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Equipe PL:

Tradução: Dynha; Poly Lima; T.

Nadalon; AshShadow; Lorac; Dom

Revisão Inicial: Cacau; T. Caldeira;

Lia C; Giu; C. Ribeiro; J. Rescia

Revisão Final: Paixão

Leitura Final: Anna Azulzinha

Formatação: Lola

Verificação: Lola
Sinopse
Tasha

Eu sabia que Noah Abramovich era um

problema desde a primeira vez que nossos olhos se

encontraram. Eu tinha dezesseis anos naquele

verão. Sentada à beira da piscina tomando um

sorvete. Ainda me lembro de como ele derreteu

sobre meus dedos e pingou sobre minhas coxas

enquanto eu olhava para ele. Não era apenas a

sua aparência de Deus grego, a sua atitude

Alpha, a sua altura, ou seu corpo poderosamente

musculoso, era a aura em torno dele que gritava,

Não brinque comigo.

Aos dezesseis anos eu o queria com a paixão

de uma mulher, mas o meu mundo era um

universo de regras não escritas. Regras que

valem mais do que a vida de um homem. Eu não


precisava de ninguém para me dizer que ele era

tudo o que eu não podia ter.

Ele nunca mais olhou para mim, mas eu o

observava de longe. Eu poderia dizer que havia

segredos profundos que mantinha seu sorriso

escondido. Taciturno e misterioso, ele não parecia

temer ninguém, nem mesmo o meu pai. Um

homem que ele deveria temer. Um que eu temia

muito. Com o passar dos anos e, mais tarde, nos

tempos atuais isso se tornou tão irreal quanto um

sonho.

Eu tenho vinte e dois anos agora e em seis

meses eu vou estar casada com um homem que

meu pai escolheu. Eu farei o meu dever e trarei

respeitabilidade à dinastia do meu pai, mas antes

que eu me entregue a esse homem, eu devo ter um

gosto do proibido. Apenas uma noite com o

homem das minhas fantasias mais obscuras,

então eu não mentirei no meu leito de morte, e

lamentarei por nunca ter estendido a mão e

pegado a única coisa que eu mais queria na vida.


Mas e se for tudo o que eu imaginei e muito mais.

E se apenas um gosto não for o suficiente?

Noah

No mundo da máfia, o seu passado nunca

está muito distante. Se você for descuidado, ele se

infiltra em seu futuro e faz com que você seja

morto. Apenas quando eu me enganei em

acreditar que eu me afastei de tudo, de repente

aparece no meu escritório.

Tasha Evanoff: Ela é como o pecado deve ser.

Loira, bonita, voluptuosa, e com reticentes olhos

de safira que vê diretamente minha alma

manchada. Ela vem oferecendo uma mordida da

maçã vermelha.

Se eu tivesse qualquer juízo eu fecharia a

porta, e a enviaria de volta para seu pai, um

psicopata do mais alto grau. Mas isso não é quem

eu sou. Se a linda princesa teve coragem de

entrar na cova do leão, tenho a maldita certeza


de que não vai passar pelo desafio. Vou dar uma

mordida em sua maçã. Por que não iria? Eu

desejo isso há anos. Vou espalhá-la e devastar o

seu delicado corpo. Vou fazê-la gemer, deixá-la

dolorida e arruiná-la para qualquer outro

homem. Ela ingenuamente pensa que tudo

voltará como era antes, mas eu sei o que ela não

sabe. Você nunca pode ter apenas uma noite crua

de paixão. O corpo sempre desejará mais. Ela

voltará e eu vou agir tranquilamente. Mas quem

eu estou enganando, eu nunca vou conseguir

deixá-la ir embora.

Spin off independente do best-seller, You Don't Own

me (The Russian Don series). Você não precisa ler You

Don't Own me 1 e 2 para ler o Bad Boy Mafia. O

romance é a história de Noah, um livro único que

garantirá um final com felizes para sempre.


Um
Noah Abramovich

Tasha Evanoff! Olhos azuis, loira, lábios carnudos e pele


tão branca, que é quase azul, até chegar o verão, então, ela se
torna dourada.

Que porra ela está fazendo na porta do meu escritório?


Por uma fração de segundo eu realmente acho que devo estar
sonhando. Como posso não estar? Nesse instante congelo
ouvindo a velha voz gutural de babushka novamente.

— Ouça com atenção, Noah. No momento em que um


recém-nascido emerge para a luz dura deste mundo, ele
perde a sua magia. Ele se ajusta e joga o jogo da vida, mas o
poderoso desejo para sua magia retornar, nunca vai embora.
O desejo fica fora do alcance da memória e a espera, porque
às vezes se um homem é muito, muito sortudo, sua magia irá
cruzar com ele de novo.

Tasha Evanoff é minha magia.

Nenhuma alma viva sabe disso, mas eu secretamente a


cobiço por anos. Forcei meus olhos para não a seguir pelas
magníficas salas de seu pai, ou olhar para seu belo corpo de
biquíni, estirado na espreguiçadeira à beira da piscina,
porque eu sabia que nossos mundos não estavam destinados
a colidir.

Hoje, ela vagou espontaneamente no meu.

Fechando a porta, ela se inclina sedutoramente contra


ela, sua energia sexual irradia através da sala. Ela está
vestida exatamente do jeito que eu espero que a filha de um
homem obscenamente rico e corrupto deva se vestir. Um
vestido branco, perfeitamente cortado na altura do joelho
combinado com um casaco de lã rosa suave, e scarpins
imaculadamente brancos de salto baixos e bico redondo.
Seus únicos adornos são uma corrente sutil de pérolas
marfim roçando em sua garganta, e presilhas de veludo preto,
segurando seus cabelos sedosos, que vão até a altura dos
ombros, para trás de seu rosto.

A intenção por trás da escolha de seu traje obviamente


não é erótica. Virginal mesmo, mas a tensão sexual vindo
dela efervesce entre nós como quando se agita uma garrafa
de champanhe. Isso colocou os meus nervos em alerta
máximo.

Eu fiquei imóvel.
— Olá, Noah—, ela disse.

Seu pai é um russo degenerado, mas sua mãe é uma


britânica de sangue azul e seu sotaque é puramente
aristocrático.

— Por que você está aqui, Tasha? — Eu pergunto. Meu


corpo está tenso e os hormônios estão zumbindo em todo o
lugar, mas a minha voz sai monótona e desprovida de
sentimento.

— Certamente, você irá me permitir sentar primeiro. —


Diz ela com um toque de irritação.

— Claro. — Eu aceno em direção às cadeiras em frente à


minha mesa. Ela anda em direção a cadeira da esquerda,
desliza para ela e coloca os joelhos firmemente juntos. Seus
olhos são belas estrelas azuis, as pupilas dois poços negros e
profundos.

— Gostaria de uma bebida? — Eu ofereço


educadamente.

— Não, obrigada—, ela se recusa, então ela pensa


melhor. — Na verdade, sim, eu vou querer uma.

— O que você quer?

Seu olhar vacila sobre mim.

— Um... conhaque se você tiver. — E depois de uma


pequena pausa, — Duplo.

Caminho até o bar e sinto seus olhos ardendo em


minhas costas enquanto eu puxo automaticamente um copo
do armário. Minha mente está girando. Eu pego a garrafa de
conhaque e a abro. Uma coisa é certa: Ela não estava apenas
passando pelo bairro.

Inclino a garrafa e coloco uma dose generosa.

Tento pensar por que ela está aqui e eu não posso


imaginar qualquer razão que ela poderia ter para vir ao meu
escritório nesta hora da noite. Eu desfaço minha carranca e
me viro. Casualmente, eu ando até ela e entrego a bebida.

Ela permite que seus dedos rocem nos meus enquanto


ela pega. Claro, eles são como convém à filha mimada de um
homem perigoso, macios como seda.

— Você não vai tomar também? — Ela pergunta, com


uma sobrancelha arqueada.

— Não. — Minha voz soa grossa e estranha.

— Oh—, ela exclama, olhando para mim.

É como olhar para um anjo ou uma aparição. Ela tem


um efeito quase paralisante hipnotizante em mim,
provavelmente porque eu nunca estive tão perto dela antes.
Eu luto com o desejo louco de agarrá-la e devorar sua boca
amuada.

Porra! Eu preciso colocar algo entre nós. Eu ando ao


redor da minha mesa e sento. Silenciosamente, eu a observo
beber. A forma como sua garganta branca se move enquanto
ela engole, um movimento tão erótico que faz meu pau se
agitar. Ela aperta o copo vazio frouxamente no colo e olha
para ele. O silêncio se estende entre nós.

Estranho. Retesado. Tenso.


Mas eu seguro minha língua. Deixo ela quebrá-lo.

Finalmente, ela olha para cima.

— Eu ... vou ... casar em seis meses —, diz ela


calmamente.

Eu já sabia desse pequeno fato, Tasha. Você vai se casar


com o inútil filho de um bilionário psicopata. É um
casamento intermediado no inferno por seu gordo e fodido
pai, um homem completamente feio e detestável. Se ele
soubesse que ela estava aqui, não seria algo bonito de se ver.
Sangue no chão seria o de menos.

Eu não digo nada e ela me encara com aqueles olhos


enervantes dela.

— Bem, de qualquer maneira, pensei que antes de eu


sossegar. Eu gostaria de tentar a vida, um pouco.

— Oh sim? — Não posso acreditar que ela está indo


para onde eu acho que ela vai.

— Sim. Eu quero que você transe comigo esta noite. —


Diz ela muito rapidamente, no ar tenso.
Dois
Noah Abramovich
Meu corpo inteiro reage a suas palavras. Meu coração
martela no meu peito e sangue corre tão rápido para o meu
pau que dói, mas anos de treinamento mantém a minha cara
perfeitamente inexpressiva. Até hoje ela nunca sequer olhou
em minha direção e agora ela quer que eu a foda. Alguma
coisa não está certa. Eu junto minhas mãos sobre a mesa.

— Pode ser necessário se explicar um pouco mais. — Ela


dá de ombros, um movimento descuidado, elegante, irritante.

— O que há para explicar? Quero que... você me foda. —


A princesa teve que lutar para dizer essa última palavra.

— Por quê?

— Porque... porque eu quero ser.... tomada por alguém


como você.

Como eu. Agora, eu entendo. A, garota rica entediada


mimada vai se tornar a esposa entediada mimada de um tolo
covarde, mas antes que ela se submeta a esse tédio sem fim
ela quer experimentar algo sujo com alguém do lado errado
da cidade.

A princesa quer ser uma puta por uma noite. E a pessoa


que ela escolheu sou eu. Inclino para trás em minha cadeira
e deixo meus olhos deslizarem sobre ela. Bem, bem, bem.
Toda essa beleza intocável estabelecia apenas a minha sujeira
e desonra.

— O que faz você pensar que eu quero uma noite com


você?

Sua testa lisa se enruga.

— Não é o que todos os homens querem? Um lance sem


amarras, uma noite suja com uma perfeita desconhecida?

Olho para ela. Isto é o que acontece quando você


esconde sua filha até a morte.

Ela confunde meu silêncio com relutância. Como se


qualquer homem em seu juízo perfeito fosse recusar.
Engolindo em seco, ela endireita sua espinha quando uma
determinação de aço brilha em seus olhos. Ela tem, afinal, o
sangue de seu pai.

— Não haverá consequências para você. Ninguém jamais


saberá. Depois desta noite nós provavelmente nunca
encontraremos novamente, e mesmo que nos encontremos
será como se esta noite nunca tivesse acontecido.

— Onde seu pai acha que você está agora?

Ela lambe os lábios que eu quero morder.

— Na minha cama. Dormindo. — Como se meu


pensamento lascivo fosse transferido para ela, seus brancos
dentes afundam em seu lábio inferior. Eu inalo bruscamente.
Luxúria é uma coisa poderosa, fascinante. Eu sempre
detestei pessoas fracas cuja única desculpa para fazer as
coisas que não deve é:

Foi o momento. Eu simplesmente não consegui me


segurar.

Naquele instante eu entendo do que eles estão falando.


Cada célula do meu corpo está gritando para eu não tomar o
cálice envenenado, mas como se ela tivesse lançado um
feitiço em mim, eu me levanto, contorno a mesa como um
zumbi, e estendo minha mão.

Ela quer sexo sujo. Eu sei tudo sobre isso.

Claro que vou dar uma noite tão quente que os dedos de
seus pés vão enrolar. Eu vou fazer isso tão inesquecível que
nos próximos anos, enquanto o pau meio flácido do seu
marido trabalha dentro dela, ela vai fechar os olhos e lembrar
do meu pau empurrando dentro dela.

Um vislumbre de um sorriso aparece em seus lábios. Ela


coloca sua mão na minha, eu a puxo e ela se permite cair
contra o meu corpo. Seu corpo suave se curva e
imediatamente se molda contra a dureza do meu. Seu
perfume sobe e enche minhas narinas. Eu o respiro. Tem sido
muito tempo, na verdade, eu não me lembro a última vez que
uma mulher pôde me desarmar desta forma. Mas ela só quer
sexo indecente com você. Ela é sua apenas esta noite.

—Você está molhada? — Eu pergunto, minha voz


áspera.

Ela nega com a cabeça, seus olhos arregalados.


Minhas sobrancelhas sobem.

— Você tem certeza disso?

— Sim. — Diz desafiante.

Sem aviso eu pego sua bunda redonda e deslizo minha


outra mão sob seu vestido casto. Ela luta, mas eu a seguro
com força, fazendo seus esforços insignificantes e inúteis.
Seus olhos piscam quando a minha mão desliza para dentro
de sua calcinha e toca sua boceta nua. Eu mergulho dois
dedos em sua vagina. Ela suspira e fica rígida.

— Então...— Eu tiro os dedos de dentro dela. — Que


porra é essa? — Pergunto suavemente enquanto eu enxugo
meus dedos em sua bochecha macia.

Seus olhos surpreendentes cintilam.

Eu viro minha cabeça e lambo seu rosto onde eu passei


sua umidade. Ela tem gosto de mel almiscarado.
Inesquecível. Eu já sei que vou sentir falta do gosto dela
quando ela sair nas primeiras horas da manhã. Inalo
profundamente o seu cheiro e forço minha língua em sua
boca. No início, ela não faz nada, e então ela começa a chupá-
la. Porra, essa mulher me deixa louco. Eu retiro minha língua
e olho para ela. Meu pau está lutando contra o zíper da
minha calça jeans.

— Você nunca vai ter outra noite assim, então sem jogos
de timidez e sem mentiras esta noite, entendeu?

Ela balança a cabeça em silêncio.

— Você está molhada?


— Sim.

— Quão molhada?

— Gotejando —, diz ela com voz rouca.

Eu sorrio fracamente.

— Você vai fazer qualquer coisa que eu pedir esta noite?

— Sim. Qualquer coisa.


Três
Tasha Evanoff
Snoop Dogg - Wet (David Guetta remix)
Molhada

Ele se afasta de mim de repente e eu sinto como se


alguém acabasse de substituir meus joelhos por geleia. Ele
caminha até a sua mesa, encosta seus quadris estreitos
contra a beira e cruza os braços sobre o peito.

Sob a luz do teto seus cabelos negros brilham, mas seus


olhos são obscuros e encapuzados, impossível dizer a
expressão neles, mas eu sinto seu olhar sensual sem pressa
percorrer meu corpo. Primitivo, um magnetismo selvagem
rola para fora dele em ondas que me atingem e trazem uma
onda de calor na minha barriga. Eu fico tão vulnerável e
exposta como se eu estivesse nua.

— Tire a calcinha. — Sua voz é gentil, mas palpita com o


calor.

Minha respiração acelera. Certamente ele não pretende


que nós o façamos aqui. Talvez ele imagina que pode me
degradar como se eu fosse algum tipo de prostituta que
contratou para a noite só porque eu ofereci meu corpo. Eu
não vou permitir isso. Minha coluna se endireita.

— Vamos … fazer isso aqui?


— Não.

— Então por quê?

Ele permanece imóvel.

— Porque eu quero que você faça.

Ninguém nunca me falou com tal desrespeito sem medo,


sem se preocupar se eles podem ferir os sentimentos do meu
pai. Um arrepio de excitação passa por mim. O ar explode
com tensão sexual enquanto eu lenta e deliberadamente,
deslizo as mãos sob a barra do meu vestido e arrasto minha
calcinha pelas minhas pernas. Eu a deixo cair no chão e saiu
dela.

—Traga para mim—, ele vocifera.

Eu me curvo, pego a calcinha de renda, penduro-a em


um dedo e caminho até ele. Ele estende a mão, palma virada
para cima e, eu solto a renda nela.

Ele sorri, seus olhos brilham como mármore molhado, a


pele nos cantos externos enrugando. Ele pisca, ele tem os
cílios que uma menina mataria para ter, e minha respiração
prende na minha garganta. Sinto-me como se tivesse sido
lançado um feitiço em mim. Eu mal posso pensar. O ar
parece engrossar e cada respiração que eu dou é difícil e
ruidosa.

A intoxicação é tão completa, que não vejo o que ele faz


com a minha calcinha. Num momento ele a está segurando e
no próximo a sua mão está vazia e tocando meu lábio. A pele
do seu polegar é áspera.
—Tasha Evanoff—, ele respira suavemente.

Meus lábios se abrem.

Sua mão libera suavemente minhas presilhas.

—Você não vai precisar delas onde estamos indo. — As


presilhas caem silenciosamente no tapete.

Ele enfia a mão no meu cabelo, aperta na minha nuca, e


puxa, então, a curva da minha garganta está exposta a ele.
Meu estômago aperta com o olhar de pura luxúria que surge
em seus olhos. Ele me puxa para ele com uma ferocidade que
me assusta. Eu caio sobre seu corpo duro e olho hipnotizada
nas profundezas ardentes de seus olhos negros. Uma ardente
excitação corre através de mim.

Entre as minhas pernas eu queimo e latejo. Senhor, eu


nunca quis um assim.

— Porra, uma noite não será suficiente para o que eu


quero fazer com você —, diz ele, de repente, e em um
movimento suave se endireita, puxando-me em pé com ele.

Ele telefona para alguém chamado Viktor e diz a ele


para pegá-lo na porta de trás. Em seguida, sai pela parte
traseira de sua casa noturna, o meu corpo rígido de tensão.
Às vezes, sua mão chega na parte inferior das minhas costas
para me guiar na direção certa. Ele estende uma mão grande
e empurra abrindo as portas duplas da cozinha. Todos que
estão naquela cozinha ficam de boca aberta com a visão de
Noah e eu. Eu acho que ele não tem o hábito de sair pela
parte de trás com suas mulheres. Fora que é frio e eu tremo.
— Frio? — Ele pergunta, olhando para mim

— Um pouco.

Um carro está esperando, e o motorista,


presumivelmente Viktor, está de pé ao lado da porta de trás
aberta. Seus olhos se arregalam ligeiramente ao ver-me antes
dele apagar toda sua expressão. Me pergunto se ele me
reconheceu, mas é extremamente improvável. Meu pai me
mantém bem fora do seu mundo. Agradeço a ele e entro
enquanto Noah caminha para o outro lado e desliza ao meu
lado.

— Ligue o aquecedor—, ele diz ao motorista.

— Obrigada, — eu sussurro.

Ele se vira para olhar para mim, suas fortes maçãs do


rosto iluminadas pela luz dos postes e o olhar em seus olhos
me faz lamber meus lábios.
Quatro
Noah Abramovich
Wicked Game (Uncensored) - Chris Isaak
Jogo Imoral

Meus olhos caem para o lábio inferior carnudo, à


maneira como ele brilha sedutoramente na escuridão. Isso
me fode um pouco. Digo a mim mesmo para ficar calmo, mas
a excitação é como uma corrente elétrica em meu sangue,
correndo em minhas veias. Porra, eu nunca conheci esse tipo
de urgência cega.

Eu quero agarrá-la e levá-la e então...e porra se isso não


vai ser bom.

Eu aperto meu maxilar e viro. Há uma voz zombeteira


na minha cabeça. Fique firme, Noah. É apenas uma noite.
Não leve isso tão a sério. Eu olho para fora da janela
enquanto as ruas familiares passam por nós. Eu tenho feito
esse caminho milhares de vezes, mas há algo surreal sobre
esta noite.

Seu nome é Tasha Evanoff. Seu perfume. A sua


presença, a brancura cremosa de sua pele macia, a inocência
em seus olhos arregalados. Eu sou um monstro. Eu posso
oferecer nada além de dor e ruína. Mesmo tocando a
princesa, eu a estaria profanando, e, no entanto, eu não
consigo parar.

Ela é minha única fraqueza. A amada filha do rei da


máfia está prestes a se tornar o meu pior pesadelo. Eu não
pude resistir ao seu chamado. Eu fantasiei isso muitas vezes.
Apenas uma noite. É apenas luxúria. Quando o sol nascer irá
acabar. Eu não vou persegui-la. Eu não vou arruinar sua
vida. Apenas uma noite.

Enquanto o carro segue na estrada, cada célula do meu


corpo se aquece, se torna super alerta. Como um lobo. Eu
posso ouvir seu coração, sentir o calor vindo de seu corpo.

O carro para suavemente. Aqui estamos Noah, você e a


mulher de suas fantasias. Eu saio e Viktor corre para abrir a
porta para ela. Ela sai e olha para mim. Agradeço ao Viktor e
ele vai embora.

O vento frio varre suas roupas e cabelos. Ela abraça a si


mesma.

— Minha casa—, eu digo suavemente.

— É bonita—, ela responde sem sarcasmo. É apenas


uma casa de seis quartos com tetos altos e janelas altas. Mas
modesta. Certamente nada comparado ao palácio de ouro e
mármore que ela vive. Russos com dinheiro são como árabes.
Chamativos. Eles investem em ostentação.

— Tem certeza que você quer fazer isso?

Ela estende uma mão e, com o polegar e o indicador,


pega alguma coisa em minha bochecha direita. Olhando para
mim ela segura na frente dos meus lábios. É uma velha
superstição russa: se um cílio cai, você receberá um presente.
Meu peito fica apertado. Minha mãe costumava fazer isso
comigo, pegava o cílio, e me deixava soprá-lo ao fazer um
desejo.

Eu assopro. Mechas de seu cabelo loiro levantam de seu


pescoço. Ela pisca.

— Você tem um desejo?

Eu concordo. Quão surpresa ela ficaria se soubesse que


eu a desejava. Quão surpreso estou no meu maldito desejo.
Nenhum dos desejos que eu fiz quando minha mãe segurou o
cílio já se tornou realidade. Não há absolutamente nenhuma
maneira que este será diferente.

Nós subimos os degraus e eu coloco a chave na minha


porta. Eu fecho a porta e a vejo olhar em volta.

— Quer uma bebida? — Eu ofereço.

—Se você tomar também.

Caminho até a sala de estar e acendo a luz. Ela ri, um


som ofegante.

— Uau, ela é linda.

Eu olho para a decoração como se fosse à primeira vez.


Através dos olhos dela. Eu nem reparo mais nisso. Eu sigo
seus olhos enquanto ela olha as cores claras nas paredes, o
piso cinza carvão, e as cortinas de seda escuras. Há
almofadas de veludo vermelho no fainting couch1 branco. Ela
entra na sala de estar ficando sobre o tapete felpudo lilás.

— Eu nunca teria imaginado que você vivesse em uma


casa como esta.

Eu dou de ombros casualmente. Esta é a minha casa,


mas não é uma casa. Eu realmente não vivo aqui. Na
verdade, eu quase não venho. Muitas vezes eu fico no
apartamento acima do meu restaurante.

— Eu na verdade não a decorei. Eu contratei alguém.

— Claro, eu sabia disso, mas você aprovou seu design.

— Quando eu compro um cachorro eu não costumo


latir.

Ela ri novamente, mas desta vez é para valer. Um lindo


som. É a maneira que eu pensei que ela soaria. Rico, sexy e
divertida.

— Eu esperava mais couro preto e cromo de alguma


forma. — Ela para e encolhe os ombros. — Quero dizer, sendo
Bratva e tudo.

— Eu não estou mais na irmandade—, digo em voz


baixa.

Ela arqueia uma sobrancelha.

— Oh, desde quando?

— Anos — eu digo simplesmente.

É um sofá com uma volta que é tradicionalmente com uma extremidade


levantada.
— Então, você apenas se afastou? — ela pergunta
curiosamente.

— Você nunca se afasta. Ele caminha ao seu lado.

— O que isso significa?

— Os seus pecados, cada um deles, nunca te deixam,


não importa o quão longe você corre, ou quanto tempo você
vive.

Ela me olha fixamente.

— Mas você não veio aqui para falar sobre meus


pecados.

Ela não diz nada, então eu vou para o bar e nos sirvo
uma grande dose de conhaque. Ela pega o dela da minha
mão e o levanta.

— Por esta noite—, diz ela.

— Esta noite, —eu respondo e ambos bebemos.

Para minha surpresa, ela vira mais rápido que eu. Ela é
tão bonita que faz meu pau chorar. Eu quero rasgar as suas
roupas, mas ela terá de ir para casa com elas novamente
antes do sol nascer. O pensamento não me cai bem. Já temo
ter que deixá-la ir amanhã. Uma vez que eu a possuir ...

Ela estende uma mão e desabotoa minha camisa,


expondo meu peito. Seu dedo pálido, a unha pintada de rosa
perolado, traça a tatuagem de um tigre rugindo no meu peito.

—Você era um ladrão —, ela respira.


Eu não digo nada. Minhas tatuagens contam as
histórias de derramamento de sangue, violência e o código
moral não dito do meu passado. Meu tempo de andar sobre
uma linha fina entre a vida e a morte. A punição por fazer
uma tatuagem que você não ganhou é grave, por isso elas são
como o meu CV e por ser filha de um rei da máfia ela pode ler
cada letra e decifrar cada desenho.

Ela desfaz o resto dos botões da minha camisa, puxa, e


desliza-a de mim. Eu vejo seus olhos avidamente varrerem o
meu peitoral, antes de seus olhos pousarem sobre a
tatuagem de um epaulette2 cobrindo o meu ombro direito.

— Alto escalão, —ela sussurra.

Ela sobe nas pontas dos pés e me beija diretamente no


crânio no meio do epaulette. É um gesto de aprovação. Ela
sabe que isso significa que eu não sou, nem nunca serei
escravo de ninguém.

Eu fico parado como uma estátua quando ela toca a


rosa. Tantas lembranças retornam. Nenhuma outra mulher a
tocou da mesma maneira. É Dalila segurando o cabelo de
Sansão.

—Você passou seu aniversário de dezoito anos na


prisão. —, ela observa. Sua voz grave.

Então seus dedos delicadamente trilham a lâmina de


uma adaga.

2
É a maneira em inglês de falar “dragonas”, que são que aqueles enfeites aplicadas aos ombros em
casacos militares e estão em alta nessa temporada.
—Você tem tido vida. — Ela toca as gotas de sangue
enquanto ela conta em voz alta as vidas que tirei. —Uma,
duas, três, quatro... —Há mais gotas, mas ela não continua.
Ela olha para mim, os nossos olhares se encontram, e ela
exala um longo suspiro. Parece de pesar ou dor.

Ela dá a volta e olha para a tatuagem enorme da


Madonna e da criança cercadas por santos e anjos. No fundo
uma catedral. É o talismã dos ladrões. Eu sei que sou um
pecador, mas me proteger, me orientar, me trará sorte.

— Então... você era um ladrão desde que idade

Sinto seu hálito quente em minhas costas.

— Quinze—, digo em voz baixa.

—Mmmm. — Ela coloca a mão nas minhas costas e eu


fecho os olhos para a incrível suavidade de sua pele.

Ela lê em voz alta as palavras russas. Oh Senhor,


perdoa-me pelas lágrimas de minha mãe.

Eu giro e pego seu pulso.

— É o bastante. —Algo pisca em seus olhos, mas não é


medo.

— Então agora você sabe tudo sobre mim, — eu digo. —


O que há para saber sobre Tasha Evanoff?

— Há apenas uma coisa que você precisa saber sobre


mim. Esta noite eu sou sua.

— Me deixe ver o que é meu... esta noite, então, — eu


digo.
Rosa se espalha por seu pescoço e bochechas. Ela
afunda seus dentes em seu lábio inferior e segura o seu copo
vazio para mim. Eu pego dela e ela tira seus sapatos. Que
fofo. Nenhuma outra mulher que eu conheço sonharia em
tirar os sapatos primeiro. Cada uma delas é sofisticada o
suficiente para saber que uma mulher nua vestindo nada
além de seus saltos altos é a coisa mais excitante que existe.

Ela tira seu casaco e dobra antes de colocá-lo


cuidadosamente sobre a beira do sofá mais próximo a ela.
Enquanto suas mãos vão para a parte de trás do vestido, eu a
vejo tremer e percebo que ela está nervosa para caralho. Ela
abre o zíper de seu vestido e abaixa lentamente. Debaixo há
apenas o sutiã branco rendado. Ela não tenta dobrar o
vestido quando ele forma uma piscina em torno de seus
tornozelos. Engolindo em seco, ela tira a última peça de
roupa e deixa cair no tapete.

E eu vi um corpo de proporções clássicas.

Meus dedos apertam em torno dos copos em minhas


mãos. Uma palavra que eu acho que jamais usei me vem à
cabeça. Esbelta. Seus seios são pequenos e redondos, os
mamilos rosa e ereto, e sua cintura alarga suavemente em
deliciosas curvas que seguem em coxas finas. E entre elas
dobras rosadas se projetam.

Além do cabelo em sua cabeça, ela é completamente sem


pêlos. Sua pele pálida impecável brilha suavemente na luz
suave. Não há uma única marca em seu corpo. Como se ela
nunca tivesse caído quando criança e ralado os joelhos ou
ferido os cotovelos. Perdido em êxtase eu arrasto meus olhos
de volta para o seu rosto.

Antecipação e excitação fizeram seus olhos


resplandecentes um azul brilhante. Aqui está ela, no lado
errado da respeitabilidade, com o pior dos bad boys. Um
perigoso assassino a sangue-frio. E em seus olhos: a boa
menina está esperando uma suja, emocionante e selvagem
noite proibida, de luxúria e paixão.

Uma noite como nenhuma outra. E ela vai conseguir.

Olhando em seus olhos brilhantes, lembro do presente


de aniversário que Vasily e o resto da minha equipe me
deram. Era para ser uma piada. Como uma boneca inflável só
que melhor. Muito melhor. Mesmo que eu tenha sido
surpreendido pela forma como incrivelmente real ela
parecesse quando eles a apresentaram entre os cobertores,
nunca pensei que eu a usaria.

Até esta noite…

Eu a pego, ela pesa muito pouco. A levo para cima e a


deito na cama. Ela olha para mim com os olhos arregalados.
Ela parece tão inocente e bonita que eu quase não posso
suportar olhar para ela. A simples verdade é que eu não
posso suportar devolvê-la amanhã.

Eu sinto raiva crescendo dentro de mim por ela não


poder ser minha. Não a quero apenas por esta noite, mas
para sempre.
Eu sempre quis, e agora estou sendo presenteado com
um gostinho antes que ela me seja arrancada e dada a um
valentão que não a merece.

Eu já sei o que ele vai fazer. Ele vai despedaçá-la


negligentemente.

Ela, que é minha.


Cinco
Tasha Evanoff
Wasis Diop - Everything Is Never Quite Enough
Tudo não é o bastante

Deitada nua na cama, eu o observo caminhar sem


camisa, os músculos de suas costas brilhando, até ao closet.
Eu vejo seu reflexo em um espelho abrir um armário e da
prateleira superior retirar um grande pacote. Ele traz para a
cama e o coloca ao meu lado.

— Abra. — ele encoraja suavemente.

Sento, curiosa e abro a embalagem plástica. Eu fico


olhando para ele, surpresa e um pouco confusa.

— É uma autêntica, em tamanho natural vagina e


bunda—, ele explica o óbvio.

— É um masturbador para homens. — eu digo


lentamente. Mordendo o meu lábio inferior eu olho para ele.
— O que você vai fazer com isso?

Ele sorri lentamente.

— Eu não. Você.

Eu fico olhando para ele.

— Eu? O que eu devo fazer com isso?


— Eu quero ver você chupar essa boceta.

— Você quer que eu chupe uma boceta de plástico? —


Repito, incrédula. Isso era muito bizarro para mim.

—Não é de plástico. É uma versão CyberSkin 3 de luxo.


Toque isso.

Olho para o objeto, então de volta para ele.

— Sinto muito, mas eu não fico com mulheres. Nem


mesmo um pouco.

— Toque nisso—, ele insiste.

— Eu...

— Eu quero que você toque.

— Tudo bem. — Eu toco uma das nádegas e parece


surpreendentemente real e macio. Eu retiro minha mão. —
Sim, bom, muito realista, mas qual é o ponto? Não está
fazendo nada para mim, e, francamente, eu prefiro tocar
você.

— É visual para mim, mas claramente um tabu para


você.

Eu olho para a coisa. Isto é basicamente quadris e coxas


de uma mulher quando ela está deitada de bruços e com a
bunda para cima de modo que sua vagina se projeta para fora
com todas as suas pregas arreganhadas.

— Me deixe mostrar como é fácil—, diz ele, segurando


em um flash, abrindo minhas pernas com suas mãos

3
É um material que foi desenvolvido pela NASA, e que normalmente usados para imitar a pele humana,
uma vez que possui grande semelhança com a mesma.
poderosas, e olhando para o meu sexo exposto. Como um
homem em transe, ele se ajoelha entre minhas pernas. Sua
cabeça se move para baixo e seus lábios se conectam com o
meu ponto latejante. Eu pulo como se tivesse sido
eletrocutada.

Ele levanta a cabeça.

— Relaxe—, ele ordena.

Eu fico olhando para o teto, furiosa comigo mesma por


reagir como um coelho assustado, ou alguma pequena
puritana virgem vitoriana. Estou prestes a fazer este trabalho
noturno. De uma forma ou de outra. Eu sonhei com isso por
muito tempo. Ele enterra a cabeça entre as minhas coxas.

— Oh, Deus —, eu gemo, meu corpo arqueando


involuntariamente, quando sua língua encontra a abertura
molhada e mergulha dentro. O prazer é delicioso.

Suas mãos percorrem meu corpo enquanto ele gira sua


língua dentro de mim, lambendo, rolando, chupando,
provando minhas profundezas, me comendo como se ele fosse
um lobo faminto. Minhas pernas fecham em volta de sua
cabeça e minha boceta aperta em torno de sua língua ávida.
Só quando eu acho que ele encontrou o ponto certo, ele vai
mais fundo, ou muda o ângulo, e encontra todo um novo
ponto certo.

— Sim, aí —, eu gemo, todo o meu corpo pulando


enquanto eu roço o meu sexo contra sua boca e persigo o
meu orgasmo. Quando estou quase gritando com prazer, ele
remove sua língua de dentro de mim e fecha seus lábios em
torno do pequeno broto duro do meu clitóris e o chupa.

— Estou tão perto, —Eu gemo.

Sua resposta é sugar mais forte.

— Oh, Noah, — eu grito e, agarrando sua cabeça, gozo.


Com força! O mundo fica branco com a intensidade do meu
clímax. É além de qualquer coisa que eu tenha
experimentado antes. O orgasmo rasga através de mim e me
deixa uma bagunça, tremendo e eu tomo consciência de que
sua língua ainda está dentro de mim.

— Isso foi incrível. — Minha voz é rouca.

Ele levanta a cabeça, sua boca e queixo brilhando.

— Você é incrível—, diz ele e mergulha seus dedos


dentro de mim. Eu suspiro e aperto os músculos em torno de
seus dedos. Com os olhos arregalados eu o vejo recolher os
sucos da minha boceta e esfregar na vagina do brinquedo. Ele
até mesmo insere os dedos no brinquedo para revestir o
interior.

Eu encontro seus olhos escuros e inescrutáveis, e de


repente eu quero ser a garota que é tão selvagem e disposta,
ela é extraordinária. Eu sei que ele vai me assombrar para
sempre. Que não seja apenas ele quem vai deixar uma marca
indelével em mim. Vou dar um show que ele nunca vai
esquecer.

Eu fico de joelhos e me afundo nos lábios cor de rosa e


arreganhados do brinquedo. Eu o lambo e, pela primeira vez,
provo meus próprios sucos. De joelhos e chupando uma
boceta de brinquedo besuntada com meus próprios sucos, eu
o ouço respirar profundamente. Na minha visão periférica eu
o vejo tirar as calças. Eu quero ver seu pênis, mas ele se
move para a parte de trás de mim. Chupo audivelmente os
lábios com avidez, e exatamente como ele fez comigo, eu
mergulho minha língua na abertura suave.

Atrás de mim, eu ouço o som de uma embalagem de


preservativo sendo apressadamente rasgada e todo o meu
corpo fica eletrificado. Todo átomo em alerta e esperando por
seu toque. Primeiro ele envolve suas grandes, mãos ásperas
em torno de meus quadris e, em seguida, a cabeça de seu
pênis começa a me penetrar. Estou toda molhada, mas é
enorme e eu grito de dor quando ele me abre e empurra em
mim. Eu o sinto esticar mais e mais enquanto seu pau duro
vai mais fundo dentro de mim. Quando eu começo a me
ajustar ao seu pau grosso, a sensação de plenitude é
maravilhosa.

Isto é para o que o meu sexo foi feito.

— Abra mais suas pernas. —, ele instrui, sua voz grossa


com luxuria.

Eu obedeço.

— Ainda mais e empurra sua bunda para cima—, ele


comanda.

Com minha boceta empalada por seu pau, eu não posso


evitar a sensação de estar indefesa e vulnerável. Todo o meu
corpo se prepara para ter a foda da minha vida. Eu gemo
quando a protuberância entre as minhas pernas começa a
pulsar como um coração. Sei então que eu quero que ele
comece a se mover, tão ruim que parece como se eu fosse
quebrar em mil pedaços se ele não se mexer.

Ele começa rolando seus quadris, lentamente,


deliberadamente, antes de pegar velocidade, metendo em
mim, tanto quanto ele pode ir e o sinto enorme dentro de
mim. As estocadas cada vez mais selvagens, aumentando e
aumentando a uma velocidade quase insuportável.
Impiedosamente ele me fode o mais rápido que pode,
enquanto os meus quadris se levantam para atender seus
impulsos. Até que todas as terminações nervosas do meu
corpo estão gritando por liberação.

— Toque a si mesma—, ele rosna.

Eu uso meus dedos e freneticamente esfrego meu


clitóris e quase instantaneamente sinto um orgasmo monstro
vindo.

— Enfie sua língua nessa boceta enquanto meu grande


pau fode você —, ele ordena, e de repente eu estou montando
uma enorme onda. Ele deve ter se segurado e esperado por
mim, porque ele ruge e explode junto comigo.

Meu clímax começa no meu núcleo. Ele explode através


do meu corpo como uma bomba incendiária e termina na
ponta dos dedos das mãos e pés. O poder dele deixa o meu
gemido sem som e me faz tremer. Eu não sabia mais onde eu
terminava e ele começava. Éramos um só, um interminável
clímax de abalar a terra.
Toda vez que eu achava que cheguei ao meu limite, que
este seria o último, não poderia haver mais, Noah metia todo
o comprimento de seu pênis profundamente em meu corpo, e
começava tudo de novo, o próximo clímax batendo dentro de
mim como uma parede de tijolos. Até meu cérebro parecer
fritar, minha boca estar gritando sem fazer barulho, e meus
membros agitando e convulsionando incontrolavelmente.
Nada que eu já fiz, não sozinha, ou com qualquer outro cara
se compara a esta alucinante sensação.

Quando finalmente acabou, o meu corpo parecia estar


tão pesado como chumbo e tão completamente drenado que a
parte superior do meu corpo cai na cama. Suas mãos não
soltaram meus quadris. Ele nos mantém unidos enquanto
minha boceta convulsiona e jorra em torno de seu pênis.
Somente quando todos os tremores se foram ele sai de mim.

Ele cai na cama, com a cabeça aparecendo ao lado dos


meus olhos. Viro para olhar para ele com admiração.

— É sempre assim com você?

Ele balança a cabeça, seus olhos não dizendo nada.

Estendo minha mão para tocar as linhas másculas de


seu rosto.

— Você é realmente muito bonito, — eu sussurro.

A sombra de um sorriso cruza seu rosto. É um sorriso


estranhamente sombrio. Me faz querer segurá-lo perto do
meu coração e nunca soltar. Para minha surpresa, meus
olhos se enchem de lágrimas. Eu normalmente não sou um
bebê chorão.
Seus olhos se estreitam.

— Qual é o problema? Eu machuquei você?

Eu mordo meu lábio para parar os soluços.

— Não. É apenas a emoção que você liberou, eu acho.

Ele balança a cabeça.

— Você não diz muito, não é?


Seis
Noah Abramovich
Ela não era nada como eu imaginava. Na minha mente,
eu, deliberadamente, a julguei como uma princesa mimada.
Rude, indiferente, fria, superficial, descuidada, passando o
tempo de braços cruzados, como a maioria das filhas de
homens ricos faziam, com um exército de empregados à sua
mercê para limpar as bagunças que fazia. Mesmo assim, eu a
queria muito, mas agora que eu bebi seu doce néctar, eu a
desejo da mesma maneira que um homem morrendo de sede
deseja um copo de água gelada.

—Você não quer falar comigo? — Ela pergunta, com um


olhar magoado.

Porra. Como pode uma mulher adulta ser tão inocente,


não ter a noção de quanto um homem a quer? Pode uma
mulher como esta, se encaixar na minha vida fodida?

Que porra é essa? Será que eu realmente quero manter


esse pensamento louco na minha cabeça? Que droga, Noah,
você está apenas ferrando consigo mesmo. Você nunca terá
Tasha Evanoff. Seu pai preferiria me ferver vivo do que,
deixar pessoas como eu, tê-la. Porra, ele teria me fervido vivo
se soubesse que eu a toquei. Eu sinto um tique iniciar em
meu queixo. Eu sinto a raiva de estar tão perto de algo que
você está morrendo para ter e, ao mesmo tempo, sabendo que
nunca poderá tê-lo.

— O que você quer que eu diga Tasha? — Pergunto


duramente. Seus olhos se arregalam em choque com meu
tom amargo.

— Em poucas horas você terá ido para sempre. O que eu


deveria dizer? Isso foi ótimo. Obrigado. Ou melhor, ainda,
quer que eu diga; eu vou lutar por você? Eu vou matar o seu
pai, o homem que você deveria se casar, ou qualquer outra
pessoa que ficar na porra do meu caminho.

Seu lábio inferior começa a tremer. Ela aperta a boca em


uma linha reta, se afasta de mim, e olha para o teto.

— Você não tem que ser tão horrível. Era suposto que
teríamos apenas uma noite. Você é um homem. Certamente
deve ter tido muitas noites como está. Foi tão horrível para
todas elas também? — Sua voz quebra na última pergunta.
Ela pisca duramente, mas uma lágrima desliza pelo canto dos
olhos e corre por sua têmpora deslizando em seu cabelo.

A visão faz meu peito doer. Algo dentro de mim parece


quebrar. Eu não consigo entender como ela pode facilmente
ficar sob a minha pele. Eu sou um cara durão. Ninguém fica
sob mim. Nunca. No entanto, eu sou como massa de
vidraceiro nas mãos dela. Levanto no meu cotovelo e muito
gentilmente lambo o fluxo salgado.

— Eu sinto muito.

Ela fixa o olhar em mim, seus lindos olhos penetram


minha alma.
— Está bem. Eu te perdoo. Eu não quero brigar com
você. — Ela murmura.

Sua rápida aceitação ao meu pedido de desculpas como


uma criança é cativante. A cada segundo que passa, ela se
entrelaça mais e mais firmemente em torno de meu coração.
Eu toco em sua barriga e sua mão desliza pelo meu corpo e
alcança meu pau semiereto. Ele começa a inchar e ela sorri,
se sentindo poderosa, sabendo que ela é a causa.

Ela levanta da cama e eu vejo quando ela cai no chão e,


inclinando a cabeça, enche a boca com a ampla cabeça do
meu pau. Sua boca é o céu, macia, quente e aveludada.
Lentamente, ela desliza os lábios um pouco mais da metade
para baixo do meu pau, e meu eixo longo já está no fundo da
sua garganta.

Ela começa a chupar meu pau em um ritmo suave. Uma


freira com uma dor de dente poderia ter feito melhor, mas
sua inexperiência e incapacidade de me tomar por inteiro me
excitam tanto que eu sinto meu clímax já se construindo.
Sento, puxo meu pau de sua boca, e aprecio a deliciosa
sensação de deslizar meu pau ao longo de sua língua.

— Fique de joelhos, — eu digo a ela.

Eu levanto e angulo sua cabeça para que o seu pescoço


arqueie para trás. Então, enrosco os meus dedos em seu
cabelo, e guio sua cabeça para poder deslizar para trás. Eu
empurro meu pau até o fundo da garganta, um pouco mais
do que antes. Seus olhos se arregalam em pânico, mas eu
seguro sua cabeça lá, e obedientemente ela permanece. Eu
aproveito o momento de controle total. De ter a boca de Tasha
Evanoff até o final do meu pau.

Meu pré sêmen deve ter tocado sua garganta porque ela
engole. Eu retiro, a vejo respirar fundo e eu sei que não posso
durar muito mais tempo. Eu quero meu esperma em sua
garganta e no seu estômago. Eu puxo seu rosto contra o meu
pau latejante apertando e apertando. Então eu me solto,
jorrando meu esperma quente em sua garganta. Jorrando e
jorrando e a observando engolir tudo. Até a última gota.

Fiz Tasha Evanoff beber o meu gozo.

Eu olho para ela, com os olhos arregalados, sua boca


suculenta delicadamente chupando as últimas gotas de
esperma de meu pau. A tensão deixa meu corpo. Eu a fiz se
submeter a mim. Uma mulher que continua chupando seu
pênis depois de ter gozado dentro de sua boca é uma mulher
que pertence a você.

Eu puxo fora dela e, segurando por baixo dos braços, a


puxo para a cama. Ela olha para mim enquanto eu começo a
adorar o seu corpo de uma maneira que eu nunca fiz com
outra mulher. Ela é uma mulher pura. Puro êxtase. Seu gosto
e o forte cheiro doce de sua excitação me dão água na boca.
Eu lambo, chupo, mordo cada polegada dela. Eu chupo os
mamilos cor de rosa até que incham a quase o dobro do seu
tamanho. Quanto mais ela me pede para entrar nela, mais eu
a atormento.

— Me fode, — ela implora, abrindo as pernas e me


mostrando sua boceta inchada e molhada. Eu ergo minha
cabeça para apreciar a vista. Todo o seu corpo tremendo,
quente, molhado, e cercado por seu cabelo lindo.

— Por favor. — Ela implora.

— Me fode, Noah. Me fode. Seus quadris empurrando


impotentes no ar. Isso me excita, ouvi-la usar a palavra foda.

— Diga, foda minha boceta. — Eu mandei. Ela não


hesita. Ela já está perdida.

— Foda minha boceta, —ela choraminga.

— Por favor ... Noah ... por favor.

Mas eu continuo a atormentá-la até que seus quadris


estão empurrando e as coxas tremendo incontrolavelmente.
Então eu paro.

— Agora você poder ter o seu orgasmo, mas você vai ter
que trabalhar sozinha, — eu digo a ela enquanto eu deito de
costas. Eu deixo meus olhos vaguearem pelo seu corpo.
Coberta de saliva e dolorida para ser preenchida com o meu
pau, ela rasteja até mim e passa uma perna sobre mim.

— Pare. — Eu exijo, e ela congela com sua boceta


escancarada e brilhante, e com o rosto contorcido de
frustração.

Eu me empenho em gravar na memória a imagem suja


de Tasha, não mais uma princesa, e sim excitada, vadia, com
a perna inclinada sobre o meu pau, e sem controle, sexy.

— O que? - Ela geme.

— Agora, — eu digo a ela.


Ela imediatamente senta-se no meu pau até que eu
estou completamente enterrado na sua boceta apertada.
Gemendo e se contorcendo, com alívio e pura sensualidade,
ela gira seus quadris e mói em meu quadril. Seus olhos estão
fechados e eu vejo a felicidade no seu rosto.

Quando ela começa a balançar para trás e para frente,


eu a trago para perto de mim e sugo seus mamilos inchados e
avermelhados. Quando ela solta um grito baixo de dor e
prazer, eu começo a chupar vorazmente seu mamilo. Quando
eu mordo um, eu coloco os dedos da outra mão entre seus
lábios, forçando-a a chupar seus próprios sucos.

— Balance no meu pau, — Eu rosno.

Ela aperta sua boceta e se levanta dois ou três


centímetros, mas as minhas mãos em seus quadris puxam
toda a cabeça do meu pau para fora dela, metendo meu pau
de volta dentro dela imediatamente em seguida.

— Fale sujo para mim.

Ela lambe os lábios e olha para mim com olhos


semicerrados.

— Eu sou uma vagabunda suja. Me foda forte e rápido!

— Porra, sim.

— Eu quero que você coloque o seu grande pau na


minha boca e me deixe sugá-lo até você encher minha barriga
com seu esperma.

Claro, ela teria de ser tão natural nisso também.


— Não apenas minha boca. Eu não posso esperar para
você preencher todos os buracos em meu corpo com o seu
esperma quente.

Ela continua, e eu começo a meter cada vez mais forte


em sua boceta doce até nosso clímax poderoso.
Sete
Tasha Evanoff

—Você está com fome? — Ele pergunta.

Eu sorrio para ele.

— Eu pensei que você nunca perguntaria.

Ele sorri de volta e eu olho para a beleza do homem. Eu


nunca o vi sorrir mostrando os dentes antes. Ele é fascinante.

Inconsciente de que o estou analisando, ele levanta nu,


caminha até o closet. Ele volta usando calças de corrida e
segurando uma camisa em sua mão.

— Vista isto, — diz ele, segurando para mim. Eu visto e


dobro as mangas.

Ele olha para mim.

— O que? O que você está pensando? —Eu pergunto.

— Como fodível você parece. —Eu coro e ele ri.

— Vamos lá, — diz ele liderando o caminho. Nós


descemos descalços.

— O que há para comer? — Eu pergunto, sentando em


um dos bancos amarelos. Sua cozinha parece que quase
nunca é utilizada. Cada superfície está brilhando como nova.
— Eu não sei, —diz ele abrindo a geladeira.

— Você não sabe? Quem faz as compras para você? —


Pergunto curiosa.

— Eu tenho uma mulher que abastece a minha


geladeira e os meus armários.

Levanto e me junto a ele em frente à geladeira.


Estudamos o conteúdo juntos. Sua geladeira está bem
abastecida com pacotes fechados de alimentos, legumes
frescos, salada em um saco plástico, queijos, carnes, peixes,
frascos de condimentos e recipientes de alimentos cozidos.

—Você tem Khachapuri4 —, exclamo com meu estômago


roncando com o pensamento do pão duro em forma de um
barco, no meio preenchido com diferentes tipos de queijo
derretido e ovo cozido jogado em cima de todo o queijo.
Mmmm ...

— Vamos ter um? —Ele pergunta.

— Um? Eu não vou dividir meu Khachapuri. Obtenha o


seu.

Ele sorri para mim e por um segundo há algo suave em


seus olhos, então desaparece e é substituído por algo um
pouco distante e ilegível.

— Tudo bem, vamos ter dois. Eu só estava pensando


que você poderia querer poupar algum espaço para a
Morozhenoe, — ele explica com uma voz divertida.

4
É um pastel recheado com queijo, considerado uma das iguarias
nacionais da Geórgia
— Morozhenoe? —Repito com os olhos brilhando. Eu
amo o sorvete russo.

— Uh huh ..., —diz ele, pegando duas porções de pães


assados recheados com queijo e colocando os em cima do
balcão de granito.

— Oh!! Uma festa a meia-noite com Morozhenoe. Eu


costumava comprar direto dos carrinhos sempre que eu ia
para Moscou. Agora que eu sei que você tem, eu vou ter que
vir aqui mais vezes, —eu digo, com uma risada, e de repente
percebo o que eu disse.

Não há nenhuma expressão em seu rosto quando ele


desembrulha o pão.

—Você quer o seu com um ovo em cima?

— Sim, —eu digo baixinho, caminhando de volta para o


meu banco. De alguma forma, o humor foi arruinado.

Eu o vejo quebrar dois ovos em cima dos pães e colocá-


los no forno. Ele tinha grandes mãos poderosas. Haviam
estrelas tatuadas sobre elas. Eu penso em suas mãos fortes e
bronzeadas no meu corpo e o pensamento me despertava, me
fazia querer ele dentro de mim mais uma vez.

—Você não cozinha muitas vezes, não é? —Eu pergunto.

— Quase nunca.

— Então, o que acontece com todos os alimentos se você


não come? Ele dá de ombros descuidadamente.

— Acho que Irina leva para casa.


Eu aceno, meu corpo ficando frio. Quando pedi a ele por
uma noite nunca passou pela minha cabeça que ele poderia
ter uma namorada. Só porque eu o via sozinho o tempo todo
eu ingenuamente supus que ele não tinha uma. Será que tive
relações sexuais com o namorado de alguém?

— Então, quem é Irina? — Pergunto, o mais casual


que eu posso. Ele franze a testa.

— Tipo a minha empregada.

— Tipo?

— É complicado.

— Complicado como uma namorada? —Ele parece


surpreso.

— Não, eu não estou com ninguém, — diz ele.

Obter informações dele é como tirar sangue de pedra,


mas é um alívio estranho saber que não há uma namorada
escondida em algum lugar. Ele abre o freezer e pega uma
garrafa de vodka Tovaritch. A favorita do meu pai. Colocando
os cotovelos sobre a superfície suave e fria, apoio o queixo em
minhas mãos, eu o observo derramar uma dose para nós.

Ele traz para mim.

— Eu não quero ficar bêbada, — eu digo.

— Quer um ovo cru?

— É uma tradição russa. Se você não quiser ficar


bêbado tenha um ovo cru antes de começar a beber. —Eu
balancei minha cabeça.
— Beba de uma só vez e não expire pela boca, — ele
aconselha.

— Entendi, — digo e pego o copo.

— Vsego khoroshego! — Diz ele.

Por um segundo eu hesitei. Essa frase podia significar


tudo de bom ou adeus.

Como se ele entendesse o motivo da minha hesitação.

— Tudo de bom, — ele diz em Inglês.

— Tudo de bom! — Eu repeti. Isso não caiu bem. O


pensamento de que ele poderia ter dito adeus. Eu mando a
bebida para dentro. E ela desliza suavemente na minha
garganta.

Ele abre o forno e o delicioso cheiro de pão assando


enche a cozinha. Nós sentamos e comemos. Ele parece me
assistir comer mais do que ele come.

— Você não está com fome? — Eu pergunto.

— Estou com fome, mas não de comida.

Quando eu termino, ele coloca algumas colheres de


sorvete em taças.

— Se tivéssemos alguns pedaços de chocolate para


polvilhar em cima, — eu digo enquanto encho a cara de
sorvete de creme. Ele se levanta e abre um armário, vasculha
e encontra chocolate granulado.

— Será que estes servem?

— Ok, — eu digo.
Quando eu abaixo a minha colher, ele vem até mim. Ele
agarra minha cintura como se eu não pesasse mais do que
uma criança, e me coloca no topo do balcão de granito. A
pedra é fria sob as minhas coxas.

— Minha vez de comer sorvete, — diz ele.

O sorvete é frio e eu começo a rir, mas não por muito


tempo. Ele arruinou o sorvete para mim para sempre.
Oito
Tasha Evanoff
— Que horas são? —Eu pergunto.

Ele vira a cabeça para o despertador ao lado da cama.

— Quase quatro.

— Então, a noite se foi e já é quase hora de sair. —Eu


suspiro.

— Posso usar seu chuveiro antes de ir? — Pergunto


suavemente. Eu cheirava a sexo.

— Claro, —ele concorda.

— Há um roupão limpo pendurado atrás a porta.

Ele me observa sair da cama. Me afasto sentindo um


pouco de dor entre as minhas pernas. O banheiro tinha a
mesma decoração que o resto da casa. Há uma parede
pistache pálido com um espelho enorme envolto em uma
moldura creme limão ornamentada. Eu uso o banheiro, ooh,
dolorida, e entro no chuveiro. Eu ligo e ajusto a temperatura
antes de eu entrar na água.

Eu fecho os olhos e viro o rosto para a cascata de água.


Eu tento não pensar. Isto não pode continuar. Nosso tempo
juntos voou muito rapidamente. Como algo tão maravilhoso
poderia ter fim? De repente, eu percebi de que a porta do
chuveiro foi aberta. Eu me viro e Noah pisa no box.

Eu assisto a água escorrendo pelo seu rosto.

Ele não diz nada, simplesmente põe a mão na parte de


trás da minha cabeça e desce rapidamente na minha boca.
Sem resistência, eu derreto em seus braços, meu corpo
cedendo aos duros planos do seu. Sua boca insistente em
meus lábios me fazia sentir tremores selvagens através do
meu corpo. O resto do mundo silencia e se torna nada,
enquanto eu me apego a ele como a única coisa sólida em
meu mundo inconstante.

Toda a noite, ele evitou me beijar e eu pensei que era


porque ele não queria, mas este beijo é quente e cheio de uma
espécie de desespero selvagem. Como um homem condenado
que decide arriscar sua vida em um jogo de roleta russa.

Sua língua invade minha boca e eu a chupo.

Ele se afasta de mim e nós olhamos fixamente. Seus


olhos brilham e sua mandíbula se aperta tão forte que eu
sinto uma centelha de medo. Antes que eu possa perguntar o
que está errado, ele se afasta e sai do box.

Envolta em seu roupão saio cautelosamente para o


quarto. Ele não está lá, mas ele trouxe minhas roupas para
cima e colocou em uma poltrona de veludo vermelho. Eu me
visto rapidamente. Ele também colocou um secador de cabelo
para eu usar. Eu pego a sua escova de cabelo e passo através
do meu cabelo. É uma sensação estranha. Eu nunca usei a
escova de qualquer outra pessoa no meu cabelo antes.
Provavelmente porque eu nunca era autorizada a dormir na
casa de uma amiga, ou ir a uma festa do pijama.

Visto meus sapatos e desço. Ele está na sala de estar,


segurando um copo de algo âmbar.

— Obrigada por levar minhas roupas, — eu digo


timidamente.

Ele levanta o copo na minha direção em


reconhecimento as minhas palavras.

— Eu acho que eu deveria ir.

— Eu chamei alguém para levá-la de volta, — diz ele em


voz baixa.

—Não, isso não será necessário. Eu realmente devo


chamar um táxi.

— Ou você sai com um homem meu, ou você não vai


embora. Faça sua escolha. —Sua voz é dura e inflexível.

— Olha, se acontecer de eu encontrar alguém que eu


conheço, é melhor se eu estiver em um táxi. Eu não quero
causar qualquer tipo de problemas.

— Não se preocupe. Sam vai dirigir um táxi.

— Oh, ele é um motorista de táxi?

— Não.

— Certo.

— Você quer uma bebida?

Eu balancei minha cabeça.

— Eu quero manter meu juízo.


Ele balança a cabeça.

— Boa ideia.

— Eu tive um ... realmente um bom tempo. Obrigada.

Ele drena seu copo e se serve de outro. Ele drena esse


também e olha para mim enquanto faz isso.

— Que horas Sam vem? — Eu pergunto, me remexendo


nervosamente.

— Logo.

— OK. Eu vou tomar um copo com você.

Silenciosamente ele nos serve uma bebida e traz para


mim.

— Nós devemos brindar a alguma coisa. —Ele levanta


uma sobrancelha cínica.

Ergo o meu copo.

— A uma vida feliz para nós dois.

— Vidas felizes, —ele ecoa, soando estranho.

Nós bebemos. Ele se afasta de mim e caminha em


direção à garrafa.

— O que você vai fazer hoje? —Eu falo quebrando o


silêncio constrangedor.

Ele está tão distante, tão frio, é impossível imaginar que


é o mesmo homem que lambeu sorvete pelo meu corpo
enquanto eu ria como uma colegial. Ou o homem que entrou
no chuveiro e me beijou como se eu fosse à coisa mais
preciosa que ele já teve.
Ele dá de ombros.

— Dormir. Você?

Fale sobre respostas curtas. Eu posso jogar o mesmo


jogo. Eu faço careta.

— Coisas chatas.

Seu telefone vibra e ele o alcança. Algo acontece dentro


do meu corpo quando eu o vejo pegá-lo e colocá-lo no ouvido.

— Sim, ela vai sair agora, —diz ele.

Eu quero tocá-lo. Eu quero beijá-lo. Quero que o nosso


adeus seja diferente. Sinto... oh, Deus .... Eu não posso ...

Eu não quero deixá-lo.


Nove
Noah Abramovich

Leona Lewis - Run (Official Video)

Assim que o táxi partiu, eu fechei a porta da frente e


entrei na sala de estar. A casa parece a porra de um túmulo.
Não admira que eu nunca venha aqui. Esta é uma casa de
família. Deveria ser preenchida com o som de uma mulher e
filhos. Não este silêncio mortal.

Eu quero esmagar alguma coisa. Eu pego o copo que


deixei na mesa de centro e o jogo cegamente. Ele se choca
contra a parede e bate com um ruído retumbante. Em
seguida, o silêncio retorna. Eu pressiono a palma da minha
mão na minha testa. Droga. Droga.

Isso não pode ser, porra. De maneira nenhuma.

Eu pego a garrafa de conhaque e me sirvo de uma


grande dose. Eu bebo tão rápido que o líquido queima minha
garganta, mas com o meu estômago vazio, isto está
finalmente começando a me tirar da monotonia. Sento-me no
sofá e tomo outra. Tasha Evanoff. Meus membros ficam
pesados e mortos. Eu agarro a garrafa pelo pescoço e tomo
um longo gole.
Ah, que se foda. Ela é apenas uma mulher.

Há um provérbio chinês. As pessoas são como um dedo


na água. Puxe o dedo para fora e a água se fecha
perfeitamente. Nem mesmo a memória permanece. Não
importa o quão importante eles parecem ser a sua ausência
não conta a mínima.

Eu olho para o buraco na parede. É algum tipo de


pintura especial ou uma merda assim. Vou ter que trazer
esse designer irritante de volta aqui. Um pensamento passou
pela minha cabeça e eu fui para a cozinha. Eis que estou na
porta olhando para o balcão manchado de sorvete. Eu a vejo
novamente, espalhada no meu granito escuro, com sorvete
escorrendo, contorcendo-se, rindo, uma confusão pegajosa.

Me vejo inclinando para lamber lentamente as gotas de


seus seios, seu estômago, minha língua explorando todos os
lugares, cada polegada, fingindo que não estava realmente em
busca do néctar doce entre as suas pernas. Mais sorvete
colocado em seu corpo sorridente, mais lambidas, até que ela
não está se contorcendo ou rindo mais.

Eu me afasto do balcão vazio. Eu nunca me senti tão


sozinho em minha vida. Sento no sofá e puxo os pés para
cima. Pouco antes do amanhecer. Ela já deve ter chegado a
sua casa agora. Eu chamo Sam.

— Tudo feito, —diz ele secamente.

— Onde você a deixou?

— Uma rua longe.


— Certo. Obrigado.

Eu bebo até que eu não consigo ver direito, mas o desejo


não vai embora. Eu não posso enfrentar a cama. Eu fecho
meus olhos e o sono vem. Eu acordei ao som de alguém na
cozinha. Minha cabeça está martelando. Eu olho para a
garrafa no chão. Está vazia.

Eu gemo quando Irina entra na sala.

Ela está entrando na sala trazendo um pequeno pires.

— Nikolashka, — diz ela. Sua voz soa como um sino de


igreja na minha cabeça.

É uma velha cura russa para uma ressaca. Uma fatia de


limão com uma colher de chá de açúcar e uma colher de chá
de café no topo.

Balanço a cabeça e dói.

— Nyet —eu sussurro.

— É isso ou haash. —Não há um pingo de simpatia em


sua voz. Porra. Haash é uma sopa espessa, que é preparada
pelo cozimento de tripa e carne de porco por seis horas, e
para torná-lo pior, é consumido com rabanete e lotes de alho.
Prefiro morrer a colocar uma gota dessa merda em minha
boca.

Eu coloquei meus pés no chão e uma pontada de dor


atinge meu cérebro.

—Porra, —eu exclamo, embalando minha cabeça. Irina


fica pacientemente ao meu lado com seu pires.
Eu estendo a mão, pegando a fatia de limão e,
deslizando entre os meus lábios ressecados, mastigo
lentamente. Assim que eu engulo, ela balança a cabeça com
satisfação e volta para a cozinha. Levanto devagar e vou
direto para o banheiro. Ligo o chuveiro e fico sob o jato
quente. O sangue lentamente começa a bombear em minhas
veias. Eu alongo meu pescoço e estico os nós dos meus
ombros. A noite passada parece um sonho. Eu saio do banho,
escovo os dentes, e ando nu para o quarto.

Feixes de luz solar atravessam as persianas me fazendo


olhar de soslaio. Meus olhos se voltaram para a cama
desfeita. Ela não foi um sonho. Eu ando para a cama e,
pegando um punhado de roupas de cama, puxo até minhas
narinas. Seu cheiro se agarrou aos lençóis como a névoa do
amanhecer em um lago.

Eu não posso simplesmente deixá-la ir assim. Ela me


pertence.

Eu vou para a janela e abro as persianas. O amarelo


brilhante da luz do sol me ofusca por um instante, então eu
vejo. Um sinal. Na minha cabeça Babushka está dizendo, eto
magiya (é mágico). Dois melros se instalaram nos pilares em
cada lado do meu portão.

Uma memória adormecida, fresca como se fosse ontem,


enche minha mente.

As mãos de Babushka com os nós dos dedos bulbosos


estão se movendo rapidamente. Ela está descascando cebolas
roxas para fazer picles para o inverno. Isso sempre faz toda a
casa cheirar a vinagre. Em torno de sua cabeça há um lenço
triangular dobrado e eu estou lendo os jornais para ela. De
repente, um pássaro voa pela janela aberta e se empoleira na
beira interior.

— Olha Babushka? — Eu suspiro. Ela olha para o


pássaro.

— Que tipo de pássaro é? —Eu sussurro de volta.

— É um melro, — ela diz e sorri.

— É um bom presságio? —Pergunto curiosamente.


Babushka assegurava e atribuía significado e superstições as
menores ocorrências.

Ela lança uma cebola descascada dentro do balde e pega


outra.

—Todas as aves que usam vestes de preto vêm para nos


dizer que as sementes da mudança foram plantadas em
nossas vidas. Muitas vezes eles trazem a notícia da morte,
porque essa é a maior mudança de todas.

— Quem vai morrer em nossa casa? —Eu sussurro


horrorizado.

— Ninguém. Quando você vê um melro você deve sorrir.


É uma grande bênção. É um alerta. Dizendo para nos
preparar. Para amar aqueles que nos rodeiam ainda mais
profundamente do que nós pensamos que é possível porque
um dia eles não existirão mais.

Ela sorri para mim e eu sorrio de volta.

— Agora cante, — diz ela.


E eu cantei para ela. Eu tinha oito anos.

Aquele inverno foi a primeira vez que eu soube que


Mama estava doente. Dessa vez ela se curou. Mas na próxima
vez que a doença voltou eu estava com treze anos e desta vez
ela sofreu por dois anos, dois meses e cinco dias antes da
doença separá-la de mim e de Babushka para sempre.

Por um momento eu só fiquei e assisti em silêncio. Que


sementes de mudança você trouxe? Para o que eu tenho que
estar preparado? Quem é que eu tenho que amar ainda mais
profundamente do que eu acho que é possível antes de eles
serem levados para longe de mim para sempre?

Eu não me movi, mas eles devem ter sentido a minha


presença, porque eles olharam para mim antes de
simultaneamente voarem para longe. Me distancio da janela,
Tasha Evanoff enche minha cabeça.

Suas curvas exuberantes, hálito doce e quente e os


olhos cheios de simples alegria. Não importa o quanto eu
tente me fazer acreditar que ontem à noite não foi nada mais
do que dois animais em vias de adesão aos seus mais
selvagens desejos lascivos, eu sei que não foi. Sei também
que a escuridão lenta seguirá depois de tomar o proibido.
Mas eu não me importo. Eu dou de ombros.

Eu esperei por muito tempo para fazer essa boceta


chorar por mim e foder mais e mais. Porra, eu não me lembro
da última vez que uma mulher me fez sentir tão vivo. Eu me
arrasto de volta para a cama, meu pau duro e pulsando com
sangue fluindo do meu cérebro. Eu agarro a sua espessura,
com firmeza. Com movimentos lentos e longos, eu visualizo
essa doce carne rosa que me levou a tais horas de maldade
anteriormente.

Eu vejo o meu pênis nela, empurrando impiedosamente,


selvagem como o lobo Alpha com sua fêmea. A fodi como se
fosse o meu último dia na terra. Que final glorioso porra!
Minha Mão livre aperta meu peito e meu batimento cardíaco
aumenta quando meu orgasmo começa a vir como um trem
de carga desgovernado.

Oh, merda, oh, porra. Meu pau pulsa, freneticamente


torço minha mão, como se ele tivesse vontade própria. Eu
acaricio mais rápido e mais rápido, e sinto o suor na minha
testa. Todo o meu corpo enrijece e um jorro do meu gozo
quente salta no ar.

Porra. Que se foda Nikita Evanoff.

Este, este é apenas o maldito começo...


Dez
Tasha Evanoff
Eu paro a uma quadra de distância da minha casa.
Olho ao meu redor e não há ninguém. Ainda é cedo e
ninguém realmente anda pelas ruas neste bairro. Há uma
brisa no ar de outono, mas estou quente na macia jaqueta de
couro marrom que Noah insistiu que eu usasse.

Eu não posso ser vista nela, eu disse a ele.

Então se livre dela antes de você chegar em casa, ele


respondeu descuidadamente.

Fiquei parada enquanto ele me ajudou a vesti-la. Ele


levantou meu cabelo para fora do colarinho e fechou o zíper
como se eu fosse uma criança. Então ele se afastou de mim e
deixou suas mãos caírem para os lados.

Então é adeus, eu disse, querendo desesperadamente


prolongar esses últimos momentos.

Ele não respondeu. Apenas balançou a cabeça e abriu a


porta, sua mão segurando a maçaneta tão forte que suas
juntas ficaram brancas. Eu não queria ir, mas as minhas
pernas se moviam e eu cruzei a porta, desci os degraus, e fui
direto para o carro. Eu sorri automaticamente para o homem
chamado Sam enquanto fechava a porta.

Enquanto ele entrava no banco do motorista eu virei a


cabeça e olhei para Noah. Seu corpo alto enchia a porta,
ainda, sombrio e misterioso. Eu levantei minha mão e acenei,
mas ele não acenou de volta. Em seguida, o táxi começou a
se mover e eu queria gritar para ele parar, para me levar de
volta para onde eu pertencia.

Mas não o fiz.

Eu apenas sentei no taxi, dormente e em silêncio, até


que estávamos quase na minha casa. Foi quando meu senso
de autopreservação se manifestou e eu me inclinei para frente
e disse a Sam para me deixar um quarteirão antes da minha
casa.

— Bem ali, perto da caixa de correio seria ótimo.

E foi assim que eu vim parar aqui, a um quarteirão de


casa de pé abraçando a jaqueta de Noah. Um vento frio de
outubro balançou meu cabelo enquanto eu dei o primeiro
passo para o lugar que eu chamo de casa e minhas pernas
trabalharam. Eu dei mais um passo e outro passo. A cada
passo o meu corpo começa a se reconfigurar. Eu fiz o que eu
queria, e era a mais bela fantasia que eu poderia ter sonhado,
mas agora acabou, e a vida real tinha que começar
novamente.

Quando estou a meio quarteirão de distância tiro a


jaqueta, mas eu não posso jogá-la fora. Eu a enrolo em uma
bola e ando um pouco mais abaixo na rua. Minhas mãos
estão coçando para jogá-la fora. Se eu fosse pega ... haveria
um inferno para pagar não só eu, Noah também, mas meu
coração não vai me deixar. É a única coisa que eu vou ter
dele.

Quando eu chego à casa da minha melhor amiga Lina,


eu pulo em seu jardim da frente e coloco a jaqueta nos
contentores de reciclagem azuis deixados de fora. Deve ser
um dia de coleta. Eu sei que os caminhões não vêm até o
meio da manhã. Vou ter que voltar em um par de horas e
recuperá-la, ou eu vou ligar para Lina e pedir para guardá-la
para mim até mais tarde.

Quando eu chego mais perto de casa eu pego meu


telefone celular e ligo para minha avó. Embora seja cinco e
meia da manhã, ela responde no primeiro toque e
completamente alerta. Minha avó acorda às quatro todas as
manhãs para fazer suas orações. Ela reza por horas para a
alma de meu pai.

— Tasha, — diz ela.

— Baba, você pode me dar uma mão?

Por um momento ela fica em silencio. Então ela exala o


ar que está segurando.

— Claro.

Eu ando para a parede na parte de trás da casa e espero


do outro lado da rua. Os portões têm câmeras de vigilância
funcionando 24 horas por dia, mas as paredes têm apenas
câmeras que rodam em um arco de 180º graus. Então, se
você cronometrar sua viagem a partir da parede com cuidado
você nunca aparecerá nela. Eu espero meio escondida em
uma árvore de cereja. Cinco minutos depois, uma corda vem
por cima do muro e eu corro para ela.

Tenho menos de 45 segundos antes de a câmara voltar a


esse ponto. Eu corro e subo pela corda com agilidade. Eu
tenho feito isso desde que eu tinha seis anos. Eu salto para a
grama e puxo a corda atrás de mim. Eu a carrego comigo e
corro para a árvore antiga. Faltam menos de dez segundos.
Eu alcanço as raízes da árvore e arranco a corda fora do
gancho de metal escondido dentro. Eu arranco, mas ele fica
preso.

Merda.

Só faltam Cinco segundos.

Eu fico agachada, desembaraçando, ele sai, e eu o solto.


Agarrando a escada de corda no meu peito, eu rolo no chão e
fico atrás da árvore. Eu me espremo contra a parte de trás da
árvore. Meu coração está martelando e adrenalina se
movendo através de minhas veias, mas estou sorrindo. Três
Rottweilers estão lambendo minhas mãos e rosto.

Eu consegui.

Falo suavemente com eles, acariciando seus músculos,


bem treinados, e pesco pequenos mimos de meu cardigan
para dar a eles.

Vão. Fora daqui eu digo a eles, e eles trotam para


retomar suas funções de guarda.
Levanto e espero que a câmera faça sua varredura
completa antes de correr de volta para a casa. Eu jogo a
escada de corda de volta para sua bolsa preta e tiro a sujeira
da minha roupa. Graças a Deus, não está chovendo. Apesar
de eu já ter feito este trajeto na chuva, eu teria feito uma
bagunça em mim mesma, rolando no chão molhado.
Carregando a bolsa, eu ando calmamente para a cozinha.

Está vazia, a não ser por Baba. Ela está sentada na


mesa da cozinha vestindo a camisola que ela usa para dormir
e um roupão por cima. Seu curto e grosso cabelo cinza está
despenteado, e seu rosto está pálido, sem seu batom. Há uma
jarra de chá e duas xícaras e pires colocados sobre a mesa.
Eu ando até a mesa, deixo cair a bolsa no chão, e sento-me
em frente a ela. Silenciosamente, ela enche as xícaras com
chá.

— Não é hoje a sua prova de vestido de casamento? —


Ela pergunta em russo. Baba é a única que fala comigo em
russo.

— Sim.

— A que horas?

Olho para o vapor subindo de meu chá.

— Onze e meia.

Ela empurra o recipiente de açúcar para mim.

— Onde você esteve?

Eu olho em seus profundos olhos escuros. Eles são


semelhantes aos de papai na coloração, mas enquanto o seu
é frio e perigoso, os de vovó são quentes e cheios de
preocupação.

— Eu estava com um homem, — eu confesso.


Onze
Tasha Evanoff

Um olhar de profunda tristeza e medo entra em seus


olhos. Ela junta suas mãos rosadas em cima da mesa, porque
elas começaram a tremer.

Eu amo minha avó e, embora eu saiba que ela não


aprovaria, eu nunca esperava vê-la parecer tão desolada ou
com medo por mim. Não é como se eu tivesse ferido alguém.
Eu apenas fiz algo para mim e eu fui cuidadosa para não
causar consequências a ninguém. Estendo a mão para as
suas e cubro-as com as minhas.

— Oh, Baba, por favor, por favor, não fique triste ou


com medo. — Eu imploro.

— Nada de ruim aconteceu e não vai. Eu o queria por


um longo, longo tempo e eu teria sempre lamentado se eu
não tivesse tomado esta noite para mim, mas agora que eu o
tive, eu posso seguir em frente. Eu posso colocar tudo para
trás e ser a filha obediente do Papa.

Ela pisca lentamente.


— Você o queria por um longo, longo tempo? — Ela ecoa
em transe.

— Sim, por um tempo muito longo.

Ela balança a cabeça em descrença.

— Eu não conheço tudo sobre você, Solnyshko?

— Você sabe tudo sobre mim, Baba. Isto é apenas algo


que meu coração queria. — Eu sorrio.

— É como você que às vezes ainda anseia por seu


babushka Smokva.

— Smokva? Sim, nós o chamávamos paraíso da maçã


seca na nossa aldeia. — Diz ela, com os olhos nublados com
a memória.

— Foi muito precioso, mas nunca me arrastei ao longo


de um muro no meio da noite, ou ... arrisquei a vida de um
homem por isso.

Eu afasto minhas mãos das dela.

— Papa nunca vai descobrir. — Ela balança a cabeça.

— Você poderia ter sido pega. Alguém poderia ter visto


você.

— Não. Eu fui muito, muito cuidadosa. Não contei a


ninguém. Nem Mama, nem mesmo você.

Ela suspira tristemente.

— Você sabe Smokva originalmente significava figos


secos, mas porque eles eram muito caros para as pessoas
comuns, alguém teve a ideia de ferver maçãs, marmelos,
ameixas e cerejas no mel ou xarope de açúcar? Smokva era
um substituto pobre para os Figos.

— Você não precisa se contentar com um substituto,


Tasha. Você pode ter a coisa real.

Eu olho em seus olhos e sussurro,

— Essa foi a coisa real, Baba. Essa foi a coisa real. O


que terei depois dele será o substituto.

Seus olhos se arregalam e ela engasga.

— Quem é esse homem?

— Você não o conhece.

Seus olhos estreitam. Isto é, quando ela mais parece


com o Papa.

— Mas meu filho conhece?

Eu concordo.

Ela respira bruscamente.

— Este homem, ele não vai dizer, se vangloriar com


ninguém sobre você?

Eu balanço minha cabeça.

— Ele não é uma criança. Ele entende que poderia


custar sua vida.

— E ele não vai tentar criar problemas?

Eu balancei minha cabeça novamente.

— Você vai vê-lo novamente?


— Não. — Eu digo, e é um som miserável. Eu posso ver
que assusto minha Baba.

— Foi apenas uma vez. — Digo miseravelmente

— Então eu sei qual o gosto de figos secos.

— Oh, Solnyshko, você não sabe o que você fez.

— Eu não fiz nada. Foi só desta vez. Eu fiz isso por mim.
Toda a minha vida tem sido uma longa Quaresma e só desta
vez eu me satisfiz.

— Você acha que por ter tido um sabor do prazer carnal,


agora você pode ir embora e nunca olhar para trás? Você só
despertou o demônio do desejo.

Nós duas estamos olhando uma para outra quando a


porta da cozinha se abre de repente. Nós saltamos e viramos
a cabeça para ela. Papa está de pé na porta. Ele ainda está
vestido com as roupas que ele saiu na noite passada. Meu pai
é careca, baixo e tem forma de barril. Se você o visse na rua
você nem sequer iria notá-lo, mas se alguma vez você tivesse
a chance de olhar em seus olhos negros você estremeceria
com algo inominável. Como olhar nos olhos de um inseto.
Não mal. Apenas sem alma. Este homem poderia matar um
homem com a mesma emoção com que ele espirra ou mija.

Seus olhos frios e impiedosos estreitam com a visão de


nós: minha avó em seu roupão e eu toda vestida como se
para sair, ou... não, o pensamento não pode ocorrer que eu
poderia ter passado a noite fora. Sorrateiramente,
lentamente, eu empurro a bolsa preta com a escada de corda
mais para debaixo da mesa.
— Bom dia, papai.

— Por que você está vestida assim, a esta hora da


manhã? — Ele pergunta, uma carranca estragando sua testa.

— A criança tem a sua primeira prova do vestido de


casamento esta manhã e ela está tão animada com isso que
acordou antes dos pássaros.

O rosto de meu pai relaxa. Ele se vira para mim.

— Quem vai com você?

— Lina.

— Bom. — Ele entra na cozinha. Eu caminho até ele,


obedientemente o beijando na bochecha. Ele tem cheiro de
álcool e perfume, um forte cheiro enjoativo. Me afasto dele
rapidamente, com medo de que ele sinta o cheiro de Noah em
mim, mas ele distraidamente esfrega sua bochecha onde eu o
beijei, e se vira para olhar para sua mãe. Quando eu era
jovem, eu achava que ele não queria que eu o beijasse,
porque ele, na verdade, esfregava o beijo fora, mas quando eu
parei de beijá-lo na próxima vez em que o vi, ele me olhou
com seus olhos frios e perguntou por que eu não o beijei.

— Nunca se esqueça de beijar o seu Papa, ele me disse


com firmeza.

— Vasily está vindo de Moscou, esta tarde. — Papa diz


para a minha avó,

— E ele está trazendo Ptichie Moloko do restaurante de


Praga para você.
Ptichie Moloko ou Birds, é um bolo de leite é feito a
partir de marshmallows francês e chocolate colocados na
base do bolo. É o rei de todas as sobremesas russas e a
favorita de Baba.

Vovó mantém os olhos em mim enquanto ela sorri, mas


seu sorriso não alcança seus olhos.

— Oh bom. Ninguém faz isso como eles fazem no


restaurante de Praga. Todo o resto são imitações de plástico.

Um calor maçante se espalha pela minha garganta e no


meu rosto. Meu pai me olha.

— Você está corando. Por quê?

Eu engulo em seco.

— Deixa a criança em paz, Nikita. Ela está excitada com


seu compromisso. — Baba diz pegando sua xícara de chá. Ela
bebe com calma o líquido frio.

Papa apenas grunhe.

Nunca deixa de me surpreender o tom que minha avó


usa com seu filho. Este é o homem que faz homens crescidos
tremer. Ele nunca levantou a mão para mim. Ele nunca
precisou. A única vez que eu vi algo cruel e assustador no
rosto dele foi quando eu cheguei da escola e o chamei de
papai. Como todas as outras crianças da minha escola
faziam. Sua cabeça virou tão rápido que era como um ataque
de uma cobra.
— Do que você me chamou? — Ele perguntou, em voz
tão baixa que eu senti arrepios em minhas mãos. Qualquer
um teria pensado que eu usei o f ou a palavra c.

Eu pensei que ele não me ouviu.

— Papai, — eu repeti.

— Eu não sou seu papai. Eu sou seu papa. Nunca tente


ser como aquelas criaturas miseráveis com quem você vai
para a escola. Você pode se misturar com eles e fingir ser um
deles, mas nunca se esqueça de que você é russa e somente
russa. Você tem meu sangue em suas veias. Nunca me deixe
ouvir você trocar sua cultura e suas formas russas pelas
deles de novo.

Ele totalmente descartou minha herança Inglesa. O


sangue de minha mãe. É claro que eu nunca disse nada.
Minha mãe me dizia. Mantenha os cães dormindo. Se acordá-
los eles vão te morder.

— Sim, papa. — Eu disse imediatamente, e desde então


eu nunca fiz qualquer coisa que ganhasse esse tom suave,
ameaçador dele novamente.

A cozinha caiu de repente em silêncio.

— Foi uma longa noite. Estou indo para a cama. — Papa


diz no silêncio tenso.

— Durma bem, papa. — Eu digo, e passo em frente para


beijar seu rosto novamente.

Meu pai estende uma mão e arranca um galho do


cotovelo do meu cardigan e ele cai no chão. Eu congelo com
medo, mas ele não percebe o significado, e vira para a porta.
Eu o vejo ir para a porta com alívio e ouço o som de seus
sapatos sobre o mármore ecoar pela casa vazia.

— Acho que é melhor eu ir para o meu quarto também.


Sergei estará esperando, digo a minha avó.

Ela balança a cabeça.

Eu me abaixo para pegar a bolsa preta e ela agarra a


minha mão de repente na dela. A força de aço de seu aperto
me surpreende e meus olhos voam para encontrar os dela.
Algo estranho e escuro se esconde neles.

— Solnyshko, se você ignorar seus sonhos eles vão


arduamente se afastar de você e terão uma morte triste. —
Ela adverte urgentemente.
Doze
Tasha Evanoff
Movendo através das paredes altas, excessivamente
douradas, da casa de meu pai, meus saltos clicando sobre o
mármore, o alívio de não ser descoberta se foi, eu me sinto
estranhamente oca, como se eu tivesse deixado uma parte
importante de mim na casa de Noah.

Eu vou para o meu quarto, abro a porta, e


imediatamente meu amado Doberman azul de quatro anos de
idade, Sergei, corre para mim e joga seu corpo elegante em
mim. Eu agacho para ter o meu rosto e pescoço
cuidadosamente lambidos, mas de repente ele para e me
cheira curiosamente.

—Eu sei. — Eu sussurro.

Estive com um homem, um homem bonito, forte,


poderoso.

Sergei para de me cheirar e lambe meu rosto


suavemente, como se ele entendesse que eu estou triste e
perdida. Eu o abraço com força.

— Oh, Sergei, Sergei, o que eu vou fazer? Eu nunca


pensei que seria assim. Eu pensei que construí tudo em
minha mente e que iria fracassar. Ele seria um bruto egoísta,
mas ele foi belo. Apenas bonito. De uma beleza indescritível.

Eu deito na minha cama, a cabeça de Sergei no meu


estômago, enquanto minha memória repete a noite passada.
Eu penso na expressão de Baba quando ela agarrou minha
mão e disse que quem ignora os sonhos morre triste. Penso
nos olhos frios do meu pai e depois eu penso em Mama.

Quando eu tinha cinco anos, meus pais se separaram,


não, isso seria dar a impressão errada, que a decisão foi de
alguma forma mútua ou amigável. Nada poderia estar mais
longe da verdade. Meu pai chutou minha mãe para fora.
Literalmente abriu a porta da frente e a chutou a fazendo cair
esparramada sobre os degraus da porta da frente. Ele cuspiu
nela e a proibiu de me ver novamente. Ele fez tudo isso
comigo assistindo e gritando de medo, enquanto Baba me
segurava em seus braços. Ainda me lembro de Mama,
levantando, os joelhos estavam sangrando, mas ela estava
olhando para mim, memorizando desesperadamente meu
rosto, quando a porta se fechou sobre ela.

Ele fez tudo isso porque ele suspeitava que ela foi infiel a
ele. Claro que não era verdade, mas meu pai era, é, e
provavelmente sempre será altamente paranoico. Cada
sombra é um Judas esperando para traí-lo, roubá-lo, traçar
seu assassinato. Ele mesmo fez um teste de paternidade para
confirmar que eu era realmente sua filha. E desde então Papa
se casou três vezes. Nenhuma delas pode dar crianças. Ele se
divorciou da primeira. Eu acho que ela voltou para a Rússia.
Ela me odiava e eu não gostava dela. A segunda foi mais
astuta. Ela fez uma enorme pretensão de gostar de mim, mas
desapareceu um dia. Eu não sei se ela fugiu porque ela
estava com tanto medo de meu pai, ou se meu pai sumiu com
ela. A terceira esposa de Papa morreu em um acidente de
carro. Falha nos freios. Quando ele foi informado, ele
balançou a cabeça lentamente, em seguida, colocou uma
outra garfada de fígado de vitela em sua boca. Fomos para o
funeral dela vestidos de preto. Ninguém derramou uma
lágrima.

Depois que minha mãe se foi chorei por dias. Eu nunca


parei de implorar para Baba me deixar ver minha mãe. No
início, ela me disse para esquecer Mama. Mama deixou o
país.

— Mas onde ela pode ter ido? Todas as suas roupas e


sapatos estão aqui?

— Você não pode vê-la. Quanto mais cedo você aceitar


melhor será para todos.

— Vou fugir. — Eu ameacei.

— Há homens maus fora destas paredes. Eles vão te


pegar e fazer coisas terríveis para você.

— Você não pode pedir para Papa para trazer Mama de


volta? —Eu implorei.

—Não, Solnyshko, eu não posso.

Mas eu não iria ceder. Eu estava determinada. Todos os


dias, sem falhar eu pedia. Às vezes eu nem comia.
— Então um dia ela me levou às compras e —
acidentalmente — esbarramos em Mama. Oh a alegria
inexplicável. Ainda me lembro como eu passei meus braços
firmemente em torno de seu pescoço e uivava quando era
hora de partir. Então Mama começou a chorar e Baba me
repreendeu.

— Se você não parar com isso nós nunca vamos ser


capazes de ver Mama novamente.

Toda vez que eu virei para trás, eu a via de pé onde a


deixamos, observando, triste, até que viramos uma esquina, e
a multidão nos engoliu.

No carro, Baba avisou:

— Lembre que você nunca pode contar a ninguém sobre


isso. Se você fizer isso você nunca vai ver sua Mama
novamente. Seus olhos me encararam seriamente.

— E talvez nem mesmo a mim. —Minha boca abriu em


horror.

— Será que Papa a expulsaria da casa também?

— Talvez, —ela disse suavemente.

Daquele dia em diante eu aprendi a ser ultrassecreta.


Para manter minha boca fechada. Para prestar muita atenção
a tudo o que saia dela.

Quando fiquei mais velha, Baba me ensinou como usar


a escada de corda. Desde então eu tenho usado ela para ir
visitar minha mãe.
Sergei de repente levanta a cabeça, salta para fora da
cama, e vai para perto da porta. Eu o deixo sair e ligo para
Lina. São quase nove horas.

— O que? —Diz ela, sonolenta.

— Hey, —eu digo.

— Eu ... uh ... deixei uma jaqueta em sua lixeira. Você


se importaria muito de colocá-la em um saco? Eu vou pegar
com você quando formos para a prova do vestido.

Há uma ligeira pausa.

— Uma jaqueta?

— Sim, uma de couro marrom.

— Na minha lixeira?

— Sim. — Eu confirmo.

— Uh ... huh. Eu terei qualquer tipo de explicação?

— Um ..., não agora.

— Tudo bem, vá em frente e seja misteriosa, então.

— É importante. —Ela suspira.

— O que eu faço com isto mesmo?

— Basta trazê-la com você quando formos para o


nosso compromisso.
— OK. Que horas você vai vir?

— Por volta das 10:30h.

— Você está animada?

— Sim claro. Claro que estou.


Treze
Tasha Evanoff

Lina agradece Anatoly, o nosso motorista, e desliza para


dentro da parte de trás do carro ao meu lado. Ela empurra a
sacola John Lewis para mim enquanto Anatoly fecha a porta
atrás dela e vai para o seu assento.

— Obrigada. — Eu digo beijando suas bochechas.

— Sem problema. — Ela disse.

Lina é americana. Ela tem cabelos castanhos grossos,


olhos castanhos e uma boca vermelho sangue. Mas ela puxou
sua tez e seu olhar sensual de sua mãe italiana.

—Você está animada?

—Sim. — Eu disse tentando passar entusiasmo na


minha voz.

— Então, vai me dizer sobre a jaqueta?

— Ainda não.

— OK. Eu tive a impressão de que havia uma explicação


bastante inocente por trás dela, mas agora eu estou elevando
a categoria escândalo.

Eu aperto ela.
— Eu vou te dizer mais tarde. Eu prometo. Vamos a
algum lugar para um chá e bolo.

— Não, não bolo. Estou de dieta.

Eu sorrio fracamente para ela. Conheço Lina desde o


jardim de infância, mas eu nunca realmente confesso meus
segredos para ela. Às vezes eu fazia de modo que não
parecesse como se fosse sempre ela que estava me dizendo
coisas, abrindo seu coração para mim enquanto eu estava me
fechando. Mesmo quando eu fiquei noiva de Oliver, eu nunca
disse a ela como eu realmente me sentia. Sempre na parte de
trás da minha mente, Baba estava dizendo, quanto menos
você falar, mais segura você e eles estarão.

É apenas uma curta viagem para Wardour Street, onde


Valeria Lahav, a mais famosa designer de vestido de noiva
russa tem seu estúdio. O primeiro a sair é Vadim, meu
guarda-costas pessoal. Ele caminha até a porta negra de
Valeria com o seu batente dourado e toca a campainha ao
lado.

Quando Valeria responde e sua recepcionista abre a


porta, Vadim retorna ao carro e mantém a porta aberta para
nós. Posteriormente, ele se posiciona diante da porta fechada.

Valeria sai para a área de recepção para nos


cumprimentar. Ela tem o cabelo louro encaracolado que está
em um rabo de cavalo bagunçado na parte de trás de sua
cabeça e ela está sorrindo amplamente para nós.
—Você vai ficar tão contente. Eu não posso esperar para
que você possa vê-lo. O vestido é mais bonito do que eu
pensava. — ela diz.

Eu sorrio educadamente e a sigo para o quarto grande.


Há uma longa mesa de madeira e manequins de alfaiate em
um canto. Ela nos posiciona na frente de uma cortina.

— Você está pronta? —Ela pergunta teatralmente.

— Sim, — eu digo com um grande sorriso falso.

Ela puxa a cortina e eu ouço o suspiro de Lina ao meu


lado. Certamente não é modesto. Então, novamente, os
modelos de Valéria são famosos por sua extravagância e
complexidade. Renda marfim italiana sobre metros e metros
de saia de tule de seda dourada. Há cristais Swarovski
delicadamente espalhados por um rico bordado na cintura
império. Encaro com emoções conflitantes. Tenho que admitir
que o vestido é impressionante, extravagante, intrincado e
mais bonito do que eu imaginava quando Valeria e eu
discutimos isso inicialmente e ela mostrou seus esboços e
amostras, mas eu não quero me casar com Oliver. Não neste
vestido, não em qualquer vestido.

Tudo isso, ela diz:

— É feito a mão pelas melhores costureiras da Rússia,


usando as melhores técnicas de costura de luxo. Todos os
pontos são tão pequenos que você não pode vê-los sem uma
lupa. Venha ver a parte de trás. — Ela incentiva.
Eu o contorno, observando suas costas em forma de
fechadura e a calda rabo de peixe terminada com debrum
ondulado.

— O fecho com zíper está escondido com botões


revestidos de seda, Valeria diz com orgulho.

Eu aceno automaticamente.

— Está absolutamente alucinante! Maravilhoso! —Diz


Lina.

— É lindo, — murmuro.

— Você está pronta para prová-lo? —Diz Valeria.

Sua assistente vem e elas cuidadosamente me ajudam a


entrar no vestido. Eu estou em uma plataforma redonda alta
imóvel como uma estátua enquanto eles fazem seu trabalho.
Lina está sentada em uma cadeira, observando. Ela não diz
nada.

— É isso aí. Tudo Pronto! —Valeria declara.

Elas me pedem para virar e olhar para um grande


espelho na parede. Eu olho para o meu reflexo. O vestido
custará na faixa de £ 45.000 e é, sem dúvida, muito, muito
bonito, mas eu simplesmente não me pareço com uma noiva
radiante. Meus olhos são maçantes e eu mal posso trazer um
sorriso ao meu rosto. Eu posso ver que Valéria e sua
assistente perceberam que a prova não estava indo como elas
pensavam que seria. Elas pensavam que fizeram um trabalho
incrível, e elas tinham. Lina veio para o meu lado.
— Você se importa se eu tiver um momento com Tasha?
—Ela pergunta a Valeria.

— Claro que não, —diz Valeria, e rapidamente sai fora.


Lina está na minha frente.

— Você não quer se casar, não é? —Ela diz lentamente,


seus olhos se enchendo de uma realização doente de que
tudo o que eu estava fazendo era uma mentira.

Eu balancei minha cabeça lentamente. Eu podia sentir


as lágrimas queimando por trás dos meus olhos. Antes de
ontem à noite, eu não sabia como fiz isso. Talvez porque eu
quisesse tão desesperadamente me convencer, que eu tinha
de alguma forma me convencido, ou tentado me enganar em
pensar que eu poderia fazê-lo. Eu poderia viver essa vida sem
amor. Eu poderia ser uma boa esposa do jeito que eu era
uma boa filha. Eu iria derramar meu amor sobre Sergei e os
meus filhos quando eu os tivesse.

— Por quê?

— Eu pensei que o amava, — eu minto.

— Não minta para mim. Por favor. Você acha que eu não
sabia sobre todas as outras vezes que você estava mentindo?
Eu só deixei passar, mas não desta vez. Apenas me diga a
verdade de uma vez.

Eu dou de ombros e olho para baixo. Sua boca cai


aberta, com a realização.

— Meu Deus. Você está fazendo isso pelo seu pai!

Eu não disse nada.


— Isso é completamente louco. Este é o tipo de coisa que
eles fizeram no século 18. O que? Você vai apenas se casar
com um homem que você não tem quaisquer sentimentos
porque seu pai mandou?

— Não é desse jeito. É uma aliança mutuamente


benéfica. Meu pai tem dinheiro. Sua família tem o título e o
círculo social. Será bom para todos.

— E você? Hmmm?

— Será bom para os meus filhos.

— Estar em um relacionamento sem amor?

— Para as vantagens que seu nome de família dará.

— Até onde eu posso ver todos estes senhores e


senhoras são uma merda, arrogantes, filhos da puta fracos.
Me dê um plebeu qualquer dia. Você realmente quer isso para
seus filhos?

As lágrimas que eu estava segurando vazaram.

— Oh merda! — Lina diz e começa a remexer em sua


bolsa por um lenço. Ela encontra um. Estava amassado e
tinha manchas de batom sobre ele, mas parecia limpo. Eu
pego e enxugo os olhos.

— O que há sobre a jaqueta de couro?

— Ela pertence a outro. Estive a noite passada com ele.

— Está me zoando! —Ela respira, então ri.

— É sempre nas mais quietas que você não pode


confiar.
— Oliver não é fiel a mim e ele não se importa se eu
dormir com outras pessoas também. Uma vez ele me disse
que se eu quisesse ter casos depois do casamento que eu
podia, enquanto eu seguisse duas condições. Me certificar de
não engravidar e ser muito discreta.

— Vê o que quero dizer sobre eles serem fodidos.

Eu sorrio sem entusiasmo.

— Então me diga sobre esse cara. — Ela insiste.

— Quem é ele?

— Você não o conhece e é melhor se você não souber


quem ele é. Quanto menos souber, melhor para você.

Seus olhos se tornam cautelosos.

— O que está realmente acontecendo, Tasha? Você está


com medo? Porque você está me assustando para caralho
aqui.

— Eu não estou com medo e não estou tentando te


assustar. É uma verdade no mundo de meu pai. Quanto
menos você sabe, mais seguro você está.

—Tudo bem, não me diga quem ele é. Foi bom? Será que
ele tem um pau grande?

Apesar de tudo eu sorrio.

— Sim, foi muito bom.

— E o pau?

— Sim, era grande. - Eu admito com uma risadinha.

— Então o que acontece agora?


Eu fico séria novamente.

— Nada.

— Foi apenas como um caso de uma noite?

— Sim, algo assim.

Ela me olha com curiosidade.

— Por que, parece que é mais?

— Não é mais, Lina. Nunca pode ser mais.

— Como ele se sente sobre você?

— Foi apenas sexo para ele. Eu me ofereci a ele em uma


bandeja. É claro que ele pegou.

— Tasha, às vezes você diz algumas coisas realmente


estúpidas. Só porque uma mulher se oferece em uma bandeja
não significa que o homem vai pegá-la. Você era, obviamente,
do seu gosto. Ele disse ou mostrou quaisquer sinais de que
ele queria mais?

Pressiono minha mão na minha barriga.

— Foi só um caso de uma noite, Lina, e mesmo assim


meu pai não o aprovaria. Ele iria considerá-lo inferior a mim.

Ela abre a boca, mas eu interrompo-a, dizendo:

— Não diga nada. Basta deixar para lá, e vamos falar de


outra coisa.

Ela olha para mim como se ela tivesse pena, mas ela
muda de assunto.

— O que você vai fazer esta noite, então?


— Eu tenho um evento de caridade no Alexander
Malenkov. Lembra? Estou na comissão organizadora. Eu
vendi a maioria dos bilhetes. Você não quer vir?

— Sim. Não, obrigada. Eu iria se o Sr. Malenkov já não


estivesse casado. O homem é totalmente fodível, mas desde
que ele é casado não há nenhum ponto. Você me conhece eu
e música clássica somos como óleo e água.

Eu sorrio para ela.

— É uma festa, Lina. Até ontem havia um último


bilhete. Por que você não vem?

— Você está indo com Oliver, certo?

— Sim. Você virá? —Ela suspira.

Eu sinto que ela está enfraquecendo.

— A comida é do L’Auberge Du Pont de Collognes, do


Grupo Paul Bocuse. Eu paro para enfatizar, — o único
restaurante do mundo que mantêm as suas três estrelas
Michelin, há cinquenta anos.

Ela hesita.

— Eles servirão Caviar Kaluga Rainha, 1,8 kg por mesa,


e Vodka Snow Leopard.

Ela tem o início de um sorriso no rosto.

— Hmmm ... Vodka Snow Leopard, hein?

— Uh-huh. Feita a partir de raros grãos colhidos de uma


das melhores destilarias do mundo. — eu acrescento e
espero.
— Você realmente quer que eu vá, não é?

Eu olho para ela e de repente percebo que eu realmente


quero que ela venha. Eu preciso de alguém ao meu lado que
saiba como eu realmente me sinto.

— Sim, quero. —Ela sorri.

— OK. É melhor não estar cheio com homens idosos e


rabugentos, ou você vai me dever um grande momento.

— Eu acho que vai estar cheio com pessoas rabugentas.

— Ah bem. Há sempre o bar. Depois de cinco ‘Sex On


The Beaches’ cada homem começará a parecer um pouco
como Henry Cavill.

— Muito obrigada, — eu digo agradecida.

— Rápido, me passe o meu telefone.

Ela me dá e eu chamo a menina no comando dos


bilhetes.

— Oh, querida, eu sinto muito, Tash. Receio que seja


tarde demais. Eu vendi o último bilhete esta manhã.

— Ah deixa para lá. Se surgir um você, por favor,


reserve para mim e me liga?

Ela me garantiu que sim e eu encerrei a chamada. Lina


toca meu braço.

—Você vai ficar bem. Comigo ou sozinha.


Quatorze
Tasha Evanoff

Eu saio do carro e Oliver deixa seus olhos correrem


avidamente pelo meu corpo. Estou usando um vestido longo,
preto, amarrado no pescoço com uma fenda em um dos
lados.

—Você está fabulosa—, ele elogia. —Mas você sempre foi


uma pequena raposa encantadora.

— Obrigada—, eu digo em voz baixa.

— O vestido serviu? — Oliver pergunta assim que


chegamos ao icônico Pavilhão da Torre de Londres. As
muralhas históricas da torre estão iluminadas, e eu puxo o
meu olhar longe da vista impressionante e me concentro em
Oliver.

Oliver tem o típico rosto aristocrático. Seu pai é um


marquês e ele é um Lord por nascimento. Sua família tem
uma vasta propriedade com uma das mais belas imponentes
casas da Grã-Bretanha. Ficava em Moreland Abbey. É
realmente magnífico, mas a família vive em uma pequena
seção da casa, porque o resto está se desintegrando, com
vazamentos além de ser muito caro para aquecer. Casar
significa que eles serão capazes de reformar seu lar ancestral
e trazê-lo de volta à sua antiga glória.

Eu congelo em um sorriso. Falso, é claro.

— Sim. O vestido é muito bonito, — eu respondo


conforme eu cruzo o limiar do local e entro na área de
recepção. Os convidados já estão espalhados em grupos com
bebidas em suas mãos.

Ele pisca para mim.

—Você pediu a ela para deixar uma abertura secreta


para mim?

Meu estômago se agita e eu me esforço para engolir o


ácido quente que sobe na minha garganta. Eu olho para o bar
ansiosamente. Eu preciso de uma bebida. Hoje à noite vai ser
uma noite longa. Eu trago o meu olhar de volta para seu
rosto lascivo e sorriso me desculpando.

—Não, não era realmente uma opção. Ele tem uma


grande saia.

—Certo. Uma das obrigações da noiva virgem da máfia,


não é?

Meu sorriso cai. Esta não é a primeira vez que Oliver fez
este tipo de comentário. Era para serem piadas, mas na
realidade, sutil ou abertamente, me deixa saber que a minha
genealogia é menos ilustre que a dele.

— Eu não sei o que você quer dizer, — eu digo com


firmeza.

Seu olhar interessado perde um pouco do brilho.


— Será que esse vestido tem uma saia grande para que
eu possa simplesmente virar em suas costas e foder essa sua
bela bunda?

Eu sinto a cor drenar do meu rosto.

— A saia é grande, sim—, eu digo em voz baixa.

— Bom. Estamos de acordo, então.

Nós chegamos ao cabideiro e eu deixo meu casaco.

Uma mulher em um vestido preto apertado e uma


bunda impressionante fica ao nosso lado e os olhos de Oliver
permanecem grudados em suas nádegas. Ela vira e olha
primeiro para ele depois para mim.

Eu finjo não notar. A menina atrás do balcão entrega o


bilhete e eu viro para Oliver. Ele traz o olhar de volta para
mim.

— Estou indo para Nova York por uma semana.

— Quando? — Pergunto suavemente.

— Próxima quinta-feira. A negócios. Seu pai vai estar lá


também. — Eu sabia que meu pai estava indo para Nova
York, mas não que era com Oliver. — Quem mais vai?

— Só a Elizabeth.

— Entendo, — eu digo. Elizabeth é a secretária de Oliver


e sua amante.

Elizabeth nem se preocupa em esconder esse fato. A


encontrei duas vezes, e ambas as vezes ela tornou óbvio que
está dando a ele o que eu não estou. Quero olhar nos olhos
dela e dizer que ela não é tão especial, afinal de contas, ela
não é a única. Ele tem outras também.

Uma vez, quando estávamos em um restaurante, uma


mulher passou por nossa mesa. Ela deu um olhar engraçado.
Menos de um minuto depois, ele pediu licença para ir ao
banheiro. Esperei alguns minutos antes de segui-lo e os vi no
corredor que leva para o banheiro. Os seios dela estavam
pressionados em seu peito e sua mão estava esfregando seu
traseiro. Voltei para a mesa e não disse uma palavra. Eu
entendi que seria o padrão de nossas vidas juntas. Ele
sempre vai me trair. Possivelmente, não pode nem mesmo ser
chamado de traidor, porque ele é muito aberto sobre isso.

Oliver me leva para o bar minimalista branco. No


caminho encontramos pessoas que ele conhece e paramos
para conversar, a sua mão enganchada frouxamente ao redor
da minha cintura.

—Você já conheceu minha noiva, Tasha Evanoff —, ele


orgulhosamente apresenta.

Todo mundo é educado, mas todos são sempre


educados nessas ocasiões. Nas minhas costas há sempre
sussurros sobre como a grande riqueza de meu pai foi
adquirida. Eles estão mais certos do que imaginam.

Quando finalmente chegamos ao bar eu gostaria de ter


pedido uma dose de vodca, mas não. Eu faço a coisa inglesa
civilizada e obtenho uma vodka e refrigerante. Outras
pessoas vêm para se juntar a nós, e é um alívio, porque isso
significa que eu não tenho que falar, eu posso ficar ali
balançando a cabeça e piscando um sorriso educado em
momentos apropriados.

Finalmente, é hora de ir para a sala de jantar real, atrás


das portas duplas maciças. Lindas luzes azuis cor de safira
dão um tom romântico e fascinante em todos os lugares. Os
tapetes verdes parecem o mar azul, e o teto de dossel está
cheio de pequenos reflexos de luz que criam o efeito
impressionante de estrelas brilhantes no céu de uma noite de
verão. Os candelabros altos em cada mesa seguram no alto
copos alaranjados de luz.

Nossa mesa está perto do palco e no meio caminho entre


a entrada e área de dança. Tomamos nossos assentos e o
caviar Queen é trazido para a mesa no gelo seco. Eu bebo o
restante da vodka e deixo que as bolhas salgadas explodam
na minha língua conforme nós ouvimos os discursos do
patrono da caridade agradecendo aos patrocinadores da
noite.

Meu pai não veio, mas ele é um deles, e desde que eu


sou sua representante, eu sorrio e aceno quando seu nome é
mencionado e a câmera posiciona mim. Depois de uma
apresentação de slides que descreve os diferentes projetos
que a caridade se comprometeu em ajudar crianças
desfavorecidas da Rússia, é tempo para o destaque da noite.

A cortina se abre e os holofotes recaem sobre Alexander


Malenkov, o objeto de desejo não correspondido de Lina. Eu
nunca o ouvi tocar, mas no momento em que ele toca as
teclas o público fica tão silencioso que você poderia ouvir um
alfinete cair. Ele toca com grande paixão e verdadeira
habilidade e devo admitir que estou impressionada com o seu
desempenho. Quando ele toca sua última nota e levanta para
se curvar, todos, espontaneamente, aplaudiram de pé.

As cortinas fecham e a comida é servida. A comida é


deliciosa, é claro, mas eu encontro-me empurrando o
alimento ao redor do meu prato fingindo comer. Eu fico
pensando que isso é o que a minha vida vai ser depois de eu
me casar com Oliver. Uma sequência interminável de deveres
vazios com o tipo de pessoa que tem nada em comum comigo.
Depois de ter fingido consumir a sobremesa, o último evento
da noite começa.

O Leilão de Itens Preciosos é o momento em que os


convidados tiram suas joias e objetos pessoais como relógios
e carteiras, e dão-lhes para serem leiloados. Os itens não são
recolhidos de antemão, mas são doados no ato, juntamente
com pequenas notas que foram deixadas em cada mesa para
descreverem detalhes dos itens para o leiloeiro com uma
sugestão de preço inicial.

Uma das senhoras na nossa mesa tira seu colar de


pérolas, outro oferece uma pulseira de ouro rosa, e eu tiro
meus brincos de esmeralda e platina e coloco no prato.

O leilão começa com o relógio Cartier de Lady Schloss.


Na tela atrás do pódio, uma imagem em 360º do relógio é
exibida. O preço inicial é de £ 2.000,00. Depois de lances
animados, o relógio vai para o seu marido por £ 5.700,00. O
mesmo processo é mais ou menos repetido por quase todas
as mulheres que desistem de suas joias para o leilão. Seus
maridos ou noivos acabam ganhando de volta para elas. É
tudo naturalmente divertido e com um pouco de caridade
incluso.

Então é a vez dos meus brincos.

—Gentilmente doados pela Srta. Tasha Evanoff, — o


leiloeiro anuncia. — Um par de impecáveis esmeraldas
brasileiras perfeitamente cortadas fixadas em platina. Cada
esmeralda perfeita é de 4,5 quilates.

Ele levanta a mão.

—Vamos começar os lances em £ 5.000. Eu ouço algum


comprador? Sim, nós temos. Para o cavalheiro na parte de
trás. Aqui do lado. £ 5,500. Eu ouço £ 6,000. Sim, temos £
6,000. £ 6,500. £ 7.000 para o cavalheiro na parte de trás. £
7.500 para o cavalheiro de gravata vermelha ao lado. £ 8.000.
Temos £ 8,500. Esta é uma rara oportunidade para comprar
um par de brincos verdadeiramente requintado. £ 9.000. £
9.500. £ 10.000.£ 10.500. Vamos lá, senhoras e senhores.
Isto é tudo por uma boa causa. Muito bem, temos £ 11.000
aqui na frente. Algum outro lance?

Ele olha em volta, esperançoso.

— Dou-lhe uma. Dou-lhe duas. — Ele acena para Oliver


que acaba de levantar a mão. — Obrigado, senhor. Temos £
11.500.

Eu sorrio docemente para Oliver. Todos os olhos estão


voltados para nós e estamos fazendo o papel de um casal
profundamente apaixonado.
— Quaisquer ofertas para este par raro e magnífico de
brincos? — O leiloeiro levanta o martelo. — Oh, parece que
um novo concorrente entrou na briga. £ 12.000.

Oliver e eu viramos para olhar o novo concorrente e eu


congelo. Meu estômago cai. Eu não posso acreditar em meus
olhos. Noah está sentado à mesa de Alexander Malenkov.

Doce Jesus. Foi ele quem comprou aquele último bilhete


esta manhã!

Deve ter havido uma reorganização na tabela de lugares.


Alguém na mesa deve ter trocado de lugar com ele. Nossos
olhos se encontram. E eu não consigo olhar para longe.
Perdida em seu olhar eu nem sequer ouço o resto do mundo.

Então eu o vejo levantar um dedo e eu ouço Oliver puxar


suspiro afiado. Eu tiro meus olhos dele e encaro sem ver o
drama que se desenrola no palco.

£ 13,500 se torna £ 15.000. £ 15.000 se torna £ 20.000.


£ 20.000 se torna £ 25.000. Sinto Oliver ficando irritado ao
meu lado. Ele não quer perder o respeito, mas o preço em
breve se tornará muito alto para ele. Com um sorriso tenso,
ele balança a cabeça, e acena com a cabeça, até que o
martelo do leiloeiro atinge o púlpito em £ 75.000!

Noah ganhou os brincos.

Oliver finge sorrir graciosamente. Ele está realmente


tremendo de fúria. Ele vira para mim e beija meus lábios,
devagar e sem pressa. Sua boca está gelada e cheira a licor
de laranja de sua sobremesa de chocolate. Quando ele tira
sua boca da minha o meu olhar voa impotente para Noah.
Seus olhos brilham e sua mandíbula aperta tanto que há
uma linha branca em torno de sua boca.

Eu deixo cair meu olhar. No palco, o próximo item está


sendo descrito pelo leiloeiro. Meu estômago revira e eu olho
cegamente para o item que está sendo exibido.

Após o leilão, eles entregam os prêmios para algumas


pessoas que parecem muito gratas a recebê-los, em seguida,
as luzes pista de dança acendem e o DJ se apresenta.

Eu rapidamente peço licença para ir ao banheiro.


Quando chego ao corredor, vejo Noah encostado na parede.
Ele está com uma mulher, uma ruiva bonita. Isso me faz
querer vomitar. Eu não posso. Eu não posso nem olhar para
eles juntos. O pensamento dele fazendo com ela todas as
coisas que ele fez comigo é insuportável. É como lava
derretida derramando no meu intestino. Oh Deus. Eu teci
uma teia de aranha de luxúria. Agora, eu me sento presa
como presas em suas cordas de seda. Enquanto eu fico lá,
queimando, presa ao chão, ele me vê, pede licença, e passa
por mim. Seu passo é descontraído e calmo.

Meus joelhos estão tremendo.


Quinze
Noah Abramovich
Eu noto seu anel de noivado imediatamente. É uma
coisa ofuscante. Grande, ostentoso e horrível. Ela não o usou
ontem à noite quando veio até mim. Eu luto contra a vontade
de arrancá-lo fora de seu dedo.

— Legal te encontrar aqui—, eu digo.

— Eu pensei que tudo o que tinha que fazer hoje era


dormir —, ela provoca, mas sua voz treme.

— Eu pensei que tudo o que tinha que fazer era coisas


chatas.

Ela morde o lábio inferior.

— Você sabia que eu estaria aqui?

— O que você acha?

— Como você sabia que eu estaria aqui?

— Vamos apenas dizer que eu sou um amigo de


Alexander e eu sabia que você estava no comitê organizador
deste evento.

Seus olhos se alargam.

— Você conhece Alexander Malenkov?

— Claro. Eu costumava trabalhar para ele.


Ela não pode imaginar como eu poderia estar ligado a
um famoso pianista e sua testa macia franze.

— Sério? Como o quê?

— Não é importante. Foi há muito tempo.

— Oh. Por que você deu um lance nos meus brincos?

— Por que alguém faz algo? — Eu não consigo tirar da


minha mente a imagem dele a beijando como se fosse o dono
dela.

—Você fez isso para fazer a minha vida um pouco mais


miserável.

— Não —, eu digo asperamente. —Eu comprei porque


você pertence a mim. Todas as mulheres naquela sala
tiveram suas joias recuperadas por seus homens. Essa foi a
minha razão. Eu sou seu homem.

Ela olha para mim com olhos grandes e miseráveis.

A pergunta desliza para fora antes que eu possa pará-la.

— Você está dormindo com ele?

Ela balança a cabeça.

— Eu quero ver você de novo.

Ela engole em seco.

— Eu não sei. Isso não fazia parte do plano.

— Que se foda o plano. — Minha voz é áspera.

—Você não entende. Meu pai te matará se descobrir


sobre nós, e quanto mais eu vejo você, maior o risco de que,
de alguma forma, ele ouvirá sobre isso.
— Venha até mim esta noite.

— Você ouviu o que eu disse?

— Eu não tenho medo de seu pai.

Seus olhos se alargam.

— Você deveria ter. Ele é um homem muito perigoso.

— Estarei esperando por você.

— Eu não posso. Eu….

— Aí está você, querida. Eu estava me perguntando


onde você estava— Oliver diz suavemente. Ele vira para mim.
Eu o senti me avaliando. —Você não vai me apresentar ao
seu ... amigo? — Eu não perco a pausa.

— Senhor Oliver Jarsdale, Noah Abramovich. Noah


Abramovich, Lord Oliver Jarsdale —, diz Tasha. Há um
tremor de culpa em sua voz e eu sinto-o endurecer com
desconfiança e raiva.

— Ah, outro russo—, ele diz, e há uma riqueza de


significado em suas palavras.

Uma afronta deliberada, o que me surpreende porque


pelo que eu ouvi, Jarsdale é um desses homens escorregadios
que não ofendem em seu rosto, ele insulta anonimamente em
suas costas. Meu empresário tem um bom termo para esse
fenômeno. Covarde

Ele olha para ela, o nariz levantado como se houvesse


um fedor.

— Um amigo de seus pais?


Sinto o corpo inteiro de Tasha se contrair. Eu sei que ela
nunca quis que eu ficasse sob a atenção do pai.

— Na verdade, ele é um amigo de Alexander Malenkov—,


diz ela, suas palavras tropeçando umas sobre as outras.

Algo frio pisca em seus olhos.

— E como é que vocês dois se conhecem?

— Somos velhos amigos.

— Sério? — Ele fala lentamente. — Que interessante.

Eu sorrio, casualmente, como eu posso.

— Sim, todos nós russos conhecemos um ao outro. —


Parece que sim —, diz ele em tom de quem está subitamente
entediado com a conversa. — De qualquer forma, nós
deveríamos ir. Desfrute dos seus brincos, Sr. Abramovich.

Não digo nada.

— Bom vê-lo novamente, Noah, —Tasha diz suavemente.


Então Oliver coloca uma mão possessiva na parte inferior das
costas e a leva para longe. Meu instinto queima com fúria
ciumenta, mas uma voz fria e lógica dentro de mim diz: Olhe
ao seu redor Noah. Esta não é a porra de lugar ou momento.
O deixe pensar que ganhou.

Eu dou passos largos para fora do local. Acendo um


cigarro dou uma tragada. O que eu realmente quero fazer é
voltar para dentro e sufocar a porra respiração de Jarsdale.
Alguém para ao meu lado. Eu não tenho que virar para saber
quem é.
— Você está pedindo uma guerra total—, diz ele em
russo.

Eu levo minha caixa de cigarros e ofereço a ele. Ele pega


um e eu mantenho a chama do meu isqueiro sob o seu
cigarro. Ele põe as mãos em conchas ao redor da chama e
inala. O fogo ilumina seu rosto e longos e elegantes dedos.
Estranhas, em todos esses anos, nem uma vez, eu vi esses
dedos como os de um pianista talentoso. Ele levanta a cabeça
e eu retiro meu isqueiro.

Eu amei este homem como um irmão por anos. Nós


estivemos juntos no bom e no ruim. Todo mundo o chama de
Alexander agora, mas para mim ele sempre será Zane, meu
irmão fiel.

Eu dou uma tragada do meu próprio cigarro e expiro.

— Eu não tenho medo dele.

Ele sopra uma nuvem de fumaça para fora.

— Se eu fosse um homem apostando eu teria que


colocar o meu dinheiro nele—, diz ele em voz baixa.

Viro para olhar para ele.

Ele encontra meus olhos.

— Simplesmente porque nem o respeito ou a honra


impedem Nikita. Enquanto você ainda está ponderando a
ética de matar o pai da mulher que você quer, ele irá enterrá-
lo.

Eu franzo a testa. Zane está certo. Eu tenho pensado


sobre isso e eu não posso infligir qualquer tipo de dano a ela.
— O que você fez hoje foi imprudente. Se você realmente
quer esta mulher, não deixe o seu pau pensar por você de
novo.

— Não vou deixar o meu pau pensar por mim. Eu


balancei a árvore. Eu queria ver o que cairia.

— Nada de bom pode cair desta árvore. Qual é o seu


plano?

— Fique fora disso, Zane. Este é o meu caso. Você está


fora dessa merda. Fique fora. Cuide de sua família.
Dezesseis
Tasha Evanoff
Oliver enrola meu cabelo em torno de seu dedo
indicador.

— Por que você acha que o gangster russo queria tanto


seus brincos? — Sua voz é suave, mas hostil.

Eu olho para ele com surpresa.

— Eu não sei, mas por que você se importa? Achei que


você não se importava com o que eu fizesse desde que eu
fosse discreta.

Algo repulsivo passa em seus olhos.

— Para começar, não parece que você tem sido muito...


discreta. Não precisa ser muito inteligente para descobrir o
que estava acontecendo esta noite.

Ele sorri com maldade.

— Em segundo lugar, eu poderia ter sido um pouco


precipitado. Eu não me importava, mas, desde então, fiquei
um pouco... apaixonado por você, e eu certamente não
aprecio outro homem jogando na minha cara que ele tem
entrado em suas calças.

Minha pele formiga, mas eu resisto ao desejo intenso de


ir para longe dele.
— O que você está dizendo?

— Acho que estou dizendo que as regras mudaram. A


partir de agora, espero que minha esposa seja fiel a mim.

Eu olho para ele friamente.

— E esta regra é, obviamente, aplicável apenas para


mim, uma vez que você, obviamente, não é fiel e nem
pretende ser em qualquer momento no futuro.

— Jogue direito e isso poderá ser arranjado, — ele


mente, seus lábios arranhando meu pescoço.

Eu fecho meus olhos. Eu tenho que fazer algo rápido


sobre esta situação em que estou. Eu não posso continuar
assim. Agora eu sei que eu nunca poderia ter sexo com
Oliver. Talvez antes, mas não mais. Não quando estou...
apaixonada por Noah.

— Você não me ama e eu não te amo—, eu digo


suavemente. — Qual seu ponto?

— Nós deveríamos realmente nos casar, Oliver? — Eu


persuado. Se eu pudesse fazê-lo desistir do noivado, Papa
não poderia fazer nada.

Ele olha para mim estranhamente e depois começa a rir.

— Você quer desistir disso? Me deixe dizer querida, é


muito tarde para tudo isso.

— Não, não é.

— Aww ... você realmente pensou que poderia me


convencer a romper o noivado. Desculpe, não podemos.
— Mas você realmente não me quer.

Ele sorri estranhamente.

—Pelo contrário, doce Tasha, eu quero muito você.

Eu fico olhando para ele com horror.

— Não, você não quer. Você tem outras mulheres.

— Elas são corpos. Cadelas e prostitutas. Eu mal posso


lembrar seus nomes. Não, Tasha Evanoff, você é o prêmio. —
Seus lábios torcem. —Eu escolhi você para ser minha esposa
e mãe de meus filhos. — Ele pega meu pulso e de repente
aperta.

— Owww, você está me machucando.

Ele aperta mais forte e eu cerro os dentes.

— Você imaginou que o nosso casamento seria apenas


fachada? — Ele provoca.

Eu fico olhando para ele desafiadoramente.

— Eu vou te foder duro e muitas vezes. A partir de hoje


eu espero ser o único pau entrando na sua pequena boceta
apertada.

Eu suspiro em estado de choque.

— Você pode dizer para o idiota russo que seu pequeno


desempenho deixou sua vida muito mais complicada. Diga a
ele para te foder bem agora, porque espero pureza da minha
esposa. Então, se você tem qualquer ideia inteligente de
assumir amantes, devo avisá-la agora que eu vou colocar um
punho através da sua abertura vigorosa antes de permitir
isso. — Ele faz um punho com a mão. O gesto é violento e
indecente.

Eu fico rígida com o choque. Este é um lado de Oliver


que eu nunca suspeitei.

— Ficou claro, ou você precisa de uma demonstração do


que esperar?

Olho incrédula, e ele agarra meu quadril e me puxa para


ele, sua ereção pressionando em minha barriga enquanto sua
mão vai até minha saia. De repente, eu acordo do meu torpor.

— Sim, sim, eu entendo, — eu sussurro com urgência,


minha voz tremendo de medo.

Ele aperta a mão no meu quadril até que eu gritar de


dor. Com uma pequena risada provocadora ele me solta e eu
fecho meus olhos, engulo em seco e tento me acalmar. Abro
os olhos e ele está me observando.

— Você realmente é muito, muito bonita, Tasha. Tão


branca e perfeita.
Dezessete
Tasha Evanoff

No momento em que eu chego em casa o medo recuou


para o fundo da minha mente. Assim que eu abro a porta da
frente, Sergei, que está esperando pacientemente para mim,
fica louco de alegria. Seus gritos excitados e latidos ecoam
alto no silêncio mortal da nossa casa.

—Vamos ver Baba, — eu digo. Ele lambe meu rosto.

Eu me levanto.

— Corra—, eu desafio, e começo a correr pelas escadas,


mas ele me ultrapassa facilmente e espera por mim no topo.
Eu lhe faço cócegas atrás das orelhas.

— Você ganhou —, admito.

Ele fuça a parte de trás do meu joelho. Com ele


seguindo nos meus calcanhares, passamos pelo corredor.

Como tenho feito desde que eu era uma criança, eu não


bato, mas simplesmente entro. Na minha vida Baba é o único
livro aberto. Eu a vi nua, eu a vi doente, eu a vi chorar.
Quando ela caiu e quebrou o quadril, eu não queria que ela
ficasse constrangida pela enfermeira ou empregada doméstica
mudando suas fraldas ou a limpando, então eu fiz tudo
sozinha. Ela nunca esconde nada de mim e eu também não.
Não por um bom tempo, de qualquer maneira.

Ela já está na cama lendo um livro. Ela me olha de cima


dos óculos e sorri.

— Que agradável surpresa, Solnyshko. Será que você se


divertiu esta noite?

Eu vou e sento-me ao lado de sua cama e Sergei enrola-


se em meus pés.

— Sim, foi tudo bem, eu acho. Meus brincos de


esmeralda foram leiloados e arrecadou £ 75.000 para a
caridade.

— Quem comprou?

— Adivinha?

— Uma rã iria se transformar em um porco mais rápido


do que Oliver pagar £ 75.000 em um par de brincos então
não foi ele —, ela deduz astutamente.

— Você está certa. Oliver perdeu para outra pessoa.

Seus olhos se alargam levemente.

— Ora, ora—, diz ela suavemente.

Eu fico olhando para pequena obra de arte na unha do


meu dedão do pé antes de olhar para ela.

— Baba, eu preciso ir vê-lo esta noite. — Ela tira os


óculos de leitura, fecha o livro e o coloca na mesa de
cabeceira.

— Diga algo, por favor.


— O que posso dizer, Solnyshko? Proibir você de vê-lo só
fará crescer seu desejo em vê-lo ainda mais.

— Não é apenas desejo. Sinto falta dele, Baba. Eu sinto


falta de sua voz, sinto falta de seu rosto, eu sinto falta de seu
toque. Eu até mesmo sinto falta do som de sua respiração.
Ele está esperando por mim. Eu tenho que ir vê-lo. Eu vou
ficar louca se eu não o ver esta noite.

Ela olha para mim ansiosamente.

— É perigoso para você estar sozinha essa hora da


noite. Eu não posso aceitar esse tipo de comportamento
arriscado.

— Baba. Há tantos guardas de segurança nas casas


desta rua que esse deve ser o lugar mais seguro na terra.

— Ainda assim. — Diz ela, com os olhos cheios de


preocupação.

— Mesmo antes de eu chegar à rua principal um táxi


estará esperando por mim. Eu fiz isso ontem e deu tudo
certo.

— E se não der certo hoje?

— Oh, por favor, Baba. Eu vou tomar cuidado. Eu


prometo que vou ser muito, muito cuidadosa.

Ela suspira pesadamente.

— Eu não estou feliz com isso, Solnyshko, mas vá com


Deus e não seja descuidada. Você segura a vida de muitas
pessoas em suas mãos. É um mundo feio lá fora, e as
consequências de suas ações poderiam ser grandes.
Olho para ela.

— Não haverá consequências. Eu só quero vê-lo mais


uma vez. — Eu afirmo.

Ela sorri com tristeza, porque nós duas sabemos que eu


estou mentindo. Haverá consequências. Estou planejando
mudar tudo. Mais uma vez? Uma criança de três anos de
idade consegue ver através dessa ficção.

— Seu pai saiu, mas eu não acho que ele vai ficar fora a
noite toda e é por isso que você deve ter muito cuidado. Não
importa a hora que você quiser voltar, apenas me chame.

— Eu não vou acordá-la até depois de quatro.

— Eu posso dormir a qualquer hora. Ligue quando


estiver pronta.

— Obrigada, Baba.

— Use seus jeans hoje. A previsão do tempo disse que


pode chover amanhã.

Eu sorrio para ela.

— Você sabia que eu iria vê-lo?

Ela sorri de volta.

— Se eu tivesse sua idade, eu faria o mesmo.

Eu rio.

— Posso deixar Sergei aqui? Eu não quero que ele fique


sozinho duas noites seguidas.

— Claro. Traga sua cama aqui e coloque lá pela parede.


Levanto e beijo as bochechas da minha avó. Quando eu
estou muito perto de seu ouvido, eu sussurro,

— O nome dele é Noah.

— É um bom nome, forte, — ela sussurra de volta.

— Eu te amo—, eu digo, e corro para fora de seu quarto.

No meu quarto eu troco rapidamente por jeans, uma


camiseta, e sapatos confortáveis. Eu encontro um cardigan e
coloco sobre a minha camiseta. Eu encho seus bolsos com os
petiscos de cachorro. De pé em frente ao espelho, eu
desmancho meu penteado e amarro meu cabelo em um rabo
de cavalo. Eu arrumo as almofadas da cama para parecer
com uma pessoa dormindo, então eu ligo para a empresa de
táxi e combino de virem me pegar em dez minutos no final da
minha rua.

Eu olho em volta de mim. Tudo está como deveria. Eu


pego a cama de Sergei e seus brinquedos e chamo.

—Vamos lá, você irá dormir com sua avó hoje à noite, —
eu digo a ele. Ele me olha acusadoramente, então eu abraço-o
e digo que um dia, um dia, eu vou levá-lo para conhecer
Noah.

Apagando a luz, eu fecho a porta e volto para o quarto


de Baba. Depois de acomodar Sergei digo adeus a minha avó
e eu corro pelas escadas. A casa está calma e quieta, e as
solas macias dos meus sapatos não fazem qualquer som
conforme eu saio pela porta lateral que bloqueia sozinha
depois que eu saio. Eu ando rapidamente para a parte
traseira da casa. Os Rottweilers vêm até mim, atiçando as
luzes de segurança; eles choramingam baixo.

— Sou eu, — eu digo a eles, dando pequenos petiscos.

Depois de despachá-los eu assisto as mariposas voarem


para as brilhantes luzes de segurança. Pouco antes de
desligarem, eu começo a contar os segundos para a câmera
girar ao redor. As luzes apagam e eu continuo a contar.

Quando eu contei o suficiente para a câmera fazer a


varredura daquele pedaço de terra, eu corro para o muro e,
pisando nos vincos, eu subo. Eu caio do outro lado tão
agilmente como um gato (Eu tenho feito isso por muitos anos)
e casualmente caminho pela estrada. O táxi com o nome da
empresa impresso na porta está esperando por mim no final
da rua. Abro a porta, entro nele, e dou ao motorista o
endereço de Noah.

Meu coração está martelando no meu peito.


Dezoito

Noah Abramovich

Não há estrelas no céu, e o ar está estranhamente


pesado e cheio de eletricidade estática. A tempestade deve
estar chegando. Eu estou no meu quintal fumando um
cigarro, todo o meu corpo está tenso. Ele está esperando pelo
corpo dela.

Por muitos anos, eu sonhava com ela. Eu sonhava em a


conquistar, transar com ela, marcá-la, puxar seu arrogante
cabelo de princesa, forçá-la a tomar o meu pau, e vê-la em
seus joelhos acovardados e submissos. Bastou uma noite.
Apenas uma noite para ela transformar meu sonho em
cinzas.

Se eu fosse uma árvore, eu perderia folha por folha,


porra.

A ponta do meu cigarro brilhou em cor âmbar conforme


eu inalava profundamente. Eu olho para o meu relógio. Já é
meia noite e meia. Ela não virá esta noite. Está muito tarde. A
decepção é como um peso esmagador no meu peito, mas eu
digo a mim mesmo que é o melhor. Me perturba pensar nela
pegando um táxi a esta hora da noite. O mundo é um lugar
cruel para uma mulher bonita.

Eu jogo o cigarro fora e mexo meus ombros tensos. A


caixa de veludo preto com os brincos está queimando um
buraco no bolso da minha calça. Eu tiro do bolso e abro. As
joias brilham na luz das portas abertas. Eu inclino a caixa e
eles captam a luz e parecem como um fogo verde. Eu afago as
pedras. Elas não estão frias ao toque.

Eu nunca fiz nada como isso antes. Sempre mantive


minhas emoções trancadas. Nada além de fria concentração
para o trabalho em mãos. Talvez eu não devesse tê-los
comprado, mas naquele momento eu não poderia suportar ele
tomando-a como sua. Ela pertence a mim e ela será minha,
mesmo que seja a última coisa que eu faça.

Preenchido com um profundo sentimento de


inquietação, eu fecho a caixa e coloco de volta no bolso. Eu
não quero ficar bêbado sozinho novamente. Eu deveria sair.
Talvez eu devesse ir para o clube e tomar uma bebida com os
meninos, embora a perspectiva não me entusiasmasse.

Eu levanto quando ouço a campainha tocar.

Viro para o som, olhando através das portas francesas.


Meu coração de repente martelando.

Porra. Ela chegou.

Eu passo para dentro da casa e abro a porta.

— Oi—, diz ela.

Oh, Tasha, Tasha, Tasha.

Eu a puxo para dentro, chuto a porta e, tomando-a em


meus braços, esmago sua boca com a minha e a beijo
fortemente. Ela derrete contra o meu corpo. Enquanto eu a
beijo minhas mãos estão a despi-la. Suéter, camiseta, sutiã,
calça jeans, calcinha. De repente, eu os vejo. Eu pego pulso
dela e puxo para cima.

— Ele fez isso? — Eu pergunto, minha voz


enganosamente suave.

Ela balança a cabeça e eu sinto-a tremer.

— Não é nada. Eu me machuco facilmente.

Fúria como eu nunca senti bate no meu estômago. Eu


não posso nem pensar direito. Como ele se atreve, porra?
Quem aquele saco pomposo de merda pensa que é? Eu não
vou, eu não posso deixar isso passar.

— Eu vou matar esse idiota.


Ela coloca as mãos em cada lado do meu rosto, os olhos
subitamente cheios de lágrimas.

—Não. Não estrague esta noite. Quem sabe o que o


amanhã trará.

Eu olho para o triste desespero em seu rosto, e mesmo


que isso me deixa doente do estômago, eu controlo-me. Por
agora. Respirando fundo, eu me acalmo, mas, porra, ele
próprio se fez um inimigo implacável.

— Diga exatamente o que aconteceu, — eu exijo.

Ela inclina a cabeça.

— Não importa.

— Se você não me disser eu vou buscar respostas


diretamente dele, e não vai ser bonito, — Eu aviso, minha voz
fria e tranquila.

Sua cabeça voa para cima.

— Não, não—, ela chora.

Eu olho duramente para ela. Ela parece, de repente, tão


pálida e vulnerável, eu quero segurá-la com força e nunca a
deixar sair desta casa. Eu suavizo a minha voz.

— Então me diga, — Eu persuado.

— Você não deveria ter comprado os brincos. Você não


deveria ter exposto suas intenções. Foi uma coisa precipitada
a se fazer. Agora ele sabe que você e eu somos ...— Ela
estremece. — E se ele disser a meu pai?
Eu não digo a ela que eu queria mostrar minhas
intenções. Eu queria chocalhar sua gaiola. Eu não vou
aceitar ela se esgueirando no meio da noite para me ver. Eu
quero explodir tudo. Eu quero ficar na frente de seu pai,
venha o que vier. Guerra ou não, eu vou declarar que ela é
minha.

Eu trago seu pulso à minha boca e beijo as marcas


azuis que seus dedos deixaram em sua pele. Sua expressão é
perturbadora, e me mata que eu não possa apagar aquele
olhar de medo e preocupação ou protegê-la. Que amanhã de
manhã eu terei que deixá-la ir. E enquanto ela estiver fora da
minha vista qualquer coisa poderia acontecer com ela. Oh,
Deus, até mesmo o pensamento de qualquer coisa
acontecendo com ela. Eu puxo seu corpo suavemente contra
o meu e respiro seu cheiro limpo, doce.

—Desculpe, eu não pude protegê-la daquele covarde


doente. — Murmuro em seu cabelo macio.

—Está tudo bem. Não é sua responsabilidade.

É aí que ela está errada. Ela é minha responsabilidade.


Cada polegada de pele em seu corpo é minha
responsabilidade.

—Estou aqui agora, então o que você vai fazer sobre


isso, mmm?

Sinto seu corpo contorcer e esfregar desenfreadamente


contra o meu e imediatamente o desejo incontrolável que ela
sempre invoca no meu corpo me atinge.
Eu me afasto um pouco, vejo seus seios nus e deixo
meus polegares acariciar os picos firmes. Não posso deixar de
ser pecaminosamente despertado pelo contraste
surpreendente da minha pele mais escura contra sua carne
branca.

Há um preservativo no bolso da calça e eu puxo para


fora. Enquanto eu gentilmente abocanho seus mamilos ela
geme com voz rouca. Eu abro as minhas calças e libero o
meu pau duro. Eu a empurro contra a parede, enfiando
minha língua em sua boca aberta e meu pau em sua vagina
ao mesmo tempo.

Eu saqueio sua boca enquanto minhas mãos agarram


as bochechas firmes de sua bunda e puxo ainda mais forte
contra o meu pau. Selvagem e sem vergonha, ela chupa
minha língua e balança seus seios em mim. Eu libero sua
boca para voltar a seus seios. Eu quero vê-los duas vezes
maiores, como estavam na noite passada. Eu puxo os picos
em minha boca e chupo asperamente. Suas bochechas estão
coradas e seus olhos estão vidrados de paixão. Ela enrola
seus dedos no meu cabelo e pressiona minha cabeça mais
perto de seu corpo.

— Sim, sim—, ela quase chora com prazer.

Eu mordo um dos mamilos e ela engasga. O som toca


em algo escuro e proibido dentro de mim. Eu curvo-me para
pegá-la, em seguida, vou para a sala de estar. Eu coloco-a
para baixo no meio da sala e dou um passo para trás.

Me deixe ver se ela entende o que quero dela.


Dezenove
Tasha Evanoff
What A Feeling - FlashDance

Que sentimento.

Respirando pesadamente, ele olha para mim. O


contraste entre a camisa branca como neve e seu profundo
bronzeado faz seu rosto parecer predatório e feroz. Ele
começa a desfazer suas abotoaduras. Deixando caírem no
chão, ele desabotoa a camisa.

Seu rosto está sério e atento.

Por um segundo eu não entendo, e então eu percebo, e


um arrepio de excitação passa através de mim. Eu sorrio um
pequeno sorriso secreto antes de virar e me afastar dele. Dou
quatro passos na sala e, lentamente, rodopio de volta, fico de
joelhos, e assumo a posição. Minha cabeça curvada, joelhos
bem separados, minha bunda na parte de trás dos meus
calcanhares, e minhas mãos espalhadas nas minhas coxas
perto de meus joelhos. Submissão completa.
Eu ouço o farfalhar de sua camisa e calças caindo ao
chão, o baque de seus sapatos batendo no piso. Ele vem para
frente.

— Olhe para mim, Tasha—, ele ordena. Eu obedeço.

Ele põe a mão no meu ombro nu e o acaricia.

— Você é minha.

— Eu sei.

—A partir do momento que seus olhos encontraram os


meus naquele verão à beira da piscina você foi minha, e você
sempre será minha.

Levanto de joelhos e fico parada, minha boca aberta


congelada na frente dele. Ele tira o preservativo e seu pênis
está pingando grandes quantidades pré-sêmen. Ele se
aproxima de mim, mas não perto o suficiente que eu não
tenha que inclinar para frente em um ângulo quase arriscado
para serpentear minha língua para fora e lamber lentamente
o lado do seu eixo e a cabeça do seu pau.

Ele é tão quente, seu perfume é inebriante. Este é o meu


homem, eu penso atordoada de prazer.

Ele entrelaça os dedos no meu cabelo e mergulha todo o


seu eixo profundamente em minha garganta me fazendo
engasgar e saliva inundando minha boca. Ele sai
temporariamente da minha garganta apertada. Então,
aproveitando a lubrificação extra de minha saliva, ele puxa
minha cabeça tão perto quanto possível e fode minha boca.
—Você tem esperado por isso por um bom tempo. — Ele
geme. —Você deliberadamente me provocou com o seu corpo
delicioso desde o primeiro momento em que pôs os olhos em
mim, não é?

Com a boca recheado com pau duro, eu aceno, fazendo


minha cabeça sacudir.

—Você me deixou com a porra de um pau duro por


anos. Agora você tem que pagar por isso.

Eu concordo.

—Diga—, ordena ele, — que nenhum dos tolos que você


conhece já te fodeu assim.

Eu dou uma sacudida com a cabeça.

Ele puxa para fora de mim.

— Diga, — ele pressiona.

— Ninguém chegou perto disso.

Ele sorri com satisfação e empurra mais profundo em


minha boca. Ele não leva muito tempo antes de explodir,
enchendo minha garganta com esperma quente. Ele olha
para mim.

—Agora vá deitar no sofá e afaste as pernas amplamente


para mim. — Seu sorriso é puro mau, e eu tremo com
antecipação.

Eu levanto e faço o que ele pede, me esticando sobre o


sofá para que minhas pernas estejam espalhadas e meu
centro gotejante está exposto aos seus olhos. Seus olhos são
fontes quentes de alcatrão negro conforme ele se aproxima de
mim.

Ele ajoelha entre minhas pernas e usa os polegares para


separar os lábios da minha boceta, em seguida, lambe
repetidamente minha boceta latejante e eu suspiro. Seus
dedos mergulham em minha entrada lisa enquanto sua
língua raspa no meu clitóris, atacando e acariciando até que
gritos selvagens e agudos fluem da minha boca.

Eu balanço minha virilha contra sua boca e língua e ele


continua a me devorar. Eu não posso nem imaginar o que
deve parecer para ele, nua, espalhada e descaradamente
implorando por mais, enquanto ele suga meu botão e me fode
com os dedos.

Ele troca os dedos pelo polegar, o qual ele lentamente


esfrega dentro de mim, para cima e para baixo até que minha
pele aquece e meus quadris estão levantando do sofá. Em
seguida, ele empurra o polegar em mim mais árduo e
asperamente. Meu corpo contrai insuportavelmente conforme
a tensão vai crescendo. Eu me ouço gemendo e suplicando
para não parar e ele continua enfiando em mim. Entretanto,
neste ponto as coisas estão tão quentes, que ele está me
fodendo tão duro quanto estou transando com o polegar.

Sua língua ávida banha meus lábios espalhados de cima


a baixo. Eu nunca imaginei que alguém pudesse ser tão
devotado em dar prazer ao meu corpo. Ele me devora até que
eu começo a tremer e os meus dedos roçarem em seu ombro.
Finalmente, eu fico rígida com os picos de tensão. Essa
sensação me mantém escrava até que cai sobre mim em um
rugido de tremer a terra. Enquanto eu enfrento a tempestade,
Noah continua usando seus dedos e boca. Ele não para,
mesmo depois que incontroláveis sucos quentes jorram de
mim em todo o seu polegar e boca. Minha cabeça rola para
trás.

Meu Deus! Será que eu fiz xixi em cima dele?

Corada, atordoada, terrivelmente embaraçada, e incapaz


de me mover, eu olho em seus olhos. Enquanto eu tento me
recuperar, eu percebo o quão duro e com tesão ele está
apenas de me assistir, e o quanto ele precisa gozar
novamente. Ele não tenta enfiar em mim. Ele apenas sorri
suavemente e pega-me em seus braços.

— Oh, olhe para você—, ele murmura. —Você é apenas


um bebê.

— Sinto muito—, eu coaxo.

Ele sacode a cabeça para trás em surpresa.

— Por quê?

— Você sabe por que—, murmuro, com vergonha de


sequer dizer as palavras.

— Na verdade, eu não sei.

— Eu fiz xixi em você.

Ele ri.

— Você não fazer xixi em mim. Eu estimulei o seu ponto


G então você esguichou para mim e foi bonito de ver.
Ele me beija na boca. Suavemente. Docemente.
Protetoramente. É o sentimento mais seguro em seus braços.
Eu esqueço Oliver e suas ameaças, e meu pai com seus olhos
de insetos.

Há um rápido lampejo de luz no quarto, em seguida, um


estrondo de um trovão.

— A tempestade está aqui—, eu sussurro. — Eu sempre


amei assistir tempestades. Mesmo quando eu era uma
garotinha.

Ele sorri para mim.

— Quer ver na sala ao lado, enquanto nós comemos?

Minha primeira reação é recusar a comida.

— Eu tenho Chak-Chak5 —, diz ele com um sorriso


perversamente travesso.

Oh, pequenas fatias de massa sem fermento fritas


cobertas com calda de mel quente. Tem sido um longo tempo
desde que eu comi algum. Pensando bem, eu enrolei durante
o jantar e quase nunca comia isso.

— Nesse caso, tudo bem, — Eu concordo com um


sorriso feliz.

— Eu vou comer uma tigela de zharkoye também. Quer


uma? — Ele oferece.

— Quem fez isso?

5
— Irina trouxe esta manhã. Ela faz isso em sua casa. —
Guisado de carne caseiro. A melhor comida para confortar e
definitivamente obrigatório para assistir a chuva lá fora.

— Tudo bem, — concordo, — mas apenas um pouco


para mim.

Ele se desenrola e me puxa para cima com ele.

— Está com frio? Você quer algo para vestir? — ele


pergunta.

— Vou vestir sua camisa—, eu digo, pegando a camisa


descartada e deslizando meus braços nas mangas de grandes
dimensões. Tem o seu cheiro eu aperto-a no meu corpo.

Noah enrola o tapete felpudo e coloca-o sobre um dos


ombros. Nós vamos até a sala de estar ao lado onde as portas
de vidro abrem para o jardim. Noah desenrola o tapete na
frente das portas. Tomando as almofadas dos sofás, ele joga
no tapete.

— Você quer alguns cobertores?

— Não, eu não estou com frio—, eu respondo.

— Certo. Espere aqui por mim—, ele diz, e sai pela


porta.
Vinte
Tasha Evanoff
Eu deito e encosto nas almofadas no tapete felpudo e
olho para o para os raios brancos de relâmpagos no céu
negro. Esse poder deixa-me estranhamente animada. Eu
conto os segundos antes dos trovões. Um, dois, três. Hmm ...
usando o sistema de contagem de Baba, onde um segundo é
equivalente a um quilômetro, a tempestade está a apenas três
quilômetros de distância. Pode chegar onde estamos. A
tempestade poderia quebrar em cima de nós ... se tivermos
sorte.

Em minutos, Noah está de volta com uma bandeja.


Duas tigelas fumegantes de ensopado e um prato cheio de
Chak-Chak. Eu mergulho minha colher no líquido marrom e
coloco um pouco de batata e carne em minha boca. A carne é
tão macia que se desintegra na minha língua.

— Mmmm ... Irina é realmente boa—, eu digo. Eu fecho


meus olhos. —Eu posso provar o alho e o endro, mas ela
também usou um outro ingrediente. — Faço uma pausa e
franzo a testa. —Eu acho que é alecrim. Não, espere. Não é.
É, na verdade, orégano, — eu finalmente decido.

Ele olha para mim com um sorriso estranho.

— O que?
— Você me fez lembrar de uma piada que meu gerente
do restaurante disse a mim uma vez.

— Vá em frente e compartilhe. Eu posso ver que você


está morrendo de vontade de me dizer. — Eu coloco um
bocado de comida na minha boca e olho para ele com
expectativa.

Ele sorri.

— Havia um gourmet que tinha um incrível senso de


olfato. Ele era muito orgulhoso disso porque era tão
malditamente preciso e forte. Tudo o que ele tinha que fazer
era cheirar um garfo ou uma faca e ele poderia dizer
exatamente qual alimento foi comido usando esse utensílio.
Ele poderia fazer isso mesmo depois de ter sido lavado. Toda
vez que ele ia ao restaurante ele não deixava que o garçom ou
garçonete lhe mostrasse o menu, ou dissesse o especial. Ele
simplesmente cheirava o garfo e sabia cada prato que o
restaurante era especializado.

— Um dia ele foi para um restaurante italiano e, como


de costume, antes de o garçom dizer os especiais da noite, ele
levanta a mão. — Me deixe ver se eu posso adivinhar—, ele
dizia.

— O garçom olhou para ele estranhamente, pensando,


Oh Deus, estou ficando velho demais para este trabalho.
Silenciosamente ele gesticulou para o homem prosseguir. O
homem cheirou o garfo. —Ah—, disse ele. —Vocês têm robalo
assado com anchovas e azeitonas, mas o Chef colocou muito
suco de limão nesse prato por isso não vou querer isso. Em
vez disso, eu quero o frango com presunto Parma, e a batata
cozida que também cheira bem.

— Chocado, o garçom perguntou: —Você sabe tudo isso


só de cheirar o garfo?

— O homem explicou sobre seu incrível senso de olfato,


mas, é claro, o velho garçom suspeitava que fosse um truque.
Ele devia conhecer alguém que já foi àquele restaurante
antes. No entanto, ele queria sua gorjeta então ele
calmamente serviu a refeição para o homem. Para a
sobremesa o garçom abriu a boca para dizer os especiais. De
novo o homem levantou a mão e cheirou a colher. —Ah,
parece que o Tiramisú está muito fresco.

— Agora o garçom estava convencido de que alguém


estava pregando uma peça nele. —Sim, senhor, o tiramisú foi
feito esta manhã—, disse ele educadamente. — Sim, eu vou
querer então —, disse o homem.

— O garçom resolve pregar uma peça da sua maneira no


homem. —Não, não, antes de fazer sua escolha há um prato
muito especial que o chef preparou e que ainda não foi
servido a ninguém. Vou deixá-lo sentir o cheiro e tentar
adivinhar. E se você adivinhar corretamente você pode ter
toda a sua refeição por conta da casa.

— O homem concordou.

— O garçom foi para a parte de trás da cozinha, onde


Maria estava lavando os pratos. Ele lhe dá uma colher
plástica não utilizada. — Escuta, Maria, você pode me fazer
um favor e esfregar isso rapidamente entre as pernas?
— Maria era uma menina simples. — Ok—, ela
concordou e colocou a colher em sua calcinha.

— O garçom lavou a colher, em seguida, secou-a com


cuidado, e a levou ao homem.

—O homem trouxe a colher para o nariz e cheirou. Ele


farejou uma vez, em seguida, outra vez. Perplexo, ele se volta
para o garçom. —Mas, Maria trabalha aqui também? —, Ele
perguntou.

Comecei a rir.

— Essa é boa.

Ele também ri e de repente eu me sinto muito próxima


dele. Como se estivéssemos juntos há anos e anos.

— Então, diga sobre você? — Eu pergunto, colocando a


tigela vazia para baixo.

— O que você quer saber?

— Por que um homem como você iria se juntar a Máfia?

Sua expressão se fecha. Ele dá de ombros.

— Eu tive minhas razões.

Levanto de joelhos e, inclinando, beijo suas pálpebras.

— Conte. Me deixe entrar —, eu imploro.

Ele coloca sua bochecha no meu peito.

— Eu precisava de dinheiro, um monte e rápido—, diz


ele.

— Por quê? — Eu sussurro.


— Eu tinha quinze anos e minha mãe estava doente. Eu
não sabia outra forma de conseguir isso.

— E o seu pai?

— Meu pai desapareceu depois que engravidou minha


mãe.

— Oh, Noah, — Eu suspiro. No fundo da minha mente,


eu podia vê-lo, um rapaz alto, magro, calças largas, os olhos
ansiosos. — O que aconteceu?

— Sim, eu consegui o dinheiro, mas ela faleceu em


menos de dois meses. Tentei sair pagando a dívida de volta,
mas é claro que eles não queriam o dinheiro. Menos de £
20.000 por uma alma é uma pechincha.

—Eu sinto muito.

Ele balança a cabeça.

— Durante dois meses ela esteve confortável. Eu faria


tudo de novo se fosse preciso—, diz ele ferozmente.

— Lamento que foram forçados a esta terrível vida.

— Não foi terrível para começar. Eu era apenas um


ladrão, mas este trabalho escoa lentamente em cada fenda de
sua vida. É preciso mais e mais de você até que isso se torna
você e você se torna isso. Você é um ladrão, um falsificador,
um executor, um assassino.

— Então, como você chegou a Inglaterra?

— Eu estava em um trabalho e conheci Alexander


Malenkov. Ele era chamado de Zane até então. Ele estava
deixando a Rússia e indo para a Inglaterra. Eu não tinha
mais nada na terra natal. Babushka tinha acabado de falecer
naquele ano, então eu o segui. Nós trabalhamos bem juntos e
formamos nossa própria coisa.

Ele pega o prato de Chak-Chak e oferece para mim. Eu


pego um.

— Éramos a Máfia, mas apenas especializada na


indústria financeira. Nós visávamos os bancos e as grandes
organizações financeiras. Estávamos roubando os maiores
criminosos de todos os tempos. Me senti bem.

Eu mastigo o Chak-Chak e engulo.

— Ocasionalmente nós fomos forçados a fazer negócios


com o seu pai ou pessoas como ele, mas, tanto quanto
possível, nos mantivemos longe do crime organizado fora do
nosso pequeno e fiel grupo. Então, um par de anos atrás
Alexander encontrou Dahlia e ela o convenceu a seguir o seu
verdadeiro talento e se tornar o pianista que ele é agora. Eu
já tinha guardado um monte de dinheiro de nossos negócios
então comprei todos os clubes e restaurantes dele. E aqui
estamos nós.

Lá fora as primeiras gotas gordas de chuva caiam. Elas


se tornam uma torrente rapidamente. Eu viro para ele.

—Não é lindo? É como se não houvesse mais ninguém


no mundo exceto nós nesta casa.

Ele olha para mim.

— Devemos ir lá fora? — Eu pergunto.

Suas sobrancelhas voam para cima.


— Você quer brincar na chuva? — Ele pergunta,
incrédulo.

— Sim.

— É chuva de outono. Vai estar fria.

— E daí? Somos russos. O frio não nos incomoda.

— Eu estava pensando em você.

— Eu amo a chuva.

Ele levanta e abre a porta. O ar fresco nos atinge. Ele


está nu e eu só estou vestindo sua camisa. Eu tomo sua mão
e saímos para o campo molhado. Na verdade, a chuva está
fria e ficamos rapidamente encharcados, mas nós dois rimos
como crianças.

— Dança comigo? — Eu grito acima do ruído da chuva.

— Pode não ser....

— Quando uma mulher pede para dançar com ela, você


dança com ela, — Eu zombo severamente.

— Não fale comigo assim, mocinha.

— Ou o que? — Eu desafio.

— Ou isto. — Ele me puxa contra seu corpo e me beija


apaixonadamente. Água escorre em nossos corpos fundidos.
É lindo. E ... eu nunca vou esquecer este momento.

Mais tarde, voltamos para dentro, nos secamos, e ele fez


amor comigo no tapete felpudo. Lá fora a chuva cai e
relâmpagos cruzam o céu. Eu nunca vou esquecer esta noite.
Vinte e
Um
Tasha Evanoff

Kevin Lyttle - I got it

Oba! Papa está Fora!

É o terceiro dia que ele está fora, Noah e eu estamos em


um dia de viagem para Nice. Mar azul, céu azul e sol lindo. O
carro que Noah alugou é um BMW conversível verde, e o
vento corre pelo o meu cabelo, enquanto passamos ao longo
da costa de Promenade des Anglais.

No inverno os nobres britânicos do século dezenove


vinham aqui para escapar do clima sombrio Inglês,
mostraram sua arrogância pavimentando uma estrada
beirando a praia, que vai do aeroporto direto para a cidade.
Passamos por pessoas de patins no caminho. A visão me
enche com uma sensação de felicidade, despreocupada. Em
nenhum outro lugar do mundo você pode patinar da praia
para o aeroporto, se quiser.

Eu prendo meu cabelo e dou um sorriso rápido para


Noah. O vento empurrou o cabelo longe de seu rosto, fazendo
com que suas maçãs do rosto parecessem esculpidas e
afiadas. Encaro ele. Noah se parece com uma estrela de
cinema, um deus, um anjo, ou algo incrivelmente lindo.

— O que?

— Nada, — digo, ainda sorrindo incontrolavelmente.


Nunca estive tão feliz na minha vida antes.

Ele sorri de volta.

Desvio o olhar e observo satisfeita o mar. Nunca fui para


a Riviera Francesa antes e esse dia de folga com Noah é pura
magia.

Na verdade, tem sido bem mágico desde que Papa


partiu.

Eu passei cada maravilhosa e luxuriosa noite com Noah.


Também comprei um celular pré-pago, e a sensação de tê-lo
no outro lado da linha, a qualquer hora do dia é
simplesmente emocionante. É como se fossemos
verdadeiramente namorados. No segundo dia, eu até levei
Sergei ao parque para encontrá-lo. Sim, Sergei adorou Noah.

— Conheça meu filho, Sergei.

Noah sorriu.

— Ele é tão lindo quanto a mãe.

— Cumprimente ele Sergei, — disse a meu garoto, e


sorri orgulhosamente quando ele levantou a pata para
cumprimentar Noah.

— Ele é bem treinado, Noah observou, impressionado.


Orgulhosamente, disse a ele que nunca treinei Sergei.
Na verdade, quando ele era um filhotinho, era o demônio
mais selvagem e danadinho que alguém já viu na vida. Ele
era terrível. Eu entrava em meu banheiro só para descobrir
que ele picou o papel higiênico em pedaços. O piso inteiro
coberto de papel e ele sentado lá, com uma expressão que
dizia “então, o que você vai fazer sobre isso? “Nada estava
seguro contra ele. Ele vinha até mim com algo que não
deveria ter em sua boca e me desafiava a persegui-lo por isso.

Todos me disseram que eu estava o estragando. Que não


deveria deixá-lo dormir comigo. Que deveria prendê-lo e
mandá-lo para o adestramento. Eu estava estragando ele,
mas me recusei, porque não queria que ele sentisse que era
meu pequeno escravo. Sentar, levantar, ou rolar quando
dissesse para ele. Para mim, Sergei era o meu bebê. Além
disso, cada vez que o repreendia, ele olhava para mim com
seus grandes olhos de cachorrinho e eu derretia.

Ele era o meu coração e eu o amava.

Quando Sergei quebrou os óculos de Baba, Papa ficou


furioso, mas minha preocupação era ele ter engolido um
pedaço de vidro. Sergei permaneceu um estorvo para os
empregados até cerca de um ano de idade. Em seguida,
lentamente começou a mudar. Ele cresceu. Se tornou tão
bom que eu nem precisava de coleira para levá-lo para
passear. Sergei sabia o que me fazia feliz, e então fazia
imediatamente. Estávamos tão ligados que palavras não eram
necessárias. Ele instintivamente sabia se um homem vinha
em minha direção com más intenções e rosnava até que o
estranho recuasse.

Noah riu.

— Um cão segundo o meu coração.

Depois disso, nós compramos cachorros-quentes. Sergei


ganhou um sem mostarda, o meu tinha apenas uma linha e
Noah muito bravamente comeu dois.

— É daí que vem a diversão, — disse ele devorando tudo


facilmente.

Durante as noites, fomos a restaurantes fora de Londres


e nos comportamos como se fossemos apenas mais um casal
comum saindo. Sem guarda-costas, motoristas, sem medo de
nada. Nós alimentamos um ao outro, rimos, e alugamos
quartos em hotéis afastados e pouco conhecidos. Passávamos
a noite fazendo sexo selvagem, em seguida, nos abraçávamos
e conversamos o resto da noite. Bem, eu falava a maior parte
do tempo. Noah não é muito falador.

E agora aqui estamos em Nice.

O sol preguiçoso de outubro é deliciosamente amarelo e


quente. A arquitetura e edifícios são tão mediterrâneos e
barrocos que se poderia ser perdoado por pensar que está na
Itália. Nice também é o local para onde algumas das melhores
famílias Russas vinham, por isso precisavam de uma igreja
digna de seu status. Portanto, Nice possui uma das mais
belas igrejas Ortodoxas Russas fora da Rússia. Baba me
pediu para fazer uma visita e acender uma vela para Papa.
— Podemos ir à igreja? Eu prometi a minha avó que
acenderia uma vela.

— Claro, —Noah concordou com facilidade.

— Mas, primeiro, café da manhã.

O café da manhã é socca em uma tenda no mercado


Cours Saleya na velha cidade colorida. Foi trazido em um
tubo quente na traseira de uma scooter por um homem.
Acontece que é um petisco tradicional dos camponeses e é
basicamente uma grande panqueca de grão de bico com
muita pimenta. É servido no papel, sem talheres, e é
surpreendentemente deliciosa servida com uma taça de Rosé
local.

Me sentindo agradavelmente embriagada após a uma


taça e meia de rosé tão cedo, eu me encostei contra Noah
enquanto passamos por uma miríade de sons e imagens.
Caminhamos nossos corpos juntos, por vezes tocando nos
veículos ruas. O sol bate na minha cabeça e provo o ar
salgado em meus lábios. Na janela do açougue vejo um
pequeno leitão morto todo amarrado com corda.

— Meu Deus. Veja! Por que alguém colocaria algo tão


horrível na janela? — Exclamo com surpresa.

— Isso é prochetta. Uma especialidade italiana. É


realmente um porco oco preenchido com pedaços de carne,
gordura, ervas e alho antes de ser assada em um espeto. Eles
cortam e servem em grandes fatias para comer no almoço.

— Ugh. Alimentos com rostos. Só não!


— É realmente muito delicioso, — ele me diz.

— Por que você comprou uma casa aqui? — Pergunto


curiosa.

Ele dá de ombros.

— O clima é agradável e eu gosto que há uma grande


comunidade russa aqui.

— Você fala francês?

— Não. Eu me viro com inglês e russo. Você fala?

— Estudei na escola, mas estou enferrujada.

— Bom, você pode falar por nós a partir de agora, — diz


ele.

— Diga, o que você gostava quando era criança? —


Pressiono. Ele fala muito pouco a respeito de si mesmo.
Quero saber tudo o que há para saber sobre ele.

Noah pensa sobre minha pergunta, como se ninguém


tivesse lhe questionado sobre isso antes.

— Sério. Gostava de agradar. Leal, muito leal. E você?

Aí está novamente. Voltando a conversa para mim. Olho


para ele por baixo dos cílios. Tudo bem, ele não pode se
esconder para sempre. Pouco a pouco eu vou ensiná-lo a
confiar em mim e revelar-se.

— Eu era uma terrível coisinha gorda. No verão eu


deitava no chão pelada e me recusava a colocar uma roupa, e
no inverno eu corria, procurando lugares para me esconder
para que pudesse saltar com um grito e assustar minha mãe
e Baba.

Ele ri.

Sorrio.

— Sim, eu fiz isso. Elas fingiam gritar e eu achava


engraçado e caía na gargalhada. Quer dizer, eu segurava
minha barriga e rolava no chão.

— Eu teria gostado de ter visto isso, — diz ele, sorrindo.

— Vou ter que te levar para se esconder nos meus


armários.

— Não vai funcionar. Eu perdi a capacidade de rir


assim. Agora acho que é quase impossível rir
descontroladamente.

Ele olha nos meus olhos.

— Eu nunca ri assim, mesmo quando era criança.

— Por quê?

— Provavelmente porque minha mãe estava sempre


triste. Ela nunca superou ser largada por meu pai.

— Você sente falta da Rússia? — Pergunto suavemente.

— Não.

— Não?

Ele balança a cabeça.

— Quando eu era mais novo eu costumava sonhar com


meus dias de infância. Eu conseguia lembrar até dos meus
primeiros passos segurando o dedo de minha mãe. As
memórias eram tão claras que eu podia sentir a respiração
em meu rosto, mas não há mais nada. A casa, as pessoas, as
memórias. Está tudo morto ...não penso mais sobre eles.
Vinte e
Dois
Tasha Evanoff

A igreja está localizada em uma área verde da cidade, e


não se pode vê-la até estar quase lá. Ela tem seis cúpulas e o
exterior é ricamente decorado em mosaico. Isso, adicionado
ao fato de que é quase escondida faz com que fique mais
exótica, isolada, quase um oásis em meio à cidade.

Há um guarda na porta, um homem todo de preto. Até


seus óculos eram pretos. Ele parece russo, mas,
estranhamente, não fala russo. Ele fala pela primeira vez em
francês, em seguida, em Inglês. O guarda, aparentemente,
está lá para fazer cumprir as regras. Basicamente, não tirar
fotos ou fazer vídeos. Sem falar em voz alta. Sem bermudas.
Nem ombros nus.

Eu trouxe um lenço comigo e cobri meu cabelo antes de


entrar na igreja. O interior é ainda mais imponente e fabuloso
do que o exterior. Não há bancos, pois é muito mais uma
igreja para a comunidade russa que vive em Nice. Na Igreja
Ortodoxa a congregação fica de pé.
Ela é cheia de ícones e pinturas incrivelmente bonitas e
intrincadas. Centenas de velas queimam, aumentando a
atmosfera de um outro mundo silencioso. Artefatos religiosos
incluindo uma cruz de prata, e objetos delicados feitos de
prata e cravejado de pedras semipreciosas.

— Tenho que acender uma vela para o Papa, —


sussurro no ar solene.

Noah olha para mim estranhamente.

— Minha avó me pediu, — explicou com um encolher de


ombros.

Ele espera por mim enquanto vou até a imagem de um


santo. Curvando a cabeça em respeito, faço uma oração para
Papa.

— Por favor, faça Papa se arrepender. Entre em seu


coração. Olho profundamente nos olhos da imagem porque
Baba diz que se fizer isso enquanto reza, poderá encontrar
sua própria alma. Claro, nunca orei por tempo suficiente
para que isso acontecesse, e isso não acontece agora
também.

Puxando um lenço de papel da bolsa, limpei meu batom


antes de beijar a mão da imagem como um sinal de amor e fé.
Nunca se beija a face de uma imagem, pois Judas traiu
Cristo com um beijo na bochecha. Acendo minha vela e a
firmo antes de me afastar, fazendo o sinal da cruz antes de
me juntar a Noah.

— Você ama seu pai, — diz ele, quase para si mesmo,


enquanto saímos para o sol novamente.
Eu paro e olho para ele. Noah parece surpreso por isso e
posso entender por que ficaria. Ele precisa saber como me
sinto.

— Sei que papai fez algumas coisas muito ruins para a


minha mãe. Quando eu era pequena, o vi empurrar minha
mãe para a porta da frente e a chutar tão violentamente que
ela voou para fora e caiu estatelada nos degraus da frente.
Em um instante, todos os anos com ela se transformaram
naquilo. Eu não faria isso com um vira-lata. Ele a tratava
como se fosse nada. Quando ela ainda estava sangrando,
chorando e gritando que ele estava errado, que ela não foi
infiel, meu pai fechou a porta e me proibiu de vê-la de novo.

Noah me encara, chocado.

— Mas minha mãe não foi desleal a ele. Você tem que
ser um tolo muito corajoso para trair meu pai.

Noah arregalou os olhos.

— E essa foi a última vez que você viu sua mãe?

Balancei minha cabeça.

— Não. Minha avó me ajudou a vê-la regularmente,


quando meu pai não estava. Eu ainda faço isso.
Secretamente.

— Bom, — ele murmurou baixinho.

— Quando eu era jovem, costumava sonhar com um pai


que me amava, me levava para tomar sorvete, ou assistir um
filme comigo, mas meu pai não é assim, e aprendi a conviver
com isso. — Sorrio.
— É melhor ter um pai do que não ter nenhum. Ele é o
único pai que eu tenho, talvez eu o ame. À sua maneira fria,
Papa me ama também.

Noah inclina a cabeça e olha para mim como se fosse


uma criatura que ele não entende.

— Não te incomoda, no entanto, ele te forçar a se casar


com um homem que você não ama?

— Ele não está me forçando a casar com Oliver. Ele...


sugeriu e eu concordei.

— Sério? Você tinha uma escolha?

Mordo meu lábio inferior.

— Quando concordei em casar com Oliver, eu não tinha


ninguém e não pareceu uma coisa ruim. Ele era de uma
família boa e fácil de se olhar. Encontrei com ele algumas
vezes e foi sempre cordial e solícito. No entanto, recentemente
descobri algo sobre Oliver. Ele não é o que parece ser. Acho
que ele pode estar envolvido em coisas pervertidas. Sei que
papai tem ambições, mas ele quer que eu seja feliz também, e
nunca poderia ser feliz com um homem assim. Quando Papa
voltar vou dizer que, nestas circunstâncias, não posso me
casar com Oliver.

Para minha surpresa, Noah não faz qualquer


comentário. Em vez disso, encobre seus olhos para que eu
não seja capaz de dizer o que ele está pensando.
— Eu pensei que nós poderíamos tentar fazer parapente
antes do almoço, — diz ele, mudando completamente de
assunto.

— Parapente? Eu topo! — Digo imediatamente.

Nós vamos para o centro de esportes aquáticos na


Promenade des Anglais e vejo os paraquedas amarelos, com
os rostos sorridentes flutuando no céu azul quente sobre o
mar. Noah já reservou um slot para nós e ele entrega os
nossos vouchers.

Um instrutor bronzeado e com um forte sotaque francês


nos dá uma noção de segurança e uma lição básica de
parapente. Então entro em um arnês de segurança,
juntamente com Noah. Nós caminhamos para a água quente.
Nosso instrutor conecta nosso arnês ao parasail gigante e
uma corda de puxar anexada a um barco de alta velocidade.
O barco puxa para a frente, nossa vela enche de ar, e sobe
para o céu.

— Meu Deus. Estamos no ar. Estamos voando, grito


quando subimos mais de uma centena de metros para o céu.

O vento corre pelo o meu rosto e é a sensação mais


emocionante estar no ar. Tonta de emoção, eu grito como
uma criança quando subimos ainda mais.

— Whoopeee ... olha como estamos longe do chão, —


grito, apontando para as nossas pequenas sombras na
superfície do mar.

Noah apenas ri do meu entusiasmo.


À medida que deslizamos sem esforço sobre a Baia des
Anges, podemos desfrutar de vistas aéreas deslumbrantes da
costa arenosa da Riviera Francesa, as águas azul turquesa do
Mediterrâneo, as colinas de Provence, e ruas históricas de
Nice. O barco vai fazendo a volta e vamos pousando enquanto
lentamente vai parando.

— Oh meu Deus, vamos espatifar na água! — Grito


novamente. Splash. Oops. Ha, ha.

— Você tem cheiro de mar, — Noah diz com uma risada,


quando me pega e segura perto dele.

Excitada com a experiência inesquecível, jogo meus


braços em volta de seu pescoço.

— Isso foi maravilhoso, Noah. Eu amei. Podemos ir de


novo?

— Se você gostou deste, tem que voar de parapente


comigo. É ainda melhor. Você não está rebocado por um
barco, mas impulsionado pela força do vento, e você corre
através do céu.

— Esse é o seu passatempo então?

Começamos a voltar à costa.

— Eu não sei se é um hobby, mas eu gosto.

— Você faz parapente na Inglaterra? — Pergunto.

— Normalmente no Nepal, no deserto, ou onde existem


montanhas.

Estamos de pé na água, as ondas quebrando aos nossos


pés.
— Talvez você me leve com você um dia. — Eu me ouvi
dizer.
Vinte e
Três
Tasha Evanoff
The Last Unicorn (original soundtrack) 1982

Nós almoçamos na praia. Salada Nicoise, massa fresca


com pesto, frutas e vegetais recheados com carne. Estávamos
ambos famintos após o parapente e rapidamente raspamos os
pratos.

— O que faremos depois? — Pergunto, baixando meu


garfo e faca.

— Você escolhe. Museu Henri Matisse ou Marc Chagall,


diz ele, limpando a boca.

— Marc Chagall. — escolho imediatamente, sorrindo


para Noah.

— Ele é realmente o meu artista favorito.

— Que patriótico da sua parte.

Balanço a cabeça seriamente.


— O fato dele ser russo não tem nada a ver com isso.
Ele era um gênio. Eu concordo totalmente com Picasso, que
disse: — O homem deve ter um anjo em sua cabeça.

Ele sorri para o meu entusiasmo.

— Você não gosta dele? — Questiono com curiosidade.

Ele deu de ombros.

— Eu realmente nunca aprendi a apreciar arte, ou tive a


chance de conhecer mais sobre isso. Minha vida me levou por
um caminho diferente. As tatuagens são a coisa mais
próxima de arte para mim.

— Você me apresentou o parapente. Vou apresentá-lo a


Chagall, — digo entusiasmada.

— Olhar para suas pinturas é como contemplar um


mundo mágico. Ele faz você querer acreditar em unicórnios.

— Bem, então vamos para o mundo de Chagall. — Um


sorriso masculino que costumo associar a cowboys
bronzeados desponta em seus lábios.

Inclino em sua direção, apoiando o queixo na mão.

— Noah?

— Sim.

— Obrigada por me trazer nesta viagem. Eu realmente


gostei. Não posso pensar em um dia que estive mais feliz na
minha vida.
Algo pisca em seus olhos, mas em seguida some. É tão
rápido que não posso dizer se ele está envergonhado, feliz, ou
alguma outra coisa completamente diferente.

O museu ficava numa colina em uma área muito calma


em comparação com a agitação da cidade de onde viemos.
Nós pagamos nossos dez euros e entramos. As paredes em
forma de hexágono são totalmente brancas, fazendo as
grandes pinturas se destacarem.

Sentamos nos bancos de madeira para olhar as obras de


Chagall, tudo ao mesmo tempo generoso, ingênuo, astuto,
secreto, triste, vulnerável e cheio de amor e alegria, conto a
Noah pequenos fatos interessantes que aprendi ao longo dos
anos.

— Você sabia que ele era tão pobre que ele costumava
comer a cabeça de um peixe em um dia e salvar a cauda para
o outro? Então, quando ele conheceu a mulher com quem ele
se casaria, ela bateu na sua janela para levar bolos e leite.
Mais tarde, ele disse a ela, —eu só tive que abrir a janela do
meu quarto e ar azul, amor e flores entraram com ela. —
Faço uma pausa para olhar para Noah.

— Isso não é a coisa mais romântica de que você já


ouviu falar?
— Não, — diz ele.

— A coisa mais romântica de que já ouvi foi quando


uma bela loira veio ao meu escritório para uma noite de
luxúria vestindo um cardigã rosa.

Eu ri baixinho.

— Era isso ou o vestido transparente e o decote tomara-


que-caia.

— Estou contente que o cardigã rosa ganhou.

— Por quê? Você não teria preferido me ver de vestido


transparente?

— Não. Eu não mudaria absolutamente nada daquela


noite.

Quando ficamos na frente de uma fotografia de Chagall


com seu travesso rosto de fauno e estranhos olhos em forma
de amêndoas, viro para Noah e pergunto:

— Você sabia que ele preparava seus lápis de carvão,


mantendo em sua mão como um pequeno buquê?

Noah me encara como se estivesse vendo algo que


sempre quis, mas nunca pensou que poderia ter.

— Segurava para que ele pudesse sentar na frente de


uma tela em branco e esperar por uma ideia. Quando
chegava, ele levantava o carvão e rapidamente começava a
traçar linhas retas, ovais, losangos. Dessas formas, como por
magia, um palhaço aparecia, em seguida, um unicórnio, um
violinista, um peregrino, um anjo. Uma vez o esboço feito ele
iria voltar e sentar novamente, esgotado como um pugilista
após um round. Imagine como sua mente deve ter sido. A
imagem inteira estava clara para ele em um lampejo de
inspiração.

— É um talento incrível para se ter, — Noah diz


lentamente.

— Sim, deve ser maravilhoso ter uma habilidade única.


Certa vez, ele confessou que tudo o que queria fazer era ficar
selvagem e indomável... e gritar, chorar, rezar.
Vinte e
Quatro
Tasha Evanoff

Nossa próxima parada é no topo de Nice, onde é a casa


de Noah. Está situada no alto da colina. Ele abre a alta porta
e entramos em uma sala elegante com estilo Art Deco e com
muita luz natural. Passamos pela sala de estar com o seu
lustre impressionante feito de conchas de Capiz. Quando ele
abre as portas de correr, os discos de madrepérolas cintilam
no vento forte que sopra.

Eu me aproximo das portas e vejo que a casa é


construída em um terreno pedregoso. Ele tem uma vista de
cento e oitenta graus de frente para o mar e dispõe de vários
terraços e varandas.

— Uau, isso é incrível, — digo.

— Eu sei, — ele diz suavemente.

— Foi a razão pela qual eu comprei esta casa.

Passo para o terraço e vejo os degraus cortados em


rochas brancas irregulares. Um conjunto desvia em direção a
plataforma de pedra branca, onde se pode ficar e olhar para a
vista deslumbrante sobre o mar, e outro caminho leva até
uma pequena praia particular.

Noah pega a minha mão e me leva da sombra do terraço


para os degraus. O sol está batendo neles fazendo brilhar
com calor e luz.

Cubro meus olhos com minha mão.

— Não posso ficar muito tempo no sol. Não quero me


bronzear. Vai ser uma indicação de que estive fora do país.

— Não se preocupe. Não vou mantê-la aqui por muito


tempo, — diz ele, tirando a roupa. Nu e olhando em meus
olhos, Noah abre o meu vestido e o deixa cair no chão. Estou
usando meu biquíni verde e azul por baixo. Ele me puxa para
as telhas ardentes do terraço.

— Vamos fazer sexo na praia? — Pergunto com um


sorriso.

— Não na praia. Pense na areia em todos os lugares


errados.

— Ouch.

— Eu quero levá-la à beira da água.

Olho em volta. Nós não estamos realmente sozinhos. Ao


longe há silhuetas.

— As pessoas podem nos ver, — protesto.

— Eu não me importo, — diz Noah, me levando para a


água.
— Quero você agora. — Noah me empurra para que eu
me desequilibre e nós caímos sobre a areia úmida. É uma
sensação agradável e fresca contra minha pele nua. Seu
estômago e pernas são quentes e suaves na minha barriga e
coxas. A areia faz com que eu me contorça debaixo dele. Noah
prende meus pulsos acima da minha cabeça.

— Presa, — ele rosna.

— E amando isso, — sussurro.

Noah solta a parte superior do biquíni e arremessa


longe. O sol bate em meus seios expostos. A sensação é
deliciosa. Meus mamilos endurecem com seu olhar. Uma
onda vem alto o suficiente para fazer cócegas em meus dedos
dos pés.

— Certamente deve haver alguma lei que torna esta


exposição indecente ou ilegal, — suspiro.

— Estamos na Europa. Em uma praia particular.


Ninguém dá a mínima, — Noah murmura, os olhos quentes e
escuros com a luxúria. Ele beija meus seios e fecho os olhos e
desfruto da sensação de prazer. Noah suga meus mamilos até
que eles endurecerem quase dolorosamente.

Outra onda com bolhas nos atinge, quase não sinto.


Toda minha atenção está voltada para ele empurrando a
parte inferior do biquíni. Então, de repente, Noah está dentro
de mim, grande, duro e forte. Ele engole o pequeno grito de
surpresa que sai da minha boca em um beijo feroz, e só o
interrompe para olhar profundamente em meus olhos. Seus
olhos negros são poços de inconstantes emoções enquanto se
move firmemente dentro de mim.

As ondas batem entre e em torno de nossos corpos,


chegando até a minha cintura. Ele sai de dentro de mim.

— Vire e me mostre sua boceta, — Noah ordena.

— O que, aqui?

— Uh-huh.

Viro a cabeça. As pessoas ainda estão na praia, mas


estão muito longe para ver o meu rosto e provavelmente não
podem ver o que estamos fazendo, e se puderem, e daí, nunca
mais vou vê-los em minha vida.

Me apoio em meus cotovelos e joelhos, meus seios


balançando e arrastando na areia molhada. Noah puxa a
parte inferior do biquíni pelas minhas coxas para expor meu
sexo. Apoiando as mãos nos meus quadris, ele empurra seu
pau para dentro de mim. Sinto espasmos pelo corpo inteiro,
meus dedos do pé enrolam na areia, arqueio minhas costas, e
um grito suave sai da minha boca. Uma onda quebra e corre
debaixo do meu corpo, lavando meus mamilos com água
morna e sedosa. Areia desliza sob o meu corpo e as ondas
cobrem minhas panturrilhas enquanto Noah entra em mim
de novo e de novo.

Olho para cima e vejo o céu azul brilhante. E se uma


das figuras descesse para a praia? É uma possibilidade
assustadora. Uma enorme onda atinge meu corpo, barriga e
seios. Eu olho para baixo entre os joelhos e nas resistentes
pernas masculinas de Noah enquanto ele bombeia
continuamente em mim.

Noah alcança e circula meu clitóris. Minha respiração


fica irregular. Logo meu clímax chegará. Ele estoca duro e
rápido, me empurrando mais fundo na areia. Levanto a
cabeça para o céu e espero o clímax. Ele chega quando uma
grande onda bate em mim, encharcando meu corpo,
absorvendo meu sexo, submergindo as minhas mãos. Sinto a
sucção da água quando a onda retorna para o oceano. Eu
sentiria meu corpo flutuar como um pedaço de madeira, se
não fosse pelo aperto firme de Noah. Fico tensa, todo meu
corpo enrijecido. Tremo. Com um rugido, ele se retira, e eu
sinto sua porra quente escorrer em minhas costas quando ele
goza.

Noah arruma a parte inferior do biquíni e limpa minhas


costas com água do mar. Então, nós subimos além da costa e
das ruínas na areia seca, quente. Assistimos ao pôr do sol
com o céu cheio de diferentes tons de vermelho e rosa, e
quando me viro para olhar para Noah, seu rosto é iluminado
com as mesmas cores. Meu coração treme com amor. Toco
seu rosto com os dedos e ele sorri.

— Você está linda nesta luz, — ele ronrona.

— Engraçado, eu estava pensando a mesma coisa, —


digo, e os seus lábios se juntam aos meus. Me ouço gemer.
Para o jantar, Noah me leva para o La Merenda. É um
lugar pequeno, lotado e peculiar, onde todo mundo se senta
em bancos com os seus ombros e cotovelos praticamente
colados. O vinho é tinto ou branco e em copos de suco. Não
se pode nem mencionar a palavra Coca-Cola! Eles não
aceitam cartões de crédito e você não pode ligar para reservar
uma mesa. Noah enviou alguém para ir lá fisicamente um dia
antes para reservar uma mesa.

Você se senta na mesa e assiste Dominic La Stanc, um


renomado chef, que costumava trabalhar para o restaurante
mais caro em Nice, executar um balé suave com o seu sous
chef e um garçom que tem a tarefa de servir todas as vinte e
quatro mesas no restaurante. Eles têm um pequeno e
tradicional menu escrito a giz em um quadro negro, mas
quando a comida chega fica claro por que as pessoas estão
dispostas a se colocar em situação inconveniente e
desconfortável.

Eu pedi fleur de courgette (flor de abobrinha) batido e


frito, uma espécie de flor frita. É um sonho de um prato. Para
segundo prato, pedi carne com laranja e estava
absolutamente maravilhoso. Depois de uma torta de limão
cozida à perfeição, é hora de voltar para Londres.

Devo admitir que deixei uma parte do meu coração na


França.
Vinte e
Cinco
Tasha Evanoff

Um dia antes de Papa voltar para casa, marquei um


encontro com Mama. Nos encontramos no lugar de sempre, o
banheiro feminino da Harrods. Há muito tempo,
concordamos que era perfeito para nós. É muito limpo e
bonito. É mais como o closet chique de uma rica mulher
russa ou árabe. Os funcionários nunca nos incomodam, nos
deixando sozinhas para conversar calmamente. Quando
termina nosso tempo, geralmente trinta ou quarenta minutos
depois, eu deslizo uma nota de cinquenta libras em sua caixa
de gorjeta. Não sei o que Vadim deve pensar sobre o meu
tempo no banheiro, mas até agora ele fingiu que é normal
desaparecer por quase uma hora.

Para evitar que Vadim veja minha mãe, ela fica


esperando no banheiro. Eu a abraço e beijo e nos sentamos.

— Você está maravilhosa. Você pegou sol? — Ela


pergunta.

— Eu fui para Nice, — conto a ela.


Minha mãe balança a cabeça.

— Você não me disse que estava tirando férias.

— Foi uma visita surpresa, — digo a ela, com um largo


sorriso. Seu rosto muda.

— O que está acontecendo, Tasha?

Conto sobre Noah. O tempo todo ela franze a testa e


parece cada vez mais perturbada.

— Em que pé isso está, Tasha? — Ela pergunta quando


termino o relato.

— Eu o amo, e quando Papa voltar vou dizer que não


vou mais me casar com Oliver.

Todo o seu rosto se contorce de medo.

— O que?

— Eu pretendo dizer ao Papa que não quero me casar


com Oliver. Descobri que Oliver não é o que diz ser.

— Oh querida. Isso não vai funcionar com o seu pai.

— Por que não?

Ela balança a cabeça, a testa franzida de ansiedade.

— Você não o conhece como eu. Ele não vai concordar.


Seu orgulho está em jogo.

— Ele vai, Mama. Sei que ele quer que eu seja feliz. Papa
pensou que eu poderia ser feliz com Oliver, mas uma vez que
disser que nunca serei feliz, ele não vai me forçar. Papa
nunca me machucou antes.

Ela olha para mim com pena.


— Oh querida. Você nunca pode saber quando se trata
de seu pai. Até agora nunca o desobedeceu para que não
tenha visto nada, mas ele é um homem que tem tudo
acontecendo exatamente do jeito que quer. Você já se
perguntou por que ele permitiu que você assistisse eu ser
jogada para fora? Por que uma criança deveria testemunhar
uma cena tão cruel e feia?

Sim, isso me incomodou por muitos anos. Eu nunca


entendi por que ele me deixou ver isso. Para punir a minha
mãe? Para mostrar que ele era o chefe?

— Por quê? — Sussurro.

— Era um aviso. Desobedeça e é disso que sou capaz.

Sinto suas palavras como um frio na minha pele, mas


eu me permito absorver essa ideia. É muito assustador. Não
quero ser dissuadida de meu propósito.

— Vai ficar tudo bem, mamãe, você vai ver. Vou


convencer Papa.

Mama inclina a cabeça por alguns segundos. Quando


ela levanta a cabeça, seus olhos estão preocupados.

— Faça o que fizer, não diga a ele sobre Noah.

— Eu não estava planejando fazer isso, — digo


rapidamente.

— Bom. Basta dizer que você não ama Oliver e não quer
se casar com ele porque é um pervertido que vai fazer você
infeliz. Não dê um foco para a sua ira, e não seja descuidada.
Depois de dizer ao seu pai, descarte qualquer método que
esteja usando para encontrar Noah, espere a barra ficar
limpa antes de tentar encontrá-lo novamente. Seu pai vai
suspeitar imediatamente que é um outro homem que fez você
mudar de ideia e vai estar te observando de perto.

Ela parece triste.

— Na verdade, — acrescenta. — Acredito que já pode ser


tarde demais. Você provavelmente deve ter feito algo para
alertá-lo. Olhe para o seu rosto. Você está brilhando. Eu
soube no momento que a vi que você estava diferente.

Inclino para frente, meu coração batendo rápido.

— Você realmente acha que ele sabe?

— Se eu o conheço tão bem quanto acho, então, sim. Ele


pode ler as pessoas como um livro. Está esperando você fazer
seu próximo movimento para que ele possa fazer o dele. Ele já
sabe o que vai fazer.

Sinto um arrepio de medo passar por mim.

— Ele me ama, — insisto teimosamente, porque é muito


doloroso acreditar que meu pai poderia ser um inimigo.

— Querida, amada Tasha. Não há outra maneira de


dizer isto. Seu pai é um psicopata. Pedir que ele te ame é
como pedir a um prato ou uma mesa para te amar. Na
verdade, seria injusto, pedir isso, porque ele não consegue. É
incapaz de amar. Não há ninguém que ele ame
verdadeiramente além de si mesmo. Você e sua Baba estão
em torno só porque lhe convém. Se não fosse assim, ele não
teria nenhuma hesitação para se livrar de qualquer uma de
vocês.

Eu suspiro.

— Se você olhar profundamente em seus olhos, você não


vai ver nada. Não há nada em seu coração. Há apenas uma
crua, consumidora, agressiva, obsessão por mais e mais e
mais ganho material e glorificação.

Naquela tarde, fui ver Baba. Ela estava sentada no


jardim com seu casaco e chapéu, e seus olhos estavam
fechados enquanto absorvia os últimos raios de sol. Ela abre
um olho quando minha sombra cai sobre ela, antes de fechá-
lo de volta.

— Sente— Sergei, digo enquanto afundo na cadeira ao


lado dela. Sergei se deita ao meu lado.

— Baba, — chamo gentilmente, coçando atrás da orelha


de Sergei, e mantenho minha voz neutra e casual.

— Você acha que papa me ama?

Ela faz uma coisa estranha. Ela não olha imediatamente


para mim e diz claro que sim. Baba toma uma respiração
profunda e não me olha.

— Por que você pergunta?


— Eu não sei. Só queria saber.

— A resposta honesta é eu não sei. Vamos torcer para


que nunca tenhamos que testar seu amor por você.

Mastigo meu lábio inferior.

— Você acha que essa grande aliança que ele tem


planejado com Oliver é mais importante para ele do que
minha felicidade?

Ela suspira suavemente.

— Eu sempre te disse a verdade, não importa o quanto


dói. Não vou mentir para você. Sua felicidade não é mais
importante do que esta aliança que ele tem planejado.

— Sei, — observo em silencio.

— O que ele vai fazer se eu me recusar a casar com


Oliver?

Ela se vira para mim, então, com os olhos urgentes.

— Você realmente quer seu homem?

— Sim, — afirmo imediatamente.

— Se você realmente valoriza o seu sonho, então não vai


dizer nada. Você não vai dar a seu pai nenhum aviso,
nenhuma oportunidade de atacar primeiro. Vai simplesmente
fugir com o seu homem. Não leve nada que possa ser
rastreado. Deixe cada pessoa que conhece para trás, e
comece de novo na América do Sul ou Ásia. Você está
preparada para fazer isso?

— Eu não posso deixar você e Mama.


— Então não vai ter o seu sonho, — diz ela com tal
finalidade, que gelo por dentro.

Inclino para a frente, sem descanso.

— Mas mesmo se eu pudesse deixar você e Mama, Noah


não vai consentir em correr e se esconder como se tivéssemos
feito algo errado. Nós estaríamos olhando por cima dos
ombros para o resto de nossas vidas. Noah não tem medo de
Papa. Ele diz que está pronto para lidar com Papa.

Nos últimos raios do sol, Baba de repente parece mais


velha.

— Se o que você diz é verdade, deve se preparar para


um derramamento de sangue. Dele ou de seu pai.
Vinte e
Seis
Tasha Evanoff
Moby - Why Does My Heart Feel So Bad?

Papa voltou para casa. É incrível a rapidez com que o


tempo passou. Quando beijei seu rosto e dei boas vindas,
senti um tremor de medo dentro de mim.

Mesmo agora, quando estou fora de sua vista, não estou


pronta para enfrentá-lo, mas nunca vou estar. Infantilmente,
gostaria de poder voltar no tempo, mesmo um dia, mas não
posso retirar o que deve ser dito. Minhas mãos tremem
quando respiro fundo para tomar coragem, antes de bater
suavemente na porta.

— Quem é? — Ele pergunta.

— Tasha.

— Entre.

Deixo minha mão descer até a maçaneta da porta e


entro no escritório. Meu pai está em sua mesa, com a cabeça
inclinada sobre alguns papéis. Está com seus óculos de
leitura. Ele não fala, apenas me dá um aceno com uma mão
aberta. Caminho em direção a mesa, o medo correndo através
do meu corpo, e paro na frente dele.

Seus olhos escuros e mortos espreitam por cima do aro


dos óculos.

— Sente.

— Prefiro ficar de pé, papa. — Minha voz treme. Meu pai


é um homem muito intimidante e será mais fácil manter
meus nervos se eu estiver em pé. Papa afunda-se em sua
cadeira de couro, tira os óculos, e coloca-os sobre a mesa.

— O que você quer, Tasha? — Sua voz é totalmente


inexpressiva e seu rosto duro. Imediatamente sinto um mal-
estar. Mama estava certa. Ele está pronto para mim. Ele tem
esperado por mim e sabe exatamente o que vou dizer.

Me sinto congelada pelo medo agora, mas não posso


voltar atrás. Cuspo as palavras que tenho ensaiado tantas
vezes. Na cama, em frente ao espelho, na frente de Baba.

— Papa, me desculpe, mas não posso me casar com


Oliver. Eu não o amo e nunca vou amar. Sei que é isso que
você queria, mas esta é a minha vida e eu mereço escolher
com quem vou casar.

Papa sorri. É um sorriso malicioso e de repente sei que


eu deveria ter escutado Baba. Deveria ter persuadido Noah a
fugir comigo. Ele teria feito isso por mim, sei que ele teria.
Em vez disso, fiz exatamente o que Papa queria, joguei direto
em suas mãos. Como brilhantemente ele jogou seu jogo, e
quão tola eu fui. Agora, ele pode executar a sua próxima
jogada.
— Isso não é algo que cabe a você, Tasha Evanoff. — Diz
ele gentilmente.

Lágrimas começam a correr pelo meu rosto.

— Papai, por favor, não me peça para fazer isso. Ele não
é o homem que você pensa que é. Ele tem necessidades
estranhas. Ele quer fazer coisas cruéis comigo.

— Eu sei sobre suas necessidades. Sua voz é fria e dura.

— Mas ele não vai incomodá-la com elas. Vou fazê-lo


entender em sua noite de núpcias que há prostitutas para
essas coisas. A minha filha deve ser tratada como uma
princesa ou ela será uma viúva cedo.

Encaro de boca aberta.

— É isso que você realmente quer para mim, papai?

Os cantos de sua boca viraram para baixo.

— É tão ruim o que eu quero para você? Que seja


respeitada pela sociedade? — Ele balança a cabeça como se
não pudesse me entender.

— Quando você se casar com Oliver vai se tornar Lady


Tasha. Você vai se mudar para uma esplêndida mansão e ser
a senhora dela. Seus filhos vão ser Lords e Ladies. Que
importa se o seu marido visita uma prostituta ou duas para
satisfazer seus desejos?

— Oh, papai, por favor. Por favor. Eu não quero ser Lady
Tasha e não me importo se meus filhos não serão Lords e
Ladies. Quero que eles sejam felizes. Quero que eles tenham
um pai e uma mãe que se amam e ama a eles também. Só
quero uma pequena vida com um marido que eu amo e com
crianças que são felizes e saudáveis.

— E estou dizendo que você vai se casar com Oliver


Jarsdale. Você entendeu? — Ele grita de repente, batendo os
punhos sobre a mesa.

Meu coração salta em estado de choque com a reação


dele.

Engulo de volta o terror.

— Bem, eu sinto muito, papai. Não quero desrespeitar


você. Eu te amo, mas não pode ir contra a minha vontade.
Não sou mais uma criança. Não quero me casar com um
homem com tal gosto. Me enoja estar com ele.

Papa olha para mim e me estuda como se eu fosse uma


espécie diferente e ele tivesse que decidir que técnica
funcionaria melhor comigo. Papa se levanta e se dirige para o
lado da mesa. Resisto ao impulso de estremecer quando ele
para ao meu lado. Seu corpo irradia uma forte aura de algo
que acho absolutamente repulsivo.

— Você sabia que eu fui o primeiro a chamá-la pelo


apelido Solnyshko? — Ele pergunta baixinho.

Balanço minha cabeça, confusa com a súbita mudança


de comportamento.

Ele sorri.

— Então, ninguém contou a você a história. Bem, a


chamei assim, porque quando você nasceu e vi sua cabeça
(você nasceu com a cabeça cheia de cabelos dourados),
aparecer fora da boceta da vagabunda, juro, parecia o sol
saindo das profundezas da noite. Então a chamei de raio de
sol. Meu pequeno raio de sol. Até hoje, você tem sido o meu
perfeito pequeno raio de sol. E você pode estragar tudo de
uma só vez.

— Eu só...

Suas mãos poderosas chegam de repente e pegam meus


ombros. Sou incapaz de abafar o grito de choque e medo. Em
um instante, ele me puxa para a frente até o meu rosto estar
a apenas polegadas do seu. Sinto o cheiro do café que ele
bebeu no avião, e o charuto que fumou no caminho de casa.

— Pense nas pessoas que você se importa, raio de sol.


Todos eles dependem de você para sobreviver. Este ato
altruísta pode significar muito para o seu futuro ... sua
existência. — Papa faz uma pausa e avalia a reação que sou
incapaz de esconder. Ele me lembra uma cobra, estendendo a
sua língua para detectar a vulnerabilidade da sua presa.

Entendo que ele deixou a palavras mais importantes não


ditas.

— Papa, eu não posso...

— Se me desafiar, Tasha, você não me deixa escolha.


Aqueles que você ama, a maioria, vai sofrer as consequências.

Suspiro diante da ameaça revelada.

— O que você está dizendo?

— Quem você mais ama neste mundo, Solnyshko?


O apelido carinhoso nos seus lábios de repente soa
grotesco. Baba, Mama.... Certamente, ele não poderia estar se
referindo a elas. Balanço a cabeça em descrença.

— Vou destruí-los um por um.

Suas palavras são como um punhal no meu coração.


Engasgo com a volta do crescente sentimento de desamparo.
Tenho que me libertar de suas garras. Ele pode estar
blefando. Ele deve estar.

— Eu sou sua filha. Como você pode me ameaçar assim,


papa?

— Eu faço o que é necessário para conseguir o que


quero.

— Apenas um monstro pode ser tão cruel. — Choro


copiosamente.

— O que você sabe, menina boba? Você não é nada além


de uma criança mimada.

— Eu não sou uma criança mimada.

Seus olhos piscam com aborrecimento.

— Não? Você concordou com esta aliança. E agora,


depois de ter virado a vida de todos de cabeça para baixo,
mudou sua opinião. Você é uma Evanoff e mantemos a nossa
palavra. Nada irá parar esta aliança. Deve saber o que quero
dizer quando digo que ninguém que você ama está seguro.
Ninguém. A menos que satisfaça o meu desejo.
Abro minha boca e meu pai levanta a mão e acena para
que eu vá embora como se já tivesse tomado muito do seu
tempo.

— A propósito, não pense que eu não sei sobre suas


visitas àquela vagabunda. Diga a sua avó que se ela atirar a
escada de corda para você ir visitá-la novamente, vou manda-
la de volta para a Rússia com apenas a roupa do corpo.

Meu queixo cai com o choque. Será que Papa realmente


faria isso com sua própria mãe? Impossível. No entanto, me
sinto gelada até os ossos. Minha mãe estava certa. Como eu
poderia ter sido tão alheia ao fato de que o homem que me dá
tudo e que me protege dia e noite é completamente insensível.

Não há nenhum motivo para tentar falar com ele. Papa


não ama ninguém. Ele não pode. É incapaz de amar. É como
a colher ou a mesa.

Como eles, Papa não sente nada.


Vinte e
Sete

Tasha Evanoff

Lana Del Rey - Summertime Sadness

Me visto de vermelho. Minha mãe diz que loiras devem


sempre se vestir de vermelho quando querem ser sexy. Eu
fico na frente para o espelho, mas não pareço sexy. Pareço
pálida e desbotada. Blush. Mais blush. Isso é o que preciso.
Pego o pincel de blush e aplico sobre a maçã do rosto.

E seus olhos? O que pode ser feito com a tristeza neles?


Viro as costas ao espelho.

Me curvo e beijo Sergei.

— Esta é a última vez, então sem sentimento de culpa,


entendeu? —Digo a ele.

Ele choraminga e eu o puxo em meus braços para um


abraço. Sergei se mantém quieto e quando me afasto ele
chora.

— Seja um bom menino e espere por mim, ok?

Fico de pé e ele também. Para minha surpresa, ele late


para mim.

— Shhh... não late. Todo mundo está dormindo, —digo,


rapidamente ajoelhando no chão e abraçando-o com força
mais uma vez. Eu entendo por que ele está assim. Está
sentindo minha angústia.

— Está tudo bem, — eu cochicho.

— Estou bem. Ficarei bem. Este sentimento vai passar.


Tudo pode ser esquecido. Estarei de volta na parte da manhã
e vamos caminhar no parque. Seja um bom menino para a
mama, está bem?

Dou um agrado, mas ele se recusa a comer.

— Vou deixá-lo aqui, e você come mais tarde, quando


quiser, ok?

Eu o beijo novamente e caminho até a porta, mas ele me


segue, geme e chora como se estivesse ferido fisicamente
quando fecho a porta. Paro por um momento para ouvi-lo
arranhando a madeira e me sinto horrível, sabendo que não
há nada que eu possa fazer sobre isso. Tiro meus sapatos e
desço as escadas.

A casa está tão quieta que posso ouvir meu coração


batendo em meu peito. Nunca arrisquei nada, exceto
desagradar meu pai antes. Se descobrirem, o que estou
fazendo agora é perigoso para todas as pessoas que mais
amo. Sempre achei que meu pai me amava à sua própria
maneira, mas agora eu sei. Sou apenas um peão em seu jogo.
Não tenho nenhum valor para ele além de abrir uma porta
para os escalões mais estimados da sociedade.

Felizmente, o nervosismo e a sensação de que tudo vai


dar errado não se concretiza. Eu escalo o muro facilmente em
meu vestido vermelho, o táxi está esperando no fim da rua, e
antes que eu note, estou do lado de fora da casa de Noah.
Bato e ele abre.

Mesmo que eu esteja sorrindo para ele, Noah olha para


minha cara e pergunta:

— Qual é o problema?

— Agora que estou aqui, nada. Absolutamente nada,


minto.

Ele me puxa enquanto seus olhos percorrem meu corpo.

— Você está fabulosa, — murmura, roçando meu


pescoço. Há música ao fundo. When a man loves a woman
está tocando.

Não quero chorar. Não quero ficar triste. Eu só quero me


esconder com uma dança e um sorriso.
— Dança comigo? — Sussurro.

A última dança. Para esquecer minha grande miséria.

Ele levanta a cabeça e sorri suavemente.

— O papa reza?

Sorrio enquanto ele aperta os braços a minha volta e


nos movemos lentamente no ritmo da música. Enterro meu
rosto em seu pescoço e inalo o adorável perfume masculino
dele.

— Sergei não queria que eu viesse esta noite, —


sussurro. Ele se afasta para olhar para mim.

— Por que não?

— Eu não sei com certeza.

— Você vai me dizer o que está errado ou vou ter que


usar o meu método secreto para extrair informação, —ele
brinca, mesmo que seus olhos estejam realmente muito
sérios.

— Você vai ter que usar o método secreto, —digo a ele.

— Certo. Você pediu por isso.

Ele me pega e me leva para o quarto. Eu rio, enquanto


meu coração chora, não me deixe.

Noah me coloca na cama e olha para mim. Seus olhos


estão escuros e com fome.

— Deus, você é tão bonita, Tasha, — diz ele, sua


respiração quase um assobio.
— Eu não quero que você use preservativo. Eu quero
sentir você dentro de mim. Quero que você me encha com
sua porra.

Ele aperta os olhos.

— Você está protegida? — Balanço a cabeça em


negação.

— Mas...

Agarro sua mão com urgência.

— É o que eu quero.

— Você tem certeza?

— Eu nunca tive mais certeza de algo em minha vida.

Muito gentilmente, ele remove o meu vestido e minha


calcinha. Em seguida, começa a beijar cada canto do meu
corpo. Cada polegada, cada cume, cada pedaço inchado de
carne molhada, até que meu corpo fica tão suave quanto
manteiga quente, e sinto como se não tivesse vontade
própria. Sinto o calor em minha boceta como se tivesse
sentado com as pernas abertas por um longo tempo no sol.

— Como você está se sentindo? —Ele pergunta.

— Mmmm. Não posso falar. Minha mente não pode


sequer pensar. —Deixo escapar um pequeno gemido quando
sinto a cabeça grossa de seu pênis entrar em mim. Meus
músculos o apertam ansiosamente.

— Como parece? — Pergunto, apertando o seu eixo.

— Apertado, quente e molhado. —Ele empurra.


— Oh Merda! —Dizemos em uníssono.

— Adoro ver meu pau desaparecer em você, — ele rosna


enquanto se atola duramente em mim.

— Não me deixe ir embora, Noah. — As palavras em


meu coração deslizam para fora da minha boca.

Ele para de se mover. Nós olhamos um para o outro.

— Entenda uma coisa, Tasha. Eu nunca vou desistir de


você ou se afastar, não importa o quão difícil for. Você é a
minha mulher. Vou cobrir seu corpo com a minha morte, se
for preciso.

E é assim que as lágrimas começam a fluir de meus


olhos.

— Tasha, qual é o problema?

Eu balanço minha cabeça.

— Não pare.

Ele olha para mim, preocupado.

— Você está bem?

Ele tenta sair de mim, mas agarro seus quadris.

— Não. Não pare. Por favor termine. Por favor, me faça


gozar. Faça desse momento o mais belo sexo que já tivemos.

— Eu não posso. Não enquanto você está chorando...

— Estou bem. Honestamente. Por favor. Por mim.

As lágrimas correm livremente pelas minhas têmporas


enquanto me esforço para dominar as minhas emoções.
Ele me olha, uma expressão estranha em seu rosto,
então mergulha de volta em mim, tão profundamente quanto
pode. Olho para o rosto, contorcido com paixão e tento
memorizá-lo. Um dia poderei lembrar desses momentos de
felicidade sem me encher de tristeza. Então vou aprender a
arte de ser feliz por tê-los tido. Pois eles são um presente. Vou
enfrentar o inverno e, um dia, abril virá novamente.

Lentamente, fico completamente consumida com o


sentimento intenso correndo através de mim que eu noto
todas as mudanças em sua face. Vejo que ele está pronto
para gozar, mas pensa apenas em me fazer gozar primeiro.

Seus impulsos ficam mais ásperos e fortes quando ele


desliza para dentro e para fora. Vejo sua respiração acelerar,
suas narinas se dilatarem e os músculos de seu pescoço e
ombros tencionarem enquanto ele bombeia em mim. Seus
olhos nos meus, querendo, precisando que eu goze. Ele não
vai gozar antes de mim.

Sinto o clímax se aproximando como se de um longo


túnel, quase, mas não completamente lá. Percebo que não vai
acontecer. Não quando estou neste estado de espírito.

— Desculpa. Eu acho que não posso gozar, —peço


desculpas.

— Não há pressa. Apenas relaxe e sinta, Tasha.

Todos os seus músculos estão apertados. Seu controle é


quase inexistente.

— Não espere por mim, —sussurro.


— Ou você goza comigo, ou ninguém goza hoje à noite,
—diz ele, suas sobrancelhas franzem em concentração.

Ele inclina a cabeça e chupa meus mamilos causando


um choque de prazer eletrizante no meu corpo. Meu cérebro
fica entorpecido. Meus dedos apertam em seus ombros. Os
solavancos da sensação ampliam em intensidade. Eu gemo e
ele aumenta o ritmo de suas estocadas.

Coloco minhas pernas em torno de seus quadris e deixo


ir, aconteça o que acontecer. Seus movimentos ficam ainda
mais duros e rápidos.

Seu corpo bate contra mim e a coisa mais estranha


acontece. Por um momento eu desapareço. O momento é
infinitamente pequeno, mas seu impacto é enorme. Durante
esse segundo não sou mais eu, um indivíduo confinado ao
meu corpo. Dissolvo-me no todo, sem limitação, infinita.

Lá está ele, o verdadeiro segredo do orgasmo sexual na


sua forma mais pura.

Derretendo e me tornando um com as árvores, as


estrelas, o céu, as rochas, o oceano, o homem dentro de meu
corpo. Ele está se fundindo. O pecador e o sábio, o bem e o
mal, a noite e o dia, a morte e a vida e vice-versa. Esse
momento único sem distinção é mais santo do que passar
anos em um monastério ou templo. É aquele momento que
Baba falou de quando você entra em um lago e conhece sua
própria alma.

Então o momento é longo e eu sou apenas uma mulher


debaixo de seu homem.
Olho em seus olhos e eles são tão ... tão tristes. Eu
quero estender a mão e tocar sua bochecha. Quero dizer a ele
que o amo, mas não posso fazer nenhum dos dois, minhas
mãos estão imobilizadas, e minha boca não se move.

Olho para ele de olhos molhados. Ele parece muito


quieto, descansando em seus cotovelos, sua respiração
profunda e pesada enquanto ele olha para mim.
Vinte e
Oito
Tasha Evanoff
Labrinth - Beneath Your Beautiful ft. Emeli Sandé

— Eu te machuquei? — Ele perguntou suavemente.

Eu pisco com espanto.

— Não—, eu sussurro. — Claro que não.

— Então me diga por que você está chorando.

— Estou chorando porque tudo tem sido tão lindo. Eu


não poderia pedir por mais.

Ele arrasta as pontas dos dedos pela minha bochecha.

— Tudo ficará bem. Você verá. Eu vou fazer isso bom


para nós.

Eu quero explodir em lágrimas, mas eu não faço. Eu


aceno.

— Você vai confiar em mim?

Concordo com a cabeça novamente.

— Eu resolverei o problema. Eu prometo.


— OK. Eu preciso ir ao banheiro—, eu digo.

Ele se move e eu me levanto. Pego meu vestido e


calcinha do chão e vou para o banheiro. Eu fecho a porta e
me inclino contra ela. Pensei que eu ia ficar a noite toda. Eu
pensei que eu poderia fazer isso, mas eu não posso. Meu
coração está partindo. Eu não posso ficar aqui nem mais um
momento. Minhas pernas cedem e meu corpo desliza para
baixo.

— Tasha, — Noah chama de fora.

Eu mordo meu punho.

— Apenas me dê um minuto—, eu digo.

Eu escuto ele caminhar para longe.

Me levanto e me visto rapidamente. Minhas mãos


tremem tanto que eu mal posso puxar o zíper do vestido.
Corro meus dedos pelo meu cabelo, em seguida, ergo meus
ombros e saio para o quarto. Ele está sentado na cama
vestido com sua calça de moletom.

— E aí? — Ele pergunta com o rosto inexpressivo.

Eu solto a respiração que estou segurando.

— Eu deveria ir para casa.

— Sim?

Dou um passo em direção a ele encolhendo os ombros.

— E eu não vou voltar novamente.

Ele estreita seus olhos.

— Por que não? — Ele pergunta com calma.


Eu engulo em seco.

— Isto era para ser um arranjo temporário, depois de


tudo. Meu pai está de volta e realmente é hora de as coisas
voltarem a ser como eram. Era para ser uma noite apenas,
mas você é muito bom na cama e foi divertido, então...— eu
paro de falar.

Ele se levanta e começa a caminhar em minha direção, e


eu não penso, eu só corro. Eu não chego perto da porta antes
dele me pegar e me pressionar contra a parede. Não forte o
suficiente para machucar, mas apenas o suficiente para
chocar.

— Por que você está correndo? — Ele pergunta. Há algo


estranhamente calmo sobre ele.

— Você pode, por favor, me soltar?

— Depois que você responder minha pergunta.

— Me solta primeiro.

— Basta responder à pergunta, Tasha—, ele suspira.

— Olha, está acabado. Nós dois nos divertimos e agora


eu vou voltar para o Oliver. Não torne isso difícil.

— Você vai voltar para Jarsdale? — Ele diz que cada


palavra lentamente.

— Ele é meu noivo, e você sabia disso.

Ele sorri com maldade. Eu nunca o vi sorrir para mim


dessa forma.
— Isso é uma coisa engraçada para dizer quando você
tem mais do meu DNA dentro de você do que um episódio de
CSI.

— Não me faça não gostar de você.

Ele arregala os olhos.

— Não gostar? Que tal eu fazer você me odiar? — Em


um flash ele enfiou a mão debaixo da minha saia e rasgando
minha calcinha fora do meu corpo.

Eu acerto um tapa forte. Apenas acontece. Minha mão


se ergue, voa no ar, e acerta sua bochecha. E também não é
um tapa daqueles típico de menina. Estala no ar, faz sua
cabeça virar, e deixa a marca da minha mão em sua
bochecha.

Seus olhos brilham quando ele sorri lentamente.

— Seu pai não deveria ter se incomodado com um teste


de paternidade. Você é com certeza filha dele.

Meus joelhos começam a tremer, e minha boca se abre


com o choque. Ele é como um estranho. Tão cruel. Ele nunca
falou assim comigo. Eu nunca vi esse lado dele. Só porque ele
sempre foi tão gentil, amável, atencioso e eu tinha a falsa
ilusão de que não existia outro lado dele. Ou melhor, eu
escolhi ignorar o lado dele que estava ferido, morto e
mutilado. Talvez eu não o conheço completamente. Ele e meu
pai são do mesmo mundo, depois de tudo.
— Noah—, eu choro, minha voz sai rouca de dor e
horror que a besta liberou. Minhas mãos trêmulas chegam
para ele.

De repente, sua boca está na minha, esmagando,


áspero, possessivo, exigente, tomando. Ele força a sua língua
em minha boca, entrelaçando a minha língua com a dele,
puxando-a em sua boca, sugando duro. Eu choramingo
quando sua perna se encaixa entre as minhas coxas, e sua
mão se move para cima para encontrar a minha entrada
escorregadia. Seus dedos deslizam, e ele começa a estimulá-
los dentro e fora de mim. Estou tão molhada que seus dedos
fazem um som esmagador. Ele levanta a cabeça.

— Já começou a me odiar? — ele pergunta.

— Eu te odeio. — As palavras tremem no ar entre nós.

— Em que eu deveria acreditar? Seu corpo está me


contando uma história diferente—, ele rosna.

Ele me levanta em seus braços me levando para a cama.


O lençol parece frio contra a minha pele aquecida.

— O que você vai fazer? — Peço estupidamente.

Ele ri um pouco.

— Pequena Tasha inocente—, ele provoca.

Ele empurra para baixo sua calça de moletom e ele está


duro e ereto. Ele fica na cama.

— Você é minha—, ele rosna duramente quando ele


empurra profundamente em mim. Eu gemo e ele coloca os
dedos encharcados com meus sucos em minha boca,
fazendo-me chupá-los. Meus dedos agarram o lençol debaixo
de mim enquanto ele aumenta a velocidade. Ele olha para
mim, e incapaz de suportar o seu olhar, eu fecho meus olhos.

— Abra os olhos—, ele ordena severamente. Meus olhos


se abrem.

— Me diz se você quer que eu pare.

— Eu... eu... ah...

— Me diga que você quer que eu te foda.

— Eu quero que você... ah.... eu, me foda.

— Me diga que sua boceta pertence a mim.

— Minha boceta pertence a você—, eu choro.

— Eu não ouvi ainda.

— Minha boceta pertence a você—, eu grito


incontrolavelmente quando as ondas de um orgasmo incrível
me engolem. Rasgam meu âmago como um furacão. Ele me
drena totalmente antes de terminar. Eu olho para o meu
lindo homem quando seu corpo se contrai e ele se contorce,
encontrando seu próprio clímax.

Ele puxa para fora e sua porra escorre de mim.

— Eu tenho que ir, — eu sussurro.

— Eu sei. Me deixe chamar Sam.

Ele sai da cama e sai do quarto.

Eu vou até o banheiro, me limpo e desço as escadas. Ele


está ao lado do armário de bebidas. Há um copo em sua mão.
Eu tenho uma sensação de déjà vu. Eu vou para a sala e fico
no meio dela.

— Me desculpe, eu disse todas aquelas coisas


horríveis—, eu admito.

Ele olha para mim com tristeza.

— Não se desculpe, Tasha. Não foi nada. Entre nós não


há nada que se desculpar.

— Mas eu disse muitas coisas desagradáveis e te deixei


irritado.

— Você realmente acredita que apenas algumas


palavras tolas poderiam mudar alguma coisa para mim? Eu
morreria por você, Tasha Evanoff.

Eu corro soluçando em seus braços. Ele me segura


apertado.

— Minha pobre, pobre Tasha—, ele canta. Ele me puxa


para longe dele ligeiramente e acaricia meu cabelo. —Não
venha me ver mais, OK? Deixa tudo comigo. Não faça nada.

Eu sinto a dor das suas palavras como uma faca no


meu peito, mas eu aceno com a cabeça.

Ele beija a minhas pálpebras molhadas uma por uma.

— Eu prometo que você vai ser minha, ou eu vou morrer


tentando.

Como uma tola eu começo a chorar novamente. Eu


quase nunca chorei antes de conhecê-lo. Agora eu sou como
uma espécie de torneira quebrada que não pode parar de
jorrar.
— Shhh... minha querida.

— Eu não quero que você morra—, eu grito.

— Nós todos vamos morrer um dia. É como nós


morremos que conta. Eu não tenho medo de morrer por você.

— Meu pai.

— Eu não tenho medo do seu pai. Eu posso ter uma


carta na manga.

Eu paro de chorar e olho para ele.

— Sério? O quê?

Ele sorri.

— Você realmente acha que eu vou dizer?

— Me dê uma pista do que se trata?

— Não.

Em seguida, o táxi chega e ele me leva para a rua. Na


porta aberta do carro nossos dedos ficam entrelaçados. A luz
da rua faz com que seu rosto pareça distante e triste. Nós
dois sabemos que esta poderia ser a última vez. Eu o beijo na
bochecha. Sua pele é quente e áspera. Eu inalo o cheiro dele
pela última vez e me afasto cegamente. As lágrimas começam
novamente.
Vinte e
Nove
Tasha Evanoff
Ten Green Bottles

Eu deixo a minha avó na cozinha aproveitando seu bule


de chá, tiro meus sapatos, e subo as escadas de dois em dois.
A casa está quieta e sombria. Meu pai ainda deve estar
dormindo.

Abro a porta. Eu não sei por que, mas eu tenho a mais


louca.... Quero dizer, é tão estúpido que eu poderia até
pensar algo assim... mas eu realmente acho que Sergei está
embrulhado em seus cobertores, dormindo tão
profundamente que ele não me escuta entrar.

A fantasia de que ele está adormecido continua quando


eu ando em direção a ele. Mesmo que o ar no quarto
cheirasse engraçado. Metálico e doce. Mesmo quando eu
estou sobre ele, minha mente se recusa obstinadamente a
acreditar no que estou vendo.

Então, me bate e minhas pernas cedem. Elas parecem


como se eu estivesse debaixo de água. Não há sons, há
resistência aos meus movimentos, e tudo está acontecendo
em câmera lenta quando eu caio de joelhos na frente dele.

Em câmera lenta minha mão se estende, agarra a ponta


do cobertor, levanta, e esse é o momento em que o sonho
lentamente termina. Com um grito assustador de horror, eu
caio para trás em minha bunda. Em um pânico louco
alimentado pelo terror e descrença, eu me afasto nas palmas
das mãos, meus saltos chutando, arranhando, e correndo no
chão como um animal demente de quatro patas. Minhas
costas batem na parede e eu paro. Eu sento apoiando contra
ela, respirando com dificuldade, e olhando em choque total
para o meu lindo bebê decapitado.

Alguém entrou no meu quarto e decapitou a cabeça do


meu bebê! Cortou sua cabeça.

Está completamente separada do seu corpo, e quem


quer que esse monstro doente seja, ele colocou a cabeça de
Sergei no final da sua cauda. É a visão mais grotesca que eu
já vi na minha vida. Lentamente, eu me arrasto de volta para
ele.

— Sinto muito —, eu sussurro. — Eu sinto muito. Eu


não tive a intenção de fugir de você. Eu te amo.

Eu me aproximo dele e minha mão toca seu pelo. Não há


mais vida em sua pele e, por isso ela está dura e fria. Eu
recuo. Sergei está morto há muito tempo.

Como ele deve ter sofrido.

Como ele deve ter sentido medo.


Tem um papel de tamanho A4 envolvendo algo em seu
corpo. Eu desenrolo. É um daqueles pequenos gravadores
que os patrões usam para ditar as coisas para suas
secretárias. Eu leio a nota. Apenas três palavras, mas elas
tornam meu coração uma pedra de gelo.

Um por um.

Atordoada eu aperto o play no gravador e uma música


de ninar do Ten Green Bottels começa a tocar. Uma inocente,
mas estranhamente fúnebre música de criança parecia
obscena além de todas as palavras. O maior insulto ao corpo
ensanguentado, mutilado de Sergei. Eu arremesso o gravador
para a parede e ele bate e abre. A fita voa para perto do
petisco que eu coloquei para Sergei.

Ele nunca comeu.

Minhas mãos apertam em um doente desamparo.

Eu vou para a cama, meus joelhos batendo juntos, e


puxo o lençol. Eu dobro em quatro e coloco na frente do
pequeno corpo de Sergei. Ajoelhada na frente de sua cama,
eu abaixo e o pego. Sua cabeça cortada em primeiro lugar. O
sangue coagulado é como geleia escorrendo por baixo dele.
Minhas mãos se tornam imediatamente vermelha escuro.

Carinhosamente, deito sua cabeça no lençol. Então eu


pego seu corpo. Morto ele é muito mais pesado e eu tenho
que gemer para levantá-lo. Uma vez que ele está em meus
braços é mais fácil e eu o coloco ao lado de sua pobre cabeça
de modo que ambas as metades dele estão unidas.

Então me deito a seu lado.


— Eu sinto muito. Eu sinto muito. Sinto muito —, eu
sussurro uma e outra vez quando eu abraço seu corpo frio,
duro. A culpa é terrível. Eu não estava aqui para protegê-lo.
Eu estava fora tendo um bom tempo. Eu deveria ter estado
aqui. Se eu tivesse apenas o deixado no quarto de Baba. Eu
até pensei nisso e então eu pensei que não, ele poderia latir
quando eu o chamasse ou fizesse algum barulho e acordaria
Papa.

Então eu não o deixo em seu quarto.

Ele deve ter tido uma premonição. Não me admira que


ele tenha gemido e chorado quando eu saí. E eu ainda assim
saí. Fecho meus olhos e cerro os dentes com pesar.

Eu beijo o topo de sua cabeça. Eu beijo suas pálpebras


fechadas, e eu seguro suas elegantes, pequenas patas
ensanguentadas. Patas que costumavam ser suaves e
quentes. Elas estão duras, ásperas e frias. Quando seu nariz
toca meus lábios está seco e não molhado com vida.

Eu sento e olho para baixo sobre ele. Ele não parece


real. Não pode ser real. Minha mente está em branco. Eu não
posso pensar. É minha culpa. Pobre Sergei. Eu cubro seus
restos com o lençol e vou para abrir uma janela.

Ar fresco da manhã passa por mim.

Penso em Sergei correndo livre no parque. Penso em


Sergei lambendo meu rosto. Penso em Sergei como um filhote
se escondendo debaixo da cama quando ouvia um trovão e
como eu o peguei, segurando em meus braços, levando para
a janela para mostrar a ele que era apenas uma tempestade.
Não há lágrimas. Estou chocada demais para sentir algo.
Nem mesmo raiva por meu pai.

Eu penso em meu pai. Como poderia? Ele trouxe Sergei


para casa para mim. Dizendo que Sergei odiava ele.

Sento no meu quarto debruçada, confusa e imobilizada


com choque e horror, até eu ouvir Baba subir as escadas.
Então eu corro para o topo das escadas e ela para no meio do
caminho.

— O que é isso? — Ela pergunta, com as mãos traçando


minhas roupas e mãos ensanguentadas.

— Sergei está morto—, eu digo.

Sua reação é instantânea e chocante. Ela fica branca e


os joelhos enfraquecem de modo que ela tem que se apoiar no
corrimão para que ela não caia. Ela fecha os olhos de dor. Eu
corro para baixo me aproximando dela e pego suas mãos.

— Está tudo bem, Baba. Está tudo bem—, eu digo a ela,


mesmo que eu queira colocar minha cabeça em seu peito e
chorar muito.

Ela pega a minha mão.

— Como? — Eu balanço minha cabeça.

— Mostre o seu corpo—, ela exige de repente.

Balanço a cabeça vigorosamente.

— Não, não olhe para ele, Baba.

— Ele está em seu quarto?


Eu aceno, porque estou de repente tão emocionada que
eu não posso falar. É a coisa mais estranha, mas enquanto
eu estou ali com Baba, parte de mim não acredita que Sergei
está realmente morto. É mais provável que tudo isso seja um
pesadelo ou um erro. Meu cérebro não pode compreender que
seja real. Ele não pode ter ido embora. Não desse jeito. É
quase como se tudo o que tenho a fazer é deixar que a minha
avó entre no meu quarto e ela não irá encontrar meu amado
cachorro fatiado em dois pedações embrulhados em um
lençol.

Baba começa a subir as escadas, com o rosto


determinado, e eu sigo. Eu fico atrás dela quando ela abre a
porta, e por alguns segundos fica apenas na porta. Então ela
caminha para o corpo coberto e eu entro no quarto e fecho a
porta. O ar esta congelando porque eu abri a janela. Meus
olhos caem no lençol que continua vermelho escuro.

Não é o meu Sergei ali debaixo. Ele se foi.

Eu assisto Baba agachar com dificuldade, e levantar o


lençol. Silenciosamente eu assisto ela suspirar e deixar o
lençol cair novamente. Então ela olha para mim. Seus olhos
estão totalmente em branco e sua face esta dura como pedra.
Eu nunca vi a minha avó desse jeito antes.

— Meu filho é um monstro.

Eu não digo nada. Meus olhos ardem e minha garganta


se sente como se tivesse um caroço lá.

—Tudo que quiser de mim, é só pedir, — ela diz.

Eu engulo o caroço. Desce duramente.


—Venha para o funeral.
Trinta
Tasha Evanoff
See You Again

Receio que eu desmoronei depois de convidar minha avó


para funeral de Sergei. Eu acabei na cama chorando como
um bebê. Ela providenciou tudo. Ela conseguiu um caixão
branco de animal entregue dentro de uma hora. Ele tem uma
cruz gravada na tampa e é forrado com cetim. Ela colocou
seus brinquedos favoritos e um cobertor para ele. Ela pediu
flores. Rosas brancas. Ela convidou a equipe para virem.

Nós nos encontramos debaixo da macieira. O céu está


cinzento e uma grande tempestade é esperada para mais
tarde. O jardineiro, John, cavou um buraco. Ninguém
consegue me olhar nos olhos. Há um ar de choque e
descrença. A pequena criada polonesa que ajuda o chef
parece assustada. Seus olhos apertam nervosamente.

Baba e eu estamos vestidas toda de preto. Eu seguro um


lenço na boca trêmula, enquanto Baba faz uma pequena
oração. Eu assisto todo mundo lançando moedas em cima do
caixão.
Ajoelhando eu jogo o primeiro punhado de terra em seu
caixão.

—Meu querido Sergei, por favor me perdoe. Me perdoe.


Me perdoe que eu não estava lá para protegê-lo —, eu
sussurro suavemente. —Eu sei prometi que não iria chorar e
fazer o seu espírito ansioso, mas eu simplesmente não posso
suportar esse sofrimento. Não importa, eu vou vê-lo
novamente —, eu digo, e começo a ficar de pé, mas eu tropeço
para trás. Sinto alguém me apoiando em minhas costas.

— Não derrame mais lágrimas, Tasha. Amor é eterno.


Ele vai te amar de onde ele estiver—, Baba tenta me consolar,
mas sua voz raspa em meus ouvidos.

Então todo mundo joga o seu punhado de terra, e Baba


vem a mim. Com a mão firme na minha cintura, ela me leva
para longe.

Eu a deixo me levar de volta para a casa. Na porta, ela


para e estende a mão. Ela está pedindo pelo meu lenço. É
nosso costume de jogar fora nossos lenços usados depois de
um funeral. É uma maneira de lembrar as pessoas de luto
que as dores devem começar a diminuir uma vez que o
funeral passou e não carregar o luto para o futuro.

Automaticamente, eu coloco meu lenço na mão dela.

— Vamos tomar um chá? — Baba pede, colocando


ambos os nossos lenços em um saco plástico.

Eu balanço minha cabeça.

— Eu só vou deitar por um tempo—, eu digo.


Ela sorri.

— Sim. Talvez você devesse tirar uma soneca. Eu vou


acordá-la em um par de horas e podemos almoçar juntas.

Eu aceno vagamente e entro na casa. A casa está ainda


mais silenciosa do que geralmente é. Eu sinto um frio
estranho passar por mim no silêncio mortal. Eu vou lá para
cima para o meu quarto.

Enquanto eu estava fora alguém limpou o quarto. A


cama de Sergei se foi e o quarto tem cheiro de limpeza. Eu
vou para a janela e vejo John preencher o túmulo de Sergei.
Pá por pá até o chão estar nivelado. Eu o vejo parar,
empurrar as palmas das mãos para a baixo nas costas, em
seguida, sentar debaixo da árvore e acender um cigarro. Sua
vida parece maravilhosamente simples e descomplicada.

Nunca mais verei aqueles olhos.

Lágrimas enchem meus olhos enquanto eu viro para


longe da janela e vou para a cama. Sento sobre ela e me sinto
oca, todas as minhas entranhas devoradas. O pequeno
funeral de Sergei esmagou meu coração e quebrou meu
espírito de uma forma como nada antes fez. Eu amei Sergei
como se ele fosse parte de mim. Ele estava sempre ao meu
lado, só não estava nas raras vezes em que eu não podia levá-
lo. Eu nem me sentia mais real.

Eu sinto como se eu estivesse vivendo um sonho.

Como pode ser qualquer coisa, se não um sonho, se em


um momento alguém é quente, vivo e real e no próximo eles
apenas se vão? Para sempre. Você não pode ver, tocar, ou
ouvi-los nunca mais. Como todos nós podemos andar por aí e
fingir que a vida é real, sendo que em um piscar de olhos
tudo se torna nada?

Que onipotente arrogância a minha pensar que de todas


as pessoas, eu tinha tudo sob meu controle. Que piada.
Como meu pai deve estar rindo agora. Eu acreditei, eu
realmente acreditava, que eu poderia ter o meu bolo e comê-
lo. Eu pensei que eu poderia ter Mama, Baba, Sergei, mesmo
Papa, e Noah. Uma grande família feliz. Idiota. Em um golpe
brutal meu pai me mostrou diferente. Eu subestimei ele.

Estúpida.

Meu pai não entende o amor, mas ele tem um dom de


manipular o amor que os outros sentem. Ele vê dentro de um
coração, sente a sua maior vulnerabilidade e ataca. Sim, ele
levou meu amado Sergei de mim, mas eu sei que Sergei
morreu com o seu amor por mim intacto para sempre e o
meu por ele.

Há uma batida suave na minha porta.

Eu ando até ela e abro. Rosita está do lado de fora.

— Seu pai quer que você se junte a ele para o almoço lá


embaixo—, diz ela.

— Obrigada, Rosita. Diga a ele que eu vou descer em um


minuto—, eu digo e fecho a porta. Ele está em casa. Eu não
percebi.

Eu me inclino contra a porta, me sentindo tão insensível


que eu não posso nem começar a descobrir por que meu pai
quer que eu me junte a ele para o almoço. Será que ele quer
tripudiar? Será que ele quer me assustar mais? Será que ele
só quer almoçar comigo, porque o que ele fez com Sergei não
é um grande negócio?

Eu me endireito, abro a porta e desço para a sala de


jantar. No caminho eu me encontro com um dos seus
homens. Ele acena para mim e eu aceno de volta
automaticamente.

Abro a porta da sala de jantar e meu pai olha para cima


e sorri. Ao olhar para ele você nunca iria acreditar que ele
teria enviado alguém para o quarto de sua própria filha para
matar seu cão para que ela pudesse voltar para casa
totalmente desavisada e encontrar o abate. Eu não sorrio de
volta. Eu só olho para ele. Chocada que todos esses anos eu
nunca realmente o conhecia de verdade.

Ele coloca o garfo e faca para baixo.

— Entre, entre—, ele convida genialmente, ainda


mastigando sua comida.

Eu não me movo.

Ele sorri.

— Só porque é dado em um tom amigável não considere


o meu convite como qualquer coisa, se não uma ordem
direta.

Eu ando com firmeza para dentro da sala. Minha palma


da mão direita está coçando. Eu a seguro na minha mão
esquerda e a coço furiosamente.
— Chegue mais perto—, ele ronrona. — Do que você tem
medo? — Dou mais alguns passos.

Ele se levanta e, curvando, leva algo fora de uma caixa


de papelão. Para meu horror absoluto e desgosto é um filhote
de Dobermann azul. Meus olhos se alargam com o choque.
Certamente não. O filhote de cachorro é da idade exata de
Sergei quando ele o deu para mim.

Meus olhos se movem lentamente até a seus.

— Este é um presente para você —, diz ele, empurrando


ligeiramente em minha direção.

Encaro pasma. Eu pensei que meu pai era um monstro,


mas ele não é. Para ser um monstro significa que você tem
sentimentos. Minha mãe estava certa. Meu pai não tem
sentimentos. Ele matou o meu cão amado e agora ele está
substituindo por um filhote de cachorro. Ele pode dar e em
seguida, tirá-lo e dar novamente. Que doentio. Apenas um
homem que não pode sentir o amor faria o que ele está
fazendo. Ele empurra o cachorro novamente para me
incentivar a tomá-lo.

Eu dou um passo para trás.

—Eu não quero isso—, eu digo.

Ele faz uma carranca.

— Se você não o levar eu vou ter que pedir para o


pessoal afogá-lo.

Minha boca se abre e ele dá um passo em minha direção


com o cachorro se contorcendo em suas mãos estendidas. Eu
estendo minhas mãos e o tiro dele. Seu corpo é macio e
quente e eu sinto as lágrimas começarem a queimar os meus
olhos.

Eu me viro para que ele não veja e corro para fora da


sala. Eu fico um pouco no grande vestíbulo. Rosita está em
suas mãos e joelhos para polir os degraus de mármore. Eu
ando até ela.

O cachorro faz um pequeno som que não é bem um


latido ainda. Rasga o meu coração. Sergei fazia esse som. Não
é sua culpa. É apenas uma pequena coisa inocente, mas eu
não posso nem olhar para ele. Meu coração está partido. Eu o
entrego para ela.

— Por favor, você pode levá-lo e cuidar para que ele seja
bem tratado.

Ela olha para mim com uma cara surpresa, confusa,


mas ela coloca as mãos para fora e leva o cachorro de mim.
Eu limpo as minhas mãos nas laterais do meu vestido.

— Obrigada, Rosita, — eu resmungo, e corro lá em cima.

No meu quarto eu caio na minha cama e choro sem


parar. Eu nem sequer ouço a porta se abrir, eu só sinto
quando a mão de Baba cai na minha cabeça e acaricia meu
cabelo suavemente.

— Eu o odeio—, eu soluço. — Eu o odeio tanto.

Baba não diz nada, apenas cantarola uma canção russa


antiga que ela costumava cantar para me colocar para dormir
quando eu era uma criança.
Trinta e
Um
Noah Abramovich
Gangster Paradise

Eles estavam me esperando nas sombras. O soco me


pega em uma área um pouco acima da orelha, e, na
confusão, meu cérebro registra apenas como um baque, mas
na verdade, ele é o tipo de golpe que você nunca quer levar.

É letal. Você não pode se preparar ou treinar para isso.

É onde a expressão “nocauteado” se origina. Eu fui


atingido dessa forma uma vez durante o treinamento,
enquanto eu estava me preparando com os piores cenários,
então eu sei como essa merda funciona.

Segundos depois, os meus sentidos se embaralham.


Meus olhos borram, o mundo começa a girar, e eu perco o
controle das minhas pernas quando elas se tornam uma
geleia. Eu estou caindo e tudo o que importa agora é quão
forte. Se eu batesse minha cabeça e tudo poderia ficar escuro
e silencioso. Talvez até mesmo para sempre.

—Porra, — eu grito, quando eu tento posicionar as mãos


na minha frente para amortecer a queda.
Eu sempre imaginei que o meu fim seria sangrento.
Você vive pelo fio da navalha morre pela maldita coisa. É a
regra não escrita e é justa. Deve ser assim. Mesmo o tempo
passado na prisão não muda nada, são apenas pausas, antes
deste sangrento apropriado final. Uma bala na cabeça, uma
faca na barriga em um beco escuro.

Sim, eu vejo agora, não estacionar no estacionamento


do ginásio foi uma péssima ideia. Descuidado. Descuidado.
Zane estava certo. Enquanto você estiver procurando um jeito
cavalheiresco de encontrar uma solução, ele simplesmente
vai enviar alguém para te matar.

Então uma voz sã na minha cabeça. Se controle, Noah,


se eles te quisessem morto, você já estaria! Você ainda está
respirando.

— Mate essa porra logo. O que você é, estúpido? Pegue


essa faca e o corte. O chefe disse, faça picadinho de seu
rosto. E se apresse com essa merda logo—, eu ouço a voz de
um homem cuspir com desgosto.

Então essa é a sua merda de jogo. Uma mensagem do


pai da noiva: mexa com a minha filha e eu vou deixar você
vivo e marcado para sempre, incapaz de andar entre as
pessoas normais. Você não pode argumentar com essa
estratégia. Adicione essa ser uma boa maneira de matar o
tesão de uma menina também.

Eu ouço o som de uma faca sendo aberta. É como um


choque elétrico para o meu cérebro. Faz me concentrar e ter
minha cabeça no lugar. Eles estão todos armados, mas vou
matar esses filhos da puta antes de eu aceitar que alguém me
diga quem eu posso e não posso ter como minha mulher.

Antes do meu último suspiro eu vou ter a certeza de um


nada amigável visita à esse nojento pervertido que foi
escolhido como pai para ela. Só de pensar nisso é o suficiente
para a adrenalina disparar através da névoa no meu cérebro,
E a adrenalina corre em meu corpo novamente. Há três deles.

Eu posso com eles.

Quando os meus olhos começam a limpar, eu vejo duas


pernas se aproximando, uma mão grossa segurando um
pedaço de aço frio. Eu não deixo o meu olhar ir mais longe.

Levante Noah, comece a merda agora.

— Pronto para um pouco de cirurgia plástica de graça,


conquistador? — ele provoca.

Eu reúno cada pedaço de energia dentro de mim e


empurro todo o meu peso para trás com um forte chute em
seu osso da canela, naquele ponto fraco apenas sob o joelho.
Pena que eu não estou usando minhas botas pesadas, mas
mesmo assim eu ouço o estalo do osso, uma vez que rasga
através da carne. É música linda para mim. Ele cai no chão
gritando como uma menina. Um a menos.

Eu me levanto no momento em que sou confrontado por


dois grandes soldados correndo em minha direção. Um é forte
como um tanque, o outro é alto, magro e mediano. A cicatriz
do outro lado do pescoço. Suas características fazem me
pensar que eles são, provavelmente, da Chechênia. Difíceis,
homens cruéis.
Que eles se fodam.

Que você se foda, Nikita.

Cada nervo do meu corpo se sente vivo e em chamas


quando eu desvio da faca do cara alto, me esquivando abaixo
de seu golpe. Quando ele ataca, eu acerto um soco forte em
seu estômago. Isso o envia voando para o chão, aleijado, sem
fôlego, e em agonia.

O assassino cruel em mim assume.

Eu arranco a lâmina de sua mão, passo para trás do seu


corpo arqueado, e com nenhum pensamento nem
benevolência, puxo a cabeça para trás e termino o trabalho
que algum outro homem começou. Coloco a ponta da lâmina
para o fundo da sua orelha e corto de uma orelha a outra. O
sangue quente flui em minhas mãos. Ele faz barulhos
borbulhantes e molhados, suspira inutilmente por ar, em
seguida, afunda.

Dois a menos. Eu o deixo cair das minhas mãos. Ele


pousa com um baque.

Mais um para ir, mas ele é o chefe. Ele é o único que eu


tenho que ter cuidado.

Antes que eu possa me virar ele ataca e consegue um


duro golpe em minhas costelas. Me curva temporariamente, e
me deixa com falta de ar. Outro homem teria caído, mas eu
não. Convoco a última gota de força que tenho e me endireito
quando ele vem para mim novamente. Ele é como uma
montanha, mas eu tenho a agilidade do meu lado. Eu
contorno sua investida e o acerto em cheio no rosto com o
cotovelo, quebrando seu nariz.

Suas mãos instintivamente vão para cima para cobrir


seu rosto, mas antes que ele tenha tempo para reunir seus
sentidos, eu agarro seu pulso direito com as duas mãos e
esmago o meu joelho em sua virilha. Com um quase inaudível
gemido de dor, ele tropeça e cai no chão cobrindo seu pau.
Em um flash, eu caio em seu corpo e escarrancho nele.

Ele percebe seu erro e começa a lutar, agitando os


braços, tentando bater em nada. Ele não é páreo para a
minha força de impulso quando eu mergulho a faca
profundamente em seu peito. Seus olhos se arregalam e ele
faz um som de asfixia lento e abafado. Sangue escorre se sua
boca e corre pelo lado. Sento sobre ele, ofegante, e vejo a luz
de seus olhos se apagar. Pensei que nunca mais teria que ver
a vida sair de um outro homem em minhas mãos, mas Tasha
vale a pena. Eu mataria mais centenas como ele por ela.

Viro a cabeça devagar e olho para o homem com a tíbia


quebrada. Ele ainda está deitado no chão, o branco do osso
que se projeta através da carne, e olhando para mim com os
olhos esbugalhados. Rapidamente, eu vasculho os bolsos do
defunto debaixo de mim, encontro e recupero seu telefone
celular. Eu desbloqueio para o último número e, enchendo
meus pulmões de ar, caminho ao longo de onde o primeiro
homem está deitado, olhando para mim com uma mistura de
ódio e medo.

Eu empurro o celular em seu rosto.


— Ligue para o seu chefe. — Ele olha para mim sem
pestanejar.

— Ligue ou vai se juntar aos seus amigos no inferno.

Ele olha em volta para onde seus companheiros mortos


estão com seus corpos encharcados de sangue, pesando a
situação, e fazendo careta.

—Você pode muito bem me matar. Eu estarei morto se


eu ligar de qualquer maneira. — Eu subestimei ele. Ele é um
bom juiz de caráter. Ele prefere tomar suas chances comigo
do que com Nikita.

Eu pressiono o botão e seguro o telefone na minha


orelha.

— O que? — O pai de Tasha late.

— Nikita, você está perdendo a mão.

Há uma pausa, então ele fala. Sua voz é


deliberadamente agradável e serena, embora eu sei que ele
deve estar furioso.

— Bem, bem, eu não estava esperando ouvir a sua voz,


Noah.

— Você deve estar ficando velho, Nikita, enviando


meninos para fazer o trabalho de um homem.

— Escuta aqui seu arrogante desgraçado. Encoste na


minha filha de novo e eu vou te matar.

A ideia de Nikita me matando me faz rir. Como se ele


fizesse seu próprio trabalho sujo.
— Vamos ver como você vai rir quando sua boca estiver
cheia de concreto.

— Bem, se eu fosse você eu pararia com as fantasias


estranhas, e lidaria com o cenário mais premente que você
tem acontecendo aqui. Pode ser uma boa mandar o seu
pessoal da limpeza recolher o seu lixo, antes que os policiais
estejam por toda parte.

Eu ouço seu cérebro trabalhar.

—Você deve rezar para que eu não apareça morto,


mesmo por acidente. Porque a polícia estará recebendo um
pen drive detalhando o rastro do dinheiro exato desse negócio
de droga que deu errado. Lembra de Hammurabi?

Ele não diz nada, mas eu posso sentir seu choque. Zane
e eu temos uma cópia há muito tempo, e nós apenas o
mantemos para fins de segurança. Você nunca sabe quando
precisará dessas coisas.

— Eu irei vê-lo em breve, Nikita. — Eu digo, e desligo.

Eu viro minha atenção de volta para o homem no chão.

— Por favor, por favor, não me mate —, ele implora. —


Não é pessoal. Recebemos ordens. Eu sinto muito.

Sim, claro que está arrependido. Ele está me julgando


ser um idiota. Ele está arrependido e eu estou de pé sobre
ele, ele está arrependido e seus amigos não podem ajudá-lo, e
ele sente muito a perna quebrada, o que significa que ele não
pode fugir.
Eu sinto a minha adrenalina parando quando eu chego
acima dele, a faca na mão. Ele me olha de forma admirável e
enrola-se como uma criança, choramingando, implorando por
misericórdia. Atuando!

— Você é um soldado, você sabia dos riscos —, digo a


ele.

Eu aperto a alça. Não posso matar um homem ferido,


impotente a sangue-frio. De qualquer forma, ele é mais
valioso vivo do que morto.

—Vou deixá-lo vivo para que você possa passar uma


mensagem para o seu chefe. — Ele balança a cabeça
violentamente.

—Diga que Tasha Evanoff pertence a mim, e eu vou


matar todos os homens que sejam enviados para ficar entre
nós.

Eu chego para baixo com uma mão e o agarro pelo


pescoço tremendo. Com a outra mão risco a minha lâmina
lentamente e propositadamente ao longo de sua bochecha, de
orelha a boca. Quando a lâmina rasga sua carne, ele solta
um grito terrível. Ele ricocheteia pelo vazio do beco. Quando
estou satisfeito eu o deixo afundar no chão aos meus pés.

— Lembre —, eu rosno. — Se eu te ver novamente. Vou


te matar.

Eu passo longe dele, retirando um lenço do meu casaco,


e limpo o cabo e lâmina retirando minhas impressões digitais.
Foi quando eu vi a mancha vermelha brilhante que está se
espalhando sobre minhas costelas e para baixo até meu
abdome.

Eu não fui rápido o suficiente. Eu fui esfaqueado, e


parece muito ruim. Eu atiro a faca no chão e tento caminhar,
mas minhas pernas parecem como se não pertencessem a
mim. Me sinto sem fôlego depois de apenas alguns passos. A
adrenalina e medo me impediram de sentir a dor antes, mas
agora dói muito. Estremecendo, eu vou para frente.

Eu só preciso chegar ao meu carro.

Vou ligar para Zane. Eu empurro a minha mão no meu


bolso para tirar meu telefone e, merda, merda, minha mão
não vai obedecer aos comandos do meu cérebro. Eu não
quero estar aqui quando os homens de Nikita aparecerem. A
vida não vai valer a pena viver. Agora o que eu faço?
Respirando fundo o que parece como se eu tivesse engolindo
fogo, eu agarro a parede e tento me caminhar, mas a vida é
rapidamente drenada do meu corpo.

Mais vinte passos, Noah.

Você pode fazê-lo.

Vamos.

Penso em Tasha e seu doce sorriso caloroso. Eu quero


viver. Eu preciso viver. Porra, eu não vou conseguir...

Vamos lá, Noah.

Em minha mente o céu é azul, o sol está brilhando, o


oceano sob Tasha e eu, é turquesa.

— Olha, Noah. Estamos voando—, ela grita.


Incapaz de ficar de pé por mais tempo, eu me dobro até
o chão. Eu fico olhando para o céu à noite. As estrelas acima
estão tão bonitas. Tudo ainda é. O rosto de Babushka está
olhando para mim. Ela está me chamando. Então eu ouço
passos. Chegando mais perto, mais alto.

Um rosto flutua acima de mim. Olhos azuis. Os olhos


mais azuis que eu já vi. É um dos santos ou anjos que
Babushka reza. Ela veio para me levar com ela.

Oh, Tasha. Eu não quero partir, ainda não, eu tinha


tantos sonhos para nós, mas eu não posso ficar. Eles vieram
para mim.

Eu te amo…
Trinta e
Dois
Tasha Evanoff
Losing My Religion

No dia seguinte eu ligo várias vezes para Noah, mas o


telefone fica desligado todo o dia e toda a noite. Eu tento não
me preocupar. A bateria deve ter acabado. Ele perdeu seu
telefone. Mas o meu coração sabe que não é isso. Ele nunca
iria deixar seu telefone desligado. Não em um momento como
este.

Eu ligo em seu clube, The Matrix, usando um sotaque


americano, e finjo que sou Dahlia, a esposa de Alexander
Malenkov. Eu peço para falar com Noah, mas o gerente me
diz que ninguém ouviu falar dele desde ontem à noite. Ele
não telefonou para nenhum dos seus outros negócios, o que é
muito estranho.

— Vou pedir para que ele te retorne assim que


aparecer—, diz ele.

— Não. Não há necessidade—, eu digo rapidamente. —


Vou ligar para ele amanhã.
Sento na minha cama e penso. Eu penso em todas as
possibilidades em aberto para mim. Então eu coloco meus
planos meticulosamente. Eu jogo com o cenário de melhor
caso e pior caso. Eu faço uma lista de cada movimento que
pretendo fazer, então eu faço uma lista de tudo o que pode
dar errado em cada movimento. Então eu penso nas coisas
que podem dar errado fora de minhas ações.

Às oito eu desço para o jantar e ajo normal. Depois do


jantar, eu vou até o quarto de Baba e digo o que eu quero
fazer. Passo a passo. Ela não disse uma palavra. Quando eu
termino de falar, ela coloca a mão suavemente sobre a minha
cabeça. Eu sei que é a sua maneira de me dar a sua benção.
Eu pego a sua mão na minha e, a trazendo para os meus
lábios, a beijo.

Mais tarde, quando a família vai dormir, Baba vem para


o meu quarto e eu escorrego para fora da casa e escalo o
muro. Eu digo ao motorista de táxi para me levar para a casa
de Noah. Quando nós dirigimos até a rua eu vejo tudo em
uma completa escuridão. Eu não reajo. É algo que eu
planejei. Todo o meu corpo congela. Eu não penso sobre o
que aconteceu com ele. Se eu fizer, eu só vou querer desistir e
morrer também.

O carro para. O motorista vira o olhar para mim.

Meu estômago está em nós.

— Eu mudei de ideia. Me leve para Rusaki.

Rusaki é o clube de Dimitri Semenov. É um clube de


stripper russo localizado na parte sórdida da cidade.
Agora é isso, Tasha. Não há como voltar atrás.

Eu sei que eu tenho que fazer isso até o fim. Eu viro


minha atenção para o tráfego da noite zunindo até que o
motorista de táxi estaciona sob seu toldo vermelho e dourado
berrante.

— Estamos aqui, meu amor —, diz o taxista.

Eu sinto meu coração disparar quando eu respiro fundo


e saiu do carro. Eu entrego ao motorista o dinheiro dele e
agradeço. Puxando meu casaco firmemente em volta de mim
em um gesto inconscientemente defensivo, eu me viro para
enfrentar as luzes de néon do clube. Quando eu ando até ele,
eu percebo o que estou fazendo. Eu relaxo. Inclinando meu
queixo e deixando minhas mãos balançarem confiantemente,
eu vou até a entrada. Há três seguranças em ternos pretos
assistindo eu me aproximar com várias expressões,
maliciosa, admirada e inexpressiva.

Sou recebida pela grande palma da mão estendida do


inexpressivo.

— Dançarinas para a porta do lado—, diz ele em um


forte sotaque russo, sacudindo a cabeça para uma porta
lateral cinza.

Ao meu lado um homem russo, obviamente rico, em um


casaco de pelo de camelo e uma loira em cada braço entra.

— Eu não sou uma dançarina.

O que me olhava maliciosamente vem para frente.


— O que você é então? — Ele pergunta. Seu sotaque é
inglês.

— Estou aqui para ver Dimitri Semenov.

O cara zangado rosna.

— Me desculpe querida. Mesmo que você chupasse o


meu pau você não conseguirá vê-lo.

Encaro com toda altivez que eu posso reunir, como meu


pai teria feito.

Mantendo minha expressão em branco eu emito minha


instrução.

— Diga que Tasha Evanoff está aqui para vê-lo.

— Eu não me importo se você é a rainha da Inglaterra,


você não vai entrar, gatinha.

— Você disse Evanoff? — O segurança sem expressão


corta de repente.

— Sim.

O segurança que estava rindo de sua própria piada para


abruptamente.

— Você é filha de Nikita Evanoff—, ele repete, incrédulo.

— Isso mesmo.

— Tem identidade para provar isso?

Entrego minha carteira de motorista.

Ele olha para ela.

— Eu só vou segurar isso por um minuto.


— Claro—, eu digo friamente.

Ele desvincula a corda vermelha e fica de lado.

— Sinto muito sobre o comportamento do meu colega,


Senhorita Evanoff—, diz ele em russo. —Ele não sabia quem
você era e não quis ofender. Ele é inglês.

— Claro—, eu digo graciosamente.

— Você gostaria de uma bebida enquanto eu digo a ele


que está aqui?

—Não, obrigada—, eu digo.

Quando eu o sigo eu ouço o segurança rude perguntar


ao segurança admirador,

— Quem é Nikita Evanoff?

Eu não ouço a sua resposta.

—Por favor, aguarde aqui—, diz ele, e desaparece em


uma porta escura. Eu olho em volta de mim. Eu nunca fui a
um clube de strip. Há sim algo triste e desesperado sobre as
mulheres e os homens. Ambos se movendo em direção ao
outro como ímãs, mas ligado apenas pela moeda de dinheiro.
Eu vejo uma mulher em um poste.

—Venha por aqui por favor—, o segurança diz perto do


meu ouvido.

Eu o sigo e caminhamos em silêncio ao longo de um


corredor escuro, os sons de nossos passos nos pisos de
madeira, criando uma sensação estranha. Eu sinto meu
estômago revirar novamente. No final do corredor tomamos
um elevador até o topo. A porta se abre para uma grande sala
que rivalizava com um palácio francês. É um contraste
surpreendente com o resto do clube.

— Sinto muito, mas terei que revistar você—, diz ele


educadamente.

Eu levanto meus braços quando ele passa suas mãos


pelos meus lados, sob os meus seios, em torno de minha
cintura, e minhas coxas. Ele para em meus joelhos. Ele é
muito profissional, e eu me sinto fria como gelo.

—Por aqui—, diz ele. Ele abre um conjunto de portas


duplas e entramos em uma grande sala com uma decoração
cara.

Dimitri Semenov está sentado em um sofá longo com


duas garotas loiras de topless vestindo tangas. Elas olham
assustadas. Imagino que sejam meninas traficadas da
Ucrânia ou da Rússia. Ele descuidadamente acaricia os seios
de uma delas quando me olha com olhos pequenos e
curiosos.

— Entre e sente, Tasha —, ele convida cordialmente.

Em seguida, em uma completamente psicótica


reviravolta, ele asperamente ordena o homem que me trouxe
para sair.

Minhas sobrancelhas arqueiam em surpresa e ele sorri.


Um manhoso, sorriso feio. Um arrepio me atravessa. Eu
escutei que este homem é um monstro totalmente cruel. Sei
também que além de mim, ninguém odeia o meu pai mais do
que ele, e eu vim para vê-lo por causa do velho ditado.
O inimigo do meu inimigo é meu amigo.

— Então, o que eu posso fazer pela amada filha de


Nikita? — Ele diz as palavras como se estivesse chupando.

Ele mal consegue esconder a sua satisfação que eu vim


para vê-lo. Ele entende exatamente o que significa quando a
filha de seu inimigo vem vê-lo.

— Eu não posso falar com você na presença de qualquer


outra pessoa—, eu digo em voz baixa.

Ele dá um tapa no peito que ele estava apenas


acariciando.

— Você ouviu. O que vocês estão esperando? — Ambas


as mulheres saltam para cima e literalmente correm para fora
da sala.

Ele pega o copo de líquido âmbar e toma um gole.

— Aí está. Apenas você e eu. Agora fale.

— Preciso contratar dois de seus homens mais discretos


por um dia.

Seus olhos se estreitam.

— Todos os meus homens são discretos. — Então, para


se certificar de que ele não entendeu mal a situação, ele
pergunta: —Seu pai sabe que você está aqui?

Eu balancei minha cabeça.

Ele sorri lentamente.

— Que tipo d ... conhecimentos eles devem possuir?


— Trabalho pesado. Eles devem ser capazes de levantar,
ajudar a transportar, e completamente dispor de um objeto
pesado.

Seu sorriso se alarga ainda mais.

— Você sabe que eu tenho uma fazenda de porcos?


Esses animais gananciosos comem qualquer coisa. Lá na
Rússia alimentamos eles com serragem. Naturalmente, eles
desfrutam de uma mudança em sua dieta, tanto quanto
qualquer outra pessoa. — Seus olhos brilham com crueldade.

— Quanto vai me custar? — Eu pergunto.

— Para a filha de Nikita Evanoff... nada—, ele declara


solenemente, em seguida, ele ri novamente com a alegria de
saber que ele está olhando para o rosto do instrumento da
queda de seu inimigo.
Trinta e
Três
Tasha Evanoff
You Ruin me

Não sou eu, mas Baba, que convida o meu pai para se
juntar a nós para o jantar. Ele pode ter pensado e suspeitaria
se o convite viesse de mim, mas desde que é de Baba, Baba
que o amou desde que ele nasceu, Baba, que teria andado
sobre brasas por ele, jamais passa pela sua mente que ela o
estava convidando para sua última ceia. Ele simplesmente
assume que ela está tentando trazer a paz entre seus
parentes em guerra.

Para selar o acordo, ela diz a ele que o Chef está


preparando seu porco favorito shashlik, pedaços de carne
grelhada marinada em suco de romã.

Ele vem sorrindo, confiante... feliz. Sem um pensamento


sobre cão inofensivo, inocente, que ele massacrou. Não
apenas qualquer criatura. Meu bebê. Não é como se ele não
soubesse o quanto eu adorava aquele cão. Eu olho para ele
com espanto. Este é meu pai. Incrível como ele fez
completamente lavagem cerebral e me manipulou a aceitar o
que ele fez à minha mãe.

É quase como se o amor que ele deliberadamente reteve


de mim me colocasse sob um feitiço, onde tudo o que eu
queria fazer era obedecer e agradá-lo. Ou talvez o meu
subconsciente tivesse assimilado a cena com a minha mãe
melhor do que eu entendi. Sair da linha e ser chutada para
fora de casa para sempre. Então eu me tornei o pássaro em
uma gaiola dourada. O mundo achava que eu cantava, mas
eu estava cinza por dentro.

Se eu não tivesse tido a coragem de ir até ao escritório


de Noah naquela noite, eu ainda poderia estar sob seu feitiço.
Mas eu tive um gosto do que é estar fora da gaiola. Ele
cruzou a linha quando assassinou meu Sergei. Eu nunca vou
perdoá-lo por isso.

Ele me olha diretamente e sorri.

— Você parece bem, Solnyshko.

— Obrigada, papa—, eu respondo de olhos baixos.

Ele pede o nosso garçom para trazer duas garrafas de


Tsimlansky Preto. Baba aprova. O esfumaçado, árido vinho
vermelho com cheiro de terra é perfeito com carne grelhadas.

O vinho é desarrolhado, e os nossos copos são


preenchidos com anis. Meu pai levanta o copo e faz um
brinde.

— A riqueza desta família.

Eu obedientemente jogo a bebida na minha garganta.


Ele olha diretamente para mim.

— Um dia, você vai me entender. — Nós olhamos um


para o outro e de repente estamos presos em um vórtice. Não
há ninguém além de nós girando neste mundo. Os laços
fortes de amor, ódio, medo, lealdade, dever, engano nos
mantém unidos como em um redemoinho inexoravelmente.
Certamente deve ser claro para ele que eu, sua filha, se
voltou contra seu próprio pai? É impossível que ele não tenha
adivinhado que sua filha mansa e sua mãe amorosa estão
prestes a beijar seu rosto e traí-lo. Eu não posso respirar.
Meus pulmões parecem que vão estourar.

Em seguida, ele tira os olhos de mim e pega um pedaço


de pão preto. Eu solto a respiração que eu estava segurando
lentamente. Eu olho para seu rosto corado e, não, ele não
tem ideia. Somos apenas peças de xadrez no seu tabuleiro.
Sua arrogância nunca permitiria que ele acreditasse que
poderíamos pegar nossas próprias saias e nos mover nós
mesmas, ou as outras peças.

O vinho é derramado, a comida é trazida para dentro.


Não há apenas shashlik mas kulebyakas (tortas feitas com
carne, frango e queijo), uma variedade de blinis, bolos,
bolinhos, geleias de carne, patê, pato desossado com pepino,
dois tipos de deukhas (sopa). É claro que cada prato foi
cuidadosamente preparado e muito bem apresentado.

Como eu faço, eu não sei, mas eu consumo a festa.


Assim como Baba. Uma vez meu pai sai para fazer um
telefonema, meus olhos colidem com Baba e meu coração
para. Por um instante, parece que ela mudou de ideia e não
pode continuar com nosso plano, mas depois ela se força a
sorrir para mim. É um alívio saber que vendo Papa em seu
modo mais charmoso não mudou sua mente.

As sobremesas chegam, mousse de chocolate, outro


favorito do papa. Um vinho húngaro doce Tokaj é aberto e os
nossos copos cheios.

Mais anisette é derramado, mais brindes são feitos.

Baba olha Papa.

— Onde há amor, não há pecado—, diz ela. Nós


bebemos nossas bebidas.

Ele enche nossos copos novamente.

— Para amar—, Papa diz, segurando o copo para Baba.

— A longa vida —, eu digo, e nós esvaziamos nossos


copos novamente. O álcool queima minha garganta.

Então eu o assisto comer a mousse. Ele parece aprecia-


la e não nota o sabor das pílulas que recebi de Dimitri. Eu
estava preocupada que ele iria detectá-la, mas ele tem comido
e bebido tanto que seus sentidos foram significativamente
entorpecidos. Até o tempo que o café é servido meu pai
balbuciava as palavras. Baba pede um dos criados para
ajudá-lo até seu quarto.

A maioria dos funcionários começa a se preparar para ir


para casa.

Vou para o meu quarto e me troco pelo meu jeans, uma


camiseta, e um suéter grosso e tênis.
22:15: é a hora da troca. Por agora apenas uma equipe
de dois guardas na entrada e, claro, os cães rondando. Então,
em menos de uma hora, todas as estações, costas, frente e
lados, será totalmente composta novamente.

22:20: Eu saio e chamo os cães. Eu os coloco na


despensa onde eu coloquei as carnes que sobraram da nossa
refeição e os fecho lá. Então eu paro a câmera, colocando um
pedaço de madeira no braço que se move por conta própria
em cento e oitenta graus. É improvável que os homens na
guarita vão notar que a câmera parou de virar. Se o fizerem,
estou morta.

Eu espero.

22.30: eu jogo a corda por cima do muro. Homens de


Dimitri, Kiri e Vasluv, todos vestidos de preto, sobem
silenciosamente por cima do muro. Eu puxo a escada de
corda de volta. Aponto para o pau impedindo que a câmara se
mova e um dos homens o puxa. Nós saímos na cozinha
escura e colocamos a escada de corda e o pau dentro da
bolsa.

22.34: Eu os levo para o quarto do meu pai e fico


observando enquanto eles injetam em meu pai um sedativo
mais duradouro e profundo. Em seguida, eles o pegam e
descem as escadas com ele. Eles param na porta da frente e
esperam por mim.

22.40: eu saio para a despensa e solto os cachorros.

22.45: Eu vejo os primeiros cães, então ambos os


guardas, seus alarmes dispararam, com as armas na mão,
correndo em direção à porta de trás. A tela do computador
está mostrando que a entrada dos fundos foi violada. Pode
haver um intruso no mesmo terreno.

22.46: Baba corta a eletricidade. Toda a casa fica


escura. As câmeras param de trabalhar. Com o coração
batendo forte, eu corro para o carro do meu pai, ligo o motor,
e abro a porta-malas. Os dois homens levam o meu pai para
fora da casa. Eles se movem surpreendentemente rápido
considerando o quão grande meu pai é. Eles o colocam no
porta malas e fecham. Vasluv usa a chave para abrir os
portões eléctricos que estão travados sem eletricidade. Em
seguida, ele espera por nós nos portões. Ah Merda. Vejo que
uma das meias do meu pai caiu no chão.

— A meia—, eu sussurro, apontando para ele deitado na


calçada. — Porra—, Kiri amaldiçoa. Ele salta para fora do
carro, corre para ela e a pega.

—Se apresse. — Exorto, olhando nervosamente para a


parte traseira da casa. Logo os guardas e cães vão voltar.

—Vamos lá, vamos lá—, eu digo, minha voz cheia de


pânico. Já posso ouvir os cães que vêm em torno do lado da
casa. Eles vão rasgar Kiri em pedaços, se eles o encontrarem.
Quando ele se aproxima, eu coloco meu pé no pedal e o carro
começa a se mover. O resto dos guardas devem estar
chegando em breve. Eu oro para que eles não cheguem cedo.

Kiri arremete contra a porta do carro aberta e a fecha


enquanto dirijo pelos portões. Vasluv fecha os portões no
lugar, assim quando os cães se batem contra ele em tal
frenesi de latidos que suas bocas espumam. No espelho
retrovisor vejo um deles correndo para onde a meia caiu,
farejando o chão ao sentir o cheiro deixado por Kiri.

Minhas mãos estão suando tanto que escorregam no


volante. Eu limpo no meu jeans, uma por uma, enquanto eu
lentamente sigo na rua e pego Vasluv. Depois de dirigir em
torno do bloco I estaciono o carro e chamo Baba.

22,59:

— Ainda está tudo ok? — Eu pergunto.

— Nada para se preocupar, criança. Falei com os


guardas. Aparentemente, era apenas um falso alarme. Houve
uma falha e a eletricidade disparou. Já voltou e todo mundo
está de volta em seus postos.

Eu dou um suspiro de alívio e com as mãos trêmulas


ligo o motor novamente.
Trinta e
Quatro
Tasha Evanoff

É estranho, quase surreal, saber que derrotei o sistema


de segurança de um implacável criminoso da máfia, embora,
sendo justo para o mafioso, eu tinha uma vantagem desleal.
Uma que ele nunca considerou quando estava montando seu
sistema de segurança. Que ele seria traído por sua própria
família.

Eu penso em meu pai dormindo como um bebê no


porta-malas do carro enquanto ele faz sua última viagem
nesta terra, e não me sinto nem um pouco assustada ou
arrependida. Na verdade, eu não sinto nada. Nem mesmo
raiva em meu coração. Meu pai já tomou tudo que eu amava
de mim. Eu não me permito pensar em Noah, nem por um
segundo. A perda é muito grande, muito profunda. Eu não
acho que comecei a chegar em um acordo com a ideia de que
ele poderia ter ido embora, assim como Sergei. Parte de um
sonho. Não, eu prefiro afastá-lo e lidar com ele mais tarde,
quando eu for capaz de fazer.
Eu foco minha mente na tarefa em mãos, enquanto nos
dirigimos para a parte externa da cidade, onde eu só fui uma
vez. Então eu tinha dezesseis anos. Sentei na parte de trás do
carro do meu pai e dei atenção especial quando ele me disse
para aprender o caminho de cor. Esta é a casa segura
Evanoff. Só ele e eu sabemos disso. Nem mesmo Baba sabe.

—Se alguma vez houver qualquer tipo de problema, eu


quero que você venha aqui e espere até eu vir buscá-la.

Que estranha e distorcida virada do destino que a


própria casa que se destina a ser uma casa segura para ele e
para mim, vai acabar como o lugar mais inseguro para ele.

Está escuro e as coisas não parecem as mesmas do que


na brilhante luz do dia, mas um por um os pontos de
referências vêm à vista, e um por um eu marquei. Ponte.
Posto de gasolina Shell. Estação de metrô Vauxhall. Parque
de estacionamento NCP. Travessia ferroviária. Árvore de
salgueiro chorão no parque do estacionamento Sete-Onze.
Bloco de apartamentos do gabinete do Estado.

Os homens permanecem abaixados. Quase uma hora


depois que nós começamos nossa viagem, vejo a fila de
armazéns industriais e mecânica. A área é mal iluminada e
isolada. Meu pai a escolheu porque é um lugar difícil de
encontrar, sem instruções. É também um lugar em que ele
não é conhecido. Um lugar áspero, deprimido, onde as
pessoas pobres vivem e trabalham. Passamos espreitando
perto de algumas caixas, um casal de mendigos dormindo
profundamente, e um grupo de crianças bebendo e fumando.
As estradas são ruins, cheias de buracos e eu reduzo
para a direita para baixo como eu não quero ir além da
entrada e ter que dobrar de volta. Quanto mais invisível
formos, menos atenção atrairemos. Espio preocupada para
fora da janela. Todas estas lojas parecem tão semelhantes no
escuro. Dimitri disse que o tranquilizante iria manter meu pai
inconsciente por até três horas, e uma vez que agora já se
passou uma hora e meia desde que foi administrado, estou
ansiosa para levá-lo para dentro do prédio e trancá-lo antes
de ele desperte.

—Aqui está—, eu anuncio de alívio quando eu reconheço


a porta estreita. Eu pesco em meu bolso a chave que ele me
deu, tomo a pequena lanterna que eu trouxe.

Eu digo aos homens para esperar no carro enquanto eu


ando no caminho dos faróis em direção à porta de entrada. O
bloqueio pesado parece enferrujado e rezo para que a chave
funcione. Com um pouco de persuasão a chave entra e
felizmente gira. Eu tenho que usar meu ombro para abrir a
porta pesada e, em seguida, entrar. Eu ilumino a minha
lanterna para a esquerda e, em seguida, à direita, localizo os
interruptores de luz e puxo.

Sim!

Bravo Papa. Você paga suas contas.

As luzes não são maravilhosas, mas adequada e eu


começo a olhar ao redor para a porta do porão que ele disse
era praticamente à prova de som. Eu avisto na extremidade
do armazém. A porta está trancada, mas eu encontro uma
chave no meu chaveiro e abro-a. O ar cheira úmido e
obsoleto. Eu miro minha lanterna para os lados e encontro o
interruptor de luz do lado esquerdo da porta. Ligando-o.

É estranhamente silencioso. Eu dou alguns passos e


quase grito quando algo encosta em minha perna, Ugh, ratos.
Teias de aranha pegam meu cabelo e enviam um arrepio na
espinha. Obviamente, ninguém esteve aqui há muito tempo.
Eu giro minha cabeça e vejo que o quarto em si é exatamente
como eu me lembro. Há um frigorífico, um armário, uma
cama, cadeiras, mesas. Tudo o que você poderia
possivelmente necessitar de uma semana de estadia.

Eu volto para fora acenando para os homens trazê-lo.


Enquanto eles estão levantando o corpo do meu pai, eu
alcanço a mochila que coloquei no carro no início da noite.

Eu vejo como cada um deles toma um braço do homem


inerte e envolve sobre seus ombros. Em seguida, eles
apressam-se através da porta. Uma vez dentro, deixam seu
corpo dormindo descansar contra uma viga de madeira.

— O que você quer que façamos com ele? — Kiri


pergunta.

— Aqui embaixo—, eu chamo enquanto caminho para


baixo o pequeno lance de escadas. Viro e vejo como eles o
deitam de costas nos degraus e simplesmente deixo pra lá. O
corpo do meu pai rola para baixo. Para ser honesta sua
aspereza me horroriza e então eu percebo quão louco o
pensamento é.
—E agora? — Kiri pergunta, em pé ao lado do corpo do
meu pai. Sua voz é a mais alta ecoa e reverberando em torno
de nós.

Eu examino o quarto de concreto frio novamente.

— O coloque na cadeira e o amarre de forma segura. As


cordas estão na mochila—, eu indico.

— Ok, Senhorita Evanoff.

Eu olho para o meu pai enquanto ele dorme na cadeira e


eu estou, de repente, comovida por sua forma de dormir. Este
é meu pai. O que estou fazendo? Eu agarro minha garganta
com a mão e lembro do que ele fez com Sergei. E meu Noah.
Este não é o meu papai. Este homem é um estranho. Não se
deixe enganar, Tasha. Atrás dessa cara de sono tranquilo
está o coração de um monstro maligno.

— Você tem certeza que ele está devidamente protegido?


Mãos e pés? — Eu pergunto.

— Sim, ele pode mover a cabeça, então não fique tão


perto do rosto dele—, Vasluv, o homem mais velho, me diz.

Isso traz uma dispersão de arrepios em minha pele. Eu


engulo o meu medo.

— Bom—, eu digo. —Você pode sair e eu vou enviar uma


mensagem para você quando estiver na hora.

— Você vai ficar bem sozinha? — Vasluv indaga.

Eu olho para ele fixamente. Eu definitivamente não


esperava preocupação de um dos assassinos de sangue frio
de Dimitri.
— Sim, sim, vou ficar bem. Obrigada.

Ele balança a cabeça.

— Vamos esperar pela sua mensagem para retornar e


fazer o necessário.
Trinta e
Cinco
Tasha Evanoff

Meu coração está em minha garganta enquanto eu os


vejo subir os degraus e ouço seus passos ao longo do chão do
armazém no andar de cima, então eu ouço a porta se fechar
atrás deles.

Sozinha, neste lugar deprimente e assustador, meu


plano parece estranho, estúpido mesmo. Certamente, eu não
acho que eu poderia matar meu próprio pai. O que eu estava
pensando?

Eu deveria ter pedido a um deles para fazê-lo.

Eu ainda posso chamá-los, mas isso seria a maneira


covarde de sair disso. Eu tenho que fazer isso sozinha. Eu
quero que o meu pai saiba o porquê. Eu quero enfrentá-lo e
deixá-lo saber como ele tem me machucado com suas ações.
Ele nunca deu a Noah uma chance. Ele apenas o tirou de
cena. Bem desse jeito. Como se ele fosse apenas uma
invenção da minha imaginação. Agora, ele nunca vai saber o
quanto eu o amava. Me sinto engasgar e, com um suspiro, eu
me afasto das escadas, da porta, deixando a ideia de outra
pessoa fazer o trabalho sujo para mim.

Eu puxo uma cadeira em frente a meu pai e espero ele


acordar.

Por quase uma hora sento como se estivesse hipnotizada


e, provavelmente, um pouco louca na frente dele. Sim, louca
de dor. Quando ele abre os olhos eu estou decidida a matá-lo.
Quem dos meus amigos poderia me imaginar, mesmo em
seus sonhos mais selvagens, pouco obediente,
conscientemente me sentando aqui contemplando praticar
um assassinato? No entanto, aqui estou. Eu devo ter ficado
desequilibrada quando vi o corpo de Sergei. Eu ainda estou
desequilibrada.

O primeiro sinal de que ele está despertando faz meu


pulso martelar e minha espinha ficar ereta. Seus olhos
piscam e sua boca treme. Logo seus olhos abrem um pouco
mais, mas ele ainda está grogue e desorientado. Ele pisca e
balança a cabeça. Eu acho que a boca deve estar seca porque
ele lambe os lábios e engole. Talvez ele machucou o corpo
também quando eles o jogaram no chão descendo as escadas,
porque ele estremece.

Seus olhos se arregalam quando ele tenta sacudir seu


corpo e descobre que ele não pode se mover. De repente, ele
se torna extremamente alerta. Seus olhos se estreitam à
medida que caem sobre mim, então olha assustado quando
vê o ambiente. Ele olha para as cordas que amarram à
cadeira. Ele se esforça, mas apenas brevemente, quando a
realização lhe atinge que estes não são nós amadores. Ele
não vai ficar livre deles.

— O que está acontecendo, Tasha? Por que estou


amarrado? — ele exige.

— Tente adivinhar, papa.

Ele franze a testa, lembrando de repente.

— Você me drogou. — Em seguida, sua voz muda. —


Quem está aqui com você? — Ele exige.

—Estamos sozinhos, Papa. Só você e eu como todas


aquelas vezes que nós saímos para tomar sorvetes e fomos ao
cinema juntos.

— Que absurdo você está falando? — ele pergunta


asperamente. Todos os vestígios de sono fugiram de seus
olhos, e ele está tão furioso como eu nunca vi antes. Seu
rosto está vermelho.

Eu balanço minha cabeça. Mesmo em um momento


como este meu pai nunca vai baixar a guarda.

— Quem te fez fazer isso? — Ele questiona.

—Você fez, papa.

Ele olha para mim.

— O que você quer dizer?

— Que bom que você perguntou, porque eu tenho o


dever de dizer de qualquer maneira. Eu nunca te disse, tenho
eu, o quão ferida eu estava quando você chutou Mama de
casa e nunca me deixou vê-la. Todos esses anos que você me
obrigou a esconder e mentir me fazendo fugir para encontrar
mama em banheiros. Você me negou uma mãe —, eu grito.

Lágrimas começam a encher meus olhos e eu afasto-as.

—Eu perdoei tudo isso porque eu te amei. Fingi que não


era tão ruim assim. Então, quando eu disse o homem horrível
que Oliver era, você não se importou. Você ainda queria me
sacrificar a sua ambição e ganância pelo poder e status.

— Do que você está falando? Eu disse que iria protegê-la


contra ele—, ele corta em forma agressiva.

— Oh, papa. Você é muito mentiroso. Você sabia que


mesmo que ele fizesse coisas terríveis para mim eu nunca
viria e reclamaria para você. Eu tinha muito medo de você.
Gostaria apenas de suportá-lo como tenho suportado todo o
resto.

— Veja. Isso é besteira. Certo. Você não tem que se


casar com ele. Você tem minha palavra.

— Você acha que está aqui por causa disso?

O primeiro flash de medo cruza seus olhos.

— Então o quê?

— Você mandou alguém para o meu quarto para matar


Sergei. Ele era como meu filho, papai. Ele era uma criatura
inocente e eu o amava com todo o meu coração, e você
apenas o levou embora. Como você pode? Como você pode? —
Eu soluço. As lágrimas estão correndo pelo meu rosto, e eu
estou chorando muito, mas eu não me importo mais.
— Solnyshko, Sergei não era seu filho. Sergei era um
cão. Um dia você vai ter um filho e você vai entender. Você é
minha filha, a minha carne e sangue. Tudo o que tenho feito
é para o seu próprio bem. Tudo isso nós podemos pôr de
lado... e começar novamente. Talvez eu tenha sido muito duro
com você. Eu vou mudar.... Eu vou ser um pai melhor. O que
você diz? — Sua voz é suave e manipuladora.

— Como se isso não fosse suficiente, você, em seguida,


tomou o único homem que eu sempre quis. Eu amei Noah,
Papa. Eu teria dado minha vida por ele. Eu nem tenho a
chance de dizer a ele. Você tirou tudo de mim.

— Solnyshko, me escute —, ele diz, sua voz não é de


arrependimento ou remorso. É apenas adulação. É tudo
apenas uma técnica. Um truque. Um blefe. Como se eu fosse
estúpida.

Por alguns segundos eu continuo olhando para a sua


patética tentativa de encontrar uma maneira de sair da sua
confusão.

— Você é jovem e bonita. Você vai encontrar alguém—,


diz ele.

Vou até onde minha mochila está no chão e sentindo


seus olhos me seguirem. Ajoelho, puxo a arma não rastreável
que recebi dos homens de Dimitri, tiro a trava de segurança.
Eu fico em pé e caminho em direção a ele com a arma na
minha mão. Que ironia que foi meu pai que me ensinou como
usar uma arma.
Trinta
e Seis

Tasha Evanoff

— É tarde demais para isso—, digo suavemente.

Meu coração se sente como um pedaço de gelo.

— Você é um cão raivoso destrutivo. O veneno está na


sua corrente sanguínea e a única coisa humana a fazer é
acabar com você.

Ele luta instintivamente, fazendo a cadeira balançar tão


violentamente no chão de concreto que quase caiu.
Curiosamente, pois tenho me afastado bastante da cena em
torno de mim, eu vejo um medo incontrolável que escorrega
para o rosto do valentão. Ele está começando a suar. Pela
primeira vez em nossas vidas o poder está em minhas mãos.
Sem aviso, ele para de lutar e faz um grande esforço
para se controlar. Ele está mudando de tática. Ele ri. Tem um
som desagradável duro para ele.

— Você acha que é muito fácil tirar a vida de um


homem? Ela não termina após você ter puxado o gatilho. Me
deixe dizer sobre os pesadelos. Eles voltam. Suas almas te
assombram. Não há para onde correr. Me mate a sangue frio,
você me quer em seus pesadelos, pois eu juro, Tasha, eu
nunca vou esquecer dessa ingratidão. Eu assombrarei você
até o dia de sua morte, e depois de morta estarei esperando
por você no inferno.

Minha mão treme, então eu uso a outra e tento mantê-la


estável.

— Olhe para você. Tremendo como uma folha. Você não


é uma assassina. Você não tem isso em você. Assim como
aquela puta que te deu à luz. Fraca. Continue. Se atreva.
Puxe o gatilho e veja o que acontece depois. Não será
unicórnios cagando arco-íris—, ele provoca.

Suas palavras têm um efeito estranho em mim. Elas me


fazem eu me sentir tonta. Eu engulo de volta a sensação
estranha e tento manter o foco.

— Isto é por Sergei e Noah—, eu digo, mas minha voz é


fraca e incerta em relação a seus altos, ameaças e insultos
agressivos.

— Pare com isso agora, Tasha, e eu prometo que não


haverá repercussões. Vou responsabilizar à loucura
temporária causada pela dor sobre o seu cão. Dou minha
palavra aqui. Você me conhece. Eu nunca quebrei minha
palavra a você, não é?

Eu trago a arma até a altura do seu peito, com um dedo


no gatilho e o outro firmemente apertando minha mão
disparo.

Ele muda a estratégia novamente.

— Pelo amor de Deus, Tasha, você não pode atirar no


seu pai. O que sua vida vai ser depois disto? Você quer isto
em sua consciência? — ele chora.

Quanto mais ele fala, mais confusa eu me torno.

Eu tento pensar no meu pobre Sergei, e Noah, e quanto


eu odeio meu pai, mas não é como nos filmes. Puxar o gatilho
é difícil. O suor corre através do meu pescoço e minhas axilas
estão encharcadas. Eu endireito meu corpo, aponto a arma,
fecho meus olhos, mas eu simplesmente não posso segurar
firme a arma.

— Você vê, Tasha, você não é uma assassina. Agora


ouça o seu papai e me solte. Vamos sair daqui. Nós somos
família. O que Baba diria se soubesse o que você fez? Você vai
quebrar seu coração. — Há esperança em sua voz agora e seu
rosto não está assim temeroso. Ele acha que é mais forte do
que eu. Ele pensa que me conhece. Ele sabe quais botões
apertar. Ele pode ganhar isto.

Isso é quando eu decido que eu posso puxar o gatilho.


Eu percebo que eu não estou fazendo isso para ser vingativa.
Não estou nem fazendo isso por vingança. Sergei e Noah não
vão voltar se eu tirar sua vida ou não. Estou fazendo isso
porque alguém como ele não deve ser autorizado a andar
nesta terra. Eu não preciso dizer que Baba planejou isso
junto comigo. Sem sua ajuda eu nunca teria sido capaz de
levar a cabo este assassinato sem ser pega.

Talvez ele esteja certo. Eu estava tão envolvida no


planejamento que eu perdi de vista o que é preciso para
realmente matar alguém. De repente me vejo superada por
todas as emoções e sinto a minha determinação escorregar.

— Pense no que você está fazendo, Tasha. Você acha


que não haverá uma investigação? Quantas pistas você
deixou para trás? Você quer passar o resto de sua vida na
prisão? Eles amam as meninas loiras como você na prisão.
Você quer se tornar uma cadela? É isso que você quer? Não
haverá mais viagens para os cabeleireiros, lojas e feriados, e
esqueça de ter um cão. O único cão ao redor vai ser você.
Uma pequena cadela ingrata para todos os resistentes, os
criminosos endurecidos. Você estará comendo boceta para o
resto de sua vida. Que tal isso, hein?

Lágrimas começam a correr pelo meu rosto. Eu tomo um


grande gole de ar. Eu posso fazer isso. Eu tenho que fazer.
Não importa o que acontece depois disso, eu tenho que
acabar com isso aqui e agora, não só por mim, Mama e Baba
serão punidas.

Maldição, ele mostra os dentes para mim.

— Já é suficiente. Não me deixe mais irritado do que já


estou. Eu sou seu pai. Eu ordeno que você me solte agora—,
ele late, impaciente, como se de alguma forma ele controlasse
tudo ao seu redor. Naquele momento eu olho em seus olhos e
eu sei que não posso desatar este homem. Ele não vai
descansar até sua vingança estar terminada. Eu sei que
posso e devo fazer isso. Eu miro minha arma para ele
novamente.

— Sinto muito, papa. Eu não posso fazer isso. Este é o


fim. Não importa o que acontece comigo depois disso, você
não vai sair desta sala em seus próprios pés.

Seu rosto muda de repente. Ele começa a soluçar. Quero


dizer grandes lágrimas rolam para de seus olhos. Que ator
meu pai é.

— Sinto muito, Solnyshko. Eu sinto muito. Você está


certa. Eu tenho sido um pai terrível. Eu imploro a você. Por
favor. Me poupe. Você é amável e boa. Esta não é você. Você é
um anjo. Você nunca poderia atirar em um ser humano
indefeso. Eu conheço você. Você é amável e gentil. Lembra
daquela vez que você salvou a abelha? Lembra, você a
encontrou no chão e você a pegou e a deixou beber água com
açúcar da palma da sua mão até que ela se recuperou e voou
para longe. Esta é você. Isso não. Tasha, você me ensinou
uma grande lição que eu nunca vou esquecer. Você me fez
um homem melhor.

Oh Deus. Eu não posso. Eu só.... Minhas mãos estão


tremendo tanto.

— Cale a booooca—, eu grito.

Vou contar até dez. Eu posso fazer isso. Eu tenho que


fazer. Dez, nove, oito, sete, seis.... Minhas mãos ainda estão
tremendo, mas um pouco menos. Eu coloco meu dedo no
gatilho. Eu fecho meus olhos.

— Por faaavoor —, meu pai implora. Desta vez é real.

Lágrimas e ranho escorrem pelo meu rosto. Minha boca


está aberta num grito silencioso quando eu começo a
pressionar o gatilho.

— Você está certo, Nikita, ela não pode, mas eu posso.

Meus olhos se abrem, mas as palavras têm pouco tempo


para registrar no meu atordoado cérebro, confusa, antes de
eu ver meu pai tombar com um pequeno buraco em sua
testa. Quão rápida e silenciosa sua morte, mas eu não atirei
em Papa!

Minha cabeça gira ao redor e minha boca se abre em


estado de choque.

—Você está vivo!


Trinta e
Sete
Jack Irish

Dois dias antes

Quando eu me inclino sobre o homem, sua mão


instintivamente aperta meu pulso. Ele está morrendo em um
beco estreito, mas é um lutador. Ainda há força
surpreendente em seu aperto.

— Quem é você? — Ele pergunta.

— Eu sou médico.

Ele solta minha mão e agarra minha camisa.

— Não deixe eles machucá-la—, ele sussurra


urgentemente.

Então seus olhos escurecem e ele começa a perder a


consciência. Eu rasgo sua camisa encharcada de sangue e
vejo o corte. É muito ruim. Sangue está escorrendo para fora
como uma nascente de água quente. Eu também não perco
todas as tatuagens que o identificam imediatamente como
alguém da máfia russa. Quando eu pressiono minha mão
para a ferida, eu vejo um homem se arrastando ao longo do
chão em direção a nós. Seu rosto se contorce de dor e sua
perna está quebrada. Atrás dele vejo mais corpos no chão,
mas eles não estão se movendo.

—Não é o que você pensa que é—, diz ele. Ele tem a
língua presa que o faz soar como se ele estivesse assobiando.
—Não se envolva. É perigoso para você. Meu pessoal está a
caminho. É melhor você correr, menino bonito, e rápido se
você quiser permanecer bonito.

Eu olho para o homem inconsciente. Ele derrubou todos


sozinho. Isso significa que ele é letal, mas se eu não fizer
alguma coisa para parar a sua ferida de sangrar ele vai
morrer. Eu olho para a criatura se arrastando pelo chão. A
última coisa de que preciso na minha vida é me envolver em
alguma briga de bandidos da máfia russa. Meu carro está
estacionado a menos de alguns pés de distância. Eu posso
ser identificado por ele, e eles virão atrás de mim. Eu olho
novamente para a ferida do homem. Primeira regra da
medicina: Não faça o mal.

Oh, que se foda.

Eu olho para o cara rastejando em minha direção.

— Eu sugiro que você pare por aí. Não venha um


centímetro mais perto.

Ele para e faz um som estranho. Presumivelmente, ele


está me xingando em russo.

— Você é estúpido, rapaz? Toda uma equipe de homens


com facas e armas estão a caminho daqui. Eu vi você e
mesmo se você me matar há uma câmera de segurança no
topo desta rua. Eles irão identificá-lo. Eles virão atrás de
você. Você é um homem morto andando. Ele está quase
morto de qualquer maneira.

— Tanto faz. Fique onde você está, ou eu vou ter que


matá-lo eu mesmo.

Seus olhos se arregalam com incredulidade.

— Este homem não é nada para você. Você não o


conhece de jeito nenhum. Você sabe que ele é um assassino
contratado? Ele já matou muitas pessoas. Ele não é um
homem bom. Você quer matá-lo? Ou pior, dar a sua vida pela
a sua?

Olho para o homem ferido. Ele parece perigoso, e eu


posso muito bem acreditar que ele poderia ser um assassino
contratado. Ele tem os olhos e corpo para isso, mas mesmo
no momento em que ele acreditava que ia morrer, sua única
preocupação era para salvar uma mulher. Vou me arriscar
com ele algum dia.

— Você está cometendo um grande erro—, diz o outro


cara.

— Cale a boca. — Eu tiro meu casaco e rasgo a minha


camisa rapidamente.

— Você é um tolo. Eu juro a você, os meus homens vão


chegar a qualquer momento.

— Outra palavra sua e minha bota vai acabar na sua


boca.
Eu rasgo minha camisa em tiras largas e amarro juntas
para fazer uma longa atadura. Eu olho em volta para as
paredes do beco. Há uma tubulação de água preta. Eu corro
para ela. Meu palpite estava certo. Ela está cheia de teias de
aranha.

Eu tiro o meu cartão de crédito da minha carteira e mais


rápido que eu posso, recolho a teia de aranha atrás do tubo
na minha mão. Então eu corro a beira do cartão de crédito ao
longo da palma da minha mão para que todos os fios brancos
acabem no cartão.

Ficando em meus quadris, eu pressiono o lado do meu


cartão de crédito com a teia de aranha voltada para a ferida.
A seda da aranha ajuda o sangramento parar e acelera a
cura. Eu aprendi esta pequena joia de um velho africano
curandeiro. Segurando o cartão de crédito apertado contra a
ferida, eu amarro a camisa-bandagem firmemente em torno
de seu peito. Eu rasgo as extremidades e amarro-a para cima.

Sinto sua garganta. Seu pulso é fraco, mas estável.

Eu olho ao redor. Seus companheiros ainda não


chegaram. Eu posso fazer isso. Cubro o homem ferido com a
minha jaqueta e vou desbloquear o meu carro. Abro a porta
do passageiro e coloco o assento para baixo. Correndo de
volta para ele, fico atrás dele. Colocando minhas mãos sob
suas axilas eu cuidadosamente sento-o na posição vertical.
Em seguida, usando o meu corpo como uma parede para
ajudar a suportar o seu peso, estou o levantando comigo.
Uma vez de pé, eu puxo uma respiração profunda.
Ele é um cara grande e meu próximo passo tem que ser
muito rápido. Agarrando sua mão direita e segurando a 90
graus para seu corpo, eu giro debaixo dele, e apareço na
frente dele antes que ele possa desmoronar em mim. Ainda
segurando o pulso, eu me ajoelho e o coloco sobre meus
ombros.

Com ele de forma segura e principalmente equilibrado


por cima do meu ombro direito, eu corro tão rápido quanto eu
posso para o meu carro. Estou consciente que a qualquer
momento compatriotas do outro indivíduo poderiam aparecer
e eu realmente não estou no clima, ou bêbado o suficiente,
para enfrentar um bando de caras armados com facas e
armas.

— Você não vai conseguir acabar com isso—, o cara no


chão ameaça. Há um tom de desespero em sua voz. O cara é
uma merda com medo da reação de quem ordenou o golpe.

Enquanto deito o homem no banco da frente, o suor


está pingando do meu corpo, mesmo que seja uma noite fria
de meados de outubro. Eu fecho a porta e salto para o banco
da frente. Quando estou dirigindo para fora da rua eu vejo os
bandidos dirigirem na estrada em um Mercedes preto.

Eu soube imediatamente que era deles, porque um deles


tem seu copo para baixo e seu cotovelo está descansando na
beira da janela. Um cego não perderia aquelas tatuagens.
Quando nossos carros passam eu olho e vejo. Você pode dizer
que eles são bandidos de uma milha de distância, eles têm
rostos duros, rígidos e eles parecem chateados para caralho.
Muito bem, Jack. Você escapou por pouco.
Trinta e
Oito
Noah Abramovich

Tempo presente

Where The Wild Roses Grow

Congelada, ela olha para mim, seus olhos maiores do


que eu já os vi. Tão vulnerável. Tão infantil. E a um passo de
um assassino. Se eu tivesse esperado mais um segundo ela
teria puxado o gatilho e o mais belo e mais puro ser humano
que eu conheço, eu sei que teria sido manchada com sangue
para sempre. Atordoada, ela limpa o nariz com as costas da
mão.

— Eu teria feito isso—, diz ela em um sussurro


estranho.

— Esse pecado não era para você—, eu digo.

Seus lábios tremem.

— Mas não deveria estar em você.

Eu sorrio.
— Se eu tiver que ir para o inferno por qualquer coisa,
que seja isto. — Novas lágrimas enchem seus olhos e
começam a escorrer por suas bochechas brancas.

— Se você vai para o inferno, então, é onde eu vou


também—, ela soluça.

— Você não vai gostar. É quente lá em baixo e o diabo


mentiu quando disse que eles têm sorvete.

Seus olhos percorrem meu corpo inquieto. Ela ainda


está em choque.

— Eu pensei que você estivesse morto.

— Eu pensei em ficar por perto um pouco mais. Ver


como seria a definição de casa com você. Talvez me mudar
para Nice. Talvez ter um casal de filhos.

Ela tenta sorrir, mas as emoções que fluem através dela


são demais e sai como uma careta. Ela balança como se
estivesse prestes a desmaiar, e eu me atiro para pegá-la. O
movimento faz com que minhas costelas cantem. Porra. Eu
sinto o suor brotar na minha testa enquanto eu seguro seu
corpo trêmulo. Suas mãos agarram minha jaqueta com medo,
e seus olhos olham para mim ansiosamente.

— Oh! Meu Deus! Você está ferido—, ela grita, se


afastando. O pânico em sua voz ecoa pela sala.

—Não é nada—, eu digo.

Ela estende a mão para o fecho do meu casaco e puxa


aberto. Suas mãos voam para a boca.
— Oh, Deus, você está sangrando através das
bandagens—, ela exclama, olhando para a bagunça de
sangue embebido das minhas ataduras. Eu devo ter aberto a
ferida na minha pressa de chegar aqui.

— Que diabos, Noah?

— Ei, não é tão ruim quanto parece. Eu só preciso de


alguma bandagem nova e estarei bem—, digo em uma voz
calma.

Enquanto observo, a delicada flor de estufa se torna


uma rosa escarlate crescendo selvagem entre as rochas,
desafiando os homens a enfrentar seus espinhos e tomá-la.
Eu assisto a transformação com temor. Esta mulher não para
de me surpreender.

— Não, você não está bem, Noah, você está perdendo


sangue. Não admira que você está tão pálido. Precisamos
levá-lo a um hospital.

— Eu não irei para um hospital. Eu tenho um médico


esperando para me atender.

— Como você chegou aqui? — Eu dirigi.

Ela balança a cabeça distraidamente. Sua mente


descobriu alguma coisa. Ela inclina a cabeça para trás.

— Como você me achou?

— Você deu o endereço para sua avó. Eu liguei para ela.

Ela balança a cabeça novamente, franzindo a testa.

— Você não está em sua casa, está?


— Não.

— Você está em algum lugar seguro?

—Muito. Vou ficar com alguns ciganos irlandeses.

—Ciganos irlandeses?

—É uma longa história. Eu vou te dizer tudo sobre isso


quando tivermos tempo.

— Justo. Você será capaz de dirigir de volta?

— Tasha. Pare aqui. Eu não vou a lugar algum sem


você. Vou ficar aqui. Estou chamando algumas pessoas.
Primeiro as coisas que nós temos que fazer é nos livramos
dele, então irmos de volta para a casa com uma história
acreditável.

Ela balança a cabeça.

— Não há necessidade. Eu já fiz todos os arranjos e eu


tenho a minha história pronta.

— Você tem? — Olho para ela com surpresa.

— Você não rouba um banco sem um plano de fuga—,


diz ela.

Eu sorrio, impressionado e orgulhoso dela.

— Não, você não faz. Diga o plano.

— Tudo certo. Primeiro de tudo, eu fui ver Dimitri


Semenov.

Eu assobio de admiração. Dimitri Semenov. Inimigo


mais implacável do seu pai. Ele deve estar gozando em suas
calças. Quando Tasha decide fazer algo, ela não faz pela
metade.

— Ele me deu dois de seus homens. Eles me ajudaram a


trazer Pa.... ele aqui e eles vão se desfazer do carro e do
corpo. Tudo o que tenho que fazer agora é chamá-los. Eu ia
pedir para me deixar em uma empresa de taxi na cidade, mas
agora que você está aqui você pode fazer isto.

Eu franzi a testa.

— Ok, então eles se livram do corpo e do carro. O que


acontece então?

— Eu uso uma peruca preta. Você me deixa na primeira


empresa de taxi que nos depararmos. Eu, então, digo ao
motorista de táxi para me deixar dois quarteirões de distância
da minha casa. Eu corro para minha casa e ligo para minha
avó. Ela joga a escada de corda por cima da cerca. Eu escalo
e entro na casa e finjo que eu estive na cama durante toda a
noite. Amanhã de manhã, quando a família descobrir que
meu pai está ausente, chamaremos a polícia.

Eu franzo a testa.

— O teu pai não instalou um dos melhores sistemas de


segurança com câmeras por toda a casa e quatro guardas de
dia e de noite. Como você evitou os guardas? E as câmeras te
pegaram dirigindo no carro do seu pai?

Ela explica exatamente como Baba, Kiri e Vasluv fizeram


isso.
Para ser honesto, estou impressionado. Não é nada mau
para uma garotinha que nunca disse um A, a ninguém em
sua vida, mas ainda tenho de perguntar a ela sobre a coisa
mais importante.

— O que você vai dizer à polícia amanhã?

— Vou dizer que Papa foi para a cama depois do jantar e


que foi a última vez que o vi. Eu dormi profundamente e não
ouvi nada.

— Tem certeza de que não está em nenhum dos vídeos?

— Cem por cento.

Eu olho de perto para ela, em seguida, para o homem


morto na lona plástica. Ela pode realmente fazer isso?

— E se há câmeras nas ruas que registaram a sua


viagem aqui?

— Eu fui para a garagem e mudei as placas mais cedo


esta noite.

— E sobre os telefonemas que você está fazendo hoje?

— Celular pré-pago, e eu irei jogá-lo mais tarde esta


manhã em lixeiras de outras pessoas.

Eu aceno com aprovação.

— Não se preocupe, Noah. Eu planejei isso com muito


cuidado.

— Eu posso tornar mais fácil para você. Eu posso


arranjar uma tentativa de sequestro falso. Desta forma, não
vai parecer um trabalho interno.
— Não—, ela diz, e sua voz é muito segura e calma. —
Eu não quero mais ninguém assumindo a culpa por isso. Na
verdade, estou muito triste que eu fui muito covarde para
puxar o gatilho, e que foi você quem teve de fazer isso. Eu
não quero que você vá para um lugar diferente do que eu. Se
você for para o inferno, eu quero ir para lá também, com
sorvete ou sem sorvete.

— Bem. Devemos fazer a bola rolar?

Ela pesca o celular do bolso e aperta um botão.

— Está feito—, ela diz para ele. Então ela desliga e olha
para mim. — Eu tenho tantas perguntas para você, mas elas
podem esperar. No entanto, há algo muito importante que
tenho a dizer a você agora. — Ela limpa a garganta.

— Vá em frente—, eu incentivo.

— Se algo der errado hoje à noite e por algum motivo eu


não fizer isso, eu quero que você saiba que eu te amo, Noah.
Te amo mais que a minha própria vida.

Eu seguro seu belo rosto entre as palmas das mãos.

— Nada vai acontecer com você. Eu não confiarei em


deixá-la ir com qualquer taxista. Vou ligar para Sam e pedir
para nos encontrar em algum lugar. Ele vai levá-la até o final
do seu caminho e esperar até que a veja subir a escada.

Uma única lágrima flui de um de seus olhos. Eu limpo.

— E no caso de alguma coisa acontecer comigo e eu não


o fazer, eu quero que você saiba que eu te amo, Tasha. Eu te
amo como nunca amei ninguém em toda a minha vida. Eu
morreria por você, menina.
Trinta e
Nove
Tasha Evanoff

Anak

Eu coloquei a escada de corda longe e fui para a


cozinha. Baba está sentada na frente do seu pote habitual de
chá. Seu rosto está pálido e mais triste que eu já vi.

— Ele está... desaparecido? — Eu concordo.

Ela fecha os olhos e engole violentamente enquanto


tenta recuperar o controle de suas emoções.

Ajoelho ao lado dela e cubro seu punho cerrado com a


minha mão. Mesmo que tivesse sido eu a estar lá fora no frio
durante toda a noite, as suas mãos estão congelando. Ela
abre os olhos e acena.

—Você fez bem, minha filha. Você fez bem—. Sua voz
quebra na última palavra e eu jogo meus braços em volta do
seu pescoço.
— Não fui eu. Eu fui muito covarde. Eu não poderia
puxar o gatilho—. Um fantasma de um sorriso aparece nos
seus lábios.

— Estou feliz que não foi você. Uma criança não deve ter
que matar seu próprio pai, mesmo que ele seja um monstro.

— Noah fez isso.

— Então ele chegou lá. Como ele está?

— Ele está ferido, mas ele está vivo.

— Onde ele está agora?

— Eu não sei os detalhes, mas é uma espécie de


esconderijo administrado por ciganos irlandeses.

Ela balança a cabeça distraidamente.

— Onde está o seu pai agora?

— Eles levaram o corpo embora.

Seus lábios pressionam com tanta força que eles são


uma linha reta, fina.

— Para ser descartado como?

— Eu não sei. Eu não perguntei, mas tem que ser de tal


forma que nunca seja achado. — Eu conto sobre a fazenda de
porcos e sobre os porcos gulosos.

Ela olha para o chão.

— Será que ele...sofreu?

— Não. Foi instantânea. Uma bala.

— Ele estava com raiva de mim?


Eu acariciei seu cabelo.

— Ele não morreu sabendo que você me ajudou.

Um grande soluço escapa de seu corpo. Ele vem de seu


âmago e faz suas mãos tremerem tão incontrolavelmente que
eu fico assustada.

— Oh, Baba, — eu choro impotente. — Não chore tanto.


Por favor. Você vai ficar doente.

Ela faz um grande esforço para se acalmar, mas


lágrimas correm pelo seu rosto incessantemente.

— Sinto muito, Baba. Eu a fiz escolher entre ele e eu.

— Você não fez isso, minha filha. Eu mesmo fiz essa


escolha.

— Eu gostaria que houvesse outro jeito.

— Não havia. Você não acha que se houvesse eu não


teria tomado? Ele era meu filho, a minha carne e sangue. Eu
o levei na minha barriga por nove meses. Nove meses. Eu
nunca disse que quando ele nasceu, ele era pequeno e
doente, sempre chorando com cólica. Ele chorava durante
horas e seu pai ficava tão irritado, às vezes eu o envolvia com
força e o levava para o jardim no meio da noite. Eu sentava
por horas no frio apenas balançando até que ele estava tão
exausto de tanto chorar, que ele adormecia.

Ela funga.

— Então eu tentava me levantar e encontrar minhas


pernas, estavam tão frias que não funcionariam.... Quando
ele tinha quatro anos, sofreu inflamação da córnea e o
médico disse que ele poderia ficar cego. Eu o levei para a
igreja todos os dias. Eu caí de joelhos e orei para ele ser
capaz de ver novamente. Quando ele era mais velho e entrou
nessa vida, eu fiquei de joelhos novamente para pedir perdão
pelas coisas terríveis que ele estava fazendo. Eu pedi que em
seu coração fosse mostrado o caminho para o
arrependimento. A maior parte da minha vida eu estive
orando por ele, mas eu nunca senti que nada disso era um
sacrifício. Eu o amava tanto. Ele era a minha vida, meu
coração, minha alma.

— Eu sinto muito, Baba.

Ela sorri tristemente.

— Uma vez, quando ele era apenas um menino e estava


sendo impertinente eu disse a ele: —Você sabe que eu te
carreguei na minha barriga por nove meses e é assim que me
paga? — Sabe o que ele disse?

Eu balancei minha cabeça.

— Ele disse: — Diga quanto de aluguel você quer para


aqueles nove meses e eu vou pagar. Desta forma, eu não vou
ter que ouvir você falando sobre como você me carregou em
sua barriga para o resto da minha vida. Ele tinha apenas sete
anos e meio na época, mas eu deveria saber naquele dia.
Uma criança que não mostra gratidão não vai acabar bem.

Eu olho para ela, com tristeza. É impossível confortá-la.


Seu amor é mais profundo do que eu percebi.

— O que vai acontecer agora? — ela pergunta.


— Vou apresentar um relatório policial que papa está
desaparecido. Nós todos, incluindo Mama, iremos ajudar os
investigadores com todas as suas perguntas, mas como
nenhum de nós sabe nada, não poderemos ajudar muito.

— E sobre esta casa e os empregados? — Ela pergunta.

— É claro que vamos continuar vivendo nesta casa por


um tempo. Então, eu vou sair e ir viver com Noah, e depois
de um par de meses você virá viver comigo. Eu não quero
qualquer riqueza do Papa, por isso não irei declará-lo morto.
Deixe os advogados resolverem o problema no tempo devido.
Você já comeu, Baba? — Eu pergunto.

— Não. Eu não estou com fome.

— Eu ouvi você vomitar no banheiro quando subiu para


o seu quarto.

— Sim—, ela admite. — Eu vomitei tudo o que eu comi


ontem à noite.

— Eu vou fazer um cogumelo e sopa de cevada seca e


você vai tentar comer um pouco, certo?

Ela balança a cabeça.

— Eu voltarei.

Primeiro eu tiro a bateria do meu telefone celular. Vou


descartar os pedaços mais tarde. Então eu vou para a
despensa para encontrar os ingredientes. Quando eu começo
a preparar a sopa Baba vem a mim e me ajuda.
Eu sorrio para ela enquanto nós cozinhamos juntas,
enchendo a cozinha com aromas quentes do passado de
Baba.
Quarenta

Tasha Evanoff

Depois de alimentar Baba e ajudá-la a voltar para seu


quarto, eu endireitei meus ombros e fui para o quarto do meu
pai. O quarto é grande e estranhamente quieto, as persianas
estão fechadas e está escuro. Por um instante, eu parei na
estrada sentindo uma sensação de remorso. Eu tirei a vida de
um homem. Mesmo não puxando o gatilho, fui eu quem
armou e o colocou nessa posição e teria eventualmente
completado, eu estava a um fio de cabelo de fazê-lo.

Meu pai estava certo. Eu nunca mais seria a mesma


pessoa.

Então eu sacudi o sentimento escuro de inquietação e


acendi a luz.

Sua cama está amassada e mostrava claramente as


marcas de seu corpo sendo puxado para fora dela. Eu tinha
que sair daqui antes que os funcionários começassem a
chegar. Eu coloquei minhas luvas de borracha e caminhei até
a cama, arrumando para que parecesse que alguém saiu
naturalmente.
Então eu recolhi sua carteira, cinto, seu clipe de
dinheiro e os sapatos, colocando tudo num saco de roupa
suja. Dei uma última olhada, então desliguei a luz e fui para
o meu quarto. Coloquei minhas roupas e sapatos junto das
roupas do meu pai e tranquei o saco de roupa suja no meu
cofre. Eu queimaria tudo depois.

E então fui para o chuveiro.

Enquanto estou em pé sob a forte cascata de água


morna, tenho uma sensação estranha. Como se o que
estivesse acontecendo comigo não fosse real. Meu pai está
morto. Sergei está morto. Noah disse que me ama. Minha avó
está completamente devastada. Noah está vivo. Eu sou uma
assassina.

Depois do banho desci para a cozinha.

— Onde está Rosita? — Perguntei ao chefe.

— Eu acho que ela está na lavanderia. — Disse ele.

Eu corri para o porão e a encontrei dobrando alguns


lençóis.

— Você acordou cedo. — Disse ela sorrindo amplamente

— Não, eu não... — nego culposamente, então eu paro.


— Sim, eu bebi muito na noite passada e dormi como uma
pedra. Acordei com uma dor de cabeça, mas graças a Deus
passou depois que eu tomei um banho.

Rosita sorri educadamente enquanto me espera dizer o


que eu quero dela
— Ei, você sabe o cachorro que te dei outro dia, onde
está agora?

De repente ela dá um grande sorriso, onde se viam os


dentes.

— Vem. Que bom que você veio buscá-lo. Ele é muito


travesso! Impossível trabalhar quando ele está por perto. —
Disse ela, me levando pelo corredor.

Fora da porta do porão havia uma gaiola com o pobre


cachorro dentro dela. Ele estava sentado olhando com
curiosidade. Quando abri a porta e o peguei no colo, fui
atacada pelo êxtase da liberdade e ele lambeu meu rosto com
sua minúscula pequena língua.

— Eu sinto muito, isso não é culpa sua, afinal de


contas. Você é um bom menino. — Eu digo, beijando as
orelhas macias.

Então eu subo com ele nos meus braços, até o quarto de


Baba. Ele nunca iria ocupar o lugar de Sergei, mas ele
merecia mais do que ficar preso em uma gaiola no porão. Um
dia eu aprenderei a amá-lo.

Eu o coloquei no chão no quarto de Baba e ele começou


a correr como um louco, do jeito que Sergei costumava fazer.
Eu olho para Baba.

— Se você não se importa, vou chamá-lo de Niki. Ele


será o presente de Papa para nós. Será uma das coisas boas
que Papa me deu.
Eu esperei até duas da tarde, quando ficou claro entre
os criados e todo o pessoal da casa que papai estava
desaparecido. Algo estava errado, então eu telefonei para
Oliver, que demorou para atender, já estava a ponto de deixar
uma mensagem.

— Olá, Tasha! — Disse ele. Como eu pude pensar em me


casar com ele ou viver com ele, parecia incrível agora. Devo
ter sido uma pessoa diferente, não estava realmente vivendo,
afinal.

— Oliver, estou ligando para dar a má notícia de que


meu pai está desaparecido.

— Como assim desapareceu?

— Ele saiu com o seu carro no meio da noite e não o


encontramos nem a ele nem o carro.

— Você está brincando?

— Claro que não — eu disse friamente.

— Desculpe! — Diz ele surpreso com minha frieza. — É


que isso parece ser incrível.

— De qualquer forma, estou ligando para dizer que,


dadas as circunstâncias, não haverá casamento.

— Não tão rápido! Seu pai e eu tínhamos um acordo.

— Sim eu sei. Você terá que discutir isso com ele


quando ele aparecer. Tchau!

— Espere um minu...
Terminei a chamada. É isso, digo e um sorriso chega aos
meus lábios.

Meu telefone toca, é ele. Rejeito a chamada e bloqueio o


seu número.

É hora de ir à polícia, joguei meu velho celular no lixo


em Park Lane e a bateria numa lixeira em frente à delegacia
pouco antes de eu reportar uma pessoa como desaparecida.
Depois de tudo, comprei um aparelho novo.

Naquela noite eu dormi no quarto de Baba com Nikki.


Quarenta e
Um
Jake Eden

Você poderia ter me derrubado com uma pena quando


meu irmão Shane me ligou durante as férias na Guiana. Ele
me disse que precisava de uma casa segura para um homem
se esconder da máfia Russa.

— É melhor você não estar metido com a porra da máfia


russa! — Foi a minha primeira reação e ele me garantiu que
não estava. Minha próxima pergunta foi: — Como você
conhece alguém que precisa de uma casa segura, porra?

— É uma longa história! — Disse ele. Ele não queria


falar pelo telefone, para encurtar a história, ele devia um
favor a Zane, o mafioso russo que se tornou Alexander
Malenkov, o mundialmente famoso pianista. Eu não tinha
ideia de que Shane o conhecia, as vezes Shane me
surpreendia. Toda a minha vida eu sempre o tratei como uma
criança, o playboy da família, e aí, de uma hora para outra,
ele me surpreendia.
O nome do homem é Noah Abramovich e, pelo jeito, está
ferido. Então eu esquematizei para que ele fosse retirado do
apartamento de um médico e transferido para uma casa
segura. Esta tarde, eu deveria pegar Tasha Evanoff e levá-la
com ele. Eu conheço o pai dela... muito bem, na verdade.
Corrupto para caralho, suas empresas legítimas são uma
fachada para seus negócios obscuros.

Tasha Evanoff eu concordamos em nos encontrar no


Starbucks em Knightsbridge. Cheguei cinco minutos antes da
hora marcada, mas ela já estava lá, eu a reconheci
imediatamente. Ela estava sentada ali, como uma certinha, a
beleza russa loira de olhos azuis com um núcleo interno de
aço puro

Ela é o oposto da minha esposa, minha Lily parece


durona, mas ela é delicada por dentro. Às vezes quando olho
para ela, sinto uma pontada de preocupação. Eu fico na
janela a observando alimentar seus pássaros e ela parece tão
distante, tão inatingível que me dá vontade de descer as
escadas correndo, agarrá-la firme e fodê-la, para que eu
esteja dentro dela, seja parte dela.

Então não haverá mais nada na sua cabeça e mente


exceto eu. Isso me torna ferozmente protetor. Desde que
ficamos juntos eu não a deixei uma única noite, a levo em
todos os lugares comigo e se ela não pode ir, eu não vou. Não
confio em mais ninguém com ela. Não. O seguro morreu de
velho.

— Tasha Evanoff?
— Olá, Sr. Éden. Obrigada por se encontrar comigo. —
O sotaque dela é pura classe, o melhor que o dinheiro pode
comprar. Ela representa a finesse das escolas caras que
frequentou, e mesmo que sua educação dissesse que não é
necessário, ela estendeu a mão. Ela está vestida em um
discreto e muito conservador top azul e uma saia, mas há um
monte de segredos por trás dos olhos cautelosos.

Peguei na sua mão, mãos macias, que nunca tiveram


um só dia de trabalho na vida.

— Jake Éden, e não precisa me agradecer. É um prazer.


— Eu digo.

Ela morde o lábio inferior.

— Ele está bem?

— Outro que sofre por coração partido, sim. — Ela sorri.

— Assim é melhor. — Eu olho para baixo na mesa. Ela


está quase terminando seu latte. — Você gostaria de algo
para beber? — Ela pergunta.

— Na verdade, não. Estou estacionado em local


proibido.

Ela pega a bolsa e me segue até o carro, que não tem


nenhum bilhete de zona azul no para-brisas. Abro a porta do
passageiro e a ajudo entrar. Ela pega um brinquedo entre
seus pés.

— Você tem filhos?

Eu sorrio.

— Três.
— Que legal!

— Sim.

Ligo o motor e meu telefone toca.

— Minha filha mais velha, Liliana, está me ligando


agora. — Eu coloquei no viva voz e comecei a dirigir.

— Papai, você não vai acreditar no que Tommy fez! —


Diz ela, furiosa.

— Que foi que ele fez?

— Ele colocou um balde de areia no vaso sanitário do


meu banheiro e agora ele está entupido.

— O que você fez com ele primeiro?

— Nada.

— Você tem certeza disso?

— Bem, ele começou. — Tasha ri. — Quem está com


você? — Ela pergunta instantaneamente.

— Você não conhece. — Eu digo.

— Como você sabe? Eu poderia. — Diz ela, impertinente.


Tasha ri novamente. — Será que a mamãe conhece?

— Não, mamãe não a conhece.

— Será que ela vai para a minha escola?

— Liliana, você não a conhece. Agora podemos voltar


para o seu problema com Tommy?

— Mas como você sabe que eu não a conheço? Conheço


muitas pessoas. Você deveria me deixar falar com ela, papai.
— Diz ela com confiança e voz de adulto, que assusta a
maioria das pessoas. Agora Tasha não consegue parar de rir.
Eu olho para Tasha.

— Você quer falar com a minha filha?

Enquanto eu entrava na autoestrada M25, minha filha


estava ocupada interrogando cuidadosamente a filha de um
dos chefes da máfia russa escondido em Londres. Quinze
minutos mais tarde a conversa ainda estava forte.

— Você deve vir à nossa casa — diz minha filha. — Você


vai gostar. Temos um cão grande e um pequeno gato, muitos
peixes, dois hamsters impertinentes e muitos pássaros. Você
pode ficar no quarto de hóspedes. Você quer vir?

— Bem, obrigada. Talvez eu vá num outro dia.

— Vem esta sexta-feira. — Liliana convida.

— Er ... talvez não nesta sexta-feira. — Diz Tasha.

— Que tal no sábado? — Minha filha insiste.

— Liliana. Quantas vezes vou ter que te falar para não


forçar as pessoas a fazerem coisas que elas não querem?

— Eu não estou forçando Tasha, ela disse que queria


vir.

— Mesmo assim! — Eu digo. — Tasha tem que ir agora.


Se despeça.

— Adeus, Tasha. Papai, sobre o Tommy...

— Liliana, estou prestes a chegar. Podemos discutir isso


mais tarde?
— Oh, tudo bem! — Ela bufa.

— Boa menina.

— Te amo! — Diz ela.

— Até logo.

— Diga de volta. — Ela exige.

— Eu te amo, abóbora.

— Tchau, papai. — Ela canta alegremente antes da


linha cair.

— Que garota incrível. — Diz Tasha desejosamente.

— Tente viver com isso 24 horas, sete dias por semana.


— Eu digo, mas, na realidade, estou exultante de orgulho
quando eu penso nela.

— Eu adoraria ter um filho como ela. — Diz Tasha. —


Ela é tão inteligente e tão viva.

Eu sorrio.

— Sim, ela é tudo isso.

Eu saio para Chertsey e depois de algumas estradas nós


entramos em uma estrada de terra com campos em ambos os
lados. De repente, um homem aparece do nada na estrada,
ele não se move. Outro homem aparece. Eles cercam o carro,
e eu sinto a mudança de energia do lado de dentro. Eles
tinham a aparência feroz, desgrenhados e seus rostos
carrancudos enervam Tasha.

— Quem são essas pessoas? — Indaga.

— Eles são o meu povo. Os ciganos irlandeses.


Ela se vira para mim. Seus olhos estão cheios de medo.

— Confia neles?

A olhei nos olhos.

— Com a minha vida.

Ela exala e eu sinto a tensão sair de seu corpo,


enquanto eu abro a janela. Um dos homens põe o braço de
pugilista no topo do carro e se inclina. Ele tem cheiro de
bacon e cerveja.

— Como vai, Craig? — Pergunto.

Seus olhos azuis cintilantes estão cercados de linhas


finas de expressão.

— Bom dia para você, Jake, meu rapaz. Nenhuma


notícia é boa notícia.
Quarenta
e Dois
Tasha Evanoff

Depois que Jake e o homem trocaram algumas palavras


em um dialeto tão estranho que eu mal pude entender o que
diziam, a multidão intimidante de pessoas sujas, que nos
olhavam fixamente, as quais presumi que deveriam habitar
as caravanas dos campos por ali, se afastaram para permitir
a passagem do carro.

O carro parou finalmente em frente a um bangalô


simples, com um telhado vermelho. Noah estava sentado do
lado de fora fumando um cigarro, e para meu grande alívio,
parecia bem. Quando ele vê o carro, joga fora o cigarro e vem
até nós.

— Eu vou beber uma cerveja com os rapazes, mas


estarei de volta para buscá-la em uma hora. — Diz Jack
antes de fechar a porta.

— Obrigado. — Diz Noah.

— Sem problemas. — Ele deu de ombros e se afastou


caminhando a passos rápidos.
Eu fiquei lá, meu queixo ligeiramente baixo, olhando
Noah. Na luz fria do dia eu me sentia de repente tímida. Um
fraco sol de outono se esforça a brilhar através das nuvens
cinzentas e baixas. Ele aponta seu dedo na minha direção.

Eu finjo olhar ao redor, em seguida, levanto as


sobrancelhas, e aponto para meu peito. Sorrindo, ele acena
com a cabeça.

Deus, eu o amo muito. Corro para ele, meu coração tão


cheio de amor que parece que vai estourar. Ele pega na
minha mão e me gira ao redor.

— Como é possível você estar mais bonita a cada vez


que te vejo?

Eu sorrio como uma tola e ele me segura em seus


braços e me beija, ali mesmo na calçada de concreto, um
beijo longo que queima lentamente e vai se tornando melhor e
melhor.

Oh, Noah, Noah, Noah.

No momento em que ele levanta a cabeça, meu rosto


está quente e os meus lábios vibram.

— Eu te amo. — Sussurro.

— Eu destruiria tudo que eu tenho por você.

— Eu destruo tudo o que eu tenho por ti! — Digo.

Ele faz uma carícia na minha face com o polegar.

— Eu quero acordar com um beijo destes todas as


manhãs. — Disse ele
— Verdade?

— Sim, verdade. Você pode fazer isso? — Eu aceno. —


Bom, vou cobrar isso de você.

—Diga. — Eu digo com um sorriso sexy. — Quando foi


que você soube que me amava?

— Difícil de dizer. Eu queria você há tanto tempo que as


linhas estão turvas.

— Que tipo de resposta chata é essa? — Eu reclamei. —


Eu não posso dizer isso aos meus netos. Diga algo melhor!

— Tudo bem. Eu te amo desde antes de nascer, mas eu


fui forçado a te esquecer, porque a dor de não ter você era
insuportável, porém por todo esse tempo eu sabia que você
estava lá fora esperando por mim. Muitos verões atrás, eu vi
você deitada à beira da piscina tomando sol e eu achei que
era você, mas não tinha certeza. Até o dia em que você
apareceu com um casaco de lã cor de rosa e eu sabia, minha
magia voltou.

— Isso é lindo. — Sussurrei.

— Eu tenho muito para contar e descobrir mais sobre


você, mas eu estou morrendo de vontade de te foder. — Ele
geme.

— O que faz você pensar que eu não estou? — Eu


pergunto descaradamente. Ele ri e me leva para dentro do
bangalô, que era bem simples com móveis baratos e dois
quartos ao longo do corredor. Através de uma das portas
abertas eu posso ver o quarto com uma cama desfeita. Olho
profundamente nos seus olhos. — Temos que ter muito
cuidado, não quero machucar você.

— Que se fodam os cuidados. Isso é para os outros, não


para nós. Agora vai tirar esse vestido antes que eu
enlouqueça? — Com um sorriso abri o zíper do meu vestido e
o deixei cair no chão. Por baixo do vestido tinha uma roupa
de enfermeira colada ao meu corpo e ligas. Seus olhos se
arregalaram. — Bem, bem. — Disse ele em voz baixa.

— Você está me encarando, Sr. Abramovich?

— Estou sempre olhando para você, bonita. — Ele


ronrona, os olhos rodando com apreço e desejo quente, eu
agito meus cílios.

— Então você não acha que estou muito safadinha?

— Nunca. — Eu lambo meus lábios deliciosamente.

— Você não está dizendo isso por dizer, não é? — Ele


balança a cabeça.

— Não.

— Você é muito gentil, Sr. Abramovich.

— Na verdade, não me sinto particularmente gentil


neste momento.

Segurando sua mão eu o levo até o quarto, caminhando


até a cama, me inclino e finjo ajeitar os travesseiros, deixando
a minha bunda empinada, para que ele pudesse vê-la nua.
Quando me viro de volta para ele, sua expressão é impagável.

— Venha e deite na cama para que eu possa medir a


sua temperatura. Você parece meio febril.
— Sim, vamos chamar isso de febre.

— Agora, vem cá depressa. O médico estará aqui em


breve e eu não quero perder a minha licença por este...
episódio. Não conte a ninguém, está bem?

— Ok.

— Oh meu Deus. É muito importante para nós


enfermeiras manter nossa reputação limpa, se não, cada
Tom, Dick e Harry vão querer mais, você sabe o que quero
dizer.

— Não se preocupe. Compreendo perfeitamente. — ele


diz.

Ele caminha até a cama e se deita, então subo ao seu


lado e começo a tirar suas calças.

— Eu pensei que você ia medir minha temperatura. —


Disse ele com um toque de diversão em sua voz e eu
respondo com um olhar severo.

— Me dê um minuto. Estou prestes a fazê-lo. — Seu pau


está duro como uma rocha e salta assim que o solto. Passo
meus dedos em torno dele e eles se parecem muito femininos
e brancos contra sua dureza. Eu sorrio maliciosamente para
ele. — Quente e duro, estou com medo.

— Estou feliz que você descobriu isso, enfermeira


Evanoff.

— Está sendo desnecessariamente atrevido, Sr.


Abramovich? — Ele balança a cabeça. Eu toco suas bolas. —
Elas estão apertadas e doloridas?
— Estão. — Ele concorda solenemente.

— Também acho. — Eu me curvo e planto um beijo


suave na cabeça do seu pau, que se contrai em resposta. Eu
o coloco na minha boca e deslizo meus lábios lentamente
para baixo da pele suave e quente, enquanto ele geme de
prazer. Sugando com força eu puxo minha boca para longe,
fazendo um estalo alto, então levanto a cabeça. — Sr.
Abramovich, você já fez isto com uma enfermeira antes? —
Eu pergunto, minha voz sensual e ofegante.

— Não! — Ele admite.

— Você sempre quis?

— Mmmm... não era uma grande prioridade ... até hoje.


— Puxei meu vestido até estar em volta da minha cintura e
então abri as pernas e assisti enquanto ele olhava para a
minha boceta suavemente raspada, com meu clitóris
espreitando para fora da fenda molhada, e implorando,
apenas implorando, para ser fodido. Sentando em seu colo,
eu deslizo os lábios da minha boceta contra o seu eixo
espesso.

— Nossas partes unidas se parecem com um cachorro—


quente, Sr. Abramovich? — Eu pergunto descaradamente
enquanto continuo roçando minha fenda sobre o seu pau
duro.

— Oh porra! — Ele pragueja, e tenta pegar minha


cintura e me encaixar em seu pênis, mas eu bato em suas
mãos.
— Paciência, Sr. Abramovich. Temos que ter cuidado de
como vamos fazer isto.

Assim que minha fenda começa a deslizar contra ele


novamente, eu posso dizer pelo seu olhar que sua tolerância
chegou ao fim. Devagar me empalo sobre em seu pau. Apenas
alguns dias sem ele é como uma eternidade para meu corpo,
eu sinto seu pau me alargar e me preencher completamente.
É tão bom, eu coloco minhas mãos em ambos os lados dele e
jogo minha cabeça para trás, cavalgando duro e
profundamente, montando até que começamos a suar, e
mesmo assim eu não parei, continuo até que todo meu corpo
começa a tremer com meu orgasmo iminente.

Percebendo o quão perto de gozar estou, ele agarra


minha bunda e me puxa mais firmemente contra ele, mais
violentamente do que poderia ser bom para a sua ferida e ao
fim ele se empurra para cima fazendo jorrar sua semente tão
profundamente dentro de mim quanto possível. Parece que se
passaram anos até que se pau jorrou e vazou dentro de mim.

Ofegante, eu sorri para ele.

— Você se sente melhor, Sr. Abramovich?

— Muito! — Ele murmura e puxa meu corpo mais perto,


me beijando profundamente. — Eu te amo, enfermeira
Evanoff. Eu realmente, realmente, realmente te amo para
caralho.

— Bem — eu respiro. — Tenho que dizer, você é o meu


melhor paciente, Sr. Abramovich.
— Melhor não haver qualquer outro ou você vai se vestir
como uma assistente do necrotério em breve.

— Para mim sempre foi você. — Eu sussurro. Então me


enrosco contra o lado ileso de seu corpo e conversamos. Digo
tudo o que aconteceu a partir do momento devastador em
que encontrei Sergei e ele me conta sobre o médico que o
encontrou meio morto na rua, sobre a favor que o irmão de
Jake Éden devia a Alexander Malenkov e finalmente, ele me
diz o que seus homens já ouviram falar nas ruas sobre o
desaparecimento do meu pai.

— O que estão falando?

— Que a filha de Evanoff foi vista na boate de Dimitri


Semenov um dia antes do seu desaparecimento, mas eles não
têm mais nada. Ninguém sabe nada.

Então é hora de eu me vestir novamente.


Quarenta e
Três
Jack Irish

Uma semana depois

Olho pela minha janela a rua abaixo e vejo um homem


vestido com uma jaqueta de couro preta e calças pretas
inclinado contra o poste do outro lado da rua, fumando um
cigarro.

O chão a seus pés está cheio de bitucas de cigarro. Dou


de ombros em minha jaqueta, enfio minha faca na parte de
trás da minha calça jeans e volto para a janela. Ele ainda está
lá olhando como se ele não se importasse com o mundo, mas
seus olhos estão afiados e alertas.

Saio para baixo para o Hall de entrada, e em seguida


para o ar fresco da manhã e atravesso a rua. Ele se endireita
de sua posição inclinada, atira o cigarro fora e sorri
mostrando os dentes manchados de nicotina. Vejo que suas
mãos estão cheias de tatuagens quando ele abre sua caixa de
Marlboro vermelho e oferece a mim.
— Essa merda vai te matar. — Eu digo.

— Vai ser uma grande coisa boa se forem os cigarros a


causa da minha morte. — Diz ele. Sua voz rouca é como
whisky ou melhor vodka, seu sotaque dá a impressão de que
ele saiu agora do barco que chegou da Rússia

— O que você ainda está fazendo por aqui?

Ele dá de ombros.

— Só admirando a vista.

— Ah é?

— Sim, é lindo por aqui. O chefe manda cumprimentos,


a propósito. — Eu suspiro.

— Eu pensei que o perigo tinha passado. — Eu digo e


ele sorri.

— Quando você corta a cabeça, por vezes, a cauda salta


para te dar uma mordida.

— Certo. Diga a seu chefe que eu não quero ver


ninguém passeando por aqui depois de hoje. Estamos quites.
Eu fiz o que era certo e ele não me deve nada. — Eu disse
quando me afastei.

— É bom ter amigos. Talvez um dia você precise de sua


ajuda, sim? — viro e sinto o peso da faca que carregava nas
minhas costas.

— Talvez nunca mais.

— Nunca é muito tempo, Mr. Irish.


Quarenta
e Quatro
Tasha Evanoff

Um mês depois

Um homem senta na cadeira na minha frente.

Olho para cima e minha expressão não muda, tomo um


gole do meu café com leite.

— Olá, Inspetor Stone. — Eu digo.

Ele sorri, e tem um sorriso agradável. Quis saber mais


sobre ele, se tem esposa e filhos, como ele é quando não está
encarando alguém que acredita ser suspeito de homicídio.

— Você foi às compras vejo. — Diz ele.

Comprei um presente de aniversário para Baba, mas


nem fodendo eu daria satisfação dos meus hábitos de
consumo, isso não tem absolutamente nada a ver com ele ou
a sua investigação. Olhei para ele constantemente e sem
qualquer reação.

— A comida aqui é boa? — Indaga.


— Eu não estaria aqui caso contrário.

A garçonete vem com o menu nas mãos e o entrega,


porém ele não o abre.

— O que é bom aqui? — Pergunta à mulher. Ela encolhe


os ombros e sorri.

— Eu sou vegetariana, mas ouvi dizer que é tudo bom.

— Eu posso pedir um hambúrguer?

— Nós realmente não fazemos hambúrgueres — diz ela


com outro sorriso, mas um pouco mais forçado desta vez. —
Dê uma olhada no nosso menu.

— Que tal um sanduíche de queijo? — Se ela pudesse


rolar os olhos e não perder seu trabalho, ela faria.

— Não, nós não fazemos isso aqui também.

— Massa?

Ela olha para mim como se estivesse pedindo ajuda ou


algum tipo de solidariedade feminina, mas não posso ajudá-
la. Estou disposta a esperar por algo pior do que apenas
exasperação. Eu pego outra batata com o garfo e coloco em
minha boca.

— Hum.... Nós servimos principalmente comida russa. É


um café russo.

— O que ela está comendo? — Pergunta ele, sacudindo a


cabeça em minha direção.

— Salada de batata vermelha. — Responde olhando


para o meu prato.
— Hmmm ... Não. Traga algo mais próximo de um
hambúrguer ou um sanduíche de queijo ou até mesmo uma
boa massa.

— Que tal bolinhos de carne?

— Isso é mais como um hambúrguer ou um sanduíche


de queijo? — A menina começa a parecer irritada, ela se vira
para olhar significativamente às outras mesas que precisam
de sua atenção também. — É mais como uma massa
recheada de carne.

Ele sorri inocentemente.

— Ótimo. Isso é o que eu quero.

— E o que você gostaria de beber, senhor?

— Quero uma Coca-Cola.

— Obrigada, já trago. — Diz ela, acenando rapidamente.

Eu coloco o meu garfo para baixo, limpo a minha boca e


olho para cima para encontrá-lo me observando. Ele tem
olhos cinzentos lacrimejantes e ele pisca muito
frequentemente. Eu tenho um forte sentimento de que
debaixo deste tipo colombo desastrado ele é realmente muito
astuto e inteligente.

— O desaparecimento do seu pai é um caso muito,


muito engraçado — ele diz, pegando o saleiro e olhando na
parte inferior do mesmo, como se houvesse algo de vital
importância lá.

— Mesmo? Por que é isso?

— Principalmente porque não faz sentido.


— Oh? — Ele me olha com aqueles olhos lacrimejantes.

— A menos que fosse um trabalho interno.

— Essa é uma ideia interessante.

— Acho que sim. Por exemplo, todas as câmeras de


segurança estavam funcionando perfeitamente, exceto a
câmera 9. — Ele coça o rosto, em seguida, puxa um
notebook. Ele abre as notas em uma página. — Ela para de
rodar das 22:24 até às 22:33. No começo eu pensei que era
uma falha, mas quando eu chequei a câmera descobri que
um pouco de tinta foi tirada dos lados. Como se sabe, alguém
que encaixou uma vara ou um pedaço de madeira para evitá-
la de girar em volta. — Olhei para ele com interesse. — E
outra coisa, sua avó recebeu uma ligação — ele diz, olhando
sua agenda, — Às 22:58 de um celular pré-pago. Num
momento estranho, não acha?

— Gostaria de perguntar a ela quem era? — Ele sorri.

— Número errado. — Eu sorrio de volta.

— Lá vai você, então.

— Há uma outra anormalidade. Os registros de


chamadas da sua avó mostram que a única pessoa de quem
ela normalmente recebe chamadas é você, mas naquela noite,
ela recebeu um telefonema de um senhor chamado Noah
Abramovich cerca de 23:30. Sim, ela alegou que ele apertou o
botão errado. Então, ela recebe outra chamada duas horas
depois do mesmo celular pré-pago que ligara mais cedo.
Errado de novo. Quais são as chances de isso acontecer?
— Bem, as chances de ser atingido por um raio em sua
vida são de milhões para um e ainda há pessoas que foram
atingidas por um raio mais de uma vez e sobreviveram para
contar a história. Eu acho que há um cara nos EUA que foi
atingido seis vezes. — Eu sorrio. — Nós vivemos em um
mundo estranho e maravilhoso, Inspetor. — Ele parece triste,
fiz uma expressão preocupada. — Certamente você não acha
que a minha avó tenha algo a ver com o desaparecimento de
meu pai, não é? — Ele ignora a minha pergunta.

— Você não é a única herdeira dos bens de seu pai?

— Eu não tenho ideia e desde que eu não acredito que


meu pai esteja morto e sim simplesmente desaparecido, não
saberemos o conteúdo de seu testamento até que seu corpo
seja encontrado ou os sete anos legais para obter uma
declaração de morte presumida se passe. — Ele se inclina
para frente.

— Por que você está tão ansiosa para acreditar que seu
pai está desaparecido e não está morto?

— Eu sou sua filha. Prefiro acreditar que ele ainda está


vivo e bem em algum lugar. É tão difícil de entender, Sr.
Stone?

Sua Coca chega e ele agarra a o canudo entre os lábios e


bebe, olhando para ela de uma forma desconexa, quase me
fazendo sentir pena dele. Eu recolho minha bolsa e minhas
sacolas.

— Eu devo ir, mas você vai me avisar se descobrir


alguma coisa, não vai, inspetor?
Ele sorri cinicamente.

— Pode apostar.

— Bem, eu vou desejar um bom dia, então.

— E você vai me deixar saber se descobrir alguma coisa,


não vai, senhorita Evanoff?

— Claro. Estou tão ansiosa para encontrar meu pai


como você está. — Ele sorri.

— Um dia, senhorita Evanoff. Um dia você vai cometer


um erro. — Eu paro e sorrio lentamente. Ele não tem um
cadáver e nunca terá. Ele não tem nada.

— Eu acredito em karma. Se eu tiver feito algo errado,


então eu vou pagar o preço.

— Boa sorte.

— Obrigada, e o mesmo para você. — Eu vou embora,


sabendo que seus olhos estão em mim, meu coração está
leve, sem medo.
Quarenta e
Cinco
Tasha Abramovich

Dez meses depois


Barry White — My First My Last My Everything

A enfermeira coloca o corpo pequenino em minhas mãos


e eu seguro a pequenina vida que eu criei em meu corpo e me
encho de um amor feroz. Morte e condenação é o que terão
quem ferir um fio de cabelo em sua cabeça minúscula. Como
ditado pelo costume, Baba se recusou a deixar-me falar sobre
o nome da criança.

— Vai trazer o mau-olhado. Não diga a ninguém! — Hoje


é o primeiro dia, eu vou dizer o nome que escolhi para o meu
filho.

— Olha o quão vermelho você é, Sergei. — Eu sussurro.


Nem um dia se passou sem que eu pensasse, falasse ou
rezasse pelo meu Sergei. Ele foi arrancado de mim muito cedo
e hoje vou honrá-lo por nomear meu primeiro bebê com seu
nome. Sergei faz um pequeno som como se ele reconhecesse o
seu nome.

A porta se abre com estrondo e Noah entra no quarto,


ele para depois de dar dois passos. Está pálido, seu cabelo
bagunçado e seus olhos são bastante selvagem.

— Está tudo acabado. O bebê está fora. Você está bem?


— Ele pergunta urgentemente, as suas palavras correndo
para mim.

— Estou bem e está tudo acabado. — Eu digo


suavemente. Seu rosto é uma imagem de culpa.

— Eu perdi tudo.

— Como está sua cabeça? — Pergunto, segurando o


riso.

— Está tudo bem. — Ele responde timidamente. Eu


sorrio para ele e finjo bufar.

— Humpt... Herói da máfia, grande assassino de aluguel


e desmaia na primeira visão de sangue. — Ele está à porta e
esfrega a parte de trás do seu pescoço sem jeito.

— Eles cortaram você. Ninguém me disse que eles iam


cortá-la. Eu nunca esperei que fizessem isso!

Meu coração explodiria com o amor que sinto por este


homem.

— Venha aqui, seu grande idiota, e conheça seu filho. —


Eu digo rispidamente. Ele vem para a frente, ansioso. —
Sente. — eu digo, e quando ele se senta eu coloco Sergei em
suas mãos grandes.
Este é um momento que eu me lembraria para sempre.
Nosso bebê se encaixa em suas mãos em forma de concha. O
rosto de Noah se suaviza enquanto olha a magia que criamos
juntos.

— Ele é tão pequeno. Isso é normal? — Ele pergunta


preocupado.

— Pois não? Tente empurrá-lo para fora do seu pinto e


depois vem me dizer que ele é pequeno! — Retruco. Ele cora e
imediatamente meu coração se comove. Ele é tão russo
quando se trata de gravidez e bebês. Completamente perdido
e desconcertado. — Ele nasceu com três quilos e seiscentas
gramas. Isso é um bom tamanho. — Eu digo a ele
tranquilizadora.

Sergei move a cabeça e boceja um bocejo fofo, saudável.


Ahhhh, meu filho já bocejou.

— Você viu isso? Ele bocejou! — Noah diz


animadamente.

Nós olhamos um para o outro, os dois tão


profundamente apaixonados pela pequena pessoa que
criamos que nos tornamos bobos com isso. Ele respira
profundamente.

— Me desculpe eu... er... Desmaiei. — Eu rio.

— Sim, como isso aconteceu mesmo? — Ele balança a


cabeça.

— Eu não sei. Eu posso ver meu próprio sangue e o


sangue de outros homens, mas eu não posso te ver sangrar.
Minha cabeça começou a girar e antes que eu percebesse eu
fui embora.

— Oh, Noah. — Ele vem para a frente e me beija


suavemente.

— Você foi incrível. Estou tão orgulhoso de você! Eu


simplesmente não posso acreditar que eu perdi tudo.

— Não importa, na próxima vez... — ele franze a testa.

— Próxima vez? Você quer passar por isso de novo? —


Ele pergunta incrédulo.

— Claro. Sergei precisa de irmãos e irmãs, não quero


que ele seja filho único como eu.

— Não! — Ele diz decisivamente. — Eu acho que você


sofreu o suficiente. Eu não acho que vamos ter mais filhos.
Podemos adotar, há tantas crianças que precisam de uma
boa casa.

— De jeito nenhum. Nós teremos pelo menos quatro


crianças, talvez cinco e se você quiser, podemos adotar um
casal também, mas a próxima vez que eu entrar em trabalho
de parto você pode ficar perto da minha cabeça.

— Nós teremos que conversar sobre isso. — Disse


sombriamente.

Há uma batida na porta e Baba entra segurando um


prato cheio de comida, ela olha de sobrancelhas franzidas.

— Por que é que o bebê não está embrulhado? — Ela


exige imediatamente. — Primeiro quebras o costume por
saíres e comprares roupas e brinquedos para a criança antes
dele nascer, agora não queres embrulhar o bebê? — Ela
resmunga com desagrado. —Eu ri.

— Mamãe não me embrulhou e eu cresci bem, não foi?

— Isso ainda não se sabe. — Diz ela fingindo ser azeda,


mas radiante de alegria. — Onde está minha mãe? —
Pergunto.

— Ela está vindo. Ela encontrou o médico e decidiu ter


uma palavra com ele.

Naquele momento, minha mãe entra no quarto.

— Oh querida, que bom trabalho! — Ela corre para o


lado de Noah e olha para o bebê. — Oh, meu Deus. Ele é tão
bonito!

— Sim, ele é o garoto mais bonito do mundo todo.


Epílogo
Noah Abramovich

Meio século depois


About Time — How Long Will I Love You

Eu pressiono o solo ao redor da muda de tomate, a rego


e sento para trás em meus quadris. É no meio da manhã e o
sol siciliano já está quente em minhas costas. Eu puxo o
chapéu de cowboy mais para baixo em minha testa, estico
minhas costas e começo andar de volta para a casa. Tasha
deverá chegar a casa em breve. Ivan, nosso segundo filho,
veio buscá-la para a levá-la ao mercado para comprar
caranguejos para o almoço.

Eu passo pelo olival onde todos os cães de Tasha estão


enterrados, todos eles, e tem havido muitos, mesmo Sergei.
Ela exumou seu corpo e o trouxe aqui para ser enterrado
perto dela.

Enquanto eu ando, eu vejo a nossa filha, Tatiana, que


deveria estar em sua própria casa hoje, correndo em minha
direção e eu congelo imediatamente. Então começo a correr
em direção à ela também. Nós nos encontramos perto do
balanço de madeira que Tasha e eu costumamos nos sentar
para assistir ao pôr do sol enquanto nós comemos e bebemos
vodka.

— Qual é o problema? — Eu pergunto, a pegando pelos


seus antebraços. Seus olhos estão vermelhos de tanto chorar.

— É minha mãe. — Ela fala sem fôlego. Eu me sinto


como se o meu coração parasse de medo.

— O que aconteceu? — Exijo.

— Ivan teve que a levar ao hospital. Ela escorregou


numa mancha úmida no mercado e caiu. — Seus olhos se
enchem de lágrimas. — Oh, papai, Ivan teve que a carregar
para o hospital porque ela não podia andar. Ele tentou ligar
para cá mil vezes, mas ninguém atendeu o telefone.

— Eu estava trabalhando na terra. — Eu puxei-a junto


comigo. — Vamos lá, vamos para o hospital agora.

— Suas mãos, papai. — Eu vejo que minhas mãos estão


sujas de terra e as lavo na pia da cozinha, em seguida, entro
em seu carro e ela nos conduz.

O hospital é quase a quarenta minutos longe de casa,


durante todo o caminho eu tento ligar para Ivan várias vezes,
mas o telefone está desligado.

— Eles provavelmente não permitem telefones no


hospital. — Diz Tatiana.

— Você não pode dirigir mais rápido? — Eu peço a


minha filha.

— Estou indo tão rápido quanto eu posso, papai.


Dentro de mim estou gelado. Eu começo a rezar. Por
favor, não a deixe sentir dor, eu sinto o que tiver que sentir
por ela, posso suportá-la melhor do que ela.

Em trinta minutos chegamos ao hospital e corremos, na


recepção perguntamos por ela e nos apontaram para onde
Ivan e Tasha estavam. Nós corremos para a sala de
emergência e eu a vejo deitada em uma maca, parecendo tão
pequena e vulnerável. Corro para ela e ela sorri para mim
através da dor.

— Minha vida, minha vida. — Eu sussurro.

— É apenas uma torção, mas eu estava tentando


convencê-los a me dar um pouco de morfina de qualquer
maneira. — Diz ela com um sorriso.

Lágrimas de alívio inundam meus olhos. Oh Deus! Eu


não posso sequer começar a imaginar a minha vida sem a
minha Tasha. Ela costumava me provocar dizendo que eu
sou do tipo forte e silencioso. Eu não quero ser quieto, mas
quando eu falo ela para de falar, e os meus ouvidos imploram
pelo som de sua voz.

— Eu pensei que sua perna estava quebrada. Tatiana


disse que Ivan teve que te carregar— eu digo.

— Você sabe como Ivan é. Ele é pior do que você! Eu


poderia facilmente ter andado, mas, naturalmente, ele
insistiu em me pegar no colo. Foi constrangedor, na verdade.
— Ela torce o nariz. — As pessoas provavelmente pensaram
que eu sou velha demais para andar sozinha ou algo assim.
Eu toco seu rosto, correndo meus dedos em suas
bochechas.

— Você é a única mulher de setenta anos de idade, que


eu conheço, sem rugas.

— Você andou olhando para um grupo de setentonas de


novo? — Perguntou com uma risada.

— Eu não olhei para outra mulher desde o dia em que


você invadiu meu escritório em seu sexy cardigan rosa.

— Oh, seu velho adulador! — Ela ri e faz meu coração


bater mais devagar.

Ela está bem. Ela está bem.

— É a verdade. Você era a mulher mais linda que eu já


vi e você ainda é. — ela sorri.

— E você, Noah Abramovich é o cara mais bonito que já


vi.

— Você está sendo quente de propósito? — Ela pisca.

— O que você acha?

— Vamos ver se você é tão arrogante quando chegar em


casa, você menina picante.

— Será que ninguém vai enfaixar a porra do meu


tornozelo rapidamente para eu ir logo para a porra da nossa
casa? — Pergunta ela irritada e depois vai e estraga o efeito,
rindo, que bela risada ela tem.
Fim

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