de mesmo valor. Ou seja, nesse caso tere- (n + 2) e resto 1. Desse modo, é correto afirmar que n(n
mos 10 partes de 5 unidades, pois se multiplicarmos 10 + 2) é igual a:
x 5 = 50. Ou ainda podemos somar 5 unidades 10 vezes
consecutivas, ou seja, 5+5+5+5+5+5+5+5+5+5=50. a) 440.
Algo que é muito importante e você deve lembrar b) 420.
sempre são as regras de sinais na divisão de números. c) 400.
d) 380.
e) 340.
SINAIS NA DIVISÃO
8
Ex.: 60 ÷ 3 = 20; (-45) ÷ (-15) = 3
0
d) 22.
7-
� A divisão de números de sinais diferentes tem e) 23.
8
resultado negativo.
.5
46
Ex.: 25 ÷ (-5) = -5; (-120) ÷ 5 = -24 Primeiro vamos fazer a multiplicação e depois as
.1
demais operações:
40
Esquematizando: 2 + 3 × 4 − 1 = 2 + 12 − 1 = 13
-1
Resposta: Letra A
Dividendo
a
Divisor
lv
3. (INSTITUTO AOCP — 2018) O total de números que
Si
0 6
a) 17.
nt
Sa
Quociente b) 19.
Resto
c) 21.
s
do
d) 23.
Dividendo = Divisor × Quociente + Resto e) 25.
do
30 = 5 · 6 + 0
an
propriedade.
z Elemento neutro: a unidade (1) é o elemento neu-
5. (INSTITUTO CONSULPLAN — 2019) Os símbolos das
tro da divisão, pois ao dividir qualquer número
operações que deverão ser inseridos nos quadrados
por 1, o resultado será o próprio número.
MATEMÁTICA BÁSICA
Qualquer número natural é também inteiro e todo Para somar ou subtrair frações, é necessário olhar-
número inteiro é também racional. mos para os denominadores, ou seja, para a “base”
das frações. Há duas situações possíveis. Vejamos:
O símbolo desse conjunto é a letra Q e podemos
representar por meio de diagramas a relação entre os
Denominadores iguais (quando acontece essa situa-
conjuntos naturais, inteiros e racionais, veja:
ção, basta repetir as bases e operar os numeradores)
Q 1 3
+ = 1+3 = 4
5 5 5 5
0 8
7-
4-2 4-2 2
8
3 3 = 3 =3
.5
N
46
Z
.1
Denominadores diferentes (quando acontece essa
40
situação, é necessário achar o denominador comum,
-1
para operar as a frações). Veja:
lv
1 3
Si
3+4
os
nt
Racionais:
numeradores.
do
z Frações:
an
1 3 4x1 3x3 4 + 9 13
3 + 4 = 12÷3 + 12÷4 = 12 = 12
rn
Ex.: 8 3 7 etc.
3 , 5 , 11
Fe
z Números decimais.
rd
ua
Ex.: 1,75 3–4 2 (aqui vamos dividir sempre pelo menor número primo possível)
Ed
Vou te ensinar uma maneira bem simples para 4. (FGV — 2016) Durante três dias, o capitão de um navio
resolver esse tipo de operação. Para dividir frações, atracado em um porto anotou a altura das marés alta
deve-se repetir a primeira fração e multiplicar pelo (A) e baixa (B), formando a tabela a seguir.
8
inverso da segunda fração. Depois, basta realizar a
0
7-
multiplicação normalmente, da mesma forma que A B A B A B A B A B A
8
aprendemos.
.5
1,0 0,3 1,1 0,2 1,3 0,4 1,4 0,5 1,2 0,4 1,0
46
A seguir, revise seus conhecimentos com algumas
questões comentadas.
.1
40
A maior diferença entre as alturas de duas marés con-
-1
1. (FGV — 2010) Julgue as afirmativas a seguir: secutivas foi:
a
lv
a) 0,555... é um número racional. a) 1,0.
Si
b) 1,1.
os
d) 1,3.
Sa
um tipo de número racional. Resposta: Certo. Vamos calcular as diferenças entre os valores da
tabela. Veja:
do
Qualquer número inteiro é possível obter o seu ante- 0,4 – 1,3 = -0,9
rd
a) 1/2.
b) 1 ¼. MÍNIMO MÚLTIPLO COMUM
c) 3/4.
d) 1 ½. Os múltiplos de um número X são aqueles núme-
e) 5/8. ros que podem ser obtidos multiplicando X por outro
número natural. Agora observe o seguinte os múlti-
Vamos deixar todos na forma decimal. Ou seja, plos dos números 4 e 6:
vamos dividir o numerador pelo denominador da M(4) = 4,8,12,16,20,24,28,32,36,...
fração. Veja: M(6) = 6,12,18,24,30,36,42,... 115
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Quais são os múltiplos iguais (comuns) entre os 15h, ela irá piscar novamente depois de 20 minutos,
números? São eles: 12,24,36. E qual o menor deles? É ou seja, 15h20. Depois às 15h40, 16h, etc.
o número 12. Logo, esse é um tipo clássico de questão sobre
Sendo assim, o número 12 é o menor múltiplo MMC.
comum entre 4 e 6, ou seja, o MMC entre 4 e 6 é igual
a 12. Dica
Cálculo do MMC por Fatoração Simultânea Atente-se para as palavras “a cada”, “em”, “ou”
nos enunciados que elas indicam uma ideia de
Podemos calcular o MMC entre 2 ou mais números, repetição, ciclo e periodicidade.
de maneira mais rápida, fazendo a fatoração simultâ-
nea dos dois números. Veja: A seguir, revise seus conhecimentos com algumas
Ex.: Calcule o MMC entre 6 e 8. questões comentadas.
6 – 8 2 (aqui devemos colocar o menor número primo) 1. (FCC — 2015) Para um evento promovido por uma
3 – 4 2 (nesse caso repetimos o nº 3, pois ele não é dividido pelo 2) determinada empresa, uma equipe de funcionários
preparou uma apresentação de slides que deveria
3–2 2
transcorrer durante um momento de confraternização.
3–1 3 Tal apresentação é composta por 63 slides e cada um
1 – 1 MMC = 2 × 2 × 2 × 3 = 24. será projetado num telão por exatos 10 segundos. Foi
ainda escolhida uma música de fundo, com duração de
4min40s para acompanhar a apresentação dos slides.
Logo, o MMC (6 e 8) = 24.
Eles planejam que a música e a apresentação dos sli-
Com esse método é possível calcular o MMC entre
des comecem simultaneamente e “rodem” ciclicamen-
vários números. Vamos exercitar, dessa vez com mais
te, sem intervalos, até que ambas finalizem juntas. A
números. Ex.: Calcule o MMC entre os números 10, 12, 20.
fim de estudar a viabilidade desse plano, eles calcula-
ram que a quantidade de vezes que a música teria de
10 – 12 – 20 2 (aqui devemos colocar o menor número primo)
tocar até que seu final coincidisse, pela primeira vez
8
5 – 6 – 10 2 (nesse caso repetimos o nº 3, pois ele não é dividido por 2) depois do início, com final da apresentação seria:
0
7-
5–3–5 3
8
a) 5.
.5
5–1–5 5
46
b) 42.
1–1–1 MMC = 2 × 2 × 3 × 5 = 60.
c) 12.
.1
40
d) 35.
-1
Logo, o MMC (10, 12 e 20) = 60. e) 9.
a
lv
Dica Slide = 630 segundos (63×10s)
Si
MMC
simultânea):
nt
630 280 2
colunas para cada um dos números;
s
do
315 70 2
nenhum dos números puder ser dividido;
an
cheguem ao valor 1; 9 1 3
rd
mos utilizados. 3 1 3
Ed
1 1 2×2×2×5×7×3×3 = 2520
Pensando um pouco além e olhando para os tipos
de questões que aparecem nas provas, devemos ter
em mente que o enunciado relacionado a MMC sem- Logo, após 2520 segundos a música e o slide irão
pre trará uma ideia de periodicidade, repetição, ciclo terminar ao mesmo tempo.
de acontecimentos. Slide: 2520/630 = 4 voltas
Veja um exemplo: Música: 2520/280 = 9 voltas. Resposta: Letra E.
Na linha de montagem de uma fábrica, há duas
luzes de sinalização, sendo que uma delas pisca a cada 2. (VUNESP — 2017) Um comerciante possui uma cai-
20 minutos e a outra pisca a cada 35 minutos. Se às xa com várias canetas e irá colocá-las em pacotinhos,
8 horas da manhã as duas luzes piscaram ao mesmo cada um deles com o mesmo número de canetas. É
tempo, isso irá ocorrer novamente às? possível colocar, em cada pacotinho, ou 6 canetas, ou
Resolução: 8 canetas ou 9 canetas e, em qualquer dessas opções,
Observe “a cada 20 minutos” e “a cada 35 minu- não restará caneta alguma na caixa.
tos”. Aqui temos uma ideia de repetição, pois se por Desse modo, o menor número de canetas que pode
116 exemplo se a luz que pisca a cada 20 minutos picar às haver nessa caixa é:
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a) 70. Propriedade das Proporções
b) 66.
c) 64. z Somas Externas
d) 72.
e) 68. a
=
c
=
a+c
b d b+d
MMC (6,8,9):
Vamos entender um pouco melhor resolvendo
6–8–9 2 uma questão-exemplo:
Suponha que uma fábrica vai distribuir um prê-
3–4–9 2 mio de R$10.000 para seus dois empregados (Carlos
3–2–9 2 e Diego). Esse prêmio vai ser dividido de forma pro-
porcional ao tempo de serviço deles na fábrica. Carlos
3–1–9 3 está há 3 anos na fábrica e Diego está há 2 anos. Quan-
1–1–3 3 to cada um vai receber?
Resolução:
1–1–1 2×2×2×3×3 = 72 canetas. Resposta: Letra D. Primeiro, devemos montar a proporção. Sejam C
a quantia que Carlos vai receber e D a quantia que
Diego vai receber, temos:
RAZÃO E PROPORÇÃO C
=
D
3 2
A razão entre duas grandezas é igual à divisão
entre elas, veja: Utilizando a propriedade das somas externas:
2 C D C+D
= =
5 3 2 3+2
08
Perceba que C + D = 10.000 (as partes somadas),
7-
Ou podemos representar por 2 ÷ 5 (lê-se 2 está para
8
5). então podemos substituir na proporção:
.5
Já a proporção é a igualdade entre razões, veja:
46
C D C+D 10.000
.1
= = = = 2.000
40
2 4 3 2 3+2 5
=
-1
3 6
Aqui cabe uma observação importante!
a
lv
Ou podemos representar por 2 ÷ 3 = 4 ÷ 6 (lê-se 2 Esse valor 2.000, que chamamos de “Constante de
Si
está para 3 assim como 4 está para 6). Proporcionalidade”, é que nos mostra o valor real das
os
Os problemas mais comuns que envolvem razão e partes dentro da proporção. Veja:
nt
C = 2000 · 3
x
do
2
= ou 2 ÷ 3 = x ÷ 6
3 6 C = 6.000 (esse é o valor de Carlos)
an
rn
D
Para resolvermos esse tipo de problema devemos = 2.000
Fe
2
usar a Propriedade Fundamental da razão e propor-
o
Meio: 3 e x;
ua
3·X=2.6
z Somas Internas
3X = 12
a c a+b c+d
X = 12/3 = = =
b d b d
X=4
É possível, ainda, trocar o numerador pelo deno-
Lembre-se de que a maioria dos problemas envol- minador ao efetuar essa soma interna, desde que
vendo esse tema são resolvidos utilizando essa pro- o mesmo procedimento seja feito do outro lado da
priedade fundamental. Porém, algumas questões proporção.
acabam sendo um pouco mais complexas e pode ser
útil conhecer algumas propriedades para facilitar. a
=
c
=
a+b
=
c+d
Vamos a elas! b d a c 117
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qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Vejamos um exemplo: Logo,
x 2 2A
= = 1.000
-
14 x 5 4
2A = 4 · 1.000
x + 14 - x 2+5
= 2A = 4.000
x 2
A = 2.000
14 7
=
x 2 Fazendo a mesma resolução em B:
7 · x = 2 · 14 3B
= 1.000
9
14 · 2 3B = 9 · 1.000
x= =4
7
3B = 9.000
Portanto, encontramos que x = 4. B = 3.000
8
b d b d
0
7-
Um dos tópicos mais comuns em questões de pro-
8
Vejamos um exemplo para melhor entendimento:
.5
Uma empresa vai dividir o prêmio de R$13.000 va é “dividir uma determinada quantia em partes
46
proporcionalmente ao número de anos trabalhados. proporcionais a determinados números. Vejamos um
.1
São dois funcionários que trabalham há 2 anos na exemplo para entendermos melhor como esse assun-
40
empresa e três funcionários que trabalham há 3 anos. to é cobrado:
-1
Resolução: Exemplo:
A quantia de 900 mil reais deve ser dividida em
a
Seja A o prêmio dos funcionários com 2 anos e B
lv
partes proporcionais aos números 4, 5 e 6. A menor
Si
2
=
3 cionais, respectivamente a 4, 5 e 6. Sendo assim, X é pro-
Sa
X Y Z
soma total dos prêmios é igual a R$13.000. = = = constante de proporcionalidade.
4 5 6
an
rn
2A + 3B = 13.000
Usando uma das propriedades da proporção,
Fe
= 60.000
4+5+6 15
Ed
2A 3B
=
4 9
A menor dessas partes é aquela que é proporcional
a 4, logo:
Aplicando a propriedade das somas externas, X
podemos escrever o seguinte: = 60.000
4
2A 3B 2A + 3B X = 60.000 · 4
= =
4 9 4+9 X = 240.000
4–5–6|2 M = 75
2–5–3|2 A quantidade de homens da sala:
1–5–3|3 120 - 75 = 45 homens. Resposta: Letra B.
1–5–1|5
2. (VUNESP — 2020) Em um grupo com somente pessoas
1 – 1 – 1 | 2 · 2 · 3 · 5 = 60 com idades de 20 e 21 anos, a razão entre o número
de pessoas com 20 anos e o número de pessoas com
Assim, dividindo o M.M.C. pelo denominador e 21 anos, atualmente, é 4/5. No próximo mês, duas pes-
multiplicando o resultado pelo numerador temos: soas com 20 anos farão aniversário, assim como uma
pessoa com 21 anos, e a razão em questão passará a
15x 12x 10x ser de 5/8. O número total de pessoas nesse grupo é:
+ = 740.000
8
+
0
60 60 60
7-
a) 30.
8
37x
= 740.000
.5
60 b) 29.
46
c) 28.
.1
X = 1.200.000 d) 27.
40
e) 26.
-1
Agora, basta substituir o valor de X nas razões para a
achar cada parte da divisão inversa. A razão entre o número de pessoas com 20 anos e o
lv
x 1.200.000
= = 300.000
os
4 4 120 4x Total de 9x
=
nt
121 5x
Sa
x 1.200.000
= = 240.000 No próximo mês, duas pessoas com 20 anos farão
5 5
s
x
=
1.200.000
= 200.000 a razão em questão passará a ser de 5/8.
do
6 6
120 4x - 2 5
an
= =
121 5x + 2 - 1 8
Logo, as partes dividas inversamente propor-
rn
Fe
5x + 1 8
rd
32x – 16 = 25x + 5
1. (FAEPESUL — 2016) Em uma turma de graduação
em Matemática Licenciatura, de forma fictícia, temos 7x = 21
que a razão entre o número de mulheres e o número x=3
MATEMÁTICA BÁSICA
8
100. Ou seja, corresponde a uma fração cujo denomi-
0
Resposta: Letra D.
7-
nador é 100. Vamos observar alguns exemplos e notar
8
.5
4. (CEBRASPE-CESPE — 2018) A respeito de razões, pro- como podemos representar um número porcentual.
46
porções e inequações, julgue o item seguinte.
.1
Situação hipotética: Vanda, Sandra e Maura receberam 30% =
30
(forma de fração)
40
R$ 7.900 do gerente do departamento onde trabalham, 100
-1
para ser divido entre elas, de forma inversamente pro- 30
porcional a 1/6, 2/9 e 3/8, respectivamente. 30% = = 0,3 (forma decimal)
a
lv
100
Assertiva: Nessa situação, Sandra deverá receber
Si
menos de R$ 2.500. 30 3
30% = = (forma de fração simplificada)
os
100 10
nt
( ) CERTO ( ) ERRADO
Sa
+ + = 7.900
do
1 2 3
do
30 3
Tirando o MMC entre 1, 2 e 3 vamos achar 6. Temos: 30% = = 0,3 =
100 10
an
+
6 6 6 Também é possível fazer a conversão inversa, isto
Fe
6
ua
08
corresponderá sempre a 100%. Então, basta somar ou 120,00/800,00 = 0,15% ao mês.
7-
subtrair o percentual fornecido dos 100% e multipli- A questão diz que seria inferior a 0,14%, ou seja,
8
.5
car pelo valor da grandeza. está errada.
46
Exemplo 1: Resposta: Errado.
.1
Paulinho comprou um curso de 200 horas-aula.
40
Porém, com a publicação do edital, a escola precisou 2. (CEBRASPE-CESPE — 2019) Na assembleia legislati-
-1
aumentar a carga horária em 15%. Qual o total de va de um estado da Federação, há 50 parlamentares,
a
horas-aula do curso ao final? entre homens e mulheres. Em determinada sessão
lv
Inicialmente, o curso de Paulinho tinha um total plenária estavam presentes somente 20% das deputa-
Si
de 200 horas-aula que correspondiam a 100%. Com o das e 10% dos deputados, perfazendo-se um total de 7
os
aumento porcentual, o novo curso passou a ter 100% + parlamentares presentes à sessão.
nt
15% das aulas inicialmente previstas. Portanto, o total Infere-se da situação apresentada que, nessa assem-
Sa
a) 10 deputadas.
do
Dica b) 14 deputadas.
an
c) 15 deputadas.
A avaliação do crescimento ou da redução per-
rn
d) 20 deputadas.
centual deve ser feita sempre em relação ao
Fe
e) 25 deputadas.
valor inicial da grandeza.
o
rd
50 parlamentares
ua
-
Variação percentual = Final Inicial Deputadas = X
Ed
0 8
cursos públicos. Veja a seguir:
8 7-
a) 80%.
.5
b) 61%. z Grandezas diretamente proporcionais: o aumento
46
c) 20%. de uma grandeza implica o aumento da outra;
.1
d) 10%. z Grandezas inversamente proporcionais: o aumen-
40
e) 5%. to de uma grandeza implica a redução da outra.
-1
a
Vamos dispor as informações em forma de conjun- Vamos esquematizar para sabermos quando será
lv
Si
Graviola Açai
nt
DIRETAMENTE
PROPORCIONAL + / + OU - / -
Sa
s
do
60% – 15% = 15% 50% – 15% = Aqui, as grandezas aumentam ou diminuem juntas
(sinais iguais)
do
45% 35%
an
rn
Nenhum = X PROPORCIONAL + / - OU - / +
Fe
é 100%: 45% + 15% + 35% + X = 100% Aqui, uma grandeza aumenta e a outra diminui
ua
30 m -------- X (tijolos)
12 · X = 30 . 2160 EQUAÇÕES
12X = 64800 Conceito
X = 5400 tijolos
Uma equação é uma igualdade na qual uma ou
Assim, comprovamos que realmente são necessá- mais variáveis – geralmente são as letras do nosso
rios mais tijolos. alfabeto – denominadas por incógnitas são desconhe-
cidas. O nosso principal objetivo é encontrar o valor
z Uma equipe de 5 professores gastou 12 dias para dessa incógnita.
corrigir as provas de um vestibular. Considerando
a mesma proporção, quantos dias levarão 30 pro- Resolução e Discussão
fessores para corrigir as provas?
0 8
z Equação do Primeiro Grau
7-
Do mesmo jeito que no exemplo anterior, vamos
8
.5
montar a relação e analisar: A forma geral de uma equação do primeiro grau
46
é: ax + b = 0.
.1
5 (prof.) --------- 12 (dias) O termo “a” é o coeficiente de “x” e o termo “b” é
40
30 (prof.) -------- X (dias) chamado de termo independente.
-1
Para resolver uma equação do 1°, devemos isolar
todas as partes que possuem incógnitas de um lado
a
Veja que de 5 (prof.) para 30 (prof.) tivemos um
lv
igual e do outro os termos independentes. Veja um
Si
10x = 5x + 20
(-). Desta forma, as grandezas são inversamente pro-
Sa
zontal. Observe:
do
10x – 5x = 20
do
5 (prof.) 12 (dias)
an
sinal trocado:
Fe
30 · X = 5 · 12
o
30X = 60 5x = 20
rd
x = 20 / 5
ua
X=2
Ed
As equações de segundo grau têm 2 raízes, isto Em uma equação ax2 + bx + c = 0, temos:
é, existem 2 valores de x que tornam a igualdade
verdadeira. z A soma das raízes é dada por –b/a.
z O produto das raízes é dado por c/a.
Cálculo das Raízes da Equação
Calcular as raízes da equação x2 - 3x + 2 = 0.
Vamos achar as raízes por meio da fórmula de Soma: –b/a = -(-3) / 1 = 3
bhaskara. Basta identificar os coeficientes a, b e c e Produto: c/a = 2 / 1 = 2
colocá-los na seguinte expressão: Quais são os dois números que somados resultam
“3” e multiplicados, “2”?
-b ! 2
b - 4ac Soma: 3 = (2 + 1);
x= Produto 2 = (2 ×1);
2a
Logo, 2 e 1 são as raízes dessa equação. Exatamen-
Veja o sinal ± presente na expressão acima. É ele te igual achamos usando a fórmula de bhaskara.
que permitirá obtermos dois valores para as raízes, Agora vamos treinar o que aprendemos na teoria
um valor utilizando o sinal positivo (+) e outro valor com exercícios comentados de diversas bancas.
utilizando o sinal negativo (-).
08
Vamos aplicar isso em um exemplo: 1. (CEBRASPE-CESPE — 2018) Os indivíduos S1, S2, S3
7-
e S4, suspeitos da prática de um ilícito penal, foram
8
Calcular as raízes da equação x2 - 3x + 2 = 0.
.5
Identificando os valores de a, b e c. interrogados, isoladamente, nessa mesma ordem. No
46
depoimento, com relação à responsabilização pela
.1
a=1 prática do ilícito, S1 disse que S2 mentiria; S2 disse
40
b = -3 que S3 mentiria; S3 disse que S4 mentiria.
-1
c=2 A partir dessa situação, julgue o item a seguir.
a
Caso S3 complete 40 anos de idade em 2020, S1 seja
lv
8 anos mais novo que S3 e S2 seja 2 anos mais velho
Si
Substituindo na fórmula:
que S4, se em 2020 a soma de suas idades for igual a
os
-b ! 2
b - 4ac de 1984.
x=
Sa
2a
( ) CERTO ( ) ERRADO
s
do
-(-3) ± √(-3)2 - 4 × 1 × 2
x= S3 tem 40 anos em 2020. S1 é 8 anos mais novo que
do
2 Idade de S2 = Idade de S4 + 2
Chamando de X1, X2, X3 e X4 para designar as respec-
o
rd
3!1
x= tivas idades no ano de 2020, podemos escrever que:
ua
2
X2 = X4 + 2
Ed
8
d) -9. e –5, etc. Por esse motivo, faz-se necessário obter mais
0
uma equação envolvendo as duas incógnitas para
7-
e) -3.
8
poder chegar nos seus valores exatos. Veja o exemplo
.5
a seguir:
46
Para que a equação do segundo grau tenha raízes
.1
iguais, é preciso que o delta (discriminante) seja
*
x + y = 10
40
igual a zero. Isto é, Δ = b2 - 4ac.
-1
0 = 62 – 4.1.m 4x - y = 5
a
0 = 36 – 4m
lv
4m = 36
Si
4. (CONSULPLAN — 2016) Julgue a afirmativa: isolar uma das variáveis em uma das equações;
s
S = -(-5) / 1 = 5.
Substituindo “x” na segunda equação por “10-y”
ua
Resposta: Certo.
Ed
era o produto entre as raízes da equação x² -10x + 21 = -5y = -35 (multiplica por -1)
0. Nessas condições, assinale a alternativa que apre- 5y = 35
senta a idade que Pedro se formou na faculdade: y=7
Método da substituição y= 2
1: Isolar uma das variáveis em uma das equações;
2: Substituir essa variável na outra equação pela Substituindo o valor de “y” na primeira equação
expressão achada no item anterior. achamos o valor de “x”:
*
x + y = 10
(
x+y=3
4x - y = 5 2 2
x -y =-3
Nesse exemplo, não vamos precisar fazer uma Isolando x na primeira equação, temos que x =
multiplicação, pois já temos a condição necessária 3 – y. Efetuando a substituição na segunda equação,
para eliminarmos o “y” da equação. Então, devemos temos que:
fazer apenas a soma das equações. Veja:
0 8
(3 – y)2 – y2 = -3
7-
*
8
x + y = 10 9 – 6y + y – y2 = -3
.5
46
4x - y = 5 y=2
.1
40
5x = 15
Logo,
-1
x=3 a
x=3–y=3–2=1
lv
x + y = 10
Sa
x + y = 10
Ed
x - 2y = 4 a) 3/7.
b) 5/9.
c) 4/7.
Multiplicando por -1 a primeira equação, temos: d) 2/3.
e) 5/7.
(
- x - y = - 10
A = B – 3000
x - 2y = 4 A/B = 0,4
A = 0,4B
Substituindo essa última equação na primeira,
Fazendo a soma: temos:
0,4B = B – 3000
(
- x - y = - 10
3000 = B – 0,4B
x - 2y = 4 3000 = 0,6B
B = 3000/0,6
126 -3y = -6 B = 5000
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Eduardo Fernando dos Santos Silva - 140.146.587-08, vedada, por quaisquer meios e a
qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Lembrando que A = 0,4B, podemos obter o valor de Seja “a” a quantidade de pedidos de patentes da
A: indústria alimentícia. Foi dito que este total é igual
A = 0,4 x 5000 à soma dos demais pedidos, que são x e y, ou seja,
A = 2000 a=x+y
Total O total de pedidos é:
A + B = 5000 + 2000 = 7000 T = a + x + y = a + a = 2a
O número de inscritos para o cargo B, em relação Como T = 128, temos
ao total, será: 128 = 2a
5000/7000 = 5/7. a = 64
Resposta: Letra E. Resposta: Certo
2. (FGV — 2017) O número de balas de menta que Júlia 4. (CEBRASPE-CESPE — 2013) Se, em determinado mês,
tinha era o dobro do número de balas de morango. a quantidade de pedidos de patentes do produto X foi
Após dar 5 balas de cada um desses dois sabores igual ao dobro da quantidade de pedidos de patentes
para sua irmã, agora o número de balas de menta que do produto Y, então a quantidade de pedidos de paten-
Júlia tem é o triplo do número de balas de morango. O tes de produtos da indústria alimentícia foi o quádru-
número total de balas que Júlia tinha inicialmente era: plo da quantidade de pedidos de patentes de Y.
8
a = 2y + y
0
Me – 5 = 3.Mo – 15 a=3
7-
Me = 3.Mo – 10
8
Assim, as patentes da indústria alimentícia (“a”)
.5
Na segunda equação, podemos substituir Me por são o triplo das patentes de Y.
46
2.Mo. Resposta: Errado
.1
2.Mo = 3.Mo – 10
40
10 = 3.Mo – 2.Mo 5. (CEBRASPE-CESPE — 2013) Se T = 128 e a quantida-
-1
10 = Mo de x foi 18 unidades a mais do que a quantidade y,
a
O valor de Me é: então a quantidade y foi superior a 25.
lv
Me = 2.Mo
Si
Me = 20
nt
rior a 25.
do
A seguir, leia o texto disposto abaixo para respon- Se T = 128, temos que x + y = 64. Foi dito ainda que:
do
der as questões de 3 a 5. x = y + 18
an
Exemplo: Converter 5,3 metros para centímetros: Veja, agora, algumas relações interessantes e que
Para sair do metro e chegar no centímetro deve- você precisa ter em mente para resolver a diversas
mos multiplicar por 100 (10x10), pois “andamos” duas questões.
casas até chegar em centímetro. Logo,
UNIDADE RELAÇÃO DE UNIDADE
5,3m = 5,3 x 100 = 530 cm. 1 quilograma (kg) 1000 gramas (g)
1 tonelada (t) 1000 quilogramas (kg)
Medidas de Área (Superfície)
8
1 litro (l) 1 decímetro cúbico (dm3)
0
7-
A unidade principal tomada como referência é o 1 mililitro (ml) 1centímetro cúbico (cm3)
8
.5
metro quadrado. Além dele, temos outras seis unidades 1 hectare (ha) 1 hectômetro quadrado (hm2)
46
diferentes que servem para medir dimensões maiores 1 hectare (ha) 10000 metros quadrados (m2)
.1
ou menores. A conversão de unidades de superfície
40
-1
segue potências de 100. Veja o esquema a seguir: Medidas de Capacidade
a
lv
Km2 hm2 dam2 m2 dm2 cm2 mm2 As medidas de capacidade constituem uma gran-
Si
(quilômetro (hectômetro (decâmetro (metro (decímetro (centímetro (milímetro deza usada para mensurar o quanto de líquido cabe
os
Km2 hm2 dam2 m2 dm2 cm2 mm2 No entanto, existem outras unidades, que são múlti-
do
:100 :100 :100 :100 :100 :100 de de expressar volumes pequenos, os submúltiplos
rn
MEDIDAS DE CAPACIDADE
ua
0 8
7-
z Exemplo 2: 0,001 litro de água corresponde a Observe que na coluna da esquerda colocamos as
8
.5
quantos microlitros (µl)? categorias de valores que a variável pode assumir, ou
46
seja, masculino e feminino, e na coluna da direita colo-
.1
Nesse exemplo, a exigência é sair de uma unidade camos o número de Frequências, isto é, o número de
40
maior (l) para uma unidade menor (µl). Então, preci- observações (ou repetições) relativas a cada um dos
-1
samos andar quatro casas (unidades) para chegar em valores. Veja, ainda, que foi analisada uma amostra de
a
microlitro. Logo, temos: 60 pessoas, das quais 34 eram homens e 26 mulheres.
lv
Estes são os valores de frequências absolutas. Pode-
Si
Para transformar de uma unidade menor para a pode assumir um grande número de valores distintos.
unidade maior, divide-se por 60. Veja: Vamos representar na tabela a variável “Altura dos
moradores de Campinas”:
MATEMÁTICA BÁSICA
O símbolo “|” significa que o valor que se encontra ao seu lado está incluído na classe. Por exemplo, 1,50 | -
1,60 nos indica que as pessoas com altura igual a 1,50 são contadas entre as que fazem parte dessa classe, porém
as pessoas com exatamente 1,60 não são contabilizadas.
Veja novamente a última tabela, agora com a coluna de frequências absolutas acumuladas à direita:
A coluna da direita exprime o número de indivíduos que se encontram naquela classe ou abaixo dela. Ou seja,
o número acumulado de frequências do valor mais baixo da amostra (1,50m) até o valor superior daquela classe.
Perceba que, para obter o número 50, bastou somar 17 (da classe 1,60| - 1,70) com 33 (da classe 1,50| - 1,60). Isto é,
podemos dizer que 50 pessoas possuem altura inferior a 1,70m (limite superior da última classe). Analogamente,
0 8
63 pessoas possuem altura inferior a 1,80m.
7-
8
.5
GRÁFICOS ESTATÍSTICOS
46
.1
Uma outra maneira muito utilizada para a Estatística Descritiva são os gráficos. Vejamos abaixo alguns tipos.
40
-1
Colunas ou Barras Justapostas a
lv
Utilizamos o gráfico de colunas ou barras justapostas para dados agrupados por valor ou por atributo. Vamos
Si
supor que estamos interessados nas idades de alguns alunos. O gráfico relaciona as idades com as respectivas
os
frequências.
nt
Idade × Frequência
Sa
25
s
Frequência Absoluta Simples
do
20
do
an
15
rn
Fe
10
o
rd
5
ua
Ed
0
20 23 27 30 33
Agora suponha, por exemplo, que queremos saber a cidade natal de alguns alunos. Como algumas cidades
possuem nomes muito grandes, poderíamos optar em usar um gráfico de barras justapostas. Veja:
Salvador
Florianópolis
Rio de Janeiro
São Paulo
130 0 2 4 6 8 10 12 14
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Gráfico de Setores (ou de Pizza) Esses dados podem ser resumidos com um histo-
grama, como mostra o gráfico a seguir.
Este gráfico tem a vantagem de mostrar rapida-
mente a relação com o total de observações. Vamos Salários dos Funcionários da Empresa de Cosméticos x Em
milhares de reais
supor que analisamos as notas trimestrais de alguns
alunos. Veja como fica a disposição usando o gráfico 18
de pizza. 16
14
Média de Notas Escolares Trimestrais 12
10
8
6
4
2
0
(10 - 15) (15 - 20) (20 - 25) (25 - 30)
NOÇÕES DE GEOMETRIA
FORMAS
8
Gráfico de Linha
0
sistem nos formatos das coisas as quais observamos,
7-
sendo constituídas por um conjunto de pontos.
8
São mais utilizados nas representações de séries
.5
Podemos classificar as formas geométricas em:
temporais. Vamos analisar a evolução de um ano para
46
planas e não planas.
o outro, se houve um crescimento ou um decréscimo
.1
40
no número de alunos dentre as séries que estão em
Formas Planas
evidência para estudo dentro da escola. Observe:
-1
a
São as formas que, ao serem representadas, ficam
lv
Evolução anual no número de alunos do sétimo ao nono ano
totalmente inseridas em um único plano. Apresentam
Si
35
duas dimensões: comprimento e largura. Ex.:
os
30
nt
25
Sa
20
s
do
15
10
do
5
an
rn
0
2017 2018 2019 2020
Fe
SALÁRIOS EM
FREQUÊNCIA
MILHARES DE REAIS
10 – 15 15
15 – 20 17
20 – 25 13
25 - 30 7
131
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Os polígonos recebem nomes conforme o número
de lados que apresentam. Veja:
z 3 lados — Triângulo;
z 4 lados — Quadrilátero;
z 5 lados — Pentágono;
z 6 lados — Hexágono;
z 7 lados — Heptágono;
z 8 lados — Octógono;
z 9 lados — Eneágono;
z 10 lados — Decágono;
z 12 lados — Dodecágono;
z 20 lados — Icoságono.
z Não Polígonos
z Não Poliedros
São formas geométricas não delimitadas total-
mente por segmentos de retas. Podem ser abertas ou Os não poliedros, também chamados de corpos
fechadas. Ex.: redondos, apresentam superfícies arredondadas. Esfe-
ras, cones e cilindros são exemplos de corpos redondos.
08
87-
.5
Formas Não Planas
46
Esfera, cone e cilindro.
.1
40
Para representar formas deste tipo é necessário
mais de um plano. São figuras com três dimensões: PERÍMETRO
comprimento, altura e largura. Ex.:
-1
a
Quando nos referimos ao Perímetro de um Polí-
lv
Si
somar os lados.
Sa
s
ÁREA
do
do
Área de um Quadrado
an
rn
quadrado.
o
B L C
rd
ua
Ed
132
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Área de um Retângulo Observação: a área é dada por:
b D
Figura 63. Área de um Retângulo
8
D A=
0
2
7-
8
.5
Área de um Losango
46
.1
Á área de um Losango é dada pelo semiproduto
h
40
das diagonais.
B -1
a
lv
Si
B
os
nt
b
Sa
Área de um Triângulo
rn
D
Fe
MATEMÁTICA BÁSICA
h D
D L
O
r
h B
0 8
A = √ p · (p – a) · (p – b) · (p – c)
7-
A área de um Trapézio Retângulo também é dada
8
.5
pela soma das bases (maior e menor) multiplicada
46
pela altura, dividido por dois:
.1
40
D
-1 c
a
lv
Si
h
os
B
nt
a
Sa
B
b
s
(b + B) · h VOLUME
Fe
A= 2
o
Área do Círculo
ua
Á área do Círculo é dada pelo produto de π pelo uma relação de capacidade. Vejamos:
raio ao quadrado.
RELAÇÃO ENTRE MEDIDAS DE VOLUME E
CAPACIDADE
1 m3 1.000 litros
P
1 dm3 1 litro
r 1 cm 3
1 mililitro
1 mm 3
1 microlitro
1 m3 — 1.000 l
320 m3 — x O volume dessa figura é calculado através da área
x = 320.000 litros da base — que é uma figura retangular (produto do
comprimento pela largura) —, vezes altura do sólido.
z Exemplo 2: Um reservatório de distribuição pos-
sui um volume de 6 · 108 cm3. Qual o volume desse Vparalelepípedo = Ab · h = c · l · h
reservatório em metros cúbicos e em litros?
Exemplo: Um floculador mecânico possui
Precisamos sair de uma unidade menor para duas formato de um paralelepípedo, medindo 8
unidades maiores. Então, precisamos voltar seis casas m de comprimento, 4 m de largura e volume
decimais. Logo, temos: 0,160 dam3. Qual a altura desse floculador em
metros?
6.108 cm3 ÷ 106
6 · 102 m3 0,160 dam3 = 160 m3
600 m3 = 600.000 litros
Vparalelepípedo = Ab · h
Cálculo de Volume 160 m3 = (8m · 4m) · h
h = 160 ÷ 32
As relações matemáticas estudadas até aqui servi-
h=5m
rão de base para o estudo do cálculo de volume das
principais figuras geométricas regulares comuns nas
estações de tratamento, conteúdo muito cobrado em z Volume do Cilindro
processos seletivos. O cubo, o paralelepípedo e o cilin-
dro, por exemplo, têm seu volume calculado a partir O cilindro é uma figura geométrica presente nas
do produto entre área da base e altura do sólido. unidades de tratamento em estruturas de armazena-
0 8
mento, tais como tanques de estoque de produtos quí-
7-
z Volume do Cubo micos, reservatórios, tubulações, adutoras. Ele possui
8
.5
base circular e lado uniforme, que aberto tem formato
46
retangular, conforme figura a seguir:
O cubo é uma figura geométrica que possui seis
.1
lados iguais, sendo que cada lado corresponde a um
40
quadrado, conforme figura a seguir:
-1
a
lv
Si
os
nt
Sa
s
A área da base é calculada por lado vezes lado, isto área da base pela altura do sólido. A área da base do
é, o produto numérico entre duas arestas. O volume é
do
cilindro é um círculo.
o produto dessa área pela altura do cubo, que também
an
Vcubo = a3
cidade de armazenar quantos litros? Quantas
ua
Vcubo = a3 = 33
Vcubo = 3m · 3m · 3m 104 mm = 10 m
Vcubo = 27 m3 raio = diâmetro ÷ 2 = 10 m ÷ 2 = 5 m
Vcilindro = π · r2 · h
Vlitros = 27 m3 = 27.000 litros
Vcilindro = (3,14) · (5 m)2 · 3 m
z Volume do Paralelepípedo Vcilindro = 235,5 m3
235,5 m3 · 1000 = 235.500 litros
O paralelepípedo é uma figura geométrica que
235.500 litros ÷ 150 dias = 1.570 pessoas ÷ dia
possui seis lados, conforme figura a seguir:
135
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qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
TEOREMA DE PITÁGORAS a) A parte que coube a Adão é igual a R$ 1.935,00.
b) A parte que coube a Bruno é igual a R$ 2.250,00.
O Teorema de Pitágoras diz que em todo triângu- c) A parte que coube a Carlitos é igual a R$ 1.500,00.
lo retângulo, o quadrado da medida da hipotenusa é d) A parte que coube a Carlitos é igual a R$ 1.935,00.
igual a soma dos quadrados das medidas dos catetos. e) A parte que coube a Adão é igual a R$ 2.250,00.
Figura 41. Triângulo Retângulo ABC O Espírito Santo vem presenciando, nos últimos 20
anos, um considerável crescimento nos índices de
Observação 1: a medida dos lados BC, AC e AB são criminalidade e violência. Em 2005, foram 50,6 homi-
dados respectivamente por a, b e c. cídios por 100 mil habitantes, um aumento de 161%
Observação 2: o lado a é chamado de hipotenusa quando comparado à taxa de 19,4 ocorridos duas
e os lados b e c de catetos. décadas antes. Para contrapor esse cenário, o Espíri-
Observação 3: pelo teorema de Pitágoras temos to Santo em Ação criou o CT03 - Comitê Temático de
Redução da Violência e da Criminalidade, que possui
8
a seguinte relação entre os lados do triângulo retân-
0
o objetivo de contribuir para que, até 2025, o Estado
7-
gulo: a2 = b2 + c2
reduza a taxa de homicídios para valores inferiores a
8
.5
10 por 100 mil habitantes.
46
.1
FONTE: http://www.esacao. org.br/index.php?id=/
HORA DE PRATICAR!
40
institucional/estrutura_operacional/com ites_tematicos/_
redu%E7%E3o_da_viol%EAncia_e_da_criminali dade/index.php.
-1
Acessado em 15/11/2013.
1. (EXATUS — 2013) Em determinada localidade, sabe- a
-se que há 14.000 homens, e que 3/5 dos habitantes
lv
a) 18.000.
Sa
a) R$ 1100,00.
Portanto, o número de crianças que tomaram a vacina
Ed
b) R$ 1250,00.
c) R$ 1890,00. contra gripe é igual a:
d) R$ 1980,00.
a) 1,05 x 104.
3. (EXATUS — 2015) Três amigos são sócios em uma b) 1,05 x 105.
empresa de tecnologia. Adão investiu o equivalen- c) 1,05 x 106.
te a 30% do capital da empresa, Bruno investiu 45% d) 1,75 x 105.
e Carlitos investiu o equivalente a 25% do capital da e) 1,75 x 106.
empresa. Por contrato, ao final de cada mês o lucro
ou prejuízo é distribuído entre os sócios e, em caso 7. (EXATUS — 2015) Uma empresa premia seus empre-
de prejuízo, a distribuição deve ser de maneira inver- gados pela assiduidade. A cada mês, a empresa dis-
samente proporcional ao capital aplicado por cada um tribui R$ 930,00 reais entre os três empregados com o
deles. No último mês, a empresa registrou prejuízo de menor número de faltas ao trabalho, em partes inver-
R$ 6.450,00. Sobre a distribuição desse prejuízo entre samente proporcional ao número de faltas de cada
os sócios, é correto afirmar que: um. Diogo, Eder e Fabio foram os premiados do último
mês, com 2, 3 e 5 faltas, respectivamente. Assinale a
136 alternativa correta:
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qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
a) Diogo recebeu um prêmio de R$ 186,00. verificou que havia consumido 40% do combustível.
b) Eder recebeu um prêmio de R$ 325,00. Para chegar ao seu destino, foi consumido mais 35%
c) Eder recebeu um prêmio de R$ 270,00. do combustível que havia quando ele iniciou a viagem,
d) Diogo recebeu um prêmio equivalente a 3/2 do valor e ainda restaram 15 litros de combustível. A distância
do prêmio de Eder. percorrida por Lucas nessa viagem foi de:
e) Fabio recebeu um prêmio equivalente a 5/3 do valor
do prêmio de Eder. a) 525 km.
b) 505 km.
8. (EXATUS — 2013) Anderson, Brunoro e Caio montaram c) 495 km.
uma empresa de informática. Para abrir a empresa, os d) 480 km.
três investiram, juntos, 80 mil reais. Anderson investiu e) 475 km.
30 mil reais, Brunoro 70% do valor do investimento de
Anderson, e Caio investiu o restante. Após o primeiro 13. (EXATUS — 2013) Altair nasceu quando Tales tinha
ano de operações, a empresa apresentou lucro de 25 7 anos. Hoje, o produto de suas idades é igual a 98.
mil reais, dos quais, 4/5 seriam retirados pelos sócios. Tales tem:
A parte que coube a Caio foi de:
a) 21 anos.
a) R$ 5.250,00. b) 14 anos.
b) R$ 6.250,00. c) 12 anos.
c) R$ 7.250,00. d) 8 anos.
d) R$ 7.500,00. e) 7 anos.
e) R$ 7.750,00.
14. (EXATUS — 2013) Eduardo tinha, há 2 anos atrás, o
9. (EXATUS — 2015) Uma equipe formada por 12 operá- triplo da idade de sua irmã Cláudia. Hoje, o produto de
rios irá realizar determinada obra em, exatamente, 42 suas idades é igual a 84. A diferença de idade entre
dias. Iniciada a obra, após 12 dias de trabalho, outros 3 Eduardo e Cláudia é de:
operários se juntaram à equipe. Portanto, é correto afir-
mar que, considerando-se o mesmo ritmo de trabalho a) 8 anos.
individual dos operários, essa obra foi realizada em: b) 7 anos.
08
c) 6 anos.
7-
a) 24 dias. d) 5 anos.
8
.5
b) 32 dias. e) 4 anos.
46
c) 36 dias.
.1
d) mais de 45 dias. 15. (EXATUS — 2013) O soldado Ryan reside no 13º andar
40
de um prédio de 15 andares. Sabe-se a distância entre
-1
10. (EXATUS — 2013) Duas torneiras estão instaladas em o piso do andar onde mora o soldado Ryan e o piso tér-
a
um reservatório com capacidade para 6 m3 de água. reo é de 39 m. Uma pessoa com altura de 1,8 m parada
lv
Uma é capaz de encher o reservatório em 2 horas, e a ao lado desse edifício projeta uma sombra de 30 cm.
Si
outra o faz em 4 horas. Se abertas simultaneamente, Neste mesmo instante, a sombra projetada pelo edifí-
os
em uma hora, as duas torneiras terão despejado no cio onde mora o soldado Ryan é igual a:
nt
tanque:
Sa
a) 7,5 m
s
d) 8,125 m
d) 4500 litros de água. e) 8,25 m
an
11. (EXATUS — 2013) Quatro amigos, Abel, Bruno, Caio lados iguais medindo 15 cm e lado diferente medindo
o
e Daniel, são colecionadores de figurinhas. Sabe-se 18 cm. O perímetro e a área desse triângulo medem,
rd
Dado: π = 3.
08
7-
20. (EXATUS — 2015) O equivalente à terça parte da área
8
.5
de um triângulo equilátero inscrito em uma circunfe-
46
rência de raio 6 cm é igual a:
.1
40
a) 2 3 cm2
b) 9 3 cm2 -1
a
lv
c) 6 3 cm2
Si
d) 3 3 cm2
os
e) 27 3 cm2
nt
Sa
9 GABARITO
s
do
do
1 E
an
2 A
rn
Fe
3 E
o
rd
4 D
ua
5 B
Ed
6 C
7 D
8 C
9 C
10 D
11 E
12 C
13 B
14 A
138
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qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
a desequiparação efetuada, como a existência de
assentos reservados para gestantes, idosos e pes-
soas com deficiência nos transportes coletivos.
Art. 5º [...]
NOÇÕES DE DIREITOS I - homens e mulheres são iguais em direitos e
obrigações, nos termos desta Constituição;
HUMANOS O inciso I decorre do direito à igualdade. Trata-se
da igualdade entre homens e mulheres. Inicialmen-
te, há de se esclarecer que os direitos das mulheres são
relativamente recentes, de modo que grande parte da
DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E legislação anterior à CF, de 1988, estabelecia situações
COLETIVOS diferenciadas entre homens e mulheres, como, por
exemplo, a necessidade de autorização marital para
Os direitos individuais e coletivos estão disciplina- que a esposa ocupasse cargo público ou exercesse a
dos no art. 5º, da CF, de 1988. Muito cobrado em provas profissão fora do lar e o fato de o marido ser tido como
de concursos públicos, esse dispositivo é o mais exten- o chefe da sociedade conjugal, competindo a ele, entre
so dessa norma, sendo composto pelo caput (capítulo), outros deveres, a administração dos bens do casal.
Assim sendo, esse inciso foi direcionado tanto
por 78 (setenta e oito) incisos e 4 (quatro) parágrafos.
ao legislador, para que corrigisse tais desigualdades
Vejamos cada uma de suas partes:
legais, como aos operadores do direito, para que não
fossem mais estabelecidos critérios discriminatórios.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distin-
ção de qualquer natureza, garantindo-se aos bra-
Atenção! Existem dois tipos de igualdade: a for-
sileiros e aos estrangeiros residentes no País mal e a material. A igualdade formal consiste em tra-
a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, tar a todos de maneira igual, independentemente de
à igualdade, à segurança e à propriedade, nos qualquer condição. Já a igualdade material busca a
termos seguintes: igualdade de fato, para que todos tenham os mesmos
direitos e obrigações. Trata-se, portanto, da igualdade
0 8
O caput do art. 5º traz os cinco pilares dos direitos efetiva, real, concreta ou situada. Assim, a igualdade
7-
individuais e coletivos, quais sejam: vida, liberdade, nada mais é que tratar igualmente os iguais, com os
8
.5
igualdade, segurança e propriedade. Deles decor- mesmos direitos e obrigações, e desigualmente os
46
rem todos os demais direitos estruturados nos seus desiguais, na medida de sua desigualdade.
.1
incisos, como, por exemplo, do direito à vida, decor-
40
rem o direito à integridade física e moral, a proibição Art. 5º [...]
-1
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de
da pena de morte e a proibição de venda de órgãos.
fazer alguma coisa senão em virtude de lei;
a
Quando a Constituição fala “brasileiros e estrangei-
lv
em território brasileiro. não fazer algo, como, por exemplo, o uso obrigatório
an
distinção de qualquer natureza”). Tal princípio tem, duas facetas, sendo uma delas destinada aos parti-
como fundamento, o fato de que todos nascem e vivem culares e a outra destinada à Administração. A lega-
o
rd
com os mesmos direitos e obrigações perante o Estado lidade aplicada ao particular difere-se da legalidade
ua
brasileiro. São destinatários do princípio da igualdade aplicada à Administração, tendo em vista que ao par-
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
8
de assistência religiosa nas entidades civis e
0
este fundamento do Estado Democrático de Direito),
7-
está disciplinado no inciso IV. militares de internação coletiva;
8
.5
O pensamento em si é absolutamente livre, por ser
46
O inciso VII é decorrência do direito à liberdade
uma questão de foro íntimo. O indivíduo pode pen-
de crença e culto, de modo a garantir aos internados
.1
sar em que quiser, sem que o Estado possa interferir.
40
em estabelecimentos prisionais e de saúde o acesso à
No entanto, quando este pensamento é exteriorizado,
-1
assistência espiritual e religiosa; contudo, lembre-se
passa a ser possível a tutela e proteção do Estado.
de que essa admissão não influi no fato de o Estado
a
Cumpre mencionar que é da liberdade de expres-
lv
ser laico.
Si
Art. 5º [...]
po que a Constituição assegura a liberdade de mani-
nt
não impede que o Estado apure de forma sumária a O inciso VIII traz a chamada escusa de consciên-
rn
Art. 5º [...]
rd
V - é assegurado o direito de resposta, proporcio- gurar que não ocorrerá a perda dos direitos civis ou
ua
nal ao agravo, além da indenização por dano mate- políticos em decorrência de tal recusa. Por exemplo:
Ed
rial, moral ou à imagem; a pessoa que, por questão religiosa, seja contrária ao
serviço militar poderá alegar tal imperativo de cons-
A expressão do pensamento é livre, porém, não ciência em seu alistamento militar. No entanto, a CF,
é absoluta. Assim, a pessoa é livre para expor sua de 1988, estabelece que, mesmo que dispensada da
prática dessa atividade, ela terá que cumprir serviço
opinião, porém, atingindo-se a honra de alguém,
alternativo.
por exemplo, ela poderá ser responsabilizada civil e
penalmente. Além disso, a CF, de 1988, estabelece o
Art. 5º [...]
direito de resposta, ou seja, o exercício do direito de IX - é livre a expressão da atividade intelectual,
defesa da pessoa que foi ofendida em razão da mani- artística, científica e de comunicação, indepen-
festação do pensamento de outra, como, por exemplo, dentemente de censura ou licença;
no caso de notícia inverídica ou errônea. Salienta-se
por fim que o direito de resposta é aplicado tanto à O inciso IX trata da liberdade de expressão das
pessoa física quanto à jurídica. atividades intelectual, artística, científica e de comu-
nicação. Assim, a CF, de 1988, veda, expressamente,
140 2 Súmula nº 37 (STJ) São cumuláveis as indenizações por dano material e dano moral oriundos do mesmo fato.
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qualquer atividade de censura ou licença, inclusive a O dispositivo traz três exceções à regra. A primei-
proveniente de atuação jurisdicional. ra exceção é a possibilidade de ingresso no caso de fla-
Cumpre esclarecer os conceitos de censura e grante delito ou desastre, ou seja, é possível ingressar
licença: no local se um crime estiver ocorrendo ou tiver aca-
bado de ocorrer, por exemplo. A segunda exceção per-
z Censura é a verificação da compatibilidade ou não mite a entrada no local para prestar socorro, como,
entre um pensamento que se pretende expressar por exemplo, no caso de o imóvel estar pegando fogo e
com as normas legais vigentes; ter alguém em seu interior. Por fim, é possível ingres-
z Licença é a exigência de autorização para que o sar na casa mediante autorização judicial, como, por
pensamento possa ser exteriorizado. exemplo, quando o juiz expede um mandado judicial
para busca de algum(a) objeto/pessoa no local.
Art. 5º [...] É importante consignar que, mesmo com autoriza-
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, ção judicial, o ingresso deve ocorrer apenas durante
a honra e a imagem das pessoas, assegurado o o dia, ou seja, durante o período noturno, dependerá
direito a indenização pelo dano material ou moral do consentimento do morador. Assim sendo, durante
decorrente de sua violação; o dia, exibindo-se o mandado judicial, a busca pode
ser realizada mesmo sem a concordância do morador,
O inciso X decorre do direito à vida e traz a pro- sendo possível, inclusive, o arrombamento de porta se
teção dos direitos de personalidade, ou seja, o direi- houver necessidade.
to à privacidade. Trata-se dos atributos morais que Atenção! O inciso III, do art. 22, da Lei nº 13.869,
devem ser preservados e respeitados por todos, uma de 2019, estabelece como dia o período compreendido
vez que a vida não deve ser protegida apenas em seus entre as 5h e 21h.
aspectos materiais.
Aqui, torna-se necessário explicar alguns termos: Art. 5º [...]
intimidade é o direito de estar só, ou seja, de não ser XII - é inviolável o sigilo da correspondência e
perturbado em sua vida particular; vida privada refe- das comunicações telegráficas, de dados e das
re-se ao relacionamento de um indivíduo com seus comunicações telefônicas, salvo, no último caso,
familiares e amigos, quer em seu lar quer em locais por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que
8
fechados; honra é o atributo pessoal que compreende a lei estabelecer para fins de investigação criminal
0
7-
tanto a autoestima (honra subjetiva) quanto a reputa- ou instrução processual penal;
8
ção de que goza a pessoa no meio social (honra objeti-
.5
va); imagem é a expressão exterior da pessoa, ou seja, A inviolabilidade das comunicações pessoais
46
seus aspectos físicos (imagem-retrato), bem como a está disciplinada no inciso XII e também decorre do
.1
exteriorização de sua personalidade no meio social direito à segurança. O dispositivo considera comuni-
40
(imagem-atributo). cações pessoais:
-1
a
Art. 5º [...]
lv
z As correspondências: comunicações recebidas
Si
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém em casa, como, por exemplo, as cartas, as contas,
nela podendo penetrar sem consentimento do
os
inciso XI, do art. 5º, e decorre do direito à segurança. plo, a compra de produtos online ou homebank;
an
O dispositivo traz a regra de que a casa é inviolável z As comunicações telefônicas: ligações feitas e
rn
e o ingresso nela deve ser feito com o consentimento recebidas por meio de telefone fixo ou móvel.
Fe
indivíduo.
das por meio de Skype, e-mail, WhatsApp, Messenger,
O conceito jurídico de casa está previsto nos §§ 4º e
entre outros.
5º, do art. 150, do Código Penal. Vejamos:
É importante mencionar que as violações de cor-
respondência e de comunicação telegráfica são cri-
Art. 150 (Código Penal) [...]
mes previstos no art. 151, do Código Penal, e na Lei nº
§ 4º A expressão «casa» compreende:
6.538, de 1978, a qual dispõe sobre os serviços postais.
I - qualquer compartimento habitado;
II - aposento ocupado de habitação coletiva; Cabe consignar, ainda, que a quebra das comuni-
III - compartimento não aberto ao público, onde cações telefônicas é admitida mediante autorização
alguém exerce profissão ou atividade. judicial (“salvo no último caso”) para fins de investiga-
§ 5º Não se compreendem na expressão «casa»: ção criminal ou instrução processual penal. Portanto,
I - hospedaria, estalagem ou qualquer outra habita- somente para fins penais.
ção coletiva, enquanto aberta, salvo a restrição do Atenção! Como não existe direito absoluto, é pos-
n.º II do parágrafo anterior; sível a quebra do sigilo das demais comunicações
II - taverna, casa de jogo e outras do mesmo gênero. mediante autorização judicial.
141
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Art. 5º [...] Art. 5º [...]
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofí- XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem
cio ou profissão, atendidas as qualificações profis- armas, em locais abertos ao público, indepen-
sionais que a lei estabelecer; dentemente de autorização, desde que não
frustrem outra reunião anteriormente convoca-
O direito de exercício de qualquer atividade da para o mesmo local, sendo apenas exigido pré-
profissional decorre do direito à liberdade. Trata-se vio aviso à autoridade competente;
da faculdade de escolher o trabalho que se pretende
exercer. No entanto, é necessário atender às qualifica- O inciso XVI traz outro desdobramento do direito
ções profissionais exigidas pela lei, como, por exem- à liberdade: o direito de reunião. Por reunião, enten-
plo, para ser médico, um dos requisitos é ter feito de-se o agrupamento organizado de pessoas de cará-
faculdade de Medicina em território nacional ou ter ter transitório e voltado para determinada finalidade.
sido aprovado em exame de revalidação no caso de Portanto, é preciso que o evento seja organizado e
faculdade estrangeira. preencha os seguintes requisitos: reunião pacífica e
Essa é uma norma constitucional de eficácia con- sem armas; fins lícitos; aviso prévio à autoridade com-
tida, ou seja, uma norma que produz todos os efeitos. petente e local aberto ao público.
No entanto, cabe destacar que uma norma infracons- O STF, quanto à “Marcha da Maconha”, entendeu
titucional (lei) pode conter o seu alcance ao fixar que a passeata é constitucional, assim, compatível
condições ou requisitos para o pleno exercício da pro- com o direito de reunião. Contudo, é inadmissível a
fissão, como, por exemplo, a regra de que, para advo-
incitação ao uso de entorpecentes.
gar, é necessária a aprovação no exame da Ordem dos
Atenção! Aviso prévio não se confunde com auto-
Advogados do Brasil.
rização. Para se reunir, é preciso, apenas, comunicar
à autoridade local, a fim de evitar, por exemplo, que,
Art. 5º [...]
XIV - é assegurado a todos o acesso à informação no mesmo local, dia e hora, coincidam agrupamentos
e resguardado o sigilo da fonte, quando necessá- de pessoas com posicionamentos distintos (exemplo:
rio ao exercício profissional; manifestações pró-aborto e contrária ao aborto).
8
que é um dos desdobramentos do direito à liberdade. XVII - é plena a liberdade de associação para fins
0
7-
O direito à informação possui tríplice alcance, por lícitos, vedada a de caráter paramilitar;
8
englobar o direito de informar, de se informar e de
.5
A liberdade de associação encontra-se disciplina-
46
ser informado.
da no inciso XVII. Diferentemente da reunião, a asso-
.1
40
ciação não possui caráter transitório. Portanto, se o
-1
Importante! caráter do agrupamento for permanente, tem-se uma
associação. É importante mencionar que tanto a reu-
a
A liberdade de informação jornalística está pre-
lv
nião como a associação devem possuir fins pacíficos.
Si
vista no § 1º, do art. 220, da CF, de 1988, e é No Brasil, é proibida a associação para fins ilícitos,
mais abrangente que a liberdade de imprensa,
os
funcionamento;
Art. 5º [...]
Ed
8
XXI - as entidades associativas, quando expressa- zação de uma atividade essencial do Estado;
0
mente autorizadas, têm legitimidade para repre-
7-
z Por utilidade pública: hipótese na qual o bem não
8
sentar seus filiados judicial ou extrajudicialmente; é imprescindível, mas é conveniente para a reali-
.5
zação de uma atividade estatal;
46
O inciso XXI é o último dispositivo que trata do z Por interesse social: hipótese na qual a desapro-
.1
direito de associação. Ele se refere à representação
40
priação é conveniente para o desenvolvimento da
do filiado pela associação, quer em âmbito judicial sociedade.
-1
quer em âmbito extrajudicial, isto é, ele se refere à a
legitimação da associação para atuar em nome dos
lv
Atenção! Não confundir com desapropriação
associados.
Si
caso das associações, para que estas atuem na condi- Pública) de 10 (dez) anos para bens urbanos e de 20
Sa
ção de representantes, é preciso autorização expressa (vinte) anos para bens rurais. Ainda, não confunda
s
dos filiados, não bastando que exista autorização em desapropriação com expropriação, que consiste na
do
estatuto. Assim sendo, só poderão atuar se devida- perda da propriedade no caso de cultivo de substân-
do
mente autorizadas pelos associados. cias entorpecentes ou de trabalho escravo. Nela, não
an
Art. 5º [...]
associação atua em nome próprio, defendendo direito XXV - no caso de iminente perigo público, a auto-
o
8
de intelectual, ou seja, a proteção legal e o reconheci- rência do falecimento (sucessão hereditária). Assim, o
0
patrimônio do de cujus transmite-se aos seus herdei-
7-
mento de autoria em produções. Existem três tipos de
8
propriedade intelectual, quais sejam: ros, os quais se sub-rogam nas relações jurídicas do
.5
falecido, tanto no ativo como no passivo, até os limites
46
z Propriedade industrial: criações que movimen- da herança.
.1
40
tam o mercado e são empregadas para manter a
-1
competitividade. Seu foco é voltado para a área
empresarial. São exemplos: as patentes, marcas, Importante! a
lv
desenhos, indicações geográficas, entre outros;
O direito de sucessão está regulado no Código
Si
Art. 5º [...]
isto é, aquelas que se encontram em um estado XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situa-
s
do
intermediário entre a propriedade industrial e dos no País será regulada pela lei brasileira em
os direitos autorais. Exemplos: a topografia dos benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sem-
do
circuitos integrados (mask works), a proteção de pre que não lhes seja mais favorável a lei pes-
an
Neste sentido, a CF, de 1988, garante aos autores o a sucessão envolva bens de estrangeiros situados no
ua
direito exclusivo de utilização, publicação ou repro- Brasil. Assim, a regra é que se aplica a lei brasileira
Ed
dução de suas obras, sendo esse direito transmitido sempre que esta beneficiar cônjuge ou filho brasilei-
aos herdeiros do autor (direitos sucessórios) pelo tem- ro. No entanto, caso a lei estrangeira (lei do país do
po que a lei fixar. de cujus) seja mais benéfica a estas pessoas, ela é que
será aplicada.
Art. 5º [...]
XXVIII - são assegurados, nos termos da lei:
Art. 5º [...]
a) a proteção às participações individuais em
XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a
obras coletivas e à reprodução da imagem e voz
defesa do consumidor;
humanas, inclusive nas atividades desportivas;
b) o direito de fiscalização do aproveitamento
econômico das obras que criarem ou de que parti- O inciso XXXII traz a proteção ao consumidor
ciparem aos criadores, aos intérpretes e às respecti- como um dos direitos e deveres individuais e coleti-
vas representações sindicais e associativas; vos. Como consequência, a defesa do consumidor será
promovida por meio do Estado. Vale lembrar que é
O inciso XXVIII também protege a propriedade a Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990, conheci-
intelectual. Deste modo, o dispositivo assegura a da como Código de Defesa do Consumidor (CDC), que
144 proteção de tais direitos ao indivíduo que participou estabelece as regras de proteção ao consumidor.
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Art. 5º [...] O princípio da inafastabilidade de jurisdição
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos ou do controle do Poder Judiciário está disciplina-
públicos informações de seu interesse particu- do no inciso XXXV. Tal princípio é um desdobramento
lar, ou de interesse coletivo ou geral, que serão do direito à segurança (garantias jurisdicionais). Esse
prestadas no prazo da lei, sob pena de responsa- princípio garante que todas as pessoas tenham acesso
bilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja
ao Poder Judiciário.
imprescindível à segurança da sociedade e do
Estado;
Art. 5º [...]
XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido,
O inciso XXXIII decorre do direito de informação.
o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;
Trata-se de assegurar aos indivíduos o conhecimento
de informações relativas à sua pessoa, quando cons-
O inciso XXXVI é, também, um desdobramento do
tantes de banco de dados de entidades governamen-
direito à segurança. Trata-se da garantia constitucio-
tais ou abertas ao público, bem como de informação
de interesse da coletividade. Aqui, vale mencionar nal de que as novas leis não retirem das pessoas os
que não óbice à divulgação da remuneração de ser- direitos que elas adquiriram por meio de lei antiga, de
vidor público. modo que as situações disciplinadas por uma norma
devem continuar protegidas por esta mesmo depois de
Art. 5º [...] sua revogação ou substituição por outra em três casos3:
XXXIV - são a todos assegurados, independente-
mente do pagamento de taxas: z Direito Adquirido: é o direito assegurado à pessoa
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em quando esta cumpriu todos os requisitos para a sua
defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso concessão pela norma anterior antes de ocorrer a
de poder; alteração legal. Exemplo: uma pessoa completou o
b) a obtenção de certidões em repartições públi- tempo de contribuição previsto pela lei para apo-
cas, para defesa de direitos e esclarecimento de sentar, mas optou por permanecer trabalhando. Se
situações de interesse pessoal;
nova lei alterar os requisitos para aposentadoria,
de modo a aumentar o tempo de contribuição, essa
O inciso XXXIV disciplina o direito de petição e o
pessoa não será prejudicada, pois adquiriu o direi-
8
direito de certidão. O dispositivo assegura aos indi-
0
to pela lei anterior.
7-
víduos o direito de formular pedidos para a Adminis-
8
tração Pública em defesa de seus direitos e, quando
.5
Atenção! Direito adquirido não se confunde com
46
cabível, de terceiros, bem como de formular reclama-
expectativa de direito. Se a pessoa não completou
ções contra atos ilegais e abusivos cometidos pelos
.1
todos os requisitos para a concessão do direito, ela
40
agentes do Estado. Assegura, ainda, o direito de plei-
não tem direito adquirido e, sim, expectativa de direi-
-1
tear, do Estado, documento expedido por este, que,
por possuir fé pública, é utilizado para comprovar a to. Exemplo: falta, para o indivíduo, um mês para que
a
se complete o tempo de contribuição previsto pela lei
lv
existência de um fato. Deste modo, assegura ao indi-
Si
víduo a obtenção de certidão para a defesa de direitos para se aposentar. Antes de preencher tal requisito,
a lei é alterada e o tempo majorado. Esta pessoa não
os
tarifa ou preço público). A função da gratuidade é não validamente sob a vigência de uma lei, mesmo que
an
obstar ou dificultar o exercício do direito, uma vez esta tenha sido posteriormente revogada ou modi-
rn
que pessoas sem recursos financeiros teriam dificul- ficada. Exemplo: adolescente que se casou antes
Fe
dades de exercer seu direito se este fosse condiciona- de ter completado a idade núbil nas hipóteses per-
o
8
garantia do julgamento pelo Tribunal do Júri em nalizar a conduta de racismo. Além disso, estabelece
0
7-
crimes dolosos contra a vida, ou seja, homicídio (art. a não concessão de fiança ao racismo (inafiançável)
8
e, ainda, que o ato pode ser julgado a qualquer tempo,
.5
121, CP), induzimento, instigação ou auxílio a suicídio
independentemente da data em que foi cometido, pois
46
ou à automutilação (art. 122, CP), infanticídio (art. 123,
não se sujeita ao decurso do tempo (imprescritível).
.1
CP) e aborto (arts. 124 a 128, CP); contudo, salienta-se
40
que lei ordinária poderá ampliar a competência do Vale lembrar, aqui, que a Lei nº 7.716, de 1989, é a Lei
-1
Tribunal do Júri, não havendo qualquer ofensa quan- do Racismo, e a Lei nº 12.288, de 2010, estabelece o
to ao disposto na CF. Estatuto da Igualdade Racial.
a
lv
Trata-se de direito do indivíduo de ser julgado por
Si
seus pares e, não, por um juízo de critério eminente- XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e
os
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defi- cabe fiança nem perdão, ou seja, graça, indulto e
Fe
na, nem pena sem prévia cominação legal; anistia. Embora o dispositivo não mencione o indulto,
ele também não é cabível nos crimes elencados.
o
rd
da lei penal (nullum crimen, nulla poena, sine lege) Dica: para lembrar dos crimes, memorize: T T T
Ed
8
previstas, impostas e executadas, em conformidade
0
7-
com as condições pessoais de cada réu. Para tanto, a
Dica
8
individualização deve operar-se em três fases distin-
.5
46
Para auxiliá-lo na memorização do conteúdo tas: legislativa, no momento em que elabora a norma;
judicial, no momento da dosimetria da pena; executi-
.1
dos últimos 3 incisos, leve em consideração o
40
seguinte mnemônico: RAAÇÃO 3TH. va, na execução penal.
-1
RA — racismo
Art. 5º [...]
a
AÇÃO — ação de grupos armados
lv
XLVII - não haverá penas:
3TH — tortura, tráfico, terrorismo, hediondos
Si
e) cruéis;
do
Imprescritíveis RAAÇÃO
Insuscetíveis de graça ou anistia 3TH
do
Art. 5º [...]
de determinadas penas. Assim, é vedada a pena de
rn
patrimônio transferido;
que estabelece, em determinados casos, a pena de
morte. Exemplo: traição (art. 355, CPM)5.
O princípio da intranscendência ou personali-
zação da pena está disciplinado no inciso XLV. Tra- Art. 5º [...]
ta-se da impossibilidade da pena ser aplicada a outra XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimen-
pessoa que não o delinquente, uma vez que somente tos distintos, de acordo com a natureza do deli-
o autor da infração penal pode ser responsabilizado. to, a idade e o sexo do apenado;
Com a morte do condenado, declara-se extinta a puni-
bilidade do crime. Assim, a pena não poderá ser cum- O inciso XLVIII traz um dos princípios relativos
prida, por exemplo, pelos familiares ou herdeiros do à execução da pena privativa de liberdade. Trata-
autor do crime se este houver falecido. -se da exigência de que o cumprimento da pena seja
4 Art. 15 (CPM) O tempo de guerra, para os efeitos da aplicação da lei penal militar, começa com a declaração ou o reconhecimento do estado
de guerra, ou com o decreto de mobilização se nele estiver compreendido aquele reconhecimento; e termina quando ordenada a cessação das
hostilidades.
5 Art. 355 Tomar o nacional armas contra o Brasil ou Estado aliado, ou prestar serviço nas forças armadas de nação em guerra contra o Brasil:
Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte anos, grau mínimo. 147
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feito de acordo com a natureza do crime, a idade e envolver ações ou omissões que prejudicam os inte-
o sexo do apenado. É por essa razão que os adoles- resses do país, do governo ou do sistema político.
centes ficam em estabelecimentos distintos dos adul- O crime político pode ser de dois tipos: próprio e
tos, assim como as mulheres permanecem em local impróprio. Crime político próprio é aquele capaz de
diverso dos homens. Esse dispositivo decorre tanto do ameaçar a ordem institucional ou o sistema vigente.
direito à segurança como do direito à vida. Já o crime político impróprio é aquele crime comum
quando conexo ao crime político, de modo a ter
Art. 5º [...] natureza comum, mas conotação político-ideológica,
XLIX - é assegurado aos presos o respeito à inte- como, por exemplo, a extorsão mediante sequestro
gridade física e moral; para obter fundos para determinado grupo político.
Ainda há o crime de opinião, que é aquele que se con-
O inciso XLIX estabelece outro princípio relativo figura com o abuso da liberdade de expressão ou de
à execução da pena privativa de liberdade: a pro-
pensamento, como, por exemplo, nos casos dos crimes
teção à integridade física e moral do preso. Busca-se,
contra a honra.
portanto, proteger os indivíduos da força do Estado.
Trata-se, também, de um dos desdobramentos do
Art. 5º [...]
direito à segurança, por envolver garantias proces-
LIII - ninguém será processado nem sentencia-
suais; e do direito à vida, por envolver a integridade
do senão pela autoridade competente;
do indivíduo.
O princípio do juiz natural ou do juiz competen-
Art. 5º [...]
L - às presidiárias serão asseguradas condições te encontra-se disciplinado no inciso LIII. Trata-se da
para que possam permanecer com seus filhos garantia de que nenhuma pessoa será processada ou
durante o período de amamentação; julgada por uma autoridade especialmente designada
para o caso. Deste modo, as regras de competência
O inciso L traz um princípio relativo à execução devem estar restabelecidas no ordenamento jurídico,
da pena privativa de liberdade. Trata-se do direito de forma a assegurar que o julgamento seja realizado
dos filhos de permanecerem com suas mães e serem por um juiz independente e imparcial.
amamentados por elas durante a execução da pena.
8
Vale destacar que o art. 89, da Lei nº 7.210, de 1984 Art. 5º [...]
0
7-
(Lei de Execução Penal), estabelece que a penitenciá- LIV - ninguém será privado da liberdade ou de
8
ria de mulheres terá uma seção para gestantes e par- seus bens sem o devido processo legal;
.5
46
turientes e uma creche para abrigar crianças entre 6
O princípio do devido processo legal está disci-
.1
(seis) meses e 7 (sete) anos.
40
plinado no inciso LIV. Trata-se do desdobramento do
-1
Art. 5º [...] direito à segurança, de modo a garantir que os indi-
LI - nenhum brasileiro será extraditado, sal- víduos não sejam presos nem percam seus bens por
a
lv
vo o naturalizado, em caso de crime comum, atuação arbitrária do poder do Estado. Assim sendo,
Si
praticado antes da naturalização, ou de com- deverá existir um processo com todas as etapas pre-
provado envolvimento em tráfico ilícito de
os
sível de nulidade.
A proibição de extradição de brasileiro encon-
s
Art. 5º [...]
medida de cooperação internacional em que um Esta- LV - aos litigantes, em processo judicial ou admi-
do
do entrega a outro Estado, a pedido deste, indivíduo nistrativo, e aos acusados em geral são assegu-
an
que deva responder a processo penal ou cumprir rados o contraditório e ampla defesa, com os
rn
pena. De acordo com a Norma Constitucional, o Brasil meios e recursos a ela inerentes;
Fe
É possível, no entanto, a entrega de brasileiro ampla defesa. Tal princípio objetiva garantir a igual-
ua
8
tação telefônica sem autorização judicial; privada subsidiária à ação penal pública. Assim,
0
7-
z Prova ilegítima é aquela que viola direito proces- nos casos em que o representante do Ministério Públi-
8
.5
sual. Exemplo: confissão do acusado em juízo sem co não ofereceu a denúncia, não requereu diligências
46
a presença do advogado. ou não ordenou o arquivamento do Inquérito Policial,
.1
no prazo legal, admite-se o oferecimento da queixa
40
O Supremo Tribunal Federal, adequadamente, crime.
-1
adotou, por maioria de votos, a denominada teoria A CF, de 1988, não estabeleceu hipótese de restri-
a
fruits of poisonous tree (frutos da árvore envenenada). ção quanto à aplicação da ação penal privada subsi-
lv
São nulas tanto as provas produzidas de forma ilícita diária da pública nos processos relativos aos delitos
Si
como também as derivadas (surgidas em decorrência previstos na legislação especial, como, por exemplo,
os
da prova ilícita), ainda que obtidas de forma regular. nas ações em que se apuram crimes eleitorais.
nt
O inciso LVII traz o princípio da presunção de ino- casos, tais como ações de divórcio, guarda, entre
o
rd
cência ou da presunção de culpabilidade. Assim, antes outros, essa publicidade é restrita às partes e seus pro-
ua
6 Art. 3º (Lei nº 12.037, de 2009) Embora apresentado documento de identificação, poderá ocorrer identificação criminal quando: I - o docu-
mento apresentar rasura ou tiver indício de falsificação; II - o documento apresentado for insuficiente para identificar cabalmente o indiciado;
III - o indiciado portar documentos de identidade distintos, com informações conflitantes entre si; IV - a identificação criminal for essencial às
investigações policiais, segundo despacho da autoridade judiciária competente, que decidirá de ofício ou mediante representação da autorida-
de policial, do Ministério Público ou da defesa; V - constar de registros policiais o uso de outros nomes ou diferentes qualificações; VI - o esta-
do de conservação ou a distância temporal ou da localidade da expedição do documento apresentado impossibilite a completa identificação dos
caracteres essenciais. Parágrafo único. As cópias dos documentos apresentados deverão ser juntadas aos autos do inquérito, ou outra forma
de investigação, ainda que consideradas insuficientes para identificar o indiciado. 149
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Importante! A CF, de 1988, não fixa o prazo da comunicação,
porém o art. 306, do Código de Processo Penal, estabe-
A restrição da publicidade é popularmente lece que a comunicação será imediata e os autos reme-
conhecida como segredo de Justiça. tidos em até 24 (vinte e quatro) horas após a prisão.
Além da comunicação ao juiz, a CF, de 1988, prevê a
comunicação à família do preso ou pessoa por ele indi-
Art. 5º [...]
cada, com o escopo não só de dar notícia de seu para-
LXI - ninguém será preso senão em flagrante
deiro, como também de prestar-lhe a assistência devida.
delito ou por ordem escrita e fundamentada de
autoridade judiciária competente, salvo nos casos
Art. 5º [...]
de transgressão militar ou crime propriamen-
LXIII - o preso será informado de seus direitos,
te militar, definidos em lei;
entre os quais o de permanecer calado, sendo-
-lhe assegurada a assistência da família e de
Pelo inciso LXI, depreende-se que a liberdade é a advogado;
regra e a prisão é a exceção. Por essa razão, o dispo-
sitivo fixa as hipóteses em que o indivíduo será preso. Considerando que a liberdade é a regra e a sua
Assim, a CF, de 1988, protege os indivíduos da força do restrição só é legítima quando efetuada nos estritos
Estado, uma vez que veda a prisão arbitrária ou abu- limites legais, o inciso LXIII estabelece que o preso
siva e estabelece que a restrição da liberdade só será em flagrante deve ser comunicado dos seus direitos.
legítima quando respeitados os parâmetros legais. Entre esses direitos, encontra-se o de permanecer em
Trata-se de um dos desdobramentos do direito à segu- silêncio.
rança, por envolver garantias processuais. O silêncio do preso é apenas silêncio e não poderá
Em termos de processo penal, existem dois tipos ser utilizado de forma contrária. O acusado não é obri-
de prisão. A prisão pena que é aquela decorrente de gado a produzir provas contra si mesmo. Ao se calar,
sentença penal condenatória transitada em julgado, esse silêncio não pode ser considerado como prova.
ou seja, o processo foi finalizado, a pessoa condena- Além disso, o dispositivo também estabelece a
da e não cabe mais recurso, ingressando na fase de assistência da família e do advogado, garantindo tan-
execução penal. Além disso, há a prisão processual, to o apoio pessoal como a assistência técnica que lhe
que tem função acautelatória e é aquela que ocorre é devida.
0 8
durante a fase de investigação, instrução e antes do
7-
julgamento definitivo, como a prisão em flagrante, a Art. 5º [...]
8
.5
prisão temporária e a prisão preventiva. LXIV - o preso tem direito à identificação dos
46
Portanto, durante o curso do processo, o indiví- responsáveis por sua prisão ou por seu interro-
.1
duo somente será preso se estiver em flagrante delito gatório policial;
40
(estiver cometendo o delito, acabou de cometê-lo, foi
-1
perseguido logo após ou foi encontrado logo depois, O inciso LXIV também decorre do direito à segu-
a
com algo que faça presumir ser o autor da infração)7 rança, uma vez que busca prevenir a prisão arbitrária.
lv
Assim, é assegurada ao indivíduo a identificação dos
Si
Observa-se, ainda, que o inciso traz exceções, quais vez que lhe é garantido questionar a competência ou
nt
direitos humanos.
estas estão previstas nos regulamentos disciplinares,
do
Art. 5º [...]
A elas é aplicado procedimento de apuração especí- LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxa-
an
no Código Penal Militar, porém esse diploma não defi- O inciso LXV traz mais um dos desdobramentos
ne quais são os crimes propriamente militares.
o
Art. 5º [...] prisão foi ilegal, ele deverá colocar o preso em liber-
Ed
LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se dade de forma imediata e sem condições. Exemplo: o
encontre serão comunicados imediatamente ao indivíduo foi preso em flagrante, porém não se enqua-
juiz competente e à família do preso ou à pessoa drava nas hipóteses de flagrância do art. 302, do CPP.
por ele indicada;
Relaxa-se prisão ilegal e revoga-se as demais pri-
sões cautelares, uma vez que estas necessitam de
Como a prisão em flagrante é a única modalida- requisitos para serem decretadas e não estão estes
de de prisão acautelatória que não conta com ordem presentes. O magistrado deve revogar a prisão ou
judicial prévia, visto que é imposta no momento em substituí-la por medidas cautelares diversas.
que a infração penal é praticada ou em momentos
após, faz-se necessária sua comunicação imediata ao Art. 5º [...]
juiz, para que este possa efetuar o controle de legali- LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela
dade da prisão. mantido, quando a lei admitir a liberdade provi-
sória, com ou sem fiança;
7 Art. 302 (CPP) Considera-se em flagrante delito quem: I -está cometendo a infração penal; II - acaba de cometê-la; III - é perseguido, logo após,
pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração; IV - é encontrado, logo depois, com
150 instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da infração.
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O inciso LXVI reforça que a regra é a liberdade e Não cabe HC nos seguintes casos:
sua supressão é apenas medida excepcional e somen-
te deve ser decretada nos casos em que a norma z Perda de patente;
autorizar. z Perda de cargo;
z Pena de multa;
Art. 5º [...] z Bens apreendidos (Obs.: no caso do passaporte, o
LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo STJ diz que caberá o HC. Já o STF diz que não cabe);
a do responsável pelo inadimplemento voluntário z Pena extinta.
e inescusável de obrigação alimentícia e a do
depositário infiel; De acordo com o § 2º, do art. 142, não caberá habeas
corpus em relação a punições disciplinares militares.
O inciso LXVII trata da prisão civil por dívida. Além dos militares das Forças Armadas, essa dispo-
Considera-se prisão civil a medida privativa da liber- sição é estendida aos membros das Polícias Militares
dade que não possui caráter de pena e que tem como e dos Corpos de Bombeiros Militares (art. 42, CF, de
finalidade compelir o devedor a satisfazer uma obri- 1988).
gação. Atualmente, a única hipótese de prisão por No entanto, é cabível o HC se a sanção militar tiver
dívidas é a de caráter alimentar, ou seja, o indivíduo sido aplicada de forma ilegal por autoridade incompe-
deixou de pagar a pensão alimentícia devida. tente ou em desacordo com as formalidades legais ou
Por se tratar de uma norma constitucional de efi- além dos limites fixados em lei.
cácia contida, a prisão do depositário infiel, prevista
na CF, de 1988, embora constitucional, tornou-se ilíci- Art. 5º [...]
ta em razão das seguintes Súmulas: LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para
proteger direito líquido e certo, não amparado
Súmula Vinculante nº 25 (STF) É ilícita a prisão por habeas-corpus ou habeas-data, quando o
civil de depositário infiel, qualquer que seja a moda- responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for
lidade do depósito. autoridade pública ou agente de pessoa jurídi-
ca no exercício de atribuições do Poder Público;
Súmula nº 419 (STJ) Descabe a prisão civil do
depositário judicial infiel. O inciso LXIX traz outro remédio constitucional: o
08
mandado de segurança (MS). Se o HC tutela a liber-
7-
Art. 5º [...] dade de locomoção e o habeas data, o acesso e a retifi-
8
.5
cação de dados, o MS é cabível para os demais direitos,
46
LXVIII - conceder-se-á habeas-corpus sempre que sendo que seu objetivo e alcance é feito por exclusão.
.1
alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer Cabe destacar que a lei que disciplina o MS é a Lei nº
40
violência ou coação em sua liberdade de loco- 12.016, de 2009.
-1
moção, por ilegalidade ou abuso de poder; O MS é cabível quando houver direito líquido e
a
certo, ou seja, direito que pode ser comprovado de
lv
O inciso LXVIII traz um dos remédios constitucio- plano e que se apresenta de forma manifesta. Deste
Si
nais: o habeas corpus (HC). Remédios constitucio- modo, a prova deve ser toda pré-constituída, sendo
os
nais são as ações constitucionais previstas na própria que os documentos comprobatórios do direito devem
nt
Constituição com a finalidade de reclamar o restabele- acompanhar a própria petição inicial, salvo se estes
Sa
utilizado para a tutela da liberdade de locomoção temente, no MS, não há fase instrutória
sempre que alguém estiver sofrendo ou na iminência
do
e vir. Tal ação pode ser utilizada tanto em questões z Mandado de segurança repressivo, cuja ordem
rn
penais como em questões civis, desde que haja cons- de segurança objetiva cessar constrangimento ile-
Fe
e vir. Exemplo: prisão por débitos alimentares. z Mandado de segurança preventivo, cuja ordem
rd
Existem três modalidades de HC, quais sejam: de segurança busca pôr fim à iminência de cons-
ua
8
as informações solicitadas digam respeito ao próprio
0
indivíduo. Além disso, o HD não é instrumento jurídi-
7-
Art. 5º [...]
8
LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sem- co adequado para se ter acesso aos autos do processo
.5
administrativo disciplinar (PAD).
46
pre que a falta de norma regulamentadora tor-
ne inviável o exercício dos direitos e liberdades
.1
Art. 5º [...]
40
constitucionais e das prerrogativas inerentes à
nacionalidade, à soberania e à cidadania; LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para
-1
propor ação popular que vise a anular ato lesi-
a
O inciso LXXI traz o mandado de injunção (MI), vo ao patrimônio público ou de entidade de que o
lv
rania e à cidadania, os quais não podem ser exercidos e cultural, ficando o autor, salvo comprovada
nt
em razão da falta de norma regulamentadora. Portan- má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da
Sa
sucumbência;
to, são pressupostos para o MI:
s
do
z Existência de um direito constitucionalmente pre- O inciso LXXIII traz outro remédio constitucional:
do
visto com relação à nacionalidade, soberania e a ação popular. Trata-se da ação constitucional colo-
cada à disposição de qualquer cidadão para fiscalizar
an
cidadania;
o Poder Público. Cabe esclarecer que cidadão é aque-
rn
na CF, de 1988.
Atenção! Não há necessidade de os menores de 18
ua
8
pobres, na forma da lei:
0
7-
a) o registro civil de nascimento; O § 2º estabelece que o rol de direitos e deveres
8
b) a certidão de óbito; disposto no art. 5º é exemplificativo e não taxativo.
.5
Portanto, podem existir outros direitos em outros dis-
46
Ao garantir a gratuidade das certidões de nasci- positivos da CF, de 1988, em outros diplomas legais,
.1
40
mento e óbito, a CF, de 1988, assegura que as pessoas em tratados internacionais, entre outros.
-1
possam ser registradas e possam usufruir dos direitos
personalíssimos decorrentes, como, por exemplo, os Art. 5º [...]
a
lv
direitos de possuir um nome, de poder ser matriculado § 3º Os tratados e convenções internacionais
Si
em uma escola, entre outros. Assim, a CF, de 1988, garan- sobre direitos humanos que forem aprovados,
os
te que a falta de recursos financeiros não seja considera- em cada Casa do Congresso Nacional, em dois
turnos, por três quintos dos votos dos respec-
nt
constitucionais.
Art. 5º [...]
s
do
O inciso LXXVII trata da gratuidade dos remédios após a sua celebração e assinatura pelo Presidente da
Fe
constitucionais de habeas corpus e habeas data. A República, passa por referendo parlamentar para sua
incorporação. Assim, o Poder Legislativo o aprova,
o
as pessoas a esses remédios constitucionais. por meio de um Decreto Legislativo, e o remete ao Pre-
ua
8
ra pareça simples, exige que se faça uma análise his-
0
internacional.
7-
tórica para compreensão de como surgiu a definição.
8
Embora todos saibam mencionar quais são estes direi-
.5
tos, há que se entender como se chegou a um conceito.
46
Como dito, o conceito de direitos humanos foi NOÇÕES GERAIS, DIFERENÇAS E CONVERGÊNCIAS
.1
construído ao longo dos tempos, razão pela qual se DAS TRÊS VERTENTES JURÍDICAS DOS DIREITOS
40
torna necessário abordar alguns aspectos referentes HUMANOS NO PLANO INTERNACIONAL
-1
à sua evolução histórica.
À princípio, é possível dizer que os direitos huma-
a
As vertentes constituem uma divisão dos direitos
lv
nos, tamanha sua importância, decorrem da dignida- humanos relacionada ao âmbito de proteção preten-
Si
direitos humanos decorreu do período pós II Guerra tes: direito internacional dos direitos humanos; direi-
s
Mundial. Tal evento de total relevância para a história to humanitário e o direito dos refugiados.
do
mundial, encerrou-se em setembro de 1945. Segue abaixo uma tabela importante para sua
do
Em decorrência deste fato histórico, em 24 de memorização, em que são demonstradas as três ver-
outubro de 1945 foi criada a Organização das Nações
an
ção da paz em todo o mundo e a proteção dos Estados, Garantir a todos as pessoas in-
rd
8
respeitados, independentemente de sua raça, origem, Humanos. Coleção Concursos Públicos, p. 89).
0
7-
nacionalidade, religião ou convicções políticas. Ou
8
Desta forma, são reconhecidas como três as gera-
.5
seja, a pessoa em situação de refugiada não poderá
46
ser vítima de qualquer discriminação. Por outro lado, ções ou dimensões dos direitos humanos. Ao final,
.1
o refugiado deverá respeitar às leis do país em que atente-se para um esquema que deixo para facilitar
40
ingressou. seus estudos sobre as gerações e suas características.
-1
Porém, esta Convenção mostrou-se deficiente, pois A primeira delas é caracterizada como a dimen-
são dos direitos individuais. O contexto histórico
a
trazia limitações aos refugiados de determinados paí-
lv
ses, destinando-se primordialmente àqueles que pro- desta dimensão decorre do período pós-Revolução
Si
ocorridos antes de 1º de janeiro de 1951. Assim, tratam-se dos direitos que reconhecem ao
nt
Assim, como forma de afastar esta lacuna, que cer- indivíduo, a liberdade para poder agir e viver con-
Sa
tamente gerava discriminações aos refugiados e afas- forme suas convicções e poder manifestar-se, sem a
s
um Protocolo adicional ao Estatuto, que passou Portanto, aqui consagra-se o valor da liberdade.
do
então a proteger de forma ampla aqueles que preci- Na Constituição Federal Brasileira, mais especifica-
an
saram sair de seus territórios em virtude de conflitos mente no art. 5°, a liberdade é definida como indis-
pensável ao indivíduo, como por exemplo:
rn
armados.
Fe
8
igualdade
0
Direitos Direitos o direito, mas jamais dele
7-
Direitos sociais
abrir mão
8
individuais coletivos
.5
46
Ainda como consequência
Após um período em que as pessoas passaram
.1
da característica acima,
40
a viver em busca de seus anseios, sem uma preocu- o titular de um direito fun-
pação com o ambiente que lhes cercava, tornou-se
-1
damental também não po-
necessidade urgente voltar-se para o meio ambiente INALIENABILIDADE
a derá aliená-lo, ou seja, não
que sofreu grandes degradações, bem como buscar a
lv
pode realizar qualquer tipo
Si
paz depois de terem passado por duas guerras mun- de transação abrindo mão
diais, especialmente pela devastação que decorreu da
os
conteúdo econômico
Apenas à título ilustrativo, para complementar
Sa
seus estudos, alguns doutrinadores da área dos direi- Esses direitos são impres-
s
geração ou dimensão, que estaria relacionada à glo- qualquer tempo, aquele que
do
8
Mostra-se necessário verificar a relação entre os
0
direitos humanos e a cidadania, sendo que ambos
7-
Até então, o que vigorava em relação aos trata-
8
dos era o § 2º, do art. 5º, da Constituição Federal, que devem caminhar de forma harmônica e conjunta. A
.5
cidadania é um dos fundamentos da República Fede-
46
determina o seguinte:
rativa do Brasil, assim como a dignidade da pessoa
.1
humana. Está assim prevista no inciso II, do art. 1º, da
40
Art. 5º [...]
Constituição Federal.
-1
§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta Cons-
tituição não excluem outros decorrentes do regime Mas, afinal, o que é cidadania? Sua origem históri-
a
ca remonta à Grécia Antiga. Tratava-se do reconheci-
lv
e dos princípios por ele adotados, ou dos tratados
Si
internacionais em que a República Federativa do mento atribuído àqueles detentores de direitos e que
participavam das decisões políticas da polis (palavra
os
status de uma norma constitucional ou infraconstitu- bém é atribuído às Revoluções Inglesas, no século
an
cional, ou seja, que não está prevista no texto constitu- XVII, e à Revolução Francesa, no ano de 1789. Trata-se
rn
cional. Entretanto, após a emenda acima mencionada, do reconhecimento do indivíduo como membro inte-
Fe
mites das emendas constitucionais, gozam desse status. O exercício da cidadania, portanto, é a vivência
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
Ed
Nesse sentido, é importante mencionar a conclu- experimentada por todos nós, cumprindo deveres de
são de Ricardo Castilho: respeito às leis e ao próximo, bem como a exigência
de ver nossos direitos efetivados e de participar dos
Em síntese, os tratados internacionais de direitos rumos do país por meio de seus direitos políticos.
humanos, por força do art. 5º, § 2º, possuirão sem- No Brasil, a cidadania apareceu de forma muito
pre status jurídico de norma constitucional. São tímida ao prever o direito de voto universal na Cons-
materialmente constitucionais, não importando se tituição de 1891 — embora com exceções àqueles que
foram ratificados antes ou depois da Emenda Cons- de fato podiam votar — e na de 1934, que trouxe o
titucional n. 45. A inovação trazida pelo § 3º do direito de voto à mulher.
dispositivo mencionado diz respeito apenas à pos- Porém, é de fato pela Constituição Federal (CF) de
sibilidade de atribuição de um status formalmente 1988 que a cidadania passou a ser efetivamente um
constitucional aos tratados, visto que equiparados valor prezado pelo ordenamento jurídico. Ela defi-
em sua formação às emendas constitucionais.9 ne que o Brasil constitui um Estado Democrático de
Direito. Em razão disso, o parágrafo único, do art. 1º,
da CF, define o seguinte:
9 CASTILHO, R. Direitos Humanos. Sinopses Jurídicas. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2015. 157
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qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Art. 1º [...] É necessário verificar as particularidades e des-
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que dobramentos de alguns destes direitos e garantias
exerce por meio de representantes eleitos ou direta- fundamentais.
mente, nos termos desta Constituição.
z Direito à vida: é possível dizer que o direito à vida
Portanto, se o poder emana do povo, resta claro garante à pessoa o direito de preservação de sua
que, por ser detentor desse poder, cabe a cada um dos vida, bem como o de poder viver de forma digna.
brasileiros o exercício da cidadania. Ou seja, deverá Como desdobramento desse direito, é possível
fazer valer seus direitos, bem como deve agir diaria- mencionar a vedação à pena de morte, exceto em
mente de forma comprometida com sua nação. situação de guerra declarada.
É possível dizer, então, que a relação entre direitos
humanos e cidadania ocorre quando a pessoa age em Inclusive, importa frisar que, por se tratar de uma
observância às leis do país em que vive e também bus- decorrência do direito à vida, referida proibição cons-
ca que seus direitos sejam cumpridos. titui cláusula pétrea, ou seja, assim como os demais
O cidadão é assim definido como aquele que pro- direitos e garantias fundamentais, não poderá ser
tege o meio ambiente em que vive e também exige de objeto de alteração ou supressão.
seus governantes a efetivação de políticas públicas
Além disso, em razão desse direito, é garantido a
por meio de medidas práticas que protejam reservas
todos viver de forma digna, ou seja, ter acesso a ser-
ambientais, promovam a limpeza de rios, proteção da
viços de saúde, saneamento básico, medicamentos
fauna e da flora, por exemplo.
e também a garantia de um valor mínimo para sua
A cidadania também é exercida quando a popula-
sobrevivência (como o benefício decorrente da Lei
ção exerce seu direito ao voto para a escolha dos seus
Orgânica da Assistência Social, conhecido popular-
governantes, e também quando sai às ruas em mani-
mente como LOAS).
festações pacíficas contra corrupção.
Também se relaciona ao direito à vida a previsão
Percebe-se, portanto, que o exercício da cidada-
do aborto como um crime. Assim, é certo que, com
nia está intimamente ligado aos direitos humanos. É
exceção dos casos previstos no Código Penal, a inter-
o meio pelo qual a pessoa dispõe para fazer com que
rupção de uma gestação é considerada um crime. Há
seus direitos fundamentais sejam observados. O cida-
grande controvérsia em torno do assunto atualmente.
dão, portanto, é o sujeito que goza de direitos políticos
8
Porém, a previsão do aborto como uma conduta cri-
0
no Estado em que vive.
7-
minosa decorre do direito ora estudado;
Como visto, a cidadania é um dos fundamentos da
8
.5
República. Dessa forma, todo aquele que vive em territó-
46
rio brasileiro tem assegurada sua cidadania. Já vimos a z Preservação da integridade física e moral (hon-
.1
origem dela e também como pode ser, de fato, exercida. ra, imagem, nome, intimidade e vida privada):
40
Quando falamos em direitos da cidadania, podemos o inciso X, do art. 5º, da Constituição Federal, pre-
-1
falar nos direitos fundamentais previstos na Constitui- ceitua o seguinte: a
ção Federal e já mencionados, como o direito à igual-
lv
dade, à manifestação do pensamento, à liberdade de Art. 5º [...]
Si
respeito às leis e também ao próximo. Isso porque, ser indenizado pelo dano material ou moral decorren-
Fe
para que uma pessoa faça parte de uma nação como te de sua violação.
o
um cidadão, deverá também respeitar os demais, não Assim, aquele que tenha sua honra, imagem, nome,
rd
agindo de forma que sua liberdade possa tolher a dos intimidade e vida privada expostos de qualquer for-
ua
outros. A cidadania é um fundamento da República ma, sem que tenha havido sua autorização para tanto,
Ed
8
razão de uma desigualdade em relação aos demais
0
7-
ocasionada pela deficiência, aquele que pleitear uma
Trata-se da igualdade formal, ou seja, a garantia,
8
vaga em concurso público deverá concorrer conforme
.5
prevista na lei (Constituição Federal) de que todas as suas condições.
46
pessoas, independentemente de raça, gênero ou qual- Diante disso, verifica-se que a igualdade está pre-
.1
quer outra característica física ou comportamental, sente ainda que em situações que aparentam uma
40
são iguais, tendo os mesmos direitos e garantias asse- possível desigualdade, pois, em verdade, deve ser
-1
gurados pela Constituição Federal. observado todo o contexto ao redor desses direitos, de
a
Porém, a igualdade também é analisada sobre forma a garantir efetivamente que todos sejam trata-
lv
outro aspecto: o material. Por igualdade material,
Si
iguais, mas podem ser tratados de forma desigual O direito à liberdade, previsto no art. 5º, manifes-
do
quando houver uma desigualdade que isso justifique. ta-se em diversos pontos da Constituição Federal, e
A Constituição Federal traz alguns exemplos de situa-
an
Percebe-se assim que, embora esses sejam exem- Pela liberdade de locomoção:
plos de possíveis direitos desiguais, eles se justificam
em razão da desigualdade que envolve os detentores Art. 5º [...]
dos direitos. XV - é livre a locomoção no território nacional em
Também podemos falar sobre o direito à igualdade tempos de paz, podendo qualquer pessoa, nos ter-
no tocante às cotas previstas para ingresso nas uni- mos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair
versidades. Atualmente, os vestibulares para ingresso com seus bens.
nas universidades estabelecem cotas específicas para
pessoas egressas do ensino público. Justifica-se por- Assim, em decorrência da liberdade, também é
que, ao longo dos tempos, verificou-se que os alunos garantido pela Constituição Federal que todos vivam
que frequentaram escolas de ensino público apresen- conforme suas convicções, seguindo a crença religiosa
taram maiores dificuldades para ingresso em univer- que melhor lhe convier, bem como tendo respeitado
sidades públicas do que aqueles que frequentaram o seu pensamento em relação à política ou convicções
ensino privado. Além disso, hoje também é comum que filosóficas. Isso está previsto no inciso VIII, do art. 5º:
existam cotas nos editais de concursos públicos para
negros. Isso se justifica porque os negros, em virtude 159
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Art. 5º [...] z Direito à propriedade: o direito à propriedade,
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo embora previsto na Constituição Federal, não é
de crença religiosa ou convicção filosófica ou políti- absoluto, em primeiro lugar, porque o direito está
ca, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação condicionado ao atendimento da função social.
legal a todos imposta e recusar-se a cumprir pres-
tação alternativa, fixada em lei. A Constituição Federal, em dois dispositivos —§ 2º,
art. 182, e art. 186 —, fala sobre o tema:
Assim, é certo que cabe a cada indivíduo fazer
suas escolhas de vida e manter seus pensamentos, não Art. 182 A política de desenvolvimento urbano,
podendo o Estado criar qualquer óbice ou punir aque- executada pelo Poder Público municipal, confor-
les que pensem de forma diversa. me diretrizes gerais fixadas em lei, tem por obje-
Também merece ser mencionado o inciso IV do tivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções
mesmo artigo: sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus
habitantes. [...]
§ 2º A propriedade urbana cumpre sua função
Art. 5º [...]
social quando atende às exigências fundamentais
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo
da ordenação da cidade expressas no plano diretor.
vedado o anonimato.
Art. 186 A função social é cumprida quando a pro-
priedade rural atende, simultaneamente, segundo
E, ainda, o inciso IX: critérios e graus de exigência estabelecidos em lei,
aos seguintes requisitos:
Art. 5º [...] I- aproveitamento racional e adequado;
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, II- utilização adequada dos recursos naturais dis-
artística, científica e de comunicação, independen- poníveis e preservação do meio ambiente;
temente de censura ou licença; III- observância das disposições que regulam as
relações de trabalho;
Assim, também decorrem da liberdade o direito de IV- exploração que favoreça o bem-estar dos pro-
manifestação do pensamento e de qualquer atividade prietários e dos trabalhadores.
intelectual, artística, científica e de comunicação. Por-
8
tanto, não pode ser estabelecida qualquer forma de Segundo previsto nesses dois dispositivos, em rela-
0
7-
censura pelo Poder Público. Ademais, todos os indiví- ção à propriedade urbana, a função social é cumprida
8
quando as exigências de ordenação da cidade cons-
.5
duos podem expor sua atividade intelectual ou artísti-
46
ca de forma livre, sem necessitar de eventual aval dos tantes no plano diretor estiverem sendo observadas.
Quanto à propriedade rural, a função social será
.1
governantes. Destaca-se que é em razão disso que são
40
livres quaisquer manifestações. preenchida quando os seguintes requisitos estiverem
-1
Ainda sobre o direito à liberdade, cabe mencionar, sendo cumpridos: aproveitamento racional e adequa-
do da área; utilização adequada dos recursos naturais
a
ainda que brevemente, um fato notório ocorrido há
lv
disponíveis e preservação do meio ambiente; obser-
pouco tempo. Atente-se, pois há grande chance deste
Si
que expunham fatos desconhecidos pelas pessoas ou de-se por função social, como visto acima, no caso da
an
mesmo situações que poderiam causar-lhes constran- propriedade urbana, que sejam atendidas e respeita-
rn
Contudo, a Corte entendeu que eles não tinham plano diretor é um documento que deve ser elaborado
razão pois, ao necessitar de autorização para a publi-
o
cação das biografias, os escritores teriam violado seu No caso da propriedade rural, para que seja efe-
ua
direito à liberdade de manifestação e à liberdade inte- tivamente aproveitada, é necessário que sejam uti-
Ed
8
no: presidencialismo ou parlamentarismo. Prevale-
0
Art. 196 Constituição Federal. A saúde é direito de
7-
todos e dever do Estado, garantido mediante polí- ceu que a forma deveria ser mantida como república
8
e o sistema, presidencialista.
.5
ticas sociais e econômicas que visem à redução do
46
risco de doença e de outros agravos e ao acesso Já, como exemplo de referendo, temos o ocorrido em
.1
universal e igualitário às ações e serviços para sua 23 de outubro de 2005, quando a população foi instada
40
promoção, proteção e recuperação. a posicionar-se sobre a seguinte questão: “O comércio
-1
de armas de fogo e munição deve ser proibido no Bra-
sil?”. Importa destacar que estava vigente desde 2003 o
a
Ou seja, a obrigação do Estado com a população,
lv
em princípio, é de manter políticas públicas que Estatuto do Desarmamento, no qual já havia sido proi-
Si
previnam e protejam de doenças. Em um segundo bido o comércio de armas de fogo e munições. Contudo,
os
momento, se a pessoa já apresenta uma doença, cabe havia previsão legal de que, para entrar em vigor, seria
nt
ao Estado prestar-lhe atendimento médico e fornecer necessária a ratificação da população por meio de um
Sa
medicamentos para a recuperação de sua saúde. referendo, podendo, é claro, também rejeitar o disposi-
tivo que, então, não vigoraria.
s
universais. Portanto, caberá ao Poder Público imple- A maioria dos cidadãos votou pela ratificação do dis-
positivo, respondendo “não” à questão formulada men-
do
dade econômica, poderá buscar atendimento hospi- proibia o comércio de armas de fogo e munições no Brasil.
rn
talar público ou mesmo matricular-se em uma escola Outro direito político que deve ser mencionado é a
Fe
8
do brasileiro, desde que tenha residência permanente
0
Pedro Lenza (2019),
7-
no Brasil e se houver reciprocidade de Portugal em
8
relação aos brasileiros, ou seja, se no país europeu o
.5
[...] pode ser definida como o vínculo jurídico-polí- brasileiro gozar do mesmo privilégio.
46
tico que liga um indivíduo a determinado Estado, O § 4º, do art. 12, define que o brasileiro perderá a
.1
fazendo com que esse indivíduo passe a integrar o nacionalidade nas seguintes situações:
40
povo daquele Estado e, por consequência, desfrute
-1
de direitos e submeta-se a obrigações.10 z O inciso I traz a situação daquele que tiver cance-
a
lada sua naturalização por sentença judicial moti-
lv
Si
Diante disso, temos que um sujeito pode ser bra- vada por atividade nociva ao interesse nacional;
sileiro nato ou naturalizado. O brasileiro nato,
os
Constituição Federal, é qualquer pessoa cujo nasci- houver o reconhecimento de nacionalidade origi-
Sa
mento ocorreu em território brasileiro. Assim, perce- nária (brasileira) pela lei estrangeira ou, ainda, se a
s
be-se que a regra adotada no país é do jus solis. pessoa tiver que se naturalizar, em virtude de nor-
do
É necessário ressalvar, porém, o caso da pessoa ma estrangeira, como condição para permanência
do
que nasceu no Brasil, mas é filha de pais estrangeiros em seu território ou exercício de direitos civis.
an
será brasileiro. Isso porque a Constituição Federal, Finalmente, é necessário dizer que a lei não pode-
Fe
ainda na alínea “a”, inciso I, art. 12, é clara ao dizer rá fazer qualquer distinção entre o brasileiro nato e
o naturalizado. A Constituição Federal, no § 2º, do art.
o
aqui, mesmo filho de estrangeiros, desde que os pais 12, porém, determina que alguns cargos são privativos
ua
não estejam a serviço do seu país. Também será con- de brasileiros natos, quais sejam: Presidente e Vice-
Ed
siderado brasileiro aquele que tem pai ou mãe bra- -Presidente da República; Presidente da Câmara dos
sileiros, mas nasceu no estrangeiro quando um deles Deputados; Presidente do Senado Federal; Ministro do
estava no exterior a serviço do Brasil. Supremo Tribunal Federal; carreira diplomática; oficial
É necessário que apenas um dos genitores seja bra- das Forças Armadas e Ministro do Estado de Defesa.
sileiro, situação definida na alínea “b”, inciso I, art. 12.
Finalmente, a alínea “c”, também desse dispositi-
vo, define que será brasileiro nato aquele nascido no DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS
estrangeiro, filho de pai ou mãe brasileiros quando: DIREITOS HUMANOS (DUDH)
z For registrado em repartição brasileira competente, ESTRUTURA DA DUDH
ou seja, quando do nascimento, seus pais o registra-
ram perante consulado brasileiro no exterior; A Declaração Universal dos Direitos Humanos
z Venha a residir no Brasil e, após atingida a maiori- (DUDH) foi adotada e proclamada em 10 de dezem-
dade, opte pela nacionalidade brasileira. bro de 1948, por meio da Resolução nº 217 A III, da
162 10 LENZA, P. Direito constitucional esquematizado. São Paulo: Saraiva Jur, 2019.
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Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas Os arts. 29 e 30 não se enquadram nem em um gru-
(ONU). Ela não é, tecnicamente, um tratado interna- po nem no outro. Eles tratam de deveres e regras de
cional, sendo, apenas, uma declaração política e, não, interpretação, fazendo o fechamento da declaração.
jurídica, que apenas delineia os direitos humanos. Deste modo, há uma combinação de discurso libe-
Isso significa dizer que ela não é obrigatória? Bem, ral com o discurso social da cidadania, ou seja, o valor
temos, aqui, dois posicionamentos doutrinários dife- da liberdade com o valor da igualdade.
rentes. Para parte da doutrina, por não ser a DUDH Explicando melhor: a Declaração combina os direi-
um tratado propriamente dito, ela não possui obri- tos ligados às prerrogativas inerentes ao indivíduo,
gatoriedade legal e, consequentemente, funcionaria como a vida, a liberdade, a propriedade, denominados
como uma espécie de recomendações aos Estados. de direitos civis ou individuais e os direitos de cida-
É por essa razão que quem defende esse caráter dania, que envolve o direito de votar e ser votado, de
de soft law (quase direito ou direito flexível) da DUDH ocupar cargos ou funções políticas e de permanecer nes-
afirma que os direitos humanos previstos na Decla- ses cargos, os denominados direitos políticos, com os
ração somente se tornaram obrigatórios com a trans- direitos ligados à concepção de que é dever do Estado
formação dela em dois pactos, o Pacto Internacional garantir igualdade de oportunidades a todos através de
dos Direitos Civis e Políticos e o Pacto Internacional políticas públicas, sendo os denominados direitos eco-
dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, ambos de nômicos, sociais e culturais.
1966, pois apenas quando os Estados firmam o tratado Neste primeiro momento, basta entender que a
DUDH é uma junção de dois tipos de direitos. Quan-
é que eles assumem os compromissos nele contidos.
do nosso estudo adentrar nos artigos propriamente
Em contrapartida, para outra parte da doutrina, a
ditos, as diferenças ficarão mais visíveis e será mais
DUDH é uma norma jus cogens11, ou seja, uma norma de
fácil compreender a proteção e o papel dos Estados.
direito internacional tida como aceita e reconhecida por
Então, guarde essa informação, para que ela possa ser
todos os Estados independentemente de estar positiva-
bem compreendida quando os artigos começarem a
da ou não em tratado, sendo, por essa razão, imperativa
ser analisados:
e vinculante. Deste modo, mesmo sendo uma declaração
política e não ter sido firmada pelos Estados, os direitos
contidos nela independem da aquiescência dos Estados,
7 (sete) Considerandos
por serem inderrogáveis. Por exemplo, nos dias de hoje,
8
(Considerações)
0
tanto a tortura como a escravidão são tidas como condu-
7-
tas inaceitáveis, de forma que não haveria a necessidade
8
.5
de ser feito um tratado pelos Estados para transformar
46
tais condutas em proibidas. Direitos Civis e
.1
Preâmbulo
Políticos
40
Dica
-1
Art.1°
a Arts. 21 e 22
Natureza jurídica da DUDH – Duas posições
lv
doutrinárias:
Si
Direitos Econômicos,
� Recomendação (não é um tratado);
os
Sociais e Culturais
� Norma imperativa (norma jus cogens).
nt
Sa
Arts. 28, 29 e 30
A DUDH é composta por um preâmbulo e trinta
s
siderandos (considerações).
an
Diferentemente do que ocorre com o preâmbulo A DUDH inovou na concepção dos direitos huma-
nos ao introduzir algumas das características ineren-
rn
damentos trazidos.
Ed
8
Eles nasceram aos poucos, quer na Babilônia, quer na
0
7-
Inglaterra, quer nos Estados Unidos, quer na França,
A essencialidade e a inviolabilidade dos direitos
8
entre outros países. Foi por meio destes esboços que os
.5
humanos são as características trazidas no sexto Con-
46
direitos humanos puderam se desenvolver até, final-
siderando. Os direitos humanos, por serem essenciais,
mente, se firmarem na ordem jurídica internacional.
.1
devem gozar de status diferenciado perante o ordena-
40
Entender o contexto histórico é extremamente mento jurídico dos Estados. Da essencialidade decorre a
-1
importante para compreender o porquê da proteção inviolabilidade, destacando que é dever tanto dos Esta-
dada pelos direitos humanos em cada momento da dos como dos indivíduos respeitar os direitos humanos.
a
lv
história mundial. Por conseguinte, os Estados-membros da ONU compro-
Si
recurso, à rebelião contra a tirania e a opressão, para o pleno cumprimento desse compromisso, [...].
s
[...].
do
A característica da efetividade dos direitos huma- da indivisibilidade desses direitos. Não existe hierar-
an
nos é encontrada na terceira consideração, uma vez que quia entre os direitos humanos, pois todos possuem
é dever do Estado a sua tutela. Os direitos humanos o mesmo valor como direito. Consequentemente, eles
rn
8
A DUDH não traz os direitos de terceira geração/
0
Estado, isto é, os direitos políticos. No entanto, esses
7-
direitos de cidadania eram bem limitados, pois esta-
dimensão.
8
.5
vam restritos a quem detinha a qualidade de cidadão
46
e, por isso, atingiam somente os eleitores. As mulhe- Vamos, então, estudar cada um desses direitos.
.1
res, por exemplo, não eram consideradas cidadãs,
40
assim como os estrangeiros e, consequentemente, não Direitos Civis e Políticos
-1
possuíam os direitos políticos, embora fossem titula-
res dos direitos civis mínimos garantidos pelo Estado.
a
Englobam os arts. 1º ao 21 da DUDH. Vejamos cada
lv
A esses direitos dá-se o nome de direitos de primei-
Si
um deles:
ra geração/dimensão, por serem os primeiros direitos
os
Usa-se tanto a expressão geração como dimensão. dignidade e direitos. São dotadas de razão e cons-
Sa
Trata-se de uma classificação elaborada por Karel ciência e devem agir em relação umas às outras
Vasak para classificar os direitos em categorias, con-
s
cesa: liberdade, igualdade e fraternidade. Assim, os liberdades inerentes aos seres humanos. Nascer livre
rn
direitos de primeira geração/dimensão são os direitos significa nascer com a possibilidade de fazer escolhas,
Fe
de liberdade; os de segunda, igualdade e, os de tercei- de dar rumo à própria vida de acordo com a pró-
o
Depois do olhar inicial para o indivíduo, reconhecendo influenciar nas escolhas, a pessoa é livre para mudar
suas liberdades, o Estado passou a visualizá-lo como o rumo dado a ela por aquela sociedade. Só que de
membro da sociedade. Assim, foi possível reconhecer nada adiantaria nascer com liberdade se os direitos
as diferenças entre as pessoas. Como consequência,
fossem diferentes. Portanto, nascer igual significa
passou-se a exigir um papel mais ativo do Estado para
poder gozar de todos os direitos, independente de ser
garantir direitos de oportunidade iguais aos indiví-
duos, por meio de políticas públicas, como, por exem- homem ou mulher, rico ou pobre, religioso ou não, da
plo, o acesso à educação e à saúde, o voto feminino, a cor da pele, da nacionalidade, entre outros fatores.
regulamentação das regras trabalhistas e previdenciá-
rias, entre outros. Por conseguinte, passa-se a exigir Dica
uma ação e, não mais, uma omissão do Estado12.
A esses direitos dá-se o nome de direitos de segun- A menção “espírito de fraternidade” não guarda
da geração/dimensão, estando ligados ao poder de relação com os direitos de terceira dimensão/
exigir do Estado a consecução dos direitos econô- geração. A expressão é no sentido de evitar con-
micos, sociais e culturais. dutas individualistas.
12 São chamados de liberdades positiva ou prestacional. 165
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qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Art. 2º 1. Todo ser humano tem capacidade para tiver sua liberdade individual controlada ou restri-
gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta ta de forma ilícita e sistemática, será caracterizado
Declaração, sem distinção de qualquer espécie, o primeiro elemento. O segundo elemento envolve o
seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião polí- exercício de algum dos atributos atinentes ao direito
tica ou de outra natureza, origem nacional ou social, de propriedade, como, por exemplo, o controle que
riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição.
restrinja ou prive, significativamente, a pessoa de
2. Não será também feita nenhuma distinção fun-
sua liberdade individual com intenção de exploração.
dada na condição política, jurídica ou inter-
nacional do país ou território a que pertença
Exemplo: execução de trabalho forçado, exploração
uma pessoa, quer se trate de um território inde- sexual, entre outros.
pendente, sob tutela, sem governo próprio, quer É importante considerar que, no Código Penal,
sujeito a qualquer outra limitação de soberania. encontram-se previstos dois crimes relacionados a
essa proibição, a saber:
Esse artigo é composto de dois itens. O primeiro
item estabelece que os direitos e liberdades contidos Art. 149 Reduzir alguém a condição análoga à de
na DUDH podem ser invocados por todos os indiví- escravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados
duos independentemente de qualquer condição pes- ou a jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condi-
soal, tais como sexo, raça, nacionalidade, condição ções degradantes de trabalho, quer restringindo,
social, entre outros. Trata-se, portanto, da não distin- por qualquer meio, sua locomoção em razão de
dívida contraída com o empregador ou preposto:
ção fundada em atributo pessoal. Em contrapartida,
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa, além
o segundo item amplia a abrangência do dispositivo,
da pena correspondente à violência.
para vedar as distinções fundadas em condições polí-
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem:
tica, jurídica ou internacional do país ou território
I – cerceia o uso de qualquer meio de transporte por
a que pertença o indivíduo. Deste modo, os posicio- parte do trabalhador, com o fim de retê-lo no local
namentos políticos e jurídicos adotados pelo Estado, de trabalho;
interna ou externamente, não podem servir de moti- II – mantém vigilância ostensiva no local de traba-
vo para tratamentos diferenciados entre as pessoas. lho ou se apodera de documentos ou objetos pes-
Entenda a diferença: soais do trabalhador, com o fim de retê-lo no local
Item 1 – tratamento distinto por ser brasileiro de trabalho.
8
(condição pessoal);
0
§ 2º A pena é aumentada de metade, se o crime é
7-
Item 2 – tratamento distinto ao brasileiro, devido a cometido:
8
uma determinada postura adotada pelo Brasil (condi- I – contra criança ou adolescente;
.5
46
ção política e jurídica do Estado). II – por motivo de preconceito de raça, cor, etnia,
.1
religião ou origem.
40
Art. 3º Todo ser humano tem direito à vida, à Art. 149-A Agenciar, aliciar, recrutar, transpor-
-1
liberdade e à segurança pessoal. tar, transferir, comprar, alojar ou acolher pessoa,
mediante grave ameaça, violência, coação, fraude
a
lv
O art. 3º traz três direitos distintos: vida, liberdade ou abuso, com a finalidade de:
Si
e segurança. O direito à vida engloba não só a garantia I - remover-lhe órgãos, tecidos ou partes do corpo;
II - submetê-la a trabalho em condições análogas à
os
V - exploração sexual.
do
pensamento.
I - o crime for cometido por funcionário públi-
Fe
exercê-las;
rd
nos. Segurança abrange não só os direitos relativos II - o crime for cometido contra criança, adolescen-
ua
8
detentores de direitos e deveres sem valorações, pois
0
vez que veda a prisão arbitrária ou abusiva e estabele-
7-
todos são merecedores de proteção. Consequente- ce que a restrição da liberdade só será legítima quan-
8
mente, não é possível efetuar gradações da dignida-
.5
do respeitados os parâmetros da lei. Trata-se, também,
de humana, uma vez que a dignidade da pessoa não
46
de um dos desdobramentos do direito à segurança,
pode ser retirada ou desprezada pela prática de con-
.1
por envolver garantias processuais.
40
dutas tidas como reprováveis pela sociedade. Por essa No Brasil, as garantias processuais relacionadas à
-1
razão, até mesmo os criminosos devem ser considera- prisão estão previstas no art. 5º da CF, de 1988. Abaixo,
dos sujeitos de direito. estão dispostas duas dessas garantias:
a
lv
Em termos simples, ser reconhecido como pessoa
Si
é pressuposto para ter direito a possuir direitos, inde- LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus
os
pendentemente de qualquer análise de suas condutas. bens sem o devido processo legal;
nt
Art. 7º Todos são iguais perante a lei e têm direi- ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade
to, sem qualquer distinção, a igual proteção da lei. judiciária competente, salvo nos casos de transgres-
s
do
Todos têm direito a igual proteção contra qualquer são militar ou crime propriamente militar, definidos
discriminação que viole a presente Declaração e em lei;
do
O art. 7º traz o direito à igualdade. Trata-se da igualdade, a uma justa e pública audiência por
Fe
cos aos indivíduos em razão de qualquer condição ou seja, o direito que todas as pessoas têm de serem julga-
pessoal, como sexo, cor, origem, entre outros. das por um tribunal independente e imparcial. Trata-se,
portanto, do desdobramento do direito à segurança (jurí-
dica) somado ao direito à igualdade. Isso significa dizer
Importante! que a prestação jurisdicional não deve estar atrelada a
outros interesses que não os amparados e tutelados pela
A ideia de igualdade possui duas acepções: lei. E mais além, que ela seja prestada igualmente a todas
Igualdade formal: todos são iguais perante a lei. as pessoas, de forma independente e imparcial.
Tratar a todos de forma igual; Por mais que a interpretação do artigo conduza à
Igualdade material: igualdade, de fato, perante a esfera penal, sua abrangência não pode estar limitada
lei (tratar igualmente os iguais e, desigualmente, a essa área do direito. Isso porque a prestação jurisdi-
os desiguais. cional igualitária não se restringe a questões penais.
Ela pode envolver outros âmbitos do direito, como,
por exemplo, a garantia de acesso de todos os indiví-
duos à Justiça, independentemente de sua condição
14 Conforme art. 2º da Convenção Interamericana, para prevenir e punir a tortura. 167
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econômica. Assim, a possibilidade de pessoas sem São exemplos de proteção à esfera privada, trazi-
condições econômicas pleitearem a tutela do Estado das pela CF, de 1988, a inviolabilidade do domicílio
por intermédio da Defensoria Pública (Estado pres- (Artigo 5º, XI) e a inviolabilidade do sigilo da corres-
tando assistência jurídica) é um exemplo de prestação pondência e das comunicações telegráficas, de dados
igualitária e das comunicações telefônicas (Artigo 5º, XII), além
do direito de indenização por dano material ou moral
Art. 11 no caso de violação da intimidade, vida privada, hon-
1. Todo ser humano acusado de um ato delituoso ra e imagem (Artigo 5º, X).
tem o direito de ser presumido inocente até que a
sua culpabilidade tenha sido provada de acordo Art. 13
com a lei, em julgamento público no qual lhe tenham 1. Todo ser humano tem direito à liberdade de loco-
sido asseguradas todas as garantias necessárias à moção e residência dentro das fronteiras de cada
sua defesa. Estado.
2. Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação 2. Todo ser humano tem o direito de deixar qual-
ou omissão que, no momento, não constituíam quer país, inclusive o próprio e a esse regressar.
delito perante o direito nacional ou interna-
cional. Também não será imposta pena mais forte O art. 13, que decorre do direito à liberdade, é divi-
de que aquela que, no momento da prática, era apli- dido em dois itens. O primeiro item estabelece o direi-
cável ao ato delituoso. to que todas as pessoas têm de se locomoverem em
decorrência da própria vontade, ou seja, o direito de
O art. 11 é composto de dois itens. O primeiro item acesso, de ingresso ou de trânsito dentro dos limites
traz o princípio da presunção de que todos os seres territoriais do seu País. Ressalta-se que o item também
humanos acusados de práticas delituosas são inocen- disciplina a liberdade de residência.
tes até que a culpabilidade tenha sido provada. Isso Embora a Constituição Federal, de 1988, possua
significa dizer que não é o acusado que tem que pro- um dispositivo semelhante, a liberdade de locomoção
var que é inocente, mas o Estado que tem a responsa- da CF, de 1988, é limitada ao tempo de paz, diferente-
bilidade de demonstrar a responsabilidade criminal mente da DUDH, que não estabelece restrição tempo-
deste. Portanto, por essa garantia processual, decor- ral. Como é possível que seja cobrado a literalidade
rente do direito à segurança, compete ao Estado o do artigo, é importante perceber a diferença entre os
8
dispositivos:
0
ônus de provar a culpa do indivíduo.
87-
.5
z Presunção de inocência = ônus da prova do Estado Art. 5º, XV, CF/88: é livre a locomoção no território
46
nacional em tempo de paz, podendo qualquer pes-
.1
A inocência é presumida, porque quem deve pro- soa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou
40
var a culpa do indivíduo é o Estado. dele sair com seus bens;
-1
O segundo item do art. 11 estabelece uma regra de
aplicação da norma penal, trazendo a ideia de ante- Se o primeiro item estabelece a liberdade de loco-
a
lv
rioridade da lei penal. Trata-se de mais uma garan- moção interna, o segundo item trata da liberdade de
Si
tia processual decorrente do direito à segurança, no locomoção externa e, portanto, do direito de locomo-
os
sentido de que é necessário que exista de uma norma ção entre os Estados, ou seja, o direito de entrar, per-
manecer ou sair de um país.
nt
retroativo.
priedade alheia fora das hipóteses previstas na CF, de
Neste sentido, a conduta tem que ser considera-
an
8
todos os seres humanos têm direito de se vincularem gais passou a ser protegida com a CF, de 1988. Como
0
7-
a um Estado soberano para que este possa lhe assegu- exemplo, pode-se citar a transformação do pátrio
8
rar proteção aos seus direitos fundamentais. A ausên- poder em poder familiar, em que a vontade do cônju-
.5
cia de vínculo enseja a condição de apátrida e impede ge varão deixou de ser preponderante.
46
que o indivíduo pleiteie proteção jurídica básica por O segundo item do art. 16 refere-se ao consen-
.1
timento do nubente, que deve ser livre e pleno. O
40
não estar vinculado a nenhum estatuto pessoal. Deste
modo, o primeiro item estabelece o direito à proteção casamento é uma escolha e, por essa razão, não pode
jurídica e política por parte de um Estado, ou seja, o
-1
ser imposto. Busca-se, portanto, evitar casamentos
a
arranjados ou forçados. Por fim, o terceiro item trata
lv
direito de ter uma nacionalidade.
Si
A nacionalidade pode ser originária ou derivada. da proteção que deve ser concedida à família, tanto
pela sociedade como pelo Estado, pois é da família que
os
Art. 17
do
qualquer outro fator que não o nascimento, como, O art. 17 trata do direito à propriedade. Trata-se
o
por exemplo, passar a residir em um país ou casar-se do direito que todos os seres humanos têm de usar,
rd
com um estrangeiro e adquirir a nacionalidade deste gozar e dispor da coisa, assim como retomá-la de
ua
casamento com brasileiro, por si só, não dá o direito belece que a propriedade pode ser individual ou em
à nacionalidade brasileira). Para adquirir a naciona- conjunto. Já o segundo item veda a perda arbitrária
lidade derivada é necessário um procedimento cha- da propriedade. Deste modo, para que a pessoa seja
mado de naturalização. Em regra, ao se adquirir uma privada de sua propriedade, deve a lei estabelecer os
nova nacionalidade, por ser esta voluntária, perde-se critérios e as hipóteses. Por exemplo, o direito brasi-
a nacionalidade anterior (direito de opção). leiro autoriza a expropriação de propriedade em que
O segundo item, por sua vez, estabelece que o for encontrado trabalho escravo.
direito à nacionalidade não pode ser retirado arbi- A CF, de 1988, garante o direito à propriedade e
trariamente, assim como não pode ser imposto. Nes- que esta deve atender a sua função social (Artigo 5º,
te sentido, o brasileiro continuará a ser brasileiro, XXII e XXIII).
independente de qualquer conduta praticada, porém,
Art. 18 Todo ser humano tem direito à liberdade
se quiser adquirir outra nacionalidade, como, por de pensamento, consciência e religião; esse direito
exemplo, passar a residir em outro país e tornar-se inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e
nacional deste, não será compelido a continuar como a liberdade de manifestar essa religião ou crença
brasileiro. Essa hipótese é muito comum entre atletas, pelo ensino, pela prática, pelo culto em público ou
que optam por outra nacionalidade, para poderem em particular. 169
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O direito à liberdade está disciplinado no art. 18 O art. 21 encerra o rol dos direitos civis e políticos
da DUDH. De acordo com o dispositivo, os seres huma- previstos na DUDH. Na realidade, o dispositivo é o único
nos têm direito de liberdade de foro íntimo, ou seja, que disciplina os direitos políticos, sendo dividido em
de ter convicções religiosas, filosóficas, políticas, entre três itens. O primeiro item dá ênfase ao regime demo-
outros. Portanto, têm direito de pensar e de expres- crático de governo, ao estabelecer os indivíduos como
sar livremente esses pensamentos. Com relação à titulares da soberania. Desse modo, os seres humanos
religião, assegura tanto a liberdade de crença (foro podem participar diretamente do governo (democracia
íntimo), ou seja, de ter uma religião, como a liberdade direta) ou indiretamente, por meio de seus represen-
de expressão, isto é, de culto. Além disso, estabelece a tantes escolhidos pelo voto (democracia indireta). Tra-
liberdade religiosa, de mudar de crença ou religião e ta-se, também, do direito de votar e ser votado.
de manifestação desta. O segundo item refere-se aos serviços prestados
O pensamento, em si, é absolutamente livre, por
pelo Estado, os quais devem respeitar o direito à igual-
ser uma questão de foro íntimo. O indivíduo pode
dade, ou seja, todos os indivíduos tem acesso aos mes-
pensar em que quiser sem que o Estado possa interfe-
mos serviços prestados.
rir. No entanto, quando esse pensamento é exteriori-
Por fim, o terceiro item trata do direito de voto,
zado, passa a ser possível a tutela e proteção do Estado
que deve ser periódico, legítimo, universal e secreto.
Art. 19 Todo ser humano tem direito à liberdade de É importante frisar que, no Brasil, não é possível
opinião e expressão; esse direito inclui a liberda- alterar as regras com relação ao voto direto, secreto,
de de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, universal e periódico (são cláusulas pétreas). A obri-
receber e transmitir informações e ideias por quais- gatoriedade do voto, por sua vez, pode ser alterada
quer meios e independentemente de fronteiras. (tornar-se facultativo).
Complementando o art. 18, o art. 19 trata do direito Direitos Econômicos, Sociais e Culturais
à liberdade de opinião e expressão, ou seja, de expres-
sar livremente os pensamentos em qualquer evento ou Conforme visto, esta segunda parte engloba os direi-
área do conhecimento. Cumpre mencionar que é da tos de segunda geração/dimensão, ou seja, aqueles que
liberdade de expressão que decorrem a proibição de demandam a atuação e proteção do Estado para assegu-
censura e a vedação do anonimato por exemplo. rar a todas as pessoas a igualdade. Eles estão previstos
8
A expressão do pensamento é livre, porém não é
0
nos arts. 22 ao 28 da DUDH. Vejamos cada um deles:
7-
absoluta. Assim, a pessoa é livre para expor sua opi-
8
nião, mas se esta atingir a honra de alguém, por exem-
.5
Art. 22 Todo ser humano, como membro da socie-
46
plo, ela poderá ser responsabilizada civil e penalmente. dade, tem direito à segurança social, à reali-
.1
zação pelo esforço nacional, pela cooperação
40
Art. 20 internacional e de acordo com a organização
-1
1. Todo ser humano tem direito à liberdade de e recursos de cada Estado, dos direitos econômi-
reunião e associação pacífica
a
cos, sociais e culturais indispensáveis à sua dignida-
lv
2. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma
de e ao livre desenvolvimento da sua personalidade.
Si
associação.
os
depreende-se o agrupamento organizado de pessoas momentos, tais como incapacidade temporária ou defi-
s
para uma determinada finalidade e com caráter tran- nitiva, velhice, maternidade, entre outros, ou seja, um
do
sitório. Se o caráter do agrupamento for permanente, programa de proteção social para amparar as pessoas
do
tem-se uma associação. Importante mencionar que em determinados eventos. Também garante a consecu-
an
tanto a reunião como a associação devem servir para ção de esforços nacionais, de cooperação internacional
e de organização e gerenciamento dos recursos dispo-
rn
8
demais níveis de instrução. Nesse ponto é importante
0
O art. 24 também assegura um direito dos traba-
7-
observar que, embora o dispositivo estabeleça o direi-
lhadores. Trata-se de duas regras para evitar que o
8
to prioritário dos pais na escolha do gênero de instru-
.5
trabalhador seja levado à exaustão. A primeira é a
46
ção, ele também limita sua liberdade de escolha ao
estipulação de períodos de descanso, ou seja, da pro-
estipular caráter obrigatório à instrução elementar,
.1
teção do repouso e do lazer, assim como a garantia de
40
uma vez que os pais não poderão privar seus filhos do
gozo de férias remuneradas e periódicas. A segunda é
ensino elementar formal.
-1
a limitação da jornada do trabalho. a
lv
Art. 25
Si
capaz de assegurar a si e à sua família saúde, bem- A DUDH não define o que é ensino elementar.
nt
doença invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de 1. Todo ser humano tem o direito de participar
perda dos meios de subsistência em circunstâncias livremente da vida cultural da comunidade, de fruir
do
e assistência especiais. Todas as crianças, nascidas 2. Todo ser humano tem direito à proteção dos
Fe
dentro ou fora do matrimônio, gozarão da mesma interesses morais e materiais decorrentes de qual-
proteção social. quer produção científica literária ou artística da
o
seja, de um padrão mínimo de condições materiais O art. 27 busca assegurar o acesso dos indivíduos
Ed
aceitáveis para uma vida com dignidade. Nestes ter- ao direito cultural. O primeiro item do artigo refere-
mos, deve-se assegurar que a quantidade de alimen- -se ao direito de participar, ou seja, de ter acesso aos
tos deve ser suficiente para o indivíduo e sua família, meios de cultura e artes, bem como aos meios cientí-
que ele possa se vestir, ter moradia, acesso aos servi- ficos. Já o segundo item estabelece os meios de prote-
ços médicos, sociais e segurança em caso de imprevis- ção ao direito do autor, quer em seu aspecto material,
tos, tais como desemprego, incapacidade, velhice etc. quer em seu aspecto moral.
Além disso, devem-se assegurar os cuidados e assis-
tência devidos à maternidade e à infância, sem qual- Art. 28 Todo ser humano tem direito a uma ordem
quer distinção entre os filhos. social e internacional em que os direitos e liberda-
É importante saber que, antes da CF, de 1988, a des estabelecidos na presente Declaração possam
proteção aos filhos concebidos no casamento era dife- ser plenamente realizados.
rente dos gerados fora do matrimônio. Por exemplo,
uma pessoa casada não poderia registrar filho havido Finalizando os direitos econômicos, sociais e cul-
fora deste casamento. turais, o art. 28 reafirma os direitos elencados na
DUDH e estabelece que uma ordem social condizente
com os valores da dignidade humana somente poderá 171
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ser efetivada com a consecução de todos os direitos de sua qualidade de Membros, deverão cumprir de
previstos na declaração. Portanto, os Estados devem boa fé as obrigações por eles assumidas de acordo
se comprometer a adotar a Declaração, tanto em seu com a presente Carta.
âmbito interno como em seu âmbito externo. 3. Todos os Membros deverão resolver suas contro-
vérsias internacionais por meios pacíficos, de modo
que não sejam ameaçadas a paz, a segurança e a
Outros Dispositivos
justiça internacionais.
4. Todos os Membros deverão evitar em suas rela-
Os arts. 29 e 30 da DUDH não se enquadram como ções internacionais a ameaça ou o uso da força
direitos civis e políticos nem como direitos econômi- contra a integridade territorial ou a dependência
cos, sociais e culturais. A eles compete fazer o fecha- política de qualquer Estado, ou qualquer outra ação
mento da Declaração. incompatível com os Propósitos das Nações Unidas.
5. Todos os Membros darão às Nações toda assis-
Art. 29 tência em qualquer ação a que elas recorrerem de
1. Todo ser humano tem deveres para com a comu- acordo com a presente Carta e se absterão de dar
nidade, na qual o livre e pleno desenvolvimento auxílio a qual Estado contra o qual as Nações Uni-
de sua personalidade é possível. das agirem de modo preventivo ou coercitivo.
2. No exercício de seus direitos e liberdades, todo 6. A Organização fará com que os Estados que
ser humano estará sujeito apenas às limitações não são Membros das Nações Unidas ajam de
determinadas pela lei, exclusivamente com o fim acordo com esses Princípios em tudo quanto for
de assegurar o devido reconhecimento e respeito necessário à manutenção da paz e da segurança
dos direitos e liberdades de outrem e de satisfazer internacionais.
as justas exigências da moral, da ordem pública e 7. Nenhum dispositivo da presente Carta autori-
zará as Nações Unidas a intervirem em assuntos
do bem-estar de uma sociedade democrática.
que dependam essencialmente da jurisdição de
3. Esses direitos e liberdades não podem, em hipó-
qualquer Estado ou obrigará os Membros a subme-
tese alguma, ser exercidos contrariamente aos
terem tais assuntos a uma solução, nos termos da
objetivos e princípios das Nações Unidas.
presente Carta; este princípio, porém, não prejudi-
cará a aplicação das medidas coercitivas constan-
Depois de vinte e oito artigos estabelecendo os tes do Capitulo VII.
direitos inerentes aos seres humanos, o art. 29 é o
8
único que traz os deveres. Assim, cabe ao indivíduo Vejamos, agora, o art. 30, o qual encerra a DUDH.
0
7-
contribuir para o desenvolvimento da comunidade, o
8
que significa dizer que, se por um lado a sociedade se Art. 30 Nenhuma disposição da presente Declara-
.5
compromete a garantir a consecução dos direitos das
46
ção poder ser interpretada como o reconhecimento
pessoas, por outro, essas pessoas também se compro- a qualquer Estado, grupo ou pessoa, do direito de
.1
40
metem com a sociedade. exercer qualquer atividade ou praticar qualquer
Além disso, o dispositivo estabelece que os direitos ato destinado à destruição de quaisquer dos direi-
-1
e liberdades somente podem ser limitados pela lei, de tos e liberdades aqui estabelecidos.
a
lv
modo a evitar, por exemplo, o abuso do direito. Por
Si
fim, o artigo estabelece a relação entre a DUDH e a O art. 30 traz a regra de interpretação da Decla-
Carta das Nações Unidas, de maneira que nenhum ração para garantir a adequação entre os direitos
os
direito tutelado possa ser exercido contrariando os estabelecidos e a consecução da dignidade da pessoa
nt
ções que possam levar a uma perturbação da paz; Instituída no âmbito da Organização dos Estados
2. Desenvolver relações amistosas entre as nações, basea- Americanos (OEA), a Convenção Americana sobre
das no respeito ao princípio de igualdade de direitos e de
Direitos Humanos (CADH), também conhecida como
autodeterminação dos povos, e tomar outras medidas
apropriadas ao fortalecimento da paz universal; Pacto de San José da Costa Rica, é um tratado inter-
3. Conseguir uma cooperação internacional para nacional firmado entre os países-membros que con-
resolver os problemas internacionais de caráter solida um regime de liberdade pessoal e de justiça
econômico, social, cultural ou humanitário, e para social, fundado no respeito aos direitos essenciais do
promover e estimular o respeito aos direitos huma- ser humano.
nos e às liberdades fundamentais para todos, sem A CADH foi elaborada em 22 de novembro de 1969
distinção de raça, sexo, língua ou religião; e durante a Conferência Especializada Interamericana
4. Ser um centro destinado a harmonizar a ação das
de Direitos Humanos, na cidade de San José da Costa
nações para a consecução desses objetivos comuns.
Art. 2º
Rica, entrando em vigor em 18 de julho de 1978. Hoje,
1. A Organização é baseada no princípio da igual- conta com 25 países ratificantes, nas 3 Américas (Esta-
dade de todos os seus Membros. dos Unidos e Canadá não aderiram ao documento).
2. Todos os Membros, a fim de assegurarem para O Brasil ratificou tardiamente, em 9 de novembro de
172 todos em geral os direitos e vantagens resultantes 1992, por meio do Decreto nº 678.
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Essa Convenção é importante porque funda as Anotamos, outrossim, que a Convenção possui
bases do sistema interamericano de proteção dos aplicação imediata, podendo seus direitos serem exi-
Direitos Humanos, que visa a proteção do indivíduo e gidos de plano, logo quando o país ratificar a submis-
o combate às violações dos direitos humanos. são ao seu texto.
O Pacto de San José foi elaborado com inspiração Lembre-se de que a CADH é considerada pela dou-
e influência da Declaração Universal dos Direitos trina internacional como o principal tratado do Sis-
Humanos da ONU de 1948, tanto que, no preâmbulo
tema Interamericano. Apenas os países membros da
da CADH, o documento estabelece que os princípios
OEA podem aderir à CADH. Desse modo, um país asiá-
que foram consagrados são os mesmos previstos na
tico, por exemplo, não pode se submeter às obrigações
Declaração Universal dos Direitos Humanos.
O Pacto de San José estabelece vários direitos contidas no Pacto nem muito menos ser responsabili-
civis e políticos, como o direito ao reconhecimento da zado internacionalmente com base no conteúdo dos
personalidade jurídica, o direito à vida, à integrida- Tratados da OEA.
de pessoal, à liberdade pessoal e garantias judiciais,
à proteção da honra e reconhecimento à dignidade, COMISSÃO INTERAMERICANA DE DIREITOS
à liberdade religiosa e de consciência, à liberdade HUMANOS (CIDH)
de pensamento e de expressão, e o direito de livre
associação. Sediada em Washington-EUA, a CIDH é um órgão
Questões de concurso público costumam questio- autônomo que tem como missão a promoção e pro-
nar sobre a positivação dos Direitos Econômicos, teção dos direitos humanos nas Américas. É conside-
Sociais e Culturais na Convenção Americana. Cabe rada o principal órgão da Organização dos Estados
salientar que a CADH não trouxe um rol detalhado Americanos (OEA).
desses direitos. Em seu art. 26, o Pacto somente prevê A CIDH é composta por 7 membros independen-
que os Estados devem atuar para o desenvolvimento
tes, com mandato de 4 anos e só poderão ser reeleitos
progressivo dos direitos econômicos, sociais e cultu-
uma vez. Eles são chamados de comissários ou comis-
rais contidos na Carta da OEA. Observe:
sionados e atuam de forma pessoal. Não pode fazer
Art. 26 Os Estados Partes comprometem-se a ado- parte da CIDH mais de um nacional de um mesmo
8
tar providências, tanto no âmbito interno como país. Assim, a composição da CIDH não pode ter, ao
0
7-
mediante cooperação internacional, especialmente mesmo tempo, dois brasileiros, por exemplo
8
econômica e técnica, a fim de conseguir progres- A Comissão foi criada em 1959 pela OEA e faz parte
.5
sivamente a plena efetividade dos direitos que do Sistema Interamericano de Proteção dos Direitos
46
decorrem das normas econômicas, sociais e sobre Humanos (SIDH), juntamente com a Corte IDH (insta-
.1
educação, ciência e cultura, constantes da Carta
40
lada em 1979).
da Organização dos Estados Americanos, reforma-
-1
Registre-se que o SIDH começou a funcionar for-
da pelo Protocolo de Buenos Aires, na medida dos
malmente com a aprovação da Declaração Americana
a
recursos disponíveis, por via legislativa ou por
lv
A proteção aos Direitos Econômicos, Sociais e Cul- 1948. Nesse mesmo momento, também foi adotada a
nt
quando da elaboração do Protocolo Facultativo de San A Comissão realiza seu trabalho com foco em três
s
Salvador15. pilares:
do
órgãos: a Comissão Interamericana de Direitos Huma- � Monitoramento da situação dos direitos humanos
rn
Com sede em São José, capital da Costa Rica, a Corte Interamericana de Direitos Humanos, como abordamos
acima, faz parte do Sistema Interamericano de Direitos Humanos.
A Corte IDH possui 7 juízes, nacionais de Estados-membros da OEA, com mandato de 6 anos, podendo serem
reeleitos uma única vez. Não deve haver dois juízes da mesma nacionalidade. O quórum de deliberação da Corte
é de 5 juízes.
Trata-se de um tribunal típico, que julga Estados em casos contenciosos envolvendo cidadãos e países. Ade-
mais, a Corte supervisiona a aplicação de suas sentenças e dita medidas cautelares.
A Corte tem duas funções: consultiva e contenciosa. É conhecida como o órgão jurisdicional da Convenção
Americana. Em relação à competência consultiva, qualquer membro da OEA pode solicitar o parecer da Corte
relativo à interpretação da CADH ou de qualquer outro tratado referente à proteção dos direitos humanos nos
Estados americanos.
Ao final dos processos no âmbito da Corte, ela produzirá uma sentença que tem caráter definitivo e inapelá-
vel. A sentença da Corte é uma sanção internacional que deve ser cumprida espontaneamente pelo Estado. Caso
contrário, sua execução deve ser feita nos termos da execução contra a Fazenda Pública.
A sentença da Corte não necessita de homologação do STJ (alínea “i” do inciso I do art. 105 da CF), uma vez que
é oriunda de organismo internacional e não de Estado estrangeiro. É considerada título executivo judicial, deven-
do ser executada por juiz federal (inciso I do art. 109 da CF) contra a União (inciso I do art. 21 da CF).
O Estado deve declarar que reconhece como obrigatória, de pleno direito e sem convenção especial, a compe-
tência da Corte. Observe que a Corte IDH tem a faculdade, inerente às suas atribuições, de determinar o alcance
de sua própria competência – compétence de la compétence.
O Estado brasileiro reconheceu a competência jurisdicional da Corte IDH por prazo indeterminado, em dezem-
bro de 1998, por meio do Decreto Legislativo nº 89, de 1998.
É importante lembrar que apenas podem levar um caso ao conhecimento da Corte a Comissão e os Estados-
-partes da OEA (que expressamente reconhecerem a jurisdição da Corte). O indivíduo depende da Comissão para
que seu caso seja apreciado pela Corte.
Para facilitar seu estudo da diferenciação entre os dois órgãos do Sistema Interamericano de Direitos Huma-
nos, acompanhe e memorize o quadro a seguir:
08
87-
DIFERENÇAS ENTRE A COMISSÃO E A CORTE INTERAMERICANA DE DH
.5
46
CIDH Corte IDH
.1
Sede Washington, EUA San José, Costa Rica
40
7 Comissários 7 Juízes
-1
Membros
Mandato: 4 anos a Mandato: 6 anos
lv
Função Essencialmente política Consultiva e contenciosa
Si
Abordaremos a seguir os artigos mais cobrados pelas provas de concurso em relação à Convenção Americana
an
de Direitos Humanos.
rn
Fe
1. Os Estados Partes nesta Convenção comprometem-se a respeitar os direitos e liberdades nela reconhecidos e
Ed
a garantir seu livre e pleno exercício a toda pessoa que esteja sujeita à sua jurisdição, sem discriminação alguma
por motivo de raça, cor, sexo, idioma, religião, opiniões políticas ou de qualquer outra natureza, origem nacio-
nal ou social, posição econômica, nascimento ou qualquer outra condição social.
2. Para os efeitos desta Convenção, pessoa é todo ser humano.
Art. 2º Dever de adotar disposições de direito interno
Se o exercício dos direitos e liberdades mencionados no artigo 1 ainda não estiver garantido por disposições legis-
lativas ou de outra natureza, os Estados Partes comprometem-se a adotar, de acordo com as suas normas cons-
titucionais e com as disposições desta Convenção, as medidas legislativas ou de outra natureza que forem
necessárias para tornar efetivos tais direitos e liberdades.
Os artigos primeiro e segundo precisam ser analisados em conjunto, pois são cláusulas gerais que trazem a apli-
cação do princípio do pacta sunt servanda previsto no Direito Internacional Público. Esse princípio representa a força
obrigatória da norma internacional e o compromisso dos Estados membros de cumprirem e respeitarem a norma
internacional de forma voluntária.
Observem que essa imposição só deve se aplicar ao país que aceitou se submeter à norma internacional, incor-
porando o Tratado em seu ordenamento jurídico com base no seu trâmite interno. Nesse sentido, um país que não
174 assinou o Tratado não pode ser constrangido a assumir as obrigações contidas nele.
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qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
O compromisso dos Estados não deve ficar só no A CADH adotou a Teoria Concepcionista do con-
ato formal da assinatura e ratificação, mas deve sig- ceito de vida. Segundo essa teoria, a vida começa a
nificar, se preciso for, modificação das suas normas partir da concepção, em outras palavras, quando o
internas, práticas e ações para se adaptarem à CADH. espermatozoide adentra o ovócito e ambos se fundem,
Ademais, destacamos, nos termos do item segundo desenvolvendo, assim, a primeira célula com toda a
do art. 1º, que a CADH restringe o alcance do Pacto às programação genética do indivíduo até a fase adulta.
pessoas físicas, excluindo, desse modo, as pessoas jurí- Com a fecundação, conforme essa teoria, passa a exis-
dicas (empresas, associações, ongs etc.) do espectro de tir um novo ser, uma pessoa individualizada e distinta
proteção da presente norma de direitos humanos. de outro indivíduo.
O Pacto de San José também regulamentou sobre o
Capítulo II – Direitos Civis e Políticos polêmico tema da pena de morte. Nos termos do art. 4.1,
nos países que não houverem abolido a pena de morte,
Art. 3º Direito ao reconhecimento da persona- sete devem ser as regras para aplicação da pena capital:
lidade jurídica
Toda pessoa tem direito ao reconhecimento de sua z Só poderá ser imposta pelos delitos mais graves;
personalidade jurídica. z Só pode ser aplicada em cumprimento de senten-
ça final de tribunal competente;
Os direitos da personalidade são atributos que z Deve ser aplicada em conformidade com a lei que
derivam da dignidade humana e abarcam o sentido da tenha sido promulgada antes de haver o delito
personalidade das pessoas naturais. Logo, tais direitos sido cometido;
são intrínsecos e comuns a todos os seres humanos. z Não poderá se estender sua aplicação a delitos aos
Assim, a pessoa física jamais poderá ser conside- quais não se aplique atualmente;
rada um objeto, como infelizmente já ocorreu na his- z Não se pode restabelecer a pena de morte nos Esta-
tória da humanidade. Esses direitos de personalidade dos que a hajam abolido;
são dotados das seguintes características: z Jamais pode ser aplicada por delitos políticos,
nem por delitos comuns conexos com delitos
z São inatos (inerentes a condição humana); políticos;
z Absolutos (oponíveis contra todos, ou seja, erga z Não se deve impor a pena a menor de 18 anos,
omnes); ou maior de 70 anos, nem a aplicar a mulher em
08
z Vitalícios (acompanham a pessoa humana em toda estado de gravidez.
7-
sua existência);
8
.5
z Intransmissíveis (não se transmitem a terceiros); Art. 5º Direito à integridade pessoal
46
z Irrenunciáveis (não se pode abdicar da sua existência). 1. Toda pessoa tem o direito de que se respeite sua
.1
integridade física, psíquica e moral.
40
Como mencionado, a CADH somente traz um 2. Ninguém deve ser submetido a torturas, nem
-1
detalhamento da proteção dos direitos civis e políti- a penas ou tratos cruéis, desumanos ou degra-
cos (direitos de primeira geração), ficando os direitos dantes. Toda pessoa privada da liberdade deve ser
a
lv
econômicos, sociais e culturais (direitos de segunda tratada com o respeito devido à dignidade inerente
Si
delinquente.
Sa
pode ser privado da vida arbitrariamente. 5. Os menores, quando puderem ser processados,
an
tos mais graves, em cumprimento de sentença 6. As penas privativas da liberdade devem ter
final de tribunal competente e em conformidade
o
com lei que estabeleça tal pena, promulgada antes tação social dos condenados.
ua
estenderá sua aplicação a delitos aos quais não se A norma citada também está prevista na Declaração
aplique atualmente. Universal dos Direitos Humanos. Ela é considera, pela
3. Não se pode restabelecer a pena de morte nos doutrina internacional, uma norma jus cogens, que sig-
Estados que a hajam abolido. nifica ser uma norma imperativa, impositiva e obri-
4. Em nenhum caso pode a pena de morte ser gatória para todos os países do mundo. Desse modo,
aplicada por delitos políticos, nem por delitos nenhum país do mundo poderá realizar torturas e tra-
comuns conexos com delitos políticos. tamentos cruéis contra seus indivíduos. Havendo lei
5. Não se deve impor a pena de morte a pessoa interna que traga essa possibilidade, os tribunais inter-
que, no momento da perpetração do delito, for nacionais a considerará norma inválida, pois viola essa
menor de dezoito anos, ou maior de setenta, norma costumeira do Direito Internacional Público.
nem aplicá-la a mulher em estado de gravidez. Regras básicas de execução da pena também foram
6. Toda pessoa condenada à morte tem direito a previstas na Convenção, que dispôs que a pena não
solicitar anistia, indulto ou comutação da pena, pode passar da pessoa do réu e que os processados
os quais podem ser concedidos em todos os casos. devem ficar separados dos condenados, salvo em
Não se pode executar a pena de morte enquanto o circunstâncias excepcionais, e serem submetidos a
pedido estiver pendente de decisão ante a autorida- tratamento adequado à sua condição de pessoas não
de competente. condenadas. 175
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qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Os menores, quando puderem ser processados, 2. Ninguém pode ser privado de sua liberdade
devem ser separados dos adultos e conduzidos a tri- física, salvo pelas causas e nas condições previa-
bunal especializado, com a maior rapidez possível, mente fixadas pelas constituições políticas dos
para seu tratamento. Nossa Lei de Execuções Penais Estados Partes ou pelas leis de acordo com elas
(Lei nº 7.210, de 1984) regulamentou sobre o tema da promulgadas.
execução da pena. 3. Ninguém pode ser submetido a detenção ou
encarceramento arbitrários.
Art. 6º Proibição da escravidão e da servidão
4. Toda pessoa detida ou retida deve ser informa-
1. Ninguém pode ser submetido a escravidão ou
da das razões da sua detenção e notificada,
a servidão, e tanto estas como o tráfico de escra-
vos e o tráfico de mulheres são proibidos em sem demora, da acusação ou acusações formula-
todas as suas formas. das contra ela.
2. Ninguém deve ser constrangido a executar tra- 5. Toda pessoa detida ou retida deve ser condu-
balho forçado ou obrigatório. Nos países em que zida, sem demora, à presença de um juiz ou
se prescreve, para certos delitos, pena privativa da outra autoridade autorizada pela lei a exercer
liberdade acompanhada de trabalhos forçados, esta funções judiciais e tem direito a ser julgada den-
disposição não pode ser interpretada no sentido de tro de um prazo razoável ou a ser posta em liber-
que proíbe o cumprimento da dita pena, imposta por dade, sem prejuízo de que prossiga o processo. Sua
juiz ou tribunal competente. O trabalho forçado não liberdade pode ser condicionada a garantias que
deve afetar a dignidade nem a capacidade física assegurem o seu comparecimento em juízo.
e intelectual do recluso. 6. Toda pessoa privada da liberdade tem direito a
3. Não constituem trabalhos forçados ou obri- recorrer a um juiz ou tribunal competente, a
gatórios para os efeitos deste artigo: fim de que este decida, sem demora, sobre a lega-
a) os trabalhos ou serviços normalmente exigidos lidade de sua prisão ou detenção e ordene sua
de pessoa reclusa em cumprimento de sentença
soltura se a prisão ou a detenção forem ilegais. Nos
ou resolução formal expedida pela autoridade
Estados Partes cujas leis prevêem que toda pessoa
judiciária competente. Tais trabalhos ou serviços
devem ser executados sob a vigilância e contro- que se vir ameaçada de ser privada de sua liberda-
le das autoridades públicas, e os indivíduos que os de tem direito a recorrer a um juiz ou tribunal com-
executarem não devem ser postos à disposição de petente a fim de que este decida sobre a legalidade
particulares, companhias ou pessoas jurídicas de tal ameaça, tal recurso não pode ser restrin-
de caráter privado; gido nem abolido. O recurso pode ser interposto
8
pela própria pessoa ou por outra pessoa.
0
b) o serviço militar e, nos países onde se admite a
7-
isenção por motivos de consciência, o serviço nacio- 7. Ninguém deve ser detido por dívidas. Este
8
nal que a lei estabelecer em lugar daquele. princípio não limita os mandados de autoridade
.5
46
c) o serviço imposto em casos de perigo ou cala- judiciária competente expedidos em virtude de ina-
midade que ameace a existência ou o bem-estar da dimplemento de obrigação alimentar.
.1
comunidade; e
40
d) o trabalho ou serviço que faça parte das obriga- Sobre a prisão civil por dívidas, nossa Carta Mag-
-1
ções cívicas normais. na de 1988 estabeleceu no inciso LXVII do art. 5º que
a
não haverá prisão civil por dívida, salvo a do respon-
lv
Outra norma jus cogens prevista na CADH encontra-
Si
nas ou escravidão, mesmo sem ter ratificado a sub- como no caso do depositário infiel.
an
missão à CADH, terá anulados tais documentos, pois Essa divergência normativa fez gerar uma avalanche
de habeas corpus junto aos tribunais brasileiros, solici-
rn
8
delito a lei dispuser a imposição de pena mais
0
seus direitos ou obrigações de natureza civil, traba-
7-
lhista, fiscal ou de qualquer outra natureza. leve, o delinquente será por isso beneficiado.
8
.5
2. Toda pessoa acusada de delito tem direito a
46
que se presuma sua inocência enquanto não se A lei, em regra, é feita para valer para no futuro.
Assim sendo, a norma não poderá retroagir e macular
.1
comprove legalmente sua culpa. Durante o proces-
40
so, toda pessoa tem direito, em plena igualdade, às o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa
-1
seguintes garantias mínimas: julgada. Por essa razão, a lei nova não será aplicada
a) direito do acusado de ser assistido gratuita- às situações que ocorreram no passado (princípio da
a
mente por tradutor ou intérprete, se não com-
lv
irretroatividade). Esse princípio tem como objetivo
Si
preender ou não falar o idioma do juízo ou tribunal; assegurar a segurança, a certeza e a estabilidade do
b) comunicação prévia e pormenorizada ao
os
ordenamento jurídico.
acusado da acusação formulada; Contudo, é importante saber que a regra da irre-
nt
particular, com seu defensor; penal in pejus (para piorar a situação do réu) encon-
an
e) direito irrenunciável de ser assistido por um tra-se prevista no inciso XL do art. 5º da Carta Magna:
rn
defensor proporcionado pelo Estado, remu- a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu.
Fe
nerado ou não, segundo a legislação interna, se o Nesse passo, a Constituição Federal dispõe apenas que
acusado não se defender ele próprio nem nomear a lei penal deve retroagir para beneficiar o réu.
o
rd
defensor dentro do prazo estabelecido pela lei; Em resumo, a regra é que a lei só pode retroagir
ua
f) direito da defesa de inquirir as testemunhas quando não ofender o ato jurídico perfeito, o direito
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
presentes no tribunal e de obter o comparecimen-
Ed
08
cia e de religião. Esse direito implica a liberdade 4. A lei pode submeter os espetáculos públicos
7-
de conservar sua religião ou suas crenças, ou a censura prévia, com o objetivo exclusivo de
8
de mudar de religião ou de crenças, bem como a
.5
regular o acesso a eles, para proteção moral da
46
liberdade de professar e divulgar sua religião ou infância e da adolescência, sem prejuízo do dis-
suas crenças, individual ou coletivamente, tanto em
.1
posto no inciso 2.
40
público como em privado. 5. A lei deve proibir toda propaganda a favor
2. Ninguém pode ser objeto de medidas restriti-
-1
da guerra, bem como toda apologia ao ódio
vas que possam limitar sua liberdade de conser- nacional, racial ou religioso que constitua inci-
a
var sua religião ou suas crenças, ou de mudar de
lv
tação à discriminação, à hostilidade, ao crime ou
Si
próprias crenças está sujeita unicamente às limi- Sobre o tema da liberdade de pensamento e de
nt
educação religiosa e moral que esteja acorde rabilidade e a segurança do STF, de seus membros e
rn
recentemente pelo STF, foi a possibilidade de restrição dela se utilizar para o cometimento de crimes ou para
ua
do exercício desse direito da liberdade de consciência a disseminação dolosa de informação falsa. Nesse sen-
Ed
e de religião durante a pandemia do coronavírus. tido, são vedados discursos de ódio, racistas, supres-
O Pacto prevê que a liberdade de manifestar a pró- sores de direitos e tendentes a excluir determinadas
pria religião e as próprias crenças está sujeita unica- pessoas da sociedade.
mente às limitações prescritas pela Lei e que sejam
necessárias para proteger a segurança, a ordem, a Art. 14 Direito de retificação ou resposta
saúde ou a moral públicas ou os direitos ou liberda- 1. Toda pessoa atingida por informações inexa-
tas ou ofensivas emitidas em seu prejuízo por
des das demais pessoas.
meios de difusão legalmente regulamentados e que
Ocorre no Brasil que vários Estados e Municípios
se dirijam ao público em geral, tem direito a fazer,
editaram Decretos, e não leis, como o Decreto Esta- pelo mesmo órgão de difusão, sua retificação
dual de São Paulo nº 65.563, de 2021, que proibiu ati- ou resposta, nas condições que estabeleça a lei.
vidades religiosas presenciais no estado para conter a 2. Em nenhum caso a retificação ou a resposta
propagação do coronavírus. eximirão das outras responsabilidades legais
Nossa Suprema Corte decidiu que a liberdade de em que se houver incorrido.
professar religião em cultos não é um direito absoluto 3. Para a efetiva proteção da honra e da reputação,
e pode ser temporariamente restringida para assegu- toda publicação ou empresa jornalística, cine-
178 rar as garantias à vida e à saúde. matográfica, de rádio ou televisão, deve ter uma
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qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
pessoa responsável que não seja protegida por 1. Toda pessoa tem direito a uma nacionalidade.
imunidades nem goze de foro especial. 2. Toda pessoa tem direito à nacionalidade do
Art. 15 Direito de reunião Estado em cujo território houver nascido, se
É reconhecido o direito de reunião pacífica e não tiver direito a outra.
sem armas. O exercício de tal direito só pode estar 3. A ninguém se deve privar arbitrariamente
sujeito às restrições previstas pela Lei e que de sua nacionalidade nem do direito de mudá-la.
sejam necessárias, numa sociedade democrática,
no interesse da segurança nacional, da segurança A nacionalidade é o vínculo jurídico estabelecido
ou da ordem públicas, ou para proteger a saúde entre Estado e indivíduo. Assim, os nacionais man-
ou a moral públicas ou os direitos e liberdades das têm uma relação jurídica com seu Estado onde quer
demais pessoas. que se encontrem. Nossa Constituição Federal, em seu
art. 12, prevê duas modalidades para a concessão da
Nossa Carta Magna, no inciso XVI do art. 5º, vai nacionalidade:
além e diz que o direito de reunião pode ser pratica-
do em locais abertos ao público, independentemente z Primária (originária): adquirida através da ori-
de autorização, desde que não frustrem outra reunião gem do indivíduo, sendo ela por critério sanguí-
anteriormente convocada para o mesmo local, sendo neo, territorial ou de ambas;
apenas exigido prévio aviso à autoridade competente. z Secundária (adquirida): adquirida pelo indiví-
Saiba que essa exigência de prévio aviso não é condi- duo posteriormente ou naturalizado por vontade
ção de obrigatoriedade para o exercício desse direito. própria.
8
Art. 21 Direito à propriedade privada
0
públicas, ou para proteger a saúde ou a moral
7-
1. Toda pessoa tem direito ao uso e gozo dos seus
públicas ou os direitos e liberdades das demais
8
bens. A lei pode subordinar esse uso e gozo ao
.5
pessoas.
interesse social.
46
3. O disposto neste artigo não impede a imposi-
2. Nenhuma pessoa pode ser privada de seus bens,
.1
ção de restrições legais, e mesmo a privação do
salvo mediante o pagamento de indenização jus-
40
exercício do direito de associação, aos membros
ta, por motivo de utilidade pública ou de interesse
-1
das forças armadas e da polícia.
social e nos casos e na forma estabelecidos pela lei.
Art. 17 Proteção da família
a
3. Tanto a usura como qualquer outra forma de
lv
1. A família é o elemento natural e fundamental exploração do homem pelo homem devem ser
Si
2. É reconhecido o direito do homem e da mulher de 1. Toda pessoa que se ache legalmente no territó-
Sa
contraírem casamento e de fundarem uma famí- rio de um Estado tem direito de circular nele e de
lia, se tiverem a idade e as condições para isso nele residir em conformidade com as disposições
s
legais.
não afetem estas o princípio da não-discriminação 2. Toda pessoa tem o direito de sair livremente de
do
3. O casamento não pode ser celebrado sem o 3. O exercício dos direitos acima mencionados não
livre e pleno consentimento dos contraentes.
rn
mesmo. Em caso de dissolução, serão adotadas dis- 4. O exercício dos direitos reconhecidos no inciso
posições que assegurem a proteção necessária aos 1 pode também ser restringido pela Lei, em zonas
filhos, com base unicamente no interesse e conve- determinadas, por motivo de interesse público.
niência dos mesmos. 5. Ninguém pode ser expulso do território do
5. A lei deve reconhecer iguais direitos tanto aos Estado do qual for nacional, nem ser privado do
filhos nascidos fora do casamento como aos direito de nele entrar.
nascidos dentro do casamento. 6. O estrangeiro que se ache legalmente no territó-
Art. 18 Direito ao nome rio de um Estado Parte nesta Convenção só pode-
Toda pessoa tem direito a um prenome e aos rá dele ser expulso em cumprimento de decisão
nomes de seus pais ou ao de um destes. A lei deve adotada de acordo com a lei.
regular a forma de assegurar a todos esse direito, 7. Toda pessoa tem o direito de buscar e receber
mediante nomes fictícios, se for necessário. asilo em território estrangeiro, em caso de perse-
Art. 19 Direitos da criança guição por delitos políticos ou comuns conexos
Toda criança tem direito às medidas de proteção com delitos políticos e de acordo com a legislação
que a sua condição de menor requer por parte da de cada Estado e com os convênios internacionais.
sua família, da sociedade e do Estado. 8. Em nenhum caso o estrangeiro pode ser expul-
Art. 20 Direito à nacionalidade so ou entregue a outro país, seja ou não de 179
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origem, onde seu direito à vida ou à liberdade b) a desenvolver as possibilidades de recurso judi-
pessoal esteja em risco de violação por causa da cial; e
sua raça, nacionalidade, religião, condição social c) a assegurar o cumprimento, pelas autoridades
ou de suas opiniões políticas. competentes, de toda decisão em que se tenha con-
9. É proibida a expulsão coletiva de estrangei- siderado procedente o recurso.
ros.
Capítulo III – Direitos Econômicos, Sociais e
Nosso ordenamento jurídico traz uma diferença Culturais
entre refúgio e asilo. No caso do pedido de asilo, aqui
no Brasil, quem o concede é o Presidente da Repúbli- Art. 26 Desenvolvimento progressivo
ca, não havendo segunda instância. Atente-se para Os Estados Partes comprometem-se a adotar pro-
não se confundir em relação ao pedido de refúgio, vidências, tanto no âmbito interno como mediante
pois quem concede é o Comitê Nacional para os Refu- cooperação internacional, especialmente econômi-
giados (CONARE), na primeira instância e, em caso de ca e técnica, a fim de conseguir progressivamen-
recurso do solicitante, o Ministro da Justiça decidirá te a plena efetividade dos direitos que decorrem
na segunda instância. das normas econômicas, sociais e sobre edu-
A Lei de Migração, Lei nº 13.445, de 2017, que cação, ciência e cultura, constantes da Carta da
Organização dos Estados Americanos, reformada
dispõe sobre os direitos do estrangeiro em território
pelo Protocolo de Buenos Aires, na medida dos
nacional, proibiu a deportação, a expulsão e a repa-
recursos disponíveis, por via legislativa ou por
triação coletivas. Ademais, é vedada a deportação,
outros meios apropriados.
expulsão, repatriação e extradição de brasileiro nato.
O brasileiro naturalizado pode ser extraditado, em
caso de crime comum praticado antes da naturaliza-
ção, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilíci-
to (antes ou após a naturalização) de entorpecentes e
HORA DE PRATICAR!
drogas afins (inciso LI do art. 5º da CF).
1. (EXATUS — 2015) Analise as afirmativas abaixo sobre
os Direitos e Garantias Fundamentais:
Importante!
I. As entidades associativas, quando expressamente
08
Lembre-se de que é proibida a extradição de autorizadas, têm legitimidade para representar seus
7-
estrangeiro em caso de crime político ou de filiados judicial ou extrajudicialmente.
8
.5
opinião. II. É livre a locomoção no território nacional em tempo
46
de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei,
.1
nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens.
40
Art. 23 Direitos políticos III. A prática do racismo constitui crime inafiançável e
-1
1. Todos os cidadãos devem gozar dos seguintes imprescritível, sujeito à pena de detenção, nos termos
direitos e oportunidades:
a
da lei.
lv
a) de participar na direção dos assuntos públicos,
Si
livremente eleitos;
nt
sivamente por motivos de idade, nacionalidade, “II. ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer algu-
Fe
processo penal. a) A lei deve prever tudo o que se faz, mas não o que se
ua
08
5. (EXATUS — 2014) Relativamente aos Direitos e Deve- I. Em termos de inconsciente coletivo, o policial exerce
7-
res Individuais e Coletivos, marque logo abaixo a única função educativa arquetípica: deve ser “o mocinho”,
8
.5
resposta correta: com procedimentos e atitudes coerentes com a “fir-
46
meza moralmente reta”, oposta radicalmente aos
.1
a) Em casos concretos poderá haver juízo ou tribunal de desvios perversos do outro arquétipo que se lhe con-
40
exceção. trapõe: o bandido.
-1
b) A lei penal não retroagirá em nenhuma forma. II. O policial, pela natural autoridade moral que porta,
a
c) As normas definidoras dos direitos e garantias funda- tem o potencial de ser o mais marcante promotor dos
lv
mentais têm aplicação imediata. Direitos Humanos, revertendo o quadro de descrédito
Si
d) Salvo os casos previstos na Constituição, a lei comple- social e qualificando-se como um personagem central
os
natos e naturalizados. III. O zelo pelo respeito e a decência dos quadros poli-
Sa
duais e Coletivos, marque a alternativa INCORRETA: instituições livres de -vícios, valorizadas socialmente e
detentoras de credibilidade histórica.
do
ção criminal. 10. (EXATUS — 2014) De acordo com o texto “Treze refle-
d) O preso tem direito à identificação dos responsáveis xões sobre Polícia e Direitos Humanos”, é INCORRETO
por sua prisão ou por seu interrogatório policial. afirmar que:
7. (EXATUS — 2014) Considerando o tema “Direitos a) O policial é, antes de tudo um cidadão, e na cidadania
Humanos”, marque a alternativa incorreta: deve nutrir sua razão de ser. Irmana-se, assim, a todos
os membros da comunidade em direitos e deveres.
a) Direitos humanos são os direitos básicos de todos os b) O uso legítimo da força se confunde com truculência.
seres humanos. c) Polícia não funciona sem hierarquia. Há, contudo,
b) É evidente a importância dos Direitos Humanos para clara distinção entre hierarquia e humilhação, entre
a construção de um Estado democrático de direito, ordem e perversidade.
onde as instituições públicas, em particular a polícia, d) A polícia é, portanto, uma espécie de superego social
exercem suas atividades com base nos princípios de indispensável em culturas urbanas, complexas e de
respeito à dignidade humana. interesses conflitantes, contenedora do óbvio caos a
c) Os Direitos Humanos são um conjunto de valores que estaríamos expostos na absurda hipótese de sua
que admite interpretações e conotações diversas. inexistência. 181
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11. (EXATUS — 2014) A Declaração Universal dos Direitos
Humanos da Organização das Nações Unidas afirma
ANOTAÇÕES
que:
( ) direitos de liberdade.
( ) direitos econômicos.
( ) direito ao meio ambiente equilibrado.
( ) direito de informação.
( ) direitos de igualdade.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência cor-
reta de cima para baixo:
a) V, F, V, V, V.
b) V, V, V, V, V.
c) V, V, F, V, V.
d) V, V, V, F, V.
08
citar a Declaração Universal dos Direitos do Homem. A
7-
respeito deste documento, é incorreto afirmar que:
8
.5
46
a) É uma recomendação da ONU aos países membros,
.1
assinada em 1948.
40
b) Reconhece que toda pessoa tem direitos ao trabalho e
-1
a escolha de emprego. a
c) Seus artigos contemplam, entre outros, o direito à -
lv
9 GABARITO
s
do
do
1 B
an
2 B
rn
Fe
3 D
o
4 A
rd
ua
5 C
Ed
6 D
7 D
8 D
9 A
10 C
11 B
12 C
182
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qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
lei, tanto em sede policial quanto judicial, devendo
o tratamento ser específico e humanizado (art. 28);
z Possibilitou ao juiz o decreto de prisão preventiva
do agressor quando houver riscos à integridade
LEGISLAÇÃO APLICADA À
física ou psicológica da vítima (art. 20);
z Estabeleceu uma série de medidas protetivas de
urgência (art. 22), dentre elas a suspensão da posse
PMERJ ou restrição do porte de armas do agressor, assim
como seu afastamento do lar e a proibição da apro-
ximação e do contato;
z Estabeleceu uma série de medidas protetivas de
urgência à ofendida (art. 23), dentre as quais o
LEI MARIA DA PENHA – LEI Nº 11.340, encaminhamento para programa de proteção, a
DE 2006 recondução ao domicílio após o afastamento do
agressor etc.
A Lei nº 11.340, de 2006, amplamente conhecida
por Lei Maria da Penha, nasceu por força de uma Vamos, então, analisar os pontos mais relevantes
recomendação feita ao Brasil pela Comissão de Direi- da Lei Maria da Penha.
tos Humanos da Organização dos Estados America-
nos (CIDH/OEA). Essa recomendação pedia que o país DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
incluísse em sua legislação mecanismos para coibir a
violência doméstica e familiar contra a mulher. Art. 1º Esta Lei cria mecanismos para coibir e
A Lei Maria da Penha tem essa denominação em prevenir a violência doméstica e familiar contra a
homenagem a Maria da Penha Maia Fernandes, uma mulher, nos termos do § 8º do art. 226 da Constitui-
farmacêutica bioquímica cearense, que sobreviveu a ção Federal, da Convenção sobre a Eliminação de
duas tentativas de homicídio por parte de seu então Todas as Formas de Violência contra a Mulher, da
marido: a primeira, com um tiro nas costas que a Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e
deixou paraplégica; e a segunda, por eletrocussão no Erradicar a Violência contra a Mulher e de outros
8
chuveiro. Após 20 anos sem que houvesse o julgamen- tratados internacionais ratificados pela República
0
Federativa do Brasil; dispõe sobre a criação dos
7-
to do agressor, Maria da Penha recorreu à CIDH/OEA
8
que entendeu que houve grave omissão no caso e con- Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra
.5
denou o Brasil a indenizar a vítima, a promover com a Mulher; e estabelece medidas de assistência e pro-
46
teção às mulheres em situação de violência domés-
celeridade o julgamento do agressor e a implementar
.1
tica e familiar.
40
uma legislação protetiva contra a violência doméstica
Art. 2º Toda mulher, independentemente de classe,
-1
e familiar contra a mulher.
raça, etnia, orientação sexual, renda, cultura, nível
A Lei Maria da Penha foi inovadora em muitos
a
educacional, idade e religião, goza dos direitos fun-
lv
aspectos e influenciou uma série de outras leis. damentais inerentes à pessoa humana, sendo-lhe
Si
INOVAÇÕES TRAZIDAS PELA LEI MARIA DA PENHA viver sem violência, preservar sua saúde física e
nt
ter inovador, conforme veremos. ções para o exercício efetivo dos direitos à vida, à
segurança, à saúde, à alimentação, à educação, à
do
Principais Inovações da Lei Maria da Penha, Lei nº cultura, à moradia, ao acesso à justiça, ao espor-
an
De acordo com o art. 5º, a lei não visa a tratar de DAS FORMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E
qualquer violência contra mulher, mas, sim, a violên- FAMILIAR CONTRA A MULHER
cia contra a mulher ocorrida no âmbito da unidade
doméstica, no âmbito da família, ou ainda em qual- O art. 7º da Lei Maria da Penha apresenta uma
quer relação íntima de afeto.
lista com algumas das formas de violência doméstica
É importante saber que, para que haja a aplica-
e familiar contra a mulher. Note que o caput, do art.
ção da Lei Maria da Penha, você deve observar se a
7º, inclui a expressão “entre outras”, o que deixa cla-
situação se configura em violência doméstica ocor-
ro que se trata de uma lista exemplificativa, podendo
rida nos termos do art. 5º da lei. Assim, no caso de,
por exemplo, ex-namorado que agride a mulher por existir outras hipóteses, mesmo que não previstas nos
causa do fim do namoro, incide a Lei Maria da Penha. incisos.
Entretanto, se a violência ocorreu por motivo que
não envolva o término do relacionamento não inci- Art. 7º São formas de violência doméstica e fami-
liar contra a mulher, entre outras:
8
dem os dispositivos da Lei Maria da Penha. Ou seja,
0
I - a violência física, entendida como qualquer con-
7-
para que se dê a aplicação da Lei nº 11.340, de 2006,
duta que ofenda sua integridade ou saúde corporal;
8
devem estar presentes os seguintes pressupostos de
.5
forma cumulativa: II - a violência psicológica, entendida como
46
qualquer conduta que lhe cause dano emocional e
.1
diminuição da autoestima ou que lhe prejudique
40
z vítima mulher;
e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise
z violência praticada nos termos do art. 5º, da Lei nº
-1
degradar ou controlar suas ações, comportamen-
11.340, de 2006. a
tos, crenças e decisões, mediante ameaça, constran-
lv
gimento, humilhação, manipulação, isolamento,
Si
Tribunal de Justiça firmou entendimento que a vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à
s
aplicável quando a vítima é mulher trans. No Jul- III - a violência sexual, entendida como qualquer
do
gamento do Resp. 1.977.124, o STJ interpretou conduta que a constranja a presenciar, a manter
ou a participar de relação sexual não desejada,
an
Com tal decisão, portanto, a mulher trans deve ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prosti-
ua
ser considerada sujeito passivo para os termos tuição, mediante coação, chantagem, suborno ou
Ed
da proteção integral prevista na Lei nº 11.340, manipulação; ou que limite ou anule o exercício de
de 2006. seus direitos sexuais e reprodutivos;
Vale lembrar que este assunto tem relevância IV - a violência patrimonial, entendida como
não só para o estudo da legislação penal espe- qualquer conduta que configure retenção, subtra-
cial, mas, também, para o estudo da criminolo- ção, destruição parcial ou total de seus objetos, ins-
gia, uma vez que se relaciona com a criminologia trumentos de trabalho, documentos pessoais, bens,
queer (teoria que inclui nos estudos criminoló- valores e direitos ou recursos econômicos, incluin-
gicos os diversos tipos de violência cometidos do os destinados a satisfazer suas necessidades;
contra as populações queer — lésbicas, gays, V - a violência moral, entendida como qualquer con-
bissexuais, transexuais, entre outras que não duta que configure calúnia, difamação ou injúria.
sigam o padrão normativo vigente).
Dica
Veja que a incidência da Lei Maria da Penha inde- Em relação às formas de violência, previstas no
pende da orientação sexual dos envolvidos, ou seja, art. 7º, vale uma leitura mais cuidadosa, uma vez
184 também numa relação homoafetiva feminina, haverá que a banca pode exigir a letra da lei.
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qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Veja abaixo as cinco formas de violência domés- nacionalmente, e a avaliação periódica dos resulta-
tica e familiar contra a mulher, acompanhados de dos das medidas adotadas;
alguns exemplos. III - o respeito, nos meios de comunicação social,
dos valores éticos e sociais da pessoa e da família,
z Violência Física: de forma a coibir os papéis estereotipados que legi-
timem ou exacerbem a violência doméstica e fami-
liar, de acordo com o estabelecido no inciso III do
Qualquer conduta que ofenda a integridade ou
art. 1º , no inciso IV do art. 3º e no inciso IV do art.
a saúde corporal da mulher. Exemplos: tapas, socos, 221 da Constituição Federal ;
espancamento, atirar objetos, apertar os braços, IV - a implementação de atendimento policial espe-
estrangular, lesionar com objetos como facas ou cializado para as mulheres, em particular nas Dele-
armas de fogo, queimar etc. gacias de Atendimento à Mulher;
V - a promoção e a realização de campanhas edu-
z Violência Psicológica cativas de prevenção da violência doméstica e fami-
liar contra a mulher, voltadas ao público escolar e
Qualquer conduta que cause dano emocional e à sociedade em geral, e a difusão desta Lei e dos
diminuição da autoestima, entre outras formas de instrumentos de proteção aos direitos humanos
prejuízo à saúde psicológica. Exemplos: ameaças, das mulheres;
perseguição, constrangimento, humilhação, manipu- VI - a celebração de convênios, protocolos, ajus-
tes, termos ou outros instrumentos de promoção
lação, isolamento (proibir de sair de casa ou de falar
de parceria entre órgãos governamentais ou entre
com outras pessoas, inclusive com parentes), vigilân-
estes e entidades não-governamentais, tendo por
cia constante etc.
objetivo a implementação de programas de erra-
dicação da violência doméstica e familiar contra a
z Violência Sexual mulher;
VII - a capacitação permanente das Polícias Civil e
Qualquer conduta que atinja os direitos sexuais Militar, da Guarda Municipal, do Corpo de Bombei-
e reprodutivos. Exemplos: estupro (inclusive entre ros e dos profissionais pertencentes aos órgãos e às
marido e mulher), impedir o uso de anticoncepcio- áreas enunciados no inciso I quanto às questões de
nais, forçar a abortar, obrigar a se prostituir etc. gênero e de raça ou etnia;
8
VIII - a promoção de programas educacionais que
0
7-
z Violência Patrimonial disseminem valores éticos de irrestrito respeito à
8
dignidade da pessoa humana com a perspectiva de
.5
46
gênero e de raça ou etnia;
Qualquer conduta que configure retenção, subtra-
IX - o destaque, nos currículos escolares de todos
.1
ção, destruição parcial ou total de seus objetos, ins-
40
os níveis de ensino, para os conteúdos relativos aos
trumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, direitos humanos, à eqüidade de gênero e de raça
-1
valores e direitos ou recursos econômicos. Exemplos: ou etnia e ao problema da violência doméstica e
a
apropriar-se do salário, controlar o dinheiro, destruir familiar contra a mulher.
lv
quais a vítima goste etc. No art. 8º, a Lei Maria da Penha determina ao
os
Qualquer conduta que configure calúnia, difama- mulher em situação de violência doméstica. Exemplo
do
ção ou injúria. Exemplos: rebaixar a vítima por meio dessa integração buscada pela Lei Maria da Penha são
do
de xingamentos que atinjam sua índole, tentar man- as Delegacias de Defesa da Mulher, onde a mulher
an
char a reputação, expor a vida íntima etc. vítima de violência doméstica, após o registro da ocor-
rn
Das Medidas Integradas de Prevenção co de Saúde ou até mesmo para uma casa de abrigo.
LEGISLAÇÃO APLICADA À PMERJ
Ed
08
tratamento das vítimas em situação de violência tomadas pelos, entre elas:
7-
doméstica e familiar, recolhidos os recursos assim
8
.5
arrecadados ao Fundo de Saúde do ente federado z a proteção policial;
46
responsável pelas unidades de saúde que prestarem z encaminhamento ao hospital/IML;
.1
os serviços. z encaminhamento para assistência jurídica;
40
§ 5º Os dispositivos de segurança destinados z acompanhamento até o domicílio para eventual
-1
ao uso em caso de perigo iminente e disponibiliza- retirada de bens.
dos para o monitoramento das vítimas de violên-
a
lv
cia doméstica e familiar amparadas por medidas
Destaque para a possibilidade de o delegado de
Si
agressor.
convivência com a vítima, cláusula incluída pela Lei
nt
dependentes, nem configurar atenuante ou ensejar do art. 10, tais medidas podem ser tomadas antes
do
ca e familiar tem prioridade para matricular Art. 10-A É direito da mulher em situação de vio-
lência doméstica e familiar o atendimento policial
rn
§ 8º Serão sigilosos os dados da ofendida e de lência doméstica, quando se tratar de crime contra
seus dependentes matriculados ou transferi- a mulher, obedecerá às seguintes diretrizes:
dos conforme o disposto no § 7º deste artigo, e o I - salvaguarda da integridade física, psíquica
acesso às informações será reservado ao juiz, ao e emocional da depoente, considerada a sua con-
Ministério Público e aos órgãos competentes do dição peculiar de pessoa em situação de violência
poder público. doméstica e familiar;
II - garantia de que, em nenhuma hipótese, a
mulher em situação de violência doméstica e
O art. 9º disciplina as formas de prestação de assis-
familiar, familiares e testemunhas terão con-
tência à mulher em situação de violência doméstica
tato direto com investigados ou suspeitos e
e familiar, dentre as quais merecem destaque, em pessoas a eles relacionadas;
primeiro lugar, o encaminhamento, feito pelo juiz cri- III - não revitimização da depoente, evitando
minal, da vítima para a assistência judiciária gratuita, sucessivas inquirições sobre o mesmo fato nos
caso seja necessário o ajuizamento de ações no âmbi- âmbitos criminal, cível e administrativo, bem
to civil (uma ação de divórcio, por exemplo), confor- como questionamentos sobre a vida privada.
me estabelece o inciso III, do parágrafo 2º. § 2º Na inquirição de mulher em situação de vio-
186 lência doméstica e familiar ou de testemunha de
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delitos de que trata esta Lei, adotar-se-á, preferen- Procedimentos a Serem Realizados pela Autoridade
cialmente, o seguinte procedimento Policial
I - a inquirição será feita em recinto especialmente
projetado para esse fim, o qual conterá os equipa- Art. 12 Em todos os casos de violência doméstica e
mentos próprios e adequados à idade da mulher em familiar contra a mulher, feito o registro da ocor-
rência, deverá a autoridade policial adotar, de ime-
situação de violência doméstica e familiar ou teste-
diato, os seguintes procedimentos, sem prejuízo
munha e ao tipo e à gravidade da violência sofrida;
daqueles previstos no Código de Processo Penal:
II - quando for o caso, a inquirição será interme- I - ouvir a ofendida, lavrar o boletim de ocorrência
diada por profissional especializado em violência e tomar a representação a termo, se apresentada;
doméstica e familiar designado pela autoridade II - colher todas as provas que servirem para o
judiciária ou policial; esclarecimento do fato e de suas circunstâncias;
III - o depoimento será registrado em meio eletrôni- III - remeter, no prazo de 48 (quarenta e oito)
co ou magnético, devendo a degravação e a mídia horas, expediente apartado ao juiz com o pedido
integrar o inquérito. da ofendida, para a concessão de medidas prote-
tivas de urgência;
O art. 10-A cuida do atendimento da vítima, que IV - determinar que se proceda ao exame de cor-
deve ser feito em local apropriado pelos policiais e po de delito da ofendida e requisitar outros exames
periciais necessários;
peritos especializados. Também deve ser prestado
V - ouvir o agressor e as testemunhas;
de forma ininterrupta e por servidores previamente VI - ordenar a identificação do agressor e fazer jun-
capacitados, preferencialmente do sexo feminino. A tar aos autos sua folha de antecedentes criminais,
mulher vítima de violência doméstica deve ser acolhi- indicando a existência de mandado de prisão ou
da, protegida e respeitada no ambiente policial. registro de outras ocorrências policiais contra ele;
Merece destaque o inciso III, que cuida da revitimiza- VI-A - verificar se o agressor possui registro de
ção, mais especificamente com a vitimização secundária porte ou posse de arma de fogo e, na hipótese de
existência, juntar aos autos essa informação, bem
(também chamada de revitimização ou sobrevitimi-
como notificar a ocorrência à instituição respon-
zação) que ocorre quando o órgão estatal (polícia, MP, sável pela concessão do registro ou da emissão do
Judiciário etc.) fazem o ofendido se tornar vítima nova- porte, nos termos da Lei nº 10.826, de 22 de dezem-
mente (dessa vez, por ação do Estado, que faz a vítima bro de 2003 (Estatuto do Desarmamento);
08
reviver, desnecessariamente, a violência sofrida). VII - remeter, no prazo legal, os autos do inquérito
7-
policial ao juiz e ao Ministério Público.
8
.5
Art. 11 No atendimento à mulher em situação de § 1º O pedido da ofendida será tomado a termo pela
46
violência doméstica e familiar, a autoridade poli- autoridade policial e deverá conter:
.1
cial deverá, entre outras providências: I - qualificação da ofendida e do agressor;
40
I - garantir proteção policial, quando necessário, II - nome e idade dos dependentes;
-1
III - descrição sucinta do fato e das medidas prote-
comunicando de imediato ao Ministério Público e
tivas solicitadas pela ofendida.
a
ao Poder Judiciário;
lv
IV - informação sobre a condição de a ofendida ser
II - encaminhar a ofendida ao hospital ou pos-
Si
seus dependentes para abrigo ou local seguro, § 2º A autoridade policial deverá anexar ao docu-
Sa
do local da ocorrência ou do domicílio familiar; § 3º Serão admitidos como meios de prova os lau-
dos ou prontuários médicos fornecidos por hospi-
an
8
diretamente serviços públicos necessários à defesa da
0
liar contra a Mulher, órgãos da Justiça Ordinária
7-
mulher.
com competência cível e criminal, poderão ser cria-
8
.5
dos pela União, no Distrito Federal e nos Territó-
Art. 12-C Verificada a existência de risco atual ou
46
rios, e pelos Estados, para o processo, o julgamento
iminente à vida ou à integridade física ou psicoló-
.1
e a execução das causas decorrentes da prática de
gica da mulher em situação de violência doméstica
40
violência doméstica e familiar contra a mulher.
e familiar, ou de seus dependentes, o agressor será
-1
Parágrafo único. Os atos processuais poderão rea-
imediatamente afastado do lar, domicílio ou lizar-se em horário noturno, conforme dispuserem
a
local de convivência com a ofendida:
lv
as normas de organização judiciária.
I - pela autoridade judicial;
Si
momento da denúncia
do
§ 1º Nas hipóteses dos incisos II e III do caput deste familiar contra a mulher.
do
aplicada, devendo dar ciência ao Ministério Público Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra
Fe
concomitantemente. a Mulher.
§ 1º Exclui-se da competência dos Juizados de Vio-
o
ofendida ou à efetividade da medida protetiva lência Doméstica e Familiar contra a Mulher a pre-
ua
de urgência, não será concedida liberdade pro- tensão relacionada à partilha de bens.
Ed
8
Os pontos mais relevantes, no que diz respeito às
0
e, por este motivo, a Lei Maria da Penha prevê que a
7-
medidas protetivas, são:
retratação somente pode ser feita perante o juiz, em
8
.5
audiência especialmente designada para tal fim. z podem ser concedidas pelo juiz, a requerimento
46
do Ministério Público ou a pedido da vítima;
.1
Art. 17 É vedada a aplicação, nos casos de violên-
40
z têm o prazo de até 48 horas após o recebimento
cia doméstica e familiar contra a mulher, de penas pelo juiz para serem concedidas, mas podem ser
-1
de cesta básica ou outras de prestação pecu- determinadas de imediato;
a
niária, bem como a substituição de pena que impli-
lv
z podem ser aplicadas de forma isolada ou cumulati-
que o pagamento isolado de multa.
Si
Um dos dispositivos da Lei Maria da Penha que Art. 20 Em qualquer fase do inquérito policial ou
nt
possuem maior relevância, o art. 17 prevê, de forma da instrução criminal, caberá a prisão preventi-
Sa
expressa, nos casos de violência doméstica e familiar, va do agressor, decretada pelo juiz, de ofício, a
s
da Penha, também não é possível realizar a substitui- decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem.
Fe
de direitos. Tal entendimento se encontra disposto na O art. 20 prevê a possibilidade de que o juiz, de ofí-
rd
Súmula 588, do STJ: cio, isto é, sem provocação, decrete a prisão preventiva
ua
Súmula nº 588 (STJ) A prática de crime ou con- policial). No entanto, desde 2011, o Código de Proces-
travenção penal contra a mulher com violência ou so Penal deixou de prever a possibilidade do juiz, de
grave ameaça no ambiente doméstico impossibilita ofício, decretar essa medida nessa fase, de forma que,
a substituição da pena privativa de liberdade por ainda que expressa no art. 20, não pode mais ser apli-
restritiva de direitos. cada — o juiz somente pode decretar a prisão, de ofício,
depois do oferecimento da denúncia ou, em caso de fla-
Medidas Protetivas de Urgência grante, quando a prisão é convertida em preventiva.
8
em comum, salvo expressa autorização judicial;
0
conjunto ou separadamente, as seguintes medi-
7-
das protetivas de urgência, entre outras: III - suspensão das procurações conferidas pela
8
ofendida ao agressor;
.5
I - suspensão da posse ou restrição do porte de
46
armas, com comunicação ao órgão competente, nos IV - prestação de caução provisória, mediante depó-
.1
termos da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003; sito judicial, por perdas e danos materiais decor-
40
II - afastamento do lar, domicílio ou local de rentes da prática de violência doméstica e familiar
-1
convivência com a ofendida; contra a ofendida.
III - proibição de determinadas condutas, entre Parágrafo único. Deverá o juiz oficiar ao cartório
a
lv
as quais: competente para os fins previstos nos incisos II e
Si
provisórios.
rd
de recuperação e reeducação; e
Ed
08
7-
DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA Havendo necessidade de atendimento mais especia-
8
lizado, a equipe multidisciplinar pode indicar ao juiz um
.5
Art. 27 Em todos os atos processuais, cíveis e crimi-
46
profissional para que este se manifeste sobre o caso.
nais, a mulher em situação de violência doméstica
.1
e familiar deverá estar acompanhada de advoga-
40
Art. 32 O Poder Judiciário, na elaboração de sua
do, ressalvado o previsto no art. 19 desta Lei.
-1
proposta orçamentária, poderá prever recursos
para a criação e manutenção da equipe de atendi-
a
A garantia de que a mulher esteja acompanhada
lv
mento multidisciplinar, nos termos da Lei de Dire-
Si
DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS
ocasione prejuízo à vítima.
do
A ressalva feita ao art. 19 tem a finalidade de Art. 33. Enquanto não estruturados os Juizados de
an
garantir que a mulher vítima de violência doméstica Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, as
rn
e familiar, independentemente de estar ou não com varas criminais acumularão as competências cível
Fe
advogado, possa solicitar medida de proteção. e criminal para conhecer e julgar as causas decor-
rentes da prática de violência doméstica e familiar
o
rd
Art. 28 É garantido a toda mulher em situação contra a mulher, observadas as previsões do Título
ua
de violência doméstica e familiar o acesso aos IV desta Lei, subsidiada pela legislação processual
LEGISLAÇÃO APLICADA À PMERJ
pertinente.
Ed
Nos termos do art. 28, a Lei Maria da Penha garan- O art. 33 teve aplicação durante o processo de imple-
te à mulher vítima de violência doméstica e familiar mentação da Lei Maria da Penha, enquanto se insta-
a assistência judiciária, tanto na fase pré processual lavam as varas especializadas. Durante tal as varas
(delegacia de polícia) quanto na judicial. criminais cumulavam as suas causas com as decorren-
tes de violência doméstica e familiar contra a mulher.
DA EQUIPE DE ATENDIMENTO MULTIDISCIPLINAR
DISPOSIÇÕES FINAIS
Art. 29 Os Juizados de Violência Doméstica e Fami-
liar contra a Mulher que vierem a ser criados poderão Art. 34 A instituição dos Juizados de Violência
contar com uma equipe de atendimento multidiscipli- Doméstica e Familiar contra a Mulher poderá ser
nar, a ser integrada por profissionais especializados acompanhada pela implantação das curadorias
nas áreas psicossocial, jurídica e de saúde. necessárias e do serviço de assistência judiciária. 191
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qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
O art. 34, da Lei Maria da Penha, indica que tan- remeter suas informações criminais para a base de
to o Ministério Público quanto a Defensoria Pública dados do Ministério da Justiça.
devem se estruturar para atuar junto às varas de vio-
lência doméstica e familiar, criando cargos de Promo- Conforme determina o inciso II, art. 8º, da Lei
tores de Justiça e Defensores Públicos. Maria da Penha, uma das diretrizes de enfrentamento
à violência doméstica e familiar contra a mulher é a
Art. 35 A União, o Distrito Federal, os Estados e os produção de estatísticas. Nesse sentido, o art. 38 indi-
Municípios poderão criar e promover, no limite das ca que os Estados e o DF contribuam de forma a ali-
respectivas competências: mentar um sistema nacional de dados e informações
I - centros de atendimento integral e multidiscipli- sobre as mulheres em tal situação. É pela análise das
nar para mulheres e respectivos dependentes em informações que constam em tal banco de dados que
situação de violência doméstica e familiar; o poder público pode orientar e reorientar as medidas
II - casas-abrigos para mulheres e respectivos de enfrentamento contra a violência.
dependentes menores em situação de violência Vale observar que somente recentemente, por
doméstica e familiar; meio da Lei nº 14.232, de 2021, é que foi criada a Polí-
III - delegacias, núcleos de defensoria pública, servi- tica Nacional de Dados e Informações relacionadas à
ços de saúde e centros de perícia médico-legal espe- Violência contra as Mulheres (PNAINFO), com a fina-
cializados no atendimento à mulher em situação de lidade de reunir, organizar, sistematizar e disponibili-
violência doméstica e familiar;
zar dados e informações atinentes a todos os tipos de
IV - programas e campanhas de enfrentamento da
violência contra as mulheres.
violência doméstica e familiar;
V - centros de educação e de reabilitação para os
Art. 38-A O juiz competente providenciará o regis-
agressores.
tro da medida protetiva de urgência.
Art. 36 A União, os Estados, o Distrito Federal e os
Parágrafo único. As medidas protetivas de urgência
Municípios promoverão a adaptação de seus órgãos
serão, após sua concessão, imediatamente registra-
e de seus programas às diretrizes e aos princípios
das em banco de dados mantido e regulamentado
desta Lei.
pelo Conselho Nacional de Justiça, garantido o
acesso instantâneo do Ministério Público, da Defen-
O poder público tem a obrigação de assegurar efe- soria Pública e dos órgãos de segurança pública e
8
tiva assistência às mulheres em situação de violência de assistência social, com vistas à fiscalização e à
0
7-
doméstica e familiar, dentro do que prescrevem os efetividade das medidas protetivas.
8
princípios da Lei Maria da Penha. Art. 39 A União, os Estados, o Distrito Federal e os
.5
Municípios, no limite de suas competências e nos ter-
46
Art. 37 A defesa dos interesses e direitos tran- mos das respectivas leis de diretrizes orçamentárias,
.1
sindividuais previstos nesta Lei poderá ser exerci- poderão estabelecer dotações orçamentárias especí-
40
da, concorrentemente, pelo Ministério Público ficas, em cada exercício financeiro, para a implemen-
-1
e por associação de atuação na área, regular- tação das medidas estabelecidas nesta Lei.
a
mente constituída há pelo menos um ano, nos
lv
poderá ser dispensado pelo juiz quando entender federativos façam previsão, em seus orçamentos, de
nt
que não há outra entidade com representatividade recursos suficientes para o enfrentamento da violên-
Sa
adequada para o ajuizamento da demanda coletiva. cia doméstica e familiar contra a mulher.
s
do
O art. 37 se refere à legitimidade para ajuizamento de Art. 40 As obrigações previstas nesta Lei não
do
ação civil pública. A ação civil pública é regulamentada excluem outras decorrentes dos princípios por ela
pela Lei nº 7.347, de 1985, e tem como objetivo proteger
an
adotados.
os interesses coletivos tais como a honra e a dignidade
rn
Nos termos do art. 37, da Lei Maria da Penha, há com a Constituição Federal e com os tratados de direi-
o
legitimidade concorrente entre o Ministério Público tos humanos incorporados ao ordenamento jurídico
rd
e associação devidamente constituída há mais de um nacional. Desse modo, o sistema de proteção à mulher
ua
ano, que tenha entre suas finalidades a promoção e vítima de violência doméstica e familiar não se res-
Ed
a defesa dos direitos humanos para a proposição de tringe à Lei nº 11.340, de 2006, mas inclui obrigações
ação civil pública. Nos termos do parágrafo único, o que constam em tais documentos, como, por exemplo
requisito da pré constituição pode ser excepcional- na Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas
mente dispensado. de Violência contra a Mulher e na Convenção Intera-
Vale mencionar que, além do MP e da mencionada mericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência
associação, também a Defensoria Pública tem legiti- contra a Mulher (Convenção de Belém do Pará).
midade para propor ação civil pública, tendo em vista
a previsão que consta na Lei nº 11.648, de 2007. Art. 41 Aos crimes praticados com violência domés-
tica e familiar contra a mulher, independentemente
Art. 38 As estatísticas sobre a violência doméstica e da pena prevista, não se aplica a Lei nº 9.099, de
familiar contra a mulher serão incluídas nas bases 26 de setembro de 1995.
de dados dos órgãos oficiais do Sistema de Justiça e
Segurança a fim de subsidiar o sistema nacional de O art. 41 é um dos mais importantes da Lei Maria
dados e informações relativo às mulheres. da Penha. Tendo em vista a gravidade dos crimes
Parágrafo único. As Secretarias de Segurança cometidos contra a mulher nas situações da Lei Maria
192 Pública dos Estados e do Distrito Federal poderão da Penha, o legislador optou por afastar a incidência
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Eduardo Fernando dos Santos Silva - 140.146.587-08, vedada, por quaisquer meios e a
qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
da Lei nº 9.099, de 1995, Lei dos Juizados Especiais, Por fim, o art. 45, da Lei Maria da Penha, acres-
que beneficiaria o agressor em vários aspectos. centou um parágrafo ao art. 152, da Lei de Execução
Por fim, os arts. 42 ao 45 cuidaram de promover Penal, prevendo que, nos casos de violência domés-
alterações em outras leis. tica e familiar contra a mulher, o agressor pode ser
obrigado a participar de programas de recuperação e
Art. 42 O art. 313 do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de reeducação durante o cumprimento da limitação de
outubro de 1941 (Código de Processo Penal), passa final de semana.
a vigorar acrescido do seguinte inciso IV:
“Art. 313 .................................................
................................................................
IV - se o crime envolver violência doméstica e fami- ESTATUTO DA PESSOA IDOSA – LEI Nº
liar contra a mulher, nos termos da lei específica, 10.741, DE 2003
para garantir a execução das medidas protetivas
de urgência.” (NR) Embora os direitos fundamentais sejam univer-
sais (por serem inerentes à condição de ser humano),
O art. 42, da Lei Maria da Penha, alterou a redação em alguns casos, levando em conta as dificuldades
do art. 313, do CPP, incluindo o inc. IV, no qual consta enfrentadas por determinadas minorias sociais, tais
a previsão da possibilidade de o juiz decretar a prisão como as mulheres, as crianças, os idosos, houve/há
preventiva em crimes que envolvam violência domés- necessidade de criação de mecanismos de proteção
tica e familiar contra a mulher, com o fim de garantir de alcance especial. Além disso, a fim de enfrentar a
a execução das medidas protetivas de urgência. violência e o preconceito contra determinados grupos
étnicos, também foram criados alguns instrumentos
Art. 43 A alínea f do inciso II do art. 61 do Decre- legais de tutela e acolhimento.
to-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Cumpre esclarecer, no entanto, que o sistema de
Penal), passa a vigorar com a seguinte redação: proteção especial não visa, relativizar as peculiari-
“Art. 61. .................................................. dades sociais e culturais de determinado grupo, mas,
................................................................. sim, aumentar o alcance de proteção dos direitos
II - ............................................................ humanos em razão das particularidades existentes.
................................................................. Nesta ótica, pode-se dizer que o art. 229, da Cons-
08
f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de tituição Federal, de 1988, deu amparo aos direitos da
7-
relações domésticas, de coabitação ou de hospitali- pessoa idosa ao estabelecer que, na velhice, carência ou
8
.5
dade, ou com violência contra a mulher na forma situações de enfermidade, compete aos filhos o dever
46
da lei específica;
de prestar auxílio e amparo aos seus pais. Além disso,
.1
........................................................... ” (NR)
ainda de acordo com a CF, é dever da família, da socie-
40
dade e do Estado prestar assistência às pessoas idosas,
-1
O art. 43 alterou o art. 61, do CP, para incluir, den- garantindo que participem da comunidade de forma
tre as circunstâncias agravantes genéricas, a violência
a
digna, pois, assim como todos os outros indivíduos,
lv
doméstica e familiar contra a mulher. esse grupo social tem direito à vida e ao bem-estar.
Si
Art. 44 O art. 129 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de rada a Política Nacional do Idoso por meio da Lei nº
nt
dezembro de 1940 (Código Penal), passa a vigorar 8.842, de 1994. No entanto, o sistema de proteção da
Sa
..................................................................
to da Pessoa Idosa”.
§ 9º Se a lesão for praticada contra ascendente, des-
do
coabitação ou de hospitalidade:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. bancas tendem a cobrar o que se denomina “literali-
o
..................................................................
artigo com base em sua estrutura. Não há, entretanto,
ua
contra pessoa portadora de deficiência.” (NR) O presente material dedica atenção especial à par-
te relativa aos crimes (arts. 93 a 108).
O art. 44, por sua vez, incluiu no CP a violên-
cia doméstica como qualificadora do crime de lesão NOÇÕES GERAIS DO DIREITO DO IDOSO
corporal.
O Estatuto da Pessoa Idosa é dividido em 7 (sete)
Art. 45 O art. 152 da Lei nº 7.210, de 11 de julho de partes:
1984 (Lei de Execução Penal), passa a vigorar com
a seguinte redação: z Disposições Preliminares: estabelece os concei-
“Art. 152. ................................................... tos iniciais e as regras de interpretação;
Parágrafo único. Nos casos de violência doméstica z Direitos Fundamentais: elenca e disciplina os
contra a mulher, o juiz poderá determinar o compa- direitos à vida, à liberdade, ao respeito e à dignida-
recimento obrigatório do agressor a programas de de, aos alimentos, à saúde, à educação, à cultura,
recuperação e reeducação.” (NR) ao esporte e lazer, à profissionalização e ao tra-
balho, à previdência social, à assistência social, à
habitação e ao transporte; 193
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qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
z Medidas de Proteção: cuida dos meios de prote- Neste mesmo sentido, o art. 3º clarifica o caráter
ção sempre que os direitos fundamentais dos ido- complementar do Estatuto ao reafirmar que o idoso
sos forem ameaçados ou violados; possui, além dos direitos intrínsecos a todas as pesso-
z Política de Atendimento ao Idoso: disciplina as, um sistema próprio de proteção.
as linhas de ação da política de atendimento, as
entidades de atendimento ao idoso, os meios de Art. 3º É obrigação da família, da comunidade, da
fiscalização dessas entidades, as infrações admi- sociedade e do poder público assegurar à pessoa
nistrativas, a apuração administrativa de infração idosa, com absoluta prioridade, a efetivação do
às normas de proteção ao idoso e a apuração judi- direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação,
cial de irregularidades das entidades; à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cida-
z Acesso à Justiça: estabelece a tramitação prioritá- dania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à con-
ria, as regras de proteção e o órgão competente por vivência familiar e comunitária.
sua promoção;
z Crimes: tipifica os crimes praticados contra as pes- Ademais, seu parágrafo primeiro apresenta as
soas idosas; diversas garantias deste sistema especial de proteção.
z Disposições Finais e Transitórias: cuida das Vejamos:
regras de transição e demais modificações legisla-
tivas feitas pelo Estatuto em outras leis. § 1º A garantia de prioridade compreende:
I - atendimento preferencial imediato e indi-
Inicialmente, o conceito de pessoa idosa é encon- vidualizado junto aos órgãos públicos e privados
trado no art. 1º, do Estatuto. Considera-se pessoa idosa prestadores de serviços à população;
aquela ‘’com idade igual ou superior a 60 (sessenta) II - preferência na formulação e na execução de
anos.’’ Por levar em consideração apenas a idade bio- políticas sociais públicas específicas;
lógica da pessoa, descartando qualquer outro crité- III - destinação privilegiada de recursos públi-
rio para apuração, como o físico e o psicológico, por cos nas áreas relacionadas com a proteção à
exemplo, estamos diante de um critério cronológico pessoa idosa;
Atenção: embora o Estatuto fixe a idade de 60 anos IV - viabilização de formas alternativas de
ou mais, isso não impede que outras leis fixem idades participação, ocupação e convívio da pessoa
distintas, desde que estas não se refiram, exatamen-
8
idosa com as demais gerações;
0
te, à pessoa idosa, ou seja, desde que se relacionem V - priorização do atendimento da pessoa ido-
87-
apenas à idade e não ao fato de a pessoa ser idosa. São sa por sua própria família, em detrimento do
.5
exemplos importantes: atendimento asilar, exceto dos que não a possuam
46
ou careçam de condições de manutenção da pró-
.1
z 65 anos: direito ao benefício do transporte coleti- pria sobrevivência;
40
vo público gratuito, conforme a Constituição; VI - capacitação e reciclagem dos recursos
-1
z 65 anos: direito ao Benefício de Prestação Conti- humanos nas áreas de geriatria e gerontologia e na
a
nuada (BPC) da Lei Orgânica da Assistência Social; prestação de serviços às pessoas idosas;
lv
envelhecimento;
Sa
O art. 2º estabelece uma norma de interpretação VIII - garantia de acesso à rede de serviços de
s
extremamente importante, pois, mesmo que o Estatu- saúde e de assistência social locais.
do
fica para o idoso, ele não exclui a aplicação de outras Imposto de Renda.
an
vação de sua saúde física e mental e seu aperfei- Outra regra importante apresenta-se no parágrafo
çoamento moral, intelectual, espiritual e social, em segundo, do art. 3º: a pessoa idosa com mais de 80
condições de liberdade e dignidade. (oitenta) anos deve gozar de prioridade especial,
ou seja, suas necessidades devem ser atendidas forma
Para uma melhor compreensão do artigo: os sis- preferencial em relação aos demais. Nos termos:
temas de proteção geral (aplicável a todas as pessoas)
e especial (aplicável a pessoas determinadas em razão § 2º Entre as pessoas idosas, é assegurada prio-
de peculiaridades) não são dicotômicos. Na realida- ridade especial aos maiores de 80 (oitenta) anos,
de, eles se complementam. Como consequência, não atendendo-se suas necessidades sempre preferen-
é porque existe um sistema de proteção próprio ao cialmente em relação às demais pessoas idosas.
idoso que os direitos desse grupo serão excluídos da
proteção trazida pela Constituição Federal. Portanto,
+ Maior —
as pessoas idosas possuem, somados à proteção inte- Prioridade
gral do Estatuto, mais específica, uma vez que leva em prioridade
60 anos ou
consideração suas peculiaridades, a garantia de todos 80 anos ou
mais
194 os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana. mais
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Os arts. 4º e 5º, do Estatuto, afirmam que as pesso- sua dignidade, colocando-a a salvo de qualquer trata-
as idosas não podem sofrer qualquer tipo de negligên- mento tido como desumano, violento, aterrorizante,
cia, discriminação ou violência. Ainda de acordo com vexatório ou constrangedor.
os mesmos dispositivos, a inobservância das normas Nos termos da lei:
de prevenção resulta na responsabilização da pessoa
física ou jurídica. Observemos: Art. 10 É obrigação do Estado e da sociedade asse-
gurar à pessoa idosa a liberdade, o respeito e a dig-
Art. 4º Nenhuma pessoa idosa será objeto de qual- nidade, como pessoa humana e sujeito de direitos
quer tipo de negligência, discriminação, violência, civis, políticos, individuais e sociais, garantidos na
crueldade ou opressão, e todo atentado aos seus Constituição e nas leis.
direitos, por ação ou omissão, será punido na for-
ma da lei. Conforme o § 1º, do art. 10, o direito de liberdade
§ 1º É dever de todos prevenir a ameaça ou violação compreende os seguintes aspectos:
aos direitos da pessoa idosa.
§ 2º As obrigações previstas nesta Lei não excluem I - faculdade de ir, vir e estar nos logradouros públi-
da prevenção outras decorrentes dos princípios por cos e espaços comunitários, ressalvadas as restri-
ela adotados. ções legais;
Art. 5º A inobservância das normas de prevenção II - opinião e expressão;
importará em responsabilidade à pessoa física ou III - crença e culto religioso;
jurídica nos termos da lei. IV - prática de esportes e de diversões;
V - participação na vida familiar e comunitária;
O art. 6º, por sua vez, apresenta o instituto da VI - participação na vida política, na forma da lei;
delatio criminis (comunicação do crime), que se refe- VII - faculdade de buscar refúgio, auxílio e orientação.
re à possibilidade de todos os indivíduos levarem ao
conhecimento das autoridades públicas qualquer for- O direito ao respeito, de acordo com o § 2º, do
ma de violação ao Estatuto. art. 10, versa sobre a inviolabilidade da integridade
física, psíquica e moral do idoso. Para tanto, considera
Art. 6º Todo cidadão tem o dever de comunicar à a preservação de sua imagem, identidade, autonomia,
autoridade competente qualquer forma de violação valores, ideias, crenças, espaços e objetos pessoais.
8
a esta Lei que tenha testemunhado ou de que tenha
Nos arts. 11 ao 14, estão disciplinados os direitos
0
conhecimento.
7-
aos alimentos. Estes dispositivos asseguram, aos idosos,
8
.5
a concessão de alimentos em casos de necessidade, na
O art. 7º, no que lhe diz respeito, refere-se à Lei
46
forma estabelecida pelo Código Civil. Trata-se de uma
nº 8.842, de 1994, que trata sobre a Política Nacional
.1
obrigação solidária, podendo a pessoa idosa optar entre
do Idoso, afirmando que a responsabilidade de zelar
40
os prestadores. Nos casos em que os familiares não pos-
pelo cumprimento dos seus direitos cabe aos Conse-
-1
suem condições econômicas de prover seu sustento, o
lhos Nacionais, Estaduais, Distritais e Municipais da
provimento compete ao Poder (âmbito da Assistência
a
pessoa idosa.
lv
Social). Vejamos os dispositivos na íntegra:
Si
to Federal e Municipais da Pessoa Idosa, previstos Art. 11 Os alimentos serão prestados à pessoa ido-
nt
cumprimento dos direitos da pessoa idosa, defini- Art. 12 A obrigação alimentar é solidária, podendo
a pessoa idosa optar entre os prestadores.
s
O direito à vida encontra-se previsto nos arts. 8º e O direito à saúde está previsto nos arts. 15 ao 19,
9º. Trata-se do direito de maior importância, pois, sem do Estatuto. Trata-se de um direito universal, pois é
este, não há possibilidade de existência dos demais. garantido a todos os indivíduos, na Constituição Fede-
Como a vida é inviolável, envelhecer de forma digna ral, como um direito social. Aos idosos, o direito à saú-
é uma consequência e um direito personalíssimo, cuja de é assegurado por meio do Sistema Único de Saúde
proteção é um direito social. Além disso, é dever do (SUS). Vejamos os termos da lei:
Estado garantir aos idosos a proteção não só à vida,
mas, também, à saúde, por meio de efetivações de Art. 15 É assegurada a atenção integral à saúde
políticas sociais públicas que permitam o envelheci- da pessoa idosa, por intermédio do Sistema Único
mento saudável e em condições dignas. de Saúde (SUS), garantindo-lhe o acesso universal
Os direitos à liberdade, ao respeito e à dignida- e igualitário, em conjunto articulado e contínuo
de estão disciplinados no art. 10, do Estatuto, respon- das ações e serviços, para a prevenção, promoção,
sável por estabelecer, como obrigação do Estado e da proteção e recuperação da saúde, incluindo a aten-
sociedade, a garantia de que estes sejam efetivados. ção especial às doenças que afetam preferencial-
A pessoa idosa possui direitos civis, políticos, indivi- mente as pessoas idosas. (Redação dada pela Lei nº
duais e sociais e todos os indivíduos devem zelar por 14.423, de 2022) 195
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Para a prevenção e manutenção da saúde, o Esta- De acordo com o parágrafo único, do art. 17, quan-
tuto estabelece as seguintes medidas (§ 1º, art. 15): do o idoso não puder optar pelo tratamento que lhe
for mais favorável, isso será feito:
I - cadastramento da população idosa em base
territorial; I - pelo curador, quando o idoso for interditado;
II - atendimento geriátrico e gerontológico em II - pelos familiares, quando o idoso não tiver
ambulatórios; curador ou este não puder ser contactado em tem-
III - unidades geriátricas de referência, com pessoal po hábil;
especializado nas áreas de geriatria e gerontologia III - pelo médico, quando ocorrer iminente risco
social; de vida e não houver tempo hábil para consulta a
IV - atendimento domiciliar, incluindo a interna- curador ou familiar;
ção, para a população que dele necessitar e este- IV - pelo próprio médico, quando não houver
ja impossibilitada de se locomover, inclusive para curador ou familiar conhecido, caso em que deverá
comunicar o fato ao Ministério Público.
idosos abrigados e acolhidos por instituições públi-
cas, filantrópicas ou sem fins lucrativos e eventual-
mente conveniadas com o Poder Público, nos meios Ademais, o Estatuto determina que, em casos de
urbano e rural; violência praticada contra o idoso (suspeita ou con-
V - reabilitação orientada pela geriatria e geron- firmação), os serviços de saúde públicos e privados
tologia, para redução das sequelas decorrentes do deverão notificar compulsoriamente à autoridade
agravo da saúde. sanitária e comunicar qualquer um dos seguintes
órgãos:
O Estatuto estabelece, no § 2º, do art. 15, como res-
ponsabilidade do Poder Público, o fornecimento gra- z Autoridade policial;
tuito, aos idosos, de: z Ministério Público;
z Conselho Municipal da Pessoa Idosa;
z Conselho Estadual da Pessoa Idosa; ou
z medicamentos (como os de uso continuado);
z Conselho Nacional da Pessoa Idosa.
z próteses;
z órteses;
Para uma melhor fixação do conteúdo, observe-
8
z outros recursos relativos ao tratamento, habilita-
0
mos a tabela abaixo.
7-
ção ou reabilitação.
8
.5
46
Além disso, o mesmo dispositivo assegura, aos ido- VIOLÊNCIA CONTRA O IDOSO
.1
sos enfermos, o atendimento domiciliar pelas seguin-
Suspeita ou
40
tes instituições: Notificar Comunicar
confirmação
z perícia médica do Instituto Nacional do Seguro -1 Autoridade
a
lv
Social (INSS); policial
Si
8
por familiar), a partir de 65 (sessenta e cinco) anos, ao mínimo, no valor das passagens para as pessoas idosas
0
7-
benefício mensal de 1 (um) salário mínimo (benefício que excederem as vagas gratuitas com renda igual ou
8
de prestação continuada, estabelecido na Lei Orgâni- inferior a 2 salários-mínimos, nos termos do art. 40.
.5
ca da Assistência Social, BPC/LOAS).
46
O art. 41, do Estatuto, também assegura, ao ido-
Os arts. 37 e 38 tratam do direito à habitação, ou so, a reserva de 5% das vagas nos estacionamentos
.1
40
seja, à moradia digna em família, natural ou substi- públicos e privados, posicionadas de forma a garan-
-1
tuta, desacompanhado (quando a pessoa idosa assim tir melhor comodidade à pessoa idosa, nos termos de
desejar) ou, ainda, em instituição pública ou privada. legislação local, além de prioridade à segurança nos
a
lv
Além disso, de acordo com os mesmos dispositi- procedimentos de embarque e desembarque nos veí-
Si
vos, a pessoa idosa goza de prioridade na aquisição de culos do sistema de transporte coletivo.
os
moradia própria nos programas habitacionais (públi- Para ajudar na assimilação do tema, organizamos
cos ou subsidiados com recursos públicos). Vejamos:
nt
I - reserva de pelo menos 3% (três por cento) das Reserva de 10% dos assentos nos transportes
rn
z Entre 60 e 65 anos:
rd
nísticas, para garantia de acessibilidade à pessoa Legislação local disporá sobre as condições para
Ed
Por fim, os arts. 39 e 42 tratam do direito ao trans- Reserva de 5% (cinco por cento) das vagas, as
porte. O Estatuto assegura a gratuidade dos trans- quais deverão ser posicionadas de forma a
portes coletivos públicos urbanos e semiurbanos, garantir a melhor comodidade ao idoso.
exceto nos serviços seletivos e especiais prestados
paralelamente aos serviços regulares aos maiores de z Transporte coletivo interestadual:
65 anos. Para o acesso, de acordo com os dispositivos,
basta apresentar qualquer documento pessoal que Legislação local disporá sobre as condições para
faça prova de sua idade. Vejamos: exercício da gratuidade nos meios de transporte;
Desconto de 50%, no mínimo, no valor das pas-
Art. 39 Aos maiores de 65 (sessenta e cinco) anos sagens para os idosos que excederem as vagas
fica assegurada a gratuidade dos transportes cole- gratuitas, com renda igual ou inferior a 2 (dois)
tivos públicos urbanos e semi-urbanos, exceto nos salários-mínimos. 197
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As medidas de proteção, disciplinadas nos arts.
43 ao 68, do Estatuto, tratam dos meios aplicáveis INFRAÇÕES
sempre que os direitos dos idosos sofrerem ameaça/ ADMINISTRATIVAS
violação por ação/omissão da sociedade ou do Estado,
Art. 56 Art. 57 Art. 58
falta, omissão ou abuso da família, curador ou entida-
de de atendimento ou, ainda, em razão de sua condi-
ção pessoal. Art. 56 Deixar a entidade de atendimento de cum-
Caso ocorra ameaça ou violação, cabe ao Minis- prir as determinações do art. 50 desta Lei:
tério Público ou ao Poder Judiciário, a requerimento Pena – multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$
daquele, determinar algumas medidas, entre as quais 3.000,00 (três mil reais), se o fato não for caracte-
se destacam: rizado como crime, podendo haver a interdição do
estabelecimento até que sejam cumpridas as exi-
Art. 45 […] gências legais.
I - encaminhamento à família ou curador, mediante Parágrafo único. No caso de interdição do estabe-
termo de responsabilidade; lecimento de longa permanência, as pessoas idosas
II - orientação, apoio e acompanhamento temporários; abrigadas serão transferidas para outra institui-
III - requisição para tratamento de sua saúde, em ção, a expensas do estabelecimento interditado,
regime ambulatorial, hospitalar ou domiciliar; enquanto durar a interdição.
IV – inclusão em programa oficial ou comunitá-
rio de auxílio, orientação e tratamento a usuários A primeira infração está prevista no art. 56 e guar-
dependentes de drogas lícitas ou ilícitas, à própria da relação com o descumprimento das seguintes obri-
pessoa idosa ou à pessoa de sua convivência que gações pelas entidades de atendimento:
lhe cause perturbação;
V - abrigo em entidade; Art. 50 Constituem obrigações das entidades de
VI - abrigo temporário. atendimento:
I - celebrar contrato escrito de prestação de serviço
O Estatuto dispõe acerca das medidas específicas com a pessoa idosa, especificando o tipo de aten-
de proteção, que podem ser aplicadas, isolada ou dimento, as obrigações da entidade e prestações
cumulativamente, levando ‘’em conta os fins sociais a decorrentes do contrato, com os respectivos preços,
8
que se destinam e o fortalecimento dos vínculos fami-
0
se for o caso;
7-
liares e comunitários’’ (art. 44). II - observar os direitos e as garantias de que são
8
No que se refere à política de atendimento à pes-
.5
titulares as pessoas idosas;
46
soa idosa, de acordo com o art. 46, esta será feita por III - fornecer vestuário adequado, se for pública, e
.1
meio do conjunto articulado de ações governamentais alimentação suficiente;
40
e não governamentais dos entes federativos (União, IV - oferecer instalações físicas em condições ade-
-1
estados, Distrito Federal e municípios), tendo em vista quadas de habitabilidade;
as seguintes linhas de atendimento: V - oferecer atendimento personalizado;
a
lv
VI - diligenciar no sentido da preservação dos vín-
Si
I - políticas sociais básicas, previstas na Lei nº VII - oferecer acomodações apropriadas para rece-
nt
parentes ou responsáveis por pessoas idosas XI - proceder a estudo social e pessoal de cada caso;
Fe
infectocontagiosas;
dos direitos das pessoas idosas;
ua
A segunda infração encontra-se determinada no art. 57 e refere-se ao fato de o profissional de saúde (ou o
responsável por estabelecimento de saúde ou instituição de longa permanência) ter deixado de comunicar, à
autoridade competente, os casos conhecidos de crimes contra idoso. Trata-se de uma infração com pena de multa,
aplicada em dobro no caso de reincidência. Vejamos:
Art. 57 Deixar o profissional de saúde ou o responsável por estabelecimento de saúde ou instituição de longa per-
manência de comunicar à autoridade competente os casos de crimes contra pessoa idosa de que tiver conhecimento:
Pena – multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 3.000,00 (três mil reais), aplicada em dobro no caso de reincidência.
O art. 58, do Estatuto, traz a terceira e última infração, que ocorre quando se deixa de cumprir as determina-
ções do Estatuto sobre a prioridade no atendimento ao idoso. Esta infração é punida com pena de multa e multa
civil a ser estipulada pelo juiz, conforme o dano sofrido pelo idoso. Nos termos:
Art. 58 Deixar de cumprir as determinações desta Lei sobre a prioridade no atendimento à pessoa idosa:
Pena – multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 1.000,00 (mil reais) e multa civil a ser estipulada pelo juiz, conforme o
dano sofrido pela pessoa idosa.
As regras atinentes à apuração administrativa de infração às normas de proteção ao idoso estão discipli-
nadas nos arts. 59 a 63, do Estatuto. Nesta parte, são estabelecidas atualizações monetárias anuais dos valores
das multas e o procedimento para a imposição de penalidade administrativa por infração às normas de proteção
ao idoso, tendo início com requisição do Ministério Público ou auto de infração, elaborado por servidor efetivo e
8
assinado por duas testemunhas (se possível) (art. 60).
0
7-
O procedimento de apuração tem início com o auto de infração, que deverá ser lavrado dentro de 24 horas da
8
.5
verificação da infração, salvo motivo justificado. Após a lavratura do auto, o autuado terá prazo de 10 dias, conta-
46
do da data da intimação, para a apresentação da defesa. De acordo com o art. 64, para a sua apuração, aplicam-se,
.1
subsidiariamente, as disposições das Leis nº 6.437, de 1977, e nº 9.784, de 1999.
40
Vejamos o fluxograma abaixo.
-1
a
lv
Si
Por fim, o procedimento de apuração judicial da irregularidade, quer em entidade governamental, quer em
do
entidade não governamental de atendimento ao idoso, iniciará mediante petição fundamentada de pessoa inte-
ressada ou iniciativa do Ministério Público (art. 65). É cabível a liminar para afastamento provisório do dirigente
an
da entidade ou outras medidas julgadas adequadas para evitar lesão aos direitos do idoso, mediante decisão fun-
rn
O dirigente da entidade deverá ser citado para oferecer resposta escrita no prazo de 10 dias, podendo, inclu-
o
sive, juntar documentos e indicar as provas a produzir (art. 67). Após a apresentação da defesa, o juiz designará
rd
audiência de instrução e julgamento e deliberará sobre a necessidade de produção de outras provas (art. 68). As
ua
audiência. Caso ocorra o afastamento provisório ou definitivo de dirigente de entidade governamental, o juiz
oficiará a autoridade administrativa imediatamente superior ao afastado, dando-lhe prazo de 24 horas para pro-
ceder à substituição (§§ 1º e 2º, art. 68).
No que se refere à parte atinente ao Acesso à Justiça, o Estatuto estabelece que se aplique, subsidia-
riamente, o procedimento sumário, previsto no Código de Processo Civil, naquilo que não contrarie os prazos
previstos no Estatuto (art. 69). A Lei assegura, ainda, prioridade na tramitação dos processos e procedimentos e
na execução dos atos e diligências judiciais em que figure, como parte ou interveniente, pessoa com idade igual
ou superior a 60 anos, em qualquer instância (art. 71). Caso o idoso possua mais de oitenta anos, a ele será dada
prioridade especial (§ 5º, art. 71).
Dica
A prioridade de tramitação não encerra com a morte do idoso, estendendo-se em favor do cônjuge ou companhei-
ro(a) maior de 60 anos.
199
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qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
CRIMES
O Estatuto disciplina os crimes contra os idosos nos arts. 96 a 108. Antes, porém, estabelece três regras impor-
tantes de interpretação, explicitadas na tabela abaixo:
Embora o Estatuto da Pessoa Idosa estabeleça o rito sumaríssimo do juizado aos crimes cuja pena máxima
privativa de liberdade não exceda 4 anos, a transação penal, medida despenalizadora, só é cabível aos crimes de
menor potencial ofensivo, ou seja, cuja pena máxima não ultrapasse 2 anos.
Lembre-se: entende-se por transação penal o acordo realizado entre o acusado (autor do fato) e o Ministério Públi-
co por meio do qual o último submete o primeiro ao cumprimento de determinada medida alternativa com o objetivo
de evitar a instauração de um processo, sem, contudo, ocorrer a admissão de culpa.
Os arts. 181 e 182, do Código Penal, tratam de hipóteses de imunidade absoluta (art. 181) e relativa (art. 182).
Vejamos:
Código Penal
Art. 181 É isento de pena quem comete qualquer dos crimes previstos neste título, em prejuízo:
I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal;
II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural.
8
Art. 182 Somente se procede mediante representação, se o crime previsto neste título é cometido em prejuízo:
0
7-
I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado;
8
II - de irmão, legítimo ou ilegítimo;
.5
III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita.
46
.1
De acordo com o art. 95, do Estatuto, qualquer crime praticado contra o idoso (de caráter patrimonial ou não,
40
com ou sem violência ou grave ameaça) é de ação pública incondicionada.
-1
À vista disso, salienta-se, por necessário, que o próprio art. 183, do Código Penal, já trazia a previsão do art. 95,
a
do Estatuto, de forma expressa, ou seja, vedava a aplicação da imunidade trazida pelos arts. 181 e 182, do Código
lv
Si
Penal, quando o ‘’crime é praticado contra pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos’’.
Voltando ao Estatuto da Pessoa Idosa, vamos, agora, ao estudo dos crimes em espécie:
os
nt
Art. 96 Discriminar pessoa idosa, impedindo ou dificultando seu acesso a operações bancárias, aos meios de
Sa
transporte, ao direito de contratar ou por qualquer outro meio ou instrumento necessário ao exercício da cidadania,
s
Um ponto importante, nesse dispositivo, diz respeito ao conceito de discriminar. No Estatuto, entende-se
an
como discriminação toda distinção, exclusão ou restrição baseada na idade da vítima do delito. No caso do art.
rn
96, acima exposto, o agente (autor do fato) cria empecilhos (dificulta ou impede) seu acesso a operações bancárias,
Fe
Cumpre esclarecer que a expressão “meios de transporte”, trazida pelo Estatuto, é bem ampla, uma vez que
rd
envolve todos os meios de transporte aéreos, terrestres, marítimos, sejam eles individuais ou coletivos, públicos
ua
ou privados. A definição do “direito de contratar”, por sua vez, refere-se à faculdade legal de celebração dos negó-
Ed
cios jurídicos. A expressão “exercício da cidadania”, por último, guarda relação com tudo aquilo ligado ao status
de indivíduo, ou seja, ao pleno gozo dos direitos políticos e civis.
O crime tipificado no art. 96, do Estatuto, é um crime comum, isto é, que pode ser praticado por qualquer
pessoa, não exigindo qualidade especial do autor do delito. Porém, exige-se que a prática do crime seja motivada
pela idade (dolo em razão da idade).
§ 1º Na mesma pena incorre quem desdenhar, humilhar, menosprezar ou discriminar pessoa idosa, por qualquer
motivo.
O parágrafo primeiro apresenta uma conduta equiparada à discriminação. Trata-se do tratamento de desdém,
menosprezo ou humilhação contra a pessoa idosa por quaisquer outros motivos que não os disciplinados no caput
(quais sejam: acesso a operações bancárias, aos meios de transporte, ao direito de contratar ou ao exercício de
sua cidadania).
§ 2º A pena será aumentada de 1/3 (um terço) se a vítima se encontrar sob os cuidados ou responsabilidade do
200 agente.
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qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
O parágrafo segundo afirma que, nos casos em que risco pessoal. Este pode ser cometido de três formas
o agente de uma das condutas elencadas for o respon- distintas:
sável (legal ou não) pelo idoso que sofreu a discrimi-
nação, a pena será aumentada. Portanto, o aumento z A primeira refere-se à conduta omissa quando o
de 1/3 da pena decorre da proximidade e do dever de idoso está em iminente perigo, isto é, o perigo que
cuidado para com a pessoa idosa. São considerados está prestes a ocorrer;
responsáveis: z A segunda forma ocorre quando o agente recusa,
retarda ou dificulta, sem justa causa, a assistên-
z filhos; cia à saúde do idoso, sem que exista qualquer tipo
z netos; de impedimento;
z curadores; z A terceira forma de incriminação é a conduta de
z cuidadores; não pedir socorro à autoridade pública.
z entre outros.
Atenção: o fato de o agente não prestar assistência
Dica ao idoso devido ao risco a sua integridade não o exi-
me de pedir socorro a uma autoridade competente.
Embora a conduta do parágrafo segundo seja Cabe mencionar que, considerando a pena máxima
mais reprovável do que as anteriores, a esta cabível, trata-se de uma infração de menor potencial
também são aplicadas as medidas despenaliza- ofensivo e, portanto, sujeita às medidas despenaliza-
doras da Lei nº 9.099, de 1995, uma vez que se doras da Lei nº 9.099, de 1995.
trata de uma infração de menor potencial ofensi-
vo (pena máxima inferior a dois anos). Parágrafo único. A pena é aumentada de metade,
se da omissão resulta lesão corporal de natureza
É de suma importância ressaltar as recentes alterações grave, e triplicada, se resulta a morte.
realizadas, no Estatuto, pela Lei nº 14.181, de 2021,
conhecida por Lei do Superendividamento. Esta lei O parágrafo único traz uma hipótese de causa de
alterou dispositivos do Estatuto da Pessoa Idosa (Lei aumento de pena devido ao resultado. No caso de a
nº 10.741, de 2003) e do Código de Defesa do Consu- omissão resultar lesão corporal grave, a pena será
aumentada de metade. Caso resulte em morte, ela
8
midor (Lei nº 8.078, de 1990), objetivando melhor
0
será triplicada.
7-
disciplinar a sistemática de crédito ao consumidor e,
Observe o que os parágrafos 1º e 2º, do art. 129, do
8
também, dispor sobre a prevenção e o tratamento do
.5
superendividamento. Código Penal, dispõem sobre a lesão corporal de natu-
46
Veja o que dispõe o § 3º, do art. 96, do Estatuto: reza grave (sentido amplo):
.1
40
§ 3º Não constitui crime a negativa de crédito z Lesão corporal grave em sentido estrito:
motivada por superendividamento da pessoa idosa.
-1
a
Art. 129 […]
lv
§ 1º Se resulta:
Si
II - perigo de vida;
por exemplo, negar um empréstimo a uma pessoa pelo
Sa
IV - aceleração de parto:
acabavam por conceder empréstimos para idosos já Pena - reclusão, de um a cinco anos.
do
com receio de serem penalizadas por negar o crédito. z Lesão corporal gravíssima:
rn
Art. 97 Deixar de prestar assistência à pessoa De volta aos artigos do Estatuto, observe o art. 98:
idosa, quando possível fazê-lo sem risco pessoal,
em situação de iminente perigo, ou recusar, retar- Art. 98 Abandonar a pessoa idosa em hospitais,
dar ou dificultar sua assistência à saúde, sem jus- casas de saúde, entidades de longa permanência,
ta causa, ou não pedir, nesses casos, o socorro de ou congêneres, ou não prover suas necessidades
autoridade pública: básicas, quando obrigado por lei ou mandado:
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e Pena – detenção de 6 (seis) meses a 3 (três) anos e
multa. multa.
O crime do art. 97, do Estatuto, é um crime prati- O art. 98 traz uma modalidade de crime pró-
cado por omissão: deixar de prestar assistência quan- prio, ou seja, aquele que somente será cometido por
do se tem a possibilidade de fazê-lo sem qualquer quem possui dever de cuidado (obrigação legal ou 201
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qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
convencional), como no caso de filho que abandona a Art. 101 Deixar de cumprir, retardar ou frus-
mãe, privando-a do convívio familiar, de carinho ou trar, sem justo motivo, a execução de ordem
de afeto. Como a pena máxima excede dois anos, não judicial expedida nas ações em que for parte ou
caberá transação penal, mas é cabível a suspensão interveniente a pessoa idosa:
condicional do processo1, já que a pena mínima não Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e
ultrapassa 1 ano. multa.
Art. 99 Expor a perigo a integridade e a saúde, O crime do art. 101 refere-se ao descumprimento
física ou psíquica, da pessoa idosa, submetendo-a da execução de ordem judicial expedida nas ações
a condições desumanas ou degradantes ou privan- em que for parte ou interveniente o idoso, ou seja,
do-a de alimentos e cuidados indispensáveis, quan- qualquer tipo de ação que tenha, como parte ou inter-
do obrigado a fazê-lo, ou sujeitando-a a trabalho veniente, a pessoa idosa. Este se trata, também, de cri-
excessivo ou inadequado: me próprio e sujeito às medidas despenalizadoras, por
Pena – detenção de 2 (dois) meses a 1 (um) ano e ser uma infração de menor potencial ofensivo.
multa.
Art. 102 Apropriar-se de ou desviar bens, pro-
O crime do art. 99 também é próprio, ou seja, o ventos, pensão ou qualquer outro rendimento da
acusado necessita ter um vínculo de cuidado com o pessoa idosa, dando-lhes aplicação diversa da de
idoso. A exposição a perigo deve ser concreta, ou sua finalidade:
seja, é preciso provar que o idoso ficou, efetivamente, Pena – reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa.
exposto a uma situação de perigo. Trata-se, também,
de infração de menor potencial ofensivo, sendo cabí- O crime tipificado no art. 102 pode ser praticado
vel aplicação das medidas despenalizadoras previstas de dois modos: apropriação ou desvio. Entende-se
na Lei nº 9.099, de 1995. por apropriação qualquer situação na qual o agente
trate coisa alheia como se fosse sua, ou seja, apode-
§ 1º Se do fato resulta lesão corporal de natureza ra-se de bem, proventos, pensões, benefícios ou qual-
grave: quer outro rendimento do idoso. Nos casos de desvio,
Pena – reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos. o agente dá um destino diferente a bem, proventos,
pensões, benefícios ou qualquer outro rendimento da
8
O parágrafo primeiro traz uma hipótese de crime pessoa idosa. As duas condutas são punidas com pena
0
7-
qualificado pelo resultado, de modo a alterar o pata- de reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos. Trata-se de
8
mar da pena. No caso de o fato resultar lesão corporal crime comum e, devido à pena mínima ser inferior a
.5
46
grave, a pena será reclusão de 1 a 4 anos. um ano, cabe suspensão do processo.
.1
40
§ 2º Se resulta a morte: Art. 103 Negar o acolhimento ou a permanência
da pessoa idosa, como abrigada, por recusa desta em
-1
Pena – reclusão de 4 (quatro) a 12 (doze) anos.
outorgar procuração à entidade de atendimento: Pena
a
– detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.
lv
O parágrafo segundo disciplina outra qualificado-
Si
I - obstar o acesso de alguém a qualquer cargo custear a estadia do idoso no local. Trata-se de crime
do
público por motivo de idade; comum e infração de menor potencial ofensivo, sujei-
do
II - negar a alguém, por motivo de idade, emprego to, portanto, às medidas despenalizadoras.
an
ou trabalho;
III - recusar, retardar ou dificultar atendimen-
rn
expedida na ação civil a que alude esta Lei; Pena – detenção de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos e
Ed
1 Devido à pena da infração penal, ao oferecer a denúncia, poderá o Ministério Público propor a suspensão do processo por até 4 (quatro) anos,
no caso de o acusado não possuir outro processo criminal ou de não ter sido condenado por outros crimes, propondo o cumprimento de determi-
202 nadas condições em troca do benefício.
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qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
O crime do art. 105 atinge a honra do idoso, inde- ênfase na relação da pessoa com deficiência e do meio
pendentemente de este se sentir ofendido ou violado. em que ela está inserida.
Trata-se de crime comum ao qual, devido à pena míni- Até mesmo a forma de se referir a estas pessoas é
ma, caberá suspensão condicional do processo. fruto de uma construção histórica. A partir de 1993,
a nomenclatura mudou para portadores de necessi-
Art. 106 Induzir pessoa idosa sem discernimen- dades especiais, pessoas com necessidades especiais,
to de seus atos a outorgar procuração para fins de pessoas especiais, portadores de direitos especiais ou
administração de bens ou deles dispor livremente: pessoas com deficiência.
Pena – reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos. Como consequência dessas mudanças no modo de
ver/encarar a pessoa com deficiência, surgiu o dever
O crime do art. 106, do Estatuto, exige um especial de eliminar os obstáculos que pudessem impedir o
fim de agir, ou seja, o agente tem a finalidade adminis- pleno exercício de seus direitos, de modo a possibili-
trar ou dispor livremente dos bens do idoso. tar o desenvolvimento de suas potencialidades, com
autonomia e participação.
Art. 107 Coagir, de qualquer modo, a pessoa Neste contexto, iniciou-se um sistema de proteção
idosa a doar, contratar, testar ou outorgar internacional, exigindo dos Estados um tratamento
procuração: especializado para proteção aos direitos das pessoas
Pena – reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos. com deficiência. Entre os instrumentos de proteção
realizados, encontra-se a Convenção sobre os Direi-
O art. 107 tipifica a conduta de coação em que a tos das Pessoas com Deficiência de 2006. O texto desta
vítima é pessoa idosa e o agente a coage a doar, con- convenção foi assinado no ano de 2007 e incorporado
tratar, testar ou outorgar procuração. Trata-se de cri- ao ordenamento jurídico brasileiro no ano de 2009
me comum. pelo Decreto nº 6.949.
A importância do Decreto nº 6.949, de 2009 é imen-
Art. 108 Lavrar ato notarial que envolva pessoa sa, uma vez que ele foi o primeiro tratado internacio-
idosa sem discernimento de seus atos, sem a nal de direitos humanos a adotar a norma do artigo
devida representação legal: 5º, § 3º, da Constituição Federal, ou seja, a seguir o
Pena – reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos. mesmo rito de aprovação cabível para as emendas
constitucionais (aprovação em cada Casa do Congres-
08
O crime do art. 108 trata de pessoa idosa sem dis- so Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos
7-
dos respectivos membros).
8
cernimento para a prática de seus atos, cuja conduta
.5
(lavratura de ato notarial) é realizada sem o repre- Como resultado, tal decreto passou a ter status de
46
sentante legal. Trata-se de crime próprio (praticado norma constitucional (mesmo valor normativo das
.1
somente pela pessoa responsável pela lavratura do normas colocadas na Constituição Federal mesmo
40
ato no cartório). sem fazer parte dela). Por esta razão, o Brasil necessi-
-1
Cumpre mencionar, por fim, que o art. 109, do Esta- tou promover alterações legislativas para “assegurar e
a
tuto, embora não esteja disciplinado na parte relativa promover o pleno exercício de todos os direitos huma-
lv
nos e liberdades fundamentais por todas as pessoas
Si
Convenção.
do
COM DEFICIÊNCIA – LEI Nº 13.146, DE tificar as ideias mais importantes da legislação, uma
rn
A proteção dos direitos das pessoas com deficiên- do, para tanto, a necessidade de decorá-los. Consi-
ua
te. Na realidade, a preocupação da sociedade com essa especial atenção à parte relativa aos crimes e infra-
parcela da população faz parte de um discurso atual, ções administrativas por ser esse o ponto mais cobra-
resultado da forma como essas pessoas passaram a do pelas bancas examinadoras.
ser percebidas. Feitas essas considerações iniciais, bons estudos!
É possível visualizar, ao longo da história, que as pes-
soas com deficiência foram encaradas de quatro modos NOÇÕES SOBRE O DIREITO DA PESSOA COM
diferentes, conforme cada período temporal. A primeira DEFICIÊNCIA
fase foi a de intolerância em relação às pessoas com defi-
ciência, pois simbolizavam a impureza, o pecado, ou, até A Lei nº 13.146, de 2015 é dividida em duas par-
mesmo, o castigo divino. A segunda foi a fase marcada tes: geral e especial. A parte geral tem, como base, os
pela invisibilidade das pessoas com deficiência. Dela, princípios da Convenção sobre os Direitos das Pes-
decorreu a terceira fase, marcada pelo assistencialismo soas com Deficiência, disciplinando, além desses, os
e pautada na perspectiva médica e biológica de que a direitos fundamentais das pessoas com deficiência.
deficiência era uma patologia e, como tal, deveria ser Já a parte especial é composta dos meios de proteção,
curada. Por fim, a quarta fase voltou-se para os direitos quais sejam: o acesso à Justiça e reconhecimento igual
humanos, despontando os direitos à inclusão social, com perante à lei e aos crimes e infrações administrativas. 203
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qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
O art. 3° apresenta outros conceitos para aplicação
LEI Nº 13.146, DE 2015 e entendimento da legislação. São eles:
z Acessibilidade;
z Desenho universal;
Parte Geral z Tecnologia assistiva ou ajuda técnica;
Parte Especial
Princípios e direitos z Barreiras;
Meio de proteção z Comunicação;
fundamentais
z Adaptações razoáveis;
z Elemento de urbanização;
Iniciando pela parte geral, os artigos de 1º a 3º z Mobiliário urbano;
da mencionada Lei introduzem o tema, estabelecen- z Pessoa com mobilidade reduzida;
do suas disposições gerais. De acordo com o artigo z Residências inclusivas;
1º, o objetivo da legislação é assegurar e promover o z Moradia para a vida independente da pessoa com
exercício dos direitos e das liberdades fundamentais deficiência;
da pessoa com deficiência em iguais condições com z Atendente pessoal; profissional de apoio escolar;
os demais, de modo a garantir sua inclusão social e z Acompanhante.
cidadania. Seu parágrafo único deixa claro que a Lei
nº 13.146, de 2015 decorre da Convenção (juntamente Art. 3° [...]
com seus protocolos), sendo incorporada no ordena- I - Acessibilidade: possibilidade e condição de
mento jurídico brasileiro com status de Emenda Cons- alcance para utilização, com segurança e autono-
titucional, conforme explanado. mia, de espaços, mobiliários, equipamentos urbanos,
O artigo 2º preocupou-se em dar o conceito de pes- edificações, transportes, informação e comunicação,
soa com deficiência. Em termos gerais, considera-se inclusive seus sistemas e tecnologias, bem como de
pessoa com deficiência aquela que possui impedi- outros serviços e instalações abertos ao público, de
mento de longo prazo, sendo este de natureza física, uso público ou privados de uso coletivo, tanto na
zona urbana como na rural, por pessoa com defi-
mental, intelectual ou sensorial, que pode, de algu-
ciência ou com mobilidade reduzida.
ma forma, causar barreiras ou obstruir sua partici-
pação plena e efetiva na sociedade em igualdades
8
Observe que a palavra-chave para entender o con-
0
de condições com as demais pessoas.
7-
ceito de acessibilidade é autonomia (direito de circu-
8
lar com autonomia em espaços públicos e privados
.5
z Pessoa com Deficiência de uso coletivo, bem como o direito de ter autonomia
46
para utilizar a tecnologia).
.1
Impedimento de longo prazo;
40
Natureza física, mental, intelectual ou sensorial; Art. 3° [...]
-1
Causar barreiras ou obstruir sua participação II - Desenho universal: concepção de produtos,
a
plena e efetiva na sociedade em igualdades de ambientes, programas e serviços a serem usados
lv
deve ser procedida a avaliação para caracterizar Refere-se ao fato de que o produto ou serviço deve
s
essas pessoas. O parágrafo primeiro estabelece que ser utilizado por todas as pessoas, independentemen-
do
a avaliação será realizada por uma equipe multipro- te de ter ou não alguma deficiência.
do
z Os impedimentos nas funções e nas estruturas do deficiência ou com mobilidade reduzida, visando à
Ed
8
V - Comunicação: forma de interação dos cidadãos
0
7-
que abrange, entre outras opções, as línguas, inclu- Art. 3° [...]
8
sive a Língua Brasileira de Sinais (Libras), a visua- XII - Atendente pessoal: pessoa, membro ou não
.5
46
lização de textos, o Braille, o sistema de sinalização da família, que, com ou sem remuneração, assiste ou
ou de comunicação tátil, os caracteres ampliados,
.1
presta cuidados básicos e essenciais à pessoa com
40
os dispositivos multimídia, assim como a lingua- deficiência no exercício de suas atividades diárias,
gem simples, escrita e oral, os sistemas auditivos
-1
excluídas as técnicas ou os procedimentos identifi-
e os meios de voz digitalizados e os modos, meios cados com profissões legalmente estabelecidas.
a
e formatos aumentativos e alternativos de comu-
lv
XIII - Profissional de apoio escolar: pessoa que
nicação, incluindo as tecnologias da informação e
Si
VI - Adaptações razoáveis: adaptações, modifi- as atividades escolares nas quais se fizer necessá-
nt
cações e ajustes necessários e adequados que não ria, em todos os níveis e modalidades de ensino, em
Sa
acarretem ônus desproporcional e indevido, quan- instituições públicas e privadas, excluídas as técni-
do requeridos em cada caso, a fim de assegurar que
s
8
z Acesso a informações e disponibilização de recur-
0
ficiar dos direitos elencados, não serão obrigadas. Por
7-
sos de comunicação acessíveis;
8
exemplo: a pessoa com deficiência não é obrigada a se z Recebimento de restituição de imposto de renda;
.5
inscrever para as vagas reservadas, podendo concorrer z Tramitação processual e procedimentos judiciais e
46
às vagas de ampla concorrência se assim desejar. administrativos em que for parte ou interessada,
.1
O artigo 5º, por vez, trata da proteção da pessoa
40
em todos os atos e diligências.
com deficiência, de modo a afastar toda forma de
tortura ou outro mecanismo de redução da dignida-
-1
Com exceção da restituição de imposto de renda e
a
de da pessoa humana ao assegurar a proteção contra
lv
da tramitação processual prioritária, todos os demais
Si
negligência, discriminação, exploração, violência, tor- itens relativos ao atendimento prioritário são exten-
tura, crueldade, opressão e tratamento desumano ou
os
Importante é, também, o artigo 6º da Lei, que con- Os arts. 10 ao 78 traçam os direitos das pessoas com
rn
cedeu às pessoas com deficiência plena capacidade deficiência. São eles que estudaremos neste momento.
Fe
08
O direito à habilitação e reabilitação está disci- responsáveis por prestar informações e orientações
7-
plinado nos arts. 14 ao 17, dizendo respeito à garantia adequadas com relação às políticas públicas dispo-
8
.5
de se adotar medidas que promovam a recuperação níveis, de modo a favorecer a plena participação das
46
física, cognitiva e psicológica, bem como a proteção, pessoas com deficiência.
.1
à reabilitação e a reinserção social das pessoas com
40
deficiência. Do Direito à Saúde
-1
a
Art. 14 O processo de habilitação e de reabilitação O direito à saúde encontra-se estabelecido nos
lv
é um direito da pessoa com deficiência. arts. 18 a 26. Trata-se de um direito universal, pois
Si
Parágrafo único. O processo de habilitação e de estabelece garantias às pessoas de modo geral, estan-
os
reabilitação tem por objetivo o desenvolvimento do, também, arrolado na Constituição Federal como
nt
físicas, cognitivas, sensoriais, psicossociais, atitudi- Salienta-se que o direito à saúde da pessoa com
nais, profissionais e artísticas que contribuam para
s
a conquista da autonomia da pessoa com deficiên- integral, ou seja, em todos os níveis de complexidade,
cia e de sua participação social em igualdade de
do
Art. 15 O processo mencionado no art. 14 desta Lei direito ao acompanhante, em ambientes acessíveis,
rn
baseia-se em avaliação multidisciplinar das neces- sem se submeter a qualquer tipo de discriminação ou
Fe
sidades, habilidades e potencialidades de cada pes- violência, estabelecendo, portanto, o acesso igualitário.
o
limitação funcional, buscando o desenvolvimento plexidade, por intermédio do SUS, garantido acesso
de aptidões; universal e igualitário.
III - atuação permanente, integrada e articulada de § 1º É assegurada a participação da pessoa com
políticas públicas que possibilitem a plena partici- deficiência na elaboração das políticas de saúde a
pação social da pessoa com deficiência; ela destinadas.
IV - oferta de rede de serviços articulados, com § 2º É assegurado atendimento segundo normas
atuação intersetorial, nos diferentes níveis de com- éticas e técnicas, que regulamentarão a atuação
plexidade, para atender às necessidades específicas dos profissionais de saúde e contemplarão aspec-
da pessoa com deficiência; tos relacionados aos direitos e às especificidades da
V - prestação de serviços próximo ao domicílio da pessoa com deficiência, incluindo temas como sua
pessoa com deficiência, inclusive na zona rural, dignidade e autonomia.
respeitadas a organização das Redes de Atenção à § 3º Aos profissionais que prestam assistência à
Saúde (RAS) nos territórios locais e as normas do pessoa com deficiência, especialmente em serviços
Sistema Único de Saúde (SUS). de habilitação e de reabilitação, deve ser garantida
Art. 16 Nos programas e serviços de habilitação e capacitação inicial e continuada.
de reabilitação para a pessoa com deficiência, são § 4º As ações e os serviços de saúde pública destina-
garantidos: dos à pessoa com deficiência devem assegurar: 207
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Eduardo Fernando dos Santos Silva - 140.146.587-08, vedada, por quaisquer meios e a
qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
I - diagnóstico e intervenção precoces, realizados Art. 23 São vedadas todas as formas de discrimi-
por equipe multidisciplinar; nação contra a pessoa com deficiência, inclusive
II - serviços de habilitação e de reabilitação sempre por meio de cobrança de valores diferenciados por
que necessários, para qualquer tipo de deficiência, planos e seguros privados de saúde, em razão de
inclusive para a manutenção da melhor condição sua condição.
de saúde e qualidade de vida; Art. 24 É assegurado à pessoa com deficiência o
III - atendimento domiciliar multidisciplinar, trata- acesso aos serviços de saúde, tanto públicos como
mento ambulatorial e internação; privados, e às informações prestadas e recebidas,
IV - campanhas de vacinação; por meio de recursos de tecnologia assistiva e de
V - atendimento psicológico, inclusive para seus todas as formas de comunicação previstas no inci-
familiares e atendentes pessoais; so V do art. 3º desta Lei.
VI - respeito à especificidade, à identidade de gêne- Art. 25 Os espaços dos serviços de saúde, tanto
ro e à orientação sexual da pessoa com deficiência; públicos quanto privados, devem assegurar o aces-
VII - atenção sexual e reprodutiva, incluindo o direi- so da pessoa com deficiência, em conformidade
to à fertilização assistida; com a legislação em vigor, mediante a remoção
VIII - informação adequada e acessível à pessoa de barreiras, por meio de projetos arquitetônico,
com deficiência e a seus familiares sobre sua con- de ambientação de interior e de comunicação que
dição de saúde; atendam às especificidades das pessoas com defi-
IX - serviços projetados para prevenir a ocorrência e o ciência física, sensorial, intelectual e mental.
desenvolvimento de deficiências e agravos adicionais; Art. 26 Os casos de suspeita ou de confirmação de
X - promoção de estratégias de capacitação permanen- violência praticada contra a pessoa com deficiên-
te das equipes que atuam no SUS, em todos os níveis cia serão objeto de notificação compulsória pelos
de atenção, no atendimento à pessoa com deficiência, serviços de saúde públicos e privados à autoridade
policial e ao Ministério Público, além dos Conselhos
bem como orientação a seus atendentes pessoais;
dos Direitos da Pessoa com Deficiência.
XI - oferta de órteses, próteses, meios auxiliares
Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, consi-
de locomoção, medicamentos, insumos e fórmu-
dera-se violência contra a pessoa com deficiência
las nutricionais, conforme as normas vigentes do
qualquer ação ou omissão, praticada em local
Ministério da Saúde.
público ou privado, que lhe cause morte ou dano ou
§ 5º As diretrizes deste artigo aplicam-se também
sofrimento físico ou psicológico.
às instituições privadas que participem de forma
08
complementar do SUS ou que recebam recursos
7-
públicos para sua manutenção. Do Direito à Educação
8
Art. 19 Compete ao SUS desenvolver ações destina-
.5
O direito à educação está previsto nos arts. 27 ao
46
das à prevenção de deficiências por causas evitá-
30, além de fazer parte do rol dos direitos sociais, pre-
.1
veis, inclusive por meio de:
vistos no art. 6º da Constituição Federal, de 1988.
40
I - acompanhamento da gravidez, do parto e do
Na Lei nº 13.146, de 2015, o direito à educação
-1
puerpério, com garantia de parto humanizado e
seguro; deve ser garantido por meio de um sistema educa-
a
cional inclusivo, que deve atender, com qualidade
lv
II - promoção de práticas alimentares adequadas e
Si
saudáveis, vigilância alimentar e nutricional, pre- e de modo satisfatório, as pessoas com deficiência. O
venção e cuidado integral dos agravos relacionados objetivo desse sistema inclusivo é evitar a segregação
os
à alimentação e nutrição da mulher e da criança; dessas pessoas, a fim de superar as dificuldades que
nt
III - aprimoramento e expansão dos programas de advenham dessa condição e favorecer a sua integra-
Sa
risco.
Dica
do
deficiência, no mínimo, todos os serviços e produ- cando compreender suas necessidades e carac-
rn
cílio, para fins de diagnóstico e de tratamento, vo em todos os níveis e aprendizado ao longo de toda
Ed
8
veis para atendimento às necessidades específicas
0
da comunidade escolar;
7-
IX - adoção de medidas de apoio que favoreçam o do candidato com deficiência;
8
IV - disponibilização de recursos de acessibilidade e
.5
desenvolvimento dos aspectos linguísticos, cultu-
de tecnologia assistiva adequados, previamente soli-
46
rais, vocacionais e profissionais, levando-se em
citados e escolhidos pelo candidato com deficiência;
.1
conta o talento, a criatividade, as habilidades e os
V - dilação de tempo, conforme demanda apresen-
40
interesses do estudante com deficiência;
tada pelo candidato com deficiência, tanto na reali-
-1
X - adoção de práticas pedagógicas inclusivas pelos
programas de formação inicial e continuada de zação de exame para seleção quanto nas atividades
a
acadêmicas, mediante prévia solicitação e compro-
lv
professores e oferta de formação continuada para
vação da necessidade;
Si
para o atendimento educacional especializado, de tas, discursivas ou de redação que considerem a sin-
nt
tradutores e intérpretes da Libras, de guias intér- gularidade linguística da pessoa com deficiência, no
Sa
ções em Libras.
de uso de recursos de tecnologia assistiva, de forma
do
des e condições com as demais pessoas; -se nos arts. 31 ao 33, tem, como objetivo, garantir o
o
XIV - inclusão em conteúdos curriculares, em cursos máximo de autonomia e dignidade à pessoa com defi-
rd
de nível superior e de educação profissional técnica ciência. Trata-se de um direito contemplado na Decla-
ua
deficiência nos respectivos campos de conhecimento; Poder Público sua promoção e efetiva concretização.
XV - acesso da pessoa com deficiência, em igualda-
de de condições, a jogos e a atividades recreativas, Art. 31 A pessoa com deficiência tem direito à moradia
esportivas e de lazer, no sistema escolar; digna, no seio da família natural ou substituta, com
XVI - acessibilidade para todos os estudantes, tra- seu cônjuge ou companheiro ou desacompanhada, ou
balhadores da educação e demais integrantes da em moradia para a vida independente da pessoa com
comunidade escolar às edificações, aos ambientes e deficiência, ou, ainda, em residência inclusiva.
às atividades concernentes a todas as modalidades, § 1º O poder público adotará programas e ações
etapas e níveis de ensino; estratégicas para apoiar a criação e a manutenção
XVII - oferta de profissionais de apoio escolar; de moradia para a vida independente da pessoa
XVIII - articulação intersetorial na implementação com deficiência.
de políticas públicas. § 2º A proteção integral na modalidade de residên-
§ 1º Às instituições privadas, de qualquer nível e cia inclusiva será prestada no âmbito do Suas à
modalidade de ensino, aplica-se obrigatoriamente o pessoa com deficiência em situação de dependência
disposto nos incisos I, II, III, V, VII, VIII, IX, X, XI, XII, que não disponha de condições de autossustenta-
XIII, XIV, XV, XVI, XVII e XVIII do caput deste artigo, bilidade, com vínculos familiares fragilizados ou
sendo vedada a cobrança de valores adicionais de rompidos. 209
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qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Art. 32 Nos programas habitacionais, públicos ou § 5º É garantida aos trabalhadores com deficiência
subsidiados com recursos públicos, a pessoa com acessibilidade em cursos de formação e de capacitação.
deficiência ou o seu responsável goza de priorida- Art. 35 É finalidade primordial das políticas públi-
de na aquisição de imóvel para moradia própria, cas de trabalho e emprego promover e garantir
observado o seguinte: condições de acesso e de permanência da pessoa
I - reserva de, no mínimo, 3% (três por cento) das com deficiência no campo de trabalho.
unidades habitacionais para pessoa com deficiência; Parágrafo único. Os programas de estímulo ao
II - (VETADO); empreendedorismo e ao trabalho autônomo, incluídos
III - em caso de edificação multifamiliar, garantia o cooperativismo e o associativismo, devem prever a
de acessibilidade nas áreas de uso comum e nas participação da pessoa com deficiência e a disponibili-
unidades habitacionais no piso térreo e de acessibi- zação de linhas de crédito, quando necessárias.
lidade ou de adaptação razoável nos demais pisos;
IV - disponibilização de equipamentos urbanos Do Direito à Assistência Social
comunitários acessíveis;
V - elaboração de especificações técnicas no projeto O direito à assistência social encontra-se con-
que permitam a instalação de elevadores. templado nos arts. 39 e 40, além de fazer parte do rol
§ 1º O direito à prioridade, previsto no caput deste dos direitos sociais previstos no art. 6º da Constituição
artigo, será reconhecido à pessoa com deficiência Federal de 1988.
beneficiária apenas uma vez. A assistência social faz parte do subsistema da
§ 2º Nos programas habitacionais públicos, os cri- Seguridade Social, juntamente com a saúde e a previ-
térios de financiamento devem ser compatíveis com dência social. Por assistência social entende-se o con-
os rendimentos da pessoa com deficiência ou de sua junto de medidas institucionalizadas de assistência
família.
gratuita a ser prestada a quem dela necessitar.
§ 3º Caso não haja pessoa com deficiência interes-
São seus objetivos: habilitar e reabilitar as pessoas
sada nas unidades habitacionais reservadas por
força do disposto no inciso I do caput deste artigo,
com deficiência; reintegrá-las à vida comunitária;
as unidades não utilizadas serão disponibilizadas garantir um benefício mensal àqueles que não têm
às demais pessoas. meios de prover a sua manutenção (hipossuficiente).
Art. 33 Ao poder público compete: Veja os artigos em sua literalidade:
I - adotar as providências necessárias para o cum-
Art. 39 Os serviços, os programas, os projetos e os
8
primento do disposto nos arts. 31 e 32 desta Lei; e
0
benefícios no âmbito da política pública de assis-
7-
II - divulgar, para os agentes interessados e benefi-
tência social à pessoa com deficiência e sua família
8
ciários, a política habitacional prevista nas legisla-
.5
têm como objetivo a garantia da segurança de ren-
ções federal, estaduais, distrital e municipais, com
46
da, da acolhida, da habilitação e da reabilitação, do
ênfase nos dispositivos sobre acessibilidade.
.1
desenvolvimento da autonomia e da convivência
40
Do Direito ao Trabalho familiar e comunitária, para a promoção do acesso
-1
a direitos e da plena participação social.
§ 1º A assistência social à pessoa com deficiên-
a
O direito ao trabalho, disciplinado nos arts. 34
lv
cia, nos termos do caput deste artigo, deve envol-
e 35, tem, como característica, o fato de ser incluso.
Si
Art. 34 A pessoa com deficiência tem direito ao tra- dos à pessoa com deficiência em situação de
an
balho de sua livre escolha e aceitação, em ambiente dependência deverão contar com cuidadores
acessível e inclusivo, em igualdade de oportunida- sociais para prestar-lhe cuidados básicos e
rn
§ 1º As pessoas jurídicas de direito público, privado Art. 40 É assegurado à pessoa com deficiência que
o
ou de qualquer natureza são obrigadas a garantir não possua meios para prover sua subsistência
rd
ambientes de trabalho acessíveis e inclusivos. nem de tê-la provida por sua família o benefício
ua
§ 2º A pessoa com deficiência tem direito, em igual- mensal de 1 (um) salário-mínimo, nos termos da
Ed
08
bilidade, ambientais e de proteção do patrimônio Art. 46 O direito ao transporte e à mobilidade da
7-
histórico e artístico nacional. pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzi-
8
.5
Art. 43 O poder público deve promover a participa- da será assegurado em igualdade de oportunidades
46
ção da pessoa com deficiência em atividades artísti- com as demais pessoas, por meio de identificação
.1
cas, intelectuais, culturais, esportivas e recreativas, e de eliminação de todos os obstáculos e barreiras
40
com vistas ao seu protagonismo, devendo: ao seu acesso.
-1
I - incentivar a provisão de instrução, de treinamen- § 1º Para fins de acessibilidade aos serviços de
to e de recursos adequados, em igualdade de opor- transporte coletivo terrestre, aquaviário e aéreo,
a
tunidades com as demais pessoas;
lv
em todas as jurisdições, consideram-se como inte-
Si
II - assegurar acessibilidade nos locais de eventos grantes desses serviços os veículos, os terminais, as
e nos serviços prestados por pessoa ou entidade
os
acordo com a capacidade de lotação da edificação, de acessibilidade emitida pelo gestor público res-
o
§ 1º Os espaços e assentos a que se refere este arti- Art. 47 Em todas as áreas de estacionamento aberto
ua
diversos, de boa visibilidade, em todos os setores, e em vias públicas, devem ser reservadas vagas pró-
próximos aos corredores, devidamente sinalizados, ximas aos acessos de circulação de pedestres, devi-
evitando-se áreas segregadas de público e obstru- damente sinalizadas, para veículos que transportem
ção das saídas, em conformidade com as normas pessoa com deficiência com comprometimento de
de acessibilidade. mobilidade, desde que devidamente identificados.
§ 2º No caso de não haver comprovada procura § 1º As vagas a que se refere o caput deste artigo
pelos assentos reservados, esses podem, excepcio- devem equivaler a 2% (dois por cento) do total, garan-
nalmente, ser ocupados por pessoas sem deficiência
tida, no mínimo, 1 (uma) vaga devidamente sinalizada
ou que não tenham mobilidade reduzida, observa-
e com as especificações de desenho e traçado de acordo
do o disposto em regulamento.
§ 3º Os espaços e assentos a que se refere este arti- com as normas técnicas vigentes de acessibilidade.
go devem situar-se em locais que garantam a aco- § 2º Os veículos estacionados nas vagas reservadas
modação de, no mínimo, 1 (um) acompanhante da devem exibir, em local de ampla visibilidade, a cre-
pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzi- dencial de beneficiário, a ser confeccionada e for-
da, resguardado o direito de se acomodar proxima- necida pelos órgãos de trânsito, que disciplinarão
mente a grupo familiar e comunitário. suas características e condições de uso.
§ 4º Nos locais referidos no caput deste artigo, deve § 3º A utilização indevida das vagas de que trata este
haver, obrigatoriamente, rotas de fuga e saídas de artigo sujeita os infratores às sanções previstas no 211
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qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
inciso XX do art. 181 da Lei nº 9.503, de 23 de setem- de veículos de transporte coletivo, a prestação do
bro de 1997 (Código de Trânsito Brasileiro) . respectivo serviço e a execução de qualquer tipo de
§ 4º A credencial a que se refere o § 2º deste artigo é obra, quando tenham destinação pública ou coletiva;
vinculada à pessoa com deficiência que possui com- II - a outorga ou a renovação de concessão, permissão,
prometimento de mobilidade e é válida em todo o autorização ou habilitação de qualquer natureza;
território nacional. III - a aprovação de financiamento de projeto com
Art. 48 Os veículos de transporte coletivo terrestre, utilização de recursos públicos, por meio de renún-
aquaviário e aéreo, as instalações, as estações, os cia ou de incentivo fiscal, contrato, convênio ou ins-
portos e os terminais em operação no País devem trumento congênere; e
ser acessíveis, de forma a garantir o seu uso por IV - a concessão de aval da União para obtenção de
todas as pessoas. empréstimo e de financiamento internacionais por
§ 1º Os veículos e as estruturas de que trata o caput entes públicos ou privados.
deste artigo devem dispor de sistema de comunica- Art. 55 A concepção e a implantação de projetos
ção acessível que disponibilize informações sobre que tratem do meio físico, de transporte, de infor-
todos os pontos do itinerário. mação e comunicação, inclusive de sistemas e tec-
§ 2º São asseguradas à pessoa com deficiência priori- nologias da informação e comunicação, e de outros
dade e segurança nos procedimentos de embarque e de serviços, equipamentos e instalações abertos ao
público, de uso público ou privado de uso coleti-
desembarque nos veículos de transporte coletivo, de
vo, tanto na zona urbana como na rural, devem
acordo com as normas técnicas.
atender aos princípios do desenho universal, tendo
§ 3º Para colocação do símbolo internacional de
como referência as normas de acessibilidade.
acesso nos veículos, as empresas de transporte
§ 1º O desenho universal será sempre tomado como
coletivo de passageiros dependem da certificação
regra de caráter geral.
de acessibilidade emitida pelo gestor público res-
§ 2º Nas hipóteses em que comprovadamente o
ponsável pela prestação do serviço. desenho universal não possa ser empreendido, deve
Art. 49 As empresas de transporte de fretamento e ser adotada adaptação razoável.
de turismo, na renovação de suas frotas, são obri- § 3º Caberá ao poder público promover a inclu-
gadas ao cumprimento do disposto nos arts. 46 e 48 são de conteúdos temáticos referentes ao desenho
desta Lei. (Vigência) universal nas diretrizes curriculares da educação
Art. 50 O poder público incentivará a fabricação de veí- profissional e tecnológica e do ensino superior e na
culos acessíveis e a sua utilização como táxis e vans, formação das carreiras de Estado.
8
de forma a garantir o seu uso por todas as pessoas. § 4º Os programas, os projetos e as linhas de pes-
0
Art. 51 As frotas de empresas de táxi devem reser-
7-
quisa a serem desenvolvidos com o apoio de orga-
8
var 10% (dez por cento) de seus veículos acessíveis nismos públicos de auxílio à pesquisa e de agências
.5
à pessoa com deficiência. (Vide Decreto nº 9.762, de de fomento deverão incluir temas voltados para o
46
2019) (Vigência) desenho universal.
.1
§ 1º É proibida a cobrança diferenciada de tarifas § 5º Desde a etapa de concepção, as políticas públicas
40
ou de valores adicionais pelo serviço de táxi presta- deverão considerar a adoção do desenho universal.
-1
do à pessoa com deficiência. Art. 56 A construção, a reforma, a ampliação ou a
§ 2º O poder público é autorizado a instituir incentivos
a
mudança de uso de edificações abertas ao público,
lv
fiscais com vistas a possibilitar a acessibilidade dos de uso público ou privadas de uso coletivo deverão
Si
veículos a que se refere o caput deste artigo. ser executadas de modo a serem acessíveis.
os
soa com deficiência, a cada conjunto de 20 (vinte) tas, ao anotarem a responsabilidade técnica de pro-
Sa
veículos de sua frota. (Vide Decreto nº 9.762, de jetos, devem exigir a responsabilidade profissional
s
Parágrafo único. O veículo adaptado deverá ter, no dade previstas em legislação e em normas técnicas
do
08
ção equivalente e sua renovação, quando esta tiver de bibliotecas em todos os níveis e modalidades de
7-
sido emitida anteriormente às exigências de acessi- educação e de bibliotecas públicas, o poder público
8
.5
bilidade, é condicionada à observação e à certifica- deverá adotar cláusulas de impedimento à partici-
46
ção das regras de acessibilidade. pação de editoras que não ofertem sua produção
.1
Art. 61 A formulação, a implementação e a manu- também em formatos acessíveis.
40
tenção das ações de acessibilidade atenderão às § 2º Consideram-se formatos acessíveis os arquivos
-1
seguintes premissas básicas: digitais que possam ser reconhecidos e acessados
I - eleição de prioridades, elaboração de cronograma e por softwares leitores de telas ou outras tecnolo-
a
gias assistivas que vierem a substituí-los, permitindo
lv
reserva de recursos para implementação das ações; e
Si
II - planejamento contínuo e articulado entre os leitura com voz sintetizada, ampliação de caracte-
setores envolvidos. res, diferentes contrastes e impressão em Braille.
os
Art. 62 É assegurado à pessoa com deficiência, § 3º O poder público deve estimular e apoiar a
nt
de setembro de 1990 .
Ed
8
pelo menos, a cada dois anos. I - participação em organizações não governamen-
0
7-
tais relacionadas à vida pública e à política do País e
8
Art. 74 É garantido à pessoa com deficiência acesso em atividades e administração de partidos políticos;
.5
a produtos, recursos, estratégias, práticas, proces- II - formação de organizações para representar a
46
sos, métodos e serviços de tecnologia assistiva que pessoa com deficiência em todos os níveis;
.1
maximizem sua autonomia, mobilidade pessoal e III - participação da pessoa com deficiência em
40
qualidade de vida. organizações que a representem.
-1
Art. 75 O poder público desenvolverá plano especí- a
fico de medidas, a ser renovado em cada período de Da Ciência e Tecnologia
lv
4 (quatro) anos, com a finalidade de: (Regulamento)
Si
III - criar mecanismos de fomento à pesquisa e à pro- qualificados e estruturar as diretrizes dessa área de
an
meio de concessão de linhas de crédito subsidiado e A partir do art. 78, inicia-se a parte especial. Nela,
Fe
de parcerias com institutos de pesquisa oficiais; constam disposições acerca do direito de acesso à
IV - eliminar ou reduzir a tributação da cadeia pro- Justiça, o reconhecimento igualitário perante a lei e
o
rd
V - facilitar e agilizar o processo de inclusão de ou infrações. No que tange ao acesso à Justiça, compe-
novos recursos de tecnologia assistiva no rol de
Ed
8
no verbo praticar; determinar, ouvido o Ministério Público ou a pedi-
0
7-
z Participação indireta do agente na conduta deli- do deste, ainda antes do inquérito policial, sob pena
8
tuosa ao criar “na cabeça de outra pessoa” a ideia de desobediência:
.5
46
de que ela pratique a discriminação: Aqui, temos I – recolhimento ou busca e apreensão dos exempla-
res do material discriminatório;
.1
dois agentes, um que desperta a atenção de outro
40
para a prática do crime e outro que, efetivamente, II – interdição das respectivas mensagens ou pági-
nas de informação na internet.
-1
pratica o crime. A conduta está no verbo induzir;
z Participação indireta do agente na conduta delituosa
a
O parágrafo terceiro dispõe a consequência do
lv
ao reforçar ou encorajar uma pessoa a praticar a dis-
Si
criminação: Diferentemente da conduta de induzir, crime cometido por intermédio de meios de comu-
nicação social ou de publicação de qualquer nature-
os
Direta : praticar
ART.88 – CONDUTAS
Indireta : induzir
determinar a retirada do ar da página ou do conteúdo.
Fe
Art. 88 [...]
o
rd
8
Pena – reclusão, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, e (com valores a mais). O inciso II se refere à discrimi-
0
7-
multa. nação com relação a emprego, trabalho ou promoção.
8
Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem não O inciso III ao atendimento médico e ambulatorial. O
.5
prover as necessidades básicas de pessoa com defi- inciso IV à omissão de dados quando estes são essen-
46
ciência quando obrigado por lei ou mandado. ciais à propositura de ação civil pública ou quando
.1
40
houver requisição.
O art. 90 tipifica o crime de abandono de pessoa A Lei nº 13.146, de 2015, acrescentou parágrafos ao
-1
com deficiência, de modo a dar amparo e proteção art. 8º, da Lei nº 7.853, de 1989, estabelecendo causas
a
a essas pessoas, por vezes incapazes de zelar por sua de aumento de pena ao crime.
lv
O crime do art. 91 pode ser praticado por duas ao Ministério Público promover a ação independente-
Sa
08
fato que desloca o problema para avaliação na Vara do direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos.
7-
Idoso; c) A União, os Estados e os Municípios têm legitimidade
8
.5
e) assegura proteção, pois o idoso pode dispor de seus para atuar na defesa dos direitos individuais indisponí-
46
bens, salvo nos casos de incapacidade judicialmente veis do idoso.
.1
comprovada. d) A Defensoria Pública não tem legitimidade para a tute-
40
la coletiva do idoso.
-1
4. (FCC — 2022) João, idoso, mora em casa própria em e) O juiz poderá impor multa diária ao réu para garantir o
a
companhia de seu filho, Arthur, maior e capaz. Con- cumprimento da sentença ou da decisão liminar, que
lv
tudo, Arthur pratica constantemente violência verbal será exigível assim que expirado o prazo estabelecido
Si
contra o pai, já furtou dinheiro guardado na residência na decisão para o seu cumprimento, revertendo em
os
procurou a Defensoria Pública da Paraíba buscando 7. (FCC — 2022) Consiste em causa de incapacidade total,
orientação jurídica e providências a respeito da situa-
s
ção. O/a defensor/a público/a responsável pelo aten- de Inclusão – Estatuto da Pessoa com Deficiência,
dimento poderá
do
a) os ébrios habituais.
an
ausência de previsão legal de afastamento do agres- 8. (FCC — 2020) A concepção e a implantação de proje-
sor do lar no Estatuto do Idoso. tos de uso público ou coletivo, bem como de políticas
c) ajuizar ação de reparação de danos materiais e morais públicas, devem atender aos princípios do desenho
em face do filho agressor, uma vez que, em razão do universal, a fim de garantir o direito à acessibilidade.
princípio da solidariedade familiar e da ausência de
previsão legal, não poderá postular medida protetiva De acordo com a Lei n.º 13.146/2015 (Lei Brasileira de
de afastamento do agressor do lar. Inclusão da Pessoa com Deficiência), pode-se consi-
d) requerer medida protetiva em favor do idoso, inclusive derar desenho universal a concepção de
o afastamento do filho agressor do lar, apesar da ine-
xistência de previsão legal no Estatuto do Idoso, sem a) produtos, ambientes, programas e serviços a serem
prejuízo de outras medidas cíveis e criminais cabíveis. usados por todas as pessoas, sem necessidade de
e) encaminhar o caso para o Ministério Público, o único adaptação ou projeto específico.
legitimado a ajuizar as medidas de proteção em favor b) produtos, ambientes e programas a serem usados somen-
do idoso. te por pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzi-
da, incluindo-se adaptações e projetos específicos.
217
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qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
c) produtos, equipamentos, dispositivos, recursos e ser- e) apesar de desejável, a fixação da curatela comparti-
viços que promovam a funcionalidade, relacionada lhada só deve ocorrer quando ambos os requerentes
exclusivamente à atividade e à participação da pes- apresentarem interesse no exercício da curatela, reve-
soa com deficiência ou com mobilidade reduzida, sem larem-se aptos ao exercício do munus e as circuns-
adaptações ou projetos específicos. tâncias fáticas evidenciarem que a medida é a que
d) produtos, equipamentos, dispositivos, recursos e ser- melhor resguarda os interesses do curatelado.
viços que promovam a funcionalidade, relacionada à
atividade e à participação de todas as pessoas, sem 11. (FCC — 2019) De acordo com o Censo do IBGE de
adaptações ou projetos específicos. 2010, o Brasil possui 45 milhões de Pessoas com Defi-
e) produtos, equipamentos, dispositivos, recursos e ser- ciência. A Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com
viços que promovam a inclusão de pessoas com defi- Deficiência – a Lei nº 13.146/2015 – afirma que o pro-
ciência ou mobilidade reduzida, incluindo adaptações cesso de habilitação e de reabilitação é um direito da
e projetos específicos. pessoa com deficiência.
9. (FCC — 2016) A pessoa com deficiência recebeu um De acordo com a lei mencionada, o processo de habili-
novo estatuto que, dentro dos limites legais, destina-se tação e de reabilitação tem por objetivo:
a assegurar e a promover, em condições de igualdade,
o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais a) educar a pessoa com deficiência para que supere as
por pessoa com deficiência, visando à sua inclusão limitações que a impedem de desenvolver um convívio
social e cidadania. Dentre as novidades introduzidas, social amplo, abrangente e profuso, de modo a produ-
destaca-se o entendimento que zir padrões avançados de socialidade;
b) o desenvolvimento de potencialidades, talentos, habilida-
a) para emissão de documentos oficiais será exigida a des e aptidões físicas, cognitivas, sensoriais, psicosso-
situação de curatela da pessoa com deficiência. ciais, atitudinais, profissionais e artísticas que contribuam
b) a pessoa com deficiência está obrigada à fruição de para a conquista da autonomia da pessoa com deficiên-
benefícios decorrentes de ação afirmativa. cia e de sua participação social em igualdade de condi-
c) a pessoa com deficiência poderá ser obrigada a se ções e oportunidades com as demais pessoas;
submeter à intervenção clínica ou cirúrgica, a trata- c) a implantação e o incremento de ações, programas e pro-
mento ou à institucionalização forçada, sempre com jetos voltados à recuperação da autoestima da pessoa
08
recomendação médica, independentemente de risco com deficiência, de modo que ela se sinta segura e apta
7-
de morte ou emergência. ao exercício de seus direitos de forma plena;
8
.5
d) a educação constitui direito da pessoa com defi- d) buscar a volta à condição normal existente anterior à
46
ciência, a ser exercido em escola especial e direcio- deficiência, recuperando plenamente as funcionalida-
.1
nada, em um local que não se conviva deficientes e des físicas ou mentais;
40
não- deficientes. e) instituir um plano visual e de locomoção nas institui-
-1
e) a deficiência não afeta a plena capacidade civil da pes- ções públicas e de acesso aberto ao público em geral,
soa, inclusive para casar-se, constituir união estável e
a
tendo em vista a plena acessibilidade de todas as pes-
lv
exercer direitos sexuais e reprodutivos. soas com deficiência.
Si
os
10. (FCC — 2012) O Estatuto da Pessoa com Deficiência, 12. (FCC — 2019) A respeito do acesso à informação e
nt
como ficou conhecida a Lei nº 13.146/2015, repre- à comunicação da pessoa com deficiência, é corre-
Sa
senta relevante instrumento para a consolidação da to afirmar que, segundo o Estatuto da Pessoa com
proteção da dignidade da pessoa portadora de defi- Deficiência,
s
do
gração à vida social. A curatela passa, assim, a assu- cos federais para seu custeio ou sua instalação devem
an
mir caráter excepcional, aplicada apenas quando e na possuir equipamentos e instalações acessíveis, não se
rn
Sobre a matéria, é correto afirmar que: citação, exemplares de bulas, prospectos, textos ou
rd
13.146/2015, não se aplicam os impedimentos matri- c) considera-se barreira atitudinal formato não acessível
moniais às pessoas portadoras de deficiência mental; de arquivos digitais, ou seja, que não podem ser reco-
b) o casamento contraído pelo incapaz de consentir ou nhecidos e acessados por softwares leitores de telas
manifestar sua vontade, de modo inequívoco, é nulo ou outras tecnologias assistivas.
por ter assento em razões de ordem pública; d) por expressa disposição legal, cabe à iniciativa priva-
c) o curador, cônjuge do curatelado, tem o dever de pres- da incentivar a oferta de aparelhos de telefonia fixa e
tar contas da administração dos bens do curatelado, móvel com acessibilidade que permita a indicação e
qualquer que seja o regime de bens do casamento; ampliação sonoras de todas as operações e funções
d) a tomada de decisão apoiada introduzida pela Lei nº disponíveis.
13.146/2015 constitui um novo modelo jurídico de e) é obrigatória a acessibilidade nos sítios da internet
índole promocional das pessoas com deficiência, que mantidos por empresas com sede ou representação
reconhece a possibilidade de qualquer pessoa respon- comercial no País ou no exterior ou por órgãos de
sabilizar-se, de acordo com suas possibilidades, por governo, para uso da pessoa com deficiência.
seus atos. Por sua relevância, a medida pode ser insti-
tuída de ofício pelo juiz;
218
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qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
13. (FCC — 2017) Considerando o disposto na Lei n.º 17. (FCC — 2020) Paula foi vítima de ameaça, crime
13.146/2015 — Estatuto da Pessoa com Deficiência esse previsto no Código Penal como de ação penal
(EPD) —, assinale a opção correta. pública condicionada à representação, praticada por
seu ex-companheiro Guilherme em razão de ciúmes.
a) É assegurado à pessoa com deficiência o direito de Inicialmente, Paula compareceu em sede policial e
votar e de ser votada, salvo na hipótese de curatela. narrou o ocorrido para a autoridade policial, demons-
b) O EPD revogou a Lei n.º 7.853/1989, que dispunha trando interesse em ver o autor do fato responsabiliza-
sobre o apoio às pessoas com deficiência. do criminalmente. Após o oferecimento da denúncia,
c) A deficiência não afeta a plena capacidade civil da mas antes do seu recebimento, Paula procurou seu
pessoa, salvo a condição de adotante em processo de advogado e informou não mais ter interesse em ver
adoção. Guilherme responsabilizado. Considerando apenas as
d) Os planos e seguros privados de saúde podem cobrar informações narradas, com base nas previsões da Lei
valores diferenciados das pessoas com deficiência nº 11.340/06 (Lei Maria da Penha), Paula:
em razão da sua deficiência.
e) Com a edição do EPD a incapacidade absoluta previs- a) poderá se retratar da representação oferecida, a
ta no Código Civil restringe-se aos menores de dezes- qualquer momento antes da sentença, já que não se
seis anos de idade. aplicam as previsões da Lei nº 11.340/06, pelo fato
de Guilherme não mais ser companheiro da vítima na
14. (FCC — 2016) Acerca das inovações introduzidas pela data dos fatos;
Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência b) poderá se retratar da representação oferecida, desde
(Estatuto da Pessoa com Deficiência, Lei no 13.146, de que antes do recebimento da denúncia, em audiência
06 de julho de 2015), é correto afirmar: especialmente designada para tal fim, na presença do
magistrado, ouvido o Ministério Público;
a) A interdição da pessoa com deficiência não mais afeta c) não poderá impedir a responsabilização penal de
os atos relacionados aos direitos de natureza patrimonial Guilherme, tendo em vista que, por ser praticado no
e de gestão negocial, que poderão ser realizados com a contexto da violência doméstica e familiar contra a
adoção de processo de tomada de decisão apoiada. mulher, a ação penal se torna pública incondicionada;
b) A declaração de incapacidade absoluta da pessoa d) poderá se retratar da representação através de novas
com deficiência está condicionada à prévia avaliação declarações prestadas em sede policial, desde que
08
por equipe multiprofissional e interdisciplinar. antes do recebimento da denúncia;
7-
c) Para emissão de documentos oficiais, não será exigi- e) não poderá se retratar da representação ofertada, ten-
8
.5
da a situação de curatela da pessoa com deficiência. do em vista que já houve oferecimento de denúncia.
46
d) O Estatuto instituiu em favor da pessoa com deficiên-
.1
cia o benefício da meia entrada em espetáculos artís- 18. (FCC — 2017) Com relação à violência doméstica e
40
tico-culturais e esportivos. familiar contra a mulher, assinale a opção correta, con-
-1
e) O pedido de tomada de decisão apoiada será formula- forme a Lei n.º 11.340/2006 (Lei Maria da Penha).
a
do por pelo menos dois apoiadores idôneos, devendo
lv
constar os limites do apoio a ser oferecido e o prazo a) Compete à equipe multiprofissional subsidiar o juiz,
Si
15. (FCC — 2022) Em relação ao sujeito passivo dos deli- sor e aos familiares.
Sa
tos de violência doméstica e familiar contra a mulher, b) A mulher vítima de violência tem direito à readaptação
é correto afirmar que: e à reversão quando servidora pública, e, em caso de
s
do
de inviabiliza a responsabilização criminal; d) Essa lei visa coibir todos os tipos de violência contra a
Fe
d) em caso de subjugação feminina, a aplicação do siste- e) A violência doméstica está configurada por ação fun-
ua
e) a organização social brasileira não é mais um sistema ficando os casos de omissão e dano patrimonial trata-
hierárquico de poder baseado no gênero. dos por leis específicas.
16. (FCC — 2022) Em relação ao sistema protetivo da Lei 19. (FCC — 2021) Paula namorou João por onze meses,
Maria da Penha: tendo dado fim ao relacionamento em razão do com-
portamento ciumento e agressivo deste. Três meses
a) o âmbito da unidade doméstica engloba todo espa- após, João, inconformado com o fim do relacionamen-
ço de convívio de pessoas, desde que com vínculo to, abordou Paula na saída do seu trabalho e, após
familiar; desferir um soco em seu rosto, causando-lhe lesão
b) o âmbito familiar é caracterizado por qualquer relação leve, ainda a perseguiu até sua casa, ameaçando-a
íntima de afeto, dependente de coabitação; de morte caso não retomasse o namoro. Temendo a
c) o âmbito da unidade doméstica engloba todo espa- reação de João, Paula registrou o ocorrido, sendo os
ço de convívio de pessoas, exceto as agregadas fatos confirmados por perícia e testemunhas que pre-
esporadicamente; senciaram o evento. João foi denunciado pelos crimes
d) é desnecessária a demonstração específica da subju- de lesão corporal e ameaça.
gação feminina para sua aplicação. 219
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Eduardo Fernando dos Santos Silva - 140.146.587-08, vedada, por quaisquer meios e a
qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Diante do que foi acima narrado, é correto constatar que:
16 D
a) o fato não se encaixa na Lei Maria da Penha, pois ocor- 17 B
rido após o fim do relacionamento entre João e Paula;
b) caso condenado, João poderá ter sua pena privativa 18 A
de liberdade substituída por restritiva de direitos;
19 E
c) a natureza leve da lesão causada tornou indispensável
a representação da vítima para denúncia do crime de 20 A
lesão;
d) caso condenado, em razão da natureza dos delitos,
João não poderá apelar em liberdade;
e) caso condenado por pena de até dois anos, João
poderá ser beneficiado com a aplicação do sursis da ANOTAÇÕES
pena, não sendo cabível, contudo, a suspensão condi-
cional do processo.
08
de violência doméstica se dá por meio de ação penal
7-
de iniciativa pública incondicionada, segundo entendi-
8
.5
mento do STF.
46
c) O crime de estupro é processado por meio de ação
.1
penal de iniciativa pública condicionada à representa-
40
ção, da qual a vítima pode retratar-se mesmo após o
-1
oferecimento da denúncia. a
d) Os crimes de violência doméstica e familiar contra a
lv
mulher estão taxativamente elencados na Lei Maria da
Si
Penha.
os
nt
9 GABARITO
Sa
s
do
1 D
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2 E
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3 E
rn
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4 D
o
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5 B
ua
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7 B
8 A
9 E
10 E
11 B
12 B
13 E
14 C
15 C
220
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qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Princípios Gerais de Direito Administrativo
8
análise das regras, retirando os aspectos concretos
0
secundário.
7-
desta. O legislador, dessa forma, tem um papel indire-
8
to na criação dos princípios.
.5
z Interesse público primário: interesse da coletivi-
46
Apesar das diferenças mencionadas, é indiscutível
dade;
que os princípios e as regras são normas que apresen-
.1
z Interesse público secundário: interesse do Esta-
40
tam força cogente máxima. Porém, como os princípios
do, usualmente interesses de cunho patrimonial.
-1
possuem valores fundamentais de um ramo jurídico,
são considerados hierarquicamente superiores. Vio-
a
Mas se o Estado apenas tivesse prerrogativas, com
lv
lar uma regra é um erro grave, mas violar um prin-
certeza ele agiria com abuso de autoridade. É por isso
Si
ordenamento de comandos.
res, fundados pelo princípio da indisponibilidade
nt
jurídica.
É por isso que ele não pode se desfazer de patrimô-
Importante: Os princípios, assim como as regras
do
cáveis a um caso concreto, sua solução deverá recor- mas apenas do próprio agente, ou de algum terceiro
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
o
é o meio pelo qual se faz uma valoração do peso de Princípios Constitucionais da Administração Pública
Ed
z Legalidade
Fruto da própria noção de Estado de Direito, as atividades do gestor público estão submissas à forma da lei. A
legalidade promove maior segurança jurídica para os administrados, na medida em que proíbe que a Adminis-
tração Pública pratique atos abusivos. Ao contrário dos particulares, que podem fazer tudo aquilo que a lei não
proíbe, a Administração só pode realizar o que lhe é expressamente autorizado por lei.
LEGALIDADE
Administração O agente público só pode fazer o
Pública que a lei autoriza
z Impessoalidade
A atividade da Administração Pública deve ser imparcial, de modo que é vedado haver qualquer forma de
tratamento diferenciado entre os administrados. Esse princípio apresenta algumas vertentes que é importante
8
conhecer:
0
87-
Princípio da finalidade: há uma forte relação entre a impessoalidade e a finalidade pública, pois quem age
.5
por interesse próprio não condiz com a finalidade do interesse público. A atuação administrativa sempre
46
tem como fim o interesse público, deste modo, é vedado que se busque o interesse próprio ou de terceiros.
.1
O ato que é praticado com finalidade diversa do interesse público será considerado nulo, constatando-se o
40
desvio de finalidade;
-1
Vedação à promoção pessoal: as realizações de Administração Pública não podem ser utilizadas como
a
instrumento para a promoção pessoal dos agentes públicos. A atuação administrativa é realizada em nome
lv
Si
da Administração, sendo vedada a vinculação com a pessoa dos agentes públicos. É importante ressaltar
também que é vedado, na publicidade oficial, constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem a pro-
os
moção pessoal dos agentes públicos. Esse é o fundamento da chamada “Teoria do Órgão”. Por causa disso,
nt
é vedada a possibilidade do agente público de utilizar os recursos da Administração Pública para fins de
Sa
z Moralidade
do
an
A Administração impõe a seus agentes o dever de zelar por uma “boa administração”, buscando atuar com
rn
base nos valores da moral comum, isto é, pela ética, decoro, boa-fé e lealdade. A moralidade não é somente um
Fe
princípio, mas também requisito de validade dos atos administrativos, ou seja, um ato administrativo imoral é
um ato nulo.
o
rd
É importante também ressaltar que a moralidade administrativa tem conotação objetiva, ou seja, não depende
ua
A vedação da Súmula Vinculante nº 13 não alcança a nomeação a cargos políticos em razão das qualidades
técnicas e as nomeações de servidores previamente aprovados em concursos públicos.
z Publicidade
A publicação dos atos da Administração promove maior transparência e garante eficácia erga omnes (para
222 todos). Trata-se de um requisito de eficácia dos atos administrativos.
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qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Além disso, também diz respeito ao direito fundamental que toda pessoa tem de obter acesso a informações de
seu interesse pelos órgãos estatais, salvo as hipóteses em que esse direito ponha em risco a vida dos particulares
ou o próprio Estado, ou ainda que ponha em risco a vida íntima dos envolvidos.
Em outras palavras, a publicidade (transparência) dos atos administrativos é a regra, porém, há hipóteses em
que a lei poderá estabelecer o sigilo. Vejamos o disposto na Constituição Federal:
Art. 5º […]
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse
coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo
seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado;
LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social
o exigirem;
Transparência
(publicidade)
PUBLICIDADE
DOS ATOS Segurança da Sociedade e
ADMINISTRATIVOS do Estado
Sigilo
Defesa da intimidade ou
interesse social
z Eficiência
Implementada pela reforma administrativa promovida pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998, a eficiência
traduz-se na tarefa da Administração de alcançar os seus resultados de uma forma célere, promovendo melhor
08
produtividade e rendimento, evitando gastos desnecessários no exercício de suas funções. A eficiência fez com
7-
que a Administração brasileira adquirisse caráter gerencial, tendo maior preocupação na execução de serviços
8
.5
com perfeição ao invés de se preocupar com procedimentos e outras burocracias.
46
Em que pese a adoção da eficiência buscar a produtividade, economicidade e redução dos desperdícios de
.1
dinheiro público, ela não permite à Administração agir fora da lei, ou seja, o princípio da eficiência não se sobre-
40
põe ao princípio da legalidade.
-1
a
Princípios Reconhecidos em Legislação Infraconstitucional
lv
Si
Os princípios administrativos não se esgotam no âmbito constitucional. Existem outros princípios cuja previ-
os
são não está disposta na Carta Magna, e sim na legislação infraconstitucional, sendo reconhecidos tanto pela
nt
doutrina como pela jurisprudência. É o caso do disposto no caput do art. 2º, da Lei nº 9.784, de 1999:
Sa
s
Art. 2° A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação,
do
razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e
do
eficiência.
an
rn
Princípio da Autotutela
Fe
Administração Pública exerce sobre os seus próprios atos. Isso significa que, havendo algum ato administrativo
ua
ilícito ou que seja inconveniente e contrário ao interesse público, não é necessária a intervenção judicial para que
Ed
Art. 53 A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício de legalidade, e pode revogá-
-los por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos”.
A distinção feita pelo legislador é bastante oportuna: ele enfatiza a natureza vinculada do ato anulatório, e a
discricionariedade do ato revogatório. A Administração pode revogar os atos inconvenientes, mas tem o dever
de anular os atos ilegais.
As formas de desfazimento dos atos administrativos podem se dar por meio do controle de legalidade ou pelo
controle de mérito. O controle de legalidade é quando se identifica e anula o ato ilegal. Já o controle de mérito
ocorre nas hipóteses de inconveniência e inoportunidade do ato administrativo, o qual poderá suceder a revoga-
ção do ato. 223
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qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
É importante destacar que o Poder Judiciário pode ato (em respeito ao princípio da eficiência). A motiva-
realizar o controle de legalidade do ato administrati- ção intempestiva, isto é, aquela dada em um momen-
vo, mediante provocação. Atente-se para o fato de que to demasiadamente posterior, é causa de nulidade do
este só realiza o controle de legalidade (anulação do ato administrativo.
ato) e não o controle de mérito.
A autotutela também tem previsão em duas súmu- Princípio da Finalidade
las do Supremo Tribunal Federal: Súmula nº 346 e a
Súmula nº 473: Sua previsão encontra-se no inciso II, parágrafo
único, art. 2º, da Lei nº 9.784, de 1999:
Súmula nº 346 (STF) A Administração Pública
pode declarar a nulidade de seus próprios atos. Art. 2° [...]
Súmula nº 473 (STF) A administração pode anu- Parágrafo único. Nos processos administrativos
lar seus próprios atos, quando eivados de vícios serão observados, entre outros, os critérios de:
que os tornam ilegais, porque deles não se origi- […]
nam direitos; ou revogá-los, por motivo de conve- II - atendimento a fins de interesse geral, vedada a
niência ou oportunidade, respeitados os direitos renúncia total ou parcial de poderes ou competên-
adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apre- cias, salvo autorização em lei.
ciação judicial.
O princípio da finalidade muito se assemelha ao da
Dica primazia do interesse público. O primeiro impõe que
o administrador sempre aja em prol de uma finalida-
Anulação: atos ilegais.
de específica, prevista em lei. Já o princípio da prima-
Revogação: atos inconvenientes ou inoportunos
zia do interesse público diz respeito à sobreposição do
(neste caso, os atos são válidos). interesse da coletividade em relação ao interesse pri-
vado. A finalidade disposta em lei pode, por exemplo,
Princípio da Motivação ser justamente a proteção ao interesse público.
Com isso, fica bastante clara a ideia de que todo
Um princípio implícito, também pode constar em ato, além de ser devidamente motivado, possui um
algumas questões como “princípio da obrigatória fim específico, com a devida previsão legal. O desvio
8
motivação”. Trata-se de uma técnica de controle dos
0
de finalidade ou o desvio de poder são defeitos que
7-
atos administrativos, o qual impõe à Administração o tornam nulo o ato praticado pelo Poder Público.
8
dever de indicar os pressupostos de fato e de direi-
.5
46
to que justificam a prática daquele ato. Princípio da Razoabilidade
A fundamentação da prática dos atos administra-
.1
40
tivos será sempre por escrito. Possui previsão no art.
Agir com razoabilidade é decorrência da própria
-1
50, da Lei nº 9.784, de 1999:
noção de competência. Todo poder tem suas corres-
a
pondentes limitações. O Estado deve realizar suas
lv
Art. 50 Os atos administrativos deverão ser moti-
funções com coerência, equilíbrio e bom senso. Não
Si
Parágrafo único. Nos processos administrativos ou pela própria entidade administrativa que praticou
tal medida.
an
VII - indicação dos pressupostos de fato e de direito é mais aparente quando tenta coibir o excesso pelo
Fe
A motivação é uma decorrência natural do princí- trole exercidos contra seus próprios agentes, isto é, de
ua
pio da legalidade, pois a prática de um ato administra- destinação interna. Poder de polícia é o conjunto de
Ed
tivo fundamentado, mas que não esteja previsto em atos praticados pelo Estado que tem por escopo limi-
lei, seria algo ilógico. tar e condicionar o exercício de direitos individuais e
Convém estabelecer a diferença entre motivo o direito à propriedade privada.
e motivação. Motivo é o ato que autoriza a prática
da medida administrativa, portanto, antecede o ato Princípio da Proporcionalidade
administrativo. A motivação, por sua vez, é o fun-
damento escrito, de fato ou de direito, que justifica a O princípio da proporcionalidade tem similitudes
prática da referida medida. Exemplo: na hipótese de com o princípio da razoabilidade, sendo implícito
alguém sofrer uma multa por ultrapassar limite de também. Há muitos autores, inclusive, que preferem
velocidade, a infração é o motivo (ultrapassagem do unir os dois princípios em uma nomenclatura só. De
limite máximo de velocidade); já o documento de noti- fato, a Administração Pública deve atentar-se a exage-
ficação da multa é a motivação. A multa seria, então, o ros no exercício de suas funções. A proporcionalidade
ato administrativo em questão. é um aspecto da razoabilidade voltado a controlar a
Quanto ao momento correto para sua apresenta- justa medida na prática de atos administrativos. Bus-
ção, entende-se que a motivação pode ocorrer simul- ca a proporcionalidade entre os meios utilizados e os
224 taneamente, ou em um instante posterior à prática do fins que a Administração Pública pretende alcançar.
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qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Segundo o inciso VI, parágrafo único, art. 2º, da Lei Princípio do Contraditório e da Ampla Defesa
nº 9.784, de 1999:
Esse princípio encontra-se explícito tanto no art.
Art. 2° [...] 5º, da Constituição Federal, de 1988, quanto no caput
Parágrafo único [...] do art. 2º, da Lei nº 9.784, de 1999. Vejamos ambas as
VI - Adequação entre meios e fins, vedada a disposições:
imposição de obrigações, restrições e sanções em
medida superior àquelas estritamente necessárias Art. 5º (CF, de 1988) […]
ao atendimento do interesse público; LV - aos litigantes, em processo judicial ou admi-
nistrativo, e aos acusados em geral são assegu-
Na prática, a proporcionalidade também encontra rados o contraditório e ampla defesa, com os
sua aplicação no exercício do poder disciplinar e do meios e recursos a ela inerentes;
Art. 2º (Lei nº 9.784, de 1999) A Administração
poder de polícia.
Pública obedecerá, dentre outros, aos princí-
pios da legalidade, finalidade, motivação, razoa-
Princípio da Presunção de Legitimidade, Legalidade bilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla
e Veracidade defesa, contraditório, segurança jurídica, inte-
resse público e eficiência.
O princípio da presunção de legitimidade, também
conhecido por princípio da legalidade ou veracidade, O contraditório refere-se ao direito que o interes-
afirma que os atos praticados pela Administração Públi- sado possui de se contrapor às alegações feitas pela
ca gozam de presunção de legitimidade, veracidade e parte contrária. Já a ampla defesa confere o direito
legalidade, ou seja, o ato é verdadeiro, praticado com de se defender por todos os meios e recursos juridica-
observância das normas legais e por pessoa legítima. mente válidos.
É importante ressaltar que a presunção de legiti- Esses não são os únicos princípios que regem as
midade é relativa (juris tantum), admitindo prova em relações da Administração Pública. Porém, escolhe-
contrário. Neste caso, ocorre uma inversão do ônus da mos trazer com mais detalhes os princípios que jul-
prova, sendo que quem deverá provar que o ato é ile- gamos ser mais característicos da Administração. Isso
gal, inverídico ou ilegítimo é o particular. não quer dizer que outros princípios não possam ser
8
Desse princípio decorre a autoexecutoriedade das estudados ou aplicados a esse ramo jurídico.
0
7-
decisões administrativas, de modo que os atos terão
8
.5
execução imediata e, caso o particular se sinta lesado,
46
deverá submeter a decisão administrativa ao Poder ORGANIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO
.1
Judiciário.
PÚBLICA
40
-1
Princípio da Segurança Jurídica
NOÇÕES DE ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA: O
a
DECRETO-LEI Nº 200, DE 1967
lv
O princípio da segurança jurídica, de um modo
Si
princípio tem como o objetivo resguardar o particu- estabelecer diretrizes para a Reforma Administrati-
Sa
lar sobre mudanças de orientação e interpretação da va. Para executar suas funções e expedir seus atos,
s
pretação de determinadas normas legais, com a A centralização dá-se quando o Estado executa
conseqüente mudança de orientação, em caráter
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
diretamente suas tarefas por intermédio de órgãos e
o
soa política.2
Essa possibilidade de mudança de orientação é ine-
Ed
8
tência da União manter os serviços postais e o Correio
0
z Segmentação de competências, dentro de uma
7-
Aéreo Nacional. Neste caso, ocorreu a descentraliza-
mesma pessoa jurídica, destinadas a um órgão.
8
ção mediante outorga, instituindo a ECT, na forma de
.5
46
empresa pública, com a competência de executar e con-
Dica
.1
trolar os serviços postais em todo o território nacional.
40
Cabe ressaltar que não há que se falar em vín- Lembre-se do jogo de palavras a seguir para dife-
-1
culo de hierarquia e subordinação entre o poder renciar a descentralização da desconcentração:
outorgante e o outorgado. Apenas ocorre uma forma
a
desCEntralização: Cria Entidade
lv
de vinculação, na qual impera o controle finalístico
desCOncentração: Cria Órgão
Si
alcançados;
Sa
te ato ou contrato, transfere a execução de deter- termos do inciso I, § 2º, do art. 1º, da Lei nº 9.784, de
minado serviço público por prazo determinado.
do
à empresa de telefonia fixa XPTO, mediante contrato, Art. 1° A unidade de atuação integrante da estrutu-
rn
nistração indireta.
o
existe vínculo de hierarquia e subordinação, mas Assim, podemos definir órgão administrativo (ou
ua
o controle é mais amplo e rígido, podendo ser exer- órgão público) como um núcleo de competências do
Ed
cido pelo poder concedente ao particular de diversas Estado sem personalidade jurídica própria. Por ser
formas. órgão despersonalizado, não pode integrar os polos
Para facilitar seu estudo, veja a tabela a seguir: ativo ou passivo das ações que objetivam a reparação
de danos causados pelo exercício da Administração,
devendo a pessoa jurídica à qual o órgão pertence ser
DESCENTRALIZAÇÃO
acionada em tais hipóteses.
Entidades com personalidade jurídica própria A Teoria do Órgão (também pode aparecer como
Não existe vínculo de hierarquia e subordinação princípio da imputação volitiva) é uma invenção
doutrinária que procura imputar as ações cometidas
Descentralização Descentralização por
pelos agentes e servidores públicos à pessoa jurídica à
mediante outorga delegação
qual ele esteja ligado. Pela Teoria do Órgão, os agentes
Mediante lei Mediante ato ou contrato públicos não podem responder pessoalmente pelos
Transfere a titularidade e a Transfere apenas a atos que praticam no exercício de suas funções, uma
execução execução vez que a responsabilidade pela execução de tais tare-
fas é do Estado, sendo representado por seus órgãos e
226 Prazo indeterminado Prazo determinado entes com personalidade jurídica própria.
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qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
A criação e a extinção dos órgãos públicos dão- Órgãos coletivos: aqueles que decidem pela
-se sempre mediante lei, igual ao que ocorre com as manifestação de muitos membros, de forma
autarquias e demais entidades da Administração Indi- conjunta e por maioria, sem manifestação de
reta, com personalidade jurídica de direito público. vontade de um único chefe. A vontade da maio-
Entretanto, as regras quanto ao seu funcionamento, a ria é imposta de forma legal, regimental ou
sua estruturação e outros aspectos secundários são regu- estatutária.
lamentadas pelo Poder Executivo, mediante decreto.
Outra característica interessante dos órgãos públi- Em relação às modalidades de desconcentra-
cos diz respeito a sua capacidade processual. Em ção, a doutrina tende a classificá-la em três espécies
regra, órgãos públicos não podem ingressar em juízo, distintas:
porque eles não têm personalidade jurídica própria.
Entretanto, existem algumas exceções. São os z Desconcentração territorial ou geográfica: é
casos dos órgãos públicos independentes. Por serem aquela em que todos os órgãos recebem as mes-
independentes (e não autônomos), eles não estão mas competências em relação à matéria, a diferen-
vinculados a outro órgão ou entidade, possuindo ça encontra-se apenas nas regiões em que devem
prerrogativas de ordem constitucional, e sendo titu- atuar. É o caso da Delegacias de Polícia;
lares de direitos subjetivos. É o caso da Câmara dos z Desconcentração material ou temática: é a que
Deputados, da Presidência da República, do Senado, distribui as competências administrativas tendo em
do Supremo Tribunal Federal etc. Todos esses órgãos vista a especialização de cada órgão em um assun-
independentes possuem capacidade postulatória to específico. Exemplo: Ministério da Cultura da
para ingressar em juízo, a fim de defender os seus União;
próprios interesses. z Desconcentração hierárquica ou funcional: o ele-
Há, inclusive, uma classificação quanto às diferen- mento diferenciador é a relação de subordinação e
tes espécies de órgãos, que poderá ser: hierarquia entre os órgãos públicos. Exemplo: os
tribunais administrativos possuem subordinação
z Quanto à posição estatal: em relação aos órgãos de primeira instância.
08
res, não havendo uma relação de hierarquia Administração Direta, ou Centralizada, é a
7-
entre os mesmos (Congresso Nacional, Câmara parte da Administração Pública que compreende: as
8
.5
dos Deputados, Tribunais, Varas Judiciais etc.); pessoas jurídicas de direito público interno (União,
46
Órgãos autônomos: órgãos subordinados dire- Estados, Municípios e Distrito Federal), somados a
.1
tamente à cúpula da Administração. Têm grande todos os seus ministérios, ouvidorias, secretarias e
40
autonomia administrativa, financeira e técnica, outros tantos órgãos despersonalizados.
-1
caracterizando-se como órgãos diretivos (Minis- Já a Administração Indireta ou Descentraliza-
a
tério Público, Defensoria Pública, AGU, PGR etc.); da é a expressão utilizada para designar o conjunto
lv
Órgãos superiores: possuem poder de dire- de pessoas jurídicas autônomas criadas pelo próprio
Si
ção, controle, decisão e comando dos assuntos Estado para atingir determinada finalidade pública.
os
primeiras divisões dos órgãos independentes e ca própria, elas têm patrimônio próprio, que não se
Sa
autônomos (Gabinetes, Coordenadorias, Depar- confunde com o patrimônio pessoal de seus agentes,
s
Órgãos subalternos: destinam-se à execução zos causados por seus agentes públicos, podendo res-
do
dos trabalhos de rotina, cumprem ordens supe- ponder judicialmente pela prática desses atos.
riores (portarias, seções de expediente etc.).
an
Dica
rn
z Quanto à composição:
Fe
Órgãos simples: são aqueles que possuem um tos, mas, de antemão, lembre-se do mnemônico
rd
único centro de competência. Sua característi- “FASE” para memorizar as espécies de entidades
ua
sua estrutura para auxiliá-lo no desempenho Sociedade de Economia Mista, Empresa Pública.
de suas funções;
Órgãos compostos: possuem em sua estrutu- DOS ENTES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
ra outros órgãos menores, seja com o desem- INDIRETA: AUTARQUIAS, FUNDAÇÕES, EMPRESAS
penho de função principal ou com o auxílio PÚBLICAS E SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA
nas atividades. As funções são distribuídas em
vários centros de competência, sob a supervi- As entidades da Administração Indireta podem ter
são do órgão de chefia. personalidade jurídica de direito público ou de direito
privado. Tal diferença é bastante relevante no que diz
z Quanto à forma de atuação funcional: respeito ao procedimento de criação dessas entidades
autônomas.
Órgãos singulares: são aqueles que decidem e As pessoas jurídicas de direito público são criadas
atuam por meio de um único agente, o chefe. por lei (XIX, art. 37, da CF, de 1988) e a sua personali-
Possuem agentes auxiliares, mas sua caracte- dade jurídica advém no momento em que tal legisla-
rística de singularidade é desenvolvida pela ção entra em vigor no âmbito jurídico, não havendo
função de um único agente, em geral, o titular; necessidade de registro em cartório. As pessoas 227
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qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
jurídicas de direito privado, todavia, são autorizadas O regime de pessoal das autarquias é o estatu-
pela lei (XX, art. 37, da CF, de 1988), ou seja, a legis- tário. Significa que a autarquia não pode contratar
lação deve permitir que ela exista para que o Poder quem ela quiser, como se fosse um empregador: seus
Executivo regulamente suas funções mediante a expe- funcionários devem ser servidores públicos, pre-
dição de decretos. Sua personalidade jurídica, dessa viamente aprovados em prova de concurso público.
forma, está condicionada ao seu registro em cartório. Assim, todas as questões referentes ao regime laboral
São pessoas jurídicas de direito público, membros desses servidores devem ser resolvidas tendo como
da Administração Indireta: autarquias, fundações base a Lei nº 8.112, de 1990, conhecida também como
públicas, agências reguladoras e associações públicas. Estatuto dos Servidores Públicos Civis da União.
São pessoas jurídicas de direito privado: empre- O patrimônio das autarquias consiste em bens
sas públicas, sociedades de economia mista, funda- públicos, que gozam da garantia de serem inalie-
ções governamentais com estrutura de pessoa jurídica náveis e impenhoráveis. Se o patrimônio é público,
de direito privado, subsidiárias e consórcios públicos significa que ele é utilizado de forma a atender uma
de direito privado. finalidade pública. Logo, a autarquia não pode abrir
mão desses bens, nem os dar em garantia.
Autarquias As autarquias, por estarem submetidas ao regime
de direito público, praticam, por meio de seus agen-
As autarquias são pessoas jurídicas de direito tes, atos administrativos (declarações unilaterais de
público interno, criadas por legislação própria, que vontade) e somente podem celebrar contratos públi-
têm por escopo exercer as funções típicas da Adminis- cos (contratos administrativos), isto é, são contra-
tração Pública. Trata-se da prestação descentralizada tos típicos da Administração Pública, que a colocam
de serviços públicos. em posição mais vantajosa em relação ao particular
As autarquias possuem um conceito definido interessado.
em lei, mais especificamente no inciso I, art. 5º, do As autarquias possuem imunidade tributária,
Decreto-Lei nº 200, de 1967: para os fins desta lei, com fundamento no § 2º, do art. 150, da CF, que dispõe
considera-se: que é vedada a cobrança de impostos de autarquias,
no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços,
Art. 5° [...] vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas
I - Autarquia - o serviço autônomo, criado por decorrentes.
08
lei, com personalidade jurídica, patrimônio e Pode-se afirmar que vigora o princípio da espe-
7-
receita próprios, para executar atividades típicas cialidade no regime das autarquias. Isso significa que
8
da Administração Pública, que requeiram, para seu
.5
cada entidade é criada para atender a uma finalidade
46
melhor funcionamento, gestão administrativa e individual e específica. Exemplificando: para tratar
financeira descentralizada.
.1
de questões do regime de previdência social, temos o
40
INSS, que é a única autarquia responsável pela con-
-1
Podemos fazer alguns comentários sobre o concei- cessão de benefícios previdenciários. É o próprio INSS
to apresentado. Ao dizer que as autarquias são cria- que responde em juízo, havendo uma ação previden-
a
lv
das “para executar atividades típicas da Administração ciária pleiteada por particular, e não a União/Estado.
Si
Pública”, o texto legal faz referência àquelas ativida- O juízo competente para julgar causas comuns
os
des características do Poder Público e que só podem que envolvem as autarquias federais é a Justiça
ser executadas pelo mesmo, em regra. São atividades
nt
direito público. Com isso, tais entidades são proibi- nessa qualidade, causarem a terceiros, nos termos do
an
das de exercer qualquer atividade econômica, o que § 6º, do art. 37, da CF.
rn
lhes proporciona uma grande vantagem: não pode ser Para facilitar seu estudo, veja as principais infor-
Fe
decretada a falência delas e também gozam de imuni- mações e características das autarquias:
dade tributária.
o
rd
A sua criação depende de lei específica. Isso signi- z Prestação de serviços e atividades típicas do
ua
trabalho realizado pelo legislador; não há outros atos z Não se destinam à exploração de atividade econômica;
subsequentes que condicionam sua existência, como z Regime jurídico público;
acontece com as pessoas jurídicas de direito privado. z Criadas por lei, com personalidade jurídica, patri-
De mesmo modo, a extinção de autarquias somente mônio e receita próprios;
pode se dar por lei específica. z Possuem imunidade tributária;
z Celebram contratos administrativos;
CRIAÇÃO DE ENTIDADES DA z Responsabilidade civil objetiva.
ADMINISTRAÇÃO INDIRETA
Devido à multiplicidade de assuntos, temos, con-
sequentemente, uma multiplicidade de autarquias. A
Autarquia Outras entidades doutrina tende a classificar as autarquias nos seguin-
tes grupos:
Especiais stricto sensu (Banco Central); A Funai, Funasa e o IBGE são alguns exemplos de
Agências reguladoras (Anatel, Anvisa). fundações públicas.
Pelo conceito disposto na legislação, percebe-se
z Corporativas: corporações profissionais, que pro- que o referido Decreto-Lei dispõe serem as funda-
movem o controle e a fiscalização de categorias ções entidades com personalidade jurídica de direito
profissionais. Exemplos: CREA, CRO, CRM; privado. Tal conceituação não foi recepcionada pela
z Fundacionais: são as fundações públicas, enti- Constituição Federal, de 1988, que, no inciso XIX, do
dades que arrecadam patrimônio para o cumpri- art. 37, decidiu não fazer tal distinção:
mento de um objetivo específico. Exemplos: Funai,
Procon, Funasa; Art. 37 (CF, de 1988) [...]
z Territoriais: autarquias de controle da União, XIX - somente por lei específica poderá ser criada
também denominadas territórios federais (art. 33, autarquia e autorizada a instituição de empresa
da CF, de 1988). A atual Constituição aboliu os ter- pública, de sociedade de economia mista e de fun-
ritórios federais remanescentes; dação, cabendo à lei complementar, neste último
z Associativas: são as autarquias criadas pelo caso, definir as áreas de sua atuação;
resultado de uma celebração de consórcio públi-
co, também denominadas associações públicas. Dessa forma, concluímos que as fundações podem
Se o contrato de consórcio público envolver múl- ser tanto de Direito Público como de Direito Priva-
tiplos entes da Federação, tais autarquias podem do, dependendo do que a lei instituidora da fundação
ser transfederativas. Exemplo: associação criada delimitar quanto às suas competências. Todavia, é
entre União, estados e municípios para a constru- importante frisar que mesmo as fundações de regime
ção de um teatro. jurídico privado devem obediência às normas públi-
cas, e não à legislação civil.
8
Sobre esse tema, cabe diferenciar o regime de
0
Importante!
7-
pessoal das fundações públicas de direito público e
8
Curioso é o caso da Ordem dos Advogados do privado. No âmbito das fundações públicas de direito
.5
privado, o regime trabalhista será regido pela CLT. Já
46
Brasil (OAB). A OAB sempre foi considerada uma
nos casos de fundações de direito público, deverá ser
.1
autarquia de regime comum. Todavia, durante o
40
julgamento da ADI nº 3.026, o STF decidiu mudar aplicado o regime jurídico único (estatutário).
-1
seu entendimento, ao decidir que a OAB é um As fundações de direito privado, para sua criação,
precisam de autorização por lei. São diferentes de
a
serviço independente e de natureza especial e
lv
uma autarquia, que é criada por lei. Aqui, a fundação
que, por isso mesmo, não pode sofrer controle
Si
As fundações públicas são consideradas espécies às fundações públicas de direito privado, seu patrimô-
an
de autarquias, possuindo diversas características nio consiste em bens privados, que não gozam das
rn
IV, art. 5º, do Decreto-Lei nº 200, de 1967: presentes nos bens públicos.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
o
IV - Fundação Pública - a entidade dotada de per- especial, denominado curadoria das fundações. No
Ed
sonalidade jurídica de direito privado, sem fins caso das fundações de direito público, o controle fiscal
lucrativos, criada em virtude de autorização é exercido pelo Ministério Público.
legislativa, para o desenvolvimento de atividades Importante, também, destacar que as fundações
que não exijam execução por órgãos ou entidades
privadas podem celebrar contratos privados, os ins-
de direito público, com autonomia administrativa,
trumentos contratuais típicos da esfera privada, como
patrimônio próprio gerido pelos respectivos órgãos
de direção, e funcionamento custeado por recursos compra e venda, locação de imóvel etc.
da União e de outras fontes. Quanto à competência para julgar as causas que
envolvem as fundações, devemos ter ciência de que
Já de acordo com o entendimento da doutrinadora as fundações públicas de direito público, quando na
Maria Sylvia Di Pietro, fundação pública é: esfera federal, submetem-se à Justiça Federal. Por
outro lado, embora isso seja alvo de controvérsia
Instituída pelo Poder Público com o patrimônio, na doutrina, entende-se que as fundações públicas
total ou parcialmente público, dotado de perso- de direito privado, nas causas comuns (inclusive de
nalidade jurídica, de direito público ou privado, e âmbito federal), submetem-se à Justiça Estadual.
3 DI PIETRO, M. S. Z. Direito Administrativo. 31. ed. São Paulo: Ed. GenMétodo, 2018. 229
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A responsabilidade civil das fundações públicas é z Quanto à atividade preponderante:
de ordem objetiva. Respondem objetivamente pelos
prejuízos causados por seus agentes a terceiros. Agências de serviço, que exercem as funções
Para facilitar seus estudos, veja na tabela a seguir as típicas;
principais informações e características das fundações: Agências de polícia, que exercem fiscalização
das atividades econômicas;
Agências de fomento, que ajudam a desenvol-
FUNDAÇÕES PÚBLICAS FUNDAÇÕES PÚBLICAS
ver o setor privado;
DE DIREITO PÚBLICO DE DIREITO PRIVADO
Agências de uso de bens públicos.
Lei específica autoriza a Lei específica autoriza a
sua criação sua criação z Quanto à previsão constitucional:
Necessário obter registro Necessário obter registro
dos atos constitutivos dos atos constitutivos Agências com referência constitucional (a Anatel
Pessoal regido pelo regi- tem previsão no inciso XI, art. 21, da CF, de 1988);
Pessoal regido pela CLT Agências sem referência constitucional — são a
me estatutário
grande maioria.
Competência para julgar: Competência para julgar:
Justiça Federal Justiça Estadual (comum) z Quanto ao momento de sua criação:
Responsabilidade civil Responsabilidade civil
objetiva objetiva Agências de primeira geração (1996 a 1999), na
Bens públicos Bens privados época das privatizações;
De segunda geração, de 2000 a 2004;
Agências Reguladoras: Características e De terceira geração, que adveio com as agên-
Classificação cias pluripotenciárias (2005 em diante), exer-
cendo múltiplas funções simultaneamente.
O surgimento das agências reguladoras possui for-
Associações Públicas: a Criação de Consórcio
tes relações com a época das privatizações na segun-
da metade dos anos 1990. Nesse contexto, as agências
8
A União, os Estados, o Distrito Federal e os municí-
0
reguladoras foram introduzidas, sobretudo pelas ECs
7-
pios são os entes responsáveis pela regulamentação dos
nº 8 e 9, ambas de 1995, para atuar como órgãos regu-
8
consórcios públicos e dos convênios de cooperação,
.5
ladores, fiscalizadores e controladores da iniciativa
46
autorizando a gestão associada de serviços públicos,
privada, que passaram a desenvolver as tarefas ori-
.1
bem como a transferência total ou parcial de encargos,
ginalmente atribuídas ao Estado. Alguns exemplos
40
serviços, pessoal e bens essenciais à continuidade dos
de agências reguladoras: Aneel, Anatel, Ancine, ANP,
-1
serviços transferidos (art. 241, da CF, de 1988).
entre outros.
Essas pessoas jurídicas autônomas, criadas pelos
a
As agências reguladoras também são autarquias
lv
entes federados, e que têm por objeto medidas de
sob um regime especial, diferenciando-se das autar-
Si
de comissão. Assim, os dirigentes das agências têm embora não possam ter fins lucrativos. Por isso, não
an
promovendo maior estabilidade no exercício de direito público são as associações públicas propria-
Fe
visto que ele tem prazo determinado para se encer- Empresas do Estado: as Empresas Públicas e
rar. A duração dos mandatos pode variar depen- Sociedades de Economia Mista
dendo de cada agência, podendo ser de três anos,
como na Anvisa, quatro anos, como na Aneel, ou Passemos a analisar o grupo de pessoas jurídi-
até cinco anos, como na Anatel. cas denominado Empresas do Estado (ou empresas
estatais). São as pessoas jurídicas de direito privado
As agências reguladoras podem ser classificadas: pertencentes à Administração Indireta e comportam
duas espécies: as empresas públicas e as sociedades
z Quanto à sua origem: de economia mista.
Muitas das características apresentadas pelas
Agências federais; fundações privadas aplicam-se às empresas estatais,
Estaduais; isto é, sua criação depende de autorização legislati-
Municipais; va além do registro em cartório; seu patrimônio se
Distritais. constitui de bens privados; sua atividade principal
consiste em exercer uma atividade econômica; e a
230 aptidão para celebrar contratos privados.
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As empresas públicas e as sociedades de economia mista apresentam características em comum:
As empresas públicas são pessoas jurídicas de Direito Privado cuja criação depende de autorização legal. Sua
personalidade é concedida pelo registro de seus atos constitutivos em cartório, com a totalidade de seu capital
público e regime organizacional livre (II, art. 5º, do Decreto-Lei nº 200, de 1967), podendo ser organizadas como
sociedade anônima, sociedade de responsabilidade limitada ou, ainda, sociedade por comandita de ações. São
empresas públicas: o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a Caixa Econômica Fede-
ral (CEF) e a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero).
As sociedades de economia mista têm seu conceito legal previsto no III, art. 5º, do Decreto-Lei nº 200, de 1967.
São pessoas jurídicas de direito privado cuja criação também depende de autorização legal e de registro em cartório.
Possuem a maioria de seu capital público e devem ser obrigatoriamente organizadas como sociedades anôni-
08
mas. São sociedades de economia mista: Petrobras, Banco do Brasil, Eletrobras.
7-
Percebemos algumas diferenças entre as empresas públicas e as sociedades de economia mista. A primeira
8
.5
diz respeito ao capital constitutivo: enquanto, nas empresas públicas, todo o seu capital deve ser público (o
46
Decreto-Lei nº 200, de 1967, dispõe que seu capital deve advir totalmente “da União”, mas se admite também o
.1
capital de origem estadual e municipal), as sociedades de economia mista admitem a presença do capital de
40
origem privada, mas pelo menos 50% mais uma de suas ações com direito a voto devem pertencer ao Estado.
-1
Além disso, outra diferença relevante é em relação à forma de sua organização: as sociedades de economia
mista devem obrigatoriamente ter a estrutura de sociedade anônima; trata-se de disposição legal do próprio
a
lv
Decreto-Lei nº 200, de 1967. As empresas públicas, por sua vez, não sofrem essa imposição, podendo adotar a
Si
Capital social integralmente público (todo o seu capital Capital Social majoritariamente público (50% + 1). Ações
an
Outro ponto importante a ser levantado diz respeito às empresas subsidiárias de Empresa Pública (EP) e Socie-
rd
dade de Economia Mista (SEM). Isso corre quando as EP ou SEM, visando melhorar a organização das suas opera-
ua
As empresas subsidiárias integram a Administração Indireta e possuem personalidade jurídica própria. De acor-
do com o Decreto 8.945, de 2016, as subsidiárias possuem a maioria das ações com direito a voto pertencente direta
ou indiretamente à EP ou SEM.
Cabe destacar também a diferença entre as empresas subsidiárias e as sociedades empresárias que possuem
participação do Estado. A primeira diferença está no fato de que as empresas subsidiárias de EP e SEM integram a
Administração Indireta, diferentemente das sociedades por participação. Outro ponto importante é que o Estado
não possui controle da entidade que possui participação.
Por fim, lembre-se: é possível a participação estatal em sociedades privadas, com o capital minoritário e sob o
regime de direito privado.
Quanto ao regime jurídico aplicável às EP e SEM, é necessário ter uma atenção especial. Em regra, o regime
aplicável é o de direito privado, porém, esse regime mudará a depender da atividade a ser desenvolvida.
Refere-se às EP e SEM exercer atividade econômica em sentido estrito, estará sujeita a normas do direito pri-
vado. Já se prestarem serviços públicos, aplicarão o regime jurídico de direito público. Para facilitar seu estudo,
veja o esquema a seguir:
231
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EMPRESA PÚBLICA OU SOCIEDADE DE
ECONOMIA MISTA
Quanto à imunidade tributária, cabe ressaltar que quando a EP ou a SEM explorar atividade econômica em
sentido estrito, não fará jus à imunidade tributária recíproca ou a privilégios fiscais. Por outro lado, caso preste
serviços públicos, sem cunho econômico, fará jus às imunidades e aos privilégios mencionados.
Outro ponto importantíssimo diz respeito à responsabilidade civil por danos que seus agentes, nessa quali-
dade, causarem a terceiros. A responsabilidade será objetiva quando a EM ou a SEM for prestadora de serviços
públicos. Já caso a estatal seja exploradora de atividade econômica, a responsabilidade será subjetiva, ou seja, ela
só será obrigada a indenizar os danos causados por culpa ou dolo.
O juízo competente será a Justiça Estadual quando se tratar de EP ou SEM de nível estadual ou municipal. Em
contrapartida, quando se tratar de estatais da esfera federal, devemos separá-las: EP federais serão julgadas pela
justiça federal; SEM federais serão julgadas pela Justiça Estadual.
São muitos detalhes nos que concerne às EP e SEM. Para sistematizar as informações vistas, acompanhe os
esquemas a seguir:
08
Capital Social
7-
integralmente público Objetiva, quando
8
prestadora de serviço
.5
46
público
.1
Responsabilidade civil
40
Subjetiva, quando
-1
explorar atividade
EMPRESA PÚBLICA econômica
a
lv
Si
EP Federal: Justiça
os
Federal
nt
Sa
Juízo competente
s
EP Estadual ou
do
Municipal: Justiça
Estadual
do
an
constituída na forma
Fe
de Sociedade Anônima
(S/A)
o
rd
ua
Ed
Juízo competente
SEM Estadual ou
Municipal: Justiça
Estadual
232
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DAS ENTIDADES DE COLABORAÇÃO E SEU REGIME O instrumento de formalização da parceria entre a
JURÍDICO Administração e a organização social é o contrato de
gestão, cuja aprovação deve ser submetida ao Minis-
Por fim, convém explanar sobre algumas pessoas tro de Estado ou a outra autoridade supervisora da
jurídicas às quais, apesar de não integrarem a Admi- área de atuação da entidade.
nistração Pública, seja Direta ou Indireta, são aplicá- As organizações sociais representam uma espécie
veis as normas gerais de Direito Administrativo. Essas de parceria entre a Administração e a iniciativa pri-
são as entidades paraestatais. vada, exercendo atividades que, antes da Emenda 19,
As entidades paraestatais são entidades privadas de 1998, eram desempenhadas por entidades públi-
que realizam atividades de interesse coletivo, sem cas. Por isso, seu surgimento no direito brasileiro está
fins lucrativos, que recebem incentivos de entidades relacionado a um processo de privatização lato sensu,
públicas. Tais empresas privadas, cujo objetivo é a realizado por meio da abertura de atividades públicas
execução de serviços de relevante interesse público, à iniciativa privada.
são denominadas entidades do Terceiro Setor. Tra-
dicionalmente, considera-se “entidade paraestatal” Organização da Sociedade Civil de Interesse Público
sinônimo de entidades da Administração Indireta.
As entidades paraestatais, por serem regidas pelo As Organizações da Sociedade Civil de Interesse
direito privado, não têm os privilégios concedidos Público (OSCIPs) são também pessoas jurídicas de
constitucionalmente às entidades de direito público. direito privado, sem fins lucrativos, instituídas por
Essas entidades paraestatais podem se apresentar sob iniciativa dos particulares e qualificadas pelo Estado,
as seguintes formas: para desempenhar serviços não exclusivos do Estado,
com fiscalização pelo Poder Público, formalizando a
Organização Social parceria com a Administração Pública por meio de
termo de parceria.
A organização social (OS) não é uma pessoa jurí- A lei que disciplina as OSCIPs é a Lei nº 9.790, de
dica especial, mas uma qualificação especial outor- 1999, regulamentada pelo Decreto nº 3.100, de 1999.
gada pelo governo federal a entidades da iniciativa O art. 3º, da Lei, dá uma noção mais ampla e geral
privada, sem fins lucrativos, cuja outorga autoriza a sobre as entidades que podem ser qualificadas como
OSCIPs, in verbis:
8
fruição de vantagens peculiares, como isenções fis-
0
7-
cais, destinação de recursos orçamentários, repasse
8
de bens públicos, bem como empréstimo temporário Art. 3º A qualificação instituída por esta Lei, obser-
.5
vado em qualquer caso, o princípio da universaliza-
46
de servidores governamentais.
ção dos serviços, no respectivo âmbito de atuação
A Lei nº 9.637, de 1998, é a lei que regulamenta
.1
das Organizações, somente será conferida às pes-
40
essa qualificação das OS, e seu art. 1º é bastante claro soas jurídicas de direito privado, sem fins lucrati-
-1
ao delimitar a área de atuação de tais entidades pri- vos, cujos objetivos sociais tenham pelo menos uma
vadas: de modo geral, a OS será concedida a empre- das seguintes finalidades:
a
lv
sas cujas principais atividades sejam dirigidas ao I - promoção da assistência social;
Si
ambiente, à cultura e à saúde. Desempenham, por- III - promoção gratuita da educação, observando-se
Sa
tanto, atividades de interesse público, mas que não a forma complementar de participação das organi-
se caracterizam como serviços públicos stricto sensu, zações de que trata esta Lei;
s
do
razão pela qual é incorreto afirmar que as organiza- IV - promoção gratuita da saúde, observando-se a
ções sociais são concessionárias ou permissionárias. forma complementar de participação das organiza-
do
O art. 2º, da referida Lei, dispõe sobre os requisitos ções de que trata esta Lei;
an
z Comprovar o registro de seu ato constitutivo, IX - experimentação, não lucrativa, de novos mode-
Ed
incluindo a natureza social de seus objetivos, suas los sócio-produtivos e de sistemas alternativos de
finalidades não lucrativas, a composição dos mem- produção, comércio, emprego e crédito;
bros de sua diretoria etc. (inciso I, art. 2º); X - promoção de direitos estabelecidos, construção
z Haver aprovação, quanto à conveniência e opor- de novos direitos e assessoria jurídica gratuita de
tunidade de sua qualificação como organização interesse suplementar;
social, do Ministro ou titular de órgão supervisor XI - promoção da ética, da paz, da cidadania, dos
ou regulador da área de atividade corresponden- direitos humanos, da democracia e de outros valo-
te ao seu objeto social e do Ministro de Estado da res universais;
XII - estudos e pesquisas, desenvolvimento de tec-
Administração Federal e Reforma do Estado (inciso
nologias alternativas, produção e divulgação de
II, art. 2º). Importante ressaltar que a concessão
informações e conhecimentos técnicos e científicos
de tal qualificação é ato discricionário, ficando a que digam respeito às atividades mencionadas nes-
cargo do agente responsável (Ministro de Estado) te artigo.
— considerando critérios de conveniência e opor- XIII - estudos e pesquisas para o desenvolvimento, a
tunidade — conceder ou não tal qualificação. disponibilização e a implementação de tecnologias
voltadas à mobilidade de pessoas, por qualquer
meio de transporte. 233
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qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Como já mencionamos, o instrumento que regula essa relação do Poder Público com a OSCIP é o termo de
parceria, que discriminará direitos, responsabilidades e obrigações das partes signatárias (art. 10), prevendo espe-
cialmente metas a serem alcançadas, prazo de duração, direitos e obrigações das partes e formas de fiscalização.
Além disso, outra diferença marcante entre a OSCIP da OS é que sua concessão é ato vinculado (§ 2º, art. 1º, Lei nº
9.790, de 1999), podendo-se falar em um “direito adquirido” da empresa privada em obter a qualificação de OSCIP.
O requerimento deve ser encaminhado ao Ministro da Justiça, na forma do art. 5º da referida Lei.
Esquematicamente, podemos estabelecer as principais diferenças entre a OS e a OSCIP da seguinte forma:
AGENTES PÚBLICOS
08
ESPÉCIES E DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS APLICÁVEIS
87-
.5
Nas lições de Celso Antônio Bandeira de Mello, são agentes públicos as pessoas que exercem uma função públi-
46
ca, ainda que em caráter temporário ou sem remuneração. Trata-se de uma expressão ampla e genérica, uma vez
.1
que engloba todos aqueles que, dentro da organização da Administração Pública, exercem determinada função
40
pública.
-1
Assim, podemos dizer que agente público é gênero, o qual comporta diversas espécies, como os agentes polí-
a
ticos, os agentes militares, os servidores públicos estatutários, os empregados públicos, os agentes honoríficos,
lv
Si
entre outros. Por isso, vamos especificar cada um deles com maiores detalhes.
os
Agentes Políticos
nt
Sa
Os agentes políticos possuem como característica principal o fato de exercerem uma função pública de alta
s
do
direção do Estado. Seu ingresso é feito mediante eleições, e atuam em mandatos fixos, os quais têm o condão de
extinguir a relação destes com o Estado de modo automático pelo simples decurso do tempo. Percebe-se, dessa
do
forma, que a sua vinculação com o Estado não é profissional, mas estatutária ou institucional. São agentes políti-
an
cos os parlamentares, o Presidente da República, os prefeitos, os governadores, bem como seus respectivos vices,
rn
Agentes Militares
rd
ua
Os agentes militares constituem uma categoria à parte dos demais agentes políticos, uma vez que as institui-
Ed
ções militares possuem fortes bases fundamentadas na hierarquia e na disciplina. Apesar de também apresenta-
rem vinculação estatutária, seu regime jurídico é disciplinado por legislação especial, e não aquela aplicável aos
servidores civis. São agentes militares os membros das Polícias Militares e dos Corpos de Bombeiros militares dos
Estados, Distrito Federal e Territórios, bem como os demais militares ligados ao Exército, Marinha e Aeronáutica.
Algumas características que merecem destaque são: a proibição de sindicalização dos militares, a proibição do
direito de greve e a proibição à filiação partidária.
Servidores Públicos
De modo geral, podemos dizer que a Constituição Federal de 1988 apresenta dois tipos de regimes para os
agentes estatais: o regime estatutário ou de cargos públicos, e o regime celetista ou de empregos públicos.
Os servidores públicos são contratados pelo regime estatutário, enquanto os empregados públicos são contra-
tados pelo regime celetista, que muito se assemelha às regras contidas na CLT.
Atente-se a este conceito: servidor público é o agente contratado pela Administração Pública, direta ou indi-
reta, sob o regime estatutário, sendo selecionado mediante concurso público, para ocupar cargos públicos, pos-
234 suindo vinculação com o Estado de natureza estatutária e não contratual.
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O regime dos cargos públicos é disciplinado pela REGIME DOS SERVIDORES PÚBLICOS FEDERAIS: A
Lei Federal nº 8.112, de 1990, também conhecida como LEI N° 8.112, DE 1990
Estatuto do Servidor Público.
Frente a isso, um ponto relevante a ser ressalta- O regime dos servidores públicos possui ampla
do desse regime é o alcance da estabilidade mediante previsão normativa. Além do renomado art. 37, da
o fim do período de estágio probatório. Tal alcance Constituição Federal, no âmbito infraconstitucional
permite que o servidor não seja desligado de suas temos a Lei nº 8.112, de 1990 (Estatuto dos Servido-
funções, salvo pelas hipóteses previstas em lei, como res Públicos Federais), isto é, a legislação que institui
a sentença judicial transitada em julgado, processo o regime jurídico dos servidores públicos da União,
administrativo disciplinar, ou a não aprovação em autarquias, fundações, agências reguladoras e asso-
ciações, todas em âmbito federal. Bastante exigida em
avaliação periódica de desempenho (§ 1º, art. 41, da
concursos públicos, convém salientar as principais
CF, de 1988).
características a respeito do regime dos servidores
Dentre os cargos públicos, ainda, há aqueles que
públicos:
são vitalícios, que se apresentam de forma mais van-
tajosa, uma vez que o estágio probatório possui um
Dos Cargos Públicos: Conceito, Investidura na
tempo menor (2 anos, sendo de 3 anos para os car- Função Pública, Provimento, Vacância
gos não vitalícios), bem como possui a característica
de o desligamento ocorrer apenas mediante sentença z Conceito
condenatória transitada em julgado. São vitalícios os
cargos de: Magistratura, do Tribunal de Contas, e os Para todos os efeitos legais, o servidor público está
cargos dos membros do Ministério Público. intrinsecamente ligado à noção de cargo público. Con-
Além da estabilidade, são também assegurados aos forme dispõe o art. 3° do Estatuto dos Servidores, cargo
servidores estatutários alguns direitos trabalhistas. público é o conjunto de atribuições e responsabilidades
Vejamos aqui os mais importantes, de acordo com o § previstas na estrutura organizacional que devem ser
3º, art. 39, da CF, de 1988: cometidas a um servidor. A expressão “cometida” no
contexto do artigo de lei refere-se às atribuições e res-
z Salário mínimo; ponsabilidades que são atribuídas ao servidor público
08
z Remuneração de trabalho noturno superior ao em decorrência do cargo público ocupado. Os cargos
87-
diurno; públicos, acessíveis a todos os brasileiros, são criados
.5
z Repouso semanal remunerado; por lei, com denominação própria e vencimento pago
46
z Férias trabalhadas; pelos cofres públicos, para provimento em caráter
.1
efetivo ou em comissão.
40
z Licença à gestante.
A criação, transformação e extinção de cargos,
Empregado Público -1
empregos ou funções públicas depende sempre de uma
a
lv
lei instituidora (inciso X, art. 48, CF, de 1988). Porém,
Si
De modo diferente da contratação dos servidores, havendo um cargo ou função vago, a sua extinção
os
os empregados públicos são contratados mediante pode se dar mediante expedição de decreto pelo Poder
Executivo.
nt
nistração Indireta (empresas públicas, sociedades de administrativo constitutivo e hábil para a investidu-
rn
economia mista, consórcios etc.). Além disso, o ingres- ra do servidor no respectivo cargo. Com relação aos
Fe
so de tais pessoas também depende da sua aprovação requisitos para a investidura em cargo público, dis-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
o
tivo do que o regime estatutário. Isso se deve ao fato de Art. 5º São requisitos básicos para investidura em
Ed
08
o Estado. A nomeação depende sempre de pré- cargo resultante de sua transformação, na hipó-
7-
tese de sua demissão ser invalidada por decisão
8
via habilitação em concurso público de provas,
.5
ou de provas e títulos. Além disso, a nomeação judicial ou administrativa, tendo direito também
46
poderá ser promovida não somente em caráter ao ressarcimento de todas as vantagens (caput,
.1
efetivo, como também para os cargos de con- art. 28, Lei nº 8.112, de 1990).
40
fiança ou em comissão (incisos I e II, dos arts.
-1
9º e 10, da Lei nº 8.112, de 1990); Suponha que, em uma situação anterior, o servi-
a
Promoção: é uma forma de provimento deri- dor Carlos foi demitido por um motivo injusto. Esse
lv
vado, haja vista que ela beneficia somente os motivo injusto pode advir de qualquer evento, como
Si
servidores que já ingressaram em cargos públi- ter sido erroneamente acusado de ter praticado
os
cos em caráter efetivo. Os demais requisitos uma transgressão (falaremos das transgressões em
nt
para o ingresso e o desenvolvimento do servidor momento posterior). Carlos, então, resolveu ingres-
Sa
na carreira, mediante promoção, serão estabele- sar com ação em juízo e por meio de decisão judi-
cial (ou administrativa) conseguiu comprovar que a
s
de carreira na Administração Pública Federal e sua demissão foi injusta, ficando determinada a sua
do
seus regulamentos (parágrafo único, art. 10, da invalidação. Com isso, ele pode ser reintegrado ao seu
cargo a fim de voltar a desempenhar suas funções na
an
vimento derivado, pois trata-se de hipótese É proibida a criação de cargos excessivos pela
Fe
de atribuição ao servidor para um cargo com Administração Pública, tendo em vista que em toda
o
funções e responsabilidades distintas e com- repartição existe um número exato de cargos a serem
rd
sua capacidade física ou mental, verificada Logo, no exemplo apresentado, o cargo perten-
Ed
em inspeção médica. Assim, por exemplo, um ce originalmente a Carlos. Assim, o servidor Márcio,
motorista de ônibus que sofre acidente e acaba que estava ocupando o lugar de Carlos durante sua
perdendo algum membro essencial para diri- ausência, deverá ser reconduzido para o seu cargo de
gir poderá ser readaptado para executar uma origem ou, não sendo possível, devido à extinção do
função similar, mas não idêntica à anterior. Na cargo nesse período, poderá ser aproveitado em outro
hipótese do servidor readaptando se mostrar cargo similar.
completamente inválido para exercer qualquer Não havendo outro cargo similar, Márcio será pos-
cargo, ele será compulsoriamente aposentado; to em disponibilidade.
Reversão: outra forma de provimento deri- Encontrando-se provido o cargo, o seu eventual ocu-
vado, em que temos o retorno à atividade de pante será reconduzido ao cargo de origem, sem direito
um servidor aposentado por invalidez, ou por à indenização ou aproveitado em outro cargo, ou, ain-
puro e simples interesse da Administração, da, posto em disponibilidade (§ 2º, art. 28, idem).
desde que (art. 25, do Estatuto dos Servidores A disponibilidade é uma garantia de caráter pro-
Públicos): tecionista atribuída pela Constituição Federal ao ser-
vidor público estável, cuja finalidade é resguardar o
236 vínculo do servidor com a Administração Pública, de
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maneira a não ser excluído dos quadros de pessoal sede. A remoção não é uma forma de provimento em
quando seu cargo for declarado desnecessário ou cargo público.
extinto. Durante o período em que o servidor perma- O artigo ainda apresenta algumas modalidades de
necer disponível, sua remuneração é mantida. remoção, que podem ser:
8
z Vacância
0
de do mesmo Poder, com prévia apreciação do órgão
87-
central do SIPEC, segundo o que dispõe o art. 37, do
.5
A Lei nº 8.112, de 1990, também faz menção das
referido Estatuto, desde que sejam observados os
46
hipóteses de vacância, isto é, são hipóteses em que o
seguintes preceitos:
.1
servidor deixa o cargo ocupado anteriormente. Essas
40
situações podem ser de caráter definitivo, como, por
Art. 37 [...]
-1
exemplo, a extinção do cargo público, ou quando I - interesse da administração;
a
ocorre a troca do cargo ocupado pelo servidor. II - equivalência de vencimentos;
lv
Si
III - promoção;
V - mesmo nível de escolaridade, especialidade ou
IV (REVOGADO);
s
habilitação profissional;
do
V (REVOGADO);
VI - compatibilidade entre as atribuições do cargo e
VI - readaptação;
do
IX - falecimento.
Fe
as mesmas das hipóteses de provimento. Isso ocorre fia e os ocupantes de cargo de Natureza Especial terão
ua
porque, como mencionamos, o provimento derivado substitutos indicados no regimento interno ou, no caso
Ed
dos cargos públicos pressupõe uma relação jurídica de omissão, previamente designados pelo dirigente
anterior entre o servidor e a Administração Pública. máximo do órgão ou entidade.
Nessas hipóteses (readaptação, promoção), o Poder A substituição é uma troca de um servidor por
Público necessita extinguir um cargo público (uma outro, aplicável somente para os cargos de comis-
relação jurídica anterior) para criar um cargo novo. são ou função de direção e chefia, bem como cargos
Dessas hipóteses, a que merece maiores esclareci- de Natureza Especial. O servidor substituto indica-
mentos é a exoneração. Nas linhas do art. 35, a exo- do assume, automaticamente, o exercício do cargo,
neração de cargo efetivo dar-se-á a pedido do servidor, nos casos de afastamentos, impedimentos legais ou
ou de ofício. Quando de ofício, a exoneração será rea- regulamentares do titular, bem como na hipótese de
lizada quando não satisfeitas as condições do estágio vacância do cargo.
probatório; ou ainda quando, tendo tomado posse, o Um direito muito importante do servidor substitu-
servidor não entrar em exercício no prazo estabelecido. to é que ele pode optar, entre o cargo que ocupava
A remoção é elencada no art. 36, da Lei nº 8.112, de antes e o cargo que passa a ocupar pela substituição,
1990. Pelo disposto no caput do referido artigo, remo- pela remuneração mais vantajosa (§ 2º, art. 38). Seria
ção é o deslocamento do servidor, a pedido ou de ofício, injusto o substituto ganhar menos do que recebia
no âmbito do mesmo quadro, com ou sem mudança de antes da substituição. 237
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Das Prerrogativas, dos Direitos, das Vantagens e das II, § 3º, art. 169, da CF, de 1988. Sob o aspecto orça-
Autorizações dos Servidores Públicos mentário e financeiro, não pode a Administração
Pública realizar gastos superiores àqueles previs-
A prerrogativa é qualquer situação de vantagem tos em seu orçamento anual. Com isso, havendo a
obtida pela natureza de um cargo ou de uma função. necessidade, é possível, sim, que um servidor está-
No caso dos agentes públicos, existem algumas prer- vel seja exonerado de seu cargo apenas por moti-
rogativas que são comuns para todo e qualquer car- vos de “balancear” as contas públicas.
go público, e existem algumas prerrogativas que são
mais restritas, exclusivas apenas para alguns cargos. Outra prerrogativa que merece maior destaque é
Geralmente essas prerrogativas mais exclusivas são a vitaliciedade. É um instituto bastante parecido com
aplicáveis para os cargos militares e para os cargos de a estabilidade, mas não pode ser confundido com a
natureza política. mesma. A vitaliciedade não é adquirida por qualquer
No momento, é importante focar nas prerrogativas servidor: ela é somente concedida para alguns cargos
que se aplicam para todos os servidores públicos, que públicos especiais.
ocupam cargos públicos em geral. A primeira grande São considerados cargos vitalícios, segundo a pró-
prerrogativa diz respeito à estabilidade. pria Constituição Federal: os cargos de Magistratura
A estabilidade é a condição que o servidor público
(inciso I, art. 95), os membros do Ministério Público
atinge após completar alguns requisitos. O seu princi-
(“a”, § 5º, art. 128) e os cargos ocupados pelos membros
pal efeito é que, uma vez estável no cargo, o servidor
do Tribunal de Contas da União ou TCU (§ 3º, art. 73).
público não pode ser demitido por razões de conve-
A vitaliciedade é um instituto ainda mais forte do
niência ou oportunidade pela Administração. Ela não
que a estabilidade. Uma vez que a pessoa ocupe um
pode demitir o servidor estável “porque não quer
desses cargos vitalícios, ela somente pode ser exone-
mais” trabalhar com ele.
Segundo o art. 21, do Estatuto dos Servidores Públi- rada mediante sentença judicial transitada em julga-
cos Civis da União, uma vez que o servidor seja habi- do. Essa é a única hipótese de exoneração, motivo pelo
litado em concurso público e empossado em cargo de qual ela garante uma prerrogativa maior do que ape-
provimento efetivo adquirirá estabilidade no serviço nas a estabilidade.
público ao completar 2 (dois) anos de efetivo exercício. Das hipóteses de exoneração, apesar de ser um
Interessante observar que a Constituição Federal aspecto relativo ao Regime de Previdência, é também
08
de 1988 também prevê a prerrogativa de estabilida- considerada como uma forma de exoneração a apo-
7-
de em seu art. 41. Todavia, os requisitos são distintos: sentadoria compulsória, isto é, a concessão do referido
8
.5
para o Texto Constitucional, o servidor público só benefício previdenciário quando o servidor estável ou
46
adquire estabilidade após completar 3 (três) anos de vitalício completar 75 (setenta e cinco) anos de idade.
.1
efetivo exercício. A diferença é que, no caso da aposentadoria compul-
40
Isso não significa que, uma vez o servidor estando sória, o servidor para de trabalhar, mas continua rece-
-1
estável no seu cargo, ele pode fazer o que quiser e não bendo uma “remuneração”, chamada de provento.
a
sofrerá nenhuma punição. A estabilidade não lhe dá A Lei nº 8.112, de 1990, em seus arts. 40 e 41, elen-
lv
“carta branca” para agir como bem entender. Por isso, ca diversos direitos e gratificações aos servidores
Si
o conteúdo do art. 22, da Lei nº 8.112, de 1990: públicos, os quais são de grande importância conhe-
os
virtude de sentença judicial transitada em julgado z Vencimentos: vencimentos está para o servidor
s
ou de processo administrativo disciplinar no qual assim como o salário está para o empregado. Con-
do
regra, irredutíveis;
dor estável. São elas:
Fe
8
como forma de compensar as despesas de ins-
0
ção de questões de provas ou para julgamento de
7-
talação de servidor que tiver exercício em nova recursos intentados por candidatos;
8
sede, ocorrendo mudança de seu domicílio;
.5
III - participar da logística de preparação e de
Ajuda de custo por falecimento (§ 2º, art. 53):
46
realização de concurso público envolvendo ativi-
devido à família do servidor que vier a falecer
.1
dades de planejamento, coordenação, supervisão,
40
na nova sede, sendo devido para custear o execução e avaliação de resultado, quando tais
atividade não tiverem incluídas em suas funções
-1
transporte para a localidade de origem;
Diárias por deslocamento (art. 58): devida ao permanentes; a
IV - participar da aplicação, fiscalizar ou avaliar
lv
servidor que se afastar, por motivos de serviço,
Si
como forma de ajuda no custeio de passagens O servidor, em relação às férias, fará jus a trin-
Sa
e diárias destinadas a indenizar as parcelas ta dias de licença para cada 12 meses de serviço, que
de despesas extraordinárias com pousada, ali-
s
mentação e locomoção urbana. O § 3º, do art. no caso de necessidade do serviço (art. 77, Lei nº 8.112,
do
59, prevê que o servidor que receber diárias e de 1990). Poderão ser parceladas em até três períodos,
não se afastar da sede, por qualquer motivo,
an
Das Licenças
rd
239
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Art. 83 [...] Dos Afastamentos
II - por motivo de afastamento do cônjuge ou
companheiro; Os afastamentos propriamente ditos não se con-
fundem com as licenças já estudadas. Trata-se de
Trata-se de licença que poderá ser deferida ao ser- hipóteses em que ocorre o afastamento do servidor
vidor para acompanhar cônjuge que foi deslocado de suas funções por determinação da administração
para outro ponto do território nacional, para o exte- pública, e, em regra, o servidor receberá sua remu-
rior ou para exercer mandato eletivo dos poderes neração integral. A previsão legal está elencada nos
executivo e legislativo. Nesse caso, a licença será por arts. 93 e seguintes, da Lei nº 8.666, de 1990. São qua-
prazo indeterminado e sem remuneração, nos temos tro hipóteses:
do caput e § 1º, do art. 84, da nº Lei n° 8.112, de 1990.
z para servir a outro órgão ou entidade;
z para exercício de mandato eletivo;
Art. 84 [...]
z para estudos ou missões no exterior;
III - para o serviço militar (art. 85 da Lei 8.112, de
z para participação em programa de pós-graduação
1990);
stricto sensu dentro do País.
IV - para atividade política;
8
Art. 86 [...]
0
V - para capacitação; II - investido no mandato de Prefeito, será afasta-
7-
do do cargo, sendo-lhe facultado optar pela sua
8
.5
remuneração;
Após cada quinquênio do efetivo exercício públi-
46
III - investido no mandato de vereador:
co, sendo do interesse da Administração, o servidor
.1
a) havendo compatibilidade de horário, perceberá
40
poderá se afastar do cargo com a efetiva remunera- as vantagens de seu cargo, sem prejuízo da remu-
-1
ção, por até três meses, para fazer curso de capacita- neração do cargo eletivo;
ção profissional (art. 87, da Lei nº 8.112, de 1990). b) não havendo compatibilidade de horário, será
a
lv
afastado do cargo, sendo-lhe facultado optar pela
Si
exercício estivesse.
Sa
cargo efetivo (desde que não esteja em estágio proba- do de ofício para localidade diversa daquela onde
tório), licença para cuidar de interesse particulares
do
exerce o mandato.
por até três anos consecutivos, sem o recebimento de
an
remuneração (art. 91, da Lei nº 8.112, de 1990). Para que o servidor público possa se afastar de
rn
VII - para desempenho de mandato classista. regras a serem observadas com disposição nos arts.
rd
95 e 96:
ua
neração ao servidor que for desempenhar mandato Art. 95 O servidor não poderá ausentar-se do País
em confederação, federação, associação de classe de para estudo ou missão oficial, sem autorização do
Presidente da República, Presidente dos Órgãos do
âmbito nacional, sindicato representativo de catego-
Poder Legislativo e Presidente do Supremo Tribu-
ria ou entidade fiscalizadora de profissão (art.92, da nal Federal.
Lei nº 8.112, de 1990). § 1º A ausência não excederá a 4 (quatro) anos, e
Apesar de haver previsão para concessão de licen- finda a missão ou estudo, somente decorrido igual
ça por prêmio em virtude de assiduidade, tal hipótese período, será permitida nova ausência.
acabou sendo revogada pela Lei nº 9.527, de 1997. § 2º Ao servidor beneficiado pelo disposto neste
As licenças, como se depreende, são hipóteses de artigo não será concedida exoneração ou licença
desligamento temporário do servidor com o seu res- para tratar de interesse particular antes de decor-
rido período igual ao do afastamento, ressalvada a
pectivo cargo, havendo uma expectativa para o seu
hipótese de ressarcimento da despesa havida com
retorno. As licenças poderão ser concedidas com ou seu afastamento.
sem remuneração, a depender de cada situação. § 3º O disposto neste artigo não se aplica aos servi-
dores da carreira diplomática.
240 [...]
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qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Art. 96 O afastamento de servidor para servir em b) falecimento do cônjuge, companheiro, pais,
organismo internacional de que o Brasil participe madrasta ou padrasto, filhos, enteados, menor sob
ou com o qual coopere dar-se-á com perda total da guarda ou tutela e irmãos.
remuneração.
Do Direito de Petição
O afastamento do servidor com a finalidade de
participação em programa de pós-graduação stricto É importante ressaltar que ao servidor é conferido
sensu no país, no interesse da Administração Pública, direito de petição, na forma do art. 104 e seguintes,
acontecerá desde que a participação não possa ocor- da Lei nº 8.112, de 1990, para requerer direitos e inte-
rer simultaneamente com o exercício do cargo ou
resses próprios em face do Poder Público.
mediante compensação de horário, art. 96-A, da Lei
O requerimento será dirigido à autoridade compe-
nº 8.112, de 1990. O servidor continuará a receber sua
tente para decidi-lo e na sequência encaminhado por
remuneração no período em que estiver cursando sua
intermédio daquela a qual o servidor estiver imedia-
especialização.
Para compreender melhor a diferença entre licen- tamente subordinado, nos termos do art. 105, da refe-
ças e afastamentos, segue uma tabela explicativa. rida legislação.
Deve ser respeitado o princípio do contraditório e
LICENÇA AFASTAMENTO da ampla defesa, dando espaço para que tanto o servi-
dor público como o Estado possam impugnar todos os
Finalidade é de interesse pontos do requerimento, apresentar sua defesa técni-
Finalidade é de interesse exclu-
do agente e da Adminis-
sivo do agente público ca escrita e interpor recursos (art. 107, Lei nº 8.666, de
tração Pública
1990) das decisões que lhe prejudicarem.
Ex: realização de espe- O direito de requerer decai: em 5 (cinco) anos,
Ex: doença do cônjuge/mem-
cialização; realização de quanto aos atos de demissão e de cassação de apo-
bro da família; para exercer
missão no exterior; para sentadoria ou disponibilidade, ou que afetem interes-
atividade política; para tratar
servir a outro órgão/ se patrimonial e créditos resultantes das relações de
de interesses particulares
entidade trabalho; ou em 120 (cento e vinte) dias, nos demais
Possui prazos mais curtos Possui prazos mais lon- casos, salvo quando outro prazo for fixado em lei.
(dias, semanas) gos (meses, anos)
08
Do Regime Previdenciário (RPPS)
87-
Uma questão que costuma cair com bastante fre-
.5
quência nas provas de concurso público é sobre a Servidor público não é empregado. Por isso, não se
46
remuneração de servidor afastado para exercício de aplica a ele o Regime Geral de Previdência, conhecido
.1
mandato eletivo (art. 94, Lei nº 8.112, de 1990). A regra também como RGPS. Os servidores possuem um regi-
40
geral é que, para exercer um mandato eletivo, o ser- me próprio denominado Regime Próprio de Previdên-
vidor deve se afastar do cargo e deixar de receber a cia dos Servidores (ou RPPS).
-1
a
remuneração do mesmo. Porém, tratando-se de exer- O regime em questão tem suas políticas elaboradas
lv
Si
cício de mandato de Prefeito, o servidor afastado e executadas pela Secretaria de Previdência do Minis-
poderá optar, dentre as duas remunerações, por tério da Fazenda. Esse regime é compulsório para o
os
aquela que lhe for mais vantajosa (valores maiores, servidor público do ente federativo que o tenha ins-
nt
comprovada a compatibilidade de horários (atua 1990. Segundo o art. 184, da referida lei,
an
tas vezes, a remuneração dos Prefeitos e Vereadores cios e ações que atendam às seguintes finalidades:
ua
de pequenos Municípios costuma ser menor do que I - garantir meios de subsistência nos eventos de
a remuneração do cargo público anterior, e ele pode
Ed
Diz respeito às ocasiões em que o servidor poderá se De modo geral, pode-se dizer que ao servidor é
ausentar do serviço e não deixará de receber remune- garantido os seguintes benefícios previdenciários:
ração, de acordo com o art. 97, da Lei nº 8.112, de 1990.
z Aposentadoria: possui previsão tanto na Cons-
Art. 97 Sem qualquer prejuízo, poderá o servidor tituição Federal quanto na Lei nº 8.112, de 1990.
ausentar-se do serviço:
O Regime Próprio de Previdência dos Servido-
I - por 1 (um) dia, para doação de sangue;
II - pelo período comprovadamente necessário para
res (RPPS) também sofreu alterações na chama-
alistamento ou recadastramento eleitoral, limita- da “Reforma da Previdência”, promulgada pela
do, em qualquer caso, a 2 (dois) dias; Emenda Constitucional nº 103, de 2019. Com isso,
III - por 8 (oito) dias consecutivos em razão de: temos dois textos normativos que, até o presente
a) casamento; momento, dispõem sobre a aposentadoria. 241
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À luz da Constituição Federal (art. 40), o servidor z Auxílio-natalidade (art. 196): o auxílio-natalida-
será aposentado: de é devido à servidora por motivo de nascimento
de filho, em quantia equivalente ao menor ven-
z Por incapacidade permanente para o trabalho, no cimento do serviço público, inclusive no caso de
cargo em que estiver investido, quando insuscetí- natimorto;
vel de readaptação. O Texto Constitucional explici- z Salário-Família (caput e § ° único, do art. 197): o
ta que será obrigatória a realização de avaliações salário-família é devido ao servidor segundo o núme-
periódicas para verificação da continuidade das ro de dependentes econômicos deste. Para todos os
condições que ensejaram a concessão da aposenta- efeitos, são considerados dependentes econômicos:
doria, na forma de lei do respectivo ente federativo;
z Compulsoriamente, com proventos proporcionais Art. 197 [...]
ao tempo de contribuição, aos 70 (setenta) anos de Parágrafo único. [...]
idade, ou aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, na I - o cônjuge ou companheiro e os filhos, inclusive
forma da Lei Complementar nº 152, de 2015. Essa os enteados até 21 (vinte e um) anos de idade ou, se
estudante, até 24 (vinte e quatro) anos ou, se inváli-
lei complementar dispõe sobre a aposentadoria
do, de qualquer idade;
compulsória com proventos proporcionais, sendo
II - o menor de 21 (vinte e um) anos que, median-
aplicável aos servidores ocupantes de cargos públi- te autorização judicial, viver na companhia e às
cos da União, Estados, Municípios, Distrito Federal expensas do servidor, ou do inativo;
e suas autarquias e fundações; aos membros do III - a mãe e o pai sem economia própria.
Poder Judiciário; aos membros do Ministério Públi-
co; e aos membros da Defensoria Pública; z Licença para tratamento de saúde (art. 202):
z Voluntariamente, no âmbito da União, aos 62 essa licença dependente de perícia médica, sem
(sessenta e dois) anos de idade, se mulher, e aos 65 prejuízo da remuneração a que fizer jus. O servi-
(sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e, no dor precisa comprovar que realmente está doente
âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Muni- e não pode trabalhar;
cípios, na idade mínima estabelecida mediante z Licença à gestante, à adotante e licença-pater-
emenda às respectivas Constituições e Leis Orgâ- nidade (art. 207): a licença à gestante/adotante/
nicas, observados o tempo de contribuição e os paternidade será concedida por prazo não supe-
08
demais requisitos estabelecidos em lei comple- rior a 120 dias, sem prejuízo da remuneração.
7-
mentar do respectivo ente federativo. Todavia, a servidora gestante poderá prorrogar
8
.5
esse prazo, desde que o requeira até o final do pri-
46
Com base na Lei n° 8.112, de 1990 (art. 186), ao meiro mês após o parto, e terá duração de sessenta
.1
servidor federal poderá ser concedido aposentadoria: dias. Trata-se de uma inovação trazida pelo Decre-
40
to nº 6.690, de 2008. Pelo nascimento ou adoção de
-1
z Aposentadoria por invalidez permanente, sendo filhos, o servidor terá direito à licença-paternidade
a
os proventos integrais quando decorrente de aciden- de 5 (cinco) dias consecutivos;
lv
te em serviço, moléstia profissional ou doença grave, z Licença por acidente em serviço (art. 212): o
Si
contagiosa ou incurável, especificada em lei, e pro- Estatuto considera como acidente em serviço o
os
porcionais nos demais casos (inciso I, do art. 186); dano físico ou mental sofrido pelo servidor, que se
nt
z Aposentadoria compulsória, aos setenta anos de relacione, mediata ou imediatamente, com as atri-
Sa
idade, com proventos proporcionais ao tempo de buições do cargo exercido. O servidor acidente em
s
z Aposentadoria voluntária, de acordo com os z Pensão por morte (art. 215): esse é um dos raros
do
seguintes critérios de idade e de contribuições: aos benefícios que não é devido ao servidor (por moti-
vos óbvios), mas a seus dependentes, incluindo nesse
an
08
cargo filiarem-se a associação profissional ou sindical, ou
7-
II - ser leal às instituições a que servir; a partido político;
8
.5
III - observar as normas legais e regulamentares;
46
IV - cumprir as ordens superiores, exceto quando
A liberdade de associação sindical é um direi-
.1
manifestamente ilegais;
to fundamental previsto pela Constituição Federal.
40
V - atender com presteza;
Sendo assim, é vedado ao servidor utilizar-se de sua
-1
a) ao público em geral, prestando as informações
requeridas, ressalvadas as protegidas por sigilo; hierarquia funcional como meio de coagir outros ser-
a
vidores a se filiados a algum sindicato ou associação.
lv
b) à expedição de certidões requeridas para defesa
Si
c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública; VIII - manter sob sua chefia imediata, em cargo
nt
mento desta, ao conhecimento de outra autoridade Essa proibição tem o fito de evitar a prática do
do
administrativa;
rd
8
riais ao erário (patrimônio público), ou a terceiros, pelo
0
ta. O caput do art. 118, da Lei nº 8.112, de 1990, dispõe
7-
que dispõe o art. 122, da Lei nº 8.112, de 1990.
no mesmo sentido: Ressalvados os casos previstos na
8
A responsabilidade penal do servidor tem seu
.5
Constituição, é vedada a acumulação remunerada de
46
fundamento na apuração de uma conduta criminal,
cargos públicos. Apesar de o referido texto legal dis-
isso é, a hipótese em que o servidor público possa pra-
.1
por sobre agentes públicos no âmbito federal, enten-
40
ticar um ilícito penal, ou crime. A responsabilidade
demos que também possa ser aplicado aos agentes
-1
penal é, definitivamente, a mais grave e perigosa, uma
públicos dos Estados, Municípios e Distrito Federal.
vez que ela pode repercutir nas demais esferas, tanto
a
A proibição de acumular cargos estende-se tam-
lv
pela condenação do servidor condenado, quanto pela
bém a empregos e funções em autarquias, fundações
Si
excepcionais em que é permitida a acumulação des- no desempenho de cargo ou função, à luz do art. 124.
Consiste na instauração de processo disciplinar,
do
apenas aquelas hipóteses de acumulação de cargos. tuosa do agente, bem como a aplicação da pena mais
rn
Assim, as hipóteses de acumulação de cargos cons- adequada. Imprescindível reforçar que a aplicação de
Fe
z Dois cargos de professor (“a”, XVI, art. 37); direito ao contraditório e à ampla defesa, sendo obri-
ua
z Um cargo de professor com outro técnico ou cientí- gatória, inclusive, a presença do advogado em todas
Ed
fico (“b”, XVI, art. 37); as fases do referido processo (Súmula nº 343, do STJ).
z Dois cargos ou empregos privativos de profissio- Todavia, tal entendimento vem sofrendo alterações,
nais na área da saúde (“c”, XVI, art. 37); pois o STF já reconheceu na Súmula Vinculante nº 5
z Um cargo de vereador com outro cargo, emprego que a falta de defesa técnica no processo administrati-
ou função pública (III, art. 38); vo disciplinar não é inconstitucional.
z Um cargo de magistrado e outro de magistério (I, Em relação às penalidades administrativas apli-
parágrafo único, art. 95); cáveis aos servidores públicos, a Lei nº 8.112, de 1990,
z Um cargo de membro do Ministério Público e outro (art. 127) prevê aplicação das seguintes sanções:
de magistério (“d”, II, § 5º, art. 128).
z Advertência: é a sanção mais branda, aplicável
Segundo o § 2º, do art. 118, da Lei nº 8.112, de 1990, por escrito para o servidor que cometer atos como:
a acumulação de cargos, ainda que lícita, fica condicio- ausentar-se do serviço injustificadamente; recusar
nada à comprovação da compatibilidade de horários. fé a documento público; retirar qualquer docu-
Considera-se também como acumulação proibida a mento da repartição sem a devida autorização;
percepção de vencimento de cargo ou emprego públi- manter sob sua chefia cônjuge, companheiro ou
244 co efetivo com proventos da inatividade, salvo quando parente até o segundo grau; entre outros;
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Eduardo Fernando dos Santos Silva - 140.146.587-08, vedada, por quaisquer meios e a
qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
z Suspensão: aplicável somente quando o servidor Entende-se por inassiduidade habitual a falta ao ser-
é reincidente nas faltas puníveis por advertên- viço, sem causa justificada, por sessenta dias, interpola-
cia, desde que não tipifiquem infrações sujeitas a damente, durante o período de doze meses (art. 139).
demissão do cargo. A suspensão não poderá ser
aplicada por prazo maior a noventa dias; Art. 140 Na apuração de abandono de cargo ou
z Demissão: trata-se da penalidade mais grave atri- inassiduidade habitual, também será adotado o
buída ao servidor público, uma vez que tem o con- procedimento sumário a que se refere o art. 133 [...].
dão de exonerá-lo de seu cargo. A demissão será
aplicada nos seguintes casos: O procedimento administrativo sumário é aplicável
somente em situações de verificação de acúmulo ilegal
Art. 132 [...] de cargos, inassiduidade habitual e abandono de cargo e
I - crime contra a administração pública; em todos esses casos é cabível e penalidade de demissão.
II - abandono de cargo; E ainda para que se aplique o procedimento sumá-
III - inassiduidade habitual; rio é importante que se siga os requisitos apresenta-
IV - improbidade administrativa; dos a seguir, indicando a materialidade da infração
V - incontinência pública e conduta escandalosa, na administrativa, ou seja, apresentando provas de que o
repartição; fato ocorreu e deve ser julgado.
VI - insubordinação grave em serviço;
VII - ofensa física, em serviço, a servidor ou a parti-
Art. 140 [...]
cular, salvo em legítima defesa própria ou de outrem;
I - a indicação da materialidade dar-se-á:
VIII - aplicação irregular de dinheiros públicos;
a) na hipótese de abandono de cargo, pela indica-
IX - revelação de segredo do qual se apropriou em
ção precisa do período de ausência intencional do
razão do cargo;
servidor ao serviço superior a trinta dias;
X - lesão aos cofres públicos e dilapidação do patri-
b) no caso de inassiduidade habitual, pela indicação
mônio nacional;
dos dias de falta ao serviço sem causa justificada,
XI - corrupção;
por período igual ou superior a sessenta dias inter-
XII - acumulação ilegal de cargos, empregos ou fun-
poladamente, durante o período de doze meses;
ções públicas;
II - após a apresentação da defesa a comissão ela-
XIII - transgressão dos incisos IX a XVI do art. 117.
borará relatório conclusivo quanto à inocência ou
8
à responsabilidade do servidor, em que resumirá as
0
Muitas dessas hipóteses impedem que o infrator
7-
peças principais dos autos, indicará o respectivo
retorne ao serviço público federal, por isso trata-se de
8
dispositivo legal, opinará, na hipótese de abandono
.5
uma das penalidades mais gravosas; de cargo, sobre a intencionalidade da ausência ao
46
serviço superior a trinta dias e remeterá o processo
.1
z Cassação de Aposentadoria ou da Disponibi- à autoridade instauradora para julgamento.
40
lidade: o servidor inativo que houver praticado
-1
falta punível com a demissão terá a sua aposenta- Os responsáveis pela aplicação das penalidades
a
doria, ou sua disponibilidade cassada; disciplinares serão (art. 141):
lv
go não efetivo cometa uma das faltas passíveis da I - pelo Presidente da República, pelos Presidentes
nt
pena de suspensão e demissão, poderá perder o das Casas do Poder Legislativo e dos Tribunais
Sa
8
ela serve primordialmente para apurar o que ocorreu, de modo a permitir a completa elucidação dos fatos.
0
e se é necessário instaurar o processo posteriormente.
7-
8
Segundo o art. 145, da sindicância poderá resultar: Importante o conteúdo do art. 156, ao dispor que:
.5
46
I - arquivamento do processo; Art. 156 É assegurado ao servidor o direito de
.1
II - aplicação de penalidade de advertência ou sus- acompanhar o processo pessoalmente ou por inter-
40
pensão de até 30 (trinta) dias; médio de procurador, arrolar e reinquirir testemu-
-1
III - instauração de processo disciplinar. nhas, produzir provas e contraprovas e formular
quesitos, quando se tratar de prova pericial.
a
lv
Como forma de impedir que o servidor venha
Si
interferir de forma negativa durante a investigação O art. 156 trata de um conteúdo muito importante,
os
da apuração de sua conduta, estabelece o art. 147 o ou seja, cuida do direito de defesa do servidor público.
nt
afastamento preventivo do mesmo: Como medida Não é porque não estamos em um processo judicial
Sa
cautelar e a fim de que o servidor público não venha (com a figura de um membro do Poder Judiciário) que
a influir na apuração da irregularidade ao mesmo não devem ser aplicados os princípios mais básicos e
s
do
veementes indícios de responsabilidades, poderá orde- dos princípios do contraditório e ampla defesa, a dis-
an
nar o seu afastamento do exercício do cargo. paridade de armas, o direito de ter ciência e conheci-
rn
uma conduta irregular, temos o início do processo admitidos no processo administrativo, sendo, pratica-
ua
administrativo disciplinar (PAD), ou ordinário. Segun- mente os mesmos meios de prova admitidos em pro-
Ed
08
também pratica atos, os quais possuem potencial de
7-
A fase do julgamento tem início com o recebimen-
produzir efeitos jurídicos diversos.
8
to do relatório da Comissão, e terá prazo máximo de 20
.5
Para Hely Lopes Meirelles, atos administrativos
46
dias para decidir se acata o relatório ou não (art. 167).
são as manifestações de vontade da Administração
O caput e parágrafo único, art. 168, dispõe, de modo
.1
Pública que objetivam adquirir, resguardar, transfe-
40
geral, que a autoridade julgadora não está subordina-
rir, modificar, extinguir e declarar direitos ou impor
-1
da ao que foi dito no relatório da Comissão. O julga-
obrigações aos particulares ou a si própria. Isso signi-
mento acatará o relatório da comissão, salvo quando
a
fica que a Administração, antes mesmo de iniciar sua
lv
contrário às provas dos autos. Quando o relatório da
atuação, deve expedir uma declaração que exprime a
Si
responsabilidade.
nistração Pública, seus agentes e órgãos à soberania
À luz do disposto no art. 172, o servidor que res-
s
popular.
do
trata o inciso I, parágrafo único, do art. 34, o ato será É imprescindível, assim, que o ato administrativo
Fe
convertido em demissão, se for o caso. esteja previsto em lei, sendo que seu conteúdo
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
o
8
z Imodificável significa que a competência, uma vez to modo, como na hipótese de lançamento tributário
0
estabelecida, não pode sofrer alterações posteriores.
7-
(o fiscal da Receita não tem direito de escolha, se deve
8
z Imprescritível, porque a competência perdura ao ou não fazer o lançamento).
.5
longo do tempo, ela não caduca; Situação diversa é a do pedido de demissão de ser-
46
z Improrrogável significa dizer que se é competente vidor público no caso de incontinência pública (art.
.1
hoje, continuará sendo sempre, exceto por previ-
40
132, V, da Lei nº 8.112, de 1990), hipótese em que a
são legal expressa em sentido contrário.
-1
autoridade competente tem maior liberdade para
avaliar se a demissão é realmente ato necessário ou
a
No entanto, essas características não vedam a pos-
lv
não, dependendo do caso concreto.
Si
sibilidade de delegação, quando prevista em lei. Por Não se confunde motivo com motivação, essa é a
isso, pode-se dizer também que a delegabilidade é
os
8
d) auto executoriedade; seus atos. A expressão “auto” advém do fato de que
0
7-
e) tipicidade. o Poder Público não necessita de autorização judicial
8
.5
para desconstituir a situação irregular e violadora da
Veremos cada um desses atributos de modo mais
46
ordem jurídica, o que a difere da exigibilidade, que
específico a seguir:
.1
não tem o condão de, por si só, desconstituir a irre-
40
Presunção de legitimidade e veracidade. gularidade do ato, apenas pune o infrator. Para tanto,
-1
Também pode ser denominado presunção de necessita da presença de dois requisitos: a previsão
legalidade. Significa que todo ato administrativo legal, como nos casos de Poder de Polícia; e o caráter
a
lv
é considerado válido no âmbito jurídico até surgir de urgência, a fim de preservar o interesse coletivo.
Si
prova em contrário. Se, pelo princípio da legalidade, Assim, não há necessidade de intervenção judicial
os
ao Administrador só cabe fazer o que a lei permite, nas hipóteses de: apreensão de mercadorias contra-
nt
então, presume-se que o fez respeitando a lei. bandeadas, na demolição de construção irregular,
Sa
Nosso Direito admite duas formas de presunção: na interdição de estabelecimento comercial irregu-
s
z Presunção juris et de jure que significa “de direito e independe de manifestação do Judiciário não signifi-
por direito”, é presunção absoluta, que não admite
do
z Presunção juris tantum, resultante do próprio de seu cumprimento, se houver provocação da par-
rn
direito e, embora por ele estabelecida como verda- te interessada. As medidas judiciais mais adequadas
Fe
deira, admite prova em contrário. para contestar a força coercitiva administrativa são o
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
o
tum. Trata-se, então, de presunção relativa. Cabe ao Importante ressaltar ainda que os princípios da
Ed
particular que alegou a ilegalidade do ato administra- razoabilidade e proporcionalidade impõem limites
tivo provar a carência de legitimidade do mesmo. na atuação coercitiva dos agentes públicos. A autoe-
A presunção atinge todos os atos, inclusive aqueles xecutoriedade (leia-se o uso de força física) deve ser
praticados pela Administração com base no direito priva- utilizada com bom senso e moderação.
do. Qualquer que seja o ato, se praticado pela Administra-
ção Pública, será presumidamente legítimo e verdadeiro. Tipicidade
8
nistração Pública;
0
7-
Quanto ao Grau de Liberdade z Atos individuais: são aqueles destinados a ape-
8
nas um único destinatário. Exemplo: a promoção
.5
46
z Atos vinculados: são aqueles praticados pela de um determinado servidor público. A exigência
da publicidade depende somente da comunicação
.1
Administração Pública sem nenhuma liberdade
40
de atuação. A lei define todas as margens de sua do interessado, não há necessidade de publicação
-1
conduta. Havendo vício no ato vinculado, pode-se pelo Diário Oficial.
pleitear a sua anulação, pois trata-se de vício de
a
lv
legalidade. É o caso, por exemplo, da concessão de Quanto aos Efeitos
Si
z Atos discricionários: a lei também estabelece z Atos constitutivos: são aqueles que geram uma
nt
uma série de regras para a prática de um ato, mas nova situação jurídica aos destinatários. Pode ser
Sa
deixa certo grau de liberdade ao agente público, pela outorga de um novo direito, como permissão de
que poderá optar por um entre vários caminhos uso de bem público, ou a imposição de uma obriga-
s
do
igualmente válidos. Há uma avaliação subjetiva ção, como estabelecer um período de suspensão;
prévia à edição do ato. É o caso das permissões z Atos declaratórios: são aqueles que afirmam uma
do
para o uso de bem público. No caso de o ato dis- situação já existente, seja de fato ou de direito. Não
an
cricionário não ser mais conveniente e oportuno cria, transfere ou extingue situação jurídica, ape-
rn
para a Administração Pública, a solução mais cor- nas a reconhece. É o caso da expedição de uma cer-
Fe
Quanto à Formação de Vontade alterar a situação já existente, sem que seja extin-
ua
z Atos simples: são aqueles que nascem da manifes- obrigações. Exemplo: a alteração do horário de
tação de vontade de apenas um órgão, seja ele uni- atendimento da repartição;
pessoal (formado só por uma pessoa) ou colegiado z Atos extintivos: também denominados atos des-
(composto por várias pessoas). O ato que altera constitutivos, são aqueles que põem termo a um
o horário de atendimento da repartição pública, direito ou dever preexistentes. Exemplo: a demis-
emitido por uma única pessoa, bem como a deci- são de servidor público.
são administrativa do Conselho de Contribuintes
do Ministério da Fazenda, que expressa vontade Quanto ao Objeto
única apesar de ser órgão colegiado, são exemplos
de atos simples; z Atos de império: são aqueles praticados pela
z Atos complexos: são aqueles que se formam pela Administração em posição de superioridade
união de várias vontades, isso é, que necessitam da perante os particulares, como na imposição de
manifestação de vontade de dois ou mais órgãos multa por infração administrativa;
diferentes para a sua formação. Enquanto todos os z Atos de gestão: são expedidos pela Administração,
órgãos competentes não se manifestarem da for- em posição de igualdade em relação aos administra-
250 ma devida, o ato não estará perfeito; dos. É o caso da alienação de bem público;
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Eduardo Fernando dos Santos Silva - 140.146.587-08, vedada, por quaisquer meios e a
qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
z Atos de expediente: são atos internos, elaborados z Atos ordinatórios: correspondem a manifesta-
por autoridade subalterna, que não tem capacida- ções internas da Administração Pública decorren-
de decisória. Exemplo: numeração dos autos no tes do poder hierárquico, estabelecendo regras de
processo judicial. funcionamento de seus órgãos internos e regras
de conduta de seus agentes. Tais atos não podem
Quanto à Exequibilidade disciplinar as condutas dos particulares. São atos
ordinatórios: as instruções; as circulares; os avi-
z Atos perfeitos ou imperfeitos: a perfeição diz sos; as portarias; os ofícios; as ordens de serviço;
respeito aos atos que completaram seu processo de os despachos; entre outros;
formação, isso é, que já apresentam todos os cinco z Atos negociais: são aqueles que manifestam a
elementos do ato administrativo (agente, forma, vontade da Administração em consonância com
finalidade, objeto e motivo). Por outro lado, atos o interesse dos particulares. Exemplos: a licença,
imperfeitos são os que ainda não completaram seu a autorização, a permissão, a concessão, a apro-
processo de formação, seja porque carecem de um vação, a homologação, a renúncia, etc. Os atos
dos cinco elementos, seja porque recai uma condição negociais podem ser vinculados (licença) ou discri-
suspensiva que impede que o ato se torne perfeito; cionários (autorização), definitivos ou precários,
z Atos válidos ou inválidos: a validade não é sinô- sendo passíveis de revogação pelo Poder Público
nimo de perfeição, uma vez que possui relação a qualquer tempo. A característica especial desses
com o ordenamento jurídico, e não com os elemen- atos é que eles não disciplinam direitos, e sim inte-
tos constitutivos. Todo ato administrativo válido resses dos particulares;
deve ter uma norma jurídica como fundamento, z Atos enunciativos: também denominados “atos
caso contrário, é considerado um ato ilícito (inváli- de pronúncia”, são aqueles que certificam, ou ates-
do), podendo ser anulado; tam a existência de uma situação jurídica peculiar.
z Atos eficazes ou ineficazes: o critério analisado Tais atos possuem caráter predominantemente
aqui é a eficácia dos atos administrativos. Ato efi- declaratório. São atos enunciativos: as certidões;
caz é aquele que já está produzindo efeitos concre- os atestados; os pareceres etc.;
tos. São considerados eficazes porque sobre eles z Atos punitivos: como o próprio nome supõe, são
não recai nenhum prazo ou condição suspensiva. os atos que aplicam sanções aos particulares, ou
Já os atos ineficazes são aqueles que não podem
8
aos servidores que pratiquem condutas irregula-
0
produzir seus efeitos, seja por motivos de perfeição,
7-
res, nos termos da lei. São atos punitivos: as mul-
seja pela ausência de um outro ato administrativo
8
tas, as interdições; e a destruição de coisas.
.5
que o homologue. É o caso, por exemplo, da investi-
46
dura de candidato em um cargo público. Tal ato por INVALIDAÇÃO E EXTINÇÃO DOS ATOS
.1
si só é ineficaz, se o candidato não tiver, além de ser
40
ADMINISTRATIVOS
aprovado em concurso público, realizado outro ato
-1
que é a assinatura do termo de posse.
Os atos administrativos possuem um ciclo de
a
lv
vida. Eles são criados, começam a produzir efeitos e,
Alguns autores como, Celso Antônio Bandeira de
Si
Os critérios apresentados não são exaustivos: há tem atos administrativos eficazes e atos ineficazes.
Fe
outras formas de classificação dos atos administrati- Quando ineficaz, o ato pode ser extinto pela retirada,
vos adotadas por diversos autores. Escolhemos apre- ou pela sua recusa pelo beneficiário. Tratando-se de
rd
sentar aqueles que têm mais chances de aparecer em atos eficazes, há quatro formas de extinção dos atos
ua
ESPÉCIES DE ATOS ADMINISTRATIVOS z Extinção ipsu iure pelo cumprimento dos efei-
tos: é a extinção que ocorre pelo cumprimento
Os atos administrativos tipificados pela legislação integral dos efeitos do ato administrativo. É a
brasileira são diversos. Por isso, também é utilizado, extinção natural esperada por todo ato adminis-
para fins didáticos, uma sistematização dos atos admi- trativo. Pode ocorrer mediante:
nistrativos. A doutrina divide os atos administrativos
previstos da legislação em cinco espécies distintas: Esgotamento do conteúdo, como a vacina-
ção de enfermos após expedição de ordem de
z Atos normativos: são aqueles que apresentam entrega das vacinas;
comandos gerais e abstratos para o cumprimento Execução da ordem, como o guinchamento de
da lei. Alguns autores, inclusive, chegam a consi- veículo;
derar tais atos “leis em sentido material”. São atos Implemento de condição resolutiva ou termo
normativos: os decretos e regulamentos; as instru- final, como o prazo final para renovação da CNH;
ções normativas; os regimentos; as resoluções; e as
deliberações; 251
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qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
z Extinção ipsu iure pelo desaparecimento da retroativos, ou ex nunc. Há a possibilidade do particu-
pessoa ou objeto: os atos administrativos podem lar, que se sentiu prejudicado com a referida medida,
tratar das pessoas ou coisas. Desaparecendo um ingressar em juízo com pedido de indenização contra
desses elementos, o ato extingue-se automatica- a Administração.
mente, pois perdeu a sua utilidade. As pessoas
“desaparecem” com seu falecimento, como a mor- Anulação
te de servidor público que receberia promoção; e É a extinção de ato administrativo defeituoso, pois
as coisas com a sua ruína ou destruição, como o carece de legalidade, podendo ser expedido pela Admi-
desabamento de prédio que recebeu licença para nistração Pública, ou até mesmo pelo Poder Judiciário. A
a sua reforma; anulação deriva do próprio princípio da legalidade e auto-
z Extinção por renúncia: ocorre quando o próprio tutela. Também possui fundamento no art. 53 da Lei nº
beneficiário abre mão da situação proporcionada 9.784, de 1999, bem como na Súmula nº 473, do STF.
pelo ato administrativo. É o caso da exoneração de A anulação realizada pela própria Administração
cargo público a pedido do seu ocupante; ocorre mediante a expedição de ato anulatório. Suas
z Retirada do ato: é a forma mais importante de
características principais são: é ato secundário, consti-
extinção dos atos administrativos, para os concursos
tutivo e vinculado. Tanto a Administração como o Poder
públicos. É a extinção que se dá pela expedição de um
Judiciário podem decretar a anulação de ato administra-
segundo ato, elaborado para extinguir ato adminis-
tivo. Outra característica importante é o prazo definido
trativo anterior a ele. Comporta cinco modalidades,
pelo caput do art. 54 da Lei nº 9.784, de 1999:
que serão vistas com maiores detalhes: revogação,
anulação, cassação, caducidade e contraposição.
Art. 54 O direito da Administração de anular os
atos administrativos de que decorram efeitos favo-
Revogação
ráveis para os destinatários decai em cinco anos,
contados da data em que foram praticados, salvo
Revogação é a extinção de ato administrativo que comprovada má-fé.
se encontra perfeito e apto a produzir seus efeitos,
praticado pela própria Administração Pública. Essa
O prazo decadencial de cinco anos é atributo exclu-
remoção é fundada em razões de conveniência e opor-
sivo da anulação.
8
tunidade, sempre almejando a proteção do interesse
0
Por fim, em relação a seus efeitos, é importante fri-
público. Nessa hipótese, ocorre uma causa superve-
7-
sar que o ato nulo (aquele que carece de legalidade)
8
niente, que altera o juízo de conveniência e oportu-
.5
tem o seu defeito constatado desde a sua concepção.
nidade sobre a permanência de ato discricionário,
46
Por isso, a anulação deve desconstituir os efeitos des-
obrigando a Administração a expedir um segundo ato
.1
capaz de revogar esse ato anterior. de a data da prática daquele ato. Podemos afirmar,
40
O conceito de revogação tem previsão no art. 53 da então, que a anulação possui efeito retroativo, ou ex
-1
Lei nº 9.784, de 1999: tunc. Em regra, não gera ao particular direito à inde-
a
nização pela anulação de ato ilegal, salvo se compro-
lv
var ter sofrido dano anormal para ocorrência, do qual
Si
Sobre o mesmo assunto, a Súmula nº 473, do STF: São hipóteses em que o administrado deixa de
do
Súmula nº 473 A administração pode anular seus da referida vantagem. Exemplo: habilitação da CNH
an
próprios atos, quando eivados de vícios que os tor- cassada por ser pessoa enferma.
nam ilegais, porque deles não se originam direitos;
rn
Caducidade
tunidade, respeitados os direitos adquiridos, e res-
o
Assim, todo ato que contém algum vício, estando apto Quando o agente público exerce adequadamente
a produzir efeitos, e desde que esse vício não seja insa- suas competências, atuando em conformidade com a
nável, podem ser convalidados. Somente os elementos legislação, sem excessos ou desvios, diz-se que ele faz
da forma e da competência podem sofrer convalidação. uso regular do poder. Entretanto, havendo hipóteses
Mas a Administração não pode extinguir seus pró- de exercício de competências fora dos limites legais,
prios atos a qualquer tempo. Ela tem um prazo para visando apenas interesses alheios, trata-se de clara
tanto, o qual denomina-se prescrição (no sentido de hipótese de uso irregular do poder, também denomi-
decadência) administrativa. Essa nomenclatura pode nado abuso de poder. O abuso de poder, além de cau-
ser um pouco confusa, pois, na verdade, a prescrição sar a invalidade do ato, constitui em ilícito ensejador
e a decadência tratam de duas coisas distintas. O cor- de responsabilidade pela autoridade competente que
08
reto seria dizer que há um prazo decadencial para a causou danos com seu uso irregular.
7-
Administração exercer o seu direito de revisar os seus Abuso de poder pode se manifestar no exercício
8
.5
próprios atos. Ocorre que, para exercer esse direito, das funções administrativas sob duas formas: pelo
46
deve a mesma ingressar com uma ação no Judiciá- excesso de poder e pelo desvio de finalidade.
.1
rio e, sobre essa ação, recai um prazo prescricional. Excesso de poder é a hipótese de uso irregular dos
40
Assim, a prescrição atinge somente o direito de poderes administrativos pela qual a autoridade pra-
-1
exercício da ação cabível, enquanto a decadência tica algum ato desrespeitando os limites impostos,
atinge o direito em si. Em suma, não é porque ocor-
a
exorbitando o uso de suas faculdades administrativas.
lv
reu a decadência do direito da Administração de anu- Ao exceder sua competência legal, o agente respon-
Si
lar o próprio ato que ela mesma criou, que esse ato sável age com exageros e desproporcionalidade, o que
os
não possa ser anulado pelo Poder Judiciário, dentro torna o ato praticado por ele absolutamente inválido.
nt
A decadência existe para proteger os vínculos e há hipóteses em que se pode corrigir vício cometido
relações jurídicas travados entre a Administração
s
E qual é esse prazo da decadência administrativa? competente, que tem fim diverso daquele previs-
rn
Segundo o caput do art. 54 da Lei nº 9.784, de 1999, to, explícita ou implicitamente, nas regras de compe-
Fe
Art. 54 O direito da Administração de anular os 2º, da Lei nº 4.717, de 1965). A finalidade diversa não
rd
atos administrativos de que decorram efeitos favo- macula os requisitos essenciais dos atos administrati-
ua
ráveis para os destinatários decai em cinco anos, vos (competência, objeto, forma, motivo), mas tende a
Ed
08
em seis vertentes:
7-
O artigo afirma que tal ato é de competência exclu-
8
.5
z Poder vinculado; siva do Presidente, o que significa que seria inde-
46
z Poder discricionário; legável a qualquer subordinado. Porém, isso não é
.1
Poder disciplinar; totalmente correto: o parágrafo único, do mesmo
40
z
z Poder hierárquico; dispositivo constitucional, diz que há a possibilidade
-1
z Poder de polícia; de o Presidente delegar algumas de suas atribuições
a
Poder regulamentar. para os Ministros de Estado, o Procurador-Geral da
lv
z
República ou ainda para o Advogado-Geral da União.
Si
restrições.
do
prir suas funções. Os atos praticados no exercício do são exclusivas e indelegáveis. Excepcionalmente,
Fe
poder vinculado são denominados atos vinculados. a matéria disposta no inciso VI (dispor mediante
o
Poder discricionário, por sua vez, é o poder por decreto sobre a organização e funcionamento da admi-
rd
meio do qual o legislador, ao delimitar a competên- nistração federal quando não implicar aumento de
ua
cia da Administração Pública, confere também uma despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos;
Ed
margem de liberdade para que o agente público e a extinção de funções ou cargos públicos, quando
possa escolher, diante da situação jurídica, qual o vagos), XII (conceder indulto e comutar penas, com
caminho mais adequado, ou qual a melhor forma de audiência, se necessário, dos órgãos instituídos em lei),
solução daquela desavença. e na primeira parte, do inciso XXV (prover os car-
A lei não impõe um único comportamento como gos públicos federais, na forma da lei) são competên-
no poder vinculado: ela delega ao administrador a cias que podem ser transferidas para as pessoas
faculdade de avaliar a melhor solução para cada caso. públicas previstas no parágrafo único, do referido
Garantir margem de liberdade não significa que o art. 84. Observe que a competência para extinguir o
administrador deve agir fora da lei, pois a discricio- cargo público enquanto ainda ocupado não pode ser
nariedade não o permite estar acima da legislação. delegada.
Além disso, o poder discricionário também pode Uma das palavras-chave do poder regulamen-
sofrer controle pelo Poder Judiciário, exceto quan- tar é “regulamento”. Trata-se de ato administrativo
do a questão for referente ao mérito dos atos discri- que tem por escopo estabelecer detalhes e diretrizes
cionários, cuja competência é exclusiva da própria quanto ao modo de aplicação dos dispositivos legais,
Administração. dando maior concretude aos comandos gerais e abs-
254 tratos presentes na legislação. Não se confunde com
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qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
o decreto, que é outro ato administrativo o qual intro- Pela hierarquia, há a imposição ao subalterno da
duz o regulamento em si. Decreto representa a forma estrita obediência às ordens e instruções legais supe-
do ato administrativo, enquanto o regulamento repre- riores, além de definir a responsabilidade de cada um
senta seu conteúdo. de seus agentes e órgãos públicos.
Ambos os decretos e regulamentos são atos em Quanto às suas características, diz-se que o poder
posição de inferioridade em relação as leis e, por hierárquico é interno e permanente. Interno é o
isso, não são capazes de criar direitos e obrigações poder que atinge apenas os próprios membros da
aos particulares sem fundamento legal. Suas funções Administração, não tem o condão de atingir as rela-
primordiais, no entanto, são a redução da margem de ções dos particulares. É também um poder perma-
interpretação das normas, pois se um decreto dispõe nente, porque não é exercido de modo esporádico e
qual é a forma mais correta de aplicação da lei, esta episódico, como o que acontece no poder disciplinar.
perde um pouco de seu caráter geral e abstrato, seu Do poder hierárquico são decorrentes certas facul-
campo de discricionariedade é reduzido a uma úni- dades implícitas ao superior, tais como dar ordens e
ca forma válida de aplicação no âmbito jurídico. Por fiscalizar o seu cumprimento, delegar e avocar atri-
isso, o poder regulamentar apresenta natureza buições, bem como rever atos de seus inferiores.
vinculada. A delegação é a transferência temporária de com-
Existem diversas espécies de regulamentos petência administrativa de seu titular, a outro órgão
administrativos: ou agente público. A delegação poderá ser vertical,
quando a matéria for outorgada a um outro órgão ou
z Regulamentos administrativos ou de orga- agente público subordinado à autoridade outorgante,
nização: são aqueles que disciplinam questões permanecendo na mesma linha hierárquica. Mas a
internas de estruturação e funcionamento da delegação também poderá ser feita para outro órgão
Administração Pública, bem como as relações ou agente que esteja fora da sua linha hierárquica,
jurídicas de sujeição especial do Poder Público hipótese que denominamos de delegação horizontal.
perante particulares. Exemplo: regulamento que O art. 12, da Lei nº 9.784, de 1999, dispõe do mesmo
disciplina organização e funcionamento da admi- modo:
nistração federal (alínea “a”, inciso VI, art. 84, da
CF, de 1988); Art. 12 Um órgão administrativo e seu titular pode-
z Regulamentos habilitados ou delegados: em rão, se não houver impedimento legal, delegar par-
8
te da sua competência a outros órgãos ou titulares,
0
alguns países, há a possibilidade de o Poder Legis-
7-
lativo delegar ao Executivo a disciplina de maté- ainda que estes não lhe sejam hierarquicamente
8
subordinados, quando for conveniente, em razão de
.5
rias reservadas privativamente à lei, havendo
46
uma transferência de competência legislativa. circunstâncias de índole técnica, social, econômica,
jurídica ou territorial.
.1
Tais regulamentos não são admitidos no direito
40
administrativo brasileiro;
Essa transferência de competência é sempre pro-
-1
z Regulamentos executivos: são os regulamentos
comuns, expedidos sobre matéria disciplinada visória, o que significa que pode ser revogada a qual-
a
quer tempo.
lv
pela legislação, permitindo a fiel execução da nor-
Si
ma legal. É a hipótese do inciso IV, art. 84, da CF, A regra geral é sempre a delegabilidade das compe-
tências. Todavia, a própria legislação (art. 13, da Lei nº
os
de 1988;
9.784, de 1999) assevera três matérias que não podem
nt
32, de 2001, elenca dois temas que só podem ser para evitar que a mesma autoridade possa julgar o
an
disciplinados por decreto expedido pelo Presiden- mesmo processo mais de uma vez pela delegação; e
rn
255
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Por fim, a revisão é a capacidade de rever os atos de funções e a conduta de seus servidores, responsa-
dos inferiores hierárquicos, apreciando todos os seus bilizando-os pelas faltas porventura cometidas.
aspectos para a análise de sua manutenção ou inva- Em relação às suas características, o poder disci-
lidação. É possível somente a revisão de atos prati- plinar é interno, não permanente ou temporário,
cados pelos órgãos públicos e agentes subordinados e discricionário. Assim como o poder hierárquico, a
hierarquicamente. imposição de sanções pela Administração não se apli-
Para as entidades da Administração Indireta, real- ca aos particulares, somente a seus próprios servido-
mente, não há como aplicar o poder hierárquico, uma res, salvo as hipóteses de estes serem contratados pela
vez que, por definição, elas não integram a mesma Administração Pública. Todavia, distingue-se do poder
linha de hierarquia. São entes diferentes do seu cria- hierárquico na medida em que é não permanente, isto
dor, com personalidade jurídica própria, com patri- é, será aplicado apenas se e quando o servidor come-
mônio exclusivo e podendo se responsabilizar em ter infração funcional.
juízo sem o auxílio da Administração Direta. Percebe-se, então, que o poder disciplinar apresen-
O que existe para as entidades da Administração ta caráter punitivo e sancionador, enquanto o poder
Indireta é uma forma de controle fiscalizatório e fina-
hierárquico advém da simples obediência dos subal-
lístico de seus atos, o qual se denomina supervisão
ternos para com a entidade detentora deste poder. A
ministerial. A supervisão é feita pelo ente controla-
discricionariedade do poder disciplinar traduz-se na
dor, geralmente são os entes da Administração Direta
possibilidade de a Administração em poder escolher
(União, Estados, Municípios, Distrito Federal e os seus
qual a punição mais apropriada para cada caso, isto
órgãos, ministérios e secretarias). A supervisão não se
é, ela possui certa margem de liberdade para o seu
confunde com subordinação, pois entende-se que na
supervisão o ente controlado possui uma maior mar- exercício.
gem de liberdade do que os órgãos hierarquicamente Os servidores públicos que cometerem qualquer
subordinados. A supervisão ministerial não admite, infração no exercício de suas funções estão sujeitos
por exemplo, a possibilidade de revisão dos atos pra- às seguintes penalidades, dispostas no art. 127, da Lei
ticados pela entidade controlada, pois a revisão é uma nº 8.112, de 1990: advertência; suspensão; demissão;
forma de controle de mérito dos atos administrativos. cassação de aposentadoria ou disponibilidade; desti-
Isso infere na autonomia garantida constitucional- tuição de cargo em comissão; e destituição de função
mente a essas entidades. comissionada. A aplicação de qualquer uma dessas
8
penalidades depende de prévio processo administra-
0
7-
tivo, respeitada a garantia de contraditório e ampla
8
Importante!
.5
defesa, sob pena de nulidade da sanção.
46
Cuidado para não confundir alguns conceitos.
.1
PODER DE POLÍCIA
40
Quando um ato administrativo é ilícito (contrário à
Lei), a hipótese de controle recai sobre a legalida-
-1
A expressão “poder de polícia” pode ser interpre-
de do ato. Se o vício for insanável, a hipótese é de
a
tada de duas maneiras: em um sentido amplo, cor-
lv
anulação, e pode ser realizada tanto pela Adminis- responde a qualquer limitação estatal à liberdade e
Si
tração Pública quanto pelo Poder Judiciário. Por propriedade privada, de origem administrativa ou
os
outro lado, quando o ato for considerado inconve- legislativa. Há também o poder de polícia em senti-
nt
niente e inoportuno, discricionário, o Poder Judi- do restrito, mais utilizado pela doutrina, que engloba
Sa
ciário não pode exercer controle de mérito, pois apenas as restrições impostas pelas limitações admi-
essa é uma tarefa exclusiva da Administração,
s
dentro da sua linha hierárquica. O método mais Em sentido restrito, envolve atividades administrati-
correto para o ato inconveniente, neste caso, é o
do
Ato ilícito → controle de legalidade (vinculação) O poder de polícia tem grande destaque no exercí-
rn
Administração ou Poder Judiciário → Anulação cio das funções da Administração moderna, junto com
Fe
to (discricionariedade) → somente a Adminis- tiva privada. Porém, essas duas funções representam
rd
08
Para o seu exercício, a Administração Pública deve A polícia administrativa tem um caráter pre-
7-
regular a prática dos atos ou a abstenção de fatos. ventivo. Isso significa que a sua atuação deve ocorrer
8
.5
Em regra, o poder de polícia manifesta-se em obrigações antes da prática do crime, tendo por finalidade evitar a
46
negativas, ou de não fazer, impostas aos particulares, sua ocorrência. Submete-se às regras de direito admi-
.1
limitando a esfera de atuação dos seus direitos. Excep- nistrativo. No Brasil, a polícia administrativa é exer-
40
cionalmente, pode também se manifestar mediante cida por diversos órgãos de fiscalização de diversas
-1
obrigações positivas ou de fazer, como é o caso da impo- áreas, como saúde, educação, trabalho, previdência e
a
sição da função social da propriedade ao dono do imó- assistência social. A polícia administrativa protege os
lv
vel, disposta no inciso XXII, art. 5º, da CF, de 1988. interesses primordiais da sociedade ao impedir com-
Si
O poder de polícia manifesta-se pela expedição de portamentos individuais que possam causar prejuízos
os
direito de construir, ou por meio de atos concretos, A polícia judiciária, por sua vez, apresenta cará-
Sa
como a obtenção de licença para a reforma de um ter repressivo. Sua atuação ocorre após a constata-
ção do crime. Após a ocorrência do crime, a polícia
s
Por isso, o Estado deve conciliar os direitos individuais de direito processual penal. Ela incide sobre pessoas,
rn
com o interesse da coletividade. Tal finalidade é típica ao contrário da polícia administrativa, que age sobre
Fe
da Administração Pública, pois tem como fundamento a atividade das pessoas. A polícia judiciária é exercida
o princípio sistêmico da primazia do interesse público pelas corporações especializadas, denominadas Polí-
rd
A doutrina não é unânime em relação ao tema. Todavia, boa parte dos autores costumam dividir os diversos
tipos de instrumentos de controle dos atos administrativos, com base nos seguintes critérios:
z Controle legislativo: é o controle realizado pelo Poder Legislativo, mais especificamente pelo parlamento,
no exercício da sua função fiscalizadora. O controle no âmbito federal, é diretamente exercido pelas Casas
do Congresso nacional e indiretamente pelo Tribunal de Contas. Exemplo: as Comissões Parlamentares de
Inquérito (CPIs);
z Controle administrativo: é o controle dos atos administrativos feito pelos órgãos e entidades da própria
Administração Pública. É a manifestação do princípio da autotutela. É, por isso, uma modalidade de controle
interno, podendo ser feito de ofício, ou mediante provocação. Exemplo: revogação de ato administrativo, anu-
lação de um ato pela própria administração etc.;
z Controle judicial: é o controle feito pelos integrantes do Poder Judiciário no exercício da função típica, qual
seja, a função julgadora. Devido ao princípio da inércia da jurisdição, jamais poderá atuar de ofício, apenas
mediante provocação. Exemplo: mandado de injunção e as ações sobre controle de constitucionalidade.
0 8
7-
8
.5
Realizado pelo Poder
Controle
46
Legislativo, no exercício da sua
Legislativo
função fiscalizadora.
.1
40
Controle dos atos
-1
a
lv
ÓRGÃO Controle administrativos feito pelos
Si
z Controle interno: é o controle realizado por um Poder sobre os seus próprios órgãos, agentes e atos. É o caso
o
z Controle externo: é o tipo de controle exercido por autoridade que se situa fora do âmbito do órgão a ser
controlado, ou seja, é o controle realizado entre autoridades de diferentes estruturas organizacionais. É o caso
Ed
Quanto ao controle externo devemos ficar atentos pois quando usamos o termo em sentido amplo, podemos
dividi-lo em controle externo judicial e legislativo:
z Controle externo judicial: realizado mediante provocação e atua somente sobre os aspectos legais da atuação
administrativa (controle de legalidade);
z Controle externo legislativo: realizado mediante provocação ou de ofício, atua tanto em relação aos aspectos
legais quanto de mérito da atuação administrativa (controle de legalidade e de mérito).
Por outro lado, quando utilizamos controle externo em sentido estrito, ficaremos adstritos aos termos da Cons-
tituição Federal, que dispõe apenas do controle externo legislativo, o qual será exercido com o auxílio do Tribunal
de Contas.
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Quanto à Natureza DO CONTROLE ADMINISTRATIVO
08
z Controle posterior: é o controle realizado após
7-
o ato produzir seus efeitos no mundo concreto. Dica
8
Exemplo: ações constitucionais para controle de
.5
Anular: atos eivados de vícios;
46
atos da Administração.
Revogar: por motivo de conveniência ou
.1
oportunidade.
40
Quanto ao Vínculo
hierárquico é feito por autoridade superior em proporcionar o reexame dos atos da Administração
relação a seus subordinados. Trata-se de um esca- Pública. São eles: a representação, a reclamação admi-
os
dos órgãos administrativos. Em regra, é necessário Embora nos dias atuais não vemos tal atuação com
que haja a expressa previsão legal para que o con-
an
08
co. Da leitura do dispositivo constitucional, podemos
7-
Por fim, é importante ressaltar o papel do Tribu-
destacar quais são as modalidades de controle exerci-
8
nal de Contas da União (TCU) no exercício do contro-
.5
do pelo Congresso Nacional:
46
le legislativo externo (parte final do art. 70).
.1
O TCU é um órgão colegiado responsável em auxi-
z Controle contábil: é aquele que parte da ideia de
40
liar o exercício do controle externo, sendo disci-
contabilidade. Contabilidade é a técnica que possi-
-1
plinado tanto pela Constituição (arts. 71 e seguintes),
bilita o controle das receitas e despesas públicas,
como por legislação específica (Lei nº 8.443, de 1992). É
a
por meio do registro numérico. O art. 77 do Dec-
lv
composto por nove Ministros, sendo três deles convo-
-Lei nº 200 indica que “todo ato de gestão financei-
Si
ra deve ser realizado por força do documento que cados pelo Presidente da República, sendo dois alter-
os
mediante classificação em conta adequada”; Público junto ao Tribunal, indicados em lista tríplice
Sa
verbas. Pode-se afirmar que todas as verbas públi- pelo próprio Congresso Nacional. O regime jurídico
desses Ministros se assemelha ao regime dos minis-
do
z Controle patrimonial: o patrimônio público não dade no cargo, regras de aposentadoria, vantagens
rn
também bens móveis, imóveis, direitos reais de Quanto a sua competência, cabe ao Tribunal de
o
garantia etc. As alterações patrimoniais do Estado Contas, nos termos do art. 71, in verbis:
rd
z Controle orçamentário: trata-se, pura e sim- Art. 71 O controle externo, a cargo do Congres-
Ed
plesmente, do cumprimento das regras previstas so Nacional, será exercido com o auxílio do Tri-
nas leis orçamentárias. As leis orçamentárias são bunal de Contas da União, ao qual compete:
aquelas que, de modo geral, dispõe sobre o que
será gasto pela Administração Pública, bem como
quanto será gasto em cada setor. Importante!
Como se depreende do caput do art. 71, os Tribu-
Mas o art. 70 também apresenta outro aspecto nais de Contas são órgãos auxiliares das Casas
importante: além de expor as espécies de controle, Legislativas. Porém, apesar de ser um órgão
dispõe, também, sobre os parâmetros de fiscalização.
auxiliar, não é subordinado à respectiva Casa.
São dois:
8
do Presidente Julgar as contas presta- O TCU poderá, quando presentes ilegalidades de
0
despesas ou irregularidade de contas, aplicar penali-
7-
Julgar as contas dos de- das pelo Presidente
8
mais administradores e dades aos agentes responsáveis.
.5
46
entidades da adm. indireta
Art. 71 [...]
.1
IX - assinar prazo para que o órgão ou entidade
40
Art. 71 [...] adote as providências necessárias ao exato cumpri-
-1
III - apreciar, para fins de registro, a legalidade mento da lei, se verificada ilegalidade;
a
dos atos de admissão de pessoal, a qualquer
lv
título, na administração direta e indireta, incluí- Verificada uma ilegalidade, o TCU poderá fixar um
Si
das as fundações instituídas e mantidas pelo Poder prazo para que o órgão ou entidade adote as provi-
os
Público, excetuadas as nomeações para cargo de dencias necessárias para corrigir o ato e dar fiel cum-
nt
Art. 71 [...]
do
admitirem servidores e empregados públicos, o órgão XI - representar ao Poder competente sobre irre-
rn
Sobre esse assunto o STF entendeu que os Tribunais com alguma irregularidade ou abusos que não sejam
ua
de Contas possuem um prazo de 5 anos para que exa- de sua competência. Nestes casos, o TCU deve repre-
Ed
minem o ato de admissão, sob pena de registro tácito.5 sentar (dar ciência) ao Poder competente sobre a irre-
gularidade constatada.
Art. 71 [...]
IV - realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Art. 71 [...]
Deputados, do Senado Federal, de Comissão técnica § 1º No caso de contrato, o ato de sustação será
ou de inquérito, inspeções e auditorias de nature- adotado diretamente pelo Congresso Nacional, que
za contábil, financeira, orçamentária, operacional solicitará, de imediato, ao Poder Executivo as medi-
e patrimonial, nas unidades administrativas dos das cabíveis.
Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, e § 2º Se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo,
demais entidades referidas no inciso II; no prazo de noventa dias, não efetivar as medidas
previstas no parágrafo anterior, o Tribunal decidi-
O TCU possui também a competência de fiscaliza- rá a respeito.
ção nos órgãos e entidades da Administração Pública. § 3º As decisões do Tribunal de que resulte impu-
tação de débito ou multa terão eficácia de título
executivo.
5 RE 636553. Repercussão Geral – Mérito (Tema 445). Relator(a): Min. GILMAR MENDES. Julgamento: 19/02/2020. 261
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qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
§ 4º O Tribunal encaminhará ao Congresso Nacio- Cabe ressaltar também que o Controle Judicial rea-
nal, trimestral e anualmente, relatório de suas liza apenas o controle da legalidade dos atos e nun-
atividades. ca de mérito. Em outras palavras, o controle judicial
pode apenas resultar na anulação dos atos adminis-
Dica trativos e nunca na sua revogação.
O titular do controle externo é o Poder Legisla- O controle judicial pode versar sobre os aspectos
tivo, mas este é exercido pelo Tribunal de Con- de legalidade tanto em atos vinculados quanto em
tas. Para lembrar da atuação do TCU, por meio atos discricionários. Nos atos discricionários (liberda-
do controle externo, lembre-se do mnemônico de de atuar dentro do previsto em lei), o Poder Judiciá-
“C-O-F-O-P”. O TCU atua nos aspectos: rio pode avaliar se a atuação se deu dentro ou fora dos
Contábil limites da autonomia do gestor. Lembre-se: o controle
Orçamentário é somente quanto a legalidade e não sobre o mérito.
Financeiro Parte da doutrina admite a hipótese de controle de
Operacional mérito dos atos administrativos pelo Poder Judiciário,
Patrimonial apreciando critérios de conveniência e oportunidade,
isso é, as razões que justificaram a prática daquele ato.
Do dispositivo apresentado, deve-se fazer duas É o caso, por exemplo, da implementação de políticas
ponderações: públicas, pleiteadas pelos cidadãos que passam neces-
Observe que o TCU possui uma função consulti- sidade, mas que não são cumpridas dada a inércia
va, ao emitir parecer prévio a prestação de contas do do Executivo em implementá-las. Apesar de ser uma
Presidente da República. Isso porque o TCU não julga posição crescente, ela é minoritária, pois a atuação do
as contas do Presidente, essa é uma tarefa exclusiva Judiciário é voltada para anular os atos administrati-
da Câmara dos Deputados. Mas o TCU também apre- vos, e não os revogar.
senta função judicante, isso é, de julgar as contas dos Para facilitar seu estudo, veja a tabela comparati-
administradores e demais responsáveis por dinhei- va dos principais pontos divergentes entre o controle
ros, bens e valores públicos da administração direta administrativo e o controle judicial:
e indireta. Lembre-se que, para os servidores públi-
cos, qualquer ato que enseje em prejuízos financeiros
8
CONTROLE
ao erário é caracterizado como ato de improbidade
0
CONTROLE JUDICIAL
ADMINISTRATIVO
7-
administrativa, nos termos da Lei nº 8.429, de 1992.
8
A decisão do Tribunal de Contas poderá julgar as Somente se inicia median-
.5
Pode iniciar de ofício ou
46
contas dos administradores como: te provocação. Nunca de
por provocação
.1
ofício.
40
z Regulares: se apresentarem com exatidão aquilo Controle de legalidade ou
Controle de Legalidade
-1
expresso nos demonstrativos contábeis; de mérito
z Regulares com ressalvas: significa que há uma
a
Anula ou revoga os atos Somente anula os atos
lv
impropriedade formal, mas que não é suficiente
Si
BENS PÚBLICOS
Sa
pagamento do débito, acrescido de juros, correção REGIME JURÍDICO DE BENS PÚBLICOS MÓVEIS E
do
Conceitos Iniciais
rn
DO CONTROLE JUDICIAL
Fe
para exercer controle de atos do Executivo, o que não pertencentes ao Estado. Bens públicos, na verdade, é
ua
deve ser de grande surpresa, uma vez que devido ao uma expressão mais abrangente, uma vez que exis-
Ed
sistema de jurisdição una e o princípio da inafasta- tem bens constituintes do patrimônio público que são
bilidade da jurisdição, todos os atos administrativos regidos pelas regras de Direito Privado.
podem ser apreciados pelo Judiciário. Conceituar bens públicos é uma tarefa árdua. O
É um tipo de controle exercido sempre median-
direito brasileiro não apresenta uma concepção satisfa-
te provocação e que abrange apenas o aspecto da
tória na visão dos autores administrativos. No mínimo,
legalidade do ato administrativo (anulação judicial
utilizam o excerto do art. 98 do Código Civil, que dispõe:
do ato). Os instrumentos de controle judicial dos atos
do Executivo são todas as ações admissíveis que tra-
tem sobre ilegalidade. Art. 98 São públicos os bens do domínio nacional
É o caso, por exemplo, do mandado de segurança, pertencentes às pessoas jurídicas de direito público
do habeas data, do mandado de injunção, e das ações interno; todos os outros são particulares, seja qual
de controle de constitucionalidade. for a pessoa a que pertencerem”.
Dentre as características, podemos destacar a
necessidade de provocação, decorrente do princípio Tal conceito, todavia, não é aceito de maneira
da inércia da jurisdição. O Judiciário não age de ofício, unânime pelos doutrinadores administrativistas, que
é necessário que seja provocado por legitimados para dividem seu posicionamento a partir das seguintes
262 que inicie o controle judicial. correntes:
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qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
z Corrente exclusivista: é a ideologia dos autores bens públicos são inalienáveis, pela lógica, conclui-
como José dos Santos Carvalho Filho, que enten- -se que eles também não podem ser penhorados. É
dem estar absolutamente correto o dispositivo a impenhorabilidade, inclusive, que justifica a exis-
legal do Código Civil, e que o conceito de bens tência de execução especial contra a Fazenda Públi-
públicos deve abranger somente os bens que ca e da ordem dos precatórios disposto no art. 100 da
compõem o patrimônio das pessoas jurídicas CF, de 1988, sendo impossível promover a execução
de Direito Público. Embora esta seja a corrente normal dos bens da Administração pelas regras do
mais aceita para os concursos públicos, enten- Código de Processo Civil. A impenhorabilidade tam-
demos que ela peca em não incluir na concepção bém atinge os bens públicos das empresas públicas,
de bem público os bens das empresas públicas e sociedades de economia mista e concessionárias,
sociedades de economia mista; que são afetados à prestação de um serviço público;
z Corrente inclusivista: defendida por autores z Imprescritibilidade: no caso dos bens públicos,
como Maria Sylvia Zanella Di Pietro e Hely Lopes a imprescritibilidade é na forma aquisitiva. Isso
Meirelles, consideram bens públicos todos os bens significa que os bens públicos não são passíveis de
pertencentes à Administração Pública Direta e usucapião, que é a forma de aquisição da proprie-
Indireta. Apesar de tal abrangência, essa corren- dade com a posse contínua de imóvel ao longo do
te não deixa clara a diferença de regime jurídico tempo (art. 183, § 3º, da CF, de 1988, e art. 102 do CC).
entre os bens utilizados para a prestação de um Trata-se de uma característica atribuída a todos os
serviço público, e os bens destinados à exploração bens públicos, inclusive os bens dominicais;
de atividade econômica; z Não onerabilidade: é uma consequência natural da
z Corrente mista: tal corrente nos parece ser a mais impenhorabilidade. Se o bem público não pode ser
correta, pois define bens públicos não só aque- alienado, nem penhorado, também não pode sofrer
les pertencentes às pessoas jurídicas de Direito qualquer tipo de encargo ou outra oneração, porque
Público, como também os bens afetados a uma são bens que não possuem valor patrimonial.
prestação de um serviço público. Os bens afeta-
dos às prestações de serviços públicos, mesmo que CLASSIFICAÇÃO DOS BENS PÚBLICOS MÓVEIS E
não pertencentes às pessoas jurídicas de Direito IMÓVEIS
Público, possuem atributos específicos dos demais
bens públicos, tais como a impenhorabilidade. O Código Civil brasileiro apresenta uma seção espe-
08
Essa é a corrente defendida por Celso Antônio Ban- cial para disciplinar a matéria dos bens públicos, esta-
7-
deira de Mello. belecendo o seu conceito (art. 98), classificação (art.
8
.5
99), a inalienabilidade dos bens de uso comum e uso
46
Com base no conceito disposto, podemos incluir especial (art. 100), a admissão de alienação dos bens
.1
como bens públicos: os bens da Administração dominicais (art. 101), a imprescritibilidade dos bens
40
Pública Direta, isso é, bens da União (art. 20 da CF, de públicos (art. 102), e sua forma de utilização (art. 103).
-1
1988), dos Estados (art. 26, idem), dos Municípios (pelo Em relação a classificação dos bens públicos, a
a
critério residual, são todos aqueles não pertencentes doutrina costuma agrupá-los em três grupos:
lv
à União e aos Estados, como ruas, praças, parques),
Si
e dos Territórios Federais (art. 33, idem), bem como z Quanto à titularidade: é o critério que estabelece
os
os bens da Administração Pública Indireta, inclu- os bens públicos de acordo com o nível federativo
nt
sive os bens particulares, pertencentes às pessoas da pessoa jurídica a que pertençam, podendo ser:
Sa
jurídicas de Direito Privado, mas que são afetados à federais, estaduais, municipais ou distritais;
s
prestação de um serviço público, como os bens das z Quanto à disponibilidade: os bens podem ser:
do
empresas públicas, sociedades de economia mista, indisponíveis por natureza, que não possuem
do
CARACTERÍSTICAS DOS BENS PÚBLICOS MÓVEIS do povo, como os mares, o meio ambiente, paisa-
rn
Os bens públicos, em regra, pertencem à Adminis- destinados a um interesse público, não podem ser
rd
tração Pública. Por esse motivo, são dotados de um alienados. São os bens de uso especial, como as
ua
regime jurídico especial que os diferenciam dos bens repartições públicas, mercados municipais, veícu-
Ed
particulares. De modo geral, podemos identificar três los da Administração etc.; patrimoniais disponíveis,
atributos essenciais dos bens públicos: são os bens que podem ser onerados e legalmente
passíveis de alienação. É o caso dos bens dominicais
z Inalienabilidade: os bens públicos, em regra, não ou dominiais, como as terras devolutas;
podem ser vendidos livremente como os bens par- z Quanto à destinação: os bens, sob esse critério,
ticulares, pois a legislação impõe certas condições poderão ser de três tipos: bens de uso comum do
específicas para a venda de tais bens. Por não ser povo; bens de uso especial; bens dominicais.
uma proibição absoluta, há autores que preferem
a denominação alienação condicionada. Pela ina- DOS MEIOS DE UTILIZAÇÃO DOS BENS PÚBLICOS
lienabilidade, também podemos afirmar que os PELO PARTICULAR
bens públicos não podem ser embargados, hipote-
cados, desapropriados, penhorados, reivindicados, Antes de determinar as modalidades diferentes do
nem poderão ser objeto de servidão; uso de bens públicos pelo administrado, é importante
z Impenhorabilidade: a penhora é uma constrição fazer uma breve consideração. Quanto a sua destina-
judicial dos bens de alguma pessoa, para satisfazer ção, os bens públicos poderão ser de uso comum do
a execução promovida por outra. Ao dizer que os povo, de uso especial, ou ainda dominicais. 263
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qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Bens de Uso Comum O referido dispositivo, dessa forma, acrescenta ao
grupo dos bens disponíveis do Estado os bens perten-
São os bens do domínio público, abertos a utilização centes às fundações governamentais de Direito Pri-
universal, por todos os cidadãos. São os mares, os rios, vado que não possuem destinação específica para a
o meio ambiente, as florestas, as paisagens naturais, execução de um serviço público.
entre outros. Nesse mesmo sentido, o art. 99, I, do CC O Superior Tribunal de Justiça (STJ), no julgamento
prescreve que são bens públicos “os de uso comum do do RESP n° 1.296.964 no dia 7 de dezembro de 2016,
povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças”. firmou entendimento de ser possível que particulares
Pela sua característica de utilização universal, os possam discutir a posse de imóvel localizado em área
bens de uso comum são inalienáveis. Isso significa pública sem destinação específica, por meio da tutela
que, enquanto mantiverem esse status de utilização judicial possessória. Apesar de não haver a possibili-
geral por toda a população, não poderá ser vendido dade de transferência da propriedade do Estado ao
ou onerado (art. 100 do CC). Para que possam ser devi- particular, é possível que este seja possuidor de refe-
damente alienados, precisam passar pelo processo rido imóvel dominical, tendo por fundamento valores
de desafetação, hipótese em que se transformam em constitucionais como a função social da propriedade
bens dominicais. Apesar de a utilização ser comum a e o máximo aproveitamento do solo. Assim, podemos
todos, nada impede que a utilização desses bens seja resumir o entendimento do STJ na possibilidade do
remunerada, ou seja, os bens de uso comum não são particular adquiri posse ad interdicta de imóvel públi-
obrigatoriamente gratuitos (art. 103, CC). co, isso é, admite proteção da posse pela via judicial,
mas a referida posse não enseja a usucapião, ou ad
Bens de Uso Especial usucapionem.
Sobre as formas de uso dos bens públicos, temos
Também denominados bens do patrimônio quatro possibilidade: uso comum; uso especial; uso
administrativo, são os bens que apresentam uma compartilhado; e uso privativo. Observe que algumas
destinação (finalidade) específica, e por isso, são con- formas de uso tem o mesmo nome do que umas espé-
siderados instrumentos para a execução de serviços cies de bens públicos. Porém, elas significam coisas
públicos. São os prédios das repartições públicas, os diferentes. Pode ocorrer, por exemplo que um bem de
cemitérios, os mercados municipais, os matadou- uso comum do povo (espécie), acabe sendo utilizado
8
ros etc. O art. 99, II, do CC assim dispõe que são bens
0
de forma privativa.
7-
públicos: “os de uso especial, tais como edifícios ou Dessa forma, as modalidades de uso dos bens públi-
8
terrenos destinados a serviço ou estabelecimento da
.5
cos são:
46
administração federal, estadual, territorial ou munici-
.1
pal, inclusive os de suas autarquias” z Uso comum: é a forma de uso de bem público
40
Assim como os bens de uso comum, os bens espe-
aberto, indiscriminadamente, para toda a coletivi-
-1
ciais também são, em regra, inalienáveis, dado a sua
dade. Não há a necessidade de uma autorização,
utilização específica e essencial para a prestação de
a
por parte do Estado, para o seu uso. É o caso das
lv
um serviço público, compondo o patrimônio indis-
praças, das praias e dos parques. Sua utilização
Si
lização: os bens dominicais possuem apenas interesse público ou privado. É o caso da instalação de fios elé-
patrimonial e secundário do Estado. Nesse sentido, o tricos, por iniciativa do Estado, em uma área munici-
art. 99, III, do CC assim prescreve serem dominicais os pal. Precisa de autorização para o uso compartilhado;
bens “que constituem patrimônio das pessoas jurídi- z Uso privativo: é a forma de uso de bem público
cas de direito público, como objeto de direito pessoal, para uma pessoa ou um grupo específico de pes-
ou real, de cada uma destas entidades”. soas. Há uma outorga do bem, mediante instru-
Mas os bens dominicais não precisam pertencer mento jurídico específico (autorização), e que
somente à Administração Direta. Segundo o parágrafo exclui a sua utilização pelas demais pessoas. Algu-
único do art. 99 do referido Código: mas características importantes do uso privativo:
a) privatividade, c) discricionariedade, d) preca-
Art. 99 Não dispondo a lei em contrário, conside- riedade, e e) regulamentada pelo regime de direito
ram-se dominicais os bens pertencentes às pessoas público. Um exemplo bem comum de uso privativo
jurídicas de direito público a que se tenha dado é a utilização de uma praça pública para uma fei-
estrutura de direito privado. ra, ou uma quermesse.
264
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Da Outorga dos Bens Públicos: Concessão, concessionário direito de indenização, desde que
Permissão, Autorização a rescisão não tenha sido sua culpa. O art. 176 da
CF, de 1988 prevê, por exemplo, a concessão de uso
Os bens públicos, sejam de uso comum, de uso de jazidas de minérios. O traço mais característico
especial ou dominicais, podem ser outorgados a deter- da concessão de uso é o fato de que o concessioná-
minados particulares. Essa outorga, como já vimos, ria pode utilizar do bem público o quanto quiser
tem algumas características importantes, como o fato (posse ad interdicta), mas nunca poderá ser o
de ser uma outorga precária (que pode ser revogada proprietário do bem, pois sua posse lhe carece do
a qualquer tempo), envolvendo juízo de discriciona- direito de usucapião (posse ad usucapionem);
riedade por parte da Administração (razões de conve- z Concessão de direito real de uso: esse é um caso
niência e oportunidade), devendo se dar mediante ato em que a concessão recai sobre direito real, ao
administrativo formal (não se admite a forma verbal contrário da hipótese anterior, que recai sobre um
de outorga), entre outras. direito pessoal. A concessão de direito real de uso
É importante, dessa forma, conhecer quais são os recai, sobretudo, sobre terrenos públicos e espa-
instrumentos de outorga do uso privativo de bens ços aéreos. Ela possui finalidades bem específicas,
públicos. São eles:
todas elas de interesse público, como a regulariza-
ção fundiária, a urbanização e industrialização, o
z Autorização de uso de bem público: autorização
cultivo da terra, a preservação de comunidades, o
é o ato administrativo unilateral, discricionário e
aproveitamento de várzeas etc. Por ser direito real,
precário, por meio do qual a Administração faculta
essa concessão pode ser transferida por ato inter
o uso do bem de forma privativa, para um deter-
vivos, ou por herança legítima ou testamentária.
minado particular, com a finalidade de atender
a interesses predominantemente privados. A
autorização não depende de prévia licitação, mas Um destaque especial deve ser feito para a conces-
também apresenta um certo risco, uma vez que ela são de uso especial para fins de moradia, prevista
não tem prazo determinado, podendo ser revogada na Medida Provisória nº 2.220, de 2002, cujos requisi-
a qualquer tempo, sem qualquer indenização para tos estão previstos no art. 1º da MP: “Aquele que, até
o particular. Também não depende de previsão 30 de junho de 2001, possuiu como seu, por cinco anos,
legal, pois da autorização não decorrem direitos ininterruptamente e sem oposição, até duzentos e cin-
08
conexos, apenas o direito de exercitar a referida quenta metros quadrados de imóvel público situado
7-
atividade. É o caso do fechamento de ruas para as em área urbana, utilizando-o para sua moradia ou de
8
.5
quermesses ou feiras, o interesse é predominan- sua família, tem o direito à concessão de uso especial
46
temente privado porque só o dono das barracas é para fins de moradia em relação ao bem objeto da
.1
que ganha com a utilização temporária desse bem; posse, desde que não seja proprietário ou concessio-
40
z Permissão de uso de bem público: é também um nário, a qualquer título, de outro imóvel urbano ou
-1
ato administrativo unilateral, discricionário e pre- rural”. Vemos, assim, que é uma modalidade especial
a
cário. Mas difere-se da autorização pelo fato de que de concessão de uso, uma vez que é a única em que se
lv
te público. Com isso, a utilização do bem público é FORMAS DE AQUISIÇÃO E ALIENAÇÃO DE BENS
nt
a permissão de uso de bem público. Outra diferen- Como já vimos, os bens estatais, em regra, são
do
ça importante é que a revogação antecipada da inalienáveis. Porém, tal regra comporta exceções. O
do
permissão pode gerar indenização, quando hou- legislador, para proteger o interesse público, impôs
ver menção de um prazo determinado no ato de
an
didáticos:
de permissão de uso de bem público é a utilização
Ed
8
será de doze meses; DOS SERVIÇOS PÚBLICOS: CONCEITO, PRINCÍPIOS
0
7-
VIII - demais condições previstas no regulamento e E ELEMENTOS
8
no edital de licitação.
.5
46
A atuação do Estado pode ser dividida em dois seto-
De modo geral, pode-se afirmar que os bens públi- res: o setor do domínio público e o setor dos serviços
.1
cos são adquiridos mediante alguns modos: contra-
40
públicos. O domínio econômico tem natureza eminen-
to, usucapião, desapropriação, acessão, aquisição por
-1
temente privada, é o campo de atuação primordial dos
causa mortis, adjudicação, ou ainda por força de lei. particulares e possui regulamentação nos arts. 170 e
a
Por outro lado, as formas de alienação de bens
lv
seguintes da Constituição Federal. Não é o ponto de
Si
públicos, ou ao menos aqueles que podem ser aliena- enfoque, mas é importante ressaltar que o Estado pode
dos, são, de modo geral, as seguintes: por venda, por
os
pagamento, por incorporação, entre outras formas. O setor dos serviços públicos, por outro lado, é o
s
Pela lógica, pode-se concluir que o patrimônio do imediata desenvolvida sob regime de direito público,
Estado possui um certo desequilíbrio muito grande,
rn
pois a quantidade de bens públicos, com destina- funções administrativas, temos a prestação de servi-
ção específica, é muito maior do que a quantidade ços públicos em sentido estrito.
o
por. Isso pode gerar alguns problemas financeiros. O cer o que vem a ser serviço público e o que o diferen-
Estado não pode entrar em insolvência (ter o passivo cia das atividades de fomento, do exercício do poder
Ed
maior do que o ativo) pelo fato de constituir em um de polícia e da intervenção no domínio econômico.
maior patrimônio indisponível do que o patrimônio
disponível. Conceito de Serviço Público, Elementos Constitutivos
Ele não pode carecer de recursos enquanto apre-
senta alguns bens com destinação específica, mas A matéria dos serviços públicos está contida, de
que no momento não se encontram em uso. Por modo geral, na Constituição Federal e na Lei nº 8.987,
isso, é muito importante que a Administração Públi- de 1995, que disciplina o regime de concessão e per-
ca possua meios para reequilibrar o seu patrimônio, missão dos serviços públicos.
transformando-os de acordo com a sua vontade. Os O serviço público em sentido amplo (lato sensu)
processos de transformação desse patrimônio deno- tem sua origem com a denominada Escola do Serviço
minam-se afetação e desafetação. Público, uma corrente doutrinária do século XX. Na
Afetação é um termo que apresenta várias acep- época, a doutrina começava a analisar com detalhes
ções distintas. A acepção aceita pela maioria dos auto- aquilo que ficou decidido no caso Agnes Blanco, na
res é a condição estática e atual de um bem público, França. Esse foi o caso primordial para decretar, de
que está servindo a alguma finalidade pública. São modo geral, que ao Estado era vedado a utilização do
266 os bens de uso comum e de uso especial, como as Código Civil para a apuração de sua responsabilidade,
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qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
quando causava danos na execução de serviços com Por isso, houve a necessidade de delegar tais servi-
fundamento de direito público. Para Roger Bennard, ços, mediante concessão ou permissão, como também
serviço público seria “a atividade ou organização que a criação de pessoas jurídicas próprias para controlar
abrange todas as funções de Estado”. A noção de serviço tais atividades. Há assim, uma mitigação dos elemen-
público muito se confunde com a de Direito Público. tos identificadores do serviço público. Atualmente,
A Escola do Serviço Público também influencia os admite-se que a execução dos serviços públicos seja
autores brasileiros. Para José Cretella Junior, serviço realizada por particulares (elemento subjetivo). Há
público é: uma delegação da execução do serviço, o qual poderá
ocorrer mediante concessão ou permissão do serviço
“Toda atividade que o Estado exerce, direta ou público, nos termos da Lei nº 8.987, de 1995.
indiretamente, para satisfação das necessidades
Também temos certas atividades que, embora
públicas, mediante procedimento típico de direito
sejam consideradas de serviço público, há serviços
público”.
que satisfazem interesses particulares (elemento
Podemos observar o caráter amplo e abrangen- objetivo), como no caso do serviço de distribuição de
te do instituto, ao considerar também como serviço alimentos em prisões.
público as atividades legislativa e judiciária, que pos- Por fim, o regime do serviço público pode ser de
suem um rol difuso de destinatários (uti universe). Direito Privado (elemento formal), seguindo as nor-
Com o passar do tempo, surge uma nova corren- mas da CLT para o regime de contratação de funcio-
te doutrinária, que busca delimitar um pouco essa nários, e os bens podem ser alienados ou penhorados,
abrangência da noção de serviço público. Essa cor- pois não estão afetados a uma utilidade pública.
rente é defendida pela grande maioria dos autores Assim, pode-se concluir que a noção de serviço
da atualidade, como Hely Lopes Meirelles e Celso público está intrinsecamente ligada a forma de atua-
Antônio Bandeira de Mello. Serviço público stricto ção do Estado. Uma das principais dificuldades de
sensu, então, seria todo aquele prestado pela Admi- buscar um conceito de serviço público reside justa-
nistração ou por seus delegados, sob regime de direito mente nesse fato: a depender do modelo de Estado,
público, e fruível individualmente por cada um dos sua forma de atuação poderá ser mais liberal ou mais
destinatários, para satisfazer necessidades essenciais intervencionista. Dessa forma, o conceito de serviço
ou secundárias da coletividade, ou simples conve- público também poderá ser mais ou menos abrangen-
8
niências do Estado. te para cada País.
0
A grande diferença dessa nova noção de servi-
7-
José dos Santos Carvalho Filho é o autor jurista que
8
ço público diz respeito a sua abrangência. Somen- apresenta muito bem essa dificuldade, ao definir ser-
.5
te abrange as atividades da Administração Pública,
46
viço público como:
não se incluindo as funções legislativa e judiciária.
.1
Também não deve ser considerado serviço público
40
“Toda atividade prestada pelo Estado ou por seus
a exploração de atividade econômica, porque nesses
-1
delegados, basicamente sob regime de direito públi-
casos o Estado age em regime privado; bem como as co, com vistas à satisfação de necessidades essen-
a
atividades de fomento, porque trata-se de um subsídio
lv
ciais e secundárias da coletividade”.
que se dá ao particular para que exerça certas ativida-
Si
pagamento de taxas.
tação dos serviços públicos. Porém, há ainda alguns
an
z Elemento Subjetivo: a titularidade do serviço o princípio que diz respeito a obrigação do Estado
ua
público é exclusiva do Estado; de prestar o serviço público, que não pode parar,
Ed
z Elemento Objetivo: a atividade caracterizada dada a sua relevante finalidade pública. É dizer
como serviço público (geralmente, atendem a um que o Estado tem um poder-dever (obrigatorie-
interesse público); dade) de prestar tal atividade. O serviço deve ser
z Elemento Formal: qual o regime em que o serviço ininterrupto, porém, o art. 6º, § 3º, da Lei nº 8.987,
é prestado. A maioria dos casos, trata-se do regime de 1995 admite que, nos casos de serviços conces-
de Direito Público. sionados a entidades privadas, não se caracteriza
descontinuidade do serviço a paralisação quando
O fenômeno conhecido como a “crise do serviço motivada por razões de ordem técnica ou de segu-
público” se deu com o advento do Estado Regulador, rança das instalações; e por inadimplemento do
na primeira metade do século XX. Ele traz a ideia de usuário, considerado o interesse da coletividade.
um Estado que procura regular as atividades consi- A jurisprudência apresenta diversos julgados que
deradas serviços públicos. Se antes a execução dessas acabam contestando referido legal, sobretudo no
tarefa era exclusiva do regime público, atualmente que diz respeito aos serviços de fornecimento de
a execução desses serviços pode ser feita sob regime água e de energia elétrica;
privado. O Estado carece de recursos para cuidar de
tantos setores, simultaneamente. 267
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qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
z Princípio da mutabilidade do regime jurídico: império, que é único do Estado. O Estado exer-
o interesse público não é estanque, mas variável ce tais serviços em relação de supremacia,
ao longo do tempo. A instauração de serviço públi- sobrepondo a sua vontade a dos particulares.
co mediante certo regime jurídico não gera um É o caso dos serviços de segurança, saúde, do
“direito adquirido” ao mesmo, o que significa que poder de polícia etc.;
o Poder Público pode alterar um estatuto ou con- Serviços impróprios do Estado: são, como o
trato administrativo para promover maior ade- nome sugere, aqueles serviços que o Estado, ao
quação na prestação do referido serviço; exercê-lo, não necessita do seu poder de impé-
z Princípio da isonomia dos usuários: trata-se rio para se sobrepor. São os que não afetam
de uma decorrência direta do princípio constitu- substancialmente as necessidades da comu-
cional da impessoalidade. O serviço público deve nidade, mas satisfazem interesses comuns de
atender a todos, geralmente de forma individuali- seus membros, e, por isso, a Administração os
zada, sem discriminações e privilégios; presta remuneradamente por seus órgãos ou
z Princípio da modicidade das tarifas: as tarifas entidades descentralizadas, ou até mesmo para
não devem ser exorbitantes, pois o serviço deve particulares mediante regime de concessão e
ser aproveitado pelo maior número de usuários permissão.
possível, independentemente de sua classe eco-
nômica. O valor a ser exigido dos usuários deve z Quanto à finalidade:
ser o menor possível para, também, remunerar o
prestador do serviço, com uma pequena margem Serviços administrativos: são os serviços
de lucro. Com o objetivo de reduzir ao máximo que a Administração executa para atender às
o valor da tarifa cobrada, a legislação brasileira suas necessidades internas ou preparar outros
prevê alguns mecanismos especiais, que se apre- serviços que serão prestados ao público. São,
sentam como fontes alternativas de remunera- assim, os serviços característicos da Adminis-
ção do prestador do serviço público. É o caso, por tração Pública. Um exemplo diferente e que
exemplo, de espaços publicitários utilizados nos não mencionamos até agora é o caso do servi-
arredores de uma rodovia. A menor tarifa é tam- ço da imprensa oficial, que tem como função
bém critério essencial para avaliação de proposta divulgar todos os atos prestados pelo Poder
numa licitação do tipo concorrência pública.
8
Público, promovendo maior transparência e
0
fiscalização de seus atos;
7-
Da Classificação dos Serviços Públicos
8
Serviços industriais: são os serviços que pro-
.5
duzem renda para quem os presta, mediante a
46
Os serviços públicos podem ser dos mais variados remuneração da utilidade usada ou consumida.
.1
tipos. É uma tarefa difícil de estabelecer uma classifi- Essa remuneração se denomina tarifa ou preço
40
cação dos serviços públicos. O professor Hely Lopes público e será fixada pelo Poder Público, quer
-1
Meirelles6 apresenta uma boa classificação para os quando o serviço é prestado por seus órgãos ou
serviços públicos, que podem ser agrupados com base
a
entidades, quer quando por concessionários,
lv
nos seguintes critérios: permissionários ou autoritários. Os serviços de
Si
ligadas ao Poder de Império que caracterizam por tributos. Os serviços de iluminação públi-
ca e calçamento são remunerados por essa
o
Serviços de utilidade pública: são serviços que possuem de antemão usuários conhecidos
úteis, mas não são considerados essenciais. e predeterminados, e o Estado já sabe, antes,
Por isso, eles podem ser prestados pelo Estado, quais são os beneficiados pela prestação do
ou por terceiros, mediante remuneração paga referido serviço. Por isso, esses serviços são
pelos usuários e sob constante fiscalização. É remunerados por tarifa. É o caso do serviço
o caso dos serviços de transporte coletivo, de de água e esgoto, de iluminação domiciliar, de
telefonia etc. telefonia etc.
Serviços próprios do Estado: são os serviços A atual Constituição Federal de 1988 atribuiu
característicos do Estado brasileiro. Constituem diversos serviços públicos aos entes da Federação.
aqueles serviços que se relacionam intimamen- Em relação a União, os serviços públicos federais
te com as atribuições do Poder Público, isso é, estão inclusos nos incisos X a XII do art. 21 da CF, de
que possuem alguma relação com o poder de 1988. São, de modo geral:
268 6 MEIRELLES, H. L. Direito Administrativo Brasileiro. 44ª Edição. Editora Malheiros: 2020.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Eduardo Fernando dos Santos Silva - 140.146.587-08, vedada, por quaisquer meios e a
qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Art. 21 [...] Das Formas de Prestação e Meios de Execução
a) serviço postal e o correio aéreo nacional;
b) os serviços de telecomunicações; Formas de prestação do serviços públicos diz
c) os serviços de radiodifusão sonora e de sons e respeito ao titular do referido serviço público. Como
imagens; foi visto em competências, são várias as entidades
d) os serviços e instalações de energia elétrica e
que podem prestar serviços públicos. Essas formas de
o aproveitamento energético dos cursos de água,
prestação variam para cada tipo de serviço:
em articulação com os Estados onde se situam os
potenciais hidroenergéticos;
e) serviços de navegação aérea, aeroespacial e a z Serviços centralizados: são os serviços presta-
infraestrutura aeroportuária; dos diretamente pelo Poder Público, em seu pró-
f) serviços de transporte ferroviário e aquaviário prio nome e sob sua exclusiva responsabilidade. A
entre portos brasileiros e fronteiras nacionais; etc. União, os Estados, os Municípios e o Distrito Fede-
ral são os titulares desses serviços;
Aos Estados, por outro lado, a Constituição mencio- z Serviços desconcentrados: são os serviços públi-
na que compete a eles explorar diretamente, ou median- cos prestados pelo Estado, mas não por ele pró-
te concessão, os serviços locais de gás canalizado (art. prio, e sim por seus órgãos, mantendo para si
25, § 2º, CF, de 1988). Isso não significa que os Estados apenas a responsabilidade pela execução. Exem-
somente podem explorar serviços locais de gás canali- plos: o Ministério da Saúde, o Ministério da Eco-
zado, uma vez que existem as competências comuns a nomia, as Secretarias de Justiça, as Ouvidorias,
todos os entes da Federação, atribuídas de forma rema- as Auditorias, todas essas pessoas que não são o
nescente. Alguns exemplos de competências comuns Estado, mas que “fazem parte” dele e não possuem
estão dispostos no art. 23 da CF, de 1988, como: personalidade jurídica própria, realizam serviços
desconcentrados;
Art. 23 [...] z Serviços descentralizados: são os serviços públi-
I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e das cos que não são prestados pelo Estado, e sim por
instituições democráticas e conservar o patrimônio terceiros, com personalidade jurídica própria,
público; podendo arcar com os riscos do negócio por con-
II - cuidar da saúde e assistência pública, da prote- ta própria. Exemplos: o Procon, o Cadin, o INSS,
ção e garantia das pessoas portadoras de deficiên- o Detran etc. Aqui a titularidade do serviço não é
8
cia; e
0
mais do Estado, e sim dessa entidade terceira. Com
7-
III - proteger os documentos, as obras e outros bens isso, a responsabilidade pela execução do servi-
8
de valor histórico, artístico e cultural, os monu-
.5
ço público recai primeiramente sobre o terceiro,
mentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios
46
mas é possível que o Estado se responsabilize tam-
arqueológicos; entre outros.
.1
bém, mas somente de forma subsidiária (se o ente
40
demonstrar não haver patrimônio suficiente para
Compete aos Municípios, na forma do art. 30 da
-1
fins de indenização).
CF, de 1988, a prestação de serviços públicos de inte- a
resse local, incluindo o serviço de transporte coletivo;
lv
bem como prestar serviços de atendimento à saúde As formas de execução, que não se confundem
Si
da população, em cooperação com os demais entes com as formas de prestação, são apenas duas: execu-
os
federativos. Evidente que aos Municípios também se ção direta e execução indireta.
nt
aplicam as competências comuns previstas no art. 23. A execução direta ocorre sempre que o Poder
Sa
Ao Distrito Federal compete, além das competên- Público emprega meios próprios para a sua prestação.
Aqui engloba tanto a Administração Direta como a
s
e municipais, uma vez que tal ente possui as mesmas Administração Indireta, isso é, a execução por intermé-
dio de pessoas jurídicas de direito público ou de direito
do
poderão prestar os serviços notariais e de registro, do que são pessoas jurídicas de direito público inte-
rn
na forma do art. 236 da CF, de 1988. Tais serviços grantes da Administração Indireta: as autarquias e as
Fe
envolvem a organização técnica e administrativa fundações públicas. E são pessoas de direito privado
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
o
segurança e a eficácia dos atos jurídicos, nos termos públicas e as sociedades de economia mista.
ua
do art. 1º da Lei nº 8.985, de 1994. Os serviços de notas A execução indireta, por sua vez, ocorre sempre
Ed
e registros é regulamentado pela referida lei. que o Poder Público concede a pessoas jurídicas ou pes-
soas físicas estranhas à entidade estatal a possibilidade
Dica de virem a executar os serviços, mediante o regime de
concessão e permissão. A execução indireta caracteri-
As parcerias público-privadas (PPPs) são con- za-se pelo fato de que tais serviços são prestados pela
tratos administrativos de concessão, podendo esfera privada, isso é, são empresas que não possuem
apresentar-se na modalidade de concessão qualquer tipo de vínculo com a Administração Pública
patrocinada ou concessão administrativa, na for- (Direta ou Indireta), não fazem parte da mesma.
ma do caput do art. 2º da Lei nº 11.079, de 2004.
É uma hipótese que apresenta-se muito mais Da Delegação dos Serviços Públicos
viável e atraente para o particular, uma vez que
ele recebe uma contraprestação pecuniária do Como vimos, os serviços públicos podem ser exe-
ente público, o que diminui o valor a ser cobrado cutados diretamente pelo Poder Público, ou indireta-
como taxa para os usuários do serviço. mente por terceiros, que podem ser pessoas jurídicas
de direito público ou de direito privado. Aqui há uma
delegação da competência administrativa. 269
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qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Resta saber quais são as principais formas de dele- Essa modalidade de contrato tem por objeto a pres-
gação dos serviços públicos, são três: concessão, per- tação de serviço público. A delegação ocorre apenas
missão e autorização sobre a execução do serviço, nunca sobre sua titulari-
O termo “concessão” é empregado para designar a dade, que continua sendo do poder concedente.
atividade da Administração Pública de delegar ao par- Apesar de a execução do serviço público não ser
ticular a prestação de um serviço, ou a execução de feita pelo poder concedente, a legislação (art. 29 da Lei
obra pública, ou ainda o uso de bem público. nº 8.987, de 1995) prevê outras obrigações para o Esta-
Concessão de serviço público é o contrato pelo do. São deveres do poder concedente:
qual a Administração promove a prestação indire-
ta de um serviço, delegando-o a particulares. Exem- Art. 29 [...]
I - Regulamentar e fiscalizar a execução do serviço
plos: a construção de linha ferroviária ou metrô para
concedido. A fiscalização é uma forma de exercício
transporte de passageiros, transmissão áudio sonora
de controle da execução do serviço público, pois por
(rádio) ou por imagens e sons (televisão), etc. Possui mais que o Estado não esteja realizando a execução
previsão legal na Lei nº 8.987, de 1995 (Lei de Conces- do serviço per si, nada impede que ele possa fiscali-
sões dos Serviços Públicos), bem como previsão cons- zar se a execução está ocorrendo de forma correta.
titucional no art. 175 da CF, de 1988: Ele pode mandar um agente vinculado à Adminis-
tração, ou um terceiro contratado justamente para
Constituição Federal de 1988 esse fim.
Art. 175 Incumbe ao poder público, na forma da II - Intervir na execução do serviço, nos casos
lei, diretamente ou sob regime de concessão ou per- previstos em lei. A intervenção advém do próprio
missão, sempre através de licitação, a prestação de ato de fiscalização: se a execução do serviço não
serviços públicos. se mostrar adequada ou estiver conforme o que
Parágrafo único. A lei disporá sobre: foi explícito no contrato, o poder concedente pode
I - o regime das empresas concessionárias e permis- requisitar a paralisação da execução, por exemplo.
sionárias de serviços públicos, o caráter especial de III - Aplicar as penalidades previstas na lei e/ou
seu contrato e de sua prorrogação, bem como as no contrato. As penalidades pela inexecução do
condições de caducidade, fiscalização e rescisão da serviço público estão previstas no artigo 87 da Lei
concessão ou permissão; nº 8.666, de 1993, podendo variar de uma simples
advertência, multa, ou até mesmo uma declara-
08
ção de inidoneidade para licitar ou contratar com
7-
Lei nº 8.987, de 1995
a Administração Pública enquanto perdurarem os
8
Art. 2º Para os fins do disposto nesta Lei, considera-se:
.5
motivos determinantes da punição ou até que seja
[...]
46
promovida a reabilitação.
II - concessão de serviço público: a delegação de sua
.1
IV - Possibilitar reajustes e a revisão das tarifas
prestação, feita pelo poder concedente, mediante
40
cobradas. A revisão é uma ferramenta que pode ser
licitação, na modalidade de concorrência, à pessoa
-1
utilizada tanto na fase de estipulação do contrato,
jurídica ou consórcio de empresas que demonstre como na fase de execução do serviço público. Se res-
a
capacidade para seu desempenho, por sua conta e
lv
tar comprovado que a tarifa de um serviço público
risco e por prazo determinado;
Si
Dessa forma, podemos concluir que a prestação do são muito pequenos, e geralmente costumam ser
nt
serviço público pode ocorrer diretamente pela Admi- para elevar o preço da tarifa, e não para diminuí-la.
Sa
nistração Pública, ou indiretamente, mediante dele- V - Atender as reclamações e outras queixas advin-
s
gação do serviço a concessionários e permissionários das dos usuários, zelando pela boa qualidade
do
que, por expressa determinação legal, necessita de do serviço. Não faria muito sentido os usuários
do
para a sua formação, além dos requisitos essenciais a hierárquica, para que ele possa tomar as medidas
todo negócio jurídico dispostos no art. 104 do Código
o
cabíveis.
rd
Civil (agente capaz, objeto lícito, forma prescrita ou VI - Declarar os bens necessários à execução do
ua
não defesa em lei), a convergência de vontades distin- serviço de necessidade ou utilidade pública. Pode
Ed
tas. Temos de um lado o poder concedente, que tem ocorrer que a concessionária, para equilibrar o seu
por objetivo a execução do serviço público em prol patrimônio, pretenda promover a alienação de um
da coletividade; e do outro, a entidade concessionária ou mais bens. Porém, o poder concedente pode atri-
que deve executar o serviço, com o objetivo de lucrar buir alguns limites, declarando esses bens como de
mediante a arrecadação de tarifas dos usuários bene- necessidade, ou de utilidade pública. Dessa forma,
esses bens tornam-se inalienáveis, e também impe-
ficiados com aquele serviço. O contrato deve ser obri-
nhoráveis, o que significa que a concessionária não
gatoriamente por escrito e rege-se pelas regras de
pode se dispor deles livremente.
Direito Administrativo.
Ao mencionar a transferência para pessoa jurí- Por outro lado, incumbe à concessionária do servi-
dica privada, quis o legislador que a delegação do ço público as seguintes tarefas: (art. 31 da Lei nº 8.987,
serviço não pudesse, em regra, ser feita a pessoas de 1995):
físicas, mas somente à empresa ou a um consórcio
de empresas. É o caso, por exemplo, da Sabesp, que é Art. 29 [...]
sociedade de economia mista, na prestação do serviço I - Prestar o serviço de maneira adequada, utilizan-
de abastecimento de água no Estado de São Paulo. do-se de técnicas específicas de seu conhecimento,
270 nos casos previstos na lei ou no contrato. Essa é
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a tarefa primordial, óbvio, pois a concessionária z Rescisão por culpa do poder concedente: Caso
é a responsável pela execução do serviço público. o poder concedente descumpra com alguma regra
II - Prestar contas da gestão do serviço ao poder estabelecida no instrumento contratual, a conces-
concedente e aos usuários. É formada uma rela- sionária tem direito a ingressar em juízo, objeti-
ção de hierarquia entre o poder concedente e o vando à indenização dos danos decorrentes da
concessionário. Por isso, este deve prestar contas extinção contratual. A indenização, neste caso,
de seus atos ao seu superior, devendo informar se abrange somente os danos emergentes (o que efe-
a gestão do serviço público está ocorrendo corre- tivamente perdeu), e não os lucros cessantes (o
tamente, se não há nenhuma falha ou defeito, etc.
que ele poderia ter ganhado);
III - Cumprir e fazer cumprir as normas do serviço
z Anulação: é a modalidade de extinção em que
e as cláusulas contratuais, havendo possibilidade
consta vício de legalidade no contrato. O contrato
de pedir indenização pela inexecução do contrato.
perde sua eficácia desde a sua concepção (ex tunc),
É tarefa do concessionário exigir que tudo aquilo
avençado no contrato se torne realidade. Assim, se o que significa que a concessionária não faz jus à
o poder concedente se recusar a lhe outorgar algo indenização, exceto quanto a parte já executada
estabelecido em contrato, ou se o valor da remu- do contrato;
neração não for igual a aquele avençado, poderá o z Decretação de falência: como a concessão é con-
concessionário pedir a rescisão do contrato, com trato personalíssimo, ou seja, as partes contra-
pagamento de indenização pelo Poder Público. tantes têm grande relevância para a execução do
IV - Promover desapropriações e construir servi- serviço, havendo o desaparecimento da empresa
dões administrativas, mediante autorização do concessionária mediante falência, ou o falecimen-
poder concedente. Essas são formas de intervenção to de empresário individual, o vínculo contratual
do Estado na propriedade privada. Pode ocorrer também desaparece.
que o concessionário, para a melhor execução de
um serviço, precise ocupar um espaço de proprie- A permissão é outra forma da Administração
dade de um particular, seja para fins de desapro- Pública de delegar a execução de serviço público para
priação, ou uma outra forma de intervenção mais os particulares, também possui previsão no art. 175
branda, como construir uma servidão. Todas essas da CF, de 1988 e na Lei nº 8.987, de 1995. A permis-
hipóteses são possíveis, desde que mediante prévia são é unilateral, discricionária, precária e intuitu
autorização, e também desde que haja uma indeni-
personae (personalíssima), promove a delegação
8
zação do particular, que teve sua propriedade pri-
0
do serviço público mediante prévia licitação para um
7-
vada obstruída.
particular denominado permissionário.
8
V - Captar, aplicar e gerir os recursos financeiros
.5
necessários à prestação do serviço. Todos os encar-
Questão controvertida é a natureza jurídica da per-
46
gos do serviço público ficam a cargo do concessio- missão. Após a Constituição de 1988, o direito brasileiro
.1
nário. Logo, faz parte dessa lógica que ele deve ter passou a tratar a permissão como se fosse um contrato
40
poder de decisão sobre os recursos econômicos e de adesão, como se depreende da leitura do inciso I do
-1
financeiros relacionados com a prestação do servi- parágrafo único do art. 175 da Carta Magna: “
a
ço público.
lv
Art. 175 [...]
Si
Por fim, o art. 35 da Lei nº 8.987, de 1995 dispõe I - o regime das empresas concessionárias e permis-
os
ção do contrato pelo encerramento de seu prazo Todavia, contrato de adesão é remetente aos contra-
do
de vigência. É a extinção natural do contrato, haja tos de Direito Privado, principalmente nas relações de
vista que nosso direito não admite contrato de con-
an
8
com a posição da maioria das bancas costuma e defi- da matéria. Para os efeitos dessa Lei, considera-se:
0
7-
nir a permissão como um contrato de adesão.
8
Importante destacar as diferenças entre permis- Art. 2° [...]
.5
são e a concessão de serviço público, que podem ser
46
I - usuário - pessoa física ou jurídica que se benefi-
determinadas com base nos seguintes requisitos:
.1
cia ou utiliza, efetiva ou potencialmente, de serviço
40
público;
z Quanto à natureza jurídica: a permissão é uni-
-1
II - serviço público - atividade administrativa ou
lateral, enquanto a concessão é contrato bilateral; de prestação direta ou indireta de bens ou serviços
a
lv
z Quanto aos beneficiários: qualquer pessoa pode à população, exercida por órgão ou entidade da
Si
maior aporte de capital, a permissão admite inves- dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
Sa
dida de licitação na modalidade de concorrência. IV - agente público - quem exerce cargo, empre-
do
Não há essa exigência para a permissão; go ou função pública, de natureza civil ou militar,
an
08
envolvido; na sexta-feira, no sábado ou no domingo, bem
7-
XII - observância dos códigos de ética ou de conduta como em feriado ou no dia anterior a feriado.
8
.5
aplicáveis às várias categorias de agentes públicos; Esse é uma exceção introduzida recentemente
46
XIII - aplicação de soluções tecnológicas que visem pela Lei nº 14.015, de 2020.
.1
a simplificar processos e procedimentos de atendi-
40
mento ao usuário e a propiciar melhores condições
-1
para o compartilhamento das informações; O art. 7º trata da Carta de Serviços ao Usuário, que
XIV - utilização de linguagem simples e compreen- a
tem por objetivo informar o usuário sobre os serviços
lv
sível, evitando o uso de siglas, jargões e estrangei-
prestados pelo órgão ou entidade, as formas de aces-
Si
rismos; e
XV - vedação da exigência de nova prova sobre so a esses serviços e seus compromissos e padrões de
os
fato já comprovado em documentação válida qualidade de atendimento ao público (art. 7º, § 1º).
nt
XVI - comunicação prévia ao consumidor de que mações claras e precisas em relação a cada um dos
s
o serviço será desligado em virtude de inadimple- serviços prestados, apresentando, no mínimo, infor-
do
mento, bem como do dia a partir do qual será rea- mações relacionadas a:
lizado o desligamento, necessariamente durante
do
horário comercial.
an
Art. 7° [...]
I - serviços oferecidos;
rn
É o art. 6º, todavia, que apresenta os direitos dos II - requisitos, documentos, formas e informações
Fe
usuários do serviço público. São uma série de prer- necessárias para acessar o serviço;
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
o
rogativas que devem ser respeitadas pelo Estado ou III - principais etapas para processamento do
rd
direitos básicos dos usuários, in verbis: IV - previsão do prazo máximo para a prestação do
Ed
serviço;
Art. 6° [...] V - forma de prestação do serviço; e
I - participação no acompanhamento da prestação VI - locais e formas para o usuário apresentar even-
e na avaliação dos serviços; tual manifestação sobre a prestação do serviço
II - obtenção e utilização dos serviços com liber- (art. 7º, § 2º).
dade de escolha entre os meios oferecidos e sem
discriminação; Por fim, o art. 8º apresenta os deveres dos usuá-
III - acesso e obtenção de informações relativas à rios, quando usufruem do serviço público. Assim, são
sua pessoa constantes de registros ou bancos de obrigações dos usuários:
dados, observado o disposto no inciso X do caput do
art. 5º da Constituição Federal e na Lei nº 12.527, de Art. 8° [...]
18 de novembro de 2011 ; I - utilizar adequadamente os serviços, procedendo
IV - proteção de suas informações pessoais, nos ter- com urbanidade e boa-fé;
mos da Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011; II - prestar as informações pertinentes ao serviço
V - atuação integrada e sistêmica na expedição de prestado quando solicitadas;
atestados, certidões e documentos comprobatórios III - colaborar para a adequada prestação do ser-
de regularidade; e viço; e 273
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IV - preservar as condições dos bens públicos por Público na esfera privada. Por isso, é importante ana-
meio dos quais lhe são prestados os serviços de que lisar a evolução histórica da responsabilidade esta-
trata esta Lei. tal, tendo como foco os países ocidentais, sobretudo o
Brasil.
Manifestação dos Usuários
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DAS TEORIAS DE
A Lei nº 13.460, de 2017 permite que, para garan- RESPONSABILIDADE
tir seus direitos, o usuário possa apresentar mani-
festações perante a administração pública acerca da De modo geral, pode-se afirmar que a responsabi-
prestação de serviços públicos. A manifestação será lidade civil da Administração passou por três grandes
dirigida à ouvidoria do órgão ou entidade responsável fases. A primeira, denominada Teoria da Irresponsa-
e conterá a identificação do requerente (art. 9º e 10). bilidade, adveio na época dos Estados Absolutistas, em
A manifestação poderá ser feita por meio eletrô- que havia uma concentração do poder político nas mãos
nico, ou correspondência convencional, ou verbal- de uma única pessoa. O Monarca, assim, praticava atos
mente, hipótese em que deverá ser reduzida a termo.
que jamais poderiam ensejar a reparação pelos danos,
Nesse caso, poderá a administração pública ou sua
uma vez que ele fazia a sua vontade ter força de lei.
ouvidoria requerer meio de certificação da identidade
A fundamentação dessa soberania dos reis absolu-
do usuário (art. 10, parágrafos).
tistas era baseada na teoria político-teológica de que
Os procedimentos administrativos relativos à aná-
eles eram representantes de Deus na terra, investidos
lise das manifestações observarão os princípios da
desse Poder por obra divina. Tal teoria seria superada
eficiência e da celeridade, visando a sua efetiva reso-
com o advento do Estado de Direito francês, sobretudo
lução, que compreende:
do julgamento pelo Tribunal de Conflitos da França,
Art. 12 [...] denominado Aresto Blanco, no ano de 1873. O julga-
I - recepção da manifestação no canal de atendi- mento consistia na imputação ao Estado do dever de
mento adequado; reparar danos causados por um vagão da Companhia
II - emissão de comprovante de recebimento da Nacional de Manufatura do Fumo, que havia atropela-
manifestação; do uma menina enquanto brincava na rua.
III - análise e obtenção de informações, quando A Teoria da Responsabilidade Subjetiva foi a
08
necessário; primeira tentativa de explicar a imputação ao Estado
7-
IV - decisão administrativa final; e do dever de reparar os danos patrimoniais e demais
8
.5
V - ciência ao usuário. prejuízos causados pela conduta de seus agentes. Por
46
essa corrente teórica, o Estado passaria a adquirir
.1
Por fim, o art. 23 dispõe sobre a avaliação dos uma segunda personalidade denominada “fisco”, sen-
40
serviços públicos, que deverá ser feita com base nos do esta uma personalidade patrimonial, capaz de res-
-1
seguintes aspectos: sarcir os particulares pela prática de atos de gestão.
a
No caso apresentado, o Estado acabou se tornando
lv
Art. 23 [...] o ente responsável por reparar a família pela morte da
Si
A avaliação será realizada por pesquisa de satisfa- agiu com culpa lato sensu, abrangendo as hipóteses de
Fe
ção feita, no mínimo, a cada um ano, ou por qualquer dolo (intenção de lesar), bem como as de negligência,
outro meio que garanta significância estatística aos imprudência e imperícia (culpa stricto sensu). Essa
o
rd
resultados. O resultado da avaliação deverá ser inte- era a grande dificuldade dessa teoria: pelo fato de a
ua
gralmente publicado no sítio do órgão ou entidade, relação entre a Administração Pública e o particular
Ed
incluindo o ranking das entidades com maior incidên- ser desigual, a vítima muitas vezes não possuía meios
cia de reclamação dos usuários. suficientes para comprovar a conduta dolosa ou cul-
posa do Estado. No Brasil, adotamos a teoria subjeti-
va no Direito Público, excepcionalmente, nos casos
de omissão da Administração, ou na possibilidade
RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO de ação regressiva desta perante seus agentes.
A terceira teoria, denominada Teoria da Respon-
Nos dias atuais, temos a total compreensão da ideia sabilidade Objetiva, surge nos meados de 1946 e
de responsabilidade civil e extracontratual do Estado. consiste no afastamento da necessidade de compro-
Significa dizer que ao Estado é imputado o dever de vação de dolo ou culpa do agente público, tendo por
ressarcir particulares pelos prejuízos praticados na fundamento o dever de indenizar a concepção de
conduta de seus agentes, independentemente de qual- risco administrativo. Quem presta um serviço públi-
quer acordo ou pacto estabelecido. co, assume o risco dos prejuízos que, eventualmente,
Todavia, essa concepção que temos atualmente poderá causar a outrem. Não cabe, dessa forma, a dis-
não surgiu do nada: ela foi o resultado de uma longa cussão sobre aspectos subjetivos da responsabilidade
274 evolução histórica sobre a forma de atuação do Poder estatal, exceto nas hipóteses de ação regressiva.
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RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO NO z Dano específico: é aquele que atinge uma certa
DIREITO BRASILEIRO: RESPONSABILIDADE POR pessoa, ou uma certa categoria de pessoas. Dessa
AÇÃO E POR OMISSÃO forma, se o ato da Administração é capaz de causar
danos de modo geral, para toda a coletividade, não
A Constituição Federal, de 1988, adotou a teoria da se caracteriza dano indenizável. Por exemplo: não
responsabilidade objetiva, na variação de risco admi- é considerado dano indenizável o aumento da tari-
nistrativo, que admite algumas excludentes ao dever fa do transporte público, haja vista que todos as
de indenizar, conforme se depreende da leitura do § pessoas daquela cidade sofrerão com tal medida.
6º, art. 37, da CF, de 1988:
RESPONSABILIDADE POR AÇÃO E
Art. 37 [...] RESPONSABILIDADE POR OMISSÃO
§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direi-
to privado prestadoras de serviços públicos responde-
A responsabilidade por ação é aquela que se carac-
rão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade,
teriza pelo ato comissivo. O Estado pode causar danos
causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso
aos particulares tanto por ação ou por omissão. Quan-
contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
do o ato é comissivo, não há questionamento acerca
Observe que o texto constitucional imputa às pes- da culpa do Estado em sua conduta. Nesse caso, a
soas jurídicas de direito privado, como sociedades de responsabilidade objetiva do Estado se dará pela pre-
economia mista e empresas públicas, o dever de repa- sença dos seus pressupostos: o fato administrativo, o
rar na mesma modalidade que as pessoas da Adminis- dano e o nexo causal existente entre os dois.
tração Direta. A Lei nº 8.112, de 1990, que dispõe sobre Todavia, quando a conduta estatal for omissiva,
o regime dos servidores públicos, apresenta uma será preciso distinguir se a omissão constitui ou não
seção sobre responsabilidades dos agentes públicos, fato gerador da responsabilidade civil do Estado. Isso
colocando em destaque a responsabilidade objetiva. significa que nem toda conduta omissiva caracteriza-se
Temos no art. 112, da referida Lei: em um dever de indenizar, configurando-se na respon-
sabilização do ente estatal. Somente quando o Estado
Art. 112 A responsabilidade civil decorre de ato se omitir diante do dever legal de impedir a ocor-
omissivo ou comissivo, doloso ou culposo, que rência do dano é que será civilmente responsável.
resulte em prejuízo ao erário ou a terceiros. Ainda sobre a omissão, há uma discussão doutriná-
08
ria a respeito da responsabilidade omissiva ser objetiva
7-
O dever estatal de indenizar os particulares possui ou subjetiva. A primeira corrente, defendida por juris-
8
.5
dois fundamentos distintos: a legalidade e a igualdade. tas como Hely Lopes Meirelles, diz que se a Constitui-
46
Na hipótese de o Poder Público praticar um ato ilícito, ção Federal não distinguiu a responsabilidade por ação
.1
causador de danos patrimoniais para a coletividade, o e omissão, então não deve o intérprete fazê-lo também.
40
dever de indenizar advém do princípio da legalidade, Porém, a corrente majoritária, defendida por
-1
uma vez que a atuação do agente público deve ser feita juristas como Celso Antônio Bandeira de Mello, diz
sempre de acordo com a lei (secundum legem). que a responsabilidade civil por omissão é sempre
a
lv
Há casos, ainda, em que a Administração pratica subjetiva. Nesses casos, o Estado raramente é o autor
Si
atos lícitos, mas que também podem causar prejuízos do ato danoso. Por isso, só responderá se restar com-
os
especiais ao particular. Nessas hipóteses, o dever de provado que ele tinha o dever legal de agir para impe-
indenizar advém do princípio da isonomia, que pres-
nt
supõe a igual repartição dos encargos sociais. da conduta do Poder Público. Assim, o entendimento
mais correto é de que a responsabilidade civil do Esta-
s
elementos:
Fe
z nexo de casualidade entre o dano e o ato praticado. ZAÇÃO DE PROVA PERICIAL. CULPA DA EQUIPE
Ed
08
Responsabilidade Responsabilidade o Estado ser imputado responsável por atos pra-
7-
ticados por pessoas que não fazem parte de sua
8
Objetiva Subjetiva
.5
composição.
46
Atos omissivos
Atos comissivos (ação)
.1
(omissão) Dica
40
-1
Elementos: Curioso é o caso dos danos causados pelas
Elementos:
� Conduta omissiva enchentes, sobretudo em cidades onde o escoa-
a
� Conduta
lv
� Dano mento das águas é precário, como ocorre em
� Dano
Si
� Nexo causal
� Nexo causal algumas regiões da cidade de São Paulo. Como
os
� Culpa/Dolo
regra geral, o Estado não se responsabiliza por
nt
provimento à AC nº 0170440220058260602,
do
8
direito privado prestadoras de serviços públicos
0
suas atribuições. Sobre as entidades dotadas de per-
7-
responderão pelos danos que seus agentes, nessa sonalidade jurídica da administração pública, analise
8
qualidade, causarem a terceiros, assegurado o
.5
as afirmativas abaixo:
46
direito de regresso contra o responsável nos
casos de dolo ou culpa.
.1
I. Autarquia: Serviço autônomo, criado por lei, com per-
40
sonalidade jurídica, patrimônio e receita próprios, para
-1
executar atividades típicas da administração pública,
HORA DE PRATICAR!
a
que requeiram, para seu melhor funcionamento, ges-
lv
tão administrativa e financeira descentralizadas.
Si
277
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Eduardo Fernando dos Santos Silva - 140.146.587-08, vedada, por quaisquer meios e a
qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
a) Os cargos, empregos e funções públicas são acessí- 9. (EXATUS — 2016) Considerando a Lei n.º 8.112/1990,
veis somente aos brasileiros natos que preencham os que dispõe sobre o regime jurídico dos servidores
requisitos estabelecidos em lei e, em casos específi- públicos civis da União, das autarquias e das funda-
cos, aos brasileiros naturalizados. ções públicas federais, assinale a opção CORRETA:
b) O prazo de validade do concurso público será de até
um ano, prorrogável uma vez por igual período. a) A investidura em cargo público ocorrerá com a
c) A lei reservará percentual dos cargos e empregos readaptação.
públicos para a pessoa portadora de deficiência e defi- b) A nomeação para cargo de carreira ou cargo isolado
nirá os critérios de sua admissão. de provimento efetivo depende de prévia habilitação
d) Os vencimentos dos cargos do Poder Executivo não em concurso público de provas ou de provas e títulos,
poderão ser superiores aos pagos pelo Poder Legislativo. obedecidos a ordem de classificação e o prazo de sua
validade.
6. (EXATUS — 2013) A legislação prevê que nenhuma c) A nomeação não é uma forma de provimento de cargo
obra, serviço ou melhoramento, salvo nos casos de público.
extrema urgência, serão executados sem prévio orça- d) O servidor habilitado em concurso público em cargo
mento de seu custo. Sobre o tema serviços públicos, de provimento efetivo adquirirá imediatamente estabi-
assinale a alternativa que está de acordo com a legis- lidade no serviço público.
lação municipal de Ibiraçu:
10. (EXATUS — 2016) A passagem do servidor de um últi-
a) As tarifas dos serviços públicos deverão ser fixadas mo padrão de uma classe ou categoria para o primeiro
pelo Poder Legislativo, tendo-se em vista o menor pre- padrão da classe ou categoria que se encontra ime-
ço para o serviço público. diatamente superior a sua Carreira Funcional, median-
b) O Município só poderá retomar os serviços permiti- te avaliação de desempenho, observado o interstício
dos ou concedidos, após indenizar mesmo que não mínimo de dois anos de efetivo exercício no cargo em
tenham sido executados em conformidade com o ato relação à progressão imediatamente anterior é carac-
ou contrato. terizado como:
c) Os serviços permitidos ou concedidos ficarão sempre
sujeitos à regulamentação e à fiscalização do permis- a) Reversão.
sionário ou contratado, incumbindo, ao poder público, b) Reintegração.
0 8
sua permanente atualização e adequação às necessi- c) Aproveitamento.
7-
dades dos usuários. d) Promoção.
8
.5
d) A permissão de serviço público, a título precário será
46
outorgada por decreto do Prefeito, após edital de chama- 11. (EXATUS — 2016) De acordo ao disposto na Lei n.º
.1
mento de interessados para escolha do melhor pretenden- 8.112/90, a reintegração é:
40
te, sendo que a concessão só será feita com autorização
-1
legislativa, mediante contrato precedido de licitação. a) o retorno do servidor estável ao cargo anteriormente
a
ocupado depois de finda a pena de indisponibilidade.
lv
7. (EXATUS — 2017) Sobre o controle da Administração b) a reinvestidura do servidor estável no cargo anterior-
Si
Pública, analise as afirmativas abaixo como sendo mente ocupado, ou no cargo resultante de sua trans-
os
Verdadeiras (V) OU Falsas (F): formação, quando invalidada a sua demissão por
nt
( ) Através do controle administrativo a Administração âmbito do mesmo quadro, com ou sem mudança de sede.
Fe
punir seus agentes com as penalidades estatutárias. A 12. (EXATUS — 2016) Nos termos da Lei nº 8.112/90,
rd
278
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9 GABARITO
1 A
2 B
3 C
4 A
5 C
6 D
7 B
8 C
9 B
10 D
11 B
12 B
ANOTAÇÕES
08
87-
.5
46
.1
40
-1
a
lv
Si
os
nt
Sa
s
do
do
an
rn
Fe
279
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ANOTAÇÕES
08
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o
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ua
Ed
280
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Dica
Súmula n° 707 do STF: “Constitui nulidade a
falta de intimação do denunciado para oferecer
8
vos à execução da pena)
0
pio da dignidade da pessoa humana inspirou várias
7-
regras protetivas de direitos do preso (direito a saúde,
8
.5
trabalho, estudo). z Publicidade: acesso de todos os cidadãos ao pro-
46
A Constituição Federal, de 1988, se preocupou com cesso, com vistas à transparência da atividade
.1
as garantias processuais penais em diversos dispo- jurisdicional, oportunizando a fiscalização de toda
40
sitivos, instituindo um amplo rol de princípios cons- a sociedade.
-1
titucionais protetivos do processo penal, como, por a
exemplo, a presunção de inocência, que é um princípio Art. 5º[...]
lv
basilar extraído diretamente do texto constitucional. IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judi-
Si
O Código de Processo Penal, inspirado nas garantias ciário serão públicos, e fundamentadas todas as
os
constitucionais, forma um complexo de regras e prin- decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limi-
nt
cípios que conduzem a marcha processual. tar a presença, em determinados atos, às próprias
Sa
Entenda os princípios processuais mais importantes: partes e a seus advogados, ou somente a estes, em
s
z Presunção de Inocência: consiste no direito de dade do interessado no sigilo não prejudique o inte-
do
não ser declarado culpado, senão após o devido resse público à informação;
an
sição de uma sentença condenatória, é necessário penal, é impossível atingir a verdade absoluta. O
o
08
IX - todos os julgamentos dos ção probatória do órgão de acusação. Ademais, passa
7-
a prever a figura do juiz das garantias, que fica res-
8
órgãos do Poder Judiciário serão
.5
públicos, e fundamentadas todas ponsável pelo controle da investigação criminal e pela
46
as decisões, sob pena de nulidade, proteção dos direitos fundamentais.
.1
podendo a lei limitar a presença, Vale lembrar que no sistema acusatório, a figura
40
PRINCÍPIO DA em determinados atos, às pró- de acusação e a de julgamento são completamente dis-
-1
PUBLICIDADE prias partes e a seus advogados, tintas e separadas. Assim, o Art. 3º-A trouxe a seguinte
ou somente a estes, em casos nos
a
redação:
lv
quais a preservação do direito à
Si
à informação
tigação e a substituição da atuação probatória do
Sa
LXIII - o preso será informado A partir da nova lei, o juiz das garantias foi coloca-
Fe
PRINCÍPIO DO de seus direitos, entre os quais o do como o responsável pelo controle da legalidade da
o
NEMO TENETUR SE de permanecer calado, sendo-lhe investigação criminal e pela salvaguarda dos direitos
rd
lia e de advogado
Ed
8
tes, mas sim a figura do Delegado de Polícia (auto-
0
É de lá que se origina o termo inquérito, que vem da ridade policial), que é o responsável por apurar os
7-
expressão em latim in + quaerere e quer dizer buscar
8
fatos que constituam infrações penais, bem como sua
.5
alguma coisa em uma determinada direção, procu- autoria (o indicado não é parte, mas objeto da inves-
46
rar, perguntar.
tigação); além disso, no inquérito não há aplicação de
.1
Muito embora tenham existido outras normas
qualquer tipo de sanção.
40
anteriores que estabeleceram procedimentos destina-
-1
dos a apurar a autoria e a materialidade de um crime,
Finalidade e Destinatário
no Brasil, o primeiro diploma legal a trazer expressa-
a
lv
mente o termo e a definição de inquérito policial, com
Si
setembro de 1871:
convicção do titular da ação penal.
Sa
Art. 42 (Decreto nº 4.824, de 1871) O inquérito A convicção do titular da ação penal de que hou-
s
de suas circunstancias e dos seus autores e cômpli- O destinatário do inquérito policial é o Ministé-
an
ces; e deve ser reduzido a instrumento escrito [...]. rio Público, que é titular da ação penal pública, ou o
rn
rialidade das infrações penais, sendo realizado pela Como regra, não são produzidas provas durante
Polícia Judiciária, sob a presidência do Delegado de o inquérito policial, mas sim são colhidos elementos
Polícia (de acordo com o § 4º, art. 144, da Constituição de informação. Para que se configure em prova, o ele-
Federal). mento deve ser colhido observando-se o contraditó-
rio e a ampla defesa, o que não ocorre no inquérito.
Conceito de Inquérito Policial Assim sendo, o valor probatório do inquérito é rela-
tivo, isto é, deve ser confirmado por outros elementos
Inquérito policial pode ser definido como um colhidos no curso da ação penal.
procedimento administrativo, conduzido pelo
Delegado de Polícia, que objetiva a apuração da Dica
materialidade e autoria de uma infração penal,
visando a que o titular da ação penal (Ministério Eventuais nulidades ocorridas durante a investi-
Público ou ofendido) possa ingressar em juízo. gação não contaminam a ação penal.1
Além de identificar a autoria e materialidade, o
inquérito policial presta-se, também, a identificar as
1 (STJ - AgRg no HC 235840/SP). 283
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Excepcionalmente, ocorre a produção de provas discricionariedade reflete a liberdade da autoridade
durante o inquérito policial, como no caso da pro- em realizar as diligências necessárias de acordo com
dução de provas urgentes (provas, por exemplo, que cada caso concreto.
podem vir a se perder se não forem produzidas); no A discricionariedade do Inquérito Policial não se
entanto, durante o processo, as partes podem se mani- confunde com arbitrariedade. A discricionariedade
festar sobre essas provas (é o que se denomina contra- diz respeito à liberdade de atuação da autoridade
ditório diferido). policial nos limites estabelecidos em lei. Quando a
autoridade policial ultrapassa tais limites, ela passa a
CARACTERÍSTICAS DO INQUÉRITO POLICIAL atuar de forma arbitrária (contrária à lei).
Escrito Oficioso
Todos os atos que forem produzidos durante o Ao tomar conhecimento de notícia de crime de
inquérito policial devem ser escritos ou, quando ação penal pública incondicionada, a autoridade poli-
forem realizados de forma oral, reduzidos a termo. cial é sempre obrigada a agir de ofício.
Tal previsão encontra-se no art. 9º, do CPP, que será
estudado mais adiante. Sigiloso
08
7-
Súmula Vinculante nº 14 É direito do defensor,
8
Indisponível no interesse do representado, ter acesso amplo
.5
46
aos elementos de prova que, já documenta-
De acordo com o art. 17, do CPP, uma vez instaura- dos em procedimento investigatório realizado por
.1
do o inquérito policial, a autoridade policial não pode-
40
órgão com competência de polícia judiciária, digam
rá mais arquivá-lo. respeito ao exercício do direito de defesa.
-1
a
Dispensável Assim, não poderá ser negado ao defensor do
lv
Si
cionado, o IP possui um caráter meramente informa- aos autos não abrange aquelas diligências investiga-
nt
tivo e busca reunir informações a respeito do crime. tórias que ainda estão em andamento, tendo em vista
Sa
Deste modo, quando o titular da ação já possui os ele- que o acesso por parte do defensor pode gerar pre-
s
mento necessários para o oferecimento da ação penal, juízos à investigação. Por exemplo, caso o advogado
do
o inquérito será dispensável. Quanto a este tema, dis- tivesse acesso à interceptação telefônica de seu cliente
do
põe o § 5º, do art. 39, do Código de Processo Penal: que ainda está em curso, poderia instruí-lo a não falar
an
Art. 39 […]
Fe
penal, e, neste caso, oferecerá a denúncia no prazo Utilize o mnemônico É ID²OSO para se lembrar
ua
Escrito
Existe uma pequena parcela da doutrina que defen- Inquisitorial (inquisitivo)
de ser o inquérito policial indispensável; no entanto, Indisponível
para fins de prova, adote a posição da dispensabilidade. Dispensável
Discricionário
Discricionário Oficioso
Sigiloso
A autoridade policial pode conduzir e determinar Oficial
o rumo das diligências da maneira que entender ser
mais adequada. Trata-se da inexistência de um padrão POLÍCIA JUDICIÁRIA E TITULARIDADE DO
(formalidade) a seguir. INQUÉRITO POLICIAL
É importante destacar que a discricionariedade
não está relacionada à instauração ou não do inquéri- Art. 4º (CPP) A polícia judiciária será exercida
to policial, mas sim está ligada à condução das inves- pelas autoridades policiais no território de suas
tigações. Deste modo, caso haja elementos suficientes respectivas circunscrições e terá por fim a apura-
284 para a instauração do IP, este deve ser instaurado. A ção das infrações penais e da sua autoria.
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Parágrafo único. A competência definida neste arti- b) a individualização do indiciado ou seus sinais
go não excluirá a de autoridades administrativas, a característicos e as razões de convicção ou de pre-
quem por lei seja cometida a mesma função. sunção de ser ele o autor da infração, ou os motivos
de impossibilidade de o fazer;
O inquérito policial é realizado pela polícia judi- c) a nomeação das testemunhas, com indicação de
ciária (Polícia Civil ou Polícia Federal). A instauração sua profissão e residência.
e a presidência do IP ficam a cargo da autorida- § 2º Do despacho que indeferir o requerimento de
de policial (delegado da Polícia Civil ou da Polícia abertura de inquérito caberá recurso para o chefe
Federal). de Polícia.
Nesse sentido, assim dispõe o § 1º, art. 2º, da Lei nº § 3º Qualquer pessoa do povo que tiver conheci-
12.830, de 2013: mento da existência de infração penal em que caiba
ação pública poderá, verbalmente ou por escrito,
comunicá-la à autoridade policial, e esta, verifi-
Art. 2º (Lei nº 12.830, de 2013) [...]
cada a procedência das informações, mandará ins-
§ 1º Ao delegado de polícia, na qualidade de auto-
taurar inquérito.
ridade policial, cabe a condução da investigação
§ 4º O inquérito, nos crimes em que a ação pública
criminal por meio de inquérito policial ou outro
depender de representação, não poderá sem ela ser
procedimento previsto em lei, que tem como objeti-
iniciado.
vo a apuração das circunstâncias, da materiali-
§ 5º Nos crimes de ação privada, a autorida-
dade e da autoria das infrações penais.
de policial somente poderá proceder a inquérito
a requerimento de quem tenha qualidade para
Do art. 4º, do CPP, é possível identificar a caracte-
intentá-la.
rística do inquérito de ser oficial (oficialidade), uma
vez que se encontra sob o encargo de autoridades
Como visto, o art. 5º, do CPP, estabelece cinco for-
públicas (delegado de polícia).
mas pelas quais pode se instaurar um IP. O fluxogra-
O cargo de delegado (Civil ou Federal) é de carreira
ma a seguir sistematiza as informações trazidas pelo
(concursado) e é auxiliado em suas funções por inves-
artigo:
tigadores de polícia, escrivães e agentes policiais,
entre outros.
O fundamento constitucional do exercício das fun- Ofício
8
ções de polícia judiciária pela Polícia Federal encon-
0
Autoridade
7-
tra-se no § 1º, art. 144, da CF; por sua vez, a previsão judiciária
8
do exercício pelas Polícias Civis dos estados e do Dis-
.5
Requisição
46
trito Federal encontra-se no § 4º, art. 144, da CF. De INSTAURAÇÃO Ministério
acordo com tais dispositivos, cabe aos órgãos da Polí- DO INQUÉRITO
.1
Público
40
cia Federal e da Polícia Civil realizar as investigações POLICIAL
-1
necessárias, colhendo provas e formando o inquérito
Ministério
policial, que servirá de base para futura ação penal. Requerimento
a
Público
lv
O parágrafo único, do art. 4º, do CPP, deixa claro
Si
Flagrante
Sa
Instauração de Ofício
FORMAS DE INSTAURAÇÃO DO INQUÉRITO
do
As formas de instauração (início) do inquérito poli- alguém tenha feito um pedido expresso. Sempre que
cial dependem da natureza da ação penal correspon- a autoridade policial tomar conhecimento da ocorrên-
dente ao crime que se apura.
o
Vale lembrar que, de acordo com o art. 100, do Códi- de atuação, deve obrigatoriamente instaurar inqué-
ua
go Penal, ação pública é aquela cuja iniciativa cabe ao rito policial, mediante a produção de um documento
Ed
MP. A ação pública subdivide-se em incondicionada denominado portaria (é usual que se utilize a expres-
(que não exige manifestação da vítima solicitando, de são “baixar portaria”).
forma expressa, a atuação do Estado) e condicionada A informação (chamada de notitia criminis) pode
(que exige a manifestação do ofendido no sentido de chegar ao conhecimento do delegado de polícia, por
querer ver o fato apurado). Como regra, quando a lei exemplo, mediante a lavratura de um boletim de
nada fala em contrário, a ação é pública. ocorrência na delegacia, por uma matéria publica-
da na imprensa ou, ainda, por meio de fatos trazidos
Art. 5º Nos crimes de ação pública o inquérito
por outros policiais ou pessoas do povo. Veja que,
policial será iniciado:
conforme dispõe o § 3º, art. 5º, do CPP, qualquer pes-
I - de ofício;
II - mediante requisição da autoridade judiciá-
soa — não necessariamente a vítima — pode levar ao
ria ou do Ministério Público, ou a requerimen- conhecimento do delegado a ocorrência de um fato
to do ofendido ou de quem tiver qualidade para que consiste em infração penal (é o que se chama de
representá-lo. delatio criminis).
§ 1º O requerimento a que se refere o no II conterá Notitia criminis é o nome que se dá ao conheci-
sempre que possível: mento pela autoridade policial de um fato criminoso.
a) a narração do fato, com todas as circunstâncias; A notitia crimininis de cognição imediata, direta ou 285
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espontânea é aquela em que a autoridade toma conhe- Dica
cimento do fato por meio de suas atividades rotinei-
ras (como, por exemplo, por informações trazidas por Nem o juiz nem o representante do Ministério
outros policiais ou pela imprensa). Já a notitia criminis Público são superiores hierárquicos do dele-
de cognição mediata, indireta ou provocada é que se gado; por tal motivo, não podem dar ordens à
dá de forma indireta (como quando há requerimento autoridade policial. Nesse sentido, ao requisitar
do ofendido). Por sua vez, a notitia criminis de cog- a instauração do IP, o MP ou o juiz estão apenas
nição obrigatória ou compulsória ocorre quando o fazendo com que o delegado cumpra a lei.
delegado toma conhecimento sobre o crime no caso
da prisão em flagrante delito. Por fim, a delatio cri- Requerimento do Ofendido (2ª Parte, Inciso II, Art.
minis é uma espécie de notitia criminis que ocorre 5º, do CPP)
quando a comunicação do crime se dá por terceiro (e
não pela vítima). A denúncia anônima, que pode dar Muito embora, como prevê o § 3º, art. 5º, qualquer
origem às investigações, mas que não autoriza por si pessoa possa levar ao conhecimento do delegado a
só a instauração do IP, é chamada de notitia criminis
ocorrência de um crime (normalmente por meio da
inqualificável ou apócrifa.
lavratura de um boletim de ocorrência), o legislador
Para facilitar a compreensão das espécies de noti-
optou por possibilitar que a vítima possa solicitar for-
tia criminis, veja o esquema a seguir:
malmente à autoridade policial o início do inquérito.
De acordo com o § 1º, art. 5º, do CPP, o requeri-
Autoridade toma
conhecimento do fato por mento do ofendido deve conter a indicação detalhada
Imediata ou
direta meio de suas atividades da ocorrência e do objeto da investigação (não cabe
rotineiras uma petição genérica, simplesmente requerendo a
instauração de inquérito). Muito embora o § 1º faça
É provocada referência somente ao requerimento do ofendido,
NOTITIA Mediata ou Autoridade toma que não pode ser genérico, o entendimento é que se
CRIMINIS indireta conhecimento de forma
aplica tal regra também à requisição feita pelo juiz ou
indireta (requerimento)
promotor.
08
A autoridade policial pode indeferir o reque-
7-
Casos em que autoridade
8
Coercitiva ou rimento, conforme determina o § 3º, art. 5º, do CPP.
.5
toma conhecimento por Neste caso, o ofendido pode recorrer ao chefe de polí-
obrigatória
46
meio do APF
cia (parte da doutrina entende ser o Delegado-Geral;
.1
40
outro entendem ser o Secretário de Segurança Públi-
-1
Vale mencionar que o STF, ao analisar o Inqué- ca). Caso o recurso seja deferido, o IP é instaurado sem
rito 1.957/PR, decidiu que a autoridade policial não a necessidade de a autoridade baixar portaria.
a
lv
pode instaurar um IP de imediato quando a notícia
Si
que pode dar início ao inquérito. em crimes de ação privada (§ 5º, art. 5º, do CP).
do
an
Requisição do
Crimes de ação Ministério Público
penal pública
incondicionada Requerimento da
vítima
FORMAS DE APF
INSTAURAÇÃO
DO INQUÉRITO
POLICIAL
Necessário o
Crimes de ação
requerimento da
privada
vítima
DILIGÊNCIAS
Assim que a notitia criminis chegar ao conhecimento da autoridade policial, o delegado deve observar o que
determinam os arts. 6º e 7º, do CPP. A seguir, analisaremos esses dispositivos.
08
Art. 6º Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial deverá:
87-
I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação das coisas, até a chegada
.5
dos peritos criminais;
46
.1
O inciso I, art. 6º, cuida da preservação do local de crime, que visa impedir que se altere o local dos fatos que
40
possam prejudicar a realização da perícia.
-1
a
Dica
lv
Si
A modificação dolosa de local de crime, com a finalidade de induzir a erro o juiz ou perito, configura o delito
os
de fraude processual, previsto no art. 347, do CP. Por sua vez, o art. 312, do Código de Trânsito Brasileiro,
nt
define como crime a conduta de inovar artificiosamente, em caso de acidente automobilístico com vítima, na
Sa
pendência do respectivo procedimento policial ou processo penal, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa,
s
Art. 6° [...]
an
II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos criminais;
rn
Os objetos relacionados ao fato podem ser os mais variados, de armas de fogo até objetos de uso comum, mas
que podem contribuir para a busca da verdade sobre os fatos. Veja que tais objetos destinam-se, em primeiro
o
lugar, à análise por parte dos peritos e, somente após liberados por estes, passam para a guarda da autoridade
rd
policial. Posteriormente, os objetos que puderem ser restituídos são devolvidos aos legítimos proprietários, exce-
ua
to se consistirem em coisas cujo uso, fabrico, alienação, porte ou detenção são proibidos, conforme estabelece a
Ed
Art. 6° [...]
III - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias;
O inciso III traz uma permissão genérica para que a autoridade policial colha (produza) qualquer tipo de prova
que entenda necessária para a investigação, ainda que tal não esteja expressamente prevista nos demais incisos
do art. 6º, como, por exemplo, a oitiva de testemunhas e a representação ao juiz para decretação de quebra de
sigilo telefônico.
Art. 6° [...]
IV - ouvir o ofendido;
Ouvir a vítima do delito é uma das mais importantes providências a serem tomadas pela autoridade policial,
uma vez que o ofendido pode fornecer dados essenciais para a descoberta da autoria e para a convicção sobre a
materialidade. 287
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qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Art. 6° [...] ação, conforme determina a alínea “b”, inciso III, do
V - ouvir o indiciado, com observância, no que for art. 564, do CPP).
aplicável, do disposto no Capítulo III do Título Vll, São algumas perícias que devem ser realizadas,
deste Livro, devendo o respectivo termo ser assina- dentre outras: exame químico-toxicológico nos cri-
do por duas testemunhas que Ihe tenham ouvido mes de tráfico ou porte de droga; exame da arma de
a leitura;
fogo nos crimes previstos no Estatuto do Desarma-
mento; exame no documento para apurar a falsidade
O inciso V cuida do interrogatório do indiciado, documental.
que é a pessoa a quem se aponta, na fase do inquéri-
to, como autor da infração penal (indiciar é verificar Art. 6° [...]
que existe a probabilidade do até então suspeito ser o VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo
agente). processo datiloscópico, se possível, e fazer juntar
O § 6º, art. 2º, da Lei nº 12.830, de 2013, exige que aos autos sua folha de antecedentes;
a autoridade policial, ao indiciar o suspeito, aponte
nos autos do IP os motivos que levaram a proceder Apesar de o inciso VIII, art. 6º, mencionar apenas
ao indiciamento, bem como justifique a classificação o processo datiloscópico, a identificação criminal con-
feita em determinado tipo penal. siste na coleta de dados físicos (fotografia, impressão
Ao interrogatório do indiciado aplicam-se as datiloscópica e material genético) com a finalidade de
regras do interrogatório judicial, previstas nos arts.
individualizar o indiciado.
185 a 196, do CPP, com as devidas adaptações (uma
Atualmente, a Lei nº 12.037, de 2009, dispõe sobre
vez que o indiciado ainda não é réu. Nesse sentido,
o assunto e regulamenta a regra constitucional previs-
não é necessária a presença do defensor no inter-
ta no inciso LVIII, art. 5º, de que a pessoa civilmente
rogatório feito na delegacia, assim como o advogado
identificada não será submetida à identificação crimi-
não tem direito de interferir no interrogatório a
nal, salvo nas hipóteses previstas em lei.
fim de fazer perguntas. No entanto, o delegado não
pode proibir o advogado de acompanhar o interroga-
tório. Vale lembrar que o inciso LXIII, art. 5º, da CF, Dica
assegura ao indiciado o direito de permanecer calado Folha de antecedentes (FA) é o documento no
durante o interrogatório.
8
qual consta a vida pregressa criminal de todas
0
Voltando ao art. 6º, do CP, o inciso V cuida, ainda,
7-
as pessoas que já possuem identificação civil.
da chamadas testemunhas instrumentárias. A auto-
8
Nessa ficha, constam, por exemplo, os indicia-
.5
ridade policial deve assegurar que o termo de inter-
46
rogatório seja assinado por duas testemunhas que mentos e as ações penais às quais o indivíduo
.1
presenciaram a leitura da peça para o indiciado. respondeu.
40
-1
Art. 6° [...] Art. 6° [...]
IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob
a
VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coi-
lv
sas e a acareações; o ponto de vista individual, familiar e social, sua
Si
O reconhecimento de pessoa busca indicar o antes e depois do crime e durante ele, e quaisquer
nt
autor do crime e é realizado pela vítima e pelas tes- outros elementos que contribuírem para a aprecia-
Sa
é o que consta nos arts. 226 a 228, do CPP. O indiciado Conforme visto acima, a FA traz informações sobre
a vida pregressa criminal do indivíduo (indiciamento
do
si mesmo não se aplica a atos passivos, como é o caso IX cuida da vida pregressa e diz respeito aos dados
rn
do reconhecimento, mas somente a procedimentos relevantes sobre o passado da pessoa em seu contexto
Fe
ativos ou invasivos (como o fornecimento de material individual, familiar, social e econômico. Além disso,
o
grafotécnico e de amostra de sangue). cuida de colher seu estado de espírito antes, duran-
rd
O reconhecimento de objetos, por sua vez, recai te e depois da prática criminosa e também de outros
ua
sobre os instrumentos utilizados do crime (uma arma elementos que possibilitem traçar a personalidade do
Ed
O art. 7º trata da reconstituição do crime, que consiste em uma simulação dos fatos, muito comum principal-
mente em homicídios.
Não é permitida a reconstituição que contrariar a moral e a ordem pública, como, por exemplo, a reprodução de
crimes sexuais utilizando a vítima e o indiciado.
Além das atividades que constam nos arts. 6º e 7º, do CPP, a autoridade policial tem outras funções durante o
IP, que se encontram elencadas no art. 13, do CPP, que será estudado mais adiante.
Art. 8º Havendo prisão em flagrante, será observado o disposto no Capítulo II do Título IX deste Livro.
No caso da lavratura de auto de prisão em flagrante, devem ser seguidas as disposições constantes nos arts.
301 e seguintes, do CPP.
Art. 9º Todas as peças do inquérito policial serão, num só processado, reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste
caso, rubricadas pela autoridade.
O IP é um procedimento formal, que exige peças escritas e datilografadas, rubricadas pelo delegado de polícia.
O art. 9º expressa a característica de ser o inquérito escrito.
PRAZO DO INQUÉRITO
Art. 10 O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver sido preso em flagrante, ou estiver
8
preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em que se executar a ordem de prisão, ou no
0
7-
prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante fiança ou sem ela.
8
.5
46
O art. 10, do CPP, estabelece prazo para a conclusão do inquérito. A regra geral é que o prazo de conclusão é
.1
de 10 dias, caso o indivíduo esteja preso, e de 30 dias, se estiver solto (para fins de memorização, utilize o famoso
40
10:30).
-1
A Lei nº 13.964, de 2019, denominada Lei Anticrime, trouxe a possibilidade de o juiz das garantias prorrogar
o prazo de conclusão no caso do inquérito com investigado preso por 15 dias, uma única vez. Para tanto, o dele-
a
lv
gado deve representar ao juiz e o MP deve ser ouvido:
Si
os
§ 2º Se o investigado estiver preso, o juiz das garantias poderá, mediante representação da autoridade policial e
Sa
ouvido o Ministério Público, prorrogar, uma única vez, a duração do inquérito por até 15 (quinze) dias, após o que,
se ainda assim a investigação não for concluída, a prisão será imediatamente relaxada.
s
do
Em que pese haver a previsão de prorrogação do prazo do inquérito, esse artigo está suspenso por prazo inde-
do
Deste modo, a regra prevista no CPP é que o prazo do inquérito policial é de 10 dias (preso) e 30 dias (solto),
rn
com possibilidade de prorrogação de 15 dias (preso) por uma única vez (lembre-se: esta possibilidade está suspen-
PRESO SOLTO
Ed
8
competência jurisdicional estabelecidos nos arts. 69 e o arbitramento de fiança nos crimes cuja pena comi-
0
7-
seguintes, do CPP. nada não seja superior a 4 anos, de acordo com o art.
8
O § 2º, art. 10, do CPP, menciona a hipótese de indi- 322, do CPP, e a representação para instauração de
.5
cação de testemunhas não inquiridas, o que deve ser incidente de insanidade mental, conforme prevê o §
46
excepcional, cabível somente no caso de investigado 1º, art. 149, entre outras atividades.
.1
preso cujo prazo para terminar o inquérito é de 10
40
dias. No caso de investigado solto, o delegado pode PODER DE REQUISIÇÃO DE DADOS E
-1
pedir a dilação do prazo do IP, prevista no § 3º. INFORMAÇÕES CADASTRAIS PELO MINISTÉRIO
a
PÚBLICO E AUTORIDADE POLICIAL
lv
Si
Art. 11 Os instrumentos do crime, bem como os 149-A, no § 3º do art. 158 e no art. 159 do Decreto-Lei
nt
objetos que interessarem à prova, acompanha- no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal),
Sa
8
de polícia tinham que pedir ao juiz) da solicitação de com ausência de nomeação de defensor pelo inves-
0
7-
dados cadastrais para fins de investigação. Os dados e tigado, a autoridade responsável pela investigação
8
informações devem ser meramente cadastrais, como deverá intimar a instituição a que estava vincula-
.5
do o investigado à época da ocorrência dos fatos,
46
nome e endereço de um correntista de banco ou clien-
para que essa, no prazo de 48 (quarenta e oito)
.1
te de uma operadora de telefonia: nunca poderá ser
horas, indique defensor para a representação do
40
solicitada diretamente por eles a quebra de sigilo ban-
investigado.
-1
cário ou telefônico (estas, sim, somente o juiz pode
§ 3º Havendo necessidade de indicação de defen-
determinar). O prazo para cumprimento da requisi-
a
sor nos termos do § 2º deste artigo, a defesa cabe-
lv
ção é curto: 24 horas (parágrafo único, art. 11, da Lei rá preferencialmente à Defensoria Pública, e, nos
Si
Por sua vez, o art. 13-B passou a tratar do que se Unidade da Federação correspondente à respectiva
nt
de Rádio Base. De acordo com o que dispõe o art. 13-B, deverá disponibilizar profissional para acompanha-
o membro do MP ou o delegado de polícia podem mento e realização de todos os atos relacionados à
s
do
diatamente os meios técnicos que possam permitir 3º deste artigo deverá ser precedida de manifestação
an
a localização da vítima ou dos suspeitos de crime de de que não existe defensor público lotado na área
rn
tráfico de pessoas. Dentre esses meios, um de grande territorial onde tramita o inquérito e com atribuição
eficácia é o que utiliza as informações das Estações de para nele atuar, hipótese em que poderá ser indicado
profissional que não integre os quadros próprios da
o
Administração.
que fazem a conexão entre os telefones celulares e a
ua
08
Importante!
7-
O curador é a pessoa que, tanto no interrogatório
8
prestado na fase policial, quanto no interrogatório em De acordo com o art. 18, do CPP, e com o teor
.5
juízo, tem a função de proteger ou orientar o menor
46
da Súmula n° 524, do STF, somente é possível
de 21 anos, suprindo-lhe a imaturidade. No entan-
.1
o desarquivamento do IP pelo surgimento de
40
to, após a redução da maioridade civil de 21 para 18 provas novas quando o fundamento do arquiva-
-1
anos, trazida pelo Código Civil de 2002, não se deve mento foi a insuficiência de provas (indícios de
mais considerar que a pessoa menor de 21 necessite autoria e prova do crime). Assim sendo, inquéri-
a
lv
de curador, uma vez que alguém que atingiu a maiori- tos arquivados por atipicidade (não constituir o
Si
dade aos 18 anos é plenamente capaz de exercer qual- fato um crime), excludente de ilicitude, excluden-
os
Vale sempre lembrar que os menores de 18 não não podem ser desarquivados.
Sa
sua inimputabilidade penal. Por fim, vale mencionar que, em relação ao arqui-
do
Muito embora não tenha mais aplicação, é interes- vamento fundamentado em excludente da ilicitude,
do
sante mencionar que não é qualquer pessoa que pode- existe certa polêmica tendo em vista alguns julgados
an
ria ser nomeada como curador: a pessoa deveria ser do próprio STF (por exemplo, o HC 87395). Para o STJ,
rn
maior de 21 anos, em pleno gozo da capacidade civil, o desarquivamento somente é possível no caso de
Fe
alfabetizada e não poderia ser subordinada adminis- insuficiência de provas. Para fins de concurso, vale o
trativamente ao juiz, promotor ou delegado. entendimento da Súmula n° 524, do STF.
o
rd
ua
PRIVADA
POLICIAL
Art. 16 O Ministério Público não poderá requerer a Art. 19 Nos crimes em que não couber ação públi-
devolução do inquérito à autoridade policial, senão ca, os autos do inquérito serão remetidos ao juízo
competente, onde aguardarão a iniciativa do ofen-
para novas diligências, imprescindíveis ao ofereci-
dido ou de seu representante legal, ou serão entre-
mento da denúncia.
gues ao requerente, se o pedir, mediante traslado.
O art. 16 cuida de situação em que o promotor, ao
O art. 19, do CPP, indica que, uma vez concluído o
receber o IP devidamente concluído e relatado, por
inquérito que apurou crime que se procede mediante
entender que falta alguma diligência fundamental
ação penal privada, este deve ser remetido ao juízo
para a formação de sua convicção, requer ao juiz que competente, aguardando em cartório o ajuizamento
os autos retornem à autoridade policial para que esta da queixa-crime por parte do ofendido, ou, caso este
dê continuidade às investigações. Fora de tal hipótese, deseje melhor analisar os autos, poderá levar consi-
o MP não pode requerer a devolução do IP ao delegado. go (o que se denomina “fazer carga”) o IP, devendo
ficar cópia integral no cartório (a cópia é chamada
292 traslado).
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Eduardo Fernando dos Santos Silva - 140.146.587-08, vedada, por quaisquer meios e a
qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
SIGILO DO INQUÉRITO Circunscrição policial é a divisão territorial que
existe em determinadas cidades e no DF na qual o
Art. 20 A autoridade assegurará no inquérito o delegado de polícia exerce suas funções (equivale à
sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido competência do juiz).
pelo interesse da sociedade. O art. 22 autoriza que um delegado que preside
Parágrafo único. Nos atestados de antecedentes um IP ou seus policiais subordinados ingressem na
que lhe forem solicitados, a autoridade policial não circunscrição de outra autoridade policial para efe-
poderá mencionar quaisquer anotações referentes tuar diligências, sem que haja necessidade de expedir
a instauração de inquérito contra os requerentes. ofícios ou requisições para a realização do ato.
08
7-
INCOMUNICABILIDADE DO INDICIADO
8
.5
Art. 21 A incomunicabilidade do indiciado depen- AÇÃO PENAL
46
derá sempre de despacho nos autos e somente será
.1
permitida quando o interesse da sociedade ou a HISTÓRICO
40
conveniência da investigação o exigir.
-1
Parágrafo único. A incomunicabilidade, que não Na Roma Antiga havia apenas duas infrações que
a
excederá de três dias, será decretada por despacho instigavam a perseguição pública (criminal): perduel-
lv
fundamentado do Juiz, a requerimento da autorida- lio (traição e atentado contra a segurança do Estado)
Si
de policial, ou do órgão do Ministério Público, res- e parricidium (morte do pater familis, chefe do núcleo
os
assumia a vingança.
do
A doutrina e a jurisprudência definem a ação O titular da ação penal pública é o Ministério Públi-
penal como direito de exigir do Estado a aplicação do co, todavia, a ação penal pode ser privada, tendo por
direito penal (lei penal) em face do indivíduo envolvi- sujeito ativo o ofendido ou o seu representante legal.
do em fato tipificado como infração penal (crime ou Ademais, mesmo a ação penal de titularidade do MP
contravenção penal). (pública), divide-se em:
8
FINALIDADE AÇÃO PENAL PÚBLICA AÇÃO PENAL PÚBLICA
0
7-
INCONDICIONADA CONDICIONADA
8
A finalidade da ação penal é a pacificação social,
.5
uma vez que, não cabe em um Estado democrático de Atuação do Ministério
46
Direito a justiça pelas próprias mãos. A Constituição Público condicionada a
.1
Federal assegura o devido processo legal, respeitado Atuação apenas do representação da vítima/
40
o contraditório e ampla defesa para punir alguém, Ministério Público representante legal ou
-1
ainda mais quando se trata em possível restrição da a requisição do Ministro da
liberdade. Justiça
lv
Si
tutelado.
do
Art. 5º [...]
z interesse processual;
an
08
7-
AÇÃO PENAL PÚBLICA AÇÃO PENAL PRIVADA
8
.5
46
De acordo com o I, art. 129, da Constituição Fede- A legitimidade para a propositura da ação penal
.1
ral, é função do Ministério Público promover a ação privada pertence ao ofendido ou a quem legalmente o
40
penal pública. Consiste em uma função privativa. A represente. Ex.: Se o ofendido for menor de 18 anos ou
-1
ação penal é iniciada por denúncia ajuizada pelo MP. mentalmente enfermo.
A ação penal será privada nos casos expressa-
a
A ação penal pública pode ser:
lv
mente indicados pela lei. Quando a lei se cala sobre
Si
z Incondicionada: exige apenas atuação do MP; a espécie de ação a ser utilizada é caso de ação penal
os
tra brasileiro fora do território nacional, crimes Os princípios da ação penal privada são:
do
De acordo com o STF, a representação independe z Disponibilidade: o ofendido pode desistir da ação
de forma especial. Ex.: É suficiente a demonstração penal, bem como de eventual recurso;
o
8
almejados.
0
7-
Todavia, existem irregularidades/defeitos sem
z Mutatio Libeli
8
consequência, isto é, apesar de o ato processual não
.5
ter sido praticado em fiel observância do modelo
46
Se depois da instrução, o juiz percebe mudança nos legal, esta irregularidade não tem o condão de acar-
.1
fatos da peça acusatória, o Ministério Público deverá
40
retar qualquer consequência. Outras irregularidades/
aditar a denúncia ou queixa, no prazo de 5 (cinco) dias. defeitos acarretam tão somente sanções extraproces-
-1
Se o MP se recusa, o órgão do MP encaminhará os suais, ex.: multa. Mas também existem irregularida-
a
autos para a instância de revisão ministerial para fins
lv
des/defeitos que podem acarretar a invalidação do ato
de homologação.
Si
Havendo aditamento, cada parte poderá arrolar até xistência jurídica: a violação ao devido processo
3 (três) testemunhas, no prazo de 5 (cinco) dias, ficando
an
O juiz pode fazer de ofício e cabe na 2ª instância. como inexistente, haja visto a gravidade do pre-
rd
8
dubio contra reum. Diante da hierarquia constitucio-
0
a avaliação judicial
7-
nal do princípio da presunção de inocência, forçoso
8
é concluir que nenhuma lei poderá, então, inverter
.5
O ônus da prova funciona como uma regra de o ônus da prova com relação à condenação penal,
46
julgamento a ser aplicada pelo juiz quando perma- sob pena de ser considerada inconstitucional.
.1
40
necer em dúvida no momento do julgamento. Em A intervenção do juiz das garantias na fase inves-
outras palavras, o ônus funciona como uma regra de
-1
tigatória deve ser contingente e excepcional: Art. 3º-A.
julgamento destinada ao juiz acerca do conteúdo da O processo penal terá estrutura acusatória, vedadas a
a
lv
sentença que deve proferir, caso não tenha sido com- iniciativa do juiz na fase de investigação e a substitui-
Si
provada a verdade de uma afirmação feita no curso ção da atuação probatória do órgão de acusação.
os
do processo.
nt
Em seu aspecto subjetivo, o ônus da prova deve ser CAPÍTULO II – DO EXAME DO CORPO DE DELITO,
Sa
compreendido como o encargo que recai sobre as par- DA CADEIA DE CUSTÓDIA E DAS PERÍCIAS EM
tes de buscar as fontes de prova capazes de compro- GERAL
s
do
Vale lembrar que no âmbito processual penal, o das evidências coletadas e examinadas, sem que haja
rn
ônus da prova subjetivo é atenuado por força da regra espaço para adulteração. Assim, documenta-se de
da comunhão da prova e dos poderes instrutórios do maneira formal um procedimento destinado a manter
o
motivado, o juiz poderá formar seu convencimento a (break on the chain of custody) é a proibição de valora-
Ed
partir de todas as provas constantes do processo, quer ção probatória com a consequente exclusão dela e de
tenham sido elas produzidas pela parte que se bene- toda a derivada. Em suma, preservar a fonte de prova
ficiou com tal prova, quer por iniciativa da parte con- garante a validade da prova.
trária, quer pela própria iniciativa probatória do juiz. O período da cadeia de custódia vai do reconheci-
mento do elemento de prova até o seu descarte. São
Art. 156 A prova da alegação incumbirá a quem a etapas do rastreamento do vestígio:
fizer, sendo, porém, facultado ao juiz de ofício:
I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, z Reconhecimento como elemento potencial para a
a produção antecipada de provas consideradas produção de prova;
urgentes e relevantes, observando a necessidade, z Isolamento para evitar que se altere;
adequação e proporcionalidade da medida; � Fixação (descrição detalhada do vestígio como se
II – determinar, no curso da instrução, ou antes de encontra no local do crime ou no corpo de delito);
proferir sentença, a realização de diligências para � Coleta para análise pericial;
dirimir dúvida sobre ponto relevante z Acondicionamento (o vestígio é embalado de for-
ma individualizada, com anotação da data, hora e
nome de quem fez a coleta e o acondicionamento); 297
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qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
z Transporte, garantindo a manutenção das caracte-
rísticas originais e o controle da posse; PERITOS E INTÉRPRETES
z Recebimento (com informações);
Art. 159 O exame de corpo de delito e outras perícias
z Processamento (exame pericial com laudo do
serão realizados por perito oficial, portador de diploma
perito); de curso superior.
z Armazenamento para realização de contra perícia, § 1º Na falta de perito oficial, o exame será realizado
ser descartado ou transportado; por 2 (duas) pessoas idôneas, portadoras de diploma
z Descarte, liberação do vestígio, com ou sem autori- de curso superior preferencialmente na área específica,
zação judicial, a depender do caso. dentre as que tiverem habilitação técnica relacionada
com a natureza do exame.
Lembre-se que em uma mera coleta de sangue No processo penal, diferente do que acontece no proces-
para exames de rotina já existe uma sistemática rígi- so civil, as partes não intervêm na nomeação do perito.
da para evitar erros no resultado, imagine agora todos Quem não pode ser perito? Se antes prestou depoimen-
os cuidados que precisam ser adotados para não ser to/opinou sobre o objeto da perícia; analfabetos; meno-
cometida nenhuma injustiça em âmbito penal. Logo, res de 21 anos.
todos os procedimentos elencados na lei precisam ser Atenção: Os intérpretes são equiparados a peritos para
obedecidos para a valoração de uma prova. fins penais
A coleta dos vestígios deverá ser realizada pre-
ferencialmente por perito oficial, que dará o enca-
minhamento necessário para a central de custódia. Por fim, vale lembrar que sempre que a infração
É proibida a entrada em locais isolados bem como a deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo
remoção de quaisquer vestígios de locais de crime de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a
antes da liberação por parte do perito responsável, confissão do acusado. Ex.: Uma pessoa apanha, deve
sendo tipificada como fraude processual a sua reali- ser feito o exame de corpo de delito para que seja ana-
zação (art. 158-C). lisada a lesão corporal.
No acondicionamento para transporte, o reci-
piente precisa estar selado com lacre e numeração CAPÍTULO III – DO INTERROGATÓRIO DO
individualizada, para garantir a inviolabilidade e a ACUSADO
idoneidade do vestígio durante o transporte. O reci-
8
O interrogatório exige entrevista prévia e reserva-
0
piente precisa individualizar o vestígio e preservá-lo.
7-
Após cada rompimento de lacre, deve-se fazer da com defensor, qualificação do acusado e cientifica-
8
ção do inteiro teor da acusação. O acusado deve ser
.5
constar na ficha de acompanhamento de vestígio o
46
nome e a matrícula do responsável, a data, o local, a informado sobre o direito ao silêncio e interrogado na
presença de seu defensor.
.1
finalidade, bem como as informações referentes ao
40
novo lacre utilizado. O lacre rompido deverá ser acon- É nula a “entrevista” realizada pela autoridade
-1
dicionado no interior do novo recipiente (art. 158-D). policial com o investigado, durante a busca e apreen-
Todos os Institutos de Criminalística deverão ter são em sua residência, sem que tenha sido assegurado
a
lv
uma central de custódia destinada à guarda e controle ao investigado o direito à prévia consulta a seu advo-
Si
dos vestígios. Toda central de custódia deve possuir gado e sem que ele tenha sido comunicado sobre seu
os
os serviços de protocolo. Na central de custódia, a direito ao silêncio e de não produzir provas contra si
mesmo. Isso consiste em violação do direito ao silên-
nt
necer. Caso a central de custódia não possua espaço ou publicidade do ato e a presença do advogado. Exce-
an
condições de armazenar determinado material, deverá ção: interrogatório por videoconferência. Requisitos:
rn
a autoridade policial ou judiciária determinar as condi- Decisão fundamentada do juiz (de ofício ou a
Fe
perícia oficial de natureza criminal (art. 158-F). z Prevenir risco à segurança pública, pois existe fun-
ua
A preocupação com a audiência de custódia ini- dada suspeita que o preso integre organização cri-
Ed
ciou-se nos Estados Unidos, na década de 90, quando minosa ou irá fugir durante o deslocamento;
o ex-jogador de futebol americano e então ator O. J. z Dificuldade de comparecimento do preso. Ex.:
Simpson foi acusado de ser o executor do homicídio Enfermidade;
de sua ex-esposa e de um amigo dela, e absolvido. A z Para o réu não influenciar testemunhas ou víti-
defesa conseguiu absolvição justamente porque a pre- mas (obs.: primeiro se busca a videoconferência
servação do local foi inadequada. A partir de então a destas);
cadeia de custódia passou a ser pensada e desenvolvi- z Gravíssima questão de ordem pública.
da pela maioria dos países.
CAPÍTULO IV – DA CONFISSÃO
298
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qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
A confissão é divisível e retratável, de maneira que A inobservância das formalidades legais para o
o juiz analisará de acordo com o exame das provas em reconhecimento pessoal do acusado não enseja nuli-
seu conjunto. dade, pois é uma recomendação. O mesmo vale para
o reconhecimento de coisas. Ex.: Arma, faca, estilete.
Art. 197 O valor da confissão se aferirá pelos crité-
rios adotados para os outros elementos de prova, CAPÍTULO VIII – DA ACAREAÇÃO
e para a sua apreciação o juiz deverá confrontá-
-la com as demais provas do processo, verifican- Acarear é colocar em presença uma da outra, face
do se entre ela e estas existem compatibilidade ou a face, pessoas cujas declarações são divergentes. A
concordância. acareação é, portanto, o ato processual consistente na
confrontação das declarações de dois ou mais acusa-
CAPÍTULO V – DO OFENDIDO dos, testemunhas ou ofendidos, já ouvidos, e destina-
do a obter o convencimento do juiz sobre a verdade
O ofendido será qualificado e perguntado sobre as de algum fato em que as declarações dessas pessoas
circunstâncias da infração. A jurisprudência, inclusi- forem divergentes.
ve, admite a condução coercitiva do ofendido.
Para a sua proteção, o ofendido é comunicado Art. 229 A acareação será admitida entre acusados,
sobre o ingresso e saída do acusado da prisão, dia da entre acusado e testemunha, entre testemunhas,
audiência, resultado da sentença/acórdão etc. Inclusi- entre acusado ou testemunha e a pessoa ofendida, e
ve, na audiência o ofendido tem um espaço separado entre as pessoas ofendidas, sempre que divergirem,
dos demais. O juiz sempre busca tomar as providên- em suas declarações, sobre fatos ou circunstâncias
cias necessárias para a preservação da intimidade do relevantes.
ofendido. Parágrafo único. Os acareados serão repergunta-
dos, para que expliquem os pontos de divergências,
CAPÍTULO VI – DAS TESTEMUNHAS reduzindo-se a termo o ato de acareação.
A testemunha deve ser qualificada e prometer Então, diante desse artigo temos que a acareação
dizer a verdade. O depoimento deve ser prestado oral- pode ser realizada tanto na fase investigatória como
8
no curso da instrução criminal, nada impedindo que
0
mente, com exceção a consulta a breves apontamen-
7-
tos escritos. Ex.: Para lembrar data etc. as partes requeiram a prática do ato.
8
O deferimento de provas submete-se ao prudente
.5
O CPP adota o cross examination, ou seja, as per-
46
guntas são feitas diretamente para as testemunhas. arbítrio do magistrado, cuja decisão, sempre funda-
.1
Todavia, o juiz não permitirá que a testemunha mani- mentada, há de levar em conta o conjunto probató-
40
feste suas apreciações pessoais, salvo quando insepa- rio. É lícito ao juiz indeferir diligências que reputar
-1
ráveis da narrativa do fato. impertinentes, desnecessárias ou protelatórias. Inde-
ferimento de pedido de acareação de testemunhas, no
a
O cônjuge, ascendentes, descendente e irmão do
lv
acusado (CADI) podem se recusar a testemunhar, sal- caso, devidamente fundamentado. Inocorrência de
Si
vo quando não for possível por outro modo obter a afronta aos princípios da ampla defesa e do contradi-
os
prova do fato e suas circunstâncias. Ademais, deter- tório ou às regras do sistema acusatório.
nt
minadas pessoas são proibidas de depor, em razão do Durante o procedimento, os acareados poderão
Sa
Exceção: Se forem desobrigadas pela parte interes- que geralmente acontece, ou modificá-las.
do
Dica
auto este a ser subscrito pelo escrevente e assinado
rn
verdade?
o
� Doentes mentais;
ua
� CADI.
Art. 230 Se ausente alguma testemunha, cujas decla-
CAPÍTULO VII – DO RECONHECIMENTO DE PESSOAS rações divirjam das de outra, que esteja presente, a
esta se darão a conhecer os pontos da divergência,
E COISAS
consignando-se no auto o que explicar ou observar.
Se subsistir a discordância, expedir-se-á precatória
Quem fará o reconhecimento descreve a pessoa a ser
à autoridade do lugar onde resida a testemunha
reconhecida; essa pessoa será colocada se possível ao lado ausente, transcrevendo-se as declarações desta e as
de outras pessoas que com ela são semelhantes; quem da testemunha presente, nos pontos em que diver-
fará o reconhecimento aponta a pessoa que descreveu. girem, bem como o texto do referido auto, a fim de
Para evitar intimidação ou influência a autoridade que se complete a diligência, ouvindo-se a testemu-
providenciará para que uma não veja a outra (só se nha ausente, pela mesma forma estabelecida para a
aplica na investigação – não se aplica em instrução nem testemunha presente. Esta diligência só se realizará
em plenário de julgamento). Do ato de reconhecimento quando não importe demora prejudicial ao processo
lavra-se auto pormenorizado subscrito pela autorida- e o juiz a entenda conveniente.
de, quem fez o reconhecimento e 2 (duas) testemunhas.
299
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qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
É possível que o magistrado, ao invés de expedir CAPÍTULO XI – DA BUSCA E DA APREENSÃO
carta precatória para a oitiva da testemunha peran-
te o juízo deprecado, realize a acareação por meio da BUSCA DOMICILIAR BUSCA PESSOAL
videoconferência. Razões que autorizam uma Quando há fundada suspeita
busca domiciliar: prender de que alguém oculte consi-
CAPÍTULO IX – DOS DOCUMENTOS criminosos, apreender coi- go arma, coisas obtidas por
sas achadas ou obtidas por meios criminosos, cartas,
Em regra, as partes podem apresentar documentos meios criminosos, apreen- elementos de convicção. No
der instrumentos de falsifi- caso de prisão ou quando
durante todo o processo penal, salvo exista lei em con-
cação/objetos falsificados, houver fundada suspeita de
trário, como acontece no Tribunal do Júri, que exige a apreender armas e muni- que a pessoa esteja na pos-
juntada do documento com 3 dias de antecedência da ções/instrumentos do cri- se de arma proibida ou de
audiência. me, provas, cartas, vítimas, objetos ou papéis que cons-
Os documentos são escritos, instrumentos ou elementos de convicção no tituam corpo de delito, ou
papeis, podendo ser públicos ou particulares. Inclusi- geral quando a medida for deter-
ve, a cópia autenticada possui valor de original. minada no curso de busca
domiciliar
z Cartas que não são admitidas em juízo: intercepta-
das, obtidas por meios criminosos; PRECEDIDA DE DISPENSA MANDADO
z Cartas que são admitidas em juízo: sem consenti- MANDADO JUDICIAL JUDICIAL
mento do signatário, mas com o consentimento do
As buscas domiciliares se- A busca em mulher será fei-
destinatário.
rão executadas de dia, salvo ta por outra mulher, se não
se o morador consentir que importar retardamento ou
Quanto aos documentos em língua estrangeira, se realizem à noite, e, antes prejuízo da diligência
temos que os documentos em língua estrangeira, sem de penetrarem na casa, os
prejuízo de sua juntada imediata, serão, se necessário, executores mostrarão e le-
traduzidos por tradutor público, ou, na falta, por pes- rão o mandado ao morador,
soa idônea nomeada pela autoridade (art. 236). ou a quem o represente,
8
intimando-o, em seguida,
0
7-
a abrir a porta. Em caso de
CAPÍTULO X – DOS INDÍCIOS
8
desobediência, será arrom-
.5
bada a porta e forçada a
46
A palavra indício é usada no Código de Processo entrada. Quando ausentes
.1
Penal em dois sentidos, ora como prova semiplena, os moradores, deve, neste
40
ora como prova indireta: caso, ser intimado a as-
-1
Como prova semiplena, indício significa elemento sistir à diligência qualquer
vizinho, se houver e estiver
a
de prova mais tênue, com menor valor persuasivo.
lv
presente
Si
tivo que serve para confirmar ou negar uma asserção a CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
rn
300 2 - LIMA, R. B. de. Manual de Processo Penal: Volume Único – 8 ed. rev. ampl. e atual. Salvador: Ed. JusPodivm, 2020
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qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Ex.: A arma usada no crime. Inclusive, não pode- o trânsito em julgado da condenação. Nesse tipo de
rão ser restituídas, mesmo depois de transitar em jul- prisão o procedimento passa a ser aplicado pelo juiz
gado a sentença final, salvo se pertencerem ao lesado das execuções, de acordo com a Lei de Execução Penal
ou a terceiro de boa-fé. (LEP). A outra espécie de prisão consiste na prisão
Extrai-se do texto da lei as seguintes etapas: como medida cautelar, que visa assegurar o regular
trâmite do processo, para no final vir a ser aplicada a
z Primeira etapa: pena e esta ser cumprida.
08
pria lei comina um resultado mais brando para aque-
7-
Ex.: Terceiro de boa-fé, verdadeiro dono da coisa le determinado crime.
8
pode alegar e provar o seu direito.
.5
46
Terceira etapa:
CAPÍTULO II – DA PRISÃO EM FLAGRANTE
.1
40
Art. 120 [...]
Ninguém poderá ser preso senão:
-1
§ 3º Sobre o pedido de restituição será sempre ouvi-
do o Ministério Público. Em caso de dúvida sobre
a
z Em flagrante delito;
lv
quem seja o verdadeiro dono, o juiz remeterá as
Si
Ex.: O MP é ouvido sobre o pedido de restituição. z Prisão cautelar (prisão temporária, prisão preven-
nt
Sa
8
no curso da investigação transitada em julgado
0
Após o Pacote Anticrime
7-
ou do processo, em virtude
8
de prisão temporária ou pri-
.5
Art. 310 Após receber o auto de prisão em flagran-
46
são preventiva
te, no prazo máximo de até 24 (vinte e quatro) horas
.1
Art. 287 Se a infração for Art. 287 Se a infração for após a realização da prisão, o juiz deverá promover
40
inafiançável, a falta de inafiançável, a falta de exi- audiência de custódia com a presença do acusado,
-1
exibição do mandado não bição do mandado não obs- seu advogado constituído ou membro da Defensoria
obstará à prisão, e o preso, tará a prisão, e o preso, em
a
Pública e o membro do Ministério Público, e, nessa
lv
em tal caso, será imedia- tal caso, será imediatamen- audiência, o juiz deverá, fundamentadamente:
Si
juiz que tiver expedido o tiver expedido o mandado, II - converter a prisão em flagrante em preventiva,
nt
mandado para a realização de audiên- quando presentes os requisitos constantes do art. 312
Sa
são), o juiz deverá promover Audiência de custódia, provisória, mediante termo de comparecimento
rd
8
z
0
z garantia da ordem econômica;
7-
Após o Pacote Anticrime
por conveniência da instrução criminal;
8
z
.5
z assegurar a aplicação da lei penal (risco de fuga). Art. 311 Em qualquer fase da investigação policial
46
ou do processo penal, caberá a prisão preventiva
.1
Todavia, a prisão preventiva só pode ser decretada decretada pelo juiz, a requerimento do Ministério
40
desde que haja prova da existência do crime e indício Público, do querelante ou do assistente, ou por
-1
suficiente de autoria e de perigo gerado pelo estado representação da autoridade policial.
a
de liberdade do imputado (ex. risco de fuga). A deci- Art. 312 A prisão preventiva poderá ser decretada
lv
são precisa ser motivada e fundamentada mostrando como garantia da ordem pública, da ordem econô-
Si
receio de perigo e existência concreta de fatos novos mica, por conveniência da instrução criminal ou
os
ou contemporâneos que justifiquem a aplicação da para assegurar a aplicação da lei penal, quando
nt
Vale lembrar que as prisões cautelares não devem ciente de autoria e de perigo gerado pelo estado de
liberdade do imputado.
s
da adotada.
ou do processo penal, caberá a prisão preventiva Art. 313 Nos termos do art. 312 deste Código, será
Ed
decretada pelo juiz, de ofício, se no curso da ação admitida a decretação da prisão preventiva:
penal, ou a requerimento do Ministério Público, do I - nos crimes dolosos punidos com pena privativa
querelante ou do assistente, ou por representação de liberdade máxima superior a 4 (quatro) anos;
da autoridade policial. II - se tiver sido condenado por outro crime doloso,
Art. 312 A prisão preventiva poderá ser decretada em sentença transitada em julgado, ressalvado o
como garantia da ordem pública, da ordem econô- disposto no inciso I do caput do art. 64 do Decre-
mica, por conveniência da instrução criminal, ou to-Lei n° 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código
para assegurar a aplicação da lei penal, quando Penal;
houver prova da existência do crime e indício sufi- III - se o crime envolver violência doméstica e fami-
ciente de autoria. liar contra a mulher, criança, adolescente, idoso,
Parágrafo Único.A prisão preventiva também enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a
poderá ser decretada em caso de descumprimento execução das medidas protetivas de urgência;
de qualquer das obrigações impostas por força de § 1º Também será admitida a prisão preventiva
outras medidas cautelares (art. 282, § 4o). quando houver dúvida sobre a identidade civil
Art. 313 Nos termos do art. 312 deste Código, será da pessoa ou quando esta não fornecer elemen-
admitida a decretação da prisão preventiva: (Reda- tos suficientes para esclarecê-la, devendo o preso
ção dada pela Lei nº 12.403, de 2011). ser colocado imediatamente em liberdade após a 303
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identificação, salvo se outra hipótese recomendar o indicado não tiver residência fixa ou não fornecer
a manutenção da medida. elementos necessários ao esclarecimento de sua iden-
§ 2º Não será admitida a decretação da prisão pre- tidade. São necessárias fundadas razões de autoria ou
ventiva com a finalidade de antecipação de cumpri- participação do indiciado nos seguintes crimes:
mento de pena ou como decorrência imediata de
investigação criminal ou da apresentação ou rece- z Homicídio doloso (art. 121, caput, e seu § 2º);
bimento de denúncia. z Sequestro ou cárcere privado (art. 148, caput, e
Art. 316 O juiz poderá, de ofício ou a pedido das
seus §§ 1º e 2º);
partes, revogar a prisão preventiva se, no correr
z Roubo (art. 157, caput, e seus §§ 1º, 2º e 3º);
da investigação ou do processo, verificar a falta de
motivo para que ela subsista, bem como novamente
z Extorsão (art. 158, caput, e seus §§ 1º e 2º);
decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem. z Extorsão mediante sequestro (art. 159, caput, e
Parágrafo único. Decretada a prisão preventi- seus §§ 1º, 2º e 3º);
va, deverá o órgão emissor da decisão revisar z Estupro (art. 213, caput, e sua combinação com o
a necessidade de sua manutenção a cada 90 art. 223, caput, e parágrafo único);
(noventa) dias, mediante decisão fundamentada, z Atentado violento ao pudor (art. 214, caput, e sua
de ofício, sob pena de tornar a prisão ilegal. combinação com o art. 223, caput, e parágrafo
único);
z Rapto violento (art. 219, e sua combinação com o
Perceba que com o Pacote Anticrime o juiz não
art. 223 caput, e parágrafo único);
pode mais decretar de ofício a prisão preventiva,
z Epidemia com resultado de morte (art. 267, § 1º);
para que seja preservado o sistema acusatório, no
z Envenenamento de água potável ou substância ali-
qual as funções de acusar e julgar são extremamente
mentícia ou medicinal qualificado pela morte (art.
separadas. Ademais, a nova lei ressaltou que a prisão
270, caput, combinado com art. 285);
preventiva exige demonstração do perigo que cau-
z Quadrilha ou bando (art. 288), todos do Código
sa a liberdade do acusado. Por fim, como espelho do
Penal;
Código de Processo Civil de 2015, alguns requisitos são
z Genocídio (arts. 1º, 2º e 3º da Lei nº 2.889, de 1º
estabelecidos quanto a motivação da prisão.
de outubro de 1956), em qualquer de suas formas
Não se considera fundamentada qualquer deci-
típicas;
são judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acór-
z Tráfico de drogas (art. 12 da Lei nº 6.368, de 21 de
8
dão, que:
0
outubro de 1976);
7-
z Crimes contra o sistema financeiro (Lei nº 7.492,
8
z Limitar-se à indicação, à reprodução ou à paráfra-
.5
de 16 de junho de 1986);
se de ato normativo, sem explicar sua relação com
46
z Crimes previstos na Lei de Terrorismo (Lei nº
a causa ou a questão decidida;
.1
13.260, de 16 de março de 2016).
z Empregar conceitos jurídicos indeterminados,
40
sem explicar o motivo concreto de sua incidência
-1
A prisão temporária será decretada pelo Juiz, em
no caso;
face da representação da autoridade policial ou de
a
z Invocar motivos que se prestariam a justificar
lv
requerimento do Ministério Público, e terá o prazo de
Si
8
de ofício, isto é, somente serão decretadas pelo juiz
0
§ 2º As medidas cautelares serão decretadas pelo
7-
a requerimento das partes ou, quando no curso juiz a requerimento das partes ou, quando no cur-
8
da investigação criminal, por representação da
.5
so da investigação criminal, por representação
46
autoridade policial ou mediante requerimento do da autoridade policial ou mediante requerimento
Ministério Público.
.1
do Ministério Público. (Redação dada pela Lei nº
40
Ao receber o pedido de medida cautelar, o juiz 13.964, de 2019).
-1
deverá intimar a parte contrária, para se manifestar § 3º Ressalvados os casos de urgência ou de perigo
no prazo de cinco dias. Os casos de urgência ou de de ineficácia da medida, o juiz, ao receber o pedido
a
lv
perigo deverão ser justificados e fundamentados em de medida cautelar, determinará a intimação da
Si
No caso de descumprimento de qualquer das obri- (cinco) dias, acompanhada de cópia do requerimen-
nt
gações impostas, o juiz, mediante requerimento do to e das peças necessárias, permanecendo os autos
Sa
Ministério Público, de seu assistente ou do querelante, em juízo, e os casos de urgência ou de perigo deve-
poderá substituir a medida, impor outra em cumula- rão ser justificados e fundamentados em decisão
s
do
ção, ou, em último caso, decretar a prisão preventiva. que contenha elementos do caso concreto que jus-
O juiz não poderá mais, de ofício, substituir a medi- tifiquem essa medida excepcional. (Redação dada
do
da, impor outra em cumulação ou decretar a prisão pela Lei nº 13.964, de 2019).
an
quando faltar motivo para que subsista a medida cau- obrigações impostas, o juiz, mediante requeri-
telar imposta ou quando sobrevierem razões que a mento do Ministério Público, de seu assistente ou
do querelante, poderá substituir a medida, impor
o
8
o réu é recolhido à prisão decide se vai impor outras
0
A liberdade provisória deve ser denegada quando
7-
o agente for reincidente, integrar organização cri- medidas cautelares ou de-
8
cretar a prisão preventiva
.5
minosa armada, integrar milícia ou portar arma de
46
fogo de uso restrito. Inclusive, se não é caso de prisão
.1
preventiva, o juiz deve conceder liberdade provisória Obs.: Apenas o valor total da fiança se for condena-
40
(com ou sem medidas cautelares diversas da prisão). do + não se apresentar para o início do cumprimento
-1
da pena.
z A autoridade policial pode conceder fiança se é Por fim, quanto à fiança, não devemos nos esque-
a
lv
uma infração com pena máxima não superior a 4 cer de que ela não é concedida nos seguintes casos:
Si
4 anos de prisão, a fiança deve ser requerida ao z TTT (crimes de tortura, tráfico ilícito e terrorismo)
Sa
fiança nos casos de infração cuja pena privativa de militares contra a ordem constitucional e o Estado
liberdade máxima não seja superior a 4 anos. Nos Democrático;
do
demais casos, a fiança será requerida ao juiz, que z Se a fiança já foi quebrada no mesmo processo;
an
z Prisão Militar;
Fe
1 a 100 salários mínimos Não passa de 4 anos nômica do réu pode lhe dar a liberdade provisó-
ua
10 a 200 salários mínimos É superior a 4 anos sem que precise pagar a fiança. Se o beneficiário
descumprir as medidas impostas o juiz, mediante
A situação econômica do preso pode orientar que requerimento do Ministério Público, de seu assis-
a fiança seja dispensada, reduzida até 2/3 ou aumen- tente ou do querelante, poderá substituir a medi-
tada em 1000x. da, impor outra em cumulação, ou, em último
caso, decretar a prisão preventiva;
z Ao aceitar pagar a fiança, o réu se torna obrigado z Obs.: O crime do art. 24-A da Lei Maria da Penha
a comparecer sempre que intimado, do contrário a tem pena máxima de 2 anos, mas não admite fian-
fiança fica quebrada; ça concedida pela autoridade policial.
z Ao aceitar a fiança, o réu se torna obrigado a não
mudar de residência sem permissão da autorida-
de, nem se ausentar por mais de 8 dias da sua resi-
dência, sem comunicar à autoridade. Do contrário,
a fiança fica quebrada.
306
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Considerando essa situação hipotética, assinale a
HORA DE PRATICAR! opção correta, acerca de crime que se apura mediante
ação penal privada.
1. (FCC — 2021) O princípio da individualização da pena
a) Em face do princípio da oficiosidade, o delegado de
a) fundamentou o posicionamento do Superior Tribunal polícia deverá instaurar o procedimento investigatório,
de Justiça que vedou a regressão de regime de cum- independentemente da formalização do requerimento
primento de pena por salto. de João.
b) garante legitimidade ao exame criminológico diante b) A instauração do inquérito policial suspende a fluência
de sua capacidade de previsão de comportamento do prazo decadencial para o ingresso da ação penal
criminoso futuro e com isso impedir o funcionamento em juízo até a completa apuração dos fatos.
indevido do sistema progressivo. c) Caso João venha a falecer após a instauração do
c) é incompatível com um sistema progressivo de cum- inquérito policial e antes da ação penal, o direito de
primento de pena, já que os benefícios prisionais oferecer queixa-crime passará ao cônjuge, ascenden-
devem ser concedidos objetivamente para garantia do te, descendente ou irmão.
indivíduo em face do Estado. d) Por ser João menor de 21 anos de idade, o direito de
d) permite, por meio do exercício de direitos subjetivos queixa poderá ser exercido por ele ou por seu repre-
na execução penal, que duas pessoas iniciem no mes- sentante legal.
mo dia uma pena idêntica, mas um tenha a pena extin- e) Instaurada a ação penal competente e havendo inér-
ta antes do outro. cia de João, o Ministério Público poderá dar prossegui-
e) confere um caráter misto ao direito de execução penal, mento à referida ação.
composto por normas penitenciárias e administrati-
vas, como as que regulam o agravo em execução. 6. (FCC — 2019) Acerca de ação penal de natureza priva-
da, assinale a opção correta.
2. (FCC — 2019) Em razão da sucessão de leis genuina-
mente processuais penais, será observado, nos pro- a) O perdão do ofendido somente opera os seus efeitos
cessos em andamento, o com a anuência do querelado.
b) O recebimento de indenização por reparação de dano
a) sistema das fases processuais. causado pelo crime, em acordo homologado judicial-
08
b) sistema do isolamento dos atos processuais. mente, não afasta o direito de queixa-crime.
7-
c) princípio do tempus delicti. c) A ausência do querelante na audiência de instrução
8
.5
d) princípio da ultratividade da norma, em regra. enseja sua condução coercitiva, desde que este seja
46
e) sistema da unidade processual. regularmente notificado.
.1
d) A renúncia ao direito de queixa em relação a apenas
40
3. (FCC — 2022) Considere que, após receber a conclu- um dos autores de um crime não se estenderá aos
-1
são do inquérito policial, o Ministério Público tenha demais.
e) Não é cabível aditamento de queixa-crime pelo Minis-
a
perdido o prazo para o oferecimento da denúncia.
lv
tério Público.
Si
Nesse caso,
os
d) o juiz deverá arquivar o inquérito policial, que somente to policial, desde que corroborados por outras provas.
rn
poderá ser desarquivado se surgirem novas provas. c) Há prioridade na realização do exame de corpo de
e) o delegado poderá oferecer a denúncia junto ao juízo delito quando o crime envolver violência doméstica e
o
4. (FCC — 2022) O inquérito policial, nos crimes em que a excludente de ilicitude cabe ao réu, em obediência à
Ed
5. (FCC — 2019) João, de 19 anos de idade, foi vítima de a) compete à defesa iniciar a inquirição do acusado em
crime de calúnia praticado por Maria. Ciente da autoria seu interrogatório.
do ato delituoso, João relatou os fatos informalmente b) constituem ônus da defesa o ato de orientar o acusa-
ao delegado de polícia e solicitou orientação sobre as do antes de seu interrogatório e o de dar ciência a este
providências a serem adotadas. da acusação que lhe é feita.
307
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c) o interrogando deverá responder às perguntas que lhe e) A prova testemunhal deverá ser colhida obrigatoria-
forem feitas, porém não será admitida a indicação de mente de forma oral, quando envolver presidente ou
provas, por se tratar de faculdade já alcançada pela vice-presidente da República, presidentes do Senado
preclusão. Federal e da Câmara dos Deputados.
d) o interrogatório do réu preso deverá ser necessaria-
mente feito por videoconferência. 12. (FCC — 2022) A acareação como instrumento de
e) antes de proferir a sentença, o juiz poderá determinar, provas
de ofício, a realização de novo interrogatório.
a) é destinada a elucidar provas técnicas.
9. (FCC — 2021) Relativamente às regras sobre a prova b) não é admissível na fase policial.
confessional, é correto afirmar que: c) é exclusiva do Ministério Público.
d) pode ser determinada de ofício pelo juízo.
a) a confissão é divisível e retratável; e) é admitida exclusivamente nos crimes dolosos contra
b) o silêncio do acusado implicará a confissão das con- a vida.
dutas que lhe são imputadas;
c) o silêncio do acusado não importará em confissão das 13. (FCC — 2019) Ao tratar da prova, o Código de Proces-
condutas que lhe são imputadas, mas poderá ser inter- so Penal estabelece que serão considerados docu-
pretado em prejuízo da defesa; mentos quaisquer escritos, instrumentos ou papéis,
d) durante o interrogatório judicial de réu preso, não há públicos ou particulares. Em relação aos documentos
obrigação de que a autoridade judicial informe o acu- em língua estrangeira, eles
sado de seu direito de permanecer calado e de não
responder às perguntas que lhe forem formuladas; a) só poderão ser juntados aos autos, traduzidos ou não,
e) a confissão do acusado possui valor intrínseco supe- mediante requerimento das partes.
rior às demais provas documentais, periciais ou tes- b) sendo originários de órgãos públicos não necessitam
temunhais, devendo ser aferida pelo magistrado por de tradução, enquanto que os particulares deverão
critérios diferenciados em relação ao restante do con- sempre ser traduzidos.
junto probatório. c) só poderão ser juntados aos autos após necessaria-
mente traduzidos por tradutor público ou pessoa idô-
10. (FCC — 2022) A vítima, segundo disposição expressa nea nomeada pela autoridade.
08
do Código de Processo Penal, d) poderão ser juntados aos autos, mas deverão ser pos-
7-
teriormente traduzidos por tradutor público ou pessoa
8
.5
a) por ser considerada testemunha principal dos fatos, idônea nomeada pela autoridade.
46
comete crime de falso testemunho, se falsear a verda- e) poderão ser juntados aos autos, mesmo sem tradu-
.1
de fática. ção, se a crivo do julgador esta se revele desnecessá-
40
b) por meio de seu advogado habilitado como assistente ria e não cause prejuízo às partes.
-1
de acusação, não poderá interpor apelação quando o a
Ministério Público assim não o fizer. 14. (FCC — 2021) Após instauração de inquérito policial
lv
c) deverá ser comunicada dos atos processuais relativos para apurar a prática de crime de homicídio, foi obtida
Si
ao ingresso e à saída do acusado da prisão, à designa- a informação de que o veículo identificado por teste-
os
ção de data para audiência e à sentença e respectivos munhas como tendo sido utilizado pelo autor do delito
nt
réu, salvo quando conhecido o lugar da infração. Sobre a busca e apreensão domiciliar do veículo, é cor-
e) nos crimes de ação privada, deverá ser intimada a mani- reto afirmar que:
do
zo único de 120 (cento e vinte) dias após os fatos. a) exige prévia deflagração de ação penal;
rn
11. (FCC — 2022) Acerca das regras referentes à prova que exista ordem judicial;
o
testemunhal dispostas no Código de Processo Penal, c) a medida poderá ser realizada no período noturno,
rd
a) O juiz poderá impor à testemunha faltosa prisão até que deverá apresentá-la à autoridade policial quando
dez dias, sem prejuízo do processo penal por crime de solicitada;
desobediência, e condená-la ao pagamento das cus- e) o mandado, que é indispensável diante da ausência de
tas da diligência. flagrante, deverá mencionar o local da diligência, não
b) A testemunha que morar fora da jurisdição do juiz será sendo necessária a indicação do seu motivo.
inquirida pelo juiz do lugar de sua residência, expe-
dindo-se, para esse fim, carta precatória, a qual terá o 15. (FCC — 2022) Assinale a opção correta no que concer-
condão de suspender a instrução criminal até conclu- ne a prisão e medidas cautelares.
são dessa diligência.
c) O juiz não permitirá que a testemunha manifeste suas a) Por ser a prisão medida urgente, admite-se que ela seja
apreciações pessoais, salvo quando inseparáveis da efetuada em qualquer lugar e dia, e a qualquer hora.
narrativa do fato. b) Dispensa-se a assinatura no mandado de prisão quan-
d) Os menores de dezesseis anos e os doentes mentais do a autoridade judiciária responsável por sua expedi-
não prestam compromisso. ção se fizer presente em seu cumprimento.
c) A falta de exibição de mandado não obsta a prisão se
308 a infração for inafiançável.
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qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
d) Tanto o ato de prisão quanto a aplicação de medidas 19. (FCC — 2022) Acerca das medidas cautelares diversas
cautelares requerem que sejam observados a necessi- da prisão, assinale a opção correta.
dade, a adequação, a regulamentação, os usos e cos-
tumes e os princípios gerais de direito. a) Em razão do sistema acusatório e do princípio do
e) Ao juiz é proibido dispensar a manifestação da parte contraditório, por previsão expressa do Código de
contrária antes de decidir sobre o pedido de medida Processo Penal, o juiz não poderá revogar de ofício a
cautelar. medida cautelar ou substitui-la quando verificar a fal-
ta de motivo para que ela subsista, tampouco voltar a
16. (FCC — 2022) No curso de inquérito que investigava decretá-la se sobrevierem razões que a justifiquem.
uma organização criminosa especializada na prática b) A prática de nova infração penal pelo sujeito que esti-
do crime de contrabando, policiais federais obtiveram ver em liberdade provisória pelo pagamento de fiança
informações sobre a importação clandestina de mer- resultará na perda total do valor depositado a título
cadoria por membros da organização em data futura. da fiança, podendo o juiz estabelecer outras medidas
Antes de se dirigir ao local de recebimento do mate- cautelares que entender adequadas.
rial contrabandeado, a autoridade comunicou ao juízo c) Segundo o Código de Processo Penal, o réu afiança-
competente o retardamento da intervenção policial, do não pode se ausentar de sua residência por mais
com a finalidade de acompanhar toda a ação e obter de cinco dias sem comunicar o local onde poderá ser
maiores informações sobre a organização, inclusive encontrado, sob pena de quebramento da fiança.
com a identificação de outros membros. d) Se, na delegacia, a autoridade policial conceder a liber-
dade provisória mediante o pagamento de fiança e o
Assim, os policiais observaram a prática delitiva, deixan- preso tiver o dinheiro em mãos, mas não puder efe-
do de prender os agentes imediatamente, para efetuar tuar o depósito de pronto, constando em termo, o valor
a prisão dos envolvidos apenas em momento posterior, poderá ser entregue ao escrivão, que, dentro de três
quando obtiveram informações mais relevantes. dias, deverá dar o destino correto à quantia.
e) O indiciado que seja maior de oitenta anos ou porta-
Assim sendo, houve, no caso, flagrante dor de doença grave, assim como a indiciada gestante,
poderá ficar em prisão domiciliar, sendo-lhe permitido
a) provocado. ausentar-se de casa se houver anuência da autoridade
b) presumido. policial ou judicial.
08
c) forjado.
7-
d) preparado. 20. (FCC — 2022) A fiança, medida cautelar diversa da pri-
8
.5
e) diferido. são, será cabível no caso da suposta prática do crime de
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17. (FCC — 2022) Sobre a prisão preventiva, é correto afir- a) furto qualificado pelo emprego de explosivo.
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mar que: b) posse de arma de fogo de uso proibido.
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c) roubo majorado pelo concurso de agentes.
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a) a gravidade em abstrato do crime constitui uma das d) roubo majorado pela restrição de liberdade da vítima.
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fundamentações idôneas para a decretação ou manu- e) favorecimento da prostituição de criança ou adoles-
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legalidade e a atualidade de seus fundamentos;
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ANOTAÇÕES
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