Você está na página 1de 5

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM NUTRIÇÃO
DOUTORADO EM NUTRIÇÃO
CIÊNCIA DOS ALIMENTOS

BISFENOL A (BPA)

Recife
2023
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM NUTRIÇÃO
DOUTORADO EM NUTRIÇÃO
CIÊNCIA DOS ALIMENTOS

CAMILA VILELA DA SILVA SIMÕES

BISFENOL A (BPA)

Disciplina: Tópicos Especiais em Ciência e Tecnologia de Carnes


Docente: Jenyffer Medeiros Campos Guerra

Recife

2023
1) Definições e produção

É uma substância denominada popularmente como bisfenol A (2,2-bis(4-


hidroxifenil) propano, CAS n. 000080-05-7), sendo utilizada principalmente na produção
de policarbonato e em vernizes. O policarbonato é um polímero que apresenta alta
transparência e resistências térmica e mecânica. Devido a estas características o
policarbonato é utilizado na fabricação de mamadeiras e copos infantis (chuquinhas). Este
polímero é, também, utilizado em garrafões retornáveis (20 litros) de água mineral, além
de outras embalagens e utensílios. O Bisfenol A (BPA) está presente, também, em
vernizes utilizados para revestimentos de embalagens metálicas de alimentos
(BRASIL,2023).

2) Riscos à saúde

Em 2010 a OMS realizou uma reunião com especialistas de vários países para
discutir o assunto e a conclusão do relatório destaca os seguintes pontos: O BPA apresenta
problemas em doses elevadas, sendo trazido em alguns poucos estudos mostraram
associação de desfechos emergentes (como desenvolvimento neurológico específico ao
sexo, ansiedade, mudanças pré-neoplásicas nas glândulas mamárias e próstata de ratos.
Segundo a ANVISA, devido à considerável incerteza relacionada com a validade e
relevância destas observações, seria prematuro afirmar que estas avaliações fornecem
uma estimativa realista do risco à saúde humana.

Apesar disso, existem grandes debates mundiais sobre o bisfenol A e o seu


impacto no sistema endócrino. A atividade estrogênica do BPA foi relatada pela primeira
vez em 1993 (Krishnan, Stathis, Permuth, Tokes, & Feldman, 1993). Embora o BPA seja
considerado um estrogênio ambiental muito fraco, já que sua afinidade pelos receptores
de estrogênio é 10.000 a 100.000 vezes mais fraca que a do estradiol. Com base nos
trabalhos também é possível concluir que o BPA tem a capacidade de interromper a ação
do hormônio tireoidiano, causar a proliferação de células de câncer de próstata e em doses
muito baixas por trilhão pode bloquear a síntese da testosterona. Assim, tornou-se
inevitável impor limites à exposição humana a estes compostos (BRASIL, 2023).
3) BISFENOL A em embutidos e produtos cárneos em geral:

O consumo de alimentos enlatados tem sido relatado como um contribuinte


significativo para a exposição ao BPA. Ele é frequentemente encontrado em alimentos
enlatados e o nível de contaminação é significativamente maior do que em alimentos não
enlatados (por exemplo, embalagens plásticas frescas, congeladas ( GORECKI et al.,
2017 ). As concentrações de BPA variaram amplamente entre os vários tipos de alimentos
(WANG et al., 2022).
O BPA foi amplamente descoberto em muitos tipos diferentes de alimentos
enlatados, incluindo carne enlatada, apresuntados, salames, calabresas, dentre outros. As
resinas epóxi são a fonte proeminente de contaminação por BPA em alimentos enlatados
devido à aplicação de revestimentos epóxi fenólicos à base de BPA em latas de alimentos
(WANG et al., 2022).
Para produtos cárneos enlatados, a maior parte do BPA vem da migração de
embalagens em lata. Contudo, os produtos enlatados representam apenas uma parte do
consumo diário de carne. Muitos produtos de carne crua ou cozida embalados em plástico,
papel e vidro são contaminadas por BPA vendidos todos os dias em açougues,
supermercados e delivery. O BPA foi encontrado nesses produtos cárneos não enlatados,
como carne bovinha, caprina e suína ( GORECKI et al., 2017 ). As fontes de
contaminação permanecem atualmente desconhecidas, mas o BPA poderia entrar na
produção de carne, do campo ao prato (WANG et al., 2022).
4) REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (ANVISA), Bisfenol A.


Disponívelem:https://www.gov.br/anvisa/br/setorregulado/regularizacao/alimentos/bisfe
nol-a, Acesso em: 27/09/2023.

WANG, Xin et al. Human health risk assessment of bisphenol A (BPA) through meat
products. Environmental Research, v. 213, p. 113734, 2022.

GORECKI, Sébastien et al. Human health risks related to the consumption of foodstuffs
of animal origin contaminated by bisphenol A. Food and Chemical Toxicology, v. 110,
p. 333-339, 2017.

Você também pode gostar