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“Menina Morena”: Um pouco de Núbia Marques

No limite
sinistro
da lembrança
lento
corre
o tempo.
(Núbia Marques. Memória)

Começo escrevendo citando o que Maria Lígia Pina escreve sobre Núbia
Marques, “Nubia não morreu; Ela continua viva: geneticamente em seus filhos, netos e
bisnetos, culturalmente através da sua obra rara.”.
Núbia era uma guerreira na luta pelos direitos da mulher, pelos direitos políticos
do ser humano. Dizia-se feminista, no qual acreditava no potencial da mulher no
mercado de trabalho. Esteve à frente do Centro da Mulher. Foi considerada pelos
membros da Academia Sergipana de Letras, como sendo nossa Raquel de Queiroz.
Nasceu em 21 de dezembro de 1927, estudou no Colégio Menino Jesus e no
Atheneu Sergipense. Graduou-se em Serviço Social e Mestra pela PUC de São Paulo.
Filha da terra. Filha de Atilo de Pina e Bernardina Rosa do Nascimento
Marques. Filha das artes, da pintura, das palavras, das rimas e versos.
Foi professora de Desenvolvimento de Comunicação e Planejamento Social na
UFS e de português e Literatura na Rede Oficial de Ensino – SEE – Sergipe. Ex-
diretora do departamento de Cultura e Patrimônio Histórico da Secretaria da Educação e
Cultura, ex-presidente da Fundação Estadual de Cultura (FUNDESC).
Fez revolução em ser a primeira mulher a ser admitida na Academia Sergipana
de Letras, onde ocupa a cadeira de nº34, no dia 17 de março de 1977.
Dedicou-se desde adolescente à poesia e pintura, no entanto, só publicou o seu
primeiro livro de versos “um ponto e duas divergentes” em 1958. Em seguida publica
Dimensões Poéticas, Maquinas e lírios, Geometria do abandono, Todo caminho é um
enigma e Poemas Transatlaticos. Publicam em parceria poética com Gizelda Morais e
Carmelita Fontes os livros Baladas do eterno silêncio e Verde Outono.
Não contente com os versos, entra em outra esfera, escrevendo contos Dente na
Pele e o romance Berço de Angústia, de cunho psicológico, denunciando a situação de
subserviência da mulher.
Na década de 1980 publica o Passo de Estefânia, o qual foi integralmente
traduzido para o alemão e lançado por ela em Bremem – Alemanha e também em
Portugal. Escreve mais tarde o Sonho e a Sina, completando a “trilogia”, como Jackson
da Silva Lima comentou.
Como uma alma mais livre, Núbia ingressa no mundo da pesquisa com o livro
João Ribeiro, sempre. Folclorista escreveu artigos em jornal da Capital e publica os
livros Aspectos do Folclore em Sergipe e o Luso, o lúdico e o perene.
Para a comemoração das bodas de 70 anos de idade e 40 de literatura, é lançado
em 1997 o livro Caminhos e Atalhos, uma antologia dos vários livros publicados. Seu
último livro, Do campo à Metrópole – G-Barbosa na Macroeconomia Brasileira.
Mas no limiar da sua intelectualidade, ela nos deixa órfãos, no dia 26 de agosto,
deixando nos como herança seu legado como professora, romancista, folclorista, poetisa
e pintora.

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